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Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Ciências Sociais e da Saúde Coordenação de Psicologia Psicologia da Personalidade III

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Pontifícia Universidade Católica de GoiásEscola de Ciências Sociais e da SaúdeCoordenação de Psicologia

Psicologia da Personalidade III

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Evolução genética e o desenvolvimentopsíquico normal

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No iníco, o lactente encontra-se em ummodo de fusão e de identificação a umatotalidade fusional, em que não existeainda separação entre o sujeito e seumeio externo.

As trocas não são percebidas como umaaquisição (do registro do ter) mas comouma simples expansão de seu ser.

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Nesse momento, hà a predominância,dos mecanismos de absorção e dedifusão.

Os modos de funcionamento ligados à àentrada ou à saída, sendo presididos pelofenômeno de dupla polaridade daintrojeção (pôr para dentro) ou deprojeção (pôr para fora),

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• Dentro dessa fase fusional , é impossível aconstituição de: 1) um distanciamentoobjetal (separação eu/não eu – objeto), 2)Uma diferenciação entre a realidadeinterior e a realidade exterior.

• Somente a repetição sucessiva dosperíodos de ausência e retorno da“mãe” acarretará a introduçãosucessiva de períodos alucinatórios dedesejos (com a insuficiência dassatisfações que isso traz consigo) e suadiferenciação da satisfação verdadeira,pela presença real do objeto exterior doqual a criança tem necessidade.

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A repetição da presença e da ausência,em conjunto com a satisfação e a falta,permitirá, pouco a pouco, isolar o sujeitoexperimentante de seu polo exterior.

E, por essas experiências, não tardará ase encontrar dissociado, de acordo comuma linha de demarcação definida pelaausência possível e a falta (própria aoselementos exteriores) e a permanência doexperimentado e a imediatez dapercepção (delimitando o setor próprio dosujeito e de seu meio interior).

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No sujeito normal, a passagem dessasituação fusional e narcisista unipolarao reconhecimento progressivo de umdistanciamento bipolar sujeito-objetoinaugura as primeiras manifestações deautonomização do Ego, separado pouco apouco do meio exterior.

A existência "de um Ego separado doobjeto que o funda", assinala apassagem de um modo de existênciaunipolar à bipolaridade objetal,

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Essa passagem separa o que os analistaschamam de situação pré-objetal,caracterizando o modo de relação deobjeto de mesmo nome, diferenciada darelação objetal, caracterizada pelaseparação entre o sujeito e o objeto.

No plano do funcionamento mental, aorganização de um Ego separado do não-Ego vai permitir a diferenciação entre arealidade exterior e a realidade interior(ou fantasmática).

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O resultado feliz desse processomaturativo, dito de personação(autonomização do Ego), delimitaigualmente a ultrapassagem da zonzde funcionamento psicótico e a entrada, naproblemática neurótica.

É precisamente, a aquisição dessaexistência separada,desse personação,que se mostra falha no paciente psicótico.

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Processos defensivosO conceito de defesa tem sido

importantíssimo no diagnóstico dapersonalidade em psicanálise.Os tipos de personalidade se referem

implicitamente a uma operação contínua deuma defesa específica ou de umaconstelação de defesas em um indivíduo.As primeiras observações de Freud

influenciaram a ideia de que as defesas são,por natureza, mal adaptativas.

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Contudo,o fenómeno ao qual nos referimos como"defesas" tem muitas funções positivas.

As defesas começam como adaptações saudáveise criativas que continuam a funcionar de formaadaptativa ao longo da vida.

Uma pessoa que usa uma defesa em geral estátentando, de modo inconsciente, atingir um dosseguintes objetivos (ou ambos):

Evitar ou administrar algum sentimentoameaçador, normalmente ansiedade, mastambém luto esmagador, vergonha, inveja e outexperiências emocionais caóticas; e

Manter a autoestima.

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Os psicanalistas admitem, embora raramente ofaçam de forma explícita, que todos temos defesas“preferidas” que se tornaram integradas ao nossosestilos individuais de lidar com as situações.

