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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Bruxelas, 1.8.2000 COM (2000) 412 final 2000/0177 (CNS) Proposta de REGULAMENTO DO CONSELHO relativo à patente comunitária (Apresentada pela Comissão)

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Bruxelas, 1.8.2000COM (2000) 412 final

2000/0177 (CNS)

Proposta de

REGULAMENTO DO CONSELHO

relativo à patente comunitária

(Apresentada pela Comissão)

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ÍNDICE

1. GENERALIDADES

1.1. Contexto

1.2. Trabalhos recentes

2. PROPOSTA DE REGULAMENTO DO CONSELHO

2.1. Objecto

2.2. Base Jurídica

2.3. Relação entre o regulamento relativo à patente comunitária e aOrganização Europeia de Patentes

2.3.1. O regulamento relativo à patente comunitária

2.3.2. O Instituto e a Convenção de Munique

2.3.3. A adesão da Comunidade à Convenção de Munique

2.3.4. A evolução coerente e simultânea do regulamento relativo à patentecomunitária e da Convenção de Munique

2.4. Características essenciais da patente comunitária

2.4.1. O carácter unitário e autónomo da patente comunitária

2.4.2. O direito aplicável à patente comunitária

2.4.3. O custo abordável da patente comunitária

2.4.3.1. Despesas de tradução

2.4.3.2. Taxas e outras custas de processo

2.4.4. Regime linguístico - Acesso à informação

2.4.5. Segurança jurídica da patente comunitária: o sistema judicial

2.4.5.1. O sistema judicial relativo aos litígios entre partes privadas

2.4.5.2. Os recursos das decisões do Instituto e da Comissão

2.4.5.3. Relação entre a proposta de regulamento e a ConferênciaIntergovernamental sobre as Reformas Institucionais

2.4.5.4. A divisão das competências no seio da jurisdiçãocentralizada comunitária

2.4.6. Relação com outros sistemas de patentes

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3. JUSTIFICAÇÃO DA PROPOSTA À LUZ DOS PRINCÍPIOS DEPROPORCIONALIDADE E SUBSIDIARIEDADE

4. EXAME DAS DISPOSIÇÕES DA PROPOSTA ARTIGO POR ARTIGO

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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

1. GENERALIDADES

1.1. Contexto

Na União Europeia, a protecção através da patente é actualmente assegurada por doissistemas que não se fundamentam, nem um nem o outro, em nenhum instrumentojurídico comunitário: os sistemas nacionais de patentes e o sistema europeu depatentes.

A patente nacional foi a primeira a surgir. Nos Estados-membros daComunidade Europeia, a patente nacional foi objecto de uma harmonizaçãode facto.Em primeiro lugar, todos os Estados-membros são signatários tanto daConvenção de Paris para a Protecção da Propriedade Industrial, de 20 de Marçode 1883 (com a sua última revisão de 14 de Julho de 1967), como do Acordo sobreos Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio,de 15 de Abril de 1994 (em seguida, referido como o «Acordo ADPIC»). VáriosEstados-membros são também signatários da Convenção do Conselho da Europasobre a unificação de certos elementos do direito das patentes de invenção, de27 de Novembro de 1963.

A ideia de uma patente comunitária remonta aos anos 60. Nesta época, iniciou-seuma reflexão no sentido de criar um sistema de patentes válido para toda aComunidade Europeia nascente. Porém, cedo se percebeu que esta diligência nãopoderia concretizar-se num quadro estritamente comunitário. Foi assim que essainiciativa conduziu finalmente à conclusão, em 5 de Outubro de 1973, da Convençãosobre a Concessão de Patentes Europeias (em seguida, denominada«Convenção de Munique»), a que todos os Estados-membros aderiramprogressivamente.

A Convenção de Munique decorre do direito convencional clássico entre Estados enão faz parte da ordem jurídica comunitária. A Convenção de Munique institui umaOrganização Europeia de Patentes, cujos órgãos são o Instituto Europeu de Patentes(em seguida, denominado «Instituto») e o Conselho de Administração. Estabeleceum processo único de concessão de patentes, tarefa que foi confiada ao Instituto.Ora, uma vez concedida uma patente europeia, esta transforma-se em patentenacional e está sujeita às regras nacionais dos Estados Contratantes designados nopedido. No momento presente, a Organização Europeia de Patentes conta dezanovemembros. Além dos Estados-membros da Comunidade Europeia, são membros aSuíça, o Liechtenstein, o Mónaco, Chipre e, num futuro próximo, a Turquia.Além disso, vários países da Europa Central e Oriental1 foram convidados a aderir àConvenção de Munique a partir de 1 de Julho de 2002.

1 Bulgária, República Checa, Estónia, Hungria, Polónia, Roménia, Eslováquia e Eslovénia.

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Uma segunda tentativa de criar uma patente comunitária por parte dosEstados-membros da CE conduziu, em 1975, à assinatura da Convenção doLuxemburgo relativa à Patente Comunitária (em seguida, denominada«Convenção do Luxemburgo»). Esta convenção foi alterada por um Acordo emmatéria de Patentes Comunitárias, celebrado no Luxemburgo em 15 de Dezembrode 1989, que incluía, entre outros, um Protocolo sobre a Resolução de Litígios emmatéria de Contrafacção e de Validade das Patentes Comunitárias.

A Convenção do Luxemburgo é uma convenção comunitária. Fundamentalmente, aconvenção teria transformado as fases nacionais das patentes europeias concedidasnuma só fase comum aos Estados-membros. A Convenção do Luxemburgo nuncachegou a entrar em vigor, pois, entre os Estados-membros, só a França, a Alemanha,a Grécia, a Dinamarca, o Luxemburgo, o Reino Unido e os Países Baixos aratificaram.

O fracasso da Convenção do Luxemburgo é geralmente atribuído aos custos dapatente comunitária, principalmente o das traduções, bem como ao sistemajurisdicional. Com efeito, a convenção impunha uma tradução da patente em todas aslínguas comunitárias. Os meios interessados consideraram que tal era excessivo. Osistema jurisdicional, bastante complexo, teria permitido aos juizes nacionais anularuma patente comunitária com efeitos em todo o território da Comunidade. Talsuscitou a desconfiança dos meios interessados que o consideraram um elemento deinsegurança jurídica importante.

1.2. Trabalhos recentes

Na sequência do fracasso da Convenção do Luxemburgo, o Livro Verde daComissão sobre a patente comunitária e o sistema de patentes na Europa2, que seinscrevia no seguimento do Primeiro Plano de Acção para a Inovação na Europa3,lançou um vasto debate sobre a necessidade de adoptar novas iniciativas em matériade patentes. O Livro Verde suscitou um grande número de tomadas de posição dosmeios interessados, do Parlamento Europeu4 e do Comité Económico e Social5.Além disso, a Comissão organizou, com a Presidência luxemburguesa do Conselho,nos dias 25 e 26 de Novembro de 1997, uma audição de todos os utilizadores dosistema de patentes. Organizou também uma reunião de peritos dosEstados-membros, em 26 de Janeiro de 1998.

Após este vasto processo de consulta, a Comissão adoptou, em 5 de Fevereirode 1999, uma Comunicação sobre o Seguimento do Livro Verde sobre a patentecomunitária e o sistema de patentes na Europa6. O objectivo desta comunicação eraanunciar as diferentes medidas e iniciativas novas que a Comissão planeava tomar oupropor para tornar o sistema de patentes atraente, ao serviço da promoção dainovação na Europa.

2 COM(97) 314 final, de 24 de Junho de 1997.3 COM(96) 589 final, de 20 de Novembro de 1996.4 JO C 379 de 7.12.1998, p. 268.5 JO C 129 de 27.4.1998, p. 8.6 COM(1999) 42 final de 5 de Fevereiro de 1999.

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A iniciativa relativa à patente comunitária foi anunciada e as suas directrizes foramtraçadas na comunicação de 5 de Fevereiro de 1999. A presente proposta integra amaior parte dessas directrizes.

Por ocasião do Conselho Europeu de Lisboa, em 23 e 24 de Março de 2000, osChefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros sublinharam a importânciada instauração, sem demora, da patente comunitária.

2. PROPOSTA DE REGULAMENTO DO CONSELHO

2.1. Objecto

A presente proposta de regulamento visa criar um novo título unitário de propriedadeindustrial, a patente comunitária (ver 2.4). Este título é essencial para eliminar asdistorções da concorrência que possam resultar da territorialidade dos títulosnacionais de protecção; é também um dos meios mais apropriados para assegurar alivre circulação das mercadorias protegidas por patentes.

A criação de um título comunitário de patente permite às empresas adaptar àsdimensões europeias as suas actividades de produção e de distribuição de produtos.Este título é considerado um instrumento essencial para se conseguirem transformarem sucessos industriais e comerciais os resultados da investigação e os novosconhecimentos técnicos e científicos, pondo, assim, termo ao «paradoxo europeu» dainovação e estimulando simultaneamente os investimentos privados em I&D,actualmente muito inferiores na União Europeia, quando comparados com os dosEstados Unidos e do Japão.

O sistema de patente comunitária coexistirá com os sistemas de patentes nacionais ede patentes europeias. Os inventores terão a liberdade de escolher a forma deprotecção de patentes que mais lhes convenha.

2.2. Base Jurídica

Como já fora anunciado na comunicação de 5 de Fevereiro de 19997, a base jurídicada proposta de regulamento é o artigo 308º do Tratado CE. A utilização desta basejurídica está em conformidade com o que foi realizado no domínio da marcacomunitária8 e dos desenhos ou modelos comunitários9.

A forma escolhida, um regulamento, justifica-se por diversas razões. Com efeito, nãopodem ser deixadas margens de apreciação aos Estados-membros nem quanto àdeterminação do direito comunitário aplicável à patente comunitária nem quanto aosefeitos e à administração da patente, quando concedida. A unicidade da patente nãopoderia ficar garantida por medidas menos «coercivas».

7 COM(1999) 42 final, pp. 9 e 12.8 Regulamento (CE) n.º 40/94 do Conselho, de 20 de Dezembro de 1993, sobre a marca comunitária –

JO L 11 de 14.1.1994, p. 1.9 Proposta alterada de Regulamento (CE) do Conselho relativo aos Desenhos ou Modelos Comunitários

de 21 de Junho de 1999 - COM(1999) 310 final.

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2.3. Relação entre o regulamento relativo à patente comunitária e aOrganização Europeia de Patentes

A ideia-mestra da presente proposta é a criação de uma «simbiose» entre doissistemas: o do regulamento relativo à patente comunitária, um instrumento daComunidade Europeia, e o da Convenção de Munique, um instrumento interestatalclássico. Tal implica necessariamente não só a adopção do regulamento relativo àpatente comunitária (2.3.1.), mas também a ponderação adequada daConvenção de Munique e do estatuto do Instituto (2.3.2.), a adesão da Comunidade àConvenção de Munique (2.3.3), bem como a consideração da possibilidade deassegurar uma coerência entre os desenvolvimentos futuros do regulamento e daconvenção (2.3.4.).

2.3.1. O regulamento relativo à patente comunitária

Com a adesão da Comunidade à Convenção de Munique e a designação daComunidade enquanto território para o qual uma patente europeia pode serconcedida, as disposições da Convenção de Munique que se aplicam aos pedidos depatentes europeias serão, em princípio, aplicáveis aos pedidos de patentescomunitárias. Ainda que o presente texto se refira a pedidos de patentescomunitárias, esses pedidos serão, juridicamente, por força daConvenção de Munique, pedidos de patentes europeias designando o território daComunidade.

Só após o Instituto ter concedido a patente, esta adquire o estatuto de patentecomunitária, por força do regulamento. Com a adesão da Comunidade à Convençãode Munique, não é necessário que o presente regulamento contemple as regrassubstanciais desta convenção e do seu regulamento de execução tal como seencontram em vigor numa data expressamente determinada. O regulamento limita-se,no essencial, a reger a patente comunitária concedida. O regulamento conteráigualmente regras específicas que derrogarão a convenção. Assim, o regulamentointroduzirá melhoramentos relativamente à patente europeia, nomeadamente no quediz respeito aos custos da patente, às traduções e ao sistema de recurso judicial.

2.3.2. O Instituto e a Convenção de Munique

Como já foi referido, a entidade responsável pelo exame dos pedidos de patentes epela concessão das patentes comunitárias será o Instituto. Ora, o Instituto não é umórgão comunitário. Está, porém, previsto que conceda patentes comunitárias porforça da adesão da Comunidade à Convenção de Munique e de uma revisão dessaconvenção.

A actual Convenção de Munique não permite ao Instituto assumir essas funções.Para tanto, a convenção deveria ser alterada. O momento é oportuno, dado que aConvenção de Munique é presentemente objecto de uma revisão. Em conformidadecom o mandato adoptado pela Conferência Intergovernamental dosEstados-membros da Organização Europeia de Patentes, em 24 e 25 de Junhode 1999, em Paris, foram constituídos dois grupos de trabalho para preparar areforma do sistema de patentes na Europa no que diz respeito, em particular, àredução do custo e dos prazos de concessão da patente europeia, assim como àharmonização do contencioso da mesma.

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É conveniente ter em conta que a revisão da Convenção de Munique exigirá que osEstados Contratantes da convenção, incluindo quatro Estados terceiros, aceitemalterar a convenção para permitir ao Instituto assumir as suas novas funções e àComunidade aderir à Convenção de Munique.

O objecto do regulamento proposto não é alterar a estrutura actual do sistema depatente europeia. O regulamento não prevê a criação de novas instâncias especiais noseio do Instituto. Este será responsável por tarefas específicas em matéria de patentecomunitária. Além disso, continuará os seus trabalhos em matéria de patenteeuropeia, na qualidade de organismo internacional independente da Comunidade.

Do mesmo modo, o Instituto aplicará à patente comunitária a jurisprudência que tiverdesenvolvido para a patente europeia, na medida em que as regras do regulamento eda convenção sejam idênticas.

2.3.3. A adesão da Comunidade à Convenção de Munique

O instrumento essencial para atingir os objectivos do regulamento é a adesão daComunidade à Convenção de Munique. Para este efeito, a Comissão apresentará aoConselho uma recomendação de mandato de negociação.

A adesão da Comunidade à Convenção de Munique deverá permitir assegurar amelhor simbiose possível entre a Organização Europeia de Patentes e a Comunidade.

Os Estados-membros da CE, que já têm a obrigação de assegurar o respeito pelodireito comunitário em matéria de protecção jurídica das invenções biotecnológicasno âmbito das instâncias internacionais, deverão, após a proposta relativa à patentecomunitária, coordenar ainda melhor as posições que expressam no seio dasinstâncias da Organização Europeia de Patentes, em conformidade com o artigo 10º(ex-artigo 5º) do Tratado CE.

2.3.4. A evolução coerente e simultânea do regulamento relativo à patentecomunitária e da Convenção de Munique

A Convenção de Munique é actualmente objecto de uma revisão e poderá vir a sofreralterações posteriores. Independentemente destes trabalhos, é possível que oregulamento deva ser alterado para responder aos futuros desenvolvimentos nasociedade.

Para garantir, na medida do possível, uma evolução ao mesmo tempo coerente esimultânea do regulamento e da Convenção de Munique, será preciso ter em conta osseguintes elementos:

– Em primeiro lugar, as alterações à Convenção de Munique que surgirem antesda adopção do regulamento relativo à patente comunitária aplicar-se-ãoautomaticamente à patente comunitária.

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– Em segundo lugar, para garantir que a revisão da Convenção de Munique seoriente na direcção adequada, os Estados-membros deverão, por força doartigo 10º do Tratado CE, após a adopção da proposta de regulamento pelaComissão, cooperar lealmente no âmbito das negociações no seio daOrganização Europeia de Patentes com vista a facilitar a realização dosobjectivos perseguidos pela proposta. Após a adopção do regulamento, acompetência externa relativa à patente comunitária será da exclusivacompetência da Comunidade.

– Em terceiro lugar, no tocante aos desenvolvimentos subsequentes no quadro daConvenção de Munique, será possível estabelecer regras correspondentes eapropriadas, em função da natureza das alterações introduzidas, quer através deuma alteração do regulamento, quer no regulamento de execução que seráadoptado através de um procedimento de comitologia.

– Em quarto lugar, dado que, no momento presente, os Estados-membrosconstituem a grande maioria dos Estados Contratantes da OrganizaçãoEuropeia de Patentes, eles deveriam estar em condições de assegurarefectivamente que as revisões da Convenção de Munique não colocassem emrisco nem a integridade do direito comunitário nem a almejada coerência entreo regulamento e a Convenção de Munique.

2.4. Características essenciais da patente comunitária

A patente comunitária deve ter um carácter unitário e autónomo (2.4.1). Devedecorrer de umcorpus comunitário de direito de patentes (2.4.2), ser abordável(2.4.3.), dispor de um regime linguístico apropriado e responder às necessidades deinformação (2.4.4.), garantir a segurança jurídica (2.4.5.) e coexistir com os sistemasde patentes actuais (2.4.6.).

2.4.1. O carácter unitário e autónomo da patente comunitária

A patente comunitária deve ter um carácter unitário. Produz os mesmos efeitos noconjunto do território da Comunidade: só pode ser concedida, transferida, anulada outornada extensiva, relativamente ao conjunto da Comunidade.

A patente comunitária deve ter um carácter autónomo. Rege-se apenas pelasdisposições do regulamento proposto e pelos princípios gerais do direito comunitário.

2.4.2. O direito aplicável à patente comunitária

O regulamento proposto introduz disposições específicas aplicáveis às patentescomunitárias. É importante assinalar que o regulamento não tem por objecto derrogarsubstancialmente os princípios contidos no direito nacional de patentes já em vigornos Estados-membros; estes últimos aderiram todos à Convenção de Munique e,além disso, harmonizaram amplamente o direito material de patentes, emconformidade com a Convenção do Luxemburgo, ainda que esta última nunca tenhaentrado em vigor. O mesmo é válido para as normas específicas do Acordo ADPIC,que liga a Comunidade aos Estados-membros.

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Nesta base, as disposições da Convenção de Munique relativas a questões como, porexemplo, as condições de patenteabilidade serão aplicáveis à patente comunitária.Assim, em conformidade com as disposições da Convenção de Munique, as patentescomunitárias serão concedidas para as invenções, de produtos ou de processos, nacondição de que sejam novas, de que impliquem uma actividade inventiva e de quesejam susceptíveis de aplicação industrial. Do mesmo modo, as excepções àpatenteabilidade serão abrangidas pela Convenção de Munique. As alterações queforem introduzidas na convenção no âmbito da conferência intergovernamental emcurso para a revisão da mesma serão, bem entendido, aplicáveis à patentecomunitária.

Em contrapartida, os efeitos da patente comunitária, uma vez concedida, serãoregidos pelo presente regulamento. O mesmo é válido, por exemplo, no tocante àslimitações dos efeitos da patente comunitária.

No que diz respeito à utilização da invenção patenteada sem autorização do titular dapatente, o regulamento proposto integrará as melhores práticas em vigor nosEstados-membros: assim, seria possível a concessão de licenças obrigatórias. Se bemque o regulamento não o especifique, os Estados-membros permaneceriam livres deadoptar as medidas necessárias para a protecção dos interesses essenciais da suasegurança, em conformidade com o artigo 73º do Acordo ADPIC.

