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AMÁLIA MARANHÃO RIBEIRO MAURÍCIO DE ROSIS FILHO PROPOSTA PARA O PROJETO DE RECICLAGEM DAS APARAS DO PAPEL GRÁFICO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Formulação e Gestão de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial ao Título de Especialista. Orientadora: Prof a . Dr a . Rossana Lott Rodrigues LONDRINA 2008

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AMÁLIA MARANHÃO RIBEIROMAURÍCIO DE ROSIS FILHO

PROPOSTA PARA O PROJETO DE RECICLAGEM DASAPARAS DO PAPEL GRÁFICO DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE LONDRINA

Monografia apresentada ao Curso dePós-Graduação em Formulação eGestão de Políticas Públicas daUniversidade Estadual de Londrina,como requisito parcial ao Título deEspecialista.

Orientadora: Profa. Dra. Rossana LottRodrigues

LONDRINA2008

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AMÁLIA MARANHÃO RIBEIROMAURÍCIO DE ROSIS FILHO

PROPOSTA PARA O PROJETO DE RECICLAGEM DAS APARAS DOPAPEL GRÁFICO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Formulação e Gestão dePolíticas Públicas da Universidade Estadual deLondrina, como requisito parcial ao Título deEspecialista.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________Profa. Dra. Orientadora Rossana Lott

RodriguesUniversidade Estadual de Londrina

____________________________________Profa. Dra. Maria de Fátima Sales de Souza

CamposUniversidade Estadual de Londrina

____________________________________Prof. Ms. Paulo Eduardo Lacerda

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 04 de julho de 2008.

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AGRADECIMENTOS

A equipe dos servidores da UELA equipe dos servidores da UELA equipe dos servidores da UELA equipe dos servidores da UELA equipe dos servidores da UEL,

Pela disponibilidade, pronto atendimento epor

não medir esforços para propiciar os dados

presentes.

À equipe da GRÁFICAÀ equipe da GRÁFICAÀ equipe da GRÁFICAÀ equipe da GRÁFICAÀ equipe da GRÁFICA,

Por ter contribuído com o resultado da

pesquisa.

À orientadoraÀ orientadoraÀ orientadoraÀ orientadoraÀ orientadora,

Professora Dra. Rossana Lott Rodrigues,

Que direcionou com total segurança, competência,

carinho e incansável dedicação o conteúdo teórico

e prático deste trabalho.

Ao professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do curso,

Gerson Antonio Melatti

Pelo incentivo e pela excelente coordenação do

curso, além da amizade que contribuiu para

superar essa caminhada.

Aos docentesAos docentesAos docentesAos docentesAos docentes,

Pelo repasse de novos conhecimentoscontribuindo, ainda mais, para a

qualificação profissional.

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A Maria Helena Arias de MouraA Maria Helena Arias de MouraA Maria Helena Arias de MouraA Maria Helena Arias de MouraA Maria Helena Arias de Moura,

Pelo apoio, sugestões e parceria que possibilitou a

valiosa execução desta pesquisa.

Á Escola de GovernoÁ Escola de GovernoÁ Escola de GovernoÁ Escola de GovernoÁ Escola de Governo,

Por ter proporcionado esse curso destinado

à capacitação de servidores.

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RIBEIRO, Amália Maranhão; ROSIS FILHO, Maurício. Proposta para implantaçãode um projeto de reciclagem das aparas do papel gráfico da UniversidadeEstadual de Londrina. 2008. Monografia (Especialização em Formulação e Gestãode Políticas Públicas) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

RESUMO

O desafio dos governos municipais, na atualidade, perpassa pela gestão sustentáveldas cidades, porém, seu crescimento em todo continente, é um dado irreversível,tornando-se um fenômeno complexo. Atrelado a vários fatores ambientais está a questãodo gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. A coleta, disposição final são aspectosconcernente a atuação do poder público. A coleta seletiva e a reciclagem apresentam-se como alternativas no sentido de minorar o problema dos resíduos gerados nascidades, distendendo a vida útil dos aterros sanitários. Nesse contexto é fundamentalque cada um cumpra seu papel nesse processo, começando por ações simples, masque venham corroborar para atenuar esse processo. Para isso, o propósito destetrabalho é sugerir a implantação de um projeto de reciclagem e reuso das aparas dopapel gráfico disponibilizadas pela Gráfica da Universidade Estadual de Londrina.Desenvolvendo oficina de reciclagem, com tendência a converter o papel reciclado emartefatos produzidos artesanalmente. O referencial teórico da proposta aborda fatoresrelativos ao meio ambiente, resíduos sólidos, bem como do processo de reciclagem,aplicando o princípio dos 3 R’s (reduzir, reutilizar, reciclar). Na primeira etapa, pretende-se trabalhar apenas com alguns servidores da Gráfica, da Instituição e um professordo Departamento de Arte Visual, apoiando a criatividade, para, após sua estruturação,tornar-se um projeto de inclusão social, em parceria com instituições com esse caráterACIDUEL - Associação de Ação e Cidadania Pró-Servidores e EPESMEL – EscolaProfissionalizante e Social do Menor de Londrina.Nessa nova etapa será indispensávela busca por investimentos externos para a ampliação e modernização do parque gráfico,assim como na aquisição de maquinários específicos, uma vez que esses equipamentosserão envolvidos no processo de transformação do papel reciclado, agregando-se valorsocial, econômico, ambiental e cultural.

Palavras-Chave: Meio Ambiente. Resíduos Sólidos Urbanos. Reciclagem.

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RIBEIRO, Amália Maranhão; ROSIS FILHO, Maurício. Proposal for implementationof a recycling project of the borders of graphic paper of the State University ofLondrina. 2008. Monograph (Specialization in Formulation and Management ofPublic Politics) - State University of Londrina, Londrina, 2008.

ABSTRACT

Nowadays, the challenge of the municipal governments goes beyond the sustainablemanagement of the cities however, its growth in all continents is an irreversible fact,becoming a complex phenomena.In addition to several environmental factors is the problem of the management of theurban solid residues. The collection and the final arrangement are responsibility of thepublic department. The selective collection and the recycling are presented asalternatives to diminish the problem of the residues in the cities, helping the sanitarylandfills duration. In that context is fundamental our participation, beginning with simpleactions that are going to corroborate for this. The purpose of this project is going tosuggest the implementation of a recycling project and reuse of the borders of graphicpaper disposed by the Graphic of the State University of Londrina. Developing office ofrecycling with tendency to convert the paper recycled in devices produced craft. Thetheoretical reference of the proposal approaches relative factors to the environment,solid residues, as well as the process of recycling, to apply the principle of the 3 R’s(reduce, reuse, recycle). In the first phase, we intend to work with some servers of theInstitution Graphic and a Professor of Visual Art Department, supporting the creativityand after the structuring, to become an enclosure social project in partnership withinstitutions like ACIDUEL – Associação de Ação e Cidadania Pró-Servidores andEPESMEL – Escola Profissionalizante e Social do Menor de Londrina. In that newphase will be indispensable the search to external investments for the enlargement andmodernization of the graphic park, as well as the acquisition of specific machineries,since those equipment will be involved in the process of transformation of the recycledpaper, adding itself cultural, environmental, economic, and social value.

Keywords: Environment. Urban Solid Residues. Recycling.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Tempo Aproximado de Decomposição .................................................. 34

Quadro 2 - Papel Reciclável e Não-Reciclável.........................................................40

Quadro 3 - Custos para Manutenção dos Equipamentos da Gráfica/UEL .............. 75

Quadro 4 - Custos para Aquisição de Novos Equipamentos para Gráfica/UEL ...... 76

Quadro 5 - Custos para a Construção e Equipamentos para Implantação do Projeto ............................................................................................. 77

Quadro 6 - Custos da Matéria-Prima para Implantação do Projeto ......................... 79

Quadro 7 - Pessoal Envolvido no Projeto ................................................................ 79

Quadro 8 - Pessoal e Órgãos Envolvidos no Projeto...............................................80

Quadro 9 - Demonstrativo de Receita da Venda dos Artefatos e das Despesas do Projeto de Reciclagem - Gráfica/UEL.................................................... 84

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 11

2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 11

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 11

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 12

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 16

4.1 QUESTÃO AMBIENTAL............................................................................................... 16

4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E GERENCIAMENTO ................... 20

4.3 COLETA SELETIVA, RECICLAGEM, 3 R’S (REDUZIR, REEUTILIZAR E RECICLAR) .................. 25

4.4 PROCESSO DE RECICLAGEM DE PAPEL ....................................................................... 35

4.5 VANTAGENS DA RECICLAGEM DE PAPEL ...................................................................... 37

4.6 MERCADO PARA A RECICLAGEM DE PAPEL ................................................................... 38

5 RECICLAGEM EM ALGUMAS UNIVERSIDADES ............................................... 41

6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INDÚSTRIA GRÁFICA ......................................... 48

6.1 OS PRINCIPAIS INSUMOS NO PROCESSO GRÁFICO ........................................................ 49

6.2 RESÍDUOS RESULTANTES.......................................................................................... 49

6.3 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS ............................................................................... 51

6.4 MEDIDAS DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA .......................................................................... 53

6.5 TIPOS DE PAPEL E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ......................................................... 55

7 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................... 60

8 RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................... 66

8.1 AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS PARA O FUNCIONAMENTO DO PROJETO............................67

8.2 MONTAGEM DA OFICINA DE RECICLAGEM ..................................................................... 73

8.3 FINALIDADE DO PRODUTO ......................................................................................... 74

8.4 DISSEMINAÇÃO DOS RESULTADOS .............................................................................. 75

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CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 78

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 81

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101 INTRODUÇÃO

O impacto ao meio ambiente causado pelos resíduos originados pelo

modo de vida da sociedade contemporânea tem se transformado em crescente

preocupação com o destino do planeta.

O tratamento final do lixo não é função apenas do poder público, mas

de toda sociedade que o gerou, fato que torna essencial a conscientização ambiental

para que todos participem e se responsabilizem no sentido de preservar os recursos

naturais.

A finalidade do projeto é dar um destino às aparas do papel gráfico da

UEL, visando reduzir a quantidade de resíduo destinado ao descarte, bem como o

reaproveitamento dessas aparas para expor as possibilidades e os efeitos da reciclagem.

As medidas adotadas para viabilizar o projeto começam com a definição

do espaço físico, isto é, delimitar uma área adequada, de fácil acesso interno e externo,

para o armazenamento do papel, instalação dos tanques, equipamentos, bancada,

mesa de madeira e varal. Assim como a aquisição e confecção de alguns equipamentos

e do material de consumo.

O processo de reciclagem e reuso do papel ocorrerá através da

montagem de uma oficina de reciclagem seguindo todos os passos característicos no

processo da reciclagem. Na criação de papel artesanal, na confecção de objetos como

sacolas, convites, marcadores de livro, capa para agenda, pasta para evento, caixa e

papel para embalagem, entre outros.

É nesse contexto que se pretende dar destino ao que se considera

lixo, que são as aparas do papel geradas pela Gráfica da Universidade Estadual de

Londrina, resultado do processo de pré e pós-impressão. Esse papel é adquirido no

mercado, em forma de pacotes no tamanho 66,00 x 96,00cm.

De acordo com a ANAP (2007), Associação Nacional dos Aparistas de

Papel, as aparas são entendidas como sobras de papel aparado ou cortado pela

guilhotina gerados em gráficas nos processos de pré e pós-impressão, bem como de

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atividades comerciais, residenciais e de outras fontes. No processo de pré- impressão

é necessário deixar o papel no formato de acordo com o que será confeccionado, após

essa etapa o impresso será refilado, dando assim, o acabamento do mesmo (pós-

impressão).

Contudo, as aparas do papel gráfico da UEL, de acordo com as normas

que regem a reciclagem, é um resíduo limpo, o qual poderá ser transformado em papel

para impressão e/ou objetos como sacolas, caixas, convites, entre outros. Atualmente

ele é vendido a empresas voltadas à reciclagem, porém ao ser recolhido e transportado

até o destino da comercialização perde na qualidade e conseqüentemente no valor,

pois, junta-se a outros papéis menos valorizados pelo mercado.

O grande volume dos resíduos sólidos urbanos (RSU), na atualidade

se apresenta como um dos grandes problemas ambientais gerados nos aglomerado

urbanos de médio e de grande porte.

As Universidades também são grande geradoras de resíduos, o que

requer programas de planejamento com ações voltadas ao gerenciamento desses

resíduos mediante um plano de coleta seletiva, tratamento e destinação final.

Procurar reduzir os resíduos, recuperar aqueles possíveis e

proporcionar formas de reuso, bem como encaminhar o excedente para venda às

empresas do ramo de reciclagem.

É ilimitado os ganhos ambientais com o ato de reciclar. Sabe-se que

reutilizar material reciclado é uma prática antiga, tanto no passado quanto na atualidade,

ainda se emprega essa prática. A reciclagem exige refletir e perceber o meio natural,

social e cultural. Os produtos desenvolvidos pela ação de reciclar leva a pensar sobre

benefícios sociais e econômicos tanto para o país quanto para a natureza.

Sabe-se que a gestão da política de resíduos sólidos urbanos, a

Constituição Federal, artigo 30 – dos Municípios – e artigo 182 – da Política Urbana,

atribui aos municípios o serviço de recolhimento e destinação do lixo que pode ser

estatal ou prestado sob regime de concessão ou permissão para firmas particulares.

Em Londrina, a gestão deste serviço está a cargo da CMTU –

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Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização. A coleta seletiva também é gerenciada

pelo mesmo órgão e regulamentada pela resolução nº 11 de 04 de dezembro de 2006,

do CONSEMMA – Conselho Municipal do Meio Ambiente: “Artigo 1º. Estabelecer a

todos os geradores, inclusive os residenciais, comerciais e industriais do Município de

Londrina a obrigatoriedade de separa os materiais recicláveis dos demais resíduos”

(CONSEMMA, 2006).

O projeto se justifica por se tratar de um assunto que envolve toda a

sociedade, uma vez que esta habita o planeta, e é interesse de todos a busca de

solução para a questão dos resíduos sólidos urbanos.

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132 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Apresentar proposta de projeto para implementação de oficina de

reciclagem e reuso das aparas do papel gráfico na Universidade Estadual de Londrina.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Quantificar a matéria-prima disponível;

- Apresentar os custos para viabilizar o projeto;

- Expor formas para o reuso do papel reciclado e de comercialização;

- Sugerir ações para a criação do projeto de inclusão social, a partir da

reciclagem e reuso do papel.

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143 METODOLOGIA

A metodologia adotada na pesquisa fundamentou-se em levantamento

bibliográfico sobre a questão ambiental com enfoque nos resíduos sólidos urbanos

(RSU), considerando a natureza do estudo que pressupõe a implantação de um projeto

de reciclagem.

A importância do ato de pesquisar está bem expressa no pensamento

de Demo (2001, p.34),

é o processo de pesquisa que, na descoberta, questionando o sabervigente, acerta relações novas no dado e estabelece conhecimento novo.É a pesquisa que, na criação, questionando a situação vigente, sugere,pede, força o surgimento de alternativas.

Sabe-se que a metodologia exerce papel fundamental na pesquisa, é

nela que se define “como” serão investigados os dados para responder ao problema

proposto.

A pesquisa bibliográfica se constitui numa fase imprescindível para

qualquer pesquisador, ela é realizada a partir do levantamento de dados já analisados

e publicados por meios escritos e/ou eletrônicos. Ela tem como objetivo

encontrar respostas aos problemas reformulados e o reuso é a consultados documentos bibliográficos. Para encontrar o material que interessanuma pesquisa é necessário saber como estão organizadas asbibliotecas e como podem servir os documentos impressos. (CERVO;BERVIAN, 1983, p.79).

Segundo Lima e Mioto (2007), na pesquisa bibliográfica, a leitura é a

técnica principal, através dela é que se identifica as informações e os dados contidos

no material selecionado, assim como verificar as relações existentes entre eles de

modo analisar a sua consistência.

Desta forma, empenha-se com este trabalho obter informações a partir

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da abordagem acerca dos aspectos que norteiam a questão ambiental, bem como os

resíduos sólidos urbanos, coleta seletiva e reciclagem. A utilização da pesquisa

bibliográfica garantiu amplitude na descrição, explicação e compreensão da realidade

ambiental.

O material bibliográfico utilizado foi composto por fontes primárias,

aquelas que contém informações originais, como a legislação, bem como as fontes

secundárias, as quais tem a função de facilitar o uso do conhecimento disperso nas

fontes primárias. Apresentam a informação organizada, que são os artigos científicos,

dissertações, teses, entre outros, e as fontes terciárias, com a função de guiar o usuário

para as fontes primárias e secundárias como os livros.

No desenrolar da pesquisa consultou-se livros, revistas, jornais,

publicações periódicas, anais, monografias, dissertações, teses, sites na internet nas

páginas de instituições voltadas à questão ambiental, ONGs, nas instituições de ensino

e de pesquisa e revista eletrônica.

A parte prática do trabalho está estruturada na visita às instalações do

projeto de reciclagem da UEM – Universidade Estadual de Maringá. No período da

visita as instalações eram precárias, as atividades estavam apenas no início. Porém, o

prédio para abrigar o projeto já estava em construção nas dependências do campi

para abrigar o PRÓ-RESÍDUOS. Atualmente, sabe-se que o projeto já funciona nas

dependências do novo prédio.

Para conhecer os projetos desenvolvidos nas outras universidades o

contato foi feito via internet, com acesso aos sites e e-mail.

A organização da proposta dos custos foram levantados em diversos

órgãos da UEL, com pessoas que atuam na área da reciclagem, de engenharia e de

compras. Bem como a empresas que comercializam equipamentos gráficos e prestadora

de serviço.

Os custos de manutenção dos equipamentos já existentes foram

fornecidos por uma empresa que presta serviço de assistência técnica ao maquinário

da gráfica/UEL. O valor dos equipamentos novos e semi novos foi adquirido diretamente

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com as empresas que comercializam equipamento gráfico, o contato foi via internet e

telefone.

