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Avaliação da segurança e saúde do trabalho (SST) na atividade de serraria no município de Cerro Grande do Sul Cristiane Paim da Cunha Orientador: Prof. Dr. Rubens Müller Kautzmann Novembro de 2013

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Avaliação da segurança e saúde do trabalho (SST) na atividade de serraria

no município de Cerro Grande do Sul

Cristiane Paim da Cunha Orientador: Prof. Dr. Rubens Müller Kautzmann

Novembro de 2013

Introdução

- Atendimento a demanda da SRTE - RS

Notificação coletiva – Municípios de Cerro Grande do Sul e Sentinela do Sul – 32 empresas

- Precariedade de estudos/dados sobre SST no segmento

3.300 vagas de empregos diretos e indiretos em 7 anos (Stefano, 2008)

Objetivo Geral

Analisar a atividade de serraria no município de Cerro Grande do Sul e a exposição ocupacional dos trabalhadores e que permitam futuras medidas preventivas e/ou corretivas para minimizar os riscos existentes

Objetivos Específicos

1. Diagnóstico e avaliação do segmento de serraria e posicionamento na cadeia produtiva;

2. Avaliação das condições do ambiente de trabalho alvo do projeto através de análise qualitativa;

3. Analisar a percepção de risco à segurança e saúde do trabalho de empregadores e trabalhadores

Revisão de literatura Desdobro de eucalipto

- A conversão de toras em madeira serrada compreende a transformação de peças de seção retangular. É uma operação que permite melhor aproveitamento da madeira, além de lhe conferir maior versatilidade de uso (VIDAURRE, 2006);

- Este processo de redução é feito através de equipamentos de serra fita ou circular (YUBA, 2001).

Perda

- Lesão ou morte de pessoas

- Danos ou destruição de materiais, equipamentos e instalações

- Descontinuidade operacional

Desenho esquemático do processo de desdobro

Revisão de literatura

SST em serrarias Região Centro-Sul do RS

Ausência de tecnologia;

Baixa velocidade de reposição de florestas;

Falta de dados para auxiliar na tomada de ações de melhorias para o setor (YUBA, 2001)

Grau de Risco: 3

Classificação nacional de atividades econômicas da indústria da transformação da madeira

(adaptado de www.cnae.ibge.br)

CNAE 2.1 - Subclasses

Hierarquia

Seção: C INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO

Divisão: 16 FABRICAÇÃO DE PRODUTOS DE MADEIRA

Grupo: 161 DESDOBRAMENTO DE MADEIRA

Classe: 1610-2 DESDOBRAMENTO DE MADEIRA

Subclasse: 1610-2/01 SERRARIAS COM DESDOBRAMENTO DE MADEIRA

Revisão de literatura Percepção de risco

Habilidade de interpretar uma situação de potencial dano à saúde ou à vida da pessoa, ou de terceiros, baseada em experiências anteriores e sua extrapolação para um momento futuro, habilidade esta que varia de uma vaga opinião a uma firme conviccção (PERES et al., 2005)

Princípio do iceberg – (foto retirada de www.ecossocial.org.br)

Metodologia

1) Recebimento da demanda da SRTE-RS

2) Fortalecimento de parcerias

-SRTE/RS

-FETICOM

3) Visita inicial ao município de estudo para aproximação com a realidade

4) Conhecimento da cadeia produtiva

5) Definição da estratégia de atuação

- Ações educativas

- Visitas técnicas de intervenção

6) Seleção das serrarias a serem estudadas

- Representatividade do segmento

- Logística, oportunidade e abertura

Critérios de exclusão

Proprietário era próprio trabalhador

Empresas com no mínimo 2 trabalhadores

Metodologia

Procedimentos de pesquisa

- Levantamento de dados sócio-econômicos e de localização das serrarias;

- Visitas técnicas de conhecimento setorial e de levantamento de dados

- Aplicação de questionários estruturados e lista de checagem (check-list)

- Tabulação das respostas

- Degravação das entrevistas

Município de Cerro Grande do Sul

Ano de instalação: 1989

Distância da Capital: 78 km

População: ~10.000 habitantes

Área Territorial: 325 km²

Economia: Agropecuária

Localização do município de Cerro Grande do Sul

Localização das serrarias 3,4 e 5 (Fonte Google Earth)

Discussão dos Resultados

- Tempo de atuação no segmento

- Mercado consumidor

- Recursos Humanos e Gestão

- Matéria-prima

Tempo de atuação das empresas

0 – 5 anos

5 – 10 anos

10 – 15 anos

15 - 20 anos

20 – 30 anos

0 1 2 1 1

Matéria-prima utilizada nas serrarias

Cadeia produtiva

Item Empresa A Empresa B Empresa C

Tipo de material

produzido Postes para iluminação elétrica

Postes para iluminação elétrica,

madeira para construção civil Celulose

Tipo de madeira

utilizada Eucalipto – 100% Eucalipto e Pinnus Eucalipto – 100%

Número de

funcionários 45 110 + de 500

SST

Sim, terceirizada, recebe visita

de TST 1x semana, SESMT

coletivo, empresa de

pequeno porte

Sim, própria, TST na empresa. Sim, bem estruturado

Relação com

município

estudado

Não. Compra material destinado

e previamente selecionado

ao produto final.