2.4.3. O custo abordável da patente comunitária

No presente, uma patente europeia média (designando 8 Estados Contratantes) custacerca de 30.000 euros. As taxas a pagar ao Instituto por esta patente europeia médiacorrespondem a cerca de 14% do custo total da patente. Os custos de representaçãojunto do Instituto constituem 18% do custo total. As traduções exigidas pelosEstados-membros ascendem a cerca de 39% dos custos totais. As taxas anuaisactualmente pagas aos Estados-membros são da ordem de 29% dos custos para umapatente europeia média (entre o quinto e o décimo ano). Sobre esses rendimentos,50% retornam ao Instituto e 50% ao Estado Contratante em causa.

A presente proposta visa tornar a patente comunitária mais abordável e mais atractivaque a presente patente europeia. Esses aspectos dependem, em grande medida, dasdespesas relacionadas com as traduções (2.4.3.1.), com os processos (2.4.3.2.), bemcomo com os litígios (este ponto será tratado em 2.4.5).

2.4.3.1. Despesas de tradução

No que diz respeito às despesas de tradução, o quadro comparativo que se segue dáuma ideia bastante precisa do efeito provável da solução preconizada. Os trêscenários baseiam-se nas hipóteses seguintes: em pedidos que incluem, em média, umvolume de 20 páginas, 3 páginas para 15 reivindicações. Dado que se trata de textosextremamente complexos e técnicos, com incidência sobre elementos e processosnovos, é provável que o rendimento médio de um tradutor seja da ordem das trêspáginas por dia. As despesas de tradução estimam-se, pois, em 250 euros/dia.

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Quadro n.º 1: despesas de tradução segundo três cenários

Cenário Despesas de tradução

N.º 1:Convenção do Luxemburgo

Tradução completa dos fascículos dapatente nas dez línguas de trabalho.

17.000€

N.º 2: Tradução dos fascículos dapatente nas três línguas de trabalho doInstituto.

5.100€

N.º 3:Solução proposta

Tradução dos fascículos da patentenuma das línguas de trabalho doInstituto e das reivindicações nas outraslínguas de trabalho.

2.200€

O conjunto desta avaliação comparativa revela uma diferença significativa a favor dasolução apresentada na proposta de regulamento.

No domínio das despesas de tradução, a patente comunitária proposta será, por umlado, mais abordável que a patente proposta na primeira Convenção do Luxemburgoe, por outro, mais atractiva que a patente europeia.

2.4.3.2. Taxas e outras custas de processo

Além das despesas de tradução, é conveniente ter em conta as diferentes taxas eencargos inerentes à concessão e à manutenção de uma patente comunitária. Éessencial que o custo global de uma patente comunitária seja da ordem do custo daspatentes concedidas pelos principais parceiros comerciais da Comunidade ou,mesmo, mais atractivo.

O quadro n.º 2 apresenta uma comparação sinóptica da situação actual nosEstados Unidos, no Japão e no seio do próprio Instituto Europeu10 no que diz respeitoàs diferentes taxas e despesas a pagar.

10 Esta estimativa baseia-se nos últimos dados do Help Desk - DPI (Direito Privado Internacional) e doInstituto Europeu de Patentes.

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Quadro n.º 2: comparação das taxas e despesas no seio das Partes Contratantesda Convenção de Munique, nos Estados Unidos e no Japão

Taxas dedepósito/investigação

Taxas deexame

Taxas deconcessão

Taxasanuais

Despesasdetradução

Despesas demandatário

Total

CPE 810+532

1431 715 16.7901 12.600 17.000 49.900

EstadosUnidos

690 - 1210 2.7302 N/a 5.700 10.330

Japão 210 1.100 850 5.8403 N/a 8.450 16.450

1 3º a 4º ano (790) + 5º a 10º ano (16.000) = 16.7902 3,5 anos (830) + 7,5 anos (1900) = 2.7303 4º a 6º ano (1320) + 7º a 9º ano (2650) + 10º ano (1870) = 5.840

O custo da patente europeia actual surge como sendo três a cinco vezes superior aodas patentes japonesa e americana.

Daí que seja urgente corrigir esta situação, que não incita os inventores a depositaruma patente na Europa.

O regulamento proposto prevê que o Instituto examinará os pedidos de patentecomunitária, concederá e administrará a patente comunitária. As taxas cobradas peloInstituto durante o exame de um pedido de patente são determinadas pelaConvenção de Munique. Em contrapartida, prevê-se que as taxas anuais derenovação das patentes concedidas, bem como o respectivo montante sejamdeterminados por um regulamento da Comissão relativo às taxas, que será adoptadoem procedimento de comitologia. O regulamento prevê que as taxas anuais deverãotambém ser pagas ao Instituto.

2.4.4. Regime linguístico - Acesso à informação

O regime de traduções da patente constitui um aspecto particularmente importante docusto relativo à patente comunitária (ver quadro n.º 1supra). As despesas detradução da patente em todas as línguas oficiais da Comunidade poderiam pôr emrisco todo o projecto da patente comunitária. Com efeito, constituiriam um fardoexcessivo para os inventores, sobretudo para as pequenas e médias empresas. Um talencargo seria de natureza a dissuadi-los da utilização da patente comunitária eincitá-los-ia a não recorrer senão a uma protecção em certos Estados europeus. Como alargamento da União, a obrigação de uma tradução em todas as línguas oficiaisteria efeitos ainda mais negativos em termos de custos.

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Para remediar este problema, o regulamento proposto prevê que a patentecomunitária, uma vez concedida numa das línguas de processo do Instituto epublicada nessa língua, com uma tradução das reivindicações nas outras duas línguasde processo, é válida sem qualquer outra tradução. Uma tradução poderia tornar-senecessária no âmbito de uma acção judicial contra um presumível contrafactor.Em tal situação, um presumível contrafactor que não tenha podido recorrer ao textoda patente na língua oficial do Estado-membro em que está domiciliado éconsiderado, até prova em contrário, como não tendo causado deliberadamente danosà patente. Para proteger o contrafactor, que, em tal caso, não agiu de formadeliberada, está previsto que o titular da patente não possa obter indemnizações porperdas e danos relativas a um período anterior ao envio da notificação de umatradução da patente ao contrafactor. Este sistema permite reduzir sensivelmente asdespesas de tradução.

O sistema proposto é considerado apropriado, em primeiro lugar, porque a línguauniversal no domínio das patentes, no momento presente, é, na realidade, o inglês.As traduções são muito raramente consultadas. Por exemplo, no Instituto Nacional daPropriedade Industrial francês, as traduções são consultadas apenas em 2% doscasos. Além disso, a eventual obrigação de traduzir a patente em todas as línguas daComunidade não garantiria necessariamente um acesso fácil a esta informação atodos os operadores económicos estabelecidos no seu território. De resto, sistemas deinformação e de assistência separados podem ser instituídos ou reforçados com vistaa auxiliar, nomeadamente, as pequenas e médias empresas na sua busca deinformação sobre os pedidos de patente e as patentes publicadas.

Em segundo lugar, o sistema proposto é considerado suficientemente protectorrelativamente ao presumível contrafactor, dado que as disposições do regulamentosobre indemnizações por perdas e danos permitem ao tribunal comunitário depropriedade intelectual, que será criado para efeitos da patente comunitária(ver ponto 2.4.5.), ter em conta todos os elementos pertinentes em cada caso emanálise.

Além disso, a presente proposta orienta-se no mesmo sentido que os trabalhosiniciados no quadro da conferência intergovernamental sobre a revisão da Convençãode Munique, em particular a actividade do grupo de trabalho sobre a redução doscustos, que foi encarregado pelos Estados-membros da Organização Europeia dePatentes de lançar propostas com vista a conseguir a redução do custo da patenteeuropeia. Sob esta perspectiva, prevê-se igualmente que as traduções da patente, queserão, aliás, facultativas para o titular, deverão ser depositadas junto do Instituto, emvez de o serem junto dos institutos nacionais de patentes de vários Estados-membros.Tal deveria representar uma diminuição sensível das despesas em relação ao custototal de uma patente europeia média11.

11 De acordo com a delegação francesa participante no grupo de trabalho para a redução do custo dapatente europeia, o depósito único junto do Instituto conduziria a uma economia da ordem dos 30% dototal das despesas relacionadas com as traduções de uma patente europeia média(documento WRP/11/99 de 18 de Novembro de 1999).

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2.4.5. Segurança jurídica da patente comunitária: o sistema judicial

As empresas e os inventores europeus esperam um sistema judicial que produza ummáximo de segurança jurídica para a patente comunitária. Só assim os custos,frequentemente relevantes, de investigação e desenvolvimento que precedem apatente podem ser compensados.

Só uma jurisdição comunitária centralizada pode garantir, sem falhas, a unicidade dodireito e uma jurisprudência coerente.

Isto diz respeito, exclusivamente, aos litígios entre partes privadas (2.4.5.1.). Osrecursos das decisões administrativas relativas à patente comunitária serão tratadosno âmbito dos procedimentos previstos pela Convenção de Munique (2.4.5.2.).Por último, deve assinalar-se a relação entre a proposta de regulamento e aConferência Intergovernamental sobre as Reformas Institucionais (2.4.5.3.), bemcomo a divisão das competências no seio da jurisdição comunitária centralizada(2.4.5.4.).

2.4.5.1. O sistema judicial relativo aos litígios entre partes privadas

O sistema estabelecido na Convenção do Luxemburgo não teve continuidade nestaproposta. De facto, iria permitir que um tribunal nacional ao qual tivesse sidoapresentado um pedido reconvencional de nulidade pudesse anular a patentecomunitária com efeito sobre todo o território da Comunidade.

A solução apresentada nesta proposta é ambiciosa: prevê a criação de um sistemajurisdicional centralizado e especializado em patentes para examinar, nomeadamente,as questões relativas à validade e à contrafacção da patente comunitária. Para esteefeito, será criada uma jurisdição comunitária de propriedade intelectual,denominada «tribunal comunitário de propriedade intelectual»12. Este tribunalcomportará câmaras de primeira instância e de recurso. As duas instâncias, cujacompetência se alargará a todo o território da Comunidade, poderão ocupar-se dequestões quer de facto quer de direito. Aplicarão o seu próprio regulamentoprocessual, ordenarão medidas provisórias, determinarão sanções e outorgarãoindemnizações por perdas e danos. As sentenças do tribunal terão força executória. Aexecução forçada será regida pelas normas de processo civil em vigor no Estado emcujo território seja efectuada. As autoridades nacionais conferirão automaticamentevalor executório a uma sentença autêntica.

A criação de uma jurisdição comunitária centralizada é considerada necessária pelaComissão por diversas razões: em primeiro lugar, as soluções menos ambiciosas queforam negociadas ou delineadas no passado fracassaram. Os inventores nãoutilizariam a futura patente comunitária sem uma segurança jurídica «comunitária».

12 Prevê-se que este tribunal seja criado através de uma alteração do Tratado CE, que está actualmente emdiscussão no âmbito da Conferência Intergovernamental sobre as Reformas Institucionais.

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Um sistema jurisdicional descentralizado, tal como o existente no domínio daspatentes europeias, que requer, por exemplo, que as acções judiciais relativas àvalidade da patente sejam consideradas separadamente em todos os EstadosContratantes para os quais a patente tiver sido concedida, seria inaceitável para apatente comunitária. Não só a gestão dos direitos através de tal sistema seria muitodispendiosa para o respectivo titular, mas, acima de tudo, um sistema descentralizadonão conferiria ao titular da patente comunitária a segurança jurídica necessáriaquanto à validade da patente em todo o território para o qual tivesse sido concedida.

Só uma jurisdição centralizada pode garantir a unicidade do direito e umajurisprudência coerente. É aliás necessário evitar, à partida, uma situação em queuma jurisdição nacional, sem experiência no domínio da propriedade industrial,possa deliberar sobre a validade ou a contrafacção da patente comunitária.

A necessidade de que a jurisdição centralizada possua todas as qualificaçõesrequeridas no domínio das patentes é também tida em consideração. A composiçãodesta instância deverá garantir que os juizes tenham as qualificações necessárias emmatéria de patentes, domínio que pode implicar o exame de questões extremamentetécnicas. Tal não é o caso, presentemente, do Tribunal de Primeira Instância doTribunal de Justiça, que não teve oportunidade de desenvolver experiência nodomínio das patentes.

A criação de uma nova jurisdição centralizada é também necessária para responderao problema de sobrecarga que afecta o Tribunal de Justiça e o Tribunal de PrimeiraInstância das Comunidades Europeias.

Na realidade, quanto à patente comunitária, é imperativo responder definitivamenteàs questões sobre a validade ou a contrafacção da patente num prazo de dois anos.Este prazo tem em conta a duração relativamente breve da protecção oferecida pelapatente, que em princípio é de 20 anos, mas na realidade é bastante mais curta,devido à progressividade das taxas anuais que o titular da patente deve pagar e àrápida evolução da técnica.

Por estas razões se abandonou a interessante alternativa que consistiria em atribuir aoTribunal de Primeira Instância um papel de instância de recurso de uma decisão deum tribunal nacional, que tivesse deliberado sobre a validade da patente para todo oterritório da Comunidade.

A jurisdição centralizada será apenas competente relativamente a certas categorias deacções judiciais. É essencial que possa examinar, simultaneamente, litígios relativosà contrafacção e à validade da patente (por exemplo: acções de verificação denão-contrafacção, acções de nulidade ou acções reconvencionais de nulidade). Estasolução é motivada pelo facto de a nulidade da patente ser praticamente sempreinvocada como meio de defesa pelo requerido numa acção de contrafacção. Umaseparação da competência jurisdicional para estes dois tipos de acção nãocorresponderia nem à boa administração da justiça, nem à eficácia almejada pelopresente regulamento, uma vez que os elementos que o juiz deve examinar nos doiscasos são essencialmente os mesmos.

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A jurisdição centralizada deverá também examinar os litígios relativos à utilização dainvenção durante o período que medeia entre a publicação do pedido de patente e aconcessão da patente. O mesmo se aplica aos pedidos de limitação da patente ourelativos à extinção da patente.

É essencial que a competência da jurisdição centralizada seja exclusiva. Estacompetência baseia-se na validade da patente no território da Comunidade, bemcomo no local dos actos, factos e actividades que têm lugar na Comunidade.

O regulamento deverá prever que todos os outros litígios entre partes privadas nãoespecificamente reservados à jurisdição centralizada serão examinados pelostribunais nacionais dos Estados-membros. Trata-se, por exemplo, de litígios sobre odireito à patente ou à transferência da patente, ou sobre licenças contratuais.

Para as situações da competência dos tribunais nacionais, o regulamento prevê que asnormas da Convenção de Bruxelas, de 1968, relativas à competência judiciária e àexecução de decisões em matéria civil e comercial (em seguida, denominada«a Convenção de Bruxelas»)13 sejam, em princípio, aplicáveis. O regulamentoespecificará as excepções e as adaptações necessárias.

No entanto, de cada vez que a acção judicial incidir sobre a validade ou sobre acontrafacção da patente comunitária, o tribunal nacional a que se recorra é forçado adeclarar a sua incompetência e o facto de não poder julgar a acção. Se a validade dapatente for uma questão preliminar num processo que incida sobre outro assunto, porexemplo, sobre concorrência desleal, o tribunal nacional suspenderá a instância parapermitir às partes resolver a questão de natureza preliminar através de uma acçãoperante a jurisdição centralizada.

Os tribunais nacionais são livres de apresentar ao Tribunal de Justiça questõesprejudiciais sobre os assuntos para os quais são competentes, como, por exemplo, ainterpretação da Directiva 98/44 relativa à protecção jurídica das invençõesbiotecnológicas14. Ora, os tribunais nacionais não estarão, em princípio, habilitados aproceder a reenvios prejudiciais relativos à validade da patente comunitária com baseno regulamento, uma vez que não serão competentes na matéria.

2.4.5.2. Os recursos das decisões do Instituto e da Comissão

Os processos internos de oposição e de recurso do Instituto serão aplicáveis à patentecomunitária. As decisões do Instituto não serão susceptíveis de recurso junto dajurisdição comunitária centralizada.

Esta solução é adoptada com vista a preservar, tanto tempo quanto possível, otratamento unificado de um pedido simultâneo de patente comunitária e de patenteeuropeia. Evita também sobrecarregar a jurisdição comunitária centralizada com umaproliferação de recursos interpostos durante o processo de exame e antes da

13 Esta convenção será transformada em regulamento (ver a proposta da Comissão de 14 de Julho de 1993- COM(1999) 348 final). Entende-se que, para os Estados-membros visados, a referência àConvenção de Bruxelas deve ser compreendida como uma referência ao regulamento de execução,quando este for definitivamente adoptado pelo Conselho.

14 JO L 213 de 30.7.1998.

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concessão da patente comunitária. Esta solução é igualmente apropriada, se tivermosem conta o estatuto jurídico das câmaras de recurso do Instituto. Uma câmara derecurso foi considerada, por exemplo, no Reino Unido, como correspondendointeiramente à noção de jurisdição, na medida em que as suas deliberações eramdecisivas e baseadas em critérios objectivos, e que a independência dos seusmembros estava garantida pela Convenção de Munique15. Será igualmente necessárioter em conta o facto de que a validade de uma patente concedida pelo Institutopoderá ser ulteriormente objecto de um contencioso de direito privado junto dotribunal comunitário de propriedade intelectual nas condições determinadas peloregulamento. A solução comporta porém, actualmente, o inconveniente de atrasarconsideravelmente a adopção de uma decisão final sobre a validade da patentecomunitária. Este atraso é devido aos prazos de exame, por vezes demasiado longos,das câmaras de oposição ou de recurso do Instituto. Parece, contudo, que umarevisão da Convenção de Munique sobre este ponto poderia proporcionar umasolução para o problema.

Além disso, é evidente que o controlo judicial das decisões tomadas pela Comissão éda competência de uma jurisdição comunitária. Tal competência pertence aoTribunal de Justiça (Tribunal de Primeira Instância), por força do artigo 230º doTratado CE. O exame dos recursos relativos às decisões tomadas por força doregulamento relativo à patente comunitária carecerá frequentemente deconhecimentos essencialmente no domínio do direito da concorrência. Tratar-se-á,nomeadamente, de recursos das decisões da Comissão em matéria de licençasobrigatórias e de licenças de direito. O Tribunal de Primeira Instância é o órgão commelhores condições para examinar este último tipo de recursos, em relação aos quaisjá possui experiência. Não se propõe, pois, alterar, a este respeito, a atribuição decompetências que detém o Tribunal de Primeira Instância. Esta solução é apropriadapara garantir a coerência da jurisprudência comunitária neste domínio.

2.4.5.3. Relação entre a proposta de regulamento e a ConferênciaIntergovernamental sobre as Reformas Institucionais

Pressupõe-se que o tribunal comunitário de propriedade intelectual será criado pormeio de uma alteração do Tratado CE. Estão actualmente em curso debates nestesentido no âmbito da Conferência Intergovernamental sobre asReformas Institucionais.

