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SERVIÇOS DE ENGENHARIA CONSULTIVA PARA REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE PORTO SEGURO (BA), PLANO ESTRATÉGICO E RECOMENDAÇÕES PARA MELHORIA DA GESTÃO, INCLUINDO, OS ASPECTOS OPERACIONAL, INSTITUCIONAL E REGULATÓRIO, INERENTES À PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS CONTRATO Nº TP016/2015 PLANO ESTRATÉGICO MARCO LEGAL E REGULATÓRIO DE SANEAMENTO BÁSICO PROPOSTAS DE READEQUAÇÃO INSTITUCIONAL, LEGAL E REGULATÓRIA DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO DE PORTO SEGURO (PRODUTO IV) ECOTRADE CONSULTORES LTDA. 04 de julho de 2016

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SERVIÇOS DE ENGENHARIA CONSULTIVA PARA REALIZAÇÃO DE DIAGNÓSTICO

DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E

ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE PORTO SEGURO (BA), PLANO

ESTRATÉGICO E RECOMENDAÇÕES PARA MELHORIA DA GESTÃO, INCLUINDO, OS

ASPECTOS OPERACIONAL, INSTITUCIONAL E REGULATÓRIO, INERENTES À

PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS

CONTRATO Nº TP016/2015

PLANO ESTRATÉGICO

MARCO LEGAL E REGULATÓRIO DE SANEAMENTO BÁSICO

PROPOSTAS DE READEQUAÇÃO INSTITUCIONAL, LEGAL E

REGULATÓRIA DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE

SANEAMENTO BÁSICO DE PORTO SEGURO

(PRODUTO IV)

ECOTRADE CONSULTORES LTDA.

04 de julho de 2016

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 4

1 Antecedentes e Justificativas ............................................................................... 5

2 Análise do Ordenamento dos Marcos Legal e Regulatório da Saneamento Básico

8

2.1 Da Legislação Municipal de Porto Seguro Correlacionada à Prestação de

Serviços Públicos de Água e Esgotos ...................................................................... 9

2.1.1 Da Lei Orgânica do Município de Porto Seguro ...................................... 9

2.1.2 Lei Municipal nº 19895, de 25 de maio de 1995 .................................... 18

2.1.3 Lei Municipal nº 390/01, de 23 de abril de 2001 .................................... 18

2.1.4 Lei Municipal nº 266/97, de 16 de dezembro de 1997 ........................... 19

3 Análise dos Instrumentos da Política e Regulação da Prestação dos Serviços

Públicos de Saneamento Básico de Porto Seguro .................................................... 20

3.1 Desdobramentos Associados a Governança e Regulação dos Serviços

Públicos de Água e Esgoto Originários da Lei Federal de Saneamento Básico .... 21

3.1.1 Dos Princípios Fundamentais do Saneamento Básico .......................... 21

3.1.2 Titularidade, Regulação e Fiscalização da Prestação dos Serviços ...... 22

3.1.3 Da Concessão da Prestação dos Serviços de Saneamento Básico ...... 23

3.1.4 Da Regulação e Fiscalização dos Contratos de Concessão ................. 25

3.2 Bases Conceituais para Modelagem da Regulação de Serviços Públicos de

Saneamento Básico de Porto Seguro .................................................................... 26

3.2.1 Riscos Inerentes á Prestação de Serviços de Saneamento e Conflitos de

Interesses ........................................................................................................... 27

Figura 1 Riscos Envolvidos com a Prestação de Serviços de Saneamento Básico e

os Conflitos de Interesses ...................................................................................... 29

3.2.2 A Missão da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro (ARPS) ......................................................................................... 31

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Figura 2 Missão da Agência de Regulação no contexto da Prestação de Serviços de

Saneamento Básico de Porto Seguro .................................................................... 32

3.2.2.1 Regulação Econômica........................................................................ 33

3.2.2.2 Regulação da Qualidade e Efetividade da Prestação de Serviços ..... 38

3.2.2.3 Articulação e Integração com a Regulação de Recursos Hídricos ..... 40

3.2.2.4 Articulação com a Regulação Ambiental Estadual e Municipal ......... 42

3.3 Bases Jurídicas e Institucionais para Modelagem da Regulação de Serviços

Públicos de Saneamento Básico de Porto Seguro ................................................. 43

3.3.1 Objetivos da Regulação de Serviços Públicos ...................................... 43

3.3.2 Da exigência de Regulação e Fiscalização da Prestação Direta dos

Serviços Públicos ............................................................................................... 46

3.3.3 Da Regulação Técnica e Normativa ...................................................... 47

3.3.4 Do Ente Regulador e Fiscalizador ......................................................... 50

3.3.5 Do Sistema de Regulação e Fiscalização dos Serviços ........................ 51

3.3.6 Das Normas Legais Federais ................................................................ 52

3.3.7 Criação da Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro (ARPS) ......................................................................................... 54

ANEXO I - Projeto de Lei Complementar destinada a instituir a Política Municipal de

Saneamento Básico .................................................................................................. 56

ANEXO II - Projeto de Lei Complementar destinada a Criar a Agência Municipal de

Serviços Públicos de Porto Seguro ......................................................................... 112

ANEXO III – Minuta de Decreto Municipal Dispõe Sobre o Arranjo Institucional para

Implantação e Supervisão do Plano Estratégico ..................................................... 113

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APRESENTAÇÃO

Este Relatório atende aos Termos de Referência do Edital Nº TP 016/2015 do

Município de Porto Seguro, BA e responde ao Plano de Trabalho para Execução

dos Serviços, parte integrante do Contrato N° TP 016/2015.

A Administração Municipal estabeleceu como prioridade melhorar as Práticas de

Governança e Transparência de Gestão da Prestação dos Serviços de Água e

Esgotos de Porto Seguro em consonância com as Políticas e Objetivos do Plano

Estratégico do SAE Porto Seguro 2016-2036, objeto dos serviços de consultoria.

A presente análise destina-se a produzir as bases institucionais para o ordenamento

dos Marcos Legal e Regulatório da Prestação de Serviços de Abastecimento de Água

e Esgotos de Porto Seguro, em conformidade com a Lei Orgânica do Município e com

os preceitos das Leis Federais nº 8.987/1995, nº 11.079/04 e nº 11.445/2007. Como

consequência espera-se também oferecer insumos de caráter legal e normativo,

destinados a fundamentar e suportar as mudanças técnicas e institucionais

necessárias a melhorar a qualidade e a transparência na prestação dos serviços

delegados de abastecimento de água e esgotamento sanitário à população.

Nesse sentido, abrange o presente estudo os aspectos da regulação prestação dos

serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário de Porto Seguro, tendo

em vista observar o seu grau de adequação e conformidade ao Marco Legal Federal,

buscando meios de adequação do ordenamento legal e regulamentar da gestão

municipal aos seus preceitos. Assim sendo, este documento tem por objetivo fornecer

bases para formulação de propostas com vistas a subsidiar:

I. A elaboração de proposta de Projeto de Lei Complementar que Institui a

Política Municipal de Saneamento, de forma a adapta-la aos preceitos da Lei

Federal nº11.445/07 e assegurar transparência aos atos futuros de gestão;

II. A elaboração de proposta de Projeto de Lei Complementar que cria a Agência

de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Porto Seguro, seguindo os

preceitos da Lei Federal nº. 8.987/1995 e, no caso específico da regulação dos

serviços de saneamento básico, a Lei Federal nº 11.445/2007.

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1 Antecedentes e Justificativas

Desde a exaustão do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) – cujo modelo

regulatório estimulava a congregação da prestação dos serviços públicos de

abastecimento de água e saneamento básico em torno de companhias estaduais de

saneamento - as decisões do setor careciam de um novo marco legal e regulatório,

como forma de viabilizar investimentos para atender à grande demanda de serviços

das comunidades mal atendidas ou não atendidas com esses serviços.

Desde então um conjunto de leis federais vem delineando o Marco Legal e

Regulatórios para melhorar a eficiência da gestão dos serviços públicos, tendo como

destaques as seguintes Leis Federais:

I. Em 13 de fevereiro de 1995 foi sancionada a Lei Federal nº 8.987/95, que

dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de

serviços públicos, regulando o leque de alternativas de gestão da

prestação de serviços públicos previstos no Art. 175 da Constituição

Federal;

II. Em 30 de dezembro do 2004 foi sancionada a Lei Federal nº 11.079/04,

que instituiu as normas gerais para licitação e contratação de parceria

público-privada no âmbito da administração pública; e,

III. Finalmente, foi sancionada, em 05 de janeiro de 2007, a Lei Federal nº

11.445/07 – chamada lei do saneamento – que instituiu e ordenou os

princípios fundamentais e as diretrizes normativas que devem ser

observadas pelos entes da Federação na prestação dos serviços

públicos de saneamento básico, entre os quais os serviços de

abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de drenagem urbana e

de coleta, tratamento e destinação de resíduos sólidos.

As diretrizes normativas trazidas por essas leis possuem repercussão direta e

inequívoca sobre a qualidade da gestão dos serviços públicos concedidos de

competência Municipal, incluindo os serviços de saneamento básico, por parte de

municípios, estabelecendo as normas gerais para o exercício de sua titularidade, no

que diz respeito:

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I. À tipificação dos Serviços Públicos Municipais que podem ser concedidos;

II. À regulação e fiscalização da prestação desses serviços;

III. Ao planejamento, organização e execução da prestação dos serviços

concedidos;

IV. A aplicação dos instrumentos econômicos e sociais de gestão, incluindo

formulação e execução da política tarifária para custeio e remuneração dos

investimentos necessários à prestação eficiente dos serviços concedidos;

V. Os princípios fundamentais que regem a prestação dos serviços públicos

concedidos;

VI. Os fatores e variáveis que determinam a universalização do acesso integral

aos serviços públicos à população;

VII. Os mecanismos para busca da eficiência e sustentabilidade econômica da

prestação dos serviços;

VIII. Os instrumentos de controle social; e

IX. Os parâmetros e mecanismos para garantia da segurança, qualidade e

regularidade da prestação dos serviços delegados.

De acordo com a Lei nº 11.445/07, fica determinado que o Município - o ente

federativo titular dos serviços de saneamento básico - deverá formular, em sua

jurisdição, a política pública de saneamento básico e, para tanto, entre outras

medidas, deverá:

I. Prestar diretamente ou delegar a prestação dos serviços;

II. Decidir qual será o órgão municipal, intermunicipal ou estadual responsável

pela regulação e fiscalização da prestação dos serviços;

III. Estabelecer os direitos e os deveres dos usuários e estabelecer

mecanismos de controle social;

IV. Elaborar o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) e fiscalizar a

sua execução.

Em função da necessidade de ajustar os marcos legal e regulatório Municipais, o

Poder Executivo de Porto Seguro toma a iniciativa de desenvolver ações iminentes no

sentido da revisão, adequação e instituição:

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I. Do ordenamento legal e jurídico regedor da gestão da prestação dos

serviços públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário sob

sua jurisdição; e

II. Do sistema municipal de gestão desses serviços e os instrumentos e

mecanismos regulatórios da sua prestação, para que estejam conforme os

princípios e diretrizes das Leis Federais: nº 8.987/95, nº 11.079/04 e nº

11.445/07.

Conforme citado anteriormente, foi desenvolvido um diagnóstico da prestação dos

serviços em Porto Seguro, compreendendo uma análise da prestação dos serviços

de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Município de Porto

Seguro, delegados à Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A (EMBASA),

outorgada com contrato de concessão para prestação dos serviços de 25 de setembro

de 1995 a 25 de setembro de 2015, devidamente autorizada pela Lei Municipal nº

198/95.

O referido diagnóstico foi apresentado e discutido com a Exma. Senhora Prefeita

Municipal, com os Secretários Municipais de Finanças, do Meio Ambiente e de Obras,

com o Procurador Jurídico Municipal, e também apresentado ao Conselho Municipal

do Meio Ambiente do Município de Porto Seguro (CMMA).

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2 Análise do Ordenamento dos Marcos Legal e Regulatório da Saneamento Básico

O conjunto de fragilidades técnicas e operacionais traduzidas pela análise dos

indicadores de desempenho relatadas no Diagnóstico da Situação Atual da Prestação

dos Serviços Públicos de Água e Esgotos de Porto Seguro (Produto II) é consequência

direta do descompasso observado entre a situação dos marcos legal e regulatório

vigentes para a prestação de serviços públicos de água e esgotos sanitários de Porto

Seguro e realidade da prática de gestão da prestação dos serviços, por parte da

Concessionária Estadual EMBASA.

Um Relatório de Fiscalização produzido em janeiro de 2015 pela AGERSA – Agência

Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia - entidade responsável

pela normatização e fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico do

Estado – também demonstrou a grave situação operacional em que se encontram

os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário de Porto

Seguro. E, no entanto, a referida Agência não tomou as providencias cabíveis para

forçar à Direção da EMBASA, no sentido de executar as melhorias demandadas.

A partir dos relatos do Diagnóstico realizado pela ECOTRADE e do Relatório de

Fiscalização da AGERSA, constatou-se iminente a necessidade da análise dos

aspectos jurídico-normativos e administrativos da regulação dos serviços de

abastecimento de água e esgotamento sanitário de Porto Seguro, como condição para

avanço na direção da implantação de melhorias técnicas e operacionais urgentemente

necessárias.

A objeto da análise do presente Relatório é identificar e avaliar a conformidade do

ordenamento legal e regulamentar e do modelo de gestão municipal dos serviços

vigente, tendo como espelho as diretrizes das Leis Federais de nº 8.987/95,

nº 11.079/04 e de nº 11.445/07, estabelecendo as bases para a regulação e

fiscalização da prestação dos serviços concedidos de titularidade do Município de

Porto Seguro, a ser estabelecida através de Lei Municipal Complementar.

Assim sendo, justifica-se o imperativo de:

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I. Inventariar e avaliar o ordenamento legal e regulamentar vigente em Porto

Seguro, bem como propor caminhos para a sua eventual revisão,

complementação e consolidação dos instrumentos; e

II. Analisar o conjunto de alternativas jurídico-institucionais, no contexto dos

ditames das Leis Federais de nº 8.987/95, nº 11.079/04 e de nº 11.445/07, e

desenvolver propostas para a instituição e/ou reestruturação do sistema e dos

mecanismos vigentes de regulação e fiscalização da prestação dos referidos

serviços.

O primeiro tópico representa uma análise da legislação municipal vigente relativa à

Política Municipal de Saneamento Básico, dos mecanismos existentes de organização

e gestão dos serviços, focando exclusivamente nos serviços de abastecimento de

água e esgotamento sanitário, cuja prestação esteve delegada à Empresa Baiana de

Águas e Saneamento S/A (EMBASA), até 25 de setembro de 2015.

2.1 Da Legislação Municipal de Porto Seguro Correlacionada à Prestação de Serviços Públicos de Água e Esgotos

Da pesquisa realizada pelos Consultores, em âmbito Municipal, foram considerados

relevantes e alvo e análise, no contexto dos estudos de reordenamento dos marcos

legal e regulatório da prestação dos serviços públicos de saneamento básico de Porto

Seguro, os instrumentos apresentados neste capítulo.

2.1.1 Da Lei Orgânica do Município de Porto Seguro

A Lei Orgânica do Município de Porto Seguro consubstancia e alinha o disposto na

Constituição Federal oferecendo adequadamente um detalhamento dos aspectos

relativos à organização dos poderes e à administração municipal, delineando as

diretrizes gerais das políticas públicas de responsabilidade e interesse específico do

Município.

Como objeto desta análise merecem ser destacados os seguintes tópicos da Lei

Orgânica do Município de Porto Seguro promulgada em 4 de abril de 1990:

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CAPITULO III - DOS BENS MUNICIPAIS

Art. 5º - São bens municipais:

..........

III – águas fluentes, emergentes e em depósito, localizadas exclusivamente em seu

Território.

..........

Art. 9º - O uso de bens Municipais por terceiros poderá ser feito mediante concessão,

permissão ou autorização, conforme o caso e o interesse público o exigir.

Capitulo IV - DAS COMPETÊNCIAS

Art. 10 – Compete ao Município:

..........

III – suplementar a Legislação Federal e Estadual no que couber;

..........

VIII – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão, ou permissão, os

serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter

essencial;

..........

Art. 11 – É da competência do município em comum com a União e o Estado:

..........

VI – Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

..........

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XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e

exploração de recursos hídricos e minerais em seu território;

TÍTULO II

DO PODER LEGISLATIVO

CAPITULO II - DAS COMPETÊNCIAS DA CÂMARA MUNICIPAL

Art. 25 – Compete à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, dispor sobre todas

as matérias da competência do Município, especialmente sobre:

..........

IV – planos e programas municipais do desenvolvimento, inclusive plano diretor

urbano;

..........

XV – organização dos serviços públicos;

..........

Art. 26 – É da competência exclusiva da Câmara Municipal:

..........

XIII – apreciar os atos de concessão ou permissão e os de renovação de concessão

ou permissão de serviços de transportes coletivos;

..........

XVI – aprovar, previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de

titulares de cargos e membros de Conselhos que a lei determinar;

..........

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Capítulo III - DO FUNCIONAMENTO DA CÂMARA

Art. 28 – A Câmara Municipal reunir-se-á, ordinariamente, em sessão legislativa anual,

de 15 de fevereiro a 30 de junho e de 01 de agosto a 15 de dezembro, devendo

realizar-se, pelo menos, uma reunião semanal.

..........

§ 8º - Dependerão do voto favorável de dois terços dos membros da Câmara:

a) a aprovação e alteração do Plano Diretor e da política de desenvolvimento urbano;

b) concessão de serviços e direitos;

TÍTULO III

DO PODER EXECUTIVO

CAPITULO I - DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO

..........

CAPITULO II - DAS ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO PREFEITO

Art. 58 – Cabe privativamente ao Prefeito:

..........

VI – dispor sobre a organização e o funcionamento da administração municipal, na

forma da lei;

..........

TÍTULO V

DA ORDEM ECONÔMICA

CAPITULO I - DOS PRINCIPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 77 – O Município, na sua circunscrição territorial e dentro de sua competência

constitucional, assegura a todos, dentro dos princípios da ordem econômica fundada

na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, existência digna, observada

os seguintes princípios:

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I – autonomia municipal;

II – propriedade privada;

III – função social da propriedade;

IV – livre concorrência;

V – defesa do consumidor;

VI – defesa do meio ambiente;

VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII – busca do pleno emprego;

..........

Art. 78 – A prestação de serviços públicos, pelo Município, diretamente ou sob regime

de concessão ou permissão, será regulada em lei complementar que assegurará:

I – a exigência de licitação, em todos os casos;

II – definição do caráter especial dos contratos de concessão ou permissão, casos de

prorrogação, condições de caducidade, forma de fiscalização e rescisão;

III – os direitos dos usuários;

IV – a política tarifária;

V – a obrigação de manter serviços de boa qualidade;

VI – mecanismo de fiscalização pela comunidade e usuários; ..........

CAPÍTULO II - DA POLITICA URBANA

Art. 82 – A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

Municipal, conforme diretrizes fixadas em leis estaduais e federais, tem pó objetivo

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ordenar o pleno desenvolvimento das funções da cidade e seus bairros, dos distritos

e dos aglomerados urbanos e garantir o bem-estar de seus habitantes.

§ 1º - O Plano Diretor Urbano, aprovado pela Câmara Municipal, é o instrumento

básico da política de desenvolvimento e de expansão no Plano Diretor.

..........

Art. 86 – O Município implantará sistema de coleta, transporte, tratamento e/ou

disposição final de lixo, utilizando processos que envolvam sua reciclagem.

..........

TÍTULO VI - DA ORDEM SOCIAL

..........

CAPITULO II - DA SAÚDE

Art. 90 – O Município integra, com a União e o Estado, o Sistema Único de Saúde,

cujas ações e serviços públicos, na sua circunscrição territorial, são por ele dirigidos,

coma as seguintes diretrizes:

.........

IV – compete ao Município:

..........

f) suplementar, se necessário, a legislação federal e a estadual que disponham sobre

a regulamentação, fiscalização e controle das ações e serviços de saúde, que se

organizem em sistema único, observados os preceitos estabelecidos na Constituição

Federal;

..........

Art. 92 – Será constituído o Conselho Municipal de Saúde, órgão deliberativo,

integrado por representantes das entidades profissionais de saúde, prestadoras de

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serviços, sindicatos, associações comunitárias e gestoras do sistema de saúde, na

forma da lei.

..........

CAPITULO V - DO MEIO AMBIENTE

Art. 103 – Todos têm direito ao meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial, à adequada qualidade de vida, impondo-se

a todos e, em especial, ao Poder Público Municipal, o dever de defendê-lo e preservá-

lo para o beneficio das gerações atuais e futuras.

Parágrafo Único – O direito ao ambiente saudável estende-se ao ambiente de

trabalho, podendo o Município contribuir para a proteção do trabalhador contra toda e

qualquer condição nociva à sua saúde física e mental.

Art. 104 – É dever do Poder Municipal elaborar e implantar, através de lei, um Plano

Municipal de Meio Ambiente e Recursos Naturais que contemplará a necessidade do

conhecimento das características e recursos dos meios físico e biológico, de

diagnóstico de sua utilização e definição de diretrizes para o seu melhor

aproveitamento no processo de desenvolvimento econômico-social.

Art. 105 – Cabe ao Poder Municipal, através de seus órgãos de administração direta,

indireta e funcional:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais das espécies e dos

ecossistemas, no âmbito da sua circunscrição;

II – preservar e restaurar a diversidade e a integridade do patrimônio genético,

biológico e paisagístico, no âmbito municipal, e fiscalizar as entidades na pesquisa e

manipulação genética;

III – definir e implantar áreas e seus componentes representativos de todos os

ecossistemas originais do espaço territorial do Município, a serem especialmente

protegidos, sendo alteração e supressão, inclusive dos já existentes, permitida

somente por meio da lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade

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dos atributos que justifiquem sua proteção. Ficam mantidas as unidades de

conservação atualmente existentes;

IV – exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou de atividade potencial

causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio do impacto

ambiental, a que se dará publicidade, garantias, audiências públicas, na forma da lei;

.........

VII – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VIII – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e

exploração de recursos hídricos e minerais em seu território;

IX – definir o uso de ocupação do solo, subsolo e águas, através de planejamento que

englobe diagnóstico, análise técnica e definição de diretrizes de gestão de espaços,

com participação popular e socialmente negociadas, respeitando a conservação de

qualidade ambiental;

.........

Art. 109 – O Poder Público Municipal instituirá o Conselho Municipal de Meio

Ambiente, órgão colegiado de deliberação superior, composto, paritariamente, por

representantes do Poder Público, entidades ambientalistas, representantes da

sociedade civil, que entre outras competências definidas em lei, deverá:

I – analisar, aprovar ou vetar qualquer projeto, público ou privado, que implique em

impacto ambiental;

..........

Art. 111 – Nos serviços públicos prestados pelo Município e na sua concessão,

permissão e renovação, deverão ser avaliados o serviço e seu impacto ambiental.

Parágrafo Único – As empresas concessionárias ou permissionárias de serviços

públicos deverão atender rigorosamente aos dispositivos de proteção ambiental, não

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sendo permitida a renovação da permissão ou concessão, no caso de reincidência da

infração.

Art. 112 – Aquele que utilizar recursos ambientais fica obrigado, na forma da lei, a

realizar programas de monitoragens a serem estabelecidos pelos órgãos

competentes.

Art. 113 – Os recursos oriundos de multas administrativas e condenações judiciais por

atos lesivos ao meio ambiente e das taxas incidentes sobre a utilização dos recursos

ambientais serão destinados a um fundo gerido pelo Conselho Municipal de Meio

Ambiente, na forma da lei.

Art. 114 – São áreas de proteção permanente:

I – os manguezais;

II – as áreas de proteção das nascentes de rios;

III – as áreas que abriguem exemplares da fauna e da flora, como aqueles que sirvam

como local de pouso ou reprodução de espécies migratórias;

IV – as áreas esturianas;

V – as paisagens notáveis;

CAPITULO VI - DO SANEAMENTO BÁSICO

Art. 115 – Cabe ao Município prover sua população dos serviços básicos de

abastecimento d’água, coleta e disposição adequada dos esgotos e lixo, drenagem

urbana de águas pluviais e fluviais, segundo as diretrizes fixadas pelo Estado e União.

Parágrafo Único – O Poder Executivo se obriga a promover, periodicamente, a analise

da qualidade da água servida à população, através de sistemas próprios, do Estado

ou de terceiros.

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Art. 116 – Os serviços definidos no artigo anterior são prestados diretamente por

órgãos municipais ou por concessão a empresas públicas ou privadas, devidamente

habilitadas.

§ 1º - Serão cobradas taxas ou tarifas pela prestação dos serviços, na forma da lei.

§ 2º - A lei definirá mecanismos de controle e de gestão democráticas, de forma que

as entidades representativas da comunidade deliberem, acompanhem e avaliem as

políticas e as ações dos órgãos ou empresas responsáveis pelos serviços.

2.1.2 Lei Municipal nº 19895, de 25 de maio de 1995

Em 1995 foi promulgada a Lei Municipal nº 198/95 autorizou o Prefeito Municipal de

Porto Seguro a firmar Contrato de Concessão com a Empresa Baiana de Águas e

Saneamento S/A – EMBASA, para Concessão de Exploração de Serviços de Água e

de Esgotamento Sanitário no Município de Porto Seguro.

