prova de lÍngua portuguesa e literatura brasileira · beije seu filho. role pela espuma do mar....

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1 Prezado(a) candidato(a): Assine e coloque seu número de inscrição no quadro abaixo. Preencha, com traços firmes, o espaço reservado a cada opção na folha de resposta. Nº de Inscrição Nome PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DE 01 A 05 , LEIA O TEXTO A SEGUIR. TEXTO 1 PEQUENAS ALEGRIAS VENDEM DESODORANTE Jô Hallack, Nina Lemos e Raq Affonso ncontre os amigos. Beije seu filho. Role pela espuma do mar. Colha mais flores. O mundo publicitário criou um novo e irritante discurso. O de que precisamos aproveitar cada dia, viver a vida com leveza e sentir prazer nas pequenas coisas. “Comprando, é claro, Dentaflex, o fixador de dentaduras que transforma o seu sorriso.” Abrace mais passantes, dizem e- les. E logo emendam: “Mas não se esqueça de usar Preto no Branco, o sabão em pó que lava de verdade”. E dá-lhe anúncio apregoando a felicidade sem necessidade de bens de consumo. Dá-lhe propaganda dizendo que o bom da vida mesmo é reunir-se com os entes queridos. Dá-lhe outdoor falando que você devia mesmo é largar tudo e ir tomar um banho de cachoeira. Com o seu super-jipe com GPS, vidro blindado e tração nas quadro rodas. Nem os seqüestradores vão conseguir estragar o seu passeio! São bonitas essas campanhas. Também achamos que o que se leva desta vida é o amor dos amigos. E que deveríamos correr pela grama com pés des- calços com mais freqüência, apesar das formigas. Mas raramente consegui- mos alcançar essa simplicidade. Queríamos sorrir só porque está ventando. Só que temos muitos problemas imaginários de estimação. E

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Prezado(a) candidato(a): Assine e coloque seu número de inscrição no quadro abaixo. Preencha, com traços firmes, o espaço reservado a cada opção na folha de resposta.

Nº de Inscrição Nome

PPRROOVVAA DDEE LLÍÍNNGGUUAA PPOORRTTUUGGUUEESSAA EE LLIITTEERRAATTUURRAA BBRRAASSIILLEEIIRRAA

PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DE 01 A 05 , LEIA O TEXTO A SEGUIR.

TEXTO 1

PEQUENAS ALEGRIAS VENDEM DESODORANTE

Jô Hallack, Nina Lemos e Raq Affonso

ncontre os amigos. Beije seu filho. Role pela espuma do mar. Colha mais flores. O mundo publicitário criou um novo e irritante discurso.

O de que precisamos aproveitar cada dia, viver a vida com leveza e sentir prazer nas pequenas coisas. “Comprando, é claro, Dentaflex, o fixador de dentaduras que transforma o seu sorriso.” Abrace mais passantes, dizem e-les. E logo emendam: “Mas não se esqueça de usar Preto no Branco, o sabão

em pó que lava de verdade”. E dá-lhe anúncio apregoando a felicidade sem necessidade de bens de consumo. Dá-lhe propaganda dizendo que o bom da vida mesmo é reunir-se com os entes queridos. Dá-lhe outdoor falando que você devia mesmo é largar tudo e ir tomar um banho de cachoeira. Com o seu super-jipe com GPS, vidro

blindado e tração nas quadro rodas. Nem os seqüestradores vão conseguir estragar o seu passeio! São bonitas essas campanhas. Também achamos que o que se leva desta vida é o amor dos amigos. E que deveríamos correr pela grama com pés des-calços com mais freqüência, apesar das formigas. Mas raramente consegui-mos alcançar essa simplicidade. Queríamos sorrir só porque está ventando.

Só que temos muitos problemas imaginários de estimação.

E

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Mas depois de assistirmos a mais uma propaganda dizendo que o melhor da vida é ver estrelas cadentes, nos lembramos que, por trás desse novo dis-

curso, existem as mesmas velhas idéias. Eles, os publicitários, dizem que um abraço é o melhor remédio. Mas seus anunciantes se negam a pagar aquele

tratamento de câncer porque você não leu uma cláusula em letras minúsculas que citava a exceção número 838328292. Eles, os publicitários, dizem que melhor do que o trabalho é passar a noite no bar com os amigos. Só que pa-gando com o cartão de crédito Mais Mais. E depois você é apresentado aos juros. Os banqueiros não sorriem porque viram uma estrela no céu. Eles sor-riem com seus balancetes. Vivemos num mundo cínico. E, mesmo assim, nós queremos mais cometas.

