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Este trabalho resulta da persistência em busca do que se acredita ser de suma importância paraa sociedade e para a classe dos profissionais arquivistas que luta por um governo cada vezmais transparente. A pesquisa teve como objetivo analisar o Projeto Memórias Reveladas,buscando apresentar uma visão panorâmica que identificasse ou não o mesmo em um quadrode políticas públicas arquivísticas de caráter nacional. A importância do diálogo Estado-sociedadebem como a notoriedade do Centro de Referência motivou e despertou o interessepelo tema. Usou-se de consultas ao Portal Memórias Reveladas e ao site do Arquivo Nacional,bem como a análise de todas as atas do Conselho Nacional de Arquivos, responsável porestabelecer diretrizes e implantar a Política Nacional de Arquivos. Além disso, trabalhosdivulgados no Brasil e no exterior que pudessem sustentar a pesquisa.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO UNIRIO

    NELSON ALFREDO SALOMO NETO

    PROJETO MEMRIAS REVELADAS: O ARQUIVO NACIONAL, O

    CONARQ E AS POLTICAS PBLICAS DE ARQUIVO NO BRASIL

    Rio de Janeiro

    2011

    NELSON ALFREDO SALOMO NETO

  • S173 SALOMO NETO, Nelson Alfredo. Projeto Memrias Reveladas: O Arquivo Nacional, O CONARQ e as polticas pblicas de arquivo no Brasil / Nelson Alfredo Salomo Neto, 2011.

    36f. Monografia apresentada ao Curso de Arquivologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro para obteno do grau parcial de Bacharel em Arquivologia. Orientador: Jos Maria Jardim.

    1. Memrias Reveladas 2. Arquivo Nacional. 3. CONARQ. 4. Polticas pblicas arquivsticas.

    CDD: 350.7146

  • RESUMO

    Este trabalho resulta da persistncia em busca do que se acredita ser de suma importncia para

    a sociedade e para a classe dos profissionais arquivistas que luta por um governo cada vez

    mais transparente. A pesquisa teve como objetivo analisar o Projeto Memrias Reveladas,

    buscando apresentar uma viso panormica que identificasse ou no o mesmo em um quadro

    de polticas pblicas arquivsticas de carter nacional. A importncia do dilogo Estado-

    sociedade bem como a notoriedade do Centro de Referncia motivou e despertou o interesse

    pelo tema.Usou-se de consultas ao Portal Memrias Reveladas e ao site do Arquivo Nacional, bem como a anlise de todas as atas do Conselho Nacional de Arquivos, responsvel por

    estabelecer diretrizes e implantar a Poltica Nacional de Arquivos. Alm disso, trabalhos

    divulgados no Brasil e no exterior que pudessem sustentar a pesquisa.

    Palavras-chave: Memrias Reveladas, polticas pblicas arquivsticas, Arquivo Nacional,

    CONARQ.

  • SUMRIO

    1. INTRODUO.......................................................................................................10

    2. POLTICAS PBLICAS........................................................................................13

    2.1 POLTICAS PBLICAS E ANLISE DE POLTICAS PBLICAS:

    CONCEITUAO GERAL E HISTRICA...............................................................13

    2.2 POLTICAS PBLICAS DE INFORMAO E POLTICAS PBLICAS

    ARQUIVSTICAS........................................................................................................16

    3. O ARQUIVO NACIONAL, O CONARQ E O PROJETO MEMRIAS

    REVELADAS..............................................................................................................20

    3.1 O PROJETO MEMRIAS REVELADAS............................................................20

    3.1.1 HISTRICO, ESTRUTURA E MECENATO....................................................20

    3.1.2 OBJETIVOS E RESULTADOS ALCANADOS.............................................22

    3.2 O ARQUIVO NACIONAL: HISTORICO............................................................26

    3.3 O CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS....................................................27

    3.3.1 O CONARQ, O MEMRIAS REVELADAS E AS POLTICAS PBLICAS

    ARQUIVSTICAS NO BRASIL.................................................................................29

    4. CONSIDERAES FINAIS.................................................................................33

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................................35

  • 10

    INTRODUO

    O tema polticas pblicas hoje em dia, conquista cada vez mais espao na

    sociedade e vem reforando os canais de comunicao entre os governantes e seus

    governados. No obstante, o meio acadmico tem participado desse fenmeno com as

    crescentes monografias, teses de mestrado e doutorado que tratam do tema. Ao longo

    das ltimas dcadas temos observado uma tentativa de verticalizao terica das

    polticas pblicas, em especial do denominado anlise de polticas pblicas,

    expresso mais comumente encontrada na literatura das Cincias Polticas, Sociais e da

    Informao. Estudar as polticas pblicas de informao no Brasil vital para

    compreendermos o avano (ou a falta de) nas questes pertinentes gesto, ao acesso e

    preservao da informao arquivstica governamental. Diante desse panorama, um

    projeto especfico do Arquivo Nacional foi alvo desse estudo.

    O objetivo da pesquisa foi analisar o Projeto Memrias Reveladas, buscando

    entender sua importncia ou no em um quadro de polticas pblicas arquivsticas de

    carter nacional. A importncia do dilogo Estado-sociedade bem como a notoriedade

    do Centro de Referncia motivou e despertou o interesse pelo tema. Para tanto, foi

    levantada a bibliografia pertinente bem como foram estudadas todas as atas de reunio

    divulgadas pelo Conselho Nacional de Arquivos no perodo estudado (1994-2010).

    Assim, procurou-se identificar de que forma o Memrias Reveladas foi abordado pelo

    rgo responsvel por ditar as diretrizes da Poltica Nacional de Arquivos.

    significativo dizer que a maioria das atas no possui as referidas ocorrncias

    em um contexto que indique aes do rgo que possam convergir para a materializao

    de uma poltica pblica de arquivos de mbito nacional. Muitas delas apenas se

    remetem Lei n 8159, lembrando as competncias do CONARQ.

    Nesse contexto, a pesquisa sobre o Centro de Referncia e o estudo das

    cinquenta e oito atas de reunies nos leva diretamente a duas questes: 1) por que o

    Memrias Reveladas no cumpre integralmente sua funo de garantir o pleno e

    irrestrito acesso aos seus documentos? 2) por que um projeto com sua dimenso no

    esteve em pautas do CONARQ nenhuma vez desde o momento de sua idealizao

    (2005) at sua criao, em 2009 ? 3) por que uma poltica pblica para os arquivos

    ainda no se materializou ?

    O projeto Memrias Reveladas, de iniciativa da Casa Civil da Presidncia da

    Repblica, nasceu no decreto que regulamenta a transferncia dos acervos dos extintos

  • 11

    Conselho de Segurana Nacional, Comisso Geral de Investigaes e Servio Nacional

    de Informaes, para o Arquivo Nacional. De acordo com o portal oficial do projeto, o

    Centro de Referncia das Lutas Polticas no Brasil (Memrias Reveladas), tem como

    objetivo geral tornar-se um plo difusor de informaes contidas nos registros

    documentais sobre as lutas polticas no Brasil nas dcadas de 1960 a 1980. O projeto

    consiste em integrar uma rede nacional de arquivos, instituies pblicas e privadas

    tendo como prerrogativa a cooperao entre a Unio e os Estados brasileiros. Em seu

    momento inicial foram identificados acervos organizados em treze estados alm do

    Distrito Federal e, digitalizados, passaram a fazer parte da rede.

