projeto seja profissional
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Projeto SEJA Profissional
SECT – SEEDUC
Fundação CECIERJ / Rede CEJA / FAETEC
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1. Apresentação
Este projeto é fruto da parceria entre a Secretaria de Ciência e Tecnologia,
através da Fundação CECIERJ e da FAETEC, e a Secretaria de Educação, através do
CEJA. Ele foi elaborado no segundo semestre de 2011, a partir da visita a 20 unidades
ou modalidades CEJA, onde realizamos reuniões com professores e servidores técnico‐
administrativos e conhecemos as instalações físicas que dão suporte às atividades
desenvolvidas. Em todas as discussões realizadas, ficou patente o orgulho dos
professores, diretores e demais membros da equipe, com o alcance social da proposta,
o qual deveria ser mantido como norte de qualquer projeto de modernização do CEJA.
Uma versão preliminar do projeto foi submetido à rede Ceja em fevereiro, para
discussão e críticas. Em seguida, realizamos discussões com os professores e demais
servidores visando aprimorar o projeto, nas seguintes unidades Ceja: Friburgo, Carmo,
Sumidouro, Duas Barras, Cordeiro, Bom Jardim, Penha, Madureira, Campos, Bom Jesus
de Itabapoana, Itaperuna, Natividade, Porciúncula, Miracema, São Antonio de Pádua,
Aperibé e Itaocara. Também recebemos sugestões e críticas em nossa página
http://cejarj.cecierj.edu.br . Fruto desta discussão foram incorporados ao projeto um
conjunto de sugestões, como por exemplo a questão do bônus para atividades de
leitura e interpretação de texto discutida em Miracema e a idéia de implementar
atividades em grupo na área de educação física e artes discutida em Macaé.
Este alcance social é também a principal motivação da Secretaria de Ciência e
Tecnologia e da Fundação CECIERJ. Neste sentido, emergiu destas discussões a
convicção de que a modernização do CEJA não poderia restringir esse alcance, mas,
muito ao contrário, alargar os horizontes sociais da atual oferta. Esse reconhecimento
se expressa em dois elementos principais que desenvolvemos abaixo:
i. Propostas para avançarmos na oferta do ensino das séries finais do ensino
fundamental e médio, semi‐presencial, da rede CEJA, que serão abordadas na
segunda seção deste documento e;
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ii. Criação e implementação do SEJA Profissional ‐ Sistema de Educação de Jovens
e Adultos ‐ que serão abordadas na terceira seção deste documento.
Estamos convictos de que a única forma de implementar um maior alcance social
em nosso trabalho é realizá‐lo de forma colaborativa, através de ampla discussão com
os professores e diretores das unidades e modalidades CEJA. Este documento é,
portanto, um ponto de partida para que possamos evoluir para um projeto acordado
com a rede CEJA, a ser implementado de forma gradual ao longo do ano de 2012. Por
favor, não deixe de enviar suas sugestões e críticas que devem ser dirigidas ao e‐mail:
[email protected], ou pelo link “comentários” disponível na página
http://cejarj.cecierj.edu.br, dentro do ambiente Discussão na Rede ‐ Projeto.
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2. Propostas para a rede CEJA
Permeando toda a discussão que ocorreu ao longo deste semestre, está a
percepção de que não dispomos de um currículo que atenda plenamente às
particularidades da Educação de Jovens e Adultos. Além disto, a atual proposta
curricular ‐ e seus desdobramentos em recursos didáticos e processos de avaliação ‐
está pautada, essencialmente, na aquisição de conteúdos, sem a preocupação com o
desenvolvimento de habilidades e competências.
O conceito de competências tem permeado as reformas curriculares, norteando
escolhas pautadas em ações que favoreçam o estabelecimento de relações com
objetos, situações, fenômenos e pessoas.
As competências não se referem a um conteúdo em si, mas regulam e
traduzem conteúdos em habilidades necessárias à formação de um indivíduo capaz de
atingir suas potencialidades, ao mesmo tempo em que contribui para uma sociedade
equânime.
Essa complementaridade entre metas individuais e coletivas deve estar refletida
em uma estrutura de competências, alinhada com um mundo do trabalho em que se
faz necessário: encontrar e manter empregos, enfrentar novas situações, aprender
com a experiência, ter posicionamento crítico, e gerar informações para solucionar
problemas concretos, em cenários sujeitos a permanentes mudanças, inclusive
tecnológicas.
