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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL FRANCIELLE PEREIRA FERREIRA PROPOSTA DE EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL Feira de Santana 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

FRANCIELLE PEREIRA FERREIRA

PROPOSTA DE EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL

Feira de Santana

2011

II

FRANCIELLE PEREIRA FERREIRA

PROPOSTA DE EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Tecnologia da

Universidade Estadual de Feira de Santana

como requisito para obtenção de título de

bacharel em Engenharia.

Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Furiam Dias.

Feira de Santana

2011

III

FRANCIELLE PEREIRA FERREIRA

PROPOSTA DE EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL

Monografia submetida à banca examinadora

como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de bacharel em engenharia

civil.

Feira de Santana, 21 de Julho de 2011.

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Sandra Maria Furiam Dias

Universidade Estadual de Feira de Santana

Diretor de Educação Ambiental Dr. Luíz Antônio Ferraro Jr.

Secretaria do Meio ambiente do Estado da Bahia

Prof. MSc. Diogenes Oliveira Senna

Universidade Estadual de Feira de Santana

IV

Dedico este trabalho aos meus pais pelo

amor, exemplo e apoio que me ofereceram

por toda minha vida.

V

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por está sempre iluminando meus caminhos, me

dando coragem e força para conquistar meus objetivos e realizar meus sonhos.

Agradeço aos meus pais, Jorge Luíz Ferreira e Rosinei do Carmo Pereira Ferreira, pelo

apoio INCONDICIONAL em todos os momentos de minha vida, fundamentais para a

realização deste sonho. Sem eles tenho certeza que não conseguiria chegar até aqui. Não

posso esquecer minha irmã Michelly e meu cunhado Ronildo que também sempre estiveram

do meu lado me apoiando, acreditando em mim e me estimulando a ser um dia uma grande

engenheira. Agradeço a minha sobrinha e afilhada Elisa, por simplesmente existir e fazer

parte da minha felicidade.

Agradeço a toda minha família e amigos que sempre acreditaram em mim e me deram

força para continuar na luta de conquistar a minha formatura.

Agradeço a minha amiga Lorena (definitivamente amiga pra todas as horas) e sua

família que adotei como minha aqui em Feira de Santana, por todo incentivo (principalmente

de Tio Cézar) e apoio.

Agradeço especialmente ao grupo “Algodão Doce” (Fran, Túlio, Norma e Rafa), por

fazer parte da minha vida durante todos esses anos. A Túlio por raciocinar na hora da prova e

deixar as matérias mais emocionantes pela falta de ponto. A Rafa por sempre implicar comigo

e por isso me fazer saber que eu sou é adoraaada por ele. E por fim, a minha amiga Norma

que compartilhou comigo os melhores momentos de toda a faculdade e dividiu comigo além

da casa, todas as aflições nas vésperas das provas, todos os medos, perigos, loucuras... e além

de tudo isso e um pouco mais, representou força e determinação pra mim e sempre teve

paciência para os meus “conflitos internos” durante toda tragetória acadêmica (rsrsrsrs...).

Agradeço ao meu namorado pelo apoio e compreensão nas horas dedicadas aos

estudos e a produção deste trabalho.

Aos professores que contribuíram com seus conhecimentos para a minha formação,

em especial aos professores Ferraro e Sandra pela minha orientação, apoio e paciência para a

realização deste trabalho.

VI

Não posso esquecer de agradecer a toda equipe da construção do Hotel Ibis onde

praticamente comecei minha trajetória na construção civil, assim como a Jana Manuela,

Ricardo Azevedo e Mestre Serrinha, pessoas importante na minha formação como

profissional.

VII

RESUMO

FERREIRA, F. P. Proposta de Empreendimento Sustentável. Feira de Santana, 2011.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual

de Feira de Santana.

“Sustentabilidade” é uma palavra de natureza polissêmica. Aplicada a construção civil,

geralmente é associada àquela em que se busca apenas a redução de impactos ao meio

ambiente, e desprezam-se outros aspectos tão importantes de ordem social, econômica,

cultural e geográfica. Neste trabalho serão apresentadas algumas alternativas “verdes”

constituídas de materiais e tecnologias construtivas, cujo emprego objetiva alcançar os

propósitos de uma construção sustentável, em harmonia para além da esfera ambiental, com

as esferas econômica e social. É feita a proposta de um projeto de um condomínio que une

todas as práticas sugeridas e espera-se que com a utilização das mesmas se obtenha uma

minimização dos impactos sobre o meio ambiente, assim como, sirvam de alicerce para as

iniciativas que estimulem a execução de empreendimentos cada vez mais sustentáveis. Esse

conceito vem se tornando cada vez mais incrédulo, devido à atuação de um marketing falaz

utilizado pela grande maioria das empresas que atuam na área da construção, como artifício

para potencializar as vendas dos seus imóveis e conseqüentes lucros.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Urbanização; Alternativas “verdes”.

VIII

ABSTRACT

FERREIRA, F. P. Proposal of Construction Sustainable. Feira de Santana, 2011. Work for

the Conclusion of course (Graduation in Civil Engineering) – State University of Feira de

Santana.

"Sustainability" is a word of polysemyc nature. Applied to civilian construction, is

usually associated with that which seeks only to reduce environmental impacts, and to

disregard other important aspects such social, economic, cultural and geographical. In this

paper we will present some "green" alternatives consist of materials and construction

technologies, whose use is aimed at achieving the goals of a sustainable building in harmony

beyond the environmental sphere, with the economic and social spheres. It was proposed that

a condominium project that unites all the suggested practices and it is hoped that with the use

of them to obtain a minimization of impacts on the environment, as well as serve as a

foundation for initiatives to stimulate the implementation new developments more

sustainable. This concept is becoming increasingly incredulous, because of the actions of a

deceptive marketing used by most firms in the construction area, as a mechanism to boost

sales of their properties and the resulting profits

Keywords: Sustainability; Urbanization; Alternative "green".

IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Abordagem integrada e sustentável às fases do ciclo de vida de uma construção.13

Figura 02 - Construção sustentável...........................................................................................14

Figura 03 - Sistemas de iluminação natural..............................................................................20

Figura 04 - Coletores solares....................................................................................................21

Figura 05 - Boiler......................................................................................................................22

Figura 06 - Lâmpadas fluorescentes compactas (L.F.C.).........................................................23

Figura 07 - Funcionamento da minuteria..................................................................................24

Figura 08 - Sistema de captação doméstica de água pluvial.....................................................26

Figura 09 - Telhado verde.........................................................................................................29

Figura 10 - Resfriamento evaporativo com áreas gramadas ou arborizadas.............................30

Figura 11 - Vista superior do terreno........................................................................................32

Figura 12 - Vista do condomínio..............................................................................................33

Figura 13 - Vista das residências..............................................................................................34

Figura 14 - Cobertura das residências.......................................................................................35

Figura 15 - Corte das residências..............................................................................................36

Figura 16 - Corte esquemático das ruas....................................................................................36

Figura 17 - Corte esquemático do dreno...................................................................................37

Figura 18 - Entorno...................................................................................................................37

Figura 19 - Estabelecimentos próximos....................................................................................38

Figura 20 - Fluxo de veículos e pedestres.................................................................................39

Figura 21 - Trânsito de transporte coletivo...............................................................................39

X

Figura 22 - Vista para o Boulevard Shopping...........................................................................39

Figura 23 - Vista para o Empresarial Multiplace......................................................................39

XI

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Princípios de um projeto sustentável....................................................................12

Quadro 02 - Produtos sustentáveis para cada etapa de construção...........................................15

XII

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1.1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 2

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 3

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 3

1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 3

1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ........................................................................ 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 4

2.1 POLISSEMIA DA SUSTENTABILIDADE ............................................................ 4

2.2 SUSTENTABILIDADE URBANA ......................................................................... 6

2.3 EMPREENDIMENTOS SUSTENTÁVEIS ........................................................... 11

2.3.1 Alternativas “verdes” ........................................................................................... 15

2.3.1.1 Eficiência energética ......................................................................................... 18

2.3.1.1.1 Iluminação natural ........................................................................................... 19

2.3.1.1.2 Aquecimento solar da água ............................................................................. 21

2.3.1.1.3 Dispositivos redutores do consumo da iluminação artificial ........................... 23

2.3.1.2 Melhor aproveitamento da água ........................................................................ 25

2.3.1.2.1 Captação da água da chuva .............................................................................. 25

2.3.1.2.2 Dispositivos redutores do consumo da água ................................................... 26

2.3.1.3 Conforto Ambiental ........................................................................................... 27

2.3.1.3.1 Ventilação natural ............................................................................................ 28

2.3.1.3.2 Telhado verde .................................................................................................. 29

2.3.1.3.3 Vegetação ........................................................................................................ 30

3 MODELAGEM ........................................................................................................ 31

3.1 METODOLOGIA ................................................................................................... 31

3.2 O PROJETO ............................................................................................................ 31

3.3 PÚBLICO ALVO ................................................................................................... 40

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 47

APÊNDICE A – PROGRAMA DE PRÉ-DIMENSIONAMENTO ......................... 50

APÊNDICE B – PROJETOS DO EMPREENDIMENTO ....................................... 53

1

1 INTRODUÇÃO

Desde o século XX, segundo Maia e Santos (2009), os centros urbanos estão sofrendo

várias modificações nos mais diversos setores. A associação da modernização cultural

juntamente com os novos processos espaciais e sociais acaba por trazer novas acepções para

as cidades, atribuindo novos valores e novas utilizações desses espaços. Os centros urbanos

constituem, dessa forma, o resultado da modificação do cenário natural pela ação antrópica,

os quais crescem de forma demasiada e desorganizada.

Concomitantemente ao crescimento urbano desordenado, “as grandes metrópoles

brasileiras vivem uma crise ambiental severa, como resultado de práticas gerenciais

inadequadas das autoridades locais, assim como também da falta de atenção, da omissão, da

demora em colocar em prática ações que reduziriam os problemas crescentes e prejudiciais”

(JACOBI, 2009, p. 01). Os problemas as quais o autor se refere, estão associados a redução

das áreas verdes, a falta de medidas que controlem a poluição do ar, a contaminação dos

mananciais, ao despejo inadequado do lixo, assim como a postergação da rede de esgoto e

transporte público.

“Com a intensificação da degradação ambiental, sobretudo a partir dos anos 1970, o

mundo passa a duvidar do progresso como propulsor de um futuro promissor e desperta para

uma preocupação relativa com a natureza diante do caos planetário e da perspectiva de uma

autodestruição humana” (MAIA; SANTOS, 2009, p. 04).

Diante de todo esse contexto, emergem empreendimentos dotados de tecnologias e

materiais que minimizam os impactos ao meio ambiente e por tal, são denominados como

“empreendimentos sustentáveis”. Eis então a questão: utilizar recursos “verdes” na construção

de uma edificação de fato é garantir a sua sustentabilidade? Essa é uma pergunta polêmica e

que não pode ser respondida apenas por um “sim” ou “não”. É necessária uma análise de todo

o cenário em que se promoverá o novo empreendimento, para então avaliar os reais reflexos

da sua realização para a sociedade.

É propostas desse trabalho, ratificar a legitimidade e seriedade com que são feitos os

“empreendimentos sustentáveis”. No entanto, tal seriedade, associada a busca por minimizar

os problemas enfrentados pela construção, arquitetura e urbanismo, fica afetada pelo

2

oportunismo de outras ações imediatistas. Essas ações imediatistas aludem ao marketing dos

produtos que utilizam dos conceitos para ganhar credibilidade no mercado.