O prazo de concessão para exploração dos serviços é de 20 (vinte) anos.

O Município ficou também autorizado a participar do capital da EMBASA, através de

capitalização em dinheiro ou através da incorporação de bens pertencentes ao

Município, que estejam vinculados aos serviços concedidos.

Por meio dessa lei o Município transferiu à EMBASA o poder de fixação das tarifas a

serem cobradas dos usuários, bem como isentou a companhia de pagar quaisquer

tributos Municipais.

2.1.3 Lei Municipal nº 390/01, de 23 de abril de 2001

Esta lei autorizou o executivo municipal a celebrar convênio com o estado da Bahia

visando promover a privatização da concessão de serviços públicos de abastecimento

de água e esgotamento sanitário:

“Fica o Poder Executivo autorizado a firmar Convênio com o Estado da Bahia,

objetivando a desestatização dos serviços públicos de abastecimento de água e

esgotamento sanitário, com delegação simultânea da concessão de tais serviços à

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iniciativa privada, mediante processo licitatório, incluindo, também, a concessão do

uso de bens públicos, desde que destinados aos aludidos serviços. ”

Os termos e condições da desestatização da Empresa Baiana de Águas e

Saneamento S/A - EMBASA e a respectiva delegação dos serviços públicos de

abastecimento de água e esgotamento sanitário foram à época contratados com o

BNDES e basearam-se na Lei Federal nº 8.987/95.

O processo de desestatização da EMBASA não foi concluído.

2.1.4 Lei Municipal nº 266/97, de 16 de dezembro de 1997

Esta Lei criou o Conselho Municipal do Meio Ambiente (CMMA), órgão colegiado

tripartite e paritário, com função de assessoramento do poder público municipal, de

caráter permanente, deliberativo, consultivo e normativo, das ações de meio ambiente

no âmbito do município de Porto Seguro.

Posteriormente o CMMA foi reestruturado pela Lei Municipal nº 1.048/13, de 19 de

março do 2013 e regulamentado pelo Decreto nº 5.924/13, de 17 de maio de 2013.

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3 Análise dos Instrumentos da Política e Regulação da Prestação dos Serviços Públicos de Saneamento Básico de Porto Seguro

A análise aqui descrita tem por objetivo subsidiar a formulação de Projetos de Lei

Complementar destinados a:

I. Instituir a Política Municipal de Saneamento Básico, nos termos da Lei Federal

nº 11.445/07 (Lei do Saneamento Básico);

II. Criar um futura Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro (ARPS).

Em decorrência das instruções das Exma. Sra. Prefeita Municipal, no sentido de criar

mecanismos de governança - de forma a tornar Porto Seguro referência e

transparência dos atos da Administração Municipal - abrangência da Agência será

a regulação e fiscalização de todos os serviços públicos concedidos de titularidade do

Município, como:

a) Serviços de abastecimento urbano água;

b) Serviços de coleta, tratamento e disposição final de esgotos sanitários;

c) Serviços de coleta, transporte, tratamento de disposição final de resíduos

sólidos urbanos;

d) Serviços de drenagem de águas pluviais urbanas;

e) Serviços de transporte urbano de passageiros em todas as suas

modalidades;

f) Serviços de transporte urbano de cargas em todas as suas modalidades;

g) Serviços de distribuição de gás canalizado;

h) Serviços de estacionamento rotativo;

i) Serviços de turismo e hotelaria;

j) Serviços de alimentação

k) Serviços de administração de terminais e estações rodoviárias;

l) Serviços de utilização de espaços públicos para fins esportivos e

recreativos;

m) Publicidade em vias públicas;

n) Serviços funerários e cemitérios;

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o) Serviços de provimento de espaços administrativos para a Administração

Municipal;

p) Serviços de operação de parques e jardins;

q) Serviços de atendimento à saúde e assistência social;

r) Serviços de mercados municipais e feiras;

s) Creches, escolas e bibliotecas; e,

t) Outros serviços que o legislador vier a definir.

A opção por criar uma Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro (ARPS), inicialmente focada na Prestação de Serviços Públicos de

Saneamento Básico, baseia-se na necessidade de compartilhar competências e

racionalizar custos operacionais da futura agencia, agregando racionalidade à

Administração Municipal.

Entretanto, por força contratual, o detalhamento que se segue prioriza o tema

saneamento básico, conforme estipulado nos Termos de Referência.

3.1 Desdobramentos Associados a Governança e Regulação dos Serviços Públicos de Água e Esgoto Originários da Lei Federal de Saneamento Básico

3.1.1 Dos Princípios Fundamentais do Saneamento Básico

A Lei Federal n° 11.445, de 5 de janeiro d 2007, que estabelece as diretrizes nacionais

para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico, destaca

em seus princípios fundamentais (Artigo 2°) que os serviços públicos de saneamento

básico serão prestados com base na:

I - universalização do acesso;

II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e

componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando

à população o acesso em conformidade com as suas necessidades e maximizando a

eficácia das ações e resultados;

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III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos

resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do

meio ambiente;

IV - disponibilidade, em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e de

manejo das águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do

patrimônio público e privado;

V - adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades

locais e regionais;

VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de

habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de

promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria

da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante;

VII - eficiência e sustentabilidade econômica;

VIII - utilização de tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de

pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas;

IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos

decisórios institucionalizados;

X - controle social;

XI - segurança, qualidade e regularidade;

XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos

hídricos.

3.1.2 Titularidade, Regulação e Fiscalização da Prestação dos Serviços

O Artigo 8o determina que os titulares dos serviços públicos de saneamento básico

poderão delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a prestação desses

serviços, nos termos do art. 241 da Constituição Federal e da Lei no 11.107, de 6 de

abril de 2005 (Lei dos Consórcios Públicos).

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E, conforme estabelecido no Artigo 9o, o titular dos serviços (o Município) formulará a

respectiva política pública de saneamento básico, devendo, para tanto:

I - elaborar os planos de saneamento básico, nos termos desta Lei;

II - prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir o ente

responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos de sua

atuação;

III - adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública,

inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento público,

observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água;

IV - fixar os direitos e os deveres dos usuários;

V - estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput

do art. 3o desta Lei;

VI - estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o

Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SNIS);

VII - intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da

entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos documentos

contratuais.

3.1.3 Da Concessão da Prestação dos Serviços de Saneamento Básico

O Artigo 10 estabelece que a prestação de serviços públicos de saneamento básico

(abastecimento de água, esgotos, coleta, tratamento e disposição final de lixo e

drenagem urbana) por entidade que não integre a administração do titular depende

da celebração de contrato, sendo vedada a sua disciplina mediante convênios,

termos de parceria ou outros instrumentos de natureza precária. E o Artigo 11

determina as condições de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação

de serviços públicos de saneamento básico:

I - a existência de Plano Municipal de Saneamento Básico;

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II - a existência de estudo comprovando a viabilidade técnica e econômico-

financeira da prestação universal e integral dos serviços, nos termos do respectivo

plano de saneamento básico;

III - a existência de normas de regulação que prevejam os meios para o

cumprimento das diretrizes desta Lei, incluindo a designação da entidade de

regulação e de fiscalização;

IV - a realização prévia de audiência e de consulta públicas sobre o edital de

licitação, no caso de concessão, e sobre a minuta do contrato.

§ 1o os planos de investimentos e os projetos relativos ao contrato deverão ser

compatíveis com o respectivo Plano de Municipal de Saneamento Básico.

§ 2o Nos casos de serviços prestados mediante contratos de concessão ou de

programa, as normas previstas no inciso III do caput deste artigo deverão prever:

I - a autorização para a contratação dos serviços, indicando os respectivos prazos

e a área a ser atendida;

II - a inclusão, no contrato, das metas progressivas e graduais de expansão dos

serviços, de qualidade, de eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros

recursos naturais, em conformidade com os serviços a serem prestados;

III - as prioridades de ação, compatíveis com as metas estabelecidas;

IV - as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro da

prestação dos serviços, em regime de eficiência, incluindo:

a) o sistema de cobrança e a composição de taxas e tarifas;

b) a sistemática de reajustes e de revisões de taxas e tarifas;

c) a política de subsídios;

V - mecanismos de controle social nas atividades de planejamento, regulação e

fiscalização dos serviços;

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VI - as hipóteses de intervenção e de retomada dos serviços.

§ 3o Os contratos não poderão conter cláusulas que prejudiquem as atividades

de regulação e de fiscalização ou o acesso às informações sobre os serviços

contratados.

§ 4o Na prestação regionalizada, o disposto nos incisos I a IV do caput e nos §

1o e 2o deste artigo poderá se referir ao conjunto de municípios por ela abrangidos.

3.1.4 Da Regulação e Fiscalização dos Contratos de Concessão

O Artigo 12° prevê que, nos serviços públicos de saneamento básico (água, esgotos,

resíduos sólidos e drenagem urbana) em que mais de um prestador execute atividade

interdependente com outra, a relação entre elas deverá ser regulada por contrato e

haverá entidade única encarregada das funções de regulação e de fiscalização.

§ 1o A entidade de regulação definirá, pelo menos:

I - as normas técnicas relativas à qualidade, quantidade e regularidade dos

serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos;

II - as normas econômicas e financeiras relativas às tarifas, aos subsídios e aos

pagamentos por serviços prestados aos usuários e entre os diferentes prestadores

envolvidos;

III - a garantia de pagamento de serviços prestados entre os diferentes

prestadores dos serviços;

IV - os mecanismos de pagamento de diferenças relativas a inadimplemento dos

usuários, perdas comerciais e físicas e outros créditos devidos, quando for o caso;

V - o sistema contábil específico para os prestadores que atuem em mais de um

Município.

§ 2o O contrato a ser celebrado entre os prestadores de serviços a que se refere

o caput deste artigo deverá conter cláusulas que estabeleçam pelo menos:

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I - as atividades ou insumos contratados;

II - as condições e garantias recíprocas de fornecimento e de acesso às

atividades ou insumos;

III - o prazo de vigência, compatível com as necessidades de amortização de

investimentos, e as hipóteses de sua prorrogação;

IV - os procedimentos para a implantação, ampliação, melhoria e gestão

operacional das atividades;

V - as regras para a fixação, o reajuste e a revisão das taxas, tarifas e outros

preços públicos aplicáveis ao contrato;

VI - as condições e garantias de pagamento;

VII - os direitos e deveres sub-rogados ou os que autorizam a sub-rogação;

VIII - as hipóteses de extinção, inadmitida a alteração e a rescisão administrativas

unilaterais;

IX - as penalidades a que estão sujeitas as partes em caso de inadimplemento;

X - a designação do órgão ou entidade responsável pela regulação e fiscalização

das atividades ou insumos contratados.

3.2 Bases Conceituais para Modelagem da Regulação de Serviços Públicos de Saneamento Básico de Porto Seguro

A principal causa do atraso no processo de universalização dos serviços de

saneamento básico no Brasil nunca foi ou será a falta de recursos financeiros, uma

vez que esses estão disponíveis, seja por via de financiamentos federais, ou por via

do investimento de concessionárias privadas.

Servem de exemplo os serviços públicos de energia elétrica e telefonia, por exemplo,

que são menos essenciais para a população do que a distribuição de água tratada e

atingem níveis de atendimento à população surpreendentes.

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A diferença está nos modelos de governança que sempre foram diferentes, a começar

pela titularidade dos serviços de saneamento, que estão na esfera municipal. E no

valor econômico reconhecido da água como um bem infinito e de graça. Neste

nível de decisão o risco-Governo Municipal torna-se muito sensível ao calendário

eleitoral, pelo fato da cobrança pelos serviços ser local e a sua influência sobre a

classe política mais imediata.

Essa diferença faz com que a matriz de risco associada à governança da prestação

de serviços públicos de saneamento básico sofra um desequilíbrio na relação entre

os entes envolvidos – Governo Municipal, usuário e prestador de serviço -,

desequilíbrio este que se manifesta negativamente, quase na sua totalidade, quando

os políticos locais não querem assumir o ônus de cobrar a tarifa real necessária ao

provimento dos serviços de água, esgoto e lixo. A isso se soma o uso político através

de nomeações e contratações de pessoal em excesso, como a evolução histórica do

setor demonstra, através dos indicadores de produtividade de pessoal do Sistema

Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS.

É nesse ponto que se inicia um círculo-vicioso que conduz ás situações como a que

se encontram hoje muitos Municípios Brasileiros que operam a prestação de serviços

de saneamento básico através de Autarquias e Empresas Municipais.

3.2.1 Riscos Inerentes á Prestação de Serviços de Saneamento e Conflitos de

Interesses

A concessão da prestação dos serviços de saneamento básico - independente se o

concessionário é público, privado ou misto - é caracterizada pela pressão de riscos

originários das relações entre os agendes diretamente envolvidos com o seu

planejamento e execução. São eles:

I. O Governo Municipal, que é o poder concedente;

II. O usuário, que é o beneficiário e pagador pelos serviços prestados;

III. O prestador dos serviços delegados/concedidos, que pode ser o próprio poder

público, através de uma autarquia ou uma empresa pública, ou ainda uma

empresa mista ou privada.

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O modelo de gestão institucional da prestação dos serviços deve, portanto, levar em

conta os diferentes tipos de riscos inerentes aos interesses específicos desses

agentes, que podem em alguns momentos, ser conflitantes (Figura 1).

Os conflitos de interesses, quando não administrados por bons contratos e pactuação

política sólida, tendem a aflorar independentemente do operador-delegado da

prestação de serviços ser um concessionário público ou privado, ao longo do tempo,

em função da própria natureza dos serviços que apresentam duas características

econômicas que lhe são peculiares:

I. A condição monopolística da operação da prestação de serviços, caracterizada

pela inviabilidade econômica de competição entre diferentes operadores, por

exemplo, através da construção de sistemas paralelos de água e esgotos; e

II. A condição de irreversibilidade dos investimentos na infraestrutura, cujo uso

não pode ter outra destinação nem ser transportado para outro local.

A essas características econômicas inerentes á prestação dos serviços de

saneamento básico vêm se somar outras variáveis de natureza política, orçamentária

e ambiental capazes de agravar os conflitos de interesse diagramados na Figura 1.

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Figura 1 Riscos Envolvidos com a Prestação de Serviços de Saneamento Básico e os Conflitos de Interesses

Os riscos originários da má gestão do conflito de interesses entre o Governo Municipal

(Poder Concedente) e o Operador dos Serviços (Autarquia, Empresa Municipal,

Concessionário ou Permissionário Privado) têm sua raiz na irreversibilidade dos

investimentos realizados para implantar a infraestrutura dos serviços públicos de

captação, adução, tratamento, reservação e distribuição de água, bem como nos

serviços de coleta, tratamento e disposição final dos esgotos sanitários.

Esses riscos resultam da expectativa ou incerteza quanto à possibilidade da quebra

unilateral de contrato ou uso político das tarifas por parte do poder público, muito

comum no Brasil. Exemplos recentes de interferência para fins políticos resultaram na

quebra da Petrobrás e da Eletrobrás.

Essa expectativa se amplia ao risco de expropriação do capital investido ou

inviabilização do retorno do investimento feito pelo Concessionário, via uso político da

tarifa. Se este for privado representa prejuízo para os investidores; se for público pode

representar incapacidade de honrar o serviço da dívida de empréstimos, como por

exemplo, junto à CAIXA ECONOMICA FEDERAL e ao BNDES.

O fator determinante desse risco é o grau de incerteza associado à modificação futura,

por parte do Poder Concedente, de regras preestabelecidas, principalmente aquelas

que se referem ao valor das tarifas; mais especificamente, da quebra do equilíbrio

econômico-financeiro do contrato.

Esse equilíbrio é representado na metodologia pactuada de composição da estrutura

tarifária que, em última análise, garante o pagamento de todas as despesas de

operação e manutenção e a remuneração do capital investido pelo operador, seja ele

púbico ou privado.

A mitigação regulatória e institucional desse risco é importante tendo em vista que as

delegações/concessões (sejam elas realizados entre Governo Municipal e Autarquia

ou Empresa Pública ou Empresa Privada) são os instrumentos que viabilizam os

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investimentos, e que requerem a recuperação do capital investido (Empresa Privada)

ou pagamento do serviço da dívida (Autarquia ou Empresa Pública).

Exemplo: Para se garantir do risco associado ao não recebimento de parcelas

de financiamento o BNDES se vale de mecanismos de contra garantia de

pagamento de empréstimos pelos Municípios como:

i. A cessão de parte das transferências do Fundo de Participação do Município

como garantia; e

ii. A exigência de criação do Fundo Garantidor de Saneamento por parte do

Município (que cauciona um percentual da arrecadação tarifária). Esse

mecanismo está previsto na Lei Federal nº 11.445/07.

Os investimentos em saneamento compreendem prazos muito longos - em geral 25 a

30 anos - percorrendo mandatos de vários Governos Municipais. Isto torna a gestão,

por vezes, vulnerável a um governante oportunista interessado em angariar resultado

político imediato, através da adoção medida populista, como congelamento de tarifa,

por exemplo. O que cria problemas maiores a ser transferidos para os seus

sucessores e penalizando a população em longo prazo.

Esse fato acaba por repercutir também na relação do Prestador de Serviços com os

Usuários, uma vez que pode resultar na redução da qualidade dos serviços, ou

interrupção dos mesmos, devido a problemas de manutenção e reposição de

equipamentos e instalações.

A redução do risco de expropriação do capital, através de salvaguardas regulatórias

e contratuais previstas também na Legislação Municipal, constitui-se num mecanismo

fundamental para que o processo de atração de capitais públicos e privados para

investimento em saneamento básico em Porto Seguro seja exitoso.

Quanto maior for a expectativa de risco, maior será o custo estimado para a execução

do contrato de concessão por uma concessionária privada ou de capital público-

privado. E, em última análise, pode inviabilizar processos de financiamento via CAIXA

e BNDES e, principalmente, investimentos através de parceria público-privada.

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Quanto aos riscos associados a conflitos de interesses entre o Operador dos Serviços

(Concessionário) e os Usuários, estes têm sua origem na característica monopolística

da prestação dos serviços de saneamento básico. Neste caso a Operadora poderá vir

a abusar do seu poder sobre os Usuários, que não possuem alternativa ao serviço

prestado, através da imposição de reajustes tarifários acima da inflação ou da

prestação de serviços ineficientes, abaixo do padrão esperado, e com a intenção de

maximizar seus ganhos de capital. A Lei Municipal de Saneamento é fator

fundamental para a mitigação desse tipo de risco institucional.

3.2.2 A Missão da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro (ARPS)

A missão da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados de Porto Seguro

- no contexto da universalização dos serviços públicos de saneamento básico do

Município - será “reduzir os riscos nas relações entre Governo Municipal, Operadores

e Usuários dos serviços de modo a assegurar que todos os interesses sejam

harmonizados, evitando que algum se sobreponha aos demais” (Figura 2)

Para que essa missão se concretize, no contexto da prestação de serviços de

delegados de sua responsabilidade, a Agência de Regulação de Serviços Públicos

Delegados de Porto Seguro deverá, através do exercício das prerrogativas e

competências que lhe sejam asseguradas por Lei Municipal Complementar,

amparadas na Lei Orgânica do Município e na Lei Federal 11.445/07, cumprir três

objetivos estratégicos:

I. Proteger o Usuário do abuso monopolístico e assegurar o seu acesso a

serviços dentro de padrões de qualidade e quantidade internacionalmente

aceitos;

II. Salvaguardar o Prestador de Serviços (independentemente de sua natureza

pública, privada ou mista) de ingerências políticas prejudiciais ao cumprimento

das suas obrigações contratuais e ao exercício dos seus direitos;

III. Preservar o Governo Municipal das pressões de interesses organizados que

possam comprometer os objetivos das políticas Municipais e o equilíbrio da

prestação dos serviços.

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Figura 2 Missão da Agência de Regulação no contexto da Prestação de Serviços de Saneamento Básico de Porto Seguro

No processo da gestão regulatória e consecução dos seus objetivos estratégicos a

Agência deverá focar seus esforços na qualidade e preço dos serviços prestados

pelos Prestadores de Serviços, tendo como base:

I. Diretrizes da política de desenvolvimento urbano do Município;

II. Diretrizes das políticas estadual e municipal de recursos hídricos;

III. Diretrizes das políticas estadual e municipal de meio ambiente;

IV. Metas de qualidade da água e regularidade do atendimento, com os

serviços de distribuição de água, coleta, tratamento e disposição final de

esgotos sanitários;

V. Metas de regularidade do atendimento na coleta de lixo urbano, o seu

tratamento e disposição final;

VI. Metas de cobertura da prestação dos serviços;

VII. Direitos e obrigações dos Usuários;

VIII. Modicidade da tarifa;

IX. Compromissos de equilíbrio econômico-financeiro dos contratos.

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3.2.2.1 Regulação Econômica

Todas as diretrizes e parâmetros acima listados – tanto aqueles originários das

políticas públicas de desenvolvimento urbano, de recursos hídricos, de meio

ambiente, como as metas específicas de cobertura com atendimento, qualidade,

quantidade e regularidade da prestação de serviços – influenciam direta ou

indiretamente a regulação econômica.

O desafio principal da regulação é assegurar com que a eficiência pactuada seja

mantida durante todo o tempo do contrato de concessão (em benefício de todos os

agentes interessados), tendo sempre em vista que as demandas sociais, o

desenvolvimento tecnológico, as políticas públicas e o ambiente macroeconômico

sofrem, certamente, transformações ao longo de contratos de concessão de 25 ou 30

anos.

Portanto, essas transformações esperadas - mas que não podem ser totalmente

previstas ao início do contrato - serão alvo de rigorosa atenção da ARPS, pois o seu

papel principal será assegurar o cumprimento das cláusulas contratuais, promovendo

os ajustes que sejam necessários em decorrências das transformações ocorridas,

como forma de garantir (independente se o Operador é público, privado ou misto) os

direitos dos Usuários, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão e a

execução das políticas setoriais do Governo Municipal, de acordos de consórcios

intermunicipais, da política de recursos hídricos do estado de Minas Gerais,

particularmente quanto à gestão de bacias hidrográficas.

Para tanto, revisões periódicas das tarifas que estimulem a melhoria do desempenho

das Operadoras, oferecendo atrativos para uma gestão eficiente, e sustentável,

precisarão ser criadas – lembrando que ser eficiente não é uma prerrogativa apenas

das empresas privadas. Pois, esses processos são nada mais que negociações nas

quais permanentemente são confrontados os interesses dos prestadores dos serviços

(público, privado ou misto) e daqueles vinculados aos objetivos da regulação.

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Os períodos revisionais devem objetivamente ser previstos no corpo dos contratos.

Incluindo as possibilidades de demandas extraordinárias, em que os reguladores

sejam pressionados por uma das partes interessadas a intervir, quando se verificar:

I. Ameaça ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato;

II. Ganhos do Prestador de Serviços acima do previsto;

III. Prejuízos aos Usuários em decorrência de restrições de consumo, em

volume e qualidade, aumento tarifário, etc.

Intervenções por parte do Governo Municipal também podem acontecer, por razões

macroeconômicas ou questões diretamente associadas à qualidade da prestação dos

serviços, por exemplo.

Esse tipo de negociação e revisão pressupõe a definição prévia de critérios de

estabelecimento dos preços, ou seja, das tarifas.

A legislação brasileira atual permite que diversos regimes de regulação econômica

possam ser adotados no país, garantindo flexibilidade e melhor adequação em cada

caso.

A seguir, são apresentados alguns modelos derivados, inicialmente, de melhores

práticas de gestão regulatória e qualidade da prestação dos serviços públicos de

saneamento básico em outros países, como a França e a Inglaterra, mas que já vêm

sendo utilizados com sucesso no Brasil, em vários estados e municípios.

Contrato baseado no limite de tarifa.

A regulação por limite de tarifa baseia-se em projeção de custos de longo prazo,

estabelecidos com base em metas de expansão do nível de atendimento e qualidade

dos serviços prestados, á taxa de retorno tida como razoável no mercado. Se o

Operador demonstrar competência para reduzir seus custos operacionais a níveis

inferiores aos estimados no contrato, os ganhos reais de produtividade serão

considerados lucros adicionais decorrentes da sua gestão eficiente. Nesse contexto,

cria-se um grande atrativo á eficiência operacional e á produtividade na gestão

de custos.

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Outra característica deste modelo tarifário é que ele possibilita que custos adicionais,

decorrentes de situações fora do controle do prestador de serviços - por exemplo,

aumento de impostos ou insumos básicos - sejam repassados via tarifa aos usuários,

minimizando eventuais riscos macroeconômicos e políticos ao equilíbrio do contrato.

As revisões periódicas são o instrumento adequado para determinar que ganhos de

produtividade sejam compartilhados com os Usuários.

O modelo também possui flexibilidade para a aplicação de fatores de produtividade

ou de ineficiência de custos capazes de impactar a estrutura tarifária, gerando redução

ou aumento de preços ao longo do período contratual. Para estabelecimento dos

níveis esperados de eficiência e de preços, pode-se fazer o uso de ferramentas tais

como a comparação de desempenho, onde se fixam parâmetros pelo desempenho

médio setorial para comparação com o desempenho da Operadora.

Contrato baseado no limite de tarifa parcial.