Essa “escolha” automática de uma defesa emparticular ou em um grupo de defesas é resultadode complexas relações entre:O temperamento individual específico,

A natureza das angústias que o indivíduo sentiu naprimeira infância,

As defesas modeladas - e às vezes explicitamenteensinadas - pelos pais e por outras figuras importantes.

As consequências experienciadas devido ao uso dedeterminadas defesas.

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As pesquisas empíricas sobre as defesas apoiamsete observações psicanalíticas centrais (Cramer,2008):

(1) funcionam independentemente de nossa consciência;

(2) desenvolvem-se segundo uma ordem previsível àmedida que a criança amadurece;

(3) estão presentes na personalidade normal;

(4) são usadas com intensidade em períodos de estresse;

(5) reduzem a experiência consciente das emoçõesnegativas;

(6) operam por meio do sistema nervoso autónomo; e

(7) quando usadas em excesso, são associadas apsicopatologias.

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Existe uma concordância entre acadêmicospsicanalíticos quanto ao fato de algumasdefesas serem mais maduras do que outras emtermos de desenvolvimento. (Cramer, 1991; Laughlin, 1970; Vaillant et al., 1986).

Cramer (2006) demonstrou, por exemplo que anegação ocorre muito cedo, e que a projeção sedesenvolve depois, e a identificação ainda maistarde.

Em geral, as defesas que são chamadas de"primárias", "imaturas", "primitivas" ou "deordem inferior" observam o limite entre o “Ego”(si-mesmo) e o mundo exterior.

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As consideradas como "secundárias", "maismaduras", "avançadas" ou "de ordem superior"lidam com limites internos, como aqueles entre oego, o superego e o id ou entre o ego observadore as partes do ego ligadas à experiência.

As defesas primitivas operam de modo global eindiferenciado, fundindo as dimensões cognitiva,afetiva e comportamental,

As mais avançadas operam transformaçõesespecíficas de pensamentos, sentimentos,sensações, comportamentos ou algumacombinação dessas funções.

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Para ser considerada primária, uma defesa temgeralmente duas qualidades associadas com afase pré-objetal do desenvolvimento:

uma falta de apego ao princípio de realidade e

uma falta de percepção da separação e daconstância daqueles que são externos ao self.

Contudo, apesar da separação entre defesasprimitivas e maduras, muitos processos de defesapodem se apresentar de formas mais primitivase/ou mais maduras.A negação pode se relacionar à total renúncia da

realidade em favor de um estado psicótico da mente oupode indicar uma leve tendência a lidar com o estresse"sonhando acordado".

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O funcionamento psíquico

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• O Ego — Ao defrontar-se com as imposições domundo externo, a criança precisa gradualmenteredirigir os impulsos do id, de modo que estes sejamsatisfeitos dentro das possiblidades impostas pelarealidade.

• Desenvolve-se, então, um outro princípio: oprincípio da realidade.

• Isto significa que o indivíduo deve suportar ascondições apropriadas para alcançar o prazer epara isso deve renunciar a um prazer imediato,mas que poderá ter como consequência osofrimento.

• No entanto, ambos os princípios visam omesmo fim — alcançar a satisfação e evitar ador. 18

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• Pode-se considerar o princípjo da realidadecomo o princípio do prazer modificado pelasimposições do mundo externo e o desen-volvimento da razão.

• O Ego tem como principal função agir comointermediário entre o id e o mundo externo.

• controlar as demandas dos impulsos e seusmodos de satisfação.

• proteger-se dos estímulos percebidos comoperigosos,

• aproveitar os estímulos favoráveis e• realiza modificações no meio, que possam

resultar em benefício da própria pessoa.

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• O Superego — À medida que se desenvolve, acriança descobre que certas demandas do meiopersistem sob a forma de normas e regras.

• O ego tem que lidar repetidamente com problemas eaprender a encontrar para estes soluçõessocialmente aceitas.

• As regras e normas impostas pelo mundo externovão se incorporar na estrutura psíquica, constituindoo superego.

• O superego representa a herança sócio-cultural.20

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• Id, Ego e Superego são interdependentes. O egodesempenha papel de integrador lidandosimultaneamente com as demandas do id, dosuperego e do mundo externo.

• O id incita uma ação imediata e irrefletida buscandode forma indiscriminada o prazer.

• O superego atua de forma imediata impondo umaregra e críticando atomaticamente.

