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Implementação do Processo de Bolonha a nível nacional Grupos por Área de Conhecimento PSICOLOGIA e CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO Coordenador: Prof. Doutora Luísa Maria de Almeida Morgado Dezembro de 2004

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Implementação do Processo de Bolonha a nível nacional

Grupos por Área de Conhecimento

PSICOLOGIA e

CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Coordenador: Prof. Doutora Luísa Maria de Almeida Morgado

Dezembro de 2004

2/45

Introdução

I. A Psicologia, como ciência autónoma, é uma área relativamente recente uma

vez que é hoje consensualmente aceite que o seu estatuto científico só ficou

devidamente estabelecido em 1879 com a inauguração, em Leipzig, do 1º laboratório

de Psicologia Experimental.

O desenvolvimento desta disciplina foi, contudo, surpreendente em toda a

Europa e nos E.U.A, sobretudo entre as duas grandes guerras do século passado,

dando lugar ao aparecimento de áreas diferenciadas, umas de cariz fundamentador

como é o caso da cognição, da memória ou da percepção e outras, de cariz aplicado,

como a clínica, a educação ou as organizações.

Actualmente, são exigidas ao psicólogo tarefas diferenciadas que requerem deste

profissional conhecimentos aprofundados em várias disciplinas no domínio da

Psicologia, bem como em áreas científicas afins (Biologia, Neurologia, Sociologia,

etc.) para que aquele possua do comportamento uma perspectiva holística e

integrativa.

Na verdade, na sua actividade profissional podemos considerar que, de uma forma

geral, o Psicólogo procura analisar e avaliar procedimentos, conhecer como se

constroem conhecimentos e se estabelecem relações sociais e afectivas, tendo como

objectivo proceder a intervenções que levem os sujeitos a obter satisfação pessoal,

para se sentirem adaptados ao meio em que vivem, ou a introduzir transformações nos

seus contextos de existência; nas palavras de R. Roe (2002), trata-se de “um

profissional preparado academicamente para ajudar clientes a compreender e resolver

problemas através da aplicação de teorias e de métodos da Psicologia”.

II. Assim, face à complexidade das tarefas que são exigidas a um Psicólogo, a

sua preparação tem-se desenvolvido, na maioria dos países europeus, no

quadro de uma formação académica de nível superior, normalmente

integrada no Ensino Universitário, de duração variável é certo, mas

normalmente não inferior a cinco anos. De igual modo, em Portugal, e desde

há mais de trinta anos, a norma seguida pela esmagadora maioria das

Escolas, quer públicas quer privadas, tem sido a de proporcionar uma

formação académica conducente ao grau de licenciatura (cinco anos).

3/45

A implementação do denominado Processo de Bolonha, tendo como finalidade

assegurar a compatibilidade europeia de objectivos e de qualidade dos graus e

qualificações no Ensino Superior com vista a fomentar a mobilidade docente e

discente e a empregabilidade dos seus diplomados, no que à psicologia diz respeito,

conduziu à elaboração de uma proposta de criação de um Diploma Europeu em

Psicologia já apresentado à Comissão e ao Parlamento Europeus (COM- 2002-119).

Esta proposta foi realizada no quadro de um projecto apoiado pelo programa

Leonardo da Vinci e em que participaram universidades e associações profissionais de

Psicologia, de quase todos os Estados Membros da União Europeia, incluindo a

Associação Europeia (E.F.P.A.), tendo em vista a criação de uma directiva sobre o

reconhecimento imediato das qualificações profissionais neste domínio.

O Diploma considera que a formação necessária para o exercício autónomo da

profissão de psicólogo é de 360 ECTS, isto é, cinco anos de formação académica

numa Escola de Ensino Superior (300 ECTS) com a exigência de mais um ano de

prática profissional supervisionada, realizada numa área específica, findo o qual o

psicólogo poderá exercer autonomamente a profissão, sem prejuízo contudo, de que,

para certas intervenções específicas, seja necessária formação complementar.

Tem sido com base neste documento – Diploma Europeu de Psicologia –,

largamente comentado e debatido por especialistas de diferentes países em revistas da

especialidade (cf. European Psychologist, vol.7, nº3, Setembro de 2002), que os países

europeus têm estado a levar a cabo as suas reformas, de acordo com o Processo de

Bolonha, no que se refere a esta área. Assim, a formação em seis anos (360 ECTS)

com um 1º ciclo de estudos de três anos (180 ECTS), um 2º ciclo de dois anos (120

ECTS) a que se segue um ano (60 ECTS) de prática profissional supervisionada, viu

já decidida a sua implementação na França, na Alemanha, na Suíça, na Holanda, na

Finlândia, na Bélgica, na Noruega e na Estónia, estando outros países em vias de

tomar idêntica decisão. Há pois um consenso muito alargado na Europa no sentido da

formação académico-profissional do Psicólogo se fazer de acordo com o proposto no

Diploma Europeu.

III. Em Portugal, ouvidas todas as escolas onde se ministra o ensino da Psicologia

bem como a Associação Pró-Ordem dos Psicólogos, que aguarda para breve a sua

criação pela Assembleia da República, o parecer recolhido foi unânime, no sentido de

igualmente entre nós se seguirem as orientações do Diploma Europeu de Psicologia,

4/45

procurando corresponder assim aos objectivos do Processo de Bolonha. Desta sintonia

deve contudo exceptuar-se a Universidade do Minho e a Universidade Autónoma de

Lisboa, no que se prende com a organização da duração dos ciclos.

Em suma, os estudos superiores de Psicologia organizar-se-iam em dois ciclos, o

1º com 180 ECTS, conducente ao grau de Bacharel, e o 2º com 120 ECTS conducente

ao grau de Mestre (cinco anos de curriculum académico = 300 ECTS) a que se

seguiria um ano de prática profissional supervisionada (60 ECTS). Este último ano

poderá vir a ser igualmente assegurado pelas Escolas.

ESTRUTURA DOS CICLOS DE FORMAÇÃO, COMPETÊNCIAS

ADQUIRIDAS E CURRICULUM MÍNIMO COMUM

1º CICLO

O 1º ciclo de formação, que gostaríamos de ver designado por Bacharelato,

estaria vocacionado para fornecer ao aluno conhecimentos sólidos nas áreas básicas da

Psicologia bem como dar-lhe a conhecer as mais importantes teorias e métodos desta

disciplina. Igualmente fundamental, num 1º ciclo, é a formação em áreas científicas

afins indispensáveis à compreensão total do objecto de estudo desta ciência – o

comportamento.

Sendo nossa intenção ir ao encontro dos princípios do Processo de Bolonha,

consideramos que a mobilidade de estudantes e a compatibilidade dos diplomas só seria

possível com a criação de um Curriculum mínimo que, embora respeitando a autonomia

e a liberdade de cada escola, apresentasse um conjunto suficientemente alargado de

áreas comuns. A nossa intenção ao elaborá-lo foi igualmente aproximá-lo, tanto quanto

possível, da proposta curricular do Diploma Europeu de Psicologia, uma vez que é do

nosso conhecimento que esta está a ser bem aceite noutros países europeus. Foi pois

decidido consensualmente entre as Escolas que o Curriculum mínimo comum do 1º

ciclo teria uma componente de 90 ECTS (50% do total de ECTS do 1º ciclo). Assim,

dentro destas linhas gerais elaborou-se o seguinte Curriculum Comum:

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PROPOSTA DE CURRÍCULO COMUM

1º CICLO : 50% = 90 ECTS

Áreas

Científicas

Domínios Científicos

ECTS

Ciências

Sociais

Ciências Sociais

3

Biologia

Fundamentos Biológicos do Comportamento

(Genética, Psicofisiologia, Neurociências)

8

Metodologia

Aplicada à

Psicologia

Metodologia de Observação, Investigação e Avaliação

(Métodos de Investigação Qualitativos e Quantitativos e Avaliação

Psicológica)

19

Processos Psicológicos

(Percepção, Atenção, Memória, Aprendizagem, Motivação, Emoção,

Raciocínio e Linguagem)

13

História e Epistemologia da Psicologia

4

Integração dos Processos Psicológicos

(Psicologia do Desenvolvimento; Psicologia Social; Psicologia

Diferencial; Psicologia da Personalidade; Psicopatologia)

Modelos de Aplicação

(Teorias Psicanalíticas, Humanistas, Behavioristas, Cognitivistas,

Sistémicas)

25

Contextos de Aplicação

Psicologia da Educação

Psicologia Clínica/Saúde

Psicologia do Trabalho e das Organizações

16

Psicologia

Ética e Deontologia Aplicada à Psicologia

2

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Apresentado o Curriculum mínimo referir-nos-emos, em seguida, às

competências gerais que os alunos deverão possuir ao terminar o 1º ciclo. Devem assim

destacar-se:

Competências Instrumentais: capacidade de análise e de síntese, capacidade de

comunicação oral e escrita.

