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PROJETO SOBRE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PARA MELHORAR RESULTADOS OPERACIONAIS Pedro Henrique Dorea de Souza Tinoco Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Fábio Luiz Zamberlan RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL FEVEREIRO DE 2017

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PROJETO SOBRE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE

TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PARA MELHORAR

RESULTADOS OPERACIONAIS

Pedro Henrique Dorea de Souza Tinoco

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Fábio Luiz Zamberlan

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Engenharia Mecânica DEM/POLI/UFRJ

PROJETO SOBRE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE TÉCNICAS DE

MANUTENÇÃO PARA MELHORAR RESULTADOS OPERACIONAIS

Pedro Henrique Dorea de Souza Tinoco

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Fábio Luiz Zamberlan

________________________________________________ Prof. Anna Carla Monteiro de Araujo

________________________________________________ Prof. Maria Alice Ferruccio da Rocha

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

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Tinoco, Pedro Henrique Dorea de Souza

Projeto sobre Implementação e Gestão de Técnicas de

Manutenção para Melhorar Resultados Operacionais/Pedro

Henrique Dorea de Souza Tinoco. – Rio de Janeiro: UFRJ /

Escola Politécnica, 2017.

IX, 59 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Fábio Luiz Zamberlan.

Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Curso de

Engenharia Mecânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 49.

1. Manutenção. 2. Qualidade. 3. Gestão.

I. Zamberlan, Fábio Luiz. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Departamento de Engenharia

Mecânica. III, Implementação e Gestão de Técnicas de

Manutenção para Melhorar Resultados Operacionais

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“Sobre essa pedra,

edificarei minha igreja”

Mateus 16:18

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer inicialmente a minha família por estarem sempre do meu lado, apoiando as minhas decisões e me dando força nos momentos difíceis. Sem eles ao meu lado, talvez não tivesse conseguido superar os últimos anos. Ensinaram-me muito com suas palavras, e mais importante ainda, com suas ações. Agradecimento ao Prof. Fábio Zamberlan, por ter me apoiado e orientado ao longo desse projeto que foi um dos maiores desafios que enfrentei ao longo da minha graduação. Agradecimento especial a minha avó e minha dinda que nunca mediram esforços para o melhor que elas podiam, me apoiando e incentivando. À minha mãe, meu padrasto e minhas irmãs que me ensinaram muito com suas ações. A melhor lição é a ensinada pelo exemplo, e eles são exemplo de esforço, trabalho, dedicação a família e sonhar. Apesar das dificuldades, sempre foram sonhadores e com dedicação tornaram seus sonhos realidades. Ao meu pai e tios, que são muito mais do que minha família, são meus amigos, companheiros e exemplos de vida. Ensinaram-me muito sobre humildade, simplicidade e amizade. Apesar da origem humilde são as pessoas mais ricas de amor e sentimentos bons que tive o prazer de conhecer. A todos os meus amigos que caminharam junto comigo durante a minha graduação, nos momentos bons e também nos momentos ruins. Sem eles essa jornada que foi difícil, talvez não tivesse sido possível. Ao Laranja Mecânica FC, Mecats e MecMiguxos, que estiveram nos melhores momentos dos últimos 6 anos. Ganhei muitas coisas durantes a minha graduação em engenharia mecânica, mas com certeza, a amizade deles é uma das mais valiosas. Aos meus professores que apesar das dificuldades e algumas desavenças, sempre tentaram formar os melhores engenheiros desse país e espero honrar o trabalho deles. Ao Brasil, por ser esse país incrível, de beleza e riqueza única. Apesar de todos os problemas que nos assombram, foi o país que me deu segurança, saúde, minha graduação, a oportunidade de estudar em outro país, e me ensinou muito sobre simplicidade, humildade, esforço e trabalho. E Deus, que sempre me deu força e coragem para seguir em frente.

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Resumo do projeto de graduação apresentado ao DEM/UFRJ como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

PROJETO SOBRE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO PARAR MELHORAR RESULTADOS OPERACIONAIS

Pedro Henrique Dorea de Souza Tinoco

Fevereiro/2017 Orientador: Fábio Luiz Zamberlan Curso: Engenharia Mecânica

O constante desenvolvimento de máquinas mais modernas e complexas,

somado a diversificação de modelos, aumenta a importância de uma gestão

estratégica de manutenção mais eficiente e assertiva das mesmas. Quando aplicada

de maneira correta consiste em uma forma de otimização das operações, tempo e

redução dos custos e acidentes. Para que isso ocorra, é necessário o envolvimento da

empresa como um todo, incluindo todos os setores com equipamentos mecânicos,

assim determinando qual o tipo de manutenção será aplicado e suas principais

características e variáveis. O presente projeto é dedicado a técnicas e a tomada de

decisões mais assertivas para melhorar resultados operacionais de uma gestão

industrial descentralizada em forma de rede com unidades separadas e manutenção

eficaz. Através do levantamento bibliográfico, implementação de ferramentas,

pesquisas, e análises, descrevendo de uma forma abrangente, critérios e técnicas

para uma gestão da manutenção, com foco em ferramentas da qualidade e eficiência.

Além disso, busca analisar o cenário e implementar as técnicas de gestão de

manutenção em uma empresa descentralizada de grande porte, com cerca de

duzentos pontos de atendimento espalhados em mais de 7 estados do Brasil e que

sofre com problemas devido a uma gestão da manutenção não eficiente. O resultado é

um projeto que seja replicável para outras empresas de diferentes segmentos.

Palavras-chave: Manutenção, Ferramentas da Qualidade, Resultado Operacional,

Descentralizada.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Engineer.

PROJECT OF IMPLEMENTATION AND MANAGEMENT OF MAINTENANCE TECHNIQUES TO IMPROVE OPERATIONAL RESULTS

Pedro Henrique Dorea de Souza Tinoco

February/2017

Advisor: Fábio Luiz Zamberlan Course: Mechanical Engineer

The constant development of more modern and complex machines, plus the

diversification of models, increases the importance of more efficient and accurate

strategic maintenance management. When applied in the right way, it consists in

optimization of the operation, time and cost and accident reduction. For it happens, it

needs to involve the whole company, it includes all sectors with mechanical equipment,

thus determining what type of maintenance will be applied and its main characteristics

and variables. The present project is devoted to more assertive techniques and

decision for the development of decentralized industrial management in the form of a

network with separate units and effective maintenance to improve operation results.

Through books, implementation of tools, surveys, and analyzes, describing tools and

techniques for maintenance management, focusing on quality tools and efficiency. In

addition, it seeks to analyze the situation and to implement the techniques of

maintenance management in a large and decentralized company, with almost two

hundred points of service spread in more than 7 states of Brazil and that suffers with

problems due to an inefficient maintenance management. The result is a replicable

project for several other companies of different segments.

Keywords: Maintenance, Quality Tools, Operation Results, Decentralized.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................. 1

1.2 Justificativa ........................................................................................................ 2

1.3 Escopo do Projeto .............................................................................................. 4

1.4 Elaboração dos Objetivos .................................................................................. 4

1.5 Definição da Metodologia Aplicada .................................................................... 5

1.6 Estrutura do Trabalho ......................................................................................... 5

2 Revisão sobre Manutenção ................................................................................... 7

2.1 Introdução .......................................................................................................... 7

2.2 Tipos de Manutenção ......................................................................................... 7

2.2.1 Manutenção Corretiva .................................................................................... 7

2.2.2 Manutenção Preventiva .................................................................................. 8

2.2.3 Manutenção Preditiva ..................................................................................... 8

2.3 Escolha do Método de Manutenção ................................................................... 9

3 Métodos, Ferramentas e Análises com Foco em Manutenção ............................ 11

3.1 Princípios da Qualidade na Indústria ................................................................ 11

3.2 Análises e Coleta de Informações .................................................................... 11

3.2.1 Método de Análise de Pareto ........................................................................ 11

3.2.2 Diagrama de Causa e Efeito ......................................................................... 12

3.2.3 Desdobramento da Função da Qualidade - QFD .......................................... 13

3.2.4 Controle Estatístico de Processos - SPC ...................................................... 14

3.2.5 Análise do Tipo e Efeito da Falha - FMEA .................................................... 14

3.3 Técnicas de Gestão de Manutenção ................................................................ 15

3.3.1 Tempo Médio entre Falhas ........................................................................... 16

3.3.2 Tempo Médio para Reparo ........................................................................... 16

3.3.3 Disponibilidade de Equipamentos ................................................................. 16

3.4 Elaboração de Projeto com Ferramentas da Qualidade ................................... 17

4 Situação da Manutenção da Empresa ................................................................. 18

4.1 A Empresa Abordada para Implementação do Projeto ..................................... 18

4.2 A Situação da Manutenção .............................................................................. 18

4.3 Projetos Anteriores ........................................................................................... 20

4.3.1 Check-List do Técnico .................................................................................. 20

4.3.2 Cronograma de Atividades ........................................................................... 21

4.3.3 Adesivo de Manutenção Preventiva .............................................................. 22

4.4 Fatores Internos ............................................................................................... 22

5 Implementação das Ferramentas para Elaboração do Projeto ............................ 24

5.1 Diretrizes do Projeto ......................................................................................... 25

5.2 Descrição do Problema e Responsáveis .......................................................... 26

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5.3 Análise SPC para Recursos Financeiros .......................................................... 27

5.4 Equipamentos de Atuação do Projeto .............................................................. 28

5.5 Análise das Falhas ........................................................................................... 31

5.5.1 Análise de Pareto para Identificação de Problemas ...................................... 32

5.5.2 Análise dos Componentes ............................................................................ 33

5.5.3 Diagrama de Causa e Efeito ......................................................................... 34

5.5.4 Identificação das Principais Causas ............................................................. 38

6 Proposta de Solução ........................................................................................... 39

6.1 Organização do Pátio de Serviço ..................................................................... 39

6.2 Gestão de Maquinário ...................................................................................... 40

6.3 Check-list ......................................................................................................... 41

6.4 Material Complementar .................................................................................... 41

6.5 Agente de Manutenção .................................................................................... 42

6.6 Projeto Piloto .................................................................................................... 43

6.7 Resultados das Ações ...................................................................................... 44

7 Conclusão ........................................................................................................... 47

8 Referências Bibliográficas ................................................................................... 48

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O último século foi marcado pela criação e avanço de novas tecnologias,

responsáveis pelo progresso da medicina, armas militares, aviação, sustentabilidade,

globalização, entre outros fatores que demonstram a diversificação e a complexidade

que a indústria mundial tem passado. Essa evolução também gerou mais

competitividade industrial e como consequência uma demanda interna para aplicação

de processos visando menos desperdícios e maior dinamismo, agilidade e eficiência,

inovação, qualidade e melhorias contínuas, como afirma COSTA (2013). Acredita-se

que a gestão da manutenção deve se desenvolver junto com novas visões

organizacionais, como as organizações “sem paredes”, onde os setores trabalham de

forma próxima e com mais sinergia, voltados para o resultado operacional, se

integrando de maneira eficaz aos processos produtivos das empresas e indústrias.

