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1 PROPOSTA MULTIDISCIPLINAR PARA ENFRENTAMENTO DE PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS LOCAIS: INTERAÇÕES ENTRE UNIVERSIDADE E SOCIEDADE EM AXIXÁ DO TOCANTINS - TO Oswaldo Gonçalves Junior 1 Alessandra Aparecida Viveiro 2 RESUMO: Contextualiza e descreve o município de Axixá do Tocantins, o Projeto Rondon e o trabalho desenvolvido pela equipe da Unesp de Araraquara. Apresenta proposta multidisciplinar desenvolvida e voltada para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, entendendo-se que a rede municipal de ensino constitui-se num espaço estratégico para desencadear processos formativos que possam atingir, direta ou indiretamente, o público escolar e população em contato com esta. Focando a Serra do Estrondo, local potencialmente relevante para geração de desenvolvimento municipal a partir de atividades de ecoturismo, a proposta objetiva a articulação de conhecimentos teóricos e práticos a partir de conteúdos relacionados à temática ambiental para enfrentamento de problemas socioambientais. PALAVRAS-CHAVE: Axixá do Tocantins; Serra do Estrondo; Projeto Rondon; Educação; Problemas socioambientais. INTRODUÇÃO Axixá do Tocantins é um município situado no extremo norte do Estado do Tocantins, na Microrregião do Bico do Papagaio. O território do Bico do Papagaio localiza-se na confluência entre os rios Araguaia e Tocantins, fazendo divisa com os Estados do Pará e do Maranhão. Está em uma zona de transição entre os biomas Floresta Amazônica e Cerrado, em uma área com densa vegetação de babaçu 3 e outras palmáceas, como o buriti e a macaúba. O babaçu, em especial, é de grande importância econômica para a região, uma vez que a planta é totalmente aproveitada: as amêndoas são beneficiadas para extração de óleo usado na produção de alimentos, produtos de higiene, limpeza e cosméticos; o mesocarpo é usado na alimentação humana e como aglomerante na fabricação de briquetes; o epicarpo (camada externa e fibrosa do fruto) é utilizado para 1 Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara UNESP, [email protected], Doutor em Administração Pública e Governo. 2 Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara UNESP, [email protected], Doutora em Educação para a Ciência. 3 O babaçu é uma palmeira da família botânica Arecaceae. Há várias espécies, sendo as mais conhecidas a Attalea phalerata e a Attalea speciosa.

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PROPOSTA MULTIDISCIPLINAR PARA ENFRENTAMENTO DE

PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS LOCAIS: INTERAÇÕES ENTRE UNIVERSIDADE E SOCIEDADE EM AXIXÁ DO TOCANTINS - TO

Oswaldo Gonçalves Junior1 Alessandra Aparecida Viveiro2

RESUMO: Contextualiza e descreve o município de Axixá do Tocantins, o Projeto Rondon e o trabalho desenvolvido pela equipe da Unesp de Araraquara. Apresenta proposta multidisciplinar desenvolvida e voltada para os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, entendendo-se que a rede municipal de ensino constitui-se num espaço estratégico para desencadear processos formativos que possam atingir, direta ou indiretamente, o público escolar e população em contato com esta. Focando a Serra do Estrondo, local potencialmente relevante para geração de desenvolvimento municipal a partir de atividades de ecoturismo, a proposta objetiva a articulação de conhecimentos teóricos e práticos a partir de conteúdos relacionados à temática ambiental para enfrentamento de problemas socioambientais. PALAVRAS-CHAVE: Axixá do Tocantins; Serra do Estrondo; Projeto Rondon; Educação; Problemas socioambientais. INTRODUÇÃO Axixá do Tocantins é um município situado no extremo norte do Estado do

Tocantins, na Microrregião do Bico do Papagaio.

O território do Bico do Papagaio localiza-se na confluência entre os rios

Araguaia e Tocantins, fazendo divisa com os Estados do Pará e do Maranhão. Está

em uma zona de transição entre os biomas Floresta Amazônica e Cerrado, em uma

área com densa vegetação de babaçu3 e outras palmáceas, como o buriti e a

macaúba. O babaçu, em especial, é de grande importância econômica para a região,

uma vez que a planta é totalmente aproveitada: as amêndoas são beneficiadas para

extração de óleo usado na produção de alimentos, produtos de higiene, limpeza e

cosméticos; o mesocarpo é usado na alimentação humana e como aglomerante na

fabricação de briquetes; o epicarpo (camada externa e fibrosa do fruto) é utilizado para

1 Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – UNESP, [email protected], Doutor em

Administração Pública e Governo. 2 Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – UNESP, [email protected],

Doutora em Educação para a Ciência. 3 O babaçu é uma palmeira da família botânica Arecaceae. Há várias espécies, sendo as mais

conhecidas a Attalea phalerata e a Attalea speciosa.

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confecção de xaxins, vasos, estofados de carros, adubo orgânico e na queima em

fornos domésticos e comerciais; o endocarpo (camada mais resistente do fruto) serve

para queima em substituição à lenha; o caule pode ser utilizado em construções e

para marcenaria rústica; quando a palmeira é jovem, extrai-se também o palmito; as

folhas, que chegam a medir oito metros de comprimento, são usadas na cobertura de

casas, sobretudo nas áreas rurais onde são frequentes casas de pau a pique; a palha

seca trançada serve de matéria prima para produção de artesanato, como cestarias,

chapéus, esteiras; entre outras aplicações. A atividade extrativista é executada

tradicionalmente por mulheres, de modo artesanal. Muitas famílias sobrevivem da

agricultura de subsistência associada à exploração do babaçu (FERREIRA, 2005;

VAINSENCHER, 2008; CARRAZZA; SILVA; ÁVILA, 2012).

Nas décadas de 1960 e 1970, a região era a porta de entrada para a Amazônia

Legal e, durante o regime militar, tornou-se zona de intensos conflitos agrários entre

grileiros e posseiros, vindos em sua maioria dos Estados do Piauí e Maranhão em

busca de terras, e fazendeiros da região centro/sul do país, interessados na ocupação

para criação de gado de corte, motivados pelos incentivos do Governo Federal que

pretendia ocupar e promover o crescimento econômico da região (CARVALHO;

COSTA; PALMEIRA, 2006; SILVA; CUNHA, 2012). A partir da década de 1960, o

acesso aos babaçuais para exploração extrativista, até então livre, passou a ser

dificultado pelas cercas e porteiras das fazendas, gerando intenso conflito entre as

famílias que viviam da extração do babaçu e empregados dessas fazendas, o que

Figura 1: Mapa do Estado do Tocantins com destaque para a Microrregião do Bico do Papagaio.

