projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

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BRUNO BOCCHI Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores infravermelhos São Paulo 2016

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Page 1: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

BRUNO BOCCHI

Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

infravermelhos

São Paulo

2016

Page 2: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

BRUNO BOCCHI

Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores infravermelhos

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Mestre em Engenharia

Orientador: Marcos de Mattos Pimenta

Área de Concentração:

Engenharia Mecânica

São Paulo

2016

Page 3: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Ficha catalográfica

Bocchi, Bruno

Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores infravermelhos / B. Bocchi -- São Paulo, 2016.

130 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Mecânica.

1.Etanol 2.Churrasqueiras I.Universidade de São Paulo.

Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Mecânica II.t.

Page 4: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

Nome: BOCCHI, Bruno

Título: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores infravermelhos

Dissertação apresentada à Escola Politécnica da

Universidade de São Paulo para obtenção do título de

Mestre em Engenharia Mecânica

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. ____________________________Instituição: ______________________________

Julgamento: _________________________Assinatura: ______________________________

Prof. Dr. ____________________________Instituição: ______________________________

Julgamento: _________________________Assinatura: ______________________________

Prof. Dr. ____________________________Instituição: ______________________________

Julgamento: _________________________Assinatura: ______________________________

Page 5: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

DEDICATÓRIA

À minha esposa, Marcia, pela compreensão, incentivo e amor durante todo o período de

elaboração deste trabalho

À minha filha, Gaia, por ter nascido durante este período e me ter proporcionado uma nova

forma de ver o mundo

Aos meus pais e irmãos, por estarem ao meu lado em todos passos até chegar a este estágio de

vida

Page 6: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Pimenta, pela dedicação, atenção e apoio durante todo o desenvolvimento do

trabalho

À Finep, por me possibilitar trabalhar no setor de biocombustíveis, além de disponibilizar

jornada flexível, permitindo a execução desta dissertação

Ao CNPq, pela concessão da bolsa de mestrado e pelo apoio financeiro durante os primeiros

meses de pesquisa

Page 7: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

RESUMO

BOCCHI, B. Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores infravermelhos.

2016. 130 f. Tese (Mestrado) - Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

Atualmente, há poucas aplicações de uso de combustíveis renováveis em queimadores, apesar

de representarem grande parte do consumo de energia primária. O etanol se apresenta como

uma alternativa com grande potencial para substituição de combustíveis não-renováveis em

queimadores no Brasil. Tendo em vista este potencial, foi realizado um estudo de possíveis

aplicações de queimadores a etanol, com potência inferior a 50 kW, do ponto de vista

ambiental, econômico e tecnológico. Foi selecionada uma churrasqueira como a aplicação

mais viável. Tendo em vista a necessidade de troca de calor por radiação, foram selecionados

queimadores porosos infravermelhos em conjunto com bicos pulverizadores.

Durante os testes, a combustão incompleta com gotejamento de combustível se mostrou um

problema freqüente. Foi construída uma série de protótipos até se chegar a uma solução final

do problema. Este protótipo final, com itens de baixo custo, foi testado avaliando-se potência

e emissões, apresentando performance adequada. Foram também estabelecidas diretrizes para

desenvolvimento de um produto.

Palavras-chave: Etanol, Queimador, Combustão, Churrasqueira

Page 8: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

ABSTRACT

BOCCHI, B. Project and tests of an ethanol grill with infrared burners. 2016. 130 f. Tese

(Mestrado) - Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica, Universidade de São

Paulo, São Paulo, 2016.

Nowadays, there are few applications of renewable fuels in burners, despite representing a

large share of primary energy consumption. Ethanol presents as an alternative with great

potential of non-renewable fuels substitution in burners in Brazil. Facing this potential, a

study with possible applications of ethanol burners, with output power lower than 50 kW, was

carried out, considering environmental, economic and technological aspects. Grill was chosen

as the most feasible application. Once radiant heat transfer is needed, infrared porous burner

combined with spray nozzles were selected.

Throughout the tests, incomplete combustion with fuel dripping was shown as a recurrent

problem. A sequence of prototypes was built until a final solution. This last prototype, with

low cost components, was tested, assessing output power end emissions, presenting sufficient

performance. Guidelines to product development were stipulated.

Keywords: Ethanol, Burner, Combustion, Grill

Page 9: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Fogão a etanol (DOMETIC, 2013) ......................................................................... 7

Figura 2.2 - Lareira a etanol (VAUNI, 2012) ............................................................................. 8

Figura 3.1 - Faixa de inflamabilidade (GARCIA, 2002) .......................................................... 24

Figura 3.2 - Emissões de CO e NOX (PINHEIRO; VALLE, 2013) ......................................... 27

Figura 3.3 - Temperatura de chama adiabática (GLAUDE et al., 2010) .................................. 28

Figura 3.4 - Produção de etanol durante o ano (MME, 2013) .................................................. 31

Figura 3.5 - Aquecedor de ambientes (GENERAL HEATER, 2013) ...................................... 39

Figura 3.6 - Lareira a etanol (VAUNI, 2012) ........................................................................... 41

Figura 3.7 - Churrasqueira a gás - Britain (NAUTIKA, 2013) ................................................ 42

Figura 3.8 - Churrasqueira a gás (CHARBROIL, 2013) .......................................................... 43

Figura 3.9 - Maçaricos de baixa temperatura (BENZOMATIC, 2013) ................................... 44

Figura 3.10 - Componentes básicos de maçaricos de alta temperatura (HOW STUFF

WORKS, 2008) ........................................................................................................................ 45

Figura 3.11 - Preços do etanol hidratado por tipo - 01/2008 a 03/2013 (CEPEA, 2013) ......... 53

Figura 4.1 - Pulverizador de jato de pressão (BIZZO, 2013) ................................................... 56

Figura 4.2 - Pulverizador a 2 fluidos (BIZZO, 2013) ............................................................... 56

Figura 4.3 - Copo rotativo (BIZZO, 2013) ............................................................................... 57

Figura 4.4 - Queimadores por radiação (BIZZO, 2013) ........................................................... 58

Figura 4.5 - Pool fire e influência da razão de aspecto (TU et al., 2013) ................................. 59

Figura 4.6 - Queimador poroso com pulverizador (KAPLAN; HALL, 1995) ......................... 61

Figura 4.7 - Protótipo conceitual com GLP .............................................................................. 63

Figura 4.8 - Cozimento do alimento no protótipo conceitual com GLP .................................. 64

Figura 4.9 - Modelo de protótipo de churrasqueira a etanol .................................................... 67

Figura 4.10 - Modelo na sua configuração final ....................................................................... 69

Figura 4.11 - Queimadores estreitos na sua configuração final em funcionamento................. 69

Figura 5.1 - Configurações 1 e 2 (entrada inferior e lateral no queimador original) ................ 73

Figura 5.2 - Configuração 3 (queimador curto e estreito) ........................................................ 74

Figura 5.3 - Configurações 7, 8, 9 e 10 .................................................................................... 75

Figura 5.4 - Teste de Campo .................................................................................................... 78

Figura 5.5 - Cozimento da carne .............................................................................................. 78

Page 10: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 - Oferta interna de energia por fonte (BEN, 2015) ................................................... 2

Tabela 1.2 - Oferta de energia elétrica por fonte (BEN, 2015) .................................................. 3

Tabela 1.3 - Consumo final energético por fonte e setor em 103 toneladas equivalentes de

petróleo (BEN, 2015) e potencial substituível por etanol .......................................................... 4

Tabela 3.1 - Comparativo de custos de insumo energético ...................................................... 14

Tabela 3.2 - Potencial de aquecimento global (IPCC, 2007) ................................................... 15

Tabela 3.3 - Emissões por tipo de combustível ........................................................................ 16

Tabela 3.4 - Emissões para o etanol hidratado em CO2 equivalente ........................................ 17

Tabela 3.5 - Emissões por tipo de combustível produzido a partir de biomassa não renovável

(IPCC, 2006) ............................................................................................................................. 18

Tabela 3.6 - Emissões para a eletricidade (MCT, 2011) .......................................................... 18

Tabela 3.7 - Reduções de emissões de combustíveis na substituição por etanol em

queimadores (103 ton-CO2 eq) .................................................................................................. 20

Tabela 3.8 - Considerações de combustíveis gasosos, líquidos e sólidos ................................ 22

Tabela 3.9 - Características dos combustíveis .......................................................................... 25

Tabela 3.10 - Emissões comparativas por tipo de combustível ................................................ 29

Tabela 3.11 - Produção de cana-de-açúcar (UDOP, 2013) ...................................................... 30

Tabela 3.12 - Produção de etanol por país em 2009 (RFA, 2013) ........................................... 30

Tabela 3.13 - Quadro comparativo de riscos para variação de preços do etanol e derivados de

petróleo ..................................................................................................................................... 31

Tabela 3.14 - Comparativo de fontes de energia – consumidor residencial ............................. 32

Tabela 3.15 - Comparativo de fontes de energia – consumidor industrial/comercial .............. 33

Tabela 3.16 - Matriz de seleção para aplicação residencial ..................................................... 35

Tabela 3.17 - Matriz de seleção para aplicação comercial/industrial/agropecuária ................. 36

Tabela 3.18 - Propriedades de fluidos de isqueiro em comparação com etanol ....................... 46

Tabela 3.19 - Comparativo de insumo energético por equipamento ........................................ 48

Tabela 3.20 - Comparativo entre as soluções com critérios do investidor ............................... 51

Tabela 4.1 - Comparativo de queimadores de líquidos (SAN JOSÉ ALONSO, 2012) ........... 58

Tabela 4.2 - Especificação dos componentes ........................................................................... 68

Tabela 5.1 - Configurações testadas ......................................................................................... 71

Page 11: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e

emissões mitigadas ................................................................................................................... 91

Tabela B.1 - PCI dos combustíveis (BEN, 2015) ................................................................... 101

Tabela C.1 - Combustíveis e pontos de venda........................................................................ 108

Tabela D.1 - Notas de seleção do investidor .......................................................................... 111

Tabela E.1 - Dimensionamento da vaporização do etanol ..................................................... 112

Tabela F.1 - Dimensionamento inicial da vazão de etanol para bico de 0,25 GPH e vazão

obtida ...................................................................................................................................... 114

Tabela F.2 - Dimensionamento inicial da vazão de ar para bico de 0,25 GPH ...................... 115

Tabela F.3 - Valores da reação química para dimensionamento inicial ................................. 115

Tabela F.4 - Dimensionamento final da vazão de ar para bico de 0,25 GPH ......................... 116

Tabela F.5 - Valores da reação química para dimensionamento final.................................... 117

Page 12: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

LISTA DE SIGLAS

CFD Dinâmica de Fluidos Computacional

DDT Diclorodifeniltricloroetano (pesticida)

GEE Gases de Efeito Estufa

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

GN Gás Natural

HC Hidrocarbonetos

MAPP Mistura de metilacetileno e propadieno

MCI Motor de Combustão Interna

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MP Material Particulado

PCI Poder Calorífico Inferior

TRR Transportador Revendedor Retalhista

UHC Hidrocarbonetos não-queimados

Page 13: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

SUMÁRIO

1.1 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ....................................................................................... 1

1.2 POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE ETANOL PARA ENERGIA TÉRMICA ............... 2

1.2.1 Panorama geral da energia no Brasil ............................................................................ 2

1.2.2 Estimativa da utilização por setor .................................................................................. 3

2.1 QUEIMADORES COMERCIALIZADOS .......................................................................... 7

2.2 SUBSTITUIÇÃO DE ÓLEO DIESEL POR ETANOL ....................................................... 8

2.3 PESQUISAS COM QUEIMADORES CONVENCIONAIS A ETANOL ........................ 10

2.4 PESQUISAS COM QUEIMADORES NÃO-CONVENCIONAIS ................................... 10

3.1 SELEÇÃO DO INSUMO ENERGÉTICO PELO CONSUMIDOR - CLASSIFICAÇÃO

DOS COMBUSTÍVEIS ............................................................................................................ 13

3.1.1 Custo do insumo energético .......................................................................................... 13

3.1.2 Emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) ................................................................. 15

3.1.3 Características dos equipamentos e combustíveis ...................................................... 21

3.1.4 Emissões de NOX, SOX, CO, hidrocarbonetos e material particulado ..................... 26

3.1.5 Utilização de etanol e riscos econômicos associados ................................................... 29

3.1.6 Classificação dos combustíveis ..................................................................................... 32

3.2 SELEÇÃO DO INSUMO ENERGÉTICO PELO CONSUMIDOR – ANÁLISE DAS

APLICAÇÕES ......................................................................................................................... 34

3.3 SELEÇÃO PELO INVESTIDOR ...................................................................................... 37

3.4 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO PELO CONSUMIDOR - ANÁLISE DAS

APLICAÇÕES ......................................................................................................................... 38

3.4.1 Aquecedor de áreas externas ........................................................................................ 38

3.4.2 Lareira ............................................................................................................................ 40

3.4.3 Churrasqueira ................................................................................................................ 42

3.4.4 Maçaricos ....................................................................................................................... 44

3.4.5 Fogão Portátil ................................................................................................................. 45

3.4.6 Isqueiros ......................................................................................................................... 46

3.4.7 Seleção de melhor aplicação para o etanol .................................................................. 47

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

2 APLICAÇÕES DESENVOLVIDAS PARA QUEIMADORES A ETANOL .................. 7

3 SELEÇÃO DA APLICAÇÃO ............................................................................................ 13

Page 14: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE APLICAÇÕES ACIMA DE 50 kW ................................... 52

4.1 TIPOS DE QUEIMADORES ............................................................................................. 55

4.2 SELEÇÃO DO QUEIMADOR .......................................................................................... 60

4.3 QUEIMADORES POROSOS COM COMBUSTÃO DE LÍQUIDOS JÁ

DESENVOLVIDOS ................................................................................................................. 61

4.4 DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO .................................................................................... 62

5.1 CONFIGURAÇÕES TESTADAS ..................................................................................... 70

5.2 MEDIÇÃO DE POTÊNCIA E DE CO .............................................................................. 76

5.3 TESTE QUALITATIVO .................................................................................................... 78

5.4 CONSIDERAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO ............................. 79

4 PROJETO DA APLICAÇÃO ............................................................................................ 55

5 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................. 70

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 80

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 82

APÊNDICE A - CONSUMO FINAL ENERGÉTICO POR FONTE E SETOR,

POTENCIAL DE SUBSTITUIÇÃO POR ETANOL E EMISSÕES MITIGADAS ........ 91

APÊNDICE B - LEVANTAMENTO DE CUSTOS DE INSUMOS ENERGÉTICOS . 101

APÊNDICE C - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO ................................................................... 103

APÊNDICE D - NOTAS DE SELEÇÃO DO INVESTIDOR .......................................... 111

APÊNDICE E - DIMENSIONAMENTO DA VAPORIZAÇÃO DO ETANOL ............ 112

APÊNDICE F - DIMENSIONAMENTO INICIAL E VALORES MEDIDOS .............. 113

Page 15: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

A maior parte do consumo de energia está concentrada em demandas térmicas,

diferentemente do entendimento geral que gira em torno da energia utilizada no setor de

transportes e na forma de eletricidade.

Ao contrário do que ocorre nestes dois últimos, ainda há poucos substitutos viáveis

para fontes não-renováveis de energia na transformação em energia térmica; o etanol pode se

apresentar como uma alternativa viável com sua utilização em queimadores.

Tendo em vista este cenário, o primeiro objetivo do trabalho é definir a aplicação mais

viável para utilização do etanol em queimadores, sendo que a aplicação selecionada foi a

churrasqueira.

Com a aplicação selecionada, o próximo objetivo é comprovar a viabilidade técnica e

econômica da churrasqueira a etanol, com um protótipo de baixo custo e performance

adequada. Tendo em vista os objetivos e desenvolvimento cronológico do trabalho, os

capítulos se desenvolveram da seguinte forma.

No Capítulo 1, é analisado o potencial do etanol para substituição de fontes não-

renováveis.

No Capítulo 2, são analisados estudos já realizados e as atuais aplicações de

queimadores a etanol na queima direta.

No Capítulo 3, são analisados fatores relevantes para o consumidor na seleção de

combustíveis e equipamentos, são avaliadas as possíveis aplicações para queimadores a etanol

com base nestes fatores de seleção e a mais viável é selecionada.

No Capítulo 4, são analisados os tipos de queimadores existentes para a combustão do

etanol e um tipo de queimador é selecionado para a aplicação. O conceito do queimador é

validado e o dimensionamento dos sistemas de alimentação de ar e de combustível é

realizado.

No Capítulo 5, são mostrados os resultados obtidos com o protótipo de churrasqueira.

No Capítulo 6, é elaborada a conclusão do trabalho.

Salienta-se que quando utilizado o termo etanol, refere-se ao etanol hidratado comum,

disponível em postos de combustíveis.

Page 16: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

2

1.2 POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DE ETANOL PARA ENERGIA TÉRMICA

1.2.1 Panorama geral da energia no Brasil

Apesar de ser um senso comum que o Brasil possua uma matriz renovável de energia,

atualmente esta é baseada na utilização de combustíveis fósseis, com 55,9% do consumo em

fontes não renováveis de energia conforme tabela 1.1 abaixo.

Tabela 1.1 - Oferta interna de energia por fonte (BEN, 2015)

Fontes 2014 (%)

Energia não renovável 60,6

Petróleo e derivados 39,4

Gás natural 13,5

Carvão mineral e coque 5,7

Urânio (u3o8) 1,3

Outras não-renováveis 0,6

Energia renovável 39,4

Hidráulica e eletricidade 11,5

Lenha e carvão vegetal 8,1

Derivados da cana 15,7

Outras renováveis 4,1

Total 100

Da parte renovável da matriz energética brasileira, a maior parte é convertida em

energia elétrica, oriunda de hidrelétricas e bagaço de cana-de-açúcar, o que pode ser

observado na tabela 1.2, ou, é convertida em etanol para utilização em veículos. Exceto o uso

de lenha e de carvão vegetal, não há uma fonte renovável significativa utilizada em processos

em que a transferência de calor é a demanda final.

Page 17: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

3

Tabela 1.2 - Oferta de energia elétrica por fonte (BEN, 2015)

Fontes 2014 (%)

Hidráulica 65,2

Biomassa 7,3

Gás Natural 13,0

Nuclear 2,5

Petróleo e derivados 6,9

Carvão mineral e derivados 3,2

Eólica 2,0

Total 100

1.2.2 Estimativa da utilização por setor

Com intuito de se estimar qual o potencial ainda não explorado de um possível uso de

etanol em queimadores, foi realizada uma análise de cada setor de economia, seus

combustíveis e seus respectivos potenciais de utilização de etanol em queimadores

(metodologia detalhada no Apêndice A). Para tanto, buscou-se considerar a utilização de

biomassa não-renovável e combustível fóssil para geração de energia térmica,

desconsiderando emprego em motores de combustão interna e em aplicações com requisitos

de processo. Abaixo, na tabela 1.3, estão os resultados do estudo.

Page 18: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

4

Tabela 1.3 - Consumo final energético por fonte e setor em 103 toneladas equivalentes de petróleo (BEN, 2015) e potencial substituível por etanol

Setores Etanol Carvão vapor Carvão vegetal Coque de carvão

mineral Eletricidade Gás de cidade Gás natural Gasolina GLP

Agropecuário 11 - - - 8 4 - - 2.298 - - - - - - - 2 2 Comercial - - - - 91 46 - - 7.790 - - - 179 179 - - 442 442 Industrial - - 3.821 614 3.386 15 8.018 - 17.703 - 1.242 - 9.708 9.708 - - 1.121 1.121 Público - - - - - - - - 3.666 - - - 40 40 - - 257 257 Residencial - - - - 478 478 - - 11.352 2.838 - - 310 310 - - 6.535 6.535 Transportes 13.008 - - - - - - - 167 - - - 1.594 - 25.740 - - - Energético - - - - - - - - 2.678 - 187 - 6.306 - - - 5 -

Total Geral 13.019 - 3.821 614 3.963 543 8.018 - 45.655 2.838 1.430 - 18.138 10.237 25.740 - 8.363 8.358

Setores Lenha Óleo combustível Óleo diesel Outras de carvão

mineral Outras primárias

renováveis

Outras secundárias de

petróleo Outros produtos

da cana Querosene Total

Total substi-tuível

Agropecuário 2.682 1.341 24 24 6.184 - - - - - - - - - 0 - 11.209 1.371 Comercial 97 48 22 22 7 7 - - - - - - - - - - 8.629 744 Industrial 7.785 3.036 2.585 2.585 1.208 1.208 92 - 6.868 - 7.818 3.354 16.146 - 2 1 87.502 21.642 Público - - 11 11 4 4 - - - - - - - - 0 - 3.978 312 Residencial 6.109 6.109 - - - - - - - - - - - - 3 3 24.786 16.273 Transportes - - 1.133 - 41.019 - - - - - - - - - 3.651 - 86.312 - Energético - - 311 - 1.513 - - - - - 3.985 - 12.466 - - - 27.453 -

Total Geral 16.672 10.534 4.086 2.642 49.935 1.219 92 - 6.868 - 11.803 3.354 28.612 - 3.655 4 249.868 40.342 Nota: Em negrito, a quantidade calculada substituível por etanol na queima direta. Uma tonelada equivalente de petróleo corresponde a 41,87 x 109 J.

Page 19: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

5

No setor de transportes, como grande parte do uso se dá em motores de combustão

interna, não é aplicável a utilização de queimadores a etanol na combustão direta. Além disso,

este é setor em que o etanol possui a maior participação, especialmente no uso de etanol

hidratado em motores bicombustíveis e na mistura de etanol anidro na gasolina tipo C, em

uma proporção de 20 a 27%.

Em relação ao consumo residencial, um percentual considerável da eletricidade é

transformado diretamente em energia térmica, como o uso em chuveiros elétricos, responsável

por 20 a 30% do consumo de uma residência. Não é muito sensata esta conversão de energia

elétrica em térmica, já que a eletricidade é uma forma mais nobre de energia, devido à falta de

viabilidade de armazenagem, o que acarreta na necessidade de grandes capacidades de

geração e transmissão para atendimento de demandas de pico, elevando desnecessariamente

os custos para todo o sistema. Inicialmente, a energia solar é a alternativa mais viável do

ponto de vista ambiental, mas é necessária a utilização de um sistema back-up em caso de

falta de insolação, além de não ser possível suprir toda a demanda de energia térmica em

edifícios. Além disso, tem aumentado a utilização de usinas a gás natural e óleo diesel para

geração de eletricidade para atendimento desta demanda (sem se utilizar de cogeração), o que

do ponto de vista ambiental é uma incongruência, já que uma usina em um ciclo

termodinâmico possui uma eficiência de 20-40% e utilizando esta eletricidade para conversão

em energia térmica, estaria sendo desperdiçada acima de 60% da energia do combustível.

As fontes renováveis de carvão vegetal e de lenha no setor residencial são também

passíveis de substituição, uma vez que, com a evolução de renda, os consumidores tendem a

migrar para fontes como GLP e GN, fenômeno que já aconteceu nos países desenvolvidos.

(OHIMAIN, 2012)

Em relação ao setor energético, que inclui refinarias de petróleo, plantas de GN, usinas

de gaseificação, coquerias, ciclo do combustível nuclear, centrais elétricas de serviço público

e autoprodutoras, carvoarias, destilarias e a energia consumida dentro destas unidades nos

processos de extração e transporte interno de produtos energéticos (BEN, 2015), não foi

considerada a utilização de etanol, uma vez que a energia consumida dentro destas tem

preferencialmente a mesma origem que a matéria-prima processada dentro da planta.