    Em 13 de maio de 2009, data de assinatura da Portaria n.204, a ex-Ministra

    Chefe da Casa Civil Dilma Roussef, assinalou :

    Essa iniciativa indita est possibilitando a articulao entre os entes

    federados com vistas a uma poltica de reconstituio da memria

    nacional do perodo da ditadura militar. Os acordos firmados entre a

    Unio e os Estados detentores de arquivos viabilizam o cumprimento

    do requisito constitucional de acesso informao a servio da

    cidadania. Estamos abrindo as cortinas do passado, criando as

    condies para aprimorarmos a democratizao do Estado e da

    sociedade. Possibilitando o acesso s informaes sobre os fatos

    polticos do Pas reencontramos nossa histria, formamos nossa

    identidade e damos mais um passo para construir a nao que

    sonhamos: democrtica, plural, mais justa e livre. (ROUSSEF, 2009)

    O entusiasmo da ex-Ministra parece compartilhado por praticamente todos os

    segmentos da imprensa, em suas diversas orientaes ideolgicas. Em 12 de novembro

    de 2008, a Carta Capital destina uma matria ao tema e descreve o Memrias Reveladas

    como um projeto que ir catalogar e colocar disposio do pblico pela internet os

    registros preservados das lutas polticas durante o regime militar. Ao fim da matria,

    sentencia: Revelar memrias faz muito bem sade do Pas.

    J em maio de 2009 foi a vez do jornal O Globo registrar a tica do Presidente

    Lula sobre o projeto poca do lanamento do portal: - Estou convencido que ns

  • 12

    vamos prestar um servio democracia brasileira na hora que a gente conseguir

    desvendar alguns mistrios que ainda persistem na nossa histria.

    O Centro de Referncia das Lutas Polticas no Brasil ainda foi destaque em

    vrios outros jornais e revistas do Brasil, aparecendo at em sites filiados a partidos

    polticos como o Portal Vermelho, do Partido Comunista do Brasil

    (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=52574&id_secao=1 ).

    Nesse contexto, a iniciativa governamental pode ser vista como um marco no

    que tange o acesso informao. A integrao entre os arquivos pblicos brasileiros, a

    inovao na forma de acesso aos documentos e a resposta da sociedade ao projeto,

    verificada pela repercusso miditica; faz com que o Memrias Reveladas se projete

    como referncia. Como este trabalho visa abordar a crescente discusso a respeito de

    polticas pblicas arquivsticas e paralelamente o Projeto Memrias Reveladas,

    questiona-se: O Memrias Reveladas configura-se como uma poltica pblica

    arquivstica de carter nacional ?

    Em artigo publicado na Revista Arquivo & Administrao, Jardim (2006)

    sintetiza o conceito de polticas pblicas arquivsticas:

    Conjunto de premissas, decises e aes produzidas pelo Estado e

    inseridas nas agendas governamentais em nome do interesse social

    que contemplam os diversos aspectos (administrativos, legal, cientfico,

    cultural, tecnolgico etc.) relativos produo, uso e preservao da

    informao arquivstica de natureza pblica e privada. (JARDIM,

    2006, p. 10)

    Diante desse cenrio, sero debatidos diversos autores pertinentes que

    possibilitem uma anlise do projeto Memrias Reveladas, do Arquivo Nacional, dentro

    da perspectiva de polticas pblicas de informao no Brasil. Para tanto, sero

    trabalhados tanto conceitos especficos (polticas pblicas arquivsticas e polticas

    pblicas de informao) quanto conceitos gerais (polticas sociais, polticas pblicas e

    memria social).

  • 13

    2. POLTICAS PBLICAS

    As polticas pblicas so elementos-chave para o entendimento das relaes

    entre o Estado e os diversos grupos sociais que atuam para que seus interesses sejam

    atendidos. A compreenso destas em determinada sociedade, entretanto, implica em

    uma anlise intensa da histria, do regime vigente, da conscientizao poltica da

    populao e claro, das condies estruturais e financeiras do Estado. Para que o estudo

    das polticas pblicas de informao no Brasil seja realizado de forma eficiente,

    necessrio uma breve conceituao geral e histrica de polticas pblicas.

    2.1 Polticas Pblicas e Anlise de Polticas Pblicas: Conceituao geral e histrica

    Ao abordar o conceito de poltica, Dagnino (2002, p.3) lembra que o termo pode

    ser empregado em pelo menos dez formas:

    1. Campo de atividade ou envolvimento governamental (social,

    econmica), embora com limites nem sempre definidos

    2. Objetivo ou situao desejada (estabilidade econmica)

    3. Propsito especfico (inflao zero) em geral relacionado a

    outros de menor ou maior ordem

    4. Decises do governo frente a situaes emergenciais

    5. Autorizao formal (diploma legal), ainda que sem

    viabilidade de implementao

    6. Programa (pacote envolvendo leis, organizaes, recursos)

    7. Resultado (o que obtido na realidade e no os propsitos

    anunciados ou legalmente autorizados)

    8. Impacto (diferente de resultado esperado)

    9. Teoria ou modelo que busca explicar a relao entre aes e

    resultados

    10. Processo (os nove acima so fotos necessrio um

    filme: enfoque processual).

  • 14

    E tenta sintetiz-lo em trs elementos-chave, que so:

    1. Uma teia de decises e aes que alocam (implementam)

    valores;

    2. Uma instncia que, uma vez articulada, vai conformando o

    contexto no qual uma sucesso de decises futuras sero

    tomadas;

    3. Algo que envolve uma teia de decises ou o

    desenvolvimento de aes no tempo, mais do que uma

    deciso nica localizada no tempo.

    Heclo (1972, p. 84-85 apud DAGNINO, 2002, p. 2) por sua vez alerta para o

    curso das inaes (ou no-aes), que seriam tambm formas de poltica. Wildavsky

    (1979, p. 387 apud DAGNINO, 2002, p. 2) nota que o termo poltica atende tanto

    para um processo de tomada de decises quanto para o produto resultante desse

    processo. J Jenkins (1978, p. 15 apud DAGNINO, 2002, p. 2) define um conjunto

    de decises interrelacionadas, concernindo seleo de metas e aos meios para

    alcan-las, dentro de uma situao especificada. Desta forma, percebemos alguns

    pontos de convergncia entre os autores, notadamente a viso de poltica como um

    conjunto de decises ou teia de decises, excluindo do conceito aes ou inaes

    isoladas.

    Em uma das definies de poltica, Gobert, Muller (1987 apud HOFLING,

    2001, p. 31) a entende como o Estado em ao. Definio que Hofling (2001) adota e

    aprofunda como a implantao de projetos de governo, ou seja, sua interveno junto a

    setores da sociedade. No entanto, Hofling (2001) alerta para o fato de que polticas

    pblicas no podem ser concebidas como sinnimos de polticas estatais, uma vez que

    so compreendidas em um processo que envolve a participao de diferentes

    organismos e agentes da sociedade relacionados poltica implementada. Faz tambm

    a distino de polticas sociais, vistas como:

    [...]aes que determinam o padro de proteo social implementado

    pelo Estado, voltadas, em princpio, para a redistribuio dos

    benefcios sociais visando a diminuio das desigualdades estruturais

  • 15

    produzidas pelo desenvolvimento socioeconmico (HOFLING, 2001,

    p. 31).