Par os equipamentos novos e semi novos, para a máquina de corte e

vinco, foi nas empresas GRUPO FURNAX, e na ROSSET - Comércio de Máquinas

Gráficas Ltda, ambas com sede em São Paulo e o contato foi via internet. Na empresa

ROSSET, também foi levantado os custos das máquinas off set bicolor e a tipográfica

Heidelberg. A máquina perfuradora foi na empresa LASSANE com sede em São Paulo

e o contato foi via internet e telefone. O laboratório de fotomecânica, que hoje, é

conhecido como laboratório digital nas empresas GRAPHS - Máquinas e Equipamentos

Gráficos e GRAPHTIME - Materiais Gráficos Ltda, ambas com sede em São Paulo e o

contato foi via internet e telefone.

Na Pró-Reitoria de Administração e Finanças, foi coletado dados junto

à Diretoria de Material dos custos sobre os materiais de consumo através do Sistema/

UEL. É o sistema oficial de compras da instituição em que todos os materiais de consumo

para compra direta e material em estoque junto ao Almoxarifado Central.

Nesse sistema estão centralizados os dados dos equipamentos e

materiais de consumo da instituição, bem como o cadastro dos fornecedores.

Subordinado a essa Pró-Reitoria está a Divisão de Fiscalização do Patrimônio, nessa

divisão foi obtido os custos da venda das aparas do papel gráfico para a empresa

recicladora.

O triturador foi por contato telefônico com a empresa COISA ÚTIL,

localizada na Rua Sergipe, Londrina. Os custos das construções (cobertura, tanque,

bancada) por um escritório de engenharia na cidade de Cornélio Procópio-PR.

As peneiras e o cilindro serão confeccionados na Divisão de Marcenaria/

Prefeitura do Campus Universitário, portanto os custos foram adquiridos nesse órgão.

O público alvo estará restrito a alguns servidores da Gráfica e de outros

órgãos da UEL, um docente do Departamento de Artes Visuais, dois estagiários do

curso de Design - CECA/UEL e de dois “menor aprendiz” ligados à EPESMEL, os

quais prestam serviços na gráfica/UEL.

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Para formular as informações a respeito do pessoal e dos órgãos

envolvidos no projeto, os dados dos servidores e do “menor aprendiz” foram adquiridos

junto a Pró-Reitoria de Recursos Humanos/UEL, dos estagiários no Centro de Educação

Comunicação e Artes/CECA - Departamento de Design.

Para a confecção do demonstrativo de receita de venda dos artefatos

foi obtido junto ao Departamento de Artes Visuais/CECA/UEL, já para as despesas, foi

a somatória dos Quadros 3; 4; 5 e 6.

O presente trabalho está organizado em capítulos. O primeiro deles

apresenta o referencial teórico, discorre sobre a questão ambiental caracterizando-se

conceitos, de resíduos sólidos, assim como sua definição, classificação e

gerenciamento. Outros conceitos foram trabalhados como o princípio dos 3 R’s (reduzir,

reutilizar, reciclar).

No segundo, investigou-se sobre projetos de reciclagem desenvolvidos

em universidades brasileiras, mostrando que a preocupação com o meio ambiente é

dever de todos, tanto na esfera pública quanto na privada.

As considerações sobre a indústria gráfica se destina a descrever o

ambiente gráfico e o empenho do setor para implementar normas que norteiam os

cuidados em minimizar os danos ambientais que ela produz.

Na área de estudo traçou-se o histórico da cidade de Londrina e da

UEL, evidenciando como a cidade trata os resíduos produzidos no meio urbano, com a

implantação do projeto Reciclando Vidas. Ao se abordar os passos para estabelecer

uma oficina de reciclagem nas dependências da Gráfica, deverão ser mostradas as

medidas que serão adotadas no decorrer do processo visando assim a implantação do

projeto.

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184 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 QUESTÃO AMBIENTAL

Pela abrangência do tema pretende-se evidenciar, neste capítulo, a

questão ambiental e dos resíduos, assunto que, na atualidade, mobiliza a sociedade

mundial, partindo-se de consulta bibliográfica a alguns autores desse universo complexo.

Sabe-se que a relação entre sociedade e natureza desenvolvidas até

o século XIX, pautou-se no processo de produção capitalista, em considerar homem e

natureza como ponto excludentes. Ao longo do tempo lidou-se com a natureza como

objeto, fonte ilimitada de recursos à disposição do homem, entretanto, a compreensão

tradicional dessa relação perdurou por décadas.

Porém, a partir dos anos de 1960 e 1970, acontece a percepção de

que os recursos naturais são esgotáveis, afirma Bernardes (2003), que o crescimento

sem limites se revela instável, novos valores e paradigmas emergem rompendo com a

contradição sociedade/natureza. Que “revolução ambiental” foi um dos movimentos

sociais mais importantes dos últimos tempos, transformando o comportamento da

sociedade e da organização política e econômica. Suas raízes remontam no século

XIX. Entretanto, no que concerne à questão ambiental, as mudanças ocorrem de fato

após a Segunda Guerra Mundial, é nesse momento que a sociedade percebe a finitude

dos recursos naturais e o perigo quanto ao seu uso incorreto.

Ambientalismo pode ser definido como

forma de comportamento que, tanto em seus discursos como em suaprática, visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre ohomem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural einstitucional atualmente predominante. A ecologia como um conjunto decrenças sociais, teorias e projetos que contempla o gênero humano comoparte de um ecossistema mais amplo e visa manter o equilíbrio dessesistema em uma perspectiva dinâmica e evolucionária. (CASTELLS,1999, p.143).

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Para Castells (1999), a principal forma de ambientalismo é a

mobilização da comunidade local organizando-se em associação, bem como outros

grupos sociais visando impedir a devastação do meio natural. Um exemplo é o

Greenpeace, que nasceu a partir de 1970, na atualidade, representa uma das maiores

organizações mundial, responsável pela mobilização nas questões ambientais. Assim,

novos valores vão surgindo e incorporando às diversas noções ambientais.

Observa-se que esses movimentos que se formaram ao longo do tempo

conseguem mobilizar a sociedade para a questão ambientalista. Apesar dessa

mobilização, ainda hoje persistem graves problemas ambientais arraigados nos hábitos

de produção e consumo, característicos da sociedade capitalista.

No Brasil os movimentos ecológicos surgem a partir das décadas de

1970 e 1980, conectado ao processo de crescimento econômico.

Viola (1987), descreve os movimentos ecológicos no Brasil, dividindo-

os em três fases. A primeira, que denomina de ambientalista (1974-1981), os

movimentos denunciam a degradação ambiental nas cidades e na criação de

comunidades alternativas rurais. A segunda, perpassa por uma transição (1982-1985),

com a expansão dos movimentos ecológicos tanto em termos quantitativos quanto

qualitativos. A terceira, a partir de 1986, os movimentos têm participação ativa no meio

parlamentar. Entretanto, alerta para o fato da falta de consciência ecológica das elites,

do poder público e das classes populares. Advoga que nessa fase haja uma penetração

mais ampla e contundente, onde a população tenha, de fato, poder para implementar

mudanças, opinando na economia, política e no uso do espaço e no processo de

tomada de decisão, através de modelos alternativos de gestão ambiental.

Portanto, é com a Constituição de 1988 que a questão ambiental tem

uma abordagem específica com um capítulo sobre meio ambiente, declarando a Mata

Atlântica, a Floresta Amazônica e o Pantanal, como patrimônio nacional. Institui a base

para a aplicação de multas, obrigação na recuperação dos ambientes degradados e a

lei de compensação da União (royalties) aos estados e municípios pela exploração

dos recursos naturais (hídrico, mineral, petrolífero).

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No Brasil as políticas ambientais destinadas a adoção de medidas que

visam a normatização, discorre Cunha (2003), foram as que mais evoluíram, com a

articulação do poder público no campo dos recursos hídricos, manejo florestal, controle

de poluição, prevenção e combate a incêndios florestais, capacitação para o

planejamento do uso da terra e na promoção de ações concernentes à educação

ambiental.

Desse modo Cunha (2003), afirma que entre as décadas de 1980 e

1990, no Brasil, consolida a política ambiental induzindo ao desenvolvimento sustentável,

promovendo práticas ecológicas e inviabilizando comportamentos predatórios,

estimulando novas formas de manejo dos recursos naturais, engendrando instrumentos

numa parceria entre poder público e sociedade civil.

Observa-se que no Brasil, a questão ambiental nasce em concomitância

com o crescimento econômico, impulsionado pelas migrações internas rural/urbano e

urbano/urbano. Porém, esses movimentos voltam-se apenas a questão da degradação

ambiental no meio urbano e, estavam restritos a pequenos grupos.Todavia, na década

seguinte essa preocupação chega ao poder público, e se consolida sendo disseminada

por toda sociedade.

Constata-se que ao longo da história, a sociedade vem demonstrando

preocupação com a escassez dos recursos naturais, na atualidade, ela procura cada

vez mais valorizar e proteger esses recursos, dando nova dimensão à questão ambiental,

com proteção mundial. Essa nova forma de pensar se solidifica a partir da convocação

das Nações Unidas, através das conferências mundiais sobre o meio ambiente.

Nesse contexto, vale destacar que nas últimas décadas, a questão

ambiental traduz-se numa preocupação mundial, fato este reconhecido pela maioria

dos países. Fatores como destruição da camada de ozônio, alterações climáticas,

desertificação, poluição hídrica e atmosférica, perda de biodiversidade, aumento do

volume de resíduos, são alguns dos problemas que carecem ações mais incisivas.

Diante desse quadro, o ambiente urbano representa o local em que,

de forma perceptível, interage homem e natureza, expressa nas aglomerações de

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pessoas e nas atividades humanas.

Destaca-se o espaço construído como resultado da transformação do

ambiente, este se adequando às necessidades humanas no aspecto da habitabilidade

e no desenvolvimento de suas ações.

Diante disso Groening (2004), contribui para traçar o perfil da realidade

brasileira, destacando que na atualidade 80% da população está vivendo na cidade,

porém, a forma excludente de acesso à terra urbana e de produção da moradia,

engendrou uma urbanização fragmentada, em que a especulação condenou uma legião

de pobres a viverem em favelas, cortiços, loteamentos irregulares e clandestinos. Isso

resulta em condições habitacionais precárias no contexto urbanístico e ambiental.

Essa situação é reforçada quando se constata que a

baixa qualidade de vida nas cidades têm sido agravada ainda mais peladiversidade de formas de poluição resultantes especialmente daprodução industrial e do sistema dominante de transporte por automóveis.Dentre muitos outros problemas socioambientais existentes nas cidades,também devem ser mencionados os serviços públicos insuficientes; adistribuição desigual de equipamentos urbanos e comunitários; a faltade áreas verdes; os padrões inadequados de uso do solo; e a baixaqualidade técnica das construções. (GROENING, 2004, p.45).

Quanto a apropriação do solo urbano, Ferrari (1979), o classifica como

residencial, industrial, comercial e de serviços, institucionais públicos ou privados, áreas

de circulação e áreas de vagas. Contudo, o uso residencial predomina no conjunto das

cidades. O uso comercial, industrial e de serviços, indubitavelmente, se prestam para

atender as necessidades prementes daqueles que utilizam a cidade para residir,

oferecendo, assim, bens e serviços indispensáveis a sua sobrevivência, gerando

riquezas, empregos, excedentes, desta forma, a cidade precisa garantir o equilíbrio

entre os diversos usos a que se destina.

Desse modo, o núcleo urbano provoca significativas e permanentes

modificações no ambiente natural com a remoção da cobertura vegetal original, alteração

topográfica, abertura de ruas, edificação, pavimentação, entre outros fatores. Esse

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processo impacta de forma irreversível o ambiente urbano, o que possibilita alteração

climática, criando condições que constituem o clima urbano.

Diante desse quadro, a degradação ambiental, a expansão

desordenada das cidades e o crescimento populacional, estão entre os desafios da

humanidade perante o processo de urbanização. A sofisticação dos hábitos, o consumo

exagerado dos recursos, onde tudo é fabricado para durar o menor tempo possível, o

planeta vai se transformando num imenso depósito de resíduos.

Nesse contexto, o desenvolvimento de qualquer atividade humana na

área urbana está atrelada a geração de resíduos e efluentes sólidos, líquidos e gasosos,

assim como, no consumo de energia.

Portanto, é conveniente o uso e ocupação do solo urbano sustentado,

para a flexibilização de parâmetros com medidas eficientes na utilização racional da

energia, água tratada, na separação e redução do volume de lixo coletável.

Por isso é que se atenta para o fato de que habitar o meio urbano

significa mudança de hábito, valores, imposição de um estilo de vida calcado no

consumismo e no desperdício, implicando cada vez mais na produção dos resíduos

sólidos que acabam nos lixões, acarretando prejuízo ao meio ambiente e a saúde

humana.

4.2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E GERENCIAMENTO

Para melhor efetividade das reflexões a respeito dos resíduos sólidos

urbanos na relação com o meio ambiente, será caracterizada algumas considerações

sobre esse aspecto. Para efeito de compreensão, adota-se neste trabalho, os termos

lixo e resíduos com o mesmo significado.

Segundo a norma brasileira NBR 10004/2004 da Associação Brasileira

de Normas Técnicas - (ABNT), resíduo sólido é definido como:

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23resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividadesda comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição oslodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles geradosem equipamentos e instalações de controle de poluição, bem comodeterminados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seulançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijampara isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhortecnologia disponível. (ABNT, 2004).

Logarezzi (2004), define resíduo ou lixo como sobras de qualquer

atividade, porém, o que as caracteriza como tal varia dependendo dos “valores sociais,

econômicos e ambientais” que lhes são atribuídas aliada ao ato de descarte. Dessa

forma, resíduos, sem preservar seus valores potenciais, quando se transformam em

“lixo”, obtém “aspectos de inutilidade, sujidade, imundice, estorvo, risco, etc.”

Entretanto, os resíduos existem

desde que os seres humanos passaram a se congregar em tribos, vilase comunidades e o acúmulo de resíduos tornou-se uma conseqüênciada vida. O descarte dos resíduos nas ruas, terrenos baldios, etc, durantea Idade Média, provocou o aumento de ratos e, conseqüentemente oaparecimento da peste bubônica, que dizimou a metade dos europeus.(BAASCH, 1995, p.55).

Pode-se salientar a questão dos resíduos urbanos como um dos mais

graves problemas ambientais contemporâneos. É preciso combater a ideologia

disseminada, a qual preconiza o excesso de consumo, porém é indispensável restringi-

lo em benefício dos recursos naturais limitados.

a) Classificação dos Resíduos

Os resíduos possuem variada classificação, de acordo com a ABNT

(2004), os resíduos podem ser classificados, quanto à periculosidade com o critério de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade (excluídos os

resíduos domiciliares e os gerados em estações de tratamento de esgotos sanitários),

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enquadram-se como:

Classe I – perigosos: quando suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas

podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente (materiais sépticos e

contaminados, entre outros);

Classe II – não inertes: aqueles que não se enquadram nas classes I e III, tais como:

papel, papelão, matéria vegetal e outros;

Classe III – inertes: não apresentam, após teste de solubilização, concentrações

superiores aos padrões de potabilidade da água, exceto os padrões de cor, turbidez,

sabor e aspecto tais como: rochas, tijolo, vidros e certas borrachas e plásticos e difícil

degradabilidade.

Quanto à natureza e estado físico, segundo Lima (1983), se classificam

como sólido, líquido, gasoso e pastoso. Em relação ao critério de origem e produção

se classificam em: resíduo residencial; público; comercial; industrial; agropecuário;

atômico; espacial; radioativo; de serviço de saúde e hospitalar e de portos, aeroportos

e terminais de transportes.

O resíduo do papel oriundo da indústria gráfica se enquadra como

resíduo sólido e industrial, o qual é resultante de atividades industriais, nessa categoria

estão os resíduos da construção civil.

Sabe-se que essa classe de resíduo, em geral, é o grande responsável

pela contaminação do solo, ar e recursos hídricos, em função da forma de coleta e

disposição final, pois, nos centros urbanos, pois, fica a cargo do produtor.

Outras classificações, como em Bidone; Povinelli (1999); Mancini (1999)

e Logarezzi (2004), os quais caracterizam os resíduos sólidos, em relação a

biodegradabilidade, de maneira semelhante, a distinção está na forma de nomear. Os

primeiros autores ordenam como facilmente degradável, no caso da matéria orgânica

presentes nos resíduos de origem urbana; moderadamente degradável, são os papéis,

papelão e material celulósico; dificilmente degradável, pedaços de panos, retalhos,

aparas e serragens de couro, borracha e madeira; não degradáveis, vidros, metais,

plásticos, pedras, terra, entre outros.

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Em Mancini (1999) e Logarezzi (2004), como resíduo reutilizável, aquele

que pode ser reaproveitado de forma inteira, sem a destruição do objeto em que consiste,

geralmente adaptado a uma nova função; reciclável, pode servir como matéria-prima

para confecção de novos produtos, através dos processos de reciclagem (resíduo

reciclável seco) e compostagem (resíduo reciclável úmido); resíduo inservível, é aquele

que num determinado contexto (local e época) não pode ser reutilizável e nem reciclado.

Na indústria gráfica, os resíduos de papel, sob o prisma da

biodegradabilidade, enquadram-se tanto quanto reutilizável como reciclável, é um

resíduo seco e pode se transformar em novo produto.

b) Gerenciamento dos Resíduos

Destaca-se que a destinação dos resíduos urbanos, constitui-se em

sério problema do mundo contemporâneo. Em muitos municípios brasileiros esses

resíduos ainda são recolhidos por caminhões e lançado nos arredores da cidade. O

lixão, é o local preferido pela maioria das prefeituras, para descarte dos resíduos.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, estimam

que no ano de 2000 a produção diária de lixo gerado no Brasil, é em torno de 157 mil

toneladas incluindo o lixo domiciliar e comercial.Entretanto, 20% da população brasileira

ainda não conta com serviços regulares de coleta. Os resíduos sólidos urbanos (RSU)

tem sua destinação demonstrada no Tabela 1, esses números se referem às

porcentagens do lixo coletado, no entanto, a quantidade destinada a reciclagem é

apenas 0,1%, boa parte vai para os lixões. (IBGE, 2000).

