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José Francisco Sales Barbosa PRÓTESE FIXA IMPLANTO-DENTO- SUPORTADA SOB CARGA DINÂMICA: Análise através do Método de Elementos Finitos 3D Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais para obtenção do título de Mestre em Clínicas Odontológicas, ênfase em Prótese Dentária. Orientadora: Prof. Dr a .Lylian Vieira de Paula Co-orientador: Prof. Dr. Janes Landre Júnior Belo Horizonte 2003

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José Francisco Sales Barbosa

PRÓTESE FIXA IMPLANTO-DENTO-

SUPORTADA SOB CARGA DINÂMICA:

Análise através do Método de Elementos Finitos 3D

Dissertação apresentada ao Programa deMestrado da Faculdade de Odontologia daPontifícia Universidade Católica de MinasGerais para obtenção do título de Mestre emClínicas Odontológicas, ênfase em PróteseDentária. Orientadora: Prof. Dra.Lylian Vieira de Paula Co-orientador: Prof. Dr. Janes Landre Júnior

Belo Horizonte 2003

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Barbosa, José Francisco Sales B238p Prótese fixa implanto-dento-suportada sob carga dinâmica : análise através

do Método de Elementos Finitos 3D / José Francisco Sales Barbosa. – Belo Horizonte, 2003.

94f. : il.

Orientadora: Profª Drª Lylian Vieira de Paula. Co-orientador: Prof. Dr. Janes Landre Júnior. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais, Faculdade de Odontologia. Bibliografia.

1. Prótese dentária. 2. Implantes dentários. I. Paula, Lylian Vieira de. II. Landres Júnior, Janes. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Faculdade de Odontologia. IV. Título.

CDU: 616.314-08Bibliotecária – Marlene de C. Silva Santisteban – CRB 6/1434

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FACULDADE DE ODONTOLOGIA Coordenação do Programa de Mestrado em Odontologia

PUC Minas

PRÓTESE FIXA IMPLANTO-DENTO-SUPORTADA SOB CARGA

DINÂMICA: ANÁLISE ATRAVÉS DO MODELO DE ELEMENTOS

FINITOS 3D

JOSÉ FRANCISCO SALES BARBOSA

ORIENTADORA: Profa. Dra. Lylian Vieira de Pauta

COMPOSIÇÃO DA BANCA EXAMINADORA:

1- Profa. Dra. Lylian Vieira de Paula -PUC MINAS 2- Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian -PUC MINAS 3- Prof. Dr. Fernando Amorim de Paula -UFMG

DATA DA APRESENTAÇÃO E DEFESA: 10 de dezembro de 2003

A dissertação nesta identificada foi aprovada pela Banca Examinadora

Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2003

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DEDICATÓRIA

À Gislana, minha esposa, pelo amor, carinho, companheirismo e dedicação

à família.

Aos meus filhos Júlia e Vinícius, por tudo que representam na minha vida.

À minha mãe, irmãos e sobrinhos pelo carinho e afeto.

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AGRADECIMENTOS

À Prof. Lylian Vieira de Paula pela orientação.

Ao Prof. Paulo Isaías Seraidarian , minha grande

admiração, obrigado pela confiança, incentivo e

oportunidades, que redirecionaram minha carreira, abrindo

novos caminhos.

Ao Prof. Janes , que com sua dedicação e paciência,

revelou-me novas fontes do conhecimento.

Ao amigo Antônio Henrique , exemplo de seriedade,

compromisso e competência, meu muito obrigado pela

sincera amizade.

Minha i rmã Célia , por sua constante disponibi l idade, apoio

e grande incentivo.

Aos meus Colegas , pelo prazer da convivência,

companheir ismo e est ima.

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EPÍGRAFE

“Toda a nossa ciência, comparada com a nossa

realidade, é primit iva e infanti l – e, no entanto, é a

coisa mais preciosa que temos”.

Albert Einstein (1897-1955)

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RESUMO

O uso de próteses fixas unindo dentes a implantes, com conexões rígidas ou

semi-rígidas, tem sido uma prática comum, apesar de grande controvérsia e debate na

literatura. Vários relatos de sucessos têm sido publicados, assim como inúmeras

complicações. Um dos problemas mais constantes vem sendo o fenômeno da intrusão

dental, especialmente quando o dente pilar está próximo a um implante com conexão

rígida. Esse fenômeno pode acontecer se o dente estiver entre implantes, ou na

extremidade da prótese, na mandíbula ou maxila. A vibração da estrutura protética

decorrente da sua maior rigidez, por causa dos implantes, tem sido apontada como

provável causa da ativação dos osteoclastos, com conseqüente intrusão dental. Antes

que se estabeleça a relação entre intrusão e vibração, é preciso em primeiro lugar,

averiguar a ocorrência dessa vibração, e depois medi-la. Usou-se a metodologia dos

Elementos Finitos 3D para avaliar um modelo digitalizado de uma prótese fixa de quatro

elementos na mandíbula, unindo rigidamente um dente em uma extremidade a um

implante em outra e então, aplicada uma força. Posteriormente, um pôntico foi removido

para a redução da distância entre os pilares, a fim de verificar se essa vibração

permaneceria mais tempo sobre o dente. Os resultados mostraram que as tensões

geradas na PFIDS de três elementos foram maiores, além da ocorrência de vibração, que

permaneceu por um tempo maior sobre o dente pilar na prótese de três elementos, após

aplicação da carga. Surgiu o fenômeno da ressonância em ambas as próteses, porém

com maior intensidade na menor. Concluiu-se que houve vibração, ela permaneceu por

um período maior sobre o dente com a aproximação dos pilares e, juntamente com as

evidências da literatura, poderia ser uma das prováveis causas da intrusão dental.

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PALAVRAS CHAVE Carga dinâmica, dente, elemento finito, implante, intrusão, intrusão dental,

método do elemento finito, ressonância, prótese, prótese implanto-dento-suportada, prótese sobre implante, tensão, união dente-implante, vibração.

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ABSTRACT

The use of tooth-implant prostheses has been a common practice

lately, despite the great controversy on literature. One of the problems described in

literature is the dental intrusion phenomenon, which may happen when the tooth is

between implants or when it’s located at the end of the prosthesis, either on mandible

or maxilla. The vibration of the structure of the prosthesis, because of implants

stiffness, has been pointed out as the possible cause of osteoclast activation, with

the consequent dental intrusion. It is necessary, in the first place, to investigate the

occurrence of vibration, and then measure it, before a relationship is made between

dental intrusion and that vibration. The 3D Finite Element Method was used to

analyze a digital reproduction of a four elements fixed prosthesis on the mandible,

having the implant and the tooth as terminals abutments. A force was applied right at

the center of the occlusal surface of the pontic. Afterwards, a pontic were removed

and the distance between abutments were reduced, in order to investigate if there

would be a lower dissipation of vibration over natural abutment. The results showed

occurrence of vibration, and it lasted a longer over tooth on the three-unit prosthesis.

Resonance occurred more intensively on the smaller prosthesis. The conclusions are

that vibration occurred on the tooth-implant prostheses digital 3D model, it remained

longer over tooth when abutments got closer. According to results and evidence in

literature, it could be a possible cause of the dental intrusion phenomenon.

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KEY WORDS Dynamic load, finite element, finite element method, implant, implant

supported prosthesis, intrusion, prosthesis, resonance, stress, tooth, tooth-implant connection, tooth-implant supported fixed prosthesis, vibration.

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LISTA DE FIGURAS

1 - Qualidades dos tipos de osso...................................................................... 50

2 - Modelo da PFIDS em resina acrílica............................................................ 61

3 - Posicionamento das hastes de grafite......................................................... 62

4 A - Calibrador de cortes..................................................................................... 63

4 B - Modelo montado sobre o aparelho.............................................................. 63

5 A - Calibrador preso ao cortador de gesso........................................................ 63

5 B - Macrômetro do calibrador............................................................................ 63

6 - Cortes digitalizados: exemplos 1, 2, 5, 7 e 11............................................. 64

7 - PFIDS de quatro elementos........................................................................ 65

8 - 1º pré-molar inferior direito........................................................................... 65

9 - PFIDS de quatro elementos......................................................................... 66

10- PFIDS de quatro elementos com estrutura metálica interna....................... 56

11 A - PFIDS de três elementos com segmento ósseo.......................................... 67

11 B - PFIDS de quatro elementos com segmento ósseo...................................... 67

12 - Malha da PFIDS de quatro elementos......................................................... 68

13 - Aplicação da carga na PFIDS de quatro elementos com restrição.............. 72

14 - Aplicação da carga na PFIDS de três elementos com restrição.................. 72

15 - Tensão na PFIDS de três elementos........................................................... 74

16 - Tensão na PFIDS de quatro elementos....................................................... 45

17 - Deslocamentos (mm) da PFIDS de três elementos após aplicação de

carga de 1N..................................................................................................

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18 - Deslocamentos (mm) da PFIDS de quatro elementos após aplicação de

carga de 1N..................................................................................................

77

19 - Pontos de coleta de dados da PFIDS de três elementos............................ 78

20 - Pontos de coleta de dados da PFIDS de quatro elementos........................ 78

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Propriedades mecânicas dos materiais................................................ 47 TABELA 2 Medidas médias do primeiro pré-molar inferior.................................... 49 TABELA 3 Propriedades dos materiais do estudo................................................. 71

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GRÁFICO

1 Deslocamento versus tempo das duas PFIDS................................................... 79

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

PFIDS Prótese Fixa Implanto-Dento-Suportada

IMZ Intra Mobil Zylinder

MEF Método de Elementos Finitos

MEF 2D Método de Elementos Finitos em Duas Dimensões

MEF 3D Método de Elementos Finitos em Três Dimensões

MPa Megapascal

E Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young

v Coeficiente de Poisson

σ Tensão

∈ Deformação

η Coeficiente de Amortecimento

∆l Aumento em comprimento

A Área transversa

l0 Comprimento original

D Energia dissipada por unidade de volume

U Energia elástica por unidade de volume

P Carga ou força aplicada

N Newton

N/mm2 Newton por milímetro ao quadrado

µs milisegundo

Ncm Newton Centímetro

µm Micrômetro

lbs/pol2 Libras por polegada quadrada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 16 2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................. 19

2.1 Prótese fixa implanto-dento-suportada (PFIDS)....................................... 19 2.2 Intrusão..................................................................................................... 29 2.3 Modelo de Elementos Finitos (MEF)......................................................... 41

2.3.1 Definição de MEF.......................................................................... 41 2.3.2 Implantodontia e o MEF................................................................. 42 2.3.3 Propriedades mecânicas dos materiais e características da

estruturas envolvidas..................................................................... 48 2.4 Forças oclusais......................................................................................... 53

3 PROPOSIÇÃO................................................................................................... 58 4 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 59

4.1 Objeto de estudo....................................................................................... 59 4.2 Obtenção do modelo digitalizado.............................................................. 61 4.3 Ajuste do modelo matemático................................................................... 68 4.4 Definição dos testes.................................................................................. 70

5 RESULTADOS................................................................................................... 74 6 DISCUSSÃO...................................................................................................... 80 7 CONCLUSÓES.................................................................................................. 89 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 90

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1 INTRODUÇÃO

O fenômeno da intrusão dental das próteses fixas implanto-dento-suportadas

(PFIDS) tem sido motivo de grande preocupação. Um dos primeiros relatos foi feito

por Cho e Chee em 1992, quando o problema ocorreu em um pilar intermediário.

Rieder e Parel (1993) fizeram um levantamento entre profissionais e verificaram que

a intrusão era um problema freqüente, que poderia acontecer em qualquer região de

ambos os arcos dentários e não havia evidências que correlacionassem esse

fenômeno com qualquer tipo de planejamento protético.

Em 1998, Garcia e Oesterle verificaram que a intrusão ainda era um problema

às respostas obtidas em um levantamento realizado entre os membros da Academia

de Osseointegração, nos Estados Unidos, onde constataram que 44% deles já

vivenciaram casos de intrusão dental. Enquanto Block et al. (2002) observaram uma

elevada taxa de intrusão, chegando a 66% dos casos, durante um acompanhamento

de cinco anos de 30 próteses combinadas.

Inicialmente, o protocolo original de Brånemark, Zarb e Albrektsson (1985)

preconizava o isolamento dos implantes em próteses totalmente implanto-

suportadas. O motivo principal para tal recomendação era a presença de ligamento

periodontal nos elementos naturais, conferindo-lhes uma mobilidade inexistente nos

implantes. Além do isolamento, foi recomendado o uso de material resiliente na

superfície oclusal, para melhor absorção das cargas oclusais e um planejamento no

qual se pudesse remover e refazer a prótese, sem comprometimento dos implantes.

As PFIDS tornaram-se populares em meados dos anos 80, (POW, WAT,

CHOW; 2000), assim como o emprego da metalocerâmica e a eliminação do acesso

ao parafuso de fixação da prótese (SHEETS, EARTHMAN, 1997). Porém, essa

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combinação entre dente e implante tem sido motivo de grande debate na

implantodontia, conforme Stauts (1997), Fugazzotto, et al. (1999), Becker et al.

(2000), Hosny et al. (2000), entre outros.

Apesar de toda a polêmica, é quase um consenso não planejar esse tipo de

prótese como primeira escolha. Vários autores, entre eles Ingber (1997), Clepper

(1997) e Pow, Wat e Chow (2000), admitiram ser difícil não adotá-la em algumas

situações. A falta de espaço para fixação de mais implantes, perda de um implante,

falha do enxerto ósseo, anatomia desfavorável e qualidade óssea são alguns dos

motivos mais citados.

Depois da identificação do fenômeno da intrusão dental, várias teorias foram

propostas na tentativa de explicá-lo; porém, Sheets e Earthman (em 1993, e

novamente em 1997) alegaram a ocorrência de ondas vibratórias como a causa

mais provável. De acordo com esses autores, ondas vibratórias seriam formadas em

decorrência das forças oclusais, como conseqüência da maior rigidez das próteses

sobre os implantes. Por causa dessa rigidez, essas próteses seriam conservadoras

de energia, pois sofreriam deformação predominantemente elástica e pouca

deformação plástica. Parte dessas ondas seria absorvida pelo dente suporte, por

causa de suas propriedades físicas, mas a outra parte chegaria ao periodonto, o que

levaria à ativação dos osteoclastos, resultando então na intrusão dental.

Em contrapartida, Schulemberger, Bowley e Maze (1998) afirmaram que a

causa da intrusão estaria ainda desconhecida e parecia surgir como conseqüências

de vários fatores. Taylor, Agar e Vogiatzi (2000) concluíram que esse problema seria

ainda foco de muitos estudos e por muito tempo, visto que havia poucos estudos

experimentais descritos na literatura no sentido de explicar tal fenômeno.

