proxêmica
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Proxêmica se define como "conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço como produto cultural específico". Neste artigo apresento algumas observações particulares em diversos aspectos do tema e uma proposta de escala discreta para avaliações.TRANSCRIPT
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©Públio Athayde, 2008.
Proxêmica
Públio Athayde
Sempre gostei das palavras, com especial afinidade pelas palavras novas.
Palavras novas não são somente aquelas que não conhecíamos e passamos a conhecer,
mas aquelas de criação recente que aprendemos têm um sabor muito especial. Ontem
conheci a proxêmica, palavra que tem mais ou menos a minha idade e à qual eu ainda
não havia sido apresentado. O que mais gostei nessa palavra é que ela expressa uma
abordagem de observação que sempre fiz, sem a ordenar como categoria ou
conhecimento formal.
Considere esse texto como uma crônica de costume ou notas de minha
investigação curiosa e incipiente sobre sua extensão e compreensão (no sentido lógico:
conjunto das características contidas na definição de um conceito, que compreende uma
idéia geral desse conceito).
Poupando trabalho ao leitor, aquele que também nunca ouviu falar de
proxêmica, apresento as idéias encontradas nas fontes mais básicas e me detenho nas
abordagens que são mais de meu interesse e experiência. A primeira coisa que se faz,
quando se aprende uma palavra é ir ao dicionário, nesse caso foi o contrário: eu estava
usando o dicionário e cheguei à palavra, por ela esta perto de outra que eu buscara.
Tratava-se, no caso, não de atração proxêmica entre as palavras, mas de raízes cognatas.
Todas as palavras começadas por prox nos dicionários têm raiz comum em
“proksenía,as 'função de próxeno; hospitalidade; privilégio de próxeno; instrumento de
um tratado ou de um contrato', derivadas de próksenos,ou 'próxeno'; ver xen(o)”-
segundo Houaiss, substantivo feminino, com dois sentidos cognatos:
“1 estudo das distâncias físicas que as pessoas estabelecem espontaneamente entre si no convívio social, e das variações dessas distâncias de acordo com as condições ambientais e os diversos grupos ou situações sociais e culturais em que se encontram
2 estudo das manifestações culturais (arquitetônicas, urbanísticas, lingüísticas etc.), das tendências ou necessidades de as pessoas distribuírem-se espacialmente de maneira determinada, estabelecendo distâncias entre si”.
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Segundo a Wikipédia, o termo proxêmica (proxemics, em inglês) foi cunhado
pelo antropólogo Edward T. Hall, em 1963, para descrever o espaço pessoal de
indivíduos no meio social, definindo-o como o "conjunto das observações e teorias
referentes ao uso que o homem faz do espaço como produto cultural específico".
Houaiss data do mesmo ano a introdução do termo no português. A palavra reporta as
observações que descrevem as distâncias mensuráveis entre as pessoas, conforme elas
interagem, distâncias e posturas
que, sejam ou não intencionais, são
resultado do processo cultural. É
exemplo de proxêmica quando se
observa que o indivíduo, ao
encontrar um banco de praça já
ocupado por outra pessoa numa das
extremidades, tende a sentar-se na
extremidade oposta, preservando
um espaço entre os dois indivíduos.
As idéias básicas deste parágrafo advieram da Wikipédia, mas como texto lá é livre,
dinâmico, não me importei em aqui o adaptar livremente. O mesmo procedimento adoto
nas linhas que se seguem, livremente transcritas ou acomodadas a meu pensamento ou
propósito.
Hall demonstrou que a distância social entre os indivíduos pode ser relacionada
à distância física. Nesse sentido, menciona quatro tipos de distância:
• Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar; envolve contacto físico entre os corpos; não permitida em habitual em público na maior parte das culturas (0-45cm):
o Modo próximo: maior proximidade possível, contacto entre a pele e músculos;
o Modo afastado: apenas as mãos estão em contacto; proximidade provoca visão distorcida do outro, distância na qual se fala aos sussurros.
• Distância pessoal: para interação com amigos próximos; distância que o indivíduo guarda dos outros (45-120 cm):
Figura 1 As pessoas se distribuem no espaço.