Competências Interpessoais: capacidade de trabalhar em grupo e mesmo em grupos

interdisciplinares, capacidade de crítica e auto-crítica.

Competências Sistémicas: capacidade de adaptação a novas situações, capacidade para

gerar novas ideias, capacidade para estudar e aprender autonomamente.

Face à nossa exposição sobre a proposta do Curriculum mínimo, bem como das

competências que lhe estão associadas, pensamos ter deixado claro que o 1º ciclo de

estudos, seguindo aliás as indicações do Diploma Europeu de Psicologia e a prática em

muitos países europeus, não pode conduzir a qualquer qualificação profissional uma vez

que não fornece as competências necessárias e indispensáveis ao exercício da prática

profissional como Psicólogo.

Consideramos contudo que os alunos, ao terminar o 1º ciclo de estudos, possuem

competências académicas suficientes nos diversos domínios da Psicologia, bem como

em ciências afins para, depois de adequada preparação na área de formação de

professores, virem a exercer, com qualidade científica, funções docentes no ensino não

superior.

2º CICLO

O 2º ciclo, conducente, na nossa proposta, ao grau de Mestre, vai preparar o

aluno para a prática profissional independente, a qual, no entanto, só será exequível

depois de um ano adicional de prática profissional supervisionada perfazendo assim 360

ECTS de formação.

O modelo que se propõe, e que corresponde ao que está a ser seguido na maioria

dos países europeus e se encontra de acordo com as orientações do Diploma Europeu de

Psicologia, aponta para uma formação académico-profissional numa determinada

especialidade. Cada uma destas, a que correspondem funções e perfis profissionais

específicos, proporciona formação para, recorrendo a métodos psicológicos, contribuir

para a solução de problemas concretos com que se confrontam pessoas, grupos e

organizações situadas em contextos diversos. As áreas de especialidade já existentes em

7/45

Portugal, bem como em toda a Europa, manifestam a vitalidade e o dinamismo do

sector, uma vez que evidenciam a capacidade da Psicologia e das instituições de

formação para dar tal contributo face aos desafios com que a sociedade em rápida

mudança se tem debatido. A criação de áreas de especialidade, pelas respectivas

escolas, enquadra-se na autonomia científica e pedagógica que, no nosso país, lhes é

reconhecida por lei, não sendo nossa intenção neste relatório sermos exaustivos quanto

a esta questão. Serão aqui apresentadas, a título exemplificativo, as três especialidades

que mais cedo se desenvolveram em toda a Europa e são nela aceites de forma

consensual, como aliás o indica o próprio Diploma Europeu de Psicologia: Psicologia

Clínica e da Saúde; Psicologia Educacional e Psicologia do Trabalho e das

Organizações. Neste sentido, refira-se ainda que o próprio Governo Português já

legislou sobre as competências e os perfis profissionais dos psicólogos a exercer, em

instituições públicas, em duas destas áreas (Decreto-Lei nº 190/91 de 17 de Maio –

Psicólogo da Educação | Orientação e Decreto-Lei nº 241/94 de 22 de Setembro –

Psicólogo Clínico).

Ao terminar este 2º ciclo de formação, conducente ao grau de Mestre, o aluno

deverá ter adquirido conhecimentos teóricos aprofundados na área escolhida sendo tal

objectivo assegurado pela frequência de disciplinas específicas. De acordo com a

proposta do Diploma Europeu de Psicologia o estudante realizará igualmente um

seminário e um estágio curricular. Este último tem em vista iniciar o aluno na prática

profissional sob supervisão procurando que este desenvolva competências fundamentais

à sua futura actividade profissional. Desde logo se salientam as competências

instrumentais que passam pela capacidade de integração de aspectos teóricos e práticos

da sua própria aprendizagem. Igualmente importante será o desenvolvimento de

competências interpessoais onde se deve pôr em destaque o trabalho de grupo e mais

especificamente a colaboração com profissionais da Psicologia e de áreas afins, bem

como a participação na discussão de “casos” que se encontrem em seguimento na

instituição de acolhimento do aluno. Como competências sistémicas há a referir o início

da utilização de procedimentos e técnicas próprias da actividade de um profissional da

respectiva área sob rigorosa supervisão. Findo o estágio o aluno deverá elaborar um

relatório das actividades desenvolvidas.

Quanto ao Seminário, ele tem como principal finalidade iniciar o aluno na

investigação, fazendo-o participar em projectos, conduzindo-o assim a entrar em

contacto com a pesquisa básica ou aplicada que se desenrola no domínio de saber em

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causa. Desenvolvem-se, assim, no aluno, competências da análise sistemática,

capacidade de procura individual e de reflexão bem como de organização e gestão do

tempo face às tarefas propostas. A elaboração de uma monografia será a finalidade desta

actividade académica.

Em suma, esta experiência de investigação constitui uma mais valia para a

formação de profissionais de prática psicológica. De facto, destina-se a desenvolver

uma “atitude de investigação” no exercício profissional: maior rigor e contextualização

na análise dos problemas e das potencialidades de mudança e na escolha e adaptação de

métodos apropriados à especificidade da situação, bem como maior capacitação para a

necessária avaliação da intervenção realizada.

Tendo em conta as considerações apresentadas propomos, como Curriculum

comum para o 2º ciclo de formação, o seguinte:

PROPOSTA DE CURRÍCULO COMUM

2º CICLO : 37,5% = 45 ECTS ECTS

Métodos de Investigação e Intervenção na Área de Especialização

15

Estágio Curricular

15

Seminário

15

Este 2º ciclo, que temos estado a procurar fundamentar e que tem como

objectivo a formação profissional dos psicólogos, não deve ser exclusivo podendo com

ele coabitar outras formas de organização do mesmo, de tipo estritamente investigativo

e académico embora estas não dêem acesso à prática profissional como psicólogo. Neste

caso, as orientações curriculares podem apresentar uma vertente diferente que poderia

passar por um reforço do seminário, em termos de ECTS, em detrimento do estágio,

uma vez que se teria em vista a formação de investigadores e não de profissionais no

domínio da Psicologia. Deve aqui igualmente ser salientada a necessidade de criação de

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2º ciclos de formação em Psicologia de investigação básica, única forma de assegurar o

desenvolvimento continuado da ciência psicológica e a formação do corpo docente do

Ensino Superior no que a estes domínios diz respeito. A sua implementação ficará

contudo, dependente das respectivas Escolas dentro do quadro de autonomia que lhes é

conferida por lei.

4. PERFIS E SAÍDAS PROFISSIONAIS

As tarefas que um Psicólogo é chamado a desempenhar, são pela sua

complexidade e responsabilidade impossíveis de implementar num período de tempo

inferior a seis anos com uma carga horária correspondente a 360 ECTS.

Na verdade, de uma forma muito geral devemos considerar que no final da sua

formação este profissional deve possuir competências que lhe permitam actuar em três

níveis. Em primeiro lugar ter capacidade e conhecimentos para poder identificar

necessidades, definir objectivos e escolher metodologias e técnicas inerentes à função a

desempenhar. Em segundo lugar estar preparado para executar tarefas de avaliação

psicológica e peritagem (envolvendo a descrição, explicação e predição dos

comportamentos dos indivíduos, grupos e organizações, em interacção com os

contextos, através de métodos próprios da sua área científica). Em terceiro lugar estar

capacitado para realizar intervenção psicológica de forma a prevenir o desajustamento e

a promover a eficiência e o bem-estar, dos indivíduos ou grupos. Destaquemos ainda

que todas estas actividades requerem da parte destes profissionais, como aliás acontece

em outras profissões, compromissos éticos para os quais os alunos deverão igualmente

ser sensibilizados durante a sua formação académica.