De acordo com SILVA (2015), a manutenção passou por quatro gerações

industriais devido aos seus contextos históricos, que forçou o desenvolvimento de

cada geração para a próxima. Segue um breve resumo de cada:

1. Primeira Geração: No período anterior a segunda guerra mundial. As

organizações aceitavam os desgastes dos equipamentos e os reparavam

quando ocorriam falhas.

2. Segunda Geração: Entre as décadas de 50 e 70, surgem os

conhecimentos sobre confiabilidade e disponibilidade. Surge a manutenção

preventiva, tentando reduzir as ocorrências de falhas.

3. Terceira Geração: Com o surgimento do Just in Time de produção e

estocagens enxutas na década de 70. O mercado passou a exigir técnicas

mais evoluídas de manutenção.

4. Quarta Geração: Com mercados mais competitivos, as empresas estão

mudando sua visão reativa as falhas, para um modelo proativo. Surge o

começo de acompanhamentos específicos – como as Ordens de Serviços -

, modelos - como a Manutenção Preventiva Total -, e ferramentas – como o

Six Sigma.

A manutenção tem um impacto direto em relação a qualidade e produtividade de

uma empresa, portanto, a gestão da manutenção tem um papel estratégico e

fundamental para melhores resultados operacionais e financeiros. Segundo XENOS

(1998, p. 29),

o objetivo fundamental da manutenção produtiva não é apenas evitar

falhas nos equipamentos, mas aplicar a melhor combinação dos

métodos de manutenção para que a produção não fique prejudicada,

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obtendo como retorno um elevado resultado econômico para toda a

empresa

De acordo com COSTA (2013), o foco da empresa para ser sustentado ao longo

prazo deve ser o alinhamento dos resultados dos processos com a satisfação dos

clientes, tendo como métrica a qualidade dos principais processos produtivos.

A manutenção deve estar envolvida na estratégia da organização, de modo que

ela responda diretamente pela qualidade, que pode ser entendida como

disponibilidade do equipamento, e pela produtividade, que pode ser analisada pelo

desempenho do mesmo, sendo, portanto, de suma importância nos resultados dos

negócios. Existem diferentes maneiras e formulas de analisar produtividade e

qualidade, iremos abordar as formulas de avaliação e analise no capítulo 3.

A escolha das atividades de manutenção adequadas é fundamental para atingir

excelência nos processos e potencialização dos resultados. Contudo, são necessárias

análises quantitativas e qualitativas dos resultados das ações para achar o melhor

modelo de manutenção para aquele setor ou empresa, uma vez que as mesmas

ações aplicadas a empresas e setores distintos podem gerar diferentes resultados.

COSTA (2013) analisa os dados da Associação Brasileira de Manutenção

(ABRAMAN) de 2009 que mostram que as indústrias têm investido, em geral, cerca de

4,14% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em manutenção. Esse aumento nos

valores de investimento comprova o aumento da importância da manutenção dentro

das organizações nos últimos anos, como mencionado acima.

De acordo com XENOS (1998), apesar da existência de cursos, livros e

treinamentos, ainda é alta a quantidade de colaboradores de vários níveis hierárquicos

nas organizações – diretores, gerentes, supervisores e técnicos – de diferentes

setores que não entendem a importância da manutenção e como ela pode influenciar

os resultados operacionais das empresas.

1.2 JUSTIFICATIVA

Segundo BELHOT & CAMPOS (2005, p.126),

a necessidade da racionalização combinada à complexidade

tecnológica inerente aos produtos, processos e equipamentos, exige

a modernização dos conceitos de manutenção, a partir do

reconhecimento de sua participação no cumprimento dos objetivos

empresariais.

Esse “cumprimento dos objetivos empresariais” pode ser explicado a partir da

definição dada por XENOS (1998) de “satisfazer as necessidades das pessoas,

obtendo lucro e garantindo sua própria sobrevivência e crescimento”.

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Figura 1: Níveis Hierárquicos na Manutenção (Fonte: ABRAMAN, 2013

http://www.abraman.org.br/Arquivos/403/403.pdf).

Da Figura 1, cujos dados foram extraídos do Documento Nacional 2013 da

Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos (ABRAMAN), pode-se

observar uma tendência da gestão da manutenção deixar de ser responsabilidade dos

níveis hierárquicos mais altos das empresas – representados no gráfico pela

“Diretoria” – e serem atribuídos aos níveis mais baixos – representados pelo nível

“Gerencial”. Estes dados ratificam a ideia de XENOS (2009), onde diz que os altos

níveis hierárquicos envolvidos com a gestão das organizações não se envolvem como

deveriam com a gestão da manutenção.

Os conceitos explanados acima, somados ao desenvolvimento exponencial da

indústria e ao aumento da competitividade entre as empresas, exige que essas

procurem planos de sustentabilidade para seguirem competitivas nos seus mercados.

Para que isso ocorra, é necessário que haja uma mudança dos métodos e práticas

utilizadas.

O projeto irá abordar as principais ferramentas e práticas encontradas na

literatura e utilizadas na indústria com o foco em melhorar o resultado operacional da

empresa. Além disso, será criado um projeto eficiente em uma empresa nacional de

grande porte, do ramo comercial automotivo, visando melhorar seu resultado

operacional a partir de uma gestão estratégica alinhada com uma manutenção eficaz e

assertiva.

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1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013

Porcentagem de Níveis Hierárquicos Relacionado a Manutenção no Brasil

Diretoria Superintendência Gerencial

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1.3 ESCOPO DO PROJETO

Este projeto é dividido em duas partes.

A primeira corresponde à parte teórica, nela será introduzida a história e o atual

cenário da manutenção, apresentação de conceitos e ferramentas teóricas sobre

gestão da manutenção, baseado nas principais literaturas e práticas organizacionais.

A segunda corresponde à parte prática do projeto, onde será desenvolvida uma

nova abordagem para a gestão da manutenção nas unidades descentralizadas de

uma organização, que fica sediada em São Paulo e que possui unidades em mais de 7

estados, com o objetivo de trazer diferencial competitivo e melhoria nos ganhos

operacionais, alinhados com a cultura da empresa.

O projeto será voltado para as empresas que operam em forma de redes

descentralizadas, contudo, a segunda parte será mais focada na empresa que

implementará o projeto e na atual situação. O projeto pretende desenvolver uma

gestão sintética e replicável de manutenção para o segmento visando melhorias no

desempenho operacional.

1.4 ELABORAÇÃO DOS OBJETIVOS

Como dito anteriormente, apesar dos avanços das técnicas e ferramentas voltadas

para a gestão da manutenção, essa ainda tem sido negligenciada por muitas

empresas.

De acordo com COSTA (2013), a prática da manutenção deve acontecer em

plena sinergia com outros segmentos da empresa visando manter o pleno

funcionamento de todo o sistema. Para que isso aconteça, é necessário criar uma

estratégia que esteja alinhada com a missão, particularidades e visão da empresa,

para atingir grandes índices de aderência e alcançar os objetivos esperados

relacionados a manutenção.

No atual cenário, a prática moderna de manutenção não pode se restringir apenas

às práticas mais simples, como as manutenções corretivas. A mesma deve ser voltada

a manter a qualidade e funcionalidade do maquinário, garantindo que a operação

ocorra com confiabilidade e baixo custo.

Esse projeto tem como principal foco, a implementação de uma gestão da

manutenção eficiente na empresa que será trabalhada com a finalidade de aumentar a

produtividade e confiabilidade dos processos, além de diminuir e controlar as

despesas relacionadas à manutenção dos pátios de serviço. Além disso, esse projeto

propõe ferramentas e metodologias para auxiliar na elaboração das propostas.

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Esse projeto pode ser de grande valia em um cenário onde muitas empresas

sequer possuem controle de suas atividades de manutenção, recorrendo apenas à

manutenção corretiva, no acaso de falhas, sem analisar se uma mudança otimizaria

seus resultados. A seguir, serão apresentadas e explicadas as ferramentas

apropriadas e metodologia adequada para criar propostas de solução para esses

problemas.

1.5 DEFINICÃO DA METODOLOGIA APLICADA

Segundo VERGARA (2005), a gestão da manutenção deve ter como base o

conhecimento através de pesquisa, imersão, análise, classificação, interpretação dos

dados coletados, ideação, prototipagem e desenvolvimento.

Para isso, optou-se em utilizar o conceito da metodologia do “Design Thinking”,

baseado no livro Design Thinking com adaptações voltadas a manutenção. De acordo

com BROWN (2009), a metodologia faz um encontro entre as reais necessidades com

as ferramentas e recursos viáveis para a aplicação de projetos.

Baseado nesse estudo, deve-se montar um protótipo da gestão da manutenção

que será implementado, considerando: quem serão os responsáveis, quantas horas

serão gastas com cada ação, cronograma, remuneração, entre outras variáveis. Uma

vez realizado, a última etapa é testar o protótipo do projeto, com todas as informações

e objetivos claros.

Todas essas etapas devem ser realizadas com foco em criar um projeto aplicável

e replicável com impacto nos resultados operacionais da empresa. Se em alguma

etapa foi analisado desvio do projeto, ou incapacidade de aplicação, retorne e

aprofunde a etapa anterior para gerar uma outra abordagem que seja aplicável e com

foco em resultado.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho será dividido em 7 capítulos.

No capítulo 1 é introduzida a manutenção, abordando como esta pode impactar

positivamente e contribuir para um aumento no desempenho operacional de uma

empresa ou organização, a elaboração de objetivo e introdução a metodologia.

No capítulo 2 é apresentada uma revisão sobre os diferentes tipos de manutenção

e suas principais características.

No capítulo 3 são introduzidas algumas das principais ferramentas da qualidade

que podem ser utilizadas em projetos de manutenção de equipamentos.

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No capítulo 4 é apresentada a empresa que o projeto é aplicado e a situação da

manutenção dentro da companhia.

No capítulo 5 é mostrado como criar o projeto de manutenção, suas vantagens e

cuidados.

No capítulo 6 é exposto o objetivo prático do projeto, que é apresentar a proposta

de solução para o problema de manutenção da empresa.

O capítulo 7 consiste na conclusão do projeto.

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2 REVISÃO SOBRE MANUTENÇÃO 2.1 INTRODUÇÃO

Esse capítulo tem como objetivo apresentar a ciência do planejamento da

manutenção mecânica e suas subclassificações, explicando as principais diferenças

entre cada uma.

De acordo com COSTA (2013), o termo manutenção possui diversas

definições, no entanto, a maioria tem foco nos aspectos preventivos e corretivos da

atividade. Sendo assim, a manutenção vem sofrendo uma evolução, englobando

outros aspectos, como: humanos, de custo e de qualidade e confiabilidade do produto

ou do meio, seja devido à necessidade de empresas mais eficientes para

sobreviverem aos mercados competitivos, ou pelo crescente aumento de exigência de

qualidade pelos consumidores.

Ao longo deste capítulo será apresentado como esses aspectos explicitados

acima se encaixam a cada uma das subclassificações.

