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UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LINGSTICA PROGRAMA DE SEMITICA E LINGSTICA GERAL
PROPOSTA PARA UM MODELO DE GLOSSRIO DE INFORMTICA PARA
TRADUTORES
Guilherme Fromm
So Paulo 2002
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LINGSTICA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM SEMITICA E LINGSTICA GERAL
PROPOSTA PARA UM MODELO DE GLOSSRIO DE INFORMTICA PARA TRADUTORES
Guilherme Fromm
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Semitica e Lingstica Geral, do Departamento de Lingstica da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da Universidade de So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre em Letras.
Orientador: Prof. Dr. Francis Henrik Aubert
So Paulo 2002
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Ao meu pai,
que sempre me incentivou a estudar.
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SUMRIO
RESUMO................................................................................................................
ABSTRACT...........................................................................................................
1. INTRODUO.................................................................................................
2. A TRADUO E A PRODUO DE TEXTOS DE INFORMTICA......
3. CRPUS.............................................................................................................
3.1 DEFINIO DE CRPUS...............................................................................
3.2 A COMPOSIO DO CRPUS DE DICIONRIOS.................................... 3.3 CRPUS DE INFORMTICA.........................................................................
3.3.1 Contedo.........................................................................................................
3.3.2 Origem dos textos...........................................................................................
3.3.3 Identificao do crpus...................................................................................
3.3.4 Extenso/dimenso.........................................................................................
4. OBRAS LEXICOGRFICAS E TERMINOLGICAS: DEFINIES....
4.1. MACROESTRUTURA....................................................................................
4.2. MICROESTRUTURA......................................................................................
4.3. REMISSIVAS.................................................................................................. 5. COMPARANDO MODELOS..........................................................................
5.1 OS DICIONRIOS E SUAS PROPOSTAS.....................................................
5.2 ANLISE DAS MACROESTRUTURAS........................................................
5.3 ANLISE DAS MICROESTRUTURAS......................................................... 5.3.1 Anlise comparativa dos verbetes.................................................................. 5.3.2 Anlise comparativa da estrutura dos verbetes...............................................
5.4 SISTEMA DE REMISSIVAS...........................................................................
5.5 ANLISE CONTRASTIVA.............................................................................
6. PROPOSTA DE UM NOVO MODELO.........................................................
6.1. RVORE DE DOMNIO DA INFORMTICA.............................................
6.2. PERFIL DA REA.......................................................................................... 6.3. ELABORAO DA MACROESTRUTURA.................................................
6.4. ELABORAO DA MICROESTRUTURA.................................................. 6.4.1 Paradigma Definicional..................................................................................
6.4.2 Paradigma Informacional................................................................................
6.4.3 Paradigma Pragmtico....................................................................................
6.4.4 Paradigma de Forma Equivalente...................................................................
6.5. ELABORAO DO SISTEMA DE REMISSIVAS.......................................
6.6. FICHA TERMINOLGICA............................................................................
6.6.1 Sobre a ficha terminolgica............................................................................ 6.7. TIPO DE MDIA DE SADA.......................................................................... 6.8. APLICAO DO MODELO PROPOSTO.....................................................
6.8.1 Exemplificao.............................................................................................
6.8.1.1 Consideraes sobre o processo de exemplificao....................................
6.8.1.2 Fichas terminolgicas..................................................................................
6.8.1.3 Construo dos verbetes..............................................................................
7. CONSIDERAES FINAIS............................................................................
REFERNCIAS.....................................................................................................
ANEXO...................................................................................................................
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RESUMO
A motivao inicial para este trabalho a busca de resposta a uma simples pergunta formulada por um colega tradutor: Afinal, quando devemos traduzir um termo de informtica?. Essa pergunta, bastante intrigante, vem-nos perseguindo a um longo tempo.
Enquanto em outras reas os tradutores instintivamente procuram por tradues dos termos com os quais esto trabalhando e, via de regra, os encontram em dicionrios (especializados ou no), na rea de informtica esse processo no automtico. Nessa rea muitos termos no so traduzidos (emprstimos, como as siglas), outros so decalcados (neologismos verbais, por exemplo) e outros apresentam, ainda, uma dupla ou tripla possibilidade de escolha no momento da traduo (emprstimo, decalque ou traduo literal). O grande problema, ento, passa a ser a traduo ou no dos termos e ainda reconhecer, entre as vrias possibilidades, a melhor opo.
Para dirimir as dvidas dos colegas tradutores, optamos pela anlise crtica dos materiais existentes, porm no especficos para a rea de traduo (atravs de um crpus baseado em obras j publicadas sob o designativo, nem sempre preciso, de dicionrio de informtica). Posteriormente, propomos a elaborao, em todas as suas etapas, de um novo material que vise a um profissional em particular: um glossrio de informtica especfico para os tradutores, no qual sero elaborados os modelos de macro/microestruturas e sistema de remissivas, baseados em palavras retiradas de um crpus especfico de informtica.
Palavras-chave: Lexicologia. Terminologia. Terminografia. Traduo. Informtica.
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ABSTRACT
The initial idea for this work is the answer for a simple question asked by a translation colleague. When should we translate Information Technology terms from English to Portuguese? This question, very intriguing, is demanding us a solution for a long time.
While in other areas the translators look for translations of the terms they are working with and, generally, find them in the dictionaries (specialized or not), in the information technology field this process is not automatic. Many terms are not translated (loans, like an abbreviation), others are adapted (like verbal neologisms, for example) and others present double or triple possibility in the translation act (literal translation, loan or adaptation). The great problem becomes, then, the translation or not of the terms and the recognition, among a lot of possibilities, of the best choice.
To solve the doubts of the translation colleagues, we decided for a critical analysis of the existing materials, although they are not specific for the translation field (it is a corpus based on published works called, incorrectly, IT dictionaries). Later, we propose the development, in all its stages, of a new material that aims a particular professional: an IT glossary specific for translators, in which it will be created the macro and microstructures and the remissive system, based on words taken from a specific IT corpus.
KEYWORDS. Lexicology. Terminology. Terminography. Translation. Information Technology.
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1. INTRODUO
O objetivo bsico deste trabalho apresentar a proposta de um modelo de
glossrio na rea de informtica o qual atenda s necessidades do tradutor.
Para tanto, comearemos discutindo algumas noes de traduo, especialmente
no que concerne s modalidades (modelo de AUBERT, 1998) envolvidas no ato
tradutrio. Relacionaremos essas modalidades com a traduo na rea de informtica e
as dificuldades que o tradutor enfrenta para achar um instrumento de trabalho
adequado, que o dicionrio.
Para a proposio de um modelo, constitumos dois crpus1 para anlise: o
primeiro compostos por cinco dicionrios disponveis na rea; e o segundo por
textos retirados de sees especficas de informtica de dois jornais e uma revista.
Fazemos uma anlise contrastiva do primeiro crpus para verificar o sistema de
construo dos modelos de macroestrutura, microestrutura e remissivas. Usamos o
segundo crpus para a aplicao do modelo que propomos.
Antes de propor algum modelo, contudo, entendemos ser necessrio analisar as
definies existentes em obras lexicogrficas/terminolgicas, assim como verificar a
estruturao das macro/microestruturas e o sistema de remissivas, tanto do ponto de
vista terico quanto prtico, em algumas obras disponveis no mercado. O passo
seguinte ser analisar o primeiro crpus, observando individualmente: as propostas da
obra (se existentes), a macroestrutura, as microestruturas, por meio do que
apresentamos uma seleo de verbetes, comparativamente, e o sistema de remissivas.
Por fim, realizamos uma avaliao contrastiva entre as obras a partir dos itens citados
anteriormente.
1 Usaremos a forma aportuguesada da palavra corpus (latim), seguindo o paradigma de lpis.
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Com base nessa anlise constrastiva, discutiremos as lacunas e incongruncias
internas s obras, as quais possibilitaro a proposio de novo modelo. Iniciamos com
a rvore de domnio e um perfil morfo-sinttico-semntico da rea.
Apresentamos, a seguir, nossas avaliaes do que seriam os modelos para uma
obra voltada para o tradutor. Nesse sentido, propomos uma macroestrutura, uma
microestrutura e um sistema de remissivas, para cuja aplicao elaboramos uma ficha
terminolgica, testada com o crpus de informtica, em que os itens selecionados
obedecero ao critrio da freqncia.
Faremos, ento, algumas consideraes finais quanto a essa proposta e a sua
aplicabilidade em verses publicadas em papel e, principalmente, no meio eletrnico
e/ou atravs da Internet.
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2. A TRADUO E A PRODUO DE TEXTOS DE INFORMTICA
A maioria das reas de tecnologia de ponta proporciona um constante
enriquecimento do lxico (e, por vezes, da fraseologia) da lngua. ao que vimos
assistindo, especialmente nas ltimas duas dcadas, com relao rea de informtica.
Essa uma rea extremamente dinmica, onde novas tecnologias aparecem (e
desaparecem) a qualquer momento, onde novas terminologias devem ser assimiladas
pelos especialistas numa taxa muito superior de vrias outras cincias, bsicas ou
aplicadas. Tal fenmeno atribudo grande evoluo da rea, que exige constante
atualizao por parte dos profissionais que nela atuam bem como daqueles que nela
prestam servios (fornecedores, redatores tcnicos, tradutores, entre outros). Conforme
veremos mais adiante, na rvore conceptual da informtica, a rea extremamente
abrangente, cobrindo vrias subdivises. Assim, mesmo entre os profissionais, o que
se espera que detenham um domnio geral da rea, no um conhecimento completo.
Essa dinmica, com sua variabilidade e mutabilidade constantes, acaba refletida
no processo de traduo. O tradutor que lida somente com a rea ter um domnio
bastante razovel da terminologia especfica. J o tradutor que apenas ocasionalmente
trabalha com textos de ou sobre a informtica, ter de recorrer a ferramentas auxiliares
confiveis (leiam-se dicionrios). Para ambos, porm, um ponto no fica claro: quando
se deve traduzir um novo termo e quando se deve deix-lo no original.
Desde que a rea comeou a desenvolver-se, podemos perceber uma tendncia,
por parte dos tradutores nela especializados, de simplesmente no traduzir
determinados termos, seja pela dificuldade em encontrar uma traduo adequada (j
que normalmente se trata de novas tecnologias), seja pela impropriedade circunstancial
de fazer tal traduo (frente s limitaes impostas pelos clientes, que tendem a
preferir termos na lngua de partida, considerados universais). As dvidas, hesitaes e
solues ad hoc so circunstncias inerentes prtica tradutria.