Em suma, tomamos como nossas as palavras do Diploma Europeu de Psicologia,

a que temos vindo a fazer referência, quando este afirma que o Psicólogo ao actuar

autonomamente deverá estar preparado para: “ desenvolver e aplicar princípios,

conhecimentos, modelos e métodos psicológicos de forma ética e científica de modo a

promover o desenvolvimento e o bem-estar dos indivíduos, dos grupos, das

organizações e da sociedade em geral”. Só com uma formação longa este profissional

poderá desempenhar as suas funções em áreas de actuação múltiplas e diversificadas

que vão desde a saúde, à educação, à protecção social, à justiça, ao desporto, às

empresas, sem esquecer a investigação e o ensino.

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Cabe-nos agora de uma forma mais precisa apresentar, a título de exemplo, o

perfil de competências associadas às três grandes áreas de especialidade da Psicologia,

acima assinaladas, bem como as tarefas de ordem profissional que lhe estão associadas.

Psicólogo Clínico e da Saúde

De uma forma geral e sem pretendermos ser exaustivos, podemos considerar que a

este profissional são solicitadas tarefas do seguinte tipo:

- Diagnóstico / avaliação de indivíduos e grupos populacionais sinalizados, para

fins de prevenção e tratamento;

- Prevenção / tratamento psicológico / intervenção psico-social e reabilitação na

doença mental e outras perturbações psicopatológicas ou aspectos comportamentais

com elas relacionados;

- Promoção da saúde e intervenção / apoio psicológico em situações de doença

física e aspectos comportamentais com elas relacionados, quer a doentes e seus

familiares quer a técnicos e outros prestadores de cuidados;

- Aconselhamento psicológico individual, conjugal, familiar ou de grupo;

- Intervenção psicológica e psicoterapia individual, conjugal, familiar ou de

grupo;

- Participação activa em equipas multidisciplinares em serviços de urgência e/ou

intervenção em crise; apoio técnico a outros profissionais;

- Responsabilidade pela escolha, administração e utilização do equipamento

técnico específico da psicologia;

- Participação e/ou consultadoria no desenvolvimento de programas de

intervenção relacionados com a sua área de especialidade;

- Participação em programas de investigação, aplicada e fundamental,

relacionados com a sua área de investigação.

Neste sentido, considera-se que este profissional deverá possuir um determinado

conjunto de competências académicas a adquirir durante o 2º ciclo de formação e no

ano subsequente de prática profissional supervisionada, nas quais se incluem

conhecimentos aprofundados de psicopatologia, técnicas de entrevista, aconselhamento,

diagnóstico e avaliação bem como de diferentes modelos e sistemas de intervenção nos

11/45

campos individual, grupal e comunitário considerando diversos objectivos (orientação,

tratamento, reabilitação e/ou prevenção).

Como competências pessoais entre outras é importante que o Psicólogo Clínico e

da Saúde tenha adquirido uma preparação adequada para trabalhar em equipa; tenha

capacidade para fornecer informações de forma clara e compreensível a outros

profissionais; tenha aprendido a interagir com o paciente/cliente.

Saídas Profissionais

Actualmente as saídas profissionais do psicólogo com formação na área clínica e da

saúde são, basicamente as seguintes:

- Hospitais gerais e de cuidados especializados, hospitais psiquiátricos e centros

de saúde;

- Instituições particulares de solidariedade social (IPSSs);

- Instituições, públicas e privadas, de acolhimento menores e suas famílias e

instituições de reeducação de menores;

- Instituições, públicas e privadas, de apoio individual e familiar, e reabilitação, de

indivíduos portadores de deficiências físicas e mentais;

- Instituições, públicas e privadas, de apoio psico-social, como por exemplo, de

tratamento e reabilitação de toxicodependentes, alcoólicos, portadores de HIV e

outras populações carenciadas;

- Projectos comunitários, autárquicos e outros, de prevenção de comportamentos

de risco e de tratamento e reabilitação de grupos carenciados;

- ONGs, associações particulares e grupos de apoio a situações de fragilidade

psico-social como, por exemplo, doenças crónicas e mentais ou sobredotação;

- Consultadoria técnica especializada a instituições judiciais, militares, policiais e

prisionais e empresas com eventual condução de peritagens e/ou emissão de

pareceres técnicos;

- Actividade liberal em consultório e clínicas privadas junto de indivíduos, casais,

famílias e grupos;

- Docência e investigação.

12/45

Psicólogo da Educação

De novo, sem pretendermos ser exaustivos, salientamos algumas das tarefas

habitualmente realizadas por um Psicólogo com formação nesta área.

- Promoção do sucesso escolar, através da disponibilização de informação

adequada e de formação acerca de competências, atitudes, comportamentos e

ambientes favoráveis a uma aprendizagem bem sucedida;

- Prevenção do abandono escolar precoce através da promoção das condições

psicossociais conducentes ao acesso e progressão no sistema

educativo/formação;

- Avaliação global dos alunos tendo em vista a detecção e posterior intervenção

relativamente a problemas de desenvolvimento e/ou dificuldades de

aprendizagem em diferentes graus de ensino e formação;

- Prestação de apoio psicopedagógico a alunos que dele necessitem, tarefa

normalmente realizada em colaboração com professores, formadores e outros

técnicos das escolas ou dos centros de formação profissional;

- Planificação e implementação de programas de intervenção precoce junto de

alunos com Necessidades Educativas Especiais ou que apresentem

dificuldades de aprendizagem;

- Reconhecimento, certificação e validação, em contextos de formação e de

trabalho, de competências adquiridas;

- Consultoria aos diversos agentes actuando nas áreas da educação, da formação

e do emprego, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida ;

- Planeamento e execução de actividades de orientação e desenvolvimento da

carreira em todos os graus de ensino e no âmbito do sistema de

formação/emprego;

- Planificar e implementar programas de educação/formação parental e de

intervenção comunitária junto de grupos em risco/desvantagem social;

- Avaliação/intervenção na qualidade dos contextos de sociabilização formais e

informais frequentados pelas crianças, adolescentes e jovens, tendo em vista a

promoção do seu desenvolvimento.

Para efectuar um tal conjunto de actividades de forma articulada e integrada,

considera-se que este profissional deve possuir sólidas competências académicas e

13/45

técnicas a adquirir durante o 2º ciclo de formação e o ano subsequente de prática

profissional supervisionada das quais salientamos conhecimentos aprofundados na área

da psicologia do desenvolvimento, da personalidade, da aprendizagem, da educação e

do comportamento vocacional ao longo do ciclo da vida, bem como um domínio dos

métodos de avaliação e intervenção gerais e específicos e das modalidades de

investigação com maior aplicação no domínio da psicologia da educação.

Como competências pessoais destacaríamos as seguintes: capacidade para

trabalhar em equipa e interagir com outros agentes educativos e com profissionais de

outras áreas de saber; capacidades de comunicação orais e escritas fundamentais para a

elaboração de relatórios e outros documentos a ser fornecidos a profissionais e não-

profissionais; capacidade de escuta e de realização de actividades, individualmente e em

grupo com crianças, jovens e adultos em contextos de formação e de emprego.

Saídas Profissionais

Actualmente, as saídas profissionais dos psicólogos com formação nesta área são

basicamente as seguintes:

- Serviços de Psicologia e Orientação (SPO’s) em estabelecimentos de Ensino

Público e Privado, desde o pré-primário ao secundário;

- Creches e outras instituições para acolhimento de crianças, nos três primeiros

anos de vida;

- Equipas/Projectos de Intervenção Precoce, Sócio-educativa e Comunitária;

- Centros Comunitários com valência de Psicologia para apoio psicológico nas

transições desenvolvimentais, ao longo do ciclo vital;

- Serviços de Apoio Psicológico, Informação e Orientação em estabelecimentos

de Ensino Superior;

- Estabelecimentos de Ensino, Públicos e Privados, vocacionados para o apoio

educativo a crianças e jovens com necessidades educativas especiais;

- Serviços de Informação e Orientação Profissional do Instituto do Emprego e

Formação Profissional (Centros de Emprego e Centros de Formação);

- Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências

dependentes de Centros de Formação devidamente credenciados;

14/45

- Profissão liberal – actividade desenvolvida pelo Psicólogo, de forma

independente, tendo em vista a avaliação e a intervenção psicológica junto de

educandos e/ou formandos, bem como das suas famílias;

- Docência e investigação científica.

