promotoria de justiÇa de proteÇÃo ao meio … · artigo 129 incisos ii e iii da constituição...

44
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO ___________________________________________________ Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____VARA CÍVEL DA COMARCA DE TOLEDO - PARANÁ O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por intermédio de sua Promotoria de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente da Comarca de Toledo, no uso de suas atribuições legais e com especial amparo no artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei n° 8.625/93, nos artigos 2° inciso II, 3º, 5º, 11 e 12 da Lei n° 7.347/85, artigos 3º e 14 da Lei Federal nº 6.938/81 e demais disposições aplicáveis da Lei n.° 8.078/90 e da legislação processual civil em vigor, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, para o fim de ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR DANOS AO MEIO AMBIENTE COM PEDIDOS LIMINARES face a empresa FABRIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FARINHA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 79.642.708/0001-04, situada no Recanto Municipal, PR-317, Km 3, saída para Ouro Verde do Oeste-PR, neste município de Toledo-PR, representada por seu sócio JAIR DOS SANTOS, pelas razões a seguir expostas:

Upload: vuque

Post on 09-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____VARA CÍVEL DA COMARCA DE TOLEDO - PARANÁ

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por intermédio de sua Promotoria de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente da Comarca de Toledo, no uso de suas atribuições legais e com especial amparo no artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei n° 8.625/93, nos artigos 2° inciso II, 3º, 5º, 11 e 12 da Lei n° 7.347/85, artigos 3º e 14 da Lei Federal nº 6.938/81 e demais disposições aplicáveis da Lei n.° 8.078/90 e da legislação processual civil em vigor, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, para o fim de ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR DANOS AO MEIO AMBIENTE COM PEDIDOS LIMINARES

face a empresa

FABRIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FARINHA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 79.642.708/0001-04, situada no Recanto Municipal, PR-317, Km 3, saída para Ouro Verde do Oeste-PR, neste município de Toledo-PR, representada por seu sócio JAIR DOS SANTOS, pelas razões a seguir expostas:

Page 2: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

I - ESCLARECIMENTO INICIAL – A SUCESSÃO e/ou INCORPORAÇÃO COMERCIAL ENTRE AS EMPRESAS INDUSCANY e FABRIL:

No ano de 2008, a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente da Comarca de Toledo e o Instituto Ambiental do Paraná começaram a receber as primeiras notícias de infrações ambientais cometidas pela empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA, inscrita no CNJP nº 84.861.590/0001-37, situada no Recanto Municipal, PR-317, Km 3, saída para Ouro Verde do Oeste-PR, neste município de Toledo-PR, representada por seu sócio JAIR DOS SANTOS.

Em decorrência dos fatos, a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente instaurou os PROCEDIMENTOS PREPARATÓRIOS nº 39/2008, 43/2008 e 84/2008, todos posteriormente unificados e convertidos no INQUÉRITO CIVIL nº MPPR 0148.08.000046-3, tendo como investigada a empresa INDUSCANY.

Em seguida, aos 15 de dezembro de 2008, foi travado entre a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente, o Instituto Ambiental do Paraná e a empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA, um termo de ajustamento de conduta contendo várias cláusulas acerca das irregularidades de funcionamento da empresa, conforme adiante se verá.

Ato contínuo, ainda durante o cumprimento das cláusulas pactuadas no citado Termo de Ajustamento de Conduta, em abril de 2010, a empresa FABRIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FARINHA LTDA, sucedeu a empresa INDUSCANY, mas com CNJP diverso (nº 79.642.708/0001-04) vindo a protocolar em 22/04/2010, perante o INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, a renovação da Licença de Operação nº 2.794 da antiga empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA (Protocolo 780.532-59, IAP/PR).

Embora com CNJP’s diversos, insta esclarecer que a empresa FABRIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FARINHA LTDA, incorporou e sucedeu as atividades da empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA, que teve sua existência baixada somente em março de 2012, contra a qual já existiam várias implicações ambientais nesta Comarca de Toledo.

Tanto é verdade que a empresa FABRIL passou a operar no mesmo prédio, imóvel e local, inclusive com a mesma atividade empresarial (processamento de resíduos de abatedouros), também sendo representada por seu sócio-gerente JAIR DOS SANTOS.

Page 3: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Destarte, não remanesce qualquer dúvida de que a empresa INDUSCANY foi incorporada pela empresa FABRIL, tanto é que durante o processo de renovação da Licença de Operação da primeira empresa, foi a segunda quem protocolou o pedido para continuar operando no local.

Portanto, pela legislação civilista, tributária e ambiental, a sucessão e incorporação de atividades entre as empresas INDUSCANY/FABRIL permitem a responsabilização solidária de ambas:

art. 1116 do Código Civil: “Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos”

art. 133 do Código Tributário Nacional: “A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato: I. Integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II. Subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de 6 (seis) meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão”

art.225 § 3º da Constituição Federal: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

Art.3º da Lei 9.605/98 (Infrações e Crimes Ambientais): “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato”

Page 4: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

II - HISTÓRICO DE INSTALAÇÃO DAS EMPRESAS INDUSCANY e FABRIL:

A empresa INDUSCANY passou a operar no município de Toledo no ano de 2001 no ramo de comercialização de couros, passando no mesmo ano a promover o processamento de subprodutos de origem animal, atividade altamente poluente que envolve a produção de farinha de penas, de sangue e vísceras, bem como a produção de gordura animal oriundos de abatedouros e frigoríficos da região oeste do Paraná.

Para tanto, a empresa obteve licença prévia e licença de instalação junto ao Instituto Ambiental do Paraná, passando a operar na saída de Toledo para Ouro Verde do Oeste, especificamente às margens da PR-317, Km 3, conforme imagens captadas pelo programa Google Earth, anexadas a seguir.

Page 5: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

No mesmo sentido, a empresa foi estabelecida às margens do Rio São Francisco, área considerada de preservação permanente, com ampla mata ciliar, conforme demonstra a imagem abaixo.

As imagens abaixo demonstram que a empresa opera com lagoas de tratamento de efluentes em decorrência do processamento de vísceras, sangue, penas e gordura animal.

Page 6: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

A seu turno, sem critérios mais definidos acerca do Zoneamento Industrial do Município, verifica-se que a empresa, de atividade altamente poluente, foi instalada próximo da cidade, a pouco mais de 5 km da área central de Toledo e num raio aproximado de 3.000 metros do Jardim Coopagro, Jardim Santa Maria, Vila Becker, Jardim Pancera, fundos do Jardim La Salle e adjacências.

Veja-se por outra imagem ampliada dos arredores da cidade (FOTO ABAIXO), que a empresa está situada próxima a uma região condensada de bairros atualmente atingidos por suas operações, destacando-se que se trata de empresa de grande porte.

Isto se deve ao fato de que a empresa processa diariamente cerca de 300 toneladas de vísceras, 60 toneladas de penas e 40 toneladas de sangue, conforme consta na Auditoria Ambiental Compulsória anexada e informações apresentadas ao Ministério Público, tratando-se portanto de empresa com grande potencial poluidor.

Page 7: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Justamente pela natureza de suas atividades (processamento de subprodutos de origem animal) e pela sua localização (às margens da área de preservação ambiental e próxima de vários bairros da cidade), constitui obrigação da empresa operar de acordo com as normas ambientais, providências que foram e estão sendo cabalmente descumpridas nos últimos anos, dando ensejo a adoção de medidas mais gravosas contra o empreendimento pelos órgãos ambientais.

III - HISTÓRICO DE INFRAÇÕES AMBIENTAIS COMETIDAS PELAS EMPRESAS INDUSCANY e FABRIL:

Conforme dito acima, no ano de 2008, a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente da Comarca de Toledo e o Instituto Ambiental do Paraná começaram a receber as primeiras notícias de infrações ambientais cometidas pela empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA, representada por seu sócio JAIR DOS SANTOS.

Em decorrência dos fatos, a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente instaurou os PROCEDIMENTOS PREPARATÓRIOS nº 39/2008, 43/2008 e 84/2008, todos posteriormente unificados e convertidos no INQUÉRITO CIVIL MPPR nº 0148.08.000046-3, tendo como investigada a empresa INDUSCANY.