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Segundo Naert et al. (1992), a distância entre pilares em uma prótese

combinada mostrou-se relevante, após uma extensa avaliação longitudinal, que

revelou grande sucesso, quando o tipo de conector usado era rígido e o vão do

pôntico era longo, e quando esse fosse curto, o conector era do tipo semi-rígido. Em

virtude de toda a controvérsia, se faz necessário verificar a ocorrência das ondas

vibratórias e analisá-las, bem como a influência da extensão do vão protético.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura foi dividida em quatro partes. A primeira aborda as

próteses fixas implanto-dento-suportadas, a controvérsia da literatura quanto ao seu

uso e indicação. A segunda concentra-se nos casos de intrusão dental e as

diferentes teorias propostas para explicar o fenômeno. A terceira enfoca a

metodologia adotada, o Método de Elementos Finitos em três Dimensões (MEF 3D),

com as propriedades e características das estruturas envolvidas e, finalmente a

última, as forças oclusais.

2.1 PRÓTESE FIXA IMPLANTO-DENTO-SUPORTADA (PFIDS)

Skalak (1983) postulou que não haveria movimentação do implante devida à

relação íntima do titânio com o osso, em nível Angstrom, após a cicatrização.

Segundo o autor, em próteses implanto-suportadas, as estruturas formariam uma

unidade que distribuiria a carga, dependente da relativa dureza dos membros

envolvidos. Uma análise biomecânica completa deveria levar em conta a curvatura

do arco, as deformações da prótese fixa, bem como as forças de torção e

flexibilidade. A distribuição da carga lateral e vertical dependeria do número, arranjo

e rigidez dos implantes, assim como a forma, dureza e geometria da prótese por si

só. Uma prótese rígida iria distribuir as cargas aos vários implantes de forma mais

efetiva. Uma prótese flexível seria adequada se cada implante por si só fosse capaz

de suportar toda carga aplicada. Quando uma prótese parcial rígida fosse assentada

sobre vários implantes, uma estimativa simplificada da carga horizontal e vertical sob

cada parafuso deveria ser de Fmax=2P/N, sendo que Fmax seria igual à força

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máxima, P seria a força horizontal ou vertical em Newtons e N o número de

implantes da prótese fixa. Se houvesse cantiléver, as cargas sobre o implante

poderiam ser iguais ou até maiores do que a carga aplicada P. Em casos extremos,

a carga máxima por implante deveria ser de uma a duas vezes a carga aplicada P.

Uma ação absorvedora de choque seria garantida com resina acrílica, diminuindo a

força do pico e aumentando a duração para absorção do impacto.

Brånemark, Zarb e Albrektsson (1985) avaliaram os aspectos biomecânicos

da combinação entre dentes e implantes. Eles concluíram que a boa distribuição da

carga entre os elementos de suporte era essencial, do contrário o implante poderia

ser sobrecarregado ou até mesmo falhar. Os autores ressaltaram que a presença do

ligamento periodontal nos dentes promoveria um comportamento diferente do

implante, o qual estava rigidamente ancorado ao osso. Por essa causa, a

distribuição de forças aplicadas sobre as PFIDS dependeriam da geometria das

estruturas de suporte e a flexibilidade da prótese interferiria na dissipação de cargas.

Os autores também aconselharam o uso de materiais absorvedores de choque,

como as resinas acrílicas, promovendo assim a diminuição de esforços sobre os

implantes. No entanto, deveria sempre ser buscado o isolamento dos implantes, por

causa da previsibilidade, garantindo um maior sucesso.

Os desempenhos de próteses totalmente implanto-suportadas e próteses

combinando dentes e implantes foram comparados durante dois anos por Astrand et

al. (1991). Os aspectos referentes à estabilidade, ausência de mobilidade detectável

e integridade dos implantes, tiveram especial atenção. Vinte e três pacientes Classe

I de Kennedy mandibular receberam de um lado do arco próteses completamente

implanto-suportadas, e do outro foram confeccionadas PFIDS. Foram empregadas

conexões de precisão do tipo parafusada, que promovia uma união rígida entre

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dente e implante. O arco antagonista era restaurado com próteses totais removíveis

com oclusão balanceada bilateral. Nesse estudo, não houve qualquer indício de

desvantagem em unir dente e implante, sendo as falhas de osseointegração,

semelhantes nos dois tipos de próteses.

A flexibilidade do sistema Brånemark foi avaliada por Rangert, Gunne e

Sullivan em 1991. Verificou-se a presença de uma flexão entre o implante e o

intermediário e, novamente, entre este e o cilindro de ouro, sob forças não axiais,

que poderiam levar a fraturas, se essas forças fossem da ordem de 120Ncm. O

afrouxamento do parafuso poderia ocorrer quando a força fosse entre 50 e 60Ncm.

O implante deveria apresentar uma capacidade máxima de carga na junção

parafusada, prevenindo falhas e, ao mesmo tempo, permitindo um grau de flexão.

Uma PFIDS com pilares distantes a 16mm seria suficiente para distribuir as cargas

oclusais igualitariamente, uma vez que o osso também teria uma flexão de mesma

magnitude. Desta forma o sistema da prótese teria um comportamento favorável sob

os aspectos biomecânicos.

A diferença do comportamento biomecânico entre dente e implante poderia

favorecer o surgimento de diversas complicações, numa prótese suportada por

ambos, decorrente da maior mobilidade do elemento natural, conforme uma

avaliação in vitro de Breeding et al. (1991). Poderia ocorrer a perda do dente ou do

implante; deterioração do cimento, no caso de próteses cimentadas; afrouxamento,

fratura ou perda de parafusos em de caso próteses parafusadas; fadiga dos pilares

da prótese; maior reabsorção óssea circundante ao implante ou mesmo

comprometimento da osseointegração.

As reações dos tecidos periodontais que circundam implantes e dentes

quando pilares de uma PFIDS, foram avaliadas por Klinge (1991). O autor verificou

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que diferentes mecanismos de conexão podiam resultar em variadas taxas de

destruição, principalmente se esses pilares estivessem imobilizados por um conector

rígido. Os resultados sugeriram que a infecção bacteriana desenvolveu-se mais

lentamente no tecido marginal ao redor do implante; contudo, nesse local, a

interrupção da doença seria mais difícil em função de problemas de tratamento da

superfície do implante. Quando próteses suportadas por esses implantes foram

combinadas com dentes naturais, o periodonto do dente foi afetado, tendo em vista

a maior rigidez do primeiro, tornando-se relativamente imóvel e contrastando com a

mobilidade do elemento natural. Segundo o autor essa união apresentou alguns

problemas, os quais ainda não foram totalmente esclarecidos. Entretanto, pareceu

claro para ele que havia uma maior vulnerabilidade do ligamento periodontal em

dentes que suportavam próteses combinadas.

Conectores rígidos e semi-rígidos utilizados entre dentes e implantes foram

avaliados quanto a sua eficiência por Naert et al. (1992). A amostragem consistia de

146 pacientes, com 509 implantes Brånemark e 217 PFIDS. Um conector rígido sem

nenhum grau de mobilidade foi empregado em pacientes classes I e II de Kennedy,

quando somente um implante pôde ser colocado em posição distal ao dente

remanescente. Um conector não rígido com um grau de mobilidade, permitindo

deslocamento vertical, foi instalado para compensar a movimentação fisiológica do

dente sob força oclusal. Os resultados do estudo demonstraram que a perda óssea

marginal ao redor dos implantes não apresentou diferenças quando vários modos de

conexão foram comparados. Dentes com o periodonto saudável, mas com suporte

ósseo reduzido, conduziram a um aumento de mobilidade, e quando unidos a

implantes, poderiam funcionar como um cantiléver, tendo o implante como suporte.

Segundo os autores, devido à ausência de ligamento periodontal ao redor do

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implante para absorção de choque, o uso de porcelana como material oclusal nas

próteses mostrou-se aceitável, oferecendo melhor estética e longevidade. Por causa

das diferenças nas características de mobilidade, as próteses totalmente implanto-

suportadas estariam mais bem indicadas, desde que fosse possível. Entretanto,

nenhuma degeneração foi detectada pelos autores nos dentes naturais, quando os

mesmos estavam conectados a implantes, num estudo longitudinal de dois anos. A

união entre dentes e implantes deveria estar baseada em um bom planejamento,

localização, número de fixações e estado periodontal dos elementos naturais

remanescentes.

De acordo com Amet (1993), a colocação de implantes e a união dos mesmos

com dentes saudáveis, suportando uma prótese fixa, seria uma boa alternativa para

tratamento. O autor propõe um protocolo de união entre dentes e implantes, com os

componentes disponíveis até então, além de mostrar como planejar as PFIDS de

forma que fosse possível desmontá-las para manutenção. Paralelamente, descreveu

uma forma de substituir dentes por implantes, em caso de perda dos pilares naturais,

refazer todo o trabalho sem a perda dos implantes originais. Tais procedimentos se

justificariam pelo fato de que as próteses parciais removíveis, de extremidade livre,

seriam freqüentemente insatisfatórias para o paciente. Entretanto, fracassos

poderiam acontecer em próteses fixas extensas, tais como fraturas de raiz, cárie e

doença periodontal.

No “Current Issues Fórum” (1997) foram expressas as opiniões de quatro

autores a respeito das PFIDS (CLEPPER; INGBERG; JANSEN; STAUTS, 1997).

Clepper reconheceu que problemas poderiam surgir com o advento da união dente-

implante, mas considerou que essa deveria ser uma boa alternativa como forma de

reabilitação oral. Ingberg destacou a falta de clareza na literatura sobre o assunto.

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Ele sempre evitou essa união por considerar o dente, nesse caso, como um pôntico

vivo. Quando realizava este tipo de união, ele costumava adotar o conector fresado

com parafuso transverso como conector, a fim de permitir um alívio de tensões por

meio de flexões e prevenir migração dental. Foram feitas algumas recomendações

como controlar fatores oclusais, incluir um número suficiente de implantes e dentes,

usar implantes largos, direcionar a força oclusal no longo eixo do implante e evitar

contatos excêntricos. Jansen não recomendaria a união, porém reconheceu que às

vezes seria muito difícil não adotá-la. Citou exemplos como perda de implante, falta

de espaço para mais implantes, impossibilidades anatômicas, entre outras. Afirmou

ainda que na maioria dos casos em que ocorreu intrusão dental, o profissional tinha

pouca experiência, com menos de dez casos executados. Finalmente, Stauts não

recomendou a união, pois haveria mais fatores negativos que positivos. Afirmou

ainda ter testemunhado casos de intrusão com todos os tipos de conectores, e se

fosse imprescindível, o faria usando conector fresado com parafuso transverso, com

vão protético superior a 10mm, além de escolher dentes hígidos como pilar.

O efeito da diferença de mobilidade entre dente e implante na distribuição de

força, e o momento de flexão sob cargas oclusais em prótese implanto-dento-

suportadas, foram analisados por Kayacan, Ballarini e Mullen (1997). As diferenças

observadas pelos autores nas mobilidades rotacionais da prótese no implante e no

dente afetaram o momento de flexão nesses elementos, sendo que a alta mobilidade

rotacional conduziu a momentos de curvatura menor. Diferenças na mobilidade

vertical não produziriam sobrecargas excessivas no implante, caso a mobilidade

rotacional da prótese sobre o suporte fosse maior. O momento de força sobre o

implante foi minimizado quando os suportes tiveram mobilidade semelhante,

diminuindo o efeito cantiléver, justificando, desta forma, o uso de elementos

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intramóveis, tais como parafusos flexíveis ou qualquer outra conexão entre prótese-

implante-osso, que oferecesse maior flexibilidade ao implante. PFIDS com cantiléver

deveriam ser evitadas, uma vez que estariam associadas a momentos de flexão

altos e/ou a forças de extração nos pilares. Quando o osso fosse inadequado para

colocação de implantes adicionais e o cantiléver fosse essencial, este devia ser

suportado por pequenos implantes, com a finalidade de retenção dos movimentos

verticais.

Lindh et al. (1997) afirmaram que uma prótese parcial suportada por dente

natural e por um implante unitário era um tratamento clinicamente bem-sucedido

para desdentados parciais na mandíbula. Os autores observaram que, geralmente, o

seio maxilar, o nervo mandibular e a reabsorção óssea em áreas edentadas

posteriores impediam a colocação de implantes isolados. Juntamente com esse

comportamento, experimentos in vitro revelaram uma flexibilidade entre os

componentes parafusados do implante, uma flexibilidade semelhante à mobilidade

fisiológica do dente, favorecendo uma união entre dente e implante. Uma conexão

rígida poderia ser utilizada nesse caso, proporcionando proteção adequada ao

parafuso do implante e diminuindo o risco de perda ou quebra diante de cargas

fisiológicas. Além disso, mesmo próteses fixas rígidas demonstraram momento de

flexão sob força de mordida, bem abaixo dos limites de carga aceitáveis pelos

componentes mecânicos, evidenciando ser desnecessária a incorporação de

elementos intramóveis dentro do implante.

Foi descrito por Pesun et al. (1999) que a mobilidade fisiológica dos dentes

naturais com periodonto intacto seria da ordem de 50 a 200µm, enquanto que os

implantes teriam cerca de 10µm. Os autores fizeram um estudo com 30 cães

mestiços avaliando o tecido periodontal após carga funcional em PFIDS por até 24

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meses. Foram reconhecidas as limitações inerentes aos experimentos com esse tipo

de animal por causa das diferenças da cicatrização, carga e dinâmica oclusal com os

humanos. O quadro histológico das amostras revelou mínima quantidade de células

inflamatórias, crista óssea saudável e fibras periodontais indicando mínima

remodelação. Os autores concluíram que, após minuciosa análise oclusal, dente e

implante podem ser combinados no planejamento de prótese fixa.

Um acompanhamento por até 14 anos de PFIDS e de próteses fixas sobre

implantes com extremidade livre, em um mesmo arco, de 18 pacientes, foi realizado

por Hosny et al. (2000). As PFIDS consistiam de 30 implantes unidos a 30 dentes,

sendo que 18 próteses de extremidade livre eram suportadas por 48 implantes. Esse

estudo revelou serem viável ambos os desenhos, pois não houve nenhuma falha ou

perda óssea diferenciada entre os implantes, que estavam dentro daquelas

relatadas na literatura. O autor, porém, reconhece no seu trabalho que a

amostragem era pequena.