No setor agropecuário, foram considerados somente óleo combustível e GLP, uma vez

que o óleo diesel é utilizado em grande parte em máquinas agrícolas em motores de

combustão interna.

Nos setores comerciais e públicos, foram consideradas todas as fontes fósseis de

energia.

Page 20: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

6

Outra questão a ser considerada é o uso de carvão vegetal e lenha no Brasil. Estima-se

que 50% do carvão vegetal no Brasil seja obtido de maneira ilegal, ou seja, decorrente do uso

de florestas nativas, constituindo uma fonte não-renovável de energia (CCGE, 2010). Além

disso, grande parte do carvão vegetal é produzida de maneira rudimentar com baixo

rendimento energético. Por isso, foi aplicado um fator de substituição de 50% ao uso destes

combustíveis por etanol nos setores comercial e público.

No setor industrial, em muitos casos, o combustível é um requisito do processo atual e

não haveria potencial de substituição sem o desenvolvimento de um novo processo. Por

exemplo, o uso de carvão mineral e derivados, e de coque de petróleo em siderúrgicas, na

pelotização, na metalurgia, na fabricação de ferro-ligas e na indústria de cimento não foi

considerado como potencial, uma vez que, em grande parte, são requisitos de processo.

Assim, chega-se a um potencial de 16% (40.342 103 toneladas equivalentes de

petróleo) do total de energia consumida no país, para os quais ainda não há uma fonte

renovável de energia substituta e para os quais o etanol poderia ser utilizado em queimadores.

Isso seria maior do que o consumo somados de GLP e GN no país e corresponderia a

mais que 3 vezes o consumo atual de etanol no Brasil.

Page 21: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

7

2 APLICAÇÕES DESENVOLVIDAS PARA QUEIMADORES A ETANOL

2.1 QUEIMADORES COMERCIALIZADOS

As principais aplicações de uso de etanol em queimadores atualmente são incipientes.

Uma das maiores vertentes hoje é o uso para cocção de alimentos, principalmente em países

africanos em substituição ao uso de querosene e de biomassa de origem não-renovável como

carvão vegetal e lenha.

Na Nigéria, um programa de utilização de etanol foi estabelecido para substituição de

querosene, GLP e lenha por etanol feito a partir da mandioca. Consiste no investimento de

US$ 1,0 bilhão para que 4 milhões de famílias possuam fogões a etanol. Para tanto, será

necessário investir em 10.000 refinarias de pequeno porte, distribuir 4 milhões de fogões a

etanol de uma e duas bocas à população e garantir o fornecimento de 8 milhões de toneladas

de mandioca produzidos em 400.000 hectares. (OHIMAIN, 2012)

Em Moçambique, a Clean Star (2012) verticalizou a cadeia de etanol para cocção de

alimentos, com a implantação de plantas de processamento de etanol a partir da mandioca

produzida por pequenos produtores, além de criar pontos de vendas de combustível e de

pequenos queimadores.

Na Etiópia, o Projeto Gaia (2012) tem fomentado a utilização de fogões a etanol, cuja

fabricação é realizada pela indústria sueca Dometic AB®. Cada queimador possui uma

potência máxima de 1,5 kW, o que é abaixo das potências usuais dos queimadores a GLP. Em

compensação a potência mínima é de 0,3 kW, apresentando uma maior modularidade.

Figura 2.1 - Fogão a etanol (DOMETIC, 2013)

Page 22: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

8

Também em aplicações domésticas, queimadores a etanol para lareiras residenciais são

vendido por diversas empresas como Vauni® e Ecosmartfire®.

Figura 2.2 - Lareira a etanol (VAUNI, 2012)

Todos estes queimadores apresentam baixa potência e também podem ser

considerados de baixa tecnologia uma vez que não há dispositivo de alimentação e a chama é

alimentada por evaporação do combustível (pool fire).

2.2 SUBSTITUIÇÃO DE ÓLEO DIESEL POR ETANOL

Em uma das poucas aplicações industriais documentadas, Barroso et al. (2010)

versaram sobre as modificações de um queimador de uma caldeira a óleo diesel de 100 kW

para etanol. Uma das modificações foi no detector de chama, dispositivo que interrompe o

fornecimento de combustível em caso de apagamento da chama, uma vez que as chamas de

etanol são menos radiantes. Outra questão é a cavitação no fornecimento de combustível, que

exigiu a mudança da posição do tanque de combustível para uma altura superior. A conversão

de combustível exigiu também a conversão dos bicos injetores e alteração no suprimento de ar

para um mesmo calor gerado pela caldeira, uma vez que o etanol possui menor poder

calorífico e necessita de uma menor vazão de ar na combustão. Como esperado, as emissões

atmosféricas de NOX, SO2 e material particulado foram menores do que no queimador a

diesel. Entretanto, fora do esperado, houve um aumento de emissões de CO. Uma das

Page 23: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

9

possíveis causas levantadas pelos autores é o maior tempo necessário para sua vaporização e

uma mistura mais lenta em relação ao óleo diesel, favorecendo uma combustão incompleta.

Asfar e Hamed (1998) testaram a queima de óleo diesel com até 20% de álcool (13%

isobutanol, 7% etanol) com intuito de se avaliar as emissões e o calor transferido à água de

arrefecimento do queimador. As emissões de NOX, MP e HC se reduziram significativamente

com adição de até 10% de álcool. Para adições maiores, as reduções não foram tão

significativas. Em relação ao calor transferido, as misturas com mais etanol apresentaram

maiores valores para uma mistura combustível-ar rica, apesar de possuir menor PCI. Isto se

deve ao fato do etanol diminuir as emissões de HC e MP não queimado, aumentando a

eficiência de queima do combustível. Para misturas de combustível-ar pobres, o calor

transferido pelas misturas com etanol foi menor devido à menor emissividade de chama e

menor PCI. Para misturas de combustível-ar excessivamente pobres, o calor transferido pelas

misturas com etanol voltou a ser maior, provavelmente devido a uma maior estabilidade de

chama.

Prieto-Fernandez et al. (1999) testaram a queima de óleo combustível leve com até

15% de etanol. O percentual de HC e MP nos gases de combustão apresentou-se menor com a

adição de etanol. Entretanto, as emissões de NOX foram maiores para concentrações de etanol

acima de 10%.

Pérez et al. (2006) fizeram uma comparação teórica da substituição de óleo diesel por

etanol na queima direta, levando em consideração propriedades químicas dos combustíveis,

emissões, comportamento de chama, atomização e corrosão, chegando às seguintes

conclusões:

“• É possível utilizar o mesmo atomizador de diesel para o álcool, com uma

considerável melhora na atomização e, por conseguinte na eficiência da combustão. É

importante observar que esta substituição só pode ser alcançada com uma regulação na

pressão de injeção de combustível.

• É possível utilizar a mesma câmara de combustão sem alterar a turbulência e o

tempo de residência dos gases na câmara, isso graças a que a temperatura e o volume dos

gases não apresentam variação significativa quando realizada a substituição dos

combustíveis.

• Com a queima de álcool etílico não se adiciona efetivamente dióxido de carbono

para a atmosfera, dado que a cana, matéria prima do etanol absorve as moléculas de CO2 do

ambiente. É esperada também uma redução dos poluentes: fuligem, e material particulado

em geral, CO, UHC e SO2.

Page 24: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

10

• O sistema de lubrificação e de injeção de combustível deve ser modificado, visto que,

o etanol não apresenta a viscosidade suficiente para ser utilizado como lubrificante e para

ser bombeado pela bomba de combustível.

• Devem ser tomadas medidas de segurança para evitar perdas por evaporação e

risco de incêndios, principalmente nos tanques de estocagem.

• A ação corrosiva do etanol deve ser reduzida, seja pela adição de aditivos

inibidores, ou pela substituição de materiais por outros mais nobres que não sejam atacados

pelo álcool”

2.3 PESQUISAS COM QUEIMADORES CONVENCIONAIS A ETANOL

Outra vertente é a pesquisa básica sobre comportamento de chamas de etanol. Em

chamas laminares em escoamento não uniformes, Seiser et al. (2007) e Tanoue et al. (2011)

investigaram a autoignição e extinção de chamas de etanol. Medições de velocidade de chama

foram realizadas por Van Lipzig et al. (2011) e Konnov et al. (2011). Kasper et al. (2007) com

uso de espectrometria de massa e Marques et al. (2010) com medições de

quimioluminescência e fluorescência de NOX investigaram a estrutura de chamas atmosféricas

de etanol com foco em emissões.

Em chamas turbulentas, Breaux e Acharya (2013) analisaram a possibilidade de

utilização de etanol com proporções de até 40% de água em chamas com swirl. Sacomano

Filho (2011) analisou modelos CFD de chamas turbulentas em sprays comparando-os com

dados de laboratório.

2.4 PESQUISAS COM QUEIMADORES NÃO-CONVENCIONAIS

Ainda em estágio de desenvolvimento, há algumas aplicações para os quais o etanol

poderia apresentar grande viabilidade.

- Combustão em meios porosos: Fuse et al. (2005) estudaram a utilização de etanol e as

características de combustão e de autoignição em meios porosos.

Page 25: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

11

- Combustão com água líquida: pelo fato do etanol ser solúvel em água, poderia se utilizar o

etanol para geração de vapor no próprio queimador não havendo a necessidade de

investimento em caldeiras. Yi e Axelbaum (2013) investigaram a estabilidade da combustão,

em um sistema em que água é misturada ao etanol e o vapor é gerado diretamente na chama.

- Combustão do etanol quando resíduo de processo: o etanol é um solvente utilizado em

indústrias de impressão, junto com outros compostos orgânicos e por isso é um efluente do

processo. Pelo fato das suas concentrações serem muito baixas, podem ser necessários

processos de combustão catalítica. Agustina Campesi et al. (2012) investigaram o processo de

combustão catalítica de etanol e acetato de etila com catalisadores de Manganês-Cobre. O

foco principal desta aplicação é destinar corretamente o resíduo e não transformá-lo em

energia.

- Combustão em micro-queimadores portáteis: o etanol, por ser um combustível com queima

mais limpa em relação a combustíveis fósseis líquidos, poderia ser utilizado em substituição a

baterias (que apresentam menor densidade de energia) em dispositivos elétricos com o uso de

placas termoelétricas. Behrens et al. (2010) investigou o processo de evaporação de gotas para

diversas temperaturas ambientes e o uso de diferentes catalisadores, para diferentes razões de

equivalência na combustão. Como resultado, obteve as taxas de conversão de etanol para CO2

e outros hidrocarbonetos.

- Combustão com glicerina: metanol, e em menores quantidades etanol, são utilizados na

fabricação de biodiesel por meio de uma reação de transesterificação. Entretanto, um co-

produto da reação é a glicerina, que possui elevadas concentrações (10-20%) de álcool. Em

vez de recuperar o álcool do resíduo, uma alternativa é empregá-lo para auxiliar na combustão

da glicerina, aumentando seu PCI. (BOHON et al., 2011)

- Célula de combustível a etanol: a princípio esta aplicação não seria uma combustão, mas sim

uma catálise do etanol em CO e H2. O Hidrogênio liberado seria então utilizado para gerar

uma corrente elétrica. O CO liberado poderia ser queimado para manter a célula de

combustível a temperatura adequada de funcionamento. A eficiência de uso do combustível

seria maior do que em um MCI e as emissões de poluentes seriam muito inferiores. O etanol

seria um combustível intermediário na cadeia, já que apresenta vantagens frente ao hidrogênio

na armazenagem e no transporte.

Page 26: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

12

Pode se observar que as aplicações ainda são incipientes na combustão de etanol fora

do âmbito de motores de combustões internas, restrita a queimadores de pequeno porte, com

pouca tecnologia embarcada.

A maior parte das pesquisas se concentra na substituição de óleo diesel relevando

fatores econômicos ou a aplicações em pesquisa básica sem foco em aplicações comerciais.

Um dos intuitos deste trabalho é desenvolver uma aplicação comercial, poupando recursos

humanos e financeiros em pesquisa.

Page 27: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

13

3 SELEÇÃO DA APLICAÇÃO

Neste capítulo, a intenção é selecionar qual a seria a aplicação mais viável para

utilização do etanol. Para tanto foi criada um metodologia de seleção com 3 perspectivas:

seleção do insumo energético pelo consumidor, seleção do equipamento pelo consumidor e

perspectiva do investidor.

3.1 SELEÇÃO DO INSUMO ENERGÉTICO PELO CONSUMIDOR - CLASSIFICAÇÃO

DOS COMBUSTÍVEIS

Na etapa de seleção do insumo energético pelo consumidor, inicialmente foi criada

uma classificação dos combustíveis para se conseguir compará-los. Esta classificação

contempla sete critérios: custo de insumo energético, emissões de GEE, investimento no

equipamento de queima, manutenção, facilidade de transporte, emissões de poluentes e riscos

associados ao custo.

3.1.1 Custo do insumo energético

Foi feito um levantamento de custos (metodologia detalhada no Apêndice B)

conforme pode ser observado na tabela 3.1. Para um consumidor residencial, observa-se que o

etanol é mais barato em uma base R$/MJ que a eletricidade, carvão vegetal e lenha. Para este

consumidor, na região Sudeste, o etanol também é mais barato que o GN.

Para um consumidor industrial/comercial, o etanol seria mais barato que a eletricidade

em todos os casos. Na região Sudeste, para o cliente comercial, o etanol também seria mais

barato que o GN.

Page 28: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

14

Tabela 3.1 - Comparativo de custos de insumo energético

Preço (R$/MJ) Sudeste Sul Centro-

Oeste

Nordeste Norte

Etanol

0,093

0,102

0,100

0,119

0,130

GLP (P-13)

0,075

0,077

0,081

0,074

0,085

Diesel

0,078

0,077

0,083

0,078

0,085

Carvão Vegetal Industrial

0,014 - - - -

Carvão Vegetal Residencial

0,117 - - - -

Lenha Industrial

0,005 - - - -

Lenha Residencial

0,175 - - - -

GN Industrial (309.279 Nm3/mês)

0,048

0,045

0,042

0,039 -

GN Industrial baixa (1.000 Nm3/mês)

0,067

0,073

0,063

0,056 -

GN Comercial (835 Nm3/mês)

0,102

0,070

0,066

0,064 -

GN Residencial (13,6 Nm3/mês)

0,115

0,089

0,077

0,075 -

Eletricidade Industrial

0,158

0,153

0,152

0,126

0,114

Eletricidade Comercial

0,169

0,180

0,174

0,161

0,162

Eletricidade Residencial

0,179

0,183

0,179

0,152

0,154

Além disso, parte dos combustíveis tem restrições de uso e venda, algumas citadas

abaixo:

GLP: para alguns tipos de aplicações conforme resolução 15 da ANP (2005) é proibida a

utilização de GLP em:

- motores de qualquer espécie

- fins automotivos, exceto em empilhadeiras

- saunas

- caldeiras

- aquecimento de piscinas (exceto para fins medicinais)

Page 29: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

15

GN: pela sua natureza, de ocupar um grande volume a baixas pressões, normalmente seu uso

se dá em consumidores conectados por tubulações. Caso não haja tubulação, o consumidor

fica impossibilitado de adquirir o produto, exceto grandes consumidores que poderiam

adquiri-lo na forma liquefeita.

Óleo diesel e óleo combustível: em alguns processos, o uso de combustíveis fósseis pode não

ser viável tecnicamente devido à geração de odores, o que impossibilita o contato direto dos

gases de combustão com os materiais do processo, por exemplo, em secadores de grãos.

Etanol: hoje não é possível a venda de etanol via Transportador Revendedor Retalhista (TRR)

(ANP, 2007), somente de diesel, lubrificantes e graxas. Isto dificulta a revenda de produto ao

consumidor final, uma vez que o TRR entrega o produto no estabelecimento do consumidor.

O consumidor pode adquiri-lo somente em postos de combustíveis ou diretamente do

distribuidor. Além disso, a venda do etanol hidratado no varejo convencional foi proibida com

teor alcoólico acima de 54º GL (% fração volumétrica), pela resolução 46 da ANVISA (2002)

(legalidade reconhecida em 2013), sendo permitida somente a venda na forma de gel acima

desta concentração. Por um lado, isto inibe a ingestão indevida do combustível ou

queimaduras por acidentes, mas por outro lado inibe a sua utilização como combustível.

3.1.2 Emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa)

a) Emissões de CO2-equivalente para combustíveis fósseis

A queima de combustíveis de fósseis, por ser de origem não renovável, emite para a

atmosfera GEE como CO2, CH4 e N2O, cujos efeitos são de aquecer a atmosfera terrestre. Na

tabela abaixo, observam-se os potenciais de aquecimento global conforme o IPCC (2007) em

relação ao CO2 para um período de 100 anos.

Tabela 3.2 - Potencial de aquecimento global (IPCC, 2007)

Gases Potencial (ton-CO2

eq)

CH4 21

N2O 310

Page 30: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

16

Em aplicações estacionárias, observam-se os seguintes valores de emissões na

combustão dos seguintes combustíveis fósseis. Esta planilha foi calculada conforme diretrizes

do IPCC (2006) para emissões diretas computando-se emissões de CH4 e N2O, e com

emissões indiretas providas pelo governo britânico (DEFRA; DECC, 2011).

Tabela 3.3 - Emissões por tipo de combustível

Combustíveis

Direta (ton-CO2 eq/TJ)

(IPCC, 2006)

Indireta (ton-CO2 eq/TJ)

(DEFRA; DECC, 2011).

Total (ton-CO2 eq/TJ)

GLP 63,872 8,000 71,872

Óleo Diesel 74,392 14,181 88,572

Gás Natural 56,731 5,544 62,275 Óleo Combustível 79,031 13,344 92,375

b) Emissões para combustíveis de biomassa

Os combustíveis renováveis também contribuem com emissões de gases de efeito

estufa seja na plantação pela utilização de fertilizantes, de máquinas agrícolas impulsionadas a

diesel e pela derrubada de vegetação original, seja na sua produção como a emissão de

metano nas lagoas de vinhaça de usinas de cana-de-açúcar ou mesmo no seu transporte pela

utilização de combustíveis fósseis como diesel.

No caso do etanol, na tabela 3.4 abaixo, pode se observar a emissão na cadeia do ciclo

de combustível (emissões indiretas). Neste caso, foram contempladas emissões na plantação,

fabricação e transporte de etanol em relação aos principais gases de efeito estufa (CO2, CH4 e

N2O). Para combustão, foi adicionada a emissão de CH4 e N2O, conforme IPCC (2006) para

combustão em aplicações estacionárias, não considerada no estudo de Pereira (2008). Macedo

(2004) e Ometto (2005) também realizaram estudos de emissões de CO2 chegando a valores

de 0,248 (kg-CO2 eq/litro) e 0,120 (kg-CO2 eq/litro), respectivamente. Como as plantações

correspondem à maior parte das emissões e não é escopo analisar as diferenças de cálculo

entre os estudos, foi utilizado, por segurança, o maior valor encontrado.

Page 31: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

17

Tabela 3.4 - Emissões para o etanol hidratado em CO2 equivalente

Combustíveis Dados Fontes

Etanol (kg-CO2 eq/l) 0,280 Pereira (2008)

Densidade (kg/l) 0,809 BEN (2015)

PCI (MJ/kg) 26,3 BEN (2015)

Total (ton-CO2 eq /TJ) 13,143 calculado

(ton-CO2 eq/TJ) CH4 0,060 IPCC (2006)

(ton-CO2 eq/TJ) N2O 0, 179 IPCC (2006)

Total (ton-CO2 eq/TJ) 13,382 calculado

No caso do carvão vegetal, sua produção a partir de florestas plantadas, em áreas

degradadas, sequestra mais carbono do que emite, com valores que variam de 37,033 a

148,133 ton-CO2 eq/TJ de sequestro de carbono (BAILIS et al., 2013; ROUSSET et al.,

2011). Entretanto, quando computadas as emissões da derrubada de florestas, a análise

dependerá qual era a vegetação original, a tecnologia de produção do carvão vegetal, como a

terra seria utilizada após o corte da vegetação original e o horizonte de tempo de análise. Em

savanas no Quênia, Bailis (2009) demonstrou que o balanço de CO2 poderia ser positivo, ou

seja, há mais sequestro de CO2 do que emissões, caso a área seja utilizada para produção de

carvão de reflorestamento, após a derrubada da vegetação original.

No Brasil, não há nenhum estudo analisando-se as emissões de lenha e carvão vegetal

conforme as variáveis no caso de produção a partir de derrubada de vegetação original, apesar

da mudança de uso da terra e a derrubada de florestas serem a maior fonte de emissões de

CO2 no Brasil, respondendo por 77,8% do total (MCT, 2010). Isto se deve ao fato que a

produção do carvão vegetal e lenha por desmatamento é uma atividade econômica secundária,

decorrente do objetivo principal que é liberar áreas para a pecuária (MARGULIS, 2003) e,

por isso normalmente não se relaciona o combustível com as emissões decorrentes do uso da

vegetação original. Uma estimativa de Uhlig et al. (2008) é que a área desmatada para

produzir 1,3 milhões de toneladas de carvão vegetal de mata nativa, 245 mil ha, em 2005, seja

responsável pela emissão de 72 milhões de toneladas de gás carbônico. Convertendo os

valores, as emissões seriam de 2.051,069 ton-CO2 eq/TJ.

Segundo Sjolie (2012), as emissões de CO2 por tonelada de carvão vegetal produzido

na Tanzânia de maneira não renovável são de 665 kg-CO2 eq/MWh, o que equivale a dizer

que a emissão de CO2 é de 184,722 ton-CO2 eq/TJ. Pode-se observar, desta maneira, que os

fatores de emissão do carvão vegetal possuem uma grande variação, dependendo das

hipóteses estabelecidas.

Page 32: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

18

Em virtude destas discrepâncias de valores e do fato da produção de lenha e de carvão

vegetal ser decorrente da expansão agrícola, será utilizado o valor recomendado pelo IPCC

(2006), para combustão de biomassa em fontes estacionárias. Este valor é a favor da

segurança, uma vez que apresenta a menor diferença em relação ao etanol, uma vez que se

desconsideram emissões indiretas e derrubada de vegetação nativa.

Tabela 3.5 - Emissões por tipo de combustível produzido a partir de biomassa não renovável (IPCC,

2006)

Combustíveis ton-CO2 eq/TJ Lenha 119,540

Carvão Vegetal 116,510

Quando considerada as emissões para carvão vegetal e lenha produzidos a partir de

biomassa renovável em áreas degradadas, o balanço de GEE utilizado é igual a zero, ou seja,

considera-se que não há sequestro ou emissões de GEE.

c) Fatores de emissão para eletricidade

O fator de emissão de inventário corporativo computa as emissões atuais na

transformação de eletricidade, enquanto o fator de emissão de MDL (Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo), utilizado em projeto de créditos de carbono, é calculado pelo

incremental de eletricidade adicionada à rede. O fato do fator de MDL ser maior é porque, à

matriz de eletricidade, tem sido adicionada cada vez mais eletricidade de origem não-

renovável. No estudo, foi utilizado o valor do inventário corporativo, uma vez que é

considerado o estado atual. Os seus fatores de emissão podem ser observados abaixo:

Tabela 3.6 - Emissões para a eletricidade (MCT, 2011)

Inventário corporativo MDL

Eletricidade (kg-CO2 eq/kWh) 0,0292 0,1056

Eletricidade (ton-CO2 eq/TJ) 8,111 29,333

d) Análise comparativa de emissões de GEE por base energética

Quando analisados comparativamente os impactos de emissões de GEE por base

energética, observa-se que os combustíveis de biomassa renovável possuem as menores

emissões, seguidos pelo etanol, eletricidade, gás natural, derivados de petróleo em ordem

Page 33: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

19

crescente de carbonos, carvão mineral e por último os combustíveis de biomassa de origem

não-renovável.

e) Considerações sobre o impacto por setor

Os dados do BEN (2015) de consumos de energia por tipo de combustível e setor

foram cruzados com os dados de fatores de emissão dos combustíveis. Com isso, consegue-se

analisar quais são as maiores reduções de GEE (gases de efeito estufa) para os setores e

combustíveis quando substituídos por etanol (maiores detalhes no Apêndice A). Os setores

energéticos e de transporte estão parcialmente considerados como emissões indiretas dos

combustíveis. Na tabela 3.7, pode se visualizar o impacto do etanol por setor.

