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Page 1: Proposta de Metodologia participativa para recuperação de nascentes

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XIII Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste 1

XIII SIMPÓSIO DE RECURSOS HIDRÍCOS DO NORDESTE

PROPOSTA DE METODOLOGIA PARTICIPATIVA PARA RECUPERAÇÃO DE NASCENTES: A EXPERIÊNCIA DO COMITÊ DA

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO

Alberto Simon Schvartzman 1 ; Thiago Batista Campos

2& Célia Maria Brandão Fróes

3

RESUMO – Recuperar ou proteger nascentes são ações de incontestável importância,

principalmente, diante do cenário de escassez hídrica observado em parte do território brasileiro nos

últimos três anos. As políticas públicas voltadas à preservação de bacias hidrográficas com o aporte

de recursos financeiros destinados à recuperação ambiental são questões ainda muito recentes e a

matéria ainda é propensa a questionamentos quanto à eficácia para justificar o investimento nestas

ações. Este artigo propôs uma metodologia para a revitalização ambiental de nascentes a partir do

uso de técnicas de diagnóstico ambiental participativo e foi realizado na bacia hidrográfica do rio

Piauí, afluente do rio São Francisco no estado de Alagoas e possibilitou o envolvimento de

prefeituras municipais, lideranças comunitárias e proprietários de terras para que os mesmos

pudessem acompanhar o processo de identificação das nascentes prioritárias até a elaboração de

planos de ação específicos para a adequação ambiental das nascentes. O diagnóstico foi realizado a

partir de critérios macroscópicos e por meio da medição de vazão em nascentes, com a realização

de cadastro de proprietários e georreferenciamento das nascentes. Foi possível obter a assinatura de

306 Termos de Aceite junto aos proprietários, de 355 nascentes diagnosticadas. ABSTRACT – To restore or to protect water springs are activities of incontestable importance,

mainly, on a water scarcity scenario, observed in some parts of the Brazilian territory in last three

years. The public policies aimed to environmental restoration of watersheds with financial inputs

are still very recent issues and this subject is still prone to questionings about its efficiency to justify

the financing on it. This paper purposes a methodology based on participatory environmental

diagnosis technical for the restoration of water springs and that was developed at Piauí river

watershed, an affluent of the São Francisco river, in Alagoas state and that was enabled the

involvement of the municipalities, community leaderships and the land owners and then they could

follow all the identification process of priority water springs till the specific action planes to restore

each water spring. The diagnosis occurred by the use of microscopic criteria and by flow measures

of the water springs, with the registration of the owners and georreferencing the water springs. It

was possible to obtain the signing of 306 acceptance terms by the owners, in a total of 306

diagnosed water springs.

Palavras-Chave – Revitalização, Gestão Participativa, Conservação Hidroambiental

1) Alberto Simon Schvartzman, Diretor Técnico, AGB Peixe Vivo, R. Carijós, 166-5º andar, (31) 32078500, [email protected] 2) Thiago Batista Campos, Assessor Técnico, AGB Peixe Vivo, R. Carijós, 166-5º andar, (31) 32078500, [email protected] 3) Célia Maria Brandão Fróes, Diretora Geral, AGB Peixe Vivo, R. Carijós, 166-5º andar, (31) 32078500, [email protected]

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1 - INTRODUÇÃO

A disponibilidade da água própria para consumo humano tem diminuído em alto grau com o

passar dos anos. No Brasil, este recurso está severamente prejudicado, com reservatórios chegando

a níveis alarmantes, marcando os anos de 2014 e 2015 com uma iminente crise hídrica (Machado e

Marques, 2015).

Na bacia hidrográfica do rio São Francisco se observa uma particularidade relacionada à

existência do Programa de Integração do Rio São Francisco (PISF), que pretende realizar a

transposição das águas do rio São Francisco para bacias hidrográficas receptoras no Nordeste

Setentrional. Quando se decidiu pela transposição das águas do rio São Francisco, o Governo

Federal se comprometeu em realizar a revitalização do rio São Francisco, considerado

ambientalmente crítico, mesmo antes do lançamento do PISF e do início das obras de transposição.

