“propriedades mecânicas de um aço de baixo carbono com...
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Propriedades mecnicas de um ao de baixo carbono com
estrutura ferrita acicular
NATALINO DE PAULA OLIVEIRA
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PROPRIEDADES MECNICAS DE UM AO DE BAIXO
CARBONO COM ESTRUTURA FERRITA ACICULAR
Natalino de Paula Oliveira
Dissertao apresentada Faculdade de
Engenharia de Guaratinguet da Universidade
Estadual Paulista,para obteno do ttulo de
Mestre em Engenharia Mecnica.
Orientador: Prof. Dr. Tomaz Manabu Hashimoto
Guaratinget
2007
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DADOS CURRICULARES
NATALINO DE PAULA OLIVEIRA
NASCIMENTO 30.12.1960 QUATIS/RJ
FILIAO Manoel Francisco de Oliveira
Hilda Leondio de Oliveira
1987/1993 Curso de Graduao em Engenharia Mecnica
Universidade Severino Sombra USS
Vassouras/RJ
2002/2002 Curso de Especializao Docncia
UBM Centro Universitrio Barra Mansa
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DEDICATRIA
.
Dedico todo o esforo deste trabalho minha amada
esposa Eliana Aparecida da Silva Oliveira, ao meu
maravilhoso filho, Pedro Paulo da Silva Oliveira, a minha
me, Tio Pedro, irmo, irms e sobrinhas.
OLIVEIRA, N. P.
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AGRADECIMENTOS
Meus mais sinceros agradecimentos, ao meu orientador Prof. Dr. Tomaz Manabu
Hashimoto que recebeu-me desde o primeiro dia como amigo e aluno, incentivando e
acompanhando durante todos os meses em que durou este mestrado. Sempre
sorridente, com pacincia e disposio, para com sua competncia, esclarecer minhas
dvidas e orientar-me neste trabalho.
Ao Prof. Dr. Marcelo dos Santos Pereira pelos seus esclarecimentos quando era
solicitado.
Aos tcnicos da Oficina Mecnica e laboratrios de ensaios da UNESP/FEG em
especial ao Wilson Roberto Monteiro e Clio Jos de Souza pela preparao do
material para testes e orientao nos trabalhos de laboratrio.
UNESP, na sua prpria essncia de instituio pblica, que me acolheu e
colocou disposio todos os recursos necessrios para a realizao deste trabalho.
CSN em especial ao Sidney Roberto Amorim Pereira, Jlio Csar do Amaral
Souza e Otvio Luiz Manhes, por liberar-me para realizao deste trabalho.
Ao Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), Instituto de Aeronutica
e Espao (IEA). Diviso de Materiais (AMR).
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Fazer cincia d trabalho mas
compensa.
TV GLOBO
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OLIVEIRA, N. P. Propriedades mecnicas de um ao de baixo carbono com estrutura ferrita acicular. 2007, 105f. Dissertao (Mestrado em Engenharia
Mecnica). Faculdade de Engenharia, Campus de Guaratinguet, Universidade
Estadual Paulista.
RESUMO A obteno de microestrutura constituda de ferrita acicular em aos micro-
ligados promissora por apresentar boa combinao de propriedades mecnicas,
especialmente pela melhoria da tenacidade, graas a morfologia fina e entrelaada que
dificulta a propagao de trinca. Embora as propriedades mecnicas sejam adequadas
para aplicaes estruturais, o uso desta microestrutura tem sido um tanto limitado. Sob
ponto de vista de mecanismo de nucleao, a causa desta limitao reside na
dificuldade de obteno de ferrita acicular a partir de aos forjados por apresentarem
baixa densidade de incluses no metlicas como xidos, sulfetos e nitretos que
servem como stios de nucleao intragranular. A proposta deste trabalho estudar os
efeitos das condies de processamentos como temperatura de austenitizao e
temperatura de transformao isotrmica na formao de grandes fraes de ferrita
acicular e correlao com as propriedades mecnicas. Os resultados mostraram que
possvel obter estruturas multifsicas com grandes fraes de ferrita acicular, com
excelentes combinaes de resistncia e ductilidade.
PALAVRAS-CHAVE: ferrita acicular, propriedades mecnicas, ao baixo carbono.
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OLIVEIRA, N. P. Mechanical properties of acicular ferrite structure low carbon
microalloyed steels. 2007. 105f. Dissertao (Mestrado em Engenharia Mecnica)
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguet, Universidade Estadual
Paulista, Guaratinguet, 2007.
ABSTRACT Obtaining acicular ferrite structure of low carbon steels is promising because a
good mechanical properties combination. The toughness improvement is due the
interlaced morphology of the acicular ferrite that promote crack propagation
interruption. Although the mechanical are suitable to structural applications, the use of
this microstrocture has been limited in view of complicated mechanism of acicular
ferrite nucleation. The formation of acicular ferrite in low carbon wrougth steels is
limited in view of low density of nonmetallic inclusions those serve as preferential
sites of intragrunular nucleation. The purpose of this work is a study of processing
conditions effects like austenitizing temperature and isothermal transformation an
acicular ferrite formation. The results shown that its possible to obtain multiphase
structures with great fraction of acicular ferrite as well as excellent strength-ductility
combination.
KEYWORD: Low carbon steels, acicular ferrite, machanical properties.
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LISTAS DE FIGURAS
FIGURA 2.1 Esquema das estruturas formadas pelo ferro --------------------------- 22
FIGURA 2.2 Mudanas de fase do ferro puro ------------------------------------------ 23
FIGURA 2.3 Diagrama de fase Ferro-Carbono ---------------------------------------- 24
FIGURA 2.4 Influncia dos elementos de liga na temperatura e composio
eutectide do diagrama Fe-C --------------------------------------------- 26
FIGURA 2.5 Exemplos de aplicaes dos aos-carbono : latas de folha-de-flan-
dres e chapas automobilsticas ------------------------------------------- 27
FIGURA 2.6 Aplicao estrutural do ao-carbono ------------------------------------ 28
FIGURA 2.7 Deformao x resistncia trao dos aos multifsicos ------------- 36
FIGURA 2.8 Esquema da microestrutura de um ao bifsico, contendo ferrita e
martensita -------------------------------------------------------------------- 37
FIGURA 2.9 Fotomicrografia de um ao bifsico ------------------------------------- 39
FIGURA 2.10 Curvas de tenso-deformao de dois aos ARBL comuns compa-
rados ao ao bifsico ------------------------------------------------------- 40
FIGURA 2.11 Representao esquemtica do tratamento trmico convencional e
o novo tratamento proposto ----------------------------------------------- 44
FIGURA 2.12 Esquema da microestrutura de um ao TRIP, contendo ferrita, mar-
tensita, bainita e austenita retida ----------------------------------------- 49
FIGURA 2.13 Diagramas de decomposio isotrmica da austenita de aos
ligados, com separao das curvas-C das transformaes perltica e
baintica ----------------------------------------------------------------------
51
FIGURA 2.14 a) Fotomicrografia ptica; b) Fotomicrografia de transmisso em
campo claro; c) imagem em campo escuro da austenita retida ------- 55
FIGURA 2.15 Emaranhado intenso de discordncias que se forma na interface
bainita (regio clara) austenita (regio escura) causada pela defor-
mao induzida pela mudana de forma que acompanha a transfor-
mao baintica -------------------------------------------------------------
56
FIGURA 2.16 Microestrutura da bainita inferior ---------------------------------------- 58
FIGURA 2.17 Relao de orientao cristalogrfica ------------------------------------ 59
FIGURA 2.18 Representao esquemtica da formao da bainita superior e
-
10
inferior ----------------------------------------------------------------------- 60
FIGURA 2.19 Curva TTT para um ao tipo 4340 --------------------------------------- 61
FIGURA 2.20 Efeito do tamanho de gro austentico no desenvolvmento de :
a) ferrita acicular intragranular em granulao grosseira
b) bainita nos contornos de gros finos ----------------------------------
66
FIGURA 2.21 Fotomicrografia de placas de ferrita acicular em um metal de solda
em ao realizada no microscpio eletrnico de transmisso ---------
66
FIGURA 2.22 Diferena da microestrutura de ferrita Widmanttten, bainita e fer-
rita acicular a) Microestrutura de ferrita Widmanttten
b) Microestrutura de bainita e ferrita acicular --------------------------
67
FIGURA 2.23 Dado experimental no qual a austenita transformada isotermica-
mente em ferrita acicular, mostrando que a reao pra quando a
concentrao de carbono da austenita ultrapassa a curva TO -------
68
FIGURA 2.24 Tamanho de gro mdio austentico em funo da temperatura de
austenitizao ---------------------------------------------------------------
69
FIGURA 2.25 Ilustrao esquemtica de nucleao de bainita ou ferrita acicular
em funo do tamanho de gro de austenita, densidade de incluses
e ferrita alotriomrfica inerte ---------------------------------------------
71
FIGURA 2.26 Mudana na microestrutura na ZTA em funo da temperatura
Ao contendo partcula de xido de titnio b) Ao sem partcula
de xido de titnio ----------------------------------------------------------
72
FIGURA 2.27
Ilustrao esquemtica do diagrama da deflexo da trinca em paco-
cote de contorno de alto ngulo de ferrita acicular a) Ao desoxida-
co convencional ao Al-Ca. b) Ao desoxidado ao Ti ----------------
73
FIGURA 2.28 Fotomicrografia realizada no microscpio eletrnico de varredura
a) Mostrando incluses de vrios tamanhos b) Mostrando nuclea-
o de ferrita originando da incluso ------------------------------------
74
FIGURA 2.29 Efeito da incluso sobre a probabilidade de nucleao da ferrita ---- 75
FIGURA 2.30 Esquema ilustrativo do mecanismo de transio da bainita para
ferrita acicular em funo da ferrita alotriomrfica --------------------
76
FIGURA 2.31 Microestrutura caracterstica de ferrita acicular com diferentes
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11
tamanhos de gros ---------------------------------------------------------- 77
FIGURA 3.1 Representao esquemtica dos corpos de corpos-de-prova para
ensaios de trao ------------------------------------------------------------
78
FIGURA 3.2 Representao dos ciclos de tratamentos trmicos realizados -------- 79
FIGURA 4.1 Fotomicrografia do ao, aps tratamento trmico de normalizao.
