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Prova Dissertativa CFO/PMSC Direito Penal

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Page 1: Prova Dissertativa CFO/PMSC - Concurseria · RESPOSTA Q.03: João cometeu o crime de extorsão mediante sequestro, qualificado por ser a sequestrada menor de 18 anos, nos termos do

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SUGESTÃO DE ASSUNTOS PARA REVISÃO TEÓRICA:- Relação de Causalidade (art. 13)- Omissão Penalmente Relevante (art. 13, §2º)- Crime consumado e crime tentado (art. 14)- Desistência Vol e Arrependimento Eficaz (art. 15)- Arrependimento Posterior (art. 16)- Crime impossível (art. 17)- Crime doloso e crime culposo (art. 18)- Erro sobre os elementos do tipo (art. 20)- Erro sobre a ilicitude do fato- Coação irresistível e obediência hierárq. (art. 22)- Excludente de ilicitude (art. 23 a 25)- Imputabilidade penal (art. 26 ao 28)- Concurso de pessoas (art. 29 ao art. 31)- Escusas dos crimes contra o patrimônio (art. 181 ao art. 183)

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QUESTÃO 01 (PROVA PASSADA - IOBV): No dia 15 de Julho de 2017, Carlos Alberto, servidor público estadual, morador do município de Florianópolis/Santa Catarina, foi visitar seus genitores, empresários abastados do mesmo município, levando consigo sua noiva Joana. Durante o trajeto, Carlos Alberto comentou com Joana que passava por severos problemas financeiros e por tal razão, iria subtrair as joias e demais objetos valiosos que sabia existir no cofre da residência de seus pais. Na manhã do dia 16 de julho, enquanto Joana ainda dormia, Carlos Alberto efetuou o furto dos objetos, avaliados em 50.000,00 (cinquenta mil reais) e, posteriormente, despediu-se de seus pais e, juntamente com Joana, seguiu rumo a sua residência. Naquele mesmo dia, ao abrirem o cofre, seus genitores perceberam a falta dos objetos valiosos e acionaram a autoridade policial. Expedido mandado de busca e apreensão, foram encontrados, na posse de Carlos Alberto, apenas alguns dos objetos furtados e uma caderneta, com as anotações dos demais objetos, valores, datas e pessoas para quem foram vendidos. Considerando a situação hipotética, tipifique as condutas perpetradas por Carlos Alberto e Joana, bem como sobre a punibilidade.

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RESPOSTA Q.01: Carlos Alberto praticou o crime de furto qualificado pelo abuso de confiança, previsto no art. 155, §4º, previsto no do Código Penal, tendo em vista que subtraiu, para si, coisa alheia móvel, com a finalidade de se apoderar dela. O autor do furto, entretanto, fica isento de pena por ter praticado o delito em prejuízo de seus ascendentes, por força do exposto no art. 181, §2º, do Código Penal. Quanto à Joana, não se pode a ela atribuir a prática de qualquer delito, tão somente por ter ciência da intenção de Carlos Alberto, tendo em vista que, em nenhum momento, praticou qualquer ato de execução do crime. Por não ter o dever jurídico de impedir o crime, a omissão em delatar o crime perpetrado por Carlos Alberto não a faz co-partícipe do crime de furto.

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QUESTÃO 02: Lúcia, de 17 anos e 11 meses de idade, inicia uma forte discussão contra sua amiga Maria, de 18 anos, após descobrir que esta havia usado uma roupa sua sem permissão. Durante a discussão e inconformada com o fato, Lúcia pegou uma barra de ferro e agrediu Maria com golpes na cabeça, com intenção de matar. Após fuga de Lúcia, Maria é socorrida e recebe atendimento médico no hospital, permanecendo internada por mais 2 meses, vindo a sobreviver, embora tenha ficado com uma deformidade permanente no rosto. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique o enquadramento legal da conduta perpetrada por Lúcia, bem como sobre a punibilidade.

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RESPOSTA Q.02: Considerando que ao tempo do crime, ou seja, no momento da ação, Lúcia possuída idade inferior a 18 anos, ela é considerada inimputável, conforme dispõe os artigos 4º e 27 do Código Penal Brasileiro. Portanto, a conduta de Lúcia se amolda em ato infracional correspondente ao crime de homicídio qualificado por motivo fútil na forma tentada, já que os golpes com a barra de ferro foram praticados com a intenção de matar, sujeitando-se as regras do Estatuto da Criança e do Adolescente.

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QUESTÃO 03: João retirou Clara, criança de 11 anos de idade, do interior da residência em que esta morava, sem autorização de qualquer pessoa, vindo a restringir sua liberdade e mantê-la dentro de um quarto trancado e sem janelas. Logo em seguida, João entrou em contato com o pai de Clara, famoso empresário da cidade, exigindo R$200.000,00 para liberar Clara e devolvê-la à sua residência. Antes da efetivação do pagamento, a Polícia localiza o cativeiro, prende em flagrante João, e libera Clara sem qualquer dano a sua integridade física. Nesse sentido, considerando exclusivamente as informações contidas no enunciad, identifique a tipicidade da conduta praticada por João e discorre sobre a possibilidade ou não de João ser processado em liberdade.

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RESPOSTA Q.03: João cometeu o crime de extorsão mediante sequestro, qualificado por ser a sequestrada menor de 18 anos, nos termos do artigo 159, §º1º do Código Penal, na forma consumada, por se tratar de um crime formal, já que a obtenção da vantagem indevida é desnecessária, sendo considerado mero exaurimento do crime, se ocorresse. Por ter sido preso em flagrante, não havendo motivos para a decretação da prisão preventiva, João poderá ser posto em liberdade provisória, desde que sem o pagamento de fiança, por se tratar de um crime hediondo e, consequentemente, inafiançável, nos termos do artigo 5º, inciso XLIII da Constituição Federal e da Lei 8.072 de 1990.

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QUESTÃO 04: Utilizando-se de uma chave falsa, José invadiu um museu e amarrou o vigilante Marcos na cadeira em que este cochilava, a fim de efetivar a subtração de obras de arte que guarneciam o local. Durante a amarração, Marcos acorda, tenta impedir José, mas não consegue se desvencilhar das cordas e assiste, impotente, ao cometimento do crime. Praticada a subtração, José deixou o local, sem desamarrar Marcos. Durante a fuga, José vai até a casa de seu amigo Pedro, e após ter seu pedido aceito, deixa com Pedro as obras subtraídas, com o objetivo de tornar seguro o proveito do crime, comprometendo-se a vir buscar as obras dois dias depois, quando a polícia já não tivesse mais dando tanta atenção ao ocorrido. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique a tipicidade da conduta perpetrada por José e Pedro.

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RESPOSTA Q.04: José cometeu o crime de roubo mediante emprego de violência imprópria, nos termos do artigo 157 do CP, tendo em vista que subtraiu a coisa depois de haver utilizado de um meio que reduziu a capacidade de resistência da vítima. Pedro cometeu o crime de favorecimento real, nos termos do artigo 349 do CP, ao prestar a José auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime, não havendo hipótese de coautoria ou receptação.

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QUESTÃO 05: Adamastor, tomado por ciúmes e agindo com animus necandi, desferiu três disparos de arma de fogo calibre .38 contra Bento, que atualmente namora sua ex-companheira Catarina. O primeiro tiro atingiu a região lateral esquerda do pescoço da vítima, enquanto os demais se alojaram na região inferior de sua perna esquerda, próximo ao joelho. Logo após os disparos, contudo, o próprio autor, assustado com o desfecho de sua ação, contatou o SAMU e o Hospital de Pronto Socorro, a fim de que a vítima fosse socorrida e recebesse atendimento médico de urgência, o que efetivamente veio a ocorrer em face do pronto atendimento de uma ambulância. Em que pese não ter corrido risco de vida, Bento recebeu alta médica após permanecer internado durante 45 dias. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique a tipicidade da conduta perpetrada por Adamastor.