Por vezes, os tradutores propiciam solues criativas. Muitas vezes, no entanto,
contribuem, ainda que involuntariamente, para uma confuso terminolgica e
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conceptual, representando, pois, risco evidente para a eficcia da comunicao
interlingual. Constitui pressuposto do presente trabalho que esse risco poderia ser
limitado caso os tradutores, especialistas ou no, dispusessem de uma obra
terminolgica coerente que apresentasse, para cada termo, vrias possibilidades de
traduo (inclusive, quando fosse o caso, a no traduo do termo), de acordo com a
freqncia e levando em conta os contextos de atualizao. Tal obra, portanto, deveria
apresentar no apenas uma lista de verbetes com suas respectivas definies, mas
ainda a ordem de freqncia que as diversas tradues de cada termo apresentam,
contextualizando-as.2
O processo de traduo, segundo a teoria apresentada por Aubert, inclui treze
modalidades, sendo essas distribudas dentro de duas formas abrangentes: tradues
diretas (dentro do eixo do paradigma) e tradues indiretas (trabalhando com os eixos
paradigmtico e sintagmtico ao mesmo tempo). No primeiro conjunto so abarcadas
as omisses, transcries, emprstimos, decalques, traduo literal e a transposio (j
aqui entrando na interseco entre os eixos do paradigma e do sintagma). No segundo
conjunto, a transposio, a explicitao/implicitao, a modulao, a adaptao, a
traduo intersemitica so aspectos considerados. Alm dessas, existem, ainda, o
erro, a correo e o acrscimo. No caso do presente estudo, analisamos apenas as
tradues diretas, uma vez que o mbito lexical nos interessa sobremaneira.
A omisso (quando uma informao no texto da lngua de partida no pode ser
recuperada no texto da lngua de chegada) parece no constituir uma modalidade de
destaque na rea de informtica. A objetividade (na maioria das vezes), tpica do
discurso tcnico-cientfico, e a necessidade de entendimento de todos os termos, por
parte do leitor, dificultam o movimento de elidir informaes do texto, mesmo que o
tradutor a considere bvia (j que em grande parte dos casos no bvio nem para o
tradutor experiente).
A transcrio (segmentos de textos que pertencem a ambas as lnguas) se faz
muito presente quando o tradutor tem que reproduzir seqncias de cdigo de
2 A freqncia contextualizada permite depreender ndices de probabilidade de adequao tradutria, na linha originariamente proposta por Catford (1980, apud Aubert, 1998).
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programao. Esses cdigos, apesar de estarem em ingls, so universais, j que s se
programa em ingls. Nesse caso, somente o que apareceria na tela (as mensagens
exibidas pelo cdigo dentro dos programas) deveria ser traduzido.
O emprstimo (segmento da lngua de partida representado na lngua de
chegada com ou sem marcadores especficos), por outro lado, uma das grandes
fontes de desconforto para o tradutor. Muitos termos especficos da rea geram uma
dvida constante: devem ser emprestados ou traduzidos? CARVALHO (1989, p. 34 a
51) coloca o portugus como uma lngua amalgamada, ou seja, receptiva aos
emprstimos de lnguas com estruturas semelhantes. Esses emprstimos (citando
Bloomfield) seriam culturais, advindos de contatos polticos, sociais e comerciais.
Estariam, sobretudo, na camada lexical da lngua, sendo, inicialmente, monossmicos.
Essa receptividade a que estamos acostumados, por meio de anglicismos, galicismos,
germanismos e outros, permite ao tradutor uma flexibilidade no ato tradutrio. O
tradutor pode simplesmente deixar a palavra no original3, com sua respectiva carga
semntica, ao invs de tentar traduzi-la, j que o leitor especializado est acostumado
com isso (e o leitor est acostumado com isso porque os termos no so traduzidos, em
um processo circular de reforo aparentemente continuado).
O decalque (palavras emprestadas que sofreram adaptaes grficas e/ou
morfolgicas) constitui-se como o prximo passo na utilizao dos termos. Enquanto
em um primeiro momento o tradutor pode usar o lxico original e uma construo
sinttica em portugus para resolver uma questo em determinada traduo (como um
verbo em ingls, derivado de um substantivo ou de uma sigla4), o usurio e o prprio
tradutor, em momentos posteriores, podem decalcar o uso desse lxico para o
portugus (no caso do verbo, conjugando o emprstimo como se fosse um verbo em
portugus).
Enquanto CARVALHO (1989) considera o decalque como um emprstimo em
si (em contraposio ao estrangeirismo, que seria o primeiro momento do percurso),
ALVES (1990, p.73-80) considera um importante fator de criao lexical, o
3 CARVALHO considera essas formas inalteradas como xenismos (1989, p.44). 4 Segundo ALVES (2001, p. 13), a sigla equivale juno das letras iniciais de um sintagma.
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neologismo, processo de integrao morfossinttica de um termo (enquadrando-se,
por exemplo, dentro das classes gramaticais e dos conceitos de gnero e nmero), a
partir do qual so criados derivados e compostos. Aqui, assumimos o termo decalque5
com o sentido apresentado por AUBERT, no mbito morfolgico.
H uma barreira tnue entre emprstimos e decalques. Muitos deles aparecem
simultaneamente em obras lexicogrficas ou terminolgicas. A palavra scanner, por
exemplo, j consta no dicionrio HOUAISS (2001) como duas entradas: o emprstimo
scanner e o decalque escner, alm das derivaes escanear, escaneador,
escaneadora, escaneamento.
A traduo literal, considerada traduo de palavra-por-palavra, seria uma
seqncia dentro do eixo sintagmtico que manteria, no nvel do paradigma, a mesma
estrutura em ambas as lnguas (mesmo nmero de palavras, mesma ordem sinttica,
mesmas categorias gramaticais e, dentro do lxico, palavras consideradas sinnimos
interlingsticos). Nesse caso em especfico, no haveria grandes dificuldades para o
tradutor quanto aos termos, j que eles teriam uma traduo adequada. A grande
questo que essa traduo adequada, a ser buscada no eixo paradigmtico, no
determinvel a priori, mas deve levar em conta o co-texto e o contexto de atualizao.
A microestrutura de uma entrada em dicionrio abriga, freqentemente, mais de uma
definio ou sinnimo. Esses normalmente no so contextualizados (ou no
contextualizados dentro de um crpus) e no esto dispostos em ordem de freqncia.
Isso aumenta bastante a possibilidade de o tradutor incorrer em outra modalidade de
traduo, o erro6, escolhendo a traduo inadequada para aquele termo.
A transposio bastante similar traduo literal, apenas havendo a
possibilidade de arranjos morfossintticos para a melhor adequao no eixo do
sintagma. Estando de posse de uma traduo adequada de cada palavra, o tradutor
5 De acordo com as fontes, ora o decalque tratado no nvel morfosinttico (quando o termo manteria o seu significado original), ora no morfo-sinttico-semntico (o termo seria adaptado no s morfosintaticamente, mas tambm o seu significado; outra possibilidade, no caso de falsos-cognatos, seria o uso desses com o sentido original da lngua de partida). 6 Quando percebemos uma incongruncia com relao ao significado, no qual o termo de chegada no pertence ao campo semntico do termo de partida . Seria o equivalente de traduzir book por casa.
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experiente sabe como organiz-la dentro da sentena, mesmo que para isso tenha que
proceder modificao (a ordem, a transformao de lexias7 simples em compostas e
vice-versa, etc.).
Como observado, o tradutor enfrenta vrias armadilhas no processo tradutrio.
Suas principais ferramentas de trabalho, os dicionrios e/ou glossrios, nem sempre
esto preparadas para ajud-lo. Como escolher entre um emprstimo, um decalque ou
uma traduo literal, se a obra terminolgica no apresenta essas modalidades como
casos passveis de uso?
Essa indeciso no momento da traduo bastante comum na rea. KREMER
(1999, p. 103), por exemplo, comenta em sua obra a questo da necessidade do uso de
estrangeirismos por parte daqueles que traduzem o material da rea de informtica:
A multiplicidade de lnguas freqentes na traduo na rea de informtica promove, assim, uma espcie de double bind, ou seja, a necessidade e a impossibilidade da traduo. O estranho para a comunidade de usurios da rea, sejam leigos ou especialistas, passa a ser o texto sem essas impurezas, j que os termos estrangeiros so os termos familiares. Os termos maternos e as tradues desses termos, j consagrados como nativos linguagem de especialidade da informtica, que se tornam diferentes, aliengenas ao sistema lingstico.
E no s o tradutor o nico a sofrer com as escolhas entre possveis tradues.
Aqueles que escrevem no idioma vernculo dentro dessa rea (jornalistas,
especialistas, etc.) tambm devem lidar com a oportunidade de usar termos
emprestados, traduzi-los ou parafrase-los. Essas escolhas, porm, nem sempre so
claras: as trs possibilidades acima podem apresentar-se concomitantemente; pode-se
ou no conhecer o pblico a quem se destina o trabalho; alguns autores apregoam a
rejeio de anglicismos, j que so contra a invaso estrangeira na nossa lngua; outros
defendem o uso de anglicismos, j que esses tornam o texto mais global; etc. Um
autor que tenha dvidas quanto palavra a ser escolhida, pode no ter acesso a uma
fonte de consulta adequada, j que a maioria dos dicionrios monolnges e bilnges
no se preocupa com o uso, somente com os significados.
7 Na concepo de B. Pottier, lexia remete a uma unidade funcional significativa do
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Uma obra que possa ser usada efetivamente como fonte de consultas para a
soluo de dvidas, com macro/microestruturas e sistema de remissivas baseados em
crpus e freqncia de uso, faz-se ento necessria.
discurso.(DUBOIS, 1999, p. 361).