TABELA 1 - DESTINAÇÃO DO LIXO NO BRASIL - ANO 2000

Lixão 30,5%

Aterro controlado 23,3%

Aterro sanitário 47%

Compostagem 0,4%

Triagem 0,1%

Fonte: IBGE (2000)

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Porém, os dados apresentados no Tabela 2, evidenciam que quando

se trata dos municípios gerenciarem os resíduos percebe-se que a maioria, 59%, usam

os lixões.

Observa-se que no Brasil não existe compatibilidade entre a elevada

quantidade de resíduos sólidos gerados com a política de investimento público para o

setor. Ainda existe um longo caminho a se trilhar, sendo a melhor solução a ser adotada

na gestão integrada, com a capacitação técnica e a conscientização da sociedade.

Todavia, Lima (1983), enumera as várias formas de gerenciar os

resíduos. Dentre eles os mais comuns são o aterro sanitário, na atualidade, é a prática

mais usada devido a simplicidade no processo de execução aliado ao baixo custo.

Porém, o fator limitante é que necessita de grandes áreas próximas aos centros urbanos,

disponibilidade de material de cobertura diária e de condições climáticas favoráveis o

ano todo.

Tem que ser construído dentro das normas de engenharia, de saúde e

ambiental, com terrenos impermeabilizados para evitar a infiltração do chorume no

solo e lençol freático. Caso contrário irá poluir as águas superficiais e subterrâneas

pelo efeito do chorume, pelos gases nocivos e odor desagradável.

Esse tipo de gerenciamento necessita de monitoramento contínuo dos

TABELA 2 - DESTINAÇÃO DO LIXO NOS MUNICÍPIOS/BRASIL - ANO 2000

Lixão 59%

Aterro sanitário 13%

Aterro controlado 17%

Área alagada 0,6%

Aterro especial 0,3%

Programas de reciclagem 2,8%

Compostagem 0,4%

Incineração 0,2%

Fonte: IBGE (2000)

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gases e dos líquidos. As camadas dos resíduos depositadas são cobertas com terra e

outros materiais inertes, evitando o mau cheiro, presença de moscas, animais e pessoas.

A recomendação é que sejam construídos longe dos centros urbanos,

pois é a alternativa ambientalmente adequada.

A usina de compostagem é o destino de grande parte do resíduo

domiciliar. É um processo de decomposição biológica da matéria orgânica, presente

no lixo, por meio da ação de microorganismos existentes nos resíduos, em condições

adequadas de aeração (processo de renovação do ar de um ambiente, ventilação),

umidade e temperatura.

O resultado desse processo é um composto orgânico. Uma tonelada

de lixo doméstico resulta em torno de 500 quilos de composto orgânico, o qual pode

ser usado na agricultura.

No processo de reciclagem o material descartado é passível de

reutilização. Nos últimos anos é uma solução adotada por vários municípios como

forma de minimizar a vida útil dos aterros, como geração de renda, no enfrentamento

da escassez de empregabilidade do município e da mão-de-obra desqualificada e como

forma de inclusão social.

O lixão é a disposição final de lixo sem qualquer tratamento. É o meio

mais prejudicial ao homem e ao meio ambiente. Mais de 90% dos resíduos no Brasil,

são dispostos em lixões, atitude que tem efeitos desastrosos para o homem e o

ambiente.

Reúne bichos que podem causar doenças, “mau cheiro” e poluição,

atrai também catadores, adultos e crianças, que se contaminam com doenças variadas.

Traz ainda, animais domésticos a procura dos restos de alimentos..

Como os lixões não são controlados, qualquer pessoa ou empresa

pode descartar ali resíduos perigosos, como lixo hospitalar, produtos radioativos ou

tóxicos, os quais deveriam ter um tratamento especial. As populações que habitam o

entorno dos lixões podem se contaminar.

Faz-se necessário o gerenciamento dos resíduos de forma competente,

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pois de forma irresponsável tem como conseqüência a proliferação de

macrovetores; ratos, baratas, moscas, cães, aves, suínos eqüinos e atéo próprio homem, aquele que por falta opção acaba por fazer do lixofonte de sobrevivência, e os microvetores; vermes, bactérias, fungos,actinomicetes e vírus. Os vírus são os de maior importânciaepidemiológica, por serem patogênicos e, portanto, nocivos ao homem.Alguns desses elementos usam o lixo por toda a sua vida. Outros ofazem apenas em determinados períodos. Este fenômeno migratóriopode constituir-se num grande problema, pois o lixo passa a ser umafonte contínua de agentes patogênicos e, portanto, uma ameaça real àsobrevivência do homem. (LIMA, 1983, p.26).

Compreende-se que o gerenciamento adequado dos resíduos

empenha-se em reduzir a degradação do ambiente natural e social, o que pode ser

efetivado através da educação e da utilização das técnicas para redução, reciclagem e

reuso do lixo. O envolvimento da sociedade com a coleta seletiva é primordial,

começando com a separação dos resíduos na origem, e um esforço pessoal na mudança

de hábito.

4.3 COLETA SELETIVA, RECICLAGEM E 3 R’S (REDUZIR, RECICLAR E REUTILIZAR)

Atualmente, a sociedade vem demonstrando preocupação com a ação

antrópica e com a escassez dos recursos naturais.

Entende-se que é preciso criar novos mecanismos visando a

sustentabilidade do planeta. A situação exige a adoção de comportamentos

diferenciados, tanto na esfera pública quanto privada, com relação na produção/

consumo e no gerenciamento dos resíduos sólidos. Coletar e tratar os resíduos faz

parte da nova ordem.

Os danos causados ao meio ambiente pelo consumismo exacerbado

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carecem de reavaliação do comportamento da sociedade, de maneira que venha a

perceber os impactos que cada uma de suas escolhas individuais representam na

destruição do planeta, portanto, se faz necessário na adoção de

novos comportamentos de todos os setores da sociedade para garantirque os resíduos sejam produzidos em menos quantidade já na fontegeradora. Isso implica mudanças nas formas gerenciais, com novasprioridades, que passam do modelo unidirecional e mecanicista paraum sistema holístico e ecológico que garanta, a longo prazo, aestabilização da demanda dos recursos naturais e do volume final deresíduos a serem dispostos, minimizando o processo de degradaçãoambiental. (ZANIN; MANCINI, 2004, p.36).

Zanin e Mancini (2004), avalia os dados levantados pelo IBGE (2000),

e observa que no Brasil, os resíduos sólidos produzidos anualmente, a maioria é disposta

inconvenientemente, sendo despejados a céu aberto (lixões), em rios e outros corpos

d’água e em aterros controlados. Para ela essas são alternativas ecológica e

sanitariamente incorretas, pelo fato de promoverem poluição atmosférica, hídrica e de

solo. No Brasil não há incentivo para a reutilização, devolução de resíduos perigosos

(pilhas, baterias) e reciclagem, são práticas que não se consolidam como atividade

econômica. A reciclagem de resíduos se potencializa apenas na figura dos catadores,

estimulados por questões econômicas, fazendo dessa atividade um meio de

sobrevivência. Coletam, classificam, separam e preparam os recicláveis para

comercialização.

A implantação de programas de coleta seletiva

iniciou oficialmente na Itália, no ano de 1941, em grande parte comodecorrência das dificuldades acarretadas pela Segunda Guerra Mundial.No Brasil, a primeira experiência sistemática foi implantada na cidadede Niterói no Rio de Janeiro, no bairro de São Francisco. (CALDERONI,1997, p.140).

Segundo dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem,

(CEMPRE, 2007), em 2002, dos 5.500 municípios brasileiros apenas 192 adotaram a

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coleta seletiva, atingindo cerca de 10 milhões de brasileiros.

Porém, há muito o que se fazer no que se refere à coleta dos resíduos

urbanos

Infelizmente o Brasil evoluiu muito pouco nas últimas décadas.Universalizamos a utilização dos sacos plásticos para acondicionamentode resíduos a partir da década de 70 no lugar das velhas latas de lixo eestacionamos por aí. Existem algumas tentativas de coleta seletiva dolixo em alguns municípios, mas geralmente, com participação pequenada população. Desta forma, não se garante a real mudança decomportamento em relação ao desperdício de recursos naturais, adestinação inadequada do lixo no meio ambiente e, sobretudo em relaçãoà necessidade de reciclar. (RIBEIRO; LIMA, 2000, p.65).

Observa-se que esta idéia requer amadurecimento junto à sociedade

brasileira, esse é um processo que se fortalecerá a longo prazo trabalhando os aspectos

da educação ambiental, no sentido de se formar uma consciência coletiva no tocante

às práticas de consumo.

A coleta seletiva é o processo de separação dos materiais recicláveis

(papel, vidro, plástico e metal) do restante do lixo. Esse processo é realizado na fonte

geradora, isto é, residências, escolas, fábricas, escritórios, comércio, entre outros. Os

materiais são levados para um centro de triagem e passam por uma seleção mais fina.

Ela proporciona redução na quantidade de resíduos dispostos em

aterros e outros locais, minimizando o impacto ambiental.

São inúmeras as vantagens da coleta seletiva, de acordo com Ferreira

(2003):

. diminui a exploração de recursos naturais renováveis e não-renováveis;

. reduz o consumo de energia;

. diminui a poluição do solo, água e ar;

. diminui a proliferação de doenças e a contaminação de alimentos;

. prolonga a vida útil dos aterros sanitários;

. melhora a qualidade do composto produzido a partir da matéria orgânica;

. melhora a limpeza da cidade ao diminuir o depósito de lixo em lugares

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clandestinos;

. contribui para a formação de uma consciência ecológica;

. possibilita a reciclagem de materiais que iriam para o lixo;

. diminui os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas

indústrias;

. diminui o desperdício;

. cria oportunidade de fortalecer organizações comunitárias;

. gera emprego para a população não qualificada;

. gera renda pela comercialização dos recicláveis.

A coleta seletiva, de modo mais simplificado perpassa pela

separação primária da matéria orgânica (ÚMIDOS – restos de plantas ealimentos) dos demais materiais (SECOS – vidros, metais, papéis eplásticos). A matéria orgânica pode seguir para uma unidade decompostagem enquanto que os materiais secos, com um grau deimpurezas muito menor do que na coleta convencional, aindademandariam uma separação posterior em vidros, metais, papéis eplásticos. (ZANIN; MANCINI, 2004, p.26).

No entanto, uma coleta seletiva mais avançada, pauta-se no uso de

coletores para cada tipo de material, associado a cores. Esse processo é normatizado

pela Resolução nº 275 de 25 de abril de 2001, do CONAMA (Conselho Nacional do

Meio Ambiente), em que no

Art. 1º - Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos,a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem comonas campanhas informativas para a coleta seletiva.Art 2º - Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbitode órgãos da administração pública federal, estadual e municipal, diretae indireta, e entidades para estaduais, devem seguir o padrão de coresestabelecido em Anexo...Art 3º - As inscrições com os nomes dos resíduos e instruções adicionais,quanto à segregação ou quanto ao tipo de material, não serão objeto depadronização, porém recomenda-se a adoção das cores preta ou branca,de acordo com a necessidade de contraste com a cor base. (CONAMA,2001).

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Esse padrão de cores, de fácil visualização, está de conformidade com

a codificação internacional, são elas:

. AZUL – papel, papelão

. VERMELHO – plástico

. VERDE - vidro

. AMARELO – metal

. PRETO – madeira

. LARANJA – resíduos perigosos

. BRANCO – ambulatoriais e de serviços de saúde

. ROXO – resíduos radioativos

. MARROM – resíduos orgânicos

. CINZA – resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível

de separação.

Para Abreu (2001), as principais dificuldades enfrentadas pela na coleta

seletiva residem no fato da ausência de organização de sistemas de coleta adequados,

da má qualidade do material separado, por contaminação de matéria orgânica e, até

mesmo, por metais pesados, corantes e outros aditivos.

Apesar da regulamentação do CONAMA (2001), para a coleta seletiva

a Gráfica da UEL não segue essa orientação, pois não possui sistema de coleta seletiva,

nem mesmo no que se refere as aparas de papel, as quais são depositadas em

“caixotões” de madeira sem separação por cor, tipo e espécie.

Destaca-se que a coleta seletiva não só contribui para a diminuição da

poluição causada pelo lixo, como também gera economia aos recursos naturais,

matérias-primas, água e energia e, em alguns casos gera renda com a comercialização

do material e também com a reciclagem.

Desse modo, reciclar é fundamental, pois reduz o uso de energia e

dos recursos naturais fazendo com que materiais descartados retornem ao ciclo

produtivo. A partir do final da década de 1980, é que a palavra reciclagem é introduzida

no vocabulário internacional, é nesse momento que o mundo passa a ter contato com

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essa prática diante da percepção do esgotamento dos recursos naturais não-renováveis.

Tanto a qualidade quanto a quantidade dos matérias presentes nos

resíduos a serem reciclados são fatores fundamentais para determinar o potencial da

reciclagem.

A reciclagem é interpretada como um

processo através do qual os constituintes de um determinado corpo ouobjeto passam, num momento posterior, a ser constituintes de outrocorpo ou objeto, semelhante ou não ao anterior. Nesse sentido, trata-sede um fenômeno de larga ocorrência no ambiente natural, eimprescindível para a manutenção da vida como se apresenta na Terra.Na maioria das vezes, tal processo é denominado apenas como‘ciclagem’ [ciclagem de nutrientes, ciclos biogeoquímicos], embora oprefixo ‘re’ enfatize seu caráter recorrente. (TEIXEIRA; ZANIN, 1999,p.25).

No entanto, sabe-se que o processo de reciclagem requer que outras

etapas tenham sido cumpridas com eficiência. Essas etapas envolvem a separação

conveniente do material, na fonte ou nos centros de triagem e também a limpeza dele

para o processamento.

No Quadro 1, Matos (1999), apresenta o tempo necessário para a

decomposição de cada categoria de resíduo, lata de alumínio e plástico demora de

200 a 500 anos para se desfazer no meio ambiente. Já a fralda descartável, garrafa de

vidro e pneu, o tempo é indeterminado, ou seja, traduz-se em ameaça aos recursos

naturais, principalmente ao solo. O papel leva de duas a quatro semanas, porém,

dependendo da forma como foi depositado, sem contato com os elementos que o

decompõe, leva algumas décadas para se desfazer.

Ainda, segundo Matos (1999), a composição de peso do lixo domiciliar

é de 50% orgânico, 30% reciclável, e 20% rejeitos. Estimativas revelam que cada

brasileiro produz cerca de meio a um quilograma de lixo por dia. A quantidade e a

qualidade do lixo produzido em uma cidade está atrelado a vários fatores dentre eles

cultural e econômico. Dependendo da renda isso se manifesta com maior ou menor

consumo de produtos industrializados. O grau de industrialização dos alimentos

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apresenta mais intensidade na quantidade de embalagens e menor volume de resíduos

orgânicos.

No que se refere a reciclagem do papel, são usadas as rebarbas que

sobram da indústria, são chamadas de aparas, esta é a matéria-prima de novos artefatos

no processo de reciclagem. Relembrando, alguns produtos podem ser feitos com 100%

de papel reciclado, já outros ainda necessitam da adição de fibras virgens.

Percebe-se que existe, no Brasil, um potencial enorme para a

reciclagem basta considerar os números em 1996, em que a

economia possível através da reciclagem do lixo no ano de 1996 noBrasil, pode ser estimada em, ao menos, R$ 5,8 bilhões. Deste total, foiobtida economia de R$ 1,2 bilhões, tendo sido perdidos, pela nãoreciclagem, R$ 4,6 bolhões. (CALDERONI, 1997, p.281).

QUADRO 1 - Tempo Aproximado de Decomposição dos Materiais Fonte: Matos (1999, p.19)

MATERIAL TEMPO

Papel 2 a 4 semanas

Tecido de Algodão 1 a 5 meses

Corda 3 a 14 meses

Meia de lã 1 ano

Vara de bambu 1 a 3 anos

Chiclete 5 anos

Estaca de madeira 13 anos

Lata de conserva 100 anos

Lata de alumínio 200 a 500 anos

Plástico Até 450 anos

Fralda descartável Indeterminado

Garrafa de vidro Indeterminado

Pneu Indeterminado

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Nesse quadro conclui-se que isso significa que o Brasil está

engatinhando nessa questão. As associações de catadores e recicladores são o exemplo

nessa direção, porém ainda exite um vasto campo a ser explorado. A reciclagem deve

ser precedida por um sério programa de reavaliação dos comportamentos de consumo

e da forma como lidar com os resíduos.

Essa preocupação não se restringe apenas aos brasileiros, mas a todo

o planeta, pois,

no mundo inteiro a nova ordem é minimizar o lixo. No Brasil, essa questãofoi mais difundida com a Agenda 21, documento elaborado por mais de170 países que participaram da ECO-92 no Rio de Janeiro. Nessedocumento, foi estabelecido o princípio dos 3 R’s: Reduzir o consumode produtos e o desperdício de materiais; Reutilizar e Reciclar osmateriais. Implantar o primeiro ‘R’ é um grande desafio, porque significainterferir na sensação de liberdade e de felicidade das pessoas ou mesmodo poder pessoal que advém com o direito de consumir quanto quiser.(ABREU, 2001, p.26).

Essa discussão serve para destacar que, apesar de se apregoar a

necessidade de reduzir, reutilizar e reciclar (3R’s), o que se exerce de fato, é dar ênfase

ao ato de reciclar. A solução está não apenas na reciclagem, mas numa reflexão do

que se produz e consome, às vezes se depara com produtos com duas ou três

embalagens, quando apenas uma seria o suficiente. A polêmica hoje, reside na

substituição das sacolas plásticas por retornáveis, essa é uma mudança que virá a

longo prazo, quebrando resistências, pois refere-se a mudança de hábito.

Por conseguinte, concebe-se reduzir, reutilizar e reciclar – 3R’s como

um reconhecido sistema internacional que administra o desperdício, denominado de

Hierarquia da Administração do Desperdício. Possui uma hierarquia em que a

organização deve em primeiro lugar procurar a Redução (Reduce) e Reutilização (Re-

use) dos seus recursos. Não sendo possível, a Reciclagem (Reycle) pode ser um

excelente caminho para diminuir os impactos ambientais.