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RESPOSTA Q.05: Trata-se de caso de arrependimento eficaz, respondendo o agente pelos atos já praticados (art. 15, CP). Responderá o agente por crime de lesão corporal de natureza grave, eis que incapacitou a vítima por mais de trinta dias em suas ocupações habituais, segundo o art. 129, § 1º, I, do CP.

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QUESTÃO 06: Marcos, com o propósito de lesionar Maria, efetua golpes de faca, provocando-lhe lesões corporais de natureza leve. Socorrida e medicada, Paula é orientada quanto aos cuidados a tomar, mas não obedece à prescrição médica e em virtude dessa falta de cuidado, o ferimento infecciona, gangrena, e ela morre. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique a tipicidade da conduta perpetrada por Marcos.

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RESPOSTA Q.06: A conduta de Marcos se amolda no crime de lesão corporal de natureza leve, nos termos do artigo 129 caput do CP, não podendo ser imputado pelo resultado morte, por decorrer da superveniência de causa relativamente independente que por si só produziu o resultado, nos termos do artigo 13, §1º do CP.

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QUESTÃO 07: Em uma festividade natalina que ocorria em determinado restaurante, o garçom, ao estourar um champanhe, afastou-se do dever de cuidado objetivo a todos imposto e lesionou levemente o olho de uma cliente, embora não tivesse a intenção de machucá-la. Levada ao hospital para tratar a lesão, a moça sofreu um acidente automobilístico no trajeto, vindo a falecer em consequência exclusiva dos ferimentos provocados pelo infortúnio de trânsito.

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RESPOSTA Q.07: O garçom poderá responder apenas pelo delito de lesão corporal culposa. A morte da cliente, ocasionada exclusivamente pelos "ferimentos provocados pelo infortúnio de trânsito" é um fato superveniente que produziu, por si só, o resultado naturalístico, excluindo-se a imputação por homicídio do garçom. Entretanto, como a própria norma diz, os fatos anteriores "imputam-se a quem os praticou", ou seja, o graçom pode responder por lesão corporal pela imprudência que teve ao abrir a garrafa sem observar o "dever de cuidado objetivo a todos imposto".

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QUESTÃO 08: Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a qual, conduzida imediatamente ao hospital, faleça em consequência de infecção hospitalar, durante o tratamento dos ferimentos provocados com o punhal. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique a tipicidade da conduta perpetrada por Márcia.

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RESPOSTA Q.08: Márcia responderá pelo crime de homicídio consumado. A infecção hospitalar, embora seja causa superveniente relativamente independente, está no desdobramento natural da ação, portanto, o resultado morte deve ser imputado a Márcia. A imputação pelo homicídio só estaria excluída se a causa superveniente relativamente independente produzisse, por si só, o resultado morte, nos termos do artigo 13, §1º do CP.

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QUESTÃO 09: João e Pedro, maiores e capazes, livres e conscientemente, aceitaram convite de Ana, também maior e capaz, para juntos subtraírem loja do comércio local. Em data e hora combinadas, no período noturno e após o fechamento, João e Pedro arrombaram a porta dos fundos de uma loja de decoração, na qual entraram e ficaram vigiando enquanto Ana subtraía objetos valiosos, que seriam divididos igualmente entre os três. Alertada pela vizinhança, a polícia chegou ao local, prendeu os três e os encaminhou para a delegacia de polícia local. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique a tipicidade da conduta perpetrada pelos agentes.

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RESPOSTA Q.09: João, Pedro e Ana agiram em concurso de pessoas e são coautores do crime de furto qualificado pelo concurso de pessoas e rompimento de obstáculo (art. 155, §4º, inciso I e IV do Código Penal), na forma tentada, incidindo nas penas a este cominadas, na medida da sua culpabilidade.

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QUESTÃO 10: Pedro entra subitamente em uma joalheria e subtrai relógios que estavam expostos sobre o balcão. Já na fuga, o segurança do estabelecimento tenta impedi-lo, mas Pedro o agride, fazendo uso de uma faca, conseguindo escapar. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique a tipicidade da conduta perpetrada por Pedro, mormente quanto emprego da faca no cometimento do crime.

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RESPOSTA Q.10: Pedro responderá pelo crime de roubo impróprio, previsto no artigo 157, §1º do Código Penal, tendo em vista que, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa. No que se refere ao emprego da faca, não haverá incidência de causa de aumento de pena, tendo em vista que, por força de recente alteração legislativa, somente arma de fogo majora a pena do crime de roubo.

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QUESTÃO 11: Gustavo, policial militar, em serviço e no atendimento de uma ocorrência de roubo a uma farmácia, chega no local do crime e presencia um homem, com as características descritas como sendo a do criminoso, saindo correndo com um malote de dinheiro da loja e uma faca na mão. Na fuga, o homem agride e disferindo golpes de faca em uma vítima que passava naquele local. Nesse momento, com o fim de cessar a agressão e salvar a vida da vítima, Fulano saca sua arma e realiza um disparo contra o agressor, que vem a óbito. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique as consequências jurídicas da ação do policial militar.

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RESPOSTA Q.11: Gustavo não cometeu crime, pois agiu acobertado pela legítima defesa de terceiro, nos termos do artigo 25 do Código Penal, ao usar moderadamente dos meios necessários para repelir injusta e atual agressão a direito de outrem.

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QUESTÃO 12: Januário, maior e capaz, burlou, juntamente com José e Ricardo, ambos menores de dezoito anos, todos com unidade de desígnios, a vigilância de uma loja de departamentos e dela subtraíram, em horário comercial, três aparelhos de DVD novos. Os três foram presos em flagrante, na residência de José, duas horas depois de terem cometido o delito. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique o enquadramento legal das condutas praticadas por Januário, José e Ricardo.

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RESPOSTA Q.12: Januário cometeu o crime de furto qualificado pelo concurso de pessoas, previsto no artigo 155, §4º, inciso IV do Código Penal, e dois crimes de corrupção de menores, previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente. José e Ricardo, por serem menores de idade, são inimputáveis, nos termos do artigo 27 do Código Penal, sendo assim, não cometem crime, mas praticam ato infracional, sujeitando-se a legislação específica.

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QUESTÃO 13: Pedro solicita a Paulo o empréstimo de uma arma de fogo, dando-lhe ciência de sua intenção de utilizá-la para matar Ricardo, seu desafeto. Paulo empresta-lhe a arma, mas não estimula a prática da ação. Na sequência, Pedro vai até a casa de Ricardo, e o mata asfixiado, no momento em que este se encontrava dormindo. Nesse sentido, considerando a situação hipotética, identifique o enquadramento legal das condutas praticadas por Pedro e Paulo contra a vida de Ricardo.

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RESPOSTA Q.13: Pedro cometeu o crime de homicídio qualificado pelo emprego da asfixia. Paulo não responde pelo crime de homicídio, pois o empréstimo da arma de fogo foi inócuo, não havendo nexo de causalidade entre a conduta de quem empresou a arma de fogo e o resultado morte, tendo em vista que a arma emprestada não foi utilizada como meio do crime e também porque não houve estímulo moral. A contribuição nesse caso, no que se refere ao crime de homicídio, foi um irrelevante penal.

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QUESTÃO 14: Carlos, funcionário público e Igor, desempregado, subtraem para si próprios, computadores da repartição em que Carlos trabalha, valendo-se da facilidade proporcionada pela qualidade deste. Sabendo-se que Igor tinha ciência de que Carlos é funcionário público, identifique a tipicidade das condutas praticadas por Carlos e Igor.