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o Modo próximo: permite tocar no outro com os braços; a posição/distância revela o relacionamento que existe entre os indivíduos;
o Modo afastado: limite do alcance físico em relação ao outro; distância habitual da conversação pessoal.
• Distância social: para interação entre conhecidos; definida por Hall como o "limite do poder sobre outrem"; a esta distância os indivíduos não se tocam.(1,2-3,5m):
o Modo próximo: adotado quando várias pessoas dividem o mesmo espaço de trabalho ou em reuniões pouco formais;
o Modo afastado: adotado quando de relações sociais ou profissionais formais.
• Distância pública: para falar em público; situa-se fora do círculo mais imediato do individuo; vista em conferências. (acima de 3,5m):
o Modo próximo: relações formais; permite a fuga ou a defesa caso o indivíduo se sinta ameaçado;
o Modo afastado: modo no qual a possibilidade de estabelecer contacto com alguém é nula, devido à distância.
Por minha conta, decidi quantificar a escala de Hall em escala discreta; até agora
não identifiquei quem o houvesse feito antes, mas suponho que eu não seja o primeiro.
Os quatro tipos subdivididos em dois modos cada sugerem oito graus na escala, mas
entendi haver uma categoria que precede as estabelecidas e uma que indica a ausência
de possibilidade de contato por força maior que a distância.
A escala que proponho é decimal, de 0 (zero) – quando os elementos em
consideração estão impossibilitados de contato por força maior que a distância a 9
(nove) quando a proximidade ultrapassa o contato, o que pode ocorrer de duas formas
distintas: pelo intercurso e pela doação de órgãos e tecidos inter-vivos.
O intercurso sexual me pareceu uma escala seqüencial antecedente ao contato
físico, epidérmico, proposto por Hall, posto que a distância, do ponto de vista físico, é
<0cm (menor que zero) e do, ponto de vista das mais diversas culturas, convenhamos
que há grau significativamente distinto entre o toque e a conjunção carnal consumada.
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Apresento a seguir um quadro que concebi com a gradação proposta, sua
descrição e exemplos, cujo núcleo é a proposta de Hall.
Grau de proximidade
met
ro
esca
la
Descrição do comportamento Exemplo
Distância modo
Conjunção Próximo <0 9 Intercurso sexual ou transplante inter-vivos.
Qualquer tipo de interpenetração erótica entre os indivíduos, transfusão direta de sangue, doação de órgão e tecido inter-vivos.
Íntima
Próximo
>0<0,45
8 Contacto entre a pele e músculos.
As pessoas se tocam, afagam ou se agridem. O namoro, a viagem num ônibus lotado ou a luta grego-romana são típicos.
Afastado 7 Apenas as mãos estão em contacto.
Um casal passeando de mãos ou braços dados, o contato é prolongado pela duração da situação.
Pessoal
Próximo
0,45<1,2
6 Contato esporádico entre os braços.
As pessoas estão interagindo, conversam se tocando, se esbarram acidentalmente ou intencionalmente.
Afastado 5 Contato visual e sem toque, informal.
As pessoas estão fora do alcance físico, conversação entre amigos, colegas e parentes.
Social
Próximo
1,2<3,5
4 Contato ambiental de relação formal.
A interação é formal, profissional ou social, mas com pessoas fora das relações habituais ou hierarquizadas.
Afastado 3 Contato ambiental, sem relação formal.
Pessoas que compartilham um ambiente, aberto ou fechado, sem terem sido apresentadas.
Pública
Próximo
>3,5
2 Contato de segurança, permite evasão.
Contato que permite o afastamento em caso de risco ou desconforto, a proximidade é visual e a comunicação oral só ocorre em voz alta.
Afastado 1
Possibilidade de contato tendente a zero, absoluto distanciamento
Pessoas que estão em espaços físicos que impossibilitam o contato visual recíproco.
Inexistente Afastado 0
Impossibilidade física de estabelecer contacto.
Absoluta impossibilidade física de contato, segmentos temporais de vida sem interseção.
Em itálico, são as minhas propostas. contínua. discreta Os comportamentos foram ligeiramente adaptados à
cultura brasileira, segundo minha interpretação.