2.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO Existem diferentes tipos de manutenção que tem como principal diferença a

forma que ocorre a intervenção. Segundo VIANA (2006), “muitos autores abordam os

vários tipos de manutenções possíveis, que nada mais são do que as formas como

são encaminhadas as intervenções nos instrumentos de produção”. O mesmo afirma

que existe um consenso, com algumas variações, da existência de quatro tipos

principais de manutenção. Todavia, iremos nos aprofundar nos três tipos de

manutenção que serão utilizadas no projeto de implementação de gestão da

manutenção que será explicado posteriormente.

Além disso, é identificar, entre as diferentes formas de manutenção, quais são

as práticas mais eficientes em cada processo para realizar uma combinação eficaz de

diferentes tipos de manutenção. As três práticas de manutenção que serão abordadas

são: manutenção corretiva, manutenção preventiva e manutenção preditiva.

2.2.1 Manutenção Corretiva

Essa foi o primeiro tipo de manutenção a aparecer na indústria, é aquela que

acontece quando surge a falha e consequentemente a demanda de reparo, por isso

também chamada de manutenção a demanda.

VIANA (2006) define manutenção corretiva como: “Manutenção Corretiva é a

intervenção necessária imediatamente para evitar graves consequências aos

instrumentos de produção, à segurança do trabalhador ou ao meio ambiente”. Sendo

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assim, ocorre quebra da linha de produção, gerando queda de produtividade, e custo

com reparo ou até compra de novo maquinário.

De acordo com XENOS (1998), a despesa com o reparo da falha pode ser

menor do que os gastos associados a uma gestão da manutenção mais eficaz. Por

outro lado, essas falhas podem gerar altos custos associados à produtividade do

processo, se a interrupção for excessivamente longa, podendo acarretar prejuízos

significativos para a empresa.

Para ser feita uma gestão da manutenção com ações de manutenção

corretivas eficazes, é necessário ter os recursos apropriados – insumos, mão de obra,

ferramentas e as principais peças em estoque para reposição – preparados para

serem utilizados de forma rápida, com o objetivo de reduzir os impactos sobre a

produtividade do processo.

2.2.2 Manutenção Preventiva

A manutenção preventiva tem como principal característica as intervenções

realizadas com intervalos de tempo determinados. Esses intervalos podem ser

baseados em medidas de utilização – como ciclos, horas ou distâncias - ou intervalos

de tempo – como dias, semanas ou meses. A partir de dados estatísticos ou do

fabricante serão planejadas as principais atividades como: lubrificação, limpeza,

substituição e verificação.

Segundo VIANA (2006) “Esse tipo de manutenção planejada oferece uma série

de vantagens para um organismo fabril, com relação à corretiva”. Algumas das

principais vantagens são: a redução das interrupções do processo de produção em

intervalos aleatórios, melhor gestão da produção realizando intervenções em

momentos que afetem minimamente a produção, redução de peças de reposição em

estoque e menos mão de obra para intervenção que para o reparo.

Para que ocorra uma gestão baseada em manutenção preventiva, algumas

variáveis são cruciais para garantir a eficiência da gestão. O controle das atividades

através de relatórios e inspeções periódicas das atividades, treinamento e formação, e

a colaboração dos responsáveis pelas atividades, são algumas das variáveis que

precisam fazer parte da gestão da manutenção para o sucesso do projeto.

2.2.3 Manutenção Preditiva

A manutenção preditiva é o tipo de manutenção que visa analisar parâmetros

da situação das máquinas e equipamentos, levando em consideração o desempenho

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ou condições de operação. Se feita de maneira adequada, é possível identificar sinais

que indiquem o potencial de uma falha latente se tornar uma falha real.

Essa avaliação pode ser realizada através de métodos não evasivos, sem que

haja necessidade de parar a operação. Assim como a manutenção preventiva, a

manutenção preditiva tem como foco reduzir a ocorrência de falhas que atrapalhem a

produtividade da empresa. De acordo com XENOS (1998, p.24):

a manutenção preventiva é uma modalidade mais cara olhando

apenas o custo da manutenção, pois as peças e componentes dos

equipamentos são trocados ou reformados antes que atinjam seus

limites de vida. A manutenção preditiva permite otimizar a troca das

peças.

Essas análises são feitas através de métodos mais sofisticados, como

termografia ou análise de vibrações, que exigem tecnologias mais avançadas e

profissionais mais qualificados para realizar as inspeções.

Para que esse tipo de manutenção ajude no projeto de melhora dos resultados

operacionais, a gestão da manutenção deve analisar criteriosamente os principais

equipamentos e componentes que requererão essa inspeção mais sofisticada. Essa

manutenção pode se tornar um bom investimento para a empresa quando se tratar de

equipamentos caros, onde o custo com manutenção a demanda seja alto e com alto

impacto na produtividade do processo.

2.3 ESCOLHA DO MÉTODO DE MANUTENÇÃO

As manutenções corretivas, preventivas e preditivas apresentam uma série de

vantagens e desvantagens em relação as suas práticas. O método mais simples é a

manutenção corretiva, enquanto que podemos considerara a preditiva como o método

mais sofisticado em relação aos três. Entretanto, é possível aplicar mais de um

método simultaneamente em um mesmo equipamento. Focando no objetivo principal

do projeto, a combinação de manutenções em parte do equipamento deve se levar em

conta os aspectos econômicos em relação a falha e ao reparo.

De acordo com VIANA (2013), outros fatores também devem ser levados em

consideração, como:

Recomendações do Fabricante

Segurança do Trabalho e Meio Ambiente

Características do Equipamento

Recursos Econômicos da Empresa

Para exemplificar, XENOS (1998) utiliza o exemplo da manutenção do

automóvel, onde é realizada a manutenção corretiva das palhetas de limpeza do para-

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brisa quando não estiverem mais removendo a agua da chuva, ou as lâmpadas do

farol quando queimarem. A manutenção preventiva ocorre nas trocas periódicas da

pastilha do freio, óleo, correia, ou outras peças críticas do automóvel antes que exista

a ocorrência da falha. Por último, a manutenção preditiva é utilizada na análise dos

sulcos dos pneus através do profundimetro, apenas sendo substituídos quando

atingirem o valor de 2 mm, otimizando o seu período de vida. Sendo assim, a escolha

do tipo de manutenção mais adequada para cada um dos processos pode representar

um investimento com impacto no resultado operacional da empresa, se realizada de

maneira adequada.

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3 MÉTODOS, FERRAMENTAS E ANÁLISES COM FOCO EM MANUTENÇÃO 3.1 PRINCÍPIOS DA QUALIDADE NA INDÚSTRIA

Para um empreendimento se tornar bem-sucedido deve garantir continuamente

três aspectos:

1. Entrega: Produtos ou serviços devem ser entregues dentro das especificações;

2. Custo: O custo do produto ou serviço deve ser competitivo em relação ao

mercado;

3. Qualidade: O produto ou serviço deve atingir a qualidade especifica requerida

pelo consumidor;

Existem duas maneiras de averiguar a qualidade: inspeção, refere-se à

detecção da falha e implica na correção após a sua verificação, e prevenção, que tem

como objetivo reduzir ou eliminar a ocorrência de falhas.

A inspeção é fácil de ser implementada, os inspetores podem ser profissionais

específicos para a inspeção ou os próprios operadores inspecionando o processo.

Resulta na identificação da falha e a ocorrência de reparo torna-se necessária. Por

outro lado, a prevenção tem como objetivo a eliminação da ocorrência da falha,

reduzindo a necessidade de reparos, contudo requer treinamento e profissionais mais

qualificados. A fim de aumentar a eficiência da operação, um sistema baseado em

técnicas e ferramentas de qualidade deve ser elaborado para prevenir defeitos, para

que a empresa não se torne reativa ao surgimento das falhas.

A qualidade em um processo não deve ser um objetivo a ser atingindo, mas

sim um processo contínuo. Para garantir a qualidade requerida pelo cliente, a empresa

deve identificar, através de ferramentas de análise e coleta de informações, quais são

as principais expectativas dos clientes que devem ser cumpridas.

3.2 ANÁLISES E COLETA DE INFORMAÇÕES 3.2.1 Método de Análise de Pareto

O Método de Análise de Pareto é uma ferramenta que tem como objetivo

identificar quais são os fatores principais a serem priorizados. Essa ferramenta é

utilizada na forma de gráfico, conhecido como Gráfico de Pareto. Esse gráfico de

barras verticais permite o ordenamento das frequências ou ocorrência de um

determinado fator ou problema a ser analisado da maior para a menor. Além disso, um

gráfico de linhas acompanha a análise mostrando as frequências acumuladas, com o

objetivo de analisar em quais fatores concentra-se a maioria das ocorrências,

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permitindo a priorização desses fatores mais relevantes de forma clara e fácil. O

Gráfico 1, a seguir, é um exemplo do Gráfico de Pareto.

Gráfico 1: Exemplo de Gráfico de Pareto (Fonte: Elaboração do Autor, 2016).

De acordo com MARTINS JR (2002), o Método de Análise de Pareto permite

dividir um grande problema em diversos problemas menores. Esse método ajuda a

identificar os principais problemas, assim, resolvendo apenas alguns, é possível

resolver grande parte dos problemas. O método também é chamado de diagrama 80-

20 por ser possível identificar quais são os principais 20% dos problemas que causam

80% das falhas.

3.2.2 Diagrama de Causa e Efeito

O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama Espinha de

Peixe ou Diagrama de Ishikawa, é uma apresentação visual que permite organizar as

informações. Segundo MARTINS JR (2002), esse diagrama é uma ferramenta que foi

desenvolvida para representar as possíveis causas de um determinado efeito ou

problema em análise.

A denominação de Diagrama de Espinha de Peixe é devido a sua estrutura

similar ao esqueleto de um peixe, com o efeito, ou problema em análise, representado

pela cabeça do peixe. Enquanto que o corpo segmentado em raízes ou espinhas

representam as causas ou potenciais causas desse problema. Assim, é possível

estratificar as causas em causas menores.

0

20

40

60

80

100

120

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Problema1

Problema2

Problema3

Problema4

Problema5

Problema6

Problema7

Problema8

Gráfico de Pareto

Frequência Acumulado

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Para auxiliar na estratificação das causas, é recomendado utilizar a ferramenta

5W2H. Essa ferramenta consiste em uma série de perguntas que tem como objetivo

entender mais profundamente o problema que está sendo analisado. A Figura 2, a

seguir, ilustra um exemplo do Diagrama de Ishikawa.

Figura 2: Diagrama de Causa e Efeito (Fonte: IPER – Industrial Performance, 2007).

3.2.3 Desdobramento da Função da Qualidade - QFD

Também conhecido como Quality Function Deployment (QFD), consiste em

uma ferramenta criada como o objetivo de avaliar a qualidade, podendo ser acoplada

dentro de um ambiente de melhoria contínua. O QFD é uma ferramenta de

planejamento que tem como objetivo alinhar as expectativas do cliente com o

resultado final. Através de indicadores de desempenho, a mesma possibilita “ouvir” a

voz do cliente e ordená-la de modo a facilitar a análise de suas necessidades.