Pow, Wat e Chow (2000) propuseram um novo sistema de união dente-

implante em próteses fixas, baseado num modelo desmontável indicado para

aqueles casos inevitáveis. Enfatizou que a passividade de assentamento das PFIDS

deveria ser assegurada, o que estaria garantido com o sistema proposto. Apesar das

desvantagens já relatadas na literatura, a combinação entre dentes e implantes

evitaria o cantiléver.

Lindh et al. (2001a) fizeram um estudo retrospectivo em cinco clínicas suecas

com o objetivo de investigar o sucesso das PFIDS. Foram avaliados 26 pacientes

edentados posteriores na mandíbula, reabilitados de um lado com prótese sobre

implantes, e do outro com PFIDS. Todas as próteses tinham antagonistas, 80% dos

pacientes não tinham parafunção e a perda óssea foi verificada periodicamente com

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radiografias. Os autores verificaram que a intrusão dentária foi o problema mais sério

ocorrido, e só aconteceu com conexão semi-rígida. As conclusões chegadas foram:

as PFIDS estão bem fundamentadas na literatura; essas próteses seriam igualmente

previsíveis no que se refere à sobrevivência dos implantes e perda óssea marginal

no sistema Brånemark; a região do molar inferior seria o local de escolha dessas

próteses; forças axiais não afetariam o nível de perda óssea dos implantes; deve-se

adotar formas rígidas de conectores entre dente e implante.

Lindh et al. (2001b) afirmaram que a combinação entre dentes e implantes

deveria ser considerada como alternativa de tratamento. O autor mostrou um estudo

longitudinal em que 26 indivíduos foram reabilitados, de um lado do arco, com

prótese implanto-suportada, e do outro, com PFIDS. Os resultados mostraram que o

índice de falhas entre os dois tipos de prótese era similar, a perda óssea foi

estatisticamente maior, apesar de pequena, nas do tipo totalmente implanto-

suportadas, e, finalmente, não houve qualquer caso de intrusão dental durante o

período da avaliação.

Cento e vinte e três pacientes tratados com PFIDS, acompanhados entre 18

meses a 15 anos, foram selecionados randomicamente e investigados por Naert et

al. (2001a). A amostragem consistia de um total 339 implantes conectados a 313

dentes e outros 329 implantes unidos entre si por próteses parciais com extremidade

livre. Os autores analisaram os aspectos clínicos e radiográficos, e então publicaram

separadamente como partes I e II. A primeira parte, onde se abordaram os aspectos

clínicos, revelou que os princípios básicos de uma boa oclusão estavam respeitados

em todos os casos. Falhas ocorreram em dez implantes das PFIDS e somente um

em prótese totalmente implanto-suportada. Aconteceram duas fraturas dentais, três

perdas de dente por periodontite, 11 com lesão periapical e nove casos de intrusão

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dental. Os autores concluíram que, apesar de não haver diferenças estatisticamente

significativas, houve um número maior de insucessos nas PFIDS e, como

conseqüência desse fato, as próteses totalmente implanto-suportadas deveriam ter

prioridade.

Na segunda avaliação, Naert et al. (2001b) foram analisados os aspectos

radiográficos desses mesmos pacientes. Verificou-se que houve perda óssea nos

implantes três vezes maior nos casos de conexão rígida entre dente e implante, se

comparados com as próteses com extremidade livre ou conexão não rígida. Os

autores sugerem que as forças de envergadura têm um papel primordial na etiologia

dos insucessos e, finalmente, baseados nesses estudos, afirmaram que as PFIDS

deveriam ser evitadas, optando-se sempre por próteses com extremidade livre.

Trinta indivíduos foram reabilitados com 30 PFIDS (86 dentes unidos a 85

implantes), acompanhados por três anos e avaliados por Tangerud, Grønningsaeter

e Taylor (2002). Seus resultados não mostraram nenhum caso de insucesso

decorrente da união entre dente e implante, e a conclusão dos autores foi que essas

próteses seriam uma boa alternativa na reabilitação de arcos parcialmente

edentados.

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2.2 INTRUSÃO

No ano de 1986, Ericson et al. propuseram a associação entre dentes e

implantes, através de próteses fixas, com o objetivo de viabilizar a reabilitação oral

em indivíduos parcialmente edentados, especialmente nos casos em que houvesse

seqüela de tratamento periodontal. Dessa forma, pacientes com mobilidade dental

acentuada e poucos dentes remanescentes poderiam ser favorecidos. Os autores

citaram exemplos de casos em que houve perda de todos os pré-molares e molares,

necessitando, então, de atenção especial na reabilitação protética. Dez pacientes

entre 31 e 60 anos de idade, foram reabilitados com PFIDS, sendo seis com

conexão rígida e com conexão quatro semi-rígida. Após o tratamento periodontal

desses pacientes, eles foram acompanhados e assessorados nos aspectos

referentes à higienização, saúde periodontal e nível ósseo. Depois de três meses,

houve um caso em que ocorreu intrusão do elemento natural na ordem de 1mm do

seu assentamento na prótese. Os autores atribuíram à intrusão, produto das

diferenças biomecânicas entre dente e implante e á concentração de estresse

funcional.

Um caso clínico com intrusão dental foi publicado por Cho e Chee em 1992,

relatando uma reabilitação oral completa em ambos os arcos de um indivíduo,

restando apenas na maxila como dentes hígidos, dentes anteriores. Na mandíbula,

foi confeccionada uma prótese de 12 elementos, estendendo do primeiro molar

esquerdo ao primeiro molar direito. Ali estavam presentes o primeiro pré-molar

esquerdo, canino direito e segundo pré-molar direito. Nesse arco, os implantes

estavam distribuídos da seguinte forma: dois implantes no quadrante esquerdo,

posteriores à região dos pré-molares; dois implantes anteriores e dois posteriores

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direitos, posicionados de forma alternada com o canino e segundo pré-molar. Foram

empregadas conexões semi-rígidas fresadas na superfície distal do canino direito e

primeiro pré-molar esquerdo. A prótese era do tipo metalocerâmica, estava

parafusada sobre os implantes e assentada sobre os dentes por meio de copings

metálicos de ouro. Um acompanhamento mensal foi realizado e no quinto mês foi

observada uma discrepância no assentamento do canino direito e no segundo pré-

molar desse mesmo lado, portanto, entre implantes e conectados rigidamente aos

mesmos. Os autores afirmaram que as causas da intrusão estariam ainda

desconhecidas, principalmente pelo fato de que dessa vez o problema não estava

relacionado a um pilar terminal.

Rieder e Parel (1993) fizeram um levantamento, a partir de um questionário

entre 110 profissionais, na tentativa de entender o fenômeno da intrusão dental.

Esse questionário foi criado para determinar a influência do desenho da prótese nas

possíveis causas desse fenômeno. As 45 respostas foram divididas em dois grupos:

31 positivos para o fenômeno da intrusão dental e outros 14. Foi observado que o

índice de intrusão foi pequeno entre aqueles que fizeram mais de 100 próteses

combinadas, com uma média um pouco maior de 3%. Por outro lado, entre os

profissionais que tinham pouca experiência a taxa chegou a alarmantes 40%,

segundo os autores. Entre o grupo que sofreu intrusão, não houve preferência entre

tipo de conexão ou desenho da prótese. Na maxila, o fenômeno ocorreu em maior

intensidade nos dentes anteriores e pré-molares, enquanto no arco inferior a

incidência foi quase duas vezes mais freqüente nos pré-molares do que em qualquer

outra localidade desse arco. Não foi possível correlacionar a presença de doença

periodontal ou bruxismo com o fenômeno da intrusão dental. Esse hábito

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parafuncional estava presente na metade dos casos de intrusão e ausente na outra

metade. A maioria ocorreu no primeiro ano após a instalação da prótese.

Os autores desse estudo propuseram quatro categorias de causas de intrusão

sugeridas pelos profissionais que vivenciaram o problema. Atrofia por desuso foi a

primeira; porém, os autores contestam dizendo que estudos prévios com cortes

histológicos mostraram saúde normal do periodonto não apresentando qualquer

alteração que pudesse sugerir hipofunção. A impactação de detritos foi outra

hipótese. Ela ocorreria entre as paredes dos conectores, e assim poderiam criar um

espaço, que aumentaria gradativamente com nova impactação, entrando em um

ciclo vicioso. Memória de retorno prejudicada, terceira suposição, foi explicada como

intrusão fisiológica do dente que normalmente se assentaria no alvéolo após receber

uma carga oclusal, e seu retorno para a posição original seria dificultado pela

estrutura da prótese. Finalmente a última foi atribuída à união mecânica dos

conectores semi-rígidos, que permitiriam a movimentação do dente no sentido

apical, devido a diferenças entre o eixo de inserção do elemento natural no seu

assentamento no alvéolo e as paredes do conector, agindo assim como uma

catraca. Outra explicação, apresentada pelos profissionais que responderam o

questionário, foi a possibilidade de formação de uma ressonância harmônica na

estrutura da prótese, e essa vibração seria absorvida pelo ligamento periodontal

mais próximo, promovendo a migração apical do dente envolvido. Foi mostrado por

um desses profissionais um caso em que houve reversão da intrusão, pela simples

supressão dessa vibração. Finalmente, os autores concluíram que a causa da

intrusão dental aconteceria por vários fatores e cada caso teria sua própria

explicação.

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A partir de observações clínicas, Sheets e Earthman sugeriram em 1993 uma

hipótese para a causa de intrusão dental. Foram relatados nesse trabalho dois casos

clínicos em que os pacientes tinham hábitos parafuncionais. O primeiro descreveu

uma PFIDS com conexão rígida, onde houve intrusão dos incisivos laterais. A

prótese foi removida e verificou-se que não havia impactação alimentar entre o

coping e a prótese. Essa prótese foi novamente cimentada com um material

resiliente, objetivando a supressão de qualquer vibração da estrutura protética. Após

três semanas, foi observado que os dentes haviam retornado para seus lugares de

origem. No segundo caso clínico, houve intrusão de um molar após sete meses da

instalação da prótese. Os autores explicaram a forma de dissipação de energia

quando um corpo sólido recebesse um impacto súbito; esse corpo, então, sofreria

deformação elástica. O relativo grau de deformação plástica que um material sofre

suprime uma quantidade de energia elástica, esse montante de energia perdida

seria determinado pelo coeficiente de amortecimento, η , onde:

UDπ

η2

=

• “D” representa o total de energia dissipada por unidade de volume.

• “U” representa a energia elástica por unidade de volume.

A energia de uma onda elástica atenuaria depois de percorrer uma certa

distância, sendo que em materiais com um baixo coeficiente de perda (η ), a

distância percorrida seria muito maior. Quando uma prótese recebesse uma

percussão em um determinado ponto, ondas vibratórias chegariam até o ligamento

periodontal através da estrutura protética e do dente, porque os coeficientes de

amortecimento das ligas metálicas e implantes seriam relativamente pequenos,

ocorrendo então, pouca absorção de energia. Esse estímulo, ao chegar ao

periodonto, seria capaz de ativar osteoclastos ao redor da raiz do dente, com

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conseqüente intrusão dental. O desacoplamento do dente sob a prótese

interromperia o fluxo de vibração, cessando o processo. Se as ondas de estresse

fossem suprimidas, o dente retornaria à posição original. A necessidade de

desenvolver sistemas que possibilitam a absorção completa das ondas vibratórias foi

uma das conclusões dos autores.

Abrams (1996), no fórum intitulado “The International Forum for Continuing

Education”, afirmou ser esse um fenômeno raro, causado basicamente pela perda

do cimento provisório de fixação da prótese, devido à sua deterioração, resultando

dessa forma numa lacuna entre a parte interna da coroa e sua base de

assentamento. Assim, o acúmulo contínuo de placa bacteriana e detritos formariam

um calço, promovendo uma crescente força no sentido apical, resultando em

migração nesse sentido. Para evitar esse processo, a fixação da prótese deveria

prevenir a perda do cimento, além de um travamento adequado por parafuso.

Entretanto, próteses combinando dente e implante deveriam ser sempre evitadas.

A intrusão dental como pilar de PFIDS foi discutida por Sheets e Earthman

(1997). Os autores verificaram que a literatura considerou a intrusão como

conseqüência de múltiplos fatores, entre eles a atrofia por desuso, impactação de

detritos, memória de repercussão prejudicada e uniões mecânicas, sendo este

processo considerado irreversível. Porém, questionaram cada uma dessas

hipóteses. Segundo eles, a teoria por desuso mostrou-se inadequada, tendo em

vista que, inicialmente, uma das características marcantes era a atividade acentuada

dos osteoblastos e pouca dos osteoclastos, e com o passar do tempo, praticamente

não haveria nenhuma atividade. A literatura revelou, por meio de estudos com

macacos, um afinamento do ligamento periodontal na atrofia por desuso,

exatamente o contrário da intrusão dental, que apresentava intensa atividade dos

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osteoclastos. Outra teoria, propôs que a intrusão era causada pela impactação de

alimentos entre a prótese e o dente, forçando o último no sentido apical; porém,

esse processo deveria ocorrer também, em próteses convencionais. Foi

demonstrado que os fragmentos de alimentos apenas ocupavam o espaço vazio

formado com o desacoplamento da prótese com a intrusão do dente.

Os autores afirmaram que dentes e implantes dissipavam suas forças de

maneiras diferentes. Devido à sua rigidez, os implantes eram conservadores de

energia, tendo uma deformação predominantemente elástica, em que pouca ou

nenhuma energia era absorvida pelo implante. O dente, por sua vez, recebia o

impacto de energia, transferindo-a através de ondas de tensão para o extremo da

raiz, sendo que a maior parte da onda era difundida pelo ligamento periodontal. A

distância percorrida por essas ondas determinaria o grau de dissipações elástica e

plástica. A tensão mecânica estimulava respostas celulares em osteoblastos e

osteoclastos, resultando em intrusão dentária. Mais de 50% dos problemas

protéticos observados estavam relacionados a fatores de tensão que atuavam na

prótese, sendo que parafusos soltos e fraturados e falhas nos pilares devido à fadiga

do metal também podiam ser responsáveis pela dissipação inadequada de energia.

Se a tensão mecânica gerasse intrusão, deveria ser estabelecido um protocolo que

controlasse os fatores causais, como modificações do desenho da prótese,

lubrificantes supressores de energia, ajuste oclusal e utilização de protetores

oclusais para minimizar os efeitos parafuncionais. O uso de elementos absorvedores

de energia também deveria ser empregado, fazendo com que o dente recebesse

ondas de tensão atenuada, o que reduziria o estímulo sobre o dente e manteria o

equilíbrio de remodelação óssea, impedindo o fenômeno de intrusão. A combinação

de dentes e implantes devia ser evitada, uma vez que não existia um sistema

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aceitável que fosse capaz de reproduzir o efeito de amortecimento do ligamento

periodontal.