• O Ego tenta decide:• o que fazer,• quando e• de que forma,• visando sempre o bem estar integral da pessoa.

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• O ego é (espera-se que seja) a parte do aparelhopsíquico que:

• busca um equibíbrio, entre as forças dos impulsosprimitivos e irracionais do id e as forças dasexigências do superego e imposições do mundoexterno, considerando os aspectos individuais e ocontexto social em que o indivíduo está inserido,

• O superego incorporou-se ao ego como um controleautomático devido às exigências impostas pelomundo externo.

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ESTRUTURAS PSÍQUICAS

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ESTRUTURAS PSÍQUICAS (Bergeret)

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3 aula 1

Uma teoria da personalidade envolve: Os determinantes da personalidade Os motivos que levam as pessoas a se

comportarem de uma certa maneira O funcionamento psicológico

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estável e precisa das partes que a compõemum todo.

É o modo pelo qual um todo é composto e aspartes deste todo são arranjadas entre si.

A "constituição" e a "estrutura" dapersonalidade representam:

o modo de organização permanente doindivíduo.

Na linguagem usual, estrutura é uma noçãoque implica uma disposição complexa,

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ESTRUTURA DA PERSONALIDADE

A estruturar da personalidade correspondea um estado psíquico constituído peloselementos psíquicos fundamentais dapersonalidade, fixados em um conjuntoestável e definitivo.

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A estrutura da personalidade implica emuma organizada de modo estável e definitivo:1. de mecanismos de defesa,2. de um modo seletivo de relação de

objeto,3. de um certo grau de evolução libidinal4. de pontos de Fixação da Libido5. de um certo grau de evolução do ego,6. de uma atitude frente a realidade,7. de um uso bastante invariado dos

processos primário e secundário..

ELEMENTOS

PSIQUICOS

FUNDAMENTAIS

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7 aula 1

Grau de evolução libidinalPontos de Fixação da Libido

Grau de evolução do ego,mecanismos de defesa,modo seletivo de relação de objeto, atitude frente a realidade,

uso bastante invariado dos processos primário e secundário..

Personalidade= Uma organização

(disposição) EstávelHabitual

duradoura dos aspectos:

Cognitivos – pensar, perceber

Afetivos – sentir

Volitivos – quererComportamentais – agir

DESENVOLVIMENTO

PSICOSSEXUAL

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A estrutura da personalidade representa as basesconstantes (elementos psíquicossobre as quais se estabelece opsíquico de um sujeito.

Para Freud, no desenvolvimento

fundamentais) funcionamento

psicossexual,quando o funcionamento psíquico de um indivíduohouvesse estabelecido um grau de organizaçãoequivalente a um arranjo dos mecanismos psíquicosfundamentais não haveria mais variação possível.

Em suas Novas Conferências de 1933, Freud nosdiz que, se deixarmos cair no chão um cristal (blocomineral) ele se quebra, mas não de um modoqualquer.

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Se atiramos ao chão um cristal, ele se parte, masnão em pedaços aoacaso. segundo linhas de clivagem,

Ele se desfaz, em fragmentos

cujos limites, embora fossem invisíveis, estavampredeterminados pela estrutura do cristal. Osdoentes mentais são estruturas divididas epartidas do mesmo tipo ...Eles, esses pacientes,afastaram-se da realidade externa, mas por essamesmainterna,coisas

razão conhecem mais da realidadepsíquica, e podem revelar-nos que de outro modo nos

muitas seriam

inacessíveis.

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Todo corpo cristalizado é constituido por linhas deestruturação invisíveis reunidas entre si para formar ocorpo total segundo limites, direções e angulaçõespré-estabelecidas de forma precisa, fixa e constantepara cada corpo em particular.

Tais linhas de clivagem originais e imutáveis definema estrutura do cristal mineral.

Assim, ao quebrar-se, seguirá essas mesmas linhasde clivagem pre-estabelecidas indica seus limites,suas direções e angulações até então invisíveis.

Freud pensa que o mesmo aconteceria com aestrutura psíquica, que em situação normal aorganização de um indivíduo se acharia constituída deforma estável, específica e invisível.