A publicidade e a propaganda criam termos como “casa verde”, “edifício inteligente”,

entre outros, para valorizar o produto, sem na realidade, ter uma preocupação com a qualidade

do mesmo. A intenção autêntica é tornar o produto sedutor.

1.1 JUSTIFICATIVA

É preocupante para toda a sociedade a situação que se encontra a conservação dos

recursos essenciais e básicos à sobrevivência terrestre, pois é sabido que tais recursos são

limitados e vem sendo explorados constantemente de maneira a esgotá-los. Muitos

profissionais ligados a questão chamam atenção quanto ao desgaste de tais recursos, ao passo

que a sustentabilidade em si é interpretada de forma equivocada e corrompida por interesses

paralelos, onde é dado enfoque ao proveito político e de mercado quando deveria se preocupar

com soluções para os problemas ambientais que abarcam a sociedade.

“Em vista do crescimento exponencial da população do mundo e do ritmo crescente da

urbanização fica claro que nossas cidades devem, onde foi apropriado, ser convenientemente

planejadas, de forma a otimizar o ambiente das áreas urbanas e evitar uma série de falhas de

traçado estruturais e funcionais” (CHANDLER, 1970 apud GREGORY, 1992, p. 209).

Agregado a expansão urbana, nota-se a distribuição desigual do território. De acordo

com Nakano (2007), de um lado, encontra-se uma minoria privilegiada ocupando grandes

áreas, enquanto do outro há um contingente de pessoas aglomeradas em morros, carentes de

infra-estrutura. Diante de tal situação, é equivocado considerar isoladamente uma edificação

que utiliza de materiais e tecnologias com baixo impacto ambiental, suficientemente

sustentável. É necessário que se tenha uma visão mais ampla, onde todo o contexto é

considerado e o empreendimento é então localizado dentro da sociedade a qual faz parte.

Nesse trabalho, serão estudadas as implicações do uso de tecnologias e materiais

verdes para construção dos chamados empreendimentos sustentáveis. Será abordada a

inferência sobre os aspectos sociais, econômicos e culturais da promoção de uma “edificação

verde”.

3

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Propor um modelo de construção que reúna um grande número de iniciativas

sustentáveis.

1.2.2 Objetivos Específicos

Identificar as tecnologias e materiais denominados verdes ou sustentáveis;

Interpretar os impactos sócio-ambientais da implantação do empreendimento

em Feira de Santana.

1.3 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

Esse trabalho foi dividido em 4 (quatro) capítulos.

O primeiro capítulo consiste na apresentação da introdução do tema, a sua

justificativa, objetivos e a estrutura da monografia.

No segundo capítulo é feita uma revisão teórica a fim de embasar a monografia, com

um estudo sobre as divergências existentes no campo da sustentabilidade e sobre as

características dos empreendimentos sustentáveis, incluindo os materiais e tecnologias

freqüentemente utilizados para construção dos mesmos.

O terceiro capítulo refere-se ao método de pesquisa que foi utilizado no presente

trabalho, onde inicia-se a modelagem de um projeto de construção civil que inclui um grande

número de itens freqüentemente associados à sustentabilidade ou à qualidade ambiental.

Por fim, o capítulo 4 contempla os resultados da modelagem, assim como a discussão

dos mesmos.

4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 POLISSEMIA DA SUSTENTABILIDADE

Para a sustentabilidade nas sociedades humanas contemporâneas não existe um

conceito único e irrefutável. Analisar os sentidos aplicados ao termo trata-se de um

julgamento muito relativo e abstrato, que induz a uma série de explanações. Apesar da

relatividade expressa pelo tema é possível constatar que em todas as variantes propostas ao

debate sobre o assunto, a questão da revisão e redefinição dos padrões de consumo

socialmente dominante emerge com centralidade.

Desde a United Nations Conference on Environment and Development–Unced (1992),

segundo Acselrad (1999, p. 79), “a noção de sustentabilidade vem se tornando destaque nos

questionamentos a respeito de desenvolvimento”. De acordo com o autor, de um lado há uma

espécie de discurso desenvolvimentista que prega o esverdeamento dos projetos. Do outro

lado, estão aqueles que enxergam na sustentabilidade uma esperança de substituir a idéia de

progresso.

“O que prevalece são, porém, expressões interrogativas recorrentes, nas quais a

sustentabilidade é vista como „um princípio em evolução‟, „um conceito infinito‟, „que poucos

sabem o que é‟ e „que requer muita pesquisa adicional‟” (ACSELRAD, 1999, p. 80). Seria

assim inimaginável definir algo que realidade não existe. Dessa forma, podemos entender a

razão da gama de valores atribuídos ao termo sustentabilidade.

A sustentabilidade torna-se polissêmica por está intimamente ligada não apenas a

esfera ambiental, como naturalmente se pensa, mas também aos setores social, econômico,

cultural e geográfico. Alcançando-se a eficácia em todos esses domínios e os mesmos

agrupados, configuram o chamado “desenvolvimento sustentável”.

Em suma, para alguns autores, obter o desenvolvimento sustentável significa

promover uma melhoria contínua nas condições de vida utilizando um número mínimo

possível de recursos naturais e um número máximo de técnicas com baixo impacto ambiental,

a fim de não desequilibrar os ecossistemas formados. Porém não há como quantificar esse

“mínimo”, visto que dependerá dos interesses envolvidos. Além disso, há de se questionar o

5

que realmente exprime esse desequilíbrio dos ecossistemas, já que não se trata de algo

estático.

Independente do que sugira os dois termos em foco, hoje, “sustentabilidade” e

“desenvolvimento sustentável” funcionam como uma espécie de rótulo, que mascara os

produtos e servem como um desencargo de consciência dos indivíduos que por eles optam.

Algumas vertentes partem do princípio que para construir uma sociedade sustentável

primeiramente é necessária a criação de um “consumidor verde”, ou seja, um ser bem

informado, responsável e preocupado com a preservação e o equilíbrio do meio ambiente.

Porém, trata-se de tarefa que um indivíduo por si só não tem capacidade de realizar, na

medida em que constitui, como diria Bauman (2009 apud JUNQUEIRA, 2010, p. 11), “a

tarefa de encontrar soluções locais para contradições globais”. As responsabilidades

ambientais começam então a fazer verdadeiro sentido quando vão além do comportamento

individual e engloba a sociedade como um todo.

Além disso, sob um olhar crítico, essa ideologia de um “consumidor verde” torna-se

infundada visto que aspectos fundamentais e relevantes da questão são ignorados, tais como a

própria cultura do consumo e os processos de produção.

Dessa forma as questões principais que deveriam ser abordadas e priorizadas, pelo

contrário, vão perdendo o foco. Dentre essas questões estão os aspectos estruturais do modelo

hegemônico da produção capitalista contemporânea, que são representados pela busca por

medidas que aumentem o consumo, pela descartabilidade programada das mercadorias e

principalmente pela desigualdade social no acesso aos bens e serviços.

Por tais inconsistências, intitular uma civilização como sustentável, tem se tornado

difícil nos dias atuais. Um adesivo colado num carro importado que utiliza catalisador para o

seu funcionamento, pode até ser um grande atrativo para alimentar a ilusão da sociedade tão

consciente dos valores que ainda precisam ser preservados para manterem a vida no planeta,

porém o fato não confere por si só a sustentabilidade do automóvel. O verdadeiro significado

de sustentável vai muito além.

De acordo com Viola (1992 apud ALEXANDRE, 2003, p. 84) o “crescimento

populacional exponencial”, juntamente com a “depleção da base de recursos naturais” são

fatores que enunciam o quanto uma sociedade é insuficientemente sustentável.

6

Ainda conforme o autor, da mesma maneira, os “sistemas produtivos que utilizam

tecnologias poluentes e de baixa eficiência energética”, assim como o “sistema de valores que

propicia a expansão ilimitada do consumo material”, indica a inconstância do termo

sustentável perante o meio social.

O caráter das políticas ambientais e das normas vigentes ainda reflete

em muito uma preocupação setorial e preservacionista de

simplesmente controlar os níveis de poluição sonora, da qualidade do

ar, das águas, e de cuidar das áreas verdes de preservação. Ao lado

disso, observa-se um aumento acelerado de problemas ambientais,

como queimadas, garimpos e desmatamento; e de problemas

ambientais ligados especificamente às áreas urbanas, como

favelização, carência nos serviços de abastecimento de água e de

esgoto, e intensa especulação imobiliária nas faixas litorâneas. As

orientações no sentido de implementação de uma avançada legislação

carecem, em suma, da contrapartida de uma política nacional séria

capaz de corrigir as imensas desigualdades sociais (ALEXANDRE,

2003, p. 83).

Esta afirmação de Alexandre sugere o quão o significado das ações sustentáveis está

voltado apenas para as práticas que reduzem o índice de poluição e que mantêm um número

máximo de áreas verdes no meio urbano. Ficando camuflados problemas de ordem social e

econômica.

2.2 SUSTENTABILIDADE URBANA

É direta a vinculação dos edifícios à cidade, pois para construí-los não se pode

esquecer que se está construindo ao mesmo tempo uma cidade.

As cidades contemporâneas são resultado de um modelo de desenvolvimento

econômico fatigado, pautado num individualismo consumista e que visa o lucro fácil. Os

interesses coletivos ficam imersos, por exemplo, na contaminação dos mananciais escassos e

7

até mesmo nos alagamentos das cidades que nada mais são do que o reflexo da falta de

planejamento urbano.

A promulgação do Estatuto das Cidades, Lei Federal n.º 10.257, de 10

de julho de 2001, colocou em cheque a velha visão na qual o

desenvolvimento ocorre quando as cidades ficam cheias de chaminés

e de fumaça, quando o homem domina a natureza pela implantação de

grandes loteamentos em encostas de morros, banhados, dunas, dentre

outros, enfim, a idéia baseada em quanto mais concreto e mais asfalto,

mais evoluída está a cidade. A palavra chave passou a ser

sustentabilidade, a busca de um desenvolvimento equilibrado, que

permita ao ecossistema urbano uma relação racional com os demais

ecossistemas. Uma cidade sustentável, diz o Estatuto das cidades, é

aquela que garante o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento

ambiental, à infra-estrutura urbana, aos transportes, ao trabalho, ao

lazer, ao ambiente ecologicamente equilibrado, para as presentes e

futuras gerações (MUKAI, 2001 apud MIRANDA, 2005).

É importante ressaltar que para se construir uma cidade sustentável, todos devem fazer

sua parte e não apenas o poder público. A idéia de que a formulação de políticas públicas para

a preservação das áreas verdes, para reduzir os impactos ambientais e controlar os níveis de

poluição nas cidades é suficiente para promover a sustentabilidade urbana, é falha. Esse

estágio só pode ser alcançado quando da conscientização da população em geral, da

importância que cada indivíduo possui na solução dos problemas do seu universo.