Chee e Cho (1997) publicaram um caso clínico de um implante unitário,

substituindo um incisivo central esquerdo, em que a fixação foi posicionada fora do

alinhamento do arco, muito em direção à face palatina. Foi instalado um conector

fresado unindo ao incisivo central direito, com o objetivo de diminuir o braço de

alavanca formado pela coroa, pois ela teve que ser posicionada mais em direção à

face vestibular para promover um alinhamento com os demais dentes. Após dois

anos, foi notado um desnivelamento entre a coroa do implante e o incisivo central. A

causa para esse desnivelamento, foi apontada como intrusão do dente suporte. A

prótese foi desmontada, o conector foi cortado e a fresa foi preenchida com resina,

transformando duas próteses completamente independentes. Após quatro meses, o

dente sofreu extrusão para uma posição mais favorável. Os autores não chegaram a

uma conclusão quanto à real causa da intrusão, apenas foi levantada a hipótese de

acúmulo de detritos entre as partes do conector. A literatura foi amplamente

debatida, mas sem chegar a um denominador comum.

Uma revisão de literatura sobre os aspectos biomecânicos da união dente e

implante em uma prótese fixa foi realizada por Pesun (1997). Foram abordadas as

diferenças de comportamentos dos implantes e dentes perante uma força oclusal.

Os primeiros teriam uma mobilidade máxima de 10µm e os elementos naturais entre

50 a 200µm, sugerindo um componente intramóvel para tal compensação, como

sistemas resilientes IMZ (Intra Mobil Zylinder). Reconheceu, porém, uma grande

desvantagem devido à necessidade de constante manutenção, por causa da alta

incidência de ruptura do componente interno resiliente. Não foram esquecidos os

possíveis problemas decorrentes da união, como fratura e afrouxamento de

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parafusos, falha dos componentes e intrusão dental. Todas as teorias sobre esse

fenômeno foram revisadas nessa publicação. A atrofia por desuso foi contestada,

tendo sido afirmado que nesse caso haveria extrusão do dente até que atingisse um

contato de estabilização antagonista, o que seria impedida pela prótese. Houve a

descrição da dissipação de energia elástica com formação de ondas vibratórias,

flexão mandibular, quando da abertura da boca, memória de retorno prejudicada,

impactação de alimentos, flexão protética e efeito catraca do conector semi-rígido. O

autor não chegou a nenhuma conclusão e observou a falta de evidências científicas

que pudesse sustentar qualquer uma delas.

Um levantamento entre os membros da Academia Americana de

Osseointegração para verificar o fenômeno da intrusão dental foi realizado por

Garcia e Oesterle (1998). Os autores abordaram as teorias das causas da intrusão

(atrofia por desuso, impactação de detritos, memória de retorno prejudicada, união

mecânica), descreveram a teoria postulada por Sheets e Earthman (1993) e

levantaram na literatura trabalhos que mostravam intrusão em todos os tipos de

conectores conhecidos. O levantamento foi feito por meio de um questionário

enviado para todos os membros da Academia, com resposta de 32,5%. Dessas

respostas, os autores verificaram que a incidência de intrusão foi em 3,5% dos

casos; estava relacionada diretamente com a experiência dos profissionais; a sua

maioria era do Sistema Brånemark, justificados por serem esses os mais populares,

mas que 44% dos profissionais já tinham vivenciado casos de intrusão. Os autores

concluíram que não houve qualquer evidência que pudesse correlacionar a intrusão

com um tipo específico de desenho de prótese ou de conector entre dente e

implante.

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Uma revisão de literatura foi realizada por Schlumberger, Bowley e Maze, em

1998, com o objetivo de apurar as possíveis causas da intrusão nas próteses

combinadas dente-implante. Verificou-se nesse trabalho que havia um grande

debate na literatura quanto à previsibilidade dessas próteses. Os autores

observaram que elas eram realizadas na sua maioria porque em algumas situações

era impossível o seu isolamento. As limitações anatômicas para fixação de mais de

um implante, perda de um implante e impossibilidade de realizações de enxertos

ósseos, eram as situações mais apontadas. Os casos de intrusão dental apareciam

em todos os tipos de união entre os pilares e foram apontadas várias causas, entre

elas: falta de passividade no assentamento da prótese; ondas vibratórias; seleções

inadequadas de dentes e pacientes; inexperiência do profissional. A conclusão

obtida dessa revisão foi que a causa da intrusão ainda era desconhecida, e parecia

acontecer por vários fatores. Apesar dos sucessos nesse tipo de prótese, ela ainda

seria imprevisível quanto à longevidade, e por isso próteses totalmente implanto-

suportadas deveriam ser a primeira escolha.

Uma pesquisa realizada por Fugazzotto et al. (1999) apresentou os resultados

de 843 casos, com sistema de implante IMZ (Intra Mobil Zylinder), reabilitados com

1.206 PFIDS. Esse sistema de implante tem a característica de possuir um

componente intermediário resiliente (entre coroa e implante) capaz de absorver

tensões, simulando então, o comportamento do ligamento periodontal. Foram

empregados 3096 conectores parafusados. Houve um acompanhamento ao longo

de 10 anos e verificou-se que ocorreram apenas nove casos de intrusão. Segundo o

autor, os elementos resilientes reduziam a diferença de movimento entre implante

rígido e dente natural, diminuindo a possibilidade de distribuição inadequada da

carga. Essa pesquisa sustentou a hipótese de que conectores parafusados em

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conjunto com um elemento resiliente podiam prevenir a intrusão do dente natural em

PFIDS. Não houve intrusão dentária em nenhuma prótese com parafuso intacto, mas

quando os parafusos foram perdidos ou fraturados, sem a devida substituição, a

migração apical do dente ficou evidente. A incidência e severidade da intrusão após

a perda do parafuso estavam relacionadas com o fator tempo. Quando essa perda

foi descoberta e reparada antes de três meses, nenhuma alteração ocorreu nos

pilares protéticos.

Um trabalho usando o Método de Elementos Finitos (MEF), realizado por

Akpinar, Anil e Parnas (2000), mostrou que a intrusão dental poderia ser prevenida

quando usado um sistema de implante que absorvesse esforços oclusais. Foi

montado um modelo matemático que consistia de um molar superior, tendo como

antagonista uma prótese sobre um implante IMZ. Por possuir um componente

intermediário intramóvel, feito de um material resiliente, esse sistema de implante foi

capaz de absorver tensões oclusais. Os autores lembraram que o fenômeno da

intrusão apareceu com o advento da união rígida entre implante e dente, o que

poderia gerar tensões, ocasionando a intrusão. O modelo matemático montado

revelou que a maioria das tensões foi absorvida pelo componente resiliente do

implante, o que não aconteceu quando o sistema era completamente rígido.

A viabilidade de tratamento de pacientes edentados parciais com prótese

combinadas foi ressaltada por Becker et al. (2000). Os autores apresentaram

alternativas de união de dentes a implantes em próteses fixas. Ressaltaram que

ambos apresentariam diferentes padrões de movimentação, que seria de 50 a

200µm para o dente e somente 10µm para o implante. Tal diferença poderia

supostamente contra-indicar a união; porém, a adoção de planejamentos

apropriados viabilizaria um comportamento biomecânico satisfatório das PFIDS,

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contribuindo para o sucesso dos trabalhos reabilitadores. A possibilidade de

ocorrência de intrusão dental foi levantada; entretanto, poderia ser minimizada se a

conexão fosse feita a dois dentes rigidamente unidos entre si. E se deveria adotar

conectores de precisão com parafusos transversos, no lugar dos fresados de

semiprecisão; no entanto, isto acarretaria um aumento de custo laboratorial e

haveria sempre a possibilidade da perda do parafuso de travamento, resultando em

intrusão.

Uma avaliação da evolução da implantodontia nas duas últimas décadas do

século XX foi realizada por Taylor, Agar e Vogiatzi. (2000). Foram enaltecidas as

possibilidades de reabilitação proporcionadas pelos implantes, e o significado delas

para a odontologia. As perspectivas para o futuro também foram traçadas,

objetivando direcionar o foco das atenções para as limitações ainda presentes,

acarretando em maiores estudos. Os autores abordaram os mais diversos aspectos

das próteses sobre implante, como material restaurador da superfície oclusal, que

primeiramente tinha a resina acrílica como única opção por sua maior maciez. Além

desse, outros aspectos também foram discutidos, como a passividade de

assentamento da prótese, prótese parafusada versus prótese cimentada, número de

implantes para uma determinada prótese e forças oclusais sobre os implantes.

Quanto às forças oclusais, se verificou a inexistência, até aquele momento, de qualquer

trabalho in vivo que medisse a intensidade do contato oclusal sobre implantes durante a

mastigação. A combinação de dentes e implantes numa mesma prótese também foi

extensivamente discutida. Foram realçadas a possibilidade da ocorrência de intrusão

dental e a falta de previsibilidade dessa reabilitação. Os autores afirmaram que a real

etiologia do fenômeno ainda era desconhecida, assim como havia uma carência de

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evidências experimentais que dessem suporte a qualquer teoria, e por isso essa

seria uma área ainda sob o foco das pesquisas.

Um grupo de 30 pessoas foi tratado com PFIDS para um estudo de Block et

al. (2002), a fim de se avaliar qual o melhor tipo de conexão entre dentes e

implantes, uma vez que a literatura não seria conclusiva no tipo de união a ser

adotada nesses casos. Todos os pacientes receberam um implante em cada lado do

arco inferior e uma prótese de três elementos unindo a um dente, com conexão

rígida de um lado e semi-rígida do outro. O objetivo principal da pesquisa era avaliar

e comparar o grau de perda óssea nos implantes com os dois tipos de conexão. Dos

resultados obtidos, os autores concluíram que não houve diferença significativa

entre as duas formas de união para essa avaliação. Porém, dos pacientes que

receberam conexão semi-rígida, 66% apresentaram intrusão dental passível de

medição, enquanto que a incidência nas rígidas foi 44%. Os autores atribuíram

esses resultados à falta de passividade no assentamento das próteses, que de

alguma forma gerava tensões, levando à migração dental.

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2.3 MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS (MEF)

2.3.1 Definição de MEF

Reddy (1993) definiu o Método de Elementos Finitos (MEF) como uma

poderosa ferramenta matemática capaz de simular situações e, conseqüentemente,

encontrar soluções nas mais diversas áreas. Pela definição do autor, todo fenômeno

da natureza, seja biológico, geológico, ou mecânico, poderia ser compreendido com

o auxílio das leis da física.

A determinação da distribuição das tensões da pressão sangüínea com as mais variadas formas de vasos e resistências sujeitas às variações mecânicas, térmicas e/ou aerodinâmicas, assim como encontrar a concentração de poluentes no mar ou na atmosfera e simular condições climáticas, na tentativa de compreender e prever as formações de tornados e tempestades, são alguns exemplos entre muitos problemas. (REDDY, 1993, p.3, tradução nossa).

Seguindo na análise, a formulação matemática dos fenômenos físicos e a

análise numérica dos modelos matemáticos seriam duas tarefas em que se deveria

manter em foco os estudos desses fenômenos.

Conforme Gallagher (1975), o MEF de Duas Dimensões (MEF 2D) seria um

método válido, para análise do comportamento de estruturas planas, com formas

regulares e de pouca espessura. A representação gráfica da malha numérica se

limitaria a dois eixos vetoriais, x e y. Sendo assim, a avaliação de tensão,

deformação e estado de deslocamento poderia ser mais facilmente conseguida e

compreendida nesse modelo mais simples. Entretanto, compensações precisariam

ser feitas para enquadrar o comportamento do corpo em duas dimensões,

distanciando um pouco da realidade. O MEF de Três Dimensões (MEF 3D) seria

mais adotado para análises de corpos sólidos assimétricos, empregando

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basicamente, elementos tetraédricos e hexaédricos, com um sistema de

coordenadas com três eixos vetoriais, x, y e z.

2.3.2 Implantodontia e o MEF

Uma comparação entre tensão estrutural das PFIDS com conexão rígida e

semi-rígida foi avaliada por Misch e Ismail (1993) pelo MEF 3D. Foi escolhido o

tridimensional por ser mais preciso e fornecer valores mais reais, tanto qualitativos

quanto quantitativos, segundo os autores. O modelo consistia de 950 elementos

tetraédricos e hexaédricos, com um total de 1.110 nós. O osso foi considerado como

uma estrutura completamente homogênea, tendo um único valor para o módulo de

elasticidade. Uma força estática de 2,27 Kg foi aplicada sobre cada unidade da

ponte fixa resultando na soma de 6,8 Kg. Os resultados tiveram uma avaliação

qualitativa e mostraram uma mínima diferença entre as duas conexões, apesar de

que os picos de tensões máximos foram ligeiramente maiores na união rígida.

Conforme Baiamonte et al. (1996), o MEF sempre foi usado para diversos

estudos, tendo a análise qualitativa como centro das investigações. As análises

quantitativas sempre ficaram à margem da interpretação; sendo assim, os valores

quanto à magnitude dos deslocamentos e tensões eram apenas indicativos de suas

localizações. Diante disso, os autores montaram um estudo experimental com seis

implantes numa mandíbula de um macaco (Macaca mulata) e compararam os

resultados obtidos com MEF 3D, abordando os aspectos quantitativos. O

experimento com o animal foi realizado da seguinte forma: os seis implantes foram

fixados na mandíbula, aguardados dois anos para osseointegração; o animal foi

sacrificado, a mandíbula foi dessecada e congelada após três horas da morte. Uma

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força conhecida foi aplicada, forçando um afastamento entre os implantes, e os

resultados referentes ao deslocamento linear e angular foram medidos a cada

mudança da força. As medições foram feitas em duas posições ao longo do

comprimento de cada pilar. A magnitude das forças foram registradas por meio de

dois dispositivos elétricos cimentados nos braços dos expansores. Esses

dispositivos eram recalibrados a cada medição, e os deslocamentos medidos

através de um microscópio com precisão de ±2 mícrons. Após a realização desse

estudo experimental, uma análise do mesmo caso foi feita através do MEF 3D. Os

autores procuraram interpretar quantitativamente o deslocamento linear e angular

promovido pela ação da força. Os resultados obtidos mostraram concordância entre

os dois métodos de estudo, sendo que numa simulação pelo MEF 3D, com uma

carga de 49N , módulo de elasticidade (E) de 2,2N/mm2 e Coeficiente de Poisson (v)

de 0,33, a discrepância foi de 3%; e em outra, quando apenas a carga aplicada se

alterou para 98N, a discrepância foi ainda menor, 0,8%. Ocorreram discordâncias

maiores, mas foram atribuídas a grandes desvios dos valores médios, o que teria

uma influência maior sobre os resultados. Entre as conclusões obtidas, uma delas foi

que a literatura seria capaz de fornecer valores confiáveis de módulo de elasticidade

para osso trabecular e cortical para serem usados em estudos pelo MEF 3D em

mandíbula.