Page 34: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

20

Tabela 3.7 - Reduções de emissões de combustíveis na substituição por etanol em queimadores (103 ton-CO2 eq)

Setores Álcool etílico

Carvão vapor

Carvão vegetal

Coque de

carvão mineral Eletricidade

Gás de cidade

Gás natural Gasolina GLP

Agropecuário - - 18 - - - - - 6

Comercial - - 197 - - - 366 - 1.083

Industrial - 2.553 67 - - - 19.875 - 2.745

Público - - - - - - 81 - 630

Residencial - - 898 - 1.895 - 634 - 16.004

Transportes - - - - - - - - -

Energético - - - - - - - - -

Total Geral - 2.553 1.180 - 1.895 - 20.957 - 20.468

Setores Lenha Óleo

combustível Óleo diesel

Outras de

carvão mineral

Outras primárias

renováveis

Outras secundárias de petróleo

Outros produtos da cana Querosene

Total Geral

Agropecuário 5.960 80 - - - - - - 6.062

Comercial 216 74 21 - - - - - 1.957

Industrial 13.493 8.549 3.804 - - 10.558 - 3 61.646

Público - 35 13 - - - - - 760

Residencial 11.865 - - - - - - 9 31.306

Transportes - - - - - - - - -

Energético - - - - - - - - -

Total Geral 31.533 8.737 3.838 - - 10.558 - 12 101.731

Page 35: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

21

Observa-se que, do ponto de vista de possíveis aplicações de etanol em queimadores e

de reduções de emissões de CO2, as substituições de combustíveis com maiores impactos são

as abaixo. Caso o Brasil queira desenvolver uma política energética renovável com base no

etanol, essas deveriam ser os principais focos.

- setor agropecuário: lenha de biomassa não renovável

- setor residencial: lenha de biomassa não renovável e GLP

- setor industrial: GN e derivados de petróleo

Para substituição de lenha não renovável para uso agropecuário, o modelo de venda e

distribuição de etanol deveria ser revisto, uma vez que a venda de lenha em grande parte das

vezes não possui intermediários, comprando-se diretamente do produtor de lenha. O etanol,

apesar de muitas vezes estar localizado muito próximo do produtor, deve ser vendido ao

distribuidor e posteriormente ao revendedor, adicionando-se dois intermediários a mais na

cadeia do produto. Além disso, hoje não é possível a venda de etanol via Transportador

Revendedor Retalhista, somente de diesel. Isto dificulta a revenda de produto ao consumidor

final, uma vez que o TRR chega a lugares de difícil acesso.

Para substituição de GLP para uso residencial, seria necessário garantir uma tributação

com iguais incentivos para o etanol e GLP, o que atualmente não existe.

Para substituição do GN e derivados de petróleo na indústria, a substituição por etanol

é mais difícil devido ao custo maior do etanol nestes casos.

3.1.3 Características dos equipamentos e combustíveis

a) Combustíveis e aspectos dos sistemas de combustão

Os combustíveis, conforme seu estado físico (sólido, líquido, gasoso) requerem

diferentes tipos de soluções para sua combustão. Estas soluções têm impactos no custo e no

investimento.

Usando como referência o trabalho de Kermes et al. (2008), foi elaborada a tabela

abaixo. Pode-se observar que os combustíveis líquidos como o etanol apresentam como

grande vantagem a facilidade de armazenagem e de transporte (um dos principais motivos por

Page 36: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

22

serem utilizados em MCI e aplicações não-estacionárias) e como maior desvantagem os

sistemas de alimentação e variação de potência mais complexos.

Tabela 3.8 - Considerações de combustíveis gasosos, líquidos e sólidos

Combustíveis Sistemas de alimentação Armazenamento/Transporte Variação de potência

Gasosos Não é necessário já que o gás normalmente já está pressurizado

Botijões a alta pressão ou sistemas de dutos em alta pressão

Controle de válvula de alimentação

Líquidos

Alimentação via sistemas de bombeamento e atomização. Pode ser necessário o pré-aquecimento da mistura

Recipientes sem grande especificação técnica

Válvula solenóide para sistemas atomizados

Sólidos Alimentação manual ou via esteira

Não necessita de recipientes. Manuseio por lote. Maior área de armazenagem

Adição de combustível na grelha

Nota: Sistema de combustão de sólidos em grelha. Para combustão em sistemas com sólidos em suspensão ou em leito fluidizado, são adicionadas complexidades aos sistemas de combustão de sólidos.

Estes sistemas mais complexos para líquidos têm um impacto no investimento

necessário para o equipamento. A ignição também é mais difícil em relação a combustíveis

gasosos, uma vez que o líquido precisa ser vaporizado ou atomizado.

Outro fator importante é a maior dificuldade da capacidade do equipamento variar a

sua potência quando com um combustível líquido, em relação a combustíveis gasosos

(queimadores).

Todas essas características têm um impacto significativo no desenvolvimento do

queimador pela sua maior dificuldade de projeto, o que impacta no investimento necessário

para o produto. Pela maior presença de partes móveis e equipamentos mais complexos, os

custos de manutenção também são impactados.

b) Características gerais dos combustíveis líquidos

Segundo Bizzo (2013), os combustíveis líquidos apresentam as seguintes

características importantes para sua combustão:

Ponto de fulgor: é a temperatura do combustível na qual, sob a ação de uma chama

escorvadora sobre a sua superfície líquida, ocorre uma ignição e combustão transitória.

Temperatura de autoignição: temperatura mínima de uma mistura ar/combustível na qual a

combustão é iniciada e se mantém sem a presença de uma chama escorvadora.

Page 37: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

23

Viscosidade: importante propriedade que vai determinar as temperaturas de armazenamento,

bombeamento econômico e pulverização (atomização) para combustão.

Outras características importantes que possuem um grande impacto para a utilização

do etanol, principalmente por serem diferentes em relação aos outros combustíveis, são:

Calor latente de vaporização: energia necessária para vaporizar certa quantidade de líquido a

uma dada temperatura.

Teor de água: quantidade de água presente no combustível.

Razão ar/combustível estequiométrica: quantidade de ar necessária em unidades de massa

para se realizar a combustão estequiométrica em relação à massa de combustível.

Temperatura de ebulição: faixa de temperatura em que ocorre a mudança de fase de líquido

para gás a uma dada pressão. Para substâncias puras ou que se comportam como puras, como

o etanol, a temperatura de ebulição é fixa.

Limites de inflamabilidade: faixa da quantidade de combustível em uma mistura gasosa ar-

combustível necessária para que ocorra a ignição da mistura para uma dada temperatura e

pressão

Abaixo, podem se observar algumas dessas características dos combustíveis.

Page 38: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

24

Nota: Ponto de ignição é equivalente a ponto de fulgor

Figura 3.1 - Faixa de inflamabilidade (GARCIA, 2002)

c) Características de combustíveis gasosos

Caso o combustível já esteja vaporizado, segundo Bizzo (2013), outra característica

importante é:

Índice de Wobbe: relação entre PCI e a raiz quadrada da densidade relativa ao ar. Este

relaciona a quantidade de energia por volume que é possível passar por um orifício para uma

correspondente queda de pressão.

d) Comparativo de especificações técnicas

Com intuito de se comparar os combustíveis, foi criado abaixo um quadro

comparativo entre os combustíveis na tabela 3.9, relacionando-se as principais características

do combustível para sua seleção:

Page 39: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

25

Tabela 3.9 - Características dos combustíveis

Características Unidades Etanol anidro

Etanol hidratado Querosene Óleo Diesel

Óleo Com-bustível GN GLP

Carvão Vegetal Lenha

Estado físico - líquido líquido líquido líquido líquido gasoso líquido e gasoso sólido sólido

Ponto de fulgor oC 13a 17b 41c 64a 80c -145e 2f - -

Temperatura de auto ignição oC 366a - 238d 230a 350i 482-632e 405f - -

Temperatura de ebulição (1 atm) oC 78,3c 78,2c 175-325m 188-343k - -161k

-42k

(Propano) - -

Viscosidade cinemática (20 oC) cSt (mm2/s) 1,52j - 2,71j

2-6j (37,8oC)

2,39-26,4j

(21,1oC) - - - -

Calor latente de vaporização (15,5 oC) kJ/kg 903c 991c 251j 233k - 506k

428k

(Propano) - -

Teor de água

INPM - % fração em

massa 0,8c 6,9c - - - - - - -

PCIg MJ/kg 28,2 26,3 43,5 42,2 40,1 36,8

(MJ/Nm3) 46,4 27,0 12,9

Densidadeg kg/m3 791 809 799 840 1.000 0,740 (20 oC, 1 atm)

552 (Botijão) 250 390

Razão ar/combustível estequiométrica - 9c 8,3c 15l 14,7k 13-15c 17,2k

15,7k (Propano) - -

Índice de Wobbe - - - - - - 48,2-53,2c 72,6-87,6c - -

Limite de inflamabilidade inferior (20oC, 1 atm) %, volume 3,3a - 0,7j 1k 0,7j 5,3k

2,2k (Propano) - -

Limite de inflamabilidade superior (20oC, 1 atm) %, volume 19a - 5j 6k 5j 15k

9,5k (Propano) - -

(a)Hansen et al. (2005); (b) INMETRO (2012); (c) Bizzo (2013); (d) Petrobrás (2011a); (e) Comgas (2012); (f) Liquigás (2011); (g) BEN (2012); (h) CETESB (2013); (i) Petrobrás (2011b); (j) Engineering toolbox (2013); (k) EERC (2013); (l) Flagaan (1988); (m) GESTIS (2013)

Page 40: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

26

Em relação ao ponto de fulgor, o etanol é o combustível com menor valor frente aos

outros combustíveis líquidos utilizados em queimadores. Isto facilita a ignição do

combustível. Ao mesmo tempo, apresenta o maior calor latente de vaporização, o que impacta

negativamente na facilidade de combustão. A temperatura de autoignição do etanol é maior

frente aos outros combustíveis líquidos, o que aumenta a segurança de utilização, mas

também impacta negativamente a continuidade da combustão.

Em relação à viscosidade cinemática, o etanol apresenta o menor valor frente aos

outros combustíveis líquidos, característica que facilita a atomização do combustível. O etanol

também necessita de uma menor vazão de ar estequiométrica para sua combustão, o que

facilita a combustão completa em chamas sem pré-misturas.

Em relação à temperatura de ebulição, o etanol, por apresentar uma temperatura

constante, tende a vaporizar uniformemente as gotas em relação a outros combustíveis

líquidos, o que proporciona uma combustão mais eficiente e também facilita a sua utilização

como combustível na fase gasosa.

O teor de água é a principal diferença entre o etanol anidro e etanol hidratado frente

aos outros combustíveis, tendo impacto na solubilidade em outros combustíveis ou em

propriedades como ponto de fulgor e calor latente de vaporização. Além disso, é uma das

principais causas de adulteração deste combustível, já que adição de água é simples de ser

executada. Outro fator é que a água possui poder corrosivo, necessitando em alguns casos a

utilização de materiais mais resistentes à corrosão.

As faixas de inflamabilidade do etanol são mais amplas em relação aos outros

combustíveis líquidos, o que facilita sua ignição quando vaporizado.

3.1.4 Emissões de NOX, SOX, CO, hidrocarbonetos e material particulado

Outro fator relevante para a seleção do combustível é quantidade de substâncias

emitidas durante a combustão do combustível. Atualmente, com o uso de tecnologias de

mitigação de impactos de emissões, qualquer combustível pode proporcionar uma queima

limpa. Porém, a adoção de tecnologias exige um investimento maior além de um custo maior

de manutenção. Em aplicações de pequeno porte, normalmente o papel de mitigação é restrito

ao próprio projeto do queimador e sua aplicação.

O poluente CO se forma em regiões com razão combustível/ar elevadas, em que não

há oxigênio suficiente para combustão estequiométrica sendo maior na queima de

Page 41: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

27

combustíveis sólidos e líquidos. O etanol por já apresentar na sua molécula o oxigênio

necessita de menos ar na sua combustão, apresentando normalmente níveis mais baixos de

emissões de CO para uma mesma quantidade de energia.

As emissões de NOX estão principalmente relacionadas ao teor de nitrogênio no

combustível (NO fuel) e as temperaturas elevadas na câmara de combustão, necessárias para

reação entre o N2 e o O2 (NO térmico), apesar de haver outros mecanismos em chamas pré-

misturadas como NO prompt e N2O-intermediário. Normalmente, as emissões de NOX

atingem um pico em uma faixa com pequeno excesso de ar, caindo posteriormente com

grande excesso de ar, devido à queda da temperatura da combustão. Abaixo se observa um

exemplo de emissões de CO e NOX.

Figura 3.2 - Emissões de CO e NOX (PINHEIRO; VALLE, 2013)

O etanol, apesar de possuir pouco nitrogênio na sua composição, devido à presença de

oxigênio na sua molécula, pode apresentar a tendência de apresentar maiores emissões de

NOX. Ao mesmo tempo, por apresentar temperatura de chama adiabática inferior ao dos

outros combustíveis fósseis (GLAUDE et al., 2010) como se vê na figura baixo (com exceção

ao gás metano) e por possuir água na sua composição (etanol hidratado), o que resfria a

chama, as emissões de NOX podem ser diminuídas.

Page 42: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

28

Figura 3.3 - Temperatura de chama adiabática (GLAUDE et al., 2010)

Em relação aos combustíveis fósseis líquidos, a combustão de combustíveis gasosos

normalmente apresenta menores emissões de NOX pela facilidade de controle destas tanto no

projeto quanto na operação, evitando-se a formação de altas temperaturas no queimador.

(KERMES et al., 2008)

As emissões de hidrocarbonetos e material particulado estão relacionadas assim como

o CO a regiões onde não há oxigênio suficiente e ocorre a quebra de hidrocarbonetos em

partículas menores ou mesmo a vaporização dos constituintes do combustível sem ocorrer a

combustão. Dependendo do composto formado, pode haver a formação de odores. As

emissões de material particulado possuem o mesmo mecanismo de formação sendo

normalmente também maiores nos líquidos derivados de combustíveis fósseis e em

combustíveis sólidos. Além disso, as formações destes tendem a aumentar quanto menor for a

relação H/C do combustível.

As emissões de SO2 estão relacionadas ao teor de enxofre do combustível. Está

presente em combustíveis fósseis mais pesados, sendo praticamente inexistente no etanol ou

em combustíveis fósseis gasosos.

Abaixo, observa-se uma classificação das emissões por tipo de combustível elaborada

com base na discussão acima. Não é possível se estabelecer com precisão os combustíveis

com maiores emissões para cada caso, já que estes irão depender da tecnologia de queima e

do projeto do queimador, mas para fins comparativos a análise é válida.

Page 43: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

29

Tabela 3.10 - Emissões comparativas por tipo de combustível

Combustíveis CO HC MP SOX NOX

Etanol 1 3 3 3 3

Diesel 4 6 4 6 4

Óleo Combustível

5 7 5 7 5

GN 2 1 1 1 1

GLP 3 2 2 2 2

Carvão Vegetal 6 4 6 4 6

Lenha 7 5 7 5 7

Nota: quanto menor o número, menor a emissão

Em comparação com outros combustíveis, o etanol é o combustível que apresenta

emissões somente superiores aos combustíveis gasosos como GLP e GN.

Como já foi visto no Capítulo 1, é muito significativa ainda no Brasil a combustão de

lenha e carvão vegetal em aplicações residenciais e industriais. Estima-se que 1,6 milhões de

mortes ocorram anualmente no mundo somente devido à poluição pela queima de

combustíveis sólidos para a cocção de alimentos e geração de calor (WHO, 2002). O etanol

pode ser visto como uma fonte de substituição das aplicações atuais de uso da lenha de

maneira segura e renovável. (OHIMAIN, 2012)

3.1.5 Utilização de etanol e riscos econômicos associados

Atualmente, a produção do etanol é voltada basicamente para o atendimento da

demanda de utilização em MCI.

A matéria-prima básica para produção do etanol no Brasil é a cana-de-açúcar, que

pode ser direcionada para produção de açúcar conforme variação de preços, além de estar

sujeita a variações naturais de safra.

Page 44: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

30

Tabela 3.11 - Produção de cana-de-açúcar (UDOP, 2013)

Nota: Previsão em 01/01/2013

Existem outras fontes como mandioca, milho e sorgo sacarino. Com o

desenvolvimento de plantas comerciais de etanol de 2ª geração, produzido a partir de celulose,

outras fontes como resíduos de plantações e madeira poderão ser utilizadas.

A produção e o consumo de etanol estão concentrados em poucos países como

podemos observar abaixo, dificultando uma maior estabilidade de preços, diferentemente de

derivados de petróleo.

Tabela 3.12 - Produção de etanol por país em 2009 (RFA, 2013)

País Milhões de litros

EUA 40.125

Brasil 24.900 União Europeia 3.935

China 2.050

Tailândia 1.647

Canadá 1.100

Outros 936

Índia 347

Colômbia 315

Austrália 215

Total 73.948

Diferentemente de outros combustíveis, a produção de etanol é concentrada durante o

período da safra. Isto ocasiona uma grande concentração de produção e consumo em certos

períodos do ano, exigindo maior capacidade de armazenamento por parte do governo e

produtores.

Page 45: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

31

Figura 3.4 - Produção de etanol durante o ano (MME, 2013)

Devido ao grande uso em MCI, em motores flex, o principal combustível balizador de

preços do etanol hidratado é a gasolina, sendo que grande parte da produção está concentrada

em refinarias da Petrobrás. Além disso, o governo pode variar o percentual de etanol anidro

na gasolina entre 20 e 27%. Isto mostra que este mercado é altamente regulado e depende

fortemente de atuação do governo; a utilização de etanol em queimadores estaria fortemente

dependente da atuação do governo para estabilização e controle de preços, já que o

consumidor poderia ser impactado por outro mercado consumidor (MCI).

Abaixo, pode se observar um quadro resumo com as características da produção e

utilização do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar.

Tabela 3.13 - Quadro comparativo de riscos para variação de preços do etanol e derivados de petróleo

Fatores Etanol Derivados de Petróleo

Dependência de fatores naturais no curto prazo

alta baixa

Existência de co-produtos concorrentes a partir da mesma matéria prima

açúcar, etanol anidro e etanol hidratado

vários

Concentração de países produtores alta baixa

Concentração de produção durante ano

alta baixa

Concentração de países consumidores

alta baixa

Uso em MCI alto alto

Uso em queimadores inexistente alto

O que se pode depreender é que o uso do etanol apresenta vários fatores para formação

de um mercado com grandes variações de preço e volumes de produção em comparação com

o mercado dos derivados de petróleo.

Deste modo, o crescimento da sua utilização em motores de combustão interna só foi

viabilizado devido ao uso de tecnologia de motores bi-combustível, com a qual foi permitido

ao consumidor escolher qual combustível utilizar.

Page 46: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

32

Em relação aos combustíveis sólidos de biomassa, estes apresentam regionalmente

uma maior possibilidade de distorções de custos a curto e médio prazo, uma vez que o frete

possui participação maior no seu custo; a eventual falta de produção de biomassa em uma

determinada região implicaria mais facilmente em um aumento de custo.

O GN naturalmente também apresenta riscos de variações de preços no longo prazo

em virtude de ser transportado e consumido por dutos, diminuindo a capacidade do

consumidor de escolher outros fornecedores. Diminuindo o risco de utilização do GN,

apresenta-se o fato de poder ser substituído em muitos casos pelo GLP com poucas alterações,

o que diminui os riscos de sua utilização.

3.1.6 Classificação dos combustíveis

Com base nas análises realizadas, foram elaboradas as tabelas 3.14 e 3.15 abaixo com

a intenção de ranquear os combustíveis conforme critérios de utilização. Esta classificação

não deixa de ser arbitrária, uma vez que a seleção depende da tecnologia de queima e de

dados de consumo, mas serve como subsídio para estabelecer diretrizes para sua seleção.

Tabela 3.14 - Comparativo de fontes de energia – consumidor residencial

Custo do insumo

energético (it. 3.1.1)

Emissões de GEE

(it. 3.1.2)

Invest. no equipa-

mento de queima

(it. 3.1.3)

Manu-tenção

(it. 3.1.3)

Facilidade de trans-

porte (it. 3.1.3)

Emissões de

poluentes (it. 3.1.4)

Riscos associados ao custo (it. 3.1.5)

Etanol 4 2 5 4 2 4 6

Gás natural 3 3 4 2 6 2 5

GLP 1 4 3 3 4 3 3

Óleo diesel 2 5 6 5 3 5 1

Lenha/ carvão vegetal

5 6 1 6 5 6 4

Eletricidade 6 1 2 1 1 1 2

Nota: quanto menor o número, melhor a classificação. Os valores de investimentos para lenha e carvão vegetal são os que apresentam as maiores diferenças, uma vez que dependem muito do método de combustão. Além disso, as emissões de gases

de efeito estufa variam se for utilizada biomassa renovável ou não.

Page 47: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

33

Tabela 3.15 - Comparativo de fontes de energia – consumidor industrial/comercial

Insumo energético

Custo de insumo

energético (it. 3.1.1)

Emissões de GEE

(it. 3.1.2)

Invest. no equipa-

mento de queima

(it. 3.1.3)

Manu-tenção

(it. 3.1.3)

Facilidade de trans-

porte (it. 3.1.3)

Emissões de

poluentes (it. 3.1.4)

Riscos associados ao custo (it. 3.1.5)

Etanol 5 2 5 4 2 4 6

Gás natural 2 3 4 2 6 2 5

GLP 4 4 3 3 4 3 3

Óleo diesel 3 5 6 5 3 5 1

Lenha/ carvão vegetal

1 6 1 6 5 6 4

Eletricidade 6 1 2 1 1 1 2

Nota: quanto menor o número, melhor a classificação

Resumem-se abaixo as principais considerações em relação à classificação:

- Custo do insumo energético:

O etanol é o segundo insumo mais caro, atrás apenas da eletricidade, quando se fala

em consumo industrial/comercial. Para aplicações residenciais, o etanol é mais barato que a

eletricidade, a lenha e o carvão vegetal.

- Emissões de GEE:

O etanol apresenta emissões inferiores aos outros insumos energéticos, exceto em

relação à eletricidade.

- Investimento no equipamento de queima:

O uso do etanol, na maior parte das vezes, exigiria um investimento maior no

equipamento de queima frente aos combustíveis gasosos e sólidos, uma vez que as

tecnologias de queima de combustível líquido não estão tão disseminadas. Combustíveis

líquidos fósseis exigiriam equipamentos para atomização e para mitigação de emissões ainda

mais sofisticados.