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3. CRPUS
3.1 Definio de Crpus
O uso de um crpus para validar resultados de uma pesquisa um expediente
utilizado h sculos, mas a cincia da Lingstica do Crpus relativamente nova para
os padres da cincia Lingstica como um todo. As conceituaes na rea ainda so
bastante recentes e nem sempre aplicveis para qualquer tipo de trabalho. Para nos
atermos a um dentre vrios conceitos possveis do que um crpus, optamos por
recorrer definio proposta por BIDERMANN (2001, p. 79):
... corpus constitui um conjunto homogneo de amostras da lngua de qualquer tipo (orais, escritos, literrios, coloquiais, etc.). Tais amostras foram escolhidas como modelo de um estado ou nvel de lngua predeterminado. A anlise dos dados lingsticos de um corpus deve permitir ampliar o conhecimento das estruturas lingsticas da lngua que eles representam.
Essa concepo serve para definir o primeiro conjunto de obras que
analisaremos: os dicionrios/vocabulrios/glossrios. Ainda que essas no sejam obras
com textos regulares, delas que retiramos os dados lingsticos referentes
construo das macro/microestruturas e do sistema de remissivas.
BIDERMANN (idem) fornece, ainda, uma segunda concepo de crpus:
Pode-se definir um corpus lingstico informatizado assim: - uma coletnea de textos selecionados segundo critrios lingsticos, codificados de modo padronizado e homogneo. Essa coletnea pode ser tratada mediante processos informticos.
Essa segunda acepo vai de encontro ao que foi realizado com os jornais e a
revista que nos serviram de base para o levantamento de textos na rea.
BAKER (1995, p. 229) tambm nos apresenta alguns critrios na seleo de um
crpus:
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Corpora are generally designed on the basis of a number of selection criteria, the most important of which are: (i) general language vs. restricted domain (ii) written vs. spoken language (iii) synchronic vs. diachronic (iv) typicality in terms of range of sources (writers/speakers) and genres (e.g. newspaper editorials, radio interviews, fiction, journal articles, court hearings) (v) geographical limits, e.g. British vs. American English (vi) monolingual vs. bilingual or multilingual.
Podemos classificar nossos crpus, portanto, da seguinte maneira:
Crpus de Dicionrios Crpus de Informtica
o Domnio restrito (informtica) o Domnio restrito (informtica)
o Linguagem escrita o Linguagem escrita
o Sincrnico (obras das dcadas de
90/2000)
o Sincrnico (perodo de anlise: um ano)
o Baseado em dicionrios, vocabulrios
ou glossrios de especialistas da rea
o Baseado em contedo completo dos
cadernos de informtica de dois jornais
paulistas e uma revista de informtica,
todos de circulao nacional
o Portugus brasileiro o Portugus brasileiro
o Bilnge o Monolnge
o No informatizado o Informatizado
3.2 A composio do crpus de dicionrios
A idia inicial, contida no projeto de pesquisa previa, para a constituio desse
primeiro crpus, a coleta de pelo menos dez dicionrios/vocabulrios/glossrios da
rea de informtica. Ficou claro, porm, que o contedo e a estruturao de muitas
dessas obras so parecidos. Resolvemos, ento, restringir o material para apenas cinco
obras, de modo a selecionar as que apresentavam algumas diferenas marcantes entre
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si. Essas diferenas sero explicitadas posteriormente e nos fornecero subsdios para
um modelo eficaz tendo em vista o tradutor. Todas as obras apresentam-se como
dicionrios:
o Dicionrio Prtico de Informtica in DICMaxi, Dicionrio Multimdia
Michaelis DTS (obra eletrnica).
o Jargo: o dicionrio informal dos termos da informtica Robin Williams
& Steve Cummings, Callis.
o Microsoft Press, dicionrio de informtica, Editora Campus.
o Minidicionrio Saraiva Informtica Maria Cristina Gennari, Saraiva
o Websters New World: dicionrio de informtica Bryan Pfaffenberger,
Webster/Editora Campus
3.3 Crpus de Informtica
3.3.1 Contedo
A delimitao da rea de pesquisa desse crpus centrou-se em publicaes
gerais (revista e jornais via Internet) sobre a rea de informtica. Exclumos, portanto,
publicaes especficas (como revistas voltadas exclusivamente para programadores,
com linguagens de programao e termos estritamente tcnicos), manuais e press-
release de companhias (que representam o uso de termos especficos desta ou daquela
companhia) e outros por acreditarmos que no ofereceriam uma abrangncia relevante
para a formao de um glossrio geral.
Decidimos, num primeiro momento, no especificar as subreas apresentadas
nas publicaes (hardware, software, rede, dvidas de leitores, dicas tcnicas, etc.) por
acreditarmos que os termos so usados por todas elas quase que indistintamente.
H, obviamente, diferenas quando tratamos de textos escritos em portugus
com emprstimos do ingls e tradues de artigos do ingls em que se optou por no
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traduzir ou decalcar tal termo. Tais diferenas, quando no devidamente observadas,
poderiam provocar concluses errneas h alguns anos (em que grande parte do
material publicado era traduzida); percebemos que hoje, porm, dentro do crpus
proposto, as tradues no chegam a 5% do total. Ainda assim, decidimos separar o
material escrito em portugus das tradues.
3.3.2 Origem dos textos
O projeto inicial da presente pesquisa previa a coleta de material a partir de
cinco publicaes: cadernos de informtica dos jornais O Estado de So Paulo e
Folha de So Paulo, alm das revistas INFO Exame (Editora Abril), PC Master
(Editora Europa) e Internet.br (Ediouro), totalizando cinco diferentes fontes de
anlise no perodo de um ano (iniciando-se em janeiro/2001). Os cadernos de
informtica dos dois jornais e o contedo da revista INFO so disponibilizados na
Internet, portanto de fcil coleta via download. As outras duas revistas no so
disponibilizadas na Internet, razo pela qual seriam escaneadas e compiladas em
formato digital. Aps alguns meses de coleta do material, chegamos concluso de
que seria muito difcil escanear tanto material, dada a deficincia dos programas de
OCR (reconhecimento tico de caracteres).
Decidimos, ento, que o material deveria vir totalmente da Internet. Portanto, a
configurao final, determinou a incluso dos cadernos de informtica dos jornais O
Estado de So Paulo e Folha de So Paulo (semanais) e a revista INFO Exame
(mensal)8. Todo o material foi coletado entre janeiro e dezembro de 2001.
8 Essas publicaes disponibilizam o material na ntegra. Muitas outras foram cogitadas como fontes, mas, por fornecerem somente trechos e/ou algumas reportagens da verso impressa, logo foram abandonadas.
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3.3.3 Identificao do Crpus
Tendo em vista que uma separao por fonte no era o objetivo da anlise (j
que no procuramos linguagens especficas desta ou daquela editora e sim termos
gerais da rea), o critrio que melhor se ajustou organizao do material foi a ordem
cronolgica. As fontes foram relacionadas da seguinte maneira (acompanhadas na
seqncia das datas de publicao e separadas por ms):
FSP: Folha de So Paulo
OESP: O Estado de So Paulo
INFO: INFO Exame
Cada arquivo contm o texto integral de uma edio (com exceo das
propagandas, grficos, charges e tabelas de preos9). Procedemos ainda, a uma
separao entre os textos originalmente escritos em portugus e as tradues.
Resultaram desse processamento trs sub-crpus:
1. Crpus geral: todo o material recolhido em todas as publicaes com diviso
cronolgica; salvo em formato .doc (Word). Exemplo: FSP 04.04.2001.doc,
contido na pasta Crpus Geral Word/Abril.
2. Crpus portugus: todo o material escrito em portugus, com diviso cronolgica,
no formato .txt (texto). Exemplo: OESP 01.01.2001.txt, contido na pasta Crpus
Portugus/Janeiro.
3. Crpus traduo: todo o material traduzido (FSP, OESP e INFO), com diviso
cronolgica, no formato .txt (texto). Exemplo: INFO.txt, contido na pasta Crpus
Traduo/Maio.
Trs motivos subjazem adoo da diviso efetivada, quais sejam:
9 Tal excluso se deu mais por uma necessidade prtica do que por uma escolha metodolgica. Tais sees poderiam enriquecer ainda mais o crpus, porm, devido diagramao ou o formato grfico, elas no podem ser lidas e/ou convertidas para o formato final de leitura do conjunto.
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1. o programa que faz a contagem e separao das palavras de acordo com a
freqncia, o WordSmith Tools, s aceita documentos no padro .txt para anlise;
2. a separao entre documentos originalmente escritos em portugus e tradues
facilitar um futuro etiquetamento desses textos e a aglutinao dessas amostras
dentro de um crpus geral da lngua;
3. j que no formato .txt perde-se toda a formatao, resolvemos salvar os textos
integrais com a formatao original; dessa forma, facilitado o entendimento dos
textos e salvaguardado o acesso de algum pesquisador que necessite separ-los
pelo ttulo.
Dada a inviabilidade prtica da impresso dessas amostras devido ao tamanho, eles
foram salvos em CD-ROM, em pastas e sub pastas conforme explicado acima. Esse
CD-ROM encontra-se anexo a este trabalho.
3.3.4 Extenso/Dimenso
No total, organizamos e analisamos 52 edies dos cadernos de informtica de
ambos os jornais, alm de 12 edies da revista INFO. Como resultado da contagem
final das palavras, apuramos os seguintes nmeros:
Tokens10: 1.392.706
Types: 48.482
10 Na lngua inglesa os estatsticos do lxico costumam opor o token (ocorrncia no texto) ao type (lexema referido pela ocorrncia formal). (BIDERMAN, 2001, p.167)
-
15
SARDINHA (indito, 1999), prope que se classifique os corpus segundo o
nmero de palavras contidas:
Tamanho em Palavras Classificao menos de 80 mil Pequeno
80 a 250 mil Pequeno-mdio 250 mil a 1 milho Mdio
1 milho a 10 milhes Mdio Grande 10 milhes ou mais Grande
Seguindo esse critrio, o autor chega segmentao em cinco nveis de
tamanho. Com base nesse critrio de medio, pode-se afirmar que o conjunto de
material selecionado para esta pesquisa constitui um corpus de tamanho mdio-grande.
Isso permite dizer que um corpus representativo no universo das revistas e jornais na
rea de informtica.
-
16
4. OBRAS LEXICOGRFICAS E TERMINOLGICAS: DEFINIES
Todas as obras que fazem parte dos modelos a serem analisados tm em comum
o ttulo Dicionrio, mas a multiplicidade apresentada nas suas estruturas sugere que
uma s denominao no abarca toda essa diversidade. No deveriam essas obras ter
ttulos condizentes com o material apresentado? Antes de comearmos a trabalhar com
os modelos em si e fazermos uma nova proposta, convm primeiro tentar definir o que
um dicionrio, o que um vocabulrio e o que um glossrio.