O enfoque dado para o sistema dos 3 R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar),

é embasado em Fachin (2004), em que reduzir a quantidade de lixo é um compromisso

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importante e permanente. Cada pessoa produz cerca de 180 quilos de lixo por ano,

então é fácil perceber que diminuir o desperdício depende muito da atitude de cada

um de nós.

É a melhor opção, porque significa que haverá menos resíduos a

administrar. Caso seja realmente necessário adquirir algo, é importante pensar se

podemos reduzir a quantidade de resíduos resultantes de sua utilização.

Algumas atitudes contribuem para a redução de resíduos para o meio

ambiente, como otimizar a utilização de folhas de papel, pesquisar e desenvolver novos

produtos e processos fabris, evoluir o “ecodesign” de produtos, promover a regulagem/

manutenção de máquinas e equipamentos, etc. Implica em mudança de hábito de

consumo, reduzindo o volume de resíduos sólidos gerados.

Na indústria gráfica, significa manter os frascos dos produtos fechados

para evitar a oxicidação e aumentar sua vida útil; descartar água de lavagem apenas

quando esta não puder mais ser aproveitável. Reduzir o uso de água na lavagem; não

deixar torneiras abertas e diminuir o uso de efluentes. Manter em estoque apenas o

necessário; planejar, prevendo o consumo futuro das matérias-primas; evitar que

passem do prazo de validade; impedir a deterioração das que estiverem estocadas;

evitar perdas por derrame. Reduzir descarte por deterioração e a quantidade de resíduo

gerado.

O próximo passo é reutilizar materiais, trocar, doar à caridade, imprimir

novo uso. Algumas atitudes contribuem para se reutilizar os materiais, como encaminhar

de volta ao fornecedor, quando possível, bombonas, tonéis, barris, vidros, entre outros.

Reutilizar papéis de fotocópias como rascunho, encaminhar cartuchos de impressoras

e de toners para empresas licenciadas pelos órgãos ambientais que possam recarregá-

los, etc.

Como vimos a reutilização se dá de várias formas e representa

economia dos recursos. Na indústria gráfica implica em aumentar a utilização dos

banhos; recuperar e reutilizar banhos, buscar matéria-prima menos tóxica, como usar

revelador sem prata na composição, eliminar resíduos de revelação, usando o

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processamento eletrônico de imagem, impressão via lazer; recuperar metais de banho

de revelação e reutilizar solventes.

O material descartado nas cidades, em grande parte, deveria ser

retirado do lixo comum para ser recuperado como matéria-prima, podendo assim ser

reutilizado na fabricação de um novo produto.

Essa atitude apresenta-se como alternativa econômica, ambiental e

cultural, porque além de minorar os impactos ambientais oriundos da má disposição

dos resíduos, pode criar possibilidade de trabalho e renda para boa parte da população.

Na indústria gráfica o principal produto a se reciclar é o papel maculado

e branco, passando de um resíduo a ser rejeitado para um subproduto a ser modificado

e reutilizado. Porém, outros materiais podem ser reciclados como embalagens

retornáveis, sobras de tinta, óleo lubrificante, segregar o papel por tipo, ou seja, o

branco do maculado, acondicionar e armazenar adequadamente.

As soluções de revelador e fixador através de empresas especializadas

que realizam a recuperação e reuso dos mesmos, bem como a chapa de alumínio,

com alto valor de mercado, e a prata contida nos filmes e solventes.

Constata-se que o modelo atual de desenvolvimento e crescimento

converte a geração em excesso dos resíduos sólidos urbanos, e uma das soluções

para minimizar a redução desses resíduos está na aplicação dos 3 R’s. Além de proteger

o planeta, gera renda, principalmente no Brasil, pois se apresenta como a única

alternativa para um grande contingente da população, que é o retrato da exclusão

social, o trabalho com o lixo é capaz de ajudar a promover a subsistência de milhares

de famílias.

De acordo com os dados do CEMPRE (2007), 90% do lixo produzido

nos escritórios brasileiros compõe-se de papel reciclável, cada tonelada de papel

reciclado, pode substituir uma área de 350 m² de monocultura de eucalipto, com uma

economia de 20 mil litros de água e 1,2 mil litros de óleo combustível.

O papel pode ser reaproveitado passando por um processo de

reciclagem. Estima-se que no Brasil, é grande a disponibilidade de resíduos de papel

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industrial e doméstico habilitado a ser reciclado, esse é um processo que gera retorno

econômico e ecológico.

Segundo Conceição (2003), o índice de reciclagem de papel e papelão

no Brasil em 2003 foi de, aproximadamente, 77,3%, a economia de energia elétrica

por tonelada de 3,51MWh, a de água de 29,202 m3, a redução na poluição da água de

35% e do ar em 74%.

O papel é um material biodegradável e orgânico. Porém, em aterro

com pouca umidade o processo de degradação se torna lento, chegando a demorar

de 3 meses a 100 anos, porque não há contato suficiente com o ar e a água.

4.4 PROCESSO DE RECICLAGEM DE PAPEL

A produção do papel reciclado é semelhante à produção do papel

comum. A principal diferença está na necessidade da utilização de vários produtos

químicos para retirar as impurezas, como tinta e cola.

Dependendo do tipo de papel, apenas a massa reciclada é insuficiente

para garantir a resistência e durabilidade do novo papel. Assim, a indústria opta por

incluir fibra virgem durante o processo.

A reciclagem na indústria se dá com as aparas, misturadas com água

e desintegrada em pulpers (liquidificadores). Os contaminantes (plástico, metal, etc)

são separados através de telas limpadores. Se necessário, a tinta é retirada numa

combinação entre água, substâncias químicas, calor e energia mecânica, Figura 1.

A polpa reciclada é usada no fabrico de papel cartão, papel jornal,

bem como, em papéis usados nas indústrias e nos lares como: papel higiênico, toalha,

lenços e guardanapos de papel, entre outros.

Porém, o processo de reciclagem de papel também gera poluição,

pois consiste em operação que utiliza energia, água e insumos químicos.

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Segundo o CEMPRE (2007), a produção do papel reciclado é aplicada

em 80% para embalagens; 18% para fins sanitários; 2% para impressão. Esse papel é

oriundo 86% do comércio e indústria; 10% de residências, instituições e escolas e 4%

outras fontes. Cada tonelada de papel reciclado poupa cerca de 60 eucaliptos adultos;

2,5 barris de petróleo; 50% da água usada na fabricação normal do papel (ou 30.000

litros); evita um volume de resíduo de cerca de 3m² nos lixões e aterros; gera menos

poluição da água (65%) e do ar (26%) do que a fabricação a partir da celulose virgem.

Cerca de 40% do resíduo urbano é composto de papel. A reciclagem industrial recupera

30% do papel descartado.

FIGURA 1 . Diagrama do Processo de Reciclagem Industrial de PapelFonte: RECICLAGEM..., (2007)

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A reciclagem não é viável a todos os tipos de papel, o Quadro 2 elenca

os recicláveis e não-recicláveis, porém a maioria é reciclável.

Na reciclagem manual o papel é produzido a partir das aparas, ação

que deve ser vista como uma atividade artística e social, que ajuda na disseminação

da cultura da reciclagem. Ambientalmente, as unidades de fabricação devem descartar

corretamente seus rejeitos para não produzir material poluente.

É importante saber que o papel é um emaranhado de fibras vegetais,

ao se transformar o papel novo em reciclado, desfaz-se essa trama e as fibras se

entrelaçam novamente, sua reciclagem dá-se entre cinco e sete vezes.

De acordo com o exposto em Reciclagem... (2006), as etapas para a

RECICLÁVEIS NÃO-RECICLÁVEIS

Saco de papel Papel engordurado

Papel de escritório Carbono

Impresso Celofane

Papel branco Papel plastificado

Papel misto Papel parafinado (FAX)

Papelão Papel metalizado

Embalagem longa vida Papel laminado

Jornais e revistas Papel toalha e higiênico

Aparas de papel Papel vegetal

Papelão Papel siliconizado

Fotocópias Etiqueta adesiva

Embalagen de ovo Fita crepe

Envelopes Papéis sanitários sujos

Folhas de cadernos Guardanapos usados

Rascunhos Tocos de cigarro

Formulários de computador

Cartezes velhos

Caixas em geral

Papel de FAX (sem parafina)

Cartões e Cartolinas

QUADRO 2 - Papel Reciclável e Não-Reciclável Fonte: RECICLAGEM..., (2007).

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reciclagem manual perpassa pela coleta seletiva, triagem, classificação e a

transformação “do que é velho em novo”. O processo de reciclagem de papel de forma

artesanal segue algumas fases:

. rasgar o papel

. amolecer e moer

. diluir a pasta

. sobrepor a moldura

. mergulhar a moldura na vertical e levantar na horizontal

. inverter o conjunto

. enxugar a pasta

. levantar o crivo

. secar a folha nova

. prensar as folhas

. corte da folha

. produtos finais (confeccionados artesanalmente)

4.5 VANTAGENS DA RECICLAGEM DE PAPEL

A reciclagem traz inúmeros benefícios, tanto para o meio ambiente

quanto para o próprio homem, de acordo com o CEMPRE (2007). Como atividade

social, a reciclagem de papel envolve diversos atores econômicos. Em geral, os

consumidores de papel (casas, escritórios, comércio, etc), entregam aos catadores,

cooperativas de catadores, sucateiros, os quais repassam o produto seguindo as normas

estabelecidas pelo mercado. Gera renda a uma população desprivilegiada, permitindo

o resgate de pessoas imersas em condições sub-humanas de trabalho, que fazem dos

lixões e das ruas meio de sobrevivência.

Econômica porque diminui gastos na limpeza pública, no tratamento

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de doenças, no controle da poluição, na construção de aterros sanitários, na remediação

de áreas degradadas, com energia elétrica (necessária para gerar produtos a partir da

matéria prima bruta). E, principalmente, na economia dos recursos naturais.

Já no campo ambiental diminui e previne os riscos na saúde pública.

Os resíduos destinados à reciclagem não são depositados nos lixões e aterros sanitários,

portanto, não contaminam o solo, os recursos hídricos e o atmosférico, os quais

indiretamente, causariam doenças, e, diretamente, a não proliferação de agentes

patogênicos.

A educação ambiental se dá nas centrais de triagem, os aterros

sanitários, as indústrias de reciclagem e compostagem, bem como cada ponto de

geração de resíduos, servem como instrumentos para a formação e a educação

ambiental da criança, do jovem e adultos, pois são locais onde é possível vivenciar e

discutir na prática, conceitos sobre temas conectados com a reciclagem.

4.6 MERCADO PARA A RECICLAGEM DE PAPEL1

Nos Estados Unidos, mais da metade do papel de escritório coletado

pelas campanhas de reciclagem é exportada, porém cada vez mais a indústria

americana reutiliza o papel de escritório como matéria prima, barateando os custos de

produção. O maior mercado consumidor é o de embalagens.

Conforme dados do CEMPRE (2006), no Brasil a disponibilidade de aparas de papel

para reciclagem é grande, porém, periodicamente, a indústria recorre a importação

para abastecer o mercado. Porém, há pouco incentivo para a reciclagem do papel.

Em 2005, apenas 49,5% do papel que circulou no país retornou à

produção através da reciclagem. Esse índice corresponde aproximadamente a 2 milhões

1. Esta seção é baseada nos dados do CEMPRE (2006, 2007).

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de toneladas. Cerca de 86% do papel destinado à reciclagem é oriundo das atividades

comercial e industrial. Nesse mesmo ano, 2005, as indústrias consumiram 2,8 milhões

de toneladas de papel reciclado, porém, o processo de reciclagem assume feições

diferentes de acordo com a região brasileira.

Nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentram as principais indústrias

do país, as taxas de recuperação são da ordem de 64% e 44% respectivamente, contra

16% nas demais regiões.

Segundo os dados do Macedo (2005), o Mapa da Reciclagem no

Brasil do Sebrae - 2005, na atualidade, o Brasil possui cerca de 2.361 empresas

operando no setor de reciclagem, entre recicladores, sucateiros, cooperativas e

associações. A maioria são micro empresas e de pequeno porte.

Vale saber que o papel de escritório é o nome genérico dado a uma

gama de produtos usados em escritórios, incluindo papel de carta, blocos de anotações,

copiadoras, impressoras, revistas e folhetos. A qualidade é medida pelas características

de suas fibras. Nos 327 municípios brasileiros a coleta seletiva do papel ondulado e de

escritório, representa 38% do peso dos resíduos.

No entanto, as limitações para a reciclagem estão na diversidade da

classe do papel, pois o lixo derivado do papel de escritório é formado por diferentes

tipos, forçando os programas de reciclagem a priorizar a coleta de algumas categorias

mais valiosas, como o papel branco de computador. Os papéis mesclados exibem

menor valor, pois contém diferentes fibras e cores, mas, também são coletados para

reciclagem.

Adota-se no Brasil 22 categorias de aparas, nome genérico dado aos

resíduos de papel, industrial ou doméstico. As aparas mais nobres são as “brancas de

primeira”, aquelas que não possuem impressão ou qualquer tipo de revestimento, as

apara mistas são formadas pela composição de vários tipos de papel.

Observa-se que a matéria prima que segue rigidamente as

especificações é a de maior valor do mercado, este aspecto exclui ou limita a presença

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de fibra de madeira e de papel colorido. Neles não pode conter metais, vidro, corda,

pedra, areia, clips, elástico e outros materiais que dificultam o reprocessamento do

papel usado, outro fator reside na umidade, esta não pode ser muito alta. No entanto,

as tecnologias de limpeza do papel para reciclagem vêm minorando o impacto das

impurezas.

Normalmente, o ciclo da reciclagem do papel, envolve, a separação, a

venda para o sucateiro que envia o material para depósitos, onde é enfardado em

prensas, e depois encaminhado aos aparistas. Estes classificam as aparas e revendem

para as fábricas de papel como matéria-prima, aí ele é reciclado, retornando ao mercado.

A reciclagem começou a ganhar impulso considerável com a

implantação dos programas de coleta seletiva.

Conclui-se que é premente o Brasil enfrentar a questão dos resíduos

sólidos, uma vez que a Política Nacional de Resíduos Sólidos está sendo discutida há

mais de dez anos. É uma proposta que trará solução para os problemas ambientais

relativos ao gerenciamento desses resíduos.

O maior avanço dos últimos anos foi a formação de uma Comissão

Especial na Câmara dos Deputados com o intuito de dar parecer sobre essa Política,

que é uma espécie de “cartilha da reciclagem”, em que deverá ser seguida por todos

os municípios, adequando-se a cada realidade, e servirá de incentivo para a criação

de cooperativas e associações.

No decorrer do próximo capítulo, passa-se a relatar algumas

experiências de projetos voltados a reciclagem, desenvolvidos por algumas

universidades brasileiras.

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5 RECICLAGEM EM ALGUMAS UNIVERSIDADES

Dentre vários projetos de reciclagem nas Universidades brasileiras,

apresentamos alguns casos a título de ilustração. Muitos deles estão voltados apenas

para a coleta seletiva dos resíduos produzidos no campus e para a educação ambiental

envolvendo a comunidade universitária. Outros, como projeto de inclusão social,

econômico e de educação ambiental envolvendo a comunidade no entorno da

Instituição, bem como as associações de recicladores e sucateiros.

a) UEM – Universidade Estadual de Maringá2

O Programa de Gerenciamento de Resíduos – PRO-RESÍDUOS UEM

- criado em 2004, abrange as áreas de resíduos biológicos; químicos agressivos líquidos;

químicos agressivos sólidos; de origem agronômica (biomassa vegetal, agrotóxicos e

suas embalagens); de serviços de saúde; radioativos e os comuns.

O objetivo do programa é quantificar e qualificar os diversos resíduos

gerados na UEM (campus sede e extensões). O programa baseia-se nas normas

versadas pelo Plano de Descarte dos Resíduos Perigosos gerados na instituição.

Quanto às aparas de papel descartadas pela UEM, representam um

montante de aproximadamente 500 quilos/dia. O valor comercial das aparas é de R$

0,25 a R$ 0,62 o quilo, para aparas mistas e branca, respectivamente. O montante

anual de receita gerada, varia em torno de R$ 36.960,00 para as aparas mistas e R$

81.840,00 para as de papel branco.

A Universidade possui uma Oficina de Reciclagem de papel que produz

material artesanal, o qual é comercializado junto à comunidade interna e externa, bem

2. Estas informações foram retiradas de PRÓ-RESÍDUOS..., (2004).

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como apresentado em exposições, feiras e eventos. O público envolvido no projeto

são: alunos, funcionários e professores da instituição.

b) Programa USP Recicla – Universidade de São Paulo3

O USP Recicla é um programa interno da Universidade de São Paulo

que busca contribuir para a formação de sociedades sustentáveis por meio de iniciativas

de gestão ambiental e de formação de pessoas comprometidas. O programa foi lançado

em agosto de 1994, possui orçamento próprio.

Trabalha a partir da formação de comissões nas unidades, pois, o

projeto está implantado nos 6 campi da USP, e oferece cursos de especialização para

funcionários; promove a substituição de copos descartáveis por duráveis nos

restaurantes universitários e nos diversos órgãos da instituição, essas medidas

contribuem na redução, em 70%, do peso do lixo gerado pela Instituição.

O programa aplica o princípio dos 3R’s (Redução do consumo,

Reutilização e Reciclagem), conduzindo a comunidade universitária para uma

mentalidade voltada à preservação ambiental com a minimização dos resíduos.

Desenha o diagnóstico do lixo com a observação dos processos

operacionais nas Unidades que compõem os 6 campi, e oferece diretrizes para

implementação do projeto. Com esta atuação, a USP já conseguiu a redução de cerca

de 50% no que se refere ao peso do lixo universitário.

c) UnB – Universidade de Brasília

A UNB destaca-se com vários projetos voltados para a reciclagem, os

quais trabalham basicamente com a comunidade externa.O projeto “Reciclando Papéis

3. Estes dados foram extraídos de MENEZES (2002).

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e Vidas”, do Instituto de Artes (IDA), trabalha com egressos do sistema prisional, em

liberdade condicional, ensina noções de informática, reciclagem de papel, higienização

e encadernação de livros.