Figura 2: Mapa do Estado do Tocantins com destaque para o município de Axixá do Tocantins.

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ocasionou inclusive a morte de muitas pessoas (MATOS, 2005). Ainda hoje os

conflitos existem na região, a exemplo da luta de milhares de mulheres quebradeiras

de coco que reivindicam, entre outras demandas, livre acesso aos babaçuais,

concentrados cada vez mais em áreas privadas que têm se tornado inacessíveis ao

trabalho extrativista4 (CARRAZZA; SILVA; ÁVILA, 2012).

A dinâmica socioeconômica da Microrregião, marcada pela exploração de

recursos naturais, dá o tônus à relação sociedade-ambiente. Assim, o Bico do

Papagaio situa-se no chamado “arco do desmatamento”, com a substituição da

vegetação nativa pelo plantio de pastagens e grandes monoculturas exploradas pelo

agronegócio, em um ritmo acelerado, que constitui um grave problema ambiental,

ocasionando a perda de biodiversidade bem como uma ameaça à sobrevivência dos

trabalhadores agroextrativistas e de outros grupos que trabalham com a agricultura

familiar nesses locais (ROCHA, 2011).

O povoado que deu origem ao município de Axixá do Tocantins se constituiu

em 1953 a partir de moradores que se dedicavam à exploração do babaçu e à caça de

animais silvestres. Graças à abundância da caça e à grande incidência de babaçu,

rapidamente a região foi povoada. O termo Axixá faz referência ao nome popular de

uma árvore (Sterculia sp.)5 bastante comum na vegetação nativa da região (IBGE,

2014).

No início da década de 1960, o povoado foi emancipado com a denominação

Axixá de Goiás e, a partir da constituição do Estado do Tocantins, em janeiro de 1989,

passou a ser denominado como Axixá do Tocantins, ocupando uma área de

aproximadamente 150Km2 (IBGE, 2014).

O censo de 2010 indicava uma população de 9.275 habitantes, com

concentração de crianças e jovens dos 5 aos 19 anos. O produto interno produto tem

sua principal contribuição advinda do setor de serviços, com reduzida contribuição da

indústria e do setor agropecuário, ainda que 1/3 da população se dedique a atividades

rurais (IBGE, 2014).

4 Embora, desde 2008, o Tocantins tenha aprovado a Lei do Babaçu Livre, que garante às

comunidades tradicionais e às quebradeiras de coco o acesso a áreas públicas ou devolutas onde existam os babaçuais, o acesso a propriedades particulares está condicionado a acordo com os proprietários. Além da derrubada das palmeiras por muitos fazendeiros, os relatos são de enfrentamento e dificuldade de acesso. 5 O nome popular Axixá é usado em diferentes textos fazendo referência a duas espécies do

mesmo gênero: Sterculia striata (TOCANTINS, 2012) e Sterculia chicha (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, s.d.). Lorenzi (1992) denomina Chichá a Sterculia chicha (A. St-Hil. ex Turpin / Angiospermae - Malvaceae - antiga Sterculiaceae) e Chichá do Cerrado a Sterculia Striata (A. St-Hil & Naudin / Angiospermae - Malvaceae - antiga Sterculiaceae). O autor traz vários nomes populares, incluindo “Xixá”, mas não menciona o nome “Axixá”. Diante da dificuldade de identificar a espécie exata que dá nome ao município, optamos pela indicação Sterculia sp., como fazem também Matoski e Rocha (2006) ao fazer referência à madeira de Axixá.

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Dados relativos ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)

indicam que o município de Axixá do Tocantins está situado na faixa mediana (IDHM

Médio entre 0,6 e 0,699), obtendo em 2010 o índice de 0,627. A dimensão que mais

cresceu entre 2000 e 2010, em termos absolutos, foi Educação (com crescimento de

0,284), seguida por Longevidade e por Renda. Em 2010, 96,23% das crianças de 5 a

6 anos frequentavam a escola e 86,66% de 11 a 13 anos cursavam os anos finais do

fundamental ou possuíam este nível de ensino completo. Entre os jovens, 50,72%

daqueles entre 15 e 17 anos já haviam concluído o Ensino Fundamental e 30,97%

com idade entre 18 e 20 anos possuíam Ensino Médio completo (PNUD, 2013).

Esses dados mostram que houve um avanço significativo em termos de

proporção de acesso e fluxo educacional, embora o perfil econômico do município não

tenha acompanhado essa evolução no mesmo grau. Essa percepção é importante e

serviu de base para as reflexões que suscitaram a elaboração da proposta de

intervenção a ser tratada mais à frente neste trabalho.

Com relação aos aspectos ambientais, o município é representativo da

Microrregião onde está inserido. A paisagem do entorno é bastante modificada,

ocupada por grandes fazendas, assentamentos e agrovilas. Persistem babaçuais em

algumas áreas, mas Rocha (2011) aponta que as pastagens alteraram profundamente

a paisagem no município. Na área urbana, os bairros centrais concentram moradias de

alvenaria, enquanto a periferia exibe grande quantidade de casas de pau-a-pique. Há

pouca arborização em todo o espaço territorial urbano.

Figura 3: Imagem de satélite com visualização da área urbana do município de Axixá do Tocantins.

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PENSANDO A PARTIR DO PROJETO RONDON

Em razão do baixo desenvolvimento socioeconômico, Axixá do Tocantins foi

selecionado para integrar o grupo de municípios alvo das ações do Projeto Rondon na

Operação Portal da Amazônia em janeiro de 2014.

O Rondon é um projeto de integração social no qual alunos universitários, sob

a supervisão e orientação de professores coordenadores, desenvolvem atividades

voluntárias em regiões com diferentes características sociais e culturais do país. Foi

criado em 1967, com intensa atividade até 1989, quando foi extinto. Em 2005, foi

retomado com a coordenação do Ministério da Defesa (BRASIL, s/d).

A Operação “Zero”, projeto piloto realizado em junho de 1967, reuniu 31 alunos

de Engenharia, Medicina, Geociências, Documentação e Comunicação da

Universidade do Estado da Guanabara, Pontifícia Universidade Católica e

Universidade Federal Fluminense que ficaram por 28 dias desenvolvendo atividades

de pesquisa, levantamento e assistência médica em Rondônia. Dessa expedição,

surgiu o Projeto Rondon, sob coordenação do Ministério do Interior, com apoio dos

Ministérios das Instalações, Exército, Marinha e Aeronáutica (PRAVATO, 2011).

