projeto e construção de protótipo de disjuntor eletrônico ultrarrápido

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Page 1: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE PROTÓTIPO DE DISJUNTOR

ELETRÔNICO ULTRARRÁPIDO

Gabriela Muniz Telo Chaves

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Eletrônica e de Computação

da Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Engenheiro.

Orientadores: Carlos Fernando Teodósio

Soares

Thiago Americano do Brasil

Rio de Janeiro

Março de 2015

Page 2: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE PROTÓTIPO DE DISJUNTOR

ELETRÔNICO ULTRARRÁPIDO

Gabriela Muniz Telo Chaves

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO

CURSO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE COMPUTAÇÃO DA ESCOLA

POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO

PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO ELETRÔNICO E DE COMPUTAÇÃO.

Examinado por:

Prof. Carlos Fernando Teodósio Soares, D.Sc.

Prof. Thiago Americano do Brasil, M.Sc.

Prof. Joarez Bastos Monteiro, D.Sc.

Prof. Mauricio Aredes, D.Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

MARÇO DE 2015

Page 3: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Chaves, Gabriela Muniz Telo

Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor

Eletrônico Ultrarrápido/Gabriela Muniz Telo Chaves.

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

XV, 74 p.: il.; 29, 7cm.Orientadores: Carlos Fernando Teodósio Soares

Thiago Americano do Brasil

Projeto de Graduação UFRJ/ Escola Politécnica/

Curso de Engenharia Eletrônica e de Computação, 2015.

Referências Bibliográcas: p. 71 72.

1. eletrônica. 2. eletrônica de potência. 3.

Terceira palavra-chave. I. Fernando Teodósio Soares,

Carlos et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Eletrônica e de

Computação. III. Título.

iii

Page 4: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

O homem que não lê mal fala,

mal ouve, mal vê - Monteiro

Lobato

Tudo o que você sabe é subtraído

do que você ignora - Millôr

Fernandes

iv

Page 5: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Dedico este trabalho e toda

minha trajetória acadêmica ao

homem da minha vida: meu

irmão, meu pai, meu namorado,

meu melhor amigo, Gustavo

Muniz Tello Chaves.

v

Page 6: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Agradecimentos

Ao Senhor Deus, toda honra, toda glória e todo louvor; porque Dele, por Ele e

para Ele são todas as coisas. Amém! Obrigada, Deus, por ter me dado a oportuni-

dade de concluir este trabalho, por ter sido meu amigo todos os dias da minha vida,

por me dar Esperança e Paz!

À minha família, não teria como agradecer por tudo o que zeram e fazem por

mim. Maninho, obrigada por ser meu exemplo de vida, de humildade, de força de

vontade! Obrigada por ter consertado tantos computadores na minha frente, por

ter me mostrado o mundo da computação. Obrigado por ter investido na minha

educação. Mamãe, obrigada por ter sido a melhor mãe do mundo, por me acolher

e secar minhas lágrimas quando reprovei Cálculo 1... É impossível descrever em

palavras o quanto você foi importante pra mim. Papai, você é meu herói! Se não

fosse por suas histórias sobre átomos, elétrons e válvulas, eu não estaria onde estou.

Obrigada por ter me acompanhado nas alegrias e nas tristezas, por ter me levado e

me buscado no colégio e na faculdade incontáveis vezes, por nunca desistir de mim,

por aturar minhas crises, por arrumar a casa e cozinhar quando eu estava estudando.

À minha tia Jô, obrigada por ser minha segunda mãe, por me dar tanto carinho

e por ter contribuído tanto para que eu continuasse meus estudos. Esta vitória

também é sua, tia!

Ao meu tio Leley, muito obrigada pelo incentivo ao estudo das ciências exatas,

pelo apoio ao meu irmão, pelo apoio à minha família!

Ao meu amor, Thiago, você foi e é essencial na minha vida. Aturou com paciência

meu mau humor quando nada dava certo. Você sempre me incentivou, sempre me

elogiou. Obrigada por propôr este tema de Projeto Final. Obrigada por me dar

tanto amor. Obrigada pelo seu exemplo de força de vontade. Obrigada por ser meu

apoio nesses 5 anos de faculdade! Te amo!

Aos meus sogros Thelma e José Ricardo, obrigada por me acolher em sua casa

quando eu chegava tarde da faculdade, por cuidar da minha saúde e me tratar como

lha. Vocês são demais!

Obrigada à Márcia e sua família: Fernanda, Fernando e Cláudio, pela amizade,

por ter me emprestado livros didáticos por um ano inteiro na sexta série. Vocês

também fazem parte da minha formação. Obrigada, Fefa, por sua amizade e seu

vi

Page 7: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

carinho!