Em termos de sua organização, o currículo por competências não é disciplinar,
mas estruturado em áreas do conhecimento que contemplem conteúdos e atividades
de diferentes disciplinas, necessários ao desenvolvimento de um determinado
conjunto de habilidades. Esse currículo integrado é consonante com uma sociedade
em que os indivíduos são confrontados com a complexidade em diversas partes de
suas vidas.
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Entendendo que o sucesso individual e da sociedade requerem competências
tanto individuais quanto institucionais, a construção deste currículo deve levar em
consideração aspectos, tais como o perfil dos alunos de EJA que em sua maioria, estão
afastados do ensino formal e que, de uma maneira geral possuem um tempo limitado
para dedicar‐se aos estudos. Deve contemplar também os exames de avaliação que
são pautados em um currículo por competências, como o ENEM, aumentando assim as
oportunidades de inserção aos estudantes que almejam o ensino Universitário.
A oferta de educação a distância de um determinado currículo expressa‐se em
três elementos principais:
i. atendimento ao estudante;
ii. material didático;
iii. avaliação do estudante.
Estes e outros importantes aspectos do sistema serão tratados abaixo.
a. Atendimento ao estudante
É percepção geral dos professores e diretores de unidades da rede CEJA que a
atual modalidade de atendimento individual ao estudante tem importância e
precisa ser mantida. De fato, uma das maiores qualidades atuais do nosso sistema
CEJA é permitir ao estudante um desenvolvimento, segundo suas capacidades e a
seu tempo. Nesse sentido, a possibilidade de nosso estudante ir a uma unidade
CEJA, tirar dúvidas em um atendimento individual e, com isto, preparar‐se para
realizar avaliações a seu tempo e capacidade traz, sem sombra de dúvida, um
dimensionamento diferencial da aprendizagem.
Entretanto, também emergiu dessas discussões que este atendimento não
atende a todos os perfis cognitivos dos alunos que procuram o CEJA.
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Alunos menos autônomos que os atendidos pelo atual modelo, incluem
pessoas que necessitam de um atendimento em grupo, temporal, pautado em
dinâmicas, à semelhança das oficinas largamente utilizadas, no passado, pela rede
CEJA.
Alunos com maior acesso à tecnologia podem se beneficiar de um sistema de
atendimento atemporal, francamente baseado em ações estruturadas em um
ambiente virtual de aprendizagem, que denominaremos de CEJA virtual.
Assim, discutimos nessas reuniões a possibilidade de ampliarmos as
modalidades de atendimento ao estudante, de acordo com o organograma abaixo:
i. O atual atendimento individualizado;
ii. O CEJA virtual;
iii. Atendimento temporal em grupo.
Novo perfil CEJA
Modalidade 1 Modalidade 2 Modalidade 3
Semipresencial CEJA Virtual Dinâmicas (atual) presenciais
A proposta é que o aluno escolha a(s) modalidade(s) de atendimento de que
deseja dispor, de forma a adequar e personalizar sua aprendizagem.
Se o aluno quiser permanecer apenas com o atual modelo de atendimento
individual, ele poderá fazê‐lo. Nesse contexto, alunos com maior dificuldade de
fazer uso do ambiente virtual de aprendizagem não serão prejudicados, posto que
continuarão dispondo de tudo o que o atual modelo CEJA oferece.
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O estudante que desejar usufruir tanto do atendimento atual individual,
quanto do atendimento do CEJA virtual, combinando, portanto, os dois modelos,
poderá fazê‐lo sem impedimentos. Se quiser integrar as dinâmicas dos grupos,
bem como dispor do atendimento virtual, ou até mesmo combinar os 3 modelos
simultaneamente, o aluno poderá se beneficiar de qualquer das possibilidades. Em
resumo, o sistema SEJA oferecerá ao estudante diferentes opções de atendimento,
mas a escolha do modelo será sempre do aprendiz.
Foi consenso que, independente do tipo de atendimento pelo qual o estudante
venha a optar, ele deverá realizar sua matrícula e fazer suas avaliações
presencialmente em uma unidade da rede CEJA, conforme será discutido no item
2.3, referente à questão da avaliação do estudante.
O atual Atendimento Individual no CEJA e a proposta do CEJA virtual são
atemporais, pois o aluno percorre os diferentes módulos das diferentes disciplinas,
segundo sua dinâmica pessoal, como é feito atualmente. O Atendimento em
Grupo, destinado principalmente a alunos com menor autonomia, cria o conceito
de turma; logo, implica a existência de uma dinâmica para percorrer os módulos
com calendário temporal.