Psicólogo do Trabalho e das Organizações

Como nos casos precedentes salientamos agora algumas das responsabilidades

normalmente assumidas por Psicólogos com formação na área acima mencionada.

- Recrutamento, selecção e integração profissional;

- Avaliação de competências profissionais;

- Formação e desenvolvimento profissional;

- Descrição e análise de funções;

- Avaliação e gestão do desempenho profissional;

- Gestão de recompensas e de benefícios;

- Planeamento de carreiras profissionais;

- Avaliação das atitudes e comportamentos de indivíduos e grupos nas

organizações;

- Análise e diagnóstico organizacional;

- Desenvolvimento, mudança e inovação organizacional;

- Funcionamento de equipas e relações inter-grupais;

- Negociação, conflito e mediação;

- Liderança e estratégia organizacional;

- Programas de motivação e de participação no trabalho;

- Relações laborais;

- Higiene, saúde, segurança e qualidade de vida no trabalho;

- Ergonomia e interacção homem-máquina;

- Programas de qualidade serviço;

- Sistemas de informação e comunicação;

- Estudos de mercado e de publicidade.

Para efectuar um tal conjunto de actividades considera-se que este profissional

deve possuir sólidas competências académicas no domínio das teorias relacionadas com

as motivações, atitudes e comportamentos em contexto de trabalho, estruturação e

15/45

dinâmica das organizações, organização dos sistemas de trabalho, processos de

atracção, integração, retenção e desenvolvimento de profissionais, relações

interpessoais, grupais e inter-grupais, processos de liderança e de gestão do desempenho

e das competências, processos de ajustamento indivíduo-organização/função/tecnologia,

dinâmicas de mudança e de inovação organizacional, processos de intervenção ao nível

individual, grupal e organizacional, bem como conhecer aprofundadamente os métodos,

técnicas e instrumentos especificamente requeridos pela investigação, análise e

intervenção nas organizações.

Como competências pessoais salientam-se a comunicação e a empatia, a

proactividade, a resiliência, a adaptação à mudança e a capacidade para trabalhar com

grupos de tipo diversificado bem como para gerir conflitos, analisar e resolver

problemas na comunidade organizacional.

Saídas Profissionais

Actualmente as saídas profissionais dos Psicólogos com formação nesta área são

essencialmente as seguintes:

- Avaliação e gestão de recursos humanos em empresas, autarquias ou institutos

estatais;

- Integração em empresas de consultoria na área dos recursos humanos, do

diagnóstico e do desenvolvimento organizacional;

- Análise e intervenção psicossocial em instituições públicas e privadas;

- Docência e investigação científica.

Terminada esta pequena exposição sobre perfis e competências profissionais,

esperamos que tenha ficado clara a necessidade de uma formação com 360 ECTS para

desempenhar tarefas de tão grande responsabilidade social.

Questões Complementares

Condições de acesso ao 1º ciclo:

- 12º Ano concluído em áreas a indicar pelas instituições que ministram a

formação. A formação deve integrar no seu plano curricular a aquisição de

competências académicas (ex.: procura, selecção e organização de fontes de

16/45

informação, em Biblioteca; promoção de estratégias de resolução criativa de problemas

e de tomada de decisão) de forma a facilitar uma adaptação mais eficaz ao estilo de

ensino universitário.

Condições de acesso ao 2º ciclo:

- Nas Escolas públicas e privadas considera-se que deverá ser assegurada a

passagem automática de todos os alunos para o 2º ciclo enquanto se mantiver o numerus

clausus na entrada do Ensino Superior.

A frequência com aproveitamento do 1º ciclo, na área da psicologia, é condição

necessária à matrícula no 2º ciclo desde que conduza ao ano de prática profissional

supervisionada e ao posterior exercício da profissão de psicólogo.

Nos estabelecimentos de ensino que se proponham criar 2º ciclos com carácter

não-profissional, poderão ser outras as condições de acesso, cabendo àqueles propô-las

dentro do quadro de autonomia próprio do ensino superior no nosso país.

Condições de acesso ao 3º ciclo:

- Para o acesso ao 3º ciclo os candidatos deverão ter concluído com uma

classificação mínima, como determina já actualmente o Decreto-Lei nº 216/92 de 13 de

Outubro, o 2º ciclo da formação na área da Psicologia ou eventualmente noutra que o

respectivo Conselho Científico da escola que vai conceder o grau considere equivalente

para o efeito. Outras condições mais específicas poderão vir a ser propostas pelos

estabelecimentos de ensino superior dentro do quadro de autonomia que a lei lhes

confere. A concessão de grau de Doutor, como grau académico, não deve implicar, por

si só, a categoria profissional de Psicólogo.

Cursos de Especialização

Sendo a Psicologia uma área científica e de intervenção complexa e

diversificada e tendo o processo de Bolonha em vista a comparabilidade de formação

inicial nos diferentes países da Europa mas também a especialização e o

aprofundamento de conhecimentos ao longo da vida, deverão as instituições de ensino

superior propor cursos de especialização (formação posterior à inicial de 360 ECTS) em

áreas específicas que necessitem de um aprofundamento teórico e prático. Poderemos

citar, como exemplo, cursos na área das Psicoterapias direccionadas para Psicólogos

17/45

Clínicos, ou cursos na área da Orientação Escolar e Vocacional, ou das Necessidades

Educativas Especiais com interesse para Psicólogos da Educação ou ainda, por

exemplo, em Marketing e Publicidade tendo como público alvo os Psicólogos do

Trabalho e das Organizações. Igualmente importante poderá ser a criação e

implementação nas instituições de cursos de actualização de conhecimentos

vocacionados para Psicólogos cuja formação inicial se tenha feito há já alguns anos.

Início dos cursos do 1º ciclo de acordo com o Processo de Bolonha

Ouvidas todas as Escolas onde se ministra o ensino da Psicologia em Portugal, a

larga maioria considerou poder iniciar o 1º ano do 1º ciclo, e assim sucessivamente, de

acordo com as directivas do processo de Bolonha e as orientações deste Relatório, no

ano lectivo de 2006/2007, desde que os diplomas que lhe venham a servir de

enquadramento legal se encontrem publicados até Julho de 2005.

Conclusões

O Relatório aqui apresentado resultou da colaboração de representantes de

praticamente todas as Escolas do país nas quais se formam psicólogos, tendo constituído

um momento importante de reflexão sobre o ensino/formação em Psicologia no nosso

país. O largo consenso a que foi possível chegar mostra bem a sintonia de critérios e de

perspectivas de futuro de que comungam todas as Instituições, demostrando não só a

vitalidade científica deste domínio do saber, mas igualmente o seu valor como prática

profissional na sociedade em que vivemos.

No entanto, algumas preocupações foram manifestadas pelos participantes,

sobretudo, no que concerne às questões relacionadas com a transição do modelo de

formação actual para o novo modelo devido às implicações de ordem académica e

profissional que aquela transição pode acarretar caso não sejam tomadas precauções e a

mesma não seja realizada de acordo com legislação e regulamentações claras e

explícitas.

Por fim, foi igualmente salientada a necessidade de que este processo decorra

gradualmente de forma a dar a todos os seus intervenientes oportunidades de adaptação,

extensível aliás ao próprio mercado de trabalho o qual deverá tomar conhecimento das

18/45

novas formações, designações e competências a ser desenvolvidas pelos alunos de

Psicologia.