Ataque qumico nital 2% --------------------------------------------------
83
FIGURA 4.2 Fotomicrografia do mesmo ao, aps tratamento trmico em tem-
peratura de transformao isotrmica a 480C, por tempo de 30
segundos. Ataque qumico nital 2% -------------------------------------
84
FIGURA 4.3 Fotomicrografia do mesmo ao, aps tratamento trmico em tem-
peratura de transformao isotrmica a 480C, por tempo de 120
segundos. Ataque qumico nital 2% -------------------------------------
85
FIGURA 4.4 Fotomicrografia do mesmo ao, aps tratamento trmico em tem-
peratura de transformao isotrmica a 480C, por tempo de 300
segundos. Ataque qumico nital 2% -------------------------------------
85
FIGURA 4.5 Fotomicrografia do mesmo ao, aps tratamento trmico em tem-
peratura de transformao isotrmica a 480C, por tempo de 900
segundos. Ataque qumico nital 2% -------------------------------------
86
FIGURA 4.6 Fotomicrografia do mesmo ao, aps tratamento trmico em tem-
peratura de transformao isotrmica a 480C, por tempo de 3.600
segundos. Ataque qumico nital 2% -------------------------------------
86
FIGURA 4.7 Formao da bainita+martensita, em funo do tempo de perma-
nncia na temperatura de transformao --------------------------------
88
FIGURA 4.8 Formao da ferrita em funo do tempo de permanncia na tem-
peratura de transformao isotrmica -----------------------------------
89
FIGURA 4.9 Variao do limite de escoamento (LE) e do resistncia trao (RT)
em funo do tempo de permanncia na temperatura de transforma-
o isotrmica ---------------------------------------------------------------
91
FIGURA 4.10 Deformao total em funo do limite de resistncia trao do
ao nas diversas condies microestruturais ----------------------------
93
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LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1 Termos usados para a morfologia baintica ----------------------------- 52
TABELA 3.1 Composio qumica do material utilizado ----------------------------- 78
TABELA 4.1 Quantificao das fraes volumtricas da ferrita, bainita +
martensita, austenita retida, por tcnica de anlise de imagens, aps
ataques qumicos com nital e metabissulfito de sdio -----------------
87
TABELA 4.2 Propriedades mecnicas do ao conforme recebido ------------------- 90
TABELA 4.3 Propriedades mecnicas obtidas no ao aps tratamentos trmicos-- 91
TABELA 4.4 Aumento percentual das propriedades mecnicas do ao com fer-
rita ferrita acicular em relao ao mesmo ao normalizado 92
TABELA 4.5 Aumento percentual das propriedades mecnicas do ao com fer-
rita acicular em relao ao mesmo ao no estado em que foi
fornecido --------------------------------------------------------------------- 92
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
Ac1 Inicio do intervalo de transformao ou temperatura eutetide
Ac3 Temperatura mnima de austenitizao
AISI American Iron and Steel Institute
ARBL Alta Resistncia e Baixa Liga
ASTM American Society for Testing and Materials
CCC Cbico de Corpo Centrado
CCT Continuous Cooling Transformation
CDP Corpo-de-Prova
CTA Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial
IAE Instituto de Aeronutica e Espao
AMR Diviso de Materiais
DPLA Dual Phase Low Alloy
FEG Faculdade de Engenharia - Campus de Guaratinguet
HSLA High Strength Low Alloy Steels
LAImat Laboratrio de Anlise de Imagens de Materiais
Mf Temperatura final da formao da martensita
Mi Temperatura inicial da formao da martensita
Md Temperatura acima de Ms
SAE Society of Automotive Engineers
TRIP Transformation Induced Plasticity
TTT Temperatura-Tempo-Transformao
UNESP Universidade Estadual Paulista
Ms Temperatura de incio da formao de martensita
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LISTA DE SMBOLOS
N/m2 Newton/metro quadrado
Pa Pascal = N/m2
MN/m2 MegaNewton / metro quadrado
MPa Megapascal = MN/m2
C Carbono
Cr Cromo
Mo Molibdnio
Ni Niquel
Fe Ferro
Fe-C Ferro-carbono
HRc Dureza Rockwell C
C graus Celsius
HNO3
cido Ntrico
LE Tenso limite de escoamento
RT Tenso mxima de resistncia trao
t tempo
N Newton
kN KiloNewton
Fe3 C Carboneto de Ferro
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SUMRIO LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE SMBOLOS
1 INTRODUO ------------------------------------------------ 18
1.1 GENERALIDADES -------------------------------------------- 18
1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA ------------------------- 19
1.3 OBJETIVO DO TRABALHO -------------------------------- 19
2 REVISO BIBLIOGRFICA ------------------------------ 20
2.1 GENERALIDADES -------------------------------------------- 20
2.2 AOS CARBONO --------------------------------------------- 26
2.2.1 Aplicaes ------------------------------------------------------- 27
2.3 AOS LIGA ----------------------------------------------------- 28
2.4 AOS ARBL ---------------------------------------------------- 29
2.5 AOS ULTRA-RESISTENTES ------------------------------ 30
2.6 RESISTNCIA/TENACIDADE DOS AOS ESTRUTU-
RAIS -------------------------------------------------------------- 322.7 AOS BIFSICOS, BAINTICOS E MULTIFSICOS - 34
2.7.1 Conformabilidade dos aos bifsicos ---------------------- 41
2.7.2 Tratamento trmico intercrtico ---------------------------- 42
2.8 ESTRUTURAS MULTIFSICAS --------------------------- 45
2.9 EFEITO TRIP --------------------------------------------------- 46
2.10 TRANSFORMAO BAINTICA -------------------------- 49
2.10.1 Termologias ----------------------------------------------------- 50
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2.10.2 Bainita granular ------------------------------------------------------ 53
2.10.3 Bainita superior ------------------------------------------------------- 54
2.10.4 Bainita inferior -------------------------------------------------------- 57
2.10.5 Cintica da transformao baintica ------------------------------ 60
2.10.6 Efeitos dos elementos de liga na formao das microestru- turas dos aos bainticos ---------------------------------------------
61
2.10.7 Aplicao dos aos bainticos e multifsicos --------------------- 63
2.11 FERRITA ACICULAR ----------------------------------------------- 65
2.11.1 Efeito da temperatura de austenitizao sobre tamanho de gro ----------------------------------------------------------------------
69
2.11.2 Mecanismo de transio da bainita para ferrita acicular 70
2.11.3 Aplicao dos aos com microestrutura de ferrita acicular -- 77
3 MATERIAIS E PROCEDIMENTOS EXPERIEMENTAIS- 78
3.1 CARACTERIZAO DO MATERIAL RECEBIDO ----------- 78
3.2 CORPO-DE-PROVA -------------------------------------------------- 78
3.3 TRATAMENTOS TRMICOS -------------------------------------- 79
3.3.1 Transformaes isotrmicas ---------------------------------------- 79
3.3.2 Ensaio de trao ------------------------------------------------------- 80
3.4 EXAMES METALOGRFICOS ----------------------------------- 81
3.4.1 Preparao metalogrfica ------------------------------------------- 81
3.4.2 Ataques qumicos ----------------------------------------------------- 81
3.4.3 Quantificao das fases presentes --------------------------------- 82
4 RESULTADOS E DISCUSSES --------------------------------- 83
4.1 QUNTIFICAO DAS FASES - ATAQUES QUMICOS ----- 83
4.2 FORMAO DE CONSTITUINTE EM FUNO DO TEM- PO NA TEMPERATURA DE TRANSFORMAO ------------
88
4.3 PROPRIEDADES MECNICAS ----------------------------------- 90
5 CONCLUSES ------------------------------------------------------- 94
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6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS -------------- 95
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS --------------------------- 96
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CAPTULO 1 INTRODUO
1. 1 GENERALIDADES
Com o fim da Idade Mdia, a Europa moderna adptou-se em funo do
maquinismo, o que causou as primeiras intervenes do capitalismo no esforo para a
produo industrial. Esta evoluo foi acompanhada por grandes progressos tcnicos,
especialmente no que se refere aos transportes martimos.
O progresso tcnico mais importante na histria da indstria siderrgica foi a
inveno do alto-forno. Contudo, este no foi a criao de um gnio inventivo, tendo-
se desenvolvido gradualmente a partir da forja para fiar o ferro (POUNDS, 1966).
Durante milnios os processos siderrgicos se difundiram pelo mundo e se
desenvolveram at atingirem o grau tecnolgico que hoje eles possuem. Desde a
descoberta de como produzir o ferro, o ao e outros materiais, o ser humano se tornou
dependente deles. Com o passar dos anos e o avano da cincia, a aplicabilidade
desses produtos resultantes dos processos siderrgicos se tornou ainda maior.
Atualmente, eles fazem parte da agricultura, estando presentes nas ceifadeiras,
colheitadeiras, semeadores, arados, entre outros. Eles tambm so encontrados no setor
energtico (usinas hidreltricas, termeltricas e nucleares, nos oleodutos) , no setor de
transporte (caminhes, carros, navios e avies), na construo civil e dentro de cada
casa, nas embalagens e aparelhos domsticos, entre outros. Com uma lista de
aplicaes extremamente grande, os produtos provenientes da siderurgia, se mostraram
indispensveis para toda a sociedade.
A fronteira entre o ferro e o ao foi definida na revoluo industrial, com a
inveno de fornos que permitiam no s corrigir as impurezas do ferro, como
adicionar-lhes propriedades como resistncia ao desgaste, ao impacto, corroso, etc.
Por causa dessas propriedades e do seu baixo custo o ao passou a representar cerca de
90% de todos os metais consumidos pela civilizao industrial. O ao 100%
reciclvel, barato, fcil manuteno e est presente em todo ramo da atividade
humana.
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1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA
Os aos so os materiais metlicos mais importantes na vida moderna devido a
variedade de seu uso. Pode-se considerar um ao ideal, aquele que apresente as
seguintes caractersticas em funo da aplicao: alta resistncia, elevada tenacidade,
boa forjabilidade e usinabilidade, facilidade de tratamentos trmicos, resistncia
fadiga e corroso, resistncia nucleao e a propagao de trincas, baixo custo.
Tm sido desenvolvidos aos estruturais para diferentes aplicaes na indstria e
representam uma etapa importante na evoluo dos aos em geral, pois proporcionam
a confeco de peas e produtos com menor peso e menor custo.