Para tanto, apresentaremos uma proposta de normatizao da ISO (1990), um
modelo de classificao lingstica proposto BARBOSA (2001, p. 23-45), outro
proposto por HAENSCH (1982, pp. 95-103), algumas definies histricas que esse
autor nos apresenta acerca da problemtica de classificao das obras e, ainda, a
proposta adotada pelo CITRAT/USP (ALVES, 2001).
A norma ISO 1087 (ISO, 1990, p. 10) apresenta o dicionrio como:
6.2.1 dictionary: Structured collection of lexical units with linguistic information about each item.,
Essa definio distingui-se daquela oferecida para um dicionrio terminolgico
(ou tcnico):
6.2.1.1 terminological dictionary (admitted term: technical dictionary): Dictionary (6.2.1) containing terminological data (6.1.5) from one or more specific subject fields (2.2).
Que ainda se distinguiria de um vocabulrio:
6.2.1.1.1 vocabulary (admitted term glossary): terminological dictionary (6.2.1.1) containing the terminology (5.1) of a specific field (2.2) or of related subject fields (2.2) and based on terminology work (8.2)
-
17
Percebemos que a definio de dicionrio clara, mas a distino entre o que
um dicionrio terminolgico/tcnico e um vocabulrio/glossrio parece no ser to
clara. Afinal, o que basicamente diferenciaria um dicionrio tcnico de um vocabulrio
que o segundo se basearia em um trabalho terminolgico. As perguntas que ficam
so a seguintes: um dicionrio terminolgico no precisaria tambm de um trabalho
terminolgico de preparao? Afinal, existe ou no diferena entre glossrio e
vocabulrio (que aqui so considerados sinnimos11)?
De acordo com BARBOSA (2001, p.39), devemos classificar os tipos segundo
os nveis de atualizao da lngua. Os dicionrios de lngua se encaixariam no nvel do
sistema, trabalhando com todo o lxico disponvel e manifestando-se atravs do
lexema. Os vocabulrios (fundamentais, tcnico-cientficos e especializados) estariam
no nvel da norma e trabalhariam com conjuntos vocabulrios (ou terminolgicos),
manifestando-se atravs dos vocbulos ou termos. Os glossrios se encontrariam no
nvel da fala e trabalhariam com os conjuntos manifestados em determinado texto,
manifestando-se atravs das palavras.
Podemos esquematizar essas e outras informaes apresentadas pela autora da
seguinte maneira:
Dicionrio Vocabulrio Glossrio Nvel do sistema Nvel da norma Nvel da fala Trabalha com todo o lxico disponvel e o lxico virtual
Trabalha com conjuntos manifestados dentro de uma rea de especialidade
Trabalha com conjuntos manifestados em um determinado texto
Unidade: lexema (significado abrangente; freqncia regular)
Unidade: vocbulos/termos (significado restrito; alta freqncia)
Unidade: palavras (significado especfico; nica apario)
Apresenta (teoricamente) todas as acepes de um mesmo verbete
Apresenta todas as acepes de um verbete dentro de uma rea de especialidade
Apresenta uma nica acepo do verbete (dentro de um contexto determinado)
Perspectivas: diacrnica, diatpica, diafsica e diastrtica
Perspectivas: sincrnica e sinfsica
Perspectivas: sincrnica, sintpica, sinstrtica e sinfsica
11 Na norma ISO, a entrada em ingls difere da entrada em francs, uma vez que naquela so considerados termos sinnimos.
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18
HAENSCH (1982, p. 106), assim como as normas ISO, considera a palavra
vocabulrio sinnima de glossrio. O glossrio seria relacionado s palavras de um
texto ou de um autor ou ainda um:
Repertorio de palabras, en muchos casos de trminos tcnicos (monolinge o plurilnge), que no se pretende ser exhaustivo, y en que la seleccin de palabras se ha hecho ms o menos al azar; por ejemplo, glosario de trminos ecolgicos espaol-ingls..
De um modo geral, o autor trabalha com o conceito de dicionrios, deixando os
glossrios (ou vocabulrios) em segundo plano.
Ele prope vrias classificaes para as obras lexicogrficas, entre as quais
podemos citar as seguintes dualidades: semasiolgicas x onomasiolgicas, normativas
x descritivas e monolnges x plurilnges (bilnges).
Entre as obras classificadas como onomasiolgicas12, teramos os dicionrios
pictricos, ortopicos, ortogrficos, de formao das palavras, de construo e regime
(valncia), de colocaes, de dvidas e de sinnimos. As obras semasiolgicas13
seriam compostas por dicionrios de fraseologia, modismos, refres, neologismos,
histricos e os dicionrios de lngua em ordem alfabtica, os mais comuns.
As obras podem apresentar tambm um carter prescritivo (especialmente obras
voltadas para estudantes) ou, na grande maioria, descritivo, contentando-se em mostrar
o uso dos vocbulos.
Quanto lngua, dividem-se em monolnges (como um dicionrio geral de
uma lngua determinada) ou plurilnges (destacando-se a os dicionrios bilnges
para aprendizagem de idiomas e os dicionrios multilnges tcnicos).
Um modelo, usado em algumas publicaes pelo CITRAT/USP, de acordo com
AUBERT (2001, p. 7), adota o termo glossrio para uma obra terminolgica
desenvolvida no campo da economia:
12 A composio da macroestrutura seria por agrupamentos de assuntos, matrias ou conceitos. Portanto a microestrutura parte do significado para o significante. 13 A macroestrutura apresentada em ordem alfabtica. A microestrutura parte do significante para o significado.
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19
..., este Glossrio consistente com a linha de investigao adotada pelo CITRAT, sob inspirao do modelo franco-canadense, que enfatiza, sobretudo, a situao de uso. Oferece, deste modo, uma sistematizao daquilo que os usurios da terminologia efetivamente empregam em seu domnio de conhecimento e esfera de atuao (no caso em tela, na interao com o pblico leitor). Retrata a prtica terminolgica corrente, sem pretenses normativas, ou seja, sem impor a esses mesmos usurios parmetros de certo e de errado.
Em vista de todas essas conceituaes, normativas ou no, fica patente que a
definio quanto ao ttulo das obras nas reas lexicogrfica e terminolgica no
unvoca. Tendo em vista as obras de informtica analisadas, podemos perceber que o
ttulo dicionrio mais comum apenas porque valoriza o produto em si, dando-lhe
um carter mais srio, como um dicionrio geral de lngua.
Para a nossa proposta, adotaremos o modelo de glossrio do CITRAT/USP,
voltado para o usurio final (no caso o tradutor da rea de informtica) e com uma
preocupao apenas descritiva.
4.1 Macroestrutura
O princpio mais importante na ordenao da macroestrutura, segundo
HAENSCH (1982, p. 452), a ordem alfabtica das entradas. Numa obra
terminolgica, possvel tambm a ordenao por famlia de palavras, de modo que a
primeira (um lema) seguida por suas derivaes. Essas derivaes podem entrar nas
macro- ou microestruturas.
Existem vrias possibilidades de levantamento da macroestrutura, desde a cpia
de outras obras lexicogrficas/terminolgicas, passando por opinies de especialistas
sobre o que deveria compor essa nomenclatura, at uma obra que apresente todos (ou
um nmero determinado) os verbetes baseados na freqncia com que apaream
dentro de um crpus (de especialidade ou no).
Muitas obras no atentam para esse detalhe e acabam misturando as acepes,
que ora entram na macroestrutura, ora fazem parte da microestrutura. Temos como
exemplo a entrada: navio (hipernimo) no Dicionrio Aurlio Eletrnico (1999).
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Dentro da microestrutura, entram dezoito acepes diferentes (relao de hiponmia
com a entrada principal); na macroestrutura, dentro da famlia navio, mais onze
entradas (tambm hipnimos). Percebe-se que o critrio para a diviso entre pertencer
microestrutura de navio e ser uma nova entrada dentro da famlia deveu-se ao uso do
hfen (nova entrada) ou no (nova acepo). De um modo geral, todas conformam-se
em lexias compostas.
Essa mesma entrada, navio14, no Dicionrio Michaelis (1998), possui trinta e
duas acepes na microestrutura e oito entradas na macroestrutura, seguindo a mesma
diviso do Aurlio entre o uso ou no do hfen. Podemos notar, no entanto, que no h
um padro entre o uso do hfen: enquanto no Aurlio temos a entrada navio-petroleiro,
no Michaelis temos a acepo navio petroleiro. De um modo geral, todos so
hipnimos de navio, mas ora entram na macroestrutura (hipnimos que nem sempre se
referem ao hipernimo no primeiro sema de definio), ora pertencem microestrutura
(como co-hipnimos, novamente no havendo uma constncia quanto ao primeiro
sema da definio).
O Dicionrio Houaiss (2001), embora siga uma estrutura similar quela
utilizada no Michaelis, afirma que podemos ou no usar o hfen nas lexias compostas.
Nele a entrada navio apresentada com quinze acepes e mais dezoito entradas. Fica
a dvida quanto ao critrio de seleo: devemos incluir novas acepes dentro da
microestrutura de navio ou criamos novos verbetes? Por que navio-escola uma
entrada e navio oficina uma acepo de navio?
J uma obra terminolgica bem estruturada, como a de BERGERON (1995?,
pp. 26-27), apresenta uma ordenao constante na montagem da macroestrutura. A
entrada FTP, por exemplo, apresenta somente a explicao que se trata de uma
abreviao. Todas as outras acepes entram como novos verbetes (at mesmo aquela
em que o verbete se apresenta como verbo), dentro da mesma famlia e em seqncia,
sempre repetindo o lema. Essa disposio se repete por toda a obra, facilitando a
consulta.
14 O termo navio foi selecionado como exemplo tendo em vista a inexistncia de um termo com estrutura correlata na rea de informtica, registrada em dicionrios gerais de lngua.
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21
O mesmo acontece na obra de BOUTIN et al. (1985, p. 29), cuja entrada
dictionnaire o hipernimo. Todas as outras acepes entram como novos verbetes
(hipnimos): dictionnaire de langue, dictionnaire general, trsor, dictionnaire spcial,
etc. Dentro desses hipnimos, o primeiro sema da definio sempre remete ao
hipernimo.