O Tratado CE preveria igualmente que, tal como o Tribunal de Primeira Instância(artigos 225º e 243º-245º do Tratado CE), esta jurisdição adoptasse o seu próprioregulamento processual, ordenasse medidas provisórias e proferisse sentenças comforça executória nos Estados-membros, do mesmo modo que as decisões doTribunal de Justiça. As relações entre as jurisdições comunitárias, incluindo omecanismo de recurso para fixação do direito em seguida mencionado(ponto 2.4.5.4.), seriam igualmente especificadas no Tratado CE.

15 Lenzing AG European Patent, United Kingdom High Court of Justice No. 8 [1997] RPC.

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Já nos seus pareceres de 26 de Janeiro e de 1 de Março de 2000, a Comissão sugeriraque a Conferência Intergovernamental discutisse a alteração do Tratado parapossibilitar uma segurança jurídica adequada no domínio da propriedade intelectualcomunitária. Assim, na sua contribuição complementar de 1 de Março de 2000 para aConferência Intergovernamental sobre as Reformas Institucionais, a Comissãoconsidera «que em matéria de direito comunitário de propriedade intelectual, enomeadamente na perspectiva da futura patente comunitária, seria conveniente prever acriação de um órgão jurisdicional comunitário especializado, com competência paradecidir os litígios relativos tanto à validade da patente comunitária como à suacontrafacção, a fim de garantir a segurança jurídica de um título unitário que produzefeitos no conjunto do território da Comunidade, libertando definitivamente oTribunal de Justiça e o TPI da totalidade deste contencioso altamente especializado».

Enquanto aguarda o resultado das negociações no âmbito da ConferênciaIntergovernamental, a Comissão incluiu, pois, na presente proposta de regulamentodisposições de base correspondentes ao teor da sua contribuição.

Subentende-se que deverão ser adoptadas disposições mais detalhadas relativas,nomeadamente, ao regulamento processual aplicável pela nova jurisdiçãocomunitária. Essas disposições, bem como o estatuto do tribunal, serão determinadasem instrumentos ulteriores.

2.4.5.4. A divisão das competências no seio da jurisdição centralizadacomunitária

Como já antes foi indicado, a nova jurisdição será competente em certas situaçõesem relação às quais o Tribunal de Primeira Instância teria normalmente sidoconsiderado competente. Como já mencionámos no ponto 2.4.5.2., o Tribunal dePrimeira Instância continuará, porém, a ser competente para deliberar sobre decisõesadoptadas pela Comissão. A possibilidade de recurso das decisões desse tribunal seráregida pelas disposições actuais do Tratado CE.

No tocante à nova jurisdição, as disposições previstas não contemplarão apossibilidade de recurso directo, junto do Tribunal de Justiça, das decisões da câmarade recurso do tribunal comunitário de propriedade intelectual. Também não estáprevisto introduzir entre a nova jurisdição comunitária e o Tribunal de Justiça ummecanismo de reenvio prejudicial que caracteriza as relações entre os tribunaisnacionais e o Tribunal de Justiça.

Não obstante, o sistema proposto não prejudicará o papel do Tribunal de Justiçaenquanto instância judicial suprema do direito comunitário.

Com efeito, se o tribunal comunitário de propriedade intelectual devesse interpretaraspectos mais gerais do direito comunitário no âmbito dos casos que lhe sãoapresentados, o Tratado CE alterado preveria a possibilidade de se recorrerulteriormente ao Tribunal de Justiça para fixação do direito.

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Este mecanismo permitiria verificar se a interpretação do direito comunitário pelotribunal comunitário de propriedade intelectual está ou não em contradição com ainterpretação dada pelo Tribunal de Justiça. O princípio e o mecanismo do reenvioaproximam-se dos adoptados no Protocolo de 1971, anexo à Convenção de Bruxelas(artigo 4º)16. Assim, este recurso só pode ser interposto na sequência de decisões dotribunal deliberando em primeira instância ou em câmara de recurso transitadas emjulgado. O secretário do Tribunal de Justiça notifica do pedido os Estados-membros eas Instituições da Comunidade, que têm o direito de depositar memórias ouobservações escritas junto do tribunal num prazo de dois meses a contar da referidanotificação. Além disso, a interpretação dada pelo Tribunal de Justiça na sequênciado pedido não afecta a decisão que o tiver motivado. O procedimento não dá lugar àcobrança nem ao reembolso de custas e despesas. Diferentemente do dito protocolo,a Comissão tem competência para recorrer ao Tribunal de Justiça enquanto guardiãdo Tratado CE.

É evidente que a nova jurisdição estará, enquanto jurisdição comunitária, sujeita àjurisprudência do Tribunal de Justiça, quer se trate da interpretação dada no âmbitode recursos interpostos para fixação do direito ou de acórdãos prejudiciais proferidos,por reenvio dos tribunais nacionais, em processos para os quais estes últimos sãocompetentes.

2.4.6. Relação com outros sistemas de patentes

O sistema de patente comunitária coexistirá com os sistemas de patentes nacionais ede patentes europeias. Os inventores terão a liberdade de escolher o sistema depatentes que mais lhes convenha.

Com vista a obter a concessão de uma patente comunitária, a designação do territórioda Comunidade deverá ser feita no pedido de patente europeia. Não será possíveldesignar simultaneamente, num pedido de patente europeia, o território daComunidade e um ou vários Estados-membros. Todavia, o requerente pode solicitar,ao mesmo tempo, uma patente para o território da Comunidade e uma patenteeuropeia para a Suíça, Chipre, o Mónaco ou o Liechtenstein.

Prevê-se também que, a qualquer momento até à concessão da patente europeia, umpedido de patente europeia que designe todos os Estados-membros da Comunidadepossa ser transformado num pedido de patente europeia que designe todo o territórioda Comunidade. Do mesmo modo, um pedido de patente europeia que designe todo oterritório da Comunidade poderá ser transformado em pedido de patente europeia quedesigne um ou mais Estados-membros da Comunidade. O princípio da transformaçãoe as modalidades de aplicação deverão ser objecto de negociações no âmbito daadesão da Comunidade à Convenção de Munique.

Uma vez concedida, uma patente comunitária não pode ser transformada em patenteeuropeia. Também não será possível transformar patentes nacionais ou uma patenteeuropeia numa patente comunitária.

16 JO C 27 de 26.1.1998, p. 29.

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Uma mesma invenção pertencente à mesma pessoa não poderá ser protegidasimultaneamente por uma patente comunitária e por uma patente europeiadesignando um ou mais Estados-membros, ou por uma patente nacional concedidapor um Estado-membro.

3. JUSTIFICAÇÃO DA PROPOSTA À LUZ DOS PRINCÍPIOS DEPROPORCIONALIDADE E SUBSIDIARIEDADE

Quais os objectivos da acção prevista em relação às obrigações da Comunidade?

Os objectivos da proposta consistem na melhoria do funcionamento do mercadointerno e, nomeadamente, na adaptação do fabrico e da distribuição dos produtospatenteados às dimensões da Comunidade.

A proposta inscreve-se igualmente no quadro da promoção da inovação e docrescimento na Comunidade Europeia.

A acção prevista corresponde aos critérios de subsidariedade?

Esses objectivos não podem ser realizados pelos Estados-membros individual oucolectivamente e devem, pois, devido à sua incidência transfronteiriça, ser realizadosa nível comunitário.

Os meios de intervenção comunitária serão proporcionais aos objectivos?

O Tribunal de Justiça deliberou que a criação de títulos comunitários de propriedadeintelectual não pode ser efectuada pela via da harmonização das legislaçõesnacionais17. Com efeito, tendo em conta a unicidade do título, nenhuma apreciaçãopode ser deixada ao critério dos Estados-membros no que diz respeito à suaaplicação. O acto proposto, um regulamento, limita-se, assim, ao mínimo requeridopara atingir os objectivos visados e não excede o que é necessário para esse fim.

4. EXAME DAS DISPOSIÇÕES DA PROPOSTA ARTIGO POR ARTIGO

CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1º - Direito comunitário em matéria de patentes

Este artigo estabelece um direito comunitário em matéria de patentes que se aplica àpatente comunitária. Trata-se de um direito de patente autónomo, comunitário, quecoexistirá com os direitos de patentes nacionais e o sistema de patentes europeias.Este artigo define igualmente a patente comunitária: considera-se uma patentecomunitária qualquer patente europeia concedida pelo Instituto para todo o territórioda Comunidade.

17 Parecer 1/94 do Tribunal de Justiça, de 15 de Novembro de1994.

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Artigo 2º - Patente comunitária

Este artigo especifica as características da patente comunitária. Assim, o n.º 1determina que a patente comunitária tem um carácter unitário. Só pode serconcedida, transferida, anulada ou tornada extensiva, relativamente ao conjunto daComunidade.

O n.º 2 estabelece o carácter autónomo da patente comunitária. A patentecomunitária está sujeita ao disposto no regulamento, bem como aos princípios geraisdo direito comunitário. Este número especifica igualmente que o disposto noregulamento em nada prejudica a aplicação do direito dos Estados-membros relativoà responsabilidade penal e à concorrência desleal. A este respeito, convém notar que,em conformidade com princípio geral da igualdade de tratamento inerente ao direitocomunitário, os Estados-membros que prevejam sanções penais para infracçõesrelativas a uma patente nacional devem assegurar uma protecção equivalente em casode infracções relativas à patente comunitária.

O n.º 3 remete para a terminologia utilizada na Convenção de Munique.

Artigo 3º - Aplicação às zonas marítimas e submarinas, bem como ao espaço

O n.º 1 retoma o conteúdo do artigo 9º do Acordo do Luxemburgo.

O n.º 2 visa assegurar a protecção das invenções realizadas ou utilizadas no espaço.Esta disposição, solicitada pelo Parlamento Europeu18, e anunciada na comunicaçãode 5 de Fevereiro de 199919, é essencial para melhorar a competitividade da indústriaeuropeia em relação, nomeadamente, aos Estados Unidos, onde já existe umaregulamentação análoga20. Trata-se de uma disposição necessária tendo em conta oconsiderável empenhamento europeu na Estação Espacial Internacional.

CAPÍTULO II - DIREITO DE PATENTES

SECÇÃO 1 - DIREITO À PATENTE

Artigo 4º - Direito à patente comunitária

O n.º 1 prevê que a patente comunitária pertença ao inventor ou ao seu sucessorlegal.

O n.º 2 contém regras específicas relativas às relações entre empregado eempregador. Retoma a regra constante do n.º 1 do artigo 60º da Convenção deMunique, cuja terminologia derroga ligeiramente a utilizada no artigo 6º daConvenção de Roma, de 1980, sobre a lei aplicável às obrigações contratuais21. Comefeito, dado que as regras da Convenção de Munique se aplicam à determinação do

18 Resolução relativa ao Livro Verde sobre a patente comunitária e o sistema de patentes na Europa -Promover a inovação através das patentes - COM(97) 314 final, ponto 9.

19 COM(1999) 42 final.20 Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu - A União Europeia e o espaço:

promoção de aplicações, de mercados e da competitividade industrial - COM(96) 617 final.21 Versão consolidada - JO C 27 de 26.1.1998.

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direito à patente durante a fase anterior à concessão da mesma, não seria concebívelque os critérios segundo os quais é determinado o direito à patente comunitária antesda respectiva concessão sejam diferentes. De acordo com este número, aplica-se a leido Estado em que o empregado exerce a sua actividade principal. Caso não sejapossível determinar qual é esse Estado, a legislação aplicável é a do Estado em quese encontra o estabelecimento do empregador a que o empregado está ligado.

O n.º 3 retoma, no essencial, a regra constante do n.º 2 do artigo 60º daConvenção de Munique. Especifica a quem pertence a patente quando várias pessoasrealizaram a invenção independentemente umas das outras. Nestas situações, apatente pertence à pessoa que tiver sido a primeira a depositar o pedido de patente ecujo pedido tiver sido publicado. Especifica-se igualmente que, em caso dereivindicação de uma prioridade, a data pertinente será a data de prioridade.

Artigo 5º - Reivindicação do direito à patente comunitária

Este artigo retoma o teor do artigo 23º da Convenção do Luxemburgo.

Artigo 6º - Efeitos da mudança de titular da patente comunitária

Este artigo retoma o teor do artigo 24º da Convenção do Luxemburgo.

SECÇÃO 2 - EFEITOS DA PATENTE COMUNITÁRIA E DO PEDIDO DEPATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 7º - Interdição da exploração directa da invenção

Esta disposição corresponde ao artigo 25º da Convenção do Luxemburgo e aoartigo 28º do Acordo ADPIC.

Artigo 8º - Interdição da exploração indirecta da invenção

Este artigo retoma o teor do artigo 26º da Convenção do Luxemburgo.

Artigo 9º - Limitação dos efeitos da patente comunitária

Este artigo retoma, em grande parte, o teor do artigo 27º daConvenção do Luxemburgo e o do artigo 4º do Acordo ADPIC.

A alínea e) contém uma especificação, na medida em que visa, além dos objectospara a construção ou o funcionamento dos maquinismos de locomoção aérea outerrestre, também os relativos aos outros meios de transporte. Trata-se, por exemplo,de veículos que se deslocam no espaço.

Artigo 10º - Esgotamento comunitário dos direitos conferidos pela patentecomunitária

Este artigo define o princípio do esgotamento comunitário. Normas correspondentesestão incluídas no artigo 28º da Convenção do Luxemburgo e no artigo 13º doregulamento sobre a marca comunitária.

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Artigo 11º - Direitos conferidos pelo pedido de patente comunitária após a suapublicação

O n.º 1 retoma o teor do n.º 1 do artigo 32º da Convenção do Luxemburgo.

O n.º 2 derroga os n.ºs 2 e 3 da dita convenção. Com efeito, contrariamente à soluçãoadoptada na Convenção do Luxemburgo, não é concebível deixar ao critério de cadaEstado-membro a possibilidade de prever as condições suplementares às quais estásujeita a indemnização razoável referida neste número. Tal teria criado um risco detratamento diferenciado consoante os Estados-membros relativamente à aplicaçãodos direitos conferidos pelo pedido de patente comunitária. Como consequência dacontrafacção, é essencial que a indemnização aqui prevista seja determinada combase em regras comuns, o que é tanto mais desejável quanto a jurisdição competentenesta matéria é uma jurisdição comunitária centralizada (ver Capítulo IV, Secção 1).

Estas disposições não especificam de que modo o requerente deve enviar aopresumível contrafactor uma tradução, nem o meio através do qual pode assegurar-seda língua adequada para a tradução, caso o presumível contrafactor estejadomiciliado num Estado-membro com várias línguas oficiais. Essas situaçõesdeverão, na prática, ser bastante raras e não parece necessário prever procedimentosobrigatórios.

Na realidade, diversas vias são possíveis: o requerente e o destinatário podem chegara um acordo sem formalidades específicas sobre a língua a utilizar na tradução.Naturalmente, o requerente deve, caso seja necessário, poder provar a existênciadesse acordo perante a jurisdição comunitária. Se o requerente considerar que a viavoluntariamente acordada não produz resultados, pode recorrer a uma notificaçãooficial. Se estiver domiciliado num outro Estado que não o do destinatário, pode, porexemplo, recorrer ao mecanismo de notificação previsto na Convenção de Haiarelativa à citação e à notificação no estrangeiro dos actos judiciais e extrajudiciais emmatérias civil e comercial, actualmente em vigor nos Estados-membros22. Segundo oartigo 5º desta convenção, o acto pode sempre ser remetido ao destinatário, que oaceita voluntariamente. Se o destinatário não o aceitar, deve indicar o motivo darecusa. A última frase do n.º 2 do artigo 11º do regulamento proposto, em que seprevê que nenhuma tradução será necessária se o presumível contrafactorcompreender o texto, visa assegurar que o destinatário não possa abusar do seudireito a uma língua particular. Nesse caso também, o ónus da prova recai, nãoobstante, sobre o requerente.

O n.º 3 prevê que, aquando da determinação da indemnização razoável, é tida emconta a boa-fé da pessoa que explorou a invenção ou que efectuou preparativos paraeste fim.

O n.º 4 especifica que a língua oficial referida no n.º 2 deve igualmente ser umalíngua oficial da Comunidade.

22 Os procedimentos previstos por esta convenção deverão ser substituídos em breve, no âmbito dasrelações intracomunitárias, por regras contidas num regulamento do Conselho relativo à citação e ànotificação dos actos judiciais e extrajudiciais em matérias civil e comercial nos Estados-membros(proposta alterada de 29 de Março de 2000) - COM(2000) 75 final.

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Artigo 12º - Direito baseado na utilização anterior da invenção

Este artigo corresponde, no essencial, ao artigo 20º do projecto de tratadoapresentado em 1991 na conferência diplomática para a conclusão de um tratadocompletando a Convenção de Paris no que diz respeito às patentes. Este texto, emvez de remeter simplesmente para a legislação nacional, a exemplo do artigo 37º daConvenção do Luxemburgo, define substancialmente os direitos do utilizadoranterior.

Artigo 13º - Patentes de processos: ónus da prova

Este artigo corresponde ao artigo 35º da Convenção do Luxemburgo.

SECÇÃO 3 - DA PATENTE COMUNITÁRIA COMO OBJECTO DEPROPRIEDADE

Artigo 14º - Equiparação da patente comunitária a uma patente nacional

Os n.ºs 1 e 2 retomam, na essência, o teor dos n.ºs 1 a 3 do artigo 38º daConvenção do Luxemburgo. Uma disposição análoga foi adoptada no regulamentosobre a marca comunitária (artigo 16º). Prevêem que uma patente comunitária sejatratada enquanto objecto de propriedade da mesma maneira que as patentesnacionais. Em contrapartida, o n.º 3 derroga o n.º 4 do artigo 38º daConvenção do Luxemburgo. De facto, a produção de efeitos da patente comunitáriaenquanto objecto de propriedade não pode depender de uma eventual inscrição numregisto nacional de patentes.

Artigo 15º - Transmissão

Os n.ºs 1 e 2 visam clarificar que a patente comunitária é transmissívelindependentemente da empresa. Foram adoptadas disposições similares para a marcacomunitária (n.ºs 1 e 2 do artigo 17º do regulamento sobre a marca comunitária).

Os n.ºs 3 a 5 correspondem ao artigo 39º da Convenção do Luxemburgo.

Artigo 16º - Direitos reais

Esta disposição visa clarificar o facto de a patente comunitária poder igualmente serdada em penhor ou ser objecto de outro direito real. Estes direitos podem serinscritos no Registo de Patentes Comunitárias e publicados. Uma disposiçãosemelhante foi adoptada para a marca comunitária (artigo 19º do regulamento sobre amarca comunitária).

Artigo 17º - Execução forçada

A patente comunitária pode, enquanto objecto de propriedade, ser alvo de medidasde execução forçada. A execução forçada pode ser inscrita no Registo de PatentesComunitárias e publicada. Uma disposição semelhante foi adoptada para a marcacomunitária (artigo 20º do regulamento sobre a marca comunitária).

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Artigo 18º - Processo de falência ou processos análogos

Este artigo rege o tratamento a dar à patente comunitária no âmbito de um processode falência ou de um processo análogo. O n.º 1 prevê um tratamento unificado dapatente, na medida em que dispõe que uma patente comunitária só pode ser incluídanum processo de falência ou num processo análogo no Estado-membro onde estejasituado o centro dos interesses principais do devedor. Esta regra corresponde àsolução apresentada no regulamento relativo aos processos de insolvência, que oConselho adoptou em 29 de Maio de 200023, embora o regulamento não sejaaplicável na Dinamarca.

