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RE\851994PT.doc PE455.839v01-00 PT Unida na diversidade PT PARLAMENTO EUROPEU 2009 - 2014 Documento de sessão 14.12.2010 B7-0733/2010 PROPOSTA DE RESOLUÇÃO apresentada na sequência da pergunta com pedido de resposta oral B7-0659/2010 nos termos do n.º 5 do artigo 115.º do Regimento sobre o estabelecimento de um mecanismo permanente de crise para preservar a estabilidade financeira na zona euro Sharon Bowles em nome da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários

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Proposta sobre o Crescimento Económico

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RE\851994PT.doc PE455.839v01-00

PT Unida na diversidade PT

PARLAMENTO EUROPEU 2009 - 2014

Documento de sessão

14.12.2010 B7-0733/2010

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

apresentada na sequência da pergunta com pedido de resposta oral

B7-0659/2010

nos termos do n.º 5 do artigo 115.º do Regimento

sobre o estabelecimento de um mecanismo permanente de crise para preservar

a estabilidade financeira na zona euro

Sharon Bowles

em nome da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários

PE455.839v01-00 2/7 RE\851994PT.doc

PT

B7-0733/2010

Resolução do Parlamento Europeu sobre o estabelecimento de um mecanismo

permanente de crise para preservar a estabilidade financeira na zona euro

O Parlamento Europeu,

– Tendo em conta os artigos 121.°, 122.º, 126.º, 136.º e 148.º do Tratado sobre o

Funcionamento da União Europeia (a seguir designado por "TFUE"),

– Tendo em conta a sua resolução, de 7 de Julho de 2010, que contém recomendações à

Comissão sobre a gestão de crises transfronteiriças no sector bancário1 (a seguir designado

por "o relatório Ferreira"),

– Tendo em conta a sua resolução, de 7 de Julho de 2010, sobre o Fundo Europeu de

Estabilidade Financeira, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e medidas

futuras2,

– Tendo em conta a sua pergunta, de 24 de Junho de 2010, sobre o Fundo Europeu de

Estabilidade Financeira, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira e medidas

futuras3,

– Tendo em conta o seu relatório, de 6 de Julho de 2010, sobre uma proposta de

regulamento do Conselho que altera o Regulamento (CE) n.º 479/2009 no que respeita à

qualidade dos dados estatísticos no contexto do procedimento relativo aos défices

excessivos4,

– Tendo em conta a sua resolução legislativa, de 22 de Setembro de 2010, sobre uma

proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que institui uma

Autoridade Bancária Europeia5 (a seguir designado por "o relatório García-Margallo"),

– Tendo em conta a sua resolução, de 20 de Outubro de 2010, com recomendações à

Comissão tendo em vista melhorar a governação económica e o quadro de estabilidade da

União Europeia, em particular na área do euro6 (a seguir designado por "o relatório Feio"),

– Tendo em conta a sua resolução, de 20 de Outubro de 2010, sobre a crise financeira,

económica e social: recomendações referentes às medidas e iniciativas a tomar (relatório

intercalar)7 (a seguir designado por "o relatório Berès")

– Tendo em conta a Declaração dos Chefes de Estado e de Governo da Zona Euro de 25 de

Março de 2010,

1 Textos Adoptados, P7_TA-PROV(2010)0276. 2 Textos Adoptados, P7_TA-PROV(2010)0277. 3 Pergunta oral 0095/2010. 4 Textos Adoptados, P7_TA-PROV(2010)0253. 5 Textos Adoptados, P7_TA-PROV(2010)0337. 6 Textos Adoptados, P7_TA-PROV(2010)0377. 7 Textos Adoptados, P7_TA-PROV(2010)0376.

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PT

– Tendo em conta as conclusões do Conselho Ecofin extraordinário de 9 e 10 de Maio de

2010,

– Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 407/2010 do Conselho, de 11 de Maio de 2010,

que cria um mecanismo europeu de estabilização financeira1,

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 12 de Maio de 2010, intitulada

“Reforçar a coordenação da política económica” (COM(2010)250),

– Tendo em conta o documento do Banco Central Europeu (a seguir designado por "BCE"),

de 10 de Junho de 2010, intitulado "Reforçar a governação económica na zona euro",