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RESPOSTA Q.14: Carlos e Igor cometeram o crime de peculato doloso em concurso de pessoas. Embora o crime de peculato seja um crime praticado por funcionário público contra a Administração Pública, Igor responderá por este crime, tendo em vista que o artigo 29 do Código Penal adotou, em regra, a teoria unitária. Sendo assim, quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

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QUESTÃO 15: Manoel pediu ao pai, recém-chegado aos 50 anos, que adiantasse a sua herança, no que não foi atendido, pois este sabia que Manoel se tornara dependente de drogas, logo dilapidaria seu patrimônio como vício. Insatisfeito e aproveitando-se de uma viagem de seu pai, Manoel convidou Antônio e Joaquim, parceiros na utilização de “maconha”, a sacarem do poder de seu pai as joias que herdaria, pois com a venda destas lucraria mais de R$ 1.000.000,00. Madalena, amiga de Joaquim, a seu pedido e sabendo dos propósitos dele, ensinou-o a abrir o cofre onde as joias se encontravam. Manoel, para não ser descoberto, no dia da empreitada foi para o clube, possibilitando ser visto por várias pessoas, o que lhe daria um álibi. Antônio e Joaquim dirigiram-se para a residência do pai de Manoel, local em que o primeiro abriu a porta da casa com uma gazua, o que possibilitou a Joaquim entrar e retirar as joias do cofre. Com medo de ser descoberto, posteriormente, Manoel solicitou ao seu amigo Paulo que guardasse temporariamente as joias. Após duas semanas do ocultamento das joias por Paulo, Manoel pegou as joias foram vendidas para Cláudia, que trabalhava como joalheira em sua residência, por preço vil, tendo esta percebido desde logo a origem ilícita da mercadoria. Ao tomar conhecimento do desaparecimento das joias, o pai de Manoel dirigiu-se à Delegacia de Polícia e ofereceu notitia criminis. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal de todos os envolvidos.

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RESPOSTA Q.15: Manoel será isento de pena, por cometer crime contra o patrimônio de ascendente. Antônio e Joaquim, na qualidade de autores, e Madalena, figurando como partícipe, devem ser responsabilizados por crime de furto qualificado. Paulo poderá ser responsabilizado pelo crime de favorecimento real. Cláudia responderá pelo crime de receptação qualificada. 

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QUESTÃO 16: Júlio e Lúcio combinaram entre si a prática de crime de furto, ficando ajustado que aquele aguardaria no carro para assegurar a fuga e este entraria na residência - que, segundo pensavam, estaria vazia - para subtrair as jóias de um cofre. Ao entrar na residência, Lúcio verificou que um morador estava presente. Lúcio, que tinha ido armado sem avisar Júlio, matou o morador para assegurar a prática do crime. Depois de fugirem, Júlio e Lúcio dividiram as jóias subtraídas. Nesse sentido, identifique a tipicidade da conduta dos envolvidos.

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RESPOSTA Q.16: Estamos diante do instituto da cooperação dolosamente distinta. Nesse sentido, Júlio responderá pelo crime de furto, pois, nos termos do artigo 29, §2º do Código Penal, se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste, não podendo, contudo, haver aumento de pena, em razão da imprevisibilidade do resultado mais grave. Lúcio, todavia, responderá pelo crime de roubo qualificado pelo resultado morte (latrocínio), nos termos do artigo 157, §3º do Código Penal.

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QUESTÃO 17: Antônio chama seu "capanga" Marcelo e determina que mate seu desafeto Mário. Marcelo se arma com uma barra de ferro, esconde-se atrás de uma árvore, mas, no momento em que Mário passa, não tem coragem de golpeá-lo e desiste. Diante disso, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta dos envolvidos.

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RESPOSTA Q.17: Antônio e Marcelo não respondem por crime algum, pois Marcelo não chegou a dar início a execução do homicídio. Nesse sentido, estabelece o artigo 31 do Código Penal, que o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

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QUESTÃO 18: Valdir e Júlio combinaram praticar um crime de furto, assim ficando definida a divisão de tarefas entre ambos: Valdir entraria na residência de seu ex-patrão Cláudio, pois este estava viajando de férias e, portanto, a casa estaria vazia; Júlio aguardaria dentro do carro, dando cobertura à empreitada delitiva. No dia e local combinados, Valdir entrou desarmado na casa e Júlio ficou no carro. Entretanto, sem que eles tivessem conhecimento, dentro da residência estava um agente de segurança contratado por Cláudio. Ao se deparar com o segurança, Valdir constatou que ele estava cochilando em uma cadeira, com uma arma de fogo em seu colo. Valdir então pegou a arma de fogo, anunciou o assalto e, em face da resistência do segurança, findou por atirar em sua direção, lesionando-o gravemente. Depois disso, subtraiu todos os bens que guarneciam a residência. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta dos envolvidos.

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RESPOSTA Q.18: Estamos diante do instituto da cooperação dolosamente distinta. Nesse sentido, Júlio responderá pelo crime de furto, uma vez que quis participar de crime menos grave, nos termos do artigo 29, §2º do CP. Valdir, todavia, responderá pelo crime roubo qualificado pela morte (latrocínio) na forma tentada, tendo em vista que a vítima não morreu por circunstâncias alheias a sua vontade.

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QUESTÃO 19: JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar. Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta dos envolvidos.

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RESPOSTA Q.19: O salva vidas responderá pelo crime de homicídio doloso por omissão, tendo em vista que, nos termos do artigo 13, §2º do Código Penal, a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado, ressaltando que o dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. Já o surfista, por não figurar na condição de garantidor, responderá pelo crime de omissão de socorro, ao deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a pessoa em grave e iminente perigo, com pena triplicada em razão do resultado morte, nos termos do artigo 135, parágrafo único do Código Penal.

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QUESTÃO 20: Antônio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em razão da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao não tomar todas as precauções no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou ocasionando deformidade permanente a uma pessoa que passava pelo local. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do envolvido.

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RESPOSTA Q.20: A omissão de Antônio é penalmente relevante, nos termos do artigo 13, §2º, alínea “c”, porque foi esse comportamento que criou o risco de ocorrência do resultado danoso à integridade física. Sendo assim, deverá responder pelo crime de lesão corporal culposa, já que a omissão decorreu do fato de não ter tomado todas as precauções.

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QUESTÃO 21: Artur, após subtrair aparelho celular no interior de um mercado, foi detido por populares que o amarraram em um poste de iluminação. Acabou sendo esganado por Valdemar, vítima da subtração, que estava sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, e se valia de um pedaço de corda encontrada na rua. Alice tentou intervir, porém sem sucesso. Ato contínuo, Alice, verificando a grave situação, correu até um posto da Polícia Militar e relatou o fato ao Soldado Pereira, que se recusou a ir até o local no qual estava o periclitante, alegando que a situação deveria ser resolvida unicamente pelos envolvidos. Francisco, segurança particular de um estabelecimento bancário vizinho, gravou a agressão e postou as imagens em rede social com a seguinte legenda: "Aí mano, em primeira mão: outro pra vala". Artur morreu em decorrência de trauma craniano. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Arthur, Valdemar, Soldado Pereira e Francisco.

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RESPOSTA Q.21: Artur comete em tese o crime de furto, todavia não será punido porque a morte do agente é uma causa de extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, inciso I do Código Penal. Valdemar, responderá pelo crime de homicídio qualificado, pela asfixia, e privilegiado, por estar sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Soldado Pereira responderá pelo crime de homicídio doloso em virtude do seu comportamento omisso, tendo em vista que, nos termos do artigo 13, §2º, tinha o dever legal de impedir o resultado. Francisco não responderá pelo crime de homicídio, já que não tem o dever legal de impedir o resultado.