Folha de S. Paulo, Folhateen, 05/09/2005.

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 11 Considere as análises do texto I. Ao criticarem o discurso da propaganda, as autoras apontam um desloca-

mento do foco nas qualidades do produto anunciado para aspectos com-portamentais do consumidor.

II. A ironia é um recurso amplamente utilizado pelas autoras na construção da argumentação.

III. As autoras abrem o texto fazendo menção a clichês publicitários, construí-dos a partir de um cotidiano idealizado.

Assinale: a) se apenas I for correta. b) se apenas II for correta. c) se apenas II e III forem corretas. d) se I, II e III forem corretas.

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QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 22 Considere as afirmações sobre o título “Pequenas alegrias vendem desodoran-te” I. Na constituição do título, atribuem-se a um dos seus elementos traços que

sugerem características humanas. II. O uso da expressão “pequenas alegrias” é uma estratégia por meio da qual

se resume um conceito relativo a atitudes e comportamentos que promo-vem uma suposta felicidade, objeto de crítica do texto.

III. O uso da palavra “desodorante” é uma estratégia por meio da qual se pre-tende simbolizar todo e qualquer objeto de consumo, que compreenderia, por exemplo, do avião ao CD.

Assinale: a) se apenas I for correta. b) se apenas II e III forem corretas. c) se I, II e III forem corretas. d) se apenas I e II forem corretas. QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 33 Em todas as alternativas há trechos do texto em que se manifestam outras vo-zes além da voz do próprio autor, EXCETO: a) “Abrace mais passantes, dizem eles.” b) “Dá-lhe outdoor falando que você devia mesmo é largar tudo e ir tomar ba-

nho de cachoeira.” c) “São bonitas essas campanhas.” d) “Mas seus anunciantes se negam a pagar aquele tratamento de câncer por-

que você não leu uma cláusula em letras minúsculas que citava a exceção número 838328292.”

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 44 Em todas as alternativas há trecho que apresenta uma avaliação daquilo que foi dito em um segmento imediatamente anterior, EXCETO: a) “O mundo publicitário criou um novo e irritante discurso.” (1º parágrafo) b) “Também achamos que o que se leva desta vida é o amor dos amigos.” (3º

parágrafo) c) “Vivemos num mundo cínico.” (último parágrafo) d) “São bonitas essas campanhas.” (3º parágrafo)

4

O Timberland®White Ledgee combina estabilidade de bota com flexibilidade de tênis. A qualidade do seu couro garante maior resistência e ventilação. E o solado ade-re ao terreno, possibilitando melhor tração. Ande. A vida lá fora está esperando você.

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 55 Em todos os trechos a seguir, a vírgula foi usada pelo mesmo motivo, EXCETO: a) “(...) Dentaflex, o fixador de dentaduras que transforma o seu sorriso.” b) “Eles, os publicitários, dizem que melhor do que o trabalho é passar a noite

no bar com amigos.” c) “Mas não se esqueça de usar Preto no Branco, o sabão em pó que lava de

verdade.” d) “Com seu super-jipe com GPS, vidro blindado e tração nas quatro rodas.”

PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 06 E 07, LEIA OS TEXTOS PUBLICITÁ-RIOS A SEGUIR.

TEXTO 2

5

Assim como você, o Timberland® Trail Lizard também não tem limites. Ele é o

melhor tênis para correr nas trilhas, independente do clima. A tecnologia Gore-

Tex garante 100% de impermeabilidade. O sistema Agile IQ garante agilidade e

estabilidade. O solado B.S.F.P.TM permite maior tração.

Siga os passos de quem está há 30 anos nas trilhas.

Aonde você for, vá com Timberland® Trail Lizard.

TEXTO 3

6

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 66 Considerando-se o diálogo que pode ser estabelecido com o texto 1, é INADEQUADO afirmar que: a) nas duas peças publicitárias, manifesta-se o discurso criticado pelas autoras

do texto 1, segundo o qual “precisamos aproveitar cada dia, viver a vida com leveza e sentir prazer nas pequenas coisas”.

b) as duas peças publicitárias constroem a argumentação a partir da valoriza-ção da vida ao ar livre, conforme se verifica nas passagens: “Seu habitat é lá fora”; “Ande. A vida lá fora está esperando você.”

c) as duas peças publicitárias exploram elementos verbais e não verbais de forma inovadora, procurando evitar o uso de clichês.

d) nas duas peças publicitárias, manifesta-se um enunciador que propõe a um consumidor valores a serem partilhados.