É preciso que cada cidadão perceba que atos como simplesmente atirar uma latinha de

refrigerante pela janela de um automóvel, jogar um pequeno papel de bala no chão ou não

providenciar uma destinação adequada para qualquer que seja os seus resíduos, é uma atitude

irresponsável que mais a frente implicará na poluição das águas, assim como nas enchentes

das cidades. Os recursos que então poderiam ser investidos em pavimentação de ruas,

construção de praças, educação, serviços de saúde, dentre outros problemas comumente

enfrentados pelas cidades, serão voltados para a revitalização das águas e reconstrução das

áreas devastadas pelas cheias, quando poderiam ser poupados a partir das atitudes conscientes

de cada um.

8

Ao se falar em sustentabilidade urbana é fundamental considerar outro aspecto

importante, a inclusão social. É impossível considerar uma cidade verdadeiramente

sustentável sendo que grande parte da sua população encontra-se marginalizada. Segundo

Miranda (2005), “marginalização não significa como prega a grande mídia, a prática de atos

de delinqüência, mas a condição de se estar à margem da sociedade, sem condições de acesso

a alguns (ou a totalidade) direitos fundamentais”. Costuma-se pensar que os marginais são

exclusivamente aqueles que passam fome, habitam na periferia sem fonte de renda, sem

assistência médica e sem acesso a educação. Na verdade, encontram-se à margem da

sociedade todos aqueles aprisionados entre quatro paredes, por receio e defensiva à violência

urbana, e também pela perda crescente de valores que tem sofrido o espaço público,

especialmente pela deterioração e redução dos espaços comunitários e de recreação.

Visto que a violência é motivo para não permitir que uma sociedade se declare por

sustentável, tanto pela sua essência como por privatizar serviços de segurança no embate à

mesma, embasa-se a intolerância e a necessidade de se garantir a segurança pública,

resultando em países com presídios extrapolando a sua capacidade máxima, como resposta

imediata à mídia e as empresas construtoras dos presídios.

Assim, a exclusão social é hoje um dos maiores problemas ambientais das cidades,

tornando-se inimaginável uma sociedade sustentável quando os indivíduos encontram-se

encarcerados em blocos de concreto. Ganha espaço então a criação de áreas verdes e

reconstrução dos ambientes comunitários degradados, como forma de não apenas embelezar

os centros urbanos, mas sim de necessidade higiênica e para garantir qualidade de vida à

população.

As áreas verdes nada mais são do que um local de lazer e um elemento de equilíbrio

psicológico, que confere tranqüilidade e recomposição do natural. De acordo com Silva (2000

apud MIRANDA, 2005) “quando bem distribuídas no traçado urbano, oferecem colorido e

plasticidade ao meio ambiente urbano”. Ainda segundo o autor, a arborização das vias

públicas as torna belas, além de reoxigenar o ar, fixar e reter pó, atenuar ruídos, e de oferecer

um ambiente mais fresco e projetar sombras. A OMS (Organização Mundial de Saúde) sugere

que para que essa qualidade de vida seja atingida é necessário que haja uma proporção

mínima de 12 m² de área arborizada por habitante, ou 25% da área urbana das cidades.

De fato, não é esse o cenário encontrado nas cidades brasileiras, onde direitos

primários como saúde, educação e saneamento básico disputam espaço ou, melhor dizendo,

9

investimento, com as áreas verdes, por conseqüência da falta de planejamento e ocupação

urbana desordenada.

Dessa maneira, se de qualquer forma a população é privada dos direitos fundamentais

de primeira ordem (moradia, saúde, educação, etc.), não é conveniente que se reduzam as

áreas verdes, indispensáveis para uma melhor qualidade de vida, por serem tidas numa visão

equivocada como necessidades de segunda ordem. Muito pelo contrário, não é subestimando

direitos como os de se ter um ambiente saudável, os quais reduzem o nível de stress

populacional, diminuem o índice de problemas respiratórios, entre outros, que se encontrará a

solução para os problemas sociais urbanos.

Diante desse contexto, é importante salientar que para alcançar a sustentabilidade não

basta apenas recuperar as áreas verdes de uso comunitário, mas sim nortear a administração

pública na elaboração de políticas públicas de inclusão social.

Analogamente à distribuição de títulos de propriedade que não resolve os problemas

inerentes a habitação popular, e à distribuição de cestas básicas que não resolve o problema da

fome, conforme Miranda (2005), os problemas da moradia urbana não se resolvem em casos

individualizados, e sim pela existência de uma organização coletiva da sociedade e pelo

respeito aos mais embrionários direitos do cidadão. Eis a justificativa do fracasso das

tentativas de regularização fundiária que atacaram o problema de forma isolada.

Os problemas de distribuição territorial urbana não serão solucionados oferecendo

condições sub-humanas de habitação ou alternativas sustentáveis acessíveis apenas às elites.

Uma moradia digna requer acesso a um sistema de saneamento básico que forneça

abastecimento de água tratada, disponibilidade de esgoto, energia elétrica, com direito

também a áreas de lazer e descanso. Além disso, deve ser localizada em mediações próximas

ao trabalho do habitante, onde não exista o perigo dos cidadãos verem as suas casas invadidas

por inundações. O fato é traduzido pelas palavras de Acselrad (1999, p. 83) “a forma

sustentável deverá mesclar, ainda que em escalas distintas, zonas de trabalho, moradia e lazer,

reduzindo distâncias e „pedestrizando‟ as cidades, de modo a frear a mobilidade da energia,

das pessoas e bens”. Segundo o autor (1999, p. 82), “uma primeira articulação associa a

transição para a sustentabilidade urbana à reprodução adaptativa das estruturas urbanas com

foco no ajustamento das bases técnicas das cidades, com base em modelos de „racionalidade

ecoenergética‟ ou de „metabolismo urbano‟”. Essa afirmação alude que das duas formas, a

cidade será vista e interpretada em sua continuidade material de reservas e fluxos.

10

Ainda de acordo com Acselrad (1999, p. 82), sob o ponto de vista da eficiência

material, “a cidade sustentável será aquela que, para uma mesma oferta de serviços, minimiza

o consumo de energia fóssil e de outros recursos materiais, explorando ao máximo os fluxos

locais e satisfazendo o critério de conservação de estoques e de redução do volume de

rejeitos”.

Dessa maneira, a ineficiência ecoenergética das cidades, justifica-se na forma

inconsistente como o espaço urbano é distribuído para a população. A insustentabilidade

decorreria assim das “crescentes assimetrias entre a localização espacial dos recursos e da

população, das pressões excessivas sobre o meio físico circundante e sobre os sistemas

ecológicos regionais” (DURAZO, 1997 apud ACSELRAD, 1999 p. 82).

“A falta de políticas públicas compatíveis com o intenso processo de urbanização e a

falta de uma legislação de uso do solo, que poderiam ajudar a controlar o crescimento

irregular, criaram uma „cidade ilegal‟ que ocupa os espaços vazios da cidade” (JACOBI,

2009, p. 03). Com essas palavras, o autor exprime a idéia de que uma cidade sustentável parte

do princípio do devido uso e ocupação do solo aliado a existência de políticas públicas que

coordenem o processo de urbanização, não permitindo uma indevida aglomeração de pessoas

nas periferias das cidades – locais que geralmente nascem ao redor dos cursos d‟água e,

portanto são pouco valorizados.

“A busca de cidades “sustentáveis”, inscritas no “metabolismo de

fluxos e ciclos de matéria-energia, simbiótica e holística” remete, por

certo, à pretensão de se promover uma conexão gestionária do que é,

antes de tudo, fratura política” (ACSELRAD, 2004, p. 35).

As palavras do autor aludem que o cenário dos aglomerados urbanos na

contemporaneidade mostra uma tendência em não se extinguir fontes de energia, espécies

animais e vegetais, entre outros, associada à busca pela sensação de bem-estar nas cidades

através da restauração de ambientes naturais e desmembro das políticas públicas voltadas a

reprimir as desigualdades sociais e espaciais.

11

O discurso da sustentabilidade é contraditório por efeitos do processo de globalização.

Conforme Acselrad (2004, p. 35), baseia-se no propósito de se construir cidades econômicas

quanto em espaço, em matéria e energia, ao mesmo tempo em que “propugna-se o consenso

como precondição para a construção de cidades duráveis, abdicando, conseqüentemente, de

considerar as cidades enquanto espaço por excelência do debate público e da construção de

mundos diversos e compartilhados”.

Diante disso, a almejada “sustentabilidade urbana” não passa de um mero artifício

argumentativo, que valoriza as cidades a fim de atrair grandes aglomerados urbanos através

da enérgica disputa interurbana.

2.3 EMPREENDIMENTOS SUSTENTÁVEIS

Somente no século XX, durante a conferência do Rio de Janeiro (Rio-92) foi dado

destaque “o conceito de „construção sustentável‟, o qual visava o aumento de oportunidades

às gerações futuras, através de uma nova estratégia ambiental direcionada à produção de

construções melhor adaptadas ao meio ambiente e à exigência dos seus utilizadores”

(MATEUS, 2004, p. 11). Nessa conferência ficaram norteados os rumos que a construção

deveria seguir para ser mais sustentável, ou ao menos, menos impactante ao meio ambiente.

Atualmente é comum encontrarmos projetos de empreendimentos sendo feitos com o

propósito de minimizar os custos da construção, juntamente com um menor consumo

energético e conseqüente menor impacto ambiental. Para alcançar tal propósito, o mercado

hoje conta com uma gama de recursos como materiais e sistemas construtivos menos

agressivos ao meio ambiente. O fato está intimamente ligado ao segmento da construção civil

alocar intensivamente insumos de energia não-renováveis e matéria-prima retirada da

natureza e precisar, portanto, reverter e compensar o passivo de degradação ambiental que

vem acumulando ao longo das últimas décadas.

O quadro 01 resume os princípios de um projeto sustentável. Tais princípios são

arbitrários, discutíveis e sempre polêmicos. Alguns autores dão maior relevo às tecnologias e

materiais enquanto outros focam nos aspectos sociais e de estrutura urbana.

12

Quadro 01 - Princípios de um projeto sustentável. Fonte: Adaptado de Alvarenga (2002).

PRINCÍPIO ESTRATÉGIAS MÉTODOS

1 - Economia

de recursos

Conservação de

energia

Planejamento urbano energeticamente consciente;

fontes alternativas de energia; condicionamento

ambiental passivo; evitar perda/ganho de calor; uso

de materiais com baixa energia incorporada; usar

equipamentos hidráulicos eficientes.

Conservação de

água

Redução do uso de plantas exóticas no paisagismo;

sistemas de irrigação de baixo consumo; descargas a

vácuo ou com caixas acopladas; reutilização da água

de chuva e reciclagem do esgoto.

Conservação de

materiais

Projeto e construção utilizando materiais duráveis;

correto dimensionamento dos sistemas; retrofit de

estruturas existentes; uso de materiais reciclados ou

reaproveitados.

2 - Projetar

para o ciclo de

vida

Pré-construção

Uso de materiais provenientes de recursos

renováveis, extraídos sem prejuízo ao meio ambiente,

reciclados recicláveis, duráveis e de baixa

manutenção, minimizando a necessidade de energia

para a distribuição dos materiais.

Construção

Planejamento de obra que minimize seu impacto;

garantia da possibilidade de separação e

reaproveitamento de resíduos; uso de materiais

atóxicos e proteção para os operários e usuários.

Pós-construção

Adaptação a estruturas existentes a novos usuários e

programas; possibilidade de reutilização e reciclagem

de edifícios, componentes e materiais; reutilização de

terrenos e infra-estrutura pré-existente.