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A Série Complementare

Freud estabelece três séries complementares comofatores coadjuvantes na etiologia do adoecimentopsíquico:

a disposição constitucional;

as experiências dos primeiros cinco anos de vida;

as circunstâncias de vida do sujeito na sua vida adulta.

As duas primeiras séries compõem a disposição dacada ser humano, sua estruturação neurótica oupsicótica, mas não são determinantes a priori dequalquer distúrbio que a pessoa possa vir a ter.

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a terceira série complementar está relacionada comos acidentes e acontecimentos que a vida oferece, eé fundamental na formação dos sintomas, na suarelação dialética com a disposição.

FATORS COSTITUCIONAS

HISTÓRIA DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

DISPOSIÇÃO

Estrutura Neurótica Estrutura Psicótica

ACONTECIMENTOS DA VIDAADULTA

NEUROSE PSICOSE

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Para que surja um sintoma, tem que ocorre umaprivação libidinal na atualidade da vida do indivíduoque coloque em movimento uma regressão aorganizações da libido a que se haviam renunciadona infância.

A insatisfação libidinal (frustração) para produzirefeitos patogênicos deve recair sobre a forma desatisfação que é central na vida da pessoa, a formade satisfação que ela quer com exclusividade.

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O NORMALEm comparação ao “cristal”, o normal seriasobretudo um sujeito que traz consigo aquantidade suficiente de fixações conflitivas(linhas de clivagem exteriormente invisíveis)para ser tão “doente” quanto muitaspessoas, mais que não teria encontrado, emseu caminho:

dificuldades internas e externassuperiores a seu equipamento afetivohereditário e adquirido,

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E as suas faculdades defensivas e adaptativas permitiriam um arranjo flexível :

de suas necessidades pulsionais, e

de seus processos primário e secundário

tanto em um plano pessoal como em um plano social e

levando satisfatoriamente em conta a realidade.

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Quando umestrutura:

sujeito (independente daou psicótica) não estáneurótica

submetido a provas interiores ou exterioresdemasiadofrustrações

fortes, aou a

traumasconflitos

afetivos, ademasiado

intensos, ele se mantém estável, organizadoe não adoece.

Mas se o sujeito vier a se descompensar (o"cristal" vier a se romper), isso só poderáocorrer de acordo com as linhas de rupturapreestabelecidas na idade precoce.

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O sujeito de estrutura neurótica não poderádesenvolver senão uma neurose, e o sujeitode estrutura psicótica senão uma psicose.

Da mesma maneira, tomados em tratamentoa tempo e corretamente cuidados, o primeirosujeito não poderá se encontrar novamenteem boaneuróticasegundo

saúde a não ser como estruturade novo bem compensada, e oapenas como estrutura psicótica

novamente compensada.

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Gênese da estrutura da Personalidade

De uma forma geral, a evolução psíquica dodesujeito em direção a uma estrutura

personalidade estável processa-se da seguinte forma:

Em uma primeira etapa:

o estado inicial indiferenciação estrutura.

da criança é de psicossomática, sem

Pouco a pouco, o Eu começa a se distingue do Não-Eu.

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Em uma segunda etapa, começam a se orientar para a constituição de uma pré-organização:

as linhas de força determinadas pelo(a)s:

frustrações,

efeitos das pulsões e da realidade,

conflitos

defesas do ego e suas reações aos impulsos internos e aos estímulos externos

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As relações com os pais e também as relações comtodos os membros do contexto social e educativo sãofundamentais.

As defesas começam a organizar-se de forma cada vez mais estável.

O Eu vai tentando controlar as dificuldades criadas tanto pela realidade como pelas pulsões.

Progressivamente o psiquismo organiza-se (“cristalizase”), estabelecendo, a partir do modo deligação dos organização

seus elementos psíquicos. interna que já não poderá

uma variar

posteriormente.

Em um terceiro momento, chega-se a uma verdadeiraestrutura da personalidade que já não se poderámodificar, nem mudar de linha fundamental.