    J para Muller e Surel ( 2004 apud SILVA, 2008 p. 47) esta ao do Estado pode

    ser considerada:

    [...] o lugar privilegiado em que as sociedades modernas, enquanto

    sociedades complexas, vo colocar o problema crucial de sua relao

    com o mundo atravs da construo de paradigmas ou de referenciais,

    sendo que este conjunto de matrizes cognitivas e normativas

    intelectuais determina, ao mesmo tempo, os instrumentos graas aos

    quais as sociedades agem sobre elas mesmas e os espaos de sentido no

    interior das quais os grupos sociais vo interagir.

    Vrios autores do campo das Cincias Sociais e Polticas entretanto, debruam-

    se sobre a expresso anlise de polticas pblicas. Dagnino (2002), adota como

    conceito o conjunto de conhecimentos proporcionado por diversas disciplinas das

    cincias humanas utilizados para buscar resolver ou analisar problemas concretos em

    poltica (policy) pblica. O autor sugere que o objeto da Anlise de Polticas Pblicas

    seriam os problemas enfrentados pelos chamados policy makers (ou fazedores de

    polticas) e o objetivo seria o auxlio aos mesmos.

    Dagnino (2002) aponta que o surgimento da Anlise de Polticas Pblicas como

    campo acadmico ocorre na dcada de sessenta, influenciado basicamente por dois

    fatores: a crescente dificuldade dos formuladores de polticas em lidar com os

    problemas que surgiam; e o desvio de ateno dos acadmicos de Cincias Humanas

    para as questes relacionadas s polticas pblicas, tentando solucionar os problemas

    existentes atravs da metodologia e do conhecimento. Em sua gnese, os cursos

    orientavam mais para uma rea de pesquisa do que propriamente para a administrao

    pblica deixando de lado alguns elementos prticos de grande valia como os valores

    (DAGNINO, 2002).

    Os anos setenta trouxeram uma intensificao das pesquisas e diversas

    contribuies para a rea. Surge ento, nova abordagem que procurava solucionar os

    problemas concernentes aos cursos de cincias polticas. Cursos que, por sua vez,

    tomaram por ideal reas da administrao e falharam na importncia excessiva de

  • 16

    elementos prticos. Na dcada seguinte, tcnicas de administrao do setor privado so

    trazidas luz principalmente pela incapacidade do Estado de resolver problemas sociais,

    pela privatizao e pela intensificao do debate Estado x mercado. (DAGNINO, 2002

    p. 5).

    No que diz respeito aos estudos de Anlise de Poltica, Dagnino (2002)

    apresenta uma classificao elaborada por Ham e Hill (1993) que os divide em duas

    categorias:

    a anlise que tem como objetivo desenvolver conhecimentos sobre o processo de elaborao polticas (formulao, implementao e avaliao) em si

    mesmo - estudos sobre as caractersticas das polticas e o processo de

    elaborao de polticas que revelam, portanto, uma orientao

    predominantemente descritiva; e

    a anlise voltada a apoiar os fazedores de poltica, agregando conhecimento ao processo de elaborao de polticas, envolvendo-se diretamente na tomada de

    decises, revelando assim um carter mais prescritivo ou propositivo.

    Entretanto, a tenso visualizada por entre o descritivo e o prescritivo e sua

    distino no unanimidade entre os pensadores da rea. Autores como Dye (1976),

    Lasswell (1951) e Dror (1971), citados por Dagnino (2002) entendem que a anlise

    poltica possui simultaneamente as caractersticas prescritivas e descritivas.

    2.2 Polticas pblicas de informao e polticas pblicas arquivisticas

    Polticas pblicas arquivsticas um tema ainda pouco explorado no s nos

    pases perifricos, mas tambm nos centrais. A literatura da rea ainda incipiente e no

    se encontram muitos estudos publicados a respeito. De forma geral podemos entend-la

    como uma das vertentes das polticas pblicas de informao, que comea a se tornar

    um tema freqente na segunda metade do sculo XX.

    Durante as dcadas de sessenta e setenta, intensifica-se o debate acerca de

    sistemas de informao. Em uma proposta da UNESCO (Organizao das Naes

    Unidas para Educao, Cincia e Cultura) e do ICSU (Conselho Internacional de

    Associaes Cientficas) para a idealizao do UNISIST (Sistema Mundial de

    Informao Cientfica e Tecnolgica) e na Conferncia Intergovernamental realizada

  • 17

    pela mesma em 1974, encontramos a preocupao em estabelecer diretrizes para

    polticas relacionadas documentao, bibliotecas e arquivos:

    com vistas a analisar os conceitos gerais, resultantes das concluses

    de conferncias regionais sobre planejamento na Amrica Latina, sia,

    frica, Estados rabes e definir diretrizes gerais da poltica e a

    metodologia do planejamento para aplic-las aos servios de

    documentao, bibliotecas e arquivos. (UNESCO, 1975 apud JARDIM,

    1995 p.37)

    Na citada conferncia, o UNISIST daria espao ao conceito de NATIS (Sistemas

    Nacionais de Informao), que:

    implica que a administrao central ou local de um Estado deve

    perseguir uma disponibilidade mxima de toda informao pertinente,

    mediante os servios de documentao, bibliotecas e arquivos (...)

    eliminando toda a duplicao de atividades entre certas classes de

    servios atravs de uma ao planejada (...) provavelmente isto ser

    mais fcil para os novos pases em desenvolvimento (grifo nosso) que

    para os antigos, nos quais h interesses criados (acadmicos,

    associaes cientficas, grupos industriais) muito fortes. (UNESCO,

    1975 apud JARDIM, 1995 p.37)

    Ainda que os objetivos e as prerrogativas do NATIS no tenham sido

    plenamente alcanados, Jardim (1995) ressalta a importncia do conceito que tornou-se

    um marco na literatura e de seus princpios, que ainda servem de referncia em debates

    e aes que envolvem polticas pblicas de informao nos pases perifricos.

    Hernon e Relyea (1991), citados por Silva (2008), apontam para o termo

    poltica de informao atravs de uma definio objetiva, mas que deixa clara a

    complexidade e por vezes contraditria natureza do conceito:

    Poltica de informao tem sido definida como um conjunto de

    princpios, leis, diretrizes, regras, regulamentos e procedimentos inter-

    relacionados que orientam a superviso e gesto do ciclo vital da

    informao: a produo, coleo, organizao,

  • 18

    distribuio/disseminao, recuperao, uso e preservao da

    informao. (HERNON; RELYEA apud SILVA, 2008, p. 71)

    Jardim (2006), um dos poucos autores brasileiros a tratar do assunto, afirma que:

    A noo de "poltica de informao" tende a ser naturalizada e a

    designar diversas aes e processos do campo informacional: arquivos,

    bibliotecas, internet, tecnologia da informao, governo eletrnico,

    sociedade da informao, informao cientfica e tecnolgica, etc. (JARDIM, 2006, p. 10)

    Por esse prisma podemos concluir que o prprio termo poltica de informao

    carece de verticalizao terica e sua aplicao ainda bem extensiva. Jardim (2006)

    tenta, nesse sentido, uma aproximao com os aspectos tericos da anlise de polticas

    pblicas e destaca cinco elementos que normalmente esto presentes nas polticas

    pblicas de informao:

    a) O alcance e o conceito de informao identificam a poltica de

    informao.