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QUESTÃO 22: José, pretendendo praticar crime de peculato, ingressa em repartição pública com a chave que possuía em razão do cargo, na parte da noite, com o objetivo de subtrair um computador da repartição. Quando estava no interior do local, todavia, pensa sobre as consequências da sua conduta e que sua família dependia financeiramente dele, razão pela qual deixa o local sem nada subtrair. O segurança do local, todavia, informado por notícia anônima sobre a intenção de José, o aborda na saída da repartição e realiza sua prisão em flagrante. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de José.

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RESPOSTA Q.22: A conduta de José é atípica, por força do instituto da desistência voluntária, nos termos do artigo 15 do Código Penal, já que voluntariamente desistiu de prosseguir na execução do crime, só respondendo pelos atos até então praticados se constituírem crime, o que não vem ao caso.  

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QUESTÃO.23: Em dificuldades financeiras, Ana ingressa, sem autorização da proprietária do imóvel, na residência vizinha àquela em que trabalhava com o objetivo de subtrair uma quantia de dinheiro em espécie. Após ingressar no imóvel e mexer na gaveta do quarto, vê pela janela aquela que é sua chefe e pensa na decepção que lhe causaria, razão pela qual decide deixar o local sem nada subtrair. Ocorre que as câmeras de segurança flagraram o comportamento de Ana, sendo as imagens encaminhadas para a Delegacia de Polícia. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Ana.

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RESPOSTA Q.23: Por força do instituto da desistência voluntária, prevista no artigo 15 do Código Penal, Ana responderá apenas pelo crime de violação de domicílio, previsto no artigo 150 do Código Penal. Observa-se, assim, que Ana voluntariamente desistiu de prosseguir na execução do crime de furto, só respondendo pelos atos já praticados, qual seja, violação de domicílio, já que ingressou clandestinamente em casa alheia.

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QUESTÃO 24: Três indivíduos que são amigos reúnem-se para fazer uso de narcóticos. Porém, em dado momento, os entorpecentes acabam e eles não têm mais dinheiro para reabastecer o vício. Um deles, chamado Ronaldo, propõe que se dirijam a um ponto de ônibus para roubar algum transeunte que lá esteja aguardando a chegada do veículo de lotação. Contudo, ao se aproximarem do referido ponto de ônibus, uma viatura policial passa por eles, inibindo-lhes a vontade de praticar o delito. Se o crime de roubo planejado pelo trio não chegou pelo menos a ser tentado, qual é a consequência penal para Ronaldo, aquele que havia sugerido a prática desse delito contra o patrimônio?

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RESPOSTA Q.24: Ronaldo não responderá por crime algum, tendo em vista que não houve início da execução do crime de roubo planejado. Observa-se que só haverá tentativa quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente, nos termos descritos no artigo 14, inciso II do CP. Por fim, não há crime de associação criminosa, pois no caso em apreço, há uma reunião eventual de pessoas com o fim de praticar um único crime. Afinal, para caracterização do crime de associação criminosa, é indispensável que a associação seja estável e perrimamente, com a finalidade de praticar um número indeterminado de crimes.

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QUESTÃO 25: Frederico decide escalar os muros de uma residência e a invade, tencionando subtrair computadores e celulares que encontrar em seu interior. Quando começa a acomodar os aparelhos em sua sacola, escuta os proprietários da residência abrirem o portão da garagem, anunciando seu retorno à moradia. Nesse momento, Frederico decide abandonar a empreitada e bate em retirada sem subtrair qualquer bem. Após pular novamente o muro para fugir pela calçada, é surpreendido por policiais em uma viatura, sendo prendido em flagrante. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Frederico.

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RESPOSTA Q.25: Essa questão é da Banca INSTITUTO AOCP, no concurso para o TRT (1a Região), realizado no ano de 2018 e teve como gabarito: Deverá ser aplicada a regra da "desistência voluntária" prevista no art. 15 do Código Penal e consequente desclassificação da imputação de crime de "furto" para crime de "invasão de domicílio", pois o agente desistiu de prosseguir na execução do delito e responderá tão somente pelos atos praticados. Muitos alunos encaminharam recurso, sob o argumento de que Frederico deveria responder pelo crime de furto tentado, já que não subtraiu por circunstâncias alheias a sua vontade. Os recursos não foram admitidos e o gabarito foi mantido. Em sala, conversaremos melhor sobre essa questão. SIGA EM FRENTE!

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QUESTÃO 26: Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou que havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não iria mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Do disparo, Pedro apenas ficou incapacitado para as ocupações habituais por 30 dias. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Caio.

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RESPOSTA Q.26: A questão traz hipótese de desistência voluntária, que ocorre quando o agente voluntariamente desiste de prosseguir na execução do crime já iniciado e essa interrupção acaba sendo decisiva para evitar o resultado inicialmente desejado. Nesse sentido, Caio poderá ser responsabilizado pelo crime de lesão corporal leve, nos termos do artigo 129 c/c o artigo 15 do Código Penal.

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QUESTÃO 27: Adalberto decidiu matar seu cunhado em face das constantes desavenças, especialmente financeiras, pois eram sócios em uma empresa e estavam passando por dificuldades. Preparou seu revólver e se dirigiu até a sala que dividiam na empresa. Parou de fronte ao inimigo e apontou a arma em sua direção, dano início a execução, mas antes de acionar o gatilho foi impedido pela secretária que, ao ver a sombra pela porta, decidiu intervir e impedir o disparo. Em face do ocorrido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Adalberto.

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RESPOSTA Q.27: Adalberto responderá pelo crime de homicídio doloso na forma tentada, pois, ao iniciar a execução do crime, este não se consumou por circunstâncias alheias a sua vontade.

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QUESTÃO 28: João, funcionário público de determinado cartório de Tribunal de Justiça, após apropriar-se de objeto que tinha a posse em razão do cargo que ocupava, é convencido por sua esposa a devolvê-lo no dia seguinte, o que vem a fazer, comunicando o fato ao seu superior, que adota as medidas penais pertinentes. Em face do ocorrido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Adalberto.

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RESPOSTA Q.28: João deverá responder pelo crime de peculato doloso na forma consumada, com a redução de pena pelo arrependimento posterior, nos termos do artigo 312 c/c o artigo 16, ambos do Código Penal.

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QUESTÃO 29: Determinado Agente Técnico Judiciário da Vara do Trabalho de Teresópolis/RJ, ao notar que um cidadão está adentrando no Fórum Trabalhista utilizando em seu pescoço corrente de ouro com pingente de crucifixo cristão, ordena que o sujeito retire o adereço e guarde-o em seu bolso, pois estaria ele ofendendo a laicidade do Estado ali instituída no átrio do prédio judiciário. O cidadão obedeceu a ordem do agente público. Diante do exposto, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do agente público.

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RESPOSTA Q.29: O agente cometeu o crime de abuso de autoridade, previsto na lei 4.898/65, por ter atentado contra a liberdade de consciência e de crença.

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QUESTÃO 30: Abelardo, servidor público lotado na Vara do Trabalho de Porto Real/RJ, aproveita para apropriar para si, enquanto os demais servidores estavam em horário de almoço, um dos microcomputadores do tipo "laptop" que haviam sido ali depositados em Juízo após penhora de bens de parte reclamada em processo trabalhista, embora tivesse ele (Abelardo) a função de zelar e conservar tais objetos. Diante do exposto, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do servidor público.

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RESPOSTA Q.30: Trata-se do crime de peculato-apropriação, previsto no artigo 312 do Código Penal. O agente, aproveitando-se da qualidade de funcionário público, se apropria de bem que teve acesso em razão da função desempenhada na administração pública.