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IdentificaçãoModo relação de objet• Relação objetal• relação narcísistaFuncionamento Píquico• Pincípio de Realidade (processo

secundário)• Princípio de Prazer (processo

primário)Desenvolvimento psicossexual• Fixações genistais• Fixações pré- genitaisConstituição do Ego• Narcisismo primário• Indiferenciação psicossomática

De s

P erocesso

n v o l v i m e n t o

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CARACTERÍSTICAS DA ESTRUTURA NEURÓTICA

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ESTRUTURA NEURÓTICA

• o indivíduo pré-organizado de forma neurótica temacesso à triangulação genital.

sem frustrações precoces demasiado pesadas,

sem fixações pré-genitais anterioresdemasiadamente severas.

O segundo subestágio anal (retentivo) e estágiofálico são superados.

o Édipo começa a pré-organizar a futura estruturasob o primado genital.

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Da mesma forma que na linhagem psicótica, o períodode latência operará, aqui, uma parada momentânea daevolução estrutural.

A adolescência desencadeará as tempestades afetivas.

Na grande maioria dos casos e em contextosnormalmente socializados, o ego neuroticamente pré-organizado permanece na linha de estruturaçãoneurótica de forma definitiva.

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• Esta organização estrutural não mais poderá variar aseguir e, se um sujeito desta linhagem adoecer, nãopoderá fazê-lo senão conforme um dos modos neuróticosautênticos: neurose obsessiva e histeria (de angústia oude conversão)

• A linhagem estrutural neurótica é, acima de tudo,caracterizada pela organização da personalidade sob oprimado do genital.

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• Após o edipo por mei da identificaçlão, o com osprogenitores o superego se constitui.

• Não se pode falar de superego propriamente dito, senão nasestruturas neuróticas.

• O conflito neurótico situa-se entre o superego e as pulsões edesenrola-se no interior do ego.

• Após um processo de narcissação sem falhas, o ego estácompleto na estrutura neurótica.

• Assim, a angústia específica das organizações neuróticasnão se aproxima, absolutamente, do perigo defragmentação.

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• O conflito neurótico tem como protagonistas o Id, oEgo, o Superego e as demandas da realidade.

SUPEREGO

ID X EGO

REALIDADE

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• A regressão neurótica, em caso de acidentemórbido, diz antes respeito à libido que ao ego,sem jamais atingir o nível das regressões pré-genitais massivas das estruturas psicóticas.

• A relação de objeto neurótica realiza-sesegundo um modo plenamente genital eobjetal.

• A defesa neurótica característica foi longamentedescrita por Freud sob o vocábulo Verdrãngung,traduzido por recalcamento.

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• Outros mecanismos podem vir em auxílio desterecalcamento conforme as variedades neuróticas,Contudo, jamais ocorre à negação da realidade.

• As exigências do princípio do prazer sempre ficammais ou menos submetidas ao controle doprincípio de realidade.

• A fantasia e os sonhos neuróticos correspondemàs satisfações pulsionais alucinatórias proibidaspelo superego e portam traços do conflito e dasdefesas. são formações de compromissosfuncionais, assim como o sintoma constitui umaformação de compromisso patológica.

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O termo "neurótico" qualifica um alto grau decapacidade de funcionamento psíquico apesar dapossibilidade de sofrimento emocional.

1. Pessoas organizadas em um nível neuróticodependem sobretudo de defesas mais madurasou defesas de segunda ordem.

A literatura psicanalítica notou que pessoasmais saudáveis usam o recalque como principalmeio de defesa.

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2. Indivíduos com desenvolvimento em nível neurótico depersonalidade possuem um tipo de senso integrado deidentidade (Erikson, 1968).

Seus comportamentos mostram certa consistência, esuas experiências internas são de um EU contínuo aolongo do tempo.

Quando solicitados a se descreverem não ficam sempalavras, nem respondem em apenas uma dimensão:geralmente conseguem delinear seu comportamento emgeral, seus valores, gostos, hábitos, convicções,virtudes e aquisições recentes com um senso de suarelativa estabilidade.

Eles sentem que ainda continuam sendo a criança queforam (dimensão histórica) e também conseguem seprojetar no futuro.

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Quando solicitados a descrever as pessoasimportantes de sua vida, como seus pais oupessoas amadas, suas caracterizações tendem aser multifacetadas e apreciativas da complexa,porém coerente, rede de qualidades que constituiqualquer pessoa.