Atualmente as propriedades mecnicas mais importantes dos aos so o mdulo
de elasticidade, limite de escoamento e ductilidade. O mdulo de elasticidade uma
propriedade que independe da estrutura, no se alterando com a adio de elementos
de liga, pelo menos em baixos teores (SOUZA, 1989). Da a importncia maior de se
melhorar o limite de escoamento evitando a perda de ductilidade. Vrias pesquisas
esto ocorrendo no mundo em busca de novas microestruturas, mais tenazes e
resistentes, em substituio s microestruturas existentes atualmente, perltica,
martenstica e ferrtica. Uma das microestruturas pesquisadas intensamente ferrita
acicular. O ao com microestrutura em ferrita acicular tem boa resistncia mecnica e
alta tenacidade, devido a sua microestrutura em formato de agulhas ou pena e
desorganizada. A desorganizao na microestrutura dificulta a propagao de trincas.
1.3 OBJETIVO DO TRABALHO
O objetivo deste trabalho obter atravs de tratamentos trmicos, estrutura de
ferrita acicular, a partir de ao microligado baixo carbono e estudar sua relao com as
propriedades mecnicas.
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CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA
2.1 GENERALIDADES
As ligas ferrosas so as mais utilizadas dentre todas as ligas metlicas. O ferro
um metal de fcil processamento, abundante na crosta terrestre e caracteriza-se por
ligar-se com muitos outros elementos metlicos e no metlicos, o principal dos quais
o carbono.
A forma polimrfica do ferro outro fator importante que explica a sua ampla
utilizao em todos os setores da engenharia e da indstria. Essa propriedade permite
que as ligas ferrosas sejam submetidas a operaes de tratamento trmico que
modificam profundamente as suas propriedades mecnicas e possibilita sua aplicao
sob as mais variadas condies de servio.
Acrescenta-se a esses fatos, o constante progresso que est ocorrendo no
aperfeioamento das tcnicas de produo, visando obter ligas ferrosas cada vez mais
limpas e com propriedades mecnicas superiores e melhores resistncias a corroso,
oxidao, desgaste, etc.
A correta aplicao das ligas ferrosas exige um conhecimento adequado das suas
caractersticas estruturais e mecnicas e dos fatores que podem afeta-las, desde as
condies de fabricao, os elementos de liga bsicos ou especialmente adicionados,
at os efeitos dos tratamentos trmicos a que so geralmente submetidos.
Em princpio, as propriedades das ligas ferrosas dependem dos seguintes fatores:
composio qumica;
microestrutura;
condies de processamento.
Quanto a composio qumica, o elemento de liga bsico o carbono que influi
na estrutura do material e, em conseqncia, nas suas propriedades. Os outros
elementos de liga, provenientes das matrias primas, especialmente adicionados em
pequenas ou altas quantidades, modificam tambm a estrutura, as propriedades
mecnicas e podem ainda conferir caractersticas especiais, como propriedades
eltricas e magnticas, resistncias a corroso, oxidao, desgaste.
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21
As condies de fabricao, como fundio, conformao mecnica a frio e a
quente e tratamentos complementares, como tratamentos trmicos e termoqumicos,
tambm afetam, em maior ou menor grau, a estrutura das ligas ferrosas e, em
conseqncia, suas propriedades.
A base do estudo das ligas ferrosas , pois, o conhecimento da sua estrutura, a
qual est diretamente relacionada ao estudo do diagrama de fases dessas ligas.
O aspecto mais importante de qualquer material de uso em engenharia sua
estrutura, porque suas propriedades esto intimamente relacionadas com essa
caracterstica.
Os metais so cristalinos quando esto na forma slida e, embora monocristais
muito grandes podem ser preparados, os objetos metlicos normalmente consistem em
um agregado de numerosos pequenos cristais. Os metais so ento policristalinos.
Devido ao pequeno tamanho dos cristais, usualmente utiliza-se um microscpio ptico
com aumento de 100 a 1000 vezes para exames dos aspectos microestruturais
associados aos gros de um metal. Ocasionalmente pode haver objetos metlicos, tais
como peas fundidas, com cristais de tamanho tal que so observveis sob uma lupa.
As estruturas deste tipo so chamadas de macroestruturas. Finalmente, h uma
estrutura fundamental dentro dos prprios gros, o arranjo atmico dos cristais. Essa
forma de estrutura chamada de estrutura cristalina. Das vrias formas de estrutura, a
microestrutura tem sido historicamente a de maior uso e interesse para o metalurgista.
Um cristal definido como um arranjo ordenado de tomos no espao. H muitos
tipos de diferentes estruturas cristalinas (Figura 2.1).
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22
Figura 2.1: Esquema das estruturas cristalinas formadas pelo ferro, sendo:
a)Estrutura cbica corpo centrado CCC, b)Estrutura cbica face centrado
CFC e c)Estrutura hexagonal compacta HC. (CALLISTER, 2002).
Para entendimento das transformaes que ocorrem nos metais, deve-se analisar
o diagrama de transformao do ferro puro. Os aos so ligas essencialmente ferro-
carbono, oferecem exemplos da maioria das reaes e microestruturas disponveis para
o entendimento do processamento dos metais.
Do diagrama do ferro puro tem-se:
na temperatura ambiente at 912C a forma estvel chamada ferrita, ou ferro ,
tem estrutura CCC.
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23
entre a temperatura 912C e 1394C tem-se a austenita, ou ferro , com
estrutura CFC.
de 1394C 1538C o ferro muda novamente de estrutura passando de CFC
para CCC. Neste intervalo de temperatura o ferro chamado de ferro. O ao
neste intervalo pouco estudado.
De 1538C 2875C tem-se a fuso do ferro. Este intervalo de temperatura
importante para os altofornistas.
A partir de 2875C o ferro comea a vaporizar.
Na Figura 2.2 tem-se uma representao esquemtica das mudanas de fase para
o ferro puro.
Figura 2.2: Mudanas de fase do ferro puro. (MEI; SILVA, 1981)
Alguns elementos qumicos apresentam variedades alotrpicas, isto , estruturas
cristalinas diferentes que passam de uma para outra em determinadas temperaturas,
chamadas temperaturas de transio. O ferro apresenta trs variedades.
Ligado com o carbono, o comportamento das variedades alotrpicas do ferro e a
solubilidade do carbono nele variam de forma caracterstica, dependendo da
temperatura e do teor de carbono. Isto pode ser visto em forma de grfico, chamado
diagrama de fases ferro-carbono.
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24
A adio do carbono altera as temperaturas de transio das variedades
alotrpicas em relao ao ferro puro, dependendo do seu teor (Figura 2.3).
Figura 2.3: Diagrama de fase Ferro-Carbono (MEI; SILVA, 1981)
Considera-se alguns dos microconstituintes importantes, em equilbrio
apresentados pelos aos (CALLISTER, 2002) :
Ferrita ; fase constituda de uma soluo slida intersticial de carbono em
ferro, com estrutura cristalina CCC. Nesta fase apenas uma pequena quantidade
de carbono solvel. A solubilidade mxima de 0,022% a 727C e diminui
para 0,008% na temperatura ambiente. Esta fase relativamente macia, pode ser
magntica abaixo de 768C e tem densidade 7,88 g/cm3.
Austenita : constitui-se de uma soluo slida intersticial de carbono em ferro
CFC. Quando ligada somente com carbono no estvel abaixo de 727C. A
solubilidade mxima de carbono na austenita de 2,11 % a 1148C.
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25
Ferrita : esta fase constituda de uma soluo slida de carbono em ferro
com estrutura cristalina CCC. Tem basicamente a mesma estrutura de ferrita
porm s encontrada acima de 1400C. A solubilidade mxima de carbono na
ferrita 0,10 %.
Cementita (Fe3-C) : com alta concentrao de carbono 6,7%, uma fase muito
dura, porm frgil.
Perlita : formada a partir do campo austentico pelo ponto de 727C. Esta
transformao da austenita em perlita ocorre da conforme a equao abaixo:
(0,77%C) (0,022%C) + Fe3C (6,7%C).
Este constituinte formado consiste de um agregado laminar de ferrita e cementita.
Normalmente os aos so classificados de acordo com a porcentagem de
carbono, desta forma os aos com menos de 0,76% carbono so denominados
hipoeutides, e os aos que contm mais de 0,76 carbono hipereutides.
Outro fator importante a ser considerado a porcentagem dos elementos de liga
que sero adicionados ao ao. Como os elementos de liga variam o campo austentico
dos aos, haver uma variao tambm da temperatura e composio eutectide. Um
ao ao carbono composio de 0,8% carbono apresenta temperatura eutectide de
723C, outro com 10% de cromo apresentar uma temperatura eutectide de 815C e
0,41% de carbono (Figura 2.4) (MEI; SILVA, 1981).
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26
Figura 2.4: Influncia dos elementos de liga na temperatura e composio eutectide
do diagrama Fe-C (MEI; SILVA, 1981).
2.2 AOS CARBONO
Ao-carbono um ao sem adio proposital de outros elementos, contendo
apenas o carbono e os quatros elementos residuais sempre encontrados nos aos e que
permanecem em sua composio durante o processo de fabricao, ou seja, mangans,
silcio, fsforo e enxofre. O ao uma liga em que o ferro entra com a maior
porcentagem em peso. Os aos carbono de uso comum tm de 0,008% a 2,06% em
peso de carbono. O carbono o elemento de liga mais importante na liga Ferro-
Carbono e determina o tipo de ao obtido. Quanto maior o teor de carbono maior ser
a dureza do ao e maiores sero os limites de resistncia e de escoamento e mais frgil.
Uma forma de classificao destes aos seria: baixo teor de carbono (0,10% a
-
27
0,30%C), mdio teor de carbono (0,30% a0,85C%) e alto teor de carbono (0,85% a
1,50%). Acima de 1,5% C, os aos no so fabricados usual ou comercialmente, com
algumas excees (SOUZA, 1989).
Os aos de mdio e alto carbono so temperveis, mas com alta fragilidade, baixa
conformabilidade, baixa soldabilidade e ficam mais frgeis aps soldagem. As
limitaes dos aos ao carbono, podem ser resumidas em: baixa temperabilidade,
baixa resistncia mecnica, baixa resistncia ao desgaste em altas temperaturas, baixa
resistncia corroso, baixa resistncia oxidao e baixa temperatura de
decomposio da martensita.
2.2.1 Aplicaes
Os aos baixo carbono possuem, normalmente, baixas resistncia, dureza e altas
tenacidade e ductilidade. Alm disso, so bastante usinveis e soldveis e apresentam
baixo custo de produo. Estes aos normalmente no so tratados termicamente.
Entre as suas aplicaes tpicas esto as chapas automobilsticas, perfis estruturais e
placas utilizadas na fabricao de tubos, construo civil, pontes e latas de folhas-de-
flandres (Figuras 2.5 e 2.6).