A regulação por limite de tarifa parcial, originária da bem sucedida secular experiência

da França em concessões de saneamento básico, permite que a tarifa reflita os

movimentos dos custos aplicados ao setor, admitindo, que uma parte desses custos

seja repassado ás Operadoras, mas não em sua totalidade. O que estimula as

prestadoras de serviços de saneamento básico a perseguir metas de eficiência, sem,

entretanto, permitir a comparação de desempenho e tampouco levar em conta

variações tecnológicas ou na arquitetura operacional.

Contrato baseado no limite de receitas.

Esta alternativa limita a receita total da prestação de serviços, ao invés de fixar a tarifa.

É um modelo tarifário que se adequa a situações onde os custos fixos são muito altos

e existem incertezas quanto á estimativa de comportamento da demanda dos

Usuários. Na presença destas circunstâncias, os riscos a serem assumidos pela

Operadora – caso o contrato seja regulado por limite de tarifa – tendem a se elevar

bastante em caso de redução do consumo pelos Usuários. Neste caso a queda da

receita não seria acompanhada pela redução de custos na mesma proporção,

causando desequilíbrio econômico-financeiro ao contrato de concessão.

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A adoção deste modelo de regulação econômica que limita a receita total da prestação

do serviço de saneamento básico, ao invés da tarifa, protege a saúde financeira do

prestador de serviço, ao mesmo tempo em que protege o Usuário de uma

remuneração considerada excessiva por parte do Operador.

Este modelo de regulação de preços, além de visar à proteção do Usuário e do

Operador, também estimula o aumento da expansão dos serviços e do número de

ligações, o que geraria ganhos de escala em cima dos custos fixos decorrentes do

investimento e das operações.

Entretanto, este modelo não se torna atrativo quando impera a necessidade de

redução de perdas de água, como é o caso de Porto Velho, pois não traz recompensas

diretas ao Operador para o aumento da eficiência operacional.

Contrato baseado na taxa de retorno fixa.

Numa situação em que há um volume muito grande de investimentos a ser realizado

para construção ou expansão dos sistemas, o modelo de taxa de retorno fixa sobre o

capital a ser investido pela Operadora torna o contrato de concessão atrativo a

empresas privadas, pois reduz os seus riscos financeiros, além de possibilitar a

diminuição do custo de financiamento dos projetos de investimento, o que, via de

consequência, possibilita a redução da tarifa.

Este modelo parece ser estimulante para algumas cidades de Porto Seguro, que

necessitam de investimentos maciços de capital. Mas o modelo também apresenta

desvantagens. A principal delas é que incentiva o Operador a realizar investimentos,

que poderiam não ser extremamente necessários, com a intenção de aumentar a sua

remuneração que decorre, justamente, do capital investido.

Para compensar as desvantagens, e aproveitar as vantagens deste modelo seria

necessária constante vigilância da equipe técnica da ARPS na aprovação e

priorização dos projetos de expansão a serem construídos, bem como na fiscalização

dos custos reais dos investimentos realizados.

Contrato baseado no rateio dos ganhos de produtividade.

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Nesta metodologia, a regulação econômica valoriza os ganhos de produtividade da

boa gestão dos ativos de saneamento básico. O benefício é estimulante, pois os lucros

que excederem ao previsto na estrutura tarifária inicialmente pactuada – e que vierem

em decorrência de esforços de produtividade - serão divididos entre a Operadora e os

Usuários, premiando a estes com reduções de tarifa e descontos.

Este modelo se aplica com pertinência no contexto dos contratos baseados no limite

da tarifa e naqueles baseados na taxa de retorno fixa.

Considerando que a prestação dos serviços públicos de saneamento básico é de

característica monopolística, os Usuários são clientes cativos (pois não possuem

alternativas de acessar a outros prestadores de serviços e nem produtos substitutos)

e que existe uma demanda mínima e constante, este modelo regulatório torna-se mais

justo para as partes interessadas. E, de certa forma, exige menor interveniência do

regulador, além das suas funções tradicionais de fiscalização constante.

Contrato baseado em remuneração fixa.

O modelo consiste no pagamento de uma remuneração fixa ao Operador, para

execução de serviços de operação e manutenção, de acordo com a especificação

rígida dos parâmetros de quantidade e qualidade desejados.

Este modelo se aplica a contratos de prestação de serviços de curto prazo e os

emergenciais (até 5 anos), pois é bastante vulnerável a incertezas e alterações

comuns aos contratos de concessão por 25-30 anos.

Contratos com modelagem híbrida.

A ARPS, por ser uma Agência Reguladora de Serviços Públicos, de âmbito Municipal,

poderá ter entre seus entes regulados:

I. Um ou mais prestadores de serviços de saneamento básico: um

concessionário para produção de água; um sub-concessionário

encarregado de operação da Estação de Tratamento de Esgotos – ETE; um

sub-concessionário encarregado de operação da Estação de Captação de

Água; etc.

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II. Um concessionário responsável por gestão de drenagem;

III. Um ou mais concessionários de transporte público;

IV. Operadoras de Serviços Públicos de responsabilidade Federal ou Estadual,

mediante subdelegação; e,

V. Operadoras Privadas ou Consórcios de PPP em serviços concedidos, no

âmbito de ação da ARPS.

Nesse contexto, a Agência será amplamente demandada a exercer a sua atividade

regulatória com base em contratos com modelagem híbrida. E por via de

consequência será desafiada a se estruturar institucional e tecnicamente para exercer

as suas prerrogativas com eficiência e eficácia.

3.2.2.2 Regulação da Qualidade e Efetividade da Prestação de Serviços

Os parâmetros qualidade e preço na gestão de saneamento básico, em termos de

regulação, são inseparáveis na prática. Qualquer valor que se vier atribuir como tarifa

pela prestação do serviço estará inseparavelmente atrelado a um padrão de qualidade

determinado. Por essa mesma razão, é importante evidenciar as finalidades da

regulação da qualidade e produtividade.

A regulação da qualidade do serviço abrange a definição de padrões para produto –

a água potável e os efluentes de esgotos – que, de resto, são definidos em função de

normas e procedimentos relacionados com a saúde pública e com o meio ambiente,

estabelecidos, sobretudo, pela União e pelos Estados.

Mas o objeto principal deste aspecto da regulação é a qualidade do próprio serviço, o

que inclui o nível de cobertura, atendimento aos usuários e características físicas e

sanitárias do produto. Ou seja, o exercício da regulação sob este ângulo de ver

responder aos requisitos principais da gestão de serviços de utilidade publica:

I. A continuidade de serviço;

II. A disponibilização indiscriminada do acesso aos serviços;

III. A eficiência e regularidade na prestação dos serviços; e

IV. A igualdade no atendimento e no tratamento ao Usuário.

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A regulação da qualidade da prestação dos serviços tem interfaces importantes com

outros sistemas regulatórios como, por exemplo, os do meio ambiente e dos recursos

hídricos, uma vez que os serviços de saneamento são usuários (e potenciais

poluidores) de recursos naturais; e, portanto, devem submeter-se,

concomitantemente, á essa regulação específica.

Esse é um aspecto essencial a destacar, ressaltando que se trata de interface

institucional que requer articulação e coordenação, e não conflitos e superposições

que venham criar limitações á implantação e operação dos projetos.

Nesse entendimento, a regulação da prestação dos serviços não substitui a regulação

ambiental e dos recursos hídricos e se submete ás diretrizes e parâmetros delas

emanados.

No que se refere às metas de cobertura - considerando a diversidade de situações e

padrões de renda e de consumo dos diferentes extratos sociais e as características

regionais de Porto Seguro - a normatização do sistema regulatório da ARPS não deve

restringir-se a parâmetros referenciais nacionais e internacionais.

Torna-se importante estabelecer também metas de cobertura diferenciadas para cada

tipo de prestação de serviço, bem como desenvolver e adequar metas específicas

para a prestação de serviços às populações de baixa renda.

Nesse caso, há que se cuidar para que o aspecto econômico, desfavorável ao

interesse do Operador, não prejudique o acessos dos menos favorecidos aos serviços

de saneamento públicos concedidos.

Um aspecto relevante das metas de cobertura no que tange ao nível atual dos serviços

de saneamento no Município de Porto Seguro são a coleta e o tratamento dos esgotos

sanitários urbanos. O nível de vulnerabilidade, trazido pela degradação ambiental de

áreas urbanas resultante desta deficiência, está presente em várias sub-bacias

hidrográficas, em flagrante desrespeito a legislação ambiental estadual.

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Para tanto, recomenda-se o estabelecimento obrigatório de metas especificas para o

tratamento e disposição final dos esgotos, em conjunto com as metas para os

sistemas de coleta para todos os contratos de concessão novos.

Em situações especiais, em decorrência de circunstancias técnicas e limitações de

ordem econômica, pode ser adequada a opção pela implantação gradual e

progressiva do tratamento de esgotos.

Nesses casos é crucial que os sistemas regulatórios de gestão de recursos hídricos e

do meio ambiente sejam motivados e instrumentalizados para agir de forma integrada.

Desta forma, pode-se impedir que a inflexibilidade da solução que resulte na

inviabilidade de melhorias importantes e imediatas, do ponto de vista da saúde publica

e do meio ambiente.

3.2.2.3 Articulação e Integração com a Regulação de Recursos Hídricos

O Artigo 4o da Lei Federal n° 11.445/07 determina que os recursos hídricos não

integram os serviços públicos de saneamento básico. Seu parágrafo único estabelece

que a utilização de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de

saneamento básico, inclusive para disposição ou diluição de esgotos e outros

resíduos líquidos, é sujeita a outorga de direito de uso, nos termos da Lei no 9.433/97,

de seus regulamentos e das legislações estaduais.

Nesse sentido a integração das atividades regulatórias da ARPS com a regulação de

recursos hídricos é legalmente requerida e se dará em duas esferas. Em nível federal,

seguindo os preceitos da citada Lei Federal n° 9433/97, que instituiu a Política

Nacional de Recursos Hídricos, relativamente ás águas de domínio da União.

A articulação institucional e técnica da Agência de Regulação com o Sistema Estadual

de Gerenciamento de Recursos Hídricos será realizada com o Conselho Estadual de

Recursos Hídricos (CONERH), órgão responsável por fixar as diretrizes e aprovar o

Plano Estadual de Recursos Hídricos – (PERH/BA) e a integração deverá ser bastante

estreita:

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I. No processo de elaboração e monitoramento do Plano Estadual de

Recursos Hídricos – (PERH/BA);

II. No processo de priorização e estabelecimento de critérios de outorga para

uso da água;

III. No processo de estabelecimento e aplicação dos critérios gerais de

cobrança pelo direito de uso de água propostos;

IV. Na administração dos conflitos advindos do uso competitivo da água;

V. No enquadramento dos corpos de água estaduais em classes de uso

preponderante, de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional do Meio

ambiente - CONAMA, quando forem propostos pelos Comitês de bacias

Hidrográficas;

VI. No suporte ao desenvolvimento do Sistema Estadual de Informações sobre

Recursos Hídricos (SIRH/BA); e

VII. Na gestão do Fundo de Municipal de Saneamento Básico de Porto Seguro

(FMSB).

No processo de preparação dos Planos de Recursos Hídricos, a Agência deverá

colaborar com o CONERH e com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos –

INEMA, na esfera da prestação de serviços públicos de saneamento básico,

participando:

I. Do diagnóstico da situação dos recursos hídricos;

II. Da análise de alternativas de crescimento demográfico, de evolução de

atividades produtivas e de modificações dos padrões de ocupação do solo;

III. Do balanço entre disponibilidades e demandas atuais e futuras dos recursos

hídricos, em quantidade e qualidade, com identificação de conflitos

potenciais;

IV. Do estabelecimento das metas de racionalização de uso, aumento da

quantidade e melhoria da qualidade das águas disponíveis;

V. Da proposição de medidas a serem tomadas, programas a serem

desenvolvidos e projetos a serem implantados, para o atendimento das

metas previstas, inclusive em relação a treinamento e capacitação de

recursos humanos e atividades de conscientização relacionadas à água;

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VI. Da identificação de prioridades para outorga de direitos de uso dos recursos

hídricos, no contexto dos serviços de saneamento básico;

VII. Do estabelecimento de diretrizes e critérios para cobrança pelo uso dos

recursos hídricos; e

VIII. Na proposição para criação de áreas sujeitas a restrição de usos, com vistas

à proteção das águas superficiais e subterrâneas.

Como o relacionamento entre a Agência e CONERH é estratégico para o

desenvolvimento do Município de Porto Seguro é esperado que essa integração

institucional e técnica avance para a celebração de convênios de interesse mútuo e

para o estabelecimento de comitês técnicos conjuntos de natureza permanente.

3.2.2.4 Articulação com a Regulação Ambiental Estadual e Municipal

A articulação e integração da regulação e gestão dos serviços públicos regulados pela

ARPS deverá guardar estreita integração com a atuação:

I. Do CMMA - Conselho Municipal de Meio Ambiente de Porto Seguro;

II. Do CEPRAM - Conselho Estadual do Meio Ambiente da Bahia; e

III. Do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

São os seguintes o princípios que Agência fará com que sejam observados em todos

os processos de concessão de serviços de saneamento básico sob regulação da

Agência:

I. Organização e utilização racional do solo, subsolo, da água e do ar, com vistas

a compatibilizar esta utilização com as condições exigidas para a conservação

e melhoria da qualidade ambiental;

II. Planejamento e fiscalização do manejo dos recursos naturais;

III. Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas para

a qualidade do meio ambiente, incluindo a conservação de espaços territoriais

especialmente protegidos;

IV. Controle e zoneamento das atividades potenciais ou efetivamente poluidoras;

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V. Monitoramento da qualidade ambiental no âmbito do Município de Porto

Seguro;

VI. Proteção e recuperação de áreas degradadas;

VII. Incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologia voltados para o uso racional

dos recursos naturais;

VIII. Articulação e integração da ação pública de todos os níveis de Governo

Municipal, bem como da iniciativa privada objetivando eficácia no controle e

proteção ambiental;

IX. Promoção da educação ambiental em todas as suas modalidades;

X. Estabelecimento de critério e padrões de qualidade ambiental e normas

relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

XI. Orientação do desenvolvimento tecnológico adequado às características dos

ecossistemas do Estado;

XII. Coordenação de atividades da administração pública relacionada com o meio

ambiente, a qual deve ser considerada em todos os níveis de decisão.

Portanto, a proposta de Projeto de Lei de Criação da Agência Reguladora, deverá

incorporar todos os preceitos das Políticas Federal, Estadual e Municipal de Meio

Ambiente aos instrumentos e mecanismos de regulação da prestação dos serviços

públicos de saneamento básico, para o exercício de sua competência legal.

3.3 Bases Jurídicas e Institucionais para Modelagem da Regulação de Serviços Públicos de Saneamento Básico de Porto Seguro

Na sequência da apresentação das bases conceituais para modelagem da regulação

de serviços públicos de saneamento desenvolve-se uma análise dos arranjos jurídicos

e institucionais que auxiliem na sustentação de propostas de medidas para a

instituição ou organização do sistema de regulação e fiscalização da prestação dos

serviços de saneamento básico do Município de Porto Seguro.

3.3.1 Objetivos da Regulação de Serviços Públicos

A regulação de atividades, produção de bens e serviços, proporcionados por

prestadores públicos ou privados, pode ser definida como um conjunto de regras

impostas pelo Poder Público aos indivíduos e organizações, condicionando-lhes as

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decisões e ações que possam afetar de algum modo a coletividade, envolvendo

diversos aspectos, entre os quais:

I. Propriedade de bens materiais e imateriais;

II. Titularidade ou direito sobre atividades;

III. Condições de acesso a bens e serviços;

IV. Preços, participação no mercado; e

V. Qualidade, segurança sanitária, proteção ambiental.

A regulação de serviços públicos de competência do estado, inclusive a organização

e funcionamento de suas instituições, decorre exclusivamente de obrigação

constitucional e objetiva, entre outras funções: proteger o Estado e a sociedade,

garantir direitos sociais pela disposição e acesso a atividades e serviços públicos

essenciais como segurança, saúde, educação, saneamento, meio ambiente,

transporte coletivo urbano, etc., bem como garantir a universalização e proteger o

usuário de serviços de interesse ou de utilidade pública - telefonia, energia, rodovias,

transportes público, petróleo e gás, etc..

Serviços públicos de titularidade dos entes federativos estão sempre sujeitos a

normas jurídicas gerais de ordem legal e a normas de regulação específicas, de ordem

administrativa regidas por contratos, convênios, regulamentos e normas técnicas de

prestação de serviços.

O exercício da função de regulação ocorre em dois níveis. O primeiro compreende o

exercício da titularidade do serviço, cabendo ao Poder Público competente editar e

fazer cumprir as leis (Legislativo), os regulamentos e atos jurídico-administrativos

(Executivo) que instituem a política pública correspondente e que organiza,

regulamenta e implanta o sistema de gestão, conforme descreve o Capítulo II, artigos

8º a 13º, da Lei 11.445/07.

O segundo nível da regulação pode ser atribuído pelo Titular, por meio dos

instrumentos anteriores, a organismos ou agentes públicos, de natureza e

competências jurídicas próprias para essa função, a que se podem outorgar

competências regulatórias de caráter técnico-executivo, de fiscalização e função

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arbitral, definidas conforme a organização jurídico-institucional dos serviços a que se

aplica a Lei nº 11.445/07, artigos 12, § 1º; 15, I e II; artigo 18, parágrafo único; artigo

20, parágrafo único; e o Capítulo V.

A lógica do direito público orienta que só o Poder Público constitucionalmente

constituído - Legislativo e Executivo - representante do titular jurídico do serviço

público - União, Estado, Distrito Federal ou Município - pode estabelecer normas ou

instrumentos de regulação: legislar, outorgar, delegar ou contratar - que criam

obrigações e direitos para qualquer das partes envolvidas – titular, prestador de

serviço público ou privado e usuários.

Essas competências da função de regulação são indelegáveis, inclusive a outro ente

da Federação, nem mesmo a órgão ou entidade pública autônoma vinculada ao titular.

É a chamada competência constitucional exclusiva voltada para:

I. Instituir a respectiva política pública;

II. Definir o modelo e forma de organização da gestão, o que inclui a forma de

regulação, a instituição ou designação do órgão ou entidade reguladora e os

procedimentos e condições de sua atuação, e a forma de prestação do serviço;

III. Instituir a política de cobrança pela prestação (taxa ou tarifa) (art. 175, CF),

inclusive as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro,

composição e sistemática de reajustes e de revisões de taxas e tarifas e política

de subsídios;

IV. Estabelecer os mecanismos de controle social; e

Portanto, no caso dos serviços de saneamento básico, o que se pode atribuir ao órgão

ou entidade de regulação, na forma do art. 23, da Lei 11.445/07, são competências

normativas, de caráter técnico ou executivo, para regulamentar a execução das

normas originárias do titular, cujos atos administrativos se processam por meio de

instruções ou resoluções.

Assim sendo, esse ente regulador não pode estabelecer normas ou regras que criam

obrigações e direitos, tanto para o prestador e como para os usuários, e menos ainda

para o titular - por simples impossibilidade jurídica. Obviamente, essas normas podem

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abordar todos os aspectos elencados no referido dispositivo legal, observando-se que,

no caso de entidade reguladora delegada (§1º, art. 23 da Lei 11.445/07), a sua forma

de atuação e a abrangência de sua competência regulatória (quais aspectos e

atividades pode regular e os seus limites normativos) devem ser definidas no

instrumento de delegação do titular.

A regulação dos serviços públicos de saneamento básico assume contornos especiais

pelo fato de serem atividades públicas essenciais e indispensáveis para a sociedade,

o seu provimento constituir obrigação-dever do Estado, e o acesso a esses serviços

deve ser garantido a todos os cidadãos, inclusive para os que não tenham capacidade

para pagar, cabendo ao Poder Público estabelecer e garantir as formas e os meios de

sua prestação e sustentação econômica, com qualidade adequada, equidade,

integralidade e modicidade dos custos.

Nesse sentido um sistema municipal de regulação e fiscalização da prestação

dos serviços é o meio adequado para o cumprimento desses objetivos e, para tanto,

deve constituir-se do conjunto de instrumentos e mecanismos jurídicos, normativos e

administrativos necessários, bem como dos organismos institucionais e

administrativos responsáveis pela sua implantação. Definir e instituir o arranjo mais

adequado para esse fim tem se apresentado como o grande desafio para as

administrações municipais.

3.3.2 Da exigência de Regulação e Fiscalização da Prestação Direta dos

Serviços Públicos

A Constituição da Republica estabelece, através do artigo 175 a incumbência do

Poder Público de prestar os serviços públicos de sua competência, diretamente ou

mediante regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, e que, em

ambos os casos, a prestação dos serviços deverá observar a forma da lei. O mesmo

dispositivo afirma ainda, que a referida lei disciplinará:

I. O regime das concessionárias e permissionárias de serviços públicos;

II. Os direitos dos usuários;

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III. A política tarifária;

IV. A obrigação de manter serviço adequado.

A partir dessa diretriz constitucional a lei a que se refere se aplica a toda e qualquer

forma de prestação dos serviços públicos, inclusive os prestados diretamente,

diferentemente das constituições anteriores, cujos dispositivos referiam-se à disciplina

legal apenas da prestação de serviços públicos explorados mediante concessão.

De acordo com os princípios fundamentais que orientam a Constituição Federal de

1988, a referida norma deve estabelecer os requisitos legais mínimos sob os quais os

serviços públicos devem ser prestados, entre eles os que tratam dos aspectos

econômicos, visando à proteção e defesa dos direitos dos cidadãos, sejam eles

usuários efetivos ou potenciais desses serviços.

A Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, por sua vez, estabeleceu as diretrizes

normativas gerais a serem observadas na regulação dos serviços de saneamento

básico pelos seus titulares. No entanto, a execução prática dessas diretrizes tem

esbarrado em dificuldades tanto do seu entendimento quanto pela falta de experiência

dos gestores públicos, criando situações que têm mobilizado o Ministério Público no

questionamento das políticas, das tarifas e da qualidade dos serviços prestados por

entidades municipais e empresas estaduais de saneamento básico.

3.3.3 Da Regulação Técnica e Normativa

Os gestores municipais hoje estão atentos à necessidade de edição de normas legais

adequadas relativas à organização da prestação dos serviços e à regulamentação dos

serviços que, no âmbito das competências de uma Agência de Regulação

compreende: o regulamento técnico, o regime e forma de cobrança, categorias de

usuários, a estrutura tarifária, serviços cobráveis dos usuários, fixação dos preços,

infrações e penalidades, etc.

Entretanto, como tem sido historicamente uma marca quando se trata de prestação

direta por entidade pública, os administradores não têm priorizado a adequada

formulação e regulação conceitual e técnica dos aspectos econômicos dos serviços,

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no que se refere à composição e formação do custo econômico, o que inclui, além das

despesas financeiras, correntes e de capital:

I. Despesas não financeiras de depreciação e amortização de ativos

imobilizados;

II. Remuneração dos investimentos de capital e de capital circulante; e

III. Constituição de fundo de reservas (poupança) para fazer frente às futuras

reposições, reformas ou modernização dos ativos existentes e para a

ampliação ou aumento da capacidade produtiva dos sistemas em operação;

condições estas necessárias para garantir a sustentabilidade econômica dos

serviços no longo prazo.

Contrariamente á boa prática de governança e transparencia, o que se tem visto é

uma cultura simplificadora e equivocada dos conceitos de finanças e economia do

setor público, decorrente da interpretação e aplicação errônea do princípio do direito

econômico público que advoga que a administração ou as atividades públicas não

podem visar o lucro. A interpretação errônea desse princípio tem levado os gestores

públicos, principalmente os legisladores, a considerar que o orçamento público não

deve gerar superávit financeiro de caixa no exercício fiscal. Assim, a maioria dos

municípios tem limitado os prestadores públicos municipais dos serviços de

saneamento a praticar tarifas cujas receitas financeiras (arrecadação) apenas

empatam com as despesas orçamentárias realizadas no exercício, relevando o fato

de que determinadas despesas econômicas (não financeiras) do exercício - como a

depreciação das infraestruturas operacionais que precisam ser substituídas no futuro

ou os custos futuros da aposentadoria dos servidores, entre outras -, precisam ser

financeiramente provisionadas no exercício, formando a necessária poupança (fundo

financeiro) para o seu desembolso financeiro ou execução da correspondente

despesa orçamentária futura.

É conhecimento elementar o fato de que a Administração Pública precisa e depende

da geração de recursos para o custeio das ações e atividades que exerce em nome

da sociedade. A forma mais comum de se obter esses recursos é pela imposição de

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tributos genéricos (impostos – IPI, ICMS, IPTU, IR e contribuições – COFINS,

PIS/PASEP, CSLL) pagos indistintamente pela sociedade.

Diferentemente das Tarifas de Serviços, os tributos pagos pela sociedade decorrem

de fatos geradores impositivos que não têm qualquer relação econômica com as

ações em que são utilizados pelo Poder Público, que pode aumentar ou reduzir esses

valores (alíquotas dos tributos) conforme suas políticas econômicas e fiscais.

A Tarifa ou preço público decorre diretamente da contraprestação de serviços

específicos e objetivamente mensuráveis, que são pagos somente pelos seus

beneficiários efetivos, seja pelo uso de serviços. Neste caso, os valores pagos (taxa

ou tarifa) pelos usuários estão diretamente relacionados com as atividades e serviços

utilizados ou à sua disposição e deveriam cobrir todos os seus custos econômicos,

financeiros (regime de caixa) e não financeiros (regime de competência),

independente do momento (presente ou futuro) em que são realizados os respectivos

desembolsos financeiros.

