São Paulo - 2015

D I L L A F e r s o z a

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Capa AF Capas

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Raquel Sena

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

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F456p

Fersoza, Dilla Proposta de emprego para uma empresária / Dilla Fersoza. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0247-6

1. Romance brasileiro. I. Título.

15-24304 CDD: 869.93

CDU: 821.134.3(81)-3

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Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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“Dedico a todos que cruzaram a linha de chega-da em primeiro lugar, dedico aos que cruzaram a linha de chegada em último lugar, porém este livro é espe-cialmente dedicado a todas as pessoas que ainda não cruzaram a linha de chegada, mas continuam correndo, competindo, caminhando.”

PREFÁCIO

Eu não queria apenas contar a minha história, eu queria movê-la na direção dos sonhos, que me visitavam no meio da noite e acordavam comigo nas manhãs de primavera. Eu que-ria que alguém imaginasse como era o meu mundo e o trans-formasse dentro da sua própria criatividade, e dela romperiam novos personagens vivendo outros romances, realizando no-vos feitos, colhendo outras flores. Novas letras, rimas, sons e ritmos surgiriam, então ouviríamos uma nova canção, e essa melodia inspiraria a arte, o tom e a poesia. Eu queria os encan-tos dessas memórias refletidos em outras histórias ainda mais fascinantes em que eu estaria plenamente envolvida e amando como se houvesse sim o amanhã onde mora a esperança. Eu queria que meu riso de criança que está registrado nessas pági-nas também estivesse estampado pelas esquinas da eternidade, e preso nas linhas do tempo voasse livre nas asas do vento, e nessa liberdade encontrasse os pensamentos, aqueles que são mais altos do que os meus. Eu gostaria que houvesse alguém que não parasse de ler essa história até chegar ao ponto de realmente conhecê-la. Então eu te convido para passar um tempo comigo, e passeando pelos traços dessa biografia quero que você encontre os detalhes, as cores e a música que condu-

zem esse enredo, que não foi apenas escrito, foi vivido inten-samente, e eu ainda posso sentir seus movimentos e ouvir sua voz que ressoa pelas avenidas da minha existência. Quero que venha almoçar comigo, talvez possamos escrever uma nova página nas linhas ainda disponíveis da nossa história. Essa é a minha proposta para você!

SumÁRIO

O cruzamento do encontro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Contatos de primeiro grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

A fuga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Meu primeiro kichute : . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Uma Inspetora chamada Bérnia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

A pior crise daquele ano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Uma flor chamada Régia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Minha entrada no mercado de . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

Trabalho pela porta dos fundos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

Eu e o senhor Vasconcellos, o combate . . . . . . . . . . . . 112

Um teste de resistência psicológica . . . . . . . . . . . . . . . 119

Situações que nos fazem mudar . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

Dez dicas para falir a sua empresa . . . . . . . . . . . . . . . . 134

A grande faxina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .139

Uma semente plantada no DNA . . . . . . . . . . . . . . .154

Tudo que eu fizer e disser será usado contra mim . . .159

O mundo dos negócios é dos espertos . . . . . . . . . . .166

O mundo de Bete e a janela do passado . . . . . . . . . 173

A grande apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178

Uma primavera de espinhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187

Personagens do tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196

O reencontro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203

Uma empresa chamada telemarketing . . . . . . . . . . . 207

Sócios! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214

Há sempre um cifrão no fim do túnel . . . . . . . . . . . 224

Organização... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232

O poder da conquista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244

“Adoráveis” sócios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260

A estação da despedida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280

A empresa dos sonhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 287

O quarto sócio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300

A berlinda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 308

Um breve conceito sobre MMN . . . . . . . . . . . . . . . 314

Almoço de negócios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316

Cobranças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325

A empresa de areia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331

Tudo acaba onde tudo começa . . . . . . . . . . . . . . . . 338

A agenda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 346

A empresa fantasma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353

Achados e perdidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361

O dia do anúncio, sinais de um sol inédito . . . . . . 367

Os encontros do cruzamento . . . . . . . . . . . . . . . . 376

Elenco principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 384

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ProPosta de emPrego Para uma emPresária

O CRuZAmENTO DO ENCONTRO

CRUZEI A IPIRANGA COM A AVENIDA SÃO JOÃO, cruzei a dimensão de um novo tempo, que sur-gia como esboço de coisas futuras, seguia em direção ao horizonte de traços abstratos e refletia-se em imagens sur-preendentes. Atrás ficaram as flores, mas à minha frente raios cheios de luz, intensos e vibrantes começavam a se espalhar por todos os lados. Nuvens escuras viriam, in-vadiriam o céu e cobririam o azul, mas sempre existe o momento em que o sol reaparece e volta a brilhar.