- Manutenção:

Os custos de manutenção e operação foram considerados proporcionais aos

equipamentos de queima, exceto no caso de combustíveis sólidos, que apresentam os maiores

custos de manutenção com menor investimento.

- Facilidade de transporte:

Page 48: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

34

O etanol apresenta maior facilidade de transporte, não necessitando de botijão (GLP)

ou tubulação (GN). Combustíveis líquidos fósseis exigiriam maior cuidado no transporte e

armazenamento pela sua maior toxicidade.

- Emissões de poluentes:

O etanol apresenta emissões maiores que o GLP, GN e eletricidade, porém inferior a

outros combustíveis sólidos e líquidos.

- Riscos associados ao custo:

O etanol, devido ao fato de não possuir estoques reguladores na quantidade necessária;

ao fato da cana-de-açúcar também poder ser transformada em açúcar, e também ao fato do seu

preço ser controlado pela política de preços estabelecidos para a gasolina, este é o insumo

energético que apresenta a maior chance de bruscas variações de preços.

3.2 SELEÇÃO DO INSUMO ENERGÉTICO PELO CONSUMIDOR – ANÁLISE DAS

APLICAÇÕES

Nesta etapa, foram selecionadas aplicações com maior potencial de utilização pelo

consumidor, conforme tabelas 3.16 e 3.17 abaixo. Para tanto, foram elencadas diversas

utilizações de uso de combustíveis nos setores comercial, residencial e industrial. As

aplicações do segmento industrial analisadas foram limitadas à potência de 50 kW, para se

limitar os investimentos necessários para a construção do protótipo.

Para cada uma das aplicações, foram arbitrados pesos para os critérios de seleção de

combustíveis. Os pesos de cada um dos critérios de seleção foram baseados no consumo por

aparelho, potência e frequência de uso, além de características individuais dos produtos. Para

cada aplicação foi dada uma nota de 1-5, comparativamente aos outros combustíveis

utilizados, conforme a classificação elaborada para os combustíveis. Foram selecionadas

somente as aplicações com notas ponderadas iguais ou superiores a 3,0. No Apêndice C, há

uma explicação detalhada com notas e pesos utilizados.

Page 49: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

35

Tabela 3.16 - Matriz de seleção para aplicação residencial

Principais insumos energéticos utilizados Critérios de seleção

Cluster Equipamento GLP GN eletri-cidade lenha

carvão vegetal

óleo diesel

Inves-timento

Manun-tenção GEE

Trans-porte Emissões Custo Riscos Peso

Ponde-ração

alta

pot

ênci

a e

alta

pe

netr

ação

forno x x x x x 15% 2 5% 3 5% 5 15% 5 10% 4 40% 2 10% 1 100% 2,75

fogão x x x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 10% 4 50% 2 10% 1 100% 2,30

cooktop x x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 10% 2 50% 2 10% 1 100% 2,05

aquec. de água tipo boiler x 20% 1 5% 1 5% 3 0% 0 5% 1 50% 4 15% 1 100% 2,60

aquecedor de passagem x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 1 15% 1 100% 1,50

chuveiro x 25% 1 5% 1 5% 3 0% 0 5% 1 45% 4 15% 1 100% 2,45

alta

pot

ênci

a e

baix

a pe

netr

ação

secadoras de roupas x x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 2 15% 1 100% 2,00

aquecedor de ambiente x 20% 1 5% 1 5% 3 15% 5 5% 1 40% 4 10% 1 100% 2,90

calefação x x x 20% 3 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,85

piscina x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 2 15% 2 100% 2,15

banheiras x x x 20% 2 5% 2 10% 5 0% 0 10% 2 40% 2 15% 1 100% 2,15

sauna x x 20% 2 5% 2 10% 3 0% 0 10% 2 40% 2 15% 2 100% 2,10

piso radiante x x x 20% 2 5% 2 10% 3 0% 0 10% 2 40% 2 15% 1 100% 1,95

bio-

mas

sa

lareira x x x 15% 2 5% 3 15% 5 20% 5 15% 4 25% 2 5% 1 100% 3,35

churrasqueira x x x x 15% 2 5% 3 15% 5 20% 5 15% 4 25% 2 5% 1 100% 3,35

apli

caçõ

es p

ortá

teis

aquecedor de área externas x x 15% 2 5% 2 15% 5 20% 5 15% 2 25% 2 5% 1 100% 3,00

maçaricos x 25% 1 5% 2 5% 5 40% 5 5% 2 15% 3 5% 1 100% 3,20

isqueiros x 25% 2 5% 3 5% 5 40% 5 5% 2 15% 3 5% 1 100% 3,50

toalheiro x 15% 1 5% 1 15% 3 20% 5 15% 1 25% 4 5% 1 100% 2,85

tochas x x 20% 3 5% 3 5% 5 45% 5 5% 2 15% 1 5% 1 100% 3,55

fogão portátil x 20% 3 5% 3 5% 5 45% 5 5% 2 15% 3 5% 1 100% 3,85

Page 50: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

36

Tabela 3.17 - Matriz de seleção para aplicação comercial/industrial/agropecuária

Principais insumos energéticos utilizados Critérios de seleção

Cluster Equipamento GLP GN eletri-cidade lenha

carvão vegetal

óleo diesel

Inves-timento

Manun-tenção GEE

Trans-porte Emissões Custo Riscos Peso

Ponde-ração

cocç

ão

forno diretos x x x x 15% 2 5% 3 5% 5 15% 5 5% 4 45% 1 10% 1 100% 2,20

fornos indiretos x x x x 15% 2 5% 3 5% 5 15% 5 5% 4 45% 1 10% 1 100% 2,20

forno de pizza x x x 15% 2 5% 3 5% 5 15% 5 5% 4 45% 1 10% 1 100% 2,20

fogão x x x x 15% 2 5% 3 5% 5 15% 5 5% 4 45% 1 10% 1 100% 2,20

frangueira x x 15% 2 5% 2 5% 5 15% 5 5% 2 45% 1 10% 1 100% 2,05

chapas quentes x x 15% 2 5% 2 5% 5 15% 5 5% 2 45% 1 10% 1 100% 2,05

lava

gem

de

ro

upas

secadoras de roupas x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 1 15% 1 100% 1,50

máquina de lavar x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 1 15% 1 100% 1,50

conf

orto

rmic

o calefação x x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 2 50% 1 15% 1 100% 1,55 ciclo de absorção para refrigeração x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 1 15% 1 100% 1,50

laze

r piscinas x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 2 15% 2 100% 2,15

sauna x x 20% 2 5% 2 5% 5 0% 0 5% 2 50% 2 15% 2 100% 2,15

labo

r-at

ório

bico de bunsen x x 20% 2 5% 2 5% 5 40% 5 5% 2 20% 1 5% 1 100% 3,10

autoclave x x x 20% 2 5% 2 5% 5 30% 5 10% 2 25% 2 5% 1 100% 3,00

dive

rsos

se

tore

s central de água quente x x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,65

gerador de vapor x x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,65

maçaricos x 25% 1 5% 2 5% 5 40% 5 5% 2 15% 3 5% 1 100% 3,20

agro

pecu

ário

secadoras de grãos x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,65

torrefação de grãos x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,65

aquecimento de granjas x x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,65

estufas x x 20% 2 5% 3 5% 5 0% 0 5% 4 50% 1 15% 1 100% 1,65

Page 51: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

37

As aplicações que apresentaram as melhores notas ponderadas conforme tabelas 3.16 e

3.17 foram as seguintes:

- aquecedor de áreas externas

- lareira

- churrasqueira

- isqueiros

- maçaricos residenciais/industriais

- fogão portátil

- tochas

- bico de bunsen

- autoclave

Estas aplicações apresentam altos pesos no critério de facilidade de transporte (15-

40%). Nestas aplicações, o custo do insumo energético não é o principal critério de seleção

(pesos de 15-25%). Deve se salientar que foram dados baixos pesos para o critério de

emissões de GEE (5-15%) para se minimizar o viés ambiental da análise, apesar de apresentar

as melhores notas para o etanol.

3.3 SELEÇÃO PELO INVESTIDOR

Não basta o atendimento dos critérios do consumidor para que a solução seja viável. É

necessário o atendimento também de critérios do ponto de vista do investidor. Para tanto,

foram criados os critérios: abrangência da solução, inovação e volume de mercado. No

Apêndice C, há uma explicação detalhada dos critérios e notas utilizadas.

Alguns critérios como margem obtida na venda do produto e investimentos

necessários não foram utilizados diretamente como critério, uma vez que em uma primeira

análise não se pode quantificá-los. Indo além, a inovação está relacionada com a margem e o

volume de mercado está relacionado com a diluição do investimento necessário.

Para estes atributos, mais importante que o peso, é possuir uma nota mínima, como

uma forma de mitigação de riscos para o desenvolvimento de projeto. A planilha com as

respectivas notas está no Apêndice D.

Page 52: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

38

As soluções que apresentaram notas médias muito baixas (inferiores a 2,5) foram

excluídas da análise: as aplicações de autoclave, tochas e bico de bunsen. A lista final de

aplicações com maior viabilidade são as seguintes:

- aquecimento de áreas externas

- lareira

- churrasqueira

- isqueiros

- maçaricos industriais/residenciais

- fogão portátil

3.4 SELEÇÃO DO EQUIPAMENTO PELO CONSUMIDOR - ANÁLISE DAS

APLICAÇÕES

Para se determinar a solução com maior aplicabilidade do etanol, devem-se avaliar

com mais detalhes os equipamentos normalmente utilizados e não apenas os combustíveis

utilizados. Para tanto uma análise detalhada foi realizada para se tomar a decisão.

3.4.1 Aquecedor de áreas externas

Este tipo de queimador possui um uso eventual, principalmente em bares e

restaurantes, durante alguns meses. Em muitos casos os consumidores não compram o

produto, mas o alugam. Na maior parte das vezes, o insumo energético utilizado é o GLP.

Os modelos de aquecedor atuam acima da capacidade de vaporização do insumo

energético de GLP para botijão P-13, que é de 600 g-GLP/hora a 20 º C. O próprio aquecedor

aquece o botijão, permitindo a vaporização a taxas maiores.

A cada troca de botijão, o consumidor deve realizar o teste de estanqueidade na

tubulação. Cada equipamento necessita um botijão, que custa por volta de R$ 100,00.

Normalmente, deve-se possuir um botijão reserva para a troca em caso de esgotamento do

botijão.

Page 53: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

39

O botijão duplica o peso do equipamento dificultando o seu transporte e aumenta o

espaço ocupado pelo produto, às vezes escasso em restaurantes e bares. A padronização do

botijão fixa a geometria da base, não permitindo o desenvolvimento de design diferente.

Em compensação, o botijão funciona como contrapeso evitando o tombamento do

equipamento. Abaixo um exemplo de aquecedor de ambientes.

Figura 3.5 - Aquecedor de ambientes (GENERAL HEATER, 2013)

Modelo: PH-PLUS-1800

Potência: 2,6 - 12,6 kW

Dimensões: 2.210 mm (altura), 530mm (diâmetro da base inferior) e 820 mm (diâmetro da

base superior)

Peso líquido: 22 kg

Peso com combustível: 15 kg (botijão vazio) + 13 kg (GLP) + 22 kg (equipamento) = 50kg

Queimador: Cerâmico (Infravermelho)

Consumo (Potência Máxima): 870 g-GLP/hora

Autonomia (Potência Máxima): 14,9 h

Combustível: GLP (botijão de 13 kg)

Ignição: Piezoelétrico com chama piloto

Controle: válvula (necessita esperar 5 minutos para girar o manípulo da posição piloto para a

potência máxima)

Dispositivo de segurança: Corta chama na falta de chama ou tombamento do produto

Page 54: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

40

Valor: R$ 1.590

3.4.2 Lareira

O uso de lareira é muito pequeno no Brasil, sendo concentrado na região Sul e

Sudeste, devido a baixas temperaturas. Além disso, o uso é esporádico, utilizando-se algumas

vezes por ano, apresentando uma função mais estética do que de aquecimento. Entretanto,

quando utilizada, ela deve prover o aquecimento de maneira eficaz.

A pouca disponibilidade de lenha, principalmente em grandes cidades, pode dificultar

o seu uso. O uso de outros combustíveis é dificultado já que muitas vezes não se pensa em

uma tubulação para instalação de GLP ou GN. Tampouco, usa-se o GLP diretamente do

botijão por motivos estéticos.

Um fator de risco à segurança do consumidor é a qualidade da combustão da lenha,

que pode liberar quantidades razoáveis de CO em ambientes fechados. Caso a chaminé não

possua uma tiragem adequada, pode levar à intoxicação do consumidor. Outro fator é a

eventual projeção de faíscas, que podem levar à combustão objetos próximos.

Lareiras convencionais a lenha necessitam de alimentação constante, além de possuir

uma ignição lenta. O consumidor pode encarar isto como um fator positivo pela interação com

o equipamento. Um fator positivo da utilização de lenha é que, uma vez feita a obra civil, não

apresenta mais nenhum custo com queimadores.

Existem diversos modelos de lareira como:

- lareira a gás de pedras vulcânicas

- lareira a gás de falsos lenhos

- lareiras elétricas

- lareiras a etanol

Conforme já foi mostrado, existem vários modelos de lareiras a etanol portáteis.

Abaixo, observa-se um exemplo deste:

Page 55: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

41

Figura 3.6 - Lareira a etanol (VAUNI, 2012)

Modelo: OF WIDE

Potência: 3 kW

Dimensões: 410 mm (largura) x 90 mm (altura) x 220 mm (profundidade)

Peso: 5,5 kg

Capacidade de combustível: 3 litros

Autonomia: > 5h

Ignição: Ignitor à pilha ou acendimento manual com fósforo ou vareta piezoelétrica.

Controle: Abafamento da chama

As lareiras a etanol apresentam como vantagem preponderante a facilidade de

instalação em qualquer local. Em relação às lareiras convencionais a lenha, apresentam

vantagens como praticidade no uso (facilidade de ignição) e segurança de utilização

(dependendo da área e ventilação do ambiente não é necessária a tiragem por chaminé), A

principal desvantagem em relação às lareiras a gás e lenha é a menor potência do

equipamento, normalmente inferior a 4 kW, já que as chamas se dão na superfície do etanol.

Uma lareira convencional a GN ou GLP pode apresentar potências maiores chegando a 20

kW.

Page 56: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

42

3.4.3 Churrasqueira

As churrasqueiras mais comuns podem ser construídas com obras civis ou portáteis.

Normalmente se utiliza carvão vegetal como combustível, e em menor volume outros

combustíveis como GLP ou GN. As de GLP/GN podem utilizar queimadores infravermelhos

ou pedras vulcânicas para melhor cocção.

Os custos de operação normalmente são maiores para churrasqueiras a carvão, uma

vez que o carvão vegetal, em grandes cidades, devido à baixa oferta de pontos de venda, é

mais caro em uma base energética. Além disso, a combustão é muito menos eficiente devido à

dificuldade de regulagem e maior tempo para atingir a temperatura ideal.

No caso das churrasqueiras a GLP, os botijões utilizados são os de 5 kg, o que impacta

negativamente o preço do combustível. O botijão necessita estar aquecido, normalmente

embutido dentro da churrasqueira, para se conseguir potências maiores que 5,1 kW para

botijão P-5 e que 7,7 kW para botijão P-13.

Para o acendimento de churrasqueiras a carvão vegetal, é necessário um chama piloto,

gerada com mais variados produtos como papel, óleo vegetal e também etanol. O

acendimento de churrasqueiras a GLP/GN é feito por piezoelétrico ou fósforo.

Em ambientes comerciais, devido à necessidade de chama piloto, custo e emissões, há

preferência por se utilizar churrasqueiras a GLP/GN. Em ambientes residenciais, por motivos

culturais e pelo custo de investimento, o uso de carvão vegetal é muito utilizado. Em outros

países, o uso de GLP é mais freqüente. Abaixo alguns exemplos de churrasqueiras.

Figura 3.7 - Churrasqueira a gás - Britain (NAUTIKA, 2013)

Potência: 3,9 kW

Page 57: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

43

Peso: 16 kg

Peso com combustível: 11 kg (botijão vazio P-5) + 5 kg (GLP) + 16 kg (equipamento) = 32

kg

Dimensões: 980 mm (altura) x 540 mm (largura) x 950 mm (profundidade)

Consumo (Potência Máxima): 300 g-GLP/hora

Autonomia (Potência Máxima): 43 h

Combustível: GLP (botijão a partir de P-5)

Queimador: com pedras vulcânicas

Ignição: Piezoelétrico

Valor: R$ 656

Figura 3.8 - Churrasqueira a gás (CHARBROIL, 2013)

Potência: 3,9 kW

Peso: 32 kg

Peso com combustível: 11 kg (botijão vazio P-5) + 5 kg (GLP) + 32 kg (equipamento) = 48

kg

Dimensões: 1170 mm (altura) x 680 mm (largura) x 560 mm (profundidade)

Combustível: GLP (botijão a partir de P-5) / GN

Queimador: Infravermelho

Ignição: Piezoelétrico

Valor: R$ 3.499

Page 58: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

44

Percebe-se que as churrasqueiras portáteis apresentam peso elevado, sendo em parte

devido ao combustível e ao botijão. Diferentemente das lareiras, aqui não existem modelos a

etanol.

3.4.4 Maçaricos

Aqui serão analisados maçaricos de pequeno porte e industriais. Os maçaricos de

pequeno porte utilizam normalmente butano/propano como combustível com preço variando

de R$ 30 a R$ 200. Normalmente são utilizados em aplicações culinárias.

Existem também maçaricos para uso comercial/industrial. Estes podem ser divididos

em duas categorias: baixa temperatura e alta temperatura (queima com oxigênio puro)

Os maçaricos de baixa temperatura utilizam gases como butano/propano, GLP e

MAPP (mistura de metilacetileno e propadieno) e são utilizados em processos de brasagem

para união de tubos de cobre e aço, podendo também ser utilizados para fins culinários.

Normalmente são mais portáteis, mas também há modelos que podem ser acoplados

diretamente ao botijão que custam a partir de R$ 30.

Figura 3.9 - Maçaricos de baixa temperatura (BENZOMATIC, 2013)

Modelo: TS7000, Benzomatic

Potência: 3,6 kW

Peso: 0,545 kg (aparelho) + 0,400 kg (combustível)

Dimensões: 275 mm (comprimento) x 90 mm (largura) x 30 mm (altura)

Autonomia: 1,7 h

Ignição: Piezoelétrico

Valor: R$ 254

Page 59: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

45

Combustível: Cilindro de Gás MAPP (400g), R$ 32

Os maçaricos de alta temperatura utilizam gases como MAPP, Acetileno e GLP para

processos de corte e solda de metais, utilizando oxigênio puro na combustão para atingir

temperaturas mais altas. Necessitam de 2 botijões sendo um do oxigênio e um do

combustível. O maior peso dos aparelhos está concentrado nos 2 botijões. O uso do etanol

neste dispositivo eliminaria carregar um botijão, mas o de oxigênio deveria possuir uma

solução particular. O maçarico em si pode ser encontrado a partir das R$ 150, sendo

necessária a aquisição de outros dispositivos como mangueira, válvulas de controle, válvula

anti-retrocesso de chama e reguladores de gases.

Figura 3.10 - Componentes básicos de maçaricos de alta temperatura (HOW STUFF WORKS, 2008)

Observa-se que os combustíveis utilizados como acetileno, MAPP e, butano/propano

(vendidos separadamente) são combustíveis mais caros, além de necessitar aquisição em

pontos específicos.

3.4.5 Fogão Portátil

Normalmente apresentam de uma a duas bocas. Os meios energéticos que podem ser

utilizados são GLP, propano/butano, eletricidade ou etanol. Os custos normalmente são bem

Page 60: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

46

baixos indo de R$ 50,00 a R$ 200,00. Apresentam baixa potência, inferiores a 3 kW por

queimador.

Como já foi visto, os modelos a etanol disponíveis no mercado são utilizados em

diferentes países da África em substituição a combustão de lenha e carvão vegetal. Além

disso, são muito utilizados em aplicações de camping sendo muitas vezes produzidos

artesanalmente. Apresentam baixa potência, pelo método de combustão utilizado, e

necessidade de ignição com fósforos.

Os fogões portáteis podem ser utilizados em feiras de rua, podendo também, serem

levados à mesa para preparo imediato.

3.4.6 Isqueiros

Os isqueiros descartáveis normalmente utilizam gás butano como combustível. Em

isqueiros recarregáveis, o fluido de isqueiro normalmente é formado por derivados de nafta.

As propriedades do etanol são próximas aos fluidos de isqueiros produzidos pela

Ronson® e Zippo®, conforme pode se observar abaixo.

Tabela 3.18 - Propriedades de fluidos de isqueiro em comparação com etanol

Características Unidades Ronson (2000)

Zippo (2010) Etanol anidro

Ponto de fulgor oC 4 <23 13

Temperatura de auto ignição oC 230 n.d. 366

Temperatura de vaporização (1 atm) oC 100-155 >32 78,3

Limite Inferior de Inflamabilidade % 0,9 0,85 3,3

A chama em isqueiros recarregáveis se dá na superfície de um meio poroso e

alimentação da chama se dá por difusão e evaporação do fluido neste meio. A ignição é feita

por meio de uma roda de ignição que gera uma faísca entre um cristal e um metal. A sua

combustão produz um odor característico, o que diminui a sua aceitação no acendimento de

charutos e cachimbos.

Teoricamente, o etanol pode substituir com nenhuma ou pouca modificação os

isqueiros recarregáveis, trazendo benefícios como custo menor e diminuição de odor na

combustão. Para isqueiros descartáveis, a substituição é mais difícil devido ao uso do butano,

que é um gás na pressão e temperatura ambiente.

Page 61: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

47

3.4.7 Seleção de melhor aplicação para o etanol

Diferentemente do item 3.2, cujo foco era na seleção do insumo energético, esta

seleção apresenta um foco no equipamento e as vantagens que o etanol poderia trazer para o

consumidor.

Para tanto, os critérios de seleção do insumo energético foram detalhados para que se

consiga diferenciar as vantagens e também foram criados outros critérios que poderiam

diferenciar os equipamentos e seus combustíveis. Com isso, obteve-se a seguinte lista de

critérios. No Apêndice C, estão descritos em detalhe os critérios utilizados.

- peso

- estética

- volume do aparelho

- operação de adição de insumo energético

- aquisição de insumo energético

- variação de potência

- consumo de insumo energético

- potência máxima

- geração de fuligem/odor

- segurança

- facilidade de limpeza

- facilidade de ignição

- investimento no equipamento

- facilidade de manutenção

- facilidade de instalação

Abaixo, na tabela 3.19, podem ser vistos em detalhes os comparativos entre os

combustíveis utilizados e aspectos importantes na seleção de cada equipamento pelo

consumidor, ressaltando as vantagens de cada insumo energético.