Nas múltiplas discussões realizadas, ressaltou‐se a importância de oferecer aos
alunos a escolha do tipo de atendimento que deseja. Também ficou acertado que o
aluno pode escolher mais de um tipo de atendimento. Por exemplo, pode
participar do atual atendimento individual e, ao mesmo tempo, participar do CEJA
virtual.
Vale ressaltar que, para que os professores possam realizar os atuais
atendimentos individuais, agregando os dois outros formatos de atendimento, será
necessário reorganizar o trabalho como um todo, adotando alguns procedimentos
de otimização. Um destes pode ser liberar professores de disciplinas da tarefa de
aplicador de provas, permitindo que se dediquem mais ao atendimento de suas
disciplinas especificas. Outro pode ser a introdução de um sistema acadêmico
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unificado para os CEJA, de fácil utilização, que otimize procedimentos acadêmico‐
administrativos.
Vejamos em maior detalhe cada forma de atendimento:
i. O atual atendimento presencial individualizado
Parece consenso entre os professores dos diferentes CEJA que o atendimento
individual que vem sendo realizado é adequado para muitos alunos e será mantido,
sem alterações, no atual projeto.
ii. O CEJA virtual
Uma parte dos estudantes pode ser beneficiada, sem prejuízo das atuais
atividades, com a introdução do CEJA virtual, através da utilização da plataforma
Moodle que contempla diferentes ferramentas e objetos educacionais de ensino e
aprendizagem.
Vamos oferecer ampla capacitação, tanto aos professores quanto aos
estudantes, na utilização dessa ferramenta, agregando ao CEJA toda a
infraestrutura necessária para sua concretização, conforme exposto na seção 2.5.
O CEJA virtual terá os seguintes elementos principais:
i. Atendimento virtual assíncrono ao estudante;
ii. Material didático complementar ao material impresso, com vídeos,
simuladores, acesso a sites recomendados na Internet etc.;
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iii. Oferta de momentos síncronos do professor com o estudante, como a
utilização da ferramenta de chat e vídeo‐conferência;
iv. Acesso ao pdf do material impresso;
v. Acesso ao sistema acadêmico, onde o estudante poderá consultar sua
vida acadêmica, guias do curso, de disciplinas etc.
No espaço de Atendimento Individualizado do aluno, os professores irão dispor de
um terminal de computador em suas mesas e, através da plataforma, poderão fazer
intervenções no espaço virtual, conforme a necessidade. Como o atendimento
individual ao aluno apresenta, em determinados momentos, “picos” de demanda, o
professor poderá otimizar o tempo desse atendimento através do ambiente virtual, já
que poderá usar os espaços de tempo no contrafluxo desses “picos” se demanda.
iii. O atendimento em grupo (temporal)
Quase todas as unidades do CEJA já ofereceram oficinas para alunos que não
conseguem se adaptar ao atual método de atendimento individual, especialmente
quando os conteúdos são mais complexos. Podemos implementar experiências
semelhantes a estas, oferecendo ao conjunto de alunos com menor autonomia,
uma trajetória semipresencial, com o conceito de turma.
Por exemplo, podemos iniciar turmas a cada dois meses, prevendo encontros
presenciais de 4 horas semanais na unidade CEJA, que podem ser divididos em
duas vezes por semana, ou cumpridos totalmente aos sábados. Uma vez vencidas
as dificuldades dos estudantes para um processo de estudo mais independente e
autônomo da educação a distância, estes alunos podem migrar para o atual
sistema assíncrono de atendimento individual presencial e/ou para o CEJA virtual
ou ambos.
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Construímos essa metodologia ainda enquanto Secretário de Educação a
Distância do MEC, tendo sido testada com turmas no Ceará e no Mato Grosso. A
ideia é a de que o aluno percorra no máximo 5 disciplinas simultaneamente,
concatenadas em um projeto curricular que considera as particularidades da
Educação de Jovens e Adultos. No momento, estamos testando essa metodologia
com cerca de 500 alunos através da rede FAETEC, visando ao seu aprimoramento.
Essa metodologia, como um todo, teve boa aceitação durante as diferentes
discussões realizadas ao longo do semestre, desde que fossem contempladas as
necessárias adaptações para as especificidades da rede, o que será realizado
através de ampla discussão, ao longo dos próximos meses.