O n.º 2 retoma substancialmente o disposto no artigo 41º da Convenção doLuxemburgo e especifica que a mesma regra se aplica, em caso de co-propriedade dapatente, à parte do co-proprietário.

O n.º 3 diz respeito à inscrição no Registo de Patentes Comunitárias.

Artigo 19º - Licenças contratuais

Esta disposição inspira-se no artigo 42º da Convenção do Luxemburgo e igualmenteno regime previsto para a marca comunitária (artigo 22º do regulamento sobre amarca comunitária).

O n.º 1 instaura o princípio de que o titular pode conceder licenças a terceiros.Trata-se de um meio económico essencial para o proprietário.

O n.º 2 contém uma cláusula geral relativa à salvaguarda dos direitos em caso deviolação dos limites impostos no contrato de licença. Pode tratar-se, por exemplo, deuma violação das cláusulas sobre a duração ou o território para o qual a licença foiconcedida.

O n.º 3 corresponde ao n.º 3 do artigo 42º da Convenção do Luxemburgo.

Artigo 20º - Licenças de direito

Esta disposição retoma o conteúdo do artigo 43º da Convenção do Luxemburgo, comexcepção de uma alteração no n.º 5. Visa permitir a utiliz ação de um sistema delicenças de direito com base em declarações apresentadas no Instituto.

O n.º 5 derroga a disposição correspondente da Convenção do Luxemburgo, namedida em que a Comissão, e não uma divisão de anulação, que seria necessáriocriar no Instituto, é a entidade que fixa o montante adequado da retribuição numasituação em que o titular da patente e o utilizador não consigam chegar a acordosobre o montante. Tal é compatível com o papel da Comissão enquanto entidaderesponsável pela concessão de licenças obrigatórias, por força do artigo 22º, e deestabelecer a remuneração adequada relativa às licenças. A solução correspondeigualmente à abordagem segundo a qual o regulamento não prevê a criação de novasinstâncias especiais no seio do Instituto.

23 Regulamento do Conselho relativo aos processos de insolvência de 29 de Maio de 2000, ainda nãopublicado no JO.

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Artigo 21º - Concessão de licenças obrigatórias

O sistema de licenças obrigatórias pretende prever garantias contra os abusos dosdireitos conferidos pela patente. Fundamenta-se nas exigências do artigo 5º daConvenção de Paris para a protecção da propriedade industrial, bem como nasexigências mais recentes mencionadas no n.º 1 do artigo 27º e no artigo 31º doAcordo ADPIC.

Contrariamente à solução adoptada na Convenção do Luxemburgo, que prevê(artigo 45º) que as legislações nacionais sejam aplicáveis às licenças obrigatóriassobre uma patente comunitária, esta proposta enumera, com vista a assegurar umamaior segurança jurídica, os motivos pelos quais tais licenças podem ser concedidas.Os motivos contemplados nesta disposição correspondem às exigências previstaspelas legislações nacionais de vários Estados-membros, bem como às exigências quedecorrem da Convenção de Paris e do Acordo ADPIC.

O primeiro motivo consiste na falta ou insuficiência de exploração da patentecomunitária. O n.º 1 do artigo incorpora as exigências do n.º 4 do artigo 5º daConvenção de Paris no que diz respeito ao momento em que um pedido de licençaobrigatória pode ser apresentado com base neste motivo. Incorpora igualmente aexigência do n.º 1 do artigo 27º do Acordo ADPIC, que prevê uma proibição dediscriminação entre os produtos importados e os produtos de origem nacional.

O n.º 2 prevê o segundo motivo. Aplica-se às situações em que o titular de umapatente comunitária ou nacional (segunda patente) não possa explorar a sua patentesem lesar uma outra patente comunitária (primeira patente). Um direito de obtençãovegetal comunitário ou nacional é equiparado à segunda patente. Em tais situações, asegunda patente (ou direito de obtenção vegetal) deve, em conformidade com o n.º ldo artigo 31º do Acordo ADPIC, pressupor um progresso técnico importanterelativamente à invenção reivindicada na primeira patente. A disposição propostaautoriza a Comissão a adoptar qualquer medida que considere útil para verificar seessas exigências foram preenchidas.

O n.º 3 confere à Comissão o poder de autorizar a exploração de uma patente emcertas circunstâncias específicas, como sejam períodos de crise, situações de extremaurgência ou situações em que seja preciso corrigir uma prática julgadaanticoncorrencial, na sequência de um processo judicial ou administrativo.

O n.º 4 retoma o conteúdo da alínea c) do artigo 31º do Acordo ADPIC no que dizrespeito à tecnologia dos semicondutores.

O n.º 5 retoma, no essencial, o conteúdo da alínea b) do artigo 31º doAcordo ADPIC.

O n.º 6 prevê que as modalidades de aplicação e os procedimentos a seguir paraaplicação destes princípios sejam determinados pelo regulamento de execução.

Artigo 22º - Condições aplicáveis às licenças obrigatórias

As condições aplicáveis às licenças obrigatórias constantes do n.º 1 correspondem àsadoptadas no artigo 31º do Acordo ADPIC.

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O n.º 2 especifica que os Estados-membros não podem conceder licençasobrigatórias de exploração de uma patente comunitária.

Artigo 23º - Oponibilidade a terceiros

Esta disposição define as condições segundo as quais os actos jurídicos visados nosartigos 16º a 22º são oponíveis a terceiros. Uma disposição correspondente foiprevista para a marca comunitária (artigo 23º do regulamento sobre a marcacomunitária).

Artigo 24º - O pedido de patente comunitária enquanto objecto de propriedade

O n.º 1 estabelece que os artigos 14º a 19º, bem como o artigo 21º, com excepção dosn.ºs 1 e 2, e o artigo 22º sejam aplicáveis igualmente ao pedido de patentecomunitária. Uma disposição análoga foi incluída no regulamento sobre a marcacomunitária (artigo 24º). A referência feita aos artigos da mesma secção implicaigualmente que, tal como as patentes, os pedidos de patente sejam inscritos noRegisto de Patentes Comunitárias.

O n.º 2 afirma que os direitos que tenham sido adquiridos com base num pedido depatente continuam a ser efectivos com base numa patente já concedida.

CAPÍTULO III - MANUTENÇÃO EM VIGOR, CADUCIDADE ENULIDADE DA PATENTE COMUNITÁRIA

SECÇÃO 1 - MANUTENÇÃO EM VIGOR E CADUCIDADE

Artigo 25º - Taxas anuais

O n.º 1 constitui a disposição de base para as taxas anuais. Estas taxas devem serpagas ao Instituto para que a patente comunitária se mantenha em vigor. Estadisposição determina o momento a partir do qual as taxas devem ser pagas. Omontante das taxas será definido pelo regulamento de execução relativo às taxas.

O n.º 2 prevê um prazo suplementar para o pagamento da taxa anual, sob reserva dopagamento de uma taxa suplementar.

O n.º 3 prevê, por razões de equidade, que não deve ser cobrada qualquer taxasuplementar quando a taxa anual se vencer nos dois meses a contar da data deconcessão da patente, se o pagamento for efectuado no prazo mencionado no n.º 2.

Artigo 26º- Renúncia

Este artigo estabelece que a patente comunitária só pode ser objecto de renúncia nasua totalidade. A renúncia deve ser declarada por escrito ao Instituto. É inscrita noRegisto de Patentes Comunitárias, sob reserva de informação prévia de uma certacategoria de pessoas ou, se for o caso, da obtenção de um acordo.

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Artigo 27º - Caducidade

Este artigo define as situações em que a patente comunitária caduca. Corresponde, noessencial, ao teor do artigo 50º da Convenção do Luxemburgo. Ora, contrariamente aeste último, que remete para a Convenção de Munique relativamente à duração daprotecção, a alínea a) do n.º 1 determina a duração da protecção.

SECÇÃO 2 - NULIDADE DA PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 28º - Causas de nulidade

Este artigo, que determina as causas de nulidade da patente comunitária, retomaessencialmente o teor do artigo 56º da Convenção do Luxemburgo, ressalvando asseguintes excepções:

Contrariamente à alínea f) do n.º 1 do artigo 56º da Convenção do Luxemburgo, aalínea f) do n.º 1 deste artigo não remete para o n.º 1 do artigo 36º da dita convenção,mas incorpora uma regra substancial de motivo de nulidade.

Diferentemente do n.º 3 do artigo 56º da Convenção do Luxemburgo, este artigo nãoinclui uma disposição segundo a qual a nulidade que afecta a patente comunitária nocaso previsto na alínea f) do n.º 1 não pode ser declarada senão em relação aoEstado-membro em causa, o que implica que, em caso de existir uma patentenacional anterior num só Estado-membro, a patente comunitária é nula em toda aComunidade. Esta solução, necessária para preservar a unicidade da patentecomunitária, comporta, não obstante, um tratamento severo da patente comunitáriaem relação às patentes europeias, que, na realidade, são patentes nacionais.

Convém especificar que a jurisdição competente para decidir da nulidade da patentecomunitária é o tribunal comunitário de propriedade intelectual. No entanto, dadoque os tribunais nacionais continuam a ser competentes para as acções relativas aodireito à patente comunitária, uma declaração de nulidade pelo motivo previsto naalínea e) só pode ser emitida pela jurisdição centralizada após sentença proferida porum tribunal nacional (ver n.º 2 do artigo 31º do presente regulamento).

Artigo 29º - Efeitos da nulidade

Este artigo corresponde, em parte, ao artigo 54º do regulamento sobre a marcacomunitária. O n.º 1 define o impacto da nulidade. O n.º 2 determina as decisões e oscontratos que a nulidade não afecta. Derroga o sistema relativo à marca comunitária,na medida em que não está previsto que as disposições nacionais relativas àreparação do prejuízo causado pelo comportamento do titular da patente ou relativasao enriquecimento sem causa possam aplicar-se. A razão é que o regulamento prevêum sistema completo de reparação com base em regras comuns (ver artigo 44ºrelativo a indemnizações por perdas e danos).

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CAPÍTULO IV - COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO NO QUESE REFERE A ACÇÕES JUDICIAIS RELATIVAS À PATENTECOMUNITÁRIA

SECÇÃO 1 - ACÇÕES EM MATÉRIA DE VALIDADE, CONTRAFACÇÃO EUTILIZAÇÃO DA PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 30º - Acções e pedidos aplicáveis à patente comunitária - competênciaexclusiva do tribunal comunitário de propriedade intelectual

O n.º 1 enumera de maneira exaustiva as acções e os pedidos a apresentar ao tribunalcomunitário de propriedade intelectual. Trata-se de acções e pedidos relativos àvalidade e à contrafacção da patente, bem como de acções e pedidos relativos àutilização da invenção e à reparação dos danos.

O n.º 2 especifica que a patente comunitária não pode ser objecto de uma acção deameaça de contrafacção.

O n.º 3 define qual o tribunal competente. O tribunal comunitário de propriedadeintelectual tem competência exclusiva para conhecer dos pedidos e acções emquestão. Assim, mesmo os pedidos subsequentes de indemnizações por perdas edanos devem ser apresentados a este tribunal centralizado e não aos tribunaisnacionais.

O n.º 4 remete, no tocante às condições e modalidades relativas às acções e pedidosem causa, para o estatuto ou regulamento processual do dito tribunal, na medida emque essas condições e modalidades não estiverem já regulamentadas no Tratado CEou no presente regulamento.

Artigo 31º - Acção de nulidade

Esta disposição define os motivos pelos quais um pedido directo de anulação podeser fundamentado, determina as pessoas que podem instaurar uma acção e as outrascondições aplicáveis. Derroga o artigo 55º da Convenção do Luxemburgo, na medidaem que especifica que uma acção de nulidade pode ser interposta, mesmo que aindapossa ser formulada uma oposição ou se um processo de oposição estiver pendenteno Instituto.

Artigo 32º - Pedido reconvencional de anulação

Este disposição define as condições de uma acção reconvencional de nulidade eprevê uma obrigação de informação, caso o titular da patente não seja parte nolitígio. Foi adoptada uma disposição correspondente para a marca comunitária(artigo 96º do regulamento sobre a marca comunitária).

Artigos 33º e 34º - Acção de contrafacção - Acção de verificação denão-contrafacção

Estes dois artigos definem as condições de uma acção de contrafacção e deverificação de não-contrafacção, bem como as pessoas que podem interpor ouintervir em tal acção.

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Artigos 35º e 36º - Acção relativa à utilização da invenção antes da concessão dapatente - Acção relativa ao direito baseado na utilização anterior da invenção

Estes dois artigos determinam as condições de uma acção relativa à utiliz ação dainvenção no decurso do período visado no artigo 11º do presente regulamento e deuma acção relativa ao direito baseado numa utilização anterior, referida no artigo 12ºdo presente regulamento, bem como as pessoas que podem interpor tais acções.

Artigo 37º - Pedido de limitação

Esta disposição prevê o procedimento e as condições aplicáveis aos pedidos delimitação da patente.

Com efeito, o titular da patente pode ter interesse em pedir, por iniciativa própria,uma limitação da sua patente. Pode encontrar-se numa posição de fraqueza emrelação ao presumível contrafactor e pretender, em consequência, limitar o risco deuma acção de nulidade com eventuais consequências económicas nefastas ao níveldas indemnizações por perdas e danos.

Artigo 38º - Pedido de verificação de caducidade

Este artigo estabelece que um pedido de verificação da caducidade da patentefundamentado nos motivos referidos no artigo 27º pode ser apresentado por qualquerpessoa.

Artigo 39º - Recurso

Este artigo contém os princípios de base relativos aos recursos das decisõesproferidas pelo tribunal comunitário de propriedade intelectual em primeirainstância. Para normas mais detalhadas, remete para o estatuto do tribunal.

Artigo 40º - Capacidade de agir da Comissão

Este artigo dá à Comissão a capacidade, no interesse da Comunidade, de interporjunto do tribunal comunitário uma acção de nulidade e de intervir em qualquerprocesso em curso neste tribunal. É uma competência que visa, entre outros aspectos,compensar o facto de o presente regulamento não instituir qualquer recurso directodas decisões do Instituto.

Artigo 41º - Extensão da competência

Esta disposição especifica que a competência do tribunal centralizado em matéria decontrafacção e de utilização da patente abrange todo o território da Comunidade.

Artigo 42º - Medidas provisórias ou cautelares

Este artigo estabelece que o tribunal comunitário de propriedade intelectual podeadoptar qualquer medida provisória ou cautelar necessária. Normas maispormenorizadas serão incluídas no respectivo estatuto.

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Com efeito, a jurisdição centralizada é a mais bem colocada para decidir sobre taismedidas, que necessitam sempre de um certo grau de apreciação do bem-fundado dopedido. É importante que esta jurisdição disponha de procedimentos simples erápidos, com vista a uma execução eficaz em todos os Estados-membros. Emcontrapartida, convém não atribuir às jurisdições dos Estados-membros umacompetência concorrente para a ordenação de medidas provisórias em processos paraos quais o tribunal centralizado teria competência de fundo. Importa prevenir, namedida do possível, uma incoerência entre as medidas provisórias e cautelaresordenadas pelos tribunais nacionais e pela jurisdição centralizada.

Artigo 43º - Sanções

Esta disposição prevê que o tribunal, perante uma acção judicial em matéria decontrafacção, possa, quando constate que a contrafacção teve lugar, ordenar um certonúmero de sanções. Assim, pode ordenar a cessação da contrafacção e diferentesarrestos, bem como qualquer outra sanção adaptada às circunstâncias, para garantir orespeito pela decisão de cessação.

Artigo 44º - Acções ou pedidos de indemnização por perdas e danos

Esta disposição prevê que o tribunal centralizado pode não apenas constatar, porexemplo, o facto de contrafacção ou a nulidade da patente e ordenar as sanções, mastambém determinar a reparação do prejuízo sofrido. Se tal não fosse o caso, as partesdeveriam instaurar uma nova acção judicial perante as jurisdições nacionais, o queseria contrário ao objectivo de proporcionar uma solução eficaz para o seu litígio. Adisposição contém normas substanciais para a determinação das indemnizações porperdas e danos. O n.º 2 indica, de modo não exaustivo, os elementos que o tribunalcomunitário de propriedade intelectual deve ter em conta para determinação destasindemnizações.

Com efeito, não é concebível que as normas sobre os danos causados a um títulounitário como a patente comunitária sejam determinados, caso a caso, com base emcritérios tais como o local da contrafacção ou domicílio das partes. Uma infracção àpatente comunitária, seja onde for que se manifeste na Comunidade, é uma violaçãoda unicidade da patente. Além disso, nas situações em que a contrafacção é cometidaem vários Estados-membros, não seria concebível que a jurisdição comunitáriaaplicasse, por exemplo, tantas leis nacionais quantos os Estados-membros em que acontrafacção teve lugar. Esta disposição garante às partes interessadas umatransparência sobre o desfecho do seu litígio, que a futura jurisprudência do tribunalcentralizado irá ainda reforçar.

É essencial que esta disposição seja redigida em termos gerais. Na realidade, talpermite à jurisdição comunitária encontrar uma solução adequada em cada caso emanálise. Todavia, é conveniente especificar, para evitar qualquer mal-entendido, queas indemnizações por perdas e danos não podem ser de natureza repressiva.

Como já foi indicado no artigo 30º, a jurisdição centralizada continua a sercompetente para os pedidos de indemnização por perdas e danos subsequentes àacção principal. Tal visa impedir situações de conflito ou de incoerência dajurisprudência, que poderiam surgir se as jurisdições nacionais tivessem estacompetência.

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Os n.ºs 3 e 4 contêm regras específicas relativas à concessão de indemnizações porperdas e danos em caso de contrafacção.

O n.º 3 concede, a favor do contrafactor visado neste número, uma presunçãosegundo a qual este não sabia, nem poderia saber, que cometia a infracção à patente,caso a patente não tenha sido concedida na língua oficial do Estado-membro em quese encontra domiciliado ou traduzida e posta à disposição do público nesta língua.Numa situação deste tipo, as indemnizações por perdas e danos de contrafacção sósão devidas pelo período que começa a decorrer a partir do momento em que umatradução da patente lhe foi notificada nessa língua.

O n.º 4 estabelece que o presumível contrafactor, no caso de estar domiciliado numEstado-membro com várias línguas oficiais, tenha o direito de que a notificação sejafeita na língua que conhecer de entre essas línguas. O princípio corresponde aodescrito no artigo 12º.

Artigo 45º - Prescrição

Este artigo prevê um prazo de prescrição para um determinado número de acçõesreferidas nesta secção.

SECÇÃO 2 - COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTO NO QUE SE REFERE AOUTRAS ACÇÕES RELATIVAS À PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 46º - Competência dos tribunais nacionais

A competência exclusiva que detém o tribunal comunitário de propriedadeintelectual não abrange todos os aspectos possíveis relativos à patente comunitária.Assim, os litígios sobre questões como a de saber a quem pertence o direito àinvenção patenteada, por exemplo nas relações entre empregador e empregado, asconsequências contratuais do incumprimento das cláusulas de uma licença contratualou os litígios relativos à transmissão de uma patente inscrevem-se no âmbito dascompetências das jurisdições nacionais.