Criado em 2003, o projeto de qualificação profissional de egressos do

Sistema Penitenciário do Distrito Federal, atendeu 25 ex-penitenciários, em que seis

deles prestam serviço para o Centro Universitário de Brasília (UniCeub), os quais

trabalham com higienização de 10 mil livros. (A ARTE..., 2007).

Na produção e reciclagem de papel, seu diferencial está na reinserção

social e na promoção da auto-estima dos egressos do sistema prisional. Nas aulas de

restauração e encadernação, produzem agendas e cadernetas. Aprendem a reciclar e

fazer papel artesanal a partir de fibras de pita, bananeira e sizal, estudam informática,

e no subsolo da Biblioteca Central fazem higienização dos livros e textos.Tem parceria

com o Ministério da Justiça, e com apoio financeiro da ONG americana Brasilfoundation.

Os alunos também recebem os serviços de apoio psicológico e aulas de informática,

recebem uma bolsa mensal de R$ 400,00 financiados pelo Ministério. Envolve

professores e alunos da UnB, e funcionários da Secretaria de Educação do Distrito

Federal. (CASTRO, 2003).

Outro projeto criado em 2003, é o de “Resíduos Sólidos, Reciclagem e

Inclusão Social”, o projeto trabalha com a capacitação de catadores de lixo a partir de

resíduos de papel, vidro e da construção civil. Eles aprendem a produzir materiais

como tijolos, azulejos, cartões, blocos, pastas, caixas e embalagens. A ação conta

com mais de 12 integrantes. (BONFATI, 2006).

O projeto “Reciclagem de Papel Moeda” é uma parceria entre a

Instituição e o Banco Central, que é a reciclagem do papel-moeda, antes esse material

ia para o aterro sanitário, cerca de 40 toneladas/mês. Pesquisa realizada pelo Instituto

de Artes (IDA) da UnB, resultou na reciclagem desse papel, o qual é transformado em

blocos, base para agendas, envelopes e papel para forrar caixas. Desde o início do

estudo, em 1994, o Banco Central já forneceu 600 quilos de papel-moeda picado, os

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objetos criados a partir da reciclagem, são comercializados nos eventos, o dinheiro é

reinvestido em recursos para o projeto de qualificação de egressos do sistema prisional

do Distrito Federal Reciclando Papéis e Vidas. (CASTRO..., 2006).

Já o projeto de “Reaproveitamento das Fibras de Acetato de Celulose”,

criado em 2002, reaproveita a “bituca do cigarro”, e a transforma em matéria-prima

para produção de papel reciclado, com o aproveitamento da bituca, filtro e tabaco,

estes fornecem as fibras que dão origem ao papel, e as cinzas servem de base no

processo. As pontas e os filtros são separados e misturados em água, soda cáustica,

água oxigenada e cozidos.O rendimento é de 100%, isto é, 0,4 gramas de bituca,

resultará em 0,4 gramas de papel reciclado. A pasta resultante é colocada para secar,

nesse momento se forma o papel. É possível se obter um papel nobre, e apropriado

para escrita e impressão. O projeto é apresentado como inovação tecnológica. (KRANZ,

2004).

Outro projeto em desenvolvimento na instituição é transformar em papel

o resto da colheita de soja, bem como resíduos da bananeira, cana-de-açúcar, paina e

sobras de grama, após sua poda.

d) UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro

O Projeto de Coleta Seletiva na UERJ – Campus Maracanã, tem como

objetivo desenvolver metodologias educativas para a coleta seletiva de materiais

recicláveis e aplicáveis às instituições públicas e/ou privadas. Foi criado em 1999.

A metodologia perpassa pela identificação dos setores e departamentos

para distribuição de caixas coletoras de papel e planejamento do roteiro de coleta

semanal; elaboração e distribuição de material informativo e distribuição de “contêineres”

no campus para a coleta de material reciclável.Atende à legislação ambiental vigente

no estado do Rio de Janeiro, em que institui a obrigatoriedade de separação de resíduos

recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública estadual,

dando destinação desse material, para as associações e cooperativas de catadores.O

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público envolvido são alunos, professores e funcionários da UERJ. O projeto busca

intercâmbio com outras instituições e cooperativas populares de geração de renda e

trabalho. Desde seu início foram coletados cerca de 33.417 quilos de papel, o dinheiro

arrecadado é reinvestido no projeto. (PROJETO..., 2004).

e) UFGRS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Na UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – o projeto

“Universidade sem Lixo”, criado em 2005, visa a gestão integrada de resíduos sólidos

atuando de maneira sistêmica, incorporando as diversas áreas de conhecimento. O

resultado é a sensibilização e o envolvimento da comunidade com a problemática. O

objetivo é obter experiência para a execução de projetos mais amplos, no âmbito

estadual, ou seja, a criação desse modelo de gerenciamento de resíduo possa ser

implantado em municípios de pequeno porte. (FLORES, 2000).

f) UFV – Universidade Federal de Viçosa – MG

Na UFV – Universidade Federal de Viçosa – o “Projeto Reciclar” vêm

se consolidando através da Associação Beneficente de Auxílio a Estudantes e

Funcionários da UFV (ASBEN), Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental (LESA),

Divisão de Manutenção do Campus e diversos departamentos, o qual implantou a

Coleta Seletiva dos materiais potencialmente recicláveis descartados no Campus. O

projeto visa a conscientização e participação da comunidade universitária na prática

dessa coleta e foi implantado em 1995. Envolve a aprendizagem do que é reciclável,

em união com a educação preventiva, limpeza e preservação do Campus. A

comercialização gera recursos para a assistência social. (PUSCHMANN, 2004).

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g) UNIFEOB – Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos - São João

da Boa Vista – SP

O Projeto de Reciclagem UNIFEOB, foi implantado em 2001, tem por

princípio despertar a consciência ambiental, bem como coordenar os processos

operacionais de coleta seletiva da instituição, destinando o material reciclável para

empresas recicladoras.A coleta seletiva dentro do campi conta com a participação dos

alunos, professores, funcionários e visitantes. Aos estagiários do curso de Biologia

compete a condução de campanhas educativas. A coleta seletiva segue as instruções

da Resolução 275/01 CONAMA (2001), com o código de cores para os diferentes tipos

de resíduos, no descarte de papel, plástico, metal e lixo orgânico. Também estão

dispostos coletores de baterias celulares e de pilhas domésticas. O material é

encaminhado para a área de armazenagem no campus 2, onde é triado e encaminhado

para a empresa recicladora. (PROJETO..., 2005).

h) UFPB – Universidade Federal da Paraíba/CFT – Centro de Formação de Tecnólogos

O Projeto “Reciclagem de Papel: Educar Economizando” trabalha com

material reciclado no Campus III, conta com a participação da comunidade universitária.É

um projeto de educação ambiental voltado para as escolas públicas e outras entidades

do brejo paraibano, região que compreende vários bairros. A reciclagem e reutilização

de papel, apresenta-se como uma engrenagem ecologicamente correta de preservação

ambiental, assegurando o combate ao desperdício e criando mecanismos que passam

a assegurar um mundo habitável para gerações futuras. A instituição mantém ainda

uma “Oficina Artesanal de Reciclagem de Papel”, com a participação dos alunos, o

trabalho é desenvolvido a partir da coleta seletiva de papel no campi. A experiência

com os resíduos iniciou no ano de 1993, objetivando incentivar a comunidade a

combater o desperdício e a colaborar efetivamente para a preservação ambiental.

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(SILVA, 2004).

i) UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

O Programa de Administração e Gerenciamento de Resíduos Sólidos

– PAGERS é uma proposta de atuação da Universidade, usando aspectos educacionais

e técnicos na questão dos resíduos sólidos. É desenvolvido pelo Grupo de Estudos de

Resíduos Sólidos – GERESOL e pela Comissão Técnica de Resíduos – CTR, com o

objetivo de formatar diretrizes básicas para o gerenciamento dos resíduos sólidos

produzidos pela Universidade, alicerçando uma nova política de educação ambiental.Foi

criado em 1994. (FERREIRA, 2003).

j) UNIPLAC – Universidade do Planalto Catarinense

O “Programa UniverCidade” visa promover a inclusão social aos

moradores dos bairros próximos à Universidade. Num primeiro momento as ações

estão voltadas para a comunidade acadêmica, e posteriormente nos bairros que fazem

parte do programa, visando minimizar problemas como a crise ambiental e humana

decorrentes do incorreto descarte e destinação dos resíduos produzidos pelo homem.

O Projeto tem como objetivo promover a Educação Ambiental na comunidade acadêmica

e externa através da separação dos resíduos sólidos e plantio de espécies vegetais

nativas. Bem como transformar as pessoas envolvidas em multiplicadores ambientais

O programa foi criado em 2005. (O PROJETO..., 2007).

k) Projeto Ambiental da Unifesp – “Eco Unifesp” - Universidade Federal de São Paulo

O Projeto Ambiental da Unifesp denominado “Eco-Unifesp”, tem como

aspecto central e primeiro a Educação Ambiental , como ferramenta que permitirá,

informar e envolver a comunidade interna e externa com as causas e práticas ambientais,

dentro do princípio dos 3 R’s (reduzir, reutilizar, reciclar). O projeto foi criado em 2007.

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(PROJETO..., 2006).

Existem outras universidades brasileiras que estão trabalhando no

sentido da destinação de seus resíduos. Estes são alguns exemplos em que algumas

transformaram essa prática em projeto de inclusão social, demonstrando que a

reciclagem pode se tornar fonte de renda, de resgate da cidadania, bem como uma

forma de instituir uma geração envolvida com a problemática ambiental.

Porém, essa prática abrange os resíduos de papel como um todo,

englobando as apara do papel gráfico, pois algumas possuem parque gráfico. A seguir

passa-se a caracterizar o processo de operação da indústria gráfica.

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6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A INDÚSTRIA GRÁFICA

A importância de se abordar sobre a indústria gráfica se destina a

descrever o ambiente gráfico e o empenho do setor para implementar normas que

norteiam os cuidados em minimizar os danos ambientais que ela produz.

A indústria gráfica é bastante diversificada e possui diferentes processos

de produção para atender a todos os setores da economia.

Portanto, a questão ambiental deve ser inserida no contexto gráfico

como objeto de permanente avaliação dos resíduos sólidos produzidos, sendo

necessário a busca de informações e dados para orientar estratégias no combate ao

impacto ambiental causado por essa atividade.

Segundo o Guia Técnico de 2003, o governo do estado de São Paulo,

juntamente com a indústria gráfica estão dando os primeiros passos para a adoção de

um modelo de política nacional voltada para as exigências ambientais no setor gráfico.

(SÃO PAULO, 2003).

O processo produtivo gráfico pode ser dividido em três etapas: pré-

impressão, impressão e pós-impressão.

A pré-impressão é a etapa de arranjo do processo de impressão,

representa o início da operação gráfica, incluindo a passagem da imagem, isto é,

preparação, montagem e confecção da matriz. As alternativas tecnológicas usuais,

são as analógica e digital.

A impressão envolve a principal parte do método, a imagem é transferida

para o modelo escolhido. No caso da gráfica /UEL o processo é realizado através de

fotolito em que se grava a chapa, que é a base para a impressão. No caso do processo

digital, há dispensa do fotolito.

A pós-impressão é a última fase do processo gráfico, que envolve o

acabamento dos impressos de acordo com os requisitos definidos. Destina-se a realçar

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e preservar a qualidade do produto, determinar seu formato e viabilizar a finalidade a

que se destina.

O processo de pós-impressão é o acabamento (corte e refile);

conversão (colagem, encadernação, picotagem, vinco, perfuração); distribuição

(etiquetagem, empacotamento, expedição). É nas etapas de pré e pós-impressão que

a gráfica fornece as aparas para a reciclagem. Porém, na fase da pós-impressão é

necessário observar as aparas com resíduos de cola de blocagem, usada na formação

dos blocos. Esse material tem que ser retirado, ou apenas se remove a parte com a

cola, pois ela compromete a reciclagem.

Vale ressaltar que as etapas do processo gráfico são complexas, cada

uma delas tem sua especificidade, porém todas geram resíduos, alguns recicláveis e

reutilizáveis, outros, descartados.

6.1 PRINCIPAIS INSUMOS NO PROCESSO GRÁFICO4

A energia, a maioria das máquinas usa energia, a água, a indústria

gráfica não é grande consumidora de água, seu uso se dá basicamente na operação

da pré-impressão e impressão com a limpeza de alguns maquinários.

A matéria-prima que entra no processo são as tintas, basicamente

constituídas de resinas, pigmentos(corantes), verniz, solventes e produtos auxiliares

(ceras, secantes). São específicas a cada sistema de impressão. A tinta usada na

gráfica/UEL é apenas a pastosa para impressão em off set e tipografia.

O suporte também conhecido como substrato, pode ser de vidro,

plástico, tecido ou, o mais comum deles, o papel. A matriz varia conforme os

equipamentos e os processos de impressão, podendo ser chapa metálica para off set,

4. Este capítulo está baseado nas instruções de SÃO PAULO..., (2003).

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cilindros para retrogravura, telas e malhas para serigrafia, entre outros.

Outros insumos como solventes para limpeza dos equipamentos, filmes,

reveladores, fixadores, gomas, adesivos, também fazem parte do processo gráfico.

6.2 RESÍDUOS RESULTANTES

Na pré-impressão usa-se filmes, efluentes líquidos contendo prata,

compostos orgânicos voláteis, resíduos de tinta e verniz, resíduos de algodão e estopa,

aparas de papel.

Na impressão são os compostos orgânicos voláteis, latas e resíduos

de tinta e verniz, envoltório de papel, panos e estopas com solvente, chapas e blanquetas

usadas, tubetes, fitas adesivas, cartuchos vazios e tonner.

Já na pós-impressão são as aparas de papel, resíduos de adesivos,

de tecidos, de filmes, de plásticos, de fitas adesivas, de madeiras, de material impresso,

resíduos metálicos.

Estes resíduos podem causar problemas tanto ao meio ambiente como

ao ser humano, como é o caso dos resíduos de tinta que contêm metais pesados e são

bastante tóxicos.

Todavia, o controle ambiental nas gráficas perpassa por um conjunto

de medidas legais utilizadas por empresas e pelos órgãos competentes, objetivando a

qualidade ambiental. Para tal é indispensável o uso de ações preventivas, conhecida

como “Produção mais Limpa”, essa técnica prevê a redução de desperdícios,

conservação dos recursos naturais, diminuição ou eliminação do uso de substâncias

tóxicas e redução de poluentes na água, solo e ar.

As ações corretivas referem-se ao tratamento e disposição final dos

resíduos gerados. É o caso das estações de tratamento de efluentes líquidos, os

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sistemas de tratamento das emissões atmosféricas e os incineradores e aterros para

os resíduos sólidos.

Entretanto, os resíduos sólidos resultantes do processo gráfico que

fazem parte da Classe III, são resíduos inertes, como restos de papel, sobras de plástico

da etapa de pós-impressão.

Os efluentes líquidos são provenientes de sobras de banhos de

processamento da imagem e da matriz.

As emissões atmosféricas restringem-se à emissão de compostos

orgânicos voláteis, evaporados dos solventes, das tintas, dos vernizes e de outros

produtos semelhantes. Sua emissão deve ser controlada pelo risco ocupacional

representado à saúde humana.

Os resíduos e vibrações são provenientes dos equipamentos da

indústria gráfica, que geram vibrações e ruídos, como é o caso das impressoras e de

algumas máquinas de acabamento.

Observa-se que o cuidado com os insumos nas três etapas do processo

gráfico tem que ser permanente, porém, a Gráfica da UEL carece readequar algumas

práticas referentes à destinação de seus resíduos. Os efluentes líquidos são despejados

na rede de esgoto, não possuindo nenhum sistema de tratamento. Na atualidade, é

que está se adotando a substituição de alguns produtos altamente poluentes por

biodegradáveis. Mesmo assim, ainda existe resíduo proveniente das tintas e solventes

(tecidos, papel, sobra de tintas, entre outros). Essa substituição também se traduz em

romper com comportamentos arraigados ao longo de décadas.

Outra atitude é em relação ao espaço físico, tem que ser reajustado

de forma a isolar as vibrações e ruídos provenientes dos equipamentos, que é outra

forma de poluição.

Entretanto, em consideração a estes aspectos, a indústria gráfica deve

obedecer as orientações técnicas estabelecidas em normas da ABNT.

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6.3 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS

Ao se determinar a classe dos resíduos gerados, estes devem ser

identificados e quantificados. Após esse processo, é necessário executar um programa

de redução dos resíduos utilizando a técnica da “Produção mais Limpa” (P+L),

desenvolvida pela Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF).

A vantagem ambiental no gerenciamento dos resíduos obedece a

hierarquia, Figura 2. Dentro da P+L, como medida preferencial, prioriza a redução dos

resíduos na fonte geradora, a preferência é reutilizar e reciclar, porém a disposição em

aterro apresenta-se como última opção, com vistas a preservar os recursos naturais.

am

O reuso e a reciclagem na indústria gráfica, no caso do papel reciclável,

está presente nos estágios de pré-consumo, são as aparas resultantes das operações

de conversão, ou seja, o descarte de papel pelos fabricantes, como refugo ou material

fora de especificação. E no pós-consumo, são os papéis depositados nos convertores,

nos supermercados, nas lojas de departamento, nos escritórios e residências.

Para a gestão ambiental dos resíduos o Guia Técnico de 2003,

REDUÇÃO DE RESÍDUO NA FONTE GERADORA

REUTILIZAÇÃO SEMPRE QUE POSSÍVEL

RECICLAGEM DO RESÍDUO GERADO

RECUPERÇÃO DE ENERGIA

PRODUÇÃO

MAIS LIMPAPREFERENCIAIS

DISPOSIÇÃO EM ATERRO

DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

TRATAMENTOFINAL DOS

RESÍDUOS ÚLTIMA OPÇÃO

FIGURA 2 . Hierarquia de Gerenciamento de Resíduos como Vantagem AmbientalFonte: SPP-NEMO..., (2008).

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recomenda seguir o atendimento dos requisitos legais e normativos, as vantagens são

maior competitividade, rentabilidade e na preservação da vida. (SÃO PAULO, 2003).