A Coordenadora Nacional da área de Psicologia,

Luísa Maria de Almeida Morgado

(Professora Catedrática de Psicologia)

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CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Introdução

A implementação do Processo de Bolonha, tendo como finalidade assegurar a

comparabilidade de objectivos e a qualidade de graus e qualificações no Ensino

Superior Europeu com vista a fomentar a mobilidade docente e discente e a

empregabilidade dos seus diplomados, apresenta, no que se refere aos Cursos

Superiores do domínio das Ciências da Educação em Portugal, algumas especificidades

que passaremos a enumerar. Em primeiro lugar, há que reconhecer que os Cursos

integrados na área científica das Ciências da Educação, que são em número superior a

trinta, apresentam alguma heterogeneidade na formação académica que propõem, a

qual se relaciona obviamente com a criação de perfis profissionais também eles

diferenciados. Em segundo lugar, estes Cursos apresentam planos curriculares difíceis

de comparar, sendo que alguns se encontram organizados em dois níveis – Bacharelato

e Licenciatura e outros só apresentam este último grau. Em terceiro lugar, alguns destes

Cursos são ministrados no Ensino Superior Politécnico e outros em Universidades,

enquadrando-se quer no sistema público quer privado.

Face a tal diversidade de formações e de objectivos, foi decidido, ouvidas as

Escolas intervenientes neste processo, constituir três grupos de trabalho, de acordo com

as três grandes áreas académico-profissionais que se encontram integradas no domínio

das Ciências da Educação.

Cada um destes grupos de trabalho teria como finalidade elaborar o perfil

profissional do Diplomado na respectiva área, apresentar o curriculum mínimo comum

e responder às subsequentes questões colocadas pelo Coordenador Nacional.

O 1.º Grupo englobou representantes das Escolas que ministram a Licenciatura

em Ciências da Educação / Educação:

- Universidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

- Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

- Universidade do Minho, Instituto de Educação e Psicologia

- Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

O 2.º Grupo integrou representantes das Escolas que ministram cursos na

área da Animação Cultural ou com outra denominação semelhante:

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- Instituto Superior de Ciências Educativas

- Instituto Politécnico de Leiria – Escola Superior de Educação de Leiria

- Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha

- Instituto Politécnico de Santarém – Escola Superior de Educação de Santarém

- Instituto Politécnico de Portalegre – Escola Superior de Educação de

Portalegre

- Escola Superior de Educação Jean Piaget de Almada

- Escola Superior de Educação Jean Piaget de Arcozelo

- Instituto Politécnico de Beja – Escola Superior de Educação de Beja

- Instituto Politécnico de Coimbra – Escola Superior de Educação de Coimbra

O 3.º Grupo foi constituído por representantes dos Cursos da Área de

Educação Social, ou outra denominação semelhante:

- Universidade do Algarve – Escola Superior de Educação de Faro

- Universidade do Algarve – Escola Superior de Educação de Faro

- Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

- Instituto Superior de Ciências Educativas

- Instituto Politécnico de Santarém – Escola Superior de Educação de Santarém

- Instituto Politécnico do Porto – Escola Superior de Educação do Porto

- Escola Superior de Educação Jean Piaget de Almada

- Escola Superior de Educação Jean Piaget de Arcozelo

Assim, passam agora a apresentar-se as conclusões a que chegaram os Grupos de

Trabalho:

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PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO

DOS DIPLOMADOS

EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO /EDUCAÇÃO

NO ÂMBITO DO PROCESSO DE BOLONHA

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PERFIL DO/A DIPLOMADO/A EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO/EDUCAÇÃO

1. Os cursos de Ciências da Educação/Educação procuram responder às

necessidades de um vasto campo de actividades e de modelos de

formação, em plena expansão pela própria complexidade crescente da

vida social, cultural e económica, mas que poderemos dividir em duas

áreas fundamentais: a das instituições com fins educativos, formais e

não formais, e todas as actividades de natureza cultural, social e

económica onde é determinante a dimensão educativa e formativa para

a sua correcta execução, qualificação e potenciação.

2. Sendo assim, estes cursos não habilitam para o exercício da função

docente, mas sim para um conjunto diversificado de competências na

área da educação e da formação, que transcendem largamente as

fronteiras do sistema escolar e da educação institucionalizada.

3. Os cursos de Ciências da Educação/Educação formam especialistas e

técnicos de educação vocacionados tanto para actuarem dentro do

sistema educativo, e em todos os seus níveis, como fora dele. Como

domínios de intervenção apropriada, e a mero título de exemplo, poder-

se-á referir a administração central, regional e local da educação,

autarquias, empresas, serviços e centros de formação, associações de

desenvolvimento local, bibliotecas e espaços culturais e patrimoniais.

4. Além das carreiras já previstas pela legislação em vigor, como é o caso

de técnico superior de educação (Ministério da Educação e Autarquias)

e técnico superior de formação (Ministério da Segurança Social e do

Trabalho), os diplomados estão também preparados para a intervenção

em problemas sociais, grupais e relacionais, dificuldades de

aprendizagem de alunos, planificação e avaliação educacionais,

administração e gestão educacional, concepção, implementação e

avaliação de programas de formação, formação de professores, de

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formadores e de funcionários de organizações educativas, animação e

desenvolvimento local, educação e formação de adultos, etc..

5. Tendo em conta, por um lado, as características multifacetadas destes

campos de intervenção, quer em termos reais quer em termos

potenciais, o facto de o seu desenvolvimento ser recente e estar em

expansão, e, por outro lado, a complexidade e diversidade do fenómeno

educativo, que não se compadece com visões redutoras e unilineares, é

indispensável assegurar uma formação que assente nos fundamentos da

educação e na pluralidade e diversidade dos saberes que convoca, sem o

que ficará limitada à partida a sua possibilidade de intervenção e

qualidade de acção.

6. Mesmo que organizada na base de dois ciclos, a formação superior em

Ciências da Educação/Educação, pelas características da própria

educação, sua diversidade e riqueza, por um lado, e, por outro, pelas

múltiplas áreas da sua intervenção possível, requer uma formação de

banda larga, com uma intervenção forte de ciências básicas que

possibilitem uma acção reflexiva autónoma, incluindo competências de

análise e de diagnóstico de problemas, de adaptação a situações e

contextos educativos muito diversificados, de execução e avaliação de

projectos e de intervenções educativas diversas.

7. Assim, deverá contemplar, simultaneamente, uma formação de base

diversificada, compreensiva e fundamentadora do fenómeno educativo,

em toda a sua amplitude, e uma dimensão profissionalizante (a adquirir

através de Curso de Formação Complementar). Em esboço, propomos

um perfil de competências articulado sobre as dimensões:

- de análise e diagnóstico de todas as situações sociais, económicas

e culturais em que sejam relevantes as componentes educativa e

formativa;

- pessoais, nomeadamente criatividade, adaptação, autonomia,

reflexividade;

- de intervenção, na base do domínio de métodos, técnicas e

recursos adequados às situações e aos problemas;

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- de planificação, execução e operacionalização de projectos e

acções educativas e formativas;

- de avaliação e de acompanhamento de projectos e acções que

possibilitem, sempre que necessário, a proposta de alternativas

adequadas.

8. A direcção de projectos e programas, a concepção de modelos de

intervenção, a definição de políticas educativas, a compreensão e

explicação teórica dos problemas e das situações, a investigação

educacional, bem como todas as especializações que os múltiplos

campos de intervenção sem dúvida irão proporcionar, parecem-nos

conformes com a formação a adquirir num 2º ciclo de estudos.

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CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO / EDUCAÇÃO

CORE CURRICULUM / CURRÍCULO NUCLEAR (50%)

1. A formação do profissional em Ciências da Educação/Educação pressupõe um

currículo nuclear fortemente alicerçado nas Ciências Básicas da Educação, pilar

essencial ao desempenho de funções profissionais e base indispensável ao

prosseguimento de estudos e ulterior possibilidade de especialização. Dada a

diversidade de áreas integráveis nas Ciências Básicas da Educação (por

exemplo Filosofia/Teoria da Educação, História da Educação, Sociologia da

Educação/Política da Educação, Psicologia da Educação, Organização e

Administração Educacionais, Teoria e Desenvolvimento Curricular) entende-se

que esta componente do 1º Ciclo deverá assegurar 70% do currículo nuclear (63

ECTS = 21+21+21), assim garantindo uma formação de banda larga que será

dominante no interior dos 180 ECTS. Este 1º ciclo integrará ainda, no âmbito do

currículo nuclear, outra área disciplinar obrigatória: Metodologias de

Investigação/Intervenção em Educação (30% do currículo nuclear

correspondendo a 27 ECTS = 9+9+9), responsável pela formação metodológica

e técnica dos estudantes.