Page 8: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Do mesmo modo, verifica-se pela documentação que instrui o Inquérito Civil, que desde o início de suas operações o INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ lavrou vários autos de infrações ambientais contra a empresa INDUSCANY a saber:

1. Auto de Infração Ambiental 21.352/2002 - multa de R$4.000.00 (funcionamento da empresa sem obtenção de Licença de Operação)

2. Auto de Infração Ambiental 43.743/2004 - multa de R$2.000.00 (disposição inadequada de resíduos sólidos a céu aberto)

3. Auto de Infração Ambiental 55.889/2005 - multa de R$10.000.00 (lançamento de resíduos líquidos de farinha de carne diretamente em corpo hídrico – Rio São Francisco)

4. Auto de Infração Ambiental 43.814/2006 - multa de R$50.000.00 (liberação e lançamento de odores fétidos e nauseabundos na atmosfera originários de processamento de resíduos de subproduto animal)

5. Auto de Auto de Infração Ambiental 73.852/2007 - multa de R$4.000.00 (lançamento irregular de efluentes líquidos)

6. Auto de Infração Ambiental 40.889/2008 - multa de R$50.000.00(emissão de odores fétidos e nauseabundos na atmosfera originários de processamento de resíduos de subproduto animal)

7. Auto de Infração Ambiental 73.972/2008 - multa de R$15.000.00 (lançamento de efluentes líquidos fora dos parâmetros legais)

Conforme se demonstra pelo histórico supra, a empresa vem sofrendo seguidos autos de infrações desde sua instalação por danos causados ao meio ambiente.

Page 9: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

IV - OPORTUNIDADES CONFERIDAS À EMPRESA PELO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ e pela PROMOTORIA DO MEIO AMBIENTE PARA SE ADEQUAR A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL:

Visando a corrigir as distorções e irregularidades ambientais da empresa INDUSCANY, o INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ, evitando a interdição de suas atividades, conferiu-lhe duas oportunidades para regularização, conforme se vislumbra pelos TERMOS DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA lavrados em 13 de março de 2006 e 10 de março de 2008, onde constaram expressamente as seguintes obrigações:

TAC DE 13 DE MARÇO DE 2006:

“CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO - Tem o presente termo de compromisso como objeto o ajustamento da conduta do compromissário as exigências legais e ambientais vigente, mediante adoção de medidas específicas para sua regularização ambiental perante o órgão ambiental e a sociedade visando obter as condições mínimas necessárias para a obtenção de competente licenciamento ambiental”

CLAUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES - Protocolar junto ao Escritório Regional do IAP de Toledo num prazo máximo de 30 dias a contar a da assinatura do presente termo, processo de requerimento de reconsideração ao indeferimento ambiental imposto no Procedimento Administrativo sob protocolo 8.733.712-0 de Renovação da Licença Ambiental de Operação do empreendimento industrial consolidando projeto técnico de controle de poluentes atmosféricos a ser implantado na industria, o qual deverá ser elaborado por técnico habilitado e contar com a respectiva ART; operar o empreendimento durante o período de adequações sob constante monitoramento, não devendo sobrecarregar os digestores de cozimento e processar somente material em condições adequadas”

TAC DE 10 DE MARÇO DE 2008:

“CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO - Tem o presente termo de compromisso como objeto o ajustamento da conduta do compromissário as exigências legais e ambientais vigente, mediante adoção de medidas específicas para sua regularização ambiental perante o órgão ambiental e a sociedade visando obter as condições mínimas necessárias para a obtenção de competente licenciamento ambiental”

CLAUSULA SEGUNDA – DAS OBRIGAÇÕES - a fim de regularizar ambientalmente a atividade, o compromissário assume perante a

Page 10: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

compromitente as obrigação abaixo relacionadas, considerando o prazo estipulado na cláusula terceira- realizar auto monitoramento continuo das fontes emissoras de poluentes atmosféricos gasosos presentes na unidade industrial, de acordo com o previsto nos artigos 64 e 65 da Resolução 54;/2006-SEMA, seguindo a metodologia presente na Portaria SEMA/IAP 001, de 9 de janeiro de 2008, apresentando ao IAP relatórios semanais das medições realizadas.

Na cláusula sexta do segundo TAC a empresa foi expressamente advertida quanto às consequências do descumprimento do termo de ajustamento:

“CLÁUSULA SEXTA - DO INADIMPLEMENTO – o não cumprimento parcial ou integral das obrigações assumidas na cláusula segunda, dentro do prazo estabelecido na cláusula terceira, sujeitará o compromissário, além da perda do direito a continuidade do processo deliberativo de licenciamento ambiental previsto na cláusula quinta, à aplicação das penalidades e sanções cabíveis nos termos da Lei Federal 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais e de seu Decreto n. 3.179/99, sem prejuízo da reparação do dano ambiental causado”

Não obstante, através de INFORMAÇÃO TÉCNICA lavrada em 10 de abril de 2008, um Fiscal Ambiental do IAP/PR atestou a gravidade da situação envolvendo o funcionamento irregular da empresa:

“.....a constatação da geração de odores por parte da empresa tem sido alvo de constantes reclamações da população residente em vários bairros situados na partes alta da cidade de Toledo, que são afetados diretamente pela ação decorrentes de vento que transportam estes tipos de poluentes afetando gravemente a qualidade do ar e proporcionando condições insalubres para todos os moradores. Caracterizamos que em diversas oportunidade especialmente a note (na madrugada) as condições da qualidade do ar foram largamente afetadas pela poluição gerada pela empresa motivando inúmeras denúncia da comunidade junto ao IAP e mesmo junto aos órgãos de imprensa da cidade. Por sua vez, em diversas oportunidade constatamos que a empresa era a causadora dos problemas de poluição atmosférica, especialmente utilizando uma prática criminosa de desligar os sistema de controle de poluição via sequestradores de odores, com o intuito de economizar energia e produtos químicos”

Em seguida, diante da repercussão social dos fatos, uma Biológica e outro Fiscal Ambiental do IAP/PR dirigiram expediente à Chefia Regional em 21 de novembro de 2008, alertando sobre a continuidade dos problemas da

Page 11: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

empresa, notadamente no que diz respeito à emissão de odores fétidos em vários bairros da cidade pelo processamento de vísceras, sangue e penas de aves pela empresa:

“Em atenção ao Oficio 279/2008 do Ministério Público de Toledo referente aos odores fétidos incidentes na cidade de Toledo no dia 13/11/2008, por volta das 19:30 horas, informamos: 1. A vigilância do prédio do IAP/ERTOL recebeu vários telefonemas denunciando a ocorrência de odores. 2. A empresa INDUSCANY DO BRASIL processadora de vísceras animais foi vistoriada e notificada tendo em vista a incidência de odores em seu entorno. Na ocasião foi constatado geração de odores diretamente dos digestores de cozimento; filtro biológico para os efluentes gasosos em funcionamento e sem a geração e odores; processamento de vísceras e aves; processamento de sangue e penas; parte da matéria prima (vísceras e aves) com características de putrefação”

Diante do quadro, dando uma última e derradeira oportunidade à empresa para se adequar à legislação ambiental sob pena de interdição, em 15 de dezembro de 2008, foi travado entre a Promotoria de Proteção ao Meio Ambiente, o Instituto Ambiental do Paraná e a empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA, um novo Termo de Ajustamento de Conduta contendo várias cláusulas mais detalhadas acerca das irregularidades de funcionamento da empresa e adoção de métodos e prazos para a correção dos problemas identificados.

No TAC lavrado entre o MINISTÉRIO PÚBLICO, IAP e a EMPRESA INDUSCANY, esta ficou expressamente advertida que o descumprimento das cláusulas pactuadas ensejariam a interdição de suas atividades:

CLÁUSULA SEGUNDA - DAS OBRIGAÇÕES - visando a regularizar suas atividades de acordo com a legislação ambiental, a empresa INDUSCANY DO BRASIL LTDA. se compromete a assumir as seguintes obrigações junto à Promotoria do Meio Ambiente e Instituto Ambiental do Paraná: 1) visando a evitar a emissão de odores fétidos e nauseabundos decorrentes do processamento de resíduos de origem animal, fica a compromissária obrigada a tomar todas as medidas necessárias para evitar desconforto à população de Toledo; 2) para efetivo controle da capacidade de processamento/industrialização da empresa, fica PROIBIDO à compromissária receber vísceras e ossos de origem animal em volumes superiores àqueles previstos no projeto de tratamento dos efluentes líquidos e gasosos, previamente encaminhados ao Instituto Ambiental do Paraná;