Sabe-se que a complexidade do processo gráfico requer o controle

ambiental para o setor, esse aspecto perpassa por ações legais aplicadas como

ferramenta de gestão ambiental. Esse controle pode ser feito por ações preventivas e/

ou corretivas. No entanto, a adoção dessas medidas são necessárias para tornar o

processo produtivo e os produtos mais adequados ao que é proposto para a indústria

gráfica.

Entende-se, assim, que o gerenciamento dos resíduos oriundos da

indústria gráfica necessita de uma política de gestão que tenha como objetivo a redução,

reutilização e reciclagem, em consonância com o Direito Ambiental e a sustentabilidade

ambiental.

Por conseguinte, nas últimas décadas a indústria gráfica vem adotando

medidas no sentido de minimizar a poluição no setor por meio da Produção mais Limpa,

a qual se apresenta como um conjunto de técnicas e medidas que visam minorar a

geração de poluentes na fonte, reduzir o desperdício, conservar os recursos naturais,

limitar a quantidade de resíduos e poluentes gerados e lançados no ar, água e solo.

6.4 MEDIDAS DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L)

As organizações de diferentes setores industriais vem adotando

diferentes metodologias na gestão de seus resíduos, algumas até obtém lucro com a

adoção da técnica da Produção mais Limpa, conhecida pela sigla P+L.

Sabe-se que a implantação dessa técnica, em processos produtivos,

permite a aquisição de soluções que venham contribuir para a redução dos problemas

ambientais, já que se baseia no procedimento da não geração de resíduos, ou seja,

ataca a base do problema.

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A P+L previne a geração de resíduos efluentes e emissões

atmosféricas, antecipando assim, problemas ambientais, segundo Valle (1995), tem

como objetivo maximizar a eficiência produtiva através da otimização de uso de

materiais, consequentemente, tem-se uma redução da carga poluidora. Julga que a

prevenção de resíduos é a maneira mais adequada para reduzir o impacto ambiental.

A indústria gráfica vem adotando as técnicas da P+L, determinadas

pelo Guia Ambiental para a Indústria Gráfica, o qual orienta na aplicação contínua de

estratégia ambiental preventiva, integrada aos processos, produtos e serviços, para

aumentar a eficiência, reduzir riscos ao homem e ao meio ambiente. Para tal recomenda

mudança de atitude, na garantia do gerenciamento ambiental responsável, na adoção

de políticas e na avaliação de alternativas tecnológicas.

Obedecendo as técnicas da P+L, dentro da etapa do processo gráfico,

algumas fases devem ser observadas. No estoque e manuseio da matéria-prima os

cuidados devem ser observados desde o recebimento do produto, como condições de

estocagem, prazo de validade, reciclagem e redução no descarte de matéria-prima.

Na pré-impressão, que é a fase do processamento da imagem,

recomenda-se alguns cuidados como: utilizar as soluções até o final de sua vida útil,

proporcionar maior vida útil dos fixadores, recuperar e reutilizar banhos, reduzir a

quantidade de efluentes líquidos, utilizando o máximo possível a água de lavagem,

medidas a prolongar a vida útil dos produtos, eliminar resíduos de revelação e recuperar

os metais dos banhos.

No processamento da matriz, utilizar as soluções até o final, substituir

processos que contenham resíduos tóxicos, reduzir a quantidade de resíduos gerados,

otimizar o uso de produtos químicos, reciclar as chapas, em especial as de alumínio,

separar as soluções de alta e baixa concentração, aumentando a possibilidade de

reuso.

No estabelecimento para a impressão, usar equipamentos que

permitam acertos mais precisos e em menor tempo de modo a ter menos perda de

papel, tinta e outros materiais. Usar procedimentos automatizados como: sensores de

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água e tinta, ajuste dos tinteiros, sensores de deslocamento e detectores de quebra do

papel.

A tecnologia tem avançado neste quesito, aspecto que, se usado

corretamente, contribui para o aumento da produtividade, reduzindo tempo de ajuste

da máquina, desperdício de papel, tinta e solvente.

Porém, para que isso ocorra é necessário a adoção de máquinas com

tecnologia gráfica moderna, com modelos que permitam regulagem mais precisa, para

se lograr êxito na redução de insumos, assim como em reciclar resíduos, principalmente,

o papel maculado junto às empresas do setor.

Na etapa da impressão é essencial se reduzir a quantidade de impresso

fora de padrão e melhorar a qualidade da reprodução, com isso reduzir os resíduos.

São variadas as técnicas e medidas elencadas pela técnica de

Produção mais Limpa suscetíveis de aplicação nos diferentes sistemas de impressão

na indústria gráfica.

Todavia, a operação de limpeza dos equipamentos representa operação

importante no processo. Observa-se a necessidade de reduzir a limpeza através de

um sistema de manutenção dos equipamentos. Quando necessário substituir o solvente

utilizado na limpeza por detergente e sabão, os solventes derivados de petróleo por

produtos menos tóxicos.

Adverte-se para a importância dessa etapa porque a prática constante

da troca de tinta, da necessidade de novos acertos na máquina, da retirada da tinta do

reservatório e de outros dispositivos utilizados no final de cada operação, geram resíduos

em maior ou menor quantidade.

Dentro da P+L, as principais medidas nessa fase, dizem respeito à

redução da freqüência da limpeza, eliminação ou minimização do uso de solventes por

operação e diminuindo o volume dos resíduos gerados.

Sabe-se que na indústria gráfica é necessário manter os equipamentos

em bom funcionamento, se possível, reduzir a quantidade de resíduo gerado, reutilizar

o solvente na limpeza das embalagens vazias de tinta, antes de seu descarte, usar

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solvente alternativo, com baixa toxicidade, remover o excesso de solvente dos panos/

estopa, após o uso, entre outros procedimentos.

O papel usado na indústria gráfica, também gera resíduos. Ele é

específico, tanto no formato como na gramatura. Com gramatura distinta, variando

entre 75 e 300 gramas, normalmente apresenta-se num formato 66x96cm, dependendo

da “boca” da guilhotina, com pacote entre 100 e 500 folhas, dependendo da gramatura

(quanto mais grosso, menos quantidade). O empacotamento desse papel é feito com

uma capa de papel Kraft, com um dos lados plastificado para protegê-lo da umidade.

6.5 TIPOS DE PAPEL E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

O papel é a parte constitutiva no sistema de impressão, é o sustentáculo

para impressos editoriais, promocionais ou comerciais. São identificados pela sua

gramatura, o que define o peso e volume do impresso final. Também, é o fator

preponderante na composição do seu custo.

O formato bem definido de um impresso propicia melhor aproveitamento

do papel, evitando desperdício, tanto em termos monetários quanto ambientais.

A recomendação é a aquisição de um papel com bom grau de alvura

para reprodução de policramia. Levemente amarelado, com alto grau de opacidade

para livros, o que evita o cansaço visual e a transparência de textos e figuras com

relação ao verso.

A textura refere-se ao aspecto da superfície (liso, texturado, telado,

calandrado, etc), cada tipo de impresso exige uma textura de papel, a criatividade

determina o melhor tipo. Dentre os vários tipos, vale salientar os mais usados são o

papel off-set é para impressão, fabricado, essencialmente, com pasta química

branqueada, com elevada resistência na superfície, uniforme e livre de felpas e

penugem. Preparado para resistir a ação da umidade, aspecto este, de extrema

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importância a todos os papéis voltados para impressão em off set e litográfico em

geral. Sua aplicação está na impressão de miolo, livros, revistas, folhetos e todos os

serviços em policramia, com vários tipos, gramaturas, e cores.

O off set, se assemelha ao papel sulfite, porém com características

técnicas diferentes, é macroporoso, absorve muito mais tinta, dando ao impresso um

aspecto “lavado”. A vantagem é que sua superfície permite escrita. É mais barato do

que o couchê, é bastante versátil na impressão de diversos produtos. Na reciclagem é

o papel que tem as aparas com maior valor de mercado.

O papel couchê é um papel com uma ou ambas as faces recobertas

por uma fina camada de substâncias minerais que lhe dão aspecto cerrado e brilhante,

próprio para impressão de imagens a meio-tom e, em especial, de retículas finas.

Aquele com revestimento brilhante apenas de um lado é aplicado em

capas, folhetos e encartes. Dos dois lados, são usados na impressão de livros, revistas,

catálogos e encartes.

Tem uma gama de papel couchê, de cor branca e com variada

gramatura. Por exemplo, o couchê textura panamá, é um papel com revestimento

texturado nas duas faces imitando trama de uma tela de linho. Já o couchê monolúcido

possui revestimento brilhante em um lado e liso no verso para evitar a impermeabilidade

no contato com a água ou umidade. É aplicado em embalagens, papel fantasia, rótulos,

out-doors, base para laminação e impressos em geral.

As características básicas do couchê são o brilho, a lisura de suas

folhas e a microporosidade, isto é, quando a tinta é depositada permanece na superfície

do papel garantindo cores mais vivas no impresso, por isso é o preferido no uso de

materiais promocionais, de publicidade e técnicos que precisam brilho e qualidade.

Estes são os dois tipos de papel mais usados na indústria gráfica com

diversas gramaturas. Na gráfica da UEL o papel off set é usado basicamente para a

confecção de impressos burocráticos e manuais, em cartaz e folder quando a impressão

é digital. O couchê está restrito a impressão em off set, em convite, cartaz, folder, capa

de manual, ente outros. A gramatura mais usada varia entre 56 e 240 gramas, tanto o

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couchê quanto o off set. O papel para impressão rotativa é aquele de baixa gramatura,

com melhor preço, pois esse sistema atende o mercado de grande tiragem, como

tablóides, revistas e folhetos.

Entende-se que ambientalmente, a indústria gráfica pode desempenhar

suas funções de modo seguro e saudável. É possível minimizar a geração de poluentes,

por meio de Produção mais Limpa, na substituição de matéria prima tóxica por atóxica

ou de menor toxicidade, reuso e reciclagem dos resíduos gerados no processo de

produção. Ela é mais poluente no decurso da impressão. Ultimamente, vem se

adequando à legislação ambiental, bem como às exigências dos consumidores. Os

aspectos ambientais podem ser monitorados corretamente, desde que reconhecidos

os efluentes líquidos, os resíduos sólidos, as emissões atmosféricas, os ruídos, as

vibrações e as radiações.

Na atualidade, a industria gráfica brasileira se caracteriza por um alto

nível tecnológico, seus processos apresentam êxitos, em termos de avanços e

inovações, contribuindo para seu desempenho e qualidade dos produtos, minimizando

os custos ambientais.

Contudo, a gráfica da UEL é um estabelecimento de porte médio com

uma produção voltada para atender a instituição, com equipamentos ultrapassados,

alguns deles desativados pela ausência de insumos no mercado. O exemplo disso é a

terceirização do serviço de fotolitagem, cujo laboratório, hoje, apenas grava chapa.

Para se entender o funcionamento do órgão, a Figura 3 apresenta o

fluxograma descrevendo as operações do processo produtivo da gráfica da UEL, desde

a pré-impressão, com a gravação de chapa, entrada e saída de materiais, passando

pela impressão, que é a confecção dos impressos e a pós-impressão com o produto

acabado. Como entrada estão os principais insumos usados nas três etapas do processo

de impressão, na saída são os efluentes dessas etapas.

No entanto, não se aplica qualquer metodologia de reciclagem de seus

efluentes líquidos, resíduos sólidos, bem como em adequar o espaço físico no sentido

de minimizar o ruído e vibrações no processo gráfica. Algumas técnicas empregadas

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variam, de medidas simples, de baixo custo até ações mais onerosas.

Seguindo-se as instruções determinadas pelo Guia Técnico Ambiental

da Indústria Gráfica, que preconiza a aplicação das etapas da metodologia de P+L,

visando eliminar ou reduzir o volume dos resíduos, reutilizar ou reciclar materiais dentro

ou fora do processo produtivo.

Diante dessa orientação, os esforços são para o enquadramento da

gráfica da UEL dentro do que versa a legislação ambiental e de acordo com a orientação

do Guia. Entretanto, os obstáculos residem na falta de investimento para implementar

essas modificações, organizar novos métodos operacionais legitimando novas

tecnologias, com aquisição de equipamentos mais modernos.

Sabe-se que a adoção das medidas propostas pela P+L, representa

não apenas uma meta ambiental mas, principalmente, orienta para o aumento do grau

PRODUTOACABADO

- CD-R- efluente da lavagem de chapa- recipientes vazios de reagentes

- chapa gravada- estopa e tecido sujos- água para lavagem do rolo- embalagem vazia de tinta- emissão atmosférica (álcool,- lisopropílico, benzicol, gasolina, querosene)- embalagens plásticas vazias- agentes e tinta

- aparas de papel e refiles- folhas de acerto- folhas rejeitadas- material excedente de produção

Entradas Processos Saídas

- arquivo eletrônico/Arte 1.- chapa virgem Pré-Impressão- água- energia elétrica- fixador- revelador de chapa- corretor de chapa CHAPA GRAVADA- recipientes plásticos para- solução- outros

- água 2.- energia elétrica Impressão- embalagem plástica- papel- recipiente plástico com sobra de solução- recipiente plástico com benzico- (restaurador de blanqueta) IMPRESSOS- recipiente plástico com limpadorres de chapa

- energia elétrica 3.- caixa de papelão Pós-Impressão- papel kraft (capa de- resma)- cinta de papel- outros

FIGURA 3 . Fluxograma das Etapas do Processo Produtivo - Gráfica/UELFonte: Adaptado pelos autores de CANESIN; SANTOS, (2007).

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de utilização dos materiais, com vantagens técnicas e econômicas. A minimização dos

resíduos, emissões e a reciclagem provocam mudanças dentro da empresa, o que ela

não reutiliza pode ser destinado à venda junto às empresas recicladoras, gerando

renda.

Destaca-se os benefícios da P+L, considerando que seu foco está na

minimização de resíduos na fonte, reduzindo custos de produção, vantagem econômica,

melhoria da imagem ambiental e cumprimento das leis e regulamentos ambientais. A

P+L combina benefícios econômicos, ambientais e sociais, princípio básico para o

desenvolvimento sustentável.

Prossegue-se com a caracterização da área de estudo onde o projeto

irá se desenvolver.

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7 ÁREA DE ESTUDO

Londrina está situada na região norte do Estado do Paraná, cerca de

600 Km da capital Curitiba. Sua população é de 488.287 mil habitantes numa área

territorial de 1.651 Km2. (IBGE, 2005).

Constata-se que grande parte da região norte do Paraná foi colonizada

por um empreendimento privado de capital inglês. Londrina e região têm sua história

iniciada por volta de 1925 a 1927, quando o capital inglês adquire do governo brasileiro

515.000 alqueires paulista (equivale a 24.200m2), de terras férteis e cobertas de

vegetação. A partir de então se criou a Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP),

objetivando o cultivo de algodão. Devido às dificuldades em desbravar a região esta

companhia abandonou a idéia em 1928, e iniciou um processo de colonização de

terras na margem esquerda do rio Paranapanema, entre os rios Tibagi e Ivaí. A CNTP,

comprou a Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná (1928), com a pretensão de criar

acesso à região, fazendo com que os colonos chegassem a sua propriedade. Os trilhos

chegaram a Cambará em 1928, Jataizinho em 1931 e Londrina em 1934.

Entre as décadas de 1940 e 1990, o crescimento urbano da cidade

esteve alicerçado nos fatores geográfico, na modernização do campo e na migração

rural-urbana. Trabalhadores e agricultores expropriados migraram para os centros

urbanos, tendo as cidades que se adequarem à nova ordem estabelecida, o mesmo

ocorrendo com Londrina.

Sabe-se que com sua rápida ascensão econômica, tornou-se

importante centro regional em pouco tempo. Projetada para abrigar uma população de

20 mil habitantes, cuja planta urbana seguia a forma de um tabuleiro, em 1930 a cidade

ainda estava em construção, com o desmatamento em curso. Em 1934 foi elevada a

município e, em 1935, a chegada da ferrovia, proporcionou rápida expansão da cidade.

Para Rolim (1999) o processo de ocupação, a compulsão pelo

enriquecimento, a capacidade administrativa, a avidez para expandir fronteiras se

constituíam em elementos para instalar o progresso no norte de Paraná. A mudança

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no cenário se intensificou nos anos de 1930, por pequenos lavradores que derrubavam

o mato para formarem os cafezais e obterem os rendimentos no prazo de três anos.

Os altos rendimentos oriundos da produção cafeeira, permeou o imaginário de que na

região a prosperidade era eminente. Nessa dinâmica, as cidades se multiplicaram,

localizadas estrategicamente tornando-se pequenas capitais regionais, dominando

certos locais de povoamento. Dos núcleos urbanos com mais destaque foi Londrina,

que se sobressai pela sua condição privilegiada, era tida como a cidade que colocava

o Paraná como o maior produtor de café do país e como a capital da região.

Fresca (2002) afirma que nos anos de 1950, Londrina apresentou

significativa expansão econômica, populacional e físico-territorial. Nos anos de 1960,

ocorreram transformações na produção agropecuária no norte do Paraná, com a

erradicação do café, a introdução de novas culturas, reforçando a concentração das

terras. Enquanto isso outros produtores foram sendo expulsos do campo, a introdução

de novas formas de comercialização da produção, através das cooperativas,

modernização na agricultura, complexos industriais. Leis Trabalhistas, que

gradativamente transformaram o trabalhador permanente em temporário, causando a

proletarização do meio rural, transferindo grande contingente populacional para a cidade.

Ainda Fresca (2002), a conseqüência desse afluxo foi o aumento do

número de loteamentos por todas as regiões da cidade, a oeste, saída para Cambé; a

leste, saída para Ibiporã e ao sul, saída para Curitiba. No final dos anos 1960 até 1970,

a cidade já tinha firmado seu caráter urbano, com cerca de 72%, da população na área

urbana, destacando- se no cenário nacional.

Nesse cenário a Universidade Estadual de Londrina - UEL5, foi criada

em 1970, sendo reconhecida oficialmente pelo Decreto Federal 69.234/71. Em 1987,

foi implantado o ensino gratuito e, em 1991, transformou-se em Autarquia Estadual. A

partir do vestibular de 2005, adotou o sistema de cotas para alunos negros e para

oriundos de escolas públicas.