Entretanto, a aplicação desse princípio econômico requer adequada regulação

normativa e técnica, tanto para garantia da correta apropriação dos custos não

financeiros aos preços dos serviços, como para garantir que os recursos

correspondentes sejam aplicados corretamente. A ausência sistemática desta cultura

regulatória tem levado a maioria dos gestores municipais dos serviços públicos de

saneamento básico a negligenciar a correta aplicação daquele princípio, cuja

consequência óbvia e visível é a carência de serviços adequados, universais,

integrais, com qualidade e sustentáveis, quando esses serviços não são subsidiados

por outras fontes de recursos.

A aplicação errônea desse princípio compromete a sustentabilidade da prestação dos

serviços públicos, no longo prazo, o que já se manifestou nos últimos anos, ante a

falta de reserva de recursos próprios para a realização dos investimentos essenciais,

como o tratamento dos esgotos e ampliação da capacidade de produção de água,

obrigando o Município a buscar financiamentos para esse fim, sem a correspondente

contrapartida de receitas, transferindo os respectivos custos para o futuro. Esta

situação poderia ser diferente se as tarifas apropriassem corretamente os custos de

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capital, relativos aos investimentos em operação, formando fundo de reserva para

reinvestimentos em reposição ou modernização das infraestruturas existentes ou na

ampliação dos sistemas.

Nesse contexto, o sistema de regulação dos serviços públicos de saneamento básico

deve privilegiar a regulação normativa e técnica dos aspectos econômicos de sua

prestação, por meio dos instrumentos apropriados, e a sua aplicação aos prestadores

dos serviços, por meio de agentes ou organismos públicos reguladores competentes.

3.3.4 Do Ente Regulador e Fiscalizador

A discussão sobre a necessidade ou não da instituição de um ente específico para as

funções de regulação é um assunto conceitualmente esgotado no Capítulo 3.3, bem

como respaldada sua natureza e competência jurídica pelos princípios definidos na

Lei nº 11.445/07.

Os modelos institucionais já praticados no Brasil resultam de diferentes concepções

de modelos regulatórios de serviços públicos ou de utilidades públicas existentes,

foram apreendidas de experiências diferentes países para cuidar, principalmente, dos

conflitos de interesse das relações entre os agentes.

Nesse contexto (ver Figuras 1 e 2), o interesse público genuíno exige que os

serviços sejam prestados da forma mais eficiente e eficaz e com o menor custo para

os seus beneficiários. O compromisso do prestador de serviço (público ou privado) é

obter o equilíbrio econômico-social.

Para equilibras os conflitos de interesses é que se requer norma reguladora e a

atuação de agente regulador com autonomia e grande poder controlador e arbitral.

Não é por outra razão que essa relação – público-público e público-privada se realiza

por meio de instrumento contratual. Condição esta que, no caso do saneamento

básico, é reafirmada na própria Lei nº 11.445/02007, cujo art. 11 condiciona a validade

dos contratos de prestação dos serviços à existência das normas de regulação e à

explícita designação da entidade reguladora e fiscalizadora.

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3.3.5 Do Sistema de Regulação e Fiscalização dos Serviços

O processo de regulação de serviços públicos se torna efetivo quando um Sistema

de Regulação e Fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico torna-se

operante, considerando a existência de:

I. Conjunto de instrumentos jurídicos normativos e administrativos de regulação

legal e técnica e de fiscalização dos serviços;

II. Mecanismos e procedimentos para o exercício das atividades de regulação e

fiscalização.

O conjunto de instrumentos jurídicos que compõem o arcabouço normativo do sistema

municipal de regulação e fiscalização dos serviços de saneamento básico podem ser

ordenados em quatro níveis, quais sejam:

I. Normas legais superiores – compreendendo a Constituição Federal, a

legislação federal cujas normas sejam de caráter nacional, a legislação

estadual nas áreas afetas aos serviços de sua competência exclusiva ou de

competência comum, bem como acórdãos, pareceres e atos normativos do

Tribunal de Contas do Estado;

II. Normas legais do Município – que se subdividem em legislação geral, com

repercussões no saneamento básico e legislação específica relacionada à

organização e à gestão dos serviços;

III. Normas regulatórias infralegais – decretos e portarias do Executivo, resoluções

e instruções normativas do órgão ou ente regulador;

IV. Instrumentos juridico-administrativos – contratos, convênios, estatutos,

regimentos, e outros.

Destes instrumentos, os do primeiro grupo independem de iniciativa ou ação do Poder

Público Municipal, pois são originários de outros entes da Federação, cabendo-lhe

apenas acatá-los naquilo que forem pertinentes. Os demais são de iniciativa e

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competência do Município e, junto com a Lei nº 11.445/07, são os mais relevantes

para o sistema municipal de regulação e fiscalização dos serviços.

3.3.6 Das Normas Legais Federais

Da Constituição Federal

Constituição Federal origina e subordina todos os demais da qual interessam,

particularmente, os Capítulos que tratam dos princípios e direitos fundamentais (arts

1º ao 5º), dos direitos sociais (art. 6º), da organização e competências do Município

(arts. 29 e 30), da Administração Pública (art. 37), do Sistema Tributário Nacional (arts.

145 a 150), da ordem econômica e Financeira (arts. 170, 174 e 175), da Política

Urbana (art. 182), da saúde (arts. 196 e 200), do meio ambiente (art. 225) e,

especialmente, o art. 21, inciso XX, que dá origem à Lei nº 11.445/07, e o art. 241, do

qual deriva a Lei nº 11.107/05 (consórcio público, convênio de cooperação e gestão

associada de serviços públicos).

Lei nº 11.107/05 – Lei dos Consórcios Públicos

Lei que dispõe sobre as normas gerais para a constituição dos consórcios públicos e

os seus instrumentos de gestão, entre eles o contrato de programa, que é obrigatório

quando a gestão associada entre entes da Federação envolver a prestação de

serviços públicos, situação em que esta norma e os instrumentos que institui são

essenciais para o sistema de regulação dos serviços públicos envolvidos. No caso do

presente Estudo esta norma tem pouca relevância, salvo como referência jurídica para

determinados aspectos da regulação, tendo em vista que, em princípio, o Município

não adotou e nos parece que não pretende adotar os seus instrumentos para qualquer

das funções de gestão dos serviços de saneamento básico.

Lei nº 11.445/07 – Estabelece as Diretrizes Nacionais para Saneamento Básico

É o instrumento mais importante para o ordenamento regulatório municipal da gestão

dos serviços de saneamento básico, particularmente no que se refere às funções de

regulação e fiscalização.

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No contexto dessa Lei, o conjunto normativo municipal existente de Porto Seguro

precisa ser revisado, atualizado e consolidado. E outras normas precisam ser

instituídas para a conformação dos instrumentos jurídicos da regulação municipal com

as diretrizes dessa Lei e da Lei Municipal nº 5.498/1997, particularmente a

regulamentação técnica dos aspectos econômicos dos serviços, de acordo com a

modalidade de regulação econômica adotada pelo Município na referida Lei.

Outras Leis Federais com Interface na Gestão de Saneamento Básico

Do ponto de vista da regulação econômica merece destaque a Lei nº 4.320/1964, que

trata das normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos

orçamentos e da contabilidade patrimonial e financeira da União, dos Estados, dos

Municípios e do Distrito Federal, instrumentos esses que são essenciais para a gestão

econômica e financeira dos prestadores públicos dos serviços de saneamento básico

e aos quais devem se conformar as respectivas normas de regulação econômica.

Estas normas são suplementadas pela Lei Complementar nº 101/2004, que trata dos

aspectos relativos à responsabilidade dos entes públicos na gestão fiscal. As normas

e procedimentos contábeis e orçamentários aplicáveis ao setor público foram

recentemente revisadas, visando entre outros objetivos:

I. Atender exigências da Lei Complementar nº 101/2004;

II. Padronizar procedimentos para a consolidação das contas públicas e

apresentar entendimentos gerais sobre o processo contábil-orçamentário nos

três níveis de governo;

III. Promover a convergência da contabilidade pública brasileira aos padrões

internacionais de contabilidade;

IV. Implantar procedimentos e práticas contábeis que permitam o reconhecimento,

a mensuração, a avaliação e a evidenciação dos elementos que integram o

patrimônio público; e

V. Implantar sistema de custos no âmbito da contabilidade pública brasileira.

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Considerando a necessidade de delegação da prestação dos serviços públicos, para

o próprio SAE e para hipóteses de subdelegação ou sub-concessão a Lei nº 8.987/95

e suas alterações, juntamente com as Leis nº 9.074/95 e nº 11.079/04, passam a ter

repercussões jurídicas significativas no sistema de regulação e fiscalização dos

serviços, visto que os instrumentos de delegação (edital, contrato e regulamentos) se

tornam seus componentes mais relevantes. Em igual nível de importância está a Lei

nº 8.078/90, que trata do Código de Defesa do Consumidor, e o Decreto nº 2.181/97

que a regulamenta.

Com repercussão restrita à regulação dos serviços de abastecimento de água potável

existem ainda o Decreto nº 5.440/05 e a Portaria nº 518/04 do Ministério da Saúde,

que tratam da qualidade da água de abastecimento público.

Num plano secundário, mas que devem ser consideradas em alguns aspectos da

regulação e fiscalização dos serviços encontram-se as seguintes normas federais:

I. Lei nº 8.429/92 (improbidade administrativa);

II. Lei nº 5.172/66, atualizada pela Lei Complementar nº 104/01 (Código Tributário

Nacional);

III. Lei nº 9.433/97 (Política Nacional de Recursos Hídricos); e

IV. Lei nº 10.257/01 (diretrizes gerais da política urbana).

3.3.7 Criação da Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro (ARPS)

Para consolidar os instrumentos de controle social e criar bases sólidas para governa

e transparência recomenda-se a criação de Autarquia Municipal denominada Agência

de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Porto Seguro (ARPS), para

exercer as funções de regulação e fiscalização dos serviços públicos de competência

Municipal e, principalmente, aquelas definidas na Lei 11.445/07 (ver Anexo II).

Consideradas as análises e observações anteriores, particularmente as conclusões

manifestadas no tópico anterior, indicamos a seguir algumas medidas para definição

da estrutura orgânica e das competências da ARPS para que possa exercer

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plenamente as funções e atividades administrativas e técnicas de regulação e

fiscalização dos serviços públicos municipais, incluindo os de saneamento básico.

A primeira medida, de ordem jurídico-normativa, compreende as seguintes ações:

a) Definição das competências da ARPS para que abarque plenamente as

funções regulatórias de caráter administrativo e técnico e das funções

fiscalizatórias da prestação dos serviços Municipais, incluindo os de

saneamento básico;

b) Regulamentação do funcionamento da ARPS, mediante Decreto Municipal

provendo-a com suporte técnico e operacional necessário ao desempenho das

suas atividades.

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ANEXO I - Projeto de Lei Complementar destinada a instituir a Política Municipal de Saneamento Básico

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PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº .../2016.

INSTITUI A POLÍTICA MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

DE PORTO SEGURO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

CAPÍTULO I

DO OBJETO E DO ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Art. 1° Esta Lei Complementar institui a Política Municipal de

Saneamento Básico do Município de Porto Seguro, Bahia.

Parágrafo único. Estão sujeitos às disposições desta Lei

Complementar todos os órgãos e entidades do Município, bem como os demais

agentes públicos ou privados que desenvolvam serviços e ações de saneamento

básico no âmbito do território do Município de Porto Seguro, Estado da Bahia.

CAPÍTULO II

DAS DEFINIÇÕES

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se,

de acordo com as definições da Lei Federal n° 11.445/2007:

I - saneamento básico: conjunto de serviços, infraestruturas e

instalações operacionais de:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades,

infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável,

desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades,

infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e

disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o

seu lançamento final no meio ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de

atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo,

tratamento e destino final dos resíduos definidos no artigo 12 desta Lei Complementar;

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d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de

atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas

pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de

cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;

II - planejamento: as atividades atinentes à identificação,

qualificação, quantificação, organização e orientação de todas as ações, públicas e

privadas, por meio das quais o serviço público deve se prestado ou colocado à

disposição dos cidadãos de forma adequada;

III - regulação: todo e qualquer ato que discipline ou organize

determinado serviço público, incluindo suas características, padrões de qualidade,

impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua

oferta ou prestação, bem como a política de cobrança pela prestação ou disposição

do serviço, inclusive as condições e processos para a fixação, revisão e reajuste do

valor de taxas e tarifas e outros preços públicos;

IV - normas administrativas de regulação: as instituídas pelo

Chefe do Poder Executivo por meio de Decreto e de outros instrumentos jurídico-

administrativos e as editadas por meio de Resolução por órgão ou entidade de

regulação do Município ou a que este tenha delegado competências para esse fim;

V - fiscalização: atividades de acompanhamento, monitoramento,

controle ou avaliação, no sentido de garantir o cumprimento de normas e regulamentos

editados pelo poder público e a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público;

VI - órgão ou entidade de regulação ou regulador: autarquia ou

agência reguladora, consórcio público, autoridade regulatória, ente regulador, ou

qualquer outro órgão ou entidade de direito público, inclusive organismo colegiado

instituído pelo Município, que possua competências próprias de natureza regulatória,

independência decisória e não acumule funções de prestador dos serviços regulados;

VII - prestação de serviço público de saneamento básico:

atividade, acompanhada ou não de execução de obra, com objetivo de permitir aos

usuários acesso a serviço público de saneamento básico com características e

padrões de qualidade determinados pela legislação, planejamento ou regulação;

VIII - controle social: conjunto de mecanismos e procedimentos

que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participação nos

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processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados

aos serviços públicos de saneamento básico;

IX - titular dos serviços públicos de saneamento básico: o

Município de Porto Seguro;

X - prestador de serviço público: o órgão ou entidade, inclusive

empresa:

a) do Município, ao qual a lei tenha atribuído competência de

prestar serviço público;

b) a que o titular tenha delegado a prestação dos serviços por

meio de contrato;

XI - gestão associada: associação voluntária de entes federados,

por convênio de cooperação ou consórcio público, conforme disposto no artigo 241 da

Constituição Federal;

XII - prestação regionalizada: aquela realizada diretamente por

consórcio público, por meio de delegação coletiva outorgada por consórcio público, ou

por meio de convênio de cooperação entre titulares do serviço, em que um único

prestador atende a dois ou mais titulares, com uniformidade de fiscalização e

regulação dos serviços, inclusive de sua remuneração, e com compatibilidade de

planejamento;

XIII - serviços públicos de saneamento básico: conjunto dos

serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, de abastecimento

de água, de esgotamento sanitário e de drenagem e manejo de águas pluviais

urbanas, incluídas as respectivas infraestruturas e instalações operacionais vinculadas

a cada um destes serviços;

XIV - universalização: ampliação progressiva do acesso ao

saneamento básico de todos os domicílios e edificações urbanas permanentes onde

houver atividades humanas continuadas;

XV - subsídios: instrumento econômico de política social para

viabilizar manutenção e continuidade de serviço público com objetivo de universalizar

acesso ao saneamento básico, especialmente para populações e localidades de baixa

renda;

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XVI - subsídios diretos: quando destinados diretamente a

determinados usuários;

XVII - subsídios indiretos: quando destinados indistintamente aos

usuários por meio do prestador do serviço público;

XVIII - subsídios internos: aqueles que se processam

internamente ao sistema de cobrança pela prestação ou disposição dos serviços de

saneamento básico no âmbito territorial de cada titular;

XIX - subsídios entre localidades: aqueles que se processam

mediante transferências ou compensações entre localidades, de recursos gerados ou

vinculados aos respectivos serviços, nas hipóteses de gestão associada e prestação

regional;

XX - subsídios tarifários: quando integrarem a estrutura tarifária;

XXI - subsídios fiscais: quando decorrerem da alocação de

recursos orçamentários, inclusive por meio de subvenções;

XXII - aviso: informação dirigida a usuário determinado pelo

prestador dos serviços, com comprovação de recebimento, que tenha como objetivo

notificar qualquer ocorrência de seu interesse;

XXIII - comunicação: informação dirigida a usuários e ao

regulador, inclusive por meio de veiculação em mídia impressa ou eletrônica;

XXIV - água potável: água para consumo humano cujos

parâmetros microbiológicos, físicos e químicos atendam ao padrão de potabilidade

estabelecido pelas normas do Ministério da Saúde;

XXV - soluções individuais: quaisquer soluções alternativas aos

serviços públicos de saneamento básico que atendam a apenas um usuário, inclusive

condomínio privado constituído conforme a Lei Federal nº 4.591, de 16 de dezembro

de 1964, desde que implantadas e operadas diretamente ou sob sua responsabilidade

e risco;

XXVI - edificação permanente urbana: construção de caráter não

transitório destinada a abrigar qualquer atividade humana ou econômica;

XXVII - ligação predial: ramal de interligação da rede de

distribuição de água, de coleta de esgotos ou de drenagem pluvial, independente de

sua localização, até o ponto de entrada da instalação predial;

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XXVIII - delegação onerosa de serviço público: a que inclui

qualquer modalidade ou espécie de pagamento ou de benefício econômico ao titular,

com ônus sobre a prestação do serviço público, pela outorga do direito de sua

exploração econômica ou pelo uso de bens e instalações reversíveis a ele vinculadas,

exceto no caso de ressarcimento ou assunção de eventuais obrigações de

responsabilidade do titular, contraídas em função do serviço.

§ 1º Não constituem serviço público:

I - as ações de saneamento básico executadas por meio de

soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os

serviços;

II - as ações e serviços de saneamento básico de

responsabilidade privada, incluído o manejo de resíduos de responsabilidade do

gerador e o manejo de águas pluviais de responsabilidade dos proprietários, titulares

do domínio útil ou possuidores a qualquer título de imóveis urbanos.

§ 2º São considerados serviços públicos e ficam sujeitos às

disposições desta Lei Complementar, de seus regulamentos e das normas de

regulação:

I - os serviços de saneamento básico, ou atividades a eles

vinculadas, cuja prestação o Município autorizar para cooperativas ou associações

organizadas por usuários sediados em bairros isolados da sede, em distritos ou em

vilas e povoados rurais, onde o prestador não esteja autorizado ou obrigado a atuar,

ou onde outras formas de prestação apresentem custos de operação e manutenção

incompatíveis com a capacidade de pagamento dos usuários;

II - a fossa séptica e outras soluções individuais de esgotamento

sanitário, cuja operação esteja sob a responsabilidade do prestador deste serviço

público.

§ 3º Para os fins do inciso X deste artigo, consideram-se também

prestadoras do serviço público de manejo de resíduos sólidos as associações ou

cooperativas, formadas por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo Poder

Público como catadores de materiais recicláveis, autorizadas ou contratadas para a

execução da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos

recicláveis ou reutilizáveis.

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TÍTULO II

DA POLÍTICA MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 3º Os serviços públicos de saneamento básico possuem

caráter essencial, competindo ao Poder Público Municipal o seu provimento integral e

a garantia do acesso universal a todos os cidadãos, independente de suas condições

sociais e capacidade econômica.

Art. 4º A Política Municipal de Saneamento Básico observará os

seguintes princípios:

I - universalização do acesso aos serviços no menor prazo

possível e garantia de sua permanência;

II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as

atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico,

propiciando à população o acesso na conformidade de suas necessidades e

maximizando a eficácia das ações e resultados;

III - equidade, entendida como a garantia de fruição em igual

nível de qualidade dos benefícios pretendidos ou ofertados, sem qualquer tipo de

discriminação ou restrição de caráter social ou econômico, salvo os que visem priorizar

o atendimento da população de menor renda ou em situação de riscos sanitários ou

ambientais;

IV - regularidade, concretizada pela prestação dos serviços,

sempre de acordo com a respectiva regulação e outras normas aplicáveis;

V - continuidade, consistente na obrigação de prestar os serviços

públicos sem interrupções, salvo nas hipóteses previstas nas normas de regulação e

nos instrumentos contratuais;

VI - eficiência, compreendendo a prestação dos serviços de

forma racional e quantitativa e qualitativamente adequada, conforme as necessidades

dos usuários e com a imposição do menor encargo socioambiental e econômico

possível;

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VII - segurança, consistente na garantia de que os serviços sejam

prestados dentro dos padrões de qualidade operacionais e sanitários estabelecidos,

com o menor risco possível para os usuários, os trabalhadores que os prestam e à

população em geral;

VIII - atualidade, compreendendo a modernidade das técnicas,

dos equipamentos e das instalações e sua conservação, bem como a melhoria

contínua dos serviços, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a

adoção de soluções graduais e progressivas;

IX - cortesia, traduzida no atendimento ao público de forma

correta e educada, em tempo adequado e disposição de todas as informações

referentes aos serviços de interesse dos usuários e da coletividade;

X - modicidade dos custos para os usuários, mediante a

instituição de taxas, tarifas e outros preços públicos cujos valores sejam limitados aos

efetivos custos da prestação ou disposição dos serviços em condições de máxima

eficiência econômica;

XI – eficiência e sustentabilidade, mediante adoção de

mecanismos e instrumentos que garantam a efetividade da gestão dos serviços e a

eficácia duradoura das ações de saneamento básico, nos aspectos jurídico-

institucionais, econômicos, sociais, ambientais, administrativos e operacionais;

XII - intersetorialidade, mediante articulação com as políticas de

desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua

erradicação, de proteção ambiental, de recursos hídricos, de promoção da saúde e

outras de relevante interesse social, voltadas para a melhoria da qualidade de vida,

para as quais o saneamento básico seja fator determinante;

XIII - transparência das ações mediante a utilização de sistemas

de informações, mecanismos de participação social e processos decisórios

institucionalizados;

XIV - prioridade na cooperação com os demais entes da

Federação para a gestão associada dos serviços de saneamento básico e a promoção

de ações que contribuam para a melhoria das condições de salubridade ambiental;

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XV - participação da sociedade na formulação e implementação

das políticas e no planejamento, regulação, fiscalização e avaliação da prestação dos

serviços por meio de instrumentos e mecanismos de controle social;

XVI - promoção da educação sanitária e ambiental, fomentando

os hábitos higiênicos, o uso sustentável dos recursos naturais, a redução de

desperdícios e a correta utilização dos serviços, observado o disposto na Lei n° 9.795,

de 27 de abril de 1999;

XVII - promoção e proteção da saúde, mediante ações

preventivas de doenças relacionadas à falta ou à inadequação dos serviços públicos

de saneamento básico, observadas as normas do Sistema Único de Saúde (SUS);

XVIII - preservação e conservação do meio ambiente, mediante

ações orientadas para a utilização dos recursos naturais de forma sustentável e a

reversão da degradação ambiental, observadas as normas ambientais e de recursos

hídricos e as disposições do plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica em que

se situa o município;

XIX - promoção do direito à cidade;

XX - conformidade do planejamento e da execução dos serviços

com as exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor;

XXI - respeito às identidades culturais das comunidades, às

diversidades locais e regionais e a flexibilidade na implementação e na execução das

ações de saneamento básico;

XXII - promoção e defesa da saúde e segurança do trabalhador

nas atividades relacionadas aos serviços;

XXIII - respeito e promoção dos direitos básicos dos usuários e

dos cidadãos;

XXIV - fomento da pesquisa científica e tecnológica e a difusão

dos conhecimentos de interesse para o saneamento básico, com ênfase no

desenvolvimento de tecnologias apropriadas;

XXV – promoção de ações e garantia dos meios necessários

para o atendimento da população rural dispersa com serviços de saneamento básico,

mediante soluções adequadas e compatíveis com as respectivas condições

geográficas, econômicas e sociais.

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§ 1º O serviço público de saneamento básico será considerado

universalizado no município quando assegurar, no mínimo, o atendimento das

necessidades básicas vitais, sanitárias e higiênicas de todas as pessoas,

independentemente de sua condição socioeconômica, em todas as edificações

permanentes urbanas independentemente de sua situação fundiária, inclusive locais

de trabalho e de convivência social, da sede municipal e dos atuais e futuros distritos,

vilas e povoados, de modo ambientalmente sustentável e de forma adequada às

condições locais.

§ 2º Excluem-se do disposto no parágrafo 1º deste artigo as

edificações localizadas em áreas cuja permanência ocasione risco à vida ou à

integridade física e em áreas de proteção ambiental permanente, particularmente as

faixas de preservação dos cursos d’água, cuja desocupação seja exigida pelas

autoridades competentes ou por decisão judicial.

§ 3º A universalização do saneamento básico e a salubridade

ambiental poderão ser alcançadas gradualmente, conforme metas estabelecidas no

plano municipal de saneamento básico.

CAPÍTULO II

DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Seção I

Dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água

Art. 5º Considera-se serviço público de abastecimento de água o

seu fornecimento por meio de rede pública de distribuição e ligação predial, incluindo

instrumentos de medição, bem como quando vinculadas a esta finalidade, os seguintes

processos executados na cadeia de valor da prestação dos serviços públicos de

abastecimento de água e de coleta, tratamento e disposição final de esgotos:

I - preservação de mananciais de água;

II - reservação de água bruta;

III - captação de água bruta subterrânea;

IV - captação de água bruta superficial;

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V - adução de água bruta;

VI - tratamento de água;

VII - adução de água tratada;

VIII - reservação de água tratada;

IX - operação rede de distribuição e ligações de consumidores;

X - medição de produção e de consumo de água;

XI - medição de consumo de água de produtores independentes;

XII - distribuição de água sob demanda.