De acordo com FERNANDES & REBELATO (2006), essa ferramenta foi

desenvolvida com o objetivo de integrar o desenvolvimento do projeto com a

expectativa baseada na percepção de qualidade do cliente.

Existem diversas maneiras de montar o QFD, serão utilizadas duas formas

diferentes nesse projeto. A primeira consiste em identificar quem são os principais

“clientes”, ou seja, quem são as pessoas a quem o projeto deve satisfazer e analisar

quais são as suas principais carências que devem ser resolvidas através do projeto.

Na segunda, a partir da análise das necessidades mais relevantes, projetam-se

indicadores de desempenho para averiguar se essas estão sendo resolvidas através

do projeto.

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3.2.4 Controle Estatístico de Processos - SPC

A ferramenta Statistical Process Control (SPC) de controle de qualidade é

baseada em métodos estatísticos, cuja aplicação principal é o monitoramento de

processos de modo a garantir que estes estão operando dentro de margens pré-

estabelecidas, garantido que o processo está ocorrendo dentro das especificações.

Essa ferramenta é utilizada na forma de gráfico de controle, onde é possível

observar as variações de um determinando aspecto em torno de um número

específico, normalmente a média ou valor especificado, e a tendência desse aspecto.

Somado ao gráfico, é possível criar indicadores de queda de desempenho

representado por tolerâncias e limites.

Normalmente o SPC é utilizado em especificações de projeto ou produção.

Contudo, essa ferramenta também pode ser para acompanhamento dos gastos

referentes a manutenção e seu comportamento ao longo dos meses/anos. A seguir, a

figura 3 ilustra a ferramenta com limites de controle superior e inferior.

Figura 3: Exemplo de SPC com dois limites (Fonte: ProcessMA Site).

A figura 3 mostra uma análise de SPC. Nela é possível identificar como a

amostra se comporta, representado pela linha preta, em torno do valor médio previsto

(CL), que é representada pela linha verde. Também é possível ver limites inferiores

(LCL) e superiores (UCL) em vermelho para controlar as tolerâncias de desvio.

3.2.5 Análise do Tipo e Efeito da Falha - FMEA

A análise Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) busca a prevenção das

principais falhas no processo a ser executado ou revisado. De acordo com

FERNANDES & REBELATO (2006), a Agência Americana Aeroespacial (NASA),

desenvolveu esse método na década de 60 durante a missão Apollo. Devido a seu

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sucesso, em alguns anos começou a ser utilizada de forma mais abrangente nas

indústrias americanas. A Ford Motors Company utilizou a ferramenta na sua linha de

produção de automóveis em 1977, difundindo a ferramenta para sua rede de

fornecedores de peças.

Esta ferramenta possibilita evitar que ocorram falhas reais ou latentes no

processo ou produto para definir soluções ou ações voltadas para diminuir a

frequência ou evitar essas falhas. Assim, aumenta-se a confiabilidade do processo,

reduzindo interrupções da produção e realizando um planejamento mais assertivo

(FERNANDES & REBELATO, 2006).

Com o objetivo de priorizar as principais falhas detectadas, são utilizadas três

análises separadas para cada componente, são elas: ocorrência, detecção e

severidade. A primeira tem como foco a frequência com que ocorre determinada falha

no componente sobre análise; a segunda consiste na capacidade de detectar a falha

antes que ela atinja a percepção de qualidade do cliente; e a última refere-se ao

impacto ou gravidade que determinada falha no componente tem sobre a operação. A

seguir, a Figura 4 mostra um exemplo de FMEA.

Figura 4: Exemplo de FMEA (Fonte: Revista Espacios – Volume 36, 2015).

3.3 TÉCNICAS DE GESTÃO DE MANUTENÇÃO

Decisões gerenciais assertivas são baseadas em análises de informações e

dados sobre o problema. Esta parte do projeto é dedicada a destacar alguns

indicadores de desempenho que podem auxiliar na elaboração e gestão de um projeto

de manutenção.

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Esses indicadores também são chamados de índices. De acordo com

TAVARES (2001), alguns desses indicadores são chamados de “índices de classe

mundial”, por serem utilizadas as mesmas expressões em todos os países.

Serão explicitados três indicadores e suas expressões, com o objetivo de

auxiliar na proposta do projeto.

3.3.1 Tempo Médio entre Falhas Esse índice associa o número de equipamentos com o tempo de operação e a

quantidade de ocorrência de falhas em um determinado espaço de tempo. O objetivo é

ter um indicador de quanto em quanto tempo ocorrerá uma falha.

Segue expressão:

3.3.2 Tempo Médio para Reparo

Esse índice associa o tempo que o equipamento ficou fora de operação, entre

a ocorrência da falha e o seu reparo, em um determinado espaço de tempo. O objetivo

é ter um indicador de quanto tempo o equipamento ficará “em reparo” durante um

determinado período de tempo.

Segue expressão:

3.3.3 Disponibilidade de Equipamentos Esse índice associa o número de equipamentos com o tempo de operação e a

quantidade de ocorrência de falhas em um determinado espaço de tempo. O objetivo é

ter um indicador da fração do tempo que o equipamento fica disponível para a

operação entre duas falhas.

Segue expressão:

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3.4 ELABORAÇÃO DE PROJETO COM FERRAMENTAS DA QUALIDADE

O objetivo da utilização das ferramentas explicadas acima é assegurar a

elaboração e gestão de um projeto aplicável, focado nos principais problemas de

manutenção de empresas e com alto grau de aderência por todos os envolvidos com o

processo. Assegura-se, assim, que o projeto irá atingir seu objetivo principal, que é

tornar a gestão da manutenção em uma solução para melhorar o resultado

operacional da empresa.

Atualmente a manutenção é muitas vezes negligenciada nas organizações,

sendo vista apenas como um centro de custo. Faz parte da proposta do projeto que a

gestão da manutenção não seja apenas voltada para melhores serviços de

manutenção, mas também em melhorar a relação com seus clientes internos e

externos. Como consequência, a manutenção deixa de ser um centro de custo e torna-

se um centro de lucro para a organização.

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4 SITUAÇÃO DA MANUTENÇÃO DA EMPRESA

O projeto tem como objetivo descrever e explicitar uma metodologia aplicável e

intercambiável para tornar a gestão da manutenção em empresas descentralizadas

em redes em oportunidades de melhorias nos resultados operacionais. Esse capítulo

aborda a situação da empresa, a identificação das limitações do projeto e as soluções

propostas anteriormente, analisando seus pontos fortes e fracos.

4.1 A EMPRESA ABORDADA PARA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO A empresa escolhida para a realização do projeto é uma empresa nacional de

grande porte que opera desde a década de 50 na prestação de serviços e

comercialização de componentes automotivos. Nesse projeto a empresa será

chamada de empresa A. Surgiu com uma proposta inovadora de atendimento nas

últimas seis décadas, cresceu, aumentou seu percentual de domínio de mercado,

criou tendências e dominou com excelência o seu segmento. Com o objetivo de

manter esse dinamismo, adotou diferenciais que garantiram seu lugar de destaque

entre os clientes que, direta ou indiretamente, exploram seus serviços ou produtos.

Centralizada em uma grande cidade do Estado de São Paulo, fatura cerca de 3

bilhões de reais anuais, atuando em 7 estados com 193 unidades próprias e mais de

800 credenciados por todo o Brasil, conta com 11 unidades de fabricação e 17 centros

de serviços em segmentos especializados. A empresa A possui a certificação ISSO

9002 desde a década de 90.

4.2 A SITUAÇÃO DA MANUTENÇÃO

Como dito anteriormente, a empresa supracitada opera em diferentes

segmentos, como os centros de serviços especializados, onde a gestão da

manutenção ocorre de maneira padronizada e dentro do regime estabelecido.

Contudo, a situação da manutenção nas 193 unidades próprias divididas em 7 estados

sem uma gestão eficaz teve como consequência o aumento do custo de manutenção

mecânica dessas unidades nos últimos anos. Os gastos referentes a manutenção

mecânica estão previstos para superar R$ 2.000.000,00 em 2016, o que representa

um aumento de 40% comparado aos mesmo gastos em 2012, que foram de R$

1.422.500,00.

De acordo com o departamento de engenharia, a empresa A possuía

funcionários especializados em manutenção predial e dos equipamentos em 2012. No

entanto, esses profissionais muitas vezes reportavam ao departamento de engenharia

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que as máquinas estavam fora de condições de uso, devido à idade e ao

sucateamento das mesmas. Diante dessa situação, decidiu-se mudar de estratégia em

2013, extinguindo os cargos de responsáveis pela manutenção das unidades e

realocando os recursos para compra de novos equipamentos. Os novos se misturam

com os equipamentos que já estavam nas unidades, e alguns foram trocados entre as

unidades, para evitar gargalos de produção, assim, o departamento de engenharia não

conseguiu mapear a longevidade dos novos equipamentos.

No final do ano de 2015, foi feito o planejamento das despesas de manutenção

de maquinário para o ano de 2016, considerando a quantidade de equipamentos nas

unidades e o histórico de gastos referentes a manutenção. Como parte do

planejamento, foram estipulados limites de despesas inferiores e superiores, onde o

limite inferior seria o mínimo que a unidade deveria gastar com manutenção, que

corresponderia a gastos com insumos, como óleo e graxa, e troca de componentes. O

limite superior representaria o máximo que a unidade poderia gastar, para que não

ocorresse uma extrapolação das despesas referentes à manutenção.

Um levantamento referente ao ano de 2016 foi realizado analisando se as

despesas referentes à manutenção de maquinário em cada unidade por mês estavam

dentro dos limites inferiores e superiores. Os indicadores mostraram os seguintes

números:

Janeiro: 31%

Fevereiro 20%

Março: 33%

Abril: 21%

Maio: 20%

Junho: 21%

Julho: 24%

Agosto: 21%

Os indicadores demonstram que durante o período analisado, em média, em

apenas 24% das unidades a manutenção teve os gastos dentro do planejado. Como

consequência, o orçamento previsto inicialmente para todo o ano de 2016 já tinha sido

utilizado até o mês de setembro. Tal situação fez com que o setor de engenharia

fizesse com que todas as despesas referentes a manutenção de equipamentos de

todas as unidades tivessem que ser autorizadas previamente pelo departamento de

contas da engenharia. Essa medida, visando conter gastos, restringiu até o valor

mínimo da manutenção, colocando em risco as operações.

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Em maio de 2016, foram levantados os equipamentos que estavam parados

nas 11 unidades da regional do Rio de Janeiro. Muitos estavam sucateados, com

peças faltando por terem sido repostas em outras máquinas. Quando foi planejada a

ação de retirada dos equipamentos sem condições de reparo, inicialmente foi previsto

uma média de um por unidade, totalizando 11 equipamentos. Por fim, o número real

foi 47 equipamentos sem condições de reparo na regional do Rio de Janeiro.