Não. Produz material destinado e

previamente selecionado ao

produto final. Possui trabalho

florestal (plantio e colheita).

Empresa estruturada,

mecanização de grande parte do

processo, porte maior.

Sim. O resíduo é vendido para

abastecimento da matéria-prima

em Cerro Grande do Sul, devido

a limitação do tamanho do

picador (bocal com 30 cm de

diâmetro).

Recepção da equipe Boa, previamente agendada Boa, previamente agendada Boa, previamente agendada

Outros

Árvores com mais de 20 anos.

Tratamento químico do

material em autoclave.

Presença de estufa para secagem do

material, investimento em

qualificação do quadro funcional.

Possui trabalho de floresta, desde o

plantio até a colheita.

Acompanhamos todo o ciclo,

desde o trabalho de laboratório,

seleção de mudas, até a

atividade de colheita.

Parâmetro de SST S1 S2 S3 S4 S5

Regularização de funcionários 0 1 1 0 1

Aproveitamento/destinação de resíduos

0 3 3 0 3

Proteção contra incêndio 0 2 0 0 0

EPI 0 1 1 0 0

EPC 0 2 0 0 0

Instalações 1 2 2 1 2

Ordem e limpeza 1 2 3 0 2

Sinalização 0 0 0 0 0

Áreas de vivência 1 1 1 0 1

Condições do maquinário 1 3 2 1 2

Manutenção preventiva 0 1 0 0 1

Avaliação Inicial Parâmetros das condições de SST em serrarias – Avaliação inicial 14/01/2009

Notas de qualidade

0 – Inexistente

1 – Ruim

2 – Razoável

3 – Boa

4 – Muito boa

Operações e riscos da atividade

Ergonômicos

Acidentes

Químicos

Físicos

Op. 1 - Descarregamento de matéria-prima

Op. 2 – Carregamento da tora no carrinho

Operações e riscos da atividade

Ergonômicos

Químicos

Acidentes

Físicos

Op. 3 – Moto-serra

Op. 4 – Corte

Operações e riscos da atividade

Ergonômicos

Acidentes

Físicos

Químicos

Op. 5 - Empilhamento

Galpão típico das serrarias

Áreas de vivência

Precariedade dos sanitários Disponibilização de água potável Local para guarda de EPI’s

Parâmetro de SST S1 S2 S3 S4 S5

Regularização de funcionários 3 4 4 4 4

Aproveitamento/destinação de resíduos 3 4 3 1 3

Proteção contra incêndio 2 3 0 0 0

EPI 1 3 3 1 3

EPC 2 3 2 1 3

Instalações 1 4 2 1 2

Ordem e limpeza 1 4 3 2 3

Sinalização 0 0 0 0 0

Áreas de vivência 1 4 4 0 1

Condições do maquinário 1 3 2 1 2

Manutenção preventiva 0 4 2 1 2

Avaliação Final

Parâmetros das condições de SST em serrarias – Avaliação final

Notas de qualidade

0 – Inexistente

1 – Ruim

2 – Razoável

3 – Boa

4 – Muito boa

Melhoria nos EPC’s

Enclausuramento da serra-fita Proteção de partes móveis de máquinas

Ordem e limpeza

Limpeza dos galpões

Organização e classificação do material

produzido

Áreas de vivência

Adequação de sanitários

Cozinha equipada para refeições

Percepção de risco

Discrepância entre respostas de trabalhadores, empregadores e perito

Empresários- trabalho seguro

Trabalhadores – opiniões conflitantes

Não reconhecimento de riscos e/ou pequenos acidentes

Distorção – EPI – condição única e sufiente para não ocorrência do acidente

EPC – não há entendimento

Conclusão

A metodologia empregada permitiu avaliar a evolução entre estágio inicial e final e atingir o objetivo proposto

A análise da percepção de risco permitiu mostrar a incongruência entre empresários x trabalhadores

O acompanhamento sistemático produz efeitos benéficos para atingir as metas

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