Parágrafo único. O sistema público de abastecimento de água é

composto pelo conjunto de infraestruturas, obras civis, materiais, equipamentos e

demais instalações, destinado à produção e à distribuição canalizada de água potável,

sob a responsabilidade do Poder Público.

Art. 6º A gestão dos serviços públicos de abastecimento de água

observará também as seguintes diretrizes:

I - prioridade do abastecimento público de água tratada para

atender o consumo humano e a higiene nos domicílios residenciais, nos locais de

trabalho e de convivência social, e secundário para utilização como insumo ou matéria

prima para atividades econômicas e para o desenvolvimento de atividades recreativas

ou de lazer;

II - garantia do abastecimento em quantidade suficiente para

promover a saúde pública e com qualidade compatível com as normas, critérios e

padrões de potabilidade estabelecidos conforme o previsto no inciso V do artigo 16 da

Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;

III - promoção e incentivo à preservação, à proteção e à

recuperação dos mananciais, ao uso racional da água, à redução das perdas no

sistema público e nas edificações atendidas e à minimização dos desperdícios;

IV - promoção das ações de educação sanitária e ambiental,

especialmente o uso sustentável da água e a correta utilização das instalações prediais

de água.

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§ 1º A prestação dos serviços públicos de abastecimento de água

deverá obedecer ao princípio da continuidade, podendo ser interrompida pelo

prestador somente nas hipóteses de:

I - situações que atinjam a segurança de pessoas e bens,

especialmente as de emergência e as que coloquem em risco a saúde da população

ou de trabalhadores dos serviços de saneamento básico;

II - manipulação indevida, por parte do usuário, da ligação

predial, inclusive medidor, ou qualquer outro componente da rede pública;

III - necessidade de efetuar reparos, manutenções, modificações

ou melhorias nos sistemas por meio de interrupções programadas;

IV - após aviso ao usuário, com comprovação do recebimento e

antecedência mínima de quinze dias da data prevista para a suspensão, nos seguintes

casos:

a) negativa do usuário em permitir a instalação de dispositivo de

leitura de água consumida;

b) inadimplemento pelo usuário do pagamento devido pela

prestação do serviço de abastecimento de água;

c) construção não regularizada perante a Prefeitura Municipal;

d) interdição judicial;

e) imóvel abandonado ou demolido sem utilização aparente.

§ 2º As interrupções programadas serão previamente

comunicadas ao regulador e aos usuários no prazo estabelecido na norma de

regulação não inferior a 48 (quarenta e oito) horas.

§ 3º A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por

inadimplência, a estabelecimentos de saúde, a instituições educacionais e de

internação coletiva de pessoas e a usuário residencial de baixa renda beneficiário de

tarifa social, deverá obedecer a prazos e critérios que preservem condições essenciais

de saúde das pessoas atingidas, observado o inciso II do caput deste artigo.

§ 4º A adoção de regime de racionamento depende de prévia

autorização do órgão ou entidade de regulação, que lhe fixará prazo e condições,

observada a legislação e regulamentos relacionados aos recursos hídricos.

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Art. 7º O fornecimento de água para consumo humano e higiene

pessoal e doméstica deverá observar os parâmetros e padrões de potabilidade, bem

como os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da

qualidade, estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

§ 1º A responsabilidade do prestador dos serviços públicos sobre

o controle da qualidade da água deverá estar em consonância com a vigilância da

qualidade da água para consumo humano por parte da autoridade de saúde pública.

§ 2º O Prestador de Serviços de abastecimento de água deve

informar e orientar a população sobre os procedimentos a serem adotados em caso

de situações de emergência que ofereçam risco à saúde pública, atendidas as

orientações fixadas pela autoridade competente.

Art. 8º Excetuados os casos previstos no regulamento desta Lei

Complementar e conforme norma do órgão ou entidade de regulação, toda edificação

permanente urbana deverá, obrigatoriamente, ser conectada à rede pública de

abastecimento de água e coleta de esgotos nos logradouros em que o serviço esteja

disponível.

§ 1º Na ausência de redes públicas de abastecimento de água,

serão admitidas soluções individuais, observadas as normas de regulação do serviço

e as relativas às políticas ambiental, sanitária e de recursos hídricos.

§ 2º Todas as ligações prediais de água deverão ser dotadas de

hidrômetros, para controle do consumo e cálculo da cobrança, inclusive do serviço de

esgotamento sanitário.

§ 3º Os imóveis que utilizarem soluções individuais de

abastecimento de água, exclusiva ou conjuntamente com o serviço público, ficam

obrigados a instalar hidrômetros do Prestador de Serviços nas respectivas fontes.

§ 4º O condomínio residencial ou misto, cuja construção não

tenha sido iniciada até a data da publicação desta Lei Complementar, deverá instalar

hidrômetros individuais nas unidades autônomas que o compõem, para efeito de

cobrança das despesas de fornecimento de água e de utilização do serviço de esgoto,

sem prejuízo de sua responsabilidade pelo pagamento da fatura integral dos serviços

prestados ao condomínio.

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§ 5º O prestador dos serviços deverá cadastrar individualmente

as unidades autônomas e emitir as faturas individuais de consumo, para que a

administração do condomínio possa efetuar a cobrança dos respectivos condôminos

de forma mais justa.

§ 6º Aplica-se as disposições acima a imóveis cuja construção

não tenha sido comprovadamente iniciada e comunicada à Prefeitura Municipal de

Porto Seguro, até a data da publicação desta Lei Complementar.

Art. 9º A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de

abastecimento de água não poderá ser alimentada por outras fontes, sujeitando-se o

infrator às penalidades e sanções previstas nesta Lei Complementar, na legislação e

nas normas de regulação específicas, inclusive a responsabilização civil no caso de

contaminação da água da rede pública ou do próprio usuário.

Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput deste artigo

entende-se como instalação hidráulica predial a rede ou tubulação desde o ponto de

ligação de água da prestadora até o reservatório de água interno do imóvel, inclusive

este.

Seção II

Dos Serviços Públicos de Esgotamento Sanitário

Art. 10 Consideram-se serviços públicos de esgotamento

sanitário os serviços constituídos por uma ou mais das seguintes atividades:

I - coleta e afastamento dos esgotos sanitários por meio de rede

pública, inclusive a ligação predial;

II - quando sob responsabilidade do prestador público deste

serviço, a coleta e transporte, por meio de veículos automotores apropriados, de:

a) efluentes e lodos gerados por soluções individuais de

tratamento de esgotos sanitários, inclusive fossas sépticas;

b) chorume gerado por unidades de tratamento de resíduos

sólidos integrantes do respectivo serviço público e de soluções individuais, quando

destinado ao tratamento em unidade do serviço de esgotamento sanitário;

III - tratamento dos esgotos sanitários;

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IV - disposição final dos esgotos sanitários e dos lodos originários

da operação de unidades de tratamento, inclusive soluções individuais.

§ 1º O sistema público de esgotamento sanitário é composto pelo

conjunto de infraestruturas, obras civis, materiais, equipamentos e demais instalações,

destinado à coleta, afastamento, transporte, tratamento e disposição final dos esgotos

sanitários e dos lodos gerados nas unidades de tratamento, sob a responsabilidade do

Poder Público.

§ 2º Para os fins deste artigo, também são considerados como

esgotos sanitários os efluentes industriais cujas características sejam semelhantes às

do esgoto doméstico.

Art. 11 A gestão dos serviços públicos de esgotamento sanitário

observará ainda as seguintes diretrizes:

I - adoção de solução adequada para a coleta, o transporte, o

tratamento e a disposição final dos esgotos sanitários, como forma de promover a

saúde pública e de prevenir a poluição das águas superficiais e subterrâneas, do solo

e do ar;

II - promoção do desenvolvimento e adoção de tecnologias

apropriadas, seguras e ambientalmente adequadas de esgotamento sanitário, para o

atendimento de domicílios localizados em situações especiais, especialmente em

áreas com urbanização precária e bairros isolados, vilas e povoados rurais com

ocupação dispersa;

III - incentivo ao reuso da água;

IV - promoção de ações de educação sanitária e ambiental sobre

a correta utilização das instalações prediais de esgoto e dos sistemas de esgotamento

e o adequado manejo dos esgotos sanitários, principalmente nas soluções individuais,

incluídos os procedimentos para evitar a contaminação dos solos, das águas e das

lavouras.

§ 1º Excetuados os casos previstos em norma do órgão

regulador, toda edificação permanente urbana deverá ser conectada à rede pública de

esgotamento sanitário nos logradouros em que o serviço esteja disponível e deverá

dispor de medidor de vazão especificado pelo Prestador de Serviços.

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§ 2º Na ausência de redes públicas de esgotamento sanitário,

serão admitidas soluções individuais, observadas as normas editadas pelo órgão

regulador e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental, sanitária e de

recursos hídricos.

§ 3º A prestação dos serviços públicos de esgotamento sanitário

deverá obedecer ao princípio da continuidade, vedada a interrupção ou restrição física

do acesso aos serviços em decorrência de inadimplência do usuário, sem prejuízo das

ações de cobrança administrativa ou judicial.

§ 4º O Plano Municipal de Saneamento Básico deverá prever as

ações e o órgão regulador deverá disciplinar os procedimentos para resolução ou

mitigação dos efeitos de situações emergenciais ou contingenciais relacionadas à

operação dos sistemas de esgotamento sanitário que possam afetar a continuidade

dos serviços ou causar riscos sanitários.

Seção III

Dos Serviços Públicos de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos

Art. 12 Consideram-se serviços públicos de manejo de resíduos

sólidos as atividades de coleta, transbordo, transporte, triagem para fins de reutilização

ou reciclagem, tratamento, inclusive por compostagem, e disposição final em

conformidade com a legislação ambiental dos:

I - resíduos domésticos;

II - resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de

serviços, em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos,

classificados como resíduos sólidos urbanos, conforme o regulamento desta Lei

Complementar e as normas de regulação específicas, desde que tais resíduos não

sejam de responsabilidade do seu gerador, nos termos da norma legal ou

administrativa, de decisão judicial ou de termo de ajustamento de conduta;

III - resíduos originários dos serviços públicos de limpeza urbana,

tais como:

a) varrição, capina, roçada, poda e atividades correlatas em vias

e logradouros públicos;

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b) asseio de túneis, escadarias, calçadões, passagens de

pedestres, monumentos, abrigos e sanitários públicos;

c) raspagem e remoção de terra, areia e quaisquer materiais

depositados pelas águas pluviais em logradouros públicos;

d) desobstrução e limpeza de bueiros, bocas de lobo e correlatos;

e) limpeza de logradouros públicos onde se realizem feiras

públicas e outros eventos públicos de acesso aberto à comunidade.

Art. 13 O sistema público de manejo de resíduos sólidos urbanos

é composto pelo conjunto de infraestruturas, obras civis, materiais, máquinas,

equipamentos, veículos e demais componentes, destinado à coleta, transbordo,

transporte, triagem, tratamento, inclusive por compostagem, e disposição final dos

resíduos caracterizados neste artigo, sob a responsabilidade do Poder Público;

Art. 14 A remuneração pela prestação de serviço público de manejo

de resíduos sólidos urbanos deverá levar em conta a adequada destinação dos resíduos

coletados, bem como poderá considerar:

I - nível de renda da população da área atendida;

II - características dos lotes urbanos e áreas neles edificadas;

III - peso ou volume médio coletado por habitante ou por

domicílio;

IV - mecanismos econômicos de incentivo à minimização da

geração de resíduos e à recuperação dos resíduos gerados.

Art. 15 A gestão dos serviços públicos de manejo dos resíduos

sólidos observará também as seguintes diretrizes:

I - adoção do manejo planejado, integrado e diferenciado dos

resíduos sólidos urbanos, com ênfase na utilização de tecnologias limpas, visando

promover a saúde pública e prevenir a poluição das águas superficiais e subterrâneas,

do solo e do ar;

II - incentivo e promoção:

a) da não-geração, redução, coleta seletiva, reutilização,

reciclagem, inclusive por compostagem, e aproveitamento energético do biogás,

objetivando a utilização adequada dos recursos naturais e a sustentabilidade

ambiental e econômica;

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b) da inserção social dos catadores de materiais reutilizáveis e

recicláveis nas ações de gestão, mediante apoio à sua organização em associações

ou cooperativas de trabalho e prioridade na contratação destas para a prestação dos

serviços de coleta, processamento e comercialização desses materiais;

c) da recuperação de áreas degradadas ou contaminadas devido

à disposição inadequada dos resíduos sólidos;

d) da adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo

de bens e serviços geradores de resíduos;

e) das ações de criação e fortalecimento de mercados locais de

comercialização ou consumo de materiais recicláveis ou reciclados;

III - promoção de ações de educação sanitária e ambiental,

especialmente dirigidas para:

a) a difusão das informações necessárias à correta utilização dos

serviços, especialmente os dias, os horários de coleta e as regras para apresentação

dos resíduos a serem coletados;

b) a adoção de hábitos higiênicos relacionados ao manejo

adequado dos resíduos sólidos;

c) a orientação para o consumo preferencial de produtos

originados de materiais reutilizáveis ou recicláveis;

d) a disseminação de informações sobre as questões ambientais

relacionadas ao manejo dos resíduos sólidos e sobre os procedimentos para evitar

desperdícios.

§ 1º É vedada a interrupção de serviço de coleta domiciliar em

decorrência de inadimplência do usuário residencial, sem prejuízo das ações de

cobrança administrativa ou judicial, exigindo-se a comunicação prévia quando

alteradas as condições de sua prestação.

§ 2º O Plano Municipal de Saneamento Básico deverá conter

prescrições para manejo dos resíduos sólidos urbanos referidos no artigo 12 desta Lei

Complementar, bem como dos resíduos originários de construção e demolição, dos

serviços de saúde e demais resíduos de responsabilidade dos geradores, observadas

as normas da Lei Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010.

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Seção IV

Dos Serviços Públicos de Manejo de Águas Pluviais Urbanas

Art. 16 O sistema público de manejo das águas pluviais urbanas

é composto pelo conjunto de infraestruturas, obras civis, materiais, equipamentos e

demais instalações, destinado à drenagem, adução ou transporte, detenção ou

retenção, tratamento, aproveitamento e disposição final das águas pluviais urbanas,

sob a responsabilidade do Poder Público, considerando-se serviços públicos as

seguintes atividades:

I - implantação, operação e manutenção das infraestruturas de

drenagem urbana;

II - adução ou transporte de águas pluviais urbanas por meio de

dutos e canais;

III - detenção ou retenção de águas pluviais urbanas para

amortecimento de vazões de cheias ou aproveitamento, inclusive como elemento

urbanístico;

IV - tratamento e aproveitamento ou disposição final de águas

pluviais urbanas.

Parágrafo único. A remuneração pela prestação de serviço público

de manejo de resíduos sólidos urbanos deverá levar em conta a adequada destinação

dos resíduos coletados, bem como poderá considerar:

I - o nível de renda da população da área atendida;

II - as características dos lotes urbanos e áreas neles edificadas;

III - o peso ou volume médio coletado por habitante ou por

domicílio;

IV - os mecanismos econômicos de incentivo à minimização da

geração de resíduos e à recuperação dos resíduos gerados.

Art. 17 A gestão dos serviços públicos de manejo das águas

pluviais observará também as seguintes diretrizes:

I - integração do planejamento e operação do sistema de

drenagem e manejo de águas pluviais urbanas ao sistema de esgotamento sanitário,

visando racionalizar a gestão destes serviços;

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II - adoção de soluções e ações adequadas de manejo das águas

pluviais visando promover a saúde, a segurança dos cidadãos e do patrimônio público

e privado e reduzir os prejuízos econômicos decorrentes das inundações;

III - desenvolvimento de mecanismos e instrumentos de

prevenção, minimização e gerenciamento de enchentes, e redução ou mitigação dos

impactos dos lançamentos na quantidade e qualidade da água à jusante da bacia

hidrográfica urbana;

IV - incentivo à valorização, à preservação, à recuperação e ao

uso adequado do sistema natural de drenagem do sítio urbano, em particular dos seus

cursos d’água, com ações que priorizem:

a) o equacionamento de situações que envolvam riscos à vida, à

saúde pública ou perdas materiais;

b) as alternativas de tratamento de fundos de vale de menor

impacto ambiental, inclusive a recuperação e proteção das áreas de preservação

permanente e o tratamento urbanístico e paisagístico das áreas remanescentes;

c) a redução de áreas impermeáveis nas vias e logradouros e

nas propriedades públicas e privadas;

d) o equacionamento dos impactos negativos na qualidade das

águas dos corpos receptores em decorrência de lançamentos de esgotos sanitários e

de outros efluentes líquidos no sistema público de manejo de águas pluviais;

e) a vedação de lançamentos de resíduos sólidos de qualquer

natureza no sistema público de manejo de águas pluviais;

V - adoção de medidas, inclusive de benefício ou de ônus

financeiro, de incentivo à adoção de mecanismos de detenção ou retenção de águas

pluviais urbanas para amortecimento de vazões de cheias ou aproveitamento das

águas pluviais pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer

título de imóveis urbanos;

VI - promoção das ações de educação sanitária e ambiental

como instrumento de conscientização da população sobre a importância da

preservação e ampliação das áreas permeáveis e o correto manejo das águas pluviais.

Art. 18 São de responsabilidade dos proprietários, titulares do

domínio útil ou possuidores a qualquer título de imóveis urbanos, inclusive

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condomínios privados verticais ou horizontais, as soluções individuais de manejo de

águas pluviais intralotes vinculadas a quaisquer das atividades referidas no artigo 14

desta Lei Complementar, observadas as normas e códigos de posturas pertinentes e

a regulação específica.

CAPÍTULO III

DO EXERCÍCIO DA TITULARIDADE

Art. 19 Compete ao Município a organização, o planejamento, a

regulação, a fiscalização e a prestação dos serviços públicos de saneamento básico

de interesse local.

§ 1º Consideram-se de interesse local todos os serviços públicos

de saneamento básico ou suas atividades elencados nos artigos 5º, 10, 12 e 16 desta

Lei Complementar, cujas infraestruturas ou operação atendam exclusivamente ao

Município, independentemente da localização territorial destas infraestruturas.

§ 2º Os serviços públicos de saneamento básico de titularidade

municipal serão prestados por entidade da Administração direta ou indireta do

Município ou por empresa privada ou por empresa de capital misto, devidamente

organizados e estruturados para este fim, nos termos do artigo 241 da Constituição

Federal e da Lei n° 11.107, de 06 de abril de 2005.

3º No exercício de suas competências constitucionais o

Município poderá delegar atividades de prestação dos serviços de abastecimento de

água e esgotamento sanitário a ente da administração direta ou indireta do Município,

a empresa pública, a consórcio intermunicipal devidamente qualificado, a empresa

estadual, a empresa de capital misto ou a empresa privada.

§ 4º Em qualquer situação em que ocorra a delegação da

prestação de serviços - concessão integral ou sub-concessão dos serviços públicos de

saneamento básico de sua competência - o instrumento de delegação será um

“contrato concessão”, decorrente de Licitação Pública, e estará sujeito á regulação e

fiscalização pelo ente regulador, observadas as disposições desta Lei Complementar

e a legislação pertinente a cada caso, particularmente a Lei Federal nº 8.987, de 13 de

fevereiro de 1995, a Lei Federal nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e a Lei Federal

nº 11.107, de 06 de abril de 2005.

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§ 5º São condições de validade dos contratos de permissão,

concessão ou sub-concessão que tenham por objeto a prestação de serviços públicos

de saneamento básico o cumprimento das diretrizes previstas no artigo 11 da Lei

Federal nº 11.445 de 2007 e, no que couberem, as disposições desta Lei

Complementar.

§ 6º O Executivo Municipal poderá, ouvido o órgão regulador,

intervir e retomar a prestação dos serviços delegados nas hipóteses previstas nas

normas legais, regulamentares e contratuais.

CAPÍTULO IV

DOS INSTRUMENTOS

Art. 20 A Política Municipal de Saneamento Básico será

executada por intermédio dos seguintes instrumentos:

I – Plano Municipal de Saneamento Básico;

II – Controle Social;

III – Sistema Municipal de Gestão do Saneamento Básico -

SMSB;

IV – Fundo Municipal de Saneamento Básico – FMSB e outros

Fundos Garantidores, nos termos da Lei Federal n° 11.445/2007;

V – Sistema Municipal de Informações em Saneamento Básico –

SIMISA;

VI – Legislação, regulamentos, normas administrativas de

regulação, contratos e outros instrumentos jurídicos relacionados à gestão dos

serviços púbicos de saneamento básico.

Seção I

Do Plano Municipal de Saneamento Básico

Art. 21 Fica instituído o Plano Municipal de Saneamento Básico -

PMSB, instrumento integrante do Sistema Municipal de Planejamento e Gestão, o

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qual, observados os objetivos e diretrizes definidos na Lei Complementar nº 109, de

09 de outubro de 2006 e suas alterações, tem por objetivos específicos:

I - diagnosticar e avaliar, de forma contínua e sistemática, a

situação do saneamento básico no âmbito do Município e suas interfaces locais e

regionais, nos aspectos jurídico-institucionais, administrativos, econômicos, sociais e

técnico-operacionais, bem como seus reflexos na saúde pública e ambientais;

II – estabelecer e revisar periodicamente:

a) os objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para a

gestão dos serviços;

b) os programas, projetos e ações necessárias para o

cumprimento dos objetivos e metas, incluídas as ações para emergências e

contingências, as respectivas fontes de financiamento e as condições de

sustentabilidade técnica e econômica dos serviços;

III – estabelecer os mecanismos e procedimentos para o

monitoramento e avaliação continuada e sistemática da execução do PMSB e da

eficiência e eficácia das suas ações.

§ 1º O PMSB deverá abranger os serviços de abastecimento de

água, de esgotamento sanitário, de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e de

drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, podendo o Executivo Municipal, a seu

critério, elaborar planos específicos para um ou mais desses serviços, desde que

sejam posteriormente compatibilizados e consolidados no PMSB.

§ 2º O PMSB ou os planos específicos poderão ser elaborados

diretamente pelo Município ou por intermédio de consórcio público intermunicipal do

qual participe, inclusive de forma conjunta com os demais municípios consorciados ou

de forma integrada com o respectivo Plano Regional de Saneamento Básico, devendo,

em qualquer hipótese, ser:

I – elaborados ou revisados para horizontes contínuos de pelo

menos 20 (vinte) anos;

II – revisados no máximo a cada 04 (quatro) anos,

preferencialmente em períodos coincidentes com a vigência dos planos plurianuais;

III – monitorados e avaliados anualmente pelo organismo de

regulação.

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§ 3º O disposto no plano de saneamento básico é vinculante para

o Poder Público Municipal e serão inválidas as normas de regulação ou os termos

contratuais de delegação que com ele conflitem.

Art. 22 A elaboração e as revisões do PMSB ou dos planos

específicos deverão efetivar-se de forma a garantir a ampla participação das

comunidades, dos movimentos e das entidades da sociedade civil, por meio de

procedimento que deverá prever, no mínimo, fases de:

I – divulgação das propostas, em conjunto com os estudos que

os fundamentarem;

II - recebimento de sugestões e críticas por meio de consulta ou

audiência pública;

III - análise e deliberação do deverá ser feita pelo Comitê

Organizador especialmente designado para este fim com base nas aprovações do

Comitê Executivo também especialmente designado, por Decreto do Executivo.

Parágrafo único. A divulgação das propostas do PMSB ou dos

planos específicos e dos estudos que as fundamentarem dar-se-á por meio da

disponibilização integral de seu teor a todos os interessados, inclusive por meio da

rede mundial de computadores - internet - e por audiência pública.

Art. 23 Após aprovação nas instâncias do Sistema Municipal de

Gestão do Saneamento Básico, a homologação do PMSB, inclusive do instrumento de

consolidação dos planos específicos, ou de suas revisões, dar-se-á mediante Decreto

do Poder Executivo.

Parágrafo único. As disposições do PMSB entram em vigor com

a publicação do ato de homologação, exceto as de caráter financeiro, que produzirão

efeitos somente a partir do dia primeiro do exercício seguinte ao da publicação.

Art. 24 O Poder Executivo Municipal regulamentará os processos

de elaboração e revisão do PMSB ou dos planos específicos, observados os objetivos

e demais requisitos previstos nesta Lei Complementar e no artigo 19 da Lei Federal nº

11.445, de 2007.

Seção II

Do Controle Social

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Art. 25 As atividades de planejamento, regulação e prestação dos

serviços de saneamento básico estão sujeitas ao controle social.

§ 1º O controle social dos serviços públicos de saneamento

básico será exercido mediante, entre outros, os seguintes mecanismos:

I - debates e audiências públicas;

II - consultas públicas;

III – conferências de políticas públicas;

IV - participação em órgãos colegiados de caráter consultivo ou

deliberativo na formulação da política municipal de saneamento básico, no seu

planejamento e avaliação e representação no organismo de regulação e fiscalização.

§ 2º As audiências públicas mencionadas no inciso I do parágrafo

1º deste artigo devem ser realizadas de modo que permita e facilite o acesso da

população, podendo ser realizadas de forma regionalizada.