Page 12: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

3) obriga-se a compromissária, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a partir de 05 de janeiro de 2009, em requerer junto ao Instituto Ambiental do Paraná, Licença Prévia das ampliações e/ou alterações definitivas nos processos de produção e/ou nos volumes processados pela indústria, conforme exigência do art.73 da Resolução CEMA n. 65/2008; 4) obriga-se a empresa compromissária, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a apresentar perante o Instituto Ambiental do Paraná e Promotoria do Meio Ambiente, relatório da qualidade dos efluentes finais do sistema de tratamento industrial a partir da coleta de amostras quinzenais, até a emissão de Licença de Operação, para análise do cumprimento dos seguintes parâmetros: pH. DBO/5, DQO, para óleos e graxas e matéria sedimentável; 5) Após a emissão da Licença de Operação a compromissária obriga-se a realizar o auto-monitoramento da qualidade de efluentes finais do sistema de tratamento industrial da empresa, de acordo com a legislação pertinente; 6) obriga-se a empresa compromissária, no prazo máximo de 90 (noventa) dias, a apresentar perante o Instituto Ambiental do Paraná e Promotoria do Meio Ambiente, inventário de resíduos processados na indústria durante todo o ano de 2008, indicando de forma especificada os tipos de resíduos de origem animal recebidos e processados na empresa, a quantidade destes resíduos (quilos e/ou toneladas), bem como a origem destes resíduos (empresa geradora/fornecedora); 7) obriga-se a empresa compromissária, a partir do mês de janeiro de 2009, a informar mensalmente ao Instituto Ambiental do Paraná e à Promotoria do Meio Ambiente, de forma especificada, os tipos de resíduos de origem animal recebidos e processados na empresa, a quantidade destes resíduos (quilos e/ou toneladas), bem como a origem destes resíduos (empresa geradora/fornecedora); 8) obriga-se a empresa compromissária, no prazo máximo de 90(noventa) dias, a apresentar perante o Instituto Ambiental do Paraná e Promotoria do Meio Ambiente, o Plano de Gerenciamento da Resíduos Sólidos, conforme diretrizes da legislação pertinente e orientação do IAP; 9) obriga-se a empresa compromissária, no prazo máximo de 120(cento e vinte) dias, a apresentar perante o Instituto Ambiental do Paraná e Promotoria do Meio Ambiente, Auditoria Ambiental Compulsória, conforme diretrizes do IAP; CLÁUSULA TERCEIRA - DAS PENALIDADES - o descumprimento de qualquer uma das obrigações elencadas na Cláusula Segunda deste termo ensejará a suspensão parcial ou total das atividades da empresa compromissária, mediante ato administrativo dos órgãos ambientais ou execução do presente termo pelo Ministério Público, na forma do art.101 inciso IV c/c o art.110 do Decreto Federal n. 6.514/2008, com o objetivo de impedir a continuidade de processos produtivos em desacordo com a legislação ambiental;

Page 13: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Ato continuo, a empresa INDUSCANY deu início ao cumprimento das obrigações assumidas, passando a realizar auto monitoramento de suas atividades, apresentação de relatórios mensais de suas atividades, incluindo-se AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA (doc. anexado), onde foram identificadas as várias irregularidades ambientais no empreendimento, apontando-se as medidas corretivas necessárias para sua adequação ambiental.

Durante a AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA, foram identificados vários problemas de gestão ambiental na empresa, conforme relatório anexado, os quais subsidiaram as condicionantes para que o INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ concedesse a Licença de Operação à empresa. Na época, o relatório de Auditoria Ambiental Compulsória atestou as seguintes irregularidades ambientais passível de readequação (Anexo 12 – Constatações):

Page 14: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Após a lavratura do TAC junto ao Ministério Público o Inquérito Civil foi suspenso no aguardo do cumprimento das obrigações assumidas, notadamente para implementação das irregularidades apontadas na AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA, sendo que por determinando período a empresa se adequou parcialmente com o objetivo de atender a legislação ambiental, obtendo a LICENÇA DE OPERAÇÃO nº 2.794 em 17 de setembro de 2010, posteriormente prorrogada até 05/09/2013, já sob o nome de FABRIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FARINHA LTDA.

Entretanto, as providências determinadas no último TAC à empresa com o objetivo de se adequar à legislação ambiental perduraram poucos anos, pois em 2012 os antigos problemas ambientais da empresa INDUSCANY/FABRIL retornaram ainda de forma mais contundente, com fatos ainda mais graves, conforme veremos a seguir, evidenciando-se que a empresa abandonou as recomendações do MINISTÉRIO PÚBLICO, do INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ e notadamente aquelas elencadas na AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA.

V - FATO GRAVE OCORRIDO APÓS A LAVRATURA DO ÚLTIMO TAC E OBTENÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO - CRIME AMBIENTAL NO RIO SÃO FRANCISCO

Fato grave que ensejou inclusive a instauração de INQUÉRITO POLICIAL contra a empresa FABRIL e seus Representantes Legais, ocorreu em 30 de julho de 2012, ou seja, após a lavratura do TAC perante o Ministério Público e IAP, bem como após a obtenção de Licença de Operação pela empresa.

Page 15: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Nesse sentido, conforme consta do Auto de Infração Ambiental nº 107.355, em 30 de julho e 2012, técnicos do Instituto Ambiental do Paraná foram informados que a empresa, atuando de forma totalmente nociva ao meio ambiente, havia promovido o lançamento irregular de efluentes industriais (esvaziamento e lagoa de estabilização) diretamente para o interior do Rio São Francisco.

O fato criminoso foi comprovado por inspeção ‘in loco’ de agentes do IAP, onde constatou-se a seguinte conduta ilícita do empreendimento:

“Aproveitando a situação de alta vazão presente no leito do rio, dada a ocorrência de chuvas de boa intensidade na bacia hidrográfica de contribuição, a empresa realizou o lançamento por bombeamento do efluente industrial presente na segunda lagoa do sistema de tratamento dos efluentes industriais de forma irregular, com objetivo de diluir e mascarar o lançamento do efluente industrial no momento propício. Porém, o potencial poluidor do efluente industrial em lançamento irregular resta comprovado nos relatórios de ensaios de análises em anexo”

O gravíssimo dano ambiental foi comprovado inclusive por tomadas fotográficas ora juntadas, tendo o técnico do IAP estimado que foram lançados diretamente no Rio São Francisco cerca de 8 milhões de litros de efluentes poluidores:

As fotografias abaixo, dum total de 20 (vinte) tomadas fotográficas anexadas à inicial, demonstram a ação criminosa da empresa, que instalou uma bomba de sucção na lagoa de tratamento de efluentes, sendo a ação registrada e documentada por Técnico do Instituto Ambiental do Paraná ao receber denúncia sobre a conduta delitiva:

Page 16: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

As tomadas abaixo demonstram que a lagoa foi completamente esvaziada através de bombeamento.....

.....em seguida, todo o material altamente poluente foi lançado diretamente no interior do Rio São Francisco através de tubulação previamente instalada com esse objetivo criminoso

Em decorrência de tais fatos, a empresa foi autuada com multa de R$100.000.00 (cem mil reais) e propôs a redução da multa em 40% (R$60.000.00), com sua conversão para projetos de melhoria em seu próprio parque industrial.

Em virtude da gravidade dos fatos esta Promotoria de Justiça, independente das medidas civis e administrativas, determinou a instauração de Inquérito Policial contra o estabelecimento e seus representantes legais para apurar o crime ambiental previsto no art.54 § 2º, inciso V, da Lei 9.605/98, cujo feito ainda está em fase investigatória.

Page 17: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Do exposto, verifica-se que agindo criminosamente, mesmo após lhe terem sido concedidas várias oportunidades para se adequar ambientalmente, a empresa FABRIL/INDUSCANY perpetrou novo fato grave, evidenciando-se que não é merecedora da licença de operação em vigor, pois atua em detrimento da coletividade e do meio ambiente, devendo ser severamente penalizada nas esferas civil, administrativa e criminal.

VI - NOVOS FATOS GRAVES OCORRIDOS APÓS A OBTENÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO - CONSTANTE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA CIDADE - CHEIRO DE FEDENTINA NO AR

Diante de novas denúncias que vinham chegando ao Ministério Público acerca do funcionamento irregular da empresa, notadamente quanto a emissão de odores desagradáveis em toda a região, esta Promotoria requisitou informações ao IAP sobre o descumprimento da legislação ambiental e notadamente da Licença de Operação concedida à empresa.

Ato contínuo, o Ministério Público foi informado que no dia 12 de dezembro de 2012, Técnicos Especializados do IAP da capital efetuaram vistoria técnica na empresa, apresentando um PLANO DE AÇÃO DE CORREÇÃO DAS NÃO CONFORMIDADES identificadas no empreendimento.

Do exposto, foi determinado à empresa um cronograma de execução de medidas emergenciais para readequação de suas operações, destacando-se que várias das irregularidades identificadas já haviam sido apontados durante a AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA.

Diante da explícita omissão da empresa em atender as determinações, a Chefe Regional do IAP de Toledo alertado a empresa através do Ofício nº 845/2012 que o não atendimento às determinações ensejaria o cancelamento da Licença de Operação.

Em referida vistoria técnica, os técnicos do IAP constataram várias irregularidades a saber (ANEXO 23):

Page 18: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Page 19: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Page 20: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Mesmo após a advertência expressa do IAP no sentido de que a empresa poderia se punida com o cancelamento da Licença de Operação, verifica-se que fazendo tábula rasa das medidas determinadas pelo IAP, bem como violando frontalmente a legislação ambiental, a empresa FABRIL persistiu e ainda persiste cometendo infrações ambientais, causando danos severos ao meio ambiente e à coletividade.