3 - Projetar

para o homem

Preservação das

condições naturais

Compreensão do impacto do projeto na natureza;

respeito a topografia; não prejudicar o percurso da

água; preservar a fauna e a flora existentes.

Planejamento e

desenho urbano

Evitar o aumento da poluição; promover o

desenvolvimento a partir de usos mistos; criar

circulações prioritárias para os pedestres; prover

transporte coletivo eficiente e integrado ao projeto.

Projetar para o

conforto humano

Promover o conforto térmico, visual e acústico;

esquadrias operacionais que possibilitem a limpeza e

a renovação do ar; possibilitar a acomodação de

pessoas com diferentes condições físicas; usar

materiais não tóxicos.

Parte dos princípios abordados no quadro acima pode trabalhar de forma integrada,

como mostra o esquema da figura 01.

13

Figura 01 - Abordagem integrada e sustentável às fases do ciclo de vida de uma construção. Fonte: MATEUS

(2004).

Mediante a esses princípios, um empreendimento que atinge o nível de qualidade

exigido pelo projeto, utiliza sistemas construtivos que aumentam a produtividade durante a

fase de construção e consequentemente reduz o prazo da obra, sem modificar expressivamente

os custos da mesma, torna-se competitivo no mercado.

Ser competitivo inclui impreterivelmente, ter qualidade. E como qualidade passou a

abranger os aspectos relacionados com a qualidade ambiental, nasce assim a construção eco-

eficiente, também denominada construção “verde”. “A construção eco-eficiente traduz-se em

construir com impacto ambiental mínimo, e se possível, construir para conseguir o efeito

oposto, isto é, criar edifícios com conseqüências reparadoras para o meio ambiente”

(MATEUS, 2004, p.12). O que em síntese, segundo o autor, significa a integração da

construção aos ecossistemas da biosfera durante toda a sua existência.

Comumente, o conceito de arquitetura bioclimática vem sendo confundido com o de

construção eco-eficiente, afirma Mateus (2004). Porém trata-se de denominações distintas,

14

consistindo a primeira apenas na minimização do dispêndio de energia nas edificações,

enquanto a segunda abrange, além disso, preocupações quanto a preservação da

biodiversidade, ao esgotamento dos recursos naturais e a geração de resíduos e emissão de

gases poluentes.

De acordo com Mateus (2004, p. 13), “integrando os princípios da eco-eficiência com

as condicionantes econômicas, a equidade social e o legado cultural (introduzindo um novo

aspecto ao nível do conceito “tempo”), estamos na presença das três dimensões da construção

sustentável” (figura 02).

Figura 02 - Construção sustentável. Fonte: MATEUS (2004).

15

2.3.1 Alternativas “verdes”

Quando se avaliam os danos determinados pela atividade construtiva,

estes são normalmente classificados quanto a: gradativo esgotamento

de matérias primas; dano ecológico causado pela extração destes

materiais; consumo de energia em todos os estágios de produção

(incluindo transporte); consumo de água; poluição por ruídos e

odores; emissões danosas, entre as quais aquelas diretamente

relacionadas à redução da camada de ozônio; aquecimento global e

chuvas ácidas; aspectos relativos à saúde humana; risco de desastres;

durabilidade e manutenção; re-uso e desperdícios (SATTLER, 2002,

p. 220).

Visto o potencial de agravos que a atividade construtiva possui, alternativas verdes são

cada vez mais propostas com o intuito de minimizar os impactos ambientais da materialização

dos empreendimentos.

Podemos listar no quadro 02, materiais que podem tem alto impacto positivo nas fases

de pré-construção, construção e pós-construção na sustentabilidade de um empreendimento.

Quadro 02 - Produtos sustentáveis para cada etapa de construção. Fontes: Adaptado de (1)

Revista Arquitetura e

Construção, set 2007 e (2)

Revista Planeta Sustentável, dez 2010.

ETAPA DE

CONSTRUÇÃO PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

Fundação e

Fôrmas

Cimento CPIII da Mizu fabricado com escória de alto-forno (1)

Tapume em painel OSB de madeira de reflorestamento (1)

Vedações e Fôrros

Tijolo de solo-cimento da Ecocasa (1)

Painéis de madeira certificada (1)

Painel divisória de Gesso Drywall feitos com sobras de gesso (1)

Painel MDF BP da Duratex em madeira de reflorestamento (1)

Placa OSB com madeira certificada (1)

Forração de bambu (1)

16

Instalações

Hidráulicas

Misturador Smartshower com 3 memórias de temperatura que avisa

quantos litros de água foram utilizados, emite alertas para o usuário que

gasta muito e parabeniza o que toma banhos rápidos (2)

Torneira Deca linha Decamatic acionada por um leve toque e com

fechamento automático, economizando até 55% de água (1)

Arejadores da linha popular da Kelly Metais que reduzem até 15% do

consumo de água (2)

A W+W, de design contemporâneo, une cuba e vaso. Um filtro limpa a

água que desce pelo lavatório e a encaminha para a descarga de 3 ou 6

litros. A economia é de 25% em relação a modelos comuns (2)

Chuveiro Flex da Corona que começa movido a energia elétrica e assim

que chega a água aquecida por gás ou energia solar, passa a funcionar

com a nova fonte de calor (2)

Torneira Ecotok de liga de cobre e plástico reforçado, acionada apenas

com 1 toque, economiza 70% de água se comparada a outros modelos (2)

Dispositivo economizador da Lorenzetti que acoplado a qualquer tipo de

torneira, regula a vazão, reduzindo até 50% do consumo (2)

Torneira Zenit da Docol com sensor e potencial econômico de 77% (2)

Bacia com caixa acoplada da Roca ou Hydra, dotada de descarga dupla

de 3 ou 6 litros (1)

Bacia com caixa acoplada da Celite, Incepa, Logasa (Roca), que

funciona com apenas 6 litros de água e reutiliza resíduos industriais para

fabricação das louças (1)

Tubulação de esgoto Amanco com sistema ecoeficiente de

reaproveitamento de materiais e resíduos para fabricação dos mesmos (1)

Torneira da linha Fit da Esteves com restritor de vazão (1)

Instalações

Elétricas

Balizador Cut da Lumini em aço inox que utiliza leds (2)

Luminária Rodes que combina fibra de vidro e uma resina que contém

PET. Seu processo de produção não utiliza água (2)

Luminárias da linha Ground que utilizam leds e baterias solares e duram

dez horas em dias de sol e cinco horas em dias nublados (2)

Cabos da Afumex que são livres de chumbo e halogênios (1)

Dimmer da Simon que controla a variação do fluxo de luminosidade e

prolonga a vida útil da lâmpada (1)

Disjuntor da Siemens com ISO 14001 onde a empresa controla os níveis

de chumbo, mercúrio e cromo (1)

17

Revestimentos

Pisos de madeira da Teça de manejo sustentável (1)

Piso Durafloor Carvalho Montreal originário de florestas renováveis (1)

Porcelanato Legno Mogno (Gyotoku) que utiliza forno a gás natural (1)

Argamassa de assentamento da Quartzolit com redução do nível de

poeira emitida no ar (1)

Piso da Verdeal produzidos com resíduos de pneu (1)

Piso cimentício da Castelatto totalmente drenantes e não necessita de

argamassa (1)

Ecomosaico da Fatto e Mano produzidos com resíduos de mármore,

cerâmica e porcelanato, para piso e parede (1)

Assoalho de perobinha clara da Recoma de manejo sustentável (1)

Piso de borracha da Haiah confeccionado com sobras da indústria

farmacêutica, como chupetas e conta-gotas (1)

Piso Paviflex da Fademac produzido com PVC, cuja composição traz

57% de sal marinho (1)

Piso da Solarium produzido em formas que dispensam fornos (1)

Piso da Marmoleum fabricado com óleo de linhaça, farinha de madeira,

resina, pedra-cal, juta e pigmentos (1)

Cerâmica Invenchiatto Orgânica da Lepri fabricado com resíduos de

lâmpadas fluorescentes (1)

Papel de parede da Designtex Affinity Collection com o selo LEED de

certificação ambiental. É fabricado com 70% de vinil, 20% de poliéster

e 10% de vinil reciclado (2)

Piso Quadra da Gianazza Angelo que emprega plástico reciclado (2)

Piso de quaruba com certificação FSC (Conselho de Manejamento

Florestal) e Cerflor (Programa de Certificação Florestal) (2)

Placas de cerâmica Ecolight Bianchetto feitas com sobras de lâmpadas

fluorescentes (2)

Pastilhas para paredes, pisos e bancadas da Ekobe feitas com casca de

côco e descarte de alimentos (2)

Rodapés e molduras com 95% de isopor reciclado formando réguas de

0,12 x 2,40 m (2)

18

Tintas, Esmaltes,

Resinas e Vernizes

Ecotinta Mineral (IDHEA) com argila natural (1)

Tinta mineral da Solum à base de terra crua, não tóxica (1)

Resina da Ecopiso elaborada com matérias-primas naturais renováveis (1)

Tintas, vernizes e esmaltes a base de água da Eucatex, Renner, Suvinil e

Lukscolor (1)

Esmalte da Coral e Suvinil, com garrafas pet para sua formulação (1)

Esquadrias e

Vidros

Vidro da Eco Lite com baixa reflexão, que reduz a utilização do ar

condicionado e conseqüentemente, o consumo de energia elétrica (1)

O vidro impresso da UBV traz na composição entre 35 e 50 % de vidros

reciclados, produzidos com gás natural, são incolores e possuem

espessura de 3 a 4 mm (1)

Coberturas e

Estrutura em

madeira

Madeira para telhado da Battistella em sistema auto-sustentável (1)

Régua plástica para ripa de telhado feita em plástico reciclado e fibras

vegetais (1)

Telha ecológica da Onduline produzidas com fibra vegetal (1)

Telha ecológica produzidas com caixa longa-vida (1)

Ferragens Ferragens da Altero produzidas com materiais orgânicos como côco,

chifre, osso e couro para maçanetas e puxadores (1)

2.3.1.1 Eficiência energética

Vista como grande vilã do consumo nos edifícios, a energia elétrica está associada ao

conforto que as pessoas buscam dentro de seus lares. Medidas de projeto e seleção adequada

de materiais e equipamentos podem reduzir significativamente o consumo acelerado de

energia.

Para Lamberts (1997, p. 13), “a eficiência energética pode ser entendida como a

obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia”. A edificação pode e deve possuir

qualidade ambiental, sem para isso consumir valores absurdos de energia.

Segundo Horta (2009), as melhores estratégias para um prédio energeticamente

eficiente no Brasil são:

19

“Uso de brises para promover a proteção solar nas horas mais críticas;

Peitoris opacos, com tratamento térmico;

Uso de vidros com baixo fator solar;

Integração entre luz natural e artificial, por meio de sensores e controles que

promovam o desligamento do sistema artificial quando a luz natural for suficiente;

Sistemas de ar-condicionado com alta eficiência e adequadamente dimensionados;

Ciclos economizadores integrados aos sistemas de ar-condicionado, quando o clima

for propício;

Sistemas de distribuição de ar e controle mais individualizados;

Ventilação natural, quando o uso da edificação permitir;

Simulação computacional do desempenho térmico e energético da edificação para

definir as estratégias mais adequadas ao clima e dimensionar adequadamente os

sistemas de ar-condicionado”.