5. O histórico teve como base UEL EM DADOS..., (2008).

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Localiza-se às margens da Rodovia Estadual PR-455, saída para

Curitiba. Encontra-se em posição geográfica estratégica, recebendo alunos do norte

do Paraná e de outras regiões do Estado, além de São Paulo, Mato Grosso do Sul e

Santa Catarina. Caracteriza-se como uma entidade pública, gratuita, com autonomia

didático-científica, comprometida com o desenvolvimento e a transformação social,

econômica, política e cultural do Estado do Paraná.

A área física do Campus é de 235,57 hectares (2.355.731,81m2), sendo

174.236,57 m2 de área construída, 7.439,25 m2 de área locada e 181.675,82 m2 de

área total construída utilizada. Sua estrutura administrativa compreende seis pró-

reitorias, duas coordenadorias, seis órgãos executivos da reitoria, nove centros de

estudos, cinqüenta e seis departamentos, dez órgãos suplementares e seis órgãos de

apoio.

A cidade universitária possui 13.978 alunos de graduação, 3.624 de

pós-graduação, 1.653 docentes e 3.539 técnicos-adminstrativos.

A gráfica da UEL é uma sub-unidade ligada à Coordenadoria de

Comunicação Social, órgão de apoio vinculado à Reitoria. É responsável pelos

impressos burocráticos da instituição, bem como jornais acadêmicos,

periódicos,revistas, envelopes, folder, cartaz, manuais, flayer, cartão de visita, blocos

de rascunho, convite, livros, entre outros.

Atualmente dispõe de doze servidores, dois “menores aprendiz” ligados

à EPESMEL – Escola Profissional e Social do Menor de Londrina, e dois estagiários do

curso de Designer Gráfico, do Centro de Educação Comunicação e Artes. Possui duas

máquinas tipográficas uma Minerva e uma Heidelberg, duas off set, uma Solna 125 e

uma CATU, duas digital da SHARP, uma guilhotina, entre outros equipamentos.

Ambientalmente, de acordo com dados divulgados pela revista Veja,

dentre cinco municípios, Londrina é a terceira cidade brasileira, onde a prefeitura faz

chegar o serviço de coleta seletiva a 100% das residências.(WEINBERG, 2007)

Segundo o projeto “Reciclando Vidas” (LONDRINA, 2008), da prefeitura

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de Londrina, destaca-se como experiência para ajudar outras cidades brasileiras a

gerir a coleta seletiva do lixo. O projeto teve início com a ação do Ministério Público do

município para a retirada de 120 catadores do lixão da cidade. Pelo termo de

“Ajustamento de Conduta”, eles deveriam integrar a coleta seletiva municipal, que, em

2000, foi ampliada para 50 mil residências. Outros vinte catadores de rua e trinta

“carrinheiros” reivindicaram o direito de serem incluídos na central de triagem da

prefeitura e se mobilizaram em torno de uma organização não-governamental.

Sabe-se que a deflagração de movimentos de catadores e

desempregados terminou por descentralizar o programa da prefeitura, com uma

demarcação de coleta por setores, a fim de evitar a competição pelas mesmas áreas.

De acordo com a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização -

CMTU-LD (LONDRINA, 2007), em 2002, o movimento dos catadores se materializou

juridicamente numa congregação de ONGs. Dividido em 26 setores e com renda

revertida às associações dos próprios catadores, o programa contava, em 2004, com

500 pessoas em torno de 29 associações, que comercializava cerca de 32 itens, num

total de 90 toneladas/dia, gerando uma renda de R$ 400,00 por pessoa. Na prática

houve aumento do material coletado e a adesão da população; aumento do grau de

organização e ampliação de ONGs; a redução do apoio da prefeitura e a maior

autonomia dos grupos organizados; a ampliação da área de abrangência do programa;

e o aumento do tempo de vida útil do aterro em dez meses, além da redução da

disposição de resíduos sólidos em aterros de 348 para 307 toneladas/dia.

De acordo com Besen (2008), juntamente com o desenvolvimento do

projeto “Reciclando Vidas”, foi criada a Central de Pesagem e Reciclagem (Cepeve),

com o objetivo de coordenar a venda dos materiais recolhidos, visando aumentar o

valor de venda dos produtos, eliminar os atravessadores, melhorando assim, a renda

dos associados. Em 2002, por demanda das ONGs e com o apoio da prefeitura, foi

criado o Conselho das Organizações de Profissionais de Reciclagem de Londrina.

Os dados da CMTU-LD (LONDRINA, 2007), informam que a prefeitura

de Londrina, estruturou um modelo que oferece autonomia para as ONGs, um deles, é

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pagar o aluguel de onde vão se instalar pelo prazo de um ano. Das 26 ONGs, 12 ainda

se encontram em galpões alugados pela prefeitura, algumas já assumiram o aluguel

desses galpões, quatro possuem sede própria e as demais estão em processo de

identificação de área para alugar. A prefeitura também promove o transporte do material

recolhido pelos caminhões até os galpões de triagem, bem como o transporte das

Centrais de Triagem para a Cepeve, para a comercialização conjunta.

Constata-se que uma das características inovadoras do Programa é a

contratação de coleta regular de lixo domiciliar por preço global. Na maioria dos

municípios brasileiros, a contratação é por tonelada. Quanto mais lixo é coletado, maior

é o lucro da empresa. Outro fator importante é a organização territorial através da

setorização da cidade e a incorporação dos catadores de rua. Assim, não há coletas

concorrentes.

Segundo Otávio (2007), os próximos passos da prefeitura para o

controle ambiental correto dos resíduos em Londrina, passam por três ações: a

organização das ONGs para a gestão de resíduos, recolhimento dos resíduos de

construção civil e a definição das características do novo aterro sanitário.

Tem-se conhecimento que Londrina recicla atualmente, cerca de 100

toneladas de lixo diariamente, isso após a Resolução Nº 11 de 2 de dezembro de

2006, do Conselho Municipal do Meio Ambiente (CONSEMMA, 2006), instituído nos

artigos

Art. 1o.

- Estabelece a todos os geradores, inclusive os residenciais,comerciais e industriais do Município de londrina, a obrigatoriedade desepara os materiais recicláveis dos demais resíduos.Art. 7

o - Os materiais recicláveis serão coletados pelos catadores ou

recolhedores de resíduos sólidos e entulhos, em conformidade com aregulamentação municipal. (CONSEMMA, 2006).

Observa-se que no processo de reciclagem, os resíduos domiciliares

são classificados como resíduos sólidos (lixo seco) e resíduos orgânicos (lixo úmido),

porém, o lixo seco é recolhido e selecionado pelas ONGs, os classificados como

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orgânicos devem ser descartados no lixo comum, para ser depositados no aterro

sanitário.

Segundo a CMTU-LD (2007), o hábito de separar o lixo reciclável do

lixo orgânico se intensificou nos lares e comércio da cidade desde janeiro de 2007,

após a resolução do CONSEMMA. Estima que do lixo doméstico que Londrina produz,

35% do peso tem potencial de reciclagem e 65% é orgânico. A produção total de lixo

gira em torno de 420 toneladas/dia. A meta é reciclar 150 toneladas/dia. O material

coletado apresenta excelente qualidade de separação, é limpo e seco. Os catadores

trabalham com baixo índice de rejeito, uma vez que conscientizam a população num

“corpo-a-corpo” com os moradores de cada setor da cidade. O custo estimado,

mensalmente, da coleta seletiva é de R$ 53,00 por tonelada, custo inferior à média

brasileira, inclusive comparando com outros programas que têm parceria com

cooperativas e associações de catadores.

Em tal contexto, a Universidade Estadual de Londrina tem que

desempenhar seu papel e colaborar na execução de políticas voltadas à coleta seletiva

e reciclagem. Desta forma a Gráfica se propõe a destinar seus resíduos de forma

correta, dentro de uma ação mais ampla.

Depois de feita a discussão em torno do lixo e reciclagem, parte-se

para a apresentação dos passos que servirão de guia para a construção do projeto a

ser implantado na gráfica da UEL.

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8 RESULTADO E DISCUSSÃO

Depois da abordagem em torno do resíduo sólido e da reciclagem,

parte-se para a apresentação da proposta do projeto de reciclagem das aparas do

papel gráfico da UEL.

O nome do projeto é Recigraf, a Universidade Estadual de Londrina é

considerada como grande geradora de resíduos sólidos, tanto pela quantidade quanto

pela variedade de tipos, originado no desenvolvimento de suas atividades cotidianas.

Diante desse quadro é que se propõe a implantação de um projeto de

reciclagem e reuso das aparas do papel gráfico. Contudo, a instituição não possui

nenhum programa de reciclagem centralizado, esse assunto está sendo estudado por

diversos profissionais de várias áreas do conhecimento, para a implantação de um

programa de coleta seletiva, reciclagem e compostagem dos resíduos gerados.

O projeto de reciclagem será implantado nas dependências da Diretoria

de Serviços Gráficos, seu desenvolvimento restringe-se apenas às aparas do papel

gráfico. A principal característica é a reciclagem e a reutilização desse papel o que o

torna atraente pela variedade de utilização do material reciclado, de forma que possa

ser utilizado pela própria instituição nos seus eventos, além de inúmeras maneiras de

reutilização.

Pautado no princípio dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) espera-se

multiplicar na comunidade a consciência ecológica, adotando medidas de economia e

de preservação ambiental. O projeto é atraente pela variedade e aplicabilidade do

material reciclado, o qual terá boa aceitação na comunidade universitária, podendo

expandir-se gerando economia, renda, como terapia-ocupacional.

Os órgãos envolvidos são Coordenadoria de Comunicação Social -

Diretoria de Serviços Gráficos como executor e os de apoio, a EDITORA da UEL;

Departamento de Artes Visuais - CECA; Associação de Ação e Cidadania Pró Servidores

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da UEL - ACIDUEL; PROAF/Divisão de Fiscalização de Patrimônio e Diretoria de

Material; PCU/Divisão de Marcenaria.

A população a ser atingida pelas ações é composta por alguns

servidores da Gráfica e de outros órgãos da instituição, um professor do departamento

de Artes Visuais, dois estagiários do curso de Design CECA/UEL e dois “menores

aprendiz”, perfazendo assim um total de doze pessoas fixas e algumas esporádicas. O

projeto terá caráter permanente.

8.1 AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS PARA O FUNCIONAMENTO DO PROJETO

a) Material Disponível

Estima-se que a quantidade de resíduos gerado pela UEL, gira em

torno de 11 toneladas/dia, composto por resíduos de diversas natureza, porém com

grande quantidade de material reciclável.

O papel gráfico é apenas uma parte do resíduo gerado pela instituição,

para desenvolver o projeto as aparas serão coletadas no processo de corte e/ou refile,

nas operações de pré e pós-impressão, e dentro das normas estabelecidas para a

seleção de papel reciclável, o qual já estará automaticamente pronto para reciclagem,

ou seja, será separado nessa etapa do processo.

As aparas resultam do corte e/ou refile do papel pela guilhotina, sendo

depositada em caixas de madeira (lixeiras), com fundo quadrado medindo 0,59cm de

largura, altura de 75cm, e 80cm de abertura superior (boca), com rodas, comportando

aproximadamente 100 quilos por caixa, perfazendo um total de três.

Essas aparas são acumuladas no decorrer das semanas, porém em

período de maior intensidade dos eventos, a coleta é mais incisiva, chegando ocupar

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as três caixas semanalmente.

A média mensal das aparas é de 600 a 800 quilos. Esse material,

atualmente, é recolhido pela PROAF/Divisão de Fiscalização do Patrimônio, que o

comercializa com uma empresa recicladora, selecionada através de processo licitatório.

O valor do material está classificado em: papel fragmentado, inclui as aparas gráfica,

R$ 0,25; papelão R$ 0,27; papel em geral 0,17 o quilo.

Atualmente, as aparas são retiradas das dependências da gráfica sem

qualquer triagem, em caminhão basculante, levado a um depósito atrás de um prédio,

sem cobertura, amontoado a outros papéis e papelão, e vendido para a empresa

recicladora (vencedora da licitação), que vai ao local retirar o material. A forma como

esse material é depositado está vulnerável ao sereno, impurezas, chuva e adicionado

a outros papéis de menor valor de mercado. Contudo, se separado e coletado

corretamente o valor de mercado do papel branco, “papel nobre”, gira em torno de R$

0,82 o quilo.

b) Equipamentos, Espaço Físico e Materiais Básicos

O projeto trabalhará com equipamentos disponibilizados pela

Universidade, contudo são equipamentos tecnologicamente ultrapassados, com sérios

problemas de manutenção. Esta é a maior dificuldade, pois as peças, na grande maioria,

são fabricadas em “oficina de torno”, a mão-de-obra para efetuar o conserto é dominada

por pessoas com idade avançada, o que se traduz em mais uma dificuldade.

Ambientalmente, são equipamentos altamente poluentes, pois ainda

utilizam gasolina e querosene para efetuar sua limpeza, e que acabam na rede de

esgoto.

Para se chegar ao produto final, a partir do papel reciclado, será utilizado

o maquinário da gráfica, as folhas serão cortadas na guilhotina, e o material a ser

fabricado será vincado e impresso na máquina tipográfica Minerva, ela corta o produto

no formato desejado e imprime, por exemplo, molda uma sacola no papel reciclado e

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imprime uma logomarca.

Essa máquina tipográfica foi adquirida em 1972, mecanicamente

encontra-se em bom estado de conservação devido ao cuidado do servidor que a

opera, e ao pouco uso. Nela se imprime, manualmente, convite, timbra envelopes,

produz caixas para embalagens, envelopes, entre outros.

Como já foi mencionado anteriormente, tecnologicamente, o maquinário

da gráfica da UEL está ultrapassado, apresentando elevado custo de manutenção,

demonstrado no Quadro 3, além da dificuldade na reposição de peças e mão-de-obra.

O fator positivo é seu bom estado de conservação, porém seu uso será limitado por

questão tecnológica, formato 4 (30 x 46).

Para aquisição de equipamentos novos e semi-novos, mais modernos

QUADRO 3 - Custos para Manutenção dos Equipamentos da Gráfica/UELFonte: Dados levantado pelos autores em consulta a empresa terceirizada prestadora de serviço para Gráfica/UEL(2008)* Atualmente esse laboratório grava apenas chapa, não faz fotolito

EQUIPAMENTODATA

AQUISIÇÃOMÃO-DE-OBRA PEÇAS

Máquina Off Set Solna 125 1978 10.000,00 8.500,00

Máquina Off Set Catu 1995 8.000,00 5.000,00

Máquina Tipográfica Automática Heidelberb

1978 3.000,00 2.500,00

Máquina Tipográfica Manual Minerva 1978 1.500,00 2.000,00

Máquina Guilhotina 1983 15.000,00 10.000,00

Máquina Grampeadeira 1983 3.000,00 2.500,00

Máquina Brocagem 1972 1.500,00 1.000,00

Máquina Dobradeira 1992 2.000,00 1.500,00

Máquina Picotadeira 1989 1.500,00 950,00

Máquina Batedeira de Papel 1992 1.500,00 950,00

Laboratório Fotomecânica* 1978 6.000,00 4.000,00

Total 53.000,00 37.400,00

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dos existentes, o custo para renovar o parque gráfico com equipamentos novos é

inviável. Estes custos estão apresentados no Quadro 4. Para a confecção de alguns

artefatos é preciso o uso da máquina de corte e vinco, com formato maior do que a

máquina tipográfica Minerva. Optou-se por uma usada, pois a nova custa entre R$

35.000,00 e R$ 70.000,00. Ela corta e vinca o papel dando um acabamento

indispensável ao produto fabricado.

É essencial começar com a definição do espaço físico, isto é, delimitar

uma área adequada, de fácil acesso interno e externo, para o armazenamento do

papel, instalação dos tanques, da bancada a mesa de madeira e varal.

Nas dependências do prédio da gráfica, requer a construção de uma

área de aproximadamente 140m2, ou seja,a construção de uma cobertura com telha

de amianto. Para a construção desse espaço, pode-se reutilizar telhas de sobra de

construções da instituição e o piso apenas com “cimento bruto”.

Os materiais e equipamentos básicos para a execução da oficina de

reciclagem, bem como a construção estão definidos no Quadro 5. O cilindro e as

peneiras serão confeccionadas pela Prefeitura do Campus Universitário/Divisão de

EQUIPAMENTOANO DE

FABRICAÇÃOVALOR

Máquina Off Set Bicolor Semi-nova 270.000,00

Máquina Tipográfica Automática Heidelberg Semi-nova 8.000,00

Máquina de Corte e Vinco semi-nova 7.000,00

Laboratório Digital* semi-novo 40.000,00

Máquina perfuradora elétrica para papel perfuração de 38 cm

novo 15.000,00

Total 340.000,00

QUADRO 4 - Custos para Aquisição de Novos Equipamentos para Gráfica/UEL Fonte: Dados levantados pelos autores em consulta a empresas do setor gráfico (2008). * Com esse laboratório não haverá necessidade de fotolito

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Marcenaria, o triturador será adquirido pela PROAF/Diretoria de Material.

O valor da cobertura, do tanque e da bancada foi calculada por uma

empresa particular da área de engenharia, localizada em Cornélio Procópio-PR, mas

pode ser edificada com sobra de material de construção e mão-de-obra da própria

instituição, através da Prefeitura do Campus.

Necessita-se também, edificar dois tanques, demonstrado na Figura

4, são acoplados, com 1,80 m de comprimento e 0,90 cm de altura. O mais alto irá

receber a polpa processada, para depois ser peneirada, o mais baixo, recebe os rejeitos,

porém usa-se um saco de algodão para receber a sobra da polpa, a água irá para o

esgoto e o resíduo da polpa ficará no saco para ser reaproveitado.