Stegaroiu et al. (1998) fizeram um estudo usando o MEF 3D para avaliar a

influência do material da prótese na distribuição das tensões sobre o osso, quando

empregadas liga de ouro, porcelana ou resina numa prótese de três elementos

sobre implantes. Todos os materiais foram considerados como isotrópicos e de

elasticidade linear. Os autores adotaram valores médios para as propriedades

elásticas dos materiais, justificando que a literatura apresentava uma diversidade

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grande de números. As interfaces entre componentes foram adotadas como rígidas,

da mesma forma entre o osso e o titânio. O modelo consistia de 3.328 elementos e

com 3.846 nós. Foi aplicada uma carga de 1N ao longo do eixo do implante e

também no sentido vestíbulo-lingual, separadamente. Os resultados foram

analisados qualitativamente, verificando-se que as tensões apresentaram-se

similares nos elementos em liga de ouro e de resina. A suposta proteção da interface

osso-implante promovida pela resina não pôde ser percebida, ao passo que o

emprego de resina acrílica ou composta no lugar de ouro ou porcelana poderia

aumentar as tensões sobre o implante e osso, na ausência de estrutura metálica.

A vibração em próteses sobre implantes em diferentes tipos de qualidade

óssea foi analisada por Huang et al. (2002). O objetivo era mensurar a freqüência e

ressonância frente a impactos oclusais, uma vez que ela poderia estar relacionada

com o grau de reabsorção óssea ao redor do implante. Adotou-se o MEF 3D pela

sua capacidade de simulação numérica em corpos com formas anatômicas

complexas e propriedades físicas variadas, além da possibilidade de atingir limites

extremos difíceis de reproduzir por outros métodos. Um modelo matemático foi

confeccionado, reproduzindo um implante com um cicatrizador em um bloco ósseo.

Foram adotados os módulos de elasticidade dos diferentes tipos de osso, conforme

a classificação de Lekhlm e Zarb (1985). Para maior confiabilidade, um modelo real

foi construído com vértebra suína com as mesmas proporções do modelo

matemático. Uma série de testes in vitro foi realizada para obtenção da freqüência e

ressonância real em implantes. Os resultados foram comparados e mostraram

semelhança, com valores para o osso tipo 1 superiores aos demais, um pouco

maiores para o modelo computadorizado. Isto foi atribuído à possibilidade de os

valores do estudo in vitro estarem subestimados ou ao fato de terem sido adotadas

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todas as uniões no modelo matemático completamente unidas, com elasticidade

linear. Desse trabalho os autores concluíram que a altura e a densidade óssea

afetaram a freqüência vibratória do implante. O MEF 3D seria um método confiável

para a análise de vibração em implantes e essa vibração deveria ser considerada no

desenvolvimento de dispositivos que prevenissem qualquer falha com os implantes.

Pierrisnard et al. (2002) realizaram um estudo para avaliar a ocorrência de

micromovimentos em implantes imediatamente após sua inserção. O teste foi

realizado em três sistemas diferentes, e a metodologia eleita foi a MEF 3D. O

objetivo era avaliar a micromovimentação dos implantes quando submetidos à carga

imediata, o que contribuiria para o insucesso, pela formação de tecido fibroso sem a

desejada osseointegração. Para a realização desse estudo, os autores conceberam

todos os materiais envolvidos como isotrópicos e que reagiriam com elasticidade

linear, assim como se desconsiderou a viscoelasticidade da estrutura óssea sob

esforço oclusal. A carga oclusal aplicada foi de 500N, pois significaria o valor médio

máximo que o sistema estomatognático seria capaz de exercer sobre os dentes. O

valor adotado pelos autores para as propriedades mecânicas das estruturas

referentes ao Coeficiente de Poisson (v) foi de 0,3 para o titânio e para os três tipos

de osso esponjoso avaliados (Tipos 1, 2 e 3), enquanto que o osso cortical recebeu

0,35. Os módulos de elasticidade (E) empregados foram de 140GPa para o titânio,

14GPa para o osso cortical, 2,5GPa para o osso esponjoso Tipo 1, 1,5GPa para o

osso esponjoso Tipo 2 e 0,5GPa para o osso esponjoso Tipo 3. Os autores

justificaram o uso dos três tipos de osso por apresentarem rigidezes diferentes,

sendo que o osso Tipo I seria mais rígido, proporcionando uma maior firmeza ao

implante. Os resultados desse estudo passaram por uma análise qualitativa e

quantitativa, revelando que houve uma maior movimentação do implante padrão

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rosqueado, que chegou a 3,938 x 10-5m, enquanto no sistema com um tipo de

travamento intraósseo por lâminas a movimentação foi de 2,817 x 10-5m. Esses

resultados referem-se àqueles obtidos com osso esponjoso Tipo I, sob força

horizontal e carga de 500N. A conclusão final foi de que o sistema com um pino

transverso tem uma maior estabilidade, mas o outro com travamento por lâmina

permitiu uma maior distribuição da tensão por todo o implante.

Mennicucci et al. (2002) realizaram um estudo em uma PFIDS com três

elementos, usando o MEF 3D como método de estudo, com o objetivo de avaliar as

tensões geradas sobre o osso ao redor do implante. Os autores justificaram tal

investigação afirmando que a maioria dos trabalhos in vitro revelam uma grande

concentração de estresse ao redor do implante, próximo à região cervical, e uma

distribuição desigual do esforço oclusal, como resultado da maior mobilidade do

dente, proporcionada pelo ligamento periodontal. No entanto, os estudos in vivo não

teriam demonstrado que tal desigualdade exerceria uma ação tão deletéria para o

implante e o osso. Os autores também destacaram que a maioria dos trabalhos

anteriores omitiu a capacidade visco-elástica do ligamento periodontal, considerando

apenas sua deformação elástica sob força oclusal. Para essa investigação, os

autores montaram dois modelos, um em duas dimensões para análise qualitativa e

outro em três para análise quantitativa. A configuração da PFIDS usada nos dois

modelos era a mesma, ou seja, com um implante cilíndrico na região posterior da

mandíbula conectado rigidamente a um pré-molar por um pôntico. Todos os

materiais envolvidos no estudo foram considerados homogêneos e de

comportamento isotrópico elástico, exceto o ligamento periodontal. As propriedades

mecânicas dos materiais adotados nessa avaliação estão mostradas na Tabela 1:

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TABELA 1 PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS

FONTE: Menicucci et al. (2002).

Dois tipos de carga foram usados no estudo. Primeiramente, foi

aplicada uma força estática de 50 Kg, considerada como aquela exercida pela

musculatura na mastigação e durante o bruxismo. Num segundo momento, foi

ministrada uma carga de impacto de 50 kg por 5µs, o que seria para os autores um

valor compatível com uma mordida. Pelos resultados obtidos, eles concluíram que

as propriedades visco-elásticas do ligamento periodontal participam de maneira ativa

na preservação da integridade do sistema. Também viram que sob a ação da força

de impacto, o esforço foi distribuído de forma igualitária sobre o dente, implante e

osso. Porém, sob carga estática, houve uma maior penetração do dente no alvéolo,

fazendo com que a ponte funcionasse como uma alavanca sobre o implante,

resultando em maior tensão sobre o osso circundante.

Wang et al. (2002) realizaram um trabalho usando o MEF 3D para analisar os

efeitos dos materiais das próteses e da união rígida entre os implantes em condições

de baixa qualidade óssea. Para a confecção do modelo numérico, os autores

consideraram todos os materiais usados no modelo matemático como homogêneos,

isotrópicos e com elasticidade linear. Todas as interfaces dos modelos foram

atribuídas como sendo completamente unidas; desta forma, desprezou-se qualquer

Materiais Módulo de Elasticidade (E)

Coeficiente de Poisson (v)

Osso cortical 13.700MPa 0,30 Osso esponjoso 1.370 MPa 0,30 Mucosa 1MPa 0,37 Esmalte dental 84.100MPa 0,20 Dentina 18.600MPa 0,31 Polpa 2MPa 0,45 Titânio 103 400MPa 0,35 Liga de ouro 100 000MPa 0,30

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possível fricção entre componentes do implante; da mesma forma, assumiu-se uma

perfeita osseointegração. Como as propriedades elásticas de todas as estruturas

foram consideradas lineares, cargas estáticas de 1N foram ministradas no sentido

horizontal e vertical, ao longo do eixo do implante. Os resultados receberam uma

análise qualitativa, revelando que coroas de materiais rígidos, como porcelana,

sobre implantes unitários gerariam uma maior tensão no osso circundante de baixa

qualidade, enquanto que a união rígida com mais implantes favoreceria a dissipação

dessas tensões.

2.3.3 Propriedades mecânicas dos materiais e características das

estruturas envolvidas

De Deus (1960) realizou um levantamento topográfico de todos os dentes e

verificou que 82% dos primeiros pré-molares inferiores possuíam uma raiz com

forma oval, no sentido mésio-distal em corte transversal. Freqüentemente,

apresentava sulcos nas faces proximais dessa raiz, mais ou menos profundos no

sentido cérvico-apical. A cavidade pulpar quase sempre tinha a mesma forma

exterior do dente, tanto o conduto radicular em relação à raiz quanto a câmara em

relação à coroa. A média encontrada do comprimento total do dente foi de 21,6mm.

Schier e DuBrul (1975) descreveram o primeiro pré-molar inferior como um

dente unirradicular, com a raiz ovalada em secção transversal e um perímetro mais

circular na porção coronária em comparação a seu antagonista. A face vestibular

seria mais inclinada, de maneira que a ponta da cúspide estaria direcionada ao

centro do plano oclusal superior no sentido vestíbulo-palatino. A média das medidas

desse dente seria conforme Tabela 2:

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TABELA 2 MEDIDAS MÉDIAS DO PRIMEIRO PRÉ-MOLAR INFERIOR

FONTE: Schier e DuBrul (1975).

A determinação de uma classificação para os diversos tipos de ossos,

baseada em análise subjetiva de radiografias, foi idealizada por Lekholm e Zarb

(1985). O objetivo era facilitar a seleção do paciente e eleger os melhores sítios para

fixação dos implantes. Tal classificação diferenciava quatro tipos dos diversos

padrões de arquitetura e densidade ósseas, através de exames radiográficos (Fig.

1). O osso Tipo 1 estaria presente em quase toda mandíbula, se caracterizaria por

ser mais homogêneo e teria uma alta densidade. O osso Tipo 2 possuiria um osso

trabecular denso compreendido por uma camada cortical óssea espessa. O Tipo 3

teria a mesma constituição do anterior, diferente apenas na espessura mais fina da

cortical óssea. Finalmente, o osso Tipo 4 teria uma baixa densidade óssea envolta

por uma fina camada cortical.

Estrutura Comprimento

Diâmetro mésio-distal da coroa 6,0 – 8,0mm

Altura da coroa – face vestibular 7,5 – 11,0mm

Altura da coroa – face lingual 5,0 – 5,8mm

Tamanho do dente 18,5 – 27mm

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FIGURA 1 – Qualidades dos tipos de osso. FONTE: Lekholm e Zarb (1985, p.202).

Anusavice (1998) afirmaram que as propriedades mecânicas seriam definidas

pelas leis da mecânica, ou seja, a ciência que lida com a energia, forças e seus

efeitos sobre os corpos. Para sua compreensão, foi enfatizada a importância do

conhecimento de alguns conceitos como: tensões de deformações (Tensão de

Tração; Tensão de Compressão); deformações elásticas (Módulo de Elasticidade;

Flexibilidade; Coeficiente de Poisson); propriedades de resistência. As propriedades

mecânicas embasadas em deformações elásticas, também chamadas de

deformação reversível, foram assim definidas:

• Módulo de Elasticidade (E), também conhecido como Módulo de Young

ou Módulo Elástico; representaria a relativa rigidez de um material. Se um

material estivesse sob força de tensão de tração ou de compressão, antes

da deformação permanente, e esses valores fossem divididos pela

deformação resultante da compressão ou tração exercida, uma constante de

proporcionalidade seria obtida. Essa constante foi definida como Módulo de

Elasticidade e representada pela letra grega ΕΕ e não constituiria uma medida

de resistência de um material. Quanto mais baixa for a deformação de um

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material para uma determinada força de tensão (tração ou compressão),

maior seria o módulo de elasticidade. A unidade do Módulo de Elasticidade

seria dada pela força dividida pela área. Essa grandeza seria obtida tanto

por testes de tração quanto de compressão. Sendo assim, o cálculo para um

corpo de prova sob teste de tração seria da seguinte forma:

0lûO

AP1

DeformaçãoTensão

E =∈

==

Por definição:

1AP

Tensão ==

=∈=0lûO

Deformação

E = módulo de elasticidade

P = carga ou força aplicada

A = área transversal

� ��������� ������ ����� ���������� �����

l0 = comprimento original

• Coeficiente de Poisson: seria representado pela letra grega v e definido

como o valor absoluto da relação entre as deformações transversais e

longitudinais medidas em um eixo sob tração axial. Estaria relacionado com

a natureza e a simetria das forças de união interatômicas. Para um corpo de

material ideal isotrópico, ou seja, com as mesmas propriedades físicas em

todas as direções, que tivesse o volume constante, o Coeficiente de Poisson

seria de 0,5 (inexistente na natureza); portanto, quanto mais próximo de 0,5

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fosse o Coeficiente de Poisson de um determinado material, maiores seriam

suas características isotrópicas.

Rosenstiel, Land e Fujimoto (2001) definiram o preparo ideal para a

confecção de coroas totais em metalocerâmica. A profundidade do desgaste deveria

permitir uma espessura de porcelana tal que encobrisse completamente a cor do

metal, favorecendo a estética; por causa desse desgaste, seria o menos

conservador dos preparos. A estrutura metálica da restauração deveria permitir uma

espessura mínima de porcelana de 1,2mm, favorecendo assim a estética e

resistência, mesmo quando os contatos oclusais fossem sobre cerâmica.