Nesse sentido, conforme oficio encaminhado ao Ministério Público em 13/05/2013, o IAP noticiou a lavratura de novo AUTO DE INFRAÇÃO contra a empresa FABRIL (Auto 108.774, de 12/04/2013), a qual sofreu nova multa de R$70.000.00 (setenta mil reais) por funcionamento em desacordo com as condicionantes de sua licença de operação, ocasionando a liberação de odores nauseabundos para a atmosfera.

Mais uma vez a empresa reconheceu a ocorrência dos fatos e propôs o pagamento imediato da multa com redução de 30% do valor, sequer manifestando interesse em apresentar defesa.

Nesse compasso, verifica-se uma cômoda situação para o empreendimento, pois literalmente está pagando para poluir o meio ambiente.

Nesse interregno, novos fatos graves foram chegando ao MINISTÉRIO PÚBLICO, destacando-se Pedido de Providências da Associação do Distrito de Xaxim, situado nas imediações da empresa, o qual veio até a Promotoria do Meio Ambiente em 16/04/2013 para denunciar que a maioria dos moradores do referidos distrito não mais suportam a mau cheiro e fumaça oriunda das atividades da empresa, as quais inclusive estariam causando problemas de saúde aos moradores.

Em complemento, aos 16 de maio de 2013, novo Pedido de Providências foi protocolado nesta Promotoria pedindo urgentes providências sobre a poluição atmosférica causada pela empresa em decorrência do odor oriundo de suas atividades.

Desta vez se dirigiram a Promotoria a Associação de Moradores do Jardim Santa Maria, Associação de Moradores do Jardim Coopagro, Associação de Moradores da Linha Boiko, Associação de Moradores da Vila Becker, Comunidade Católica do Jardim Santa Maria, Escola Municipal Carlos Friedrich, Colégio Alfa, Comunidade Nossa Senhora de Lourdes, Comunidade São Francisco de Assis, e outros 80(oitenta) munícipes.

Page 21: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Tais fatos são verídicos e notórios, pois nos últimos meses vários bairros da cidade vêm sendo constantemente inundados por uma fedentina sem precedentes no ar, comprovando-se que se trata de poluição atmosférica oriunda do processamento das vísceras, sangue e penas da empresa FABRIL, que apesar de notificada e autuada várias vezes para corrigir seus problemas, não cumpre as determinações do órgão ambiental competente.

Conforme se vê pelo histórico supra, as atividades da empresa FABRIL/INDUSCANY são altamente nocivas ao meio ambiente e à coletividade, demonstrando-se que apesar das várias oportunidades conferidas à empresa pelo MINISTÉRIO PÚBLICO e pelo INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ para se adequar a legislação ambiental, a mesma preferiu os lucros ao invés de investimentos capazes de cessar suas atividades irregulares.

Caso tais operações irregulares não sejam prontamente coibidas, danos irreparáveis poderão sofrer a população e principalmente o meio ambiente afetado pelas atividades da empresa FABRIL, sendo certo que outro caminho agora não resta senão a medida drástica de cessação de suas operações.

VII - O DESCUMPRIMENTO DAS CONDICIONANTES CONTIDAS NA LICENÇA DE OPERAÇÃO DA EMPRESA

Conforme já demonstrado, antes de obter a concessão de LICENÇA DE OPERAÇÃO nº 2.794, a empresa INDUSCANY/FABRIL passou por um histórico processo de infrações e irregularidades ambientais, somente vindo a obter a licença, posteriormente renovada até 05/09/2013, mediante cumprimento de várias exigências e condicionantes, literalmente descumpridas pela empresa.

A teor da legislação ambiental brasileira, nenhuma atividade poluente pode operar sem a existência de prévio Licenciamento Ambiental, considerado um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (art.9º. inciso IV, da Lei 6.938/81), cuja principal função é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente.

A Lei 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente, estipula que é obrigação do empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais do planejamento de seu empreendimento até sua instalação e efetiva operação. Nesse sentido, dita o art.10 da Lei 6.938/81:

“Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais,

Page 22: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental (Redação da Lei Complementar nº 140/2011)

Por sua vez, o art.2º, inciso I, da Lei Complementar 140/2012 (Lei das Competências Ambientais), definiu o licenciamento ambiental como “o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental”.

Em complemento, regulando a matéria atinente às modalidades de Licença Ambiental, seus prazos e validade, a Resolução nº 237/97 do CONAMA estabelece:

Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.

Via de conseqüência, após transcorrer tais etapas e obter a LICENÇA DE OPERAÇÃO, o empreendimento somente pode operar com lastro em condicionantes e sobretudo atendendo a legislação ambiental, sob pena de sujeitar-se a cassação da licença e conseqüente interdição de suas atividades.

Page 23: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

No caso concreto, verifica-se que no decorrer dos últimos anos a empresa FABRIL/INDUSCANY já sofreu 9 (nove) autos de infrações ambientais com pesadas multas, já pactuou 2 (dois) Termos de Ajustamento de Conduta com o Instituto Ambiental do Paraná para adequar suas operações, travou outro Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público e com o IAP para regularizar suas atividades, passou por uma Auditoria Ambiental Compulsória que apontou inúmeras irregularidades passíveis de correção, e finalmente sofreu uma última Inspeção Técnica que determinou um Plano de Ação e Correção de Não Conformidades, mas apesar de todas esta providências, não adotou as medidas necessárias para corrigir seus graves problemas ambientes, os quais persistem e cada vez mais se agravam.

Em conseqüência, o art.19 da Resolução nº 237/97 do CONAMA estabelece que a licença ambiental poderá ser suspensa e/ou cancelada nas seguintes hipóteses, ora aplicáveis ao caso concreto:

Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.

II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.

III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Ora, o caso em exame demonstra de forma clarividente que o caso comporta suspensão e posterior cassação da Licença de Operação do empreendimento, pois a empresa vem constantemente violando as condicionantes de sua licença, bem como violando as normas ambientais mediante degradação do meio ambiente (inciso I).

No mesmo sentido, verifica-se que após obter a Licença de Operação a empresa vem causando graves danos ambientais em área de preservação permanente (Rio São Francisco), danos ambientais graves ao meio ambiente e à coletividade (poluição atmosférica e diminuição da qualidade do ar), afetando vários bairros da cidade e distritos do município.

Page 24: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Diante deste quadro e notadamente das várias oportunidades que já foram concedidas à empresa, outra alternativa não resta senão SUSPENDER LIMINARMENTE SUA LICENÇA DE OPERAÇÃO, bem como aplicar-lhe outras medidas de cunho civil e processual que serão mais adiante formuladas.

VIII - DO DIREITO AMBIENTAL VIOLADO:

A espinha dorsal da proteção ao meio ambiente encontra-se no art.225 da Constituição Federal, onde se dispõe que todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de preservá-lo:

"Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

No mesmo vértice, prevê o art.225, § 3º, da CF/88, que

“as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

Em complemento, a Lei Federal 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, estabeleceu em seu art.2º, que: “Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la”.

Mais adiante, o art.3º da Lei 9.605/98 também permite

a responsabilização da pessoa jurídica que venha a ser beneficiada com a infração ambiental:

“as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício

Page 25: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato”.

Por sua vez, a própria Lei 9.605/98, estabelece que a pessoa jurídica poderá sofrer a suspensão ou interdição de suas atividades quando estiver violando a licença outrora concedida ou violando normas ambientais:

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;

III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

Em complemento, o art.72 da Lei 9.605/98 dispões acerca das penalidades administrativas cabíveis ao empreendimento nocivo ao meio ambiente (grifamos):

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

I - advertência;

II - multa simples;

III - multa diária;

IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;

V - destruição ou inutilização do produto;

Page 26: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

VI - suspensão de venda e fabricação do produto;

VII - embargo de obra ou atividade;

VIII - demolição de obra;

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

X – (VETADO)

XI - restritiva de direitos.

..............

§ 7º - As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

Por seu turno, definindo expressamente o que é degradação ambiental e quais as atividades poluidoras, destaca o art.3° incisos I, II e III da Lei 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente:

"Art. 3º - Para fins previstos nesta Lei, entende-se por I - Meio Ambiente - o conjunto de condições, leis, influências e interações, de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - Degradação da qualidade ambiental - a alteração adversa das características do meio ambiente; III - Poluição e degradação da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população; b) criem condições adversas as atividades sociais e econômicas; c) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; d) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos."

Em complemento, notadamente no caso concreto, onde

temos provas plausíveis de poluição hídrica, poluição atmosférica e operação empresarial em descumprimento das normas ambientais, o Decreto Federal nº 6.514/2008, que regulamentou a Lei 9.605/98 prevê as seguintes infrações e penalidades (grifamos):

Page 27: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Art. 61. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da biodiversidade: Multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais).