Os universitários viajavam no período de férias, desenvolvendo trabalho

voluntário. Com a percepção da necessidade de que o trabalho tivesse continuidade

nos municípios assistidos, foram criados os “Campi Avançados” em regiões pouco

desenvolvidas do país. Os Campi eram instalados e administrados pelas

Universidades que desenvolviam atividades de pesquisa e extensão.

Os objetivos do Projeto, nessa primeira fase, são vistos de forma controversa.

Por um lado, há argumentos de que, apesar de nascido no regime militar, o Projeto

Rondon nunca teve característica assistencialista ou ideológica, buscando o

desenvolvimento de áreas mais afastadas e o conhecimento da realidade por parte

dos universitários. Por outro, a criação do Projeto é associada a uma tentativa de

afastar os jovens das manifestações de oposição, envolvendo uma seleção individual

e excluindo, com isso, estudantes ligados a organizações estudantis, contrários à

ditadura militar. De todo modo, em 1989, sob o argumento de corte de gastos, o

Projeto foi encerrado (Id., 2011).

Em 2004, com vistas ao retorno do Projeto Rondon, foi criado um Grupo

Interministerial para estabelecer as diretrizes e os objetivos do Projeto e, em janeiro de

2005, foi retomado com a Operação Amazonas no município de Tabatinga – AM (Id.,

2011).

Atualmente, o Projeto Rondon objetiva

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contribuir para a formação do universitário como cidadão; integrar o universitário ao processo de desenvolvimento nacional, por meio de ações participativas sobre a realidade do País; consolidar no universitário brasileiro o sentido de responsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais; estimular no universitário a produção de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas (BRASIL, s/d).

O trabalho envolve uma articulação entre saberes populares e científicos,

priorizando ações que tenham continuidade no município (PRAVATO, 2011).

A participação das Instituições de Ensino Superior (IES) se dá a partir do

processo de submissão de proposta de trabalho em resposta a editais lançados

semestralmente pelo Ministério da Defesa, órgão responsável pelo Projeto Rondon.

Uma comissão, composta por técnicos de diversos Ministérios, avalia as propostas

com base em critérios como a pertinência e exequibilidade do plano de trabalho, a

excelência e a qualidade da IES, entre outros aspectos (BRASIL, s.d.).

Após a seleção, os professores coordenadores das equipes das IES

participantes visitam os municípios, conhecendo a realidade e estabelecendo contato

com gestores e líderes municipais para ajustar a proposta de acordo com as

demandas e necessidades locais. Nesse momento, é definido ainda o apoio logístico

que a Prefeitura dará aos rondonistas, como transporte para as atividades,

alimentação e alojamento (Id., s.d.).

Foi o que ocorreu em outubro de 2013, quando os professores coordenadores

da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) realizaram a

viagem precursora à Axixá do Tocantins, etapa do projeto que evidenciou a existência

de demandas relativas ao descarte de resíduos sólidos, geração de emprego e renda,

administração do orçamento familiar, entre outras. Além disso, a população

necessitava de melhor qualificação profissional nas áreas de Educação, Cidadania,

Saúde, Meio Ambiente, Agricultura e Tecnologia.

Diante desse quadro, a equipe composta por oito estudantes de Graduação

das áreas de Administração Pública, Ciências Econômicas, Ciências Farmacêuticas,

Letras e Pedagogia desenvolveu oficinas, minicursos, palestras e rodas de conversa

relativas a temas como a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos,

descarte adequado do resíduo clínico hospitalar, associativismo e cooperativismo,

qualidade do atendimento no serviço público, geração de emprego e renda, turismo

como oportunidade para o desenvolvimento local e Educação Ambiental.

De modo geral, embora tivessem um público-alvo, todas as atividades eram

abertas para a comunidade interessada. As ações ocorreram durante duas semanas

em diferentes espaços, com dois dias de atividades concentradas em Assentamentos

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da área rural (Pequizeiro e Buritis) e os demais na área urbana. A escolha pelos

Assentamentos se deu por serem dois territórios localizados em posições opostas do

município e estarem entre os maiores povoados, reunindo, em cada um deles, mais de

quinhentos moradores, além dos pequenos povoados localizados nas imediações.

A título de exemplo, segue breve descrição de algumas das ações

desenvolvidas.

A palestra "Economia Doméstica e Orçamento Familiar” teve três edições. Em

uma delas, reuniu os alunos da Educação de Jovens e Adultos atendidos pelas

escolas municipais, inclusive da área rural, que tiveram suporte da Prefeitura para

deslocamento. Também foi realizada nos dois Assentamentos, com público variado.

Tinha como objetivo discutir conceitos financeiros e formas de alocação de recursos,

de modo a otimizar o uso da renda familiar, respeitando as restrições orçamentárias

existentes.

A palestra "Formas de Organização: associativismo e cooperativismo" ocorreu

nos Assentamentos rurais reunindo tanto membros das associações existentes, como

das quebradeiras de coco de babaçu, quanto interessados em possibilidades de

articulação. A atividade teve como objetivo sensibilizar a comunidade local sobre

dinâmicas econômicas diferenciadas, buscando a integridade produtiva, a união e a

sustentabilidade.

A roda de conversa sobre a "Implementação da Política Nacional de Resíduos

Sólidos” ocorreu na Câmara Municipal, reunindo gestores (secretários e vereadores) e

membros da sociedade civil preocupados com a temática ambiental. Tinha como

objetivo sensibilizar os participantes para a necessidade da adequada gestão dos

resíduos sólidos no município bem como esclarecer e discutir sobre as demandas

urgentes que devem ser atendidas a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

O minicurso “Educação Ambiental” foi desenvolvido junto aos professores dos

anos finais do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino. Tinha como objetivo

conhecer as práticas já realizadas, discutir sobre as dificuldades encontradas e

sensibilizar os docentes sobre a importância de desenvolvimento de ações e projetos

envolvendo a Educação Ambiental na escola, bem como fornecer elementos teóricos e

metodológicos que subsidiem essas práticas.