Algumas sugestões que podem contribuir para aprimorar a metodologia
proposta, ajustando‐a às demandas e especificidades da rede, já surgiram como
fruto de nossas discussões e são apontadas a seguir.
Para a área de Artes, algumas unidades/modalidades realizam, atualmente,
oficinas que oferecem um bom ambiente para a aderência de nossos alunos a
nossas escolas. Na área de Educação Física surgiu, em Magé, a ideia de oferecer
atividades físicas aos estudantes, de forma opcional. Essa proposta não traria
qualquer prejuízo ao desenvolvimento dos conteúdos, relativos à questão da
saúde, que integram o material didático da área de Linguagem e seus Códigos. Essa
pode ser uma boa ideia! Finalmente, na área de Língua Estrangeira, discutimos a
possibilidade de construir laboratórios de línguas, para oferta de conteúdos
adicionais, também de forma opcional. Desta forma, consideramos um conjunto de
procedimentos que permitiriam reunir os alunos em grupos, de forma opcional,
para um melhor desenvolvimento das disciplinas que compõem as áreas de Artes,
Educação Física e Língua Estrangeira.
Unidades que têm um grande quantitativo de alunos de idade mais avançada e
da zona rural, como por exemplo Porciúncula, destacaram que a criação de uma
metodologia para conduzir um grupo de alunos temporalmente, ao longo do
primeiro semestre, ou até mesmo ao longo do primeiro ano, pode fortalecer muito
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a possibilidade de sucesso no processo de ensino e aprendizagem, e parece ser
uma boa estratégia.
A forma como este trabalho em grupo será implementado no CEJA está em
discussão e, brevemente, será objeto de um fórum específico em nossa página
http://cejarj.cecierj.edu.br.
b. Material didático
A partir de nossas discussões e análise dos materiais didáticos adotados em
algumas das unidades CEJA, foi consenso que os atuais recursos didáticos não são
consonantes com as expectativas de desenvolvimento de um currículo para a
Educação de Jovens e Adultos, baseado em habilidades e competências, ou com as
especificidades de um sistema semipresencial de ensino e aprendizagem.
Sendo assim, conduzimos um planejamento para o desenvolvimento de
materiais e atividades didáticas, com suporte de diferentes mídias que incluiu:
(1) a reformulação de módulos impressos anteriormente desenvolvidos como
parte de um programa conduzido pelo Ministério da Educação (Secretaria de
Educação a Distância e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e
Diversidade), e
(2) a elaboração de materiais inéditos que consideramos necessários ao
atendimento das exigências pedagógicas do programa.
Os materiais didáticos impressos estão divididos em quatro módulos nas áreas
Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas
e suas Tecnologias, e Ciências da Natureza e suas Tecnologias, além do material de
Língua estrangeira (Inglês).
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Para cada um desses módulos, elaboramos materiais didáticos, voltados para o
professor, com o objetivo de auxiliar seu trabalho na dinamização de atividades
presenciais, na modalidade de Atendimento em Grupo (temporal).
Ao desenvolvermos estes materiais, buscamos um conjunto de conteúdos e
processos que possibilitassem ao estudante aproveitar oportunidades sociais e
profissionais, além de contribuir para provocar reflexões, ações e reações
concretas na vida dos jovens e adultos.
Com o objetivo de promover a interdisciplinaridade na organização dos
componentes e conteúdos curriculares, a estruturação dos materiais didáticos deu‐
se a partir de eixos e temas integradores que orientam um recorte de conteúdos e
vivências, adequados à Educação de Jovens e Adultos.
Como grande eixo integrador do curso, foi proposta a relação entre Cidadania e
Trabalho, entendida como a formação de um sujeito social de direitos, capaz de
produzir sua cultura e condições de existência por meio do trabalho.
Esse eixo maior foi desdobrado em quatro temas integradores:
(i) Identidade Cultural/ Diversidade;
(ii) Qualidade de Vida;
(iii) Ciência e Tecnologia e
(iv) Sustentabilidade, considerados como estratégicos para a vida
contemporânea e o reposicionamento dos sujeitos face aos desafios da
inclusão social. Cada tema tornou‐se o orientador de um dos quatro
módulos semestrais, nos quais se organizou o curso.
Todos os materiais foram desenvolvidos, desejando, ainda, possibilitar ao
estudante o acesso e desenvolvimento de habilidades relativas às Tecnologias de
Informação e Comunicação – TIC, incluindo ambientes virtuais multimídia de
convergência digital.