Page 62: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

48 Continua

Tabela 3.19 - Comparativo de insumo energético por equipamento

Nota: “+”significa vantagem do respectivo insumo energético; quando “=” está marcado para ambos combustíveis, não há diferença significativa

Aquecedor de áreas externas etanol GLP P-13

peso +

estética +

volume do aparelho +

facilidade de adição de insumo energético = =

facilidade de aquisição de insumo energético +

variação de potência = =

consumo de insumo energético +

potência máxima +

geração de fuligem/odor = =

segurança = =

facilidade de limpeza = =

facilidade de ignição +

investimento no equipamento +

facilidade de manutenção = =

facilidade de instalação = =

Lareira etanol GLP/GN lenha

peso = = =

estética = = =

volume do aparelho = = =

facilidade de adição de insumo energético = =

facilidade de aquisição de insumo energético +

variação de potência = =

consumo de insumo energético +

potência máxima = =

geração de fuligem/odor = =

segurança = =

facilidade de limpeza = =

facilidade de ignição +

investimento no equipamento +

facilidade de manutenção +

facilidade de instalação +

Page 63: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

49 Continuação

Tabela 3.19 - Comparativo de insumo energético por equipamento

Churrasqueira etanol GLP ( P-5) carvão vegetal

peso = =

estética +

volume do aparelho +

facilidade de adição de insumo energético = =

facilidade de aquisição de insumo energético +

variação de potência = =

consumo de insumo energético +

potência máxima = =

geração de fuligem/odor = =

segurança = =

facilidade de limpeza = =

facilidade de ignição +

investimento no equipamento +

facilidade de manutenção +

facilidade de instalação +

Maçarico etanol GLP (P-2 e

P-5) butano

peso +

estética +

volume do aparelho +

facilidade de adição de insumo energético +

facilidade de aquisição de insumo energético = =

variação de potência = = =

consumo de insumo energético +

potência máxima = = =

geração de fuligem/odor = = =

segurança = = =

facilidade de limpeza +

facilidade de ignição + +

investimento no equipamento + +

facilidade de manutenção +

facilidade de instalação + +

Page 64: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

50 Continuação

Tabela 3.19 - Comparativo de insumo energético por equipamento

Fogão portátil etanol GLP (P-2 e P-

5) butano

peso = =

estética = =

volume do aparelho = =

facilidade de adição de insumo energético = =

facilidade de aquisição de insumo energético +

variação de potência = = =

consumo de insumo energético +

potência máxima = = =

geração de fuligem/odor = = =

segurança = = =

facilidade de limpeza = = =

facilidade de ignição + +

investimento no equipamento +

facilidade de manutenção = = =

facilidade de instalação = = =

Isqueiro etanol fluido de isqueiro butano

peso +

estética = = =

volume do aparelho = = =

facilidade de adição de insumo energético = =

facilidade de aquisição de insumo energético +

variação de potência +

consumo de insumo energético +

potência máxima = = =

geração de fuligem/odor = =

segurança = = =

facilidade de limpeza = = =

facilidade de ignição + +

investimento no equipamento = = =

facilidade de manutenção = = =

facilidade de instalação = = =

Page 65: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

51

Pode-se observar que as aplicações que apresentam diferenças significativas do etanol

frente aos outros combustíveis em mais de 2 critérios estabelecidos são as abaixo.

- Aquecedor de áreas externas

- Churrasqueira

- Fogão portátil

As aplicações que apresentam diferenças significativas do etanol em até 2 critérios são

as seguintes:

- Isqueiro

- Lareira

A aplicação, que apresenta clara desvantagem do etanol pelas diferenças significativas

dos outros combustíveis frente ao etanol, é a seguinte:

- Maçarico

Desta maneira, pode-se dizer que as aplicações com maior viabilidade para uso do

etanol são aquecedor de áreas externas, churrasqueira e fogão portátil. Utilizando-se os

critérios de seleção pelo investidor como critério de desempate, verifica-se que a

churrasqueira apresenta claramente um volume maior de mercado em relação às duas

soluções. Além disso, no critério inovação, o fogão portátil apresenta uma clara desvantagem

por já existir uma solução com etanol para este mercado. Por este motivo, a aplicação

selecionada para utilização do etanol é a churrasqueira.

Tabela 3.20 - Comparativo entre as soluções com critérios do investidor

Critérios de seleção do investidor

Abrangência da solução Inovação Volume

equipamento\pesos 33% 33% 33% Ponderação aquecimento de áreas externas 3 4 2 3,00

churrasqueira 3 4 3 3,33

fogão portátil 4 2 2 2,67

Page 66: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

52

O etanol conseguirá impactar o equipamento na estética e volume (configurações mais

compactas poderão ser construídas, prescindindo de espaço para queima para carvão e do

botijão de GLP), na facilidade de compra de combustível (GLP e carvão devem ser

comprados em lojas específicas, ao contrário do etanol que pode ser comprado em qualquer

posto de combustível), na adição de combustível (não necessita de troca de botijão ou de

despejo de carvão), consumo de combustível (etanol é mais barato do que o carvão vegetal

para consumidor final ou do que o GLP em botijões pequenos) e potência máxima (a potência

do GLP é limitada pela capacidade de evaporação do combustível e o carvão apresenta um

atraso até conseguir a máxima potência).

3.5 CONSIDERAÇÕES SOBRE APLICAÇÕES ACIMA DE 50 kW

Apesar de não serem o foco do trabalho, possíveis soluções com potências acima de

50 kW foram analisadas.

No âmbito industrial, exceto em algumas aplicações modulares como caldeiras, o

projeto do queimador possui uma relação muito grande com o processo. Em algumas

aplicações industriais específicas, os queimadores a etanol poderiam ser utilizados,

principalmente nas indústrias que são grandes consumidoras ou fabricantes de etanol. Nestas

aplicações, o etanol poderia apresentar um custo inferior a de outras formas de energia devido

ao alto volume comprado ou custo de produção inferior a outros combustíveis, além de

apresentar riscos de uso do etanol já inerentes ao próprio negócio.

As principais indústrias nas quais o etanol poderia ser utilizado em queimadores são:

- Usinas de açúcar e álcool:

Há alguns processos em que não se pode utilizar vapor gerado pela própria usina

devido à baixa temperatura do mesmo ou a necessidade de uma troca de calor mais intensa.

Um processo é a fabricação de H2SO4 a partir do enxofre em fornos específicos. Para a partida

é necessária a utilização de combustível como óleo diesel ou gás, ou eletricidade para o pré-

aquecimento do forno (HERMAN DE GROOT, 1991). O etanol poderia ser um substituto

para este tipo de aplicação. Outra possível aplicação é na partida de caldeiras de bagaço de

cana.

- Fabricante de polímeros de etanol e indústrias de bioplástico:

Page 67: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

53

Atualmente, a maior parte da indústria petroquímica utiliza gás natural como

combustível nos processos. A Braskem® atualmente vende polietileno produzido a partir de

eteno obtido a partir do etanol.

O processo de fabricação do etileno a partir do etanol é uma reação de desidratação da

molécula de etanol. Esta reação é endotérmica, utilizando um vapor de diluição para fornecer

calor ou fluido de aquecimento. Além disso, o etanol deve ser vaporizado antes da reação.

(DO CARMO et al., 2012).

Normalmente, utiliza-se vapor para aquecimento do reator, por meio da queima de gás

natural como combustível, diminuindo a sustentabilidade do processo.

- Indústrias de bebidas alcoólicas, alimentícia (fabricação de vinagres, solventes de aroma),

antissépticos, cosméticos, farmacêutica:

O etanol utilizado neste tipo de indústria é mais especificado que o etanol industrial ou

etanol carburante (EMBRAPA, 2013), devendo-se avaliar a sua viabilidade econômica. O

etanol poderia ser utilizado como combustível em secadores e para geração de vapor para

lavagem, pasteurização, cocção e destilação.

- Indústria de produtos de limpeza:

Esta indústria utiliza etanol industrial, que apresenta características e preços similares

ao etanol combustível, como pode se observar abaixo. Assim, o etanol poderia ser utilizado

como combustível em vários processos industriais.

Figura 3.11 - Preços do etanol hidratado por tipo - 01/2008 a 03/2013 (CEPEA, 2013)

Page 68: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

54

- Indústria de tintas, solventes, vernizes, cloral (utilizado na produção DDT)

Este tipo de indústria, em muitos casos, já adquire grande quantidade de derivados de

petróleo utilizados na fabricação de seus produtos, podendo adquiri-los diretamente da

refinaria. Por isso, o etanol pode apresentar desvantagens de preço devido ao grande volume

de aquisições de derivados de petróleo.

- Indústrias próximas a dutos de etanol:

Empresas poderiam utilizar etanol transportado pelos dutos a serem construídos pela

Logum (2012) (Empresa formada por: Camargo Corrêa Construções e Participações (10%),

Coopersucar (20%), Raizen (20%), Odebrecht Transporte Participações (20%), Petrobrás

(20%) e Uniduto Logística (10%)). Apesar do foco do duto de etanol ser a sua exportação, os

valores provavelmente seriam competitivos em relação ao gás natural ou óleo diesel,

principalmente para os próprios associados.

Page 69: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

55

4 PROJETO DA APLICAÇÃO

Para a produção do protótipo da churrasqueira a etanol, mostra-se necessária a seleção

de qual tipo de queimador será utilizado.

4.1 TIPOS DE QUEIMADORES

Basicamente, existem duas maneiras de queimar um combustível líquido: vaporização

do combustível ou pela pulverização (SAN JOSÉ ALONSO et. al., 2012).

Quando os fluidos são vaporizados, estes podem ser divididos em 3 grandes grupos,

conforme o modo de mistura do ar com o combustível (BIZZO, 2013):

- Queimadores com pré-mistura: nestes queimadores o combustível se mistura ao ar primário

antes da ocorrência da combustão, normalmente com o uso de Venturi que arrasta o ar.

Normalmente são utilizados em queimadores de pequeno porte pela grande possibilidade de

retorno de chama. Apresentam uma menor possibilidade de variação de potência.

- Queimadores com chama de difusão: nestes queimadores o ar secundário é arrastado pelo

combustível. Apresentam uma tendência de apagamento de chama antes que ela possa

carregar uma quantidade significativa de ar. Por isso, são utilizados estabilizadores de chama

ou recirculação que permitem o aquecimento da base da chama. São normalmente utilizados

em queimadores de pequeno porte.

- Queimadores com bicos de mistura: nestes queimadores o combustível e o ar são injetados

dentro da câmara de combustão. Neste tipo de queimador não há nenhuma possibilidade de

retorno da chama e são utilizados em queimadores de grande porte.

Quando é realizada a pulverização do combustível, esta pode ser feita de 3 formas

(BIZZO, 2013) (SAN JOSÉ ALONSO, 2012):

- Jato de pressão: nestes queimadores, são produzidas gotículas de combustível pela passagem

do combustível pressurizado em um pequeno orifício. Se o tamanho de gota tiver que ser

Page 70: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

56

mantido, este queimador não possui grande flexibilidade. Pode ser empregado mais de um

jato para se aumentar a flexibilidade de potência. Outros métodos para se modular a potência

sem alterar o tamanho de gota são recircular o fluido ou ter um pulverizador com orifício

variável. Outro aspecto a ser considerado é a necessidade de filtro do combustível

dependendo do tamanho de gota necessário.

Figura 4.1 - Pulverizador de jato de pressão (BIZZO, 2013)

- Pulverizador de 2 fluidos: neste caso, o jato de combustível é cortado por fluido auxiliar. A

velocidade relativa dos fluidos é o que determina o tamanho das gotículas. A modulação de

potência é facilitada e é menos suscetível ao entupimento de filtros. Normalmente é utilizado

para líquidos de alta viscosidade como óleos combustíveis. O fluido auxiliar normalmente é ar

que pode estar a baixas pressões (0,5-1,0 bar), médias (0,5-1,5 bar) ou elevadas (> 1,5 bar). A

pressões elevadas, vapor também é utilizado. O uso de vapor é restrito a grandes instalações

onde ele esteja disponível. Pulverizadores a ar são mais comuns em instalações de pequeno

porte.

Figura 4.2 - Pulverizador a 2 fluidos (BIZZO, 2013)

Page 71: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

57

- Copo rotativo: neste tipo de queimador, combustível é introduzido para o centro de um copo

que gira a 5.000 rpm. À medida que o combustível é arremessado para as paredes, é

pulverizado pela corrente de ar primário. São muito utilizados nas indústrias de cimento e cal,

para grandes potências.

Figura 4.3 - Copo rotativo (BIZZO, 2013)

Abaixo, observa-se a tabela 4.1 em que estão resumidas as principais características

dos queimadores aplicados a combustíveis líquidos:

Page 72: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

58

Tabela 4.1 - Comparativo de queimadores de líquidos (SAN JOSÉ ALONSO, 2012)

Tipo de queimador Princípio

Pressão do combustível no bico (atm)

Máxima viscosidade no bico (mm2/s)

Variação de potência

Consumo de fluido (kg fluido/ kg comb.)

Pressão de fluido auxiliar (atm)

Energia requerida por kg comb.

Evaporação Térmico 0 6,2 Não Não Não >>0,05

Pulverização Injeção direta Pressão 14-20 50-59 1:1,2 Não Não 0,05

Injeção com retorno 20-30 1:3 >0,05

Fluido auxiliar

Vapor a alta pressão 0,5-12 75-118 1:6

0,1-0,15a 0,2-0,3b 0,5-10 0,1-0,15

Pressão de fluido auxiliar 20 50-59 1:10 0,03c 0,06d

Ar 1,5-6 Vapor 3-10 0,07

Ar a alta pressão 0,7-7 59-118 1:5 0,3 1,5-8 0,1-0,15

Ar a média pressão 0,1-1,5 50-118 1:5 0,4-0,5 0,5-1,5 0,08-0,1

Ar a baixa pressão 0,1-0,5 50-118 1:5

15-30% ar de comb. 0,5-1 0,08-0,15

Copo rotativo

Força centrífuga 0 59-118 1:4

10-15 ar de comb. 0,25-0,3 0,07

(a) para vapor a 7-10 atm; (b) para pressão de vapor abaixo de 7 atm; (c) com ar comprimido a 6 atm; (d) com vapor a 6-8 atm

Além destes modelos, há os queimadores porosos que podem ser utilizados para a

combustão de fluidos gasosos ou líquidos. Nestes queimadores, a combustão ocorre dentro de

um meio poroso e a vaporização do combustível líquido ocorre dentro do próprio queimador.

A principal aplicação atual é em queimadores infravermelhos, cuja transferência de calor se

dá em grande parte por radiação.

Figura 4.4 - Queimadores por radiação (BIZZO, 2013)

A grande vantagem é a maior estabilidade de chama, podendo-se variar a vazão de ar e

de combustível, modulando-se a potência. Além disso, os limites de inflamabilidade são

Page 73: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

59

ampliados, a ignição é facilitada e as emissões de NOX e CO são diminuídas em virtude da

combustão mais homogênea. Este tipo de queimador é utilizado preferencialmente com pré-

mistura com poucas aplicações de chamas de difusão. (ABDUL MUJEEBU et al., 2009)

Algumas desvantagens do uso deste tipo de queimador são: os limites de temperatura

impostos pelo material utilizado como meio poroso, a pureza necessária no ar de admissão e

no combustível para se evitar o entupimento da superfície do queimador, o fato do queimador

poder ser danificado quando em contato com água ou outras substâncias, a possibilidade de

ocorrência de retorno de chama e a maior perda de carga no queimador, necessitando de

sistemas de alimentação de ar conforme o caso. (BAUKAL, 2000)

Outro tipo de queimador é o do tipo pool fire. É utilizado com combustível líquido,

sendo que a combustão ocorre na superfície do fluido. Como já foi visto, este tipo de

queimador é utilizado em lareiras e fogões portáteis a etanol, para baixas potências.

A queima do combustível neste tipo é dependente da razão de aspecto do queimador,

modo de troca de calor e pressão atmosférica. (TU et al, 2013)

Figura 4.5 - Pool fire e influência da razão de aspecto (TU et al., 2013)

Resumindo, as alternativas para combustão do etanol são as seguintes:

- vaporização e pressurização do etanol

- pulverização

Page 74: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

60

- pool fire

- queimador poroso em combinação com as alternativas acima

4.2 SELEÇÃO DO QUEIMADOR

A princípio, o etanol poderia ser vaporizado e pressurizado, uma vez que,

diferentemente de combustíveis fósseis líquidos, o seu ponto de ebulição não varia. Para uma

aplicação portátil, para vaporização e pressurização do etanol seria consumida uma potência

de 340 W sem perdas para um queimador de 7,7 kW (Apêndice D). Além disso, seria

necessária a implementação de um sistema para vaporizar o combustível e controlar a

vaporização.

O queimador tipo pool-fire também não seria o mais adequado devido às baixas

potências obtidas.

Outra possibilidade é a pulverização. Um modelo de pulverizador necessitaria de no

mínimo 0,05 kWh/kg de combustível (vide tabela 4.1). Para uma potência de 7,7 kW, a

potência necessária para pressurizar o combustível seria de 53 W. Um sistema gravitacional

não conseguiria fornecer esta potência para pressurizar isoladamente, sendo necessária uma

bomba para se manter o sistema em funcionamento. Porém, seria 85% menor que a potência

para vaporizar o etanol. Além disso, não há necessidade de um sistema de controle como na

vaporização do combustível.

Por isso, o modelo de queimador escolhido foi o do tipo pulverizador. Deste tipo de

queimador foi utilizado o de injeção com retorno, uma vez que possibilita um maior controle

da pressão no bico pulverizador.

Para a solução escolhida (churrasqueira), há a necessidade de um queimador radiante

em conjunto para se conseguir altas taxas de transferência de calor ao alimento, cozinhando-o

de maneira adequada. O único tipo de queimador que se encaixa é um queimador poroso. Este

tipo de queimador é utilizado em algumas churrasqueiras tipo “frangueira” para se conseguir

uma alta taxa de transferência de calor por radiação.

Page 75: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

61

4.3 QUEIMADORES POROSOS COM COMBUSTÃO DE LÍQUIDOS JÁ

DESENVOLVIDOS

O uso de queimadores porosos com combustíveis líquidos é incipiente, com poucos

estudos experimentais e numéricos já realizados, em comparação com combustíveis gasosos

(KAYAL e CHAKRAVARTY, 2006). O primeiro experimento documentado foi realizado

por Kaplan e Hall (1995), no qual foram testados diversos materiais porosos, utilizando

heptano e um queimador tipo pulverizador. Com uso de bico injetor automotivo, Hall e

Peroutka (1995) testaram o uso de metanol em um queimador poroso, não conseguindo

alcançar a vaporização e combustão completa do metanol, por causa do seu alto calor latente

de vaporização.

Figura 4.6 - Queimador poroso com pulverizador (KAPLAN; HALL, 1995)

Howell et al. (1996) realizaram experimentos que mostram os efeitos do meio poroso

em taxas de reação, limites de inflamabilidade e estabilização de chamas e discutiram

abordagens para se prever perfis de temperatura, concentração de espécies e eficiência

radiante. Comparando-se com estes resultados, foi desenvolvido por Martynenko et al. (1998)

o primeiro modelo numérico simplificado de combustão de líquidos em meios porosos.

Kayal e Chakravarty (2005; 2006; 2007) e Zhao e Xie (2008) desenvolveram modelos

numéricos mais sofisticados para simulação de combustão de líquidos em meios porosos.

Page 76: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

62

Deve-se salientar que estes modelos foram desenvolvidos para experimentos específicos e

precisam de mais validações para outros experimentos.

Outro experimento físico foi desenvolvido por Vikaykant e Agrawal (2007) com

intuito de se diminuir as emissões de poluentes na combustão de querosene, na mesma linha

do trabalho de Kaplan e Hall (1995).

Com intuito de simplificar o processo de combustão, foi desenvolvido por Takami et

al. (1998) um processo de combustão em meio poroso em que o líquido é gotejado sobre o

meio poroso e não pulverizado. Deste modo não há necessidade de um sistema de alimentação

do combustível. Jugjai et al. (2002), Jugjai e Polmart (2003), e Jugjai e Phothiya (2007)

também desenvolveram combustão em meios porosos com alimentação de combustível por

gotejamento. Chegou-se a cogitar a utilização de alimentação de combustível por gotejamento

no presente trabalho, mas, devido à grande variação de temperatura a qual o sistema estaria

sujeito, que implicaria em uma grande variação de viscosidade do etanol e consequentemente

em uma grande variação de vazão de gotejamento, este sistema não foi utilizado.

Fuse et al. (2005), na mesma linha de retirar o pulverizador, desenvolveu um sistema

com um oscilador ultrassônico que pressuriza uma piscina de etanol, forçando a passagem

deste por um meio poroso.

A literatura apresenta poucos casos para aplicação prática de combustão de líquidos

em meios porosos, podendo ser citados os estudos de Trimis et al. (2013) e Brehmer et al.

(2013). No primeiro caso o foco é o desenvolvimento de um queimador industrial com pré-

vaporização do óleo diesel com alta modulação (2-23 kW de potência). No segundo, o foco é

o desenvolvimento de um queimador para calefação também com pré-vaporização do óleo e

alta modulação.

No Brasil, pode-se citar Dantas (2010), que realizou experimento de combustão de

glicerina com GLP em um queimador infravermelho comercial em proporções de até 25% em

vazão mássica, com combustão estável, atendendo limites de emissões de gases poluentes.

4.4 DESCRIÇÃO DA INSTALAÇÃO

a) Sistema de queima

Um aspecto relevante para combustão em meio porosos é referente à seleção de

materiais para a utilização. Inicialmente, foram utilizados queimadores de frangueiras pelo

Page 77: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

63

seu baixo custo, construídos com material metálico e cerâmico. Outra questão avaliada foi a

capacidade dos queimadores de se aproximar do modelo de troca térmica das churrasqueiras a

carvão vegetal.

Para tanto, foi feita uma análise qualitativa utilizando GLP como combustível em

queimadores radiantes por meio de um protótipo do conceito elaborado pelo autor. Este

protótipo foi elaborado modificando uma “frangueira” modelo PRR-051N da PROGÁS® para

o conceito de uma churrasqueira convencional como pode se observar na figura 4.7 abaixo.

Figura 4.7 - Protótipo conceitual com GLP

A frangueira foi montada horizontalmente e seus 2 queimadores desmontados. Os 2

queimadores foram reposicionados na horizontal, obliquamente ao alimento para se evitar o

respingo de resíduos do alimento na sua superfície e para se aumentar a trocar por radiação. A

potência de cada queimador era de 2.250 kcal/h (2,617 kW). Foi avaliado qualitativamente

que esta potência era baixa (total de 5,2 kW), uma vez que o cozimento da carne foi

homogêneo, o que não é o ideal neste caso, como pode se observar na figura 4.8 abaixo.

Page 78: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

64

Figura 4.8 - Cozimento do alimento no protótipo conceitual com GLP

Isso direcionou o projeto para o aumento de potência do projeto. A intenção foi

aumentar a taxa de troca de calor para se aproximar da churrasqueira a carvão (potência total

estimada de 10-20 kW). Com isso, foram escolhidos inicialmente 2 queimadores Jackwal® de

5.500 kcal/h cada (6,397 kW) para GLP.

Na configuração final, as placas cerâmicas dos queimadores Jackwal® foram

posicionadas sobre uma câmara de combustão cilíndrica formada pela união de duas luvas de

4” de aço galvanizado (queimador estreito). Para se chegar a potência desejada, foram

utilizados 4 queimadores estreitos. Foi testado também um queimador com as mesmas placas

cerâmicas posicionadas sobre uma câmara de combustão cilíndrica formada pela união de

duas panelas de cozinha de 160 mm de diâmetro (queimador largo).

Na configuração final, foi utilizado também um sistema de aquecimento do

queimador. Este sistema não será mostrado uma vez que se encontra em fase de análise de

viabilidade de um pedido de patente; a publicação das soluções impediria o registro da

patente.