Figura 2.5: Exemplos de aplicaes dos aos-carbono: latas de folha-de-flandres e
chapas automobilsticas. (www.infomet.com.br). Acesso em 15 agos.
2005.
http://www.infomet.com.br/
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28
Figura 2.6: Aplicao estrutural do ao-carbono (www.infomet.com.br). Acesso em 15
agos. 2005.
Os aos mdio carbono possuem uma quantidade de carbono suficiente para a
realizao de tratamentos trmicos de tmpera e revenimento, muito embora seus
tratamentos trmicos necessitem ser realizados com taxas de resfriamento elevadas e
em sees finas para serem efetivos. Possuem maiores resistncia e dureza e menores
tenacidade e ductilidade do que os aos baixo carbono.
2.3 AOS LIGA
So aqueles que contm na liga ferro-carbono outros elementos como nquel,
cromo, mangans, molibdnio, tungstnio, vandio, silcio, cobalto, alumnio, titnio,
cobre, nibio, zircnio, boro, chumbo, etc. Estes elementos esto presentes
intencionalmente, alm daqueles que entram na liga decorrente do processo de
fabricao.
A influncia destes elementos se d pela alterao da microestrutura por diversos
fatores inclusive nos tratamentos trmicos ou termomecnicos, de forma mais ampla e
http://www.infomet.com.br/
-
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variada. O vandio, cromo e o molibdnio, formando compostos intermetlicos e
solues slidas, altera as temperaturas de transformao de fase.
Os principais efeitos dos elementos de liga so: elevao da dureza, elevao da
resistncia, melhoria da temperabilidade, aumento da temperatura de transio,
melhoria da trabalhabilidade, aumento da resistncia oxidao, corroso, abraso,
elevao da tenacidade a baixas temperaturas, usinabilidade e resistncia em altas
temperaturas. Alguns elementos como o alumnio e o vandio, por exemplo, inibem o
crescimento do gro durante a austenitizao, elevando a resistncia e a tenacidade.
Outros como o molibdnio e o nibio reduzem a susceptibilidade a fragilizao pelo
revenido e, quando necessrio, elementos como o cromo, enxofre e o fsforo, reduzem
a ductilidade. Elementos como o clcio, alumnio e silcio desoxidam e dessulfurizam
elevando a trabalhabilidade e possibilitando obteno de bainita em resfriamento
contnuo. As vantagens dos aos ligas, sobre os aos carbono so a maior
temperabilidade, menor distoro, menor granulao, maior tenso de escoamento e
maior resistncia mecnica a baixas e altas temperaturas. As maiores desvantagens so
o maior custo, maior dificuldade de tratamentos trmico em alguns casos, tendncia a
formao de austenita retida e possveis fragilidades.
Os aos liga podem ter suas propriedades mecnicas melhoradas por meio de
tratamentos trmicos sem sofrer o fenmeno de fragilizao, que pode ocorrer mais
provavelmente com o carbono. Com aos liga este fenmeno no ocorre devido aos
elementos de liga adicionado na composio qumica do ao (SOUZA, 1989).
2.4 AOS ARBL
Os aos chamados ARBL So aos baixo carbono ou ao carbono-mangans,
conhecidos como de alta resistncia e baixa liga e foram desenvolvidos para uso em
grandes estruturas, no apresentando, entretanto, aumento de peso. Estes aos so
tambm conhecido pela sigla em ingls HSLA High Strength Low Alloy.
Estes aos apresentam como principais caractersticas uma alta resistncia
mecnica em relao aos aos de uso geral, resistncia corroso atmosfrica, ao
choque e fadiga, alm de apresentarem uma maior relao entre limite de
-
30
escoamento e limite de resistncia trao sem perda aprecivel da ductilidade. So de
fcil produo por deformao a frio ou a quente e, posteriormente, ainda podem ser
trabalhados por deformao, dobramento, corte, solda, etc. So utilizados para:
tubulaes, vasos de presso e outros. Os mesmos podem ser aplicados e caminhes,
nibus, avies, trem, etc), Os principais tipos de aos ARBL so: aos estruturais
perlticos, aos ao carbono normalizados ou temperados e revenidos, aos de baixa liga
temperados e revenidos e os aos microligados, este ltimo considerado tambm da
categoria dos aos ARBL e conhecidos como aos ARBL microligados.
A necessidade de boa soldabilidade exigiu um ao de baixo teor de carbono e
para no perder a resistncia, houve a necessidade de se fazer uma compensao com
o aumento do teor de mangans.
Este nome microligado devido presena de teores baixo de certos elementos
de liga como o nibio, titnio, vandio e alumnio, adicionados para se obter um bom
controle de microestrutura durante um processamento especial, chamado laminao
controlada. Nestes aos o aumento do limite de escoamento foi conseguido atravs de
endurecimento por precipitao de carbonetos, especialmente de vandio, nibio e
titnio (HONEYCOMBE, 1981).
2.5 AOS ULTRA-RESISTENTES
A classe de aos ultra-resistentes foi desenvolvida para aplicao aeroespacial,
mas estendeu-se a outros setores da indstria.
Os aos ultra-resistentes devem ter limite de escoamento superior a 1.400 MPa,
boa tenacidade, elevada resistncia fadiga, boa soldabilidade e relao resistncia/
densidade. Um ao tipo AISI 4340 de ultra alta resistncia, temperado em leo e
revenido a 727C possui resistncia trao em torno de 1.590 MPa e limite de
escoamento de 1.370 MPa (FAIRES, 1966).
Pode-se aumentar a resistncia atravs de: elevao no teor de carbono,
aumentando-se com isto a quantidade de perlita; pela adio de elementos
endurecedores da ferrita, provocando precipitao de carbonetos e nitretos, do refino
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31
de gro, atravs de tratamentos trmicos durante a fabricao, por deformao a frio
(encruamento), ou revenimento a temperaturas baixas e endurecimento secundrio.
Aos de baixa e media liga, ultra-resistentes podem atingir valores da ordem de
1.900 MPa quando devidamente temperados e revenidos, como o caso do ao AISI
4340 temperado e revenido a (200-230) C, usados em componentes de trem de pouso
de avies. O inconveniente a baixa tenacidade, que pode ser parcialmente sanada
com adio de elementos de liga. Um exemplo o ao AISI 4340, modificado com
adio de Mo, V e Si que atinge resistncia da ordem de 2.100 MPa, aplicados em
temperaturas prximas da ambiente. Este fato tambm ocorre no ao AISI 300M. Este
ao difere do AISI 4340 pelo alto teor de silcio, teores de carbono e molibdnio
ligeiramente maiores, alm da adio de vandio. O silcio proporciona maior
temperabilidade, aumento de endurecimento por soluo slida e melhor resistncia
mecnica a altas temperaturas. Este ao foi desenvolvido como uma evoluo do ao
AISI 4340, apresentando uma superioridade no que diz respeito tenacidade, quando
so necessrias baixas temperaturas de revenido para evitar empenamentos. Este ao
tratado termicamente apresenta limite de escoamento de 1.750 MPa e limite de
resistncia a trao de 1.890 MPa (SANTOS, 2001; TOMITA; OKAWA, 1993). As
principais aplicaes do ao 300M so: fixadores de alta resistncia, carcaas de
motores e motores de msseis como o VLS Veiculo Lanador de Satlite (o AISI
4340 foi substitudo pelo ao 300M devido aos excelentes resultados obtidos na
determinao dos parmetros de tratamento trmico e de soldagem realizados para este
ao), trens de pouso, tubos de canho, parafusos, pinos e componentes estruturais de
avies, eixos, engrenagens componentes de bombas, vasos de presso. etc.
Uma classe de aos ultra-resistentes de alta liga que tem boa tenacidade e
soldabilidade, so os aos MARAGING (Martensita + Age Hardening), onde o limite
de escoamento atinge nveis entre 1.030 e 2.420 MPa, oriundo do endurecimento por
envelhecimento de uma matriz martenstica de baixo teor de carbono. Nestes aos o
endurecimento ocorre por uma reao que no envolve carbono, sendo o aumento das
propriedades mecnicas obtido pela precipitao de compostos intermetlicos em
temperatura da ordem de 480 C (MOURA NETO; ALMEIDA, 1997).
-
32
2.6 RESISTNCIA/TENACIDADE DOS AOS ESTRUTURAIS
Falhas catastrficas de estruturas levaram ao reconhecimento da importncia da
tenacidade e a necessidade de se levar em considerao tambm o limite de
escoamento nos critrios de projetos.
A baixa tenacidade em aos de alta resistncia tem causado srios transtornos
engenharia. Para que se tenha uma idia do problema pode-se dizer que a fratura frgil
dos aos tem sido observada desde a segunda metade do sculo XIX, quando o ao
comeou a ser amplamente utilizado em estruturas. No obstante, as rupturas de maior
gravidade verificaram-se mais recentemente, em conseqncia do aumento acentuado
da procura de grandes estruturas integrais de ao, por exemplo, em navios, tubulaes,
pontes e reservatrios sob presso.
Durante a segunda guerra mundial, ocorreram rupturas catastrficas em muitos
navios Liberty, completamente soldados. Foram detectados aproximadamente 1.500
incidentes envolvendo rupturas frgeis de certa gravidade, e dezenove navios partiram-
se em duas partes de forma completa e inesperada. Quando se desencadeia a fratura, a
energia elstica armazenada no ao sob tenso apenas parcialmente utilizada na
criao das novas superfcies e na deformao plstica associada. A energia restante
corresponde a energia cintica da fissura. Essa energia faz com que a fissura se
propague com uma velocidade que aumenta com a elevao do comprimento da
fissura, atingindo um valor limite, que se situa entre 0,4 e 0,5 da velocidade do som,
fazendo com que a fratura frgil ocorra, portanto, com uma rapidez catastrfica
(HONEYCOMBE, 1981).
Os materiais de alta resistncia so selecionados nos projetos de forma a adequar
resistncia e peso. Entretanto, preciso associar a mxima resistncia com a melhor
tenacidade. Normalmente quando a resistncia aumenta a tenacidade diminui.
extremamente difcil conseguir que estas duas propriedades sejam altas
simultaneamente com tecnologia do ao (HERTZBERG, 1989).