Artigo 47º - Aplicação da Convenção de Bruxelas

Como regra geral, prevê-se que a Convenção de Bruxelas se aplique aos litígios denatureza civil e comercial, mesmo que se trate de um título comunitário como apatente comunitária. As excepções ou complementos necessários estão expostos noregulamento.

Tem-se em conta na Proposta o facto de a transformação da Convenção de Bruxelasem lei24 estar em curso na maioria dos Estados-membros. Entende-se que, uma vezque o regulamento entre em vigor, as suas regras se aplicarão às relações entre essesEstados-membros. Quanto aos Estados-membros em que o futuro regulamento não seaplica, as normas da Convenção de Bruxelas continuam a aplicar-se, a não ser queuma nova convenção seja concluída entre a Comunidade e esse ou esses Estados. Porrazões de clareza, só se faz referência à Convenção de Bruxelas em vigor.

24 Proposta da Comissão de 14 de Julho de 1999 - COM(1999) 348 final.

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Artigo 48º - Acções relativas ao direito à patente que oponham entidadeempregadora e empregado

O artigo contém uma norma derrogatória da Convenção de Bruxelas no tocante aoslitígios entre empregador e empregado: nos termos do n.º 1, só são competentes ostribunais do Estado-membro cuja legislação tenha servido de base à definição dodireito à patente comunitária, ao abrigo das disposições do regulamento. Encontra-seuma disposição correspondente na Convenção do Luxemburgo (n.º 2 do artigo 67º).O n.º 2 é um reflexo da disposição equivalente constante da Convenção de Bruxelas.Não obstante, é necessário incluí-lo no regulamento, por um lado, porque o n.º 1 é aexpressão de uma derrogação e, por outro, por razões de transparência, tendo emconta a importância desta disposição.

Artigo 49º - Acções relativas a execução forçada sobre a patente comunitária

Este artigo, que retoma o artigo 40º da Convenção do Luxemburgo, determina acompetência em matéria de execução forçada. Foi adoptada uma disposiçãocorrespondente para a marca comunitária (n.º 2 do artigo 20º). Tal como a marcacomunitária, a patente comunitária constitui um objecto de propriedade distinto daempresa do titular. Os seus efeitos são determinados segundo a lei do Estado referidono artigo 14º. É, pois, natural que a competência em matéria de execução forçadaseja determinada de acordo com a lei do mesmo Estado.

Artigo 50º - Disposições complementares relativas a competência

O n.º 1, que inclui regras sobre a competência territorial das jurisdições nacionais,retoma o teor do n.º 1 do artigo 68º da Convenção do Luxemburgo. São competentesos mesmos tribunais que têm competência em matéria de patentes nacionaisconcedidas no Estado em causa. Este artigo visa garantir que, em cadaEstado-membro, exista um foro apropriado também em relação aos litígios queincidam sobre um título unitário.

O n.º 2, que retoma o teor do n.º 3 do artigo 68º da Convenção do Luxemburgo,prevê uma competência internacional dos tribunais do Estado-membro no qual aOrganização Europeia de Patentes tem a sua sede para as situações em que nenhumtribunal de outro Estado-membro seja competente, por força dos artigos 47º e 48º, edo n.º 1 do artigo em causa.

Artigo 51º - Obrigações do tribunal nacional

Esta disposição é considerada necessária para salvaguardar as competênciasexclusivas que detém a jurisdição centralizada em matéria de validade da patentecomunitária.

O n.º 1 determina que um tribunal nacional, perante uma acção que pertença àcompetência exclusiva da jurisdição comunitária, declare oficiosamente a suaincompetência.

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O n.º 2 retoma o artigo 72º da Convenção do Luxemburgo, prevendo que asjurisdições nacionais devem considerar a patente comunitária como válida. Umadisposição similar foi adoptada para a marca comunitária (artigo 103º doregulamento sobre a marca comunitária). Como é óbvio, a regra não se aplica se ajurisdição competente tiver invalidado a patente.

O n.º 3 visa garantir que o tribunal nacional, perante uma acção judicial diferente dasabrangidas pelo artigo 30º, mas na qual seja, contudo, importante conhecer oresultado de uma acção interposta numa jurisdição comunitária, suspenda a instância.Na prática, tais situações não deverão ser correntes, dado que são as jurisdiçõescomunitárias que ordenam igualmente as indemnizações por perdas e danos emrelação à contrafacção e à nulidade da patente comunitária. São, todavia, possíveisacções que incidam sobre a concorrência desleal. Uma disposição similar estácontida no artigo 34º do protocolo sobre litígios da Convenção do Luxemburgo.

O tribunal nacional preserva, assim, uma certa discrição quanto à suspensão dainstância, se estiver em curso um processo perante a jurisdição centralizada. Comefeito, o tribunal nacional pode, apesar de um processo em curso perante a jurisdiçãocentralizada, deliberar sobre o processo instaurado sob a sua jurisdição, desde quenão lhe seja indispensável a decisão sobre o processo em curso perante a jurisdiçãocentralizada. Ora, em tal situação, o tribunal nacional deve, através da sua decisão,considerar a patente válida.

Artigo 52º - Direito processual aplicável

Esta disposição prevê que a patente comunitária seja tratada, do ponto de vista dasregras processuais, da mesma maneira que as patentes nacionais.

SECÇÃO 3 - DA ARBITRAGEM

Artigo 53º - Arbitragem

Esta disposição tem como objectivo demonstrar que o regulamento não exclui orecurso à arbitragem para os litígios relativos a uma patente comunitária. A únicarestrição é que uma patente comunitária não pode ser declarada nula ou invalidadanum processo de arbitragem. Esta possibilidade depende da competência exclusivado tribunal comunitário de propriedade intelectual.

As partes poderão, assim, resolver por arbitragem, por exemplo, a questão das perdase danos.

No estado actual, não parece necessário propor normas comuns para a arbitragem.Por esta razão, o artigo contém uma remissão para as regras nacionais dosEstados-membros. A remissão diz respeito tanto às regras materiais como às regrasde direito internacional privado em vigor nos Estados-membros. O reconhecimento ea execução das sentenças arbitrais nos Estados-membros regem-se, nomeadamente,pela Convenção de Nova Iorque, de 1958, sobre o Reconhecimento e a Execução deSentenças Arbitrais Estrangeiras.

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CAPÍTULO V - INCIDÊNCIAS SOBRE O DIREITO NACIONAL

Artigo 54º - Proibição de protecções cumuladas

Esta disposição, que segue o artigo 75º da Convenção do Luxemburgo, visa garantira proibição de protecções cumuladas. Com efeito, não é concebível uma duplaprotecção para o mesmo território. O artigo prevê que, nesta situação, a patentenacional cesse de produzir os seus efeitos e precisa o momento em que tal aconteça.

Os n.ºs 3 e 4 retomam o teor dos n.ºs 3 e 4 do artigo 75º daConvenção do Luxemburgo.

Artigo 55º - Modelos de utilidade e certificados de utilidade nacionais

Este artigo retoma o teor do artigo 79º da Convenção do Luxemburgo. Permiteequiparar um modelo de utilidade, um certificado de utilidade nacional ou um pedidocorrespondente, a uma patente, para a aplicação do artigo 54º.

Dado que os trabalhos sobre a proposta alterada de directiva relativa aos modelos deutilidade não estão ainda actualmente concluídos25, não se considera apropriado, pelomenos nesta fase, adaptar o texto para fazer referência ao modelo de utilidade naacepção da directiva do Parlamento Europeu e do Conselho. Assim, este artigoapenas se refere aos modelos de utilidade ou aos certificados de utilidade e aospedidos correspondentes, nos Estados-membros em que existam e com um teor quepode variar de Estado-membro para Estado-membro.

CAPÍTULO VI - DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 56º - Registo de Patentes Comunitárias

Este artigo contém regras relativas ao Registo de Patentes Comunitárias.Especifica-se que o registo é mantido pelo Instituto e está aberto à inspecção pública.

Artigo 57º - Boletim de Patentes Comunitárias

Este artigo integra regras relativas ao Boletim de Patentes Comunitárias.Especifica-se que a sua publicação é assegurada pelo Instituto.

Artigo 58º - Traduções facultativas

Este artigo apenas se reporta à faculdade de o titular produzir traduções ulteriores deuma patente já concedida.

Nos termos deste artigo, o titular da patente tem a possibilidade de produzir e dedepositar junto do Instituto uma tradução da sua patente em várias ou em todas aslínguas oficiais da Comunidade. É de sublinhar que a patente concedida emconformidade com o sistema da patente europeia é válida sem qualquer outratradução que não a referida na Convenção de Munique. Isto significa que o fascículo

25 Proposta alterada de 25 de Junho de 1999 - COM(1999) 309 final.

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da patente comunitária será publicado na língua processual perante o Instituto(inglês, alemão ou francês), para além de uma tradução das reivindicações nas outraslínguas oficiais do Instituto.

As traduções facultativas visam assegurar uma difusão ainda mais eficaz dainformação relativa à patente concedida. Por meio destas traduções, o titular podeigualmente impedir que a ausência de tradução na língua de um presumívelcontrafactor possa ser utilizada como motivo para dispensar este último de pagarindemnizações por perdas e danos em reparação do prejuízo causado pela infracção àpatente.

Artigo 59º - Regulamento de execução

Está previsto que o regulamento seja completado por um regulamento de execuçãoque estabelecerá as modalidades de aplicação do regulamento e será adoptado porum procedimento de comitologia.

Constam do regulamento de execução, nomeadamente, as modalidades e osprocedimentos a seguir para aplicação das normas relativas aos artigos 6º (efeitos damudança de titular), 20º (licenças de direito), 21º (licenças obrigatórias) e 26º(renúncia).

Em contrapartida, considera-se que as modalidades de aplicação relativas, porexemplo, aos artigos 56º e 57º (manutenção e inspecção pública do Registo dePatentes Comunitárias e manutenção do Boletim de Patentes Comunitárias) podemser determinadas no âmbito das negociações com vista à adesão da Comunidade àConvenção de Munique.

Artigo 60º - Regulamento de execução relativo às taxas

Para garantir que a patente comunitária será verdadeiramente abordável, está previstoque a plena competência no que se refere às taxas anuais de renovação, incluindo astaxas suplementares, para uma patente concedida é a competência comunitária.

O n.º 1 prevê que o montante das taxas e o respectivo modo de cobrança sejamdeterminados num regulamento de execução.

O n.º 2 remete para o procedimento de comitologia para a adopção do regulamentode execução.

Artigo 61º - Instituição de um comité e procedimento de adopção dosregulamentos de execução

Esta disposição prevê a criação de um comité denominado «Comité para as questõesrelativas às taxas e às regras de execução do regulamento relativo à patentecomunitária» para adopção dos regulamentos de execução referidos nos artigos 59º e60º. A disposição corresponde à Decisão de 28 de Junho de 1999, que fixa asmodalidades de exercício das competências de execução atribuídas à Comissão26,particularmente ao seu artigo 5º.

26 JO L 184 de 17.7.1999.

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Artigo 62º - Relatório sobre a aplicação do presente regulamento

Este artigo prevê que, no final de um período de cinco anos após a entrada em vigordo regulamento, a Comissão publique um relatório sobre a sua aplicação. Esterelatório deverá incidir, em especial, sobre o custo da patente comunitária e o sistemade litígios em matéria de contrafacção e de validade.

Artigo 63º - Entrada em vigor

O n.º 1 estabelece a data de entrada em vigor do regulamento.

O n.º 2 determina o mecanismo a seguir para determinar o momento a partir do qualum pedido de patente para o território da Comunidade pode ser depositado.

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2000/0177 (CNS)

Proposta de

REGULAMENTO DO CONSELHO

relativo à patente comunitária

(Texto relevante para efeitos do EEE)

O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA,

Tendo em conta o Tratado que institui a Comunidade Europeia e, nomeadamente, o seuartigo 308º,

Tendo em conta a proposta da Comissão1,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu2,

Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social3,

Considerando o seguinte:

(1) A acção da Comunidade relaciona-se com um mercado interno caracterizado pelaeliminação dos entraves à liberdade de circulação das mercadorias, bem como acriação de um regime que assegure a concorrência não falseada nesse mercado. Ainstauração do sistema jurídico que permita às empresas adaptar às dimensões daComunidade as suas actividades de produção e de distribuição de produtos contribuipara tais objectivos. De entre os instrumentos jurídicos de que as empresas deveriamdispor para esses fins, uma patente que beneficie de uma protecção uniforme eproduza os mesmos efeitos em todo o território da Comunidade é particularmenteadequada.

(2) A Convenção de Munique sobre a Concessão de Patentes Europeias, de 5 de Outubrode 1973 (em seguida, denominada «Convenção de Munique»), criou oInstituto Europeu de Patentes (em seguida, denominado «o Instituto»), responsávelpela concessão de patentes europeias. É, pois, conveniente recorrer ao conhecimentoespecializado proporcionado pelo dito Instituto no que diz respeito à concessão eadministração da patente comunitária.

(3) A adesão da Comunidade à Convenção de Munique permitirá a integração daComunidade no sistema da Convenção enquanto território relativamente ao qual podeser concedida uma patente unitária. Por conseguinte, a Comunidade pode limitar-se,no presente regulamento, a criar o direito aplicável à patente comunitária, uma vezconcedida.

1 JO C de... de ..., p.2 JO C de... de ..., p.3 JO C de... de..., p.

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(4) O direito comunitário de patentes aplicável à patente comunitária não devesubstituir-se aos direitos de patentes nos Estados-membros, nem ao direito europeu depatentes criado pela Convenção de Munique. Com efeito, não parece justificadoobrigar as empresas a depositar as suas patentes como patentes comunitárias,mantendo-se as patentes nacionais e as patentes europeias com relação às empresasque não pretendam uma protecção das suas invenções à escala da Comunidade.Por conseguinte, o presente regulamento não prejudica o direito de osEstados-membros concederem patentes nacionais.

(5) O objectivo de uma patente comunitária acessível pugna por uma patente que sejaválida em toda a Comunidade na língua em que tiver sido concedida, por força daConvenção de Munique.

(6) É necessário prevenir os eventuais efeitos negativos do monopólio criado por umapatente comunitária por meio de um sistema de licenças obrigatórias. É, pois,conveniente atribuir à Comissão a competência decisória na matéria. As decisões daComissão são susceptíveis de recurso, por força do artigo 230º do Tratado perante oTribunal de Primeira Instância das Comunidades Europeias e perante o Tribunal deJustiça das Comunidades Europeias.

(7) Considerações de segurança jurídica requerem que todas as acções respeitantes acertos aspectos da patente comunitária sejam submetidas a uma mesma jurisdição eque as decisões dessa jurisdição possam ser executadas em toda a Comunidade.Por conseguinte, é conveniente atribuir competência exclusiva ao tribunal comunitáriode propriedade intelectual relativamente a uma determinada categoria de acções epedidos relacionados com a patente comunitária e, nomeadamente, relativamente aacções sobre contrafacção ou validade da patente. É conveniente, além disso,assegurar que as decisões em primeira instância desse tribunal sejam susceptíveis derecurso perante uma câmara de recurso do dito tribunal.

(8) É necessário que o órgão jurisdicional que delibere em matéria de contrafacção e devalidade possa igualmente decidir relativamente a sanções e reparação do prejuízosofrido com base em regras comuns. Tal competência em nada prejudica acompetência que possa estar prevista na legislação dos Estados-membros quanto àaplicação das regras relativas à responsabilidade penal e à concorrência desleal.

(9) As regras relativas aos procedimentos inerentes ao tribunal comunitário depropriedade intelectual serão determinadas pelo estatuto deste órgão jurisdicional, bemcomo pelo respectivo regulamento processual.

(10) Em conformidade com os princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, nostermos do artigo 5° do Tratado, o fim pretendido e, em especial, a criação de um títulounitário que produza efeitos em toda a Comunidade, só pode ser realizado a nívelcomunitário. O presente regulamento limita-se ao mínimo exigido pelo referido fim,não ultrapassando o que para tal é necessário.

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(11) Sendo as medidas necessárias para a aplicação do presente regulamento medidas decarácter geral, nos termos do artigo 2º da Decisão 1999/468/CEE do Conselho, de28 de Junho de 1999, que fixa as modalidades de exercício das competências deexecução conferidas à Comissão4, é conveniente assegurar que tais medidas sejamadoptadas de acordo com o procedimento de regulamentação previsto pelo artigo 5º dadita Decisão,

ADOPTOU O PRESENTE REGULAMENTO:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1º

Direito comunitário em matéria de patentes

É criado pelo presente regulamento um direito comunitário em matéria de patentes deinvenção. Este direito aplica-se a qualquer patente concedida pelo Instituto Europeu dePatentes (em seguida, denominado «Instituto»), por força das disposições da Convenção sobrea Concessão de Patentes Europeias, de 5 de Outubro de 1973 (em seguida, denominada«Convenção de Munique»), em todo o território da Comunidade.

A patente é considerada, para efeitos do presente regulamento, patente comunitária.

Artigo 2º

Patente comunitária

1. A patente comunitária tem carácter unitário. Produz os mesmos efeitos em toda aComunidade e só pode ser concedida, transferida, anulada ou objecto de extensão,relativamente ao conjunto da Comunidade.

2. A patente comunitária tem carácter autónomo. Rege-se apenas pelo disposto nopresente regulamento e pelos princípios gerais do direito comunitário. Todavia, asdisposições do presente regulamento não excluem a aplicação do direito dosEstados-membros relativo à responsabilidade penal e à concorrência desleal.

3. Salvo disposição em contrário, os termos utilizados no presente regulamento têm omesmo significado que os termos correspondentes utilizados na Convenção deMunique.

4. Para efeitos do presente regulamento, o termo «pedido de patente comunitária»significa um pedido de patente europeia designando o território da Comunidade.

4 JO L 184 de 17.7.1999, p. 23.

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Artigo 3º

Aplicação às zonas marítimas e submarinas, bem como ao espaço

1. O presente regulamento aplica-se às zonas marítimas e submarinas adjacentes aoterritório de um Estado-membro sobre as quais esse Estado exerça direitos soberanosou tenha jurisdição, em conformidade com o direito internacional.

2. O presente regulamento aplica-se às invenções realizadas ou utilizadas no espaçoextra-atmosférico, incluindo sobre os corpos celestes e em ou sobre objectosespaciais, colocados sob a jurisdição ou o controlo de um ou mais Estados-membros,em conformidade com o direito internacional.

CAPÍTULO II

DIREITO DE PATENTESSECÇÃO 1

DIREITO À PATENTE

Artigo 4º

Direito à patente comunitária

1. O direito à patente comunitária pertence ao inventor ou ao seu sucessor legal.

2. Se o inventor for um empregado, o direito à patente comunitária é configurado pelalei do Estado em cujo território o empregado exerce a sua actividade principal. Se oEstado em cujo território é exercida a actividade principal não puder serdeterminado, a lei aplicável é a do Estado em cujo território se encontra oestabelecimento do empregador a que está ligado o empregado.