Nos dois Assentamentos e na área urbana, foram desenvolvidas oficinas com

crianças voltadas à percepção ambiental. Nas áreas rurais, tiveram foco na

valorização e necessidade de conservação do patrimônio natural, com ênfase para a

problemática do descarte irregular de resíduos sólidos. As atividades na região central

da cidade exploraram as diversas formas de poluição presentes no espaço urbano.

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O desenvolvimento das atividades junto a públicos diversos, os diálogos com

representantes de diferentes segmentos e a observação cuidadosa da realidade

possibilitou também diagnosticar desafios, o que permitiu fornecer orientações, no

caso de questões menos complexas, e construir propostas apontando caminhos para

que o município encontrasse soluções para problemas em várias áreas. Entre elas,

algumas merecem destaque, pois se relacionam diretamente com a problemática

central desse trabalho.

Durante as atividades e em outros espaços de diálogo estabelecidos com

vereadores e representantes de diferentes Secretarias Municipais, buscou-se orientar

no sentido de busca de parcerias e apoio para o desenvolvimento local. Por exemplo,

no caso da Secretaria Municipal de Educação, chamou a atenção da equipe a

ausência de articulação com as universidades federais que possuem campi na região,

como por exemplo, a Universidade Federal do Maranhão, Campus Imperatriz (a

aproximadamente 43Km), e a Universidade Federal do Tocantins, Campus Araguaína

(a aproximadamente 225Km), que poderiam contribuir em processos formativos junto

aos professores da Educação Básica. Essas possibilidades pareciam não ser

vislumbradas e foram recebidas com muito entusiasmo.

A problemática dos resíduos sólidos foi um dos temas que demandou atenção.

Todos os municípios brasileiros terão que se adequar, até agosto de 2014, à Política

Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). Isso implica na elaboração e

implementação de um Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos. Entre outros

aspectos relevantes, a Política determina o fim dos lixões, sendo substituídos por

aterros sanitários. A dificuldade enfrentada por pequenos municípios, como Axixá do

Tocantins, recai no alto custo para construção destes locais.

Diante disso, a própria Política preconiza que sejam estabelecidos consórcios

intermunicipais para viabilizar a construção de aterros sanitários compartilhados. O

município de Axixá do Tocantins compõe um desses consórcios, mas houve muita

dificuldade de identificarmos os atores do poder público envolvidos e responsáveis por

esse processo. Parecia haver um desconhecimento da Política e um estranhamento

quanto à complexidade da responsabilidade do município pela questão, para além da

construção e gestão do aterro.

Segundo a determinação da Política, para os aterros sanitários poderão ser

destinados somente rejeitos, ou seja, apenas e tão somente aqueles materiais que

não apresentem possibilidade de reutilização ou reciclagem. Para todos os demais

(plásticos, papéis, metais, vidros, material compostável etc.), o poder público local terá

que implementar programas de coleta seletiva, separação e destinação correta.

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Não por acaso, a Política enfatiza a importância do envolvimento de

associações e cooperativas de catadores, bem como uma perspectiva de valorização

mercadológica dos produtos que possam gerar emprego e renda ao município. Ao

mesmo tempo, o envolvimento da população é peça chave para a concretização da

transformação na forma como se lida com a problemática do lixo. Nesse sentido, uma

mudança de postura através da sensibilização e conscientização de toda a

comunidade atribui à Educação Ambiental papel estratégico. A rede escolar pode e

deve ser envolvida nesse processo, uma vez que crianças, jovens e adultos são tanto

sujeitos a serem transformados quanto multiplicadores nos diferentes espaços em que

estão inseridos (trabalho, família, Igreja etc.).

Para que todo esse processo de mudanças aconteça e se consolide, indicou-se

a necessidade de que o poder público municipal tomasse algumas medidas práticas e

urgentes. Além de aspectos já apontados, a população, seguidas vezes, relatou a falta

de regularidade (intervalos de até quinze dias entre as coletas, horários e dias

indefinidos em muitos bairros e comunidades) e a precariedade (veículos

inapropriados, ausência de equipamentos de segurança para os coletores etc.) com

que é feita a coleta de resíduos por caminhões da Prefeitura Municipal, resultando em

acúmulo de lixo doméstico espalhado por vários pontos da cidade. A regularização da

coleta é essencial para que a mudança de postura da população seja respaldada pelo

poder público, caso contrário, todo o processo educativo pode ser comprometido.

Além do problema dos resíduos domiciliares, Axixá do Tocantins vem

enfrentando um grave problema relativo ao descarte de resíduos hospitalares.

Trabalhou-se informando e sensibilizando os profissionais da Saúde sobre a gestão do

lixo hospitalar. Identificamos que, apesar da boa vontade e do conhecimento técnico

dos servidores, a coleta dos resíduos clínicos hospitalares é feita em desacordo com

as determinações legais. O material perfuro-cortante é queimado de maneira precária

nos fundos do hospital e o restante dos resíduos – curativos, por exemplo – é

descartado junto com o lixo comum, prática que oferece sérios riscos de contaminação

tanto para os profissionais da saúde quanto para a população em geral. A solução

urgente que se apresenta para este problema passa pela instalação de um incinerador

fora da área do hospital para o qual sejam encaminhados, por meio de coleta

específica, todos os resíduos clínicos da área de saúde. Esta coleta pode atender,

inclusive, farmácias, consultórios médicos e odontológicos e unidades básicas de

saúde.

Na área rural, nas atividades com os temas associativismo e cooperativismo,

buscou-se, junto a representantes da Associação das Quebradeiras de Coco,

identificar falhas nos processos de organização e pensar em possíveis caminhos para

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fortalecimento desses grupos. Além disso, procurou-se evidenciar que outros

pequenos produtores podem se fortalecer e aumentar o poder de negociação de seus

produtos a partir da criação de associações, como é o caso dos produtores de leite.

A percepção é de que prevalece, entre os grupos, grande desorganização que

envolve tanto o desconhecimento, por parte dos envolvidos, dos objetivos de uma

associação quanto das potencialidades que justificam a própria existência desta forma

de organização, ou seja, que a união pode proporcionar oportunidades que o

isolamento desfavorece. Isso tem resultado no desperdício dos incentivos

governamentais recebidos como verbas e maquinários e que hoje poucos resultados

trazem, sobretudo pensando-se numa maior autonomia de pessoas dependentes dos

programas de transferência de renda. É imprescindível a busca de apoio técnico

especializado para que essas associações saiam efetivamente do papel e cumpram

seus objetivos.