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QUESTÃO 31: Insatisfeito com o comportamento de seu empregador Juca, Carlos escreve uma carta para a família daquele, afirmando que Juca seria um estelionatário e torturador. Lacra a carta e a entrega no correio, adotando todas as medidas para que chegasse aos destinatários. No dia seguinte, porém, Carlos se arrepende de seu comportamento e passa a adotar conduta para evitar que a carta fosse lida por qualquer pessoa e o crime consumado. Carlos vai até a casa de Juca, tenta retirar a carta da caixa do correio, mas vê o exato momento em que Juca e sua esposa pegam o envelope e leem todo o escrito. Ofendido, Juca procura a delegacia de polícia 6 meses depois de descobrir a identidade do autor da infração penal. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Carlos.

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RESPOSTA Q.31: A conduta de Carlos se amolda, em tese, ao crime de injúria, na forma consumada, ao ofender a dignidade e decoro de Juca por meio da imputação de qualidades negativas, nos termos do artigo 140 do Código Penal. Todavia, por se tratar de um crime de ação penal privada, estará extinta a punibilidade em razão da decadência ao direito de queixa, nos termos do artigo 107, inciso IV do Código Penal.

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QUESTÃO 32: Pedro, José e Alfredo integram uma organização criminosa que opera com tráfico de drogas e comete vários crimes na periferia de uma grande cidade brasileira. José ocupa uma posição mais alta na organização, sendo responsável por punir quem não correspondesse às expectativas do grupo. Certo dia, tendo Alfredo falhado na cobrança de uma dívida do tráfico, José, com a ajuda de Pedro, deu-lhe uma surra. Com o objetivo de se vingar de ambos, Alfredo armou um plano para acabar com a vida de José e atribuir a responsabilidade a Pedro. Assim, durante um tiroteio entre integrantes da organização criminosa e policiais, Alfredo, apontando na direção de José, que estava atrás de um arbusto, orientou Pedro a atirar nele, sob a alegação de que se tratava de um policial. O tiro atingiu José e Alfredo fugiu. Tendo percebido o erro, Pedro levou José ao hospital, o que evitou sua morte. 

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RESPOSTA Q.32: Pedro incorreu em erro de tipo acidental sobre a pessoa - aberratio personae, nos termos do artigo 20, §3º do CP. Nesse caso, se Pedro viesse a matar o criminoso pensando ser um Policial, responderia pela morte da pessoa pretendida, tipificando no caso em questão homicídio qualificado, já que recairia fictamente sobre um agente policial - Policídio, também chamado como Homicídio Funcional. Contudo, já que Pedro, vendo que a pessoa atingida se tratava na verdade de um comparsa, arrependeu-se da conduta e evitou o resultado, será por isso beneficiado pelo arrependimento eficaz. Deste modo responderá apenas pelos atos até ali praticados - lesão corporal sobre o agente policial, por ficção. Alfredo por outro lado agiu com má fé, levando a erro o autor executor. Ou seja, não houve concurso de pessoas, mas autoria mediata mediante induzimento a erro de tipo. Somente por esta razão ele não será beneficiado com o arrependimento eficaz praticado por José. Ressalto a importância disso, pois caso houvesse concurso de pessoas - mediante participação, como alguns podem pensar -, Alfredo seria sim beneficiado pelo instituto, pois este se estende aos demais agentes, ainda que fossem contrários ao arrependimento. Em suma, Alfredo responderá por tentativa de Homicídio de seu desafeto.

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QUESTÃO 33: No exercício de suas atribuições, um funcionário público prestava atendimento a um cidadão quando necessitou buscar, no interior da repartição, um documento para concluir um procedimento. Por descuido do funcionário, um laptop da instituição, que estava sendo utilizado por ele, ficou desvigiado, às vistas do cidadão que recebia o atendimento. Quando o funcionário retornou, não encontrou o cidadão e observou que o laptop havia sumido. Posteriormente, as investigações policiais concluíram que aquele cidadão havia furtado o laptop, que não foi recuperado. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do funcionário público. 

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RESPOSTA Q.33: Nesse caso, o funcionário público praticou peculato culposo, podendo a punibilidade ser extinta caso ele repare o dano ao órgão até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, nos termos do artigo 312 do Código Penal.

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QUESTÃO 34: João, desafeto declarado de Pedro, em razão de desavenças familiares, prometeu matá-lo tão logo tivesse oportunidade. No dia 11.09.2011, por volta das 22h00min, no Bar da Lulu, localizado no bairro Cajueiro, nesta capital, ocorreu um encontro entre ambos, sendo que João, homem de palavra, sacou um revolver calibre 38 que conduzia consigo na cintura, carregado com 06 projeteis, para de imediato, efetuar 02 disparos contra Pedro, tendo-o atingido em sua perna esquerda, fazendo-o com que caísse ao chão ainda vivo. Completamente à mercê do seu contendor, Pedro clama pela preservação de sua vida, tendo sido atendido por João, ainda que dispondo de mais quatro projeteis no tambor de sua arma e podendo prosseguir com a sua empreitada criminosa, preferiu retirar-se do local. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do autor. 

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RESPOSTA Q.34: Trata-se de uma hipótese de desistência voluntária, prevista no artigo 15 do Código Penal, devendo João sujeitar-se às penalidades cominadas somente aos atos já praticados.

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QUESTÃO 35: Gervásio, funcionário público, pensou em subtrair um computador da repartição pública em que trabalhava, para vender e obter recursos. No dia em que havia se programado para praticar o ato, desistiu, sem dar início à execução do delito. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do autor. 

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RESPOSTA Q.35: Gervásio não será punido de nenhuma forma, porque o delito não chegou a ter sua execução iniciada. Como se observa, à luz da teoria das fases do crime, agente não ultrapassou a etapa da cogitação, não podendo, assim, ser punido por esse comportamento.

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QUESTÃO 36: Joana é funcionária pública municipal e responsável por administrar os recursos financeiros da repartição em que trabalha. Com a ajuda de Pedro, seu marido, que não é funcionário público e tem ciência de toda a empreitada, falsifica notas fiscais simulando a realização de despesas que não foram realmente efetivadas e, a cada 15 dias, insere cerca de 3 notas fiscais “frias” na prestação de contas, desviando em proveito próprio cerca de R$ 5 mil a cada quinzena. A ação é reiterada e prolonga-se por cerca de 12 meses. Então, surge na repartição a notícia de que uma rigorosa comissão de auditoria financeira visitará todos os órgãos públicos, a fim de identificar possíveis desvios. Joana e seu marido, temendo que suas condutas fossem descobertas, devolvem integralmente o dinheiro ao caixa público, inclusive considerando a correção monetária, e retificam toda a contabilidade. A auditoria, entretanto, consegue comprovar a ocorrência dos ilícitos. No que concerne à hipótese narrada, identifique o enquadramento jurídico penal de Joana e Pedro. 

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RESPOSTA Q.36: Joana e Pedro devem responder pelo crime de peculato doloso. Como o fato se prolongou sucessivamente por cerca de 12 meses, está caracterizado o instituto do crime continuado, previsto no artigo 70 do Código Penal. Por fim, como crime não oferece resistência ou grave ameaça à pessoa, e a restituição da coisa ocorreu antes do recebimento da denúncia, fica caracterizado o instituto do arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal.

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QUESTÃO 37: Após descarregar toda a arma contra a vítima, assim agindo com o escopo de matá-la, João resolve socorrê-la e a leva para o hospital em seu próprio veículo. Realizado o atendimento médico adequado, a vítima é salva, inobstante as lesões graves decorrentes daqueles disparos. No que concerne à hipótese narrada, identifique o enquadramento jurídico penal do autor: 

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RESPOSTA Q.37: Estamos diante do instituto do arrependimento eficaz, ao esgotar os atos executórios e impedir, de forma voluntária e eficaz, a ocorrência do resultado morte. Nesse sentido, João responde pelo atos já praticados, nos termos do artigo 15 do CP, qual seja, pelo crime de lesão corporal de natureza grave.