Estes fatos serviram como argumento para que setores da sociedade civil acirrassem as

discussões em prol da revitalização do rio São Francisco, tendo o Comitê da Bacia Hidrográfica do

Rio São Francisco (CBHSF) como um dos principais defensores da implantação de um programa de

recuperação hidroambiental na bacia.

Um dos maiores entraves para a implantação de um programa de revitalização da bacia,

possivelmente, seja a mensuração do passivo ambiental existente e, desta forma, estabelecer de

forma criteriosa, a proposição de ações imediatas de recuperação ambiental. De acordo com o

Tribunal de Contas da União (TCU, 2012), os valores aplicados em revitalização na bacia

hidrográfica do rio São Francisco são irrelevantes e a sustentabilidade das ações é duvidosa, além

de não haver planejamento de médio e longo prazo, resultando em desperdício dos recursos

públicos.

Segundo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba

(CODEVASF, 2015), tanto as ações de recomposição de matas ciliares, como também trabalhos de

conservação do solo para melhoria da oferta hídrica devem estar atrelados às ações para preservação

das nascentes, devido ao fato destas serem as formadoras e imprescindíveis para a proteção e

manutenção dos rios.

Para Felippe e Magalhães Junior (2012), as nascentes são sistemas de importância primeira

para a manutenção do equilíbrio hidrológico e ambiental em bacias hidrográficas e podem ser

entendidas como um sistema ambiental em que o afloramento da água subterrânea ocorre

naturalmente, de modo temporário ou perene, integrando à rede de drenagem superficial.

Para Pereira (2012), a exigência legal, por si só, já seria uma justificativa extremamente

plausível para uma infinidade de estudos que visassem compreender e proteger as nascentes. Porém,

o que se vê na realidade é um desrespeito à legislação ambiental brasileira, que se reflete na

degradação das nascentes.

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Ao estudar alternativas capazes de compatibilizar a conservação de nascentes com a produção

agrícola de pequenas propriedades rurais, Veloso (2013), pôde observar que um dos maiores

empecilhos deste processo é que o agricultor, na maioria das ocasiões é que geralmente o pequeno

produtor só pensa no lucro imediato, não pensa em investir no longo prazo, ou mesmo, não tem o

dinheiro inicial para fazer tal investimento, deixando em segundo plano o fator conservacionista.

2 - OBJETIVOS

2.1 - Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é a proposição de metodologias e práticas, visando à

recuperação de nascentes, com o envolvimento das comunidades locais com vistas à

sustentabilidade das ações desenvolvidas.

2.2 - Objetivos Específicos

São objetivos específicos desta discussão:

Propor etapas iniciais para desenvolvimento das intervenções estruturais e não estruturais, a

partir de demandas locais e da verificação preliminar da relevância das ações;

Estabelecer critérios para levantamentos locais e proposta de anteprojeto, a ser discutido

com as populações beneficiadas;

Analisar propostas de proteção e/ou recuperação ambiental de nascentes compatíveis com a

realidade local e desenvolver respectivos planos de ação.

3 - ÁREA DE ESTUDO

Este trabalho foi desenvolvido tendo como campo de estudo a bacia hidrográfica do rio

Piauí, estado de Alagoas. O rio Piauí é o afluente mais importante do rio São Francisco no estado de

Alagoas. Sua bacia possui área de drenagem de aproximadamente 1.100 km² e seu território está

presente total ou parcialmente em 9 municípios. Sua nascente principal está localizada no município

de Arapiraca e seu encontro com o rio São Francisco se dá no município de Penedo. Esta bacia

hidrográfica foi selecionada em função de haver diversos usos de água de nascentes em áreas rurais

e também pelo fato deste ser um dos poucos afluentes perenes do rio São Francisco, em Alagoas.

Segundo dados da SEMARH - AL (2010), a bacia hidrográfica do rio Piauí apresenta clima

semiárido na porção alta e nas demais porções, clima do tipo tropical semiúmido.

A Figura 1 apresenta o mapa de localização bacia hidrográfica do rio Piauí.