Art. 62. Incorre nas mesmas multas do art. 61 quem:

I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para ocupação humana;

II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas ou que provoque, de forma recorrente, significativo desconforto respiratório ou olfativo devidamente atestado pelo agente autuante;

III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade;

IV - dificultar ou impedir o uso público das praias pelo lançamento de substâncias, efluentes, carreamento de materiais ou uso indevido dos recursos naturais;

V - lançar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos ou detritos, óleos ou substâncias oleosas em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou atos normativos;

VI - deixar, aquele que tem obrigação, de dar destinação ambientalmente adequada a produtos, subprodutos, embalagens, resíduos ou substâncias quando assim determinar a lei ou ato normativo;

VII - deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução ou contenção em caso de risco ou de dano ambiental grave ou irreversível; e

VIII - provocar pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais o perecimento de espécimes da biodiversidade.

IX - lançar resíduos sólidos ou rejeitos em praias, no mar ou quaisquer recursos hídricos;

X - lançar resíduos sólidos ou rejeitos in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração;

Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente

Page 28: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

No mesmo vértice, ao regrar a matéria, o art.54 da Lei 9.605/98 inclusive estabeleceu ser crime a conduta em análise:

“Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1.º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 2.º Se o crime: ......... V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos”.

Em complemento, no art. 15 da citada Lei 9.065/98,

ainda se estabelece as circunstâncias agravantes da conduta a saber (grifamos):

“São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados;

Page 29: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

k) no interior do espaço territorial especialmente protegido; l) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

m) mediante fraude ou abuso de confiança; n) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; o) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;

p) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

q) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Destarte, resta clarividente que a empresa está violando inúmeras normas ambientais, degradando não apenas o meio ambiente, mas também a sadia qualidade de vida da população atingida pelo funcionamento nocivo do empreendimento, não podendo o mesmo continuar operando em flagrante violação às normas que regem a proteção ambiental.

IX - A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE E SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO:

Convêm ressaltar que a geração de empregos e tributos pela empresa não pode ser fator a permitir a continuidade de suas atividades danosas ao meio ambiente. Nesse sentido, por força do PRINCÍPO DA SUPREMACIA E INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO, os interesses privados do empreendimento não podem sobrepor-se ao interesse coletivo.

Cite-se como exemplo interessante caso envolvendo a queimada de palha de cana de açúcar no interior do Estado de São Paulo, cuja atividade vinha produzindo fumaças espessas e emissão de substâncias altamente poluentes, como o monóxido de carbono, o que levou o Ministério Público de São Paulo a mover uma série de ações civis públicas contra as empresas sucro-alcooleiras do Estado.

Em várias dessas demandas, as empresas-rés argumentaram que a utilização dessa técnica seria medida necessária, pois a mecanização da atividade não seria economicamente viável para as usinas e destilarias de açúcar e álcool, o que elevaria excessivamente o custo da produção, bem como causaria grave problema social com o desemprego de um contingente muito grande de trabalhadores rurais (os cortadores de cana). Também argumentaram que a queima facilitaria sobremaneira o trabalho braçal dos cortadores.

Page 30: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Todavia, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, confirmando várias sentenças de 1º grau, afastou a argumentação das empresas, com as seguintes premissas na Apelação Cível 211.502-1/9, Sertãozinho-SP:

a) o barateamento do custo da produção com a queima de palha da cana-de-açúcar e o seu corte manual, no lugar da mecanização da atividade, é de interesse exclusivo das empresas-rés, que por ser individual, não pode se sobrepor ao interesse público na proteção do meio ambiente.

b) sob o prisma social, o interesse de aproximadamente 50.000 bóias-frias (número estimado na região) a preservar seus empregos no corte manual da cana, não pode prevalecer sobre o interesse dos outros 900.000 moradores da região afetada, que vinham sofrendo com a poluição causada pelas queimadas.

Referido entendimento foi confirmado perante o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA quando do julgamento de Recurso Especial, o qual novamente destacou que os interesses privados/econômicos não podem sobrepor-se ao interesse coletivo:

“In casu, trata-se originariamente de ação civil pública (ACP) ajuizada pelo MP estadual com o fim de proibir queimada da palha de cana-de-açúcar como método preparatório da colheita desse insumo e de condenar os infratores ao pagamento de indenização da ordem de 4.936 litros de álcool por alqueire queimado. A sentença julgou procedentes todos os pedidos e foi mantida pelo Tribunal a quo. Nessa instância especial, alegou-se que houve ofensa ao art. 27 da Lei n. 4.771/1965 (Código Florestal Brasileiro), uma vez que a queimada é permitida em certos casos, e que a extinção da sua prática não deve ser imediata, mas gradativa, na forma estabelecida pela lei. A Turma negou provimento ao agravo regimental, assentando que estudos acadêmicos ilustram que a queima da palha da cana-de-açúcar causa grandes danos ambientais e que, considerando o desenvolvimento sustentado, há instrumentos e tecnologias modernos que podem substituir tal prática sem inviabilizar a atividade econômica. A exceção prevista no parágrafo único do art. 27 do referido diploma legal (peculiaridades locais ou regionais) tem como objetivo a compatibilização de dois valores protegidos na CF/1988: o meio ambiente e a cultura (modos de fazer). Assim, sua interpretação não pode abranger atividades agroindustriais ou agrícolas organizadas, diante da impossibilidade de prevalência do interesse econômico sobre a proteção ambiental, visto que há formas menos lesivas de exploração. Precedentes citados: REsp 161.433-SP, DJ 14/12/1998, e REsp 439.456-SP, DJ 26/3/2007” (AgRg nos EDcl no REsp 1.094.873-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 4/8/2009) - grifamos.

Caso semelhante também envolveu o julgamento de ADPF 101/DF perante o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL que proibiu a importação de pneus usados de outros países, aplicando ao caso os Princípios de Prevenção, do Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado e da Indisponibilidade do Interesse Público, entendendo que os interesse privados em jogo não poderiam suplantar o interesse público envolvendo a proteção ao meio ambiente e a saúde da população:

Page 31: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

“O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente pedido formulado em argüição de descumprimento de preceito fundamental, ajuizada pelo Presidente da República, e declarou inconstitucionais, com efeitos ex tunc, as interpretações, incluídas as judicialmente acolhidas, que permitiram ou permitem a importação de pneus usados de qualquer espécie, aí insertos os remoldados. Ficaram ressalvados os provimentos judiciais transitados em julgado, com teor já executado e objeto completamente exaurido — v. Informativo 538. Entendeu-se, em síntese, que, apesar da complexidade dos interesses e dos direitos envolvidos, a ponderação dos princípios constitucionais revelaria que as decisões que autorizaram a importação de pneus usados ou remoldados teriam afrontado os preceitos constitucionais da saúde e do meio ambiente ecologicamente equilibrado e, especificamente, os princípios que se expressam nos artigos 170, I e VI, e seu parágrafo único, 196 e 225, todos da CF (“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.... Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”). Vencido o Min. Marco Aurélio que julgava o pleito improcedente. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, ADPF 101/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 24.6.2009. (ADPF-101) - grifamos

Portanto, diante do interesse público que envolve a questão, caso não seja cessada a irregular e inconsequente ação da empresa FABRIL, os danos ao meio ambiente e à população poderão ter caráter irreversível, de forma que compete ao MINISTÉRIO PÚBLICO, como guardião dos interesses indisponíveis da sociedade, zelar pela fiel observância das leis, defendendo os interesses metaindividuais da coletividade.

Na mesma esteira, também compete ao PODER

JUDICIÁRIO, como baluarte da ordem pública, velar pela proteção ao meio ambiente e preservá-lo para as futuras gerações, pois conforme anotou o ex-Ministro SYDNEY SANCHES do Supremo Tribunal Federal, “Vê-se, pois, que no Brasil, a proteção ao meio ambiente só não se tornará efetiva se os legitimados a defendê-lo não o fizerem adequadamente ou não estiverem devidamente aparelhados para isso. Ou, ainda, se o Poder Judiciário, com suas eternas deficiências de pessoal suficiente e qualificado, suas invencíveis insuficiências orçamentárias e administrativas, ou à falta de entusiasmo de seus membros e servidores, não puder responder, a tempo e hora, aos reclamos da sociedade brasileira. Normas constitucionais e legais é que não faltam” (O

PODER JUDICIÁRIO E A TUTELA DO MEIO AMBIENTE - Revista Jurídica nº 204, Out/94, pág.5)

Page 32: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

X) A OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE NA REPARAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE

Conforme já frisado, a Constituição Federal, em seu art.225 § 3º, obriga aqueles que causem danos ao meio ambiente a promover sua reparação. É o chamado PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR (PPP - polluter pays principle) que segundo PAULO DE BESSA ANTUNES “...por força do PPP, aos poluidores não podem ser dadas outras alternativas que não deixar de poluir ou então ter que suportar um custo econômico em favor do Estado que, por sua vez, deverá afetar as verbas assim obtidas prioritariamente a ações de proteção do ambiente. Assim, os poluidores terão que fazer os seus cálculos de modo a escolher a opção economicamente mais vantajosa: tomar todas as medidas necessárias a evitar a poluição, ou manter a produção no mesmo nível e condições e, conseqüentemente, suportar os custos que isso acarreta..” (Manual de Direito Ambiental, 2ª ed., Lúmen Júris, 2008, pg. 133).