Um mecanismo usado para aumentar a resistncia e a tenacidade dos aos foi
atravs do refino de gros. Foram desenvolvidos aos de gro fino atravs da adio de
alumnio (Al) e nitrognio (N) no ao para a formao de nitretos. Obteve-se
-
33
granulao cada vez mais fina, pelo encruamento do gro de austenita por laminao,
que favorecia a nucleao da ferrita no resfriamento. Isto foi conseguido por
deformaes severas realizadas em temperaturas altas, mas inferiores temperatura de
recristalizao.
Pode-se ainda melhorar a tenacidade evitando a formao de martensita ou
promovendo maior dissoluo de fases intermedirias, que tendem a tornar frgil o
material (HUANG; THOMAS, 1971).
Para que o material seja tenaz, ele deve apresentar tanto resistncia como
ductilidade. Freqentemente alguns materiais dcteis so mais tenazes do que outros
materiais frgeis. Assim sendo, embora o material frgil possa ter maior limite de
escoamento e maior limite de resistncia trao, ele pode possuir menor tenacidade
do que alguns materiais dcteis (CALLISTER, 2002).
Tendo em conta a variao do comportamento de ruptura com a temperatura e a
crescente utilizao de aos a baixas temperaturas, por exemplo, em tubulaes no
rtico, no armazenamento de gases liquefeitos, etc., cada vez mais necessrio o
desenvolvimento de aos com baixa temperatura de transio dctil-frgil e elevada
tenacidade fratura.
Para alcanar este objetivo, o mecanismo mais importante encontrado at agora
, provavelmente, a diminuio do tamanho de gro, apesar de estarem em jogo muitas
outras variveis, incluindo os pormenores da produo do ao, a composio e os
processos finais de fbrica utilizados. O desenvolvimento dos aos ARBL, ou aos
microligados com tamanho de gros inferiores a 10 micrometros, apresentando bons
nveis de resistncia e baixas temperaturas de transio, foi um avano
(HONEYCOMBE, 1981).
Uma alternativa promissora para o equilbrio entre alta resistncia e tenacidade
que vem sendo pesquisado atualmente so os aos multifsicos, bainticos e com
micorestrutura de ferrita acicular.
-
34
2.7 AOS BIFSICOS, BAINTICOS E MULTIFSICOS
As mltiplas facetas da moderna indstria de manufatura de materiais abrangem
uma larga fatia da economia mundial. Essa demanda tem origem desde a indstria
automobilstica, fabricao de motores eltricos at a indstria eletrnica.
A indstria automobilstica tem sido a grande fora motora na busca de novos
desenvolvimentos com objetivos de reduo de peso, segurana e confiabilidade.
Assim, esse setor, mais particularmente o de produo de carros de passeio, representa
um segmento de mercado importante para os pases desenvolvidos e em
desenvolvimento. Este reconhecidamente um indicador do estgio de
industrializao e desenvolvimento tecnolgico e da situao econmica do Pas.
(ARMCO DO BRASIL, 2006)
No caso brasileiro, aps um perodo de estagnao durante a dcada de 80, a
indstria automobilstica e, conseqentemente, a de autopeas, vm apresentando um
crescimento de produo bastante significativo.
Este aspecto, associado ao processo de mudanas provocadas pela globalizao e
com a presena cada vez mais marcante dos carros importados, inseriu definitivamente
as industrias nacionais e os fabricantes de ao no desenvolvimento de novos produtos,
a fim de fazer frente ao mercado globalizado. Brasil vem desenvolvendo tecnologias
limpas e materiais no-poluentes na produo de componentes de ao. O resultado
disso so produtos mais resistentes, que respeitam o meio ambiente. (ARMCO DO
BRASIL, 2006)
Para se ter uma idia da importncia de tais iniciativas, basta analisar os frutos
obtidos pelo ULSAB (Ultra Light Steel Auto Body), como conhecido o projeto de
criao de uma carroceria para veculos ultraleve, desenvolvido por um consrcio
internacional, envolvendo usinas siderrgicas de 18 pases, cujos resultados esto
sendo extremamente positivos, tanto em termos ambientais quanto econmicos e,
sobretudo, no desenvolvimento de novos produtos.
O ULSAB possibilitou a reduo em 25% do peso da carroceria em relao aos
produtos convencionais, alm de ter permitido o aumento de segurana devido ao
-
35
crescimento do coeficiente de rigidez em toro para 80%, em dobramento para 52% e
em conforto para 58%.
A principal diferena entre os aos convencionais, ultra-resistentes e de ltima
gerao encontra-se em suas microestruturas. Os aos de ltima gerao, por exemplo,
apresenta multifases, com a presena de martensita, bainita e ou austenita retida em
quantidades suficientes para produzir propriedades mecnicas especficas. Quando
comparados com os aos de alta resistncia convencionais, os de ltima gerao
exibem uma combinao superior de alta resistncia com boa conformabilidade. Essa
combinao provm, primariamente, da alta capacidade de encruamento e do resultado
da razo entre os limites de escoamento inferior e de resistncia.
A partir da crise do petrleo, percebe-se que at hoje, nenhum desafio foi to
grande para indstria automobilstica como a reduo de peso dos veculos. Para o
sculo XXI este desafio continua e as montadoras afirmam que podero reduzir o peso
dos veculos em um tero ou pela metade at 2015 e, mesmo assim, a demanda de aos
aumentar sensivelmente em funo da demanda do setor automobilstico.
(INTERNACIONAL IRON AND STEEL INSTITUTE, 1995).
Dentro desse contexto, houve uma inverso na tendncia de diminuio dos
tamanhos dos carros, mas manteve-se a procura por materiais ecolgicos que
apresentassem elevado desempenho estrutural (resistncia mecnica x peso prprio).
Devido questo ambiental, o uso dos plsticos e de fibras sintticas vem sofrendo
uma srie de restries, o que abre espao para a manuteno/recuperao do ao
como principal material utilizado na construo de carrocerias.
O ao constitui mais de 65% do peso de um automvel, e suas maiores vantagens
so o baixo custo, reciclagem e , largamente, o material que conta com mais
experincia na indstria automobilstica.
Os aos de alta resistncia so capazes de reduzir em at 25% o peso dos carros,
sem provocar aumento dos custos de produo e, ainda, melhorar as condies de
segurana do automvel. (ARMCO DO BRASIL, 2006)
As pesquisas dos aos multifsicos embora tenham comeado h dcadas atrs, o
grande interesse nestes aos recente. Com a crise do petrleo, houve uma
preocupao da indstria automobilstica em melhorar o rendimento do automvel, e
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36
para isto buscou-se o desenvolvimento de novos materiais. Isto acelerou a utilizao
dos aos multifsicos, que so uma nova classe de aos de alta resistncia e baixa liga
(ARBL).
Nos aos de alta resistncia baixa liga destacam-se os aos bifsicos, os ultra
baixo carbono com interstcios livres (interstitial-free steels IF) e os aos
multifsicos (PEREIRA, 2004 et al). Dentro do novo conceito de fabricao observa
que o programa ainda utilizar 100% aos de alta resistncia e considerados de ltima
gerao, os denominados multifsicos, Aos DP (Dual Phase), Trip (Transformation
Induced Plasticity), CP (Complex phase) e Mart (Martensticos ). Os nveis de
resistncia variam de 340 MPa, para os aos Bake Hardenable (BH), at 1.520 MPa
para o ao martenstico. Na Figura 2.7 realizada comparao entre aos de baixa
resistncia e aos de ultra-resistncia (ARMCO DO BRASIL, 2006).
Figura 2.7: Deformao x resistncia trao dos aos multifsicos (Internacional Iron
and Steel Institute, 1995). www.worldautosteel.org, Acesso em 27 jun
2006.
O ao bifsico surgiu durante os estudos de novos tipos de tratamentos trmicos,
com interesse prtico e cientfico de correlacionar a resposta mecnica de um material
sua microestrutura. Em 1967, ocorreu a concepo e o desenvolvimento de estruturas
especiais pela combinao de ferrita e martensita, baseada na conceituao de
http://www.worldautosteel.org/
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reforamento por fibras e ou ilhas de martensticas, como em materiais conjugados
(Figura 2.8). Cairns e Charles (1967).
Figura 2.8: Esquema da microestrutura de um ao bifsico, contendo ferrita e marten-
sita. (Committee on Automotive Application. Internacional Iron and Steel
Institute, 1995). . Acesso em 27 jun
2006.
Apesar de terem sido desenvolvidos em 1967, o grande interesse pelos aos
bifsicos mais recente. Por volta de 1975, iniciaram-se estudos mais sistemticos
descrevendo o comportamento de aos bifsicos com respeito quantidade de
martensita e alta taxa de encruamento.
O ao bifsico obtido atravs de tratamentos trmicos intercrticos, apresentam
a caracterstica marcante de aliar propriedades antagnicas de alta resistncia e alta
ductilidade e conformabilidade. Esta caracterstica deu ao ao bifsico uma
flexibilidade de aplicao nas industrias, principalmente nas automotivas. O ao
bifsico tem um grande potencial de utilizao em componentes do automvel, tais
como, aros e discos de rodas, fabricao de polias, componentes de coluna de direo,
http://www.worldautosteel.org/
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suporte de molas, armao do assento, pra-lamas, partes externas das portas, partes
dos painis internos, entre outros. Guimares e Papalo (1981).
Alm dos componentes mencionados acima, os aos bifsicos de alta resistncia
tm sido muito usados em itens de segurana, projeto do assento traseiro necessita de
mudanas substanciais que atendam requisitos tais como, possibilidade da instalao
de um cinto de segurana para o passageiro central, sobre o ombro, de forma a
suportar as solicitaes impostas durante o teste de impacto frontal no permitindo que
ocorra a invaso de objetos localizadas no porta-malas. Para este requisito est sendo
analisada a possibilidade de utilizao de estrutura tubular de ao bifsico de alta
resistncia.
Quando o assunto aos bifsicos de alta resistncia, os aos empregados na
grande maioria dos trabalhos de referncia (ERDOGAN, 2003; JIANG; GUAN;
LIAN, 1995; SUN; PUGH, 2000) apresentam em sua composio baixos teores de
carbono. Apesar da escassas, existem pesquisas voltadas para obteno de aos
bifsicos de alta resistncia com mdio teor de carbono que podem ser utilizados na
substituio de vrios outros componentes, no s na indstria automobilstica, mas
tambm em outros segmentos da indstria. A escassez de informaes, aliado ao
grande potencial de utilizao, justifica a realizao de pesquisas voltadas para
obteno de aos bifsicos com mdio teor de carbono.