    b) O alcance de aes da poltica de informao:

    - Aes no Estado

    - Aes na Sociedade

    - Aes Estado-Sociedade

    - Aes Sociedade Estado

    c) O equilbrio entre atividades normativas e operacionais na sua

    execuo;

    d) A relao da poltica da informao com as demais polticas

    pblicas, ou seja, a sua transversalidade:

    - Polticas de cultura

    - Polticas de sade

    - Polticas de educao

    - Polticas de transportes

    - Polticas de meio ambiente

    - Polticas econmicas, etc.

    e) A participao dos diversos atores sociais que so contemplados por

    essas polticas de informao. (JARDIM, 2006, p. 10),

  • 19

    Uma poltica pblica de arquivo pode ser considerada parte de uma poltica

    pblica de informao. Ambas so intimamente relacionadas e se completam. So

    entendidas por Jardim (2006) como:

    [...]conjunto de premissas, decises e aes produzidas pelo Estado

    e inseridas nas agendas governamentais em nome do interesse social

    que contemplam os diversos aspectos (administrativos, legal,

    cientfico, cultural, tecnolgico etc.) relativos produo, uso e

    preservao da informao arquivstica de natureza pblica e

    privada. (JARDIM, 2006, p. 10)

    Alm da relao com polticas de informao, Jardim (2006) nota a importncia

    de um alto grau de transversatilidade e interseco com outras polticas pblicas como

    sade, cincia e habitao, pois o sucesso das mesmas sofre influncia dos impactos das

    polticas arquivsticas nas respectivas reas.

    Ao analisar a relao entre legislao e polticas pblicas de arquivo, Jardim

    (2006) lembra que freqente a confuso de ambas. E afirma que a legislao

    arquivstica fornece elementos normalizadores poltica de arquivos, mas no

    corresponde a uma. Ainda sob essa tica, Jardim (2006) desconstri a imagem comum

    de que uma legislao arquivstica seria o marco zero para uma mudana significativa e

    faz a distino entre legislao e aes concretas na execuo de polticas de arquivo.

    Deve ser simultaneamente instrumento e objeto de uma poltica arquivstica, segundo o

    autor, que corrobora com Couture (1998), a existncia da lei no garante a sua

    aplicao... A legislao no pode ser confundida com a ao concreta.

  • 20

    3. O ARQUIVO NACIONAL, O CONARQ E O PROJETO MEMRIAS

    REVELADAS

    Visando uma anlise de qualidade e uma tica que privilegie as polticas

    pblicas arquivsticas no Brasil, imprescindvel o conhecimento do Arquivo Nacional

    (administrador do Centro de Referncias das Lutas Polticas no Brasil) e do Conselho

    Nacional de Arquivos (CONARQ). Nesse sentido, estruturas, organogramas, parceiros e

    oramentos entre outros aspectos sero discutidos ao longo do captulo.

    3.1 O Projeto Memrias Reveladas

    3.1.1 Histrico, estrutura e mecenato

    O Centro de Referncia das Lutas Polticas no Brasil ou Memrias Reveladas,

    foi idealizado em 2005 pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidncia da

    Repblica. Em fevereiro, foi criado um Grupo de Trabalho cujo objetivo era elaborar

    um projeto de implantao de um centro de referncia que abrigasse informaes,

    documentos, arquivos, objetos artsticos com valor simblico, sobre as violaes dos

    Direitos Humanos durante o perodo da ditadura militar no Brasil"1.

    Ainda neste ano, inicia-se a transferncia para o Arquivo Nacional de

    documentos produzidos e recebidos por instituies extintas e que estavam sob custdia

    da ABIN (Agncia Brasileira de Inteligncia) como CSN (Conselho de Segurana

    Nacional), CGI (Comisso Geral de Investigaes) e SNI (Servio Nacional de

    Informaes). Dois anos depois, a captao de recursos pelo Arquivo Nacional

    permitida por intermdio da Lei Rouanet (Lei n 8.313/91), com vista ao tratamento dos

    acervos dos extintos DEOPS (Departamento Estadual de Ordem Poltica e Social) e

    DOPS (Departamento de Ordem Poltica e Social); entre outros de interesse do Arquivo

    Nacional. Finalmente, em 2009 o Centro de Referncia das Lutas Polticas no Brasil

    criado por intermdio da Portaria n. 204, de 13 de maio, pela Casa Civil da Presidncia

    da Repblica.

    Hoje, 55 entidades e instituies do Brasil e do exterior fazem parte da rede

    denominada Rede Nacional de Cooperao e Informaes Arquivsticas Memrias

    Reveladas. De acordo com Stampa (2011), Coordenadora do Centro de Referncia 1(http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=3&sid=2 )

  • 21

    Memrias Reveladas, somente o acervo referente ao perodo da ditadura militar sob

    guarda do Arquivo Nacional constitudo por cerca de 17 milhes e 400 mil pginas de

    documentos textuais, 1363 mil metros lineares de outros tipos documentais (como

    fotografias), alm de 220 mil microfichas e 110 rolos de microfilmes. Tambm vale

    ressaltar que campanhas institucionais como a Doe seu Acervo fizeram com que em

    menos de 2 anos fossem doadas mais de 200 mil pginas de documentos textuais,

    dezenas de livros e documentos sonoros em suportes variados.

    A estrutura do Centro de Referncia composta por:

    1. Coordenao-Geral: responsabilidade do Diretor-Geral do Arquivo Nacional

    Jaime Antunes da Silva, o rgo de gesto e de representao do Centro de

    Referncia.

    2. Assessoria de coordenao: equipe de servidores do Arquivo Nacional que

    tem como funo a assessoria da Coordenao-Geral em sua atuao e

    planejamento, acompanhamento e avaliao das atividades tcnico-

    administrativas do Memrias Reveladas.

    3. Assessoria de Sistemas de Informao: equipe de especialistas do Arquivo

    Nacional que tem por funo assessorar a Coordenao-Geral na sua atuao,

    criao, gesto e aperfeioamento dos sistemas de informao relacionados ao

    Memrias Reveladas.

    4. Assessoria de Contedo do Portal: equipe de especialistas do Arquivo

    Nacional que tem por atribuio alimentar o portal e suas sees com matrias

    de interesse do Centro, bem como supervisionar as atividades de manuteno no

    que se refere ao design.

    5. Conselho Consultivo: integrado por 19 membros, indicados por rgos

    governamentais, associaes e entidades parceiras, com o objetivo de subsidiar a

    gesto do Centro de Referncia, acompanhando a implantao e o

    desenvolvimento de suas aes.

    6. Comisso de Altos Estudos: formada por 21 pesquisadores e especialistas de

    instituies de ensino e pesquisa, tem por objetivo aproximar o Centro de

    Referncia da comunidade acadmica, promovendo a produo de artigos

    acadmicos e de difuso cientfica, pesquisas e concursos monogrficos.

    7. Rede de Parceiros do Centro: formadas por instituies, entidades e pessoas

    fsicas parceiras da Rede Nacional de Cooperao e Informaes Arquivsticas,

    que tem o Memrias Reveladas como seu projeto piloto.