3. Pessoas em nível neurótico estão em geral emcontato sólido com a "realidade".

Têm menor necessidade de distorcer a compreensãoda realidade.

Desconhecem alucinações ou interpretações ilusóriasde experiência (a não ser sob circunstâncias deinfluências orgânicas ou químicas, ou flashback pós-traumáticos).

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4. Parte do que trouxe um paciente neurótico àterapia é visto por ele como bizarro; em outrapalavras, muitas das psicopatologias de pessoasorganizadas de forma neurótica são estranhasao ego ou capazes de ser orientadas de forma ase tornarem assim.

Pessoas na faixa neurótica demonstram precocementena terapia uma capacidade para uma "divisãoterapeutica" entre as partes observadora eexperimentadora do Eu.

Uma mulher neurótica com compulsão de limpezaficará embaraçada de admitir a frequência com a qualtroca seus lençóis, enquanto uma psicótica ouborderline acha que todo mundo que lava a roupa decama com menos frequência é sujo.

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5. Natureza do conflito primário

Suas histórias e seu comportamento em umasituação de entrevista evidenciam que pessoasorganizadas em nível neurótico obtiveram algumsucesso rumo à integração da identidade.

Elas tendem a procurar terapia não por problemasessenciais de segurança ou autonomia, masporque continuam caindo em conflitos entre o quedesejam e os obstáculos que suspeitam elasmesmas terem criado à realização de desejos.

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A afirmação de Freud de que o objetivo apropriadoda terapia é a remoção das inibições contra o amore o trabalho se aplica a esse grupo; algumaspessoas em nível neurótico também estão em buscade expandir sua capacidade de estar só e de sedivertir.

Amar

Trabalhar

Comunicar Gozar

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6. A organização de personalidade neuróticaencontra-se localizada na extremidade maissaudável da sequência do desenvolvimento.

Genital

Fálica

Anal 2ª.

Anal 1ª.

Oral 2ª.

Oral 1ª.

FixaçõesNeurótica

FixaçõesPsicóticas

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Estrutura obsessiva

• Apresenta-se como a mais regressiva daestruturação neurótica no plano libidinal.

• Na estruturação de modo obsessivo, arepresentação pulsional constrangedora:

• apresenta uma tendência a destacar-se de seuafeto correspondente,

• o afeto irá ligar-se a outras representaçõesmenos conflituais,

• não mais se poderá reconhecer a pulsãooriginal.

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• Como em toda estruturação de modo neurótico, osuperego terá aqui um papel importante adesempenhar.

• O recalcamento atua sobre as representaçõespulsionais difíceis de tolerar, principalmente as quetêm a ver com desejos ou dificuldades sexuais dainfância.

• O recalcamento é auxiliado, em sua ação repressiva,pelo isolamento(1) e pela anulação.

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• Se os elementos recalcados atravessam o recalque e aracionalização(1) e as formações reativas não maisconseguirem conservar o sujeito no limite da adaptação;chega-se a uma descompensação da estrutura obsessiva,isto é, à "neurose obsessiva", com suas dúvidas e angústias,suas lutas entre constrangimentos e repetições, suasvergonhas e seus rituais.

1. processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos eações inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta umaexplicação que é logicamente consistente ou eticamente aceitável para umaatitude, ação, ideia ou sentimento que causa angústia.

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Etiologia

• Freud argumentava que no treinamento esfincterianoo adulto responsável e a criança que está sendotreinada de forma precoce, rígida, ou em umaatmosfera de muita preocupação dos pais, entram emuma disputa de poder na qual criança está condenadaao fracasso.

• As observações clínicas levam a crer que o sujeito deestrutura obsessiva teria mantido com os pais uma relaçãobastante particular, incidindo, da parte de ambos os pais,sobre uma valorização dos controles e das inibições, esobre uma interdição das duas pulsões, agressiva e sexual.

• De outra parte, a mãe muito cedo estabelece as bases dasfuturas formações reativas do filho: ela superinveste oscuidados corporais, intestinais e anais aplicados à criança.

Fixações anais

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Pais obsessivos que impuseram um superego pordemais rígido e punitivo.

Recalque de uma exagerada carga de agressão.