Os aos bifsicos so considerados, como aos de alta resistncia e baixa liga
(ARBL), em funo da similaridade da composio qumica, so caracterizados por
uma microestrutura formada de duas fases, sendo uma constituda de uma matriz
ferrtica, principal responsvel pela ductilidade do material, e outra formada por ilhas
de martensita dispersas na matriz ferrtica (Figura 2.9), at frao volumtrica de
aproximadamente 33%, responsvel por sua alta resistncia. Da predominncia destas
fases advm o termo bifsico. Contudo pequenas quantidades de outras fases ou
microconstituintes (como bainita, austenita retida e perlita) podem estar presentes
(MAGNABOSCO, 2002).
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Figura 2.9: Fotomicrografia de um ao bifsico. (TROWSDALE; PRITCHARD,
2002).
Em trabalhos recentes tm apresentado estudos com aos denominados aos ba-
fsicos com altas fraes volumtricas martensita. Estes aos tm teores de martensita
que varia de 33% a 80% aproximadamente. (BAG; RAY; DWARKADASA, 1999,
2001).
Atravs de curvas tenso-deformao podem ser comparadas as caractersticas
tpicas de um ao bifsico com as de alta resistncia com as de alta resistncia e baixa
liga Figura 2.10.
Nota-se que o ao bifsico atinge nveis de resistncia mecnica comparveis a
de um ao ARBL com tenso de escoamento prxima de 650 MPa, aliado a valores de
alongamento e escoamento semelhamentes aos de um ao ARBL com limite de
escoamento de 350 MPa (SPEICH, G. R, 1990).
-
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Figura 2.10: Curvas de tenso-deformao de dois aos ARBL comuns comparados ao
ao bifsico. (SPEICH, 1990).
Como a indstria automobilstica grande consumidora de aos em forma de
chapa. Os aos bifsicos esto inseridos neste grande consumo. Na Figura 2.7,
mostrado um comparativo de diversos aos utilizados na indstria automobilstica.
A resistncia trao e ductilidade dos aos bifsicos no depende somente do
tamanho de gro e das propriedades das fases constituintes, mas tambm da frao
volumtrica, distribuio, morfologia e teor de carbono da fase martenstica, bem
como da precipitao de carbonetos na ferrita. O pequeno tamanho de gro e alta
frao volumtrica da martensita tende a aumentar a resistncia a trao do ao
bifsico. A precipitao de carbonetos pode reduzir a ductilidade dos aos bifsicos se
estiver em alta frao volumtrica de martensita (SUN; PUGH, 2002).
Explorando o conceito, aumento de resistncia com a precipitao de carbonetos
na ferrita, foram desenvolvidas as chapas de aos denominadas chapas de ao
bifsico tipo hbrido, que consiste basicamente em uma precipitao para reforo da
fase ferrtica depois da produo da microestrutura bifsica (FURUKIMI, 1999).
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Aspecto interessante desses aos a incompatibilidade plstica entre os seus
microconstituintes e a influncia no processo da deformao plstica. A ferrita suporta
grandes deformaes, enquanto as ilhas de martensita apresentam deformaes
visveis aps o ao ter atingido o mximo de deformao uniforme. (JARDIM;
LONGO; CHAWLA, 1985).
A estrutura bifsica pode ser obtida atravs de tratamento trmico ou diretamente
na laminao a quente ou na laminao a frio, logo fazendo recozimento da chapa.
Este tratamento trmico denominado intercrtico, consiste basicamente no resfriamento
do ao a partir da regio intercrtica, nesta regio o ao esta decomposta em ferrita e
austenita, uma taxa de resfriamento suficientemente alta para transformao da
austenita em martensita. A regio intercrtica delimitada, no diagrama de fases Fe-C,
pela linha que define a temperatura de transformao da austenita em ferrita (A3) e
pela linha que define a temperatura da reao eutetide, onde ocorre a transformao
da austenita em ferrita e cementita (A1). O conceito de temperabilidade, envolvendo a
interao entre composio qumica e a taxa de resfriamento, representa uma
importante considerao no desenvolvimento da microestrutura requerida para estes
aos.
2.7.1 Conformabilidade dos aos bifsicos
O fato dos aos bifsicos serem difceis de trabalhar pode ser explicado pelos trs
estgios que marcam a sua deformao plstica. O primeiro estgio ocorre entre 0,1 e
0,5% de deformao, onde acontece um rpido endurecimento devido eliminao das
tenses residuais causadas pela incompatibilidade plstica das duas fases, decorrentes
da expanso volumtrica causada durante a transformao da austenita em martensita.
O segundo estgio ocorre entre 0,5 e 4% de deformao, onde a taxa de encruamento
da ferrita reduzida a medida que esta encontra gros de martensita que praticamente
no deformam. Neste estgio pode ocorrer a transformao de austenita retida em
martensita induzida por deformao.
O terceiro estgio ocorre a partir de 4% de deformao, onde h a formao de
estruturas celulares de discordncias, e a deformao da ferrita governada por
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42
fenmenos de recuperao dinmica. O comportamento contnuo no escoamento dos
aos bifsicos bastante interessante para a conformao de peas, uma vez que
elimina os efeitos indesejveis de bandas de Lders, (SPEICH, 1990).
A ductilidade elevada apresentada por estes aos est associada a alta
plasticidade da ferrita. Isto ocorre, tambm pois as trincas na martensita e o
desligamento das ilhas de martensita da matriz ferrtica ocorrem com tenses maiores
que as encontradas nas estruturas que contm perlita, (SPEICH, 1990).
2.7.2 Tratamento trmico intercrtico
Os aos com baixo e mdio teor de carbono podem ser tratados termicamente
para produzir um ao bifsico de alta resistncia com estrutura de ferrita e martensita.
O tratamento intercrtico consiste do recozimento intercrtico (entre A3 e A1), seguido
de um rpido resfriamento, para promover a transformao da austenita em martensita.
A temperatura utilizada no tratamento trmico intercrtico funo da composio
qumica do ao e situa-se na regio de coexistncia da ferrita e austenita. O tratamento
trmico intercrtico propicia um processo relativamente simples e barato que pode
trazer excelentes valores de resistncia aos aos microligados com baixo teor de
carbono (TAVARES et al., 1999).
No trabalho de Hashimoto (1989) a obteno de microestrutura bifsica em aos
com baixos teores de carbono foi efetuada atravs de dois tipos de tratamento trmico
intercrtico.
O primeiro tipo de tratamento consistiu, basicamente, do aquecimento at a
temperatura intercrtica, seguido de tmpera. Neste processo foi obtido uma
microestrutura final constituda de uma fase martensita contnua, isolando as ilhas da
fase ferrita.
O segundo tipo consistiu basicamente do resfriamento a partir de uma
temperatura de austenitizao, at uma temperatura intercrtica. Neste processo obtm
uma microestrutura final constituda por ilhas de martensita embutidas em uma matriz
ferrtica.
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43
Em processos industriais os aos bifsicos podem ser obtidos por trs rotas
distintas. A primeira rota aplicada em chapas com espessura menor que dois
milmetros que necessitam serem laminadas a frio at uma espessura final desejada.
Neste caso o ao j bobinado foi aquecido em caixa a uma temperatura no intervalo
entre A3 e A1 e resfriado naturalmente at a temperatura ambiente. Tratou-se de um
processamento descontnuo em que as condies de transmisso de calor atuantes
requerem a adio de elementos de liga ao ao para garantir a temperabilidade. Este
processo de recozimento em caixa no foi amplamente aceito devido a problemas, tais
como condies de recozimento heterogneas, causados pelo alto teor de Mn. No
recozimento contnuo, a chapa em sua dimenso final aquecida entre A3 e A1 e
resfriada em forno contnuo de forma controlada. Na terceira rota, no processamento
direto, o tratamento trmico intercrtico foi eliminado. O ao resfriado e bobinado de
forma adequada formao da microestrutura desejada (GUIMARES; PAPALO,
1981).
Tavares et al. (1999); Ahn et al.(1999) mostraram que diversas formas de
tratamento trmicos intercrtico esto sendo realizados, com objetivo de correlacionar
os mesmos com as propriedades mecnicas dos aos.
Ahn et al. (1999) realizaram pesquisas com o objetivo de melhorar o
comportamento em fadiga do ao forjado com mdio teor carbono SA508 CI.3, atravs
da modificao do processo de tratamento trmico, para obter mudanas na
microestrutura, sem necessidade de alteraes da composio do ao.
A grande diferena na modificao do tratamento trmico foi a introduo do
tratamento trmico intercrtico entre a tmpera e o revenimento mostrado na (Figura
2.11).
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+
+
Figura 2.11: Representao esquemtica do (a) tratamento trmico convencional e (b)
o novo tratamento trmico proposto no trabalho realizado por Ahn et al
(1999).
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Ahn et al. (1999) realizaram vrios tratamentos trmicos para definir a condio
adequada para o tratamento trmico intercrtico. O tratamento trmico seguiu
conforme descrito abaixo:
1 Processo austenitizao do material 880C por 6 horas, seguido por tmpera.
2 Processo recozimento intercrtico, com variao na temperatura de 660C at
820C, variando o tempo de permanncia na regio intercrtica de 1 a 8 horas.
3 Processo revenimento com os parmetros alterados de 660C/10horas, para
646C/6 horas e 620C/6 horas.
4 processo simulado tratamento trmico de alvio das tenses induzidas pela solda, a
610C por 30 horas (ASME 1955).
Para os processos citados acima, as taxas de aquecimento foram (0,3 e 30C/min) e as
taxas de resfriamento foram (100 e 200C/min).
Diferentes microestruturas podem ser observadas aps cada etapa do tratamento
trmico. A microestrutura do ao aps a tmpera e o tratamento intercrtico um
composto de martensita e bainita revenida. Aps a realizao do revenimento foi
obtida uma estrutura composta de martensita revenida e bainita duplamente revenida.
Comparando estas duas microestruturas, foi verificado que novo processo de
tratamento trmico proporcionou uma estrutura mais fina e homognea do que o
tratamento convencional.
2.8 ESTRUTURAS MULTIFSICAS
Os aos multifsicos apresentam boa conformabilidade, combinao de alta
resistncia e ductilidade superior. Com a descoberta do efeito TRIP (Transformation
Induced Plasticity) ou plasticidade induzida por transformao , a sua produo
aumentou muito e, nestes aos, a austenita retida toma uma importncia fundamental.
Os aos multifsicos so constitudos de bainita, ferrita, martensita e austenita retida
tendo grande potencial de aplicao na indstria automobilstica na fabricao de
barras de reforo para proteo contra choques ou impacto, pra-choques e rodas
(OHMORI; OHTANI; KUNITAKE, 1971).