Para início da combustão, foi utilizado um maçarico de gás butano.

b) Sistemas de alimentação de combustível

Foi utilizado um sistema de pulverização de combustível com retorno, uma vez que

permite variar a vazão sem reduzir a pressão de pulverização no bico pulverizador. Foram

testados bicos pulverizadores de 0,25 GPH (galões por hora; 1 galão equivale a 3,758 litros) e

0,4 GPH para óleo diesel. O dimensionamento inicial do sistema encontra-se no Apêndice F.

A bomba de combustível utilizada foi de motocicletas Honda® flex devido ao baixo

custo e confiabilidade. Esta não seria a ideal, uma vez que a pressão de trabalho gira em torno

Page 79: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

65

de 3 bar, enquanto os bicos injetores são dimensionados para 7 bar ou mais. Foi utilizada

então a pressão de 4 bar, uma vez que se constatou que esta era a pressão mínima para que

não acontecesse gotejamento no bico pulverizador. Além disso, pressões maiores levariam a

vazões maiores que a necessária para o queimador, além de possivelmente comprometer a

durabilidade da bomba. O controle da pressão foi realizado com o uso de uma válvula de

retorno.

Bomba de combustível do tipo engrenagens utilizada em sistemas de injeção de óleo

diesel não puderam ser utilizadas, uma vez que o próprio óleo lubrifica a bomba, o que não

aconteceria com o etanol. Bombas dosadoras poderiam ser utilizadas, porém seu alto custo

inviabilizaria sua aplicação final.

Foram utilizados regulador de pressão, filtro de combustível e conexões de

combustível da própria Honda®, além de conexões para ar comprimido de ¼” e ½”.

c) Sistemas de alimentação de ar

Foi testado inicialmente um sistema de ventilação forçada utilizado em sopradores

portáteis para secagem de pintura devido ao seu baixo custo e confiabilidade, porém a vazão

foi muito baixa. Posteriormente, foi utilizado um soprador para jardinagem que possibilitou

uma vazão adequada.

Foram utilizadas conexões e tubulação de 1 ¼” e 2” de PVC e aço galvanizado

(próximo ao queimador) para água devido ao baixo custo e facilidade de montagem.

d) Sistemas de medição

O medidor de vazão de ar utilizado foi do tipo rotâmetro, por apresentar pouca perda

de carga e precisão adequada com custo reduzido. Foram adquiridos 2 rotâmetros para

acomodar diferentes vazões uma vez que a calculada inicialmente foi super estimada. Para

medição de consumo de combustível, o método escolhido foi do tipo gravimétrico (balança),

uma vez que medidores para pequenas vazões de líquido apresentam custo elevado.

As pressões foram verificadas com manômetros tipo bourdon. Para medição de

temperatura da placa cerâmica do queimador, foi utilizado um medidor portátil tipo K.

Foi utilizado um medidor portátil tipo eletroquímico para medição do percentual de O2

e CO dos gases de combustão para se compreender melhor a qualidade de combustão. Deve-

se salientar que medições padronizadas de gases de combustão exigiriam retirada de umidade

Page 80: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

66

dos gases de combustão, uso de coifa de medição e gases de calibração, além de um medidor

com maior repetibilidade como um medidor tipo infravermelho. Porém, devido ao alto

investimento necessário, estas soluções não foram implementadas. Desta forma, para as

medições realizadas, foram mostradas somente as ordens de grandeza, sem cálculo das

incertezas.

Conforme modelo esquemático na figura 4.9 abaixo, pode se observar como é o

modelo da churrasqueira na sua configuração final. Os componentes utilizados estão listados

na tabela 4.2 abaixo.

Page 81: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

67

Figura 4.9 - Modelo de protótipo de churrasqueira a etanol

Page 82: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

68

Tabela 4.2 - Especificação dos componentes

Componente Descrição

Sistema de alimentação de ar

SO-01 soprador linha profissional 1,2-2,9 m3/min, ref: Makita

MP-01 manômetro tipo bourdon, ar, 0-1 bar

VC-01 válvula de controle tipo gaveta, 1 1/4", latão

VE-01/02/03/04/05/06/07/08/09 válvula esfera, 1 1/4", PVC

MV-01 rotâmetro, ar, 0-0,2 bar, 1-10 m3/h

MV-02 rotâmetro, ar, 0-0,2 bar, 6-60 m3/h

Sistema de alimentação de

combustível

BA-01 balança semi-analítica, 0-4 kg, resolução 0,01 g

BO-01 bomba de motocicleta, Honda CG 150 Mix, ref: Magnetron

FC-01 filtro de combustível, Honda CG 150 Mix

RP-01 regulador de pressão, Honda CG 150 Mix

FA-01 fonte de alimentação, 5 Amperes, 12 Volts

MP-02 manômetro tipo bourdon, 0-10 bar

VE-10/11/12/13/14 válvula esfera, 1/2", aço

VC-02 válvula de controle tipo agulha, 1/4", aço

BP-01/02/03/04 bico pulverizador, 60o, 0,25 GPH, cone sólido, ref: Steinen

Sistema de queima

QU-01/02/03/04 (queimador estreito) diâmetro de 115 mm, comprimento de 230 mm, placa de cerâmica JackWal

QU-05 (queimador largo) diâmetro de 160 mm, comprimento de 260 mm, placa de cerâmica JackWal

MT-01 tipo K, -50-1300 oC, portátil, ref: Kiltler

AG-01 Analisador de gases eletroquímico (CO e O2), portátil, ref: UEi C75

Nas figuras 4.10 e 4.11 abaixo, pode se observar a instalação na sua configuração

final.

Page 83: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

69

Figura 4.10 - Modelo na sua configuração final

Figura 4.11 - Queimadores estreitos na sua configuração final em funcionamento

Foram gastos, no total, por volta de R$ 22 mil de recursos próprios do autor para

aquisição de equipamentos e materiais de consumo.

Page 84: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

70

5 RESULTADOS OBTIDOS

5.1 CONFIGURAÇÕES TESTADAS

Foi realizada uma série de testes com diferentes configurações de queimadores e bicos

pulverizadores até se chegar na configuração final. Na tabela 5.1, resumem-se os testes que

foram realizados.

Page 85: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

71 Continua

Tabela 5.1 - Configurações testadas

Confi-guraçao

Bico pulverizador Tipo de queimador Variação na configuração Descrição da chama

Grau de gotejamento Comentários

1 0,4 GPH - 45o - cone oco

original modificado - entrada inferior interna e externa +++

2 0,4 GPH - 45o - cone oco

original modificado - entrada lateral

interna, externa e superfície do queimador (não-uniforme) +++

3 0,4 GPH - 45o - cone oco curto e estreito superfície, mais concentrada +++

4 0,4 GPH - 45o - cone oco curto e largo superfície, mais concentrada +++

5 0,25 GPH - 60o - cone sólido curto e estreito

superfície, menos concentrada ++

6 0,25 GPH - 60o - cone sólido curto e largo superfície, mais concentrada ++

7 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito superfície, uniforme +

8 0,25 GPH - 45o - cone sólido longo e estreito superfície, uniforme +

9 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e largo superfície, uniforme +

10 0,25 GPH - 45o - cone sólido longo e largo superfície, uniforme +

11 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito

pressão maior (5 bar) na vazão de combustível - tubo de alimentação de ar de 1 1/4" superfície, uniforme +

12 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito placas cerâmicas com 11 cm de espaçamento

chama azul concentrada na primeira placa +

Page 86: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

72 Continuação

Tabela 5.1 - Configurações testadas

Confi-guraçao

Bico pulverizador Tipo de queimador Variação na configuração Descrição da chama

Grau de gotejamento Comentários

13 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito sistema de aquecimento tipo 1 superfície, uniforme zero

vazão de ar estável de 2,6 a 3,2 m3/h

14 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e largo sistema de aquecimento tipo 1 superfície, uniforme zero

vazão de ar estável de 4,0 a 6,2 m3/h

15 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito sistema de aquecimento tipo 2 menor capacidade superfície, uniforme +

16 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito sistema de aquecimento tipo 2 maior capacidade não verificado

não verificado

derretimento da mangueira

17 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito

sistema de aquecimento tipo 1 - 4 queimadores, outro fornecedor de mangueira superfície, uniforme zero

sobreaquecimento da mangueira

18 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito

sistema de aquecimento tipo 1 - 4 queimadores, mesmo fornecedor de mangueira (lote diferente) superfície, uniforme zero

sobreaquecimento da mangueira

19 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito

sistema de aquecimento tipo 1 modificado - 4 queimadores superfície, uniforme +

20 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito

sistema de aquecimento tipo 1 - tubulação de combustível metálica - 4 queimadores superfície, uniforme zero

sobreaquecimento da mangueira

21 0,25 GPH - 60o - cone sólido longo e estreito

sistema de aquecimento tipo 1 - tubulação de combustível metálica alongada - 4 queimadores superfície, uniforme zero

Page 87: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

73

Tendo em vista manter o custo de componentes e de investimento futuro baixo, foram

testados inicialmente um queimador original de potência de 5.500 kcal/h (6,397 kW) para

GLP e um bico injetor de 0,4 GPH (mínimo disponível no mercado).

O queimador foi modificado para possibilitar os testes com combustível líquido, sendo

que direcionadores de fluxo internos foram retirados. Foram testadas entradas de ar lateral e

inferior ao queimador.

Com entrada inferior, o queimador apresentou dois modos de queima conforme a

vazão de ar: chama interna e chama externa, não apresentando a chama na superfície do

queimador como esperado.

Com entrada lateral, o queimador apresentou 3 modos de queima: chama interna,

chama externa e chama na superfície. Porém, a chama na superfície se mostrou instável e

apenas em parte da superfície do queimador, com gotejamento de combustível, indicando

combustão incompleta. Este gotejamento de combustível não é desejável, uma vez que

provoca incêndios no sistema de combustão; inclusive, durante os testes das configurações,

ocorreram vários incêndios, que exigiram a troca constante de peças utilizadas e remontagem

do protótipo.

Figura 5.1 - Configurações 1 e 2 (entrada inferior e lateral no queimador original)

Com este resultado negativo, foi montada uma câmara de combustão cilíndrica

utilizando uma luva de 4” de aço galvanizado. Foram posicionados sobre esta luva 2 placas de

cerâmica (no queimador original são 4) e a tela de inox do queimador. Os testes atingiram o

Page 88: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

74

modo ideal de chama, porém a vazão de combustível se mostrou elevada com elevado

gotejamento de combustível; o dimensionamento original era para um bico de 0,4 GPH e

previa o queimador original com 4 placas de cerâmicas e não com 2 placas de cerâmica como

testado.

Figura 5.2 - Configuração 3 (queimador curto e estreito)

Deste modo, foram encomendados junto à fabricante Steinen® bicos pulverizadores de

0,25 GPH (mínimo disponível sob encomenda entre os fabricantes). Com intuito de se

melhorar a distribuição da chama, ao invés de um bico pulverizador de cone oco testado

inicialmente, foram encomendados bicos de cone sólido. Os testes com este bico pulverizador

foram satisfatórios. Porém, o gotejamento de combustível ainda se mostrou considerável. Foi

testado também um queimador mais largo, porém não houve diferenças significativas no

gotejamento.

Tendo em vista que o gotejamento poderia ser causado pelo choque de gotas de etanol

com a superfície porosa prematuramente sem uma mistura adequada ar-combustível, foram

montados queimadores largo e estreito com o dobro do comprimento de câmara. Nesta

configuração, o gotejamento de combustível foi bastante reduzido e a distribuição da chama

se mostrou mais uniforme. Foram testados bicos com cone de ângulos de 45º e 60º e não

houve diferenças significativas.

Page 89: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

75

Nota: da esquerda para direita e de cima para baixo

Figura 5.3 - Configurações 7, 8, 9 e 10

Com intuito de reduzir o gotejamento, foram feitos testes aumentando a pressão do

combustível e aumentando a velocidade do ar na entrada da câmara de combustão, além de

posicionar uma placa cerâmica adicional para pré-aquecer o combustível. Porém, nenhuma

destas alternativas solucionou o problema.

Este problema também foi relatado por Hall e Peroutka (1995), com o uso de metanol

em um queimador poroso, não conseguindo alcançar a vaporização e combustão completa do

combustível, por causa do seu alto calor latente de vaporização.

Tendo em vista estes aspectos, foram testadas duas configurações de aquecimento do

queimador. As soluções não serão mostradas uma vez que está se verificando a viabilidade de

um pedido de patente; a publicação das soluções impediria o registro da patente.

As soluções de tipo 2 não foram bem sucedidas, ou pela pouca capacidade ou pelo

derretimento da mangueira e das vedações. A solução de tipo 1 foi bem sucedida inicialmente.

Page 90: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

76

Então, o sistema foi escalonado para 4 queimadores estreitos; o queimador estreito foi

selecionado uma vez que representaria um menor custo no produto final. Porém, quando foi

feito o escalonamento com mangueira de combustível de outros fornecedores e com

mangueira de combustível de outro lote do mesmo fornecedor, ocorreu o sobreaquecimento

em algumas mangueiras. Com isso, uma série de soluções foi testada para reduzir a

temperatura da mangueira; a solução final retirou qualquer tipo de aquecimento das

mangueiras de combustível.

5.2 MEDIÇÃO DE POTÊNCIA E DE CO

Na sua configuração final, a vazão de combustível medida com uso da balança semi-

analítica foi de 2,37±0,10 kg/h. A vazão mássica real do queimador foi obtida, realizando a

medição da massa inicial do recipiente do etanol e sistema de alimentação de combustível e

após 1 minuto realizando uma nova medição. Com diferença de valores obtidos, corrigidos

pela taxa de evaporação do etanol (obtida com medição da massa inicial do recipiente do

etanol e sistema de alimentação de combustível com o sistema desligado e após 1 minuto

realizando uma nova medição), obteve-se a vazão mássica real do etanol. Foram feitas várias

medições possibilitando o cálculo da incerteza.

Esta vazão foi próxima ao valor dimensionado dentro da margem de incerteza

(Apêndice F). Multiplicando-se pelo PCI do etanol, a potência obtida com os 4 queimadores

foi de 16,4±0,9 kW.

Para se compreender melhor a combustão, a planilha de dimensionamento inicial foi

alimentada com os dados experimentais, conforme Apêndice F.

Foi verificado nos experimentos que a maior variação em relação ao dimensionado foi

na vazão de ar, uma vez que, além de vazão de ar do soprador, ar externo é necessário para

estabilizar a chama na superfície. Para o queimador estreito, por volta de 29% do ar é

fornecido pelo soprador; o restante do ar de combustão é externo.

Em relação ao tamanho do queimador, nota-se que o queimador estreito acomoda uma

menor vazão de ar (2,6 a 3,2 m3/h) para se manter estável em relação ao queimador largo (4,0

a 6,2 m3/h).

À medida que a vazão de ar do soprador é reduzida, a chama tende a se alongar da

placa cerâmica, indicando uma maior necessidade de ar externo. Além disso, a placa cerâmica

tende a se tornar menos radiante.

Page 91: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

77

No limite superior de vazão de ar, temporariamente a placa cerâmica se torna mais

radiante, porém, logo depois, a chama perde potência e se recolhe para dentro do queimador,

com chama interna.

Com o uso de um analisador de gases, foram feitas medições de CO e O2, em uma

região superior em 20 cm ao centro do queimador. Posteriormente, a concentração de CO foi

corrigida para um teor de O2 de 3%, conforme equação 5.1 abaixo.

ConcentraçãoCO,corrigida = ConcentraçãoCO,medida*(20,9-3)/(20,9-ConcentraçãoO2, medida) (5.1)

O queimador estreito, com vazão de ar do soprador de 3 m3/h, para um percentual

corrigido de O2 de 3%, apresentou CO da ordem de 1.000 ppm, enquanto o queimador largo

com vazão de ar de 5 m3/h da ordem de 400 ppm.

Provavelmente, as diferenças de CO entre o queimador largo e queimador estreito

devem-se ao fato do largo apresentar um tempo de residência de gases maior e ser estável

com uma maior vazão de ar do soprador, contribuindo para uma maior oxidação do CO.

Nos testes de Kaplan e Hall (1995) e Hall e Peroutka (1995), as emissões de CO para

combustão de heptano foram da ordem de 10 ppm e para metanol foram da ordem de 5.000

ppm para 3% de O2, respectivamente, sendo que na combustão de metanol houve gotejamento

de combustível. Porém, nestes experimentos, com o uso de placas porosas empilhadas, a

estabilidade da combustão foi obtida com excesso de ar do compressor, favorecendo a

oxidação do CO.

Na configuração final, com 4 queimadores estreitos em funcionamento com uma

vazão de ar de 12 m3/h, a churrasqueira apresentou emissões de CO da ordem de 1.500 ppm,

com medição realizada em uma região superior em 20 cm ao centro da churrasqueira, nível

maior do que o queimador individual. Provavelmente, deve-se ao fato de haver maior

competição entre os queimadores para utilização do ar externo.

Para fins comparativos, foram feitas medições com a mesma metodologia em uma

churrasqueira a carvão vegetal e em uma frangueira modelo PRR-051N da PROGÁS®

utilizada no Capítulo 4. A primeira apresentou emissões de CO na ordem de 18.000 ppm,

enquanto a frangueira apresentou emissões da ordem de 200 ppm. Assim, pode se inferir que

a churrasqueira a etanol apresentou valores intermediários de emissões em relação às

churrasqueiras disponíveis no mercado.

Para locais externos, a churrasqueira a etanol não apresentaria riscos, uma vez que, na

posição do consumidor, o nível de CO está na ordem de 1 ppm para 20,9% de O2.

Page 92: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

78

5.3 TESTE QUALITATIVO

Foi realizado um teste qualitativo do protótipo para se avaliar se está adequado à sua

aplicação. Tendo em vista o menor custo futuro de investimento e de material, foi testado o

queimador estreito.

Figura 5.4 - Teste de Campo

Figura 5.5 - Cozimento da carne

Page 93: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

79

Conforme pode ser observado, o cozimento da carne foi mais desuniforme, indicando

um cozimento mais próximo de uma churrasqueira convencional, em comparação com o

protótipo conceitual de GLP, testado inicialmente. Além disso, não apresentou paladar do

combustível, como ocorre com churrasqueiras a carvão.

5.4 CONSIDERAÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

Tendo em vista que o protótipo apresentou performance adequada, as próximas etapas

de desenvolvimento da churrasqueira seriam:

- desenvolvimento de sistema de ignição automática

- desenvolvimento do detector de chama

- encapsulamento do soprador para redução de ruído

- desenvolvimento de placa para automação para ligar/desligar o equipamento

- seleção do tipo de conexão tendo em vista a montagem do produto

- desenvolvimento de design do produto

- avaliação para montagem do produto em churrasqueiras convencionais

- avaliação para montagem em locais fechados

- desenvolvimento da embalagem do produto

- teste de campo para avaliar a receptividade do produto junto aos consumidores

- teste de vida dos principais componentes (bomba, soprador) e do conjunto como um todo

Page 94: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

80

6 CONCLUSÕES

A maior parte da matriz energética brasileira é de origem não renovável (55,9 %).

Grande parte dos esforços de substituição de fontes não-renováveis tem se focado no uso em

MCI para veículos de passeio e eletricidade, relevando o uso em queimadores, que

representam grande parte do consumo. Tendo isto em vista, foi estimado o potencial de

substituição de fontes não-renováveis por etanol de 16% (40.342 103 toneladas equivalentes

de petróleo) do total de energia consumida no país, que corresponderia a mais que 3 vezes o

consumo atual de etanol no Brasil, conforme visto no Capítulo 1.

Foi observado que as aplicações comerciais ainda são incipientes na combustão de

etanol fora do âmbito de motores de combustões internas, restrita a queimadores de pequeno

porte, com pouca tecnologia embarcada, enquanto a maior parte das pesquisas se concentra na

substituição de óleo diesel relevando fatores econômicos ou em aplicações de pesquisa básica

sem foco em aplicações comerciais, conforme observado no Capítulo 2.

Com intuito de se selecionar a aplicação mais viável, com potência até 50 kW, foi

desenvolvida uma metodologia tendo em vista três perspectivas: seleção do insumo energético

pelo consumidor, seleção do equipamento pelo consumidor e perspectiva do investidor.

Na perspectiva de seleção do insumo energético pelo consumidor, aplicações que

necessitem serem transportadas apresentaram as melhores notas. Na perspectiva de seleção do

equipamento pelo consumidor, as aplicações de aquecedor de áreas externas, churrasqueira e

fogão portátil se mostraram as mais viáveis. Na perspectiva do investidor, a aplicação

escolhida foi a churrasqueira, uma vez que apresenta volume de mercado considerável, além

de possibilidades de inovação, conforme observado no Capítulo 3.

Para a churrasqueira, foi selecionado um queimador do tipo pulverizador em conjunto

com um meio poroso infravermelho para se conseguir altas taxas de transferência de calor ao

alimento. Foi verificado que o uso de queimadores porosos com combustíveis líquidos é

incipiente, com poucos estudos experimentais e numéricos já realizados, em comparação com

combustíveis gasosos, não havendo queimadores comerciais. Foi realizado o projeto de um

queimador utilizando componentes de baixo custo, conforme observado no Capítulo 4.

Conforme observado no Capítulo 5, durante os testes, a combustão incompleta com

gotejamento de combustível se mostrou um problema frequente. Foi construída uma série de

protótipos até se minimizar o problema. A solução definitiva só foi alcançada com

Page 95: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

81

aquecimento do queimador; será verificada a viabilidade de um registro de patente desta

solução.

Foi observado que, para a estabilização da combustão, além de alimentação de ar do

soprador, ar externo também é necessário. Para o queimador estreito, estimou-se em 29% o

percentual de ar fornecido pelo soprador; o restante do ar de combustão é externo. Em relação

ao tamanho do queimador, observou-se que o queimador estreito acomoda uma menor vazão

de ar (2,6 a 3,2 m3/h) para se mantiver estável em relação ao queimador largo (4,0 a 6,2 m3/h).

Em relação a emissões, o queimador estreito com vazão de ar do soprador de 3 m3/h

apresentou emissões de CO da ordem de 1.000 ppm, enquanto o queimador largo com vazão

de ar de 5 m3/h da ordem de 400 ppm, para um percentual corrigido de 3% de O2.

Foi construído um protótipo da churrasqueira com 4 queimadores estreitos alcançando

potência de 16,4±0,93 kW e emissões de CO da ordem de 1.500 ppm. No teste qualitativo, o

queimador apresentou um cozimento adequado da carne. O protótipo final utiliza

componentes de baixo custo, possibilitando uma eventual aplicação comercial futura. Foram

estabelecidas algumas diretrizes para o desenvolvimento de um futuro produto.

Para futuros trabalhos, recomenda-se a utilização da metodologia para outras fontes

renováveis como biodiesel ou energia solar térmica/fotovoltaica. Além disso, a substituição de

fontes não-renováveis por etanol em aplicações industriais com potências acima de 50 kW

poderia ser estudada.

Em queimadores porosos com combustíveis líquidos, mostra-se necessária uma

melhor compreensão do fenômeno de combustão; no caso do etanol, isto se torna ainda mais

relevante, tendo em vista sua combustão incompleta neste tipo de queimador.

Page 96: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

82

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Page 105: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

91 Continua

APÊNDICE A - CONSUMO FINAL ENERGÉTICO POR FONTE E SETOR, POTENCIAL DE SUBSTITUIÇÃO POR ETANOL E EMISSÕES MITIGADAS

Para cada um dos setores, subsetores (no caso do setor industrial) e fontes, foi analisado se poderia haver ou não a substituição por etanol

e qual seria o impacto do ponto de vista de GEE.