  • 22

    (http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.

    htm?infoid=6&sid=2 )

    Para facilitar a captao de recursos, o Centro de Referncia conta com a

    parceria de cinco entidades que agem patrocinando projetos integrantes do Memrias

    Reveladas em vrias partes do Brasil. O Banco do Brasil atua junto aos arquivos

    pblicos estaduais de Minas Gerais, Alagoas, Cear, Sergipe e Rio Grande do Norte. O

    BNDES atua em parceria com o Arquivo Histrico do Rio Grande do Sul, Arquivo

    Pblico Estadual Joo Emerenciano e Universidade Federal de Gois. J a Caixa investe

    em projetos desenvolvidos nos arquivos pblicos estaduais do Rio de Janeiro e

    Maranho, alm da Associao de Arquivistas do Estado de So Paulo. A APERJ conta

    tambm, com o patrocnio da Eletrobrs. A Petrobrs, por fim, parceira do arquivo

    pblico dos estados do Esprito Santo, So Paulo e Paran.

    Alm do Memrias Reveladas, o governo responde s demandas dos diversos

    setores sociais com um projeto de lei. No mesmo ms, o ento presidente Luiz Incio

    Lula da Silva envia ao Congresso Nacional o Projeto de Lei n 5228/2009, de cinco de

    maio de 2009, que regula o acesso a informaes previsto no inciso XXXIII do art. 5,

    inciso II do 3 do art. 37 e no 2 do art. 216 da Constituio Federal de 1988.

    Apesar de algumas lacunas ainda discutidas como a manuteno ou no do sigilo

    eterno de documentos ultra-secretos e de expresses que primam pela falta de

    objetividade como local de fcil acesso e informaes de interesse coletivo e geral,

    o referido projeto de lei proporcionar significativos avanos no que se refere ao acesso

    dos documentos pblicos. Entre as providncias, caso aprovado o projeto, diminuiro as

    restries de acesso e seus respectivos prazos. Esto previstas tambm

    responsabilidades para pessoa fsica ou entidade privada e suas respectivas sanes no

    art. 33.2

    3.1.2 Objetivos e resultados alcanados

    Administrado pelo Arquivo Nacional, o Memrias Reveladas tem como objetivo

    geral tornar-se um plo difusor de informaes contidas nos registros documentais

    2 O Projeto de Lei n 5228/2009 sofreu alteraes em seu bojo antes de sua aprovao na Cmara dos Deputados. Aps, seguiu para o Senado Federal onde atualmente discute-se a manuteno ou no do sigilo eterno de documentos ultra-secretos.

  • 23

    sobre as lutas polticas no Brasil nas dcadas de 1960 a 1980. Entre os objetivos

    secundrios, destacam-se:

    Estimular pesquisas, na perspectiva da histria, da sociologia, da antropologia, da cincia poltica e do direito, mediante:

    Controle das fontes primrias e da produo bibliogrfica disponveis;

    Busca de novas fontes documentais;

    Gerenciamento de instrumentos de pesquisa disponveis e elaborao de novos instrumentos com carter coletivo.

    .Promover amplo acesso s fontes de informao e de conhecimento assim sistematizadas, mediante: Criao de uma rede virtual de amplo espectro;

    Montagem de exposies;

    Edio (em suporte-papel ou em meio digital) de obras de referncia, estudos monogrficos e peridicos, em parceria com outras instituies;

    Confeco, em parceria, de material didtico.

    Contribuir para o debate de natureza acadmica e poltica sobre o perodo, mediante:

    Organizao de seminrios e eventos de carter interdisciplinar;

    Promoo de concursos monogrficos;

    Intercmbio com instituies congneres, nacionais e estrangeiras.

    (http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=4&sid=2)

    At o presente momento, percebemos o xito em alguns objetivos especficos

    enquanto outros deixam a desejar e ainda no podem ser vistos como atingidos. A

    criao de uma rede virtual pode ser verificada no Banco de Dados Memrias

    Reveladas, que rene documentos digitalizados de mais de duzentos fundos de trinta e

    nove instituies participantes, inclusive o prprio Arquivo Nacional. Pesquisas podem

    ser feitas de trs formas (multinvel, livre e avanada) e o banco conta tambm com um

    manual de instrues para o usurio, o que de grande utilidade para os pesquisadores

    no-usuais.

  • 24

    A montagem de exposies tambm deixou o campo dos objetivos e tem sido

    realizada com regularidade. As primeiras exposies inclusive (A ditadura por sua

    agncia e Na teia do regime militar: o SNI e os rgos de informao e represso no

    Brasil 1964-1985), j esto disponveis no portal com alguns textos e fotos

    reproduzidos digitalmente. Tambm vale ressaltar que a mais recente, Registros de

    uma Guerra Surda, est tendo cobertura de jornais de grande circulao do Rio de

    Janeiro. A promoao de concursos monogrficos tambm se verifica pelo Prmio de

    Pesquisa Memrias Reveladas, onde uma comisso designada julga as monografias

    inscritas no projeto.

    Segundo Stampa (2011), o Centro vem atuando tambm na promoo e no apoio

    a eventos relativos direitos humanos e acesso informao pblica. Em novembro de

    2009, o Arquivo Nacional foi convidado ao III Seminrio Latino-Americano de Anistia

    e Direitos Humanos - Manoel da Conceio (realizado em Braslia-DF) e participou da

    gravao de depoimentos dos camponeses que moram na regio da Guerrilha do

    Araguaia. Em 2010, mais dois eventos: Seminrio Nacional Arquivos da Ditadura e

    Democracia e o Seminrio Internacional sobre Acesso Informao.

    Infelizmente, esses avanos contrastam com denncias graves que cercam o

    projeto. Em 2010 o historiador Carlos Fico, ento presidente substituto da Comisso de

    Altos Estudos do Memrias Reveladas, entregou uma carta de demisso ao

    Coordenador-Geral Jaime Antunes da Silva expondo graves problemas Centro de

    Referncia. poca, a notcia teve destaque e foi publicada juntamente carta de

    demisso no jornal O Globo de 3 de novembro de 2010 em um artigo de Chico Otvio:

    No obstante o Brasil possua um grande acervo documental sobre a

    ditadura militar j transferido para o Arquivo Nacional e arquivos

    estaduais em tese disponvel consulta pblica sua pesquisa,

    muitas vezes, tem sido bastante dificultada. (FICO, 2010)

    Uma das razes da demisso do historiador relatada na matria, onde o acesso

    documentos negado a uma aluna de doutorado, Adriana Setemy. A prpria relata o

    episdio:

    Comecei a pesquisa em janeiro, mas quando voltei em setembro, o

    funcionrio disse que era para desconsiderar tudo o que eu j havia

  • 25

    levantado, porque a consulta direta aos instrumentos de pesquisa (lista

    que contm os documentos contidos em cada acervo) j no estava

    mais disponvel.