No mesmo sentido, conforme adverte PAULO AFFONSO

LEME MACHADO que “...a licença ambiental não libera o empreendedor licenciado de seu dever de reparar o dano ambiental. Essa licença, se integralmente regular, retira o caráter de ilicitude administrativa do ato, mas não afasta a responsabilidade civil de reparar” (Direito Ambiental Brasileiro,

10.ª edição, Ed. Malheiros, São Paulo, 2002, pg. 330).

No caso concreto se comprova materialmente que

abusando de sua licença de operação, a empresa lançou 8 milhões de litros de efluentes líquidos altamente poluentes diretamente no Rio São Francisco, causando danos irreversíveis à flora e fauna aquáticas.

No mesmo prisma, comprova-se que abusando de sua

licença de operação, a empresa ré vem promovendo nefastas conseqüências sociais pela contaminação e degradação da qualidade do ar mediante polução atmosférica, atingindo vários bairros da cidade e distritos do interior.

Nesse prisma, inadmissível tal postura, já que tais práticas

afetam não apenas o meio ambiente como também a sadia qualidade de vida da população, conforme salienta EDIS MILARÉ, ‘o reconhecimento ao direito a um meio ambiente sadio configura-se na verdade, como extensão do direito à vida, que sob o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade da existência, ou seja, a qualidade de vida’ (MILARÉ Edis. Direito do Ambiente: a gestão ambiental em foco. 6. ed.

Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.818). Com base na farta documentação que instrui a presente

ação civil pública, resta comprovada a responsabilidade da empresa ré pela reparação

Page 33: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

do dano ambiental, havendo clara demonstração entre tais danos e o nexo de causalidade, os quais decorrem exclusivamente das atividades do empreendimento.

Nesse sentido, pela previsão contida no art.14, parágrafo

único, da Lei 6.938/81, o poluidor ambiental é obrigado a reparar todos os danos causados ao meio ambiente (grifamos):

art.14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; II - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; IV - à suspensão de sua atividade. (.....) "Parágrafo Único - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente."

No mesmo vértice, prevê o art.225, § 3º, da CF/88, que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

Destarte, deverá a empresa ré ser condenada a reparar todos os danos ambientais causados ao meio ambiente e à coletividade, em valor a ser posteriormente fixada em sede de liquidação da sentença.

Caso não mais haja possibilidade de reparação do dano

ambiental, deverá a empresa ser condenada em dinheiro, conforme previsão do art.3º da Lei 7.347/85, com futura reversão ao Fundo Municipal do Meio Ambiente: “A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.

Page 34: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

XI – DO DANO MORAL AMBIENTAL

Matéria outrora dissidente na doutrina e jurisprudência pátria, hoje resta pacificado o entendimento de que o dano moral ambiental é aplicável às lides que envolvem danos ambientais coletivos.

Com o advento da Lei 8.884/94, que alterou o art.1º da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), admite-se como cabível o arbitramento de danos morais em matéria ambiental (grifamos):

Art. 1º. Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: I - ao meio ambiente;

Nesse sentido, a possibilidade de condenação por dano moral coletivo em ação civil pública, especialmente em matéria ambiental, representa uma inegável conquista da cidadania e um dos meios mais eficazes para prevenir danos ambientais, conforme salientando pelo detalhado voto do Ministro LUIZ FUX ao reconhecer amplamente a possibilidade de ocorrência do dano moral ambiental, sendo seguido pelo Ministro JOSÉ DELGADO, do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

1. O art. 1º da Lei 7347/85 dispõe: "Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: I - ao meio ambiente; II - ao consumidor; III - a bens e direitos de valor artístico. estético. histórico. turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; V - por infração da ordem econômica." 2. O meio ambiente ostenta na modernidade valor inestimável para a humanidade, tendo por isso alcançado a eminência de garantia constitucional. 3. O advento do novel ordenamento constitucional - no que concerne à proteção ao dano moral - possibilitou ultrapassar a barreira do indivíduo para abranger o dano extrapatrimonial à pessoa jurídica e à coletividade. 4. No que pertine a possibilidade de reparação por dano moral a interesses difusos como sói ser o meio ambiente amparam-na o art. 1º da Lei da Ação Civil Pública e o art. 6º, VI, do CDC. 5. Com efeito, o meio ambiente integra inegavelmente a categoria de interesse difuso, posto inapropriável uti singuli. Consectariamente, a sua lesão, caracterizada pela diminuição da qualidade de vida da população, pelo desequilíbrio ecológico, pela lesão a um determinado espaço protegido, acarreta incômodos físicos ou lesões à saúde da coletividade, revelando atuar ilícito contra o patrimônio ambiental, constitucionalmente protegido. 6. Deveras, os fenômenos, analisados sob o aspecto da repercussão física ao ser humano e aos demais elementos do meio ambiente constituem dano patrimonial ambiental. 7. O dano moral ambiental caracterizar-se quando, além dessa repercussão física

Page 35: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

no patrimônio ambiental, sucede ofensa ao sentimento difuso ou coletivo - v.g.: o dano causado a uma paisagem causa impacto no sentimento da comunidade de determinada região, quer como v.g; a supressão de certas árvores na zona urbana ou localizadas na mata próxima ao perímetro urbano. 8. Consectariamente, o reconhecimento do dano moral ambiental não está umbilicalmente ligado à repercussão física no meio ambiente, mas, ao revés, relacionado à transgressão do sentimento coletivo, consubstanciado no sofrimento da comunidade, ou do grupo social, diante de determinada lesão ambiental. 9. Destarte, não se pode olvidar que o meio ambiente pertence a todos, porquanto a Carta Magna de 1988 universalizou este direito, erigindo-o como um bem de uso comum do povo. Desta sorte, em se tratando de proteção ao meio ambiente, podem co-existir o dano patrimonial e o dano moral, interpretação que prestigia a real exegese da Constituição em favor de um ambiente sadio e equilibrado. 10. Sob o enfoque infraconstitucional a Lei n. 8.884/94 introduziu alteração na LACP, segundo a qual passou restou expresso que a ação civil pública objetiva a responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados a quaisquer dos valores transindividuais de que cuida a lei. 11. Outrossim, a partir da Constituição de 1988, há duas esferas de reparação: a patrimonial e a moral, gerando a possibilidade de o cidadão responder pelo dano patrimonial causado e também, cumulativamente, pelo dano moral, um independente do outro. 12. Recurso especial provido para condenar os recorridos ao pagamento de dano moral, decorrente da ilicitude perpetrada contra o meio ambiente, nos termos em que fixado na sentença (fls. 381/382) - (RECURSO ESPECIAL Nº 598.281 - MG (2003/0178629-9)

Nesse mesmo sentido, precedentes do TRIBUNAL FEDERAL REGIONAL da 2ª e 5ª REGIÃO já sopesaram o mesmo entendimento sobre a possibilidade de reconhecimento do dano moral ambiental:

“DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA TUTELA DO MEIO AMBIENTE – OBRIGAÇÕES DE FAZER, DE NÃO FAZER E DE PAGAR QUANTIA – POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DE PEDIDOS – ART. 3º DA LEI Nº 7.347/1985 – INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA – CONDENAÇÃO PARA RECOMPOR O DANO AMBIENTAL CAUSADO E AO PAGAMENTO DE UMA INDENIZAÇÃO PELOS

DANOS ECOLÓGICOS – [...]. 3. É possível a condenação cumulativa em obrigação de fazer ou não fazer e de pagar, sobretudo porque, em matéria ambiental, tal cumulação mostra-se ainda mais premente, em virtude do dano moral provocado à coletividade atingida pela devastação ecológica, tendo esse tipo de dano natureza peculiar, sendo de difícil reparação e mensuração, pelo que a condenação em dinheiro, se não consegue corresponder exatamente aos recursos naturais destruídos, no mínimo desempenha um caráter educativo de intimidação à prática de ações similares. Portanto, a exegese dada pelo juízo é limitativa e não merece prevalecer, sob pena de se deturpar até mesmo o instituto da ação civil pública, que comporta não apenas condenação em prestações pessoais, positivas e negativas (fazer e não fazer), como também de pagar quantia, através de indenização dos danos insuscetíveis de

Page 36: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

recomposição in natura. 4. A natureza do dano ambiental, porque diz respeito a um interesse difuso intangível, exige, além da reparação material – se possível de restituição à situação anterior – a reparação moral coletiva, porque não se atinge uma única esfera jurídica, mas um direito compartilhado transindividualmente por todos os cidadãos. Por isso é que é plenamente possível a condenação em indenização por dano moral coletivo, até porque existe previsão normativa expressa sobre a possibilidade de dano extrapatrimonial em relação a coletividades, consoante se depreende da parte final do art. 1º da Lei nº 7.347/1985. [...]” (TRF 5ª R., AC 431925/CE, 2ª T., Des. Fed. Francisco Barros Dias, DJe 15.09.2009) (grifos nossos)

“PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – RESPONSABILIDADE CIVIL E ADMINISTRATIVA – INDEPENDÊNCIA – RECOMPOSIÇÃO DO AMBIENTE E DANO

MORAL COLETIVO – [...]. 2. Comprovado o dano ambiental coletivo: (I) destruição de matas, inclusive com uso de explosivos, e retirada de grande quantidade de areia da praia, para calçamento da propriedade particular; (II) construção de muro à beira mar; (III) realização de extenso aterro na área da praia; (IV) bloqueio de acesso do público à praia; e (V) manutenção de aves silvestres em cativeiro –, tudo em área de preservação permanente, inserida, outrossim, na Estação Ecológica de Tamoios, a responsabilidade civil é objetiva (art. 225, § 3º, da CF e art. 14, § 1º, da Lei nº 6.938/1981), cabendo ampla reparação. 3. Deve o poluidor ser condenado, como ensina Guilherme Couto de Castro, simultaneamente na recomposição do ambiente, sob pena cominatória, e também em verba a título punitivo (A responsabilidade civil objetiva no direito brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 119-120), também chamada educativa, didática ou por dano moral coletivo, com base no art. 1º da Lei nº 7.347/1985, com a redação determinada pelo art. 88 da Lei nº 8.884/1994. [...]” (TRF 2ª R., AC 292486, 5ª Turma Especializada, Des. Fed. Luiz Paulo S. Araujo Filho, DJU 07.12.2009) (grifos nossos)

Deste modo, além dos sérios transtornos que a atividade irregular da empresa vem exercendo sobre o meio ambiente natural, demonstra-se quantum satis que a população residente em vários bairros da região onde está instalada a empresa vem sendo atingida por fortíssimos odores indejesáveis, cujo fato é notório na cidade, mormente para as pessoas que vivem nas adjacências da empresa ré.

Destarte, deverá a empresa ser condenada a arcar com o pagamento de danos morais ambientais, em cifra a ser arbitrada judicialmente e revertida ao Fundo Municipal do Meio Ambiente para aplicação em projetos de proteção e preservação ambiental na região afetada.

Page 37: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

XII - DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

O artigo 21 da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) determina que se aplicam à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que tenha cabimento, os dispositivos do Código de Defesa do Consumidor.

Do exposto, a inversão do ônus da prova é perfeitamente cabível no caso em análise, posto envolver interesse difuso ambiental bem como direito da coletividade atingida pelas atividades da empresa, a qual vem causando a degradação do meio ambiente.

O artigo 6.º, inciso VIII da Lei 8.078/90 é expresso ao

admitir a inversão do ônus da prova em causa fulcrada na defesa de interesses coletivos e difusos, segundo as regras comuns da experiência.

Tal dispositivo também tem aplicação no âmbito de

proteção ao meio ambiente, pois o Ministério Público ao ajuizar de ações civis públicas desta natureza em franca desvantagem perante o demandado. Nestes termos, por força da inversão do ônus da prova, competirá à empresa ré promover todos os estudos, perícias, análises e diligências necessárias para demonstrar que não está atuando em detrimento ao meio ambiente, já que a documentação acostada pelo Ministério Público prova o contrário. No mesmo sentido, competirá à empresa adotar todas as medidas técnicas cabíveis para identificação dos danos ambientais causados (Estudo de Passivo Ambiental) para fins de reparação ao meio ambiente, conforme já decidiu o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

“Trata-se da inversão do ônus probatório em ação civil pública (ACP) que objetiva a reparação de dano ambiental. A Turma entendeu que, nas ações civis ambientais, o caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado – e não eventual hipossuficiência do autor da demanda em relação ao réu – conduz à conclusão de que alguns direitos do consumidor também devem ser estendidos ao autor daquelas ações, pois essas buscam resguardar (e muitas vezes reparar) o patrimônio público coletivo consubstanciado no meio ambiente. A essas regras, soma-se o princípio da precaução. Esse preceitua que o meio ambiente deve ter em seu favor o benefício da dúvida no caso de incerteza (por falta de provas cientificamente relevantes) sobre o nexo causal entre determinada atividade e um efeito ambiental nocivo. Assim, ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n. 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio da precaução, justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento. Precedente citado: REsp 1.049.822-RS, DJe 18/5/2009”(REsp 972.902-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 25/8/2009).

Page 38: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Decisão similar também já foi adotada pelo TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL ao entender que nas demandas que envolvem proteção ao meio ambiente a inversão do ônus da prova é medida acertada:

“INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA E A ATRIBUIÇÃO DOS CUSTOS DA PERÍCIA

PELO DEMANDADO. Admissibilidade nas demandas que envolvam a proteção ao meio ambiente. Ministério Público e demais co-legitimados ao ajuizamento de ações civis públicas que estão em franca desvantagem perante os demandados. Ementa: Tratando-se de demanda que envolva a proteção ao meio ambiente, é cabível a inversão do ônus da prova e a atribuição dos custos da perícia, pois o Ministério Público e demais co-legitimados ao ajuizamento de ações civis públicas estão em franca desvantagem perante os demandados”. (70002338473, 4.ª Cam. Civ., TJRS, 04.04.2001, rel. Des Wellington Pacheco Barros).

Destarte, para o deslinde da presente ação civil pública,

tem-se como perfeitamente cabível a inversão do ônus da prova no que tange à promoção de estudos, perícias, análises e diligências necessárias para demonstrar que não está atuando em detrimento ao meio ambiente, bem como para avaliar os danos causados ao meio ambiente hídrico e atmosférico em decorrência de suas atividades, para fins de futura reparação do dano ambiental.

XIII - DO PEDIDO LIMINAR VISANDO À SUSPENSÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO DA EMPRESA:

Estando presente e demonstrado o binômio do fumus boni juris e do periculum in mora, bem como o disposto nos artigos 11 e 12 da Lei de Ação Civil Pública (7.347/85), autoriza-se a concessão de medida liminar para SUSPENDER LIMINARMENTE A LICENÇA DE OPERAÇÃO DA EMPRESA:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor.

Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

Conforme amplamente demonstrado nos autos, há anos a empresa ré vem atuando de forma lesiva ao meio ambiente e aos interesses coletivos.

Page 39: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

Mesmo após lhe terem sido concedidas várias oportunidades para se adequar ambientalmente, a empresa preferiu a exploração econômica desenfreada, com a propagação de danos ao meio ambiente e à coletividade.

A “fumaça do bom direito” vem representada pela violação de normas ambientais pela FABRIL, especialmente na contaminação atmosférica, redução da qualidade de vida da população atingida, bem como da emissão de efluentes contaminantes do Rio São Francisco.

O ‘fumus boni iuris’ também vem representado pela explícita reiterada violação da legislação ambiental e das próprias exigências da LICENÇA DE OPERAÇÃO concedida a empresa, autorizando a suspensão da licença na forma do art.22 inciso I e § 1º da Lei 9.605/98, art.19 da Resolução nº 237/97 do CONAMA e art.72, inciso IX e § 7º da Lei 9.605/98:

Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:

I - suspensão parcial ou total de atividades;

........

§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.

Art. 19 – O órgão ambiental competente, mediante decisão motivada, poderá modificar os condicionantes e as medidas de controle e adequação, suspender ou cancelar uma licença expedida, quando ocorrer:

I - Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.

II - Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença.

III - superveniência de graves riscos ambientais e de saúde.

Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:

.............

Page 40: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

IX - suspensão parcial ou total de atividades;

..............

§ 7º - As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares.

O “perigo na demora” reside no prejuízo ambiental diário a que está sendo exposto o meio ambiente, a coletividade e todos os cidadãos que vêm sendo atingidos pelas atividades nocivas da empresa.

Nesse prisma, a denegação da liminar poderia provocar um maior gravame ao meio ambiente, notadamente pelo fato de que a empresa está atuando em desconformidade com a Licença de Operação que lhe foi concedida, circunstancias que autorizam a concessão de liminar para evitar danos nefastos ao meio ambiente, conforme já decidiu o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

“PEDIDO DE SUSPENSÃO. MEIO AMBIENTE. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO. Em matéria de meio ambiente, vigora o princípio da precaução que, em situações como a dos autos, cujo efeito da decisão impugnada é o de autorizar a continuidade de obras de empreendimento imobiliário em área de proteção ambiental, recomenda a paralisação das obras porque os danos por elas causados podem ser irreversíveis acaso a demanda seja ao final julgada procedente. Agravo regimental não provido” (AgRg na SLS 1.323/CE, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/03/2011, DJe 02/08/2011)

Ademais, é preciso ter-se em mente que estamos em sede de proteção de interesses difusos e coletivos, não inter-subjetivos. Assim sendo, o que interessa é evitar a persistência dos danos ambientais, até porque, como já restou provado, este está ocorrendo de modo constante.