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Figura 1 - Mapa temático da bacia hidrográfica do rio Piauí.

4 - METODOLOGIA

Para a realização de diagnóstico das nascentes na bacia hidrográfica do rio Piauí, foi

necessário estabelecer um procedimento estratégico. Inicialmente, foi definido um número de 350

(trezentas e cinquenta) nascentes a serem diagnosticadas, visto que, nesta mesma bacia há uma

grande quantidade de nascentes e o estudo não seria capaz de diagnosticar todas estas.

Tornou-se necessário estabelecer um arranjo preliminar de modo a permitir o envolvimento e

a participação das comunidades rurais, diretamente interessadas, desde a identificação das nascentes

até a apresentação dos resultados finais de cada projeto.

O ponto chave do trabalho se baseou na formação de um senso de pertencimento e de

protagonismo, tanto dos entes do Poder Público Municipal, como das lideranças locais e dos

proprietários de terras onde há presença de nascentes, fatos estes que tornaram todos os atores

envolvidos em agentes ativos, desde o início até o final do diagnóstico de nascentes.

O funcionamento do modelo de diagnóstico de nascentes seguiu um fluxo de etapas proposto

pelo CBHSF, que é apresentado na Figura 2.

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1ª etapa: Planejamento 2ª etapa: Diagnóstico 3ª etapa: Resultados

Contratação de executora do Cadastramento de Elaboração de planos de ação projeto proprietários específico por nascente

Reunião com Prefeituras Georreferenciamento e Apresentação de resultados cadastro de nascentes às lideranças

Reunião com lideranças / Análise de parâmetros Apresentação de resultados comunidade macroscópicos às Prefeituras

Planejamento dos trabalhos Medição de vazão

Apresentação de resultados

de campo ao CBHSF

Figura 2 - Fluxograma de procedimentos necessários para a realização de diagnóstico participativo de nascentes.

4.1 - 1ª etapa: Planejamento

A partir de demandas oriundas das Câmaras Consultivas Regionais (CCR) – instância

colegiada do CBHSF – e, após a aprovação da Plenária do Comitê de Bacia, é selecionada uma área

prioritária para execução de determinadas intervenções, coerentemente com o Plano de Recursos

Hídricos da Bacia Hidrográfica, e de acordo com o Plano de Aplicação Plurianual (PAP) aprovado

pelo CBHSF.

Por meio da Entidade Delegatária das funções de Agência de Água – gerenciadora dos

recursos financeiros arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos na bacia – é proposta

a contratação de uma empresa especializada, para a realização dos trabalhos de identificação e

caracterização das áreas de intervenção.

O segundo passo consiste em estabelecer contato com as Prefeituras dos municípios inseridos

na bacia hidrográfica, que possam apoiar e auxiliar na divulgação e na mobilização das populações

para o desenvolvimento do projeto idealizado pelas comunidades. Em seguida são realizadas

reuniões, previamente agendadas, nas sedes destes municípios.

Torna-se importante e indispensável a apresentação e discussão das propostas de proteção e

revitalização que se pretende executar, com as lideranças e comunidades beneficiadas pelo projeto.

Estas lideranças são conhecedoras, de forma mais próxima, dos principais proprietários de terras

com presença de nascentes utilizadas para as mais diversas finalidades, inclusive consumo humano.

Ao final da primeira etapa, são realizadas reuniões com as populações, com o objetivo de se

levantar as principais lideranças e possíveis incentivadores para o prosseguimento dos trabalhos.

Neste momento se inicia o planejamento para os trabalhos de campo.

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4.2 - 2ª etapa: Diagnóstico

Na fase de diagnóstico é possível proceder-se a identificação e a localização de nascentes e

identificar os locais onde existe a possibilidade de mobilização dos proprietários de terras. Deve ser

dada atenção especial ao trabalho de mobilização social nas comunidades, pois este poderá ser

determinante para o sucesso do projeto como um todo.