    O historiador Carlos Fico traz luz interferncias polticas que afetam diretamente a

    credibilidade do projeto ao dificultarem e criarem barreiras para a consulta pblica de

    documentos. poca eleitoral, as interferncias foram constatadas com mais freqncia

    coincidindo inclusive a data do final das eleies com a data de liberao de alguns

    documentos que deveriam estar acessveis qualquer dia e hora como a premissa de

    um plo difusor de informaes:

    Nas ltimas semanas, pesquisadores foram impedidos de consultar os

    documentos do Conselho de Segurana Nacional e da Diviso de

    Segurana e Informaes do Ministrio das Relaes Exteriores sob a

    alegao que jornalistas estariam fazendo uso indevido da

    documentao buscando dados sobre candidatos envolvidos na

    campanha eleitoral. Decidi, naquele momento, afastar-me do Memrias

    Reveladas porque, evidentemente, no concordo com este procedimento

    ilegtimo. (FICO, 2010)

    Em outro trecho, Fico (2010) relata a proibio de consulta at de instrumentos

    de pesquisa:

    Tampouco pode perdurar o entendimento improcedente que insiste em

    tratar como sigiloso o documento j desclassificado pela lei. Os

    documentos que outrora foram classificados como secretos,

    confidenciais etc. e cujos prazos de classificao se esgotaram so

    documentos ostensivos e todos podem ter acesso a eles. Essas

    percepes restritivas levaram ao absurdo de proibir-se a consulta at

    mesmo dos instrumentos de pesquisa. (FICO, 2010)

    Adiante, Fico (2010) denuncia uma distino por parte do Arquivo Nacional

    entre os consulentes, privilegiando pesquisadores renomados e dificultando o acesso de

    jornalistas e estudantes:

  • 26

    No cabvel que os arquivos faam distines entre jornalistas,

    pesquisadores, estudantes, associaes de vtimas do regime militar etc.

    tratando de maneira diferente cada uma dessas pessoas ou rgos,

    criando maiores obstculos, por exemplo, para os jornalistas e para os

    estudantes de graduao ou, ao contrrio, privilegiando pesquisadores

    renomados. Todos devem ter acesso indiscriminadamente, aos acervos

    documentais. (FICO, 2010)

    Ao final, o historiador e ex-presidente substituto da Comisso de Altos Estudos

    do Memrias Reveladas, no tem dvidas ao sentenciar o fracasso do Centro de

    Referncia: Lamento que o Memrias Reveladas no tenha se constitudo em um

    grande portal de acesso aos documentos do regime militar como era seu objetivo

    inicial. (FICO, 2010)

    Logo aps a demisso de Carlos Fico, a historiadora Jesse Jane tambm se

    desliga do projeto alegando os motivos semelhantes, tambm registrados pelo jornal O

    Globo no dia 3 de novembro de 2010:

    Da ideia inicial de oferecer o acesso aos documentos da ditadura, o

    Memrias Reveladas virou um projeto burocrtico do Arquivo

    Nacional. Documentos que deveriam ser pblicos, porque j foram

    desclassificados, continuam submetidos cultura do segredo. (JANE,

    2010)

    3.2 O Arquivo Nacional: Histrico

    O Arquivo Nacional, com sede no Rio de Janeiro, a mais importante e antiga

    instituio arquivstica do Brasil. Tem como finalidade recolher e gerir os documentos

    produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal bem como implementar e

    acompanhar a Poltica Nacional de Arquivos.

    Sua criao remete ao antigo Arquivo Pblico do Imprio, que em 2 de janeiro

    de 1838 foi idealizado para cumprir o previsto na legislao de 1824. estabelecido,

    provisoriamente, na Secretaria de Estado dos Negcios do Imprio. Tinha por objetivo

    guardar os documentos pblicos e era organizado em trs sees: Administrativa,

  • 27

    responsvel pelos documentos dos poderes Executivo e Moderador; Legislativa,

    incumbida da guarda dos documentos produzidos pelo Poder Legislativo e Histrica.

    Sua primeira sede situava-se no edifcio do Ministrio do Imprio.

    Em 1893 o Arquivo Pblico do Imprio passa a denominar-se Arquivo Pblico

    Nacional e em 1911 adota o nome atual, Arquivo Nacional.

    Em 1978 o Decreto n 82.308, de 25 de setembro, institui o Sistema Nacional de

    Arquivos SINAR, que tem no AN o rgo Central e o CONARQ, para entre outras

    medidas acessorar o rgo Central e propor modificaes aprimoradas ao Sistema.

    Em 1991 promulgada a Lei n 8159, ou Lei de Arquivos, que dispe sobre a

    poltica nacional de arquivos pblicos e privados. Atravs dela, ficaram estabelecidos os

    deveres do Poder Pblico e a gesto documental como instrumento de apoio

    administrao, cultura e ao desenvolvimento cientfico. Em 1994 criado o Conselho

    Nacional de Arquivos, rgo colegiado e vinculado ao AN. Uma de suas competncias

    definir e estabelecer diretrizes para o funcionamento do Sistema Nacional de Arquivos

    SINAR.

    O Arquivo Nacional foi subordinado ao Ministrio da Justia, transferido em

    2000 estrutura da Casa Civil da Presidncia da Repblica e no ano de 2011 retornou

    ao antigo ministrio.

    3.3 O Conselho Nacional de Arquivos

    O Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ um rgo vinculado ao

    Arquivo Nacional do Ministrio da Justia, que tem por finalidade definir a poltica

    nacional de arquivos pblicos e privados e como rgo central do Sistema Nacional de

    Arquivos, exercer orientao normativa visando gesto documental e proteo

    especial aos documentos de arquivo. Ao Arquivo Nacional, cabe dar suporte tcnico e

    administrativo ao CONARQ.

    O CONARQ foi criado pelo art. 26 da Lei n 8.159/91 e regulamentado pelo

    Decreto n 4.073, de trs de janeiro de 2002. Entre as principais competncias definidas

    pelo seu regimento, temos:

  • 28

    I. estabelecer diretrizes para o funcionamento do Sistema

    Nacional de Arquivos - SINAR, visando gesto, preservao

    e ao acesso aos documentos de arquivos;

    II. propor ao Ministro de Estado da Justia normas legais

    necessrias ao aperfeioamento e implementao da poltica

    nacional de arquivos pblicos e privados;

    III. subsidiar a elaborao de planos nacionais de desenvolvimento,

    sugerindo metas e prioridades da poltica nacional de arquivos

    pblicos e privados;

    IV. estimular a implantao de sistemas de arquivos nos Poderes

    Executivo, Legislativo e Judicirio da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal e nos Poderes Executivo e Legislativo dos

    Municpios;

    V. estimular a integrao e modernizao dos arquivos pblicos e

    privados;

    identificar os arquivos privados de interesse pblico e social,

    nos termos do art. 12 da Lei no 8.159, de 1991;

    VI. articular-se com outros rgos do Poder Pblico formuladores

    de polticas nacionais nas reas de educao, cultura, cincia,

    tecnologia, informao e informtica.

    (http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/s

    tart.htm)

    O CONARQ formado por dezessete membros conselheiros: o Diretor-Geral do

    Arquivo Nacional, representantes dos poderes Executivo Federal, Judicirio Federal,

    Legislativo Federal, do Arquivo Nacional, dos arquivos pblicos estaduais e do Distrito

    Federal, dos arquivos pblicos municipais, das instituies mantenedoras de curso

    superior de Arquivologia, de associaes de arquivistas e de instituies que

    congreguem profissionais que atuem nas reas de ensino, pesquisa, preservao ou

    acesso a fontes documentais.

    Essa deveria ser uma forma de dar voz aos diversos atores polticos da sociedade

    e tentar uma convergncia entre seus interesses. Entretanto, a composio indica uma

    predominncia significativa do Estado em relao ao resto. Ao Arquivo Nacional, cabe

    dar suporte tcnico e administrativo ao CONARQ.