Imensurável minha gratidão aos mestres que tanto me ensinaram! Obrigada à

professora Roberta, que me ensinou tanto sobre a vida como ela é, mesmo sendo

eu apenas uma criança de 9 anos. Obrigada aos professores do Pentágono, em

especial: Alberto, Gouvêia, Marcão (in memoriam), Prado (in memoriam). Um

agradecimento especial ao prof. Paulo Armando, que permitiu a continuação dos

meus estudos quando eu estava passando por uma época tão difícil. Na Universi-

dade, conheci os melhores professores do mundo! Sendo carrascos ou não, agradeço

por terem sido exemplos pra mim. Agradeço em especial aos professores: Antonio

Cláudio (AC), Antonio Petraglia, Baruqui, Brafman, Cameira, Casé, Flavio Mello,

Joarez, Lima Netto, Márcio Nogueira, Mauros, Osvaldo, Teodósio, Sergio Palma

e Watanabe. Um agradecimento mais que especial ao prof. Teodósio que aceitou

o desao de me orientar e me ensinou tanto. Muito obrigada por sua paciência e

compreensão! Você é um exemplo para todos os seus alunos! Gostaria de agradecer

imensamente ao professor Mauricio Aredes, pela oportunidade de iniciação cientíca,

onde tanto aprendi e onde conheci pessoas incríveis!

Tenho muitos amigos de faculdade para agradecer, mas alguns foram essenciais,

porque me ajudaram muito quando tive diculdade nas matérias (em ordem alfabé-

tica pra ninguém reclamar!): Arthur, Fabio Oliveira, Guilherme (CM), Joyce, Laís

Crispino, Lucas Frucht, Manoel Fernando, Marcos Paulo, Nadinne, Pedro Paulo,

Stephanie. Obrigada também aos amigos do Pentágono, em especial aos duzento-

seúnicos, que até hoje me acompanham!

Ao pessoal do LEMT, agradeço pela ajuda. Seja no que for, zeram parte da

minha caminhada! Em especial quero agradecer a: Allan, Diego Silva, Eduardo

(Shreck), Elisa Toshie, Fabio (Bombril), Jorge Caicedo, Magidiel e Rogério pela

ajuda na parte técnica. Obrigada ao Eduardo Leandro (Budda) por me explicar

sobre diversas matérias do DEL.

Muito obrigada aos técnicos Márcio e Isaías, do DEL, pela imensa ajuda ao

longo desses anos. Obrigada ao Felipe Maia, do LASPI, por fazer diversas placas do

projeto na fresadeira.

Agradeço à minha família em Cristo, meus irmãos da Igreja Batista em Jardim

Santíssimo e aos irmãos de outras igrejas que tanto oraram por mim nas épocas de

provas ou quando estive doente ou desanimada, que agradeceram à Deus comigo por

tantas alegrias ao longo desses 5 anos. Amo vocês!

vii

Page 8: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletrônico

e de Computação.

Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Gabriela Muniz Telo Chaves

Março/2015

Orientadores: Carlos Fernando Teodósio Soares

Thiago Americano do Brasil

Curso: Engenharia Eletrônica e de Computação

Em Eletrônica de Potência equipamentos como conversores eletrônicos podem ser

submetidos a sobrecorrentes devido a falhas no sistema. A supressão da sobre-

corrente deve ser realizada rapidamente, visto que dispositivos semicondutores são

sensíveis a temperaturas elevadas. Os dispositivos interruptores de corrente dispo-

níveis no mercado atualmente não são capazes de extinguir corrente de forma ecaz.

Portanto, para sanar o problema apresentado, este trabalho propõe um dispositivo

intitulado Disjuntor Eletrônico, que atua como interruptor de corrente rápido e se-

guro. Ele é inserido entre a rede elétrica e o equipamento a ser protegido e, ao

detectar sobrecorrente, impõe uma alta impedância, interrompendo a passagem de

corrente e protegendo o equipamento. Após a correção das causas da sobrecorrente,

o dispositivo proposto é religado de forma a impedir variações bruscas de tensão,

para que volte a uir corrente no equipamento de forma segura.

Palavras-chave: Eletrônica de potência, Sobrecorrente, Interruptor, Disjuntor, Ele-

trônica analógica.

viii

Page 9: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulllment

of the requirements for the degree of Engineer.

PROJECT AND CONSTRUCTION OF A PROTOTYPE OF ULTRA-FAST

ELECTRONIC INTERRUPTER

Gabriela Muniz Telo Chaves

March/2015

Advisors: Carlos Fernando Teodósio Soares

Thiago Americano do Brasil

Course: Electronic Engineering

In Power Electronics area equipments as electronic converters can be subject to high

currents due to system failures. The overcurrent suppression must be done fast, since

semiconductors devices are sensitive to high temperatures. Current-interrupting de-

vices available nowadays are not capable of efectively extinguish overcurrents. Thus,

to overcome this issue, this work proposes a device called Electronic Interrupter that

acts as a fast and secure current interrupter. It is inserted between the eletric net-

work and the equipment to be protected and when it detects overcurrent it imposes a

high impedance, blocking the current ow and protecting the equipment. After the

correction of the causes of overcurrent the proposed device is restarted in a way to

avoid abrupt voltage variations, which allows the current ow to be safely restored.