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Nas próximas semanas, o material produzido será submetido à apreciação da
rede e, a partir de sugestões e críticas, produziremos um material que possa ser
utilizado de forma ampla pela nossa rede. Para garantir a qualidade gráfica desse
material, ele será impresso em escala e distribuído para todas as nossas unidades.
Este é, forçosamente, um material em movimento, que sofrerá modificações ao
longo do tempo, fruto das sugestões e críticas dos professores da rede CEJA. É,
portanto, um material inicial, concebido para evoluir ao longo do tempo, conforme
cada sugestão for apresentada, em um processo de colaboração, compartilhado
entre nós, tanto por e‐mail, quanto em nossas diversas reuniões, nas unidades e
modalidades.
Pretendemos imprimir o material e distribuir pelas unidades e modalidades
CEJA para ser entregue ao estudante. Parece consenso que deveríamos manter o
atual procedimento da rede CEJA, em que o estudante recebe um módulo após
entregar o anterior, aparentemente conectando o aluno com a
unidade/modalidade e também otimizando recursos públicos.
Uma questão que está em aberto, ressaltada em diferentes manifestações,
tanto em nossas reuniões, quanto nos e‐mails recebidos, é como dividiremos o
material didático em unidades que serão entregues aos estudantes. Quantas
páginas por módulo? Devemos reunir, em um módulo, diferentes disciplinas para
favorecer a interdisciplinariedade? Parte do material está disponível no site
http://cejarj.cecierj.edu.br para considerações da rede, que devem incluir
comentários sobre como dividi‐lo para a impressão e entrega aos estudantes.
Uma outra questão levantada em várias reuniões é que alguns alunos com
maior dificuldade são orientados a começar pela área/disciplina que sentem maior
atração ou facilidade. Embora o projeto sugira que os estudantes percorram as 4
áreas simultaneamente, esta é uma questão que também permanece em aberto,
cuja orientação dependerá da sensibilidade de nossos professores na sua relação
com os estudantes.
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c. Avaliação dos estudantes e certificação
A questão da avaliação é crucial para o sucesso deste projeto e foi amplamente
ressaltada no conjunto de reuniões realizadas para discutir o projeto, bem como nos e‐
mails enviados. Ficou claro que precisamos “calibrar” convenientemente o processo de
avaliação como um todo e esta tarefa precisa ser realizada de forma colaborativa pela
rede CEJA. Mais adiante retornamos a esta questão.
Atualmente, a avaliação dos estudantes do CEJA é realizada por módulo de
conteúdo de cada disciplina, refletindo um modelo conteudista. As questões das
avaliações são elaboradas em cada unidade de ensino, ou modalidade, CEJA.
Nas diferentes reuniões, realizadas com professores da rede CEJA, ao longo do
segundo semestre de 2011, dois problemas surgiram referentes a esta
metodologia de avaliação:
1. Não temos uma homogeneidade entre as diferentes unidades/modalidades
CEJA;
2. O modelo de avaliação, centrado principalmente no conteúdo, conduz a um
processo de ensino e aprendizagem que não favorece o desenvolvimento de
habilidades e competências necessárias para seu cotidiano profissional e
pessoal.
A proposta que emergiu é construir um projeto de avaliação em consonância
com o material didático e com o atendimento ao estudante, compondo um todo
pedagógico que integra os princípios adotados no projeto.
Para viabilizar o processo de construção e impressão da prova, nossa ideia é
conceber um sistema de avaliação articulado ao sistema de registro acadêmico. Ao
chegar à sala de provas, o estudante será identificado digitalmente pelo sistema de
avaliação que informará que provas o aluno estará habilitado a fazer. Assim, ele
poderá solicitar a avaliação de um determinado conjunto de unidades de uma
determinada disciplina.
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Uma vez que o aluno termine a prova, uma leitora óptica corrigirá as questões
de múltipla escolha e a parte, contendo as questões discursivas, será corrigida pelo
professor da disciplina. Esta dinâmica decorre da percepção dos professores da
rede de que a correção de provas feita na presença do aluno, conforme realizada
atualmente, fortalece seus laços com o professor, contribuindo para vencer
dificuldades para além daquelas associadas os conteúdos específicos cobrados nas
avaliações. Em diferentes reuniões, realizadas nas unidades/modalidades, sugeriu‐
se um gabarito das questões discursivas para ajudar o professor no atendimento
ao estudante, especialmente nas áreas de exatas, o que parece uma boa ideia.