4.2 Microestrutura
importante tambm que, antes de partirmos para uma nova proposta,
analisemos a constituio da microestrutura dos verbetes. ANDRADE (2000) define o
que seria a microestrutura bsica de um verbete: artigo + enunciado lexicogrfico
(EL), que se compe de trs macroparadigmas:
o Paradigma Informacional (PI): constitudo de abreviaturas, categoria gramatical,
gnero, nmero, pronncia, conjugao, homnimos, etc. Ainda segundo
HAENSCH (1982, pp. 480-501), teramos aqui tambm as diferenas ortogrficas,
cronolgicas e geogrficas, a etimologia, nveis de estilo e conotaes, atribuio a
uma matria ou especialidade, marcas registradas, denominaes oficiais;
o Paradigma Definicional (PD): descrevem-se os semas ou unidades de significao;
o Paradigma pragmtico (PP): contm informaes contextuais como exemplos e
abonaes. HAENSCH (1982, p. 470) subdivide esse conceito entre parte
sintagmtica (colocaes e fraseologia) e/ou parte paradigmtica (sinnimos,
antnimos, parnimos e hipnimos).
Existiria ainda um paradigma comum em dicionrios bilnges:
o Paradigma de Formas Equivalentes (PFE): fornece a traduo do verbete.
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22
Com exceo do Paradigma Definicional, essas estruturas do enunciado
lexicogrfico no so fixas. Assim, a configurao bsica de uma microestrutura se
apresentaria como:
Artigo={+ entrada15 + enunciado lexicogrfico (+ definio)}
Poderamos, porm, criar um verbete com a seguinte microestrutura:
Artigo={+ entrada + enunciado lexicogrfico ( PI + PD PP)} 16
A forma como o dicionrio/glossrio vai ser escrito (construo da macro/
microestruturas) depende basicamente do pblico-alvo ao qual se destina. Essa escolha
precisa ser feita com bastante clareza, a fim de evitar problemas futuros de
compreenso. CAMPOS (1994, p. 39) afirma que:
...el problema de la claridad de la definicin est estrechamente ligado con una cuestin previa: a quin est dirigido el diccionario.
O autor apresenta o caso do dicionrio Cobuild, em que a microestrutura seria:
Artigo={+ entrada + enunciado lexicogrfico (+ PP [+ entrada] + PD)}
Como podemos perceber, a entrada repetida no paradigma pragmtico, que
vem antes do paradigma definicional, facilitando o entendimento por parte do leitor
(tese do autor). Ele ainda destaca o uso, por parte dos lexicgrafos, de um vocabulrio
bsico da lngua, o que impediria o problema da circularidade nas definies.
15 O verbete, ou a entrada do dicionrio/glossrio. 16 Onde o sinal + representa a obrigatoriedade e o sinal a opo.
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Na macro/microestrutura, devemos ter clara a necessidade de definir o usurio
final da obra. A partir do momento que essa escolha feita, os modelos das estruturas
so definidos e devem ser seguidos risca para uma maior homogeneidade da obra.
4.3 Remissivas
As remissivas so as relaes, traadas dentro da obra
lexicogrfica/terminolgica, entre os termos, mantendo a coerncia semntica dessa17.
CABR (1993, p.314) as classifica em dois tipos: informativas e prescritivas. A
seguir, observamos as diferenas indicadas pela autora:
Informativas Prescritivas o Os termos se relacionam a fim de
aumentar suas denominaes ou conceituaes. Mostram ainda as relaes dentro do mesmo campo semntico.
o Um termo remete a outro para mostrar o uso prioritrio ou se deve ser evitado, mostrando ainda alternativas.
o So inseridas dentro de um contexto de equivalncia ou contraste semnticos.
o So inseridas em virtude de uma poltica terminolgica.
o Equivalncia (sinonmia): variantes, siglas e respectivas formas completas, formas completas e respectivas abreviaes, termo e seu nome cientfico, termo e o smbolo que o representa.
o Contraste ou incluso: antnimos, hipnimos, hipernimos e co-hipnimos.
o Classificao dos sinnimos entre prioritrios ou secundrios.
Segundo BACELLAR (2002, pp. 106-107), as remissivas corrigem o
isolamento das mensagens no nvel da microestrutura (reconstruindo seu campo
17 Esse tratamento permite que a obra trabalhe, ainda que parcialmente, no nvel onomasiolgico.
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24
semntico) e renem entradas equivalentes (sinnimos) no nvel da macroestrutura.
Elas seriam um tipo de ricochete de informao (citando FAULSTICH, 1990),
formando a rede estrutural junto com as macro/microestruturas.
As remissivas deveriam, ainda, segundo a autora, serem explicitadas por meio
de uma marca grfica, como por exemplo: V. = ver.
Como pudemos observar neste captulo, no h consenso quanto organizao
macroestrutural dos dicionrios do mesmo modo que esse consenso no se mostra no
nvel microestrutural dessas mesmas obras. Isso, sem dvida, dificulta a tarefa do
tradutor que tem, antes de iniciar a traduo, a tarefa prioritria e desgastante de
analisar vrias obras.
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5. COMPARANDO MODELOS
Neste captulo apresentaremos verbetes selecionados em cinco obras e
compararemos suas propostas, suas macroestruturas (o processo de seleo dos
verbetes), suas microestruturas (atravs de uma anlise comparativa entre os verbetes
propriamente ditos e uma anlise comparativa da estrutura de composio desses
verbetes) e seus sistemas de remissivas. Por ltimo, faremos uma anlise contrastiva
entre essas obras sob a perspectiva do usurio inicial da nossa obra proposta: o
tradutor.
5.1 Os dicionrios e suas propostas
Faremos a seguir uma pequena descrio de cada obra, utilizando, para tanto,
como critrios observaes sobre os autores (se disponveis) e uma anlise sobre suas
introdues (novamente, se disponveis).
DICMaxi - Dicionrio Prtico de INFORMTICA
Autores: no mencionados.
Dentre as obras pesquisadas, essa a que apresenta a menor quantidade de
informaes disponveis. um dicionrio bilnge, que dispe de quatro mil e
setecentos verbetes e um contraponto para o glossrio de informtica (que apresenta
apenas os verbetes em portugus e suas formas equivalentes em ingls). No h
referncia a um usurio especfico para a obra.
Ela faz parte de um programa (em CD ROM) que disponibiliza seis dicionrios
gerais (nas reas de lngua portuguesa, negcios e informtica) e cinco dicionrios
bilnges (ingls, espanhol, alemo, francs e italiano). De todos esses, apenas o de
portugus (organizado por Antnio Houaiss) apresenta uma introduo com o objetivo
claro da obra. O programa, no geral, um aglutinado de dicionrios, lanados pela
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26
editora Melhoramentos. Tem o mrito de ter sido a primeira obra multilnge
eletrnica lanada no mercado.
Jargo: o dicionrio informal dos termos da informtica
Autores: Robin Williams e Steve Cummings.
Na seo nota da autora h uma indicao que, basicamente, quem redigiu a
obra foi Robin Williams, com uma pequena participao de Steve Cummings. Ambos
escreveram vrios livros na rea.
A autora relata (na mesma seo) que escreveu a obra por no estar satisfeita
com nenhum dicionrio ou glossrio que possua, todos muito tcnicos ou resumidos.
Suas definies, portanto, partem do princpio que nada deve ser pressuposto pelo
leitor, indicando a o pblico alvo: os leigos na rea de computao.
A obra, na introduo, apresenta algumas notas (da autora, tcnica, sobre a
adaptao) e uma seo de perguntas e respostas (voc j quis saber...). Logo em
seguida, somos apresentados aos smbolos e nmeros, seo que contm os smbolos
usados na rea de informtica e as definies dos vocbulos formados por nmeros.
Aps as entradas do dicionrio, apresentado um apndice com treze itens
(procurando mostrar como funciona o mundo da informtica).
Microsoft Press, dicionrio de informtica
Autores: no mencionados, apenas os tradutores.
A introduo da obra bastante detalhada. Fornece primeiro a relao completa
das reas abrangidas, ressaltando que
...foi criado com a finalidade de se constituir em uma fonte de definies precisa para a terminologia relacionada com o uso de computadores. (p. VII ).
Fornece em seguida as alteraes feitas em relao s duas edies anteriores e
mostra como foram organizadas a macroestrutura (ordem de apresentao), a
microestrutura (verbetes) e o sistema de remissivas (tambm em verbetes).
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Aps a introduo, apresentado um glossrio portugus/ingls de termos
equivalentes, que serve de contraponto ao dicionrio em si, ingls/portugus. Segue-se
uma seo de cinco apndices, todos relacionados com mapas de caracteres.
A contracapa sugere que a obra destina-se a todo tipo de usurio, profissional da
rea ou no, do nvel bsico ao avanado.
Minidicionrio Saraiva de Informtica
Autora: Maria Cristina Gennari.
A autora apresenta-se como Analista de Sistemas, Consultora e Jornalista
especializada na rea de Informtica.
A obra no apresenta uma introduo, formal ou informal, apenas o sumrio.
Em contrapartida, apresenta cinco sees de anexos (aproximadamente 130 pginas), a
saber: Navegar preciso: Indicao de sites de busca de vrios pases para orientar a
pesquisa na Internet; Mais de 700 sugestes de links interessantes para navegao,
classificados por temas; Relao dos cursos da rea de Informtica; Extenses de
arquivos mais usuais e Cdigos dos pases na Internet.
O dicionrio parece ser indicado (j que a proposta no fica clara) para
adolescentes e/ou iniciantes na rea de informtica de um modo geral. Faz-se questo
de apresentar na contracapa e na primeira pgina que o dicionrio foi Selecionado
para o programa Leia mais da Secretaria de Estado da Educao de So Paulo, em
2001. O anexo de relao de cursos tcnicos e superiores leva mesma concluso.
Websters New World: dicionrio de informtica
Autor: Bryan Pfaffenberger.
O autor apresentado como professor de Redao Tcnica e Sociologia da
Tecnologia na Universidade de Virgnia.
H uma introduo, redigida pelo autor, por meio da qual discute a importncia
de conhecer as palavras mais importantes na rea de informtica e Internet. Nada,
porm, se refere estruturao do dicionrio.