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QUESTÃO 38: Maria da Silva, esposa do Promotor de Justiça Substituto José da Silva, mantém um caso extraconjugal com o serventuário do Tribunal de Justiça Manoel de Souza. Passado algum tempo, Maria decide separar-se de José da Silva, contando a ele o motivo da separação. Inconformado com a decisão de sua esposa, José da Silva decide matá-la, razão pela qual dispara três vezes contra sua cabeça. Todavia, logo depois dos disparos, José da Silva coloca Maria da Silva em seu carro e conduz o veículo até o hospital municipal. Graças ao pouco tempo decorrido entre os disparos e a chegada ao hospital, os médicos puderam salvar a vida de Maria da Silva. Maria sofreu perigo de vida, atestado por médicos e pelos peritos do Instituto Médico Legal, mas recuperou-se perfeitamente vinte e nove dias após os fatos. 

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RESPOSTA Q.38: O autor do fato criminoso, após realizar a conduta suficiente para a consumação do crime, impediu que o resultado fosse alcançado. Aplica-se, dessa maneira, o instituto do arrependimento eficaz, que responsabiliza o agente apenas pelos atos já praticados. Por isso, José responde pela lesão corporal grave, pelo fato do enunciado infirmar ter havido perigo de vida, atestado pelos médicos e pelos peritos do IML.

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QUESTÃO 39: Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. No que concerne à hipótese narrada, identifique o enquadramento jurídico penal de Paula. 

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RESPOSTA Q.39: Paula deverá ser responsabilizada pelo crime de homicídio doloso na forma consumada, com a pena atenuada em razão da influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima, nos termos do artigo 65, inciso III, alínea C do Código Penal.

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QUESTÃO 40: Jorge, temendo por sua integridade física, levava escondido no porta-luvas de seu carro duas armas de fogo diferentes de uso permitido. Ocorre que Jorge foi abordado por policiais militares, durante uma blitz, sendo as armas de fogo encontradas e apreendidas, além de ser verificado que ele não possuía autorização para portar aquele material bélico. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do autor. 

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RESPOSTA Q.40: Jorge responderá por crime único de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, pois, segundo a jurisprudência dominante do STF, deve ser reconhecido a incidência de crime único no caso de apreensão de armas e munições apreendidas nas mesmas circunstâncias fáticas, em razão de única ofensa ao bem jurídico protegido, aplicando-se somente a reprimenda do delito mais grave, sob pena de “bis in idem".

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QUESTÃO 41: Astrogildo colocou cacos de vidro, visíveis, em cima do muro de sua casa, para evitar a ação de ladrões. Certo dia, uma criança neles se lesionou ao pular o muro da casa de Astrogildo para pegar uma bola que ali havia caído. Diante dos fatos, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Astrogildo. 

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RESPOSTA Q.41: Astrogildo não responderá por crime algum, pois agiu acobertado pelo exercício regular de direito. A questão deixa clara a disposição VÍSIVEL dos ofendículos (cacos de vidros), que são meios de defesa predispostos para a proteção do patrimônio da propriedade, afastando a antijuridicidade.

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QUESTÃO 42: Na madrugada de um sábado, Jorge, cabo da Polícia Militar, retornava para casa, em um bairro bastante violento da capital. Policial experiente, que já havia sido ameaçado por algumas lideranças do tráfico na região, ciente das constantes disputas entre grupos rivais que ocorriam na comunidade, Jorge era cuidadoso e sempre caminhava pelo bairro em trajes civis. A cerca de 5 metros da esquina de sua casa, Jorge assustou-se com dois homens que dobraram a esquina correndo, os quais, ao vê-lo, apontaram-lhe as armas que portavam. Diante da situação sinistra em que se via, Jorge não titubeou e agiu conforme seus treinamentos: sacou seu revólver com extrema rapidez e habilidade e, com disparos certeiros, atingiu letalmente os dois homens que lhe apontavam as armas. Jorge, então, acionou a Polícia Militar e o serviço de socorro médico de emergência, que compareceram ao local, tendo os agentes militares constatado que os homens atingidos eram dois policiais civis que participavam de uma operação contra o tráfico no bairro e se preparavam para prender alguns suspeitos em flagrante. 

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RESPOSTA Q.42: Apesar de sua conduta típica e ilícita, a Jorge não deve ser aplicada qualquer pena, sendo-lhe inexigível conduta diversa diante das circunstâncias que compunham o contexto em que se viu envolvido, que o levaram a supor situação de fato que, se existisse, tornaria sua ação legítima. Trata-se de hipótese de erro de tipo permissivo (percepção fática equivocada pelo agente que se existisse tornaria a ação legítima), previsto no artigo 20, §1º do CP, diante da legítima defesa putativa por erro invencível, logo será isento de pena.

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QUESTÃO 43: Mévio, superior hierárquico de Tício, Oficial de Justiça, solicitou que ele alterasse o teor de determinada certidão em mandado de busca e apreensão. Apesar de ter conhecimento de que a conduta não era correta, Tício atendeu a solicitação de Mévio, já que este era seu superior hierárquico e os dois eram também amigos de infância. 

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RESPOSTA Q.43: Como o agente subordinado tinha consciência do caráter ilegal da ordem emanada do superior, este responderá pelo crime, sendo, portanto, fato típico, ilícito e culpável. A culpabilidade só estaria afastada se a ordem fosse não manifestamente ilegal.

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QUESTÃO 44: No dia 25 de dezembro de 2017, Carlos, funcionário público, recebe uma visita inesperada de João, seu superior hierárquico, em sua residência. João informa a Carlos que estava sendo investigado pela prática de um delito e exige que este altere informação em determinado documento público, mediante falsificação, de modo a garantir que não sejam obtidas provas do crime que vinha sendo investigado, assegurando que, caso a ordem não fosse cumprida, sequestraria o filho de Carlos e que a restrição da liberdade perduraria até o atendimento da exigência. Diante desse comportamento de João, Carlos falsifica o documento público, mas vem a ser descoberto e denunciado pela prática do crime previsto no Art. 297 do Código Penal (falsificação de documento público). Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Carlos e João. 

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RESPOSTA Q.44: Carlos não deverá ser responsabilizado pelo crime, por agir sob coação moral irresistível, que é causa de exclusão da culpabilidade, nos termos do artigo 22 do Código Penal. Nesse sentido, apenas João será punido, por ser o autor da coação, na condição de autoria mediata, ao se valer de uma pessoa sem culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa) para realizar uma infração penal.

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QUESTÃO 45: Cerqueira, velho inimigo de Jovêncio, supondo que este iria matá-lo, por conta de inúmeras ameaças de morte, ao vê-lo levar a mão no bolso do paletó, onde costumava manter uma pistola, desferiu contra ele um único disparo de arma de fogo. Jovêncio, no entanto, carregava neste bolso um presente para Cerqueira, com quem pretendia celebrar as pazes. Ao ser alvejado com o disparo, sacou de sua arma, que estava em um coldre na perna, revidando com um único disparo. Ambos ficaram lesionados. Desprezando as consequências penais relativas a arma de fogo, identifique o enquadramento legal da conduta de Cerqueira e Jovêncio. 

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RESPOSTA Q.45: Cerqueira e Jovêncio não praticaram crime. No caso concreto, Cerqueira age acobertado por hipótese de legítima defesa putativa diante do inimigo que o ameaçava, e Juvêncio age acobertado por hipótese de legítima defesa real, pelindo a injusta agressão de Cerqueira, pois não provocou aquela situação de perigo atual.