Propõe‐se, assim, a criação de um banco único de questões, alinhado com o
material didático, que será usado como instrumento de avaliação formal e um
sistema organizado para esse fim, que permitirá que o aluno, na sala de provas da
unidade/modalidade CEJA, acesse e imprima uma prova de determinado conteúdo
de uma disciplina e/ou área de conhecimento. Essa prova será construída naquele
momento, através de um software com questões de diferentes graus de
dificuldade, competências, habilidades e conteúdos, segundo um algoritmo
semelhante ao utilizado pelo INEP na construção das provas do ENEM,
contemplando questões discursivas e de múltipla escolha.
Precisamos construir este banco de questões, bem como as regras referentes à
construção de cada prova pelo sistema. É necessário fazê‐lo de forma colaborativa,
em parceria com os professores da rede CEJA, posto que não podemos, em
hipótese alguma, ter a avaliação como uma barreira, mas como um elemento
auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, à luz do que já ocorre atualmente
em nossa rede.
O banco de questões é construído com os seguintes parâmetros:
i. Habilidade e competências;
ii. Conteúdo;
iii. Grau de dificuldade da questão.
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Quando o sistema gera automaticamente uma prova para um conjunto de
unidades de uma determinada disciplina, combinar estes 3 elementos (habilidades e
competências, conteúdo e grau de dificuldade), seguindo um procedimento
(algoritmo), de forma que as provas estejam adequadas ao projeto político e
pedagógico do CEJA, que é, em si, um sistema de educação semipresencial para jovens
e adultos.
A questão de como dividir o conjunto de habilidades/competências e conteúdos
em avaliações, para uma determinada disciplina, foi abordada em diferentes reuniões
e será objeto de discussão na rede para que possamos adotar a melhor maneira de
realizar estas divisões.
Em outras palavras, precisamos “calibrar” convenientemente este processo de
forma a, por um lado, não excluir alunos de nosso CEJA e, de outro, assegurar que
alunos que concluam o Ensino Fundamental ou o Ensino Médio conosco tenham,
de fato, adquirido as habilidades, competências e conteúdos mínimos para estas
etapas de ensino. A “calibragem” do sistema dá‐se na escolha adequada dos
seguintes elementos:
i. As questões que serão utilizadas para cada conjunto
(habilidade/competência/conteúdo) grau de dificuldade;
ii. O Algoritmo que compõe o grau de dificuldade em termos de
habilidades e competências, e em termos de conteúdos de cada prova.
Estes aspectos foram amplamente discutidos nas reuniões realizadas, o que
fortaleceu nossa percepção anterior de que é fundamental um trabalho
colaborativo, de toda a rede, para alcançarmos uma boa “calibragem” da avaliação.
Também surgiu a ideia de que, mesmo após iniciado o processo, possamos ter
um sistema em que os professores acusem a existência de questões que conduzam
a um processo inadequado de exclusão social de forma que estas questões possam
ser suprimidas do banco. Trata‐se de um processo dinâmico e provavelmente
teremos muito trabalho pela frente até alcançarmos um bom sistema de avaliação
dos estudantes.
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Embora de difícil execução, esta iniciativa irá conectar o processo de avaliação
com a proposta curricular e permitirá estabelecer um padrão de qualidade de toda
a rede CEJA para nossos formandos. Neste momento, é importante ressaltar que,
em breve iniciaremos com a rede CEJA a discussão da matriz curricular, pautada
nas especificidades da Educação de Jovens e Adultos.
Uma possibilidade que surgiu em diferentes reuniões, nas
unidades/modalidades CEJA, é oferecer ao estudante um bônus em algumas
disciplinas. Em várias unidades e modalidades do CEJA foram criadas sala de
leitura. Em Miracema, por exemplo, o estudante recebe um livro e, na semana
seguinte, na sala de leitura, realiza um trabalho de interpretação deste livro,
recebendo para esta tarefa uma bonificação de 10% de sua nota. Se o mais
importante da parte códigos e linguagens é justamente a leitura e interpretação de
textos, nada parece mais conveniente para esta área do que estimular o aluno a ler
e interpretar livros.
Parece muito conveniente admitir esta regra para aquelas unidades e
modalidades que queiram adotá‐la. Da mesma forma, para língua estrangeira,
poderíamos construir laboratórios de línguas e atribuir bônus para estas atividades,
idem para laboratórios da área de exatas.
d. Acolhimento de estudantes para o sexto ano do Ensino Fundamental e
para o Ensino Médio.