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A obra comea com uma seo denominada referncia cruzada, que nada mais
do que um glossrio ingls/portugus de termos equivalentes. seguida pela seo
smbolos, onde se destacam os verbetes constitudos, sobretudo, por nmeros e
smbolos. Na seqncia, encontra-se o dicionrio em si, em ordem alfabtica.
Ao que parece, no destinado a um usurio em especfico para a obra,
podendo ser utilizado por profissionais da rea, estudantes ou qualquer um que possua
um microcomputador.
5.2 Anlise das macroestruturas
Como na seo anterior, procedermos a uma anlise das obras individualmente,
a partir dos mesmos critrios de observao: organizao/ordenao de entradas.
DICMaxi - Dicionrio Prtico de Informtica
No h indicao da origem dos termos, apenas a sua quantidade (j
mencionada anteriormente). A direo do dicionrio ingls/portugus, organizando
os verbetes em ordem alfabtica. Contm lexias simples, compostas e complexas (ou
sintagmas terminolgicos18), incluindo at nome de fabricantes de software. Quando
esquerda da entrada (palavra famlia), as lexias compostas e complexas entram na
microestrutura como hipnimos; quando direita, assim como as derivaes e outras
classes gramaticais, ora as lexias entram como novo verbete, ora como um hipnimo
dentro do mesmo.
Jargo: o dicionrio informal dos termos da informtica
A macroestrutura est organizada em ordem alfabtica, com verbetes em ingls
ou portugus. H uma linha horizontal na qual essa macroestrutura fica contida.
Quando o verbete apresenta uma forma equivalente, essa forma entra junto
18 Los trminos complejos pueden estar formados por una combinacin de palabras que sigue una determinada estructura sintctica. En este caso hallamos estructuras ms frecuentes en terminologa que en el lxico comn, como los sintagmas terminolgicos. (CABR, 1993, p.177)
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29
macroestrutura: o verbete na margem esquerda, a forma equivalente na margem
direita. Os verbetes baseados em nmeros esto separados em um captulo especfico.
Os hipnimos ora entram na microestrutura, ora na macroestrutura.
Esto inclusos entre os verbetes nomes de empresas e marcas registradas. O
critrio de seleo obedece curiosidade/necessidade de entendimento por parte da
autora.
Trs cones acompanham vrios verbetes durante a obra: um computador com
um sorriso (indicando que as informaes so especficas para o sistema Macintosh);
um computador onde se l PC na tela (para computadores com o padro IBM) e uma
bandeira do Brasil com um sorriso (com informaes dirigidas ao pblico brasileiro,
elaboradas pela tradutora). Caso esses cones no apaream, significa que o assunto
geral e se aplica a qualquer tipo de hardware/software.
H, ainda, um grande nmero de charges, que acrescentam um toque de humor
obra, e muitas figuras (retirados de telas de programas ou no), geralmente
exemplificando as explicaes apresentadas nas microestruturas.
Microsoft Press, dicionrio de informtica
Assim como nas demais, a obra apresenta-se organizada em ordem alfabtica.
E, assim como no dicionrio anterior, h um captulo especfico para os verbetes
baseados em nmeros. O dicionrio, bilnge, apresenta somente os verbetes na
direo ingls/portugus. A ordem inversa apresentada no incio da obra como um
glossrio, em que aparecem o verbete e sua forma equivalente.
So includas as lexias simples, compostas ou complexas. Todos os hipnimos e
todas as acepes (por exemplo, a diferenciao entre substantivo e verbo) de um
termo so apresentados como um novo verbete. Existem vrias figuras que
exemplificam a microestrutura.
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Minidicionrio Saraiva de Informtica
No h indicao de fonte ou crpus de onde essa nomenclatura foi tirada, nem
o porqu de sua organizao. Toda a macroestrutura est organizada em ordem
alfabtica, misturando as entradas em portugus e ingls. De um modo geral, temos
dois tipos de verbetes:
o o verbete em si (muitas vezes associado com figuras e tabelas inseridas ao
longo das pginas para exemplificar, mas no necessariamente relacionado com
a definio apresentada na microestrutura). Ele indicado atravs de um
marcador onde um tringulo voltado para o lado direito est inserido dentro de
um crculo (os dois em tons diferentes de cinza). Em alguns casos, o verbete
apresentado junto com seus sinnimos (todos fazendo parte da macroestrutura).
As lexias podem ser simples, compostas ou complexas. Quando formado
esquerda da palavra de entrada (famlia), o hipnimo entra na microestrutura;
quando direita, entra ora na macroestrutura, ora na microestrutura.
o indicao de busca para esse verbete (remissiva) e assuntos associados na
Internet, indicado atravs de um marcador no formato do globo terrestre. s
vezes so includas algumas figuras.
Websters New World: dicionrio de informtica
Ao contrrio do dicionrio da Microsoft, o Webster apresenta os verbetes na
direo portugus/ingls e um glossrio ingls/portugus (referncia cruzada) no incio
da obra. Os verbetes que comeam por nmeros esto em um captulo parte, tambm
no incio; quando apresentam nmeros depois de letras, esto na ordem alfabtica
normal. No apresentada a origem dessa macroestrutura. No h desenhos, somente
tabelas explicativas.
O verbete pode ser uma lexia simples, composta ou complexa. Quando h
sinnimos, eles podem aparecer na macroestrutura, sempre em portugus. Ainda no
mesmo nvel aparecem as formas equivalentes (e tambm seus sinnimos, quando h).
Os hipnimos aparecem como novo verbete, mas apresentam, s vezes, uma
curiosidade: aparecem antes do hipernimo (caso do verbete chave).
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31
As diferentes acepes de uma palavra tambm entram como novos verbetes,
desde que a forma equivalente em ingls seja uma palavra diferente. Quando
diferentes acepes em portugus remetem a uma mesma palavra em ingls, so
includas na microestrutura.
5.3 Anlise das microestruturas
Decidimos apresentar os verbetes selecionados na ntegra em todas as obras
analisadas. A escolha dos verbetes deveu-se freqncia das classes gramaticais em
que eles aparecem na maioria das obras: em primeiro lugar os substantivos (quatro
verbetes, incluindo aqui acrnimos19/siglas) e depois os verbos (dois verbetes).
Existiria ainda a possibilidade de encaixarmos verbetes de outras classes
gramaticais, mas, no universo de pesquisa dos crpus (dicionrios e material de
anlise), sua freqncia muito baixa e pouco representativa. Esses verbetes sero:
inquiry (rea de programao), ADSL (rea de hardware), troubleshoot (rea geral),
LISP (rea de programao), download (rea de Internet), drag-and-drop (rea geral
dos aplicativos).
Essa classificao, porm, no indica necessariamente que haver todos os
verbetes selecionados em todas as obras. Caso o verbete no seja encontrado, os
espaos para as definies e anlises das estruturas ficaro em branco.
5.3.1 Anlise comparativa dos verbetes
Apresentamos a seguir as obras selecionadas e os respectivos verbetes.
Utilizamos uma estrutura similar a Vilela (1983, p.26), dispondo os verbetes no topo
(na vertical) e colocando o nome das obras e os respectivos enunciados na horizontal.
Ao contrrio do autor, que procura estudar apenas os Paradigmas Definicionais,
19 [...] reduo do sintagma sob forma de slabas, geralmente as iniciais, pronunciadas como uma palavra autnoma [...] (ALVES, 2001, p.13).
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disponibilizamos os artigos na ntegra20 (suprimimos a entrada, deixando apenas o
enunciado lexicogrfico), a fim de analisar a construo da microestrutura.
20 Salvo por duas excees, tendo em vista a questo do espao, mas que de maneira alguma invalidam a anlise.
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Obra Verbete
inquiry ADSL troubleshoot LISP Download Drag-and-drop
Dicionrio Prtico de Informtica in DICMaxi, Dicionrio Multimdia Michaelis
solicitao, indagao; (i) fazer uma pergunta; (ii) acessar dados mantidos em um sistema de computao; inquiry character (ENQ) = caractere de solicitao = cdigo transmitido por um computador para um terminal remoto, solicitando resposta; inquiry station = estao de pesquisa = terminal que usado para acessar e pesquisar arquivos armazenados em um computador remoto; inquiry/response = pergunta/resposta = modo de computao interativa, no qual os comandos e solicitaes de um usurio so respondidos com muita rapidez.
diagnosticar; (i) depurar software de computador; (ii) localizar e reparar falhas no hardware.
= LIST PROCESSING = PROCESSAMENTO DE LISTA linguagem de alto nvel usada principalmente no processamento de listas de instrues ou dados e em trabalhos de inteligncia artificial.
carregar; (i) carregar um programa ou uma seo de dados de um computador remoto via uma linha telefnica; (ii) transferir dados de um computador de grande porte para um computador pequeno; (iii) enviar dados-fontes de impressora armazenados em disco para uma impressora (onde vo ser armazenados em memria temporria ou RAM); there is no charge for downloading public domain software from the BBS no h qualquer taxa para carregar software de domnio pblico da BBS.
Jargo: o dicionrio informal dos termos da informtica
Ver diagnstico. O termo diagnstico significa tentar identificar e solucionar problemas medida que eles aparecem. lgico: quanto mais problemas voc enfrenta na vida, mais competente se torna no diagnstico e soluo deles. A experincia lhe ensina a reconhecer um erro quando voc o comete outra vez.
LISP, acrnimo de list processing, uma linguagem de programao de alto nvel, que se tornou um dos padres dos aplicativos de inteligncia artificial. Veja tambm linguagem de programao.
Download o recebimento de informaes, em geral um arquivo, de outro computador via modem. Por exemplo, voc pode entrar on-line e encontrar um timo shareware, como fontes, josgos ou um utilitrio realmente til. Ou, ainda, algum pode lhe enviar uma longa carta de amor como um arquivo separado. Quando voc decidir copiar aquele item,
Veja arrastar e jogar. Arrastar e jogar uma funo presente em interfaces grficas como o Macintosh e o Wiondows. Significa que voc pode executar tarefas por meio do mouse, para arrastar um cone (que representa um documento, um aplicativo, uma pasta ou disco etc.) sobre outro cone. Por exemplo, para remover um documento do seu disco no
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ter de fazer um download dele, do computador do servio on-line ou BBS para o seu prprio computador. Em muitos casos, basta selecionar o arquivo e clicar no boto chamado Download. O termo oposto upload, o envio de um arquivo para outro computador. (...) que fazer um download). O download de fontes outro processo. Para utilizar fontes (...) Veja fonte de disco e fonte.