§ 3º As consultas públicas devem ser promovidas de forma a

possibilitar que qualquer do povo, independentemente de interesse, tenha acesso às

propostas e estudos e possa fazer críticas e sugestões a propostas do Poder Público,

devendo tais manifestações ser adequadamente respondidas.

Art. 26 São assegurados aos usuários de serviços públicos de

saneamento básico:

I - conhecimento dos seus direitos e deveres e das penalidades

a que podem estar sujeitos, nos termos desta Lei Complementar, do seu regulamento

e demais normas aplicáveis;

II - acesso:

a) a informações de interesse individual ou coletivo sobre os

serviços prestados;

b) aos manuais de prestação dos serviços elaborados ou

aprovados pelo organismo regulador;

c) a relatórios regulares de monitoramento e avaliação da

prestação dos serviços editados pelo organismo regulador e fiscalizador.

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Parágrafo único. O documento de cobrança pela prestação ou

disposição de serviços de saneamento básico observará modelo instituído ou

aprovado pelo organismo regulador e deverá:

I - explicitar de forma clara e objetiva os serviços e outros

encargos cobrados e os respectivos valores, conforme definidos pela regulação,

visando o perfeito entendimento e o controle direto pelo usuário final;

II - conter informações sobre a qualidade da água entregue aos

consumidores, em cumprimento ao disposto no inciso I do artigo 5º do Anexo do

Decreto Federal nº 5.440, de 04 de maio de 2005.

Seção III

Do Sistema Municipal de Gestão do Saneamento Básico

Art. 27 O Sistema Municipal de Gestão do Saneamento Básico –

SMSB, coordenado pelo Prefeito Municipal, é composto dos seguintes organismos e

agentes institucionais:

I – Conselho Municipal de Meio Ambiente – CMMA;

II – Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro, órgão regulador e fiscalizador dos serviços;

III – Secretarias municipais responsáveis ou a que esteja

vinculada a gestão dos serviços;

IV - Prestadores dos serviços de natureza pública direta e

indireta, mista ou privada;

V – Secretarias municipais com atuação em áreas afins ao

saneamento básico.

Subseção I

Do Conselho Municipal de Meio Ambiente

Art. 28 Ao Conselho Municipal de Meio Ambiente, órgão

colegiado consultivo e deliberativo das políticas urbanas do Município e integrante do

SMSB, compete o exercício das atribuições que lhe foram conferidas pela Lei

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Municipal nº 1.048, de 16 de dezembro de 1997, às quais se inclui manifestar-se sobre

o PMSB ou planos específicos e suas revisões.

Subseção II

Do Órgão Regulador e Fiscalizador

Art. 29 Compete ao Executivo Municipal, nos termos na Lei

Federal n° 11.445/2007, o exercício das atividades administrativas de regulação,

inclusive organização, e de fiscalização dos serviços de saneamento básico.

I – O Município constituirá “Ente Regulador” da Administração

Municipal – a Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Porto Seguro

- a ser criada e estruturada por Lei Complementar Municipal específica, que receberá

a delegação para regular e fiscalizar os serviços de saneamento básico;

II – as competências, a estrutura organizacional e os

mecanismos de custeio e aplicação de recursos para custear o trabalho do “Ente

Regulador”, serão regulamentados através da Lei Complementar Municipal específica.

Subseção III

Dos Prestadores dos Serviços

Art. 30 Os serviços públicos objeto da presente Lei

Complementar compreendem:

I - Produção, Reservação, Tratamento e Distribuição de Água;

II - Coleta, Tratamento e Disposição Final de Esgotos Sanitários;

III - Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos;

IV - Drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.

§ 1º Esses serviços serão prestados por entidades da

Administração Direta, Indireta, Mista ou Privada, que poderão ser outorgadas com a

prestação de um ou mais dos serviços acima listados, mediante Contratos de

Permissão ou Concessão ou Subconcessão específicos.

§ 2º Um Prestador de Serviços poderá também receber a outorga

múltipla de outros serviços delegados Municipais, Estaduais e Federais, executados

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no âmbito do Município de Porto Seguro, submetendo-se ás exigências regulatórias

específicas.

§ 3º Sem prejuízo das atribuições que lhe foram conferidas pelas

Leis referidas no caput, compete aos Prestadores dos Serviços:

I - planejar, projetar, executar, operar e manter os serviços de

sua competência, incluídas todas as atividades indicadas nos artigos 5º, 10, 12 e 16

desta Lei Complementar;

II - realizar pesquisas e estudos sobre os sistemas de

abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de limpeza urbana, drenagem e

manejo de resíduos sólidos;

III – realizar ações de recuperação e preservação e estudos de

aproveitamento dos mananciais situados no Município, visando ao aumento da oferta

de água para atender as necessidades da comunidade;

IV - elaborar e rever periodicamente os Planos Diretores dos

serviços de sua competência, em consonância com o PMSB;

V - celebrar convênios, contratos ou acordos específicos com

entidades públicas ou privadas para desenvolver as atividades sob sua

responsabilidade, observadas a legislação pertinente;

VI - cobrar taxas, contribuições de melhoria, tarifas e outros

preços públicos referentes à prestação dos serviços de sua competência, bem como

arrecadar e gerir as receitas provenientes dessas cobranças;

VII - realizar operações financeiras de crédito destinadas

exclusivamente à realização de obras e outros investimentos necessários para a

prestação dos serviços de sua competência;

VIII - incentivar, promover e realizar ações de educação sanitária

e ambiental;

IX - elaborar e publicar mensalmente os balancetes financeiros e

patrimoniais;

X - elaborar e publicar anualmente os balanços financeiros e

patrimoniais;

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XI - organizar e manter atualizado o cadastro e a contabilidade

patrimonial física e financeira de todos os seus bens e o cadastro técnico de todas as

infraestruturas físicas imóveis vinculadas aos serviços de sua competência;

XII - exercer fiscalização técnica das atividades de sua

competência;

XIII – aplicar penalidades previstas nesta Lei Complementar e

em seus regulamentos.

§ 4º No âmbito de suas competências, o PRESTADOR DE

SERVIÇOS poderá:

I - contratar terceiros, para execução de determinadas atividades

de seu interesse;

II – celebrar convênios administrativos com cooperativas ou

associações de usuários para a execução de atividades de sua competência, sob as

condições previstas no parágrafo 2º do artigo 2º desta Lei Complementar e no

parágrafo 2º do artigo 10 da Lei Federal nº 11.445, de 06 de janeiro de 2007.

Art. 31 Além das disposições desta Lei Complementar, de seus

regulamentos e de outras legislações aplicáveis, a prestação dos serviços referidos no

artigo 28 é condicionada pelos respectivos planos e suas revisões e pelas normas

administrativas de regulação.

Parágrafo único. A contabilidade dos Prestadores de Serviços

será obrigatoriamente auditada por empresa de Auditoria Externa, escolhida entre

aquelas listadas pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

Seção IV

Do Fundo Municipal de Saneamento Básico – FMSB

Art. 32 Fica criado o Fundo Municipal de Saneamento Básico –

FMSB, com as atribuições estabelecidas pela Lei Federal n° 11.445/2007.

§ 1º O FMSB, de natureza contábil, tem por finalidade geral

concentrar os recursos para a realização de investimentos e geração de contrapartidas

e fornecimento de garantias para investimentos e financiamentos.

§ 2º São finalidades específicas do FMSB:

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I – garantir contrapartida financeira a operações de crédito para

financiamento de investimentos das concessionárias em infraestruturas e bens

vinculados aos serviços municipais de saneamento básico, incluindo as que vierem a

celebradas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES,

com a Caixa Econômica Federal ou outros agentes financeiros públicos e privados;

II – garantir contrapartida a contratos de repasse de recursos

objeto de transferências voluntárias da União, do Estado da Bahia ou de outras fontes

não onerosas, destinados a investimentos em ações de saneamento básico no âmbito

do Município de Porto Seguro;

III – garantir pagamentos de amortizações, juros e outros

encargos financeiros relativos às operações de crédito previstas no inciso I deste

parágrafo único;

IV – cobrir as despesas extraordinárias decorrentes de

investimentos emergenciais nos serviços de saneamento básico aprovadas pelo

Conselho Gestor do FMSB;

V – financiar diretamente as ações de investimentos em

infraestruturas e outros bens vinculados aos serviços de saneamento básico de

titularidade do Município.

Art. 33 O Conselho Gestor do FMSB será composto por três

membros de ilibada reputação, sendo um deles seu presidente, todos designados por

Decreto Municipal, competindo-lhe:

I – estabelecer e fiscalizar a política de aplicação dos recursos

do FMSB, observadas as diretrizes básicas e prioritárias da Política e do Plano

Municipal de Saneamento Básico;

II - aprovar o plano orçamentário e de aplicação anual dos

recursos do FMSB, em consonância com a Lei de Diretrizes Orçamentárias;

III - aprovar as demonstrações mensais de receitas e despesas

do FMSB;

IV - aprovar as contas anuais do FMSB, as quais integrarão as

contas gerais do (os) Prestador (es) de Serviços;

V – deliberar sobre questões relacionadas ao FMSB, em

consonância com as normas de gestão financeira e os interesses do Município.

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§ 1º A administração financeira e contábil do FMSB será exercida

pelo Conselho Diretor, ao qual caberá a ordenação das despesas previstas no

respectivo plano orçamentário e de aplicação.

§ 2º A contabilidade do FMSB será organizada de forma a

permitir o seu pleno controle e gestão da sua execução orçamentária.

§ 3º A contabilidade do FMSB será obrigatoriamente auditada por

empresa de Auditoria Externa, escolhida entre aquelas listadas pela Comissão de

Valores Mobiliários - CVM.

§ 4º Os membros do Conselho Gestor do FMSB não receberão

remuneração.

§ 5º O mandato dos membros do Conselho Gestor do FMSB será

03 (três) anos, podendo ser reconduzidos uma vez.

Art. 34 As receitas do FMSB são as previstas no artigo 2º da Lei

nº 8.109, de 29 de dezembro de 2011, bem como de repasses do (s) Prestador (es)

de Serviços.

§ 1º Observadas as disposições da Lei referida no caput deste

artigo, as disponibilidades financeiras do FMSB não vinculadas a desembolsos de

curto prazo e as parcelas mínimas de garantias de contratos de financiamentos

deverão ser investidas em aplicações financeiras com prazos e liquidez compatíveis

com o seu plano de aplicação.

§ 2º Constituem passivos do FMSB as obrigações de qualquer

natureza que venha a assumir para a execução dos programas e ações previstos no

Plano Municipal de Saneamento Básico e no Plano Plurianual do (s) Prestador (es) de

Serviços , observada a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Art. 35 Ressalvado o disposto no parágrafo 2º do artigo 32 desta

Lei Complementar, fica vedada a utilização de recursos do FMSB para:

I - pagamento de despesas correntes ou cobertura de déficits

orçamentários resultantes das mesmas, pelos Prestadores de Serviços ou por

quaisquer órgãos e entidades do Município;

II – execução de obras e outras intervenções urbanas integradas

ou que afetem ou interfiram nos sistemas de saneamento básico, em montante

superior à participação proporcional destes serviços nos respectivos investimentos.

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Art. 36 O orçamento do FMSB integrará o orçamento do

Município.

Seção V

Sistema Municipal de Informações em Saneamento Básico – SIMISA

Art. 37 O Executivo Municipal deverá instituir e gerir, por

intermédio do órgão regulador, o Sistema Municipal de Informações em Saneamento

Básico – SIMISA, com os objetivos de:

I – coletar e sistematizar dados relativos às condições da

prestação dos serviços públicos de saneamento básico;

II – disponibilizar estatísticas, indicadores e outras informações

relevantes para o monitoramento e avaliação sistemática dos serviços;

III – cumprir com a obrigação prevista no artigo 9º, inciso VI, da

Lei Federal nº 11.445 de 2007.

§ 1º O SIMISA poderá ser instituído como sistema autônomo ou

como módulo integrante de Sistema de Informações Municipais, previsto nos artigos

102 e 103, da Lei Complementar nº 109, de 09 de outubro de 2006.

§ 2º As informações do SIMISA serão públicas cabendo ao seu

gestor disponibilizá-las, preferencialmente, no sítio que manter na internet ou por

qualquer meio que permita o acesso a todos, independente de manifestação de

interesse.

CAPÍTULO V

DOS ASPECTOS ECONÔMICOS FINANCEIROS

Seção I

Da Política de Cobrança

Art. 38 Os serviços públicos de saneamento básico terão sua

sustentabilidade econômico-financeira-ambiental assegurada, nos termos da Lei

Federal Nº 11.445/2007, mediante remuneração que permita a recuperação dos custos

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econômicos dos serviços prestados em regime de eficiência ao mesmo tempo em que

assegure a sustentabilidade dos recursos hídricos em longo prazo.

§ 1º A instituição de taxas ou tarifas e outros preços públicos para

remuneração dos serviços de saneamento básico observará as seguintes diretrizes:

I - prioridade para atendimento das funções essenciais

relacionadas à saúde pública;

II - ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa

renda aos serviços;

III - geração dos recursos necessários para realização dos

investimentos, visando o cumprimento das metas e objetivos do planejamento;

IV - inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos;

V - recuperação dos custos incorridos na prestação do serviço,

inclusive despesas de capital, em regime de eficiência;

VI - remuneração adequada do capital investido pelos

prestadores dos serviços contratados, ou com recursos rotativos do FMSB;

VII - estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes,

compatíveis com os níveis exigidos de qualidade, continuidade e segurança na

prestação dos serviços;

VIII - incentivo à eficiência dos prestadores dos serviços e

desenvolvimento de mecanismos de sustentabilidade dos recursos hídricos em longo

prazo.

§ 2º Poderão ser adotados, mediante Norma Específica do ENTE

REGULADOR, subsídios tarifários e não tarifários, de caráter coletivo ou para usuários

determinados que não tenham capacidade de pagamento, ou destinados para

sistemas isolados de saneamento básico no âmbito municipal sem escala econômica

suficiente para cobrir o custo integral dos serviços, bem como para viabilizar a conexão

física com os sistemas públicos, inclusive a intradomiciliar de usuários de baixa renda.

§ 3º O sistema de remuneração e de cobrança dos serviços

levará em consideração os seguintes fatores:

I - capacidade de pagamento dos usuários;

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II - quantidade mínima de consumo ou de utilização do serviço,

visando à garantia de objetivos sociais, como a preservação da saúde pública, o

adequado atendimento dos usuários de menor renda e a proteção do meio ambiente;

III - custo mínimo necessário para disponibilidade do serviço em

quantidade e qualidade adequadas, bem como a garantia sua sustentabilidade dos

recursos hídricos em longo prazo;

IV - categorias de usuários, distribuídas por faixas ou

quantidades crescentes de utilização ou de consumo;

V - ciclos significativos de aumento da demanda dos serviços,

em períodos de seca;

VI - padrões de uso ou de qualidade definidos pela regulação;

VII – mecanismos financeiros de incentivo à redução de

consumo e penalização de altos consumos, delimitados acima do padrão de consumo

per capita recomendado pela Organização Mundial da Saúde – OMS e pelo Sistema

Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS do Governo Federal.

§ 4º Conforme disposições do regulamento desta Lei

Complementar e das normas de regulação, e ouvido previamente o órgão regulador,

a prestação dos serviços a grandes usuários poderá ser negociada mediante contrato

específico e desde que:

I - as condições contratuais não prejudiquem o atendimento dos

usuários normais;

II - os preços contratados sejam superiores à tarifa ou taxa média

de equilíbrio econômico-financeiro dos serviços;

III – no caso do abastecimento de água, haja disponibilidade no

sistema.

Subseção I

Dos Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário

Art. 39 Os serviços de abastecimento de água e de esgotamento

sanitários serão remunerados mediante a cobrança de:

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I – tarifas pela prestação dos serviços de abastecimento de água

e de coleta e tratamento de esgotos, para os imóveis em situação ativa ligados às

respectivas redes públicas, as quais poderão ser estabelecidas para cada um dos

serviços ou para ambos conjuntamente;

II – preços públicos específicos, pela execução de serviços

técnicos e administrativos, complementares ou vinculados a estes serviços, definidos

e disciplinados em regulamento e em normas técnicas de regulação;

III – taxas pela disposição dos serviços de abastecimento de

água e de coleta e tratamento de esgotos para os imóveis, edificados ou não, não

ligados às respectivas redes públicas, ou cujas ligações não estejam ativas, conforme

definido no regulamento dos serviços.

§ 1º As tarifas pela prestação dos serviços de abastecimento de

água serão calculadas com base no volume consumido de água e deverão ser

progressivas, em razão do consumo, com vistas a desestimular altos consumos e

garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos.

§ 2º O volume de água fornecido deve ser aferido por meio de

hidrômetro, exceto nos casos em que isto não seja tecnicamente possível, nas ligações

temporárias e em outras situações especiais de abastecimento definidas no

regulamento dos serviços.

§ 3º As tarifas de fornecimento de água para ligações

residenciais sem hidrômetro serão fixadas com base em quantidade mínima de

consumo ou de utilização do serviço para o atendimento das necessidades sanitárias

básicas dos usuários de menor renda.

Art. 40 As tarifas pela prestação dos serviços de esgotamento

sanitário serão calculadas com base no volume de água fornecido pelo sistema

público, inclusive nos casos de ligações sem hidrômetros, acrescido do volume de

água medido ou estimado proveniente de solução individual adotada.

§ 1º As tarifas dos serviços de esgotamento sanitário dos imóveis

residenciais não atendidos pelo serviço público de abastecimento de água serão

calculadas com base em quantidade medida de utilização do serviço.

§ 2º Para os usuários dos serviços de esgotamento sanitário,

pertencentes às categorias comercial e industrial, as tarifas pela utilização dos serviços

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de esgotamento sanitário serão ser calculadas preferencialmente com base na

medição da fonte de produção de água do usuário, por hidrômetro instalado pelo

Prestador de Serviços e considerando também os seguintes procedimentos:

I - em volumes de esgotos medidos por instrumentos específicos

ou estabelecidos por meio de laudo técnico, anualmente revisto e aprovado pelo

Prestador de Serviços, conforme as condições contratuais pactuadas e as normas

técnicas de regulação;

II – a partir dos volumes de abastecimento de água do sistema

público, acrescidos dos volumes das fontes próprias, medidos por dispositivos

adequados e considerando os parâmetros de tarifação conforme o coeficiente de

retorno definido para o usuário;

III – a estas tarifas deverão ser acrescidos percentuais de acordo

com coeficientes de poluição a serem definidos em norma própria.

Subseção II

Dos Serviços de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos

Art. 41 A cadeia de valor da gestão integrada dos resíduos

sólidos, no âmbito da competência do poder público municipal, abrange os seguintes

itens:

I - Resíduos da Varrição;

II - Resíduos da Capina e Roçada;

III - Resíduos da Poda, corte de raízes e supressão de árvores;

IV - Coletas;

V - Tratamento;

VI - Destinação Final e Disposição Final.

Art. 42 Os serviços públicos municipais de limpeza urbana e

manejo de resíduos sólidos compreendem:

I - a coleta, remoção e o transporte dos resíduos sólidos

domiciliares;

II - a varrição e limpeza de vias e logradouros públicos;

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III - a remoção e transporte de resíduos das atividades de

limpeza; IV - a remoção de resíduos volumosos e de entulhos lançados em vias e

logradouros públicos;

V - a prestação de serviços de operação e manutenção dos

sistemas de transferência de resíduos sólidos urbanos e das unidades de triagem e

compostagem, incluindo a transferência dos rejeitos gerados nessas unidades para

destino final disposto de forma correta, utilizando aterros sanitários em conformidade

com a legislação ambiental;

VI – a execução dos serviços de tratamento e destinação final de

resíduos sólidos urbanos.

Art. 43 Os serviços descritos nos artigos 41 e 42 serão regulados

pela Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Porto Seguro , que

estabelecerá a estrutura de custos e a remuneração dos serviços mediante a cobrança

de:

I - taxas, que terão como fato gerador a utilização efetiva ou

potencial dos serviços convencionais de coleta, inclusive transporte e transbordo, e de

tratamento e disposição final de resíduos domésticos ou equiparados, regular e

efetivamente prestados ou postos à disposição, direta ou indiretamente, pelo Poder

Público Municipal;

II - tarifas ou preços específicos pela prestação, mediante

contrato, de serviços especiais de coleta, inclusive transporte e transbordo, e de

tratamento e disposição final de resíduos domésticos ou equiparados e de resíduos

especiais;

III – tarifas ou preços específicos pela prestação de outros

serviços de manejo de resíduos sólidos e de limpeza de logradouros, quando

contratados com o prestadores de serviços.

§ 1º A remuneração pela prestação de serviço público de manejo

de resíduos sólidos urbanos deverá considerar a adequada destinação dos resíduos

coletados bem como:

I – o nível de renda da população da área atendida;

II – as características dos lotes urbanos e áreas neles edificadas;

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III – o peso ou volume médio coletado por habitante ou por

domicílio;

IV – a frequência semanal da coleta domiciliar;

V - mecanismos econômicos de incentivo à minimização da

geração de resíduos, à coleta seletiva, à reutilização e reciclagem, inclusive por

compostagem, e ao aproveitamento energético do biogás.

§ 2º Os serviços regulares de coleta seletiva de materiais

recicláveis ou reaproveitáveis serão prestados sem ônus adicionais para os usuários

que aderirem a programas instituídos pelo Município para este fim, na forma do

disposto em regulamento e em normas técnicas específicas de regulação.

Subseção III

Dos Serviços de Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas

Art. 44 Os serviços de drenagem e manejo de águas pluviais

urbanas poderão ser remunerados mediante a cobrança de tributos, inclusive taxas,

em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades.

Parágrafo único. Conforme dispõe o artigo 2º da Lei nº 5.425, de

12 de setembro de 1997, os serviços de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas

serão prestados por um PRESTADOR DE SERVIÇOS, conforme especificado no

artigo 30 e as respectivas atividades poderão ser integradas com outros serviços,

conforme o respectivo regulamento.

Art. 45 Caso seja econômica e tecnicamente conveniente e

necessário, o Município poderá instituir taxa ou preço específico para a remuneração

dos serviços de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, tendo como fato

gerador a utilização efetiva ou potencial das infraestruturas públicas do sistema de

drenagem e manejo de águas pluviais, mantidas e postas à disposição do proprietário,

titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título de imóvel, edificado ou não, situado

em vias ou logradouros públicos urbanos.

Parágrafo único. Na hipótese de instituição da taxa ou preço a

que se refere o caput deste artigo, deverá ser considerado, em cada lote urbano, o

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percentual de área impermeabilizada e a existência de dispositivos de amortecimento

ou de retenção da água pluvial, bem como poderá considerar:

I – o nível de renda da população da área atendida;

II – as características dos lotes urbanos e as áreas que podem

ser neles edificadas.

Seção II

Das Taxas, Tarifas e Outros Preços Públicos

Art. 46 As taxas, tarifas e outros preços públicos pela prestação

ou disposição dos serviços públicos de saneamento básico terão seus valores fixados

com base nos respectivos custos econômicos presentes e futuros, garantido aos entes

responsáveis pela prestação dos serviços, sempre que possível, a recuperação

integral dos custos incorridos, inclusive despesas de capital e remuneração adequada

dos investimentos realizados.

§ 1° Nos termos do regulamento e das normas administrativas

de regulação, ficam excluídos do disposto no parágrafo 1º os seguintes casos:

I – revisões de cobranças dos serviços de abastecimento de

água e esgotamento sanitário decorrentes de:

a) erro de medição;

b) defeito do hidrômetro, comprovado mediante aferição em

laboratório credenciado ou por meio de equipamento apropriado, certificado pelo

Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro);

c) ocorrências de vazamentos ocultos de água nas instalações

prediais, a montante do hidrômetro, comprovadas em vistoria realizada pelo prestador

por sua iniciativa ou solicitação do usuário, ou comprovadas por este, no caso de

omissão, falha ou resultado inconclusivo do prestador;

II – mudança de categoria, grupo ou classe de usuário, ou por

inclusão do mesmo em programa de subsídio social;

III – suspensão temporária da cobrança, em razão de

insuficiência da renda familiar de usuário residencial, decorrente de desemprego

formal ou de afastamento de atividade econômica informal de seus membros

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provedores, por motivo de saúde ou incapacidade física, em período não coberto por

seguro desemprego, por auxílio previdenciário ou por benefício social de renda;

IV – isenções, descontos e outros subsídios tarifários ou

tributários que venham a ser concedidos mediante lei específica.

§ 2º Os serviços complementares ou acessórios a qualquer dos

serviços de saneamento básico, integral ou parcialmente cobrados diretamente dos

usuários, serão fixados pelo ENTE REGULADOR e remunerados mediante preços

públicos específicos, cujos valores serão fixados, para cada período de doze meses,

com base em estrutura de composição dos respectivos custos diretos,

correspondentes aos custos administrativos e operacionais indiretos.

§ 3º Os serviços complementares ou acessórios, sujeitos à

cobrança dos preços públicos a que se refere o parágrafo anterior, serão definidos em

regulamento próprio e terão as respectivas estruturas de composição normatizadas e

aprovadas pelo ENTE REGULADOR, mediante proposição do respectivo prestador.