Também, será indispensável erguer uma bancada de concreto para

DESCRIÇÃO QUANTIDADE UNIDADEVALOR TOTAL

Tanque Acoplado 90 x 90 x 80cm 1 pç 160,00

Construção de 140m2 de área (20x7), dotada de contrapiso em concreto e piso em cimento

140 m2 3.500,00

Pés-direito em número de 16 em concreto 4 x 0,15 x 1,15m; Estrutura metálica: cobertura com telha de fibrocimento amianto fixadas por parafusos; vão livre do telhado ao piso de 3m

16 pç 11.900,00

Mão-de-obra (impostos + previdência) - - 3.850,00

Bancada em concreto de 0,80 x 1,20m 1 pç 200,00

Triturador com capacidade para 4 litros 1 pç 340,00

Cilindro 1 pç 1.050,00

Peneira formato A-4 (29,7 x 21,0cm) 6 pç 18,00

Peneira formato A-3 (42,0 x 29,7cm) 6 pç 30,00

Peneira formato 1/2 (66,0x49,0cm) 2 pç 14,00

Total 21.062,00

QUADRO 5 - Custos da Construção e Equipamentos para Implantação do Projeto Fonte: Dados pesquisados pelos autores com consulta à PROAF e PCU/UEL (2008).

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manuseio do liquidificador, da prensa ou do cilindro, e um depósito com cerca de 20

m2 para guardar as aparas selecionadas, o material produzido e alguns equipamentos.

c) Custo do Material de Consumo

No Quadro 6 está demonstrado o custo dos materiais de consumo,

sendo que alguns foram adquiridos através do sistema de compra direta da UEL e

outros de estoque, junto ao Almoxarifado Central e em estabelecimentos que

comercializam esses produtos.

O Quadro 7 refere-se a função do pessoal envolvido no projeto, são

todos voluntários alguns ligados à gráfica da UEL e a outros órgãos da instituição. Os

estagiários são do curso de Design Gráfico e “menor aprendiz” à EPESMEL, os quais

prestam serviço na gráfica. O Quadro 8 mostra a função e o órgão que os participantes

estão vinculados.

FIGURA 4 . Tanques Acoplados para Implantação do ProjetoElaborado por: Elder Gustavo Abe, estagiário do curso de Design na Gráfica/UEL (2008).

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PESSOAL/FUNÇÃO QUANTIDADE CUSTO TOTAL

Técnico em Assuntos Universitários 1 Voluntário

Técnico emProjeto Visual e Editoração 3 Voluntário

Técnico Gráfico 2 Voluntário

Auxiliar Operacional 2 Voluntário

Operador de Copiadora 1 Voluntário

Secretária Executiva 1 Voluntário

Docente 1 Voluntário

Estagiário do curso de Design Gráfico 2 Voluntário

Menor Aprendiz 2 Voluntário

Total 15

QUADRO 7 - Pessoal Envolvido no ProjetoFonte: Dados levantados pelos autores com consulta a Pró-Reitoria de RecursosHumanos/UEL (2008).

DESCRIÇÃO QUANTIDADE UNIDADE CUSTO TOTAL

Tecido TNT 50 metro 60,00

Corda de sisal oleado, rolo com 9 kilos 1 rolo 62,00

Balde 64 litros 2 pç 40,00

Bacia 13,5 litros 2 litro 20,00

Cola branca 90 gramas 3 frasco 1,80

Tesoura 7.1/2" 3 pç 24,00

Esponja para limpeza geral 5 pç 2,50

Pano de prato 5 pç 7,75

Saco branco de algodão 5 pç 5,25

Corda de naylon para varal 2 pç 3,00

Pegador de roupa de madeira 5 pcte 5,00

Tela mosquiteira de naylon, malha 16-fio 0,40mm x 1,20m

3 metro 10,70

Total xx xx 242,00

QUADRO 6 - Custos da Matéria-Prima para Implantação do ProjetoFonte: Dados levantados pelos autores com consulta à PROAF/ Diretoria de Material/UEL (2008).

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8.2 MONTAGEM DA OFICINA DE RECICLAGEM6

O processo para a reciclagem e o reuso do papel, ocorrerá partindo-se

da montagem de uma oficina seguindo as seguintes etapas;

a) Planejamento e Setores da Oficina

. conteúdos a serem desenvolvidos:

. integração do grupo;

. técnicas artísticas com papel reciclado: recorte, colagem, rasgadura;

. educação ambiental: compreender a importância do ato de reciclar, a melhoria

6. As etapas para a montagem da oficina de reciclagem foram extraídas de ADMS... (2006).

PESSOAL/FUNÇÃO ÓRGÃO QUANTIDADE CUSTO

Técnico em Assuntos Universitários COM/Gráfica 1 Voluntário

Técnico emProjeto Visual e Editoração COM/Gráfica 3 Voluntário

Técnico Gráfico COM/Gráfica 2 Voluntário

Auxiliar Operacional COM/Gráfica 2 Voluntário

Operador de Copiadora COM/Gráfica 1 Voluntário

Secretária Executiva Gabinete 1 Voluntário

Docente CECA/Arte 1 Voluntário

Estagiário do curso de Design Gráfico CECA/Designer 2 Voluntário

Menor Aprendiz EPESMEL 2 Voluntário

Total 15

QUADRO 8 - Pessoal e Órgãos Envolvidos no ProjetoFonte: Dados levantados pelos autores com consulta a Pró-Reitoria de RecursosHumanos/UEL (2008).

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para o meio ambiente, recursos naturais e da produção de lixo;

. reciclagem em geral: apresentar os materiais reciclados e não-recicláveis,

separação do lixo, como e por quê; a reciclagem como forma de desenvolver e

aplicar a criatividade;

. vivenciar a transformação de materiais e conceitos em relação à reciclagem,

adquirindo assim, uma consciência ecológica.

. construção da oficina:

. nome da oficina;

. organizar os equipamentos;

. arrumar o depósito do material, selecionar e picar as aparas, preparar a matéria-

prima para ser processada.

. funcionamento de cada etapa da oficina:

. as aparas serão organizadas com relação a cor;

. preparação do papel para se tornar polpa;

. colocar o papel de molho em baldes;

. liquidificar o papel e colocar no tanque;

. enformar e desenformar a polpa no TNT;

. cilindrar ou prensar a polpa e colocar para secar no varal;

. estocar o papel pronto;

. manter o local, equipamentos e utensílios limpos.

8.3 FINALIDADE DO PRODUTO

Após a polpa pronta e seca o papel será cortado, decorado e utilizado

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para a confecção de bloco, agenda, sacola, cartão, convite e de artigos artesanais

como porta-lápis, caixas decorativas para presente e CD, cesto, agendas, envelopes,

papel para forrar caixas, blocos, envelopes, embalagens para presentes e outras

cartonagens, enfim, chegando-se ao produto acabado pronto para ser usado pela

instituição e comercializado.

Pretende-se agregar valor a esses materiais, ao transformar o papel

reciclado numa gama de produtos, trata-se de um de um material que tem compensação

na sua beleza e no apelo social e ambiental.

A destinação do produto acabado será apresentado e comercializado,

através da Livraria da EDUEL, localizada no campus, com o intuito de atingir a

comunidade, bem como em feiras, eventos, exposições e no comércio em geral.

8.4 DISSEMINAÇÃO DOS RESULTADOS

Este projeto terá duração permanente, como uma oficina de reciclagem

na Diretoria de Serviços Gráficos.

Para difundir os resultados propõe-se a criação e manutenção de uma

página na internet, no site da UEL, no link “gestão ambiental”. Participação em eventos

relacionados às atividades do projeto, publicação de artigos, reportagens no jornal

Boletim Notícia, participação em feiras e exposições.

Para atingir os objetivos propostos dentro do princípio dos 3 R’s, é que

se oferece a instalação da oficina de reciclagem de papel e a comercialização dos

produtos acabados. Assim, reduzir os resíduos na fonte geradora, significa reduzir o

volume de lixo nos aterros, diminuir a poluição, a contaminação e preservar os recursos

naturais.

Compreende-se que reciclar é uma forma de lidar com um lixo com

vistas a reduzir e reusar, tarefa que equivale transformar em produtos novos, a partir

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dos materiais usados. Porém, o reciclar e reutilizar, demanda a triagem das aparas,

tanto o branco quanto o misto, daquele não-reciclável, que são o papel couchê, devido

a sua textura plastificada; o papel copiativo, que é carbonado; e as capas de resmas,

que tem um dos lados plastificado com proteção contra umidade.

Considera-se que essa triagem, fará com que o papel excedente possa

ser vendido às recicladoras tenha maior valor de mercado, gerando renda para o projeto

e evitando o que acontece hoje com esse material.

São atitudes que contribuem para mudança de hábito e oferecem

resultados reais, uma vez que se reciclará o papel limpo e a destinação do excedente

será a venda para recicladoras.

Destaca-se no Quadro 9, o demonstrativo que é uma estimativa para o

funcionamento do projeto. Porém, neste contexto, o que tem que se considerar

basicamente, são os ganhos ambientais, sociais e culturais que o projeto proporcionará

à instituição, uma vez que os atores envolvidos farão o papel de multiplicadores

ambientais.

Em princípio o projeto servirá como marketing ambiental para a

instituição, porém, o que se pretende, futuramente, é convertê-lo num projeto de inclusão

social. Isto é, reaproveitar o conhecimento, transformando-o em ação social, bem como

da formação profissional aos jovens em situação de vulnerabilidade com a utilização

das técnicas de reciclagem e reutilização das aparas.

Esse processo se dará numa parceria com a ACIDUEL – Associação

de Ação e Cidadania Pró-Servidores da UEL, a qual presta atendimento em assistência

social aos servidores da instituição, tendo como público alvo os filhos desses servidores

em situação de vulnerabilidade.

Assim como com a EPESMEL – Escola Social e Profissional do Menor

de Londrina, repassando os ensinamentos da técnica de reciclagem. Fortalecendo

também os laços de relações sociais pautados nas variáveis de solidariedade e

responsabilidade ambiental. Outras parcerias poderão ser feitas, com aqueles que

cumprem pena alternativa.

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Engendrando nos jovens a construção de produtos novos a partir de

material usado, processo este que propicia economia, fonte de renda, de emprego e o

despertar nesse jovem o interesse pela preservação do meio ambiente, usando como

ferramenta a educação ambiental empregando o princípio dos 3 R’s.

Sabe-se que o aprendizado ocorre de forma mais significativa quando

vivenciado e quando o educando sente-se parte daquilo que está sendo estudado. A

técnica da reciclagem e confecção artesanal, como alicerce pedagógico, possibilita

aos adolescentes uma experiência de cidadania concreta, colocando-os em contato

com o mundo do trabalho.

QUADRO 9 - Demonstrativo de Receita da Venda dos Artefatos e das Despesas do Projetode Reciclagem - Gráfica/UELFonte: Elaborado pelos autores com base nos dados fornecidos pelo Departamento de ArtesVisuais - CECA/UEL para artefatos, e nos Quadros 3; 4; 5; e 6 para as despesas (2008).

RECEITAS/ARTEFATOS UNIDADE VALOR DESPESAS/PROJETO VALOR

Embalagem para CD PÇ 0,80 Pessoal Voluntário

Sacola para embalagem - 23x15 cm

pç 1,00 Bolsa estágio Voluntário

Saco para embalagem - 23 x 15 cm

pç 0,50 Salário menor aprendiz Voluntário

Cartão de felicitações pç 1,00 Custo da matéria-prima 242,00

Convite para eventos cento 80,00Custo para manutenção dos equipamentos - mão-de-obra

53.000,00

Papel para forrar caixas pç 0,80Custo para manutenção dos equipamentos - peças

37.400,00

Bloco para anotação com 10 folhas - meio A-4

pç 1,00Custo para aquisição de equipamentos novo e semi-novo

340.000,00

Agendas pç 20,00Custo para construção do espaço físico e alguns equipamentos

21.062,00

Envelopes pç 0,50Participação em feiras, eventos e exposições

2.000,00

Total 453.704,00

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A reciclagem e o reuso do papel, além de ajudar a solucionar o acúmulo

de lixo nos aterros, também diminui a devastação ambiental, estudos revelam que

200.000 hectares de pinus ou eucaliptos poderiam absorver cerca de 5 milhões de

toneladas de carbono por ano. Reciclar é economicamente viável, aliado a um conjunto

de ações integradas que visem o melhor aproveitamento do material descartado.

No entanto, para dilatar as ações e fortalecer as metas estipuladas, é

fundamental o apoio financeiro para a ampliação do espaço físico, modernização e

aquisição de novos equipamentos para o parque gráfico, pois todo este conjunto de

medidas fazem parte do processo de confecção dos produtos que se pretende criar.

Que esse apoio resulte de instituições públicas voltadas a financiar o vínculo entre

meio ambiente e inclusão social.

O projeto irá representar uma redução nos custos financeiros, reais,

com a retirada dos resíduos gerados pela instituição, sem mensurar os ganhos sociais

e ambientais.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto propõe reciclar as aparas do papel gráfico da UEL, atitude

que beneficiará diretamente o meio ambiente, minimizando os impactos ambientais,

na disposição dos resíduos sólidos, bem como dos recursos naturais.

O desenvolvimento da atividade por meio da oficina de reciclagem

com uma abordagem artística relacionada à técnica de confecção de objetos, visa

criar um ambiente de tranqüilidade, prazer e criatividade.

O papel gráfico é apenas uma parte do resíduo gerado pela instituição,

este será coletado já no processo de corte e/ou refile, nas operações de pré e pós-

impressão, e dentro das normas estabelecidas para a seleção de papel reciclável, com

isso já estará automaticamente selecionado e pronto para a reciclagem. Estima-se

que a quantidade desse material gira entre 600 e 800 quilos mensalmente,

principalmente no período de intensidade dos eventos.

Os custos para implantação do projeto, passando pela substituição

dos equipamentos gráficos e/ou a manutenção dos já existentes, é da ordem de R$

454 mil reais, porém as vantagens são imensuráveis, porque, neste contexto, o que se

considera basicamente, são os ganhos ambientais, sociais e culturais que o projeto

proporcionará à instituição, uma delas, é de que os atores envolvidos farão o papel de

multiplicadores ambientais.

Após o papel pronto (reciclado), pretende-se confeccionar artefatos

(reuso) para serem comercializados na Livraria da EDUEL junto à comunidade, e

também será usado em alguns eventos da instituição. Porém nada impede que no

futuro se estenda ao comércio local, essa é uma proposta que necessitará,

primeiramente, de uma pesquisa de mercado para se conhecer a aceitação desse

papel.

Em princípio o projeto servirá como marketing ambiental para formar

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uma imagem positivada instituição. Porém, o que se pretende, futuramente, é convertê-

lo num projeto de inclusão social. Pois, o que se pretende é reaproveitar o conhecimento,

isto é, transformá-lo em ação social, bem como dá formação profissional aos jovens

em situação de vulnerabilidade com a utilização das técnicas de reciclagem e reutilização

das aparas.

Espera-se que a sugestão para um projeto de inclusão social, venha a

trabalhar com jovens em situação de vulnerabilidade e traga benefícios voltados para

o resgate de valores e comportamentos, aliados a um processo de aprendizagem que

valoriza as várias formas de conhecimento, formando cidadãos com consciência sobre

questões ambientais. Além de promover a valorização social e o resgate da cidadania,

ensinando técnicas de reciclagem e o aproveitamento dos resíduos de papel,

transformando-os em artefatos artesanais, peças decorativas e utilitários.

Estará, assim, capacitando mão-de-obra, validando uma alternativa

na geração de renda.Socialmente, é uma atividade que fortalece a rede de relações

sociais entre os atores envolvidos pautada nas variáveis de solidariedade e

responsabilidade, engendrando a consciência ambiental que será reproduzida a

novas gerações no ambiente familiar e até mesmo nas organizações vicinais,

transformando-os, culturalmente, como agentes disseminadores das técnicas de

reciclagem.

Pretende-se com a abordagem ecológica do projeto, que este cumpra

a função de conscientizar os participantes sobre os materiais que se descarta no

cotidiano, orientando que esses materiais podem se transformar em objetos úteis e

estéticos, a partir de uma ação consciente e responsável.

Observando-se as condições em que se encontra a gráfica da UEL na

atualidade, para uma rígida adoção do controle ambiental, se faz urgente a adoção de

máquinas com tecnologia gráfica modernas, principalmente as de impressão. Lançar

mão de modelos novos com acertos mais precisos, reduzindo o uso de tintas, solventes,

perda de papel, entre outros aspectos.

No entanto, vale ressaltar que a questão ambiental, no Brasil, ainda, é

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tratada com descaso, isso perpassa pelo atraso de uma herança colonial. O país é o

maior detentor da biodiversidade do planeta, só tem a ganhar com a exploração

sustentável de seus recursos naturais, porém para que isso se concretize é preciso

participar com uma gestão competente, como protagonistas das grandes decisões

sustentáveis do mundo. Para sua materialização, primeiramente, terá que trabalhar

para prezar seu próprio patrimônio.

Constata-se que o problema do resíduo sólido urbano parece estar

longe de receber a atenção que merece, esse é um desafio ambiental, pois a ação da

administração pública local, opta apenas em afastar da zona urbana o lixo coletado

depositando em local inadequado.

Seria interessante que o Brasil promovesse apoio financeiro e

tecnológico a pequenas e médias empresas recicladoras, são elas que contribuem na

geração de empregos e na diminuição dos resíduos. Nesse contexto, também, as

instituições públicas poderiam compartilhar como fornecedoras de matéria-prima, bem

como de agentes conscientizadores, participantes dentro e fora de seu local de trabalho.

Diante disso, ações isoladas começam a se desenvolver nas

universidades brasileiras, são projetos preocupados com o tema ambiental, porém

algumas vão além disso, incluem também a questão social. Auxiliando cooperativas

de reciclagem, instruindo sobre a metodologia da reciclagem de papel de forma manual

na geração de renda e dignidade a seus membros. A Unb é a que mais se destaca

nessa atividade, pois trabalha com os egressos do sistema prisional do Distrito Federal.

No entanto, a grande maioria das universidades trabalham com a

comunidade interna reciclando os resíduos produzidos dentro da instituição e

destinando-o às empresas recicladoras. As universidades tem papel estratégico na

formação de indivíduos comprometidos com um mundo melhor, mais justo e sustentável.

A reciclagem tem sido proposta como alternativa complementar na solução dos resíduos

gerados.

Sabe-se que a solução para os resíduos sólidos é aquela que prevê

redução da quantidade na fonte geradora. O contrário, adota-se a reciclagem, utilizar

ou recuperar de forma que os aterros sejam a última opção para o destino final.

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