Um método para determinação da arquitetura e densidade óssea através de

tomografias computadorizadas foi proposto por Shahlaie et al. (2003). A

popularização das tomografias viabilizou a proposta do estudo em traçar uma forma

mais objetiva e precisa na classificação óssea. O trabalho foi realizado em

cadáveres e foi verificado que os resultados se assemelhavam àqueles encontrados

pela avaliação subjetiva de Lekhom e Zarb (1985). No entanto, o método favoreceu

a diferenciação entre os ossos de Tipo 2 e 3.

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2.4 FORÇAS OCLUSAIS

Os efeitos das forças oclusais sobre implantes e a influência do material

restaurador da superfície mastigatória das próteses foram avaliados por Hobkirk e

Psarros (1992). A proposta desse trabalho in vivo foi verificar se a resina acrílica ou

porcelana influenciariam os picos de força alcançados durante a mastigação. A

metodologia adotada consistia de cinco indivíduos com próteses sobre implantes aos

quais foram acoplados transdutores de força e tomados registros durante a

mastigação com diferentes tipos de alimentos, ora com porcelana, ora com resina.

Entre as conclusões obtidas com os resultados, estavam que a média dos picos de

força mastigatória variava muito de indivíduo para indivíduo e não houve diferenças

significativas nesses picos com porcelana ou resina.

Weinberg (1993) fez uma avaliação das PFIDS frente às forças oclusais.

Mostrou que os sistemas de implantes permitiram uma flexão perante uma carga

oclusal. Haveria um pequeno grau de flexibilidade entre os componentes do sistema

de implante, como resultado da flexão e deformação dos parafusos de retenção e

fixação, além de movimentos entre os componentes do implante. Os possíveis tipos

de movimentação seriam o macromovimento da ordem de 0,5mm e observável

clinicamente, o micromovimento de 0,1 a 0,5mm, mais difícil de ser visto, mas

possível de ser mensurado, e finalmente o mícron-movimento, em nível angstron,

menor que 0,1mm. Devido ao macromovimento permitido pelo ligamento periodontal

dos dentes, o comportamento deles seria distinto frente às diferentes direções das

forças oclusais presentes na função oral. Os dentes teriam movimentação maior e os

implantes estariam restritos apenas à elasticidade óssea, medida em mícrons, além

da flexibilidade dos componentes. Por causa disto preconizou-se a redução da

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inclinação de cúspides, diminuição do braço de alavanca das próteses e troca

periódica dos parafusos, prevenindo afrouxamento e fraturas.

Paula (1998) fez um estudo longitudinal de nove meses, avaliando a força de

mordida com um aparelho (gnatodinamômetro) em um grupo de indivíduos dentados

naturais e os comparou com outros com diferentes características configurações de

reabilitação, próteses totais removíveis muco-suportadas e implanto-suportadas.

Pelos resultados, houve a conclusão de que a força de mordida nos dentados

naturais era superior aos demais, sendo a região de molares com a maior

intensidade e a de incisivos, menor. Observou também que os indivíduos

aumentavam a carga em próteses sobre implantes com o tempo, ao tornarem-se

mais confiantes.

Para Simon (2000), 75% da população teriam alguma patologia dental

atribuída a fatores biomecânicos. Apesar de a cárie ser o principal foco de atenção

da perda dental, a maioria delas seriam conseqüências de fatores biomecânicos. A

odontologia teria associado a parafunção apenas às dores orofaciais, ignorando os

efeitos patológicos óbvios sobre os dentes. “Apesar de os engenheiros terem

estudado e quantificado os efeitos do estresse mecânico sobre estruturas, alguns

dentistas parecem acreditar que, de alguma forma, os dentes são imunes às leis da

física.” (SIMON, 2000, p.601, tradução nossa). Segundo o autor, os corpos físicos,

incluindo os dentes, poderiam ser submetidos a três forças básicas. A primeira seria

a compressão, que corresponderia às forças aplicadas ao longo eixo do dente; a

segunda seria a tensão, definida como força direcionada entre 180° e 90° em

relação ao longo eixo do dente; finalmente, a terceira seria o cisalhamento descrito

como força aplicada perpendicularmente ao longo eixo do dente. A mandíbula e a

maxila funcionariam como alavanca Classe III, os molares receberiam muito mais

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esforços por estarem mais próximos ao fulcro e, por causa disso, seriam os

primeiros dentes a serem perdidos, por receberem forças de até 500lbs/pol2. Os

incisivos inferiores, normalmente, seriam os últimos, por estarem longe do fulcro,

recebendo uma carga máxima de 150 lbs/pol2. Foram investigados 100 indivíduos e

observou-se a presença de patologias dentais por causas biomecânicas em todos

eles. Diante desses resultados, os profissionais foram aconselhados a investigar

primeiramente a presença de um dos 12 sinais e sintomas, objetivando a prevenção

de qualquer conseqüência mais séria em decorrência de esforços oclusais

excessivos. Esses sinais e sintomas seriam: dentes sensíveis; dentes fraturados;

dentes desgastados; dentes lascados; fraturas internas (trincas); síndrome do dente

fraturado; recessão gengival; exposição radicular; abfração; movimentação dental;

dentes com mobilidade; perda dental.

Bassit, Lindström e Rangert (2002) realizaram um estudo com o objetivo de

investigar se a porcelana, no lugar da resina acrílica sobre a superfície oclusal das

próteses, poderia acarretar maiores traumas sobre os implantes. Os autores

consideraram dois fatores que tornavam essa hipótese discutível. O primeiro se

relacionava à velocidade de fechamento da mandíbula e sua massa, que poderiam

não ser suficientes para gerar qualquer choque significativo e o segundo afirmava

que qualquer diferença de elasticidade existente entre os materiais da superfície

oclusal poderia ser suprimida pela flexibilidade óssea. Os autores disseram que o

estudo in vivo foi reflexo da afirmação prévia de Taylor, Agar e Vogiatzi. (2000) – da

necessidade de uma investigação dessa natureza, por não existir qualquer outro

trabalho. Para a realização desse estudo, foram selecionados cinco indivíduos

reabilitados com implantes Brånemark. Foram selecionados os pré-molares, por

estarem numa região intermediária entre a região posterior, que tem uma maior força

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oclusal que a anterior, a qual apresenta uma maior velocidade de fechamento. Desta

forma, acreditaram ter conseguido um perfeito equilíbrio entre força muscular e

velocidade de impacto. Paralelamente, testes in vitro da mesma natureza foram

executados para posterior comparação. Para ambos os testes (in vivo e in vitro),

próteses de resina e porcelana foram confeccionadas e fixadas com um dispositivo

na interface para registrar as tensões. Objetivando assegurar que as próteses

recebessem o contato oclusal no teste intra-oral, elas foram ajustadas em supra-

oclusão, de modo que o primeiro contato ocorresse nelas durante a mastigação. Foi

pedido aos indivíduos que fizessem sucessivos movimentos de mordida. Foram

feitas duas diferentes avaliações: pico de força e tempo necessário para o alcance

desse pico. Houve uma grande variação quanto à força máxima registrada em cada

indivíduo; no entanto, não ocorreram diferenças estatisticamente significativas para

os diferentes tipos de material restaurador. Todavia, o tempo necessário para atingir

o pico máximo de força no estudo in vivo foi da ordem de 0,1 segundo em todos os

casos, sem nenhuma diferença estatística entre os tipos de prótese, enquanto que

na avaliação in vitro, esse tempo foi de 300µs, atribuído à queda livre de um peso,

sem a ação de musculatura. A conclusão obtida foi de que a resiliência dos

diferentes materiais era significativa somente nas avaliações in vitro.

McCoy (2002) estabeleceu algumas diretrizes para minimizar os efeitos

deletérios que a parafunção poderia causar aos implantes. Uma das primeiras

preocupações foi reconhecer sinais e sintomas que denunciassem a presença de tal

hábito parafuncional; segundo o autor, 30% dos indivíduos não têm consciência de

sua manifestação. As facetas de desgastes, exostoses, recessão gengival e fadiga

do material restaurador seriam os sinais mais constantes encontrados. Verificou-se

que a maioria das reabilitações com implantes poderia suportar bem as cargas

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oriundas da mastigação e deglutição, em torno de 50lb/pol2, enquanto na

parafunção, essa força poderia variar entre 500 e 1.000lb/pol2.

Preocupados com a possibilidade de os valores referentes à força de

mastigação em implantes estarem subestimados, Morneburg, Pröschel e Nat (2002)

realizaram um experimento in vivo para conferir essas forças mastigatórias. Segundo

os autores, a literatura citaria números variando de 17N a 450N, que poderiam ser

conseqüência de diferentes técnicas, envolvendo diferentes testes de mastigação,

alimentos, pacientes, dentição, configurações de transdutores e modo de avaliação

dos resultados, não havendo, portanto, uma padronização da metodologia. Diante

de tal possibilidade, foi proposto um método de medição da força mastigatória que

consistia de um dispositivo fixado diretamente sob o pilar suporte da coroa ou da

prótese parcial fixa; desta forma, todo esforço mastigatório seria registrado por estes

sensores, independentemente da localização da incidência da carga. O estudo foi

feito em nove indivíduos voluntários com próteses de três elementos suportados por

dois implantes, na região posterior dos arcos. Os resultados mostraram uma média

de 220N, com um pico máximo registrado de 450N. Paralelamente, um sensor foi

posicionado sob dois pônticos que obtiveram uma marca de 91N, o que levou os

autores a concluir que os testes desse tipo teriam registros menores que os reais.

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3 PROPOSIÇÃO

Este estudo tem os seguintes objetivos:

• Verificar a ocorrência de vibração em uma PFIDS com conexão rígida em

metalocerâmica de quatro elementos sob carga dinâmica, pelo Método de

Elementos Finitos em três dimensões (MEF 3D).

• Realizar uma análise qualitativa.

• Analisar outra PFIDS com as mesmas características, porém de três

elementos, e verificar a influência da diminuição da distância entre os pilares.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 OBJETO DE ESTUDO

As ondas vibratórias presentes nas PFIDS, apontadas por Sheets e Earthman

(1993) como provável causa da intrusão do dente pilar, são o objeto de estudo deste

trabalho. Conforme esses autores, essa vibração seria conseqüência da rigidez

promovida pelo implante, nesse tipo de reabilitação protética, o que resultaria então,

numa maior deformação elástica perante as forças oclusais. Sendo assim, o

comportamento das próteses combinadas seria diferente daqueles encontrados nas

totalmente dento-suportadas.

A distância entre pilares mostrou ser relevante no sucesso desse tipo de

reabilitação protética, como foi mostrado por Naert et al. (1992) e Sheets e Earthman

(1997). Esses autores perceberam que o índice de intrusão era maior em dentes

próximos a implantes.

Paralelamente, Cho e Chee (1992), além de Rieder e Parel (1993) notaram

que a intrusão poderia aparecer em qualquer região de ambos os arcos,

independentemente do desenho protético. A simples supressão da vibração com um

material lubrificante poderia favorecer ao realinhamento de dente na arcada

(SHEETS; EARTHMAN, 1993) ou mesmo evitar a intrusão por meio de sistemas

absorvedores de choques (FUGAZZOTTO et al., 1999; AKPINAR, ANIL, PARNAS,

2000).

Elegeu-se o método de elementos finitos como metodologia para investigar a

existência e a dinâmica das ondas vibratórias, pois como são regidas por leis da

física, são passíveis de cálculos matemáticos (REDDY, 1993). Como as estruturas

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envolvidas na avaliação são corpos sólidos, de formas complexas e assimétricas,

optou-se pelo estudo tridimensional, garantindo-se assim maior acuidade dos

resultados (GALLAGHER, 1975).

Para a realização do estudo, um modelo de prótese com quatro elementos

dentais foi digitalizado, e posteriormente, foram feitos os ajustes matemáticos. O

modelo de três elementos foi obtido pela simples remoção do segundo pré-molar por

computação gráfica, garantindo-se, assim, a constância da massa e anatomia dos

demais dentes.

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4.2 OBTENÇÃO DO MODELO DIGITALIZADO

Uma réplica de uma PFIDS em resina acrílica1 de quatro elementos, unindo

um pré-molar inferior a um implante na posição do segundo molar inferior serviu

como base inicial para a obtenção do modelo matemático (Fig. 2). A anatomia da

prótese obedeceu aos princípios propostos por Rosenstiel, Land e Fujimoto (2001),

dentro dos limites práticos, porém garantindo a validade dos resultados, por se tratar

de análise qualitativa (BAIAMONTE et al., 1996)

FIGURA. 2 – Modelo da PFIDS em resina acrílica.

1 Duralay; Reliance Dental Mfg. Co., Worth, ILL, EUA.

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Posteriormente, foi obtido um molde da prótese acrílica com silicona de

adição1, e então, vazado com gesso tipo IV2. De forma a permitir o uso de um

referencial na obtenção das imagens, três hastes de grafite3 de 0,5mm de diâmetro e

60mm de comprimento foram posicionadas no modelo perpendicularmente ao plano

oclusal, antes da presa do gesso. A primeira haste situou-se na incisal do canino, e

as outras duas distantes 15mm entre si, numa plataforma construída na região

posterior ao molar sobre o implante, antes da obtenção do molde com silicona. O

paralelismo entre as três foi conseguido com um delineador4 (Fig. 3).

FIGURA. 3 – Posicionamento das hastes de grafite.

O modelo de gesso foi fixado em um calibrador de cortes de precisão

fabricado pelo Departamento de Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade

1 Presidente; Silicona de adição; Coltène, Altstätten, Suíça. Importado por Vigodent, Rio de Janeiro

Brasil 2 Velmix; Keer Lab. Sybron Dental Specialties. Importado por Pro-dent. Poto Alegre, RS. 3 Faber Castel; São Carlos, SP, Brasil 4 Bioart, São Carlos, SP, Brasil.

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Católica de Minas Gerais (PUC-MG), que permitia uma regulagem por um

macrômetro (Fig. 4):

FIGURA. 4 – A – Calibrador de cortes; B – Modelo montado sobre o aparelho.

O aparelho foi então parafusado em um cortador de gesso1, substituindo sua

plataforma. Os cortes foram realizados a cada 1mm (Fig. 5 A), ditados pela

realização de uma volta completa do macrômetro do calibrador (Fig. 5 B):

FIGURA 5 – A – calibrador preso ao cortador de gesso; B – macrômetro do calibrador.