Do ponto de vista estrutural, há um constanteconflito intra-sistêmico (o ego está submetido aosuperego cruel e, ao mesmo tempo, ele estápressionado pelas demandas enérgicas do id) .

O conflito afetivo básico em pessoasobsessivas e compulsivas é raiva (por seremcontroladas) versus medo (de seremcondenadas ou punidas).

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Características Clínicas

De uma forma algo abreviada, os seguintes aspectosmerecem ser destacados:

• uma ambivalência no sujeito obsessivo, resultantedo fato de que, por um lado, ele sente o seu egosubmetido a um superego tirânico (ele é obrigadoa fazer, a pensar, ou a omitir, sob penas de...), aomesmo tempo em que ele quer tomar umaposição contra esse superego e dar livre vazão aoid.

• Esse conflito entre as instâncias psíquicas explicaas características de ordem, limpeza, disciplina,escrupulosidade e afins, que caracterizam oobsessivo.

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A obsessividade pode manifestar-se com dois perfiscaracterológicos: um se manifesta sob uma formapassiva e outro tipo de natureza ativa.

• tipo “passivo submetido”, apresentam umanecessidade enorme de agradar (melhor seriadizer: não desagradar) a todas as pessoas, devidoà sua intensa ansiedade em poder magoar ou vir aperder o amor delas. Assim, esse tipo deobsessivo pode ficar no papel da criançaintimidada e submetida aos objetos superegóicos,as quais passam o tempo todo pedindo“desculpas”, “por favor”, “com licença”, “muitoobrigado”..., ou adotando atitudes masoquistas.

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• tipo do “ativo-submetedor”, que resulta de umprocesso de identificação com o agressor peloqual o sujeito adquire as características de exercerum controle sádico sobre os outros, aos quais elequer impor as suas verdades.

Em ambos os tipos de Estrutura neurótica obsessivo-compulsivo há uma permanente presença de pulsõesagressivas, mal resolvidas, de um superego rígido,muitas vezes cruel, ante a desobediência aos seusmandamentos, e de um ideal de ego cheio deexpectativas a serem cumpridas, sendo que tudo issoos mantêm em um continuado estado de culpa.

A escolha de suas relações objetais costuma recair empessoas que se prestem a fazer a complementação dosdois tipos descritos, como é, por exemplo, o de umarelação tipo dominador x dominado; ativo x passivo;sádico x masoquista. .

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Indivíduos obsessivo-compulsivos idealizam acognição e os processos mentais.

Tendem a relegar a maioria dos sentimentos auma realidade desvalorizada, associada cominfantilidade, fraqueza, perda de controledesorganização e sujeira.

Nos transtornos obsessivo-compulsivos, ospensamentos repetitivos e as ações irresistíveis sãoestranhas ao ego.

Os pensamentos e as ações perturbam a pessoa queos possui. Na estrutura de caráter obsessivo-compulsiva, esses pensamentos e ações sãoegossintônicos (D. Shapiro, 2001).

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O Eu OBSESSIVO-COMPULSIVO

Pessoas com orientação obsessivo e compulsivaconcentram-se profundamente em questões decontrole e de retidão moral.

Igualam comportamento adequado com manter sobduras rédeas a própria agressividade, o próprioprazer,

Tendem a ser bastante religiosas, a trabalhar bastantee a se comportar de forma muito autocrítica eresponsável.

Sua autoestima está atrelada a cumprir as demandasdas figuras paternais internalizadas, que lhesimpuseram um alto padrão de comportamento e àsvezes de pensamento.

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se preocupam muito, sobretudo em situações nasquais precisam tomar uma decisão e a decisão"perfeita" é aquela que ninguém pode criticar.

Em um esforço de conservar todas as opçõesdisponíveis, de modo que possam manter(fantasiar) o controle sobre todos os possíveisresultados, essas pessoas acabam ficando semqualquer opção.

A uma propensão das pessoas estruturadas deforma obsessiva a adiar uma decisão até que sejapossível discernir a decisão "perfeita" (i. e., livrede culpa e incerteza).

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MANEJO TÉCNICO (Zimerman, D. E. (2008). Manual de técnica psicanalítica: uma re-visão. Porto Alegre: Artmed, 2008.