Por fim, chamou a atenção a natureza exuberante da região de Axixá do

Tocantins, um patrimônio natural e cultural com enorme potencialidade para o

ecoturismo e o turismo rural, modalidades crescentes em nível mundial, ao passo que,

no município, a atividade se desenvolve de forma não organizada, precária e

esporádica, além de não contar com representação na estrutura de governo local.

A atividade do turismo pode estimular o comércio, o setor de serviços (hotéis,

restaurantes, postos de combustíveis), além de criar postos de trabalho em setores

hoje inexistentes, como no caso de guias turísticos. Dessa forma, pode ampliar as

oportunidades de geração de emprego e renda, algo positivo, sobretudo em um

município que tem a sua população altamente dependente de programas de

transferência de renda e dos empregos públicos municipais.

O turismo pode, ainda, dinamizar a economia como um todo e aumentar a

arrecadação de Imposto sobre Serviços, reforçando o caixa da Prefeitura. Mas, para

que isso se viabilize, é necessário um planejamento que busque parceiros que apoiem

um projeto estruturado, caso contrário, um fluxo desordenado de turistas pode, por

exemplo, trazer impactos nocivos à cidade, causando efeito contrário ao esperado.

Nesse sentido, um caminho apontado foi que o poder público local busque

apoio técnico e gratuito em instituições como, por exemplo: o Serviço Brasileiro de

Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que disponibiliza uma unidade em

Araguatins, município próximo, intermediando o contato com a unidade de Palmas que

detém a Carteira de Turismo e Artesanato; a Universidade Federal do Tocantins,

Campus Araguaína, que possui um curso de Gestão e Turismo, Instituição que pode

ter interesse em parcerias para desenvolvimento de projetos e estágios; entidades

organizadas da sociedade civil, como a Associação Brasileira de Empresas de

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Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA), entre outras. Estas instituições podem

orientar sobre diferentes pontos de vista (apoio para identificação de demandas, de

potenciais, de soluções para problemas específicos da área etc.) e dotar a Prefeitura

de capacidade técnica para captação de recursos junto aos governos estadual e

federal mediante submissão de projetos a editais lançados, por exemplo, pelo

Ministério do Turismo.

Em termos de estrutura administrativa, a Prefeitura pode criar uma Secretaria

do Turismo e Meio Ambiente atribuindo a este órgão a centralização das ações ligadas

ao setor.

Entre os pontos de interesse de Axixá do Tocantins, destacam-se as fazendas

que podem atender ao turismo rural, os chamados “banhos” (pequenos cursos d’água

represados na área rural e destinados ao lazer) e a Serra do Estrondo, principal

referência na paisagem local.

A Serra do Estrondo: um espaço de interesse estratégico

A Serra do Estrondo é constituída por um maciço rochoso de aproximadamente

443 metros de altitude ocupando extensa área do território axixaense. Do alto da Serra

é possível avistar toda a mancha urbana de Axixá do Tocantins e, ao longe, Imperatriz

do Maranhão – MA. No sopé da Serra, observa-se densa floresta de babaçu, exibindo

ainda outras espécies de palmeiras nativas da região. Na encosta voltada para a área

urbana do município, predominam árvores características de cerrado.

6

6 Disponível em: <http://www.cidade-brasil.com.br/municipio-axixa-do-tocantins.html>. Acesso

em: 27.mar.2014.

Figura 4 – Vista aérea da área urbana de Axixá do Tocantins, com a Serra do Estrondo ao fundo.

(Fonte: Cidade Brasil, 2009)6

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É ponto de interesse de praticantes de parapente pois as correntes de ar são

comparadas às de Quixadá, cidade do Ceará considerada como um dos melhores

pontos de voo da América do Sul. É considerado o melhor ponto de voo do Tocantins

e um dos melhores do Norte e Nordeste. Grupo de atletas vindos do Tocantins e do

Maranhão utilizam a Serra para saltos (AXIXÁ, 2009; HELEN, 2012). Em razão disso,

a plataforma superior foi desmatada, com abertura de uma grande clareira na posição

que dá vista para a área urbana de Axixá, de onde saem os saltos.

Há indicativos de projetos ligados a associações que reúnem os atletas de voo

livre buscando melhorar o acesso à Serra do Estrondo para transporte de

equipamentos (AXIXÁ, 2009). Atualmente, o acesso é realizado por trilhas que

percorrem as encostas e, na parte mais íngreme, foram construídos vários lances de

escadas de madeira rústica para facilitar o acesso. Segundo relatos dos moradores, as

escadas foram construídas justamente para possibilitar a subida dos equipamentos de

voo. Atualmente, quem precisa subir algum material até o alto da Serra costuma

contratar jovens moradores para efetuar esse transporte.

A nossa percepção é de que dificuldade de acesso foi um dos principais fatores

que permitiu que a Serra do Estrondo mantivesse boa parte da vegetação nativa e

suas características naturais ao longo do tempo.

Ainda assim, a degradação observada deve-se à ação antrópica sobre o

ambiente: desmatamento, sobretudo na plataforma superior, feito por meio de

queimada; lixo deixado pelos visitantes ao longo das trilhas e também no alto da

Serra, sobretudo composto por garrafas plásticas usadas para o transporte de água;

área ocupada por antenas de celulares usada também para depósito do material

sucateado que não é mais utilizado. Em um dos rochedos que se destaca na encosta

da Serra, foi instalada uma grande cruz de madeira com inscrições que permitem

identificar uma homenagem familiar a uma moradora já falecida.

Durante a roda de conversa realizada com a equipe do Rondon que reuniu

gestores, membros da comunidade local e atletas que exploram o local para a prática

de parapente, estes manifestaram o interesse na construção de uma estrada

pavimentada que daria acesso ao alto da Serra para viabilizar o transporte de

equipamentos e atrair mais atletas para o local.

Parece haver uma tentativa de exploração do local por grupos para fins

privados, por um lado e, por outro, a dificuldade do poder público em vislumbrar a

importância do local tanto como patrimônio natural a ser preservado quanto local com

enorme potencial para o ecoturismo. Mesmo o turismo de aventura, que poderia

atender aos interessados em parapente, precisaria ser organizado para evitar a

ocupação irregular e a degradação da Serra. Isso se constitui como um sério risco

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para a região uma vez que, sem um plano estratégico de gestão, a Serra do Estrondo

e seu entorno ficam fragilizados enquanto alvo de interesses que podem não favorecer

um uso público e acelerar a degradação.