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Hall indicou que diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço
pessoal. Nas culturas latinas, por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as
pessoas não se sentem desconfortáveis quanto estão próximas das outras; nas culturas
nórdicas, ocorre o oposto, considerando inclusive essas observações adaptei
ligeiramente a escala.
Não vi quem apontasse a doação de órgãos e tecidos como proximidade, mas
não vejo como descartar a natureza física da interpenetração dos tecidos nesse caso,
assim como no da cópula, da conjunção entre os indivíduos, sofrendo todos os efeitos
da ausência da separação de corpos e as condicionantes sociais e emocionais presentes
aos atos da doação e recepção de partes do corpo. Consideremos o quanto, cada vez
mais, esse tipo de aproximação tem ocorrido.
Paradoxalmente, quando transplante ocorre entre ou doador morto e um
paciente, o grau de proximidade é escalarmente oposto, a distância entre os indivíduos é
inexistente (ou passa a ser) pois suas existências já não têm mais interseção temporal,
apesar da permanência do tecido doado; o paradoxo se estende a diversos aspectos da
situação, vista sob o prisma da proxêmica.
Um fator que interfere no grau de proximidade entre as pessoas e que não está
abordado aqui é a duração do contato. Certamente o tempo é variável interdependente
na equação, mas fica desconsiderado, provisoriamente, exceto no caso extremo em que
ele é determinante absoluto da impossibilidade de contato. As distâncias pessoais
também podem variar em função da situação social, do gênero e de preferências
individuais, dentre muitas outras variáveis. A consideração da proximidade física é
talvez a mais importante, é a privilegiada, mas não descarta os outros aspectos.
Consideremo-la artifício metodológico e ponto focal, reconhecendo que se limita a isso.
Verifiquei que existem diversas linhas de emprego dos conceitos descritos e
aplicabilidades que têm sido dadas ao conhecimento oriundo das observações orientadas
por eles. Os campos são diversificados, apontarei alguns e omitirei outros, segundo
minha formação e maiores interesses.
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Comunicação proxêmica é uma das
abordagens em voga, trata do jogo de
distâncias e proximidades que se entretecem
as pessoas no espaço. Traduz os modos pelos
quais nos colocamos e movemos uns em
relação aos outros, como gerimos e ocupamos
o espaço envolvente, considerada a presença
do outro. São fatores relevantes a tal linha de
análise a relação que os comunicantes
estabelecem entre si, a distância espacial entre eles, a orientação do corpo e do rosto, a
forma como se tocam ou se evitam, o modo como dispõem e se posicionam entre os
objetos e os espaços, permitindo captar mensagens latentes. Uma obra conhecidíssima
do grande público que faz esse tipo de abordagem, ao que me lembre sem usar a palavra
proxêmica, é O corpo fala, de Pierre Weil e Roland Tompakow (Editora Vozes),
acessível a qualquer um e facilmente encontrada, inclusive por suas enormes tiragens e
sucessivas reedições.
Proxêmica pedagógica é outra corrente de análise, embora esse termo restrito
tenha sido cunhado por mim. Como era de esperar, também na escola a observação
sobre os fatores intervenientes neste tipo de comunicação têm importância. Em sua
gênese, a escola tinha por cenário espaços ao ar livre, ambientes naturais e soltos, nas
praças movimentadas das grandes cidades da antiguidade ou em lugares recolhidos nos
limites das cidades, sob as sombras dos arvoredos, era a educação peripatética no
sentido restrito e etimológico; tive a felicidade de ter aulas
assim, inclusive de Filosofia e até mesmo de Redação, em
meu curso de graduação, mas, sobretudo em minha
formação no Movimento Escoteiro – e sei reconhecer e
valorizar esse tipo de lição. Que caminhos a escola trilhou
para se circunscrever ao espaço fechado da sala de aula,
delimitado por quatro paredes, mesas, cadeiras?
Como educador, pretendo dar mais atenção a esses aspectos, cuidando que os
espaços possam mais vir a ser fator contributivo aos processo de ensino e aprendizagem
Figura 2 Pierre Weil em O corpo fala descreve as situações onde, por exemplo, uma pessoa tenta convencer a outra de suas idéias. O outro expressa rejeição e cruza os braços. A ilustração é de Roland Tompakow.