As áreas de especialização terão que ser desenvolvidas em função da especificidade de cada Escola, tendo em conta a sua tradição científica e pedagógica, os recursos humanos existentes e a sua inserção sócio-cultural.

2. Dado que a formação de carácter profissionalizante e em áreas

específicas/aplicadas (por exemplo, Educação de Adultos, Educação da Criança,

Formação e Gestão de Recursos Humanos, Gestão e Planeamento Educacionais,

Desenvolvimento de Projectos educativos, entre muitas outras) que

profissionalizam o diplomado em Ciências da Educação/Educação não podem

ocorrer ao longo do 1º ciclo, considera-se absolutamente indispensável a

existência de um Curso de Formação Complementar (60 ECTS). Este Curso

Complementar, financiado pelo Estado, será organizado através de um currículo

nuclear (50%) que integrará obrigatoriamente três áreas disciplinares:

Formações Específicas/Aplicadas (60%, correspondentes a 18 ECTS), Métodos

de Investigação/Intervenção (10%, correspondentes a 3 ECTS), Introdução à

Prática Profissional/Estágio (30%, correspondentes a 9 ECTS), assim

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habilitando para o exercício profissional das funções de técnico superior de

educação. Este curso poderá vir a desenvolver-se através de diferentes ramos,

em função dos respectivos perfis profissionais a formar. Tendo em conta que os

dois ciclos de formação constituem uma unidade e que estão na continuidade um

do outro, torna-se inevitável garantir o acesso ao Curso de Formação

Complementar, sem restrições, a todos os alunos que tiverem completado o

Primeiro Ciclo

À formação profissionalizante acima referida (180 ECTs + 60 ECTS) seguir-se-á uma formação especializada de 2º ciclo (Mestrado). Este 2º ciclo, com um total de 120 ECTS (correspondendo 60 ECTS ao Curso Complementar), inclui as seguintes componentes curriculares: Trabalho de Investigação, Seminários de Acompanhamento/Supervisão, Seminário de Formação Avançada e Monografia/Tese. O currículo do 2º ciclo garantirá uma formação especializada capaz de assegurar em simultâneo: o exercício de funções profissionais de direcção de serviços, projectos e programas, de concepção de modelos de intervenção e de definição de políticas de educação e de formação; o exercício de funções relacionadas com a compreensão, análise e crítica dos problemas e o desenvolvimento da investigação em educação.

CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO / EDUCAÇÃO

PERFIS PROFISSIONAIS

1º ciclo (180 ECTs) A formação de banda larga, característica do 1º ciclo, marcada por uma forte

componente de Ciências Básicas da Educação e por uma formação em Metodologias,

Métodos e Técnicas de Investigação/Intervenção em Educação, prepara para o

prosseguimento de estudos, seja com objectivos profissionalizantes e para a intervenção

em áreas especializadas /aplicadas, seja com objectivos de estudo e investigação.

Formação Complementar (60 ECTs) A conclusão de um Curso de Formação Complementar, articulado com a formação de 1º

ciclo (180 ECTs + 60 ECTs), assegura uma formação sólida em Ciências Básicas da

Educação e em Metodologias, Métodos e Técnicas de Investigação/Intervenção em

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Educação, agora devidamente complementadas por Formações Específicas/Aplicadas e

por uma Introdução à Prática Profissional/Estágio que garantem o exercício profissional

autónomo como técnico superior de educação/formação em variados contextos

públicos, privados e sociais/cooperativos, seja de tipo formal ou não formal,

designadamente: uma acção reflexiva autónoma, incluindo competências de análise e de

diagnóstico de problemas, de adaptação a situações e contextos educativos

diversificados, de execução e avaliação de projectos e de intervenções educativas

diversas (funções de análise, intervenção, planificação e acompanhamento).

2º ciclo (60 + 60 ECTs) A direcção de serviços, projectos e programas de organizações educativas e de departamentos curriculares, a formação de

formadores, a supervisão pedagógica de professores, a concepção de modelos de intervenção, a definição de políticas e orientações

educativas, a compreensão e explicação teórica dos problemas e das situações, a investigação, designadamente no âmbito dos

diferentes campos de intervenção e áreas de especialização, constituem funções profissionais do diplomado com o 2º ciclo, o qual

poderá actuar como dirigente e/ou técnico de investigação e desenvolvimento, de estudos de concepção e de planeamento em

educação.

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CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO / EDUCAÇÃO

Core curriculum / Currículo nuclear (50% do total de ECTS)

1º Ciclo 2º Ciclo

Curso complementar

3 Anos 30+30+30=90 ECTS

70% Ciências Básicas da Educação (63 ECTS) 30 % Metodologias, Métodos e Técnicas de Investigação/Intervenção em

Educação (27 ECTS)

1 Ano 30 ECTS

60% Formações específicas/aplicadas (18

ECTS) 10% Métodos de

Investigação/Intervenção (3 ECTS)

30% Introdução à Prática Profissional/Estágio(9ECTS)

+

1 Ano

30 ECTS

Trabalho de investigação Seminário de acompanhamento/supervisão Seminário de formação avançada Monografia/Tese

Formação de Técnico Superior de Educação

Mestrado

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CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PROPOSTA DE CURRÍCULO NUCLEAR

Core Curriculum / Currículo Nuclear (50% do total de ECTS)

1º Ciclo: 50% = 90 ECTS

Filosofia /Teoria da Educação

História da Educação

Sociologia da Educação/Política da Educação

Psicologia da Educação

Organização e Administração Educacionais

Áreas Científicas Básicas da Educação

Teoria do Desenvolvimento Curricular

63 ECTS 21+21+21

Investigação Quantitativa /Análise estatística de

dados

Área das Metodologias de Investigação/Intervenção Fundamentos e Procedimentos de Investigação

Qualitativa

Concepção de Projectos

27 ECTS 9+9+9

Curso de Formação Complementar

Formações específicas /aplicadas

18 ECTS

Métodos de Investigação/Intervenção

3 ECTS

T É C N I C O S U P E R I O R D E E D U C A Ç Ã O

Áreas Disciplinares

Introdução à prática profissional/Estágio

9 ECTS

Formação Especializada

Trabalho de investigação

Seminário de Acompanhamento /Supervisão

Seminário de Formação avançada

----------------------------------------

Componentes Curriculares

Monografia /Tese

30 ECTS

M E S T R A D O

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CONDIÇÕES DE ACESSO AOS 1º E 2º CICLOS Para o acesso ao 1º ciclo é necessária a conclusão do 12 º ano nas áreas e nas

condições indicadas pelas respectivas Escolas.

Relativamente ao acesso ao 2º ciclo considera-se que deverá ser assegurada a passagem automática de todos os alunos do 1º para o 2º ciclo enquanto se mantiver o numerus clausus na entrada do Ensino Superior. CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO As áreas de especialização a desenvolver depois do 2º Ciclo terão que ser organizadas em função da especificidade de cada Escola, tendo em conta a sua tradição científica e pedagógica, os recursos humanos existentes e a sua inserção sócio-cultural. Contudo é possível enumerar, a título de exemplo, algumas áreas de investigação e se poderão organizar os referidos

cursos:

- Educação Especial;

- Educação / Formação de Adultos;

- Formação de Professores e Formadores;

- Supervisão Pedagógica;

- Análise e Intervenção em Educação;

- Desenvolvimento Pessoal e Social;

- Formação e Tecnologias Educacionais;

- Organização e Administração Educacionais;

- Desenvolvimento Curricular e Avaliação Educativa;

- Sociologia e Educação e Políticas Educativas;

- Formação e Poder Local;

- Inclusão e Animação Sócio-cultural;

- Comunidade Educativa e Mediação Sócio-pedagógica;

- Educação, Cooperação e Desenvolvimento;

- Recursos Humanos e Gestão da Formação;

- Educação para a Saúde.

No que diz respeito às condições de acesso ao Doutoramento entendemos que a

actual legislação deve continuar a ser aplicada.