Quanto à titularidade do território, identificamos um registro da área no Cartório

local. No entanto, não há nenhum respaldo legal para esse documento privado e, pelo

que investigamos, a Serra se constitui como um patrimônio público que deve, portanto,

ser responsabilidade do poder estatal.

Em conversas com moradores, diagnosticamos a necessidade de um trabalho

de sensibilização para a valorização do patrimônio pela comunidade local. O

parapente, que parece ser alvo das discussões sobre a Serra, é realizado por

moradores de outros municípios. Por ser um esporte caro, não é acessível à maioria

dos jovens que observam curiosos os parapentes coloridos pelo céu de Axixá.

Por sinal, são alguns poucos jovens moradores que mais se aproximam da

Serra do Estrondo, percorrendo as trilhas e acampando no alto da Serra. Alguns

conhecem todos os desvios e caminhos alternativos, constituindo potenciais

excelentes guias do local, embora não haja nenhum tipo de formalização dessa

atividade. Entre os adultos e idosos, alguns recordam saudosos de terem subido a

Serra uma ou duas vezes na juventude, quando ainda nem havia as escadas. Boa

parte dos moradores, no entanto, nunca subiu a Serra, o que também expõem a

ausência de senso de pertencimento no tocante a este patrimônio.

Uma proposta multidisciplinar

No cenário educacional, Axixá do Tocantins conta com uma ampla rede de

escolas, atendendo uma parcela significativa da comunidade.

No Ensino Fundamental, são 25 escolas, sendo 23 municipais e 2 estaduais.

Nesse contexto, atuam 132 docentes de diferentes áreas. Só em escolas municipais

que atendem o Ensino Fundamental, atuam 96 professores. Em 2012, estavam

matriculados 2.556 alunos. O Ensino Médio é atendido por apenas uma escola

estadual, envolvendo 23 docentes. Em 2012, as matrículas indicavam um total de 740

estudantes. A Educação Infantil é ofertada por 23 escolas, das quais uma é privada e

as demais municipais, envolvendo 35 docentes e 436 alunos (dados de 2012). Pelos

dados, nota-se que a educação formal atinge diretamente, entre crianças, jovens e

adultos, aproximadamente 40% da população axixaense (INEP, 2012).

Entende-se que as escolas são, portanto, espaços estratégicos para

desencadear processos formativos que possam atingir, direta ou indiretamente, os

indivíduos do município, estejam estes frequentando a escola ou convivendo com

estudantes que possam multiplicar conhecimentos.

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Nessa perspectiva, o minicurso de Educação Ambiental desenvolvido durante o

Projeto Rondon em Axixá do Tocantins, com duração de oito horas, foi direcionado a

todos os professores dos anos finais do Ensino Fundamental da rede municipal de

ensino, buscando favorecer a formação de dinamizadores ambientais, ou seja,

profissionais capazes de construir o ambiente educativo como um dos nós de uma

rede para debate, reflexão, aprendizagem e difusão de informações, contribuindo para

democratização da sociedade e ampliação do espaço público. A escola, assim, pode

estar inserida, por meio de suas propostas pedagógicas, nas dinâmicas sociais na luta

hegemônica por uma sustentabilidade ambiental (GUIMARÃES, 2004).

A interação com os professores, durante o minicurso, permitiu identificar que o

município dispõe de um quadro qualificado de docentes, receptivo à discussão da

temática ambiental. Averiguou-se, inclusive, que ações pontuais vêm sendo

desenvolvidas nesse campo, embora elas, em geral, se restrinjam a iniciativas

individuais em temas tradicionalmente explorados em práticas de sala de aula

(reciclagem, artesanato confeccionado com embalagens etc.).

Como apontado anteriormente, o lixo apresenta-se de forma emblemática no

município, observado com recorrência pelas ruas da cidade, sejam elas centrais ou

periféricas, evidenciando um elo problemático de uma complexa cadeia que envolve

da produção até o tratamento dos resíduos sólidos.

Assim, uma caminhada no entorno do ambiente escolar, por exemplo, poderia

constituir uma atividade oportuna para desencadear um processo de reflexão a partir

da observação e exploração dos problemas locais (VIVEIRO; DINIZ, 2009).

Desse modo,

apoiados na observação direta da realidade (...), os alunos podem fazer uma releitura crítico-construtiva [da] (...) realidade, identificar seus problemas socioambientais, estabelecer relações entre as informações levantadas, bem como elaborar propostas para a transformação da mesma (SANTOS; COMPIANI, 2005, p. 5).

É nessa perspectiva que entra a proposta relativa à Serra do Estrondo, foco

deste trabalho. A partir de uma visita ao local, realizada pela equipe com a

participação da comunidade para reconhecimento dos potenciais turísticos do

município, algumas reflexões emergiram, com destaque para dois pontos: a

surpreendente riqueza do patrimônio natural e o processo de degradação em curso.

Diante desse cenário, e considerando o papel estratégico que a educação

pública desempenha na formação de cidadãos conscientes, elaborou-se uma proposta

multidisciplinar, que pode avançar para uma proposta interdisciplinar, com o objetivo

de propiciar a articulação de conhecimentos teóricos e práticos a partir de conteúdos

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relacionados à temática ambiental para enfrentamento de problemas socioambientais

locais. O foco multidisciplinar e interdisciplinar se justificam pela compreensão de que,

por um lado, as preocupações e responsabilidades ambientais perpassam todas as

áreas do conhecimento e, por outro, a busca de soluções exige um olhar abrangente

possibilitando contribuições dos diversos campos do saber. Segundo Leff (2001), o

ensino interdisciplinar no campo ambiental exige a articulação entre as ciências,

possibilitando uma visão integradora da realidade.

Nesse sentido, a proposta envolve o desenvolvimento de atividade que engloba

processos mediados pelos professores de preparação, saída a campo (Serra do

Estrondo) e continuidade em sala de aula a partir das diferentes etapas envolvidas,

tendo como público alvo estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino

Médio.

O Quadro a seguir apresenta parte da proposta com algumas sugestões de

atividades, elaborada e disponibilizada para a rede municipal de ensino de Axixá do

Tocantins.

SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Público-alvo: alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Áreas: Artes, Biologia, Ciências, Educação Física, Filosofia, Física, Geografia,

História, Matemática, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira, Química, Sociologia.

Temas relacionados: resíduos sólidos, consumo, relação homem-natureza,

percepção ambiental, solo e relevo, evolução geológica, bacia hidrográfica,

paisagem, processo histórico de ocupação, fauna e flora, relações ecológicas,

conservação, participação e cidadania, potenciais turísticos, desenvolvimento local

etc.