2.3.1.1.1 Iluminação natural

Conforme Mateus (2004, p. 42), “o consumo de eletricidade na iluminação tem vindo

a aumentar substancialmente nos últimos anos devido principalmente à construção de

habitações com maiores áreas e à utilização de maior número de pontos de luz”.

Diante disso, a iluminação natural ganha destaque nos projetos dos edifícios e

apresenta vantagens como a redução do uso da iluminação artificial, boa qualidade da luz e

conforto. “Estudos indicam que a presença da iluminação natural em qualquer prédio pode

trazer uma melhoria de até 40% no conforto”, afirma o Instituto EcoDesenvolvimento (2009).

Para Lamberts (1997, p.164), “aumentar a taxa de iluminação natural não significa

necessariamente aumentar áreas de abertura”, a luz natural pode ser explorada pelo uso de:

Brises light shelf;

20

Átrios;

Dutos de iluminação com espelhos;

Persianas reflexivas;

Paredes transparentes (tijolo de vidro);

Poços de luz;

Telhados com shedy;

Refletores externos;

Clarabóias, etc.

A figura 03 demonstra o funcionamento dos recursos arquitetônicos citados acima.

Figura 03 - Sistemas de iluminação natural. Fonte: LAMBERTS (1997).

Vale salientar que é preciso também levar em consideração a orientação solar, para

que tal não comprometa o comportamento térmico dos edifícios.

21

2.3.1.1.2 Aquecimento solar da água

“O aquecimento de água pode representar uma grande fatia do consumo de

eletricidade em edificações”, diz Lamberts (1997, p. 74). Daí a importância de substituir o

convencional sistema de aquecimento elétrico por sistemas alternativos – por exemplo, o

sistema de aquecimento solar – que além de requererem menores dispêndios de energia, não

necessitam de elevados investimentos em infra-estrutura.

"Um sistema de energia solar bem dimensionado reduz em 70% os gastos com luz

elétrica ou gás para o aquecimento de água", esclarece Carlos Faria, diretor executivo do

Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), da Associação Brasileira de

Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), em entrevista a Revista

Planeta Sustentável (2008).

“Os sistemas solares para o aquecimento de água são sistemas de aquecimento

termoacumuladores. Estes sistemas utilizam a radiação solar para aquecer a água, podendo

fornecer água quente, sem qualquer custo adicional para além da amortização do

equipamento” (MATEUS, 2004, p. 49).

Um sistema de aquecimento de água através do uso de energia solar é formado

basicamente por coletores solares, reservatório térmico, dutos de ligação, registros e válvulas.

O funcionamento se dá pela incidência dos raios solares sobre os coletores (figura 04), que

transferem o calor absorvido para a água contida no interior dos mesmos. Após o

aquecimento, essa água é encaminhada para um reservatório térmico, que manterá sua

temperatura, e de onde será distribuída para todos os pontos de consumo.

Figura 04 - Coletores solares. Fonte: Revista Techne (2009).

22

O reservatório térmico ou Boiler (figura 05) é uma espécie de cilindro isolado

termicamente com poliuretano expandido sem clorofluorcarbono, não nocivo a camada de

ozônio.

Figura 05 - Boiler. Fonte: Revista Techne (2009).

“Durante os dias nublados e principalmente durante o Inverno, ou quando a demanda

de água quente ultrapassa a sua produção, o fornecimento de água quente é garantido através

de um sistema de aquecimento auxiliar”, diz Mateus (2004, p. 49), permitindo que o usuário

tenha sempre água quente.

Lamberts (1997) sugere que em harmonia com projeto arquitetônico, devem-se nortear

as faces coletoras da radiação solar de maneira a aproveitar ao máximo o potencial energético

do sol. “Normalmente o coletor deve ser orientado ao norte (para o hemisfério sul) sendo sua

inclinação dependente da disponibilidade de sol da região e do período do ano”, afirma ainda

o autor (1997, p. 74).

23

2.3.1.1.3 Dispositivos redutores do consumo da iluminação artificial

“A eficiência do sistema de iluminação artificial adotado no projeto depende do

desempenho particular de todos os elementos envolvidos, bem como da integração feita com

o sistema de iluminação natural” (LAMBERTS, 1997, p. 75). Um sistema de iluminação

artificial é composto basicamente por lâmpadas, luminárias, reatores, entre outros, de diversos

tipos e eficiência.

As lâmpadas comumente utilizadas nas edificações podem ser de irradiação por efeito

térmico ou de descarga em gases e vapores. As lâmpadas de descarga em gases e vapores são

mais eficientes do que as de irradiação por efeito térmico. As chamadas lâmpadas

fluorescentes fazem parte do segundo grupo e por isso destacam-se quando o foco trata-se da

racionalização de energia. “O uso das lâmpadas fluorescentes reduz cerca de 80% no

consumo de energia e auxilia no combate ao aquecimento global”, afirma a Secretaria de

Estado do Ambiente (SEA) (2009).

De acordo com Lamberts (1007, p. 163), “uma parte da energia gasta no setor

residencial provém da iluminação artificial (12%)”, o autor acredita que substituindo as

lâmpadas incandescentes por fluorescentes comuns ou compactas (figura 06), é possível

reduzir esse percentual consideravelmente.

Figura 06 - Lâmpadas fluorescentes compactas (L.F.C.). Fonte: MATEUS (2004).

24

Não somente as lâmpadas fluorescentes são artifícios que contribuem para um menor

consumo de energia elétrica, mas também tecnologias como a minuteria, os dimmers e

sensores de presença. A seguir, está sintetizado o funcionamento dos mesmos:

Minuteria: Dispositivos programados para manter a iluminação acesa por um período

determinado e suficiente, por exemplo, para que os usuários caminhem pelos corredores e

garagens. Necessitam ser acionados para entrarem em funcionamento (figura 07).

Figura 07 - Funcionamento da minuteria. Fonte: LAMBERTS (1997).

Dimmer: Espécie de gradadores que através do aumento ou da diminuição da tensão,

determinam a intensidade da luz produzida pela mesma. “O dimmer eletrônico corta parte da

energia enviada à lâmpada conseguindo, dessa forma, graduar a intensidade luminosa e

reduzir o gasto energético. “Quando aplicado em até 75% de um imóvel, esse sistema permite

economia energética da ordem de 60%”, explica Frederico Broeker, diretor de vendas da

Dímero Tecnologia e Automação Ltda., em entrevista a Revista Casa & Construção (2009).

Sensores de presença: Acionam a iluminação automaticamente ao identificarem movimentos.

Comumente utilizados em halls, escadas, corredores, entre outros. De acordo com o gerente

sênior da APSA Recife (2010), Luiz Oqueres Viana, “o retorno do investimento é imediato. A

economia na conta de energia é de 30% a 40%”.

25

2.3.1.2 Melhor aproveitamento da água

“A quantidade de água disponível para ser utilizada no planeta é finita, pelo que à

medida que a população cresce, a água disponível per capita diminui” (MATEUS, 2004, p.

70). A ininterrupta urbanização associada à elevada densidade demográfica, principalmente

nas grandes metrópoles, colabora expressivamente para crescente necessidade de água, assim

como também intensifica a poluição dos cursos d‟água.

Na busca pela redução no consumo de água e uma gestão inteligente deste recurso,

algumas alternativas já são adotadas, dentre essas, captações de águas pluviais ou até mesmo

reciclagem de águas. Além disso, o mercado também conta com equipamentos que diminuem

o consumo da água.

2.3.1.2.1 Captação da água da chuva

É em regiões onde o índice pluviométrico é elevado, que ganha destaque a água da

chuva como fonte alternativa de abastecimento de água.

Santos (2002, p. 06) descreve a configuração básica de um sistema de aproveitamento

de água de chuva como constando “da área de captação (telhado, laje e piso), dos sistemas de

condução de água (calhas, condutores horizontais, e verticais), da unidade de tratamento da

água e do reservatório de acumulação”.

A figura 08 mostra todo o processo de captação da água pluvial. A água que chega na

calha vai diretamente para um filtro, a fim de suprimir todos os resquícios. Daí parte para uma

cisterna, onde é armazenada e devidamente protegida. Um sistema mecânico de bomba

encaminha a água armazenada até a caixa d‟água. Esse sistema funciona paralelamente ao

sistema da rede pública e tem a finalidade de abastecer locais que não exijam o uso de água

potável, como descarga de banheiros, lavagem de automóveis, torneiras externas, lavagem de

roupas, entre outros.

26

Figura 08 - Sistema de captação doméstica de água pluvial. Fonte: http://falandodicasa.blogspot.com/

2.3.1.2.2 Dispositivos redutores do consumo da água

Nas edificações, normalmente a água chega até os usuários através de torneiras,

chuveiros, e vasos sanitários. Portanto, quando o foco se trata de economizar água, são nesses

dispositivos que se deve investir a fim de reduzir o consumo da mesma. Hoje em dia,

facilmente nas lojas de materiais de construção se encontram tais dispositivos que diminuem a

descarga de água liberada por cada um durante o seu funcionamento.

O consumo de água via vaso sanitário se torna um dos mais preocupantes, visto que a

qualidade da água é alimentar, logo, se deve evitar ao máximo o desperdício. “As descargas

com sistema de sucção a vácuo são capazes de economizar até 80% de água”, diz o Instituto

EcoDesenvolvimento (2010).

De acordo com Mateus (2004, p. 73) “é nos chuveiros que existem as soluções mais

econômicas e eficientes para a poupança de água. Um chuveiro tradicional possui uma vazão

média de 13 litros de água por minuto. Existem no mercado chuveiros mais eficientes, com

vazões na ordem dos 7 litros por minuto”. A redução no consumo de água é considerável,

além disso, a diferença de custo em relação aos convencionais é relativamente baixa.

27

Ainda de acordo com Mateus (2004, p. 74), a economia de água através das torneiras

pode ser garantida com a utilização dos seguintes recursos:

“Seleção de modelos de menor caudal (4 litros por minuto) em detrimento dos

modelos clássicos que consomem em média seis litros;

Aplicação de emulsionadores de caudal (filtros arejadores) nas torneiras onde não seja

necessário grande volume de água, como nas cozinhas e nos lavatórios;

Opção por torneiras de menor ângulo de abertura, como por exemplo, as torneiras

monocomando que permitem o corte do fluxo mais rapidamente e, por conseguinte,

com menores desperdícios;

Aplicação de torneiras automáticas ou semi-automáticas (com infravermelhos ou

temporizador) em locais onde se preveja que exista grande probabilidade das torneiras

ficarem abertas, como por exemplo, nas casas de banho públicas”.

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) (2007) fornece dados de que o uso de

torneiras automáticas com funcionamento semelhante ao de uma válvula de descarga é capaz

de reduzir em até 55% do consumo de água. Já o uso de torneiras eletrônicas que liberam a

água ao identificar a proximidade das mãos, permite a diminuição no consumo de água de até

70% quando comparadas às torneiras convencionais.

2.3.1.3 Conforto Ambiental

A busca pelo conforto ambiental está relacionada diretamente a condicionantes

naturais, como por exemplo, ventilação, iluminação e vegetação. Esses condicionantes são

explorados ao máximo e o emprego dos mesmos é dotado de flexibilidade da construção,

otimização dos espaços, privacidade, adaptabilidade e relação com o entorno.

Para que sejam alcançados resultados eficientes, o que significa, se obter usuários cada

vez mais satisfeitos, é necessário controlar o ganho de calor da edificação, dissipar a energia

térmica do seu interior, remover a umidade em excesso, assim como promover o movimento

do ar.