Ao longo das discussões estabelecidas na construção do projeto, alguns
professores da rede CEJA de Macaé e de São Cristovão manifestaram a convicção
de que deveríamos oferecer um acolhimento especial para alunos que querem
ingressar no sexto ano do Ensino Fundamental. Este procedimento parece de
grande alcance social. No entanto, é necessário que se estabeleça claramente os
limites deste processo, determinando critérios a serem utilizados para avaliação de
quais estudantes têm condições de se matricular, desde que com uma capacitação
especial, visando à aquisição de habilidades e conhecimentos mínimos. Acolhida
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esta sugestão, precisamos desenhar o processo de acolhimento desses alunos e
produzir os materiais e metodologia necessários a sua execução.
e. Alfabetização e acesso digital de nossos alunos
Para que possamos oferecer a mesma oportunidade de acesso ao CEJA virtual
aos nossos estudantes, estaremos montando uma ampla rede de capacitação, de
forma a oferecer os seguintes componentes:
i. Alfabetização digital: serão oferecidas oficinas presenciais de
informática básica, com suporte de tutores presenciais, de modo que o
aluno que tenha dificuldades no uso da tecnologia possa conhecer o
computador, principais softwares básicos, como editores de textos e
planilhas, e também o uso da Internet como fonte de estudo e
pesquisa.
ii. Capacitação para utilização da plataforma Moodle: também com
suporte de tutoria presencial e a distância, serão oferecidas oficinas de
ambientação na plataforma Moodle, onde os alunos conhecerão o CEJA
virtual, suas principais ferramentas e como utilizá‐las no seu processo
ensino‐aprendizagem.
iii. Laboratórios de informática: boa parte das unidades e modalidades
CEJA dispõe de laboratórios de informática e acesso à Internet.
Entretanto, para oferecer durante todo o horário de atendimento das
unidades e modalidades CEJA computadores em rede, alguns avanços
fazem‐se necessários. Entre estes, um adequado funcionamento dos
laboratórios, uma adequada conexão com a Internet e em muitos casos,
ampliação do número de computadores e do espaço físico dos
laboratórios.
A equipe que atualmente administra a rede de polos do CEDERJ, com as
devidas ampliações de pessoal, estará à disposição para cuidar também dos
laboratórios da rede CEJA. Ao longo do primeiro semestre de 2012, buscaremos
alcançar o padrão de funcionamento dos polos do CEDERJ nesta área, que vem
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atendendo, de uma maneira geral, adequadamente, a demandas bastante
similares àquelas da rede CEJA, na mesma região.
f. Sistema de matrícula e acompanhamento do estudante e da rede
Será construído e implementado um sistema acadêmico único para todos os
alunos da rede CEJA, aproveitando diferentes experiências já realizadas em várias
unidades. O aluno terá uma identificação digital, através de um cartão magnético
ou da leitura digital óptica, que será utilizado sempre que frequentar o CEJA para,
por exemplo, acionar diferentes solicitações acadêmicas, como execução de
provas, atendimentos presenciais etc.
Este procedimento permitirá alcançar, de forma automática, as estatísticas de
que necessitamos para a divulgação e defesa da Rede CEJA, tais como alunos
matriculados e frequentantes, atendimentos realizados, formandos etc.
Nas reuniões realizadas nas diferentes unidades/modalidades CEJA, a questão
do sentimento de pertencimento de um estudante a uma determinada unidade,
fortalecendo a relação professor/aluno foi repetidamente ressaltada. A ideia de
permitir um estudante de frequentar diferentes unidades foi questionada e
julgamos conveniente não contemplar esta possibilidade, pelo menos neste ano,
até que tenhamos maior maturidade na implementação do projeto.
O sistema acadêmico será conectado à plataforma Moodle do CEJA virtual para
que o aluno possa consultar sua situação de matrícula, quando e de onde estiver.
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3. SEJA PROFISSIONAL: Sistema de Educação para Jovens e Adultos
O SEJA Profissional pretende oferecer um leque de oportunidades educacionais
para jovens e adultos, especialmente aqueles oriundos de classes sociais menos
favorecidas, visando promover o avanço social deste público‐alvo, a partir de uma
parceria entre a Secretaria de Ciência e Tecnologia ‐ Fundação CECIERJ e FAETEC ‐ e a
SEEDUC ‐ Rede CEJA.