4.3 PROJETOS ANTERIORES

Como dito anteriormente, em 2013 os cargos responsáveis pela manutenção

das unidades foram extintos, passando a responsabilidade da prática da manutenção

para as unidades e seus funcionários. Essa decisão foi acompanhada de projetos,

para apoiar as unidades a praticarem a manutenção de forma correta. Três projetos

foram implementados, porém todos com baixo grau de aderência e baixos indicadores

de desempenho.

Os projetos são detalhados abaixo com objetivo de entender suas limitações e

falhas evitando que ocorram novamente.

4.3.1 Check-List do Técnico

A primeira solução encontrada pelo departamento de engenharia foi repassar

para as unidades um formulário em formado de lista de verificação. Esse formulário,

conhecido como IC-011, foi elaborado pelos antigos responsáveis pela manutenção

das unidades que foram realocados das unidades regionais para a central da empresa

no departamento de engenharia. Anexo I.

Esses colaboradores se reuniram e debateram sobre suas principais atividades

quando visitaram as unidades de negócio, analisando quais eram as inspeções mais

pertinentes e a maneira que eram realizadas.

Esse formulário de duas páginas continha mais de 230 itens e deveria ser

impresso para ser preenchido com marcações, informações e medidas. Após

preenchido, o formulário deveria ser digitalizado, enviado por e-mail para o

departamento de engenharia e o original enviado via correio

De acordo com o departamento de engenharia, essa primeira abordagem, que

deveria garantir a manutenção das unidades, teve inicialmente um alto grau de

aderência. Contudo, o departamento recebia formulários complexos, com

especificações sem padronização e faltando informações nas mais de 150 lojas, sendo

assim, ele não tinha recursos e pessoas suficientes para averiguar todos os

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formulários, digitaliza-los para planilhas eletrônicas, gerar indicadores de performance

e acompanhamento, e dar as instruções adequadas para as dúvidas ou ações que

deveriam ser tomadas para cada situação reportada. Devido à falta de qualidade no

feedback dos formulários, as unidades que os preenchiam corretamente começaram a

não mais passar as situações com precisão até a paralisação do envio.

4.3.2 Cronograma de Atividades

A segunda abordagem, após o insucesso do IC-011, foi o cronograma de

atividades para conservação e manutenção dos equipamentos, chamado de IC-029.

Essa abordagem, diferente da primeira, não demandava relatórios para o

departamento de engenharia. Era um cronograma com duas páginas com 35

atividades separadas em categorias e cada uma continha as seguintes informações:

se era necessário gerar uma ordem de serviço em caso de alguma falha ou reparo a

ser realizado, se seria necessário preencher uma ficha de serviço para ser preenchida

em caso de alguma falha ou reparo também e a periodicidade das atividades. Anexo

II.

Esse projeto foi desenhado para ser menos burocrático e mais ágil que o

anterior. Sendo assim, o departamento de engenharia iria receber menos materiais

das unidades, que por sua vez só iriam mandar informações caso fosse necessária

uma ficha de serviço para realizar o reparo. A inspeção seria mais curta com menos

itens, assim gerando mais assertividade para as inspeções.

Essa abordagem gerou diversos indicadores para o departamento de

engenharia. Diversas informações coletadas foram importantes para as futuras

tomadas de decisões, dentre elas:

Quais equipamentos tinham mais incidência de falhas;

Quais tipos de falhas ocorriam com mais frequência;

Quais ações de promoção de manutenção tinham mais impacto no resultado

operacional das unidades;

Custo associado a cada tipo de reparo;

Contudo, esse projeto deu origem a uma cultura de manutenção corretiva. A

unidades começaram a abandonar a cultura da manutenção preventiva, que era o foco

da primeira abordagem, e começaram a tornar-se reativas às falhas. Como

consequência, os gastos com manutenção de equipamentos aumentaram, uma vez

que as unidades não tinham mais que reportar para o departamento de engenharia as

atividades de manutenção preventiva.

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4.3.3 Adesivo de Manutenção Preventiva

A terceira abordagem foi a criação de adesivos que deveriam ser colados nos

equipamentos. Esses adesivos continham o tipo de equipamento, a atividade, a

periodicidade e um calendário trimestral para que fosse realizado um

acompanhamento da realização das atividades propostas. Anexo III.

O objetivo dessa abordagem era colocar em prática a cultura da manutenção

preventiva nas unidades, para que os técnicos responsáveis pelos equipamentos

realizassem as atividades sem que fosse necessário utilizar computadores ou folhas

impressas. No entanto, o programa foi implementado sem treinamento ou workshop,

como consequência teve uma baixa aderência nas unidades, indicada por um

aumento nas incidências de falhas e despesas associadas a manutenção de

maquinário.

4.4 FATORES INTERNOS

Análise de fatores internos da empresa são cruciais para a implementação do

projeto. Uma vez estudada a empresa, a situação da manutenção e os projetos

desenvolvidos anteriormente, deve-se voltar para os fatores internos, como:

Visão;

Valores;

Missão;

Faturamento e lucro;

Projeções de venda e mercado;

Modelo organizacional;

Stakeholders relacionados a manutenção;

Entender esses critérios explicitados acima é de total relevância para delimitar

as limitações do projeto.

Alguns exemplos de como esses critérios podem ajudar na implementação do

projeto são descritos abaixo:

Se um dos valores da empresa for o desenvolvimento do colaborador,

podemos utilizar cursos ou treinamento mostrando a importância da

manutenção, não só para melhorar o resultado operacional da empresa,

mas também para elevar o nível de segurança dos colaboradores;

Se uma das missões da empresa for ser a empresa favorita do cliente

no segmento, podemos utilizar ferramentas para analisar onde

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podemos melhorar o nosso atendimento ao cliente e como a

manutenção pode ajudar nisso;

Se a empresa estiver com aumento de faturamento ou expandido o seu

mercado, podemos sugerir que a empresa invista parte desse recurso

em manutenção;

Essas são algumas sugestões de como utilizar fatores internos da empresa

para apoiar a elaboração ou restruturação de projetos de manutenção.

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5 IMPLEMENTAÇÃO DAS FERRAMENTAS PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO

Inicialmente foram levantados os principais motivos que justificavam a

necessidade de um novo projeto de manutenção de equipamentos, mais eficiente que

as propostas anteriores.

Os gastos referentes a manutenção já estavam acima do projetado para o ano

de 2016, fator que justifica a elaboração de novas propostas. Além disso, foi realizada

uma análise das vendas perdidas, ou vendas não convertidas, e seus motivos, cujo

resultado pode ser visto na Tabela 2 a seguir.

MOTIVO DA NÃO CONVERSÃO

PREÇO 23%

PESQUISA 21%

ESTOQUE REGIONAL 19%

ESTOQUE LOJA 13%

TEMPO 11%

TECNICO DOENTE 4%

PROBLEMA TECNICO 4%

FOLGA NO EIXO 2%

OUTROS MOTIVOS 2% Tabela 2: Motivo da Não Conversão (Fonte: Departamento Comercial)

De acordo com a Tabela 2, extraída do Departamento Comercial, 11% das

vendas perdidas tinham como motivo principal o tempo excessivo para a execução do

serviço, que tem como causa: gargalos de produção devido à equipamentos parados

por falta de manutenção adequada ou reparos decorrentes de uma operação baseada

em manutenção corretiva.

Essa análise inicial foi levada ao departamento de engenharia, que concordou

com a necessidade de uma nova abordagem para solucionar os problemas

recorrentes de falta de manutenção adequada e aprovou a criação de um projeto para

propor novas soluções.

Uma vez que a importância da implantação de um novo projeto de manutenção

para melhorar os resultados operacionais da empresa foi compreendida pelos

gerentes responsáveis no departamento de engenharia, esse valor foi difundido de

cima para baixo, através da cadeia hierárquica da empresa, começando com o

departamento de engenharia, gerente regional e gerentes das unidades. Esse

movimento aconteceu até chegar aos responsáveis pela prática das atividades da

manutenção, mostrando a importância e relevância do projeto.

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Os gerentes responsáveis pela gestão das unidades explicitaram as maiores

dificuldades para a eficiência de uma gestão da manutenção de qualidade, e essas

dificuldades foram corroboradas pelos técnicos responsáveis pela manutenção.

No caso da empresa A, foi explicado que as abordagens anteriores tinham

materiais excessivamente técnicos, falta de acompanhamento, falta de treinamento e

cursos sobre manutenção, além de pouco apoio pelo departamento de engenharia. De

acordo com unidades com perfis diferentes e excessivos gastos de manutenção,

esses foram os principais motivos.

5.1 DIRETRIZES DO PROJETO

Através de benchmarking, foi identificado que outras empresas do mesmo

segmento seguem um determinado padrão de manutenção. Esse padrão era baseado

em um líder de manutenção por unidade, desse modo, cada unidade teria um

colaborador responsável por apoiar e incentivar o cumprimento das ações propostas.

Essa concepção já era difundida dentro da empresa A em outras áreas, como

o “Padrinho do Marketing” responsável pelo marketing visual das unidades e o “Líder

de Manutenção” responsável pela manutenção dos centros de serviço especializados.

Esse colaborador não fica responsável por todas as práticas envolvidas no projeto,

mas sim pela gestão das práticas, delegando as ações e incentivando os outros

colaboradores.

Assim, a manutenção torna-se apenas mais uma atividade para o colaborador,

eliminando a necessidade de ter um funcionário especifico apenas para essa função.

Esse modelo, onde um funcionário seria o responsável pela manutenção do

projeto de manutenção, foi levado ao departamento de Recursos Humanos que

aprovou a inserção da atividade de manutenção dentro das responsabilidades do

colaborador da unidade. Essa aprovação era necessária para não ocorrer desvio de

função.

Outro fator importante para justificar essa diretriz foi o posicionamento dos

técnicos em relação a esse modelo. Nas unidades visitadas, os técnicos mostraram-se

a favor dessa diretriz. Os mais velhos já praticavam algumas ações voltadas a

preservação das máquinas e os mais jovens reclamavam da falta de desenvolvimento

profissional e projeção de carreira. Cerca de 8 dos 11 técnicos abordados mostraram-

se interessados em fazer treinamentos e cursos profissionalizantes sobre manutenção.

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26

5.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA E RESPONSÁVEIS

Para a elaboração do projeto é crucial ter o problema bem definido para poder

identificar as melhores propostas de solução.

Os principais problemas a serem solucionados são: os gastos referentes a

manutenção por mês não seguem um padrão esperado, os gastos totais estão

superiores ao planejamento, o alto percentual de perda de venda devido a excesso de

tempo de serviço associado a gargalo de produção e a redução da vida útil dos

equipamentos. Para o projeto alcançar resultados satisfatórios para a Regional do Rio

de Janeiro, acredita-se ser necessário reduzir os custos com manutenção e

redesenhar o planejamento da manutenção, conforme Tabela 3.