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PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO

DOS DIPLOMADOS

EM ANIMAÇÃO SÓCIO-CULTURAL

NO ÂMBITO DO PROCESSO DE BOLONHA

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JUSTIFICAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E/OU PROFISSIONAL

O Curso de Animação Sociocultural visa a formação de técnicos a nível superior, com competências específicas para a intervenção no domínio social e cultural. Esta formação tem como pertinência promover o desenvolvimento dos indivíduos, dos

grupos e das comunidades, estimulando a participação social e cultural dos mesmos.

Assim, a Animação Sociocultural incorpora um significativo e polissémico campo de

conhecimentos, reivindicativos de uma atitude crítica, consubstanciada em vectores

como a criatividade, a adaptação e o humanismo.

Esta formação está orientada para exigir de um Animador Sociocultural

competências técnico-científicas no âmbito dos vários contributos disciplinares e no

conhecimento necessário para a aplicação das técnicas de intervenção (concepção,

planificação e implementação de projectos educativos, sociais, artísticos e culturais),

um mediador de grupos, indivíduos e comunidades e, consequentemente, que seja um

profissional com capacidades de relacionamento significativas, ao mesmo tempo que

consubstancie uma atitude que se traduza no empenho, na abertura, na iniciativa, na

adaptação, na tolerância, enfim, na capacidade de promoção do desenvolvimento

sociocultural através da participação dos indivíduos, grupos e comunidades.

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PERFIL PROFISSIONAL DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL

Ciclos

Perfil

1º ciclo

2ºciclo

Descritores

- Concepção, dinamização,

desenvolvimento e avaliação de

projectos socioculturais;

- Capacidade de diagnosticar

problemas sociais e culturais em

contextos de intervenção

- Intervenção em contextos

diversificados;

- Articulação entre equipamentos

socioculturais, instituições e serviços.

- Capacidade de trabalhar em equipa

- Concepção, Gestão e Avaliação

de programas e projectos da

especialidade;

- Avaliação de programas

culturais e instituições ;

- Investigação para a Inovação:

- Realização de actividades de

carácter artístico-formativo

- Interface com grupos de outras

especialidades;

- Direcção de instituições e de

projectos de intervenção

cultural;

- Intercâmbios internacionais e

financiamento;

- Coordenação de programas e

projectos culturais;

- Planeamento estratégico.

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COMPETÊNCIAS GERAIS DO ANIMADOR SOCIOCULTURAL

Ciclos

Competências Gerais

1º ciclo

2º ciclo

Competências instrumentais

- Analisar as diferentes

realidades socioculturais

- Caracterizar realidades sociais

(meio, grupos, instituições

etc.);

- Utilizar metodologias e

técnicas de intervenção

socioculturais;

- Conhecer as funções dos

equipamentos, instituições e

serviços socioculturais;

- Conhecer as dinâmicas de

marketing e publicidade

- Conhecer as várias formas de

expressão

- Conceber e desenvolver

projectos socioculturais;

- Avaliar a concepção, o

desenvolvimento e os

resultados dos projectos

- Articular saberes de diferentes

áreas disciplinares

- Conhecer movimentos estéticos da modernidade

- Conhecer o património cultural e ambiental

- Produzir conhecimento

científico.

- Capacidade de gestão cultural

- Conceber programas e projectos

socioculturais;

- Produzir conhecimentos numa

área particular de intervenção

cultural e artística;

- Construir e desenvolver

projectos de investigação –

acção

- Capacidade para dirigir,

coordenar e avaliar programas,

projectos e instituições

culturais

- A par de uma cultura geral vasta

possuir conhecimento e cultura

na área da especialidade;

- Capacidade de programação

cultural.

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Competências interpessoais

- Facilitar a comunicação

-Facilitar a integração grupal

- Gerir conflitos

- Ajudar a desenvolver a autonomia, a participação e a criatividade; - Ter pensamento crítico e

reflexivo;

- Aceitar e valorizar a diversidade;

- Integrar-se em equipas de trabalho pluridisciplinar;

- Gerir conflitos;

- Liderar equipas de trabalho;

- Integrar unidades de

investigação;

Competências sistémicas

- Ser autónomo;

- Ser comunicativo

- Ser criativo;

- Ser catalisador de

potencialidades;

- Liderar equipas de trabalho;

- Ter capacidade de decisão

- Ter abertura para a multiplicidade de problemas da sociedade actual - Aplicar estratégias facilitadoras

de uma prática adequada aos

vários contextos socioculturais

- Capacidade de

planeamento estratégico

- Capacidade para

operacionalizar tomadas de

decisão

- Operacionalizar

conhecimentos resultantes

da cultura da especialidade

- Capacidade de gestão

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Currículo Mínimo Nacional de Animação Sociocultural

Proposta

Áreas Disciplinares

1º CICLO 90 ECTS------50% do total de ECTS do 1ºCiclo

Modelos e Métodos de Animação (20 ECTS)

Modelos de animação sociocultural

Métodos e técnicas de animação sociocultural

Expressões (14 ECTS)

Expressão motora

Expressão dramática

Expressão musical

Expressão plástica e visual

Gestão e Produção Socioculturais (12 ECTS)

Desenho, desenvolvimento e avaliação de projectos

socioculturais

Antropologia (8 ECTS)

Antropologia social e cultural

Psicologia (8 ECTS)

Psicologia social e dinâmica de grupos

Psicologia do desenvolvimento

Sociologia (8 ECTS)

Sociologia das organizações

Sociologia da cultura

Sociologia rural e urbana

Estágio (20 ECTS)

2º CICLO 30 ECTS-----(25% do total de ECTS do 2º Ciclo) Investigação e Intervenção

Especializada em Animação

Sociocultural

(30 ECTS)

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CONDIÇÕES DE ACESSO AOS 1º E 2º CICLOS As Escolas consideraram que as condições de acesso ao 1º ciclo devem corresponder às actualmente existentes, isto é,

conclusão do 12º ano nas áreas indicadas pelas respectivas Escolas. Quanto às condições para o acesso ao 2º ciclo as Escolas

entendem que todos os alunos que terminem com aproveitamento o 1º ciclo deverão poder aceder ao 2º ciclo.

CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO Seguem-se alguns exemplos de cursos a serem propostos pelas Escolas tendo em

vista a especialização dos alunos após a conclusão do 2º ciclo:

- As Relações da Animação Sociocultural com a Multiculturalidade e a Integração

Étnica;

- A Afirmação Sociocultural das Comunidades através das Expressões Artísticas e do

Desporto de Lazer;

- A Museologia e a Animação Sociocultural;

- A Animação Sociocultural e a Educação Especial;

- A Animação Cultural com a Terceira Idade;

- A Animação Sociocultural e a Gestão de Instituições;

- Animação Comunitária;

- Gestão e Animação Turística; / Gestão e Animação de Espaços Culturais;

- A Animação Sociocultural e na Escola e na Comunidade Educativa;

- Animação Sociocultural e Intervenção Autárquica.

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PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO DOS DIPLOMADOS

EM EDUCAÇÃO SOCIAL

NO ÂMBITO DO PROCESSO DE BOLONHA

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JUSTIFICAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E/OU PROFISSIONAL:

A designação de Educação Social atribuída ao curso surgiu pela perspectiva

epistemológica em que o grupo, autor da proposta, se baseou bem como pela natureza da

função técnica e profissionalizante prevista para os seus diplomados. EDUCAÇÃO,

porque representa intervenção com uma essencial vertente educativa, de proximidade e

preventiva, na medida em que se parte do pressuposto teórico de que através da intervenção

social se podem evitar situações de risco e se pode ajudar os grupos vulneráveis a construir

alternativas de vida. Este processo vai no sentido do desenvolvimento das pessoas, das suas

capacidades e competências, e, por essa via, dos grupos e comunidades a que pertencem.

SOCIAL por se referir à realidade social nas suas diversas dimensões e contextos. O social

é, assim, o contexto de actuação educativa da Educação Social, predominantemente não

escolar e informal.

A Educação Social perspectiva-se numa modalidade de intervenção ligada,

preferencialmente, ao campo social, com base numa perspectiva educacional podendo

ainda ser entendida como uma <<educação da necessidade>>.