3. Se a invenção tiver sido realizada por várias pessoas independentemente umas dasoutras, o direito à patente comunitária pertence àquela que tiver apresentado o pedidode patente com a data de apresentação ou, se for o caso, com a data de prioridademais antiga. Esta disposição só é aplicável se o primeiro pedido de patentecomunitária tiver sido publicado.

Artigo 5º

Reivindicação do direito à patente comunitária

1. Se a patente comunitária tiver sido concedida a pessoa não habilitada por força dosn.ºs 1 e 2 do artigo 4º, a pessoa habilitada nos termos desse artigo pode, sem prejuízode todos os outros direitos ou acções, reivindicar a transferência da patente naqualidade de titular.

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2. Sempre que uma pessoa tenha apenas direito a uma parte da patente comunitária,pode reivindicar, nos termos do disposto no n.º 1, a transferência da patente naqualidade de co-titular.

3. Os direitos referidos nos n.ºs 1 e 2 só podem ser exercidos judicialmente dentro deum prazo de dois anos a contar da data em que a menção relativa à concessão dapatente comunitária tiver sido publicada no Boletim de Patentes Comunitárias,referido no artigo 57º. Esta disposição não se aplica se, no momento da concessão ouda aquisição da patente, o titular da patente já sabia que não tinha direito a ela.

4. A interposição de uma acção judicial é objecto de inscrição no Registo de PatentesComunitárias, referido no artigo 56º. São igualmente inscritas a sentença, transitadaem julgado e a desistência.

Artigo 6º

Efeitos da mudança de titular da patente comunitária

1. Sempre que ocorrer a mudança integral de propriedade de uma patente comunitáriaem consequência da acção judicial referida no artigo 5º, as licenças e outros direitoscaducam pela inscrição da pessoa habilitada no Registo de Patentes Comunitárias,previsto no artigo 56°.

2. Se, antes da inscrição da interposição da acção judicial:

a) o titular da patente tiver explorado a invenção no território da Comunidade, ourealizado preparativos efectivos e sérios para esse fim,

b) uma pessoa tiver obtido uma licença e explorado a invenção no território daComunidade, ou realizado preparativos efectivos e sérios para esse fim,

pode prosseguir essa exploração, na condição de pedir uma licença não exclusiva aonovo titular inscrito no Registo de Patentes Comunitárias. Dispõe, para esse efeito,do prazo prescrito pelo regulamento de execução. A licença deve ser concedida porum período e em condições razoáveis.

3. O n.° 2 não é aplicável se o titular da patente ou da licença estiver de má fé nomomento do início da exploração ou dos preparativos efectuados para esse fim.

SECÇÃO 2

EFEITOS DA PATENTE COMUNITÁRIA E DO PEDIDODE PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 7º

Proibição da exploração directa da invenção

A patente comunitária confere o poder de proibir a terceiros, na falta do consentimento dotitular da patente:

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a) o fabrico, a oferta, a colocação no mercado, a utilização ou ainda a importação ou adetenção para os fins referidos, do produto objecto da patente;

b) a utilização de um processo objecto de patente ou, se o terceiro souber ou ascircunstâncias tornarem evidente que a utilização do processo é proibida sem oconsentimento do titular da patente, a oferta da sua utilização no território dosEstados-membros;

c) a oferta, a colocação no mercado, a utilização ou mesmo a importação ou a detençãopara os fins referidos, do produto obtido directamente pelo processo objecto dapatente.

Artigo 8º

Proibição da exploração indirecta da invenção

1. A patente comunitária confere, para além do poder previsto no artigo 7º, o poder deproibir a terceiros, na falta do consentimento do titular da patente, a entrega ou aoferta de entrega, no território dos Estados-membros, a qualquer pessoa que não aque está habilitada a explorar a invenção patenteada, dos meios para produzir, nesseterritório, a referida invenção no que se refere a um seu elemento essencial, se oterceiro souber ou as circunstâncias tornarem evidente que tais meios são adequadose destinados a essa produção.

2. O disposto no n.° 1 não é aplicável se os meios de produção forem produtos que seencontram correntemente no comércio, salvo se o terceiro incitar a pessoa a quem faza entrega a cometer actos proibidos nos termos do artigo 7°.

3. Não são consideradas pessoas habilitadas a explorar a invenção para efeitos do n.° 1as que realizem os actos referidos nas alíneas a) b) e c) do artigo 9º.

Artigo 9º

Limitação dos efeitos da patente comunitária

Os direitos conferidos pela patente comunitária não são extensivos:

a) aos actos realizados em âmbito privado e com fins não comerciais;

b) aos actos realizados a título experimental que incidam sobre o objecto da invençãopatenteada;

c) à preparação de medicamentos feita extemporaneamente e em casos individuais noslaboratórios de farmácia, com receita médica, nem aos actos relativos aosmedicamentos assim preparados;

d) à utilização, a bordo dos navios de países que não sejam os Estados-membros, doobjecto da invenção patenteada, no corpo do navio, nas máquinas, nos aparelhos demastreação, apresto e outros acessórios, se esses navios penetrarem temporária ouacidentalmente nas águas dos Estados-membros, sob reserva de que o referidoobjecto aí seja utilizado exclusivamente para as necessidades do navio;

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e) à utilização do objecto da invenção patenteada na construção ou no funcionamentode motores de locomoção aérea ou terrestre ou de outros meios de transporte depaíses que não sejam os Estados-membros, ou de acessórios desses motores, se estespenetrarem temporária ou acidentalmente no território dos Estados-membros;

f) aos actos previstos no artigo 27º da Convenção de 7 de Dezembro de 1944, relativa àaviação civil internacional, se tais actos disserem respeito a aeronaves de um Estadoque não seja um Estado-membro.

Artigo 10º

Esgotamento comunitário dos direitos conferidos pela patente comunitária

Os direitos conferidos pela patente comunitária não são extensivos aos actos que digamrespeito ao produto coberto por essa patente realizados no território dos Estados-membros,depois de esse produto ter sido comercializado na Comunidade pelo titular da patente ou como seu consentimento expresso, a menos que existam motivos legítimos que justifiquem que otitular se oponha à comercialização ulterior do produto.

Artigo 11º

Direitos conferidos pelo pedido de patente comunitária após a sua publicação

1. Pode ser exigida uma indemnização razoável, estabelecida em função dascircunstâncias, a qualquer terceiro que, entre a data de publicação de um pedido depatente comunitária e a data de publicação da menção da concessão dessa patente,tenha dado à invenção uma utilização que, após esse período, venha a ser proibidanos termos da patente comunitária.

2. A indemnização razoável só é devida se o requerente tiver enviado à pessoa queexplora a invenção ou tiver apresentado no Instituto uma tradução, que o Institutotenha tornado acessível ao público, da reivindicação na língua oficial doEstado-membro em cujo território a pessoa que explora a invenção tiver o seudomicílio ou a sua sede, ou, no caso de um Estado com várias línguas oficiais, nalíngua que essa pessoa tiver aceitado ou designado, sob reserva de que a exploraçãocontestada constitua uma contrafacção, relativamente ao pedido de patente, na suaversão original bem como na versão traduzida. Todavia, se a pessoa que explora ainvenção estiver em condições de compreender o texto do pedido de patentecomunitária na língua em que foi posto à disposição do público, a indemnizaçãorazoável é devida sem envio da tradução.

3. Na determinação da indemnização razoável, será tida em conta a boa-fé da pessoaque explorou a invenção.

4. A língua oficial mencionada no n.º 2 refere-se a uma língua oficial da Comunidade.

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Artigo 12º

Direito baseado numa utilização anterior da invenção

1. Uma patente comunitária não pode ser oposta a pessoa que, de boa fé, para os fins dasua empresa, antes da data de apresentação do pedido de patente comunitária ou, setiver sido reivindicada uma prioridade, antes da data de prioridade do pedido combase na qual a patente é concedida, utilizava a invenção na Comunidade ou faziapreparativos efectivos e sérios com vista à referida utilização (em seguidadenominada «utilizador anterior»). O utilizador anterior tem direito, para os fins dasua empresa, a prosseguir a utilização em questão ou a utilizar a invenção como tinhaplaneado nos preparativos.

2. O direito do utilizador anterior só pode ser cedido em vida ou transmitido por mortecom a empresa do utilizador anterior, ou com a parte dessa empresa na qual tenhamtido lugar a utilização ou os preparativos com vista a uma utiliz ação.

Artigo 13º

Patentes de processos. Ónus da prova

1. Se o objecto de uma patente comunitária for um processo que permita obter umproduto novo, qualquer produto idêntico fabricado sem o consentimento do titular dapatente é, até prova em contrário, considerado como tendo sido obtido por esseprocesso.

2. Na produção de prova em contrário, são tomados em consideração os interesseslegítimos do requerido para a protecção dos seus segredos de fabrico e de comércio.

SECÇÃO 3

DA PATENTE COMUNITÁRIA COMO OBJECTODE PROPRIEDADE

Artigo 14º

Equiparação da patente comunitária a uma patente nacional

1. Salvo disposição em contrário nos artigos 15º a 24º, a patente comunitária enquantoobjecto de propriedade é considerada na sua totalidade e para o conjunto do territórioda Comunidade como uma patente nacional do Estado-membro em cujo território, deacordo com o Registo de Patentes Comunitárias referido no artigo 56º:

a) o requerente da patente tinha o seu domicílio ou a sua sede à data deapresentação do pedido de patente comunitária;

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b) ou, na sua falta, o requerente tinha um estabelecimento nessa data;

c) ou, na sua falta, o primeiro mandatário do requerente inscrito no Registo dePatentes Comunitárias tinha o seu domicílio profissional à data desta inscrição.

Em todos os outros casos, o Estado-membro referido é aquele em cujo território aOrganização Europeia de Patentes tem a sua sede.

2. Se várias pessoas estiverem inscritas no Registo de Patentes Comunitárias comoco-requerentes, o primeiro parágrafo do n.º 1 é aplicável em função do primeiroinscrito. Se tal não for possível, aplica-se o primeiro parágrafo do n.º 1, segundo aordem da respectiva inscrição, em função dos co-requerentes seguintes. Sempre queo primeiro parágrafo do n° 1 não se aplique a nenhum dos co-requerentes, aplica-se osegundo parágrafo do n° 1.

3. A produção de efeitos no que respeita a um direito não pode depender da eventualinscrição no registo nacional de patentes.

Artigo 15º

Transmissão

1. A patente comunitária na posse de uma empresa pode ser transmitidaindependentemente da transmissão desta última.

2. A transmissão da totalidade da empresa implica a transmissão da patentecomunitária, salvo se, nos termos da lei aplicável à transmissão, existir convençãoem contrário ou se tal decorrer claramente das circunstâncias. Esta disposição éaplicável à obrigação contratual de transmitir a empresa.

3. A transmissão da patente comunitária deve ser feita por escrito e requer a assinaturadas partes no contrato, salvo se resultar de sentença. De outro modo, a transmissão énula.

4. Sob reserva do n.° 1 do artigo 6º, a transmissão não prejudica os direitos adquiridospor terceiros antes da data da transmissão.

5. A transmissão só é oponível a terceiros após a sua inscrição no Registo de PatentesComunitárias, referido no artigo 56º, e dentro dos limites que resultem dosdocumentos prescritos no regulamento de execução, referido no artigo 59º. Todavia,antes da sua inscrição, a transmissão é oponível a terceiros que tenham adquiridodireitos após a data da transmissão mas que tinham conhecimento da transmissão nomomento da aquisição desses direitos.

Artigo 16º

Direitos reais

1. A patente comunitária pode, independentemente da empresa, ser dada em penhor ouser objecto de outro direito real.

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2. A pedido de uma das partes, os direitos constantes do n.º 1 serão inscritos no Registode Patentes Comunitárias referido no artigo 56º e publicados no Boletim de PatentesComunitárias referido no artigo 57º.

Artigo 17º

Execução forçada

1. A patente comunitária pode ser objecto de medidas de execução forçada.

2. A pedido de uma das partes, a execução forçada será inscrita no Registo de PatentesComunitárias referido no artigo 56º e publicada no Boletim de Patentes Comunitáriasreferido no artigo 57º.

Artigo 18º

Processo de falência ou processos análogos

1. Uma patente comunitária só pode ser incluída em processo de falência ou emprocesso análogo no Estado-membro em cujo território esteja situado o centro dosinteresses principais do devedor.

2. Em caso de co-propriedade de uma patente comunitária, o n° 1 é aplicável à parte doco-proprietário.

3. Sempre que uma patente comunitária for incluída em processo de falência ou emprocesso análogo, esse facto será, a pedido da instância nacional competente, inscritono Registo de Patentes Comunitárias referido no artigo 56º e publicado noBoletim de Patentes Comunitárias referido no artigo 57º.

Artigo 19º

Licenças contratuais

1. A patente comunitária pode ser, na sua totalidade ou em parte, objecto de licençaspara o conjunto ou parte do território da Comunidade. As licenças podem serexclusivas ou não exclusivas.

2. Os direitos conferidos pela patente comunitária podem ser invocados contra umlicenciado que infrinja qualquer limite do contrato de licença.

3. Os n.ºs 4 e 5 do artigo 15º são aplicáveis à concessão ou transmissão de licençassobre patentes comunitárias.

Artigo 20º

Licenças de direito

1. O titular de uma patente comunitária pode apresentar uma declaração escrita noInstituto afirmando que está disposto a autorizar qualquer interessado a utilizar ainvenção, na qualidade de licenciado, contra o pagamento de uma retribuição

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adequada. Neste caso, são reduzidas as taxas anuais para a manutenção da patentecomunitária devidas após a recepção da declaração. O montante da redução é fixadono regulamento relativo às taxas, referido no artigo 60º. Se tiver havido umaalteração integral de propriedade em consequência da acção judicial referida noartigo 5º, a declaração é considerada como tendo sido revogada na data de inscriçãodo nome da pessoa habilitada no Registo de Patentes Comunitárias.

2. A declaração pode ser revogada em qualquer momento, por comunicação escritadirigida ao Instituto, desde que o titular da patente não tenha ainda sido informado daintenção de utilizar a invenção. A revogação da declaração produz efeitos a contar darecepção pelo Instituto da dita comunicação. O montante da redução das taxas anuaisdeve ser pago no prazo de um mês a contar da revogação. É aplicável o n.° 2 doartigo 25º, entendendo-se que o prazo de seis meses começa a correr no termo doprazo acima indicado.

3. A declaração não pode ser apresentada se estiver inscrita uma licença exclusiva noRegisto de Patentes Comunitárias ou se tiver sido apresentado um pedido deinscrição de uma licença dessa natureza junto do Instituto.

4. Com fundamento na declaração, qualquer pessoa fica habilitada a utilizar a invençãona qualidade de licenciado, nas condições previstas pelo regulamento de execução,referido no artigo 59º. Para efeitos do presente regulamento, uma licença obtida nostermos do presente artigo é equiparada a uma licença contratual.

5. Por requerimento escrito de uma das partes, a Comissão fixará o montante adequadoda retribuição referida no n.º 1 ou alterá-lo-á, se se produzirem ou se tornaremconhecidos factos que possam levar a considerá-lo como manifestamenteinadequado.

6. O requerimento de inscrição no Registo de Patentes Comunitárias de uma licençaexclusiva é inadmissível sempre que seja feita a declaração referida no n° 1, a menosque esta seja revogada ou considerada revogada.

7. Os Estados-membros não podem conceder licenças de direito sobre uma patentecomunitária.

Artigo 21º

Concessão de licenças obrigatórias

1. A Comissão pode conceder uma licença obrigatória, por falta ou insuficiência deexploração de uma patente comunitária, a qualquer pessoa que o solicite apósexpiração de um prazo de quatro anos a contar da apresentação do pedido da patentee de três anos a contar da data de concessão da patente, se o titular desta não a tiverexplorado na Comunidade em condições razoáveis ou não tiver feito preparativossérios e efectivos para esse fim, a menos que justifique a sua inacção com motivoslegítimos. Na determinação da falta ou da insuficiência de exploração da patente, nãoé feita qualquer distinção entre os produtos com origem na Comunidade e osprodutos importados.

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2. A Comissão pode conceder a um titular de uma patente nacional ou comunitária, ou aum titular de um direito de obtenção vegetal que não possa explorar a sua patente(segunda patente) ou o seu direito de obtenção vegetal nacional ou comunitário semlesar uma patente comunitária (primeira patente), a seu pedido, uma licençaobrigatória sobre a primeira patente, na condição de que a invenção ou a variedadevegetal reivindicadas na segunda patente ou direito de obtenção vegetal pressuponhaum progresso técnico importante, de interesse económico considerável, em relação àinvenção reivindicada na primeira patente. A Comissão pode adoptar qualquermedida que considere útil para verificar a existência de tal situação. Em caso delicença obrigatória a favor de uma patente ou de um direito de obtenção vegetaldependentes, o titular da primeira patente terá direito a uma licença recíproca emcondições razoáveis para utilizar a invenção patenteada ou a variedade vegetalprotegida.

3. A Comissão pode, em períodos de crise, em outras situações de extrema urgência, ounuma situação em que seja preciso corrigir uma prática julgada anticoncorrencial, nasequência de um processo judicial ou administrativo, autorizar a exploração de umapatente comunitária.

4. No caso da tecnologia dos semicondutores, a exploração só é possível nas situaçõesreferidas no n.º 3.

5. A licença ou exploração referidas nos n.ºs 1, 2 e 3 só pode ser concedida se ocandidato a utilizador tiver desenvolvido esforços para obter a autorização do titularda patente, em condições e modalidades comerciais razoáveis, e se os seus esforçosnão tiverem tido êxito num prazo razoável. Todavia, nas situações referidas no n.º 3,a Comissão pode derrogar a esta condição. Em tais situações, o titular do direito seráinformado logo que for razoavelmente possível.

6. As regras de aplicação e os procedimentos a seguir para aplicação dos princípioscontidos neste artigo são determinados pelo regulamento de execução.

Artigo 22º

Condições aplicáveis às licenças obrigatórias

1. Aquando da concessão da licença de exploração obrigatória, nos termos doartigo 21º, a Comissão especificará o tipo de utilizações abrangidas e as condições arespeitar, de acordo com as seguintes regras:

a) o âmbito e a duração da utilização são limitados aos fins para os quais esta foiautorizada;

b) a utilização será não exclusiva;

c) a utilização não pode ser objecto de cessão, excepto com a parte da empresa oufundo de comércio que beneficia da utilização;

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d) a utilização é autorizada principalmente para abastecimento do mercadointerno da Comunidade, a menos que seja necessário corrigir uma práticajulgada anticoncorrencial na sequência de um processo judicial ouadministrativo;

e) a Comissão pode, com base em pedido fundamentado, decidir que aautorização terminou, sob reserva de que os interesses legítimos das pessoasassim autorizadas sejam protegidos de modo adequado, se e quando ascircunstâncias que conduziram a essa situação deixem de existir e não sejamsusceptíveis de se reproduzir;

f) o titular da licença deve pagar ao titular do direito uma remuneração adequada,fixada tendo em conta o valor económico da autorização, bem como a eventualnecessidade de corrigir uma prática anticoncorrencial;

g) em caso de licença obrigatória a favor de uma patente dependente ou de umdireito de obtenção vegetal, a exploração autorizada em relação à primeirapatente não pode ser objecto de cessão, excepto se a segunda patente ou odireito de obtenção vegetal for igualmente cedido.