Objetivo geral

Propiciar a articulação de conhecimentos teóricos e práticos a partir de conteúdos

relacionados à temática ambiental por meio de uma atividade de campo.

Antes e depois da atividade de campo

É fundamental que antes e após a atividade de campo o professor desenvolva,

juntamente com seus alunos, conteúdos relacionados à temática ambiental,

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favorecendo uma integração entre teoria e prática. A partir do roteiro fornecido, cabe

a cada área identificar possíveis pontos para que ocorra essa integração.

Exemplos:

A disciplina de Língua Portuguesa, tendo como perspectiva a comunicação pública,

pode estudar mensagens presentes em placas de sinalização, propondo a

elaboração de material destinado tanto à informação de frequentadores da Serra do

Estrondo quanto à sensibilização da população para a conservação deste importante

patrimônio natural. A área de Artes pode contribuir com atividades que resultem na

expressão gráfica desses conteúdos. Além disso, os alunos podem ser estimulados

a realizarem registros fotográficos de diferentes aspectos do local voltados tanto

para estudo (relevo, paisagem, vegetação, fauna, conservação, vestígios da

presença humana etc.) quanto para a divulgação junto à comunidade, considerando

que muitos moradores nunca estiveram na Serra. Para a área de Língua

Estrangeira, uma sugestão é trabalhar com uma estratégia de simulação em que os

estudantes elaborem pequenos roteiros sobre a Serra do Estrondo para visitantes

estrangeiros, bem como façam a tradução do conteúdo das placas de sinalização

trabalhadas nas áreas de Língua Portuguesa e Artes. Para a área de Biologia, uma

ideia é explorar a problemática dos impactos gerados pela presença humana no

local (lixo, queimada, caça, erosão, alterações na vegetação etc.). A área de

Educação Física pode desenvolver conteúdos relacionados tanto ao

condicionamento físico em geral quanto aos aspectos de fisiologia e anatomia

humana relacionados ao esforço necessário à subida e descida da Serra. Nas áreas

de História e Sociologia, seria interessante os alunos realizarem pesquisa junto a

moradores mais antigos investigando aspectos como o significado atribuído à Serra

bem como os possíveis e diferentes usos desse espaço ao longo do tempo. Estas

são apenas algumas possibilidades que não esgotam o potencial de exploração de

uma iniciativa subsidiada por uma atividade de campo. Você, professor, pode, em

parceria com seus alunos, organizar todo esse material para uma exposição aberta à

comunidade, ampliando o raio de ação e os impactos dessa iniciativa. Nesse

sentido, essa ação contribuirá tanto para a educação escolar quanto para uma

educação que extrapole os muros da escola.

Atividade de campo

Materiais Necessários: sacos de lixo, luvas, água potável, lanche, câmera

fotográfica.

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Roteiro:

Recomenda-se que a atividade seja realizada a partir do início da manhã, evitando-

se um desgaste físico maior em razão do forte sol e da alta temperatura da região.

Cuidados como uso de filtro solar, chapéu e vestimentas e calçados adequados são

fundamentais para se evitar problemas com queimaduras e desconforto durante a

atividade. É importante, ainda, que se providencie água em quantidade suficiente

para subida e descida pois, na trilha, não há água potável para consumo.

O grupo deve ser acompanhado por alguém que conheça o trajeto a ser percorrido e

tenha a preocupação de orientar para pontos que exijam maior atenção para garantir

a segurança dos visitantes.

O trabalho pedagógico deve se iniciar na entrada da trilha, quando então se trava

um primeiro contato com o local. Nesse momento deve ser retomado o objetivo da

visita, sensibilizando os alunos para a importância da atividade.

Na sequência, os estudantes são convidados para, durante a trilha, ficarem atentos

para uma adequada percepção do ambiente. Isso envolve ativar todos os sentidos,

estando atentos para os diferentes sons, cores, texturas e aromas ao longo do

trajeto. Para auxiliar nesse processo de percepção, podem ser usados instrumentos

de medida de luminosidade, temperatura e umidade, propiciando comparar a

variação dessas características nos diferentes pontos da trilha (vegetação com

dossel fechado ou aberto, menor ou maior altitude etc.). Instrumentos de medida

como luxímetro e termo-higrômetro podem ser adquiridos em lojas especializadas

por um baixo custo. Paralelamente, podem ser feitos registros fotográficos de pontos

de interesse. Não é necessário que os alunos façam anotações, exceto em caso de

propostas que envolvam a coleta de dados específicos conforme previsto pelo

professor.

Vencida a subida, o alto da Serra propicia um olhar sobre a paisagem: o ambiente

rural e urbano de Axixá, as vias de acesso à cidade, as formações do relevo, as

diferentes manchas de vegetação, a cidade de Imperatriz – MA, possível de ser

avistada do alto. Além disso, é possível explorar as características de ocupação da

própria Serra (os impactos humanos no alto e nas encostas).

Uma roda de conversa permitirá a discussão sobre os pontos observados e

marcantes, com destaque para a problemática da degradação desse ambiente,

visível na alteração da vegetação e pelos resíduos deixados por visitantes (garrafas

PET, embalagens, latas de bebida etc). Nesse momento, organiza-se um mutirão

para recolha desses materiais no alto e na trilha de descida da Serra. Equipes de

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três ou quatro estudantes, munidas de sacos de lixo e luvas, coletarão os resíduos

encontrados no caminho que deverão ser levados para um ponto onde haja coleta

pelos caminhões da Prefeitura.

Considerações Finais

O estudo da realidade local e a proposta voltada para Axixá do Tocantins torna-

se mais relevante na medida em que percebemos que pequenos municípios

representam boa parte dos entes da federação: 54% aproximadamente dos 5.565

municípios brasileiros possuíam menos de 10 mil habitantes, segundo dados do IBGE

relativos ao ano de 2008. Fato é que o porte desses municípios não afasta a

existência de problemas complexos, agravados pela capacidade deficiente e estrutura

limitada do poder público local, bem como pelo desalinhamento entre o capital social

tradicional e as novas condições impostas pela modernidade, que em geral atingem de

forma avassaladora muitas dessas localidades.