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 77 Considere as análises propostas para as duas peças publicitárias. I. A imagem do tênis atravessando a persiana, na primeira peça publicitária,

incita o leitor a romper barreiras, o que é enfatizado no texto verbal: “assim como você, o Timberland Trail Lizar também não tem limites.”

II. Procura-se transformar o produto anunciado em objeto de desejo, investido de valores relacionados, por exemplo, ao culto à prática de esportes e a outros procedimentos que levam a uma vida saudável.

III. Nas duas peças, são ressaltadas como qualidades do produto: a estabili-dade, a flexibilidade, a resistência e a tradição no mercado.

Assinale: a) se apenas I for correta. b) se apenas I e II forem corretas. c) se apenas III for correta. d) se I, II e III forem corretas.

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PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DE 08 A 10, LEIA O TEXTO A SEGUIR.

TEXTO 4

BOM CONSELHO

Chico Buarque 1972

Ouça um bom conselho Que eu lhe dou de graça Inútil dormir que a dor não passa Espere sentado Ou você se cansa Está provado, quem espera nunca

alcança Venha, meu amigo

Deixe esse regaço Brinque com meu fogo

Venha se queimar Faça como eu digo Faça como eu faço Aja duas vezes antes de pensar Corro atrás do tempo

Vim de não sei onde Devagar é que não se vai longe Eu semeio o vento

Na minha cidade Vou pra rua e bebo a tempestade

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 88 Considere as afirmações sobre os textos 1 e 4 e marque a alternativa que apre-senta análise INADEQUADA. a) O texto 1 polemiza formações ideológicas que reúnem representações se-

gundo as quais o homem tem de aproveitar a vida, rompendo com conven-ções ou padrões ditados por uma sociedade de consumo.

b) No texto 1, são apontados alguns clichês publicitários usados para impor um ideal de felicidade.

c) No texto 4, instala-se uma voz que valoriza a ousadia em oposição à passi-vidade aconselhada pelos provérbios que são alvo da subversão produzida pelo compositor.

d) Para se opor a um discurso que pretende mostrar o mundo como estável, o texto 1 critica o uso de determinados clichês publicitários e o texto 4 subver-te provérbios.

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QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 00 99 O texto 4 é construído a partir da subversão de provérbios. Todas as alternativas apresentam efeitos dessa subversão, EXCETO: a) A produção de um discurso que pressupõe um mundo estável. b) A desestabilização de crenças tidas como inquestionáveis. c) A instalação de uma voz que instaura a polêmica entre formações ideológicas. d) O rompimento com crenças que podem alimentar preconceitos. QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 00 Considere as afirmações sobre o funcionamento do gênero provérbio. I. Nos provérbios, há uma aparente síntese de pensamentos que perpetua

interpretações moralistas sobre o mundo e os seres humanos, a partir de uma suposta universalidade.

II. O gênero provérbio é constituído pela cristalização de um modo de pensar que neutraliza a polêmica de vozes e reproduz um sistema de crenças.

III. Assentado em um conjunto de crenças tidas como inquestionáveis, o pro-vérbio manifesta um discurso que reproduz a ilusão de um mundo em ple-na estabilidade.

IV. O uso recorrente de formas verbais na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, como em “Quem semeia vento colhe tempestade”, cria a ilu-são de verdades absolutas.

Assinale: a) se forem corretas apenas I e II. b) se forem corretas apenas II e III. c) se forem corretas apenas III e IV. d) se forem corretas I, II, III e IV.

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AS QUESTÕES DE 11 A 20 DEVEM SER RESPONDIDAS COM BASE NA LEI-TURA DAS OBRAS INDICADAS PREVIAMENTE.

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 11 A alternativa em que NÃO se associou corretamente o trecho, do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, ao personagem a que se refere é: a) “No meio de uma situação que me atava a língua, usava da palavra com a

maior ingenuidade deste mundo. A minha persuasão é que o coração não lhe batia nem mais nem menos. Alegou susto, e deu à cara um ar meio en-fiado; mas eu, que sabia de tudo, vi que era mentira e fiquei com inveja.” (CAPITU)

b) “Era um rapaz esbelto, olhos claros, um pouco fugitivos, como as mãos, co-mo os pés, como a fala, como tudo. Quem não estivesse acostumado com ele podia acaso sentir-se mal, não sabendo por onde lhe pegasse. Não fita-va de rosto, não falava claro nem seguido.” (JOSÉ DIAS)

c) “Antes de sair, voltou-se para mim, e quase a vi saltar-me ao colo e dizer-me que não seria padre. Este era o seu desejo íntimo, à proporção que se a-proximava o tempo. Quisera um modo de pagar a dívida contraída, outra moeda, que valesse tanto ou mais, e não achava nenhuma.” (D. GLÓRIA)

d) “Esta mudança de costume trouxe-lhe certa vertigem; era antes dos dez contos. Não se contentou em reformar a casa e a copa, atirou-se às despe-sas supérfluas, deu jóias à mulher, nos dias de festa matava um leitão, era visto em teatros, chegou aos sapatos de verniz.” (PÁDUA)

PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 12 E 13, LEIA O CAPÍTULO XIV, DE DOM CASMURRO:

A INSCRIÇÃO Tudo o que contei no fim do outro capítulo foi obra de um instante. O que se lhe seguiu foi ainda mais rápido. Dei um pulo, e antes que ela raspasse o muro, li estes dois nomes, abertos ao prego, e assim dispostos:

BENTO

CAPITOLINA Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o outro... Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não falamos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Não marquei a hora exata

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daquele gesto. Devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite, e que eu poria aqui com os erros de ortografia que trouxesse, mas não traria nenhum, tal era a diferença entre o estudante e o adolescente. Co-nhecia as regras do escrever, sem suspeitar as do amar; tinha orgias de latim e era virgem de mulheres. Não soltamos as mãos, nem elas se deixaram cair de cansadas ou de es-quecidas. Os olhos fitavam-se e desfitavam-se, e depois de vagarem ao perto, tornavam a meter-se uns pelos outros... Padre futuro, estava assim diante dela como de um altar, sendo uma das faces a Epístola e a outra o Evangelho. A bo-ca podia ser o cálix, os lábios a patena. Faltava dizer a missa nova, por um latim que ninguém aprende, e é língua católica dos homens. Não me tenhas por sacrí-lego, leitora minha devota; a limpeza da intenção lava o que puder haver menos curial no estilo. Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos, faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos conti-nuaram a dizer coisas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Dom Casmurro. São Pau-lo: Ática, 1998. p. 30-31.

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 22 Nesse texto, só NÃO se verifica: a) o comentário sobre a própria escrita do capítulo. b) a defesa contra uma possível crítica da leitora. c) um paralelo entre a mulher e a Igreja. d) uma predominância da linguagem denotativa. QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 33

... tal era a diferença entre o estudante e o adolescente... A diferença entre o estudante e o adolescente, mencionada no trecho, é relativa a: a) experiência. b) idade. c) personalidade. d) classe social.

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QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 44 Todas as alternativas apresentam aspectos presentes em Dom Casmurro, de Machado de Assis, que não se reproduzem em Amor de Capitu, de Fernando Sabino, EXCETO: a) O primeiro capítulo — Do título — que trata de questões da ordem da cons-

trução da obra, já anunciando e caracterizando a voz narrativa e dando in-dícios ao leitor do perfil introspectivo do narrador.

b) O segundo capítulo — Do livro — que apresenta o caráter remissivo da obra e acentua um componente marcante da narrativa: o uso das digressões.

c) A atribuição aos capítulos de títulos que, de responsabilidade do narrador, expressam pontos de vista, antecipam sensações, direcionam o leitor para determinadas reflexões.

d) A apresentação de personagens ligados à biografia de Bentinho e determi-nantes para a idéia de adultério que se configura na narrativa, como José Dias e Escobar.

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 55 Em Amor de Capitu, a narrativa se faz em terceira pessoa. Isso produz vários efeitos de sentido, EXCETO que: a) fica patente a traição de Capitu. b) fragiliza-se a imagem machadiana do perfil filosófico de Bentinho. c) fica acentuado o tom irônico de Bentinho. d) ratifica-se a semelhança entre Ezequiel e Escobar. QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 66 É CORRETO afirmar, quanto à obra Missa do galo, variações sobre o mesmo tema, que: a) há epígrafes que norteiam as novas produções, propondo diferentes leituras

do original machadiano. b) embora mudem significativamente o ponto de vista presente no original, os

autores das variações não alteram a perspectiva com que são tratados os personagens.

c) o título machadiano Missa do galo permanece em alguns dos ´novos` con-tos, mais como indicação da homenagem a Machado de Assis do que como elemento que compõe a obra.

d) a sugestão presente na expressão do título ´variações sobre o mesmo te-ma` direciona o leitor para buscar o tema traição.