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Energético - Gás natural 6.306 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Carvão vapor - - - -

Energético - Lenha - - - -

Energético - Outros produtos da cana 12.466 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Outras primárias renováveis - - - -

Energético - Óleo diesel 1.513 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Óleo combustível 311 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Gasolina - - - -

Energético - GLP 5 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Querosene - - - -

Energético - Gás de cidade 187 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Coque de carvão mineral - - - -

Energético - Eletricidade 2.678 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Carvão vegetal - - - -

Energético - Álcool etílico - - - -

Energético - Outras secundárias de petróleo 3.985 - - no setor energético, não haveria substituição direta, apenas indireta

Energético - Outras de carvão mineral - - - -

Residencial - Gás natural 310 310 634 possível substituição por etanol

Residencial - Carvão vapor - - - -

Residencial - Lenha 6.109 6.109 11.865 possível substituição por etanol; uso de lenha tende a dimunir com a evolução de renda

Residencial - Outros produtos da cana - - - -

Page 106: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

92 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Residencial - Outras primárias renováveis - - - -

Residencial - Óleo diesel - - - -

Residencial - Óleo combustível - - - -

Residencial - Gasolina - - - -

Residencial - GLP 6.535 6.535 16.004 possível substituição por etanol

Residencial - Querosene 3 3 9 possível substituição por etanol

Residencial - Gás de cidade - - - -

Residencial - Coque de carvão mineral - - - -

Residencial - Eletricidade 11.352 2.838 1.895 possível subsituição do chuveiro elétrico; chuveiro elétrico corresponde a 25% do consumo residencial

Residencial - Carvão vegetal 478 478 898 possível substituição por etanol; uso de carvão vegetal tende a dimunir com a evolução de renda

Residencial - Álcool etílico - - - -

Residencial - Outras secundárias de petróleo - - - -

Residencial - Outras de carvão mineral - - - -

Comercial - Gás natural 179 179 366 possível substituição por etanol

Comercial - Carvão vapor - - - -

Comercial - Lenha 97 48 216 possível substituição da lenha de origem não-renovável (50%)

Comercial - Outros produtos da cana - - - -

Comercial - Outras primárias renováveis - - - -

Comercial - Óleo diesel 7 7 21 possível substituição por etanol

Comercial - Óleo combustível 22 22 74 possível substituição por etanol

Comercial - Gasolina - - - -

Comercial - GLP 442 442 1.083 possível substituição por etanol

Comercial - Querosene - - - -

Comercial - Gás de cidade - - - -

Comercial - Coque de carvão mineral - - - -

Comercial - Eletricidade 7.790 - - não haveria potencial (iluminação/condicionamento de ar)

Comercial - Carvão vegetal 91 46 197 possível substituição de carvão vegetal de origem não-renovável (50%)

Comercial - Álcool etílico - - - -

Comercial - Outras secundárias de petróleo - - - -

Page 107: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

93 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Comercial - Outras de carvão mineral - - - -

Público - Gás natural 40 40 81 possível substituição por etanol

Público - Carvão vapor - - - -

Público - Lenha - - - -

Público - Outros produtos da cana - - - -

Público - Outras primárias renováveis - - - -

Público - Óleo diesel 4 4 13 possível substituição por etanol

Público - Óleo combustível 11 11 35 possível substituição por etanol

Público - Gasolina - - - -

Público - GLP 257 257 630 possível substituição por etanol

Público - Querosene 0 - - -

Público - Gás de cidade - - - -

Público - Coque de carvão mineral - - - -

Público - Eletricidade 3.666 - - não haveria potencial significativo (iluminação/condicionamento de ar)

Público - Carvão vegetal - - - -

Público - Álcool etílico - - - -

Público - Outras secundárias de petróleo - - - -

Público - Outras de carvão mineral - - - -

Agropecuário - Gás natural - - - -

Agropecuário - Carvão vapor - - - -

Agropecuário - Lenha 2.682 1.341 5.960 possível substituição da lenha de origem não-renovável (50%)

Agropecuário - Outros produtos da cana - - - -

Agropecuário - Outras primárias renováveis - - - -

Agropecuário - Óleo diesel 6.184 - - não haveria potencial (uso em motores estacionários e máquinas agrícolas)

Agropecuário - Óleo combustível 24 24 80 possível substituição por etanol

Agropecuário - Gasolina - - - -

Agropecuário - GLP 2 2 6 possível substituição por etanol

Agropecuário - Querosene 0 - - -

Agropecuário - Gás de cidade - - - -

Agropecuário - Coque de carvão mineral - - - -

Agropecuário - Eletricidade 2.298 - - não haveria potencial significativo (motores elétricos, iluminação)

Page 108: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

94 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Agropecuário - Carvão vegetal 8 4 18 possível substituição de carvão vegetal de origem não-renovável (50%)

Agropecuário - Álcool etílico 11 - - utilização já existente do etanol

Agropecuário - Outras secundárias de petróleo - - - -

Agropecuário - Outras de carvão mineral - - - -

Transportes - Gás natural 1.594 - - não haveria potencial (uso em motores)

Transportes - Carvão vapor - - - -

Transportes - Lenha - - - -

Transportes - Outros produtos da cana - - - -

Transportes - Outras primárias renováveis - - - -

Transportes - Óleo diesel 41.019 - - não haveria potencial (uso em motores)

Transportes - Óleo combustível 1.133 - - não haveria potencial (uso em motores)

Transportes - Gasolina 25.740 - - não haveria potencial (uso em motores)

Transportes - GLP - - - -

Transportes - Querosene 3.651 - - não haveria potencial (uso em motores)

Transportes - Gás de cidade - - - -

Transportes - Coque de carvão mineral - - - -

Transportes - Eletricidade 167 - - não haveria potencial (uso em motores)

Transportes - Carvão vegetal - - - -

Transportes - Álcool etílico 13.008 - - utilização já existente do etanol

Transportes - Outras secundárias de petróleo - - - -

Transportes - Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Cimento Gás natural 25 25 51 possível substituição por etanol

Industrial Cimento Carvão vapor 123 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Cimento Lenha 79 40 176 possível substituição da lenha de origem não-renovável (50%)

Industrial Cimento Outros produtos da cana - - - -

Industrial Cimento Outras primárias renováveis 364 - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Cimento Óleo diesel 72 72 226 possível substituição por etanol

Industrial Cimento Óleo combustível 14 14 47 possível substituição por etanol

Industrial Cimento Gasolina - - - -

Industrial Cimento GLP 18 18 44 possível substituição por etanol

Industrial Cimento Querosene - - - -

Page 109: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

95 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Industrial Cimento Gás de cidade - - - -

Industrial Cimento Coque de carvão mineral 77 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Cimento Eletricidade 687 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Cimento Carvão vegetal 122 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Cimento Álcool etílico - - - -

Industrial Cimento Outras secundárias de petróleo 3.763 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Cimento Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Ferro gusa e aço Gás natural 1.036 1.036 2.120 possível substituição por etanol

Industrial Ferro gusa e aço Carvão vapor 1.871 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro gusa e aço Lenha - - - -

Industrial Ferro gusa e aço Outros produtos da cana - - - -

Industrial Ferro gusa e aço Outras primárias renováveis 0 - - -

Industrial Ferro gusa e aço Óleo diesel 35 35 111 possível substituição por etanol

Industrial Ferro gusa e aço Óleo combustível 35 35 116 possível substituição por etanol

Industrial Ferro gusa e aço Gasolina - - - -

Industrial Ferro gusa e aço GLP 26 26 63 possível substituição por etanol

Industrial Ferro gusa e aço Querosene - - - -

Industrial Ferro gusa e aço Gás de cidade 1.242 - - não haveria potencial (resíduo de processo)

Industrial Ferro gusa e aço Coque de carvão mineral 7.522 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro gusa e aço Eletricidade 1.671 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Ferro gusa e aço Carvão vegetal 2.783 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro gusa e aço Álcool etílico - - - -

Industrial Ferro gusa e aço Outras secundárias de petróleo 41 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro gusa e aço Outras de carvão mineral 92 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro ligas Gás natural 20 20 41 possível substituição por etanol

Industrial Ferro ligas Carvão vapor - - - -

Industrial Ferro ligas Lenha 70 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro ligas Outros produtos da cana - - - -

Industrial Ferro ligas Outras primárias renováveis - - - -

Industrial Ferro ligas Óleo diesel 7 7 23 possível substituição por etanol

Industrial Ferro ligas Óleo combustível 86 86 286 possível substituição por etanol

Page 110: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

96 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Industrial Ferro ligas Gasolina - - - -

Industrial Ferro ligas GLP 24 24 58 possível substituição por etanol

Industrial Ferro ligas Querosene 0 - - -

Industrial Ferro ligas Gás de cidade - - - -

Industrial Ferro ligas Coque de carvão mineral 78 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro ligas Eletricidade 582 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Ferro ligas Carvão vegetal 436 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro ligas Álcool etílico - - - -

Industrial Ferro ligas Outras secundárias de petróleo 127 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Ferro ligas Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Mineração e pelotização Gás natural 707 707 1.448 possível substituição por etanol

Industrial Mineração e pelotização Carvão vapor 430 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Mineração e pelotização Lenha - - - -

Industrial Mineração e pelotização Outros produtos da cana - - - -

Industrial Mineração e pelotização Outras primárias renováveis - - - -

Industrial Mineração e pelotização Óleo diesel 424 424 1.335 possível substituição por etanol

Industrial Mineração e pelotização Óleo combustível 166 166 549 possível substituição por etanol

Industrial Mineração e pelotização Gasolina - - - -

Industrial Mineração e pelotização GLP 28 28 69 possível substituição por etanol

Industrial Mineração e pelotização Querosene 1 1 3 possível substituição por etanol

Industrial Mineração e pelotização Gás de cidade - - - -

Industrial Mineração e pelotização Coque de carvão mineral 61 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Mineração e pelotização Eletricidade 1.082 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Mineração e pelotização Carvão vegetal - - - -

Industrial Mineração e pelotização Álcool etílico - - - -

Industrial Mineração e pelotização Outras secundárias de petróleo 534 - - não haveria potencial

Industrial Mineração e pelotização Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Gás natural 896 896 1.834 não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Carvão vapor 783 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Lenha - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Outros produtos da cana - - - -

Page 111: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

97 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Outras primárias renováveis - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Óleo diesel 9 9 27 possível substituição por etanol

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Óleo combustível 1.200 1.200 3.970 possível substituição por etanol

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Gasolina - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. GLP 42 42 102 possível substituição por etanol

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Querosene - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Gás de cidade - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Coque de carvão mineral 279 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Eletricidade 2.798 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Carvão vegetal 14 - - não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Álcool etílico - - - -

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Outras secundárias de petróleo 595 595 1.873 não haveria potencial (requisito de processo)

Industrial Não ferrosos e out. metalurg. Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Química Gás natural 2.022 2.022 4.139 possível substituição por etanol

Industrial Química Carvão vapor 169 169 700 possível substituição por etanol

Industrial Química Lenha 49 24 108 possível substituição de lenha de origem não-renovável (50%)

Industrial Química Outros produtos da cana - - - -

Industrial Química Outras primárias renováveis 89 - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Química Óleo diesel 20 20 62 possível substituição por etanol

Industrial Química Óleo combustível 323 323 1.068 possível substituição por etanol

Industrial Química Gasolina - - - -

Industrial Química GLP 217 217 532 possível substituição por etanol

Industrial Química Querosene - - - -

Industrial Química Gás de cidade - - - -

Industrial Química Coque de carvão mineral - - - -

Industrial Química Eletricidade 1.922 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Química Carvão vegetal 18 9 39 possível substituição de carvão vegetal de origem não-renovável (50%)

Industrial Química Álcool etílico - - - -

Industrial Química Outras secundárias de petróleo 1.880 1.880 5.918 possível substituição por etanol

Industrial Química Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Alimentos e bebidas Gás natural 736 736 1.506 possível substituição por etanol

Page 112: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

98 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Industrial Alimentos e bebidas Carvão vapor 66 66 274 possível substituição por etanol

Industrial Alimentos e bebidas Lenha 2.250 1.125 5.000 possível substituição de lenha de origem não-renovável (50%)

Industrial Alimentos e bebidas Outros produtos da cana 16.120 - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Alimentos e bebidas Outras primárias renováveis 11 - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Alimentos e bebidas Óleo diesel 249 249 783 possível substituição por etanol

Industrial Alimentos e bebidas Óleo combustível 148 148 490 possível substituição por etanol

Industrial Alimentos e bebidas Gasolina - - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Alimentos e bebidas GLP 220 220 540 possível substituição por etanol

Industrial Alimentos e bebidas Querosene 0 - - -

Industrial Alimentos e bebidas Gás de cidade - - - -

Industrial Alimentos e bebidas Coque de carvão mineral - - - -

Industrial Alimentos e bebidas Eletricidade 2.324 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Alimentos e bebidas Carvão vegetal - - - -

Industrial Alimentos e bebidas Álcool etílico - - - -

Industrial Alimentos e bebidas Outras secundárias de petróleo 84 84 266 possível substituição por etanol

Industrial Alimentos e bebidas Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Têxtil Gás natural 248 248 507 possível substituição por etanol

Industrial Têxtil Carvão vapor - - - -

Industrial Têxtil Lenha 69 69 308 possível substituição de lenha de origem não-renovável (50%)

Industrial Têxtil Outros produtos da cana - - - -

Industrial Têxtil Outras primárias renováveis - - - -

Industrial Têxtil Óleo diesel 5 5 14 possível substituição por etanol

Industrial Têxtil Óleo combustível 34 34 111 possível substituição por etanol

Industrial Têxtil Gasolina - - - -

Industrial Têxtil GLP 40 40 98 possível substituição por etanol

Industrial Têxtil Querosene 0 - - -

Industrial Têxtil Gás de cidade - - - -

Industrial Têxtil Coque de carvão mineral - - - -

Industrial Têxtil Eletricidade 622 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Têxtil Carvão vegetal - - - -

Industrial Têxtil Álcool etílico - - - -

Page 113: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

99 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Industrial Têxtil Outras secundárias de petróleo - - - -

Industrial Têxtil Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Papel e celulose Gás natural 848 848 1.736 possível substituição por etanol

Industrial Papel e celulose Carvão vapor 117 117 487 possível substituição por etanol

Industrial Papel e celulose Lenha 1.713 - - não haveria potencial significativo (resíduo de processo de fabricação de celulose)

Industrial Papel e celulose Outros produtos da cana 25 - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Papel e celulose Outras primárias renováveis 6.338 - - não haveria potencial significativo (resíduo de processo como licor negro)

Industrial Papel e celulose Óleo diesel 164 164 518 possível substituição por etanol

Industrial Papel e celulose Óleo combustível 365 365 1.206 possível substituição por etanol

Industrial Papel e celulose Gasolina - - - -

Industrial Papel e celulose GLP 73 73 178 possível substituição por etanol

Industrial Papel e celulose Querosene - - - -

Industrial Papel e celulose Gás de cidade - - - -

Industrial Papel e celulose Coque de carvão mineral - - - -

Industrial Papel e celulose Eletricidade 1.780 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Papel e celulose Carvão vegetal - - - -

Industrial Papel e celulose Álcool etílico - - - -

Industrial Papel e celulose Outras secundárias de petróleo - - - -

Industrial Papel e celulose Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Cerâmica Gás natural 1.339 1.339 2.741 possível substituição por etanol

Industrial Cerâmica Carvão vapor 50 50 210 possível substituição por etanol

Industrial Cerâmica Lenha 2.657 1.329 5.905 possível substituição de lenha de origem não-renovável (50%)

Industrial Cerâmica Outros produtos da cana - - - -

Industrial Cerâmica Outras primárias renováveis 66 - - não haveria potencial (fonte renovável já sendo utilizada)

Industrial Cerâmica Óleo diesel 26 26 82 possível substituição por etanol

Industrial Cerâmica Óleo combustível 102 102 337 possível substituição por etanol

Industrial Cerâmica Gasolina - - - -

Industrial Cerâmica GLP 171 171 420 possível substituição por etanol

Industrial Cerâmica Querosene 0 - - -

Industrial Cerâmica Gás de cidade - - - -

Page 114: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

100 Continuação

Tabela A.1 - Consumo final energético por fonte e setor, potencial de substituição por etanol e emissões mitigadas

Setores Subsetor Fontes Valores Valores

substítuíveis Reduções mitigadas Critérios utilizados

Industrial Cerâmica Coque de carvão mineral - - - -

Industrial Cerâmica Eletricidade 376 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Cerâmica Carvão vegetal - - - -

Industrial Cerâmica Álcool etílico - - - -

Industrial Cerâmica Outras secundárias de petróleo 292 292 918 possível substituição por etanol

Industrial Cerâmica Outras de carvão mineral - - - -

Industrial Outras indústrias Gás natural 1.832 1.832 3.751 possível substituição por etanol

Industrial Outras indústrias Carvão vapor 212 212 882 possível substituição por etanol

Industrial Outras indústrias Lenha 898 449 1.995 possível substituição de lenha de origem não-renovável (50%)

Industrial Outras indústrias Outros produtos da cana - - - -

Industrial Outras indústrias Outras primárias renováveis - - - -

Industrial Outras indústrias Óleo diesel 198 198 622 possível substituição por etanol

Industrial Outras indústrias Óleo combustível 111 111 368 possível substituição por etanol

Industrial Outras indústrias Gasolina - - - -

Industrial Outras indústrias GLP 262 262 642 possível substituição por etanol

Industrial Outras indústrias Querosene 0 - - -

Industrial Outras indústrias Gás de cidade - - - -

Industrial Outras indústrias Coque de carvão mineral - - - -

Industrial Outras indústrias Eletricidade 3.857 - - não haveria potencial significativo (uso de eletricidade para aquecimento)

Industrial Outras indústrias Carvão vegetal 13 7 28 possível substituição de carvão vegetal de origem não-renovável (50%)

Industrial Outras indústrias Álcool etílico - - - -

Industrial Outras indústrias Outras secundárias de petróleo 503 503 1.583 possível substituição por etanol

Industrial Outras indústrias Outras de carvão mineral - - - -

Page 115: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

101

APÊNDICE B - LEVANTAMENTO DE CUSTOS DE INSUMOS ENERGÉTICOS

Inicialmente foram levantados os valores de PCI para cada um dos combustíveis:

Tabela B.1 - PCI dos combustíveis (BEN, 2015)

Combustíveis PCI

Etanol (MJ/kg) 26,3

Óleo diesel (MJ/kg) 42,2

GLP (MJ/kg) 46,4

Gás Natural (MJ/Nm3) 36,8

Lenha (MJ/kg) 13,0

Carvão Vegetal (MJ/kg) 27,0

Posteriormente, foram levantados os preços para os insumos conforme metodologia

abaixo e transformados em uma base MJ/kg com base na planilha acima.

Etanol: preços médios em R$/litro por região em agosto de 2015 junto ao site da ANP (2015).

A densidade do etanol utilizada foi de 0,809 kg/litro (BEN,2015).

Óleo diesel: preços médios em R$/litro por região em agosto de 2015 junto ao site da ANP

(2015). A densidade do óleo diesel utilizada foi de 0,840 kg/litro (BEN,2015).

GLP: preços médios por botijão de 13 kg por região em agosto de 2015 junto ao site da ANP

(2015).

Carvão vegetal industrial: pesquisa realizada em agosto de 2015 junto ao site da AMS (2015)

para a cidade de Belo Horizonte (região Sudeste). Para as outras regiões não foram

encontrados dados.

Carvão vegetal residencial: pesquisa realizada em agosto de 2015 junto ao site Buscapé

(2015). O menor preço encontrado foi listado. Para as outras regiões não foram encontrados

dados.

Lenha industrial: pesquisa realizada em agosto de 2015 junto ao site do CEPEA (2015). Para

as outras regiões não foram encontrados dados.

Page 116: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

102

Lenha residencial: pesquisa realizada em agosto de 2015 junto ao site Buscapé. O menor

preço encontrado foi listado. Para as outras regiões não foram encontrados dados.

GN: preços em agosto de 2015 com base nas tabelas das concessionárias Comgas (2015) no

estado de São Paulo (Sudeste), Sulgas (2015) no estado do Rio Grande do Sul (Sul), Msgás

(2015) no estado do Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste) e Bahiagás (2015) no estado da

Bahia (Nordeste). Os valores de consumos médios foram obtidos junto a ABEGÁS (2012).

Eletricidade: preços médios em R$/MWh por região em agosto de 2015 junto ao site da

ANEEL (2015).

Page 117: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

103

APÊNDICE C - CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

a) Critérios de seleção do insumo energético pelo consumidor:

- Investimento no equipamento de queima

- Manutenção

- Emissões de GEE

- Facilidade de Transporte

- Emissões de poluentes

- Riscos associados ao custo

- Investimento no equipamento de queima:

Os combustíveis líquidos apresentam o maior valor de investimento de equipamento.

Por isso, preferencialmente as notas dadas foram 2. Em alguns casos, foram dadas notas 1,

para aplicações em que o investimento é muito baixo (por exemplo: chuveiros elétricos,

maçarico). Em alguns casos, foram dadas notas 3 para aplicações que também utilizam óleo

diesel como insumo energético (por exemplo: calefação) ou quando a aplicação não necessita

de queimadores.

Em relação aos pesos, foram dados valores de 25% para aplicações em o investimento

é menor como chuveiro elétrico, maçaricos ou para equipamentos mais disseminados na

população. Para aplicações em que o investimento é maior, o uso é menos disseminado ou uso

é mais frequente (maior impacto do custo do combustível), foram dados pesos de 15 a 20%.

- Manutenção:

Os combustíveis líquidos apresentam o maior valor de investimento de equipamento e

consequentemente no custo de manutenção do equipamento em relação a combustíveis

gasosos e eletricidade. Combustíveis sólidos apresentam uma maior necessidade de

manutenção pela necessidade de limpeza do equipamento após sua utilização. Por isso, para

aplicações em que o uso da eletricidade e de GLP/GN é mais frequente, foram dadas as notas

1 e 2. Para aplicações que utilizam também biomassa e óleo diesel, ou não dependeriam de

equipamentos para combustão com etanol como isqueiros, foram dadas notas 3.

Em relação aos pesos, foram dados pesos de 5% para todas as aplicações.

Page 118: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

104

- Emissões de GEE:

O etanol apresenta as menores de GEE, exceto quando comparado com a eletricidade.

Desta forma, para aplicações que utilizam majoritariamente eletricidade (por exemplo:

chuveiro elétrico), foram dadas notas 3. No restante das aplicações foram dadas notas 5.

- Facilidade de Transporte:

O grande diferencial de combustíveis líquidos é sua facilidade de transporte. Foram

dadas notas 5 nas aplicações em geral. Para aplicações sem peso, não foram dadas notas.

Em relação aos pesos, foi dado nenhum peso para aplicações fixas. Para aplicações

que necessitem serem transportadas foram dados pesos de 15% (eventualmente transportadas)

como frangueiras até 45% para aplicações que necessitem serem transportadas em tempo

integral como maçaricos.

- Emissões de poluentes:

O etanol apresenta emissões de gases nocivos e partículas maiores em relação a

combustíveis gasosos e menores em relação à biomassa e ao óleo diesel. Foram dadas notas 1

para aplicações que utilizam exclusivamente eletricidade. Para aplicações convencionais que

utilizam GN/GLP, foram dadas notas 2. Para aplicações que utilizam biomassa e óleo diesel,

como lareira e calefação, foram dadas notas 4.