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QUESTÃO 46: Diego e Júlio, que exercem a mesma função, estão trabalhando dentro de um armazém localizado no Porto de Salvador, quando se inicia um incêndio no local em razão de problemas na fiação elétrica. Existe apenas uma pequena porta que permite a saída dos trabalhadores do armazém, mas em razão da rapidez com que o fogo se espalha, apenas dá tempo para que um dos trabalhadores saia sem se queimar. Quando Diego, que estava mais próximo da porta, vai sair, Júlio, desesperado por ver que se queimaria se esperasse a saída do companheiro, dá um soco na cabeça do colega de trabalho e passa à sua frente, deixando o armazém. Diego sofre uma queda, tem parte do corpo queimada, mas também consegue sair vivo do local. Em razão do ocorrido, Diego ficou com debilidade permanente de membro. Considerando apenas os fatos narrados na situação hipotética, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Júlio. 

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RESPOSTA Q.46: Júlio não cometeu crime algum, agindo amparado pelo estado de necessidade, causa de exclusão da ilicitude.

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QUESTÃO 47: Ângelo Asdrúbal, reconhecido mundialmente como notável lutador de boxe, já tendo sido campeão brasileiro e vice-campeão mundial na categoria de pesos médios ligeiros, em uma luta com Custódio na busca pela indicação para disputa do cinturão de campeão, obedecendo rigorosamente às regras do esporte lhe desfere diversos socos, os quais vêm a causar lesões gravíssimas em seu adversário (Custódio), ocasionando a morte. Analisando o caso proposto, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Ângelo. 

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RESPOSTA Q.47: Ângelo não responde por crime, por agir acobertado pelo exercício regular de direito, que é causa de exclusão da ilicitude. O fato típico decorrente da realização de um esporte, desde que respeitadas as regras regulamentares emanadas de associações legalmente constituídas e autorizadas a emitir provisões internas, configura exercício regular de direito, afastando a ilicitude, porque o esporte é uma atividade que o Estado não somente permite, mas incentiva a sua prática. Todavia, se o fato típico cometido pelo agente resultar da violação das regras esportivas, notadamente por ultrapassar seus limites, o excesso implicará na responsabilidade pelo crime, doloso ou culposo.

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QUESTÃO 48: Beltrano e Ciclano saem juntos para comemorar o sucesso obtido em concurso público. Beltrano não pode ingerir em hipótese alguma bebida alcoólica. Entretanto, Ciclano coloca as escondidas álcool no refrigerante de Beltrano. Ao tomar o refrigerante, Beltrano perde a capacidade de se comportar conforme o direito e de entender inteiramente o caráter ilícito de seus atos. Totalmente fora de si, Beltrano quebra uma garrafa na cabeça de Ciclano que falece. Diante do caso concreto, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de Beltrano. 

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RESPOSTA Q.48: Beltrano esta isento de pena porque no momento que ceifou a vida de Ciclano encontra-se em situação de inimputabilidade, nos termos do artigo 28, §1º do Código Penal.

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QUESTÃO 49: João passeava com seu filho de 3 anos em um bosque ermo quando um cão feroz, sem coleira e desacompanhado, tentou atacar a criança. Encontrando um tronco de madeira no chão, pegou o objeto e deu uma paulada no animal, que fugiu machucado. Diante do caso concreto, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta de João.  

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RESPOSTA Q.49: João agiu para salvar seu filho de perigo atual não provocado por sua vontade. Além disso, no caso, não era razoável o sacrifício do direito (vida, integridade física, etc.). Assim, João está acobertado pela excludente de ilicitude do estado de necessidade, prevista no art. 24 do CP. Todavia, agiria acobertado pela legitima defesa se o ataque do cão fosse proveniente de ordens ou estímulos do seu dono, pois, nesse caso, estaria diante de uma situação de agressão.

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QUESTÃO 50: Acrásio encontrava-se detido em uma delegacia da polícia civil por ter ameaçado a vida de um terceiro. Lá, apresentou comportamento violento e incontido: debatia-se contra as grades, agredia outros detentos e dirigia impropérios contra os policiais. Após os outros detentos serem retirados da cela, Acrásio foi algemado, momento em que passou a provocar e a ofender Sinfrônio, policial que o guardava, que, em seguida, adentrou a cela e lhe desferiu vários golpes de cassetete, causando em Acrásio graves lesões (constatadas por laudo pericial), agressão que somente cessou após a intervenção de outro policial. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal da conduta do policial Sinfrônio. 

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RESPOSTA Q.50: A conduta de Sinfrônio se amolda no crime de tortura previsto no artigo 1º, §º1º da Lei 9.455/97, tendo em vista que a vítima, enquanto estava detida, foi submetida a intenso sofrimento físico por ato que não estava previsto em lei, nem resultava de medida legal. Essa modalidade de tortura, ao contrário das demais, não exige especial fim de agir por parte do agente para configurar-se, bastando o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo.

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QUESTÃO 51: Gertrudes, para ir brincar o carnaval, deixou dormindo em seu apartamento seus filhos Lúcio, de cinco anos de idade, e Lígia, de sete anos de idade. As crianças acordaram e, por se sentirem sós, começaram a chorar. Os vizinhos, ouvindo os choros e chamamentos das crianças pela janela do apartamento, que ficava no terceiro andar do prédio, arrombaram a porta, recolheram as crianças e entregaram-nas ao Conselho Tutelar.  

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RESPOSTA Q.51: Gertrudes deverá responder pelo crime de abandono de incapaz e os vizinhos não praticaram crime, pois estavam agindo em estado de necessidade de terceiros.

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QUESTÃO 52: Geraldino permitiu seu encarceramento pelo patologista André, para se submeter a uma experiência científica. Ao terminar o período da experiência, Geraldino procurou a delegacia de polícia da circunscrição de sua residência, alegando que fora vítima de crime, em face do seu encarceramento.Do relato apresentado, conclui-se: 

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RESPOSTA Q.52: Não há crime, pois o consentimento do ofendido se mostra como causa supralegal de exclusão da ilicitude. O consentimento do ofendido significa, em linhas gerais, o ato da vÍtima (ou do ofendido) em anuir ou concordar com a lesão ou perigo de lesão a bem jurídico do qual é titular. O consentimento do ofendido exclui a ilicitude da conduta, desde que presentes alguns requisitos, que são: a) o dissentimento (leia-se: o não consentimento) não pode integrar o tipo. Exemplificando: no estupro o dissentimento, ou o não consentimento, da vítima para a prática sexual integra o tipo, logo, nesse caso, o seu consentimento exclui a tipicidade e não a ilicitude da conduta; b) o ofendido precisa ser capaz de consentir; c) o consentimento precisa ser livre e consciente; d) o bem renunciado deve ser disponível e próprio; e) o dissentimento precisa ser expresso e anterior ou concomitante à prática do fato.

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QUESTÃO 53: João e Paulo são amigos e colegas de faculdade. João avista Paulo na via pública e, movido por animus jocandi, encosta o dedo indicador nas costas de Paulo, falseia a voz e anuncia um “assalto”. João determina a Paulo que não olhe para trás, e prosseguem assim, andando juntos, o dedo indicador de João sob a sua camisa e ao mesmo tempo encostado nas costas de Paulo, simulando o cano de uma arma de fogo. Pedro, amigo de Paulo, mas que não conhece João, visualiza a cena e interpreta que Paulo está prestes a ser morto por João. Nesse momento, Paulo ameaça reagir, e João, em voz alta, diz que irá atirar. Todas as pessoas que tiveram a atenção atraída para a cena intuíram que Paulo seria morto e com Pedro não foi diferente. Pedro, então, saca arma de fogo e efetua um disparo contra João. O tiro foi mal executado e acaba por atingir e matar Paulo. 

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RESPOSTA Q.53: A partir de tal caso hipotético, é de se considerar que Pedro agiu em legítima defesa putativa de terceiro e cometeu erro na execução, motivo pelo qual não se vislumbra crime algum. A legítima defesa putativa, ou imaginária, é aquela em que o agente, por erro, acredita existir uma agressão injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Se repelindo uma agressão injusta, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, o agente atinge pessoa inocente, por erro no emprego dos meios de execução, subsiste em seu favor a legítima defesa.