CLIENTE NECESSIDADES INDICADOR OBSERVAÇÃO

Regional RJ

Redução do custo de Manutenção Segmento Linha

Leve

Quantidade Ordens de Serviço abertas / equipamento

Gráfico de Pareto

Custo de Manutenção / equipamento SPC

Índice de Compras efetuadas emergencial / equipamento Base de Dados

Índice de Disponibilidade / equipamento Análise Local

Índice de Intervalo entre Falhas / equipamento Análise Local

Índice de Tempo para Reparo / equipamento Análise Local

Redesenhar Plano de

Manutenção Preventiva com maior aderência

as lojas

Quantidade orientações nos postos de trabalho Treinamento

Índice de Padronização da linguagem no sistema OS

Construção de nomenclatura e Boletim Informativo

Simplicidade e Objetividade nas orientações Revisão do Programa

Índice de Manutenção Preventiva / equipamento Base de Dados

Índice de Manutenção Corretiva / equipamento Base de Dados

Tabela 3: Resultados Esperados no Projeto (Fonte: Elaboração do Autor, 2016).

A Tabela 3 foi montada junto com o departamento de engenharia a fim de

identificar quais indicadores seriam úteis para comprovar o resultado do projeto e

como obter os resultados para esses indicadores.

Para designar os responsáveis pelo projeto, foi utilizando o modelo Six Sigma

para hierarquia de projeto, sendo assim:

Patrocinador: Gerente de Engenharia de Equipamentos;

Dono do Projeto: Estagiário de Operações;

Apoio: Um coordenador de engenharia e um analista pleno;

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27

Equipe do Projeto: Gerentes das Unidades de Negócio e colaboradores;

5.3 ANÁLISE SPC PARA RECURSOS FINANCEIROS

A análise SPC, ou Controle Estatístico de Processos, foi utilizada para analisar

se os gastos referentes a manutenção de equipamentos da empresa justificavam a

iniciativa do projeto.

As abscissas da análise foram os meses de 2016, enquanto as coordenadas

foram inicialmente a soma das despesas com manutenção de todas as unidades em

reais. Conforme metodologia Six Sigma, deve ser estipulado dois intervalos de limites,

o primeiro de alerta, ou Warning, e o segundo de ação, ou Action. A linha média

corresponde à média dos gastos referentes a manutenção, enquanto os pontos e

inclinações mostram os gastos referentes a cada mês.

Gráfico 2: Análise dos gastos referentes a manutenção das unidades por mês de 2016 (Fonte:

Empresa A).

Ainda segundo a metodologia, três pontos consecutivos fora do limite superior

de alerta (LWS), variação de 10% conforme informado pela empresa como aceitável,

ou um ponto fora do limite superior de ação (LAS), variação de 20%, indicam a

necessidade de um plano de ação para conter o problema. O mesmo vale para os

limites inferiores. Por inspeção do Gráfico 2, é visível que já no terceiro mês de 2016

existe a necessidade de atuação com um plano de ação.

Foram realizadas análises SPC separadas por unidades em uma amostra

aleatória de dez unidades. Em todas houve a necessidade da atuação com um plano

de ação, o que justifica o resultado da análise realizada.

100000110000120000130000140000150000160000170000180000190000200000210000220000230000240000250000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Despesas Referentes a Manutenção (R$) Período: 2016

R$ Média LAI LAS LWI LWS

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5.4 EQUIPAMENTOS DE ATUAÇÃO DO PROJETO

Um dos requisitos do projeto é ser um projeto viável e relevante, evitando

repetir os erros dos projetos anteriores. Assim, foi analisado através das ordens de

serviços de manutenção que os maiores gastos e frequência de falhas estavam

concentrados nos seguintes equipamentos:

Balanceadora;

Desmontadora;

Alinhamento;

Compressor;

Elevador de Serviço;

Sendo assim, o projeto irá abranger apenas a manutenção desses cinco

equipamentos, evitando que a adição de outros equipamentos menos relevantes

comprometa o objetivo do projeto.

No passado, a empresa tinha diversos tipos e modelos diferentes de

desmontadoras e balanceadoras espalhadas pelas unidades. Com o objetivo de

padronizar esses equipamentos, há alguns anos a empresa vem tralhando junto com

uma empresa fabricante de equipamentos para produzir esses equipamentos

personalizados para atender melhor sua demanda de serviço.

Segundo o Departamento de Engenharia, esses modelos únicos e

personalizados representam mais de 75% de todas as balanceadoras e

desmontadoras da empresa, sendo o restante pulverizado em modelos e marcas

diferentes. No entanto, todos os anos a empresa compra mais desse novo modelo

para substituir as mais antigas de diferentes marcas e modelos, com o objetivo de

padronizar esses equipamentos.

Como os equipamentos supracitados, a compra dos compressores e

alinhamentos são preferencialmente da mesma marca e modelo em todas as

unidades.

Essa análise é importante porque diferentes modelos de um mesmo

equipamento podem solicitar tipos diferentes de manutenção. Com equipamentos

padronizados podemos criar um modelo único de manutenção. Entretanto, para

equipamentos de diferentes modelos existem duas abordagens práticas, explicitadas

abaixo:

1. Para amostras grandes, deve-se procurar padrões de manutenção em comum

que satisfaçam a qualidade da manutenção do equipamento;

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2. Para amostras pequenas, deve-se priorizar modelos de manutenção

personalizados para cada um dos diferentes modelos;

O pátio de elevadores de serviço tem seguido uma linha para a padronização

com o modelo Elevacar. Contudo, ele ainda representa apenas 46% dos modelos de

elevadores de serviço da empresa e a sua substituição ocorre em um ritmo mais lento

quando comparado a substituição de desmontadoras e balanceadoras.

Foi realizada uma análise de Pareto com os diferentes modelos de elevadores

de serviço em todas as unidades consideradas. Os elevadores de serviço devem ter

uma análise mais criteriosa, uma vez que representam a maior parcela das despesas

de manutenção.

As informações referentes ao modelo dos elevadores foram retiradas de duas

bases de dados diferentes: a base de contabilidade, representada no Gráfico 3, e base

do sistema integrado, representada no Gráfico 4.

Gráfico 3: Base de Dados da Contabilidade (Fonte: Empresa A)

ELEVACAR 46%

INDEFINIDO 23%

AUTO BOX 12%

AUTOMAC 9%

ENGECASS 5%

GOETTEN 2%

TECNIBRAS 1%

OUTROS 2%

Contabilidade

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Gráfico 4: Base de Dados do Sistema Integrado (Fonte: Empresa A).

Apesar das duas bases de dados mostrarem dados diferentes, elas

apresentam valores semelhantes para o modelo Elevacar, 46% e 45%

respectivamente. De acordo com a controladoria, a base da contabilidade tem mais

confiabilidade, devido ao fato de ser mais antiga e levar em conta os pedidos de

compra dos equipamentos, enquanto a do sistema integrado ainda é considerada uma

base de dados nova e em transição. Assim, foi levada em consideração a base da

contabilidade.

Com o objetivo de manter em foco os principais modelos utilizados de

elevadores, foi realizada a análise de Pareto dos modelos da base da contabilidade,

representado no Gráfico 5.

ELEVACAR 45%

AUTOBOX 16%

GOETEN 13%

AUTOMAC 10%

ENGECASS 10%

TECNIBRAS 3% OUTROS

2%

CECCATO 1%

Sistema Integrado

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Gráfico 5: Diagrama de Pareto - Modelos de Elevadores (Fonte: Empresa A).

A partir do Gráfico 5, podemos identificar que os modelos Elevacar, Auto Box e

modelos desconhecidos representam 80% dos elevadores. Como dito anteriormente, a

Empresa A vem padronizando seu parque de elevadores com o modelo Elevacar,

sendo assim, o projeto irá ter como foco principal os elevadores deste modelo.

5.5 ANÁLISE DAS FALHAS

Foram organizadas reuniões separadamente com o departamento de

engenharia e os técnicos que utilizam os equipamentos para analisar quais eram as

falhas mais importantes e cruciais que afetavam as operações, sendo essa análise

comparada com informações de fabricantes.

Para os compressores e alinhamentos, foi constatado que as ocorrências de

falhas eram menores quando comparadas aos outros equipamentos. Grande parte

dessas falhas ocorreram devido a fatores externos ao equipamento. Por exemplo,

alguns compressores, por estarem em ambientes fechados e sem corrente de ar para

auxiliar no resfriamento e, no caso de alguns alinhamentos, por pane elétrica devido

ao fato de não estarem ligados ao no-break, conforme recomendação do fabricante.

Para as desmontadoras e balanceadoras, por serem equipamentos de menor

complexidade, muitos dos reparos não são formalizados por serem feitos pelo próprio

técnico. Sendo assim, foi comparada algumas das unidades com despesas altas e

baixas em relação a esses equipamentos. Foi constatado que algumas das unidades

com despesas baixas seguem algum tipo de planejamento de manutenção ou o

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Distribuição - Elevadores

QTDE %ACUM

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recomendado pelo fabricante, enquanto nas unidades com despesas altas fazem

reparos conforme surgem falhas.

A análise dos elevadores foi feita de forma mais criteriosa devido à falta de

histórico confiável de manutenção para a coleta de informações. Essa análise será

abordada a seguir.

5.5.1 Análise de Pareto para Identificação de Problemas Para a priorização dos componentes dos elevadores com maior relevância para

o projeto, foi realizada uma análise de Pareto baseada no histórico de reparo através

das ordens de serviço de manutenção. Através dessa análise, foi realizado o

Diagrama de Pareto e identificado os componentes que são responsáveis pelo maior

número de falhas, representado pelo Gráfico 6.

Gráfico 6: Diagrama de Pareto – Componentes do Elevador (Fonte: Empresa A)

A partir do Gráfico 6, os seguintes componentes foram identificados como os

responsáveis por 80% da manutenção mecânica dos elevadores:

Chave elétrica;

Rolamento;

Correia;

Porca;

Base.

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%90,0%100,0%

0

5

10

15

20

25

30

35

Distribuição - Elevadores

QTDE %ACUM

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5.5.2 Análise dos Componentes A análise anterior nos mostra o índice de ocorrência de falhas para cada um

dos componentes. Para selecionar os componentes que tem o maior impacto nas

operações, é necessário combinar a ocorrência com outros fatores que afetam a

manutenção dos mesmos. Estes serão classificados entre graus de impacto: 1, 3, 6 ou

9. Os fatores são listados abaixo:

Disponibilidade: refere-se ao potencial que essa falha tem de parar a operação

enquanto acontece a troca ou reparo do componente;

Custo de Manutenção: refere-se ao valor financeiro pago para a troca ou

reparo;

Praticidade: refere-se ao conhecimento técnico por parte dos técnicos que

operam os equipamentos;

A partir dessa análise, cruza-se os componentes com os fatores explicitados

acima. A Tabela 3 representa a análise dos componentes e os respectivos graus de

impacto. Os valores foram determinados por consenso de três gerentes de unidades,

por serem os mais aptos para a função.

Tabela 3: Análise dos Componentes do Elevador (Fonte: Elaboração do Autor, 2016).

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Da Tabela 3, é possível identificar os três componentes com maior combinação

de grau de impacto: rolamento, porca e chave elétrica.