1 DCL – Dentária Campineira Ltda; Campinas, SP, Brasil.

A B

AA BB

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A cada desgaste, a parte do calibrador em que o modelo de gesso estava

preso era removida, posicionada sobre um digitalizador ótico1, e a superfície fatiada

digitalizada por varredura, gerando 16 arquivos de imagens bidimensionais na

dimensão de 800 x 600 pixels para cada corte (Fig. 6).

FIGURA 6 – Cortes digitalizados: exemplos 1, 2, 5, 7 e 11.

Todo o processo de confecção do modelo digitalizado, bem como a

realização dos testes, foram feitos pelo Departamento de Engenharia Mecatrônica

da PUC-MG. O programa de desenho industrial assistido por computador, CATIA2,

foi usado para montar as imagens umas sobre as outras para obtenção do modelo

tridimensional da PFIDS de quatro elementos, tendo sido confeccionada em

elementos sólidos, facilitando, assim, a modelagem em elementos finitos (Fig. 7). As

hastes de grafite permitiram uma maior precisão nessa sobreposição de imagens,

pela coincidência dos pontos criados em cada superfície desgastada:

1 HP Scanjet 2200c, Hewlett-Packard; Palo Alto, CA, EUA. 2 Dassault; Suresnes, França.

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FIGURA 7 – PFIDS de quatro elementos.

Uma figura de um primeiro pré-molar inferior direito foi digitalizada de um atlas de

anatomia bucal (SICHER, DUBRUL, 1975) obtendo-se uma imagem bidimensional (Fig.

8), e então, construído um modelo de um dente com 19mm de comprimento total,

obedecendo à proporcionalidade entre coroa e raiz. O tamanho do pré-molar foi baseado

no trabalho desses mesmos autores, além do trabalho de De Deus (1960). Como a raiz

desse dente tem formas mais regulares em comparação com a PFIDS, foi possível

modelar sua forma, usando-se apenas os recursos de computação gráfica. Por se tratar

de uma análise qualitativa o implante pôde ser cilíndrico, assim como o trabalho de

Menicucci et al. (2002), com 4mm de diâmetro e 13mm de comprimento (Fig. 9).

FIGURA 8 – 1º pré-molar inferior direito: A – face vestibular; B – face mesial; C – face lingual; D – face oclusal. FONTE: SICHER e DUBRUL (1975, p.233)

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FIGURA 9 – PFIDS de quatro elementos.

Após a conclusão do modelo digital tridimensional, foi feita uma redução de

aproximadamente 20%, por meio de computação gráfica, para a obtenção da

estrutura metálica interna de uma prótese em metalocerâmica em liga de ouro

(Fig. 10), com a devida anatomia (ROSENSTIEL; LAND; FUJIMOTO, 2001).

FIGURA 10 – PFIDS de quatro elementos com estrutura metálica interna.

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Terminada a confecção do modelo de quatro elementos, foi removido

digitalmente o pôntico referente ao segundo pré-molar com toda malha interna

metálica e da cerâmica; e, então, foi feita a aproximação dos pilares pelo mesmo

programa CATIA. Essa técnica permitiu que a anatomia e a massa dos elementos

restantes permanecessem constantes.

Por se tratar de uma análise qualitativa e serem considerada todas as

estruturas como homogêneas, lineares elásticas, além de desconsiderar as

interfaces entre osso, implante e seus componentes, o implante pôde ter forma

cilíndrica, já que os filetes presentes na estrutura foram impostos por restrições

matemáticas, quando da confecção do modelo em elementos finitos.

O segmento ósseo mandibular foi desenhado diretamente por computação

gráfica, tendo sua forma externa arbitrada, pois para este estudo não há qualquer

significância num modelo em estado plano de deformação. Os desenhos finais das

pontes de três e quatro elementos com as respectivas estruturas foram então

concluídos (Fig. 11 A e B)

FIGURA 11 – PFIDS de três elementos (A); PFIDS quatro elementos (B); ambas com segmento ósseo.

A B

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4.3 Ajuste do modelo matemático

De posse dos modelos gráficos da etapa anterior, foi usado o mesmo

programa de desenho CATIA para a geração das curvas, a partir de ajustes

matemáticos com funções de terceira ordem. Dessa forma, foi possível gerar as

superfícies que, posteriormente, foram importadas pelo programa PATRAN1,

gerando as malhas de elemento finitos de cada estrutura anatômica (dente, osso,

implante e prótese) de forma independente e impostas as condições de restrição e

de carregamentos, conforme o exemplo da PFIDS, de quatro elementos protéticos,

apresentado abaixo (Fig. 12).

FIGURA 12 – Malha da PFIDS de quatro elementos.

1 MSC Softwares; CA, EUA.

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O critério auto-adaptativo foi escolhido para a geração das malhas de cada

estrutura criada inicialmente para a superfície e, posteriormente, para a parte

interna, usando elementos tetraédricos com três graus de liberdade por nó,

totalizando 79.422 elementos e 16.300 nós, na PFIDS com quatro elementos

protéticos, sendo que para a prótese de três elementos os valores foram 101.818 e

20.433, respectivamente. Esses valores obedeceram a um critério auto-adaptativo

realizado pelo programa PATRAN1. Vale ressaltar que os graus de liberdade

correspondem aos deslocamentos possíveis dos nós dos elementos finitos

adotados.

O equipamento usado foi um computador Pentium IV de 1,7 GHz de

velocidade, 1Gb de memória RAM, 80 GB de disco rígido e 64Mb de memória de

vídeo.

1 MSC Softwares; CA, EUA.

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4.4 Definição dos testes

Buscando maior legitimidade, os valores do Módulo de Elasticidade (E) e do

coeficiente de Poisson (v) (ANUSAVICE, 1998) dos diferentes materiais envolvidos

foram colhidos de estudos semelhantes, como o de Menicucci et al. (2002). Esses

valores estão descritos na Tabela 3, excetuando-se aqueles do osso esponjoso e da

porcelana. Optou-se por empregar os valores do osso Tipo I, com maior módulo de

elasticidade (PIERRISNARD et al. 2002), por ser mais comum na mandíbula

(LEKHOLM; ZARB, 1985; SHAHLAIE et al., 2003) e apresentar maior vibração em

implante unitário, segundo estudo de Huang et al. (2002). Para a porcelana, foi o

mesmo usado por Wang et al. (2002), que fizeram um trabalho mais específico, ao

avaliar, pelo MEF 3D, o efeito do material restaurador sobre o implante.

Todos os materiais usados no modelo matemático foram considerados como

homogêneos, isotrópicos de característica linear elástica, estão relacionados na

Tabela 3 (MENICUCCI et al. 2002; PIERRISNARD et al., 2002; WANG, et al., 2002).

Todas as interfaces dos modelos foram consideradas como completamente unidas,

desconsiderando-se assim, qualquer possível fricção entre componentes do implante

e sua ancoragem no osso:

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TABELA 3 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS DO ESTUDO

FONTE: MENICUCCI et al. (2002); PIERRISNARD et al. (2002); WANG et al. (2002).

A prótese foi do tipo metalocerâmica por ser a mais usada (SHEETS,

EARTHMAN, 1997), além de não representar diferença in vivo para os implantes em

relação às resinas (BASSIT, LINDSTRÖM; RANGERT, 2002). A conexão rígida

entre dente e implante foi a escolhida, pois correspondia aos casos de intrusão

publicados por Cho e Chee (1992) e Sheets e Earthman (1993; 1997), os quais

inspiraram a hipótese das ondas vibratórias.

Para a realização da simulação computadorizada com o modelo matemático

obtido da etapa anterior, foram empregados dois programas com funções distintas.

O programa PATRAN1 foi usado para a inserção dos dados no computador e leitura

dos resultados, enquanto o NASTRAN2 ficou responsável pelo processamento. Foi

aplicada uma carga harmônica de 1N nas freqüências de 0 a 0,55Hz, e intervalos

de 0,05 Hz, na porção mediana da prótese, no sentido mésio-distal, perpendicular ao

plano oclusal. Foi promovida uma restrição à carga num plano inferior com um 6o de

liberdade por eixo vetorial (Fig. 13). A mesma metodologia foi adotada para a

prótese de três elementos (Fig. 14):

1 MS Software; CA, EUA. 2 MS Software; CA, EUA.

Materiais Módulo de Elasticidade (E)

Coeficiente de Poisson (v)

Osso Cortical 13 700 MPa 0,30 Osso Esponjoso 2 500 MPa 0,30 Dentina 18 600 MPa 0,31 Titânio 110 000 MPa 0,35 Porcelana 68 900 MPa 0,28 Liga de ouro 100 000 MPa 0,30

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FIGURA 13 – Aplicação da carga na PFIDS de quatro elementos com restrição.

FIGURA 14 – Aplicação da carga na PFIDS de três elementos com restrição.

Carga 1N

Restrição

Restrição

Carga 1N

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O uso da carga de 1N foi escolhido por possibilitar características

adimensionais ao modelo, ou seja, sem interferência da quantidade de força, mas

apenas a freqüência em que essas ocorrem. Esse procedimento possibilitou uma

maior confiabilidade e comparação entre os resultados obtidos em cada modelo.

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5 RESULTADOS

Foram realizadas coletas de tensões e deformações dos modelos no domínio

da freqüência e posteriormente, das deformações no domínio do tempo.

Sob o domínio da freqüência, as tensões, pelo critério de Von Mises, geradas

nas PFIDS, foram medidas em MPa (Fig. 15 e 16). A maior tensão, após a aplicação

da força na PFIDS de três elementos, foi verificada sobre os implantes e nas regiões

correspondentes às conexões rígidas. Observaram-se valores de 0,251MPa na

região cervical mesial do implante e 0,565MPa na conexão rígida, entre o pré-molar

e o pôntico. Para a PFIDS de quatro elementos, a maior tensão foi verificada nas

mesmas regiões que a prótese anterior; porém, com um valor próximo para ambas

as áreas, da ordem de 0,93MPa:

FIGURA 15 – Tensão na PFIDS de três elementos.

MPa

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FIGURA 16 – Tensão na PFIDS de quatro elementos.

O deslocamento foi analisado após a aplicação de uma carga de 1N com

freqüência de 0 a 0,55Hz em ambas as PFIDS. Os valores foram consideravelmente

menores para a prótese de três elementos; obteve-se deslocamentos conforme o

mostrado na Figura 17. Pode-se observar que o maior deslocamento ocorreu

próximo à área da aplicação da força, ou seja, sobre o pôntico, sendo que o valor

correspondente para a raiz do pré-molar foi de 2,07x10-5 mm para o ápice,

alcançando 3,91x10-5 mm na região cervical:

MPa

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FIGURA 17 – Deslocamentos (mm) da PFIDS de três elementos após aplicação de carga de 1N.

O mesmo teste foi realizado na PFIDS de quatro elementos protéticos,

obtendo-se números mais expressivos, de acordo com a Figura 18. O deslocamento,

nesse caso, foi igualmente maior na região da atuação da força; no entanto, atingiu

marcas bem mais significativas, da ordem de 7,67x10-5mm. A raiz do pré-molar

também teve valores superiores, que variaram de 4x10-5mm a 6,06x10-5mm:

mm

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FIGURA 18 – Deslocamentos (mm) da PFIDS de quatro elementos após aplicação de carga de 1N.

Uma análise comparando deslocamento versus o tempo também foi realizada

e os dados foram coletados no ápice da raiz do pré-molar nas duas próteses,

correspondente ao número 3 (Fig. 19 e 20).

mm

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FIGURA 19 – Pontos de coleta de dados da PFIDS de três elementos.

FIGURA 20 – Pontos de coleta de dados da PFIDS de quatro elementos.

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79

O gráfico gerado, medindo o deslocamento do ponto 3 (Fig. 19 e 20) em um

período de tempo, mostrou um deslocamento inicial menor na PFIDS de três

elementos protéticos de 4x10-5mm com 15,0s; com um repique, alcançando

6x10-5mm em 30,0s e depois outro repique, com pouco mais que 8x10-5mm a 70,0s.

Esse comportamento pode ser caracterizado como aparecimento de ressonância, o

qual foi diferente na prótese maior, que inicialmente teve uma magnitude de

deslocamento superior à outra prótese, por volta de 9x10 -5mm a 15,0s;

posteriormente houve um decréscimo constante até o tempo de 60,0s, tendo

também um novo aumento do deslocamento em 80,0s, chegando a um valor

próximo a 8x10-5mm, visto no Gráfico 1:

GRÁFICO 1 – Deslocamento versus tempo das duas PFIDS.

mm

s

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6 DISCUSSÃO

As PFIDS foram apontadas como solução para a reabilitação de indivíduos

edentados parciais em algumas situações específicas (ASTRAND et al. 1991). No

entanto, logo foi percebido que poderia ocorrer intrusão dental (ERICSON, et al.,

1986). Esse fenômeno ainda é um problema presente e, por isto, merecedor de

profunda investigação (CHEE, CHO, 1997; BLOCK et al., 2002). A literatura não é

clara quanto às verdadeiras causas da intrusão, porém apresenta várias teorias na

tentativa de explicá-la (RIEDER, PAREL, 1993; SHEETS, EATRHTMAN, 1993;

SHEETS, EATRHTMAN, 1997). Alguns trabalhos revelaram uma baixa taxa de

intrusão, apesar da grande abrangência entre os profissionais (GARCIA,

OESTERLE, 1998); no entanto, existem outros em que a incidência foi elevada, sem

que houvesse uma definição sobre o real motivo, apenas suposições, como as

descritas por Rieder e Parel (1993) e Block et al. (2002).

A descrição da biomecânica das próteses sobre implantes (SKALAK, 1983) e

a recomendação de Brånemark, Zarb e Albrektsson, (1985) induziram à contra-

indicação das próteses combinadas. Porém, alguns estudos mostraram que havia

alguma flexibilidade entre componentes e uma elasticidade óssea que poderiam

favorecer a biomecânica das PFIDS encorajando a união (RANGERT, GUNNE,

SULLIVAN, 1991; WEINBERG, 1993).

Uma grande polêmica está presente na literatura. A vulnerabilidade do

ligamento periodontal em dentes que suportavam próteses combinadas foi revelada

por Klinge et al. (1991). Entretanto, Pesun et al. (1999), fundamentados em estudos

em cães, afirmaram não haver qualquer dano periodontal como conseqüência do

uso de PFIDS. Contudo, alguns questionamentos podem ser levantados a respeito

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da metodologia empregada, como a escolha do tipo de animal, de sua dieta e do

desconhecimento quanto à possibilidade de hábitos parafuncionais, como ocorre nos

humanos, entre outros. A parafunção foi citada como um dos possíveis fatores que

poderiam desencadear os insucessos (RIEDER, PAREL, 1993).