  • 29

    3.3.1 O CONARQ, o Memrias Reveladas e as polticas pblicas arquivsticas no

    Brasil

    Para elaborar uma anlise cuja tica so as polticas pblicas arquivsticas,

    necessrio investigar a ao do CONARQ, rgo responsvel por estabelecer as

    diretrizes e estimular a implantao da Poltica Nacional de Arquivos, na janela de

    tempo entre o fim de 1994 (primeiro ano de funcionamento) at o fim de 2010. Para

    tanto, foram consultadas todas as 58 atas de reunio do CONARQ disponveis em seu

    portal na web (http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm),

    de onde foram destacadas as que faziam meno uma poltica nacional de arquivos,

    polticas arquivsticas ou ao Memrias Reveladas, direta ou indiretamente.

    A primeira ata disponvel data de 15 de dezembro de 1994 e a ltima, 19 de

    agosto de 2010. Uma vez que o rgo foi criado com a finalidade de implantar uma

    poltica nacional de arquivos, entendemos que at ento no haviam polticas pblicas

    arquivsticas definidas. Essa viso compartilhada pelos prprios conselheiros como

    podemos ver na ata da 4 Reunio, de 14 de dezembro de 1995, onde o conselheiro

    Milton Seligman mencionado:

    Concluiu sua exposio, desejando ao Arquivo Nacional, por

    intermdio do CONARQ, sucesso na definio e delineamento de uma

    poltica nacional de arquivos a ser desenvolvida em parceria com a

    sociedade. Colocou-se, pessoalmente, e o Ministrio da Justia

    disposio para colaborar nessa misso.

    Sete anos mais tarde, a ata da 26 Reunio, de 3 de julho de 2002 registrou uma

    discusso entre conselheiros, mediada pelo presidente Jaime Antunes da Silva. A

    proposta em questo era a mudana da estrutura e funcionamento do CONARQ,

    tranformando-o num rgo poltico e colocando o prprio Diretor-Geral do Arquivo

    Nacional Jaime Antunes como secretrio da vislumbrada Executiva do Conselho. Desta

    forma, segundo o mesmo, fortaleceria o CONARQ na definio e implementao da

    Poltica Nacional de Arquivos:

  • 30

    Por considerar que o Conselho dever ser transformado em um rgo

    poltico, o Presidente colocou em discusso proposta no sentido de

    passar a vinculao do CONARQ para a Casa Civil da Presidncia da

    Repblica, a quem caber a sua presidncia, e criar uma Secretaria

    Executiva do Conselho, cujo secretrio ser o Diretor-Geral do

    Arquivo Nacional, membro nato do Conselho, fortalecendo, desta

    forma, o Conselho como rgo poltico e no tcnico, na definio e

    implementao da poltica nacional de arquivos.

    Argumentando contrariamente, a Conselheira Maria Odila Fonseca adotou uma

    viso restrita da Poltica Nacional de Arquivos e sugeriu que:

    (...) no momento, no ocorresse a alterao proposta, uma vez que o

    Conselho cumpre sua finalidade na definio da poltica nacional de

    arquivos, demonstrada pela edio de vrios decretos e resolues e

    que, qualquer alterao, na atual conjuntura, poder acarretar

    descontinuidade nos trabalhos do Conselho.

    O Presidente nesse momento pede para que o Plenrio estude a questo e volte a

    ela posteriormente o que, pelos registros de atas, no se realiza. A discusso evidencia

    uma falta de clareza do CONARQ em suas funes visto que a Lei n 8159/1991 j o

    define como um rgo poltico.

    Anos mais tarde, na 41 ata de Reunio de 31 de julho de 2006, encontramos

    mais um indcio de que os prprios membros do CONARQ ainda no reconhecem uma

    poltica pblica de arquivos de carter nacional e que esta ainda est sendo esboada.

    Na ocasio o Presidente Jaime Antunes da Silva, aps dar boas vindas aos novos

    Conselheiros (que passaram a integrar o CONARQ aps trmino do mandato de outros

    membros):

    Disse que os trabalhos desenvolvidos pelo Plenrio, subsidiando o

    delineamento da Poltica Nacional de Arquivos, tem sido de grande

    valor, no s para os rgos federais, mas tambm, para os rgos

    estaduais e municipais porventura j criados, e que a troca de

    experincias entre os diversos profissionais e seguimentos da sociedade

  • 31

    tem sido extremamente gratificante para o Conselho, e que isso

    enriquece os produtos que daqui saem, com uma viso que atende no

    s s especificidades e necessidades da administrao pblica, como

    do seguimento dos arquivos privados de interesse pblico e social.

    (grifo nosso)

    Na 53 ata de Reunio, de 20 de maio de 2009, o Memrias Reveladas (MR)

    entra em pauta pela primeira vez. Sete dias aps sua criao, o Presidente do CONARQ,

    Jaime Antunes da Silva, tambm Diretor-Geral do Arquivo Nacional e Coordenador-

    Geral do Centro de Referncia, informou a respeito da cerimnia de lanamento do MR

    ocorrida no Palcio do Itamaraty e exibiu um vdeo aos conselheiros sobre o mesmo.

    Logo em seguida, prosseguiu ao prximo assunto da pauta sem levantar nenhuma

    considerao.

    A ata da Reunio seguinte, a 54 de 21 de maio de 2009, apresenta uma

    discusso significativa a respeito das ponderaes do Conselheiro Alexandre Libonati,

    que indagara na reunio anterior se o CONARQ tem competncia para deliberar sobre

    os Arquivos do Judicirio. Iniciada a sesso o Presidente Jaime Antunes lembra que de

    acordo com a Lei n 8159, de 1991, cabe ao CONARQ:

    (...) definir as diretrizes da poltica nacional de arquivos pblicos e

    privados independente da esfera de Poderes. O que a Lei citada

    prescreve, em seu art. 20 que "competem aos arquivos do Poder

    Judicirio Federal a gesto e o recolhimento dos documentos

    produzidos e recebidos pelo Poder Judicirio Federal no exerccio de

    suas funes, tramitadas em juzo e oriundos de cartrios e

    secretariais, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos

    sob sua guarda". Assim, entende que o CONARQ no pode abrir mo

    de definir as diretrizes das polticas arquivsticas.

    Diante do impasse, o prprio Conselheiro Alexandre Libonati prope uma

    resoluo conjunta em que se pudessem contemplar aes de cooperao tcnica entre

    CONARQ e Conselho Nacional de Justia. Tambm sugeriu que esta fosse o mais

    generalizante possvel para possibilitar os desdobramentos necessrios da rea tcnica

    visando uma maior apreciao dos ministros do Plenrio do Conselho Nacional de

    Justia.

  • 32

    Durante a mesma reunio, o Presidente da Cmara Setorial de Arquivos Mdicos

    Paulo Elian, defende a articulao do CONARQ com os rgos responsveis pelas

    polticas na rea de sade como o Conselho Nacional de Sade e as enxerga como

    possveis parceiras. A iniciativa fundamental para que se perceba a caracterstica de

    transversatilidade das polticas pblicas de informao, relacionando-se com as demais

    polticas. Entretanto, at a presente reunio percebemos apenas um esboo da mesma:

    Paulo Elian enfatiza a importncia de se iniciar uma conversa com o CFM, e destaca a

    necessidade de que haja um acordo poltico entre CONARQ e CFM para que seja

    possvel um avano na discusso sobre gesto documental em instituies de sade.