– Tendo em conta a Comunicação da Comissão, de 30 de Junho de 2010, intitulada

“Reforçar a coordenação das políticas económicas com vista à estabilidade, crescimento e

emprego – instrumentos para uma melhor governação económica da UE”,

(COM(2010)367/2),

– Tendo em conta as seis propostas legislativas da Comissão, de 29 de Setembro de 2010,

sobre a governação económica da UE (a seguir "o pacote legislativo sobre governação

económica" - COM(2010)522, COM(2010)523, COM(2010)524, COM(2010)525,

COM(2010)526 e COM(2010)527),

– Tendo em conta a Decisão 2010/624/UE do Banco Central Europeu, de 14 de Outubro de

2010, relativa à gestão das operações de empréstimo activas e passivas realizadas pela

União ao abrigo do mecanismo europeu de estabilização financeira2,

– Tendo em conta o relatório do Grupo de Missão sobre a Governação Económica, de 21 de

Outubro de 2010, intitulado "Reforçar a governação económica na UE", que foi

apresentado ao Conselho Europeu,

– Tendo em conta as conclusões do Conselho Europeu de 28 e 29 de Outubro de 2010,

– Tendo em conta a declaração do Eurogrupo de 28 de Novembro de 2010,

– Tendo em conta a Pergunta B7-0199/2010 à Comissão sobre o estabelecimento de um

mecanismo permanente de crise para preservar a estabilidade financeira na zona euro,

– Tendo em conta o nº 5 do artigo 115.° e o nº 2 do artigo 110.° do seu Regimento,

A. Considerando a necessidade de uma solução global e integrada para a crise da dívida na

zona euro, dado o insucesso da abordagem fragmentada até agora utilizada,

B. Considerando que, na reunião extraordinária do ECOFIN de 9 e 10 de Maio de 2010, o

Conselho e os Estados-Membros decidiram criar um mecanismo temporário para

preservar a estabilidade financeira, dotado com 750 mil milhões de euros, que inclui um

fundo de estabilização de reacção rápida (Mecanismo Europeu de Estabilização

Financeira, a seguir designado por "MEEF"), com um volume total de 60 mil milhões de

1 JO L 118 de 12.5.2010, p. 1. 2 JO L 275 de 20.10.10, p. 10.

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PT

euros, e um Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (a seguir designado por "FEEF"),

com um volume total de 440 mil milhões de euros, que será complementado com fundos

do FMI num montante de 250 mil milhões de euros,

C. Considerando que a base jurídica do MEEF é o n.° 2 do artigo 122.° do TFUE e um

acordo intergovernamental dos Estados-Membros; considerando que a sua mobilização

está sujeita a rigorosas normas de condicionalidade, no contexto de uma ajuda conjunta

UE/FMI, e a termos e condições semelhantes às aplicadas pelo FMI, ajustados às

especificidades sociais e económicas dos países onde o mecanismo é aplicado, bem como

aos respectivos programas de desenvolvimento,

D. Considerando que o FEEF foi criado como um veículo para fins especiais (Special

Purpose Vehicle, ou SPV) que é garantido pelos Estados-Membros participantes numa

base proporcional e de forma coordenada, em conformidade com a quota de cada um no

capital subscrito do BCE e nos termos dos seus imperativos constitucionais nacionais, e

que este fundo expirará ao fim de três anos,

E. Considerando que a Comissão, na sua comunicação de 12 de Maio de 2010, afirmou que a

crise demonstrou a necessidade de um quadro robusto de gestão de crises para

complementar o Pacto de Estabilidade e Crescimento reforçado, bem como do novo

mecanismo de supervisão macroeconómica destinado a evitar uma evolução adversa da

situação orçamental e da competitividade,

F. Considerando que o BCE, no seu documento de 10 de Junho de 2010, incluiu propostas

para um quadro de gestão da crise da dívida que prestaria ajuda financeira aos

Estados-Membros da zona euro que deparam com dificuldades de acesso ao crédito

privado,

G. Considerando que, no Conselho Europeu de 28 e 29 de Outubro de 2010, os chefes de

Estado e de Governo concordaram com a necessidade de os Estados-Membros criarem um

mecanismo permanente de crise para salvaguardar a estabilidade financeira no conjunto da

zona euro (o Mecanismo de Estabilização Europeu, a seguir "(MEE)"),

H. Considerando que o MEE deve complementar o novo quadro de governação económica

reforçada, orientado para uma supervisão e coordenação económicas eficazes e rigorosas e

focalizado na prevenção e na substancial redução da probabilidade de ocorrência de uma

crise no futuro,

I. Considerando que o Parlamento está convencido da necessidade de um mecanismo

permanente de crise para proteger a estabilidade financeira do euro, tendo apelado à

criação de um Fundo Monetário Europeu (a seguir "FME") no relatório Feio,

J. Considerando que o Parlamento reconheceu igualmente a necessidade de um mecanismo

de resolução de crises para o sector bancário nos relatórios Ferreira e García-Margallo

como um complemento necessário dos poderes atribuídos às novas autoridades europeias

de supervisão (AES) para garantir a supervisão do sistema financeiro da União,

K. Considerando que, na reunião do Eurogrupo de 6 de Dezembro de 2010, o seu Presidente

propôs a emissão de títulos de dívida europeia ("E-bonds") para apoiar os países que