Pretende‐se que jovens e adultos possam fazer o Ensino Fundamental quando
necessário, depois percorrer o Ensino Médio no CEJA, enquanto aprendem uma
profissão a partir de cursos semipresenciais de formação continuada da FAETEC
(bombeiro hidráulico, eletricista predial – 220 a 300 horas), oferecidos em nossas
unidades.
Para aqueles cuja pretensão é seguir uma carreira de nível superior, será oferecido
o pré‐vestibular social pela Fundação CECIERJ (atualmente com 20 mil alunos), com o
objetivo de prepará‐los para o ingresso, através das provas de vestibular, nos cursos de
graduação semipresenciais do Consórcio CEDERJ.
Uma outra possibilidade para o estudante é optar por um curso técnico completo
(1600 horas) de pós‐médio. Para tal, teremos um convênio com a FAETEC que
permitirá a reserva de vagas para nossos melhores alunos.
Enfim, a ideia central é oferecer aos estudantes um sistema de diferentes opções
educacionais, que respeitem os caminhos pré‐estabelecidos pelos alunos,
considerando diferentes trajetórias.
Assim, o SEJA Profissional irá oferecer aos alunos da rede:
i. Ensino das séries finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio na
modalidade semipresencial da rede CEJA, nas unidades Seja
Profissional;
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ii. Cursos de formação profissional inicial (220 a 300 horas), oferecidos na
modalidade semipresencial pela FAETEC, nas unidades Seja Profissional;
iii. Pré‐vestibular social do CECIERJ (atualmente com 20 mil alunos anuais)
oferecidos, gradualmente, nas unidades Seja Profissional;
E serão paulatinamente agregados a este processo
i. Cursos de graduação semipresenciais do consórcio Cederj (CEFET‐RJ,
UERJ, UENF, UFF, UNIRIO, UFRJ, UFRRJ) atualmente com 32 carreiras
em 32 polos. Há a intenção, na medida do possível, que os polos CEJA e
os polos CEDERJ possam estar no mesmo local, a exemplo do polo
recém‐criado na Rocinha SEJA Profissional/CEDERJ.
ii. Oferta de vagas especiais para cursos técnicos pós‐médio de 1200 a
1600 horas pela FAETEC.
A figura abaixo mostra estas possibilidades;
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Além disso, ao longo deste ano, pretende‐se implementar laboratórios para os
cursos técnicos semipresenciais da FAETEC nas unidades CEJA que disponham de
espaço físico para tal e agregar o pré‐vestibular social, compondo uma unidade Seja
(CEJA + curso profissional + pré‐vestibular social). Quando possível, estas unidades
estarão compartilhando espaço e projetos com a rede de polos de cursos de
graduação do CEDERJ.
Uma questão foi ressaltada nas reuniões realizadas nas diferentes
unidades/modalidades visitadas que não apresentam espaço físico ou condições para
implementação de cursos profissionais da FAETEC, ou condições para implementação
do pré‐vestibular social. Surgiu, em Aperíbé, a ideia de conectar os alunos do CEJA
deste município com o conjunto de cursos adicionais aos Ensinos Fundamental e
Médio do CEJA de Aperibé, oferecidos no município vizinho de Itaocara, ou seja, vagas
nos cursos de formação profissional e do pré‐vestibular social. Precisamos modelar
melhor esta questão, mas parece uma boa ideia tanto para Aperibé, quanto para
outras unidades ou modalidades nesta categoria.
As unidades SEJA contarão ainda com um Sistema de Acompanhamento
Acadêmico, Vocacional e Social, visando oferecer apoio a jovens e adultos nesta
caminhada rumo a uma melhor formação e crescimento social. Esse sistema ainda está
sendo elaborado e será coordenado pela Profa. Maria Bastos, que coordena nosso
pré‐vestibular social (CECIERJ) e foi diretora da Faculdade de Serviço Social da UFRJ.
Contamos com a colaboração de todos com sugestões para o projeto e, se possível, na
participação em sua implementação. Suas considerações são bem‐vindas e devem ser
dirigidas ao e‐mail: [email protected], ou pelo link “comentários” disponível na
página http://cejarj.cecierj.edu.br, dentro do ambiente Discussão na Rede ‐ Projeto.
4. Considerações finais
Como todo projeto novo, são muitas as dificuldades que enfrentaremos na
implementação deste projeto, desde problemas na área de infraestrutura física até
questões acadêmico/pedagógicas que nos escapam, neste primeiro desenho. Por
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conta disto, é importante que possamos construir e implementar juntos o projeto e,
para tal, contamos com vocês.