    Por fim as duas ltimas atas de reunio disponveis, 57 e 58 correspondentes

    aos dias 18 e 19 de agosto de 2010, tm em pauta uma proposta de decreto elaborado

    pela Conselheira e Diretora do Arquivo Pblico do Paran Deysi Lucia Ramos de

    Andrade. A proposta visa adoo de polticas de acesso universal e comum aos

    arquivos integrantes da Rede Nacional de Cooperao e Informaes Arquivsticas

    Memrias Reveladas. Aps debates nas duas reunies, o Decreto enviado aos

    Governadores, aos Secretrios de Estado e aos Diretores de Arquivos Pblicos.

  • 33

    CONSIDERAES FINAIS

    A pesquisa teve como objetivo analisar o Projeto Memrias Reveladas,

    buscando apresentar classe arquivstica uma viso panormica que identificasse ou

    no o mesmo em um quadro de polticas pblicas arquivsticas de carter nacional. A

    importncia do dilogo Estado-sociedade bem como a notoriedade do Centro de

    Referncia motivou e despertou o interesse pelo tema.

    Infelizmente a pesquisa e a bibliografia da rea arquivstica apontam para a no-

    materializao da Poltica Nacional de Arquivos, prevista na Lei n 8159/91. Poltica

    essa, que supriria a carncia da rea por reconhecimento, fomentaria a modernizao

    das prticas arquivsticas e protegeria o patrimnio documental dando suporte e

    diretrizes a todos os arquivos pblicos e privados do Brasil. Auxiliaria tambm nas

    dificuldades encontradas pelos arquivos brasileiros que vo desde a escassez de pessoal

    qualificado falta de estrutura e instrumentos bsicos necessrios gesto e

    preservao de documentos. Faria, inclusive, com que projetos como o prprio

    Memrias Reveladas fossem beneficiados e cumprissem plenamente seus objetivos de

    promover acesso irrestrito s fontes de informao.

    O Memrias Reveladas, alm da bvia ligao com o Arquivo Nacional, deveria

    estar intimamente ligado ao CONARQ por seu alcance e para que os diversos atores

    sociais presentes no Conselho pudessem expressar os anseios da sociedade. Em um

    contexto de polticas pblicas nacional, no se pode privar da voz de representantes

    sociais e se pautar apenas em decises do Estado. Os dados indicam que toda a

    concepo e implementao do Memrias Reveladas deu-se basicamente margem da

    pauta do CONARQ. Essa ausncia torna-se ainda mais intrigante se considerarmos que

    o Presidente do CONARQ tambm Diretor-Geral do Arquivo Nacional e

    Coordenador-Geral do Centro de Referncia.

    Estando margem das decises do CONARQ, o projeto pe-se como uma ao

    descontinuada que no tem participao em uma poltica pblica de arquivos de mbito

    nacional. E ainda que paralelamente ao Conselho Nacional de Arquivos, o Centro de

    Referncia no apresenta os elementos caractersticos de uma poltica arquivstica e por

    consequncia, de uma poltica de informao. Sua no-relao com outras polticas

    pblicas denuncia a falta de transversatilidade, enquanto a no-participao de atores

    sociais no direcionamento do projeto evidencia outra lacuna. A pesquisa nos leva a crer

    que o Memrias Reveladas trata-se apenas de uma poltica de memria.

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    Apesar da dificuldade de ler e analisar tamanha documentao, e do desafio que

    este trabalho representou, acreditamos que o mesmo cumpriu seus objetivos e possui

    relevncia devido uma abordagem indita do projeto. Ao mesmo tempo, procurou

    fomentar o debate sobre polticas pblicas na classe arquivstica brasileira e na

    sociedade brasileira em geral.

    Por mais que hajam indcios de crescimento do interesse pela rea, contamos

    ainda com poucas publicaes a respeito e isso far diferena na velocidade com que as

    aes governamentais sero tomadas. Somente atravs do envolvimento da classe e da

    sociedade representada em seus diversos segmentos, uma poltica pblica formulada e

    implementada.

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    REFERNCIAS

    BURKE, Peter. Histria como memria social. In: Variedades de histria cultural. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira. 2000, p. 67-89 DAGNINO, Renato et al. Metodologia de anlise de polticas pblicas. In: ____. Gesto estratgica da inovao: metodologias para anlise e implementao. Taubat: Editora Cabral Universitria, 2002. GOIS, Chico de. ; FRACOULA, Bernardo Mello. Lula diz que abertura de arquivos da ditadura no questo de revanchismo. 13 de maio de 2009. O Globo. Rio de Janeiro. http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/05/13/lula-diz-que-abertura-de-arquivos-da-ditadura-nao-questao-de-revanchismo-755846269.asp . Acesso em 13 de outubro 2010, 18:39. GONDAR, J., DODEBEI, V. O que memria social?. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2005. HOFLING, Eloisa de Mattos. Estado e polticas (pblicas) sociais. Caderno Cedes, V. 21, n. 55, nov./2001 JARDIM, J. M. ; SILVA, Srgio Conde de Albite ; NHARRELUGA, R. S. Anlise de Polticas Pblicas: uma abordagem em direo s polticas pblicas de informao. Perspectivas em Cincia da Informao , v. 14, p. 2-22, 2009. ______. O inferno das boas intenes: legislao e polticas arquivsticas. In. MATTAR, Eliana (org.). Acesso informao e poltica de arquivos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003. ______. Polticas pblicas arquivsticas: princpios, atores e processos. Arquivo & Administrao. Rio de Janeiro: Associao dos Arquivistas Brasileiros, 2006. v. 5, n. 2, p. 5-16. ______. Sistemas e polticas pblicas de arquivos no Brasil. Niteri : EDUFF,. 1995. Cap 13 - p. 165-176. LE GOFF, Jacques. Memria. In: ______. Histria e memria. 5 ed. Campinas, SP: Editora UNICAMP, 2003. p. 419-476. MARCONDES, CELSO. Memrias Reveladas. CARTA CAPITAL, So Paulo, nov. 2008. Disponvel em http://www.cartacapital.com.br/politica/memorias-reveladas. Acesso em: 01 jan. 2010, 05:57. NORA, Pierre. Entre Memria e Histria: a problemtica dos lugares, In: Projeto Histria. So Paulo: PUC, n. 10, pp. 07-28, dezembro de 1993.

  • 36

    OTAVIO, CHICO. Historiador se demite em protesto contra sigilo de acervos da ditadura no perodo eleitoral. O Globo, Rio de Janeiro, 03 de novembro de 2010. Disponvel em: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/11/03/historiador-se-demite-em-protesto-contra-sigilo-de-acervos-da-ditadura-no-periodo-eleitoral-922934844.asp. Acesso em 05 de junho de 2011, 11:32. ROUSSEFF, Dilma Vana.CENTRO DE REFERENCIAS DAS LUTAS POLTICAS NO BRASIL.2009. http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1&sid=2 . Acesso em 13 de outubro de 2010, 19:15. SILVA, Srgio Conde de Albite. A preservao da informao arquivstica governamental nas polticas pblicas do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Associao dos Arquivistas Brasileiros, 2008. p. 284 STAMPA, Inez. Memrias Reveladas e os arquivos do perodo da ditadura militar. Revista Com Cincia. 2011. http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=65&id=825&tipo=1. Acesso em 05 de junho de 2011, 11:11.

    Elementos pr- textuais[1]mont