Subseção I

Das Disposições Gerais

Art. 47 As taxas, tarifas e outros preços públicos serão fixados de

forma clara e objetiva e deverão ser tornados públicos com antecedência mínima de

trinta dias com relação à sua vigência, inclusive os reajustes e as revisões, observadas

para as taxas as normas legais específicas.

Art. 48 As taxas e tarifas serão diferenciadas segundo as

categorias de usuários, faixas ou quantidades crescentes de utilização ou de consumo,

ciclos de demanda, e finalidade ou padrões de uso ou de qualidade definidos pela

regulação ou em contratos.

§ 1º A estrutura do sistema de cobrança pelos serviços

observará:

a) a fixação das taxas ou tarifas conforme os critérios definidos

no caput deste artigo, de modo que o valor médio obtido possibilite o equilíbrio

econômico-financeiro e a viabilidade da prestação dos serviços, em longo prazo, em

regime de eficiência;

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b) a fixação de taxas ou tarifas diferenciadas, por faixa de

consumo, levando em conta os volumes consumidos pelos usuários de todas as

categorias, de forma a desestimular altos consumos que põem em risco o

abastecimento da população em longo prazo e estimular os usuários a consumir água

com responsabilidade.

§ 2º Os usuários serão classificados nas seguintes categorias:

residencial, comercial, industrial e pública, as quais poderão ser subdivididas em

grupos, de acordo com as características de demanda ou de uso.

Subseção II

Do Custo Econômico dos Serviços

Art. 49 O custo dos serviços, a ser computado na determinação

da taxa ou tarifa, deve ser o mínimo necessário à adequada prestação dos serviços e

à sua viabilidade econômico-financeira.

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput deste artigo, na

composição do custo econômico dos serviços poderão ser considerados os seguintes

elementos:

I - despesas correntes ou de exploração correspondentes a todas

as despesas administrativas, de operação e manutenção, comerciais, fiscais e

tributárias;

II - despesas com o serviço da dívida, correspondentes a

amortizações, juros e outros encargos financeiros de empréstimos para investimentos,

inclusive do FMSB;

III - despesas de capital relativas a investimentos, inclusive

contrapartidas a empréstimos, realizadas com recursos provenientes de receitas

próprias;

IV - despesas patrimoniais de depreciação ou amortização de

investimentos vinculados aos serviços de saneamento básico relativas a:

a) ativos imobilizados, intangíveis e diferidos existentes na data

base de implantação do regime de custos de que trata este artigo, tendo como base

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os valores dos respectivos saldos líquidos contábeis ou apurados em laudo técnico de

avaliação contemporânea, se inexistentes os registros contábeis patrimoniais;

b) novos ativos imobilizados e intangíveis realizados com

recursos próprios ou com recursos onerosos e não onerosos de qualquer fonte,

inclusive os do FMSB, os originários de operações de crédito e os obtidos, direta ou

indiretamente, mediante subvenções orçamentárias do Município, transferências

voluntárias de outros entes da Federação e doações ou contribuições voluntárias de

quaisquer entidades públicas ou privadas e dos usuários dos serviços;

V - provisões de perdas líquidas no exercício financeiro relativas

a créditos de difícil recebimento ou a anistias ou descontos especiais de débitos

tarifários ou tributários relativos à prestação dos serviços;

VI - remuneração adequada dos investimentos realizados com

capital próprio, diretamente ou por meio do FMSB, tendo como base o saldo líquido

contábil ou os valores apurados conforme a alínea “a” do inciso IV deste parágrafo, a

qual deverá ser no mínimo igual à inflação estimada para o período de vigência das

taxas e tarifas aplicáveis aos serviços, medida pelo Índice Nacional de Preços ao

Consumidor (INPC), publicado pelo IBGE, ou outro índice que o substitua.

§ 2º As parcelas de amortizações de empréstimos e as despesas

de capital, previstas nos incisos II e III do parágrafo 1º deste artigo, serão consideradas

na composição do custo dos serviços mediante apropriação das cotas de depreciação

ou de amortização dos respectivos investimentos, cujo critério de cálculo deverá

considerar a ponderação dos prazos de amortização dos empréstimos e de vida útil

econômica esperada desses investimentos e a sua participação relativa no valor total

dos investimentos em operação.

§ 3º As receitas obtidas com serviços vinculados,

complementares e acessórios aos serviços finais de saneamento básico, bem como

as decorrentes de multas, encargos moratórios e de aplicações financeiras,

compensadas as respectivas despesas, deverão ser consideradas na composição dos

custos dos serviços, visando à modicidade das taxas e tarifas.

§ 4º A aplicação das disposições deste artigo deverá ser

disciplinada no regulamento desta Lei Complementar e em normas técnicas aprovadas

pelo ENTE REGULADOR.

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Subseção III

Dos Reajustes e Revisões das Taxas e Tarifas e Outros Preços Públicos

Art. 50 As taxas e tarifas poderão ser atualizadas ou revistas

periodicamente, observadas as disposições desta Lei Complementar e, no caso de

serviços delegados, os contratos e os seus instrumentos de regulação específica.

Art. 51 Os reajustes dos valores monetários de taxas, tarifas e

outros preços públicos dos serviços de saneamento básico têm como finalidade a

manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de sua prestação ou disposição, e

deverão ser aprovados e publicados até 30 (trinta) dias antes de sua vigência.

§ 1º Os reajustes referidos no caput deste artigo serão aplicados

com base no artigo 48 desta Lei Complementar.

§ 2º Na regulamentação dos critérios de cálculo dos reajustes

poderão ser considerados os seguintes fatores:

I – repasse de aumentos efetivos de preços regulados de

serviços e insumos essenciais e de outros custos fora do controle do prestador;

II – compensação integral ou parcial, mediante redução do índice

de reajuste, de ganhos extraordinários de eficiência e de produtividade obtidos no

período tarifário anterior.

§ 3º Os reajustes serão processados e aprovados previamente

pelo Ente Regulador e serão efetivados através de ato publicado até 30 (trinta) dias

antes de sua vigência.

Art. 52 As revisões compreenderão a reavaliação das condições

da prestação e seus reflexos nos custos dos serviços e nas respectivas taxas, tarifas

e de outros preços públicos praticados, que poderão ter os seus valores aumentados

ou diminuídos, e poderão ser:

I – ordinárias e periódicas, objetivando a recomposição do

equilíbrio econômico-financeiro dos serviços e a apuração e repartição com os

usuários dos ganhos de eficiência, de produtividade ou decorrentes de externalidades;

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II - extraordinárias, quando se verificar a ocorrência de situações

fora do controle do prestador dos serviços e que afetem suas condições econômico-

financeiras, entre outras:

a) fatos não previstos em normas de regulação ou em contratos;

b) fenômenos da natureza ou ambientais que possam afetar a

regularidade e a quantidade do fornecimento de água à população, que exigirem a

criação de mecanismos de restrição de consumo;

c) a instituição ou aumentos extraordinários de tributos, encargos

sociais, trabalhistas e fiscais;

d) aumentos extraordinários de tarifas ou preços públicos

regulados ou de preços de mercado de serviços e insumos utilizados nos serviços de

saneamento básico.

§ 1º As revisões de taxas, tarifas e outros preços públicos terão

suas pautas definidas e processos conduzidos pelo ente Regulador, ouvidos os

prestadores dos serviços, os usuários e os demais órgãos e entidades municipais

interessados, e os seus resultados serão submetidos à consulta pública.

§ 2º Os processos de revisões poderão estabelecer mecanismos

econômicos de indução à eficiência na prestação e, particularmente, no caso de

serviços delegados a terceiros, à antecipação de metas de expansão e de qualidade

dos serviços, podendo ser adotados para esse fim fatores de produtividade e

indicadores de qualidade referenciados a outros prestadores do setor ou a padrões

técnicos amplamente reconhecidos.

§ 3º Observado o disposto no parágrafo 4º deste artigo, as

revisões de taxas, tarifas e outros preços públicos que resultarem em alteração da

estrutura de cobrança ou em alteração dos respectivos valores, para mais ou para

menos, serão efetivadas, após sua aprovação pelo ente Regulador, mediante ato do

Executivo Municipal.

Subseção IV

Do Lançamento e da Cobrança

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Art. 53 O lançamento e a respectiva arrecadação de taxas,

contribuições de melhoria, tarifas e outros preços públicos devidos pela disposição ou

prestação dos serviços públicos, cuja prestação estiver sob a responsabilidade de um

mesmo prestador, poderão ser efetuados separadamente ou em conjunto, mediante

documento único de cobrança.

Subseção V

Da Penalidade por Atraso ou Falta de Pagamento de Taxas e Tarifas

Art. 54 O atraso ou a falta de pagamento dos débitos relativos à

prestação ou disposição dos serviços de saneamento básico sujeitará o usuário ao

pagamento de multas, cujos valores e formas de aplicação serão estabelecidos pelo

Ente Regulador.

Seção III

Do Regime Contábil Patrimonial

Art. 55 Independente de quem as tenha adquirido ou construído,

as infraestruturas e outros bens vinculados aos serviços públicos de saneamento

básico constituem patrimônio público do Município, afetados aos órgãos ou entidades

municipais responsáveis pela sua gestão, e são impenhoráveis e inalienáveis sem

prévia autorização legislativa.

Art. 56 Os valores investidos em bens reversíveis pelos

prestadores dos serviços contratados sob qualquer forma de delegação, apurados e

registrados conforme a legislação e as normas contábeis vigentes constituirão créditos

perante o Município a serem recuperados mediante receitas emergentes da prestação

dos serviços, nos termos contratuais e dos demais instrumentos de regulação.

§ 1º Não gerarão crédito perante o titular os investimentos feitos

sem ônus para o prestador contratado, tais como os decorrentes de exigência legal

aplicável à implantação de empreendimentos imobiliários, os provenientes de

subvenções, de transferências fiscais voluntárias e de doações públicas ou privadas,

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bem como aqueles que integral ou parcialmente sejam custeados pelos usuários dos

serviços, sob qualquer forma.

§ 2º Os investimentos realizados, os valores amortizados, a

depreciação e os respectivos saldos serão anualmente auditados e certificados pelo

órgão regulador.

§ 3º Os créditos decorrentes de investimentos, devidamente

certificados, poderão constituir garantia de empréstimos, destinados exclusivamente a

investimentos nos sistemas de saneamento objeto do respectivo contrato.

§ 4º Os Prestadores de Serviços, responsáveis por Contratos de

Concessão total o parcial, com propósito específico para a prestação dos serviços

delegados pelo Município, terão regimes de contabilidade específicos, conforme a sua

natureza jurídica, constituídos sob a forma de Autarquia Municipal, Empresa Pública,

Companhia de Economia Mista ou sociedade de propósito específico para a prestação

dos serviços delegados pelo Município, a qual terá contabilidade própria e segregada

de outras atividades exercidas pelos seus controladores.

CAPÍTULO VI

DAS DIRETRIZES PARA A REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS

Seção I

Dos Objetivos da Regulação

Art. 57 São objetivos da regulação:

I - estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos

serviços e para a satisfação dos usuários;

II - garantir o cumprimento das condições e metas estabelecidas;

III - prevenir e reprimir o abuso do poder econômico, ressalvada

a competência dos órgãos integrantes do sistema nacional de defesa da concorrência;

IV - definir tarifas e outros preços públicos que assegurem tanto

o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, quanto a modicidade tarifária e de

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outros preços públicos, mediante mecanismos que induzam a eficiência e eficácia dos

serviços e que permitam a apropriação social dos ganhos de produtividade.

Parágrafo único. Compreendem-se nas atividades de regulação

dos serviços de saneamento básico a interpretação e a fixação de critérios para

execução dos contratos e dos serviços e para correta administração de subsídios.

Seção II

Do Exercício da Função de Regulação

Subseção I

Das Disposições Gerais

Art. 58 O exercício da função de regulação atenderá aos

seguintes princípios:

I - independência decisória, incluindo autonomia administrativa,

orçamentária e financeira da entidade de regulação; e

II - transparência, tecnicidade, celeridade e objetividade das

decisões.

Subseção II

Das Normas de Regulação

Art. 59 Cada um dos serviços públicos de saneamento básico

pode possuir regulação específica.

Art. 60 I - por legislação do titular, no que se refere:

a) aos direitos e obrigações dos usuários e prestadores, bem

como às penalidades a que estarão sujeitos;

b) aos procedimentos e critérios para a atuação das entidades de

regulação e de fiscalização;

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II - por norma da entidade de regulação, no que se refere às

dimensões técnica, econômica e social de prestação dos serviços, que abrangerão,

pelo menos, os seguintes aspectos:

a) padrões e indicadores de qualidade da prestação dos serviços;

b) prazo para os prestadores de serviços comunicarem aos

usuários as providências adotadas em face de queixas ou de reclamações relativas

aos serviços;

c) requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;

d) metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços

e respectivos prazos;

e) regime, estrutura e níveis tarifários, bem como procedimentos

e prazos de sua fixação, reajuste e revisão;

f) medição, faturamento e cobrança de serviços;

g) monitoramento dos custos;

h) avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;

i) plano de contas e mecanismos de informação, auditoria e

certificação;

j) subsídios tarifários e não tarifários;

k) padrões de atendimento ao público e mecanismos de

participação e informação;

l) medidas de contingências e de emergências, inclusive

racionamento.

§ 1° Em caso de gestão associada ou prestação regionalizada

dos serviços, os titulares poderão adotar os mesmos critérios econômicos, sociais e

técnicos da regulação em toda a área de abrangência da associação ou da prestação.

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§ 2° A entidade de regulação deverá instituir regras e critérios de

estruturação de sistema contábil e do respectivo plano de contas, de modo a garantir

que a apropriação e a distribuição de custos dos serviços estejam em conformidade

com as diretrizes estabelecidas na Lei nº 11.445, de 2007.

Subseção III

Dos Órgãos e das Entidades de Regulação

Art. 61 As atividades administrativas de regulação, inclusive

organização, e de fiscalização dos serviços de saneamento básico poderão ser

executadas pelo titular:

I - diretamente, mediante órgão ou entidade de sua

administração direta ou indireta, inclusive consórcio público do qual participe;

II - mediante delegação, por meio de convênio de cooperação, a

órgão ou entidade de outro ente da Federação ou a consórcio público do qual não

participe, instituído para gestão associada de serviços públicos.

§ 1° O exercício das atividades administrativas de regulação de

serviços públicos de saneamento básico poderá se dar por consórcio público

constituído para essa finalidade ou ser delegado pelos titulares, explicitando, no ato

de delegação, o prazo de delegação, a forma de atuação e a abrangência das

atividades a ser desempenhadas pelas partes envolvidas.

§ 2° As entidades de fiscalização deverão receber e se

manifestar conclusivamente sobre as reclamações que, a juízo do interessado, não

tenham sido suficientemente atendidas pelos prestadores dos serviços.

Art. 62 Os prestadores de serviços públicos de saneamento

básico deverão fornecer à entidade de regulação todos os dados e informações

necessários para desempenho de suas atividades.

Parágrafo único. Incluem-se entre os dados e informações a que

se refere o caput aqueles produzidos por empresas ou profissionais contratados para

executar serviços ou fornecer materiais e equipamentos.

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Subseção IV

Da Publicidade dos Atos de Regulação

Art. 63 Deverá ser assegurada publicidade aos relatórios,

estudos, decisões e instrumentos equivalentes que se refiram à regulação ou à

fiscalização dos serviços, bem como aos direitos e deveres dos usuários e

prestadores, a eles podendo ter acesso qualquer do povo, independentemente da

existência de interesse direto.

§ 1° Excluem-se do disposto no caput os documentos

considerados sigilosos em razão de interesse público relevante, mediante prévia e

motivada decisão.

§ 2° A publicidade a que se refere o caput deverá se efetivar,

preferencialmente, por meio de sítio mantido na internet.

CAPÍTULO VII

DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS

Art. 64 Sem prejuízo do disposto na Lei Federal nº 8.078, de 11

de setembro de 1990, são direitos dos usuários efetivos ou potenciais dos serviços de

saneamento básico:

I - garantia do acesso a serviços, em quantidade suficiente para

o atendimento de suas necessidades e com qualidade adequada aos requisitos

sanitários e ambientais;

II - receber do regulador e do prestador informações necessárias

para a defesa de seus interesses individuais ou coletivos;

III - recorrer, nas instâncias administrativas, de decisões e atos

do prestador que afetem seus interesses, inclusive cobranças consideradas indevidas;

IV - ter acesso a informações sobre a prestação dos serviços,

inclusive as produzidas ou sob domínio do regulador;

V - participar de consultas e audiências públicas e atos públicos

realizados pelo órgão regulador e de outros mecanismos e formas de controle social

da gestão dos serviços;

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VI - fiscalizar permanentemente, como cidadão e usuário, as

atividades do prestador dos serviços e a atuação do órgão regulador.

Art. 65 Constituem-se obrigações dos usuários efetivos ou

potenciais e dos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer título

de imóveis beneficiários dos serviços de saneamento básico:

I - cumprir e fazer cumprir as disposições legais os regulamentos

e as normas administrativas de regulação dos serviços;

II - zelar pela preservação da qualidade e da integridade dos

bens públicos por meio dos quais lhes são prestados os serviços;

III - pagar em dia as taxas, tarifas e outros preços públicos

decorrentes da disposição e prestação dos serviços;

IV - levar ao conhecimento do prestador e do regulador as

eventuais irregularidades na prestação dos serviços de que tenha conhecimento;

V - cumprir os códigos e posturas municipais, estaduais e

federais, relativos às questões sanitárias, a edificações e ao uso dos equipamentos

públicos afetados pelos serviços de saneamento básico;

VI - executar, por intermédio do prestador, as ligações do imóvel

de sua propriedade ou domínio às redes públicas de abastecimento de água e de

coleta de esgotos, nos logradouros dotados destes serviços, nos termos desta Lei

Complementar e seus regulamentos;

VII - responder, civil e criminalmente, pelos danos que, direta ou

indiretamente, causar às instalações dos sistemas públicos de saneamento básico;

VIII - permitir o acesso do prestador e dos agentes fiscais às

instalações hidrossanitárias do imóvel, para inspeções relacionadas à utilização dos

serviços de saneamento básico, observado o direito à privacidade;

IX - utilizar corretamente e com racionalidade os serviços

colocados à sua disposição, evitando desperdícios e uso inadequado dos

equipamentos e instalações;

X - comunicar quaisquer mudanças das condições de uso ou de

ocupação dos imóveis de sua propriedade ou domínio;

XI - responder pelos débitos relativos aos serviços de

saneamento básico de que for usuário, ou, solidariamente, por débitos relativos à

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imóvel de locação do qual for proprietário, titular do domínio útil, possuidor a qualquer

título ou usufrutuário.

CAPÍTULO VIII

DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Seção I

Das Infrações

Art. 66 Observadas às disposições desta Lei Complementar e

outras normas pertinentes, as seguintes ocorrências constituem infrações de postura

dos usuários efetivos ou potenciais dos serviços:

I - intervenção de qualquer modo nas instalações dos sistemas

públicos de saneamento básico;

II - violação ou retirada de hidrômetros, de limitador de vazão ou

do lacre de suspensão do fornecimento de água da ligação predial;

III - utilização da ligação predial de esgoto para esgotamento

conjunto de outro imóvel adjacente sem autorização e cadastramento junto ao

prestador do serviço;

IV - lançamento de águas pluviais ou de esgoto não doméstico

de característica incompatível nas instalações de esgotamento sanitário;

V - ligações prediais clandestinas de água ou de esgotos

sanitários nas respectivas redes públicas;

VI - disposição de recipientes de resíduos sólidos domiciliares

para coleta no passeio, na via pública ou em qualquer outro local destinado à coleta

fora dos dias e horários estabelecidos;

VII - disposição de resíduos sólidos de qualquer espécie,

acondicionados ou não, em qualquer local não autorizado, particularmente, via pública,

terrenos públicos ou privados, cursos d'água, áreas de várzea, poços e cacimbas,

mananciais e respectivas áreas de drenagem;

VIII - lançamento de esgotos sanitários diretamente na via

pública, no sistema de drenagem, em terrenos lindeiros ou qualquer outro local público

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ou privado, ou a sua disposição inadequada no solo ou em corpos de água sem o

devido tratamento;

IX - incineração a céu aberto, de forma sistemática, de resíduos

domésticos ou de outras origens em qualquer local público ou privado urbano, inclusive

no próprio terreno, ou a adoção da incineração como forma de destinação final dos

resíduos através de dispositivos não licenciados pelo órgão ambiental;

X - contaminação do sistema público de abastecimento de água

através de interconexão da instalação hidráulica predial ou por qualquer outro meio.

§ 1º As infrações a normas de regulamentação técnica e de uso

dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário são consideradas de

natureza contratual e serão definidas e disciplinadas em normas próprias de regulação

juntamente com as respectivas penalidades.

§ 2º A notificação espontânea da situação infracional ao

prestador do serviço ou ao órgão fiscalizador permitirá ao usuário, quando cabível,

obter prazo razoável para correção da irregularidade, durante o qual ficará suspensa

sua autuação, sem prejuízo de outras medidas legais e da reparação de danos

eventualmente causados às infraestruturas do serviço público, a terceiros ou à saúde

pública.

§ 3º Poderão ser estabelecidas no regulamento específico de

cada serviço outras situações de infração sujeitas às penalidades previstas nesta Lei

Complementar.

§ 4º Responderá pelas infrações quem por qualquer modo as

cometer, concorrer para sua prática, ou delas se beneficiar.

Art. 67 As infrações previstas no artigo 66 desta Lei

Complementar, disciplinadas nos regulamentos e normas administrativas de regulação

dela decorrentes, serão classificadas em leves, graves e gravíssimas, levando-se em

conta:

I - a intensidade do dano, efetivo ou potencial;

II - as circunstâncias atenuantes ou agravantes;

III - os antecedentes do infrator.

§ 1º Constituem circunstâncias atenuantes para o infrator:

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I - ter bons antecedentes com relação à utilização dos serviços

de saneamento básico e ao cumprimento dos códigos de posturas aplicáveis;

II - ter o usuário, de modo efetivo e comprovado;

a) procurado evitar ou atenuar as consequências danosas do

fato, ato ou omissão;

b) comunicado, em tempo hábil, o prestador do serviço ou o

órgão de regulação sobre ocorrências de situações motivadoras das infrações;

III - ser o infrator primário e a falta cometida não provocar

consequências graves para a prestação do serviço ou suas infraestruturas, para a

saúde pública ou para terceiros;

IV – omissão ou atraso do prestador na execução de medidas ou

no atendimento de solicitação do usuário que poderiam evitar a situação infracional.

§ 2º Constituem circunstâncias agravantes para o infrator:

I – reincidência no cometimento de infrações;

II - prestar informações inverídicas, alterar documentos;

III - ludibriar os agentes nos atos de vistoria ou fiscalização;

IV - deixar de comunicar, de imediato, ao prestador do serviço ou

ao órgão de regulação e fiscalização, ocorrências de sua responsabilidade que

coloquem em risco a saúde ou a vida de terceiros ou a prestação do serviço e suas

infraestruturas;

V - ter a infração resultado efetivamente em consequências

graves para a prestação do serviço ou suas infraestruturas, para a saúde pública ou

para terceiros;

VI - deixar de atender, de forma reiterada, exigências normativas

e notificações do prestador do serviço ou da fiscalização;

VII - adulterar ou intervir no hidrômetro com o fito de obter

vantagem na medição do consumo de água;

VIII - praticar qualquer infração durante a vigência de medidas de

emergência disciplinadas, conforme o artigo 69 desta Lei Complementar.

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Seção II

Das Penalidades

Art. 68 A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,

que infringir qualquer dispositivo do artigo 66 desta Lei Complementar, ficará sujeita

às seguintes penalidades, nos termos dos regulamentos e normas administrativas de

regulação, independente de outras medidas legais e de eventual responsabilização

civil ou criminal por danos diretos e indiretos causados ao sistema público e a terceiros:

I - advertência por escrito, em que o infrator será notificado para

fazer cessar a irregularidade, sob pena de imposição das demais sanções previstas

neste artigo;

II - multa, conforme a gravidade da infração e a graduação

prevista no artigo 67 desta Lei Complementar, correspondentes a critérios e valores

definidos pelo ente Regulador;

III - suspensão total ou parcial das atividades, até a correção das

irregularidades, quando aplicável;

IV - perda ou restrição de benefícios sociais concedidos,

atinentes aos serviços públicos de saneamento básico;

V - embargo ou demolição da obra ou atividade motivadora da

infração, quando aplicável.

§ 1º A multa prevista no inciso II do caput deste artigo será

definida pela Agencia Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados de

Porto Seguro .

§ 2º Das penalidades previstas neste artigo caberá recurso em

instância administrativa junto ao Ente Regulador, que deverá ser protocolado no prazo

de 10 (dez) dias a contar da data da notificação.

TÍTULO III

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 69 Fica o Poder Executivo autorizado a instituir medidas de

emergência em situações críticas que possam afetar a regularidade, continuidade,

qualidade e sustentabilidade da prestação dos serviços públicos de saneamento

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básico ou causar iminente risco para vidas humanas ou para a saúde pública

relacionado aos mesmos, mediante parecer do Ente Regulador.

Parágrafo único. As medidas de emergência de que trata este

artigo vigorarão por prazo determinado, e serão estabelecidas conforme a gravidade

de cada situação e pelo tempo necessário para saná-las satisfatoriamente.