• 1. Como tal tipo de paciente sempre está submetido aum superego que é rígido, cobrador e ameaçador, cabeao analista, por meio da atividade interpretativa e de suaconduta – como pessoa real que ele é – gradativamente,transformar esse superego “mau” em um superego“bom”, ou seja, em um ego auxiliar.

• 2. Relativamente às excessivas demandasperfeccionistas do ego ideal e do ideal do ego, a tarefado terapeuta, em grande parte, deve visar aoestabelecimento da capacidade de o paciente reconhecerclaramente quais são os seus limites, alcances elimitações; direitos e deveres; o possível e o impossívelde ser alcançado;

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• Nos casos em que há uma, interna, exigência excessivano cumprimento dos ideais que, desde criancinha, lheforam programados, este tipo de paciente torna-se muitovulnerável a críticas, acha-se injustiçado pelos esforçosque envidou, ou decepciona-se consigo mesmo,deprime-se e, sobretudo, corre o risco de abdicar do seudireito de ser desejante, o que ele pode substituir poruma atitude de ficar escravizado ao desejo de ser oobjeto do desejo do outro.

• 4. Assim, especialmente nos obsessivos com fortesdefesas narcisistas, o analista deve assumir a posição de“não-desejante”, de modo a sair do mundo especular dopaciente, em que o mesmo procure corresponder aoideal do ego do seu analista.

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• 5. Nessas situações, o analista deve propiciar aopaciente que ele construa espaços próprios, nos quaispasse por experiências vividas como sendo de “solidão”e possa gozá-los como “privacidade”,responsabilizando-se pelo que ele faz . Assim, oterapeuta deverá ter continência e paciência para asangústias do paciente, no início da experiência de umaautêntica busca de sua autonomia.

• 6. Em relação aos pacientes obsessivos, por demais“lógicos”, creio que uma boa tática consiste em fazê-losclarearem e assumirem, com os respectivos afetos, osignificado daquilo que dizem de uma forma intelectuale fria.

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• 7. Nos obsessivos, existe uma forte tendência emutilizar um sistema de pensar ruminativo, cavilatório,com uma nítida preferência pelo emprego da conjunção“ou”, que é disjuntiva, excludente. Cabe ao analistapropiciar ao paciente que no lugar do “ou”, ele pensecom a conjunção “e”, que é integrativa, includente.

• 8 Na situação analítica, há risco de que o pacienteobsessivo consiga fazer prevalecer o seu controle, sobresi mesmo e sobre o terapeuta, pelo uso de seus habituaismecanismos defensivos: o de um controle onipotente(tenta deixar o processo analítico estagnado), odeslocamento (para detalhes, que se tornam enfadonhose podem provocar uma, esterilizante,contratransferência de tédio), a anulação (com oemprego sistemático de um discurso na base do “é isto,mas também pode ser aquilo, ou não é nada disto...”,

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• a formação reativa (sempre gentil, educado e bem-comportado, o paciente não deixa irromper a suaagressão reprimida), o isolamento (em narrativasdesprovidas de emoções), etc.

• 9. O maior cuidado que o analista deve ter consiste napossibilidade de ele se deixar equivocar pelacolaboração irretocável desse paciente, que costuma serobsessivamente correto, assíduo, pontual, bom pagador,com boa apresentação e vida profissional geralmentebem-resolvida; porém, existe a possibilidade de que essepaciente não esteja mais do que “cumprindo a tarefa deser um bom paciente”, do que propriamente alguémdisposto a fazer mudanças verdadeiras.

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• Nesses casos, não basta que as interpretações do analistaestejam corretas, é necessário observar o destino queelas tomam na mente do obsessivo, se elas germinam ouficam desvitalizadas, às vezes engrossando o seu arsenaldefensivo. Um bom recurso técnico é fazer umpermanente confronto para o paciente entre o que elediz, sente e, de fato, faz.

• 10. Além do risco da, mencionada, contratransferênciade tédio, o analista também deve conhecer bem o perfilde sua própria personalidade para evitar a hipótese deque ele seja portador de excessivos aspectos obsessivos,que deixe isso contaminar o campo analítico, o que nãodaria saída para o seu paciente, igualmente obsessivo.