5.5.3 Diagrama de Causa e Efeito

Foram montados Diagrama de Causa e Efeito para cada um dos componentes

detalhados acima baseados no modelo dos 6 M’s. Essa análise foi feita com

colaboração dos técnicos que operam as máquinas e tem como objetivo identificar as

principais causas das falhas que mais afetam as operações. Os diagramas do

rolamento, da porca e da chave elétrica são representados, respectivamente, pelas

Figuras 5, 6 e 7.

Como dito, essa análise foi feita com colaboração de um grupo de técnicos

responsáveis pelas máquinas e sua manutenção. Contudo, houve limitações a

respeito da compreensão do Diagrama de Causa e Efeito, acarretando inicialmente em

causas posicionados em motivos errados.

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35

Figura 5: Yoshikawa – Rolamento (Fonte: Elaboração do Autor, 2016).

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Figura 6: Yoshikawa – Porca (Fonte: Elaboração do Autor, 2016).

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Figura 7: Yoshikawa – Chave Elétrica (Fonte: Elaboração do Autor, 2016).

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5.5.4 Identificação das Principais Causas

A identificação das principais causas das falhas é crucial para priorizar as

ações da manutenção preventiva. Sendo assim, foi utilizada a análise FMEA buscando

analisar, entre as falhas, quais são as mais relevantes, com o objetivo de traçar ações

dentro do projeto de manutenção que possam evitar a ocorrência das mesmas. Essa

análise foi feita com colaboração dos técnicos com maiores taxas de aderência das

unidades levantadas, e, em seguida, avaliada pelo departamento de engenharia.

Anexo IV.

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6 PROPOSTA DE SOLUÇÃO

Esse capítulo será destinado a levantar todas as informações coletadas até o

momento e elaborar, a partir delas, o projeto que será aplicado a empresa utilizando

as ferramentas e análises realizadas. Também serão reportadas as principais falhas e

limitações da sua execução.

Depois de feitas as análises acima, benchmarking dos principais concorrentes

de mercado no Rio de Janeiro e estudado as limitações e o histórico da empresa, foi

proposta uma série de atividades para atingir o objetivo do projeto.

6.1 ORGANIZAÇÃO DO PÁTIO DE SERVIÇO A primeira ação tomada foi a organização do pátio de serviço. Essa ação é

justificada por três motivos principais:

Benchmarking dos principais concorrentes;

Diagrama de Causa e Efeito que identificou ferramentas “espalhadas” não

garantido o cumprimento da proposta do 5S;

Análise do FMEA que teve a maior pontuação com causa: “área do elevador

com ferramentas espalhadas”.

Essa ação teve o apoio do Gerente Regional, dos Gerentes das Unidades e

dos técnicos. A organização das unidades depende das ferramentas e matérias

estarem armazenados nos devidos locais. Contudo, muitas unidades reportaram que

estavam com armários e “carrinhos de serviço” faltando ou com defeito. Foi levantado

o número de “carrinhos de serviço” e armários, e a situação das ferramentas por

unidade.

Duas unidades da Regional do Rio de Janeiro foram fechadas no ano de 2016

e grande parte dos seus equipamentos guardado no armazém central do Rio de

Janeiro. Foi realizado um inventário de todos os equipamentos e ferramentas do

armazém. Os “carrinhos de serviço” e armários de ferramentas que não estavam em

boas condições foram reparados, e todas as unidades que tinham menos “carrinhos

de serviço” do que técnicos receberam novos, com o objetivo de cada técnico ser o

responsável pelo seu. Assim, tornamos a organização do pátio de serviço

responsabilidade de todos.

A segunda parte dessa ação foi realizar um levantamento das ferramentas que

faltavam para cada técnico de serviço. A partir do inventário, as ferramentas foram

repostas pelas que estavam guardadas no armazém.

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Algumas unidades tiveram problemas de troca de ferramentas entre os

técnicos. Para evitar que o problema se propagasse, fitas adesivas coloridas foram

utilizadas para identificar quais técnicos eram responsáveis por quais ferramentas.

6.2 GESTÃO DE MAQUINÁRIO

A segunda ação foi a avaliação do maquinário nas unidades. A primeira etapa

dessa ação foi a análise de performance de todos os cinco equipamentos do projeto,

além disso, analisar o resultado do FMEA, comparar com o manual do fabricante e as

recomendações dos antigos responsáveis pela manutenção.

Os pátios de serviço e seus equipamentos não possuíam padronização. Por

exemplo, uma unidade tinha uma desmontadora funcionando sobrecarregada

enquanto outra unidade, com a mesma quantidade de atendimento, tinha três

desmontadoras. Assim, como as normas exigidas nos antigos projetos da empresa

não eram cumpridas, muitos dos equipamentos estavam sucateados e faltava insumos

básicos para manutenção.

Como solução, as seguintes ações foram propostas:

Realocação das balanceadoras e desmontadoras: Todas as unidades

deveriam ter dois equipamentos de cada em funcionamento, evitando assim

gargalo de produção;

Proteção para falha de energia: Todas as balanceadoras devem estar ligadas

à estabilizadores de 300va e os alinhamentos computadorizados ligados a no-

breaks de 1kva, evitando interrupções;

Insumos básicos de manutenção e peças para reposição: Todas as unidades

devem ter os insumos básicos e peças em estoque para a manutenção dos

equipamentos para até 30 dias. Os principais itens foram óleos e graxas;

Reparos nos equipamentos: Foi criada uma planilha onde os gerentes das

unidades reportavam quais equipamentos não estavam operando como

deveriam. Houve casos de fios de energia sem proteção próximo ao estoque,

desmontadora com um dos quatro dentes quebradas ainda em funcionamento,

e também equipamentos operando de forma perigosa para os técnicos.

Essas ações duraram cerca de dois meses para acontecerem nas unidades, e,

por fim, atingiu uma padronização do pátio de serviço e gerou uma base de dados

sobre os equipamentos para projetar uma gestão da manutenção.

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6.3 CHECK-LIST

A partir de análises de benchmarking, selecionou-se o modelo de

acompanhamento das atividades de manutenção a partir do check-list de atividades.

Como já detalhado anteriormente, o formulário em modelo de check-list já foi

implementado anteriormente, contudo, esse novo modelo será diferente do anterior

nos seguintes critérios:

Modelo Anterior Novo Modelo

Duas páginas Uma página

230 acompanhamentos 25 acompanhamentos

Sem cronograma Com cronograma

14 equipamentos avaliados 5 equipamentos avaliados

Via e-mail e correspondência Via plataforma integrada

Os 5 equipamentos selecionados para serem avaliados já foram explicitados

anteriormente, e as ações foram selecionados a partir das ferramentas apresentadas

acima. Os cronogramas foram especificados pelo departamento de engenharia para

que garantam confiabilidade ao projeto. Anexo V.

Esse relatório preenchido a mão deve ser enviado via e-mail. Entretanto, o

setor de TI da empresa irá desenvolver uma plataforma online para ser preenchida,

indo diretamente para o banco de dados compartilhados. A empresa já opera assim

em segmentos como: reposição de estoque, materiais defeituosos e garantias

internas.

O lay-out do formulário também é mais simples e explicativo. Baseado na

metodologia fuzzy, baseada em respostas binárias, implementada em outras

empresas, onde as informações preenchidas nas unidades geram indicadores de

ações para o departamento de engenharia. No canto inferior do relatório existe um

campo para sugestões, onde os responsáveis são livres para dar sugestões, dicas ou

reportar informações pertinentes a gestão da manutenção.

6.4 MATERIAL COMPLEMENTAR

Tendo em vista a dificuldade que o departamento de engenharia teve em

auxiliar as unidades em relação ao cumprimento dos formulários anteriores, à

estocagem de insumos básicos, aos cuidados com o maquinário e à realização de

reparos mais complexos, foi preparado um material que ficará impresso nas unidades

com cerca de 30 páginas que contem:

Introdução;

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Objetivo;

Colaboradores;

Atividades, explicando cada item do check-list;

Gestão da Manutenção;

Suporte e Apoio;

Manuais;

Esse material tem como objetivo auxiliar o responsável pela gestão da

manutenção na sua unidade. O mesmo abrange, além dos cincos equipamentos

principais do projeto, o manual de uso e manutenção de outros equipamentos

utilizados nas unidades e que foram solicitados pelos técnicos.

Outros materiais inicialmente propostos não foram desenvolvidos, como por

exemplo, fluxogramas de procedimentos para substituir os antigos manuais com

excesso de informações e obsoletos. O principal motivo para limitar essa proposta é a

mudança da plataforma virtual onde ocorrem esses procedimentos que irá ocorrer no

início do ano de 2017.

6.5 AGENTE DE MANUTENÇÃO Em cada unidade será selecionado um colaborador responsável pela gestão da

manutenção na respectiva unidade. Esse colaborador deverá ser prioritariamente um

técnico com vontade de se capacitar e enfrentar novos desafios. Ele delegará as

atividades referentes a manutenção para os outros colaboradores e será cobrado pelo

departamento de engenharia através do cumprimento do check-list. Para que o

“Agente de Manutenção” esteja preparado e motivado para a execução do projeto,

treinamentos devem ser planejados e retorno financeiro do projeto para projetar uma

remuneração extra.

Inicialmente foram planejados critérios de seleção com técnicos com

experiência em manutenção. Contudo, foi revisto que era mais importante perfil de

gestão e liderança, a fim de alinhar os colaboradores da unidade com a gestão da

manutenção, do que conhecimento técnico em manutenção. A mudança no critério de

seleção adotado baseou-se em duas premissas: a primeira demonstra que é mais fácil

ensinar técnicas de manutenção do que habilidades de liderança; a segunda indica

que essa responsabilidade pela gestão da manutenção poderia ser considerada um

desafio profissional para o técnico, que, se bem feito, pode auxiliar a sua promoção

para o cargo de Líder de Pátio de Serviço da unidade.

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43

De acordo com ANTHONY (2012), “As empresas deveriam cogitar conferir

intencionalmente aos funcionários promissores as atribuições de caráter mais ambíguo

[...] expô-los intencionalmente a desafios”.

Esses colaboradores serão os responsáveis pela disseminação da cultura da

manutenção. A empresa deve dar oportunidades e investir em treinamento para que

eles possam contribuir com as constantes melhorias do projeto de gestão da

manutenção.

6.6 PROJETO PILOTO

O projeto foi levado ao departamento de engenharia e ao departamento

comercial. Os departamentos aprovaram a sua implementação na forma de projeto

piloto na regional do Rio de Janeiro em uma amostra de unidades controlada. O

projeto inicialmente foi supervisionado pelo Gerente Regional Comercial, com o

objetivo que o projeto não afetasse de forma negativa as operações.

O projeto inicialmente começou em duas unidades com perfis diferentes, a

unidade de Botafogo/RJ, com maior movimentação de clientes, maior número de

serviços realizados por dia, faturamento considerado acima da média da empresa,

grande número de funcionários e excessivos gastos com reparos mecânicos. A outra

unidade é a unidade da Penha/RJ, com um número de clientes atendidos por dia

menor que de Botafogo, com um faturamento considerado abaixo da média e gastos

relacionados a manutenção controlados.