Mac, voc arrasta o cone do documento para dentro do cone Trash (lixo). Quando o cone do lixo ficar em destaque (mudar de cor), solte o boto do mouse e o documento vai para a lata de lixo. No Sistema 7, voc pode arrastar o cone (...) arrastar e jogar. Alguns aplicativos vo alm (...) timo, certo? E no Microsoft Word (...) Cut e Paste.
Microsoft Press, dicionrio de informtica
consulta
Solicitao de informaes. Ver tambm query (query, consulta).
Ver assymetric digital subscriber line.
asymmetric digital subscriber line
Tecnologia e equipamentos que permitem comunicao digital em alta velocidade, incluindo sinais de vdeo, atravs de uma linha telefnica de cobre comum, com pares tranados. Essa linha possibilita velocidades de at nove megabits por segundo (9 Mbps) downstream (em direo ao cliente) e upstream de at 800 kilobits por segundo (800 kbps). Acrnimo: ASDL. Tambm chamado de asymmetric digital
diagnstico e soluo de problemas
O processo de determinao das causas de problemas de funcionamento de um programa, sistema de computador ou rede e sua resoluo.
Abreviatura de List Processing. Linguagem de programao baseada em listas desenvolvida em 1959-1960 por John McCarthy e usada principalmente para manipular listas de dados. O LISP continua sendo muito usado em pesquisas e nos crculos acadmicos, e h muito considerado a linguagem padro para as pesquisas de inteligncia artificial. Ver tambm artificial intelligence (inteligncia artificial). Comparar com Prolog.
download, fazer download, baixar, transferir
1. Na comunicao, transferir uma cpia de um arquivo de um computador remoto para outro computador atravs de um modem ou rede. 2. Enviar um bloco de dados, como um arquivo PostScript, para um dispositivo dependente, como uma impressora PostScript. Comparar com upload (fazer upload, carregar, levantar).
arrastar e soltar
Em uma interface grfica, executar operaes em uma interface arrastando objetos na tela com o mouse. Por exemplo, para eliminar um documento no Mac OS, o usurio pode arrastar o cone do documento pela tela e solt-lo no cone de lata de lixo. Ver tambm drag (arrastar, mover); graphical user interface (interface grfica).
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subscriber loop. Comparar com: symmetric digital subscriber line.
Minidicionrio Saraiva de Informtica
Pronuncia-se: Inquiri. Traduo: consulta, averigao, pesquisa. Ver: pesquisa.
Sigla de: Asymetric Digital Subscriber Line. Traduo: Linha digital Assimtrica de Assinantes. Tecnologia que permite que um maior nmero de dados seja enviado pela linha telefnica. A ADSL suporta uma transmisso de taxas de 1,5 a 9 Mbps quando recebe informaes e de 16 a 640 kbps quando as envia. necessrio um tipo especial de modem para que possa ser utilizada. Ainda no acessvel ao pblico em geral, mas acredita-se que em poucos anos ser uma das melhores opes para acessar a Internet.
Pronuncia-se: Trbolchut. Traduo: diagnstico e soluo de problemas. Ainda que a expresso possa ser aplicada a qualquer tipo de diagnstico, no Brasil ela utilizada para o diagnstico dos problemas nos computadores, programas e sistemas.
Acrnimo de: LISt Processing. Traduo: processamento em listas. Linguagem de programao de alto nvel utilizada freqentemente em pesquisas de Inteligncia Artificial, cujo objetivo manipular listas de dados.
Traduo: Baixar, Transferir. Internet: Copiar o contedo de um arquivo residente num computador para outro computador, independentemente da distncia.
Traduo: Arrastar e soltar.
Websters New World: dicionrio de informtica
Ver Asymetric Digital Subscriber Line Asymetric Digital Subscriber Line (ADSL) Asymetric Digital Subscriber Line (ADSL) Padro de telefonia digital, disponvel apenas em alguns mercados, que possibilita velocidades de download de at 6 Mbps. O padro assimtrico porque as velocidades de upload so mais lentas, refletindo a noo
diagnstico troubleshooting Processo que consiste em determinar as causas de problemas de funcionamento de um sistema de computador ou dispositivo de hardware especfico. Quando um computador apresenta problemas, a maioria das pessoas entra em pnico e imagina que ter uma enorme despesa pela frente. No entanto, nem sempre o
LISP LISP Linguagem de programao de alto nvel, geralmente usada em pesquisas de inteligncia artificial, que no faz qualquer distino entre o programa e os dados. O LISP considerado ideal para a manipulao de textos. Uma das mais antigas linguagens de programao ainda em uso, o LISP uma linguagem declarativa o
download; transferncia por download; baixa downloading Ato de transferir para o seu computador um arquivo contido em outro computador atravs de um modem e uma linha telefnica. Ver carregar.
arrastar e soltar drag-and-drop No Microsoft Windows 95 e em programas do Macintosh baseados no System 7.5, uma tcnica que permite executar operaes com objetos arrastando-os com o mouse. Voc pode abrir um documento arrastando seu cone at o cone de uma aplicao, ou pode instalar cones em pastas arrastando-os at elas.
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comum entre os provedores comerciais de contedo de que a maioria dos usurios residenciais da Internet prefere acessar a gerar contedo.
problema to srio, como o caso de fios mal conectados. Desligue o computador e verifique cuidadosamente todos os cabos e conexes. Retire a tampa do gabinete do computador e pressione as placas para se certificar de que esto bem assentadas nos slots de expanso. Verifique tambm as conexes dos perifricos.
programador cria listas que declaram as relaes existentes entre valores simblicos. As listas so as estruturas de dados fundamentais do LISP. O programa efetua clculos com os valores simblicos expressos nessas listas. A exemplo do que ocorre com outras linguagens de programao de domnio pblico, entretanto, existem vrias verses do LISP, incompatveis entre si. Uma verso do LISP padronizada, totalmente configurada e amplamente aceita o Common LISP. Ver interpretador.
Vrios processadores de texto utilizam a edio com recurso de arrastar e soltar, que agiliza a reorganizao do texto.
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5.3.2 Anlise comparativa da microestrutura dos verbetes
Apresentamos, abaixo, um quadro que sistematiza a microestrutura dos verbetes
selecionados21 para anlise nos dicionrios.
Obra Verbete
inquiry ADSL troubleshoot LISP download drag-and-drop
Dicionrio Prtico de Informtica in DICMaxi, Dicionrio Multimdia Michaelis
[PFE + PD1 + PD2]1 + [PFE + PD]2 + [PFE + PD]3 + [PFE + PD]4
PFE + PD1 + PD2
PI (descrio do acrnimo) + PFE + PD
PFE + PD1 + PD2 + PD3 + PP
Jargo: o dicionrio informal dos termos da informtica
Remissiva PD + PP (abonao)
PI (descrio do acrnimo) + PD + Remissiva
PD + PP(exemplo)
Remissiva PD + PP1 (exemplo) + PP2 (exemplo) + PP3 (exemplo)
Microsoft Press, dicionrio de informtica
PFE + PD + [Remissiva + PFE]
Remissiva PD + PI (descrio do acrnimo) + PP (sinnimo) + Remissiva
PFE + PD PI (descrio do acrnimo) + PD + [Remissiva + PFE ]1 + [Remissiva + PFE]2
PFE + PD1 + PD2 + [Remissiva + PFE]
PFE + PD + PP (exemplo) + [Remissiva + PFE]1 + [Remissiva + PFE]2
Minidicionrio Saraiva de Informtica
PI (pronncia) + PFE + Remissiva
PI (descrio da sigla) + PFE + PD
PI (pronncia) + PFE + PD
PI (descrio do acrnimo) + PFE + PD
PFE + PI (rea) + PD
PFE
Websters New World: dicionrio de informtica
Remissiva PI (sigla) + [PFE + PI (sigla)] +PD
PFE + PD + PP (exemplo)
PFE + PD + PP (exemplo) + Remissiva
PP (sinnimos) + PFE + PD + Remissiva
Remissiva PFE + PD
21 Caso o verbete remeta para uma remissiva, colocaremos essa tambm (no incio, em itlico).
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5.4 Sistema de Remissivas
Apresentaremos, dentro de cada obra, o funcionamento do sistema de
remissivas tendo em vista o modelo proposto por CABR (1993).
DICMaxi - Dicionrio Prtico de INFORMTICA
Como podemos ver na tabela anterior, dentre todos os dicionrios analisados,
o nico, que no apresenta remissivas nos itens selecionados. O dicionrio, porm,
apresenta palavras (embora poucas) que funcionam como remissivas dentro das
microestruturas. Essas geralmente aparecem acompanhadas pelos smbolos >>,
contudo, ao contrrio do que se poderia esperar de um dicionrio eletrnico, no
funcionam como hipertexto para a entrada a que remetem.
Tambm encontramos a remissiva Ver empregada para indicar lexias complexas
que remetam a siglas/acrnimos e entradas que os autores consideram como
expresses sinnimas (por exemplo: laptop computer remete diretamente lapheld
computer).
Todo o sistema de remissivas , nesse caso, um sistema informativo por
equivalncia, uma vez que configura um quadro de extenso semntica.
Jargo: o dicionrio informal dos termos da informtica
O tipo mais comum de remissiva nessa obra a relao entre os paradigmas de
formas equivalentes. Quando no apresenta microestrutura, o verbete tambm indica a
busca de informao atravs de uma remissiva Veja. L o leitor vai encontrar o verbete
com a macroestrutura, contendo os dois elementos (conforme citado) e a respectiva
microestrutura. A palavra Veja tambm usada como remissiva informativa no meio e
no fim das microestruturas, remetendo s novas entradas que sejam sinnimos e/ou
complementem o campo semntico dessa entrada.
Existem tambm remissivas marcadas em itlico dentro da microestrutura.
Essas, porm, se confundem com outras palavras s quais os autores desejam dar
importncia. Algumas vezes, essas palavras em itlico remetem explicaes dentro
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do mesmo artigo. No h, portanto, critrio por parte dos autores quanto remissiva
que no seja iniciada por Veja.