A dúvida foi sempre uma constante em todos os trabalhos, apesar de alguns

entusiastas das próteses mistas, como Clepper (1997). Apesar de um estudo ter

mostrado que a associação entre dentes e implantes não propiciou perda óssea

maior que a já conhecida em casos de próteses implanto-suportadas (NAERT et al.,

1992), mesmo assim os autores não as indicariam como primeira escolha. Contudo,

num outro trabalho (NAERT et al., 2001b) foram mais enfáticos ao contra-indicar as

PFIDS, revelando nesse caso uma perda óssea três vezes maior. Outros estudos

afirmaram que, mesmo com os sucessos publicados, não haveria previsibilidade das

PFIDS, muito menos um protocolo consagrado a ser seguido de quando, como e

especialmente quais seriam as restrições à união entre dente e implante (AMET,

1993; SATUTS, 1997; INGBERG, 1997; SCHLUMBERGER, BOWLEY, MAZE, 1998;

NAERT et al., 2001a). Diante de tal carência, Becker et al. (2000), preconizaram

algumas diretrizes, ao reconhecer a importância do tema.

São inegáveis os sucessos dessas próteses em muitas situações (HOSNEY

et al., 2000; POW, WAT, CHOW, 2000; LINDH et al., 2001a); porém, sem uma real

compreensão dos motivos para tais êxitos. Um fato a se considerar é que, em muitos

casos, a amostragem era pequena (HOSHEY et al., 2000; TANGERUD,

GRØNNINGSAETER, TAYLOR, 2002). Uma peculiaridade naquele trabalho

publicado por Astrand et al. (1991), muitas vezes considerados como referência de

sucesso (LINDH, GUNNE, DANIELSSON, 1997; PESUN et al., 1999; POW, WAT,

CHOW, 2000), deve ser considerada, pois todas as reabilitações eram inferiores, tendo

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próteses totais removíveis muco-suportadas como antagonista, o que certamente

contribuiu consideravelmente para a redução dos esforços oclusais, favorecendo a

biomecânica. Todavia, reconhecem-se situações em que não há outra alternativa,

senão combinar implante e dente. A perda de uma fixação e, principalmente,

limitações anatômicas que impossibilitam a colocação de mais pilares, entre outros,

são os motivos mais constantes (JANSEN, 1997; SCHLUMBERGER, BOWLEY,

MAZE, 1998).

O melhor seria se as próteses combinadas fossem completamente previsíveis

e houvesse a certeza de sua longevidade. Entretanto, falta-nos compreender

completamente sua biomecânica, prevenir problemas, como o fenômeno da intrusão

dental. De todas as teorias para explicá-la, nos pareceu mais lógica a proposta por

Sheets e Earthman (1993) sobre as ondas vibratórias, reafirmadas num segundo

momento (SHEETS, EATRHMAN, 1997) e mesuradas em um implante unitário por

Huang et al. (2002). Apesar de ter sido contestada por Schlumberger, Bowley e

Maze (1998), foi a única que explicava a intrusão publicada por Cho e Chee (1992),

além de outras (RIEDER, PAREL, 1993), em que o elemento natural estava

posicionado entre implantes e conectado rigidamente a eles. Causa-nos estranheza

tal questionamento, uma vez que todas as outras possibilidades (RIEDER, PAREL,

1993; ABRAMS, 1996) foram descartadas de forma convincente pelos autores da

teoria das ondas vibratórias. A flexão mandibular com a abertura da boca descrita

por Pesun (1997) não explica as intrusões ocorridas no arco superior (RIEDER,

PAREL, 1993; SEETS, EARTHMAN, 1993).

Não podemos negar que em casos de conexão semi-rígida poderia haver

outras causas além da vibração, como o efeito catraca, resultado da falta de

paralelismo entre o eixo de assentamento do dente no alvéolo e as paredes internas

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do conector semi-rígido. Nesse caso, o dente teria dificuldade de retornar à posição

original com a cessão da força oclusal, mantendo as tensões no ligamento

periodontal, resultando em intrusão (RIEDER, PAREL, 1993). Vale lembrar que o

trabalho de Fugazzotto et al. (1999), realizado sobre implantes IMZ, com um

componente interno resiliente e teoricamente capaz de absorver vibração, teve

resultados interessantes. Eles mostraram poucas intrusões, somente quando o

parafuso de travamento do conector de precisão afrouxou, transformando a conexão

em semi-rígida, apesar de o componente intramóvel ainda estar presente, cumprindo

seu papel. É importante dizer que o comportamento mecânico do conector de

precisão, com travamento por parafuso transverso, é muito semelhante ao do tipo

rígido, pois ambos não permitem qualquer mobilidade entre as partes. Por outro

lado, não houve qualquer outra intrusão em uma amostragem consideravelmente

extensa (843 casos com 1.206 PFIDS), o que viria a corroborar com idéia da

capacidade do componente resiliente ter contribuído ativamente na supressão das

vibrações. Observação semelhante, sobre essa capacidade, também foi feita por

Pesun (1997) e Akpinar, Anil e Parnas (2000).

O conector semi-rígido mostrou uma maior incidência de intrusão (CHEE,

CHO,1997; LINDH et al., 2001a; BLOCK et al., 2002) que poderia ser explicada pela

soma de dois fatores. O primeiro seria a falta de assentamento passivo

indispensável para o sucesso (POW, WAT, CHOW, 2000), tornando essa conexão

mais rígida, não aliviando as tensões sobre os dentes, e o outro seria a maior

facilidade da migração apical do elemento natural, por não estar completamente

preso à PFIDS, através da cimentação associada à união totalmente rígida.

Um fato importante relatado na literatura foi a maior incidência do fenômeno

da intrusão dental entre profissionais com menor experiência nesse tipo de prótese

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(RIEDER, PAREL, 1993; GARCIA, OESTERLE, 1998). Diante do acontecimento,

pressupomos que profissionais mais experientes fazem uma melhor seleção dos

pacientes, programando outro tipo de reabilitação para casos duvidosos, além de um

melhor planejamento para as PFIDS.

Os efeitos deletérios de forças excessivas sobre os dentes foram claramente

mostrados por Simon (2000), revelando uma maior perda de dentes por fatores

biomecânicos do que por cárie. Preocupações como essa inspiraram estudos e

levaram Lindh et al. (1997) a afirmar que os componentes de implantes suportariam

bem forças mastigatórias, não havendo necessidade de componentes intramóveis.

Entretanto, Kayacan, Ballarini e Mullen (1997) foram discordantes e disseram que

componentes intramóveis seriam necessários para o alívio de forças rotacionais,

diminuindo assim as tensões na conexão com o dente. McCoy (2002) também teve

preocupações semelhantes. Tudo isto nos revela o grande número de trabalhos na

literatura sobre a questão: forças oclusais sobre as próteses. Apesar de tudo, ainda

não foram suficientes para elucidar tal questão.

Outro questionamento seria a possibilidade de os valores de referência para

carga aplicada às próteses estarem subestimados (MORNEBURG, PRÖSCHEL,

NAT, 2002). Sendo assim, quais seriam as conseqüências reais dessas forças sobre

as PFIDS? A fadiga do material restaurador e a perda do agente cimentante da

prótese também foram observadas, quando esforços excessivos foram aplicados

(BREEDING et al., 1991; ABRAMS, 1996; MCCOY, 2002), associadas à progressiva

confiança do paciente em exercer mais força nas reabilitações sobre implantes no

decorrer do tempo (PAULA, 1998). Todos esses estudos revelam uma íntima

correlação com a teoria de vibração, proposta por Sheets e Earthman (1993; 1997),

que certamente é conseqüência de esforços oclusais.

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A dificuldade de se fazer um estudo in vivo para analisar a vibração levou à

escolha do MEF 3D. Essa metodologia foi amplamente empregada na odontologia

(MISCH, ISMAIL, 1993; STEGAROIU et al., 1998; PIERRISNARD et al., 2002) e tem

revelado ser a mais eficiente para realizar investigações como essa (MENICUCCI, et

al. 2002). Baiamonte et al. (1996) mostraram a validade das análises qualitativas e

quantitativas feitas por esse método. Por causa disto se pôde considerar, no

presente trabalho, todas as estruturas como homogêneas, rigidamente unidas entre

si, e sem interface entre osso e implante, pois se trata de uma análise qualitativa,

assim como de outras investigações (MISCH, ISMAIL, 1993; STEGAROIU et al.,

1998; WANG et al., 2002).

Apesar da complexidade, a escolha do modelo de três dimensões residiu no

fato de não apresentar as limitações existentes no modelo de duas dimensões (MEF

2D). Ao analisar tensões, por exemplo, em um corpo de prova pelo MEF 2D, elas

teriam que ser representadas matematicamente em um único plano pelos eixos

vetoriais x e y. As tensões geradas num terceiro eixo z seriam proporcionalmente

decompostas para os dois primeiros, o que não corresponderia com a realidade.

Essa compensação certamente implicaria na possibilidade de inclusão de erros,

obtendo-se então, resultados menos precisos (GALLAGHER, 1975).

É sabido que na aplicação de uma carga sobre qualquer estrutura são

gerados esforços em todas as partes envolvidas, como mostrado anteriormente por

Menicucci et al. (2002). A avaliação desses autores revelou grandes tensões sobre o

osso circundante ao implante, coincidente com a área desse pilar encontrada no

presente estudo. A PFIDS de três elementos (Fig. 15) mostrou tensões maiores que

a de quatro (Fig. 16), podendo explicar tais valores com o menor grau de

flexibilidade dessa por causa da menor distância entre os pilares. Além desse local,

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ocorreu também, uma maior tensão sobre a conexão rígida que unia o pré-molar ao

pôntico, podendo ser interpretado como resultado do estrangulamento anatômico

dessa área, ditado pela anatomia da prótese, associada à mobilidade presente no

pré-molar.

O deslocamento também foi analisado. Ele significa o grau de deformação

elástica com a completa recuperação da forma original. Entretanto, a recuperação se

dá de uma forma bastante rápida, que é diretamente proporcional à resultante dos

módulos de elasticidade dos materiais que compõem a estrutura. Desta forma,

quanto maiores forem esses módulos e mais rapidamente for aplicada e cessada a

força, maiores serão a velocidade de recuperação da forma original. É importante

salientar que esses valores são elevados para os componentes de uma PFIDS, ou

seja, metais e porcelana, associados à relativa rigidez com que o implante está

ancorado ao osso. No entanto, conforme as leis universais da física, há uma

tendência a que o movimento de recuperação elástica se perpetue, o que significa

que o corpo irá ultrapassar o ponto original (ponto de equilíbrio), antes da aplicação

da força. Isto resultará em uma nova deformação no sentido inverso, acarretando

então outra recuperação elástica, ultrapassando novamente aquele ponto de

equilíbrio, e assim por diante. Esse movimento tem a tendência de obedecer a esse

ciclo, que podemos interpretar como vibração, até que alguma força atue no sentido

contrário, interrompendo o processo, conforme descrito por Sheets e Earthman

(1993).

Diante de tais leis da física, já era esperado que o deslocamento fosse menor

na PFIDS de três elementos (Fig. 17), pois ela tem uma rigidez maior, devido à

menor distância entre os pilares da prótese. Também era esperado que o tempo

necessário para restabelecimento do repouso total (sem vibração) fosse maior na

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prótese menor, porque o módulo de amortecimento, que se contrapõe à vibração,

cresce geometricamente conforme a massa aumenta; sendo assim, a PFIDS de três

elementos teria um módulo de amortecimento consideravelmente menor. Dessa

forma, ficaria o questionamento se essa maior permanência da vibração sobre o

periodonto não seria capaz de ativar osteoclastos ali presentes, com a conseqüente

reabsorção óssea e intrusão dental. Vale salientar que estudos mostraram a

deterioração do agente cimentante após um período de tempo da prótese em função

(BREEDING et al., 1991; ABRAMS, 1996), o que favoreceria o desacoplamento do

dente pilar do seu assentamento sob a prótese, facilitando o movimento de migração

apical. Como visto (Fig. 17), a maior rigidez resulta em uma maior vibração. Isto

pode explicar por que a falta de assentamento passivo da prótese, relacionado à

experiência do profissional, pode favorecer a intrusão (POW, WAT, CHOW, 2000;

SCHLUMBERGER, BOWLEY, MAZE, 1998; TAYLOR, AGAR, VOGIATZI, 2000,

BLOCK et al., 2002).

Na comparação do tempo de permanência da vibração para as diferentes

distâncias entre pilares (Graf. 1), um fator inesperado e de extrema relevância:

apareceu um fenômeno que pode ser caracterizado como ressonância, que consiste

em uma coincidência entre a freqüência de atuação de forças com as propriedades

físicas e características anatômicas de uma estrutura. Essa coincidência resulta

numa somatória não desejada na engenharia, pois é capaz, muitas vezes, de causar

uma falha estrutural e levar todo o sistema a um colapso total. Nessa avaliação,

esse fenômeno ocorreu mais cedo na prótese de três elementos e de forma mais

intensa, além de manifestar mais vezes em um mesmo período de tempo,

comparado à prótese maior. A ressonância poderia ser mais um fator com potencial

de promover a ativação dos osteoclastos, além de promover a deterioração do

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cimento, facilitando ainda mais a intrusão, quando o dente estiver próximo a um

implante, devido à maior rigidez.

Diante dos resultados desse estudo, ficou evidente que a vibração pode

ocorrer em uma PFIDS e dissipar até a raiz do dente pilar, como mostrado nas

Figuras 17 e 18. Foi revelado também, o aumento das tensões com a aproximação

dos pilares, o que resultou numa maior rigidez estrutural da prótese, favorecendo a

vibração, além da possibilidade de ocorrência de ressonância, e de resultar em falha

estrutural, levando ao insucesso e perda do trabalho protético.

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7 CONCLUSÕES

Após os estudos, pôde-se concluir que:

• Houve vibração em ambas as próteses.

• O deslocamento ocorrido na PFIDS de quatro elementos foi maior que na de

três.

• A resposta à aplicação da força foi maior na prótese de três elementos e

permaneceu por um período superior sobre o dente com a aproximação dos

pilares, apesar do deslocamento ter sido menor.

• Houve o aparecimento do fenômeno da ressonância em ambas as PFIDS,

porém de forma mais intensa e mais freqüente na prótese menor (pilares

mais próximos).

• Diante dos resultados e evidências da literatura, a vibração, somada à

possível ocorrência do fenômeno da ressonância, pode ser uma das

prováveis causas da intrusão dental em dentes próximos a implantes, em

próteses fixas implanto-dento-suportadas com conexões rígidas.

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