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QUESTÃO 54: João e Maria, com 18 e 13 anos de idade, respectivamente, iniciaram relacionamento amoroso que culminou em relações sexuais consensuais. Inconformado com o fato, o pai de Maria procura a autoridade policial e solicita a instauração de inquérito policial contra João por entender que sua filha está sendo vítima de abuso sexual.  

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RESPOSTA Q.54: No âmbito do direito penal, João praticou o crime de estupro de vulnerável. Pois, nos termos da recente alteração legislativa, estará caracterizado crime de estupro de vulnerável independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriores ao crime, conforme preconiza o artigo 217, §5º do CP.

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QUESTÃO 55: Maura e Sílvio, que foram casados por dez anos, se separaram há um ano e compartilham a guarda de filho menor. Sílvio buscava o filho na escola e o levava para a casa que era do casal, agora habitada somente pela mãe e pela criança, que fica aos cuidados da babá. A convivência entre ambos era pacífica até que ele soube de novo relacionamento de Maura. Sentindo-se ainda apaixonado por Maura, ele elaborou um plano para tentar reconquistá-la. Em uma ocasião, ao levar o filho para casa como fazia cotidianamente, Sílvio, sem que ninguém percebesse, pegou a chave da casa e fez dela uma cópia. Em determinado dia, ele comprou um anel e flores, preparou um jantar e, à noite, entrou na casa para surpreender a ex-esposa — nem Maura nem a criança estavam presentes. Maura havia deixado a criança com a avó e saíra com o namorado. Ao chegar à casa, bastante embriagada, Maura dormiu sem perceber que Sílvio estava na residência. Sílvio tentou acordá-la, mas, não tendo conseguido, despiu-a, tocou-lhe as partes íntimas e tentou praticar conjunção carnal com ela. Como Maura permanecia desacordada, Sílvio foi embora sem consumar o último ato. 

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RESPOSTA Q.55: Sílvio cometeu crime de estupro de vulnerável na forma consumada, pois Maura, na situação em que se encontrava, não poderia oferecer resistência. Encontra-se consolidado, no STJ, o entendimento de que o delito de estupro, na atual redação dada pela Lei 12.015/2009, inclui atos libidinosos praticados de diversas formas, incluindo os toques, os contatos voluptuosos e os beijos lascivos, consumando-se o crime com o contato físico entre o agressor e a vítima.

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QUESTÃO 56: Glória, de 25 anos, foi contratada por determinada instituição privada de ensino para ser professora da turma do 2º ano do ensino fundamental. O diretor da escola, superior de Glória, fica encantado pela beleza da nova contratada e, em determinada data, no interior da sala da direção, constrange-a a praticar ato sexual, sob o argumento de que todas as professoras devem o seu trabalho na escola a ele, que as contratou. Glória, não querendo perder seu emprego, cede ao constrangimento. Considerando a situação narrada, é corretor afirmar que a conduta do diretor da escola. 

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RESPOSTA Q.56: Considerando a situação narrada, é corretor afirmar que a conduta do diretor da escola configura crime de assédio sexual. Trata-se de crime próprio, que só pode ser praticado por aquele que ostente alguma das condições previstas no tipo penal.

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QUESTÃO 57: Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a casa de sua mãe, Mariza, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na residência materna, até a semana seguinte. Nesse sentido, identifique o enquadramento jurídico penal das pessoas citadas na questão. 

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RESPOSTA Q.57: Rita e Vera responderão pelo crime de furto qualificado pelo concurso de pessoas. Observe que a questão não fornece elementos suficientes para afirmar que o furto foi cometido com abuso de confiança. O simples fato de Rita e Vera trabalharem na loja, sem usar de sua condição como funcionárias já com a prévia confiança construída com o empregador, objetivando diminuir a esfera de vigilância da vítima, não caracteriza o abuso de confiança. Conforme o entendimento dominante, a mera relação empregatícia é insuficiente para sua caracterização, sendo necessária a existência prévia de credibilidade, abalada em razão da quebra de lealdade. Luna não responderá por crime algum, pois desiste de participar do fato antes da sua execução. Ciro não responderá por crime algum, pois não chegou a iniciar a execução da receptação. Mariza responderá pelo crime de favorecimento real.

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QUESTÃO 58: Fulano, conhecido nos meios policiais pela prática de crimes contra o patrimônio, decidiu abandonar temporariamente suas atividades delituosas após conhecer Beltrana, por quem se apaixonara. A moça, no entanto, conhecendo a má fama de Fulano, o rejeitou. Magoado, Fulano decidiu se vingar e, durante uma festa na casa de amigos em comum, colocou sonífero na bebida de Beltrana. Tão logo ela caiu no sono, Fulano a levou para um dos quartos e, aproveitando-se de que ninguém o observava, subtraiu todas as roupas de Beltrana, deixando-a nua, além de pilhar dinheiro e documentos que ela levava em sua bolsa. Em seguida, ele evadiu da festa, levando consigo todos os bens subtraídos. 

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RESPOSTA Q.58: Fulano responderá pelo crime de roubo próprio, previsto no caput do artigo 157 do Código Penal. A utilização de sonífero na bebida caracteriza espécie de violência imprópria, por se tratar de outro meio que reduz a vítima a impossibilidade de resistência.

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QUESTÃO 59: Antônio e Bruno, imputáveis, resolvem cometer um roubo em um estabelecimento comercial na companhia do menor Maurício, mediante emprego de um revólver eficaz e completamente municiado. Na ocasião programada, Antônio conduz os demais comparsas e estaciona em local estratégico próximo ao estabelecimento comercial para facilitar a fuga e dificultar que testemunhas anotem a placa do veículo. Bruno e Maurício descem do veículo, entram no estabelecimento comercial perto do horário do encerramento e anunciam o assalto. A vítima Victor reage e entra em luta corporal com os agentes. Para pôr fim à briga, Maurício efetua três disparos de arma de fogo e foge, em seguida, na companhia de Bruno sem nada subtrair do estabelecimento comercial. Victor morre em função dos disparos de arma de fogo que lhe atingiram. Bruno e Maurício entram rapidamente no veículo conduzido por Antônio, que empreende rápida fuga do local. 

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RESPOSTA Q.59: Antônio e Bruno responderão pelo crime de latrocínio consumado, nos termos da Súmula 610 do STF, em concurso formal com corrupção de menor, sem incidência da causa de diminuição de pena da participação de menor importância. O simples fato de um maior de idade ter se utilizado da participação de um menor de 18 anos na prática de infração penal já é suficiente para que haja a consumação do crime de corrupção de menores. Assim, para a configuração do delito não se exige prova de que o menor tenha sido efetivamente corrompido. Isso porque o delito de corrupção de menores é considerado formal. Maurício, por ser inimputável, pratica ato infracional, sujeitando-se as regras do ECA.

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QUESTÃO 60: Caio, com dezoito anos de idade, reside com seu pai, de cinquenta e oito anos de idade, e com seu tio, de sessenta e um anos de idade. Sem dinheiro para sair com os amigos, Caio subtraiu dinheiro de seu pai e, ainda, o aparelho celular do tio.

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RESPOSTA Q. 60: Nessa situação, Caio será isento de pena quanto a subtração do dinheiro do seu pai, por reconhecimento da escusa absolutória prevista no artigo 181 do Código Penal. Já com relação à subtração do aparelho celular do tio, responderá pelo crime de furto, não se aplicando a escusa relativa, embora haja coabitação, tendo em vista que a vítima é pessoa idosa, nos termos do artigo 183 do Código Penal.

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