Percorrendo o mesmo trajeto, eu precisava de mais um passo para construir um novo caminho, completá-lo e ainda assim continuar.

Tirei aquele dia para revogar meu atestado de “óbi-to”, perdoar meus pecados, reinventar meu inventário e conjugar minhas propostas...

Propostas que renascem no vazio de uma realidade sufocada pelo tempo, tempo que passa apressado apon-tando a cada minuto para uma nova linha de largada. Correr ou parar, desistir ou ir em frente, não há tempo para hesitar, é preciso decidir. Passos frenéticos cruzavam

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DILLA FERSOZA

os pavimentos da extensa avenida, dos encontros e de-sencontros, dos mendigos já estabelecidos e dos desejos parcelados. Lugar de sonhos artificiais, terra de estranhas oportunidades, de paisagem complicada que se alegra pela presença de alguns pássaros, chora embrulhada à ne-voa úmida e se perde em meio à fina garoa. Um mundo de pedras inspirando credores onde os expedientes nunca terminam. Caminhos paralelos que buscam o infinito.

As faixas do cruzamento e as confusões do meio-fio...Três personagens verossímeis, três protagonistas do

acaso, moldados em seus próprios conceitos, comprome-tidos com o sistema da insolência.

Reluzindo como ouro a bela Lamborghini deslizava pelas vias da alameda.

Eles estavam protegidos daqueles que circulavam com rapidez pela outra extremidade, impedindo a paisagem e definindo uma vista indesejável. A jovem senhora trajando vaidade testava seu francês jogando mínimas palavras ao ar, tinha afinidade com aquela cidade e apreciava o idioma assim como a taça de champanhe da mesma nacionalidade. O homem de traços fortes estava atento ao tráfego, tentava localizar o tempo por meio do Rolex acostumado a seu pulso esquerdo, refletia sobre suas aplicações e seguia para o próximo quilômetro do próximo milhão.

Despejado ali pelas ruas esquecidas do subúrbio, o ciclista pedalava sua bike em disparada pela movimenta-da avenida. Suado, cansado e estressado, tinha seu desti-no traçado pela ordem de um mini GPS e sua liberdade controlada por um cronômetro programado. Ele também seguia para o próximo quilômetro.

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ProPosta de emPrego Para uma emPresária

Mundos separados por “protocolos” descritos em capítulos distintos, mundos que se encontram no imenso boulevard.

Bicicleta de um lado, o jovem de outro. Com as mãos apoiadas no chão fez um movimento de flexão esforçando-se para se levantar, incomodado e excessiva-mente alterado com a situação soltou alguns palavrões.

Demonstrou vulnerabilidade quando tocou em seu corpo à procura de algum ferimento. O impacto da coli-são o pegara de surpresa.

Estava posto à beira do asfalto um tribunal de defe-sa e acusação. Regidos até ali pelo destino, agora juristas de si mesmos. Dispostos a desembolsar suas preciosas ho-ras, dispostos a pagar qualquer preço (à vista).

Atraíam uma enorme plateia sem ingresso, andari-lhos sem pressa.

Palavras eloquentes emprestadas pela arrogância, mostrando que a educação também grita.

Palavras que se esforçavam e eram forjadas por gí-rias tiradas do dicionário da periferia para atingir o alvo da opulência. Cada um deferindo seu próprio veredito, e ainda estavam no prefácio.

O desabafo da classe deserdada despejado em uma descarga sem esgoto, ofensas e mágoas lançadas como jatos na cara do sistema capitalista. Motivos guardados e aperta-dos pela zona do desconforto; enfim, livres para sair e que-brar as vitrines da primeira classe. “A culpada por tudo.”

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