Art. 70 No que não conflitarem com as disposições desta Lei

Complementar aplicam-se aos serviços de saneamento básico as demais normas

legais do Município, especialmente as legislações tributária, de uso e ocupação do

solo, de obras, sanitária e ambiental.

Art. 71 Até que seja regulamentada e implantada a política de

cobrança pela disposição e prestação dos serviços de saneamento básico prevista nos

artigos 39 a 44 desta Lei Complementar, pela Agência de Regulação de Serviços

Públicos Delegados de Porto Seguro, permanecem em vigor a estrutura tarifária e as

atuais taxas e outros preços públicos.

Parágrafo único. Aplicam-se às atuais taxas, tarifas e outros

preços públicos os critérios de reajuste previstos no artigo 51 desta Lei Complementar.

Art. 72 O Poder Executivo Municipal poderá regulamentar as

disposições desta Lei Complementar, no que couber, no prazo de até 90 (noventa)

dias a contar de sua publicação.

Art. 73 Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua

publicação.

Prefeitura Municipal de Porto Seguro,

CLAUDIA OLIVEIRA

Prefeita Municipal

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ANEXO II - Projeto de Lei Complementar destinada a Criar a Agência Municipal de Serviços Públicos de Porto Seguro

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PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº ../2016.

CRIA A AGÊNCIA DE REGULAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DELEGADOS DE

PORTO SEGURO - ARPS, DISPÕE SOBRE SUA ESTRUTURA, COMPETÊNCIA,

FUNCIONAMENTO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

CAPÍTULO I

DO REGIME, VÍNCULO HIERÁRQUICO E FORO

Art. 1° Fica criada a Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Porto

Seguro - ARPS, Autarquia sob regime especial, com personalidade jurídica de direito

público, a qual é conferida independência decisória, autonomia administrativa e

financeira, patrimônio próprio, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes.

Art. 2° A Agência tem sede e foro no Município de Porto Seguro, vinculada diretamente

a este, tem prazo de duração indeterminado e competência em todo o território do

município, bem como em outros municípios dos quais venha a receber delegações.

CAPÍTULO II

DAS FINALIDADES, COMPETÊNCIAS E OBJETIVOS

Art. 3° A Agência tem por finalidade exercer o poder regulador, acompanhando,

controlando e fiscalizando as prestadoras de serviços públicos delegados, nos quais o

Município de Porto Seguro figure, por disposição legal ou pactual, como Poder

Concedente, Permitente, Convenente ou como prestador direto dos serviços, nos

termos das normas legais regulamentares e consensuais pertinentes, competindo-lhe:

I - atuar, mediante disposição legal ou pactuada, na regulação de serviços públicos

delegados, de competência do Município e por Delegação Estadual ou Federal, nas

áreas de abastecimento de água, coleta, tratamento e disposição de esgotos, limpeza

urbana, manejo de resíduos sólidos, transporte urbano e rodoviário de passageiros,

serviços funerários, serviços de saúde, distribuição de gás natural, iluminação pública,

publicidade em vias públicas, utilização de espaços públicos, drenagem urbana,

recursos hídricos, e turismo;

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II - promover e zelar pela eficiência econômica e técnica dos serviços públicos

delegados submetidos à sua competência regulatória, propiciando condições de

qualidade, regularidade, continuidade, segurança, atualidade, universalidade e

modicidade das tarifas e preços;

III - proteger os usuários contra o abuso de poder econômico que vise à dominação

dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros;

IV - elaborar propostas em relação ao estabelecimento, revisão, ajuste e aprovação

de tarifas, que permitam a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos

contratos pactuados e termos de permissões de serviços públicos, observando a

competência própria das Agências Nacionais;

V - atender, por meio das entidades reguladas, as solicitações de serviços

indispensáveis à satisfação das necessidades dos usuários;

VI - promover a estabilidade nas relações entre o poder concedente, entidades

reguladas e usuários;

VII - estimular a expansão e a modernização dos serviços delegados de modo a buscar

a sua universalização e a melhoria dos padrões de qualidade, ressalvada a

competência do Município quanto à definição das políticas de investimentos;

VIII - promover a livre, ampla e justa competição entre as entidades reguladas, bem

como corrigir os efeitos da competição imperfeita;

IX - fiscalizar os aspectos técnico, econômico, contábil, financeiro, operacional e

jurídico dos serviços públicos delegados, aplicando, se for o caso, diretamente as

sanções cabíveis, entre as quais, multas, suspensão temporária de participação em

licitações, intervenção administrativa e extinção da concessão ou permissão, em

conformidade com a regulamentação desta Lei Complementar e demais normas legais

e pactuadas;

X – exercer outras atividades correlatas.

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Parágrafo único. Para execução de sua finalidade poderá a Agência celebrar

convênios, contratos e ajustes com instituições públicas federais, estaduais e

interestaduais, municipais e intermunicipais, e com organizações de natureza privada,

nacionais, estrangeiras e internacionais, observada a legislação pertinente.

Art. 4° A Agência exercerá, em âmbito municipal, podendo alcançar mediante

subdelegações regionais isoladas ou consorciadas, o poder de regulação, controle e

fiscalização dos serviços públicos delegados e gozará de todas as franquias,

privilégios e isenções asseguradas aos órgãos da administração direta.

§ 1° A ARPS poderá exercer suas funções mediante delegações de outros Municípios,

vinculados a Consórcios Intermunicipais dos quais os Município de Porto Seguro seja

participante.

§ 2° Esse modelo de delegação só poderá ser realizado com autorização da Câmara

Municipal de Porto Seguro .

CAPÍTULO III

AUTONOMIA FINANCEIRA, RECEITAS E PATRIMÔNIO

Art. 5° A autonomia financeira da ARPS é assegurada pela prestação de serviços

decorrentes da sua atividade de Regulação e de Fiscalização de Serviços Delegados,

Concedidos, Permitidos e Autônomos:

I - cobrança da Taxa Anual de Regulação de Serviços Delegados Concedidos,

Permitidos e Autônomos junto aos prestadores de serviços delegados;

II - transferência de recursos consignados nos orçamentos de outros Municípios que

venham a delegar a regulação e fiscalização de serviços públicos de sua competência

à ARPS;

III - cobrança das Taxas de Fiscalização técnica, operacional e da qualidade da

prestação dos serviços pelas prestadoras de serviços;

IV - recebimentos decorrentes da aprovação de laudos e prestação de serviços

técnicos pela ARPS;

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V - receitas provenientes da aplicação de multas pelo descumprimento da legislação;

VI - rendas patrimoniais e as provenientes dos seus serviços, bens e atividades;

VII - doações, legados, subvenções e contribuições de qualquer natureza, desde que

realizada por entidade não regulada;

VIII - transferência de recursos consignados nos orçamentos de outros Municípios que

venham a delegar a regulação e fiscalização de serviços públicos de sua competência

à ARPS;

IX - rendas patrimoniais provenientes de aplicações financeiras de seus recursos

financeiros;

X - recursos provenientes de convênios, acordos ou contratos celebrados com órgãos

de direito público ou entidades privadas, nacionais, estrangeiras e internacionais;

XI - receitas oriundas das Agências Reguladoras Federais e Estaduais para a

execução dos serviços públicos delegados, conforme convênio específico celebrado

com as mesmas;

XII - outras receitas correlatas.

§ 1° O valor e a forma de aplicação das Taxas de Fiscalização, Multas e Penalidades

serão definidos pelo Conselho-Diretor da ARPS e estabelecidos em legislação

específica.

§ 2° Os valores recolhidos em virtude da aplicação de multas e penalidades reverterão

em favor da ARPS.

Art. 6° A Taxa Anual de Regulação de Serviços Concedidos e Permitidos deve ser

recolhida diretamente pelo concessionário ou permissionário da prestação de serviços

concedidos, como renda da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Porto

Seguro.

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§ 1° Para determinação do valor do benefício econômico a que se refere o caput deste

artigo, considerar-se-á fração da tarifa fixada no ato de outorga, permissão ou

concessão, durante a vigência estabelecida.

§ 2° A Taxa Anual de Regulação de Serviços Delegados, Concedidos e Permitidos

será devida pelas entidades reguladas e deverá ser recolhida diretamente à Agência

de Regulação de Serviços Públicos de Porto Seguro , em duodécimos, consignados

pela instituição financeira centralizadora da arrecadação de receitas das entidades

reguladas.

§ 3° O valor e as formas de aplicação da Taxa Anual de Regulação de Serviços

Outorgados, Concedidos e Permitidos serão definidos no corpo de cada contrato

celebrado de serviços delegados.

§ 4° A ARPS não receberá dotação orçamentária do Tesouro do Município de Porto

Seguro

Art. 7° Constituem patrimônio da ARPS:

I - os bens, direitos e valores que, a qualquer título, sejam-lhe adjudicados ou

transferidos;

II - saldos dos exercícios financeiros, transferidos para sua conta patrimonial;

III - o que vier a ser constituído, na forma legal.

§ 1° Os bens, direitos e valores da ARPS serão utilizados, exclusivamente, no

cumprimento dos seus objetivos, permitida, a critério da Diretoria enquanto colegiado,

a aplicação de uns e outros, para a obtenção de rendas destinadas ao atendimento de

sua finalidade.

§ 2° Em caso de extinção da ARPS seus bens reverterão ao patrimônio do Município

de Porto Seguro , salvo disposição em contrário expressa em Lei.

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CAPÍTULO IV

COMPOSIÇÃO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Art. 8° A administração da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Porto

Seguro é exercida pelos seguintes níveis decisórios e respectivas unidades

organizacionais:

I - Unidade Deliberativa Superior, que será o Conselho Diretor, cujos membros serão

indicados pelo Prefeito e referendados pela Câmara Municipal, a saber:

a) Diretoria-Geral;

b) Diretoria de Regulação e Fiscalização Econômica;

c) Diretoria de Regulação e Fiscalização de Serviços.

II - Secretaria Executiva, que será a unidade de coordenação das atividades

administrativas, financeiras e de apoio geral ao funcionamento da ARPS, que será

exercida por um Secretário-Executivo designado por ato do Prefeito, obedecendo aos

critérios exigidos pelo parágrafo 2° do artigo 10 desta Lei Complementar;

III - Conselho Municipal de Água e Esgoto (CMAE), que será órgão consultivo do

Conselho Diretor da ARPS, relativo a saneamento ambiental;

IV - Câmaras Técnicas Setoriais da Agência de Regulação de Serviços Públicos de

Porto Seguro – ARPS, que serão resultantes das delegações e subdelegações

recebidas, em nível Municipal, Intermunicipal, Estadual e Federal e serão criadas por

ato do Conselho-Diretor, na medida em que essas delegações e subdelegações forem

efetivadas.

§ 1° Os As atribuições e Competências de todas as Unidades que compõem a

Estrutura Organizacional da ARPS, constarão do Regimento Interno que

regulamentará o funcionamento da Agência de Regulação de Serviços Públicos de

Porto Seguro – ARPS, através de Decreto do Executivo Municipal.

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§ 2° O Conselho Municipal de Água e Esgoto (CMAE) será incorporado à estrutura da

ARPS e suas atribuições, competências e composição constarão do Regimento

Interno da Agência de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Porto Seguro .

CAPÍTULO V

DA UNIDADE DELIBERATIVA SUPERIOR

Art. 9° O Conselho Diretor da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Porto

Seguro – ARPS é o seu órgão deliberativo superior, incumbindo-lhe exercer as

competências previstas nesta Lei Complementar e na forma do disposto no

Regulamento Interno.

Art. 10 O Conselho Diretor da Agência de Regulação de Serviços Públicos de Porto

Seguro – ARPS é formado por 03 (três) Diretores, indicados pelo Prefeito Municipal e

por este nomeados, após aprovação das indicações pela Câmara Municipal.

§ 1° A Presidência do Conselho-Diretor da Agência de Regulação de Serviços Públicos

de Porto Seguro – ARPS é exercida pelo Diretor-Geral, escolhido e nomeado pelo

Prefeito Municipal, dentre os três Diretores aprovados pela Câmara Municipal.

§ 2° Os Diretores, para que venham a ser indicados à Câmara Municipal pelo Prefeito

Municipal, devem satisfazer, simultaneamente, as seguintes condições:

I - ser brasileiro;

II - possuir ilibada reputação e insuspeita idoneidade moral;

III - possuir formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade do

cargo para o qual será nomeado, comprovado por experiência profissional compatível

por prazo igual ou superior a 10 (dez) anos;

IV - não participar ou ter participado, nos 05 (cinco) anos anteriores à sua indicação,

como sócio, acionista, quotista, diretor ou empregado de empresa pública ou privada

ou autarquia que possa ser efetiva ou potencialmente submetida à jurisdição da ARPS;

V - não participar ou ter participado, nos 05 (cinco) anos anteriores à sua indicação,

como conselheiro, diretor ou empregado de organizações não-governamentais, cujos

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objetivos sociais tenham interface com a concessão ou permissão de serviços públicos

no Município de Porto Seguro ;

VI - não ter relação de parentesco por consanguinidade ou afinidade em linha direta

ou colateral, até segundo grau, com mandatários dos Poderes Executivo e Legislativo,

dirigente administrador ou conselheiro de empresa pública ou privada ou autarquia

submetidas, efetiva ou potencialmente, à jurisdição da ARPS, ou com pessoa que

detenha mais de 1% (um por cento) de seu capital.

§ 3° É vedado aos membros do Conselho Diretor, sob pena de perda de mandato:

I - exercer qualquer cargo ou função de controlador, diretor, administrador, gerente,

preposto, mandatário ou empregado de empresa pública ou privada ou autarquia

submetida, efetiva ou potencialmente, à jurisdição da ARPS;

II - receber, a qualquer título, quantias, descontos, vantagens ou benefícios de

concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, ser sócio, quotista ou

acionista de concessionária ou permissionária de serviços públicos;

III - exercer atividade político-partidária;

IV - participar como membro de conselho ou diretoria de organizações não

governamentais;

V - manifestar-se publicamente, salvo nas sessões do Conselho Diretor, sobre assunto

submetido à ARPS, ou que, pela sua natureza, possa vir a ser objeto de apreciação

pela mesma.

Art. 11 O mandato dos membros do Conselho Diretor é de 04 (quatro) anos, admitida

uma única recondução e não poderá coincidir com o mandato de Prefeito de Porto

Seguro .

§ 1° Os cargos de Diretor são de dedicação exclusiva, vedada qualquer acumulação

que as não constitucionalmente admitidas.

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§ 2° É vedado aos Diretores, pelo prazo de 3 (três) anos, a contar da extinção dos

respectivos mandatos:

I - exercer, direta ou indiretamente, qualquer cargo ou função de controladora, diretor,

administrador, gerente, preposto, mandatário ou consultor das concessionárias ou

permissionárias de serviços públicos sujeitas, efetiva ou potencialmente, ao exercício

do poder regulador da ARPS, bem assim patrocinar, direta ou indiretamente,

interesses junto a esta;

II - filiar-se a partidos políticos e candidatar-se a qualquer cargo do Poder Legislativo

ou Executivo.

§ 3° A posse dos membros do Conselho Diretor implica prévia assinatura de Termo de

Compromisso, cujo conteúdo espelhará o constante do parágrafo 3° deste artigo e os

incisos IV, V e VI do parágrafo 2° do artigo 10 desta Lei Complementar.

§ 4° Os membros do Conselho Diretor no ato da posse e ao fim dos respectivos

mandatos apresentarão declaração de bens.

Art. 12 Os membros do Conselho Diretor somente perderão seus mandatos nas

seguintes hipóteses, constatadas, de forma isolada ou cumulativa:

I - renúncia;

II - condenação judicial transitada em julgado;

III - decisão terminativa em processo administrativo disciplinar;

IV - ausência a três reuniões consecutivas ou a cinco reuniões alternadas por ano,

desde que não justificadas e aprovadas pelo Conselho Diretor;

V - demais hipóteses previstas nesta Lei.

Art. 13 No caso de vacância do Cargo de Diretor, procederá o Prefeito Municipal à

nova nomeação, exclusivamente pelo prazo que faltar à complementação do

respectivo mandato, respeitado dos ditames do Artigo 10.

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Art. 14 Ao Conselho Diretor compete analisar, discutir e decidir matérias relacionadas

à política de regulação e fiscalização de serviços públicos no Município de Porto

Seguro , incluindo as propostas encaminhadas à ARPS para fixação, revisão, reajuste

e homologação de tarifas, bem como:

I - analisar, discutir e manifestar-se previamente acerca da estrutura tarifária, revisões

e reajustes das tarifas dos serviços públicos delegados;

II - analisar, discutir e aprovar programas de desenvolvimento institucional dos

prestadores de serviços públicos;

III - analisar, discutir e decidir sobre processos relativos a concessões, permissões e

autorizações para exploração de serviços públicos de competências recebidas do

Estado e da União, previstas nesta Lei Complementar, e os que forem objeto de

delegação para essa finalidade pelo respectivo poder concedente;

IV - analisar, discutir e decidir sobre processos relativos à aplicação de penalidades

cabíveis aos concessionários, permissionários e autorizatários e demais serviços

delegados à agência, quando da infringência dos dispositivos regulamentares e

contratuais;

V - analisar, discutir e decidir sobre contratos, convênios, acordos, parcerias, ajustes

e outros instrumentos legais de interesse da ARPS;

VI - propor a criação de novas Unidades Organizacionais, no âmbito da Diretoria de

Regulação e Fiscalização Econômica e da Diretoria de Regulação e Fiscalização de

Serviços que se fizerem necessárias em decorrência da assunção, por parte da ARPS,

de novas delegações, conforme estabelecido pelo artigo 3° desta Lei Complementar.

Art. 15 As deliberações do Conselho Diretor serão devidamente fundamentadas e

publicadas no Diário Oficial do Município de Porto Seguro .

§ 1º O Conselho Diretor deliberará por maioria simples de votos, seguindo os

procedimentos descritos no Regimento Interno da ARPS.

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§ 2° Os segmentos da sociedade, cujos interesses convergem para as atribuições

decisórias da ARPS poderão ser representados, sem direito a voto, nas sessões

deliberativas do Conselho Diretor, pelos Membros do Conselho Consultivo e/ou das

respectivas Câmaras Técnicas, conforme definido nesta Lei Complementar.

§ 3° Nas Reuniões do Conselho Diretor em que estiver submetida à deliberação

questão de interesse do Poder Concedente garantir-se-á a presença de representante

por ele indicado, com direito a voto.

Art. 16 As Câmaras Técnicas Setoriais de Serviços Públicos Delegados serão os

instrumentos de apoio técnico e setorial do Conselho Diretor, por meio de emissão de

pareceres técnicos e recomendações que lhe forem solicitadas.

§ 1° As Câmaras Técnicas serão criadas por ato do Diretor-Geral do Conselho Diretor,

por natureza de serviço concedido e na medida em que forem consideradas

necessárias.

§ 2° Os membros do Conselho Municipal de Água e Esgoto (CMAE) e das Câmaras

Técnicas Setoriais não terão direito a remuneração salarial, podendo receber jetons

por Sessão em que participarem, conforme o que vier a ser definido pelo Regimento

Interno.

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 17 O Poder Executivo Municipal, no prazo de até 180 (cento e oitenta) dias, enviará

à Câmara Municipal Projeto de Lei dispondo sobre o quadro de pessoal da ARPS.

Art. 18 A ARPS, por um período de até cinco anos após a homologação do primeiro

concurso público, poderá requisitar servidores da Administração Pública Direta e

Indireta da esfera municipal e, por cessão, nas esferas federal e estadual, se

necessário.

Art. 19 Enquanto não se efetivar o disposto no artigo 17 desta Lei, ficam criados, no

âmbito da ARPS, em caráter transitório, os seguintes cargos de provimento em

comissão:

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a) 01 (um) cargo de Diretor-Geral;

b) 01 (um) cargo de Diretor de Regulação e Fiscalização Econômica;

c) 01 (um) cargo de Diretor de Regulação e Fiscalização de Serviços;

d) 01 (um) cargo de Secretário Executivo.

§1º O Padrão de Vencimento dos cargos criados estão definidos no Anexo Único desta

Lei Complementar.

§2º Os servidores da ARPS serão regidos pelas normas contidas no Estatuto dos

Servidores Município de Porto Seguro.

Art. 20 O Poder Executivo adotará as medidas necessárias à implementação da ARPS,

aprovando a regulamentação da presente Lei no prazo máximo de 90 (noventa) dias,

prorrogáveis por igual período, após a publicação desta Lei.

Art. 21 Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua publicação.

Prefeitura Municipal de Porto Seguro, de .... de 2016.

CLÁUDIA OLIVEIRA

Prefeita Municipal

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ANEXO III – Minuta de Decreto Municipal Dispõe Sobre o Arranjo Institucional para Implantação e Supervisão do Plano Estratégico

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MINUTA DE DECRETO MUNICIPAL

DECRETO Nº

DISPÕE SOBRE O ARRANJO INSTITUCIONAL PARA

IMPLANTAÇÃO E SUPERVISÃO DO PLANO ESTRATÉGICO

PARA A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO

DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO DE PORTO

SEGURO 2017-2036.

A Prefeita do Município de Porto Seguro, no uso das atribuições

que lhe são conferidas pelos incisos II e VI do artigo 58 da Lei Orgânica do Município

de Porto Seguro;

Considerando o vencimento, em 25/09/2015, do Contrato de

Concessão para a prestação dos Serviços de Água e Esgoto do Município com a

Empresa Baiana de Águas e Saneamento - EMBASA;

Considerando a necessidade de estruturar o processo de gestão

das ações relativas à gestão municipal da prestação dos Serviços de Água e Esgoto

do de Porto Seguro:

DECRETA:

Art. 1º Fica aprovado o documento-base do Plano Estratégico

para Gestão da Prestação de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento

Sanitário de Porto Seguro 2017-2036;

Art. 2º Fica criado o Comitê Gestor do Plano Estratégico para

Gestão da Prestação de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário

de Porto Seguro 2017-2036, com as seguintes atribuições:

I – Supervisionar a execução dos Objetivos e Metas do Plano

Estratégico, bem como avaliar as Metas Físicas a serem alcançadas nas 10 (dez)

Áreas-Chaves do Plano Estratégico;

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II – Revisar, anualmente, os Objetivos e Metas do Plano

Estratégico, incluindo seus indicadores e métricas de desempenho;

III – Mobilizar todas as unidades e órgãos vinculados à

Administração Municipal de Porto Seguro para engajamento nas ações previstas no

Plano Estratégico;

IV – Prestar contas ao Prefeito Municipal, através da elaboração

de Relatórios Trimestrais, Semestrais e Anuais, das ações desenvolvidas no âmbito

do Plano Estratégico;

V – Propor ao Prefeito Municipal a implantação de ações de

natureza técnica e institucional, com vistas a aprimorar a Gestão da Prestação de

Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Porto Seguro;

VI – Avaliar e propor ao Prefeito Municipal a aprovação do Plano

Municipal de Saneamento Básico do Município de Porto Seguro.

Art. 3º O Comitê Gestor do Plano Estratégico para Gestão da

Prestação de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Porto

Seguro 2017-2036, será composto por titulares das seguintes unidades da

Administração Municipal:

I - Secretaria Municipal de Finanças de Porto Seguro, que

presidirá o Conselho Gestor;

II - Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que exercerá a

função de secretário do Comitê Gestor;

III - Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento

Econômico;

IV - Controladoria Geral do Município;

V - Secretaria Municipal de Obras;

VI - Secretaria Municipal de Trânsito e Serviços Públicos;

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VII – Procuradoria Geral do Município.

Parágrafo 1º – Os membros nomeados para o Conselho Gestor

não terão remuneração;

Parágrafo 2º – O Conselho Gestor poderá criar Câmaras

Técnicas Específicas de Aconselhamento, compostas por representantes da

Sociedade Civil de Porto Seguro.

Art. 4º – O Comitê Gestor do Plano Estratégico para Gestão da

Prestação de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário de Porto

Seguro 2017-2036 não disporá de Orçamento próprio e executará suas ações através

dos orçamentos específicos dos seus membros descritos no Artigo 1º.

Art. 5º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Prefeitura Municipal de Porto Seguro, xxx de outubro de 2016.

CLÁUDIA SILVA SANTOS

Prefeita Municipal de Porto Seguro

ALEX HERMORGENS DOS SANTOS

Secretário Municipal de Finanças de Porto Seguro

ANEXO ÚNICO

CARGO PADRÃO DE VENCIMENTO

Diretor-Geral

Diretor de Regulação e Fiscalização Econômica

Diretor de Regulação e Fiscalização de Serviços

Secretário Executivo

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EQUIPE TÉCNICA DA CONSULTORIA:

José Antônio Campos Chaves – Coordenador Geral

Administrador CRA 2750-MG

Alaor de Almeida Castro

Advogado OAB 85884-MG - Eng. Sanitarista CREA 14382-MG

Luiz Antônio Campos Chaves

Engenheiro Ambiental - CREA/MG n° 40.917/D

Raquel Elisabeth Nogueira

Advogada OAB 32293-MG

Jânio Caetano de Abreu

Administrador CRA-5693-MG

Alfredo Alves de Oliveira Melo

Economista CORECON 1185-MG

ECOTRADE CONSULTORES LTDA.

04 de julho de 2016

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ECOTRADE CONSULTORES LTDA.

Av. Prudente de Morais, 720 – Conj. 301

30380-002 – Belo Horizonte – MG

www.ecotrade.adm.br