Em relação aos pesos, foram dados pesos de 10% a 15% para aplicações com interface

direta com o consumidor como fogão, fornos, churrasqueira, lareira. Para aplicações com

pouca interface foram dados pesos de 5%.

- Custo do insumo energético:

O etanol apresenta, para aplicações residenciais, na maior parte das regiões do país, os

maiores custos em uma base energética exceto quando comparado com a eletricidade e carvão

vegetal/lenha. Para aplicações comerciais e industriais, o etanol somente é mais barato que a

eletricidade.

Foram dadas notas 4 para aplicações que utilizam exclusivamente eletricidade como

chuveiros. Para aplicações que utilizam GN/GLP e eletricidade, foram dadas notas 2. Para

aplicações que também utilizam lenha/carvão, foram dadas notas 2. Para aplicações que

utilizam GN/GLP, foram dadas notas 1. Para algumas aplicações portáteis que utilizam GLP

em botijões de pequeno porte, foram dadas notas 3, uma vez que o GLP, nestes casos,

apresenta preços superiores ao etanol.

Page 119: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

105

Para aplicações comerciais que utilizam GN/GLP e lenha/carvão vegetal, foram dadas

notas 1.

Em relação aos pesos, foram dados pesos de 40 a 50% para aplicações de uso mais

intenso. Para aplicações portáteis e com uso menos intenso, foram dados pesos de 15 a 25%.

- Riscos associados ao custo:

O etanol apresenta os maiores riscos associados à variação de preços. O etanol não

apresentaria nenhuma vantagem em relação aos combustíveis já utilizados. Desta forma foram

dadas notas 1 para maior parte das aplicações. Para aplicações em que o uso do GLP é

restrito, como saunas e piscinas, foram dadas notas 2.

Em relação aos pesos, foram dados pesos de 10 a 15% para aplicações de uso mais

intenso. Para aplicações portáteis e com uso menos intenso, foram dados pesos de 5%.

b) Critérios de seleção do insumo energético pelo investidor

- Abrangência da solução

- Inovação

- Volume de mercado

- Abrangência da solução:

Este critério está relacionado ao fato do queimador para aquela aplicação ser

específico ou necessitar de poucas adaptações para atendimento de diferentes consumidores.

Isto minimiza o risco de desenvolvimento, uma vez que se a solução não obtiver sucesso em

um mercado, com poucas adaptações pode se efetuar a migração para outras áreas.

Desta forma, foram dadas, por exemplo, notas 1 para aplicações específicas como bico

de bunsen e notas 5 para equipamentos mais transversais como aquecedor de passagem.

- Inovação:

Este critério está relacionado ao fato de ser o pioneiro no mercado e garantir pelo

menos inicialmente barreiras de mercado em relação aos concorrentes como marca e patentes.

Aplicações para os quais já existem produtos a etanol ou que com pequenas modificações

poderiam utilizá-lo, obtiveram notas baixas nestes critérios. Soluções com o uso de poucos

combustíveis atualmente obtiveram notas altas.

Page 120: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

106

Desta forma, foram dadas, por exemplo, notas 2 para aplicações como fogão portátil e

notas 5 para equipamentos como autoclave.

- Volume de mercado:

Os produtos com maior volume hoje tendem a ser mais vantajosos, uma vez que a

solução irá atingir uma maior quantidade de consumidores. Além disso, é de interesse do

autor que a solução escolhida tenha um maior impacto na redução de GEE.

Desta forma, foram dadas, por exemplo, notas 5 para aplicações mais vendidas como

fogão e notas 1 para aplicações como bico de bunsen.

c) Critérios de seleção do equipamento pelo consumidor

- Peso

- Estética

- Volume do aparelho

- Operação de adição de insumo energético

- Aquisição de insumo energético

- Variação de potência

- Consumo de insumo energético

- Potência máxima

- Geração de fuligem/odor

- Segurança

- Facilidade de limpeza

- Facilidade de ignição

- Investimento no equipamento

- Facilidade de manutenção

- Facilidade de instalação

- Peso:

O peso do equipamento é dependente do peso do sistema de combustão e o peso do

recipiente de transporte do combustível. Na aplicação de aquecedor de áreas externas o uso do

etanol potencialmente iria reduzir o peso do equipamento pela ausência do botijão de GLP.

Na aplicação de isqueiro e maçaricos, o sistema de combustão do etanol potencialmente seria

Page 121: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

107

mais complexo impactando consideravelmente o peso do equipamento. Para outras aplicações

não haveria impactos consideráveis positivos ou negativos com o uso do etanol.

- Estética:

Este critério está relacionado ao fato de ter mais liberdade para criar um design

externo do produto independentemente do combustível utilizado. No caso do aquecedor de

áreas externas, a ausência de botijão permitiria conceber geometrias diferentes de produtos.

No caso da churrasqueira, o uso do carvão vegetal restringe os tipos de geometria do

equipamento; a necessidade de botijão no caso do GLP também restringe as geometrias

possíveis. No caso do maçarico, o uso do etanol impactaria negativamente as geometrias. Nas

outras aplicações, não se observam impactos significativos.

- Volume do equipamento:

Este critério está relacionado ao fato do volume do equipamento poder ser reduzido

com o uso do etanol. No caso do aquecedor de áreas externas, o volume do equipamento

poderia ser diminuído pela ausência de botijão. No caso da churrasqueira, o volume poderia

ser reduzido também, por não ser necessário espalhar o carvão vegetal sobre uma superfície.

No caso do isqueiro e maçarico, o uso do etanol impactaria negativamente o volume do

equipamento. Nas outras aplicações, não se observam impactos significativos.

- Facilidade de adição de insumo energético:

Este critério está relacionado à facilidade de adição de insumo energético. O etanol em

relação ao GLP não traria vantagens significativas; somente em relação ao uso de carvão

vegetal e lenha haveria vantagens, uma vez que a adição destes combustíveis com o

equipamento em funcionamento como em churrasqueiras e lareiras é mais difícil. Em relação

aos cilindros de butano, utilizado em maçaricos, o etanol traria desvantagens, uma vez que a

troca de cilindro é bem simples.

- Facilidade de aquisição de insumo energético:

Este critério está relacionado à quantidade de pontos de vendas disponíveis. Abaixo, a

relação de combustíveis e os pontos de vendas.

Page 122: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

108

Tabela C.1 - Combustíveis e pontos de venda

Combustíveis Pontos de venda

Etanol Postos de combustíveis

Carvão vegetal Grandes supermercados, alguns açougues e alguns postos de combustíveis

GLP Distribuidores

Cilindro de butano Algumas lojas de material de construção e tabacarias

Lenha Lojas específicas

Fluido de isqueiro Tabacarias

Pela maior quantidade de postos de combustíveis em relação, pode se concluir que o

etanol é o combustível mais fácil de ser adquirido, apresentando impacto significativo em

relação aos outros combustíveis em todas as aplicações.

- Variação de potência:

Este critério está relacionado à possibilidade de variar a potência do equipamento em

uso e a facilidade de realizar esta tarefa.

No caso do aquecedor, da lareira e churrasqueira, o etanol e o GLP apresentam uma

variação de potência do equipamento simplificada efetuada por meio de válvulas. No caso da

biomassa, a variação de potência é dificultada pela necessidade de adição do combustível ou

apagamento da chama.

Especificamente, no caso do fogão portátil, a variação de potência é feita por meio de

cobrimento de parte da chama, o que também não traz grandes dificuldades. No caso do

isqueiro, a concepção do equipamento impede a variação de potência com o uso de etanol e

fluido de isqueiro.

- Consumo de insumo energético:

Este critério está relacionado ao custo do insumo energético em uma base energética

(R$/MJ). No caso do aquecedor e da lareira, o etanol apresenta custo mais elevado do que o

GLP (P-13), mas mais barato do que a lenha. No caso das outras aplicações, que utilizam

botijões portáteis (P-2) e (P-5), cilindros ou carvão vegetal, o etanol apresenta menores custos

em todas as aplicações.

- Potência máxima:

Este critério está relacionado com a potência máxima que o equipamento atinge com o

determinado combustível. No caso do aquecedor de áreas externas, a potência máxima está

Page 123: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

109

limitada à capacidade de evaporação de GLP no botijão, apresentado o etanol uma vantagem

significativa. No caso das churrasqueiras e lareiras, o etanol e combustíveis de biomassa

apresentariam a mesma potência, não trazendo vantagens significativas. No caso do maçarico,

fogão portátil e isqueiro, a potência máxima não seria diferencial para estes produtos.

- Geração de fuligem/odor:

Este critério está relacionado à geração de fuligem/odor emitido pelo combustível

durante sua combustão. Em todas as aplicações que usam GLP/GN, o etanol não apresenta

nenhum diferencial; somente quando há utilização de lenha ou carvão vegetal.

- Segurança:

Este critério está relacionado ao risco de sofrer queimaduras no acendimento e no

aumento de potência do produto. Em todas as aplicações que usam GLP/GN, o etanol não

apresenta nenhum diferencial; somente, quando há utilização de lenha ou carvão vegetal, uma

vez que o usuário muitas vezes se expõe ao risco para o acendimento/aumento deste tipo de

equipamento.

- Facilidade de limpeza:

Este critério está relacionado à facilidade de limpeza do produto. Em todas as

aplicações que usam GLP/GN, o etanol não apresenta nenhum diferencial, uma vez que a

combustão não gera resíduos. Quando há utilização de lenha ou carvão vegetal, há geração de

resíduos que são retirados pelo usuário após o uso.

- Facilidade de ignição:

Este critério está relacionado à facilidade de ignição do combustível. Combustíveis

gasosos apresentam uma maior facilidade em relação a combustíveis líquidos e sólidos.

Nestes casos o etanol apresentaria vantagem somente em relação ao carvão vegetal e lenha.

- Investimento no equipamento:

Este critério está relacionado ao investimento no equipamento de combustão. Em

quase todos os casos o etanol não traria vantagens significativas uma vez que seria necessário

um sistema de combustão mais complexo, exceto no caso do fogão portátil em que o método

de combustão seria do tipo pool fire e no caso do isqueiro o método seria similar aos isqueiros

recarregáveis.

Page 124: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

110

- Facilidade de manutenção:

Este critério está relacionado à facilidade de manutenção dos equipamentos. Em todos

os casos o etanol não traria vantagens significativas uma vez que seria necessário um sistema

de combustão mais complexo e consequentemente que demandaria maior manutenção por

parte do usuário.

- Facilidade de instalação:

Este critério está relacionado à facilidade de colocar o equipamento em uso após sua

aquisição do produto ou modificação de sua posição. Não foram observadas vantagens

significativas do etanol em relação a nenhum dos equipamentos analisados.

Page 125: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

111

APÊNDICE D - NOTAS DE SELEÇÃO DO INVESTIDOR

Tabela D.1 - Notas de seleção do investidor

Critérios de seleção do investidor

Abrangência da solução Inovação Volume

Cluster Equipamentos 33% 33% 33% Ponderação

alta

pot

ênci

a e

alta

pe

netr

ação

forno 2 4 4 3,33

fogão 3 2 5 3,33

cooktop 3 2 5 3,33

aquec. de água tipo boiler 3 4 3 3,33

aquecedor de passagem 5 2 4 3,67

chuveiro 3 5 5 4,33

alta

pot

ênci

a e

baix

a pe

netr

ação

secadoras de roupas 2 3 3 2,67

aquecedor de ambiente 3 3 3 3,00

calefação 4 3 1 2,67

piscina 4 4 2 3,33

banheiras 4 4 2 3,33

sauna 3 4 2 3,00

piso radiante 1 5 1 2,33

bio-

mas

sa

lareira 4 2 2 2,67

churrasqueira 3 4 3 3,33

apli

caçõ

es p

ortá

teis

aquecedor de área externas 3 4 2 3,00

maçaricos 4 5 2 3,67

isqueiros 1 5 5 3,67

toalheiro 1 4 1 2,00

tochas 3 2 1 2,00

fogão portátil 4 2 2 2,67

cocç

ão

forno diretos 3 3 2 2,67

fornos indiretos 2 3 1 2,00

forno de pizza 2 4 2 2,67

fogão 4 3 3 3,33

frangueira 2 3 1 2,00

chapas quentes 2 3 1 2,00

lava

-ge

m d

e ro

upas

secadoras de roupas 2 3 1 2,00

máquina de lavar 2 3 1 2,00

con-

fort

o té

rmic

o

calefação 4 3 1 2,67

ciclo de absorção para refrigeração 4 3 1 2,67

laze

r piscinas 4 4 2 3,33

sauna 3 4 2 3,00

labo

-ra

tóri

o bico de bunsen 1 5 1 2,33

autoclave 1 5 1 2,33

dive

rsos

se

tore

s central de água quente 4 3 2 3,00

gerador de vapor 4 3 3 3,33

maçaricos 4 4 2 3,33

agro

pecu

ário

secadoras de grãos 4 3 3 3,33

torrefação de grãos 2 3 1 2,00

aquecimento de granjas 3 3 2 2,67

estufas 3 3 2 2,67

Page 126: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

112

APÊNDICE E - DIMENSIONAMENTO DA VAPORIZAÇÃO DO ETANOL

Com intuito de se avaliar a possibilidade de se vaporizar o etanol, ao invés de

pulverizá-lo, foi calculada a potência necessária conforme Tabela E.1 abaixo.

Tabela E.1 - Dimensionamento da vaporização do etanol

Cálculo Fontes Unidades Valores

Pressão ambiente (Pamb) dado kPa 102,8

Temperatura ambiente (Tamb) dado oC 20

Potência da aplicação (P) dado kW 7,7

PCIetanol BEN(2015) MJ/kg 26,3 Temperatura de vaporização do etanol (Tetanol,vap) Reid (1987) oC 78,7

Calor específico do etanol (Cpetanol)

Zábranský et al. (1996) apud Henke et al. (2010) kJ/oC.kg 2,6

Calor específico da água (Cpágua) dado kJ/oC.kg 4,18

Entalpia de vaporização do etanol (∆hetanol,vap)

Majer e Svoboda (1985) apud Henke et al. (2010) kJ/kg 840

Entalpia de vaporização da água (∆hágua,vap) Sonntag et al. (2003) kJ/kg 2.378 Percentual de água no etanol (x) Garcia e Brunetti (1992) % 6,90%

Vazão mássica de etanol hidratado (m'etanol) calculado: P/(PCIetanol*1000) kg/s 2,93E-04 Vazão mássica de etanol sem água (m'etanol,s/água) calculado: m'etanol*(1-x) kg/s 2,73E-04

Vazão mássica de água no etanol (m'água) calculado: m'etanol*x kg/s 2,02E-05 Temperatura média para cálculo de Cp (Tm) calculado:( Tamb+Tetanol,vap)/2 oC 49,4

Potência para aquecer a Tetanol,vap (Paquec)

calculado:(m'etanol,s/água*Cpetanol+m'água*Cpágua)* (Tetanol,vap-Tamb) kW 0,047

Potência para vaporizar (Pvap) calculado:

m'etanol,s/água*∆hetanol,vap+m'água*∆hágua,vap kW 0,277

Potência total (Pt) calculado: Paquec+Pvap kW 0,324

Fração da potência necessária para vaporizar o etanol calculado: Pt/P % 4,2%

Page 127: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

113

APÊNDICE F - DIMENSIONAMENTO INICIAL E VALORES MEDIDOS

A especificação do bico injetor foi calculada, utilizando-se a tabela F.1 abaixo. Uma

vez que, ao invés de óleo diesel, etanol é utilizado, as vazões devem ser corrigidas

considerando as diferenças de densidade e viscosidade entre os combustíveis. Além disso,

deve ser feita a correção considerando que a pressão da bomba de combustível é menor que a

utilizada para queimadores a óleo.

Page 128: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

114

Tabela F.1 - Dimensionamento inicial da vazão de etanol para bico de 0,25 GPH e vazão obtida

Fontes Unidades Valores

Vazão volumétrica do bico (Q'óleo) dado do fabricante GPH 0,25

Densidade do óleo diesel (dóleo) BEN (2015) kg/m3 840

Vazão mássica do bico (m'óleo) calculado: (Q'óleo*3,7854*dóleo)/1000 kg/h 0,79

PCIóleo BEN (2015) kJ/kg 42.200

Potência do bico (Póleo) calculado: (m'óleo*PCIóleo)/3600 kW 9,32

Vazão volumétrica do bico em l/h (Q'l/h,óleo) calculado: Q'óleo*3,7854 litros/h 0,95

Densidade do etanol (detanol) BEN (2015) kg/m3 809 Vazão mássica com etanol corrigida pela densidade (m'd,etanol)

calculado: Q'l/h,óleo*(dóleo/detanol)^

(0,5)*(detanol)/1000 kg/h 0,78

Influência da viscosidade (x) Delavan (2014) - 2,5% Vazão mássica com etanol corrigida pela viscosidade (m'v,etanol) calculado: m'd,etanol*(1-x) kg/h 0,76

Pressão do óleo diesel (póleo) dado do fabricante bar 7

Pressão do etanol (petanol) dado bar 4

Vazão mássica com etanol corrigida pela pressão (m'etanol) calculado: m'v,etanol*(petanol/póleo)^

(0,5) kg/h 0,57

PCIetanol

média de BEN (2015), Bizzo(2013), Dal Bem (2008), Vila Nova (2007) e Melo et

al. (2012) kJ/kg (25,0±0,9)*103

Potência do bico com etanol (Petanol) calculado: m'etanol*PCIetanol kW 3,99

Vazão mássica real (m'etanol,real) medido kg/h 0,592±0,026

Potência do bico com etanol (Petanol,real) calculado: m'etanol,real*PCIetanol kW 4,11±0,23

Observa-se nas tabelas F.2 e F.3 abaixo o dimensionamento inicial para sua aplicação

final. Foi estimada a temperatura do queimador em 750 oC. Com base neste valor e com a

potência do queimador, foi feito todo o dimensionamento do sistema por método iterativo

variando o valor do excesso de ar. Pode se citar como a variável com menor conhecimento a

taxa de transferência de calor por radiação que pode variar de 10-30%. Para o

dimensionamento, foi utilizado um valor intermediário de 20%.

Page 129: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

115

Tabela F.2 - Dimensionamento inicial da vazão de ar para bico de 0,25 GPH

Fontes Unidades Valores Taxa de transferência de calor por radiação (q) estimado (15-25%) % 20%

Temperatura ambiente (Tamb) dado oC 25,0

Temperatura máxima de trabalho (Tmáx)

calculado: Tamb+((PCIetanol*MMpond,etanol*1000)*(1-

q))/∑cp*MMpond oC 749,6

Excesso de ar (е) iterado para Tmáx=750 oC - 182% Razão ar-combustível estequiométrica (Rar,comb,est) calculado para e=0 - 8,34 Razão ar-combustível (Rar,comb)

calculado: (MMpond,reag,N2+MMpond,reag,O2)/MMpond,etanol - 23,51

Vazão mássica de ar (m'ar) calculado: Rar,comb*m'etanol kg/h 13,52 Densidade do ar seco em São Paulo a 25 oC dado kg/m3 1,08 Vazão volumétrica de ar (Q'ar) calculado: m'ar/dar m3/h 12,5

Tabela F.3 - Valores da reação química para dimensionamento inicial

Componentes

Massa molecular

(MM)

índices da

reação (i)

Massa Molecular ponderada

(MMpond=MM*i)

cp (kJ/kg)(387

oC) EES cp*MMpond

Produtos

H2O 18 3,19 57 2,062 118

CO2 44 2,00 88 1,108 98

N2 28 31,81 891 1,089 970

O2 32 5,46 175 1,018 178

∑ - 42,46 1.211 - 1.364

Reagentes

C2H5OH 46 1,00 46 H2O no combustível 18 0,19 3,4 Etanol hidratado (6,90% de massa de H2O) - - 49

N2 28 31,81 891

O2 32 8,46 271

%INPM,etanol Bizzo (2013) % 6,90%

Foram realizadas medições de temperatura no centro do queimador obtendo-se uma

temperatura aproximada de 900 oC, superior à temperatura de 750 oC estimada inicialmente.

As medições de temperatura degradavam o termopar, impedindo diversas medições,

impossibilitando o cálculo da incerteza.

Com este valor de temperatura e com as vazões reais de combustível, pôde-se estimar

uma taxa de radiação do queimador por volta de 27%. O cálculo da incerteza também não foi

Page 130: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

116

possível, uma vez que, além da impossibilidade de cálculo de incerteza da temperatura do

queimador, a vazão de combustível é correlacionada com esta temperatura, exigindo um

estudo de correlação das duas variáveis.

Deve-se salientar também que foram feitas algumas simplificações como a

temperatura do queimador uniforme e emissividade do queimador igual a 1; infelizmente, o

fornecedor do queimador não dispõe de dados. Além disso, pressupõe-se uma combustão

completa do etanol.

Com todas estas simplificações, pode-se estimar que por volta 71% do ar de

combustão não é disponibilizado pelo soprador, conforme tabelas F.4 e F.5 abaixo.

Tabela F.4 - Dimensionamento final da vazão de ar para bico de 0,25 GPH

Fontes Unidades Valores Potência do bico com etanol (Petanol,real) calculado: m'etanol,real*PCIetanol kW 4,11

Diâmetro do queimador (D) medido m 0,115 Potência por área de queimador (Párea) calculado: Petanol,real/(π*D2/4) kW/m2 396

Temperatura do queimador (T) medido oC 900

Temperatura ambiente (Tamb) dado oC 25,0

Emissividade do queimador (ε) estimado por Hall e Peroutka (1995) - 1

Potência de radiação (Prad) calculado: ε*σstefan-boltzmann*((T+273)4-

(Tamb+273)4)/1000 kW/m2 107 Taxa de transferência de calor por radiação (q) calculado: Prad/Párea % 27%

Temperatura de aquecimento (Taquec) medido oC 120,0

Temperatura máxima de trabalho (Tmáx)

calculado: Taquec+((PCIetanol*MMpond,etanol*1000)*(1-

q))/∑cp*MMpond oC 900,3

Excesso de ar (е) iterado para Tmáx=900 oC - 126% Razão ar-combustível estequiométrica (Rar,comb,est) calculado para e=0 - 8,34

Razão ar-combustível (Rar,comb) calculado:

(MMpond,reag,N2+MMpond,reag,O2)/MMpond,etanol - 18,84

Vazão mássica de ar (m'ar) calculado: Rar,comb*m'etanol,real kg/h 11,15 Densidade do ar seco em São Paulo a 25 oC dado kg/Nm3 1,08

Vazão volumétrica de ar (Q'ar) calculado: m'ar/dar m3/h 10,3 Vazão volumétrica de ar do soprador (Q'sop) medido m3/h 3,0

Diferença dimensionado x soprador calculado: (Q'ar-Q'sop)/Q'ar - 71%

Page 131: Projeto e testes de uma churrasqueira a etanol com queimadores

117

Tabela F.5 - Valores da reação química para dimensionamento final

Componentes

Massa molecular

(MM)

índices da

reação (i)

Massa Molecular ponderada

(MMpond=MM*i)

cp (kJ/kg)(527oC)

EES cp*MMpond

Produtos

H2O 18 3,19 57 2,147 123

CO2 44 2,00 88 1,168 103

N2 28 25,49 714 1,122 801

O2 32 3,78 121 1,054 127

∑ - 34,46 980 - 1.154

Reagentes

C2H5OH 46 1,00 46 H2O no combustível 18 0,19 3,4 Etanol hidratado (6,90% de massa de H2O) - - 49

N2 28 25,49 714

O2 32 6,78 217

%INPM,etanol Bizzo (2013) % 6,90%