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So obtidos aps transformao isotrmica, na faixa de temperatura da reao
bainitica. Durante este estgio de transformao, parte da austenita transforma-se em
bainita ao passo que alguma austenita residual fica suficientemente estabilizada para
permitir sua reteno temperatura ambiente. Esta austenita retida pode ser
transformada em martensita por solicitao mecnica que constitui o fenmeno TRIP.
Portanto, os aos TRIP so aos multifsicos, compostos por quatro fases (ferrita,
bainita, martensita e austenita retida) possuindo uma microestrutura muito fina, o que
dificulta sua observao. Pode-se usar tambm para obteno do ao TRIP
temperaturas intercrticas (austenita+ferrita) e isotrmicas bainticas. (GIRAULT et.al.,
1998; JAQUES et al, 2001).
Aos com microestruturas ferrtico-bainticas podem melhorar a tenacidade e so
usados hoje em dia com sucesso em tubulaes e oleodutos sob baixas temperaturas.
A fase baintica tem um efeito favorvel sobre a flangeabilidade por estiramento,
resistncia a fadiga, fratura frgil e tenacidade, quando comparado com os aos
martensticos. Entretanto, quando introduzida uma pequena quantidade de martensita,
mas com a frao de bainita mais alta, os aos multifsicos tm as melhores
combinaes das propriedades mecnicas dos aos laminados a frio.
2.9 EFEITO TRIP
Nos ltimos trinta anos tem sido desenvolvido um grupo de aos, em que se tira
partido das propriedades especiais da transformao martenstica que ocorre durante a
deformao plstica. Estes aos, que se designam por aos de plasticidade induzida por
transformao receberam o nome de TRIP (Transformation Induced Plasticity). Estes
aos apresentam uma maior taxa de encruamento e uma maior deformao uniforme,
precedendo a estrico (HONEYCOMBE, 1981). Foi apresentado pela primeira vez na
conferncia Strong Tough Structural Steels em Scarborough, Inglaterra, em 1967
(DeARDO, 2003).
O fenmeno TRIP foi descoberto pela primeira vez nos aos liga (0,2-0,3) C, 8,8
Cr, (8-20) Ni, (3-4) Mo e 0,2 Si (ZACKAY et al., 1960). Entretanto, grandes adies
de elementos de liga como o Cr, Ni e Mo so muito caras e por isto foram feitos
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grande esforos de pesquisa para obter o efeito TRIP em aos com composio mais
barata, e tambm pela utilizao de programas de processamentos termomecnicos
otimizados (MANOHAR et al., 2003).
Para aplicaes estruturais na indstria automobilstica, como por exemplo em
partes de chassi, os aos TRIP com nveis de resistncia entre 590MPa e 780MPa vm
se tornando fortes candidatos em substituio as chapas de ao convencional com
resistncia trao entre 390MPa e 440MPa (MATSUDA et al., 2002).
O efeito de tenses na transformao martenstica , em geral, o de aumentar a
temperatura Mi. O campo de tenses, associado deformao plstica (ou elstica)
refora o campo produzido pela nucleao de uma lamela de martensita, e de certo
modo, a variao e forma subseqente constituem um modo de deformao plstica
adicional. Pode definir-se uma temperatura Md, superior a Mi, acima da qual a
deformao da fase-matriz no induz a formao da martensita.
No entanto, possvel que a deformao da austenita, acima de Md, diminua o
valor de Mi, contribuindo para a maior estabilidade da austenita, sendo esta
estabilizao designada por estabilizao mecnica. O termo estabilizao designa
uma reduo da quantidade de martensita formada a partir da austenita, em
conseqncia de qualquer processo que interfira com a nucleao e crescimento das
lamelas de martensita. A deformao plstica acima da temperatura Md um dos
processos possveis. No entanto, o termo estabilizao normalmente aplicado quando
o resfriamento do ao interrompido no intervalo (Mi-Mf). Quando se baixa mais a
temperatura, a transformao prossegue, mas origina uma quantidade de martensita
menor do que aquela que ocorreria se no tivesse havido uma interrupo durante o
resfriamento (HONEYCOMBE, 1981).
O grau de estabilizao, e a temperatura de interrupo escolhida aumentam com
o tempo at um mximo; por outro lado medida que essa temperatura se aproxima da
temperatura final de formao da martensita (Mf), aumenta o grau de estabilizao.
A explicao destes efeitos complexos est relacionada com o fato de a formao
das lamelas de martensita induzir deformao plstica na matriz vizinha. Esta
deformao acomoda a variao de forma e pode dar origem a uma elevada
concentrao de discordncias na austenita. A interao de algumas destas
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discordncias com as discordncias deslizantes na superfcie das lamelas de martensita
faz com que esta superfcie deixe de se mover, o que significa que a lamela no pode
continuar a crescer.
Qualquer mecanismo que contribua positivamente para este processo fomenta a
estabilizao. Uma interrupo do resfriamento a uma temperatura intermediria entre
Mi e Mf, d tempo para que ocorra relaxao plstica por movimento de discordncias
e tambm para que haja ancoragem das discordncias interfaciais pelos tomos de
carbono. (HONEYCOMBE, 1981).
Estudos relacionados com aos multifsicos (TRIP), tm muitas vezes
considerada a transformao da bainita apenas como um meio para obteno de uma
frao maior de austenita retida estabilizada, em uma vasta faixa de condies para
formao da bainita. Enquanto que bem demonstrado que o efeito TRIP representa
uma melhoria significativa nas propriedades, a natureza, tamanho e distribuio de
outras fases certamente tm influncias que devem ser melhor entendidas. Raramente
tm sido reportados estudos relacionando estas variveis.
Torna-se necessrio aperfeioar o entendimento e, em particular, determinar os
fatores bsicos das caractersticas das estruturas bainitcas e das estruturas multifsicas
e avaliar as possibilidades de influncias das propriedades intrnsecas dessas
estruturas, atravs de modificaes nos processamentos trmicos e/ou
termomecnicos. (HONEYCOMBE, 1981).
Quando numa estrutura multifsica, obtida uma frao de austenita retida
relativamente alta, sua transformao por efeito TRIP melhora significativamente a
ductilidade e as caractersticas de conformabilidade do material. Estes aos so
chamados aos multifsicos com efeito TRIP, ou simplesmente aos TRIP.
Os aos TRIP multifsicos consistem em um matriz de ferrita contendo gros de
bainita e austenita dispersos. A austenita metaestvel a temperatura ambiente e
provvel que se transforme em martensita durante uma deformao se estiver abaixo
de Md. precisamente esta transformao martenstica por deformao induzida que
responsvel pelo excelente equilbrio de resistncia-ductilidade apresentada pelos aos
TRIP. (FURNMONT et al, 2002).
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Figura 2.12: Esquema da microestrutura de um ao TRIP, contendo ferrita, marten-
sita, bainita e austenita retida. (Committee on Automotive Application.
Internacional Iron and Steel Institute, 1995).
. Acesso em 27 jun 2006.
2.10 TRANSFORMAO BAINTICA
Bainita um constituinte dos aos que so formados pela decomposio da
austenita dentro de uma faixa de temperatura entre o campo da formao da
martensita, ferrita e da perlita. Este constituinte consiste de um agregado de ferrita
acicular e carbonetos. Esta morfologia muda progressivamente com a temperatura de
transformao na qual o tamanho das partculas e a acicularidade da estrutura aumenta
conforme diminui a temperatura (BHADESHIA, 1992; BRAMFITT e SPEER, 1988).
A transformao baintica ocorre no intervalo de temperatura aproximado de 550
250C. Ela tambm denominada transformao intermediria, entre a perlita e
martensita. (NOVIKOV, 1994).
Nos diagramas TTT dos aos, h um largo intervalo de temperatura,
normalmente entre 250C e 550C, no qual no h formao de perlita ou martensita,
conforme Hehemann (1970). A amplitude desta regio dependente da composio
qumica dos aos. (% de carbono e elementos de liga). Nestas temperaturas formam-se
http://www.worldautosteel.org/
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agregados finos de ferrita e cementita, sob a forma de ripas, as quais tem algumas das
caractersticas das reaes de alta temperatura como a difuso, envolvendo a ferrita, e
simultaneamente algumas das caractersticas de transformao da martensita, como o
cisalhamento.
Estas estruturas intermedirias entre os constituintes em equilbrio do ao e a
martensita, so no seu conjunto, designadas por Bainita, em homenagem a Edgar Bain
que, em colaborao com Davenport (1930), as observou pela primeira vez durante
uma investigao sistemtica e pioneira da decomposio isotrmica da austenita
(HONEYCOMBE, 1981).
A transformao baintica intrigante devido a sua natureza dupla.A
transformao baintica revela propriedades que so tpicas de uma transformao de
nucleao e crescimento, ao mesmo tempo apresenta um igual nmero de
caractersticas que poderamos classific-la como reao martenstica.
Um dos fatores que mais tem complicado o estudo das estruturas bainticas sua
grande variedade e complexidade, existindo diversos tipos diferentes de bainita,
podendo sua morfologia variar de forma com o aumento da porcentagem de carbono.
O tema bainita motivo de muita pesquisa em todo o mundo, e muitas controvrsias
continuam aps setenta anos de sua descoberta.
2.10.1 Terminologias
Segundo Edgar Bain em colaborao com Davenport (1930) a bainita pode ser
formada por transformao isotrmica. classificada em dois tipos: superior e
inferior. Na bainita superior a distribuio de carbonetos ocorre entre as ripas de ferrita
e na bainita inferior a distribuio de carbonetos ocorre em parte no interior das ripas
de ferrita e em parte entre as ripas de ferrita. Estes carbonetos normalmente so
cementita. A diferena entre superior e inferior se estabelece tambm atravs da
temperatura de transformao. O limite convencionado 350C (NOVIKOV, 1994).
Sendo, entre 550C e 350C bainita superior e entre 350C e 250C bainita inferior.
Estas faixas de temperaturas podem variar em funo da composio qumica do ao
(BRAMFITT; SPEER, 1988; AZUMA et al, 2003).
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Na Figura 2.13 demonstra-se a decomposio isotrmica da austenita de aos
microligados com separao das curvas-C das transformaes perltica e baintica.
Curvas do ao a, composio qumica 0,43C1,22Cr0,82Mn0,112V.
1-Incio da formao da ferrita;
2-incio da formao perlita;
3-final da transformao perltica;
4-incio da formao bainita;
5-final da transformao baintica.