2. Os Estados-membros não podem conceder licenças obrigatórias de exploração deuma patente comunitária.

Artigo 23º

Oponibilidade a terceiros

1. Os actos jurídicos relativos à patente comunitária referidos nos artigos 16º a 22º sósão oponíveis a terceiros em todos os Estados-membros após a sua inscrição noRegisto de Patentes Comunitárias. Todavia, antes da sua inscrição, tais actos sãooponíveis a terceiros que tenham adquirido direitos sobre a patente após a data doacto em questão, mas que dele tinham conhecimento aquando da aquisição dessesdireitos.

2. O n.º 1 não é aplicável em relação a uma pessoa que adquira a patente comunitáriaou um direito sobre a patente comunitária por transmissão da empresa na suatotalidade ou por qualquer outra sucessão a título universal.

Artigo 24º

O pedido de patente comunitária enquanto objecto de propriedade

1. Os artigos 14º a 19º, bem como o artigo 21º, n.ºs 3 a 6, e o artigo 22º do presenteregulamento são aplicáveis ao pedido de patente comunitária.

2. Os direitos adquiridos por terceiros sobre um pedido de patente comunitária referidono n.º1 conservam os seus efeitos em relação à patente comunitária concedida nasequência desse pedido.

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CAPÍTULO III

MANUTENÇÃO EM VIGOR, CADUCIDADE E NULIDADEDA PATENTE COMUNITÁRIA

SECÇÃO 1

MANUTENÇÃO EM VIGOR E CADUCIDADE

Artigo 25º

Taxas anuais

1. Nos termos do regulamento de execução referido no artigo 60º, devem ser pagastaxas anuais ao Instituto para a manutenção em vigor das patentes comunitárias. Astaxas são devidas para os anos subsequentes ao ano em que a menção da concessãoda patente foi publicada no Boletim de Patentes Comunitárias referido no artigo 57º.

2. Quando o pagamento de uma taxa anual não tiver sido efectuado na data devencimento, a taxa pode ainda ser paga no prazo de seis meses a contar da data devencimento, sob reserva do pagamento simultâneo de uma taxa suplementar.

3. Se uma taxa anual relativa a uma patente comunitária se vencer nos dois meses acontar da data em que tiver sido publicada a menção da concessão da patentecomunitária, a dita taxa anual é considerada regularmente paga se for paga no prazomencionado no n.º 2. Não é devida nenhuma taxa suplementar neste caso.

Artigo 26º

Renúncia

1. A patente comunitária só pode ser objecto de renúncia na sua totalidade.

2. A renúncia deve ser declarada por escrito ao Instituto pelo titular da patente. Só temefeito depois de inscrita no Registo de Patentes Comunitárias.

3. A renúncia só é inscrita no Registo de Patentes Comunitárias com o acordo da pessoaque beneficia de um direito real inscrito no registo ou em nome da qual foi feita umainscrição nos termos do n.° 4, primeiro trecho, do artigo 5º. Se houver uma licençainscrita no registo, a renúncia só é inscrita se o titular da patente provar que informoupreviamente o licenciado da sua intenção de renunciar. A inscrição é efectuadaaquando da expiração do prazo prescrito pelo regulamento de execução referido noartigo 59º.

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Artigo 27º

Caducidade

1. A patente comunitária caduca:

a) no termo de um prazo de vinte anos a contar da data de apresentação do pedidode patente comunitária;

b) se o titular da patente a ela renunciar nos termos do artigo 26º;

c) se a taxa anual e, se for o caso, a taxa suplementar não tiverem sido pagas emtempo útil.

2. A caducidade da patente comunitária por falta de pagamento em tempo útil da taxaanual e, eventualmente, da taxa suplementar é considerada como ocorrida na data dovencimento da taxa anual.

SECÇÃO 2

NULIDADE DA PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 28º

Causas de nulidade

1. A patente comunitária só pode ser declarada nula com base nos seguintes motivos:

a) o objecto da patente não é patenteável nos termos dos artigos 52º a 57º daConvenção de Munique;

b) a patente não expõe a invenção de modo suficientemente claro e completo paraque um entendido na matéria a possa realizar;

c) o objecto da patente é mais extenso do que o conteúdo do pedido de patente talcomo foi apresentado ou, se a patente tiver sido concedida com base numpedido divisionário ou em novo pedido apresentado nos termos do disposto noartigo 61º da Convenção de Munique, o objecto da patente é mais extenso doque o conteúdo do pedido inicial, tal como foi apresentado;

d) a protecção conferida pela patente foi alargada;

e) o titular da patente não tinha o direito de a obter nos termos do disposto nosn.°s 1 e 2 do artigo 4º do presente regulamento;

f) o objecto da patente não é novo em relação ao conteúdo de um pedido depatente nacional ou de uma patente nacional que esteja à disposição do públiconum Estado-membro à data da apresentação do pedido de patente comunitáriaou em data posterior ou, se tiver sido reivindicada uma prioridade, na data deprioridade da patente comunitária, mas com a data de apresentação do pedidoou a data de prioridade anterior a essa data.

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2. Se os motivos de nulidade só afectarem parcialmente a patente, a nulidade édeclarada sob a forma de uma limitação correspondente da patente. A limitação podeser efectuada sob a forma de uma alteração das reivindicações, da memória descritivaou dos desenhos.

Artigo 29º

Efeitos da nulidade

1. Considera-se que a patente comunitária não produziu, desde o início, os efeitosprevistos no presente regulamento, na medida em que tenha sido declarada total ouparcialmente nula.

2. O efeito retroactivo da nulidade da patente comunitária não afecta:

a) as decisões em acções de contrafacção que tenham transitado em julgado etenham sido executadas antes da declaração de nulidade;

b) os contratos celebrados antes da declaração de nulidade, na medida em quetenham sido executados antes dessa decisão. Todavia, pode ser reclamada, porrazões de equidade, a restituição das somas pagas por força do contrato, namedida em que as circunstâncias o justifiquem.

CAPÍTULO IV

COMPETÊNCIA E PROCESSO NO QUE SE REFEREA ACÇÕES JUDICIAIS RELATIVAS

À PATENTE COMUNITÁRIA

SECÇÃO 1

ACÇÕES EM MATÉRIA DE VALIDADE, CONTRAFACÇÃOE UTILIZAÇÃO DA PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 30º

Acções e pedidos aplicáveis à patente comunitária - competência exclusiva dotribunal comunitário de propriedade intelectual

1. A patente comunitária pode ser objecto de uma acção de nulidade, de contrafacçãoou de verificação de não-contrafacção, de uma acção relativa à utilização da patenteou ao direito baseado em utilização anterior da patente, bem como de um pedido delimitação, de um pedido reconvencional de nulidade ou de um pedido de verificaçãode caducidade. Pode igualmente ser objecto de acções ou pedidos de indemnizaçãopor perdas e danos.

2. A patente comunitária não pode ser objecto de uma acção de ameaça decontrafacção.

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3. As acções e pedidos referidos no n.º 1 são da competência exclusiva do tribunalcomunitário de propriedade intelectual. São apresentados em primeira instânciaperante a câmara de primeira instância do dito tribunal.

4. Sem prejuízo das disposições do Tratado e do presente regulamento, os termos e asregras das acções e pedidos mencionados no n.º 1, bem como as regras aplicáveis àsdecisões proferidas são estabelecidas no estatuto ou regulamento processual dotribunal comunitário de propriedade intelectual.

Artigo 31º

Acção de nulidade

1. A acção de nulidade relativa a uma patente comunitária só pode fundar-se num dosmotivos de nulidade enumerados no n.° 1 do artigo 28º.

2. Qualquer pessoa pode propor uma acção de nulidade. Todavia, no caso previsto naalínea e) do n.° 1 do artigo 28º, a acção só pode ser proposta pela pessoa habilitada afigurar no Registo de Patentes Comunitárias na qualidade de titular da patente ouconjuntamente pelas pessoas habilitadas a nele figurarem na qualidade de co-titularesdessa patente, nos termos do artigo 5º.

3. A acção pode ser proposta mesmo que ainda possa ser deduzida oposição ou seestiver pendente, no Instituto, um processo de oposição.

4. A acção pode ser proposta mesmo que a patente comunitária tenha caducado.

Artigo 32º

Pedido reconvencional de nulidade

1. Um pedido reconvencional de nulidade de uma patente comunitária só podefundar-se num dos motivos de nulidade enumerados no n.° 1 do artigo 28º.

2. Se o pedido reconvencional for apresentado num litígio em que o titular da patentenão seja parte, este deve ser informado do facto e pode intervir no litígio.

Artigo 33º

Acção de contrafacção

1. Uma acção de contrafacção só pode fundar-se nos factos referidos nos artigos 7º, 8° e19º.

2. A acção de contrafacção é proposta pelo titular da patente. Salvo estipulação emcontrário no contrato, o beneficiário de uma licença contratual só pode propor umaacção de contrafacção com o consentimento do titular da patente. Todavia, obeneficiário de uma licença exclusiva, bem como o beneficiário de uma licença dedireito ou de uma licença obrigatória pode propor a acção se, após notificação, otitular não tomar a iniciativa de agir.

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3. O titular da patente pode intervir na instância em matéria de contrafacção em acçãoproposta pelo licenciado, nos termos do n.º 2.

4. Qualquer licenciado pode intervir na instância em matéria de contrafacção no âmbitode um processo instaurado pelo titular da patente, nos termos do n.º 2, a fim de obtera reparação do prejuízo que lhe for devida.

Artigo 34º

Acção de verificação de não-contrafacção

1. Qualquer pessoa pode propor uma acção contra o titular da patente ou o beneficiáriode uma licença exclusiva, a fim de dar por verificado que a actividade económica queexerce, para a qual levou a cabo preparativos efectivos ou que pretende iniciar nãoinfringe os direitos referidos nos artigos 7º, 8º e 19º.

2. A validade de uma patente comunitária não pode ser impugnada através de umaacção de verificação de não-contrafacção.

Artigo 35º

Acção relativa à utilização da invenção antes da concessão da patente

A acção relativa à utiliz ação da invenção durante o período referido no n.° 1 do artigo 11º éproposta pelo requerente ou titular da patente. Todavia, o titular de uma licença exclusivapode propor tal acção se, após notificação, o titular não tomar a iniciativa de agir.

Artigo 36º

Acção relativa ao direito baseado na utilização anterior da invenção

A acção relativa ao direito baseado na utilização anterior da patente, referida no n.º 1 doartigo 12º, é proposta pelo utilizador anterior ou pela pessoa à qual este cedeu o seu direito emconformidade com o disposto no n.º 2 do dito artigo, com vista a verificar o seu direito deutilizar a invenção em causa.

Artigo 37º

Pedido de limitação

1. A pedido do titular da patente, a patente comunitária pode ser objecto de umalimitação sob a forma de uma alteração das reivindicações, da memória descritiva oudos desenhos.

2. O pedido não pode ser apresentado enquanto puder ainda ser formulada oposição ouenquanto estiver pendente um processo de oposição ou de nulidade.

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3. O pedido só é admissível com o acordo da pessoa que beneficia de um direito realinscrito no Registo de Patentes Comunitárias ou em nome da qual foi feita umainscrição, nos termos do n.° 4, primeiro trecho, do artigo 5º. Se houver uma licençainscrita no registo, o pedido só é admissível se o titular da patente comprovar oacordo do licenciado ou após a expiração de um prazo de três meses, calculado acontar do momento em que o titular comprovar ter informado o licenciado da suaintenção de limitar a patente.

4. Se, no termo do processo, o tribunal comunitário de propriedade intelectual entenderque, tendo em consideração as alterações introduzidas pelo titular, os motivos denulidade previstos no artigo 28º não se opõem à manutenção da patente comunitária,decidirá limitar a patente comunitária em conformidade. Se o tribunal considerar queas alterações não são admissíveis, indeferirá o pedido.

Artigo 38º

Pedido de verificação de caducidade

Qualquer pessoa pode apresentar um pedido de verificação de caducidade da patentecomunitária pelos motivos referidos no artigo 27º.

Artigo 39º

Recurso

1. As decisões do tribunal comunitário de propriedade intelectual proferidas pelacâmara de primeira instância do tribunal em processos resultantes das acções e dospedidos referidos na presente secção são susceptíveis de recurso para a câmara derecurso do mesmo tribunal.

2. O recurso é interposto para a câmara de recurso no prazo de dois meses a contar danotificação da decisão, em conformidade com o estatuto do tribunal comunitário depropriedade intelectual.

3. A câmara de recurso é competente para decidir sobre questões de facto e de direito,bem como para anular e reformar a decisão impugnada.

4. O recurso pode ser interposto por qualquer parte no processo perante o tribunal depropriedade intelectual, desde que a decisão deste órgão jurisdicional não tenha dadoprovimento às suas pretensões.

5. O recurso tem efeito suspensivo. A câmara de primeira instância pode, não obstante,declarar a sua decisão executória juntando-lhe, se necessário, garantias.

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Artigo 40º

Capacidade de agir da Comissão

1. Quando o interesse da Comunidade assim o exigir, a Comissão pode recorrer aotribunal comunitário de propriedade intelectual propondo uma acção de nulidade dapatente comunitária.

2. Nos termos da condição referida no n.º 1, a Comissão pode igualmente intervir emtodos os processos em curso no tribunal comunitário de propriedade intelectual.

Artigo 41º

Extensão da competência

Nas acções referidas nos artigos 33º a 36º, o tribunal comunitário de propriedade intelectual écompetente para deliberar sobre os factos cometidos e as actividades empreendidas numaparte ou na totalidade do território, da zona e do espaço a que o presente regulamento seaplica.

Artigo 42º

Medidas provisórias ou cautelares

O tribunal comunitário de propriedade intelectual pode tomar quaisquer medidas provisóriasou cautelares necessárias, em conformidade com o seu estatuto.

Artigo 43º

Sanções

Quando, no âmbito de uma acção referida no artigo 33º, o tribunal comunitário depropriedade intelectual verificar que o requerido contrafez uma patente comunitária, podeproferir as decisões seguintes:

a) uma decisão proibindo ao requerido prosseguir os actos de contrafacção;

b) um decisão de apreensão dos produtos da contrafacção;

c) uma decisão de apreensão dos bens, materiais e instrumentos que constituam meiosde aplicação da invenção protegida e que tenham sido objecto de entrega ou de ofertade entrega nas condições previstas no artigo 8º;

d) qualquer decisão impondo outras sanções adaptadas às circunstâncias ou adequadaspara garantir o respeito das decisões referidas nas alíneas a) b) e c).

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Artigo 44º

Acções ou pedidos de indemnização por perdas e danos

1. O tribunal comunitário de propriedade intelectual é competente para ordenar opagamento de indemnizações por perdas e danos em reparação dos prejuízos queestejam na base das acções referidas nos artigos 31º a 36º.

2. Na determinação das indemnizações adequadas, o tribunal terá em conta todos osaspectos pertinentes, tais como as consequências económicas resultantes dosprejuízos causados à parte lesada, o comportamento e a boa ou má-fé das partes. Asindemnizações por perdas e danos não têm carácter punitivo.

3. Para efeitos do disposto no n.º 2, presume-se, até prova em contrário, que o pretensocontrafactor que tenha o domicílio ou sede num Estado-membro cuja língua oficial, etambém língua oficial da Comunidade, não é a língua em que a patente foi concedidaou na qual a tradução da patente tiver sido posta à disposição do público, emconformidade com o artigo 58º, não sabia, nem tinha motivos razoáveis para saber,que estava a infringir a patente. Numa situação deste tipo, a indemnização por perdase danos de contrafacção só é devida pelo período que começa a decorrer a partir domomento em que a tradução da patente lhe tiver sido notificada nessa língua oficialdo Estado-membro do domicílio ou da sede do presumível contrafactor.

4. No caso de o Estado-membro referido no n.º 3 possuir duas ou várias línguas oficiaisque sejam igualmente línguas oficiais da Comunidade, o contrafactor tem direito aque a notificação lhe seja feita na língua que conhecer de entre essas línguas.

Artigo 45º

Prescrição

As acções relativas à utilização, ao direito baseado numa utilização anterior, à contrafacção eàs indemnizações por perdas e danos constantes da presente secção prescrevem no prazo decinco anos a contar da ocorrência dos factos que lhes deram origem, ou, se o requerente nãotiver tido conhecimento dos factos no momento da sua ocorrência, a partir do momento emque deles tomou ou devia ter tomado conhecimento.

SECÇÃO 2

COMPETÊNCIA E PROCESSO NO QUE SE REFEREA OUTRAS ACÇÕES RELATIVAS À PATENTE COMUNITÁRIA

Artigo 46º

Competência dos tribunais nacionais

Os orgãos jurisdicionais nacionais dos Estados-membros são competentes para apreciar asacções relativas à patente comunitária que não sejam da competência exclusiva nem doTribunal de Justiça, por força do Tratado, nem do tribunal comunitário da propriedadeintelectual, por força das disposições da Secção 1 do Capítulo IV do presente regulamento.

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Artigo 47º

Aplicação da Convenção de Bruxelas

Salvo disposição em contrário no presente regulamento, as disposições da Convenção relativaà Competência Judiciária e à Execução das Decisões em matéria Civil e Comercial, assinadaem Bruxelas, em 27 de Setembro de 19685, são aplicáveis às acções propostas nos tribunaisnacionais, bem como às decisões proferidas na sequência de tais acções.

Artigo 48º

Acções relativas ao direito à patente que oponham entidade empregadora e empregado

1. Não obstante as disposições aplicáveis por força do artigo 47º, numa acção relativaao direito à patente que oponha a entidade empregadora e o empregado, só sãocompetentes os tribunais do Estado-membro com base em cujo direito é configuradoo direito à patente comunitária, em conformidade com o n.° 2 do artigo 4º.

2. Uma convenção atributiva de jurisdição só é válida se for posterior à origem dodiferendo ou se permitir ao empregado recorrer a outros tribunais que não osdecorrentes da aplicação do n.º 1.

Artigo 49º

Acções relativas a execução forçada sobre a patente comunitária

Não obstante as disposições aplicáveis por força do artigo 47º, em matéria de processo deexecução forçada sobre a patente comunitária, a competência exclusiva pertence aos tribunaise às autoridades do Estado-membro determinado nos termos do artigo 14º.

Artigo 50º

Disposições complementares relativas à competência

1. No Estado-membro cujos tribunais são competentes nos termos do artigo 47º, asacções são intentadas perante os tribunais que teriam competência territorial eratione materiaecaso se tratasse de acções relativas a patentes nacionais concedidasno Estado em causa.

2. Quando, nos termos dos artigos 47º e 48º e do n.º 1 do presente artigo, nenhumtribunal for competente para apreciar uma acção relativa a uma patente comunitária,a acção pode ser intentada perante os tribunais do Estado-membro em que tem sede aOrganização Europeia de Patentes.

5 JO C 27 de 26.1.1998, p. 3.

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Artigo 51º

Obrigações do tribunal nacional

1. O tribunal nacional, perante uma acção ou um pedido de entre os referidos noartigo 30º, declarar-se-á oficiosamente incompetente.