Figura 3 A escola tradicional e traidora.
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que limitadores nessa relação, como vejo ser a tendência na sala de aula medieval que é
a regra até hoje.
Têm sido amplamente estudados os efeitos da disposição e gestão dos espaços
escolares. Eu mesmo vivi algumas experiências de adaptação da estrutura física da sala
de aula na tentativa de incrementar a atividade. As conclusões apontam para a sua
influência e contribuição na promoção ou impedimento de determinados tipos de clima,
dinâmica de trabalho, relacionamento interpessoal entre professores e alunos. Mas a
tendência continua sendo a da manutenção da disposição em colunas e fileiras,
malgrado o distanciamento e a hierarquização que esse
dispositivo impõe. E se, em outras palavras, como em toda
comunicação, a comunicação escolar ganha contornos
peculiares conforme o modo como organizamos o espaço
circunvizinho, a manutenção da disposição geométrica e
estamentizada reflete unicamente a estagnação da cultura
escolar, incapaz de evoluir ao ponto de partida da educação
aristotélica.
Em certa circunstância que vivi, lecionei para uma
turma de crianças muito inteligentes, todas de idade bem
uniforme: 11 anos. A sala de aula de fileiras e colunas não
se prestava a que déssemos a atenção requerida por todos e cada um dos alunos,
principalmente pelos das fileiras mais ao fundo. E eram mais de 40 crianças em sala!
Figura 4 Esquemas tradicional e alternativos de disposição experimentados em salas de aula. Cada um tem vantagens e desvantagens a serem estudadas (não aqui!).
Figura 5 Esquema alternativo de sala de aula que pude experimentar.
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Em tentativa explicitamente voltada a diminuir a distância entre os professores e os
alunos, adotamos umas disposição constituída por quatro fileiras voltadas duas a duas
para o centro da sala, formando um corredor. Assim, ao trafegar por esse corredor cada
professor se situava à distância máxima de duas carteiras de qualquer aluno, reduzindo o
espaço físico da comunicação pudemos melhorar a individualização da comunicação,
malgrado todas as demais condições adversas.
Noutra circunstância, mais radial ainda, tentei
mesmo desprezar até o mobiliário, empilhando mesas e
cadeiras ao canto e sentando ao chão com as crianças,
numa tentativa meio que desesperada de levar para a sala
de aula a prática e experiência pedagógica fora dela.
Identifiquei também abordagens proxêmicas
ligadas a enfermagem, publicidade, teatro, arquitetura, dentre outras. Na enfermagem,
as relações proximais entre doente e equipe de assistência, bem como dos familiares,
interfere nos resultados terapêuticos, cabendo portanto compreender melhor o processo.
A publicidade se interessa pelo tema visando melhorar a relação entre as pessoas,
inclusive nos sentido comercial, abordagem, proposição e captação são alguns dos
aspectos vistos pelo prisma proxêmico. No teatro, imagine-se a diferente relação entre
os atores e os espectadores das primeiras e das últimas fileiras do palco; só daí se pode
entrever a importância da proxêmica na abordagem acadêmica ou mesmo jornalística
dessa atividade. Em arquitetura, que é a arte e o ofício de adequar o espaço às pessoas, é
bastante destacada a abordagem proxêmica, merecendo inclusive destaque em vários
estudos bem atuais que entrevi.
Na pratica, no cotidiano mesmo de cada um de nós, podemos passar a fazer
observações orientadas por aspectos superficiais dessa abordagem nova. Vamos fazer
alguns exercícios.
Todos já entramos em um cinema vazio (ou qualquer tipo de auditório), que foi
sendo ocupado aos poucos. Quem chega primeiro procura o melhor lugar, segundo sua
preferência, mais ao centro ou ao canto, à frente ou ao fundo. Quem chega depois
procura adequar a sua preferência de assento à distância que julga conveniente daqueles
Figura 6 A formação de grupos e circulação entre eles é estratégia bem conhecida dos professores.
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que já estão no ambiente. Ao sentar, tomamos posse da poltrona e do espaço
circunvizinho, limitado em dimensão pelo número de pessoas que disputam aquela área.