Necessária, portanto, diante da aparência do bom direito e do perigo da demora no julgamento da causa, que seja determinada a suspensão liminar da Licença de Operação da empresa ré.

No tocante à verossimilhança da alegação, interessante a lição de NEYTON FANTONI JUNIOR, ao asseverar que:

Page 41: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

“para a obtenção da tutela jurisdicional antecipada também se faz necessário que o requerente convença o juiz da verossimilhança da alegação. Para tanto, poderá valer-se de diversos elementos idôneos de convicção, tais como: a) prova pré-constituída da relação jurídica; b) reconstrução do conteúdo da relação jurídica, os fins por ela visados, o sentido das palavras que exteriorizaram a manifestação de vontade, as conseqüências esperadas e as conseqüências verificadas; c) precedentes judiciais fundados em circunstâncias que se identifiquem ou se assemelhem ao caso concreto mediante confrontação analítica, indicando a razoável tendência da solução a ser definida; d) ofensa a dispositivo legal expresso; e) violação a princípio ou garantia constitucional” (A TUTELA ANTECIPADA À LUZ DA EFETIVIDADE DA CONSTITUIÇÃO E DO PRESTÍGIO DA FUNÇÃO JURISDICIONAL, RJ n.º 215, pág. 31).

Transportando estas palavras para o presente caso, encontram-se presentes todos os pressupostos narrados, ou seja, há prova pré-constituída dos grave danos ambientais oriundos das atividades da empresa, a qual vem violando frontalmente vários dispositivos legais e princípios constitucionais.

Por último, o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação também existe, posto que esta ilegal prática está causando danos irreparáveis ao meio ambiente, sendo evidente que a Licença de Operação da empresa não pode se constituir uma ‘carta branca’ para que opere em desconformidade com a lei.

Aliado a isto, temos a demora natural do trâmite da presente ação, que versa sobre matéria constitucional, cabendo recurso até mesmo ao Egrégio Supremo Tribunal Federal, o que tornará longa a batalha judicial, vindo em desprestígio ao Poder Judiciário e aos interesses coletivos em jogo.

Interessantes nesse tópico, descrever as sábias palavras de TEORI ALBINO ZAVASCKI, a afirmar que: “o processo, instrumento que é para a

realização de direitos, somente obtém êxito integral em sua finalidade quando for capaz de gerar, pragmaticamente, resultados idênticos aos que decorreriam do cumprimento natural e espontâneo das normas jurídicas. Daí dizer-se que o processo ideal é o que dispõe de mecanismos aptos a produzir ou a induzir a concretização do direito mediante a entrega da prestação efetivamente devida, da prestação in natura. E quando isso é obtido, ou seja, quando se propicia, judicialmente, ao titular do direito, a obtenção de tudo aquilo e exatamente daquilo que pretendia, há prestação de tutela jurisdicional específica”. (ANTECIPAÇÃO DA TUTELA E OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER, publicada na RJ n.º 237, pág. 20).

Por fim, cabe ressaltar que a desnecessidade de justificação prévia no presente caso deve prevalecer face o interesse público sob análise, uma vez que a empresa ré vem agindo contra o interesse público, mesmo após lhe terem sido concedidas várias oportunidades para se adequar

Page 42: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

ambientalmente, de modo que seus interesses privados e econômicos não podem sobrepor-se aos interesses difusos e coletivos, sendo certo que a demora na concessão da medida liminar poderá levar ao perecimento do direito, à continuidade e irreversibilidade dos danos ambientais.

Entendimento similar foi sufragado pelo SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA ao negar pedido de suspensão de liminar oriunda de São Luís do Maranhão (Autos nº 1524/MA-2012/0029011-3, Rel. Ministro ARI PARGENDLER):

"Não se olvide, também, que a concessão de licença ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo licenciada, a fim de manter a qualidade ambiental da localidade em que se pretende erigir o empreendimento. O licenciamento (prévio, de instalação ou de operação), pelo seu caráter precário, pode ser cassado, caso as condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas, e não exime o empreendedor de obter outras autorizações ambientais específicas, a depender da natureza do empreendimento, junto aos órgãos competentes, sob pena de incorrerem nas penalidades previstas na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98)....Em matéria de meio ambiente, vigora o princípio da precaução. A ampliação de uma avenida litorânea pode causar grave lesão ao meio ambiente, sendo recomendável, portanto, a suspensão do procedimento de licenciamento ambiental até que sejam dirimidas as dúvidas acerca do possível impacto da obra. Indefiro, por isso, o pedido”

XIV - DOS PEDIDOS ATINENTES AO CASO CONCRETO:

Ante os argumentos supra, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO:

I - EM CARÁTER LIMINAR:

A) liminarmente, e sem a oitiva da parte contrária, seja deferida medida liminar SUSPENDENDO IMEDIATAMENTE A LICENÇA DE OPERAÇÃO DA EMPRESA FABRIL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE FARINHA LTDA, sob pena de aplicação de multa diária de R$50.000000 (cinqüenta mil reais).

B) por força da medida liminar, seja oficiado ao INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ com urgência, dando-lhe ciência da decisão, cujo órgão deverá comunicar a concessão da medida a todos os FORNECEDORES DE MATÉRIA-PRIMA DA EMPRESA RÉ PARA QUE SE ABSTENHAM DE FORNECER-LHE SUBPRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL, sob pena de responsabilidade solidária com o empreendimento.

Page 43: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

C) seja oficiado com urgência à PRESIDÊNCIA DO INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ comunicando-lhe a decisão liminar, para que SUSPENDA, até ordem judicial contrária, o processamento de renovação e/ou ampliação do LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA EMPRESA RÉ, cuja LICENÇA DE OPERAÇÃO possui prazo de validade até 05/09/2013, portanto em vias de processo de renovação.

D) seja desde logo deferida a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, determinando-se à empresa ré que promova todos os estudos, perícias, análises e diligências necessárias para demonstrar que não está atuando em detrimento ao meio ambiente, bem como promova ESTUDO DE PASSIVO AMBIENTAL para identificação e reparação dos danos ambientais causados ao meio ambiente e à coletividade.

II - NO MÉRITO:

A) seja julgada procedente a presente ação civil pública para fins de CASSAÇÃO DA LICENÇA DE OPERAÇÃO e consequente INTERDIÇÃO DEFINITIVA DA EMPRESA FABRIL.

B) seja a empresa ré condenada a ARCAR COM O PASSIVO AMBIENTAL E A REPARAR INTEGRALMENTE OS DANOS MATERIAIS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE E À COLETIVIDADE.

C) seja a empresa ré condenada a ARCAR COM O PAGAMENTO DE DANOS MORAIS AMBIENTAIS EM DECORRÊNCIA DOS PREJUÍZOS CAUSADOS À COLETIVIDADE (DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DO AR e POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA), cujo valor deverá ser revertido ao FUNDO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE (Lei Municipal nº 1.881/2004). D) A isenção de custas e emolumentos nos termos do artigo 18 da Lei n.º 7.347/85 - Lei de Ação Civil Pública; E) A Inversão do ônus da prova, nos termos do artigo 21 da Lei 7.347/85. F) A citação da requerida para, querendo, contestar a presente ação no prazo de 15 dias, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos alegados, processando-se o feito pelo rito ordinário (art.282 e ss. do CPC);

Page 44: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO … · artigo 129 incisos II e III da Constituição Federal, no artigo 25 inciso IV letra 'b' da Lei ... 22/04/2010, perante o INSTITUTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ

PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DA COMARCA DE TOLEDO

___________________________________________________

Rua Almirante Barroso, 3200, centro cívico, fone/fax (45) 3378-5811 - Toledo/Paraná

G) A condenação da empresa ré ao pagamento de honorários de sucumbência ao Fundo Especial do Ministério Público do Estado do Paraná, criado pela Lei Estadual nº 12.241/98), nos termos do artigo 118, inciso II, alínea “a”, parte final da Constituição do Estado do Paraná;

Protesta-se pela produção de todos os meios de prova que se fizerem necessárias, inclusive depoimento pessoal dos representantes legais da empresa, prova pericial, testemunhal e inspeções técnicas.

Protestamos ainda pela ampla produção de prova

documental, notadamente pelos documentos que instruem o INQUÉRITO CIVIL MPPR 0148.08.000046-3, destacando-se que para facilitar a compreensão dos fatos, os documentos citados na petição inicial foram digitalizados nos ANEXOS 01 a 45, enquanto a cópia integral do Inquérito Civil, com aproximadamente 600 páginas, foi digitalizada nos anexos denominados INQUÉRITO CIVIL ANEXOS 01 a 60.

Dá-se à causa, por estimativa, o valor da causa R$1.000.000,00 (hum milhão de reais), para efeitos de alçada.

Nestes termos,

Pede-se deferimento.

Toledo, 27 de maio de 2013.

GIOVANI FERRI Promotor de Justiça