Keywords: Power electronics, Overcurrent, Interrupter, Disconnector, Analogic elec-

tronics.

ix

Page 10: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Sumário

Lista de Figuras xii

Lista de Tabelas xv

1 Introdução 1

1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Justicativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.3 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.4 Resumo dos Capítulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Disjuntor Eletrônico 4

2.1 Topologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.2 Esquema elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2.2.1 Módulo de detecção de sobrecorrente . . . . . . . . . . . . . . 8

2.2.2 Módulo de Religamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.2.3 Módulo de potência e lógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.2.4 Esquema geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

2.3 Equalização dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2.4 Dissipador Térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 Projeto 25

3.1 Especicações de projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

3.2 Projeto do módulo de detecção de sobrecorrente . . . . . . . . . . . . 26

3.2.1 Estágio de condicionamento de sinal . . . . . . . . . . . . . . 26

3.2.2 Estágio de reticação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.2.3 Estágio de comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3.3 Projeto do módulo de potência e lógica . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.3.1 Lógica de acionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

3.3.2 Chaves semicondutoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

3.4 Projeto do módulo de religamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

3.4.1 Estágio de condicionamento de sinal . . . . . . . . . . . . . . 34

3.4.2 Estágio de reticação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

x

Page 11: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

3.4.3 Estágio detector de passagem por zero . . . . . . . . . . . . . 36

3.4.4 Acionamento do botão de religamento . . . . . . . . . . . . . . 37

3.5 Alimentação do circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.6 Projeto físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.7 Dimensionamento do dissipador térmico . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.7.1 Teste para obtenção da resistência térmica cápsula-ar do

MOSFET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4 Resultados 50

4.1 Resultados de simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4.1.1 Simulações da placa de detecção de sobrecorrente . . . . . . . 50

4.1.2 Simulações da placa de potência e lógica . . . . . . . . . . . . 53

4.1.3 Simulações da placa de religamento . . . . . . . . . . . . . . . 55

4.2 Resultados experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

4.2.1 Resultados da placa de detecção . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

4.2.2 Resultados da placa de religamento . . . . . . . . . . . . . . . 59

4.2.3 Resultados do protótipo nal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

5 Conclusão 69

5.1 Resumo dos capítulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

5.2 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

5.3 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

Referências Bibliográcas 71

A Folha de dados do transformador 73

xi

Page 12: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Lista de Figuras

2.1 Topologia de ligação dos MOSFETs no disjuntor eletrônico. . . . . . . 6

2.2 Condução de corrente no MOSFET durante o semi-ciclo positivo. . . 6

2.3 Condução de corrente no MOSFET durante o semi-ciclo negativo. . . 7

2.4 Fluxograma da sequência de ações do Disjuntor, ou lógica temporal. . 7

2.5 Diagrama de blocos dos três módulos e suas conexões. . . . . . . . . . 8

2.6 Diagrama de blocos do módulo de detecção de sobrecorrente. . . . . . 9

2.7 Condicionamento de sinal do módulo de detecção de sobrecorrente. . 10

2.8 Esquemático do estágio de reticação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2.9 Esquemático do estágio de comparação. . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.10 Diagrama de blocos do módulo de religamento. . . . . . . . . . . . . . 13

2.11 Esquemático da medição de tensão no módulo de religamento. . . . . 14

2.12 Esquemático do amplicador de instrumentação do módulo de religa-

mento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.13 Esquemático do circuito de detecção de passagem por zero (compa-

rador). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.14 Esquemático da porta lógica AND, no módulo de religamento. . . . . 17

2.15 Diagrama de blocos do módulo de potência e lógica. . . . . . . . . . . 18

2.16 Esquemático da lógica de acionamento do módulo de potência e lógica. 19

2.17 Esquemático geral do Disjuntor Eletrônico. . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.18 Representação do circuito de snubber e sua ligação nos MOSFETs. . . 23

2.19 Esquemático do modelo elétrico equivalente para o estudo térmico. . . 24

3.1 Diagrama de Bode do estágio de condicionamento de sinal do módulo

de detecção de sobrecorrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.2 Diagrama de Bode do estágio de condicionamento de sinal do módulo

de religamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3.3 Diagrama em blocos da construção física da placa de detecção de

sobrecorrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.4 Diagrama em blocos da construção física da placa de potência e lógica. 40

3.5 Diagrama em blocos da construção física da placa de religamento. . . 40

3.6 Vista de cima da placa de potência e lógica. . . . . . . . . . . . . . . 41

xii

Page 13: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

3.7 Vista de baixo da placa de potência e lógica. . . . . . . . . . . . . . . 41

3.8 Vista de cima da placa de religamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.9 Vista de baixo da placa de religamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3.10 Vista de cima da placa de detecção de sobrecorrente. . . . . . . . . . 42

3.11 Foto da placa de detecção de sobrecorrente. . . . . . . . . . . . . . . 42

3.12 Foto da placa de potência e lógica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.13 Foto da placa de religamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.14 Diagrama da montagem experimental para teste térmico. . . . . . . . 45

3.15 Curva de estabilidade térmica do MOSFET para 2A. . . . . . . . . . 46

3.