28

2.3.1.3.1 Ventilação natural

Para utilizar a ventilação natural como um recurso alternativo a fim de aumentar a

qualidade ambiental de cada recinto, são vários os artifícios utilizados no projeto dos

empreendimentos.

Lamberts (1997, p. 151), aponta dentre esses artifícios:

“Usar a forma e a orientação: Maximizar a exposição da edificação às brisas do verão

orientando corretamente o projeto e empregando alguns recursos aplicáveis à forma do

edifício. O estudo da forma e da orientação da arquitetura também pode explorar a

iluminação natural e favorecer os ganhos de calor solar;

Projetar espaços fluidos: Além de ser atrativos plasticamente, os espaços interiores

fluidos permitem a circulação do ar entre ambientes internos e entre os ambientes e o

exterior. Muitos dispositivos podem ser usados para permitir esse tipo de recurso,

mantendo contudo a privacidade visual do interior (venezianas, elementos vazados

etc.). Em locais com invernos mais frios, estes dispositivos podem ser fechados para

evitar infiltrações indesejáveis;

Promover ventilação vertical: O ar quente tende a se acumular nas partes mais

elevadas do interior da edificação; a retirada deste ar quente pode criar um fluxo de ar

ascendente gerado por aberturas em diferentes níveis. Isto pode ser feito através de

diversos dispositivos, como lanternins, aberturas no telhado, exaustores eólicos ou

aberturas zenitais. Também se pode combinar o fator iluminação natural ao utilizar

aberturas zenitais, que podem ser colocadas em locais estratégicos para cumprir as

duas funções simultaneamente (ventilar e iluminar);

Elementos que direcionam o fluxo de ar para o interior: Diversos elementos que se

salientem da volumetria ou no entorno do edifício podem ser utilizados para

incrementar o volume e a velocidade do fluxo de ar para o espaço interno. Alguns

elementos podem ser úteis também para o sombreamento de aberturas”.

É interessante ressaltar que a ventilação natural é possivelmente uma das alternativas

sustentáveis que apresenta melhor custo-benefício.

29

2.3.1.3.2 Telhado verde

A inserção de vegetação nas coberturas das edificações já é algo bastante difundido no

setor da construção. Além da finalidade estética, a inovação também possui o desígnio de

garantir a qualidade do ar, manter o equilíbrio termodinâmico e ainda auxiliar no controle de

vazões das águas pluviais, a fim de evitar problemas de enchentes e inundações. “O substrato

de terra e argila presentes no ecotelhado é capaz de absorver até 70% da água da chuva,

reduzindo o transbordamento de esgotos, aumentando a vida útil dos sistemas de escoamento

e devolvendo uma água mais limpa para a bacia hídrica circundante”, afirma o Instituto

EcoDesenvolvimento (2010).

Para Lamberts (1997), o funcionamento de um telhado verde ocorre quando da

incidência do sol e conseqüente evapotranspiração do vegetal que extrai o calor da cobertura,

resfriando assim o teto. Com isso, a temperatura radiante média do ambiente interno é

diminuída. De acordo com o Ministério Público do Estado da Bahia (2009), o telhado verde

“reduz a energia usada em refrigeração em 25% e retém calor no inverno”.

Um telhado verde (figura 09) também se destaca, dentre tantas alternativas

sustentáveis, por ter uma vida útil longa e indefinida. No entanto, se trata de uma opção que

aloca altos investimentos por requererem elevada quantidade de materiais e mão-de-obra

especializada para execução.

Figura 09 - Telhado verde. Fonte: http://arquiteturamoderna.blogspot.com/2008/08/arquitetura-sustentvel.html.

30

2.3.1.3.3 Vegetação

As plantas têm fundamental importância no quesito conforto ambiental. Elas são

responsáveis pela absorção de calor e de poluentes durante a transpiração. Além disso,

contribuem para a redução da radiação assim como para a reflexão dos raios do sol.

“Uma superfície gramada exposta ao sol consome uma parte do calor recebido para

realizar a fotossíntese. Uma outra parte do calor é absorvida para evaporar água

(evapotranspiração). Cria-se então um microclima mais ameno que refresca os espaços

interiores da edificação”, diz Lamberts (1997, p. 153).

Da mesma maneira, a utilização de árvores altas ao redor das edificações forma

sombra sobre a cobertura, auxiliando na produção desse microclima mais agradável.

A figura 10 representa uma edificação rodeada de vegetação e os processos a que fica

submetida.

Figura 10 - Resfriamento evaporativo com áreas gramadas ou arborizadas. Fonte: LAMBERTS (1997)

Sobretudo, o uso de vegetação tem forte finalidade paisagística, o que muitas vezes

torna o empreendimento atraente pela tendência de se traduzir sustentabilidade em

arborização.

31

3 MODELAGEM

3.1 METODOLOGIA

Para a realização desse trabalho, inicialmente com o objetivo de fundamentá-lo, foi

feita uma revisão bibliográfica baseada em análise documental de artigos, periódicos, revistas,

consultas à internet, assim como o acesso aos anúncios de projetos autodenominados verdes

ou sustentáveis.

Nessas fontes buscou-se embasamento teórico para que fosse feito um breve

mapeamento das iniciativas que estão ostentando um viés ambiental ou sustentável.

Com o auxílio de programas computacionais como o AutoCAD e o SketchUp será

elaborado um projeto de um condomínio residencial na cidade de Feira de Santana, onde será

incorporado itens, estratégias e princípios associados à sustentabilidade ou à qualidade

ambiental.

Para o enriquecimento dos resultados será feita uma verificação da disponibilidade dos

produtos “verdes” em comércio local, para implementação em projeto.

Por fim, serão listados os legítimos impactos sócio-ambientais com a realização de tal

projeto.

3.2 O PROJETO

Em meio a cidade de Feira de Santana/BA, no bairro Caseb, foi escolhida a área para a

locação do projeto. O terreno está voltado para a Rua Newton Vieira Rique (via de acesso ao

Boulevard Shopping – principal shopping da cidade) e para a Rua Coronel José Pinto do

Santos.

O critério fundamental de escolha para a localização do empreendimento foi o fato de

o bairro ser residencial e possuir infra-estrutura satisfatória ao que se pretende instalar no

32

local. A área total do terreno é de 12.375 m², o que juntamente com a topografia do mesmo

(figura 11), caracterizada de maneira totalmente plana, viabiliza maiores flexibilidades de

projeto.

Figura 11 - Vista superior do terreno. Fonte: Google Earth (2011).

Trata-se de um condomínio residencial de luxo, formado por 18 casas padronizadas e

área de lazer dotada de quadra de esportes, parque infantil, piscina, sala de ginástica, área para

festas e churrasqueira, totalizando uma área construída correspondente a 3.771,73 m². O

programa de pré-dimensionamento que discrimina a área de cada cômodo do condomínio, sua

finalidade e os equipamentos que o compõe, encontra-se no Apêndice A.

As residências procuraram respeitar a topografia existente, estando elevadas do

terreno, mas a todo tempo buscando uma integração interior e exterior sem a sensação de

confinamento dos cômodos internos das mesmas.

EMPREENDIMENTO

N

SOL DA MANHÃ SOL DA TARDE

VENTO SUDESTE

33

No entanto, em virtude da privacidade das casas, principalmente quanto a ruídos,

paredes envoltas a essas áreas foram projetadas com auxílio de vegetações como arbustos

simples e vegetações de grande porte para limitar o uso do espaço (figura 12). Além disso, a

especificação de vegetações de grande porte também deve ser considerada por conta da

insolação que acontece nesses espaços, já que o sombreamento causado pelas residências é

parcial, portanto insuficiente para garantir pleno conforto.

Figura 12 - Vista do condomínio.

O projeto busca promover iluminação natural dos cômodos das residências assim

como assegurar a ventilação cruzada – em função disso, aberturas foram dispostas no alto do

volume intermediário das casas com o intuito de favorecer a exaustão do ar quente (figura

13).

N

PAREDES DELIMITADORAS DAS RESIDÊNCIAS

34

Figura 13 - Vista das residências.

Para tanto, o projeto foi desenvolvido a partir dos conceitos e alternativas para se obter

um empreendimento sustentável. Em todo ele foi utilizado métodos, estratégias e princípios

da economia de recursos naturais e de projetar para o homem como:

Coletores solares para aquecimento de água;

Gestão e reutilização da água pluvial;

Telhados verdes, para aumento da área permeável e conforto térmico;

Equipamentos hidráulicos eficientes, incluindo sistemas de irrigação de baixo

consumo;

Dispositivos para redução do consumo de energia elétrica;

Redução no uso de plantas exóticas no paisagismo;

Infraestrutura para coleta seletiva;

JANELA PARA EXAUSTÃO DE AR QUENTE

35

Mobilidade interna e externa;

Utilização de materiais de baixo impacto ambiental como:

tijolos de solo-cimento da Ecocasa;

vidros da Ecolite com baixa reflexão, que reduz a utilização do ar

condicionado e conseqüentemente, o consumo de energia elétrica;

pisos Durafloor Carvalho Montreal originário de florestas renováveis;

portas e esquadrias de madeira certificada;

tintas Suvinil a base de água;

pavimentação em piso sextavado, que favorece a permeabilidade do substrato.

As figuras 14 e 15 demonstram a inserção de alguns dos recursos listados acima no

corpo das edificações.

Figura 14 - Cobertura das residências.

TELHADO VERDE

CAIXA DESTINADA AO

ARMAZENAMENTO DE

ÀGUA PLUVIAL

AQUECEDOR

SOLAR DE ÁGUA

CAIXA D’ÁGUA

36

Figura 15 - Corte BB das residências.

A planta de implantação do empreendimento, a planta baixa, a planta de cobertura, os

cortes e as fachadas das residências encontram-se no Apêndice B.

O sistema de gestão das águas pluviais se dá baseado no modelo do CETHS (Centro

Experimental de Tecnologias Habitacionais Sustentáveis) onde, de acordo com Centeno

(2001), parte das águas precipitadas é absorvida pelo solo, já que a pavimentação caracteriza-

se por pisos sextavados e gramas, e outra parte da água escorre superficialmente e é destinada

a um dreno localizado entre os leitos carroçáveis (figura 16).

Figura 16 - Corte esquemático das ruas. Adaptado de Centeno (2001).

TANQUE DE RECICLAGEM DE ÁGUA PLUVIAL

JANELA PARA EXAUSTÃO

TINTA A BASE

DE ÁGUA

COLETA DE ÁGUA PLUVIAL

CAIXA DESTINADA AO

ARMAZENAMENTO DE

ÁGUA PLUVIAL

37

“Este dreno, composto de pedras amarroadas e brita, desempenhará dois papéis:

infiltração e condução. Uma parte destas águas será absorvida pelo solo enquanto que o resto

será conduzido a dois tanques de acumulação [...] As águas recolhidas serão utilizadas para

irrigação do solo.” (CENTENO, 2001, p. 260).

Figura 17 - Corte esquemático do dreno. Adaptado de Centeno (2001).

a) Entorno

A predominância de gabarito presente na região é de imóveis com até 2 pavimentos,

de uso residencial (figura 18).

Figura 18 - Entorno.

38

O empreendimento conta com uma localização privilegiada por está rodeado de

estabelecimentos como shopping, hospital, posto de combustível, supermercado, feirinha e

central da Samu (figura 19).