Na unidade de Botafogo foi selecionado um jovem técnico que constantemente

reclamava da falta de oportunidade de crescimento e de treinamento. Na unidade da

Penha foi selecionado um técnico com mais de 15 anos de empresa, com atuação em

três unidades diferentes e respeitado pelo grupo.

O projeto piloto começou nessas duas unidades. Um dia na semana seria

selecionado para o estagiário receber o check-list da semana preenchido e enviar o

check-list da próxima semana. Quando o estagiário recebe o relatório digitalizado

através do e-mail, ele passa para uma planilha digitalizada com a metodologia fuzzy,

que entra com o valor 1 para as ações planejadas e cumpridas, ou 0 para as ações

planejadas e não cumpridas.

Caso dois relatórios consecutivos da mesma unidade tenha a mesma ação não

cumprida e sem informações a respeito no campo inferior de observações, o estagiário

deve procurar o agente de manutenção e descobrir o motivo do não cumprimento do

item do relatório. Essa análise é importante como indicador do engajamento das

unidades com o projeto e a cultura da manutenção.

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O projeto ganhou elogios dentro das unidades, uma vez que o estagiário e o

departamento de engenharia estavam ajudando as unidades a resolverem os

problemas relacionados a manutenção que antes cada unidade, sem apoio, não

conseguia resolver. Tamanha foi a visibilidade do projeto que, quando decidido

expandir para a unidade de Nova Iguaçu, o gerente da unidade aderiu prontamente

sabendo dos benefícios que o projeto trouxe a unidade da Penha/RJ. O agente

selecionado foi um técnico jovem e respeitado por todos os outros técnicos da

unidade. De acordo com o gerente da unidade, ele já era o principal responsável pela

manutenção da unidade e tinha se queixado de falta de apoio por parte do

departamento de engenharia.

O projeto teve limitações referentes a remunerações e a escolha dos agentes.

A primeira por ser um projeto piloto, sem a certeza se iria conseguir passar da fase de

teste e implementação, não foi possível ter uma remuneração diferenciada para os

agentes da manutenção das unidades que tiveram o projeto. Contudo, após a fase

piloto, o projeto tem uma proposta de remuneração retroativa, com o objetivo de

premiar o colaborador com uma remuneração extra ligada a redução das despesas de

manutenção da unidade.

Em relação a escolha, na unidade de Botafogo/RJ, o agente de manutenção

não enviou 7 dos 12 relatórios, e enviou todos com atraso médio de 3 dias. Enquanto

que o da Penha enviou todos com um atraso médio de 1,5 dias e o de Nova Iguaçu

entregou todos sem atrasos.

A justificativa para essa falta de adesão na unidade de Botafogo foi que o

agente de manutenção não estava conseguindo delegar as funções, tentando fazer

tudo sozinho e não tendo sucesso. A empresa deve desenvolver características de

liderança nesse colaborador para obter melhores resultados.

6.7 RESULTADOS DAS AÇÕES

Para visualizar os primeiros resultados das ações e do projeto piloto, foi

realizada uma análise SPC das despesas referente a manutenção das unidades do

projeto piloto. Os gráficos 7, 8 e 9 representam os gastos, em reais, referentes a

manutenção mecânica em reais durante o ano de 2016 na unidade de Botafogo, Nova

Iguaçu e Penha, respectivamente.

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Gráfico 7: Despesa de Manutenção na Unidade de Botafogo (Fonte: Empresa A)

Gráfico 8: Despesa de Manutenção na Unidade de Nova Iguaçu (Fonte: Empresa A)

Gráfico 9: Despesa de Manutenção na Unidade da Penha (Fonte: Empresa A)

0

500

1000

1500

2000

2500

Despesa de Manutenção - Botafogo (R$)

Real Mínimo Máximo

0500

10001500200025003000350040004500

Despesa de Manutenção - Nova Iguaçu (R$)

Real Mínimo Máximo

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Despesa de Manutenção - Penha (R$)

Real Mínimo Máximo

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Nos gráficos 7 e 9, extraídos do departamento de engenharia, é possível ver

uma padronização dos gastos entre os limites mínimos e máximos a partir do mês de

agosto, mês em que o projeto piloto foi implementado nessas unidades. O gráfico 8

refere-se a unidade de Nova Iguaçu, onde o projeto piloto começou ao longo de

outubro.

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7 CONCLUSÃO

Do ponto de vista das ferramentas, destacou-se as principais ferramentas e

análises, explicitando sua utilização no projeto e objetivos esperados. Essa

abordagem, fortalecendo o estudo teórico dessas técnicas, garante mais assertividade

e objetividade na sua utilização, que foram comprovadas pelo posicionamento da

empresa em implementar o projeto.

Referente ao projeto piloto na empresa, esta etapa mostrou ser mais complexa

do que inicialmente prevista, tendo sofrido adversidades e resistências por parte de

alguns técnicos, devido ao fracasso dos projetos anteriores. Contudo, estas foram

superadas através da justificativa do projeto e de suas ações através das análises

realizadas.

Alguns dos objetivos inicialmente propostos não conseguiram ser cumpridos.

As análises de Tempo Médio entre Falhas, Tempo Médio para Reparo, Disponibilidade

do Equipamento e Venda Perdida devido a gargalo de produção não conseguiram ser

realizadas por decisão do Departamento Comercial para não atrapalhar as operações

de venda.

O projeto entrou no planejamento para o ano de 2017. Inicialmente ele será

implementado nas 11 unidades da regional do Rio de Janeiro, alcançando os

indicadores de aderência pelas unidades e de redução e padronização dos gastos

referentes a manutenção de equipamentos, o projeto poderá ser expandido para toda

a organização. Um modelo de remuneração retroativa será implementado para o

agente da manutenção.

Para que o projeto ocorra de modo eficaz, será necessário ainda computadorizar

os relatórios semanais das unidades de modo que o departamento de engenharia

receba alerta para intervir apenas em caso de real necessidade. Assim, sem

comprometer a confiabilidade do auxílio do departamento de engenharia e dando

autonomia para que as unidades consigam resolver seus próprios problemas

utilizando o material feito para auxiliar a manutenção.

Conclui-se que o controle dos gastos é possível a partir de uma gestão das

ações da manutenção baseadas nas técnicas destacas acima. A manutenção ainda é

vista em muitas empresas como um centro de custo, porém, esse projeto comprova

que um planejamento voltado a otimizar as práticas de preservação e manutenção dos

equipamentos podem gerar redução das despesas e potencializar os resultados

financeiros.

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8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, M. A. Gestão Estratégica da Manutenção: Uma Oportunidade Para Melhorar o Resultado Operacional. Trabalho de Diplomação, UFJF, Juiz de Fora, 2013. SILVA, A. L. G. A Gestão da Manutenção e Seus Paradigmas. Publicado em WebArtigos, acesso: http://www.webartigos.com/artigos/a-gestao-da-manutencao-e-seus-paradigmas/133109/. 2015. Acesso em Dezembro de 2016 XENOS, H. G. Gerenciando a Manutenção Produtiva. Rio de Janeiro, 1998. BELHOT, R. V. & CAMPOS, F. C. Relações Entre Manutenção e Engenharia de Produção. Artigo EESC-USP. São Carlos, SP, 2005. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa científica em administração. 6ª

edição. São Paulo: Atlas, 2005.

BROWN, T. Design Thinking. Ed. Campos, 2010. VIANA, H. R. G. Planejamento e Controle da Manutenção. Ed. QualityMark, 2006. MARTINS JR, V. A. Ferramentas da qualidade. Móbile Chão de fábrica, Curitiba, 2002. FERNANDES, J. M. R. & REBELATO, M. G. Proposta de um método para

integração entre QFD e FMEA. Gestão & Produção, São Carlos, 2006.

TAVARES, L. A. Manutenção Centrada no Negócio. Rio de Janeiro, 2001. ANTHONY, S. O Livro de Ouro da Inovação. Harvard Business School Publishing

Corporation, 2012.

ABRAMAN. Página eletrônica: <http://www.abraman.org.br/>. Acesso em Dezembro de 2016

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Anexo I

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Anexo II

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Anexo III

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Anexo IV

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Anexo V

Acompanhamento da Manutenção Mecânica - Lojas Varejo

Responsável:

Regional: 505 Loja:

Data: / / Relatório 1 de 5 - Setembro

Balanceadora

Procedimentos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sabado Geral

Ligada no estabilizador

Fixada no chão

Limpeza do painel Semanal

Teste de funcionamento Semanal

Verificar tolerância: eixo do equipamento - Tolerância de 0,05 mm Mensal

Verificar tolerância: Cone e Flange - Tolerância de 0,20 mm Mensal

Elevador

Procedimentos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sabado Geral

Verificar: vazamento, ferrugem ou transbordo

Nível do óleo - 3 cm abaixo Semanal

Limpeza externa Semanal

Engraxar os fusos, se não reservatório de óleo Semanal

Lubrificar a corrente com graxa Semanal

Verificar sapatas com desgaste Mensal

Verificar filtro guarda pó Mensal

Verificar a proteção da chave elétrica Mensal

Verificar correias Mensal

Desmontadora

Procedimentos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sabado Geral

Limpeza da mesa giratória

Drenar o filtro

Pressão máxima 120 libras/8 bar

Verificar: protetor de aro e unha Semanal

Verificar: Chave, conexão e valvula Semanal

Completar o óleo do conjunto Semanal

Lubrificar haste da mola Semanal

Verificar se a correia está tensionada corretamente Mensal

Compressor

Procedimentos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sabado Geral

Pressostado entre 100 e 150 libras

Drenar compressor

Limpar base do motor

Verificar nível de lubrificação

Verificar filtros e correias Semanal

Trocar óleo e filtro Bimestral

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Alinhador

Procedimentos Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sabado Geral

Ligada no "No Break"

Utilização de elastico nas garras

Sugestões

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PARA COLOCAR NO TRABALHO CASO FALTE: A satisfação do cliente que

procura eficiência operacional através da manutenção estará ligada ao produto da

manutenção e seu custo financeiro. A falta de qualidade da manutenção é um dos

principais geradores de demanda de serviços de manutenção corretiva. Assim,

afetando diretamente a disponibilidade do equipamento, aumenta os custos e diminui

a satisfação dos clientes internos e externos.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Departamento de Engenharia Mecânica

DEM/POLI/UFRJ

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Preenchido o último requisito para obtenção do grau de Engenheiro Mecânico

PEDRO HENRIQUE DOREA DE SOUZA TINOCO

DRE: 110071606

defenderá seu projeto final, com o título

"PROJETO SOBRE IMPLEMENTAÇÃO E GESTÃO DE TÉCNICAS DE

MANUTENÇÃO PARA MELHORAR RESULTADOS OPERACIONAIS"

perante Banca, assim constituída:

Prof. Fábio Luiz Zamberlan (Orientador)

Prof. Anna Carla Monteiro de Araujo

Prof. Maria Alice Ferruccio da Rocha

Dia: 21/02/2017

Hora: 11:30 h

Local: CT Bloco G sala 203 Centro de Tecnologia – Cid. Universitária

Aprovado para defesa em __/__/20__

________________________________ Comissão de Projeto Final