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QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 77 Todos os trechos, retirados dos contos que recriam “Missa do galo”, de Macha-do de Assis, revelam aspectos que os diferem do conto original, EXCETO: a) “Revejo-me. É como se a grande sala não tivesse paredes e, no entanto, eu

não pudesse ver a noite além do amplo quadrado que elas delimitam e on-de, num dos ângulos, leio O Vermelho e o Negro.” (“Missa do Galo”, Osman Lins)

b) “Como sempre obedeceu-me. A bem da verdade, ela jamais me desagravou com atitudes hostis. E mesmo quando supôs que da rua eu trazia-lhe algum desgosto, nunca me levantou a voz.” (“Missa do Galo”, Nélida Piñon)

c) “Marcolina? Celestina? Ah, Senhor, gemeu Inácia, como posso assim olvi-dar até o nome de pessoas que amei, que me amaram, como essa moça, que foi como outra filha nos meus dias de recente viuvez, nada mineral en-tão, nada dura, pois ninguém diria de um diamante que é compassivo?” (“Lembranças de Dona Inácia”, Antonio Callado)

d) “Como Conceição não quisesse repetir a vida submissa dos tempos do Menezes, que agora ameaçava se agravar pela ênfase, a retórica, a fantasia do segundo marido, ou porque aborrecia os relógios de repetição, ficava remoendo como se livrar daquilo.” (“Missa do galo (mote alheio e voltas)”, Autran Dourado)

QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 88 “Fisiologia da Composição” é, dentro de Macau, de Paulo Henriques Britto, um conjunto de cinco poemas que têm em comum: a) a utilização de uma mesma estrutura formal, em relação ao número de es-

trofes e de versos. b) a reflexão metalingüística, apontando para uma concepção de escrita en-

quanto processo vital. c) a interlocução direta com um suposto leitor. d) a manifestação explícita de um “eu” que fala de si mesmo.

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QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 11 99 Leia um dos poemas que integram a “Fisiologia da Composição”, de Macau:

II

“A quem possa interessar”? Por aí não se chega jamais a parte alguma. O impulso é de outra espécie: uma pressão que vem de dentro, e incomoda. No fundo é só isso que importa. O resto é resto. E no entanto nesse resto está o múnus público da coisa – vá lá o termo – o que dá trabalho, o que impõe um custo sem benefício claro à vista, e às vezes acaba interessando até quem nunca se imaginou como destinatário de uma – digamos assim – “carta ao mundo”, que é o que a coisa acaba sendo e tendo sido desde o começo. Como sempre. Como tudo.

Nesse texto, a composição poética só NÃO é vista como: a) algo que parte de um impulso interior do artista. b) um trabalho que não traz benefício imediato. c) uma elaboração que visa aos interesses do leitor. d) um texto sem destinatário específico.

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QQ UU EE SS TT ÃÃ OO 22 00 Em todas as alternativas, traços marcantes da poética de Paulo Henriques Brit-to, em Macau, foram adequadamente exemplificados, EXCETO: a) “1. Antes que fôssemos mumificados por completo, você / descobriu uma

maneira de apodrecer tão depressa que fosse / impossível até mesmo para o mais hábil mumificador do Alto / Egito. � utilização de versos prosai-cos.

b) “Como se fôssemos pássaros / voamos contra a vidraça. (...)// Copulamos em pleno vôo, depois / nos atiramos na chama da vela // E um cheiro forte de borracha queimada nos acompanhou até o paraíso.” � humor irônico.

c) “No trivial do sanduíche a morte aguarda. / Na esquiva escuridão da gela-deira / dorme a sono solto, imersa em mostarda. // A hora é lerda. A casa sonha...” � uso de imagens cotidianas e triviais.

d) “Este é o momento exato. Agora. / Outro não vai haver. Aproveita. / À tua frente, a régua, a fruta, o relógio // aguardam o gesto. Que não vem.” � lin-guagem rebuscada.

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PROPOSTA DE PRODUÇÃO DE TEXTO

Universidade em que você estuda está promovendo um ciclo de debates sobre o impacto da propaganda no cotidiano,

considerando que a linguagem da publicidade, até certo ponto, é re-flexo dos valores em que se acredita. Dessa perspectiva, pode-se dizer que ela manifesta a maneira de ver o mundo de uma sociedade em certo espaço da história. Com o objetivo de contribuir para o debate, você foi convidado para redigir um artigo de opinião, adequado à publicação no jornal de sua Universidade. Nesse texto, você tem como propósito refletir sobre as estratégias/formas de persuasão adotadas pelo discurso publicitário, por meio das quais ele visa alimentar/satisfazer determi-nadas aspirações humanas. Lembre-se de usar o registro culto, adequado à situação comunicativa proposta.

A

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R A S C U N H O D O T E X T O