Microsoft Press, dicionrio de informtica
O dicionrio, j na introduo, apresenta as remissivas como:
(...) referncias cruzadas sinnimas, que contm referncias (Ver) aos verbetes principais. Em geral, as referncias cruzadas so formas menos comuns de fazer referncia a uma entrada. A definio de um verbete principal pode ser substituda como uma definio da referncia cruzada sinnima. (p.VIII)
Ainda na introduo, o dicionrio apresenta os trs tipos de remissivas que
sero adotadas na obra: Ver, Ver tambm e Comparar com:
Uma referncia do tipo Ver utilizada em um verbete que uma referncia cruzada sinnima e simplesmente aponta para outro verbete que contm as informaes desejadas. Uma referncia Ver tambm aponta para um ou mais verbetes que contm informaes adicionais ou complementares sobre um assunto e vem logo aps quaisquer acrnimos ou nomes alternativos existentes aps a definio. Uma referncia Comparar com aponta para outro(s) verbete(s) que apresente(m) algum tipo de contraste e vem logo aps quaisquer referncias Ver tambm; caso contrrio, essa referncia seguir quaisquer acrnimos ou nomes alternativos que venham aps a definio. (p. IX)
De acordo com os critrios de CABR, esse dicionrio apresenta remissivas
informativas de equivalncia (Ver) e de contraste (Ver tambm e Comparar com). A
remissiva apresenta o verbete a ser consultado e seu respectivo paradigma de forma
equivalente entre parnteses (em portugus).
H ainda uma remissiva no descrita na introduo: Tambm chamada de. Ela
no remete a outra entrada, apenas apresenta o sinnimo em ingls e seu paradigma de
forma equivalente em portugus.
A remissiva Ver indica tambm, no caso de acrnimos e siglas que esto por
extenso, o local onde a pessoa deve consultar (levando direto para a sigla ou o
acrnimo em si). Nesse caso, o artigo composto apenas pela entrada e pela remissiva,
sem paradigma de forma equivalente.
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Minidicionrio Saraiva de Informtica
As remissivas se resumem a duas: Ver (que apresenta o paradigma de forma
equivalente, sigla/acrnimo, possibilitando a consulta dentro da obra), informativa
equivalente e Ver tambm, informativa inclusiva/contrastante.
Websters New World: dicionrio de informtica
O dicionrio apresenta a idia de referncia cruzada como duas opes
distintas: um glossrio ingls/portugus no incio da obra (conforme comentado) e o
sistema de remissivas em si. A introduo faz comentrios quanto s remissivas, mas
apenas mostrando a vantagem de consult-las.
O sistema de remissivas montado atravs da palavra Ver, sempre no final de
uma acepo ou no final do artigo. As remissivas so informativas por equivalncia
(sinnimos; siglas/acrnimos) ou por contraste/incluso. Sinnimos podem ser
precedidos por sinnimo de, porm no em itlico e dentro da mesma
microestrutura, por vezes substituindo o paradigma definicional.
5.5 Anlise contrastiva
Como j foi citada anteriormente, a escolha das obras apresentadas no foi mera
coincidncia. Podemos perceber inmeras diferenas quanto ao tratamento dispensado
s propostas, macro/microestruturas e ao sistema de remissivas de cada dicionrio.
No que tange s propostas, algumas no apresentam nenhuma preocupao em
explicar ao consultante a estrutura da obra (DICMaxi e Saraiva), no havendo nem
informao sobre sua apresentao informal (Jargo e Webster) nem sobre o cuidado e
ateno quanto sua estrutura interna (Microsoft). Nesse sentido, nenhuma das obras
apresenta, na introduo, informaes pormenorizadas encontradas em obras
lexicogrficas gerais da lngua portuguesa, como os dicionrios Aurlio e Houaiss.
A origem dos verbetes que compem a macroestrutura, de um modo geral, no
explicitada. A quantidade de verbetes s mencionada em DICMaxi, o que denota a
irrelevncia da informao para os autores. Todos os dicionrios so semasiolgicos e
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apresentam-se organizados em ordem alfabtica. Alguns partem da ordem
ingls/portugus (DICMaxi, Microsoft), mas o inverso, portugus/ingls, tambm
ocorre (Webster, com um glossrio na ordem inversa no incio da obra) assim como a
forma mista (Jargo, Saraiva). Todos contm lexias simples, compostas e complexas,
ainda que trs deles (DICMaxi, Jargo e Webster) no apresentaram solues para
todos os verbetes anteriormente propostos (vide 5.3.1).
O processo de classificao dos verbetes em uma relao de
hiperonmia/hiponmia pode obedecer a dois critrios: nova acepo na microestrutura
ou novo verbete. Alguns dicionrios misturam essas possibilidades (DICMaxi, Jargo,
Saraiva), outro apresenta sempre um novo verbete (Microsoft) e ainda um outro faz
uma verdadeira ginstica no momento da classificao (Webster). Alguns
apresentam uma separao entre os verbetes baseados no nmero em relao aos
verbetes classificados na ordem alfabtica (Webster, Microsoft, Jargo).
O leiaute das macroestruturas bastante diversificado. Enquanto os dicionrios
da Microsoft e Webster seguem um padro mais tradicional de uma obra lexicogrfica
geral, o dicionrio Jargo apresenta uma ordem inovadora com a incluso de barras
horizontais. O dicionrio Saraiva, por sua vez, parece jogar os verbetes no papel
entre vrias figuras e tabelas sem preocupao formal. O DICMaxi, por no ser
impresso, apresenta uma estrutura baseada em janelas (duas, na vertical), caracterstica
tpica de um programa que funciona no ambiente Windows.
Fica claro aps a anlise das microestruturas que as obras no seguem o mesmo
padro. Se analisarmos o quadro comparativo, perceberemos que, cada verbete dentro
de um mesmo dicionrio no apresenta a mesma microestrutura dos que esto ao lado.
Sabemos que verbetes diferentes pedem solues diferentes, mas fica evidente que em
nenhuma obra houve a preocupao de estabelecer um padro antes de comear a
montar as estruturas.
O sistema de remissivas tambm varia bastante de obra para obra. A despeito de
ser dividido em dois tipos
uma remissiva inicial, que remeteria ao termo completo
(no caso de siglas e acrnimos) ou ao termo equivalente e a remissiva propriamente
dita
de um modo geral, a opo feita pelo sistema de remissivas informativas de
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equivalncia (todos os dicionrios) e/ou contraste/incluso (com exceo de DICMaxi)
propostos por CABR. No h, dessa maneira, a incluso de remissivas prescritivas
em nenhuma das obras analisadas.
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6. PROPOSTA DE UM NOVO MODELO
Aps a anlise dos dicionrios selecionados, nosso objetivo lanar os
fundamentos daquilo que seria, ao nosso ver, um glossrio destinado exclusivamente
aos tradutores.
Comeamos com a rvore de domnio dos campos da rea de informtica e
elaboramos, na seqncia, um perfil da mesma. Propomos nossos modelos de
macro/microestruturas, bem como o sistema de remissivas com a respectiva ficha
terminolgica (na estrutura e comentada), que abarque a metodologia a ser aplicada na
busca de informaes no crpus.
Para comprovar a eficcia do modelo, fazemos a seleo de alguns termos
retirados do crpus e neles aplicamos a ficha terminolgica e a conseqente
composio das estruturas. Colocamos o resultado no formato de um dicionrio (em
dois dos formatos de sada que discutimos) para que a proposta se assemelhe, o
mximo possvel, a uma obra real.
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6.1 rvore de domnio da informtica
Computao
Hardware Software Rede
Computadores Perifricos Hardware Software Sistemas Operacionais
Aplicativos de Escritrio
Aplicativos Grficos
Aplicativos de Segurana
Drivers Linguagens de Programao
Banco de Dados
Desktops
Handhelds
Notebooks
Mainframes
Workstations
Impressoras
Monitores
Placas
Drives
Teclados
Mouse
Treinamento
Dispositivos
Rede Fsica
Perifricos
Internet
Escolas de Computao
Material Didtico
Cursos Superiores
Programas Diversos
Intranet
Vdeo Games
Scanner
Curso Tcnico
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6.2 Perfil da rea
Como j citamos anteriormente, a rea de informtica (ou computao, os
termos normalmente aparecem como sinnimos) uma das mais dinmicas dentre as
reas tecnolgicas quanto produo de novos termos. Como em outras reas, esses
costumam ser criados cada vez que uma nova tecnologia, um novo aparelho ou uma
nova tcnica fabril so desenvolvidos. Entre as caractersticas terminolgicas da rea,
podemos citar:
Assim como em outras reas do conhecimento, os neologismos so bastante
comuns22. Em sua maioria, so emprstimos do ingls.
Os termos criados aqui tendem a usar radicais gregos e latinos, especialmente
quando se referem a quantidades.
Os tcnicos, jornalistas e as empresas usam o processo de composio para agrupar
em um termo diferentes reas, ou seja, pode-se juntar um termo de uma rea com o
termo de outra (dentro de uma lexia composta ou complexa) para denotar que h
um novo produto, hbrido dessas reas distintas.
Siglas e acrnimos so constantes e tambm usados na criao de novos termos
derivados. A alta freqncia desses termos pode ser demonstrada com a sigla
WWW, termo mais comum da rea.
Alguns neologismos no chegam a ser dicionarizados, especialmente quando a
tecnologia, o aparelho ou a tcnica s quais pertenciam tm vida til bastante curta.
As lexias costumam aparecer em toda sua variedade estrutural: simples, compostas,
complexas.
Citaes a nomes de fabricantes e produtos so comuns, j que os rgos de
imprensa os divulgam atravs de anlises dos mesmos (especialmente em testes
comparativos de desempenho e na relao custo/benefcio).
22 Verificamos ainda processos raros no sistema da lngua portuguesa, como aquele que ALVES (1990, p. 48) chama de convergncia entre derivao e composio: telePCpatia (OESP, 30.07.2001). Nesse caso, em especfico, ele representaria um tipo de composio + infixao.
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Os anncios da rea so bastante explicativos, raramente se apiam na emoo e
no usam frases elaboradas como os de outras reas. Procuram, atravs de longos
textos, demonstrar a seriedade e a confiana que o leitor pode depositar no produto.
6.3 Elaborao da Macroestrutura
Nesta proposta, para a elaborao da macroestrutura, deve-se primeiramente
levar em considerao o pblico-alvo: o tradutor, que sempre tem urgncia,
caracter