Figura 19 - Estabelecimentos próximos. Fonte: http://www.boulevardfeira.com.br/o_shopping.asp

b) Acessos e fluxos

A Rua Coronel José Pinto do Santos, atende essencialmente ao trânsito local e o fluxo

de pedestres acontece de forma moderada. Já na Rua Newton Vieira Rique (via de acesso ao

shopping Boulevard), o fluxo de veículos é intenso, enquanto o trânsito de pedetres ocorre de

forma eventual (figura 20). A Avenida João Durval Carneiro, também localizada nas

imediações do condomínio, por se tratar de um eixo que praticamente corta todo o bairro,

caracterizada como uma via arterial, de boa largura, é dotada de um trânsito agitado e recebe

o fluxo do transporte coletivo local (figura 21).

EMPREENDIMENTO

N

SHOPPING

39

Figura 20 - Fluxo de veículos e pedestres. Figura 21 - Trânsito de transporte coletivo.

c) Vistas

A face frontal do empreendimento está voltada para o Boulevard Shopping (figura 22)

assim como para o Empresarial Mutliplace (figura 23). Tão logo, em outra circunstância, não

há outras vistas a serem trabalhadas em projeto, visto que, outros empreendimentos vizinhos

circundam a área.

Figura 22 - Vista para o Boulevard Shopping. Figura 23 - Vista para o Empresarial Multiplace.

40

d) Vegetação

Apesar de estar vizinho de resquícios de mata nativa que contribui para criação de um

microclima mais ameno na região, o terreno escolhido para o desenvolvimento do projeto,

encontra-se totalmente desprovido de vegetação, sendo esse um fator de maior flexibilidade

na criação da edificação, pois não há um limite estabelecido quanto ao fato de manter uma

vegetação existente, minimizando necessidades de uma possível remoção.

3.3 PÚBLICO ALVO

O público alvo desse empreendimento está relacionado ao usuário que busca conforto,

segurança, comodidade, lazer e satisfação pela escolha da compra.

O Bairro Caseb, onde será inserido o empreendimento, é predominantemente voltado

para edificações de médio padrão construtivo, ou seja dimensões adequadas sem exageros,

revestimentos e acabamentos contemporâneos, mas sem luxo. Nota-se também, uma grande

parcela do bairro em residências baixas unifamiliares que ainda resistem a tendência de

verticalização do bairro por conta da especulação imobiliária. Sendo assim, o condominio

pode suprir essa demanda pela procura de casas baixas.

A valorização do empreendimento também encontra-se associada aos seguintes itens:

Acessibilidade plena às edificações, diferentemente da grande maioria existente;

Bom dimensionamento dos cômodos, onde não se trabalhou nas dimensões mínimas;

Segurança permitida pela escolha de um único acesso, facilitando o monitoramento;

Privacidade, que em muitos casos é desconsiderada pela adoção de afastamentos

mínimos entre edifícios;

Localização privilegiada, nas proximidades de shopping center, supermercados,

feirinha, hospital, central da SAMU, posto de combustível, entre outros;

41

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados os resultados esperados com a concretização da

modelagem.

Tais resultados, em relação aos aspectos construtivos e econômicos do

empreendimento, compõem a lista a seguir:

Com uso e exploração da iluminação natural nas residências, estima-se que haverá

uma melhoria de até 40% no conforto e desempenho de seus ocupantes. O que

significa que os residentes, terão uma sensação de bem-estar aumentada e devido ao

fato exercerão mais satisfatoriamente as suas atividades;

Contando com um sistema de energia solar para o aquecimento de água, cada

residência irá reduzir em 70% os gastos com energia elétrica. Isso traz um ganho

significativo para o planeta, pois economizar energia elétrica significa além de tudo

economizar água, visto que no Brasil a geração dessa energia acontece em sua

maioridade através das usinas hidrelétricas;

A utilização de lâmpadas fluorescentes em todo o empreendimento provocará uma

redução de cerca de 80% no consumo de energia, auxiliando concomitantemente no

combate ao aquecimento global;

A implantação de dispositivos para redução do consumo de energia elétrica como o

dimmer eletrônico aplicado em aproximadamente 75% do imóvel (o que representa o

uso nos quartos e na sala de estar/jantar) permitirá uma economia energética da ordem

de 60%. Já o uso de sensores de presença em áreas comuns, halls e corredores

ocasionará a economia na conta de energia de 30% a 40%;

O uso de equipamentos hidráulicos eficientes como, por exemplo, as descargas com

sistema de sucção a vácuo em todas as residências e sanitários das áreas comuns,

contribuirão com a redução de 80% do consumo de água. Da mesma maneira, as

torneiras de fechamento automático utilizadas nas casas irão reduzir em até 55% no

consumo de água e as torneiras eletrônicas de abertura e fechamento automático por

sensor utilizadas na área de lazer e vestiários irão reduzir nesse consumo até 70%.

Essa aplicação significa um grande proveito, mediante a redução correspondente das

42

descargas de águas residuais, que implicará no menor custo de tratamento e

distribuição e consumos energéticos associados;

A instalação de um telhado verde absorverá até 70% da água da chuva, ajudando a

reduzir o transbordamento das águas pluviais e aumentando a vida útil dos sistemas de

escoamento. Além disso, a energia gasta em cada residência com refrigeração será

diminuída em 25% e durante o inverno, o telhado reterá o calor diminuindo custos

também com aquecimento;

A prática de reutilizar a água da chuva nas residências inferirá no arrefecimento do

consumo de água da rede pública juntamente com a minimização do custo do seu

fornecimento, assim como evitará a utilização irrisória de água potável nas descargas

de vasos sanitários, lavagem de halls e garagens, entre outros. Da mesma forma, o

reaproveitamento de água pluvial nas áreas comuns do condomínio, captada através

dos drenos existentes entre os leitos carroçáveis, acarretará na minimização das

enchentes, por represar parte da água que teria de ser encaminhada para o sistema de

drenagem urbana em tanques de acumulação, de onde também será aproveitada para a

irrigação do solo, poupando água limpa;

A implantação de estratégias para preservação das condições naturais locais, que

inclui redução de plantas exóticas no paisagismo, respeito à topografia e inserção de

piso sextavado em ruas e calçadas com a finalidade de aumentar a permeabilidade do

substrato, ocasionará menores modificações nos ecossistemas e conseqüente menor

impacto ambiental;

A realização do projeto e construção utilizando materiais duráveis contribuirá para a

menor necessidade de extração e exploração de matérias-primas beneficiando a

preservação do meio ambiente.

Entretanto, aplicadas todas essas alternativas sustentáveis, o empreendimento

modelado apresentará um custo mais elevado para sua construção do que um condomínio

convencional – que prioriza o uso de materiais mais baratos ao invés de mais duráveis e não

explora estratégias que visem à maximização dos recursos –, porém terá a grande vantagem

de que o custo de sua operação será menor.

43

Outro grande benefício do empreendimento idealizado é que a taxa de condomínio

estimada será mais barata, especialmente pelo menor consumo de energia elétrica e água,

entre outros.

Além dos ganhos construtivos e econômicos, a atenção dada no empreendimento ao

conforto térmico, visual e acústico incidirá diretamente sobre os moradores dessas edificações

proporcionando aos mesmos, melhor qualidade de vida. O projeto é provido de áreas

destinadas a esporte e lazer o que induzirá a prática de exercícios físicos, conferindo aos

moradores uma vida mais saudável. Também conta com aspectos que favorecerão o

pedestrianismo e o uso de transporte público devido ao estabelecimento de pequenos

mercados locais e pela localização privilegiada nas proximidades de um shopping center,

supermercado, feirinha, etc.

Dentre tantos benefícios, ainda pode-se fazer mais. Hoje contamos com um mercado

cheio de inovações, onde as novas e boas idéias precisam ser exploradas e aplicadas nas

construções, sempre com o mesmo objetivo, o de causar impactos positivos à natureza ou ao

menos não impactar. Vale salientar que apesar da existência de inúmeros produtos

denominados sustentáveis, infelizmente eles não são facilmente encontrados no mercado

local. Através de pesquisa de mercado feita com três produtos mencionados em revisão

teórica (tijolo de solo-cimento da Ecocasa, vidro da Ecolite com baixa reflexão e telha

ecológica produzidas com caixa longa-vida) fica constatado que os produtos não são

acessíveis e só são adquiridos em outros locais do país.

Mesmo a dificuldade de acesso aos produtos de baixo impacto ambiental sendo um

empecilho à incorporação dos mesmos aos projetos, o grande desafio à sustentabilidade na

Construção Civil constitui-se primordialmente por alcançar a sustentabilidade social. Em

relação a esse aspecto, o empreendimento proposto foge do que seria a sustentabilidade plena.

O marketing é enfático quando publica que um condomínio como o criado é sustentável,

contudo essa questão apresenta dois lados: um refere-se aos grandes investimentos em

materiais e métodos construtivos eficientes e menos agressivos ao meio ambiente, enquanto o

outro é constituído pelo incentivo, mesmo que indireto, à exclusão social, cercando as

habitações com muros altos e reforçados com cercas elétricas, separando nitidamente quem

pode ou não ter acesso as áreas providas de boa infraestrutura, dotadas de áreas de lazer bem

planejadas e espaços de convivências agradáveis.

44

Os empreendimentos como o modelado tendem a manter uma boa parte da população

marginalizada, já que ao contrário do que se pensa, marginais são os que se encontram

encarcerados nas paredes das suas residências, por temor à violência urbana. Os

empreendedores não estão preocupados em manter um ambiente digno para a toda a cidade

poder usufruir das suas benfeitorias, mas estão preocupados sim em catequizar uma minoria

que detém o capital, de que eles são exclusivos pelos recursos que possuem, e por tal devem

viver em ambientes sempre diferenciados. Eis o motivo pelo qual as construtoras não podem

baratear a sustentabilidade.

Dessa forma, a sustentabilidade tem funcionado como simples atrativo de venda dos

imóveis ao passo que serve de refúgio à consciência dos que não cuidam do planeta em que

vivem ou aos que se iludem com a idéia de que a ação de adquirir uma edificação dessas é

suficiente para “estar fazendo a sua parte”.

45

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como definido inicialmente, o objetivo principal deste trabalho tratava-se de propor

um modelo de construção que reunisse um grande número de iniciativas sustentáveis.

Complementarmente encontravam-se os objetivos de identificar as tecnologias e materiais

denominados verdes ou sustentáveis e interpretar os impactos sócio-ambientais da

implantação do empreendimento em Feira de Santana.

Associando os objetivos complementares foi possível compreender os desafios à

sustentabilidade na Construção Civil, na medida em que os empreendimentos lançados no

mercado se autodenominam sustentáveis e se limitam a utilizarem apenas recursos naturais,

ou artifícios de baixo impacto ambiental. Ficou evidente que não se trata de uma preocupação

do todo, e que o poderoso marketing das empresas do setor da construção se aproveita da falta

de informação da população e do baixo poder de discernimento da mesma para perceber ou

até mesmo exigir nas suas habitações tudo o que exprime essa palavra chamada

“sustentabilidade”.