Qualquer possibilidade de desavença ou desconfiança por parte das lideranças e/ou

proprietários de terra poderá colocar em risco o andamento do projeto e, por esta razão, é

indispensável que profissionais capacitados no tema estejam, permanentemente, em campo durante

a execução dos serviços.

O diagnóstico deverá ser realizado na presença de uma das lideranças ou dos proprietários de

terras que indicarão a localização correta das nascentes. Uma vez em campo, a nascente e seu

proprietário / usuário de água deverão ser cadastrados em fichas padronizadas apropriadas.

As coordenadas geográficas deverão ser obtidas por meio de GPS (Global Position System) e

serão medidas as vazões das nascentes (época de seca). Nesta fase deve ser realizada uma análise

macroscópica de indicadores, conforme execução realizada por Silva et al (2015), para avaliar do

grau de preservação das nascentes identificadas, além dos seus registros fotográficos.

A Tabela 1 lista os indicadores de análise macroscópica adotada durante os diagnósticos de

nascentes, no presente exemplo, e mostram os parâmetros e a qualificação/ pontuação adotada.

Tabela 1 - Indicadores adotados em análise macroscópica de nascentes.

Parâmetro macroscópico Qualificação

1 2 3

Cor Escura Clara Transparente

Odor Forte Fraco Sem cheiro

Lixo ao redor Muito Pouco Sem lixo

Materiais flutuantes Muito Pouco Sem material

Espumas Muito Pouco Sem espuma

Óleos Muito Pouco Sem óleo

Esgoto Muito Pouco Sem esgoto

Vegetação Alta degradação Baixa degradação Preservada

Uso por animais Presença Apenas marcas Não detectado

Uso por humanos Presença Apenas marcas Não detectado

Proteção do local Sem proteção Com proteção com Com proteção sem

com acesso acesso acesso

Proximidade de residência < 50 m Entre 50 e 100 m > 100 m

ou estabelecimento

Tipo da área de inserção Ausente Propriedade privada Parques ou áreas

protegidas

As medições de vazão são realizadas, in loco, com a utilização de calha Parshall ou método

volumétrico, para se determinar e verificar os usos predominantes pretendidos. Haverá casos onde

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esta medição poderá ser simplesmente estimada, visto a impossibilidade da utilização de métodos

mais precisos.

4.3 - 3ª etapa: Resultados

Uma vez que, que a meta é realizar o diagnóstico em pelo menos 350 nascentes, são

verificadas as alternativas para o desenvolvimento de planos de ações específicos, para cada uma

das nascentes. Os planos de ação devem levar em consideração as particularidades do proprietário /

usuário, podendo ser descartadas aquelas nascentes consideradas inviáveis em sua recuperação ou

aproveitamento.

Com os resultados concluídos e sistematizados, são realizadas novas conversações com

lideranças locais e proprietários de terras, para apresentação dos diagnósticos das respectivas

nascentes cadastradas. O passo seguinte é apresentar aos proprietários as propostas de planos de

ação, que visam à aumentar a proteção dos mananciais e/ou propor ações de melhoramento de

qualidade das águas, em função dos riscos observados em campo.

Por fim, o trabalho em sua totalidade é apresentado junto às Prefeituras Municipais para que

as mesmas possam utilizá-lo para implantar os planos de ação específicos por nascente, ou ainda,

dar apoio a outro agente que esteja interessado em dar sequência anos trabalhos. Desta forma

pretende-se garantir a sustentabilidade das ações programadas, que deverão ser implementadas, em

seguida.

Com a aprovação dos proprietários, os Termos de Aceite são assinados em demonstração à

sua anuência para que a nascente em sua respectiva propriedade seja submetida a um trabalho de

adequação para sua recuperação e/ou proteção.

5 - RESULTADOS

No estudo de caso da bacia do rio Piauí, em Alagoas, foi possível realizar o cadastramento e o

diagnóstico ambiental em 355 (trezentas e cinquenta e cinco) nascentes na bacia hidrográfica, nos

municípios de Coruripe (123 nascentes), Feliz Deserto (33 nascentes), Junqueiro (49 nascentes),

Penedo (69 nascentes), Piaçabuçu (1 nascente), São Sebastião (39 nascentes) e Teotônio Vilela (41

nascentes). Todas estas nascentes são utilizadas para o consumo humano, de acordo com

informação dos moradores entrevistados.