Ao mesmo tempo em que se faz essa constatação, é necessário considerar

que não há um determinismo que conduza a um inexorável fracasso, mesmo quando

se considera a diversa condição dos municípios do país, havendo um rol de potenciais

soluções para que os entes federados superarem seus desafios. Há exemplos de

municípios que enfrentam duras condições climáticas, como a do Semiárido, que

revertem situações de desvantagem valendo-se de criatividade e inovação, a partir de

oportunidades presentes na própria localidade. Mas para que isso ocorra, torna-se

necessário formular e implementar soluções que muitas vezes não surgem

espontaneamente, sendo fundamental um processo de indução por meio de atores

sociais detentores de conhecimentos que possibilitem imprimir um olhar inovador

sobre a realidade local (para um aprofundamento sobre essa discussão, ver

GONÇALVES JUNIOR, 2012).

Sem desconsiderar as limitações impostas por uma presença pontual

possibilitada pelo Projeto Rondon, sob uma perspectiva de possibilidades de

transformação, desenvolveu-se a atuação da equipe da Unesp de Araraquara. Como

abordado, essa atuação se valeu de uma visão que privilegiou apontar caminhos,

muito mais que procurar oferecer soluções prontas e acabadas, dado o entendimento

que transformações mais efetivas nessa realidade seriam promovidas a partir de

processos desencadeados, mas, sobretudo, construídos ao longo do tempo, tempo

esse que em muito superaria nossa breve estada naquela localidade.

Nesse sentido se deu a construção da proposta multidisciplinar para

enfrentamento dos problemas socioambientais locais, especialmente pensando-se na

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Serra do Estrondo e em seu potencial gerador de desenvolvimento local.

Considerando-se conjuntamente a essa visão o processo de ocupação desse espaço

em curso, tratou-se, em suma, de se valer de uma perspectiva de transformação de

um “problema em uma solução”.

Como estratégia, levando-se em conta as condições locais, elegeu-se a rede

de ensino municipal como estratégica para implementação de uma proposta desse

tipo. Dessa forma, considerou-se que a abordagem e o conteúdo da proposta

favoreceriam uma integração entre teoria e prática e, muito mais que isso,

possibilitaria extrapolar os limites de sala de aula, constituindo-se numa iniciativa

estratégica para transformação das relações envolvendo ser humano-ambiente,

sensibilização ambiental e percepção do espaço como patrimônio natural com

potencial turístico gerador de emprego e renda. Essa compreensão fundamenta-se no

fato de que se, por um lado, as preocupações e responsabilidades ambientais

perpassam todas as áreas do conhecimento, por outro, a busca de soluções exige um

olhar abrangente possibilitando contribuições dos diversos campos do saber. Assim, o

desenvolvimento dessas atividades proporcionaria um olhar privilegiado sobre a

realidade local, permitindo o estabelecimento de novas dinâmicas no enfrentamento

dos desafios do município, com um maior envolvimento da população e, neste caso

específico, com a ampliação do senso de pertencimento relativo à Serra do Estrondo.

De maneira geral, importante salientar que, ainda que a proposta apresentada

possa caracterizar-se por uma aparente simplicidade, se implementada ela poderia

imprimir significativos avanços por carregar consigo a possibilidade de convidar os

professores a práticas mais integradas. Essa integração apresenta, entre outros, pelo

menos dois pontos importantes: um relativo à possibilidade de superação de

atividades pontuais voltadas à temática ambiental e, ligado a esta, a consideração de

aspectos cotidianos mais relevantes para uma potencial transformação da realidade

local que, como apresentado anteriormente, evidencia um cenário problemático no

tocante a gestão dos resíduos sólidos, que se espalham pelas ruas da cidade,

inclusive no entorno das escolas. Essa integração, portanto, visaria favorecer a

superarão das dicotomias entre teoria e prática; entre disciplinas; entre sala de aula e

entorno; entre atividades pontuais muitas vezes desconectadas da realidade local em

termos de uma significação mais profunda. Em termos concretos, ainda que versando

sobre um tema correlato (resíduos sólidos), como no caso das atividades envolvendo

trabalhos de artesanato com materiais descartados, a proposta visaria possibilitar

resultados mais significativos por se pautar numa intervenção, contemplada por

aprendizados perpassados por reflexões e atuação prática com o envolvimento do

corpo docente e discente.

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Esse caráter integrador poderia abrir possibilidades no tocante a propostas

multidisciplinares, que num processo de maior maturidade poderiam avançar para

atividades interdisciplinares e até transdisciplinares, ainda que uma projeção como

essa seja ambiciosa mesmo para ambientes educativos estruturalmente até mais

favorecidos. Mas, em síntese, utiliza-se dessa projeção apenas para enfatizar que,

como dito, apesar da aparente simplicidade da proposta apresentada, ela se articula

com uma visão mais ampla. Na prática, o pretendido num plano mais imediato foi o de

possibilitar o início de um processo, favorecendo um movimento numa localidade que,

como outras pelo país afora, condensa problemas complexos, ao mesmo tempo em

que possui significativo potencial para transformação de sua realidade enquanto

município pobre.

O desafio permanece no tocante a implementação de propostas como essa

que revertam o curso natural do cotidiano, que tem mostrado que a degradação

ambiental segue seu ritmo, bem como a estagnação econômica para boa parte dos

pequenos municípios brasileiros. Como se procurou chamar a atenção,

desenvolvimento e ambiente podem ser complementares sob uma perspectiva

estratégica de transformação para municípios como Axixá do Tocantins. Isso é algo

importante de ser ressaltado, pois tal proposta se constitui em alternativa a projetos de

desenvolvimento que se apresentam, mas trazem em seu bojo uma perspectiva

conflituosa entre essas duas dimensões.

Tanto pela sua condição intrínseca no tocante ao conhecimento, quanto pelo

que representa em termos de presença do Estado, a rede de ensino municipal

apresenta-se como um espaço possível para viabilização das transformações

ensejadas por uma proposta desse tipo.

Essas percepções, possibilitadas pelo trabalho de campo no município,

fomentaram o desenvolvimento da proposta apresentada. Ainda que caiba ao futuro

mostrar em que grau se deram sua apropriação pela população local e seus impactos

transformadores, o desenvolvimento de uma proposta desse tipo motiva a reflexão e

traz significados outros ao colocar frente a frente conhecimentos acadêmicos e

problemas concretos, docentes, alunos, gestores e população, fatores positivos por si

só por ampliarem e aproximarem práticas e atores sociais distintos, favorecendo um

aprendizado mútuo entre mundos não raro apartados.

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