Outro ponto falho das propagandas que anunciam os empreendimentos “sustentáveis”

está em vangloriar a possibilidade de acomodação de pessoas com diferentes condições

físicas. Não se percebe que o fato também trata de exclusão social e que essa nada mais é do

que a obrigatoriedade. Comum são os discursos que manipulam as mentes do público de que

esse é um diferencial quando na verdade, qualquer empreendimento para subir mais um

degrau da sustentabilidade, deve pregar a igualdade de direitos.

Além disso, não se deve somente deixar a responsabilidade àqueles que executam a

construção, mas também aos que a habitarão e aos que interagem com ela. Trata-se então de

todos os cidadãos, que não só pelos seus direitos recebem esse nome, mas também pelos

deveres que têm a cumprir perante a sociedade. Deveres esses que incluem preservar o

ambiente em que vivem e mantê-lo íntegro para os próximos que nele habitarão.

Considera-se, pois, que os objetivos iniciais da pesquisa foram atingidos, sendo que

além de propor um exemplo típico dos empreendimentos encontrados no mercado imobiliário,

o modelo sirva de base para as iniciativas que estimulem a execução de edificações cada vez

mais sustentáveis.

46

Entretanto, pôde-se concluir que apesar de difundida pela sociedade, as iniciativas de

“construções sustentáveis” encontram-se distantes da plenitude, onde há a combinação entre

moradia eficiente, saúde, educação, lazer, igualdade social, dentre outros, enfim, direito à

cidade. Tais iniciativas não são expressivas no cenário nacional, são na verdade atitudes

pioneiras e que ainda não constituem uma solução.

Mediante a essa situação, surgem os questionamentos: o que poderia ser adotado em

empreendimentos sustentáveis para que os mesmos sejam acessíveis aos consumidores de

menor poder aquisitivo? O público-alvo desses empreendimentos aumentaria se eles fossem

mais baratos? Dentre as alternativas abordadas nesse trabalho, a iluminação e ventilação

natural, por exemplo, constituem uma resposta bastante simples do que poderia ser

incorporado ao projeto a baixos custos. Assim sendo, acredita-se que a demanda do

empreendimento aumentaria visto que a renda não seria mais uma barreira para aquisição

dessas unidades residenciais.

Como forma de incentivo, seria também promissor que o governo em seus programas

habitacionais, estabelecesse critérios mínimos de inserção de alternativas “verdes” nos

projetos a fim de disseminar a cultura de construções sustentáveis.

47

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50

APÊNDICE A – PROGRAMA DE PRÉ-DIMENSIONAMENTO

SETOR PRIVATIVO: Serviço, Social e Íntimo

LOCAL FINALIDADE EQUIPAMENTOS ÁREAS

Área de serviço

Lavar e passar roupas,

guardar materiais de

limpeza.

Máquina de lavar e secar

roupas, tábua de passar

roupas, armários e tanque.

5m²

Sala de estar

Receber pessoas,

assistir TV, ouvir

música, ler.

Sofá, mesa de cento, mesa de

canto, poltronas, TV e

estantes.

15m²

Sala de jantar Fazer refeições. Mesa, cadeiras e aparador. 10m²

Cozinha

Preparar refeições,

estocar condimentos e

lavar louças.

Pia, fogão, geladeira,

bancadas, armários, bancos,

microondas e máquina de

lavar louças.

9m²

Lavabo

Atender as

necessidades

fisiológicas e lavar as

mãos.

Vaso sanitário com descarga

dupla e lavatório. 1,80m²

Quarto

Repousar, assistir TV,

se vestir, guardar

objetos pessoais e

roupas.

Cama, aparadores, poltrona,

armários, TV e mesa de

estudos.

12m²

51

Banheiro Higiene pessoal

Vaso sanitário com descarga

dupla, chuveiro flex (Corona)

e lavatório.

2,5m²

SETOR COMUM: Serviço, Lazer e Circulação

LOCAL USO EQUIPAMENTOS ÁREAS

Lixo

Destinação dada a todo

o lixo segregado do

condomínio até que

seja feita a coleta pelo

serviço público.

Lixeiras de coleta seletiva. 8m²

Guarita

Atendimento a

visitantes e moradores.

Controle na entrada de

pessoas.

Bancada para atendimento,

mesa para anotações, cadeira,

armário para guardar objetos e

banheiro para proximidade

com o atendimento.

6m²

Vestiário

Higiene pessoal dos

funcionários, troca de

uniformes e

acomodação de seus

objetos pessoais.

Vasos sanitários com

descarga dupla, chuveiros,

lavatórios, bancos e

escaninhos.

12m²

Copa Refeições rápidas dos

funcionários.

Pia, fogão, geladeira, bancada

de apoio, bancos e armários. 7m²

Quadra de

esportes Prática de esportes. Cestas, redes e traves. 200m²

52

Sala de

ginástica

Prática de exercícios

físicos.

Bicicletas, esteiras,

colchonetes. 30m²

Churrasqueira

Preparo de alimentos e

suporte no uso do salão

de festas.

Freezers, churrasqueira,

fogão, pia, bancada e

armários.

15m²

Banheiros

Atender as

necessidades

fisiológicas.

Vasos sanitários com

descarga dupla e lavatórios. 13m²

Área para

festas

Receber pessoas para

comemorações. Mesas e cadeiras. 100m²

Ruas

Atender ao fluxo de

veículos destinado

aquele espaço e

permitir manobras.

- Larg = 6m

Calçadas Livre circulação de

pedestres. - Larg = 1,2m

Vaga de

garagem

Estacionamento/Parada

de veículos. - 15m²

53

APÊNDICE B – PROJETOS DO EMPREENDIMENTO

ACESSOVEÍCULOS

ÁREA DESCOBERTA

PISCINA ADULTO

PISC INF

QUADRA POLIESPORTIVA420.00m²

ESTACIONAMENTO

ÁREA COBERTA

PLAYGROUND

PLAYGROUND

ARQUIBANCADAS50cm

200cm

1200X120

1200

X12

0

1200

X12

0

1200X120 1200X120 1200X120

LEGENDA:

PAR

EDE

H=

400C

M

PAREDE H= 200CM

2136,7

PAREDE H= 400CM

PAREDE H= 400CM

PAR

EDE

H=

200C

M

PLANTA DE IMPLANTAÇÃOESCALA 1/200

CASA 1 CASA 2 CASA 3 CASA 4 CASA 5 CASA 6 CASA 7 CASA 8

CASA 11 CASA 12 CASA 16 CASA 15

CASA 9 CASA 10 CASA 13 CASA 14

CASA 18 CASA 17

PARA VISITANTES

ACESSOPEDESTRES

10

57

,7

331,7

14

2,5 3

00

351,7

135,5

151,1

30

0

220120

75

00

2124,8

10

11

56

20

12

5

22

,7

15

655

16

11

,9

654,9

15

01

50

18

87

,41550,3

2800

15

00

80

250

50

0

1207,2

1077,8 685

0cm

10cm

20cm

30cm

30cm

54cm

JAR

DIM

VE

RTI

CA

L

JAR

DIM

VE

RTI

CA

L

PA

RE

DE

H=6

m

PA

RE

DE

H=6

mP

AR

ED

E H

=6m

PA

RE

DE

H=6

m

PA

RE

DE

H=6

m

PA

RE

DE

H=6

m

PA

RE

DE

H=6

m

PA

RE

DE

H=6

mPA

RE

DE

H=6

mP

AR

ED

E H

=6m

PAREDE H=3mPAREDE H=3m

ALTURA DO MURO = 2,50m

QUADRO DE ĆREASĆREA DO TERRENO = 12.375mĮNÜ DE CASAS = 18ĆREA DAS CASAS = 173,60mĮ

NÜ DE PAVIMENTOS = 01ĆREA CONSTRUĉDA = 3.271,73mĮ

RUA NEWTON VIEIRA RIQUE

TANQUE DEACUMULA¢ëO TANQUE DE

ACUMULA¢ëO

DRENO PLUVIAL

0515,3 15 250 15 185

015

8,5

122,3116,5

158,

5

271,4

268,7

95,5

96,3

135

120

1515

200

1550

915

675

1523

,6

110 100 110

15 320

100

QUARTO 114.76mĮ

QUARTO 214.80mĮ

BANHO3.27mĮ

BANHO3.57mĮ

QUARTO 323.24mĮ

CIRCULA¢ëO9.35mĮ

ESTAR/JANTAR40.27mĮ

COZINHA11.69mĮ

A.S.7.88mĮ

BANHO2.22mĮ

GARAGEM28.80mĮ

VARANDA8.48mĮ

BANHO2.46mĮ

LAVABO2.81mĮ

ACESSOPRINCIPAL

RA

MP

A i

= 8%

300X90 150X120 60X60

80X210

80X

210

100X

210

200X

210

150X120

150X120

150X120

60X60

60X60

80X2

10

80X210

90X210

80X210

80X210

80X210

80X210

+54cm

0cm

+45cm

0cm

RA

MP

A i

= 5%

60X60

+52cm

+52cm

+52cm

+52cm

1

2

3

4D

S

S

PLANTA BAIXAESCALA 1/50

ÁREA DE PROJEÇÃO = 210,70m²ÁREA CONSTRUÍDA = 173,60m²

TELHADO VERDE

COLETORESSOLARES

H=200

TELHADO VERDE

TELHADO VERDE

H=10

H=60

TELHADO VERDE

TELHADO VERDE

PLANTA DE COBERTURAESCALA 1/50

CAIXA D'AGUA2000L

CAIXA D'AGUA2000L

DESTINADA AOARMAZENAMENTODE ĆGUA PLUVIAL

Ï1017,1

Ï1560

Ï1160

135

533,

4

1364

,9320

965,3

122,3114

268,7

4410

280

1060

7070

6050

1010

200

1515

1528

510

2024

0

600

544

4410

150

6070

1060

5020

400

280

9012

070

404 36

0

500

COZINHA A.S. BANHOBANHO QUART 1 LAVABO

A.S.C0ZINHAESTAR/JANTARESTAR/JANTARCIRCULA¢ëOBANHO QUARTO 3

0cm

CAIXA D'ĆGUA DESTINADA

RESERVATčRIO SUBTERRĄNEOFI

LTR

O

CAIXA D'ĆGUA DESTINADA

AO ARMAZENAMENTO

TETO JARDIM

AR QUENTE

AR QUENTE

CORTE AAESCALA 1/50

CORTE BBESCALA 1/50

54cm52cm 54cm

52cm 54cm 54cm 52cm

VARANDA

45cm

0cm

DE ĆGUA PLUVIAL

AO ARMAZENAMENTO

DE ĆGUA PLUVIAL

FACHADA PRINCIPALESCALA 1/50

FACHADA FUNDOSESCALA 1/50

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDO

COM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR VERDE BAMBU

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDO

COM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR VERDE

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDOCOM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR VERDEBAMBU

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA APARENTE

VIDRO DA ECO LITE NA COR VERDE

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDOCOM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR BRANCA

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDOCOM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR VIOLETA

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDO

COM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR BRANCA

VIDRO DA ECO LITE NA COR VERDE

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA APARENTE

TIJOLO DE SOLO-CIMENTODA ECOCASA REVESTIDO

COM TINTA A BASE DE ĆGUADA SUVINIL NA COR VERDE

VIDRO DA ECO LITE NA COR VERDE

PORTA DE MADEIRACERTIFICADA

ESQUADRIA EM MADEIRACERTIFICADA NA COR BRANCA

ESQUADRIA EM MADEIRACERTIFICADA NA COR BRANCA