2. O tribunal nacional, perante uma acção ou pedido diferente dos referidos noartigo 30º e relativa a uma patente comunitária, deve considerar a patente válida,excepto se a sua invalidade tiver sido declarada pelo tribunal comunitário depropriedade intelectual no âmbito de uma decisão transitada em julgado.

3. O tribunal nacional, perante uma acção ou pedido diferente dos referidos noartigo 30º e relativa à patente comunitária, deve suspender a instância sempre queconsiderar que uma decisão sobre uma acção ou um pedido de entre os referidos noartigo 30º é uma condição prévia para o seu julgamento. A suspensão será decididaquer oficiosamente, depois de ouvidas as partes, quando uma acção ou um pedido deentre os referidos no artigo 30º tenha dado entrada no tribunal comunitário depropriedade intelectual, quer a pedido de uma das partes e depois de ouvidas asoutras, se ainda não se tiver recorrido ao tribunal comunitário. Neste último caso, otribunal nacional convidará as partes a propor a acção ou apresentar o pedido noprazo por ele fixado. Se o recurso não for apresentado no prazo fixado, o processoprosseguirá.

Artigo 52º

Direito processual aplicável

Salvo disposição em contrário do presente regulamento, o tribunal nacional aplicará as regrasprocessuais aplicáveis ao mesmo tipo de acções relativas a uma patente nacional doEstado-membro em cujo território estiver situado.

SECÇÃO 3

DA ARBITRAGEM

Artigo 53º

Arbitragem

As disposições do presente Capítulo relativas à competência e ao processo judicial aplicam-sesem prejuízo das regras nacionais dos Estados-membros respeitantes à arbitragem. Todavia,uma patente comunitária não pode ser declarada nula ou invalidada num processo dearbitragem.

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CAPÍTULO V

INCIDÊNCIAS SOBRE O DIREITO NACIONAL

Artigo 54º

Proibição de protecções cumuladas

1. Nos casos em que uma patente nacional concedida num Estado-membro tenha porobjecto uma invenção para a qual tenha sido concedida uma patente comunitária aomesmo inventor ou ao seu sucessor legal, com a mesma data de apresentação ou, sefor reivindicada uma prioridade, com a mesma data de prioridade, a patente nacional,desde que cubra a mesma invenção que a patente comunitária, deixa de produzirefeitos na data em que:

a) expirar o prazo previsto para a dedução de oposição contra a decisão doInstituto de conceder a patente comunitária sem que tenha sido deduzidaoposição;

b) for encerrado o processo de oposição, tendo a patente comunitária sido mantida

ou

c) for concedida a patente comunitária, se essa data for posterior à referida nasalíneas a) ou b), conforme o caso.

2. A caducidade ou a anulação posterior da patente comunitária não afecta o dispostono n.º 1.

3. Cada Estado-membro pode determinar o processo para estabelecer que a patentenacional deixa de produzir efeitos no todo ou, eventualmente, em parte. Pode estatuirque a patente nacional não produziu efeitos desde o início.

4. A protecção cumulada de uma patente comunitária ou de um pedido de patentecomunitária e de uma patente nacional ou de um pedido de patente nacional éassegurada até à data prevista no n.° 1.

Artigo 55º

Modelos de utilidade e certificados de utilidade nacionais

O artigo 54º é aplicável aos modelos de utilidade ou aos certificados de utilidade, bem comoaos pedidos correspondentes nos Estados-membros cuja lei preveja tais títulos de protecção.

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CAPÍTULO VI

DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 56º

Registo de Patentes Comunitárias

O Instituto manterá o Registo de Patentes Comunitárias, em que são inscritas as indicaçõescujo registo está previsto no presente regulamento. O registo está aberto à inspecção pública.

Artigo 57º

Boletim de Patentes Comunitárias

O Instituto publicará periodicamente um Boletim de Patentes Comunitárias. O Boletimconterá as inscrições feitas no Registo de Patentes Comunitárias, assim como todas as outrasindicações cuja publicação seja determinada pelo presente regulamento ou pelo regulamentode execução.

Artigo 58º

Traduções facultativas

O titular da patente tem a possibilidade de produzir e apresentar no Instituto uma tradução dasua patente em várias ou em todas as línguas oficiais dos Estados-membros que sejam línguasoficiais da Comunidade. Essas traduções são colocadas à disposição do público pelo Instituto.

Artigo 59º

Regulamento de execução

1. As regras de execução do presente regulamento são fixadas por um regulamento deexecução.

2. O regulamento de execução é adoptado e alterado segundo o procedimento previstono n.º 2 do artigo 61º.

Artigo 60º

Regulamento de execução relativo às taxas

1. O regulamento relativo às taxas fixará as taxas anuais de manutenção em vigor,incluindo as taxas suplementares, o montante das taxas e o respectivo modo decobrança.

2. O regulamento relativo às taxas é adoptado e alterado segundo o procedimentoprevisto no n.º 2 do artigo 61º.

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Artigo 61º

Criação de um comité e procedimento de adopção dos regulamentos de execução

1. A Comissão é assistida por um comité denominado «Comité para as questõesrelativas às taxas e às regras de execução do regulamento relativo à patentecomunitária», composto por representantes dos Estados-membros e presidido por umrepresentante da Comissão.

2. Sempre que se remeter para o presente número, é aplicável o procedimento deregulamentação previsto no artigo 5º da Decisão 1999/468/CE, tendo em conta odisposto no seu artigo 7º.

3. O período previsto no n.° 6 do artigo 5º da Decisão 1999/468/CE é fixado emtrês meses.

Artigo 62º

Relatório sobre a aplicação do presente regulamento

De cinco em cinco anos a contar da entrada em vigor do presente regulamento, a Comissãopublicará um relatório sobre a sua aplicação. O relatório deve pôr particularmente emdestaque o impacto dos custos para a obtenção e a manutenção em vigor da patentecomunitária e o do sistema de litígios em matéria de contrafacção e de validade.

Artigo 63º

Entrada em vigor

1. O presente regulamento entra em vigor no sexagésimo dia seguinte ao da suapublicação noJornal Oficial das Comunidades Europeias.

2. Os pedidos de patentes comunitárias podem ser apresentados no Instituto a contar dadata fixada numa decisão da Comissão, em conformidade com o procedimentoprevisto no n.º 2 do artigo 61º.

O presente regulamento é obrigatório em todos os seus elementos e directamente aplicável emtodos os Estados-membros.

Feito em Bruxelas, em

Pelo Conselho

O Presidente

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FICHA FINANCEIRA

1. DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO

Proposta de regulamento do Conselho relativo à patente comunitária

2. RUBRICA(S) ORÇAMENTAL(IS) IMPLICADA(S)

Outras instituições

3. BASE JURÍDICA

Artigo 308º do Tratado

4. DESCRIÇÃO DA ACÇÃO

4.1 Objectivo geral da acção

No quadro da adesão prevista da Comunidade à Convenção de Munique sobre aConcessão de Patentes Europeias, de 5 de Outubro de 1973, a presente proposta visaestabelecer um regime comunitário de patentes. A futura patente comunitária seráuma patente europeia designando o território da Comunidade, por força dasdisposições da Convenção de Munique. Por conseguinte, a presente medidaaplicar-se-á à fase posterior à da concessão da patente pelo Instituto Europeu dePatentes, que será responsável, com base na Convenção de Munique revista, porexaminar todos os pedidos de patente comunitária, conceder patentes comunitárias eadministrá-las. É conveniente notar que a futura patente comunitária serácomplementar em relação ao direito de patentes dos Estados-membros.

Por último, está prevista a instauração de um sistema de competências jurisdicionaisa nível centralizado, relativo à patente comunitária. Não obstante, a criação dajurisdição competente far-se-á de maneira autónoma e fora do âmbito da presenteproposta. Finalmente, a presente proposta trata de um sistema de licençasobrigatórias. A aplicação das disposições relativas às taxas e às regras de execuçãodo regulamento será assegurada por um comité de regulamentação.

4.2 Período coberto pela acção e modalidades previstas para a sua renovação eprorrogação

Duração indeterminada.

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5. CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA OU DA RECEITA

– A Organização Europeia de Patentes, da qual o Instituto Europeu de Patentesdepende, é uma organização internacional independente que beneficia deautonomia financeira. O Instituto financia as suas actividades através dediferentes categorias de taxas. Ao contrário de certas agências comunitárias, oInstituto não beneficiará de subvenções da Comunidade. As suas receitas edespesas não dependem, pois, do orçamento comunitário.

– Criação de uma jurisdição centralizada especializada (tribunal comunitário depropriedade intelectual).

6. NATUREZA DA DESPESA OU DA RECEITA

7. INCIDÊNCIA FINANCEIRA (P ARTE B)

Nenhuma

8. DISPOSIÇÕES ANTIFRAUDE PREVISTAS

9. ELEMENTOS DE ANÁLISE CUSTO-EFICÁCIA

9.1 Objectivos específicos quantificáveis, população abrangida

A patente comunitária será um título unitário, abrangendo o conjunto do territóriocomunitário. Só pode ser concedida, transferida, anulada ou tornada extensiva,relativamente ao conjunto da Comunidade. Em virtude da sua extensão territorial, doseu carácter unitário, do processo centralizado de concessão e do regime linguísticoprevisto, que permitirão economias de despesas administrativas consideráveis, trazuma mais-valia considerável em relação aos regimes nacionais e internacionais depatentes existentes. Assim, a patente comunitária melhorará o funcionamento domercado interno e, nomeadamente, a livre circulação dos produtos patenteados.

9.2 Justificação da acção

O futuro regulamento visa criar o enquadramento jurídico da patente comunitária.

O papel da Comissão irá consistir em conceder licenças obrigatórias relativas àpatente comunitária. Ao contrário dos regimes em vigor hoje em dia, as licenças irãoincidir sobre um título unitário que abarca o conjunto do território daUnião Europeia. Por conseguinte, a concessão das licenças é necessariamente umatarefa da competência da Comissão.

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A Comissão será assistida por um comité responsável pelas questões relativas àstaxas e às regras de execução do futuro regulamento, em conformidade com asdisposições da Decisão 1999/468/CE. O regulamento de execução estabelecerá asregras de aplicação do presente regulamento. Não tendo o Instituto Europeu dePatentes o estatuto de agência ou de serviço comunitário, é conveniente criar umcomité que será responsável por supervisionar a aplicação das regras previstas noregulamento comunitário. Todavia, o Instituto Europeu conservará a sua autonomiafinanceira. As despesas relativas ao funcionamento do comité estarão, pois, a cargodo orçamento comunitário.

9.3 Acompanhamento e avaliação da acção

Por força do artigo 62º da proposta de regulamento, a Comissão publicará umrelatório sobre a aplicação do regulamento de cinco em cinco anos. Entre outrascoisas, proceder-se-á a avaliação financeira nesses relatórios.

10. DESPESAS ADMINISTRATIVAS (PARTE A DA SECÇÃO III DOORÇAMENTO GERAL)

A mobilização efectiva dos recursos administrativos necessários resultará da decisãoanual da Comissão relativa à atribuição de recursos, tendo em conta, nomeadamente,os efectivos e os montantes suplementares que terão sido acordados pela autoridadeorçamental.

10.1 Incidência sobre o número de postos de trabalho

Tipo de postos de trabalho Efectivos a afectar para a gestãoda acção

dos quais Duração

Postospermanentes

Postostemporários

Por utilizaçãodos recursosexistentes naDG ou noserviço emcausa

Por utilizaçãode recursosadicionais

Funcionários ouagentes temporários

ABC

20,50,5

20,50,5

Indeterminada

Outros recursos

Total 3 3

10.2 Incidência financeira global dos recursos humanos suplementares

10.2.1. Licenças obrigatórias

O número de pedidos de licenças obrigatórias, por força do artigo 21º do futuroregulamento, deverá ser da ordem de uma dezena por ano. Esta estimativa baseia-sena experiência adquirida no âmbito do sistema de patentes nacionais dosEstados-membros.

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Esta tarefa, tecnicamente e juridicamente complexa, retorna à Comissão. Éconveniente assegurar a permanência do tratamento destes pedidos que requer aadopção de uma decisão da Comissão, quer no caso de uma concessão quer no casode uma recusa. Três homens/ano x 108.000 euros deveriam ser suficientes paraassegurar o tratamento destes pedidos de concessão de licenças obrigatórias.

(EUR)

Montantes Postos permanentes

Funcionários ou agentestemporários

A

B

C

216.000

54.000

54.000

2 X 108.000

0,5 X 108.000

0,5 X 108.000

Outros recursos(indicarrubrica orçamental)

Total 324.000 3 X 108.000

10.2.2. Funcionamento da jurisdição centralizada e especializada

A concessão de patentes comunitárias é susceptível de conduzir a litígios entreparticulares, nomeadamente sobre a validade ou a contrafacção das patentesconcedidas. A competência para apreciar tais litígios caberá a uma jurisdiçãocomunitária centralizada e especializada, que será criada fora do âmbito da presenteproposta.

Durante os primeiros anos da sua existência, é provável que esta jurisdição sejachamada a julgar um número de casos relativamente escasso. Todavia, com base naexperiência adquirida nos domínios associados à futura patente comunitária, épossível prever que, após um período de cinco anos subsequentes ao início do seufuncionamento, o número de processos interpostos junto da jurisdição comunitáriaserá da ordem dos 600 a 1000 casos por ano. É possível esperar que uma câmara dajurisdição especializada seja susceptível de solucionar algo como cerca de200 processos por ano. Na hipótese de o número de processos aumentar e atingir onúmero de 1000 casos por ano, seria, então, necessário criar cinco câmaras.

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Cada câmara será composta por três juízes e assistida por dois funcionários decategoria A e dois secretários de categoria C.

(EUR)

Montantes Postos permanentes

Funcionários ou agentestemporários

A

B

C

2.700.000

-

1.080.000

5 x 5 x 108.000

-

2 X 5 108.000

Outros recursos(indicarrubrica orçamental)

Total 3.780.000 7 x 5 x 108.000

10.3 Aumento de outras despesas de funcionamento decorrentes da acção,nomeadamente, encargos decorrentes de reuniões, comités e grupos de peritos

(EUR)

Rubrica orçamental(n.º e designação)

Montantes Modo de cálculo

(Base: 4 reuniões por ano)

A – 7030 9.100€

x 4

14 x 650€ (despesas de deslocações dos peritos governamentais)

x 4

Total 36.400€

Os montantes correspondem às despesas totais da acção, se a duração desta últimafor determinada, ou às despesas de 12 meses, se a duração for indeterminada.

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FICHA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOIMPACTO DA PROPOSTA SOBRE AS EMPRESAS E, EM PARTICULAR,

SOBRE AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (PME)

TÍTULO DA PROPOSTA

Proposta de regulamento do Conselho relativo à patente comunitária

Número de referência do documento

PROPOSTA

1. Tendo em conta o princípio da subsidiariedade, por que razão é necessária umalegislação comunitária neste domínio e quais os seus principais objectivos?

A presente proposta tem por objectivo instaurar um regime de patentes unitárias queabarque o conjunto do território comunitário. Em virtude da territorialidade dosdireitos de patentes nacionais, os objectivos visados não podem ser realizados pelosEstados-membros individual ou colectivamente.

IMPACTO SOBRE AS EMPRESAS

2. Quem será afectado pela proposta?

– Que sectores empresariais?

Todos os sectores estão abrangidos pela protecção das invenções.

– Que dimensões de empresas (parte das pequenas e médias empresas)?

A patente comunitária dirige-se quer às pequenas quer às médias empresas, namedida em que protege o carácter inventivo e inovador de produtos ou processosindustriais. Visa favorecer a inovação no seio das PME.

– Existem zonas geográficas especiais na Comunidade em que essas empresasestejam implantadas?

É o conjunto do território da Comunidade que está em causa.

3. Que medidas deverão as empresas tomar para se adaptarem à proposta?

As empresas deverão ser sensibilizadas pelos institutos nacionais de propriedadeindustrial e pela Comissão, no âmbito de um programa de informação e, se for ocaso, de formação, a fim de se familiarizarem com as vantagens de uma patentecomunitária e as formalidades a cumprir.

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4. Que efeitos económicos poderá a proposta ter sobre o emprego, sobre osinvestimentos e a criação de novas empresas, bem como sobre a competitividade dasempresas?

A inovação reveste-se de uma importância primordial para a competitividade, ocrescimento e o emprego no seio da União Europeia. A protecção das invençõesatravés do direito das patentes visa recompensar o inventor pelo seu engenho. Éimportante, no domínio das patentes, que a Comunidade disponha de umenquadramento jurídico e regulamentar pelo menos tão favorável como aquele deque beneficiam as empresas das zonas geográficas concorrentes relativamente àUnião. O sistema actual de patentes enferma de duas fraquezas. É mais dispendiosoque os sistemas de patentes existentes fora da Comunidade e, por isso, dificilmenteacessível para as PME. Além disso, é incompleto, pois a Convenção do Luxemburgo,de 1989, relativa à patente comunitária, que deveria ter criado um título unitário deprotecção, ficou sem efeito. Chegou o momento de colmatar essas fragilidades.

A presente proposta visa restabelecer a posição da Comunidade no âmbito dodesenvolvimento do número de invenções patenteadas pelo mundo, que ultimamentetem tido tendência a deteriorar-se de forma muito significativa.

Além disso, no Conselho Europeu de Lisboa, de 23 e 24 de Março de 2000,recordou-se a importância de recompensar as ideias inovadoras no domínio dapropriedade industrial, particularmente graças à protecção através da patente. Sobesta óptica, o Conselho Europeu convidou o Conselho e a Comissão, em cooperaçãocom os Estados-membros, a assegurar a aplicação efectiva da patente comunitária atéao final do ano 2001. Assim, no seio da União Europeia, será assegurada umaprotecção através da patente comunitária acessível, abordável e competitiva.

5. A proposta contém medidas destinadas a ter em conta a situação específica daspequenas e médias empresas (exigências reduzidas ou diferentes, etc.)?

Nada está previsto especificamente a este respeito. Todavia, segundo as regrasprevistas no futuro regulamento, este é susceptível de acarretar uma redução doscustos considerável para obter uma patente que abranja o conjunto dos territórios dosEstados-membros.

CONSULTA

6. Lista das organizações que foram consultadas sobre a proposta e exposição doselementos essenciais da sua posição.

A presente proposta é o fruto de um vasto exercício de consulta lançado no contextodo Plano de Acção para o Mercado Único (Conselho Europeu de Amsterdão deJunho de 1997) e do Livro Verde «Promover a Inovação através das Patentes», de24 de Junho de 1997. Nos dias 25 e 26 de Novembro de 1997, a Comissão tomou ainiciativa de organizar uma audição dos meios interessados, que se pronunciaramclaramente a favor de uma patente comunitária unitária, a estabelecer de preferênciaatravés de um regulamento comunitário, como, em 1994, para a marca comunitária.A Comunicação da Comissão sobre o seguimento a dar ao Livro Verde, de5 de Fevereiro de 1999, permitiu traçar um balanço detalhado da consulta. É de notarque os inventores, a indústria e, em particular, as PME se regozijaram com aabordagem preconizada, que visa tornar a patente mais acessível, abordável e, porconseguinte, competitiva.