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deparam com problemas financeiros, não tendo, porém, esta proposta sido debatida devido

a alguns países se terem oposto a esta ideia,

L. Considerando que, desde que a Comissão apresentou ao Parlamento e ao Conselho, em 29

de Setembro de 2010, as suas propostas legislativas sobre a governação económica, os

mercados experimentaram várias crises, nomeadamente a crise da dívida irlandesa, que

devem ser tidas em consideração pelo Parlamento e pelo Conselho,

M. Considerando que é essencial racionalizar os actuais processos de coordenação das

políticas económicas e eliminar as duplicações de esforços, a fim de garantir que a

estratégia comunitária é compreensível para os operadores do mercado e para os cidadãos,

avançando simultaneamente para abordagens mais integradas e operando mudanças no

processo de tomada de decisões,

N. Considerando que o Comité Europeu do Risco Sistémico (a seguir designado por "CERS")

é responsável pela supervisão macroprudencial do sistema financeiro a fim de contribuir

para a prevenção de riscos sistémicos para a estabilidade financeira da UE, de modo a

evitar períodos de crise financeira generalizada e contribuir para o bom funcionamento do

mercado interno e, desse modo, garantir um contributo sustentável do sector financeiro

para o crescimento económico,

1. Convida o Conselho Europeu a especificar o mais rapidamente possível quais são as

modificações a introduzir no Tratado para estabelecer um MEE permanente;

2. Recorda que acolheu positivamente a criação de um mecanismo de estabilidade financeira

para fazer face aos riscos de insolvência de mutuários soberanos, em parte através do

recurso ao artigo 122.° do TFUE enquanto base jurídica para o plano em questão, e que

assinalou o défice democrático e a ausência de responsabilização que caracterizam as

decisões tomadas pelo Conselho sobre os planos de salvamento, que não incluíram a

consulta do Parlamento Europeu; solicita que o Parlamento Europeu seja envolvido, na

sua qualidade de co-legislador, nas próximas propostas e decisões de salvamento face à

crise;

3. Sublinha que, de um ponto de vista racional, prático e democrático, o exame do pacote

legislativo sobre governação económica não pode ser dissociado da decisão do Conselho

Europeu de criar um mecanismo permanente de crise;

4. Deseja, enquanto co-legislador, sublinhar a necessidade de criar um FME permanente

baseado no método comunitário; observa que o MEE e/ou o FME devem estar sempre

baseados na solidariedade, estar sujeitos a rigorosas normas de condicionalidade e ser

financiados, entre outras fontes, pelas multas aplicadas aos Estados-Membros em

consequência de um processo destinado a combater os défices excessivos, as dívidas

excessivas e os desequilíbrios excessivos;

5. Considera que deveria ser criado, por via do processo legislativo ordinário, um

mecanismo permanente de crise que seja credível, sólido, duradouro e assente nas

realidades técnicas essenciais, devendo o mesmo ser inspirado pelo método comunitário a

fim de reforçar a participação do Parlamento Europeu, melhorando, deste modo, a

responsabilização democrática, e confiar na especialização, independência e

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imparcialidade da Comissão; insta, neste contexto, ao Conselho Europeu que preveja uma

base jurídica adequada no âmbito da revisão do TFUE;

6. Solicita à Comissão que apresente uma comunicação que reúna as orientações gerais para

as políticas económicas (n.º 2 do artigo 121.º do TFUE), bem como as directrizes sobre as

políticas de emprego (n.º 2 do artigo 148.º do TFUE) a fim de as examinar no debate sobre

o "Semestre Europeu" e de reduzir os debates inúteis e intermináveis; insta a Comissão a

garantir uma maior participação do Parlamento Europeu em cada fase deste debate, a fim

de reforçar a responsabilidade democrática e aumentar a sua visibilidade pública;

7. Considera que a resposta política às recomendações específicas dirigidas aos

Estados-Membros no âmbito do "Semestre Europeu" devem ser expressamente tidos em

conta na elaboração das propostas legislativas sobre a governação económica actualmente

em debate no Parlamento e no Conselho;