Aos poucos, se a sala vai se enchendo, os espaços de domínio vão se restringindo e a as
possibilidades de escolha se esvaem. É uma situação corriqueira que podemos observar
com facilidade; o mesmo tipo de raciocínio se aplica a boa parte dos espaços coletivos:
ônibus, salas de espera, restaurantes e outros, cada tipo com suas peculiaridades.
Imaginem pescadores em um lago ou rio, essa é uma situação que tem
componentes ligeiramente diferentes da anterior. A princípio, os pescadores chegam e
vão se distribuindo pelo espaço existente, de acordo com suas preferências e mantendo
o distanciamento territorial semelhante ao das situações já descritas. Mas as posições
aqui são dinâmicas, o pescador vai mudar de posição segundo o resultado da pesca seja
melhor ou pior ou segundo a posição do Sol lhe seja favorável. No teatro o no cinema, a
posição ocupada tende a ser mantida durante toda a função. Na pesca, os atores se
movem de acordo com a atração pelo melhor pesqueiro e a repulsão de quem já domina
aquele território e de acordo com o deslocamento das
sombras.
Outra situação em que pesam fatores diferentes
na proximidade entre as pessoas e na comunicação que
se estabelece entre elas é nos cortejos. No desfile, de
escola de samba ou de outro tipo, há tendência à
formação de alas – nos desfiles do Sambódromo isso se
institucionalizou – segundo os interesses, as fantasias ou
as fardas e segundo as hierarquias: os mais importantes
em destaque. Nas procissões, as irmandades se
organizam em alas, e a proximidade aos andores reflete
posição social e hierarquia religiosa. Nos cortejos
fúnebres a pé, a proximidade ao defunto reflete parentesco ou grau de amizade – aqui se
renova o paradoxo da proximidade morto-vivo, em outro viés.
Uma relação proximal que permite identificar as diferenças culturais entre o
Brasil e a Europa, segundo minha observação pessoal, com possibilidade de análises
Figura 7 Procissão em Ouro Preto.
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proxêmicas as mais diversas, é a posição que os casais ocupam à mesa, aqui e lá. Dentre
nós é costume dos casais sentarem-se lado a lado, podendo se tocar e sem a mesa como
obstáculo entre os corpos. Na Europa, pelo que pude constatar, é mais freqüente que os
casais se sentem frente a frente. Essa situação amplia a comunicação entre os olhares e
favorece o diálogo, mas limita o toque e requer mais espaço no ambiente (bem escasso
nos restaurantes europeus). Há ainda a presença da mesa entre ambos, resguardando
maior individualidade e limite entre os corpos.
Raramente se vê aqui amigos sentarem lado a lado, assim como é pouco usual
um casal se sentar frente a frente entre nós. Coisa da cultura e dos ambientes, fatores
reciprocamente determinantes.
Bem, e a escala discreta da tabela que propus, onde entra nessas observações?
Não entra. Aqui não vai caber. Fica como sugestão para o leitor tentar aplicar a tabela
em suas análises por onde andar. O que fiz foi procurar entender o sentido e a validade
da proxêmica, deixando o exercício maior ao leitor ou ao cientista que deseja fazer uso
dessas minhas considerações divagatórias.
Empreguei aqui várias vezes a palavra proxêmica, o que gosto muito de fazer
com palavras novas, experimentando-as, flexionando-as e experimentando-lhes o
sentido e o alcance. Omiti muita coisa que me veio à mente, em benefício do leitor que
terá também o que dizer.
Noto, em fim, que as imagens utilizadas foram todas suquidas da internet, como
é de uso; não as encontrei com autor mencionado, pelo que não os cito. Se alguém,
longe ou perto, desejar arrogar autoria, postule que terei máximo prazer em atribuir.
Blogs do autor: http://pathayde.multiply.com http://editorakeimelion.blogspot.com/ http://fugaspoeticas.blogspot.com/ http://orbasmeas.blogspot.com/ http://estacoesmimesis.blogspot.com/ http://camonianas.blogspot.com/ http://somdesonetos.blogspot.com/ http://emouropreto.blogspot.com/