Cursos de Educação Social com as mesmas finalidades existem a nível internacional,

nomeadamente em Espanha, França e Canadá. Acresce ainda a circunstância de, a

designação de educador existir já há muito em Portugal, em prisões, reformatórios e outras

instituições, exercida por profissionais sem preparação superior.

Neste momento, pode considerar-se que esta designação está consignada, existindo

mesmo uma associação destes profissionais, o Conselho Nacional de Educação Social

(CNES).

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PERFIL PROFISSIONAL DO EDUCADOR SOCIAL

Ciclos

Perfil

1º ciclo

2ºciclo

Descritores

- Caracterização das realidades sociais

de intervenção;

- Concepção , construção,

desenvolvimento e avaliação de

projectos educativos;

- Capacidade de diagnosticar problemas

sociais em contextos de intervenção

- Intervenção em contextos

diversificados;

- Prestação de apoio e acompanhamento

individual e grupal;

- Articulação entre equipamentos

sociais, instituições e serviços.

- Articulação entre pessoas e

comunidade

- Trabalho em equipa

- Concepção , Gestão e Avaliação de

programas e projectos da

especialidade;

- Avaliação de Instituições ;

- Investigação para a Inovação

- Realização de actividades de carácter

formativo

- Interface com grupos de outras

especialidades

- Direcção de instituições e de

projectos de intervenção;

- Colaboração internacional e

cooperação para o desenvolvimento

- Coordenação.

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COMPETÊNCIAS GERAIS DO EDUCADOR SOCIAL

Ciclos

Competências Gerais

1º ciclo

2º ciclo

Competências instrumentais

- Identificar problemas sociais.

- Caracterizar realidades sociais

(meio, grupos, instituições etc.);

- Utilizar metodologias e técnicas

de intervenção sociais;

- Conhecer as funções dos

equipamentos, instituições e

serviços sociais;

- Identificar, conhecer e utilizar

redes sociais de apoio

- Conceber e desenvolver

projectos de intervenção social;

- Avaliar a concepção, o

desenvolvimento e os resultados

dos projectos;

- Articular saberes de diferentes

áreas disciplinares;

- Produzir conhecimento científico.

- Conceber e aplicar projectos em

realidades específicas;

- Produzir conhecimentos numa área

particular de intervenção social;

- Construir e desenvolver projectos de

investigação –acção

- Capacidade para dirigir, coordenar e

avaliar programas, projectos e

instituições

- A par de uma cultura geral vasta

possuir conhecimento e cultura na área

da especialidade;

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Competências interpessoais

- Facilitar a integração grupal;

- Gerir conflitos ao nível da

população utente;

- Ajudar a desenvolver a autonomia, a

participação e a criatividade;

- Ter pensamento crítico e reflexivo;

- Aceitar e valorizar a diversidade;

- Integrar-se em equipas de trabalho

pluridisciplinar;

- Gerir conflitos institucionais;

- Liderar equipas de trabalho;

- Integrar unidades de

investigação;

Competências estratégicas

- Ser autónomo;

- Ser criativo;

- Ter sensibilidade social

- Liderar equipas de trabalho;

- Despertar para a multiplicidade de

problemas da sociedade actual

- Aplicar estratégias facilitadoras de

uma prática adequada aos contextos

sociais

- Operacionalizar conhecimentos

resultantes da cultura da

especialidade

- Capacidade de planeamento

- Capacidade para operacionalizar

tomadas de

decisão

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Currículo Mínimo Nacional de Educação Social

Proposta

Áreas Disciplinares

1º CICLO 90ECTS-------50% do total de ECTS do 1ºCiclo

Psicologia do Desenvolvimento

Psicologia Social

Psicologia (22 ECTS)

Problemáticas da Infância, da Adolescência, da Adultez e da

Velhice

Sociologia

Problemáticas Sociais Contemporâneas

Sociologia da Educação

Sociologia (22 ECTS)

Sociologia das Organizações

Educação Comunitária

Investigação Acção

Animação e Intervenção Comunitárias

(20 ECTS) Desenho e Desenvolvimento de Projectos

Políticas Sociais Políticas (6 ECTS) Políticas Educativas

Prática Integrada

(20 ECTS)

2º CICLO 25% do total de ECTS do 2º Ciclo Investigação e Intervenção

Psicossocial

(30 ECTS)

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CONDIÇÕES DE ACESSO AOS 1º E 2º CICLOS

As Escolas consideraram que as condições de acesso ao 1º ciclo devem

corresponder às actualmente existentes, isto é, conclusão do 12º ano nas áreas indicadas

pelas respectivas Escolas.

Não houve entendimento entre os representantes das diferentes Escolas quanto à

definição de condições de acesso para a frequência do 2º ciclo remetendo-se a questão

para a lei geral a ser indicada pela tutela.

CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO

Seguem-se alguns exemplos de cursos a serem propostos pelas Escolas tendo em

vista a especialização dos alunos após a conclusão do 2º ciclo:

- Educação Socioprofissional;

- Educação Social: Problemáticas de Exclusão Social e Processos de Inserção;

- Educação de Adultos: Perspectivas de Educação ao Longo da Vida;

- Educação e Gerontologia;

- Intervenção Sócio-educativa em Contexto Escolar;

- Intervenção Sócio-educativa em Contexto Familiar;

- Intervenção Comunitária;

- Intervenção Sócio-educativa em Contexto de Risco;

- Educação para o Desenvolvimento e Cooperação.

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INÍCIO DOS CURSOS DE ACORDO COM O PROCESSO DE BOLONHA

Os representantes da área das Ciências da Educação, consideraram poder vir a iniciar os novos planos de estudo agora propostos para os seus respectivos cursos, que se encontram de acordo com o proposto pela Declaração de Bolonha, a partir do ano lectivo de 2006-2007 (1.º ano do 1.ºCiclo), desde que toda a legislação necessária para o efeito seja publicada até Julho de 2005.

CONCLUSÕES

O Relatório aqui apresentado resultou da colaboração dos representantes de praticamente todas as Escolas do país, nas quais se formam profissionais da área das Ciências da Educação. A sua colaboração constituiu um momento importante de reflexão sobre o ensino/formação nesta área do saber no nosso país. A formação de três Grupos de Trabalho distintos mostrou-se finalmente, face aos resultados, uma metodologia adequada aos propósitos deste Relatório, permitindo a organização de três perfis académico-profissionais distintos, bem como a apresentação dos respectivos curricula mínimos comuns, aceites pelas Instituições representadas.

Gostaríamos no entanto de salientar agora, uma divergência importante entre o Grupo I e os dois restantes, no que se refere à formação necessária para que o aluno possa aceder à respectiva profissão.

Assim, os representantes do Cursos de Ciências da Educação/Educação, embora tenham aceite a existência de um 1.º Ciclo de três anos (180 ECTS) e um 2.º Ciclo de dois anos (120 ECTS), repartidos em 60 ECTS por cada ano lectivo, consideram ser condição necessária ao exercício profissional, que os alunos, para além do 1.º Ciclo, obtenham aprovação no 1.º ano do 2.º Ciclo – ano complementar.

Os representantes dos Grupos II e III, respectivamente Animação Cultural e Educação Social e designações congéneres, consideraram que no final do 1.º Ciclo (180 ECTS = 3 anos lectivos), os alunos possuem já competências académico/profissionais que os habilitam a entrar no mercado de trabalho, sem prejuízo, contudo, de que algumas tarefas mais complexas venham a exigir a realização do 2.º Ciclo.

Para terminar, deve salientar-se a preocupação demonstrada pelos representantes dos Grupos II e III quanto à necessidade imperiosa de vir a ser publicada legislação que permita que, no âmbito do Processo de Bolonha, o Ensino Superior Politécnico possa vir a conceder o grau de Mestre. Neste caso e só neste, estariam aqueles representantes de acordo com a designação de Bacharelato em vez de Licenciatura, como designação do 1.º Ciclo, indo assim ao encontro da opinião manifestada pelo Grupo I.

A Coordenadora Nacional da área das Ciências da Educação, Luísa Maria de Almeida Morgado (Professora Catedrática)