Como as medições de vazões foram realizadas em períodos de estiagem (para se obter a

situação mais restrita), algumas nascentes não tiveram suas respectivas vazões, fielmente medidas,

constatando-se áreas de banhados, que subsistiam ainda em situações de escassez. O resumo das

condições de vazão identificadas é apresentado na Figura 3.

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Figura 3 - Vazão observada nas nascentes diagnosticadas e cadastradas.

Na análise macroscópica das nascentes, a partir da metodologia de Gomes et al (2005), foi

observado que nenhuma nascente apresenta o conceito de ótimo. Do total das nascentes cadastradas

99 (cerca de 30%) apresentam conceito bom ou razoável e 256 (mais de 70%) apresentaram o

conceito ruim ou péssimo.

Na Figura 4 são apresentados os resultados obtidos na análise macroscópica nas nascentes da

bacia hidrográfica do rio Piauí.

Figura 4 - Resultado da análise macroscópica das nascentes cadastradas e diagnosticadas.

6 - CONCLUSÃO

Todas as ações só puderam ser realizadas com o suporte do CBHSF. A partir da proposta

idealizada de proteção e recuperação de nascentes, como mote para a revitalização de mananciais,

verifica-se a importância do envolvimento de atores locais, que se tornam conhecedores das

possibilidades da concretização das eventuais intervenções necessárias.

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Há um elevado número de nascentes em condições ruins ou péssimas, de acordo com a

metodologia adotada no diagnóstico das nascentes. Estes números podem ser explicados em razão

da inexistência de proteção das mesmas, com ausência de vegetação, onde é possível o acesso de

pessoas, animais domésticos e existência de muitos detritos nestas nascentes.

O investimento em planos de ação específicos para cada nascente poderá ser justificável, já

que os moradores fazem uso destas águas sem qualquer tipo de tratamento, seja em suas

residências, para irrigação e criação de animais.

O diagnóstico participativo das nascentes foi determinante para que o projeto obtivesse êxito,

principalmente pelo fato da meta de proposição de planos de ação para pelo menos 300 (trezentas)

nascentes, ter sido alcançada e os respectivos proprietários assinarem o Termo de Aceite, o que

possibilitará a implantação das adequações ambientais propostas, visando sua recuperação.

As ações geralmente preconizadas passam pelo cercamento de áreas, limpeza para remoção de

detritos, contenção com solo-cimento, plantio de espécies nativas e, essencialmente, continuidade

dos cuidados necessários, difundidos pelos trabalhos de capacitação e mobilização social, de forma

participativa com o poder público municipal.

BIBLIOGRAFIA CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba. (2015).

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recuperação de nascentes da bacia do rio São Francisco”. Editora IABS. Brasília, 124 p.

FELIPPE, M.F. e MAGALHÃES JUNIOR, A.P. (2012). “Impactos ambientais macroscópicos e

qualidade das águas em nascentes de parques municipais em Belo Horizonte - MG”. Geografias.

8(2). pp. 8 – 23.

MACHADO, T.D. e MARQUES, G.F. (2015). “Avaliação do custo da escassez de água em

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PEREIRA, L.C. (2012). “Uso e conservação de nascentes em assentamentos rurais”. Dissertação

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SEMARH – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas. (2010).

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SILVA, J.F. et al. (2015). “Classificação de nascentes urbanas através do protocolo de avaliação

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2015, 1, pp. 1-8.

TCU – Tribunal de Contas da União. “Programa de revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio

São Francisco”. (2012). Tribunal de Contas da União; Relator, Ministro Aroldo Cedraz – Brasília:

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TCU, Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo. 64 p. – (Relatório de

auditoria operacional).

VELOSO, A.S. (2013). “Implantação do Sistema Agroflorestal Sucessional para conservação de

sete nascentes em área degradada por pastagem”. Dissertação de Mestrado. Universidade de

Brasília, Brasília.