Curvas do ao b, composio qumica 0,43C3,52Cr.
1-Incio da formao da perlita,
2-final da transformao perltica,
3-incio da formao da bainita,
4-final da transformao baintica.
Figura 2.13: Diagramas de decomposio isotrmica da austenita de aos
ligados,com separao das curvas-C das transformaes perltica e
baintica. (NOVIKOV, 1994)
A bainita que se forma durante o resfriamento contnuo, freqentemente,
chamada de bainita granular. Esta terminologia largamente utilizada na indstria.
Na mesma faixa de temperaturas das bainitas, aparece outra microestrutura
denominada ferrita acicular, que consiste de uma srie de placas que nucleiam de
forma heterognea a partir de incluses no metlicas, crescendo em diferentes
direes dando lugar a uma microestrutura desorganizada e catica. As estruturas da
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ferrita acicular e da bainita so diferentes. Enquanto a bainita cresce com uma srie de
placas paralelas em orientaes cristalogrficas idnticas, nucleando nos contornos de
gro da austenita, as placas de ferrita acicular nucleiam no interior dos gros, de forma
radial com centro nas incluses no metlicas.
Kennon (1980), catalogou trinta diferentes termos usados para descrever a
microestrutura baintica:
Tabela 2.1 - Termos usados para a morfologia baintica (KENNON, 1980)
Termos
Bainita superior Bainita massiva Bainita aparente
Bainita inferior Bainita acicular Bainita como formada
Bainita de alta temperatura Bainita baixo carbono Bainita revenida
Bainita de baixa
temperatura
Bainita mdio
carbono
Bainita superior revenida
Bainita em bloco de coluna Bainita alto carbono Bainita inferior revenida
Bainita em bloco Bainita baixo C ou
liga
Bainita livre de
carbonetos
Bainita colunar Bainita I Bainita incompleta
Bainita granular Bainita II Bainita clara
Ilha de bainita Bainita III Bainita no contorno de
gro
Bainita lenticular Bainita comum Bainita inversa
Um dos fatores que mais tem complicado o estudo das estruturas bainticas sua
grande variedade e complexidade, existindo diversos tipos diferentes de bainita, sua
morfologia pode variar de forma importante com o aumento da porcentagem de
carbono. O tema bainita motivo de muita pesquisa em todo o mundo, e muitas
controvrsias continuam aps setenta anos de sua descoberta.No trabalho
simplesmente chamaremos de bainita.
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Nos aos bainticos os gros originais de austenita transformam-se em estruturas
de ripas, cuja espessura varia geralmente entre 0,2 e 2 micrometros. As ripas formam
feixes ou cachos; as fronteiras entre as ripas de um mesmo feixe so de pequeno
ngulo, mas feixes adjacentes, tm uma rotao relativa de ngulo elevado. A
espessura dos feixes a caracterstica fundamental da microestrutura que controla a
propagao de fissuras de clivagem nestas estruturas (BHADESHIA, 1992).
A morfologia da bainita consiste de ripas finas de ferrita, curtas ou mais longas,
em funo do tratamento, semelhante a da ferrita de Windmansttten, isentas ou no
de precipitao interna.
Podem ocorrer placas finas de ferrita ao invs de ripas e partculas estreitas de
cementita, na forma de bastes ou lminas muito finas no interior destas placas,
assemelhando-se a finas agulhas. Dependendo do tipo de bainita, pode apresentar
filmes de martensita de alto teor de carbono, por transformao da austenita retida no
resfriamento. (NOVIKOV, 1994)
As transformaes perlticas e bainticas so na realidade, concorrentes entre si.
Quando uma frao de uma liga tenha se transformada em perlita ou bainita, para obter
perlita ou bainita necessrio reaquecer a liga para formar austenita e executar
tratamento trmico adequado para obteno do microconstituinte desejado.
(CALLISTER, 2002; BHADESHIA, 1992; BRAMFITT e SPEER, 1988).
2.10.2 Bainita granular
Bainita Granular um termo freqentemente empregado para descrever a bainita
que se forma na transformao durante o resfriamento contnuo e apresenta um aspecto
granular (HABRAKEN; ECONOMOPOULOS, 1967). Esta terminologia largamente
usada na indstria, rea que a maioria dos aos no so tratados isotermicamente. Um
bom exemplo a indstria para gerao de energia, a qual emprega grandes
componentes de ao Cr-Mo que normalmente so resfriados do campo austentico para
induzir a formao de microestrutura baintica.
A bainita granular no facilmente distinguvel da bainita convencional quando
examinada no microscpio eletrnico de transmisso, uma vez que os mecanismos de
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formao delas no so diferentes. No entanto, como a microestrutura se forma
gradualmente durante o resfriamento, os feixes de bainita podem ser maiores. No
microscpio ptico a microestrutura tem a aparncia de blocos de bainita e austenita,
assim apropriado empregar o adjetivo "granular".
Uma caracterstica, apesar de no ser a nica, da bainita granular a ausncia de
carbonetos na microestrutura. O carbono que parcionado da ferrita baintica
estabiliza a austenita residual, assim, a microestrutura final contm austenita retida e
martensita com alto teor de carbono em adio a ferrita baintica.
(HABRAKEN; ECONOMOPOLUS, 1967).
2.10.3 Bainita superior
Quando a bainita se forma a partir da decomposio a altas temperaturas
(superior a 350C) da austenita recebe o nome de bainita superior.
A microestrutura da bainita superior consiste de ripas finas de ferrita, cada uma
com espessura da ordem de 0,2 micrmetro e comprimento de 10 micrmetros. As das
ripas crescem de forma agrupada formando feixes. Em cada um dos feixes as ripas so
paralelas e possuem orientao cristalogrfica idntica, elas possuem cristalografia
definida. As ripas individuais dos feixes so denominadas sub-unidades da bainita.
Normalmente, elas so separadas por contornos com pequena misoorientao ou por
partculas de cementita. A Figura 2.14 mostra a microestrutura da bainita superior.
Esta uma micrografia de um ao rico em silcio, em que suprimiu-se a precipitao
da cementita. Ao invs de cementita, tem-se filmes de austenita entre as ripas de
ferrita.
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Figura 2.14: a) Fotomicrografia ptica; b) Fotomicrografia de transmisso em campo
claro; c) imagem em campo escuro da austenita retida; d) montagem do
feixe de bainita visto por microscopia eletrnica de transmisso (os
feixes possuem a mesma aparncia da ripa escura observada na
microscopia ptica). Bhadeshia (2001).
A formao da bainita superior envolve estgios distintos, iniciando com a
nucleao das ripas de ferrita nos contornos de gro da austenita. O crescimento das
ripas acompanhado por mudana de forma da regio transformada, a mudana pode
ser descrita como um plano invariante de deformao com uma grande componente de
cisalhamento, virtualmente idntica a observada durante a transformao martenstica.
A bainita cresce a temperatura relativamente alta quando comparada com a
martensita. A alta tenso associada com a mudana de forma no pode ser suportada
pela austenita e a resistncia desta diminui com o aumento da temperatura. As tenses
induzidas pela deformao so relaxadas pela deformao plstica da austenita
adjacente. Na regio h aumento na densidade de discordncias causada pela
deformao plstica da austenita devido ao movimento da interface induzido pela
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transformao (Figura 2.15). Esta deformao plstica localizada impede o
crescimento das ripas de ferrita, deste modo, cada sub-unidade atinge um tamanho
limite, o qual muito menor que o tamanho de gro da austenita.
Figura 2.15: Emaranhado intenso de discordncias que se forma na interface bainita
(regio clara) austenita (regio escura) causada pela deformao induzida
pela mudana de forma que acompanha a transformao baintica.
(BHADESHIA, 2001).
Anteriormente, foi enfatizado que a bainita superior forma-se em dois estgios
distintos, o primeiro envolve a formao da ferrita baintica, na qual o carbono possui
pequena solubilidade (
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alumnio, que retardam a formao da cementita, adicionada ao ao, possvel
suprimir a formao da cementita. A microestrutura da bainita superior ser formada
de ferrita baintica e austenita retida enriquecida de carbono. A microestrutura pode
conter tambm martensita se ocorrer a decomposio da austenita residual durante o
resfriamento temperatura ambiente.
2.10.4 Bainita Inferior
A decomposio da austenita a temperatura mais baixa (inferior a 350C) d
origem a bainita inferior. A bainita inferior possui microestrutura e caractersticas
cristalogrficas similares as apresentadas pela bainita superior. A maior diferena est
na precipitao da cementita no interior das ripas de ferrita. Existem dois tipos de
precipitados de cementita o que cresce a partir da austenita enriquecida em carbono e
que separa as plaquetas de ferrita baintica, e uma segunda cementita que precipita a
partir da ferrita saturada. Esta ltima apresenta relao de orientao de revenido
encontrada quando ocorre a precipitao de carbonetos durante o tratamento trmico
da martensita.
A Figura 2.16 mostra diversos tipos de partculas de carboneto no interior da
ferrita baintica. A bainita inferior por outro lado consiste de plaquetas finas
organizadas na forma de feixes, com cada plaqueta parcialmente separada por
carbonetos ou por um filme de austenita retida com alto teor de carbono
(BHADESHIA, 2001).
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Figura 2.16: Microestrutura da bainita inferior (BHADESHIA, 2001).
No necessrio que os carbonetos da ferrita sejam cementita. Dependendo da
composio qumica e da temperatura de transformao, outros tipos de carbonetos de
transio podem ser formados primeiro. Por exemplo, em aos com alto de carbono
contendo mais que 1% de silcio (este retarda a formao da cementita), pode-se
observar a precipitao de carbonetos epson na ferrita baintica.
observado atravs do microscpio eletrnico de transmisso na Figura 2.17 que
a bainita inferior apresenta uma variante de partcula de carboneto em cada ripa. Uma
nica variante tende a ocorrer quando a energia de ativao para a precipitao da
cementita pequena, como por exemplo em ao baixo carbono ou a alta temperatura
em que o carbono pode sair rapidamente da ferrita saturada. (BHADESHIA, 2001).
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Figura 2.17: Relao de orientao cristalogrfica (BHADESHIA, 2001).
Outra explicao possvel que a precipitao dos carbonetos influenciada pela
tenso criada pelo crescimento da bainita inferior. O efeito pode ser reduzido durante o
revenido da martensita porque a energia de ativao para a precipitao dos carbonetos
grande.
Os carbonetos na bainita inferior