8. Observa que o CERS deve cooperar estreitamente com a Comissão, o Conselho e o

Parlamento Europeu a fim de detectar os riscos sistémicos e garantir o bom

funcionamento do MEE, especialmente no que diz respeito à avaliação da solvência do

país em causa;

9. Convida a Comissão a apresentar, após a consulta do BCE, uma comunicação que

contenha uma descrição exaustiva do MEE, esclareça a posição dos investidores,

aforradores e operadores do mercado, e que indique explicitamente que o MEE será

plenamente coerente com a política do FMI e as práticas do FMI no tocante à participação

de sector privado a fim de dissipar as preocupações do mercado;

10. Observa que o mecanismo permanente de crise deve ser aplicado o mais rapidamente

possível, a fim de garantir a estabilidade dos mercados e dissipar as incertezas no tocante

aos títulos emitidos no âmbito do mecanismo temporário e que só serão reembolsados

após a implementação do mecanismo permanente de crise;

11. Reconhece que, embora todos os Estados-Membros venham a ser beneficiados com a

criação de um mecanismo de crise viável, nem todos os Estados-Membros serão membros

da zona euro ou candidatos a dela fazer parte no momento da implantação do referido

mecanismo, e observa que devem ser esclarecidas as suas situações específicas,

particularmente para os países que avançam para a zona euro e que têm dívida soberana

em euros; recorda que os países que não pertencem à zona euro beneficiam do mecanismo

de apoio à balança de pagamentos, nos termos do artigo 143.° do TFUE;

12. Observa, por conseguinte, que os Estados-Membros que não participam no euro devem

ser envolvidos na criação deste mecanismo e que deve ser dada aos Estados-Membros que

o desejem a possibilidade de nele participar;

13. Observa que, em qualquer caso, o MEE deve estar sujeito a rigorosas normas de

condicionalidade e ser financiado, entre outras fontes, por instrumentos financeiros

inovadores e/ou pelas multas aplicadas aos Estados-Membros em consequência de um

processo de défice excessivo, dívida excessiva ou desequilíbrio excessivo, se forem

incluídos na legislação actualmente em fase de negociação e em conformidade com a

configuração que assumam;

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14. Sublinha que o financiamento do mecanismo permanente de crise deve assentar no

princípio do "poluidor-pagador", ou seja, os Estados-Membros que geram riscos mais

importantes em virtude dos défices acumulados ou do peso da sua dívida devem financiar

uma maior percentagem do total dos activos;

15. Sublinha que esta condicionalidade estrita e progressiva deve servir para restabelecer um

crescimento sustentável, não devendo este crescimento ser obtido à custa dos mais

vulneráveis, nem, por conseguinte, traduzir-se numa redução do rendimento mínimo e no

agravamento da pobreza e das desigualdades;

16. Insiste em que o sector privado deve ser envolvido na repartição dos encargos e que, neste

contexto, devem ser adaptadas as regras para permitir a participação individualizada dos

credores do sector privado, garantindo a plena coerência com as políticas do FMI;

17. Sublinha a necessidade de conferir um maior grau de transparência à informação relativa

às contas nacionais, incluindo todas as actividades extrapatrimoniais; observa que esta

transparência deve ser acompanhada por auditorias externas, estatísticas e dados fiáveis e

responsabilização; congratula-se com o reforço das competências do Eurostat e recorda

que o Parlamento pediu já no passado que o Eurostat pudesse efectuar, sem aviso prévio,

inspecções das contas de um Estado-Membro, a fim de reforçar o controlo fiscal;

18. Convida a Comissão a apresentar uma comunicação que contenha uma descrição

exaustiva das cláusulas e condições inerentes a MEEF, bem como a outros instrumentos e

pacotes de assistência financeira da UE criados para responder à crise;

19. Solicita à Comissão que informe o Parlamento Europeu do previsível efeito, na notação de

crédito da UE, a) da criação do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira b) da

utilização da totalidade da linha de crédito;

20. Solicita à Comissão que classifique por ordem de prioridade, no orçamento da UE, as

despesas para cada exercício em que esteja em vigor o MEEF, a fim de estabelecer a

ordem em que devem ser efectuados os cortes nas dotações das rubricas orçamentais no

caso de terem de ser devolvidos até 60 mil milhões de euros;

21. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Presidente do Conselho

Europeu, ao Conselho, ao Presidente do Eurogrupo, à Comissão, ao BCE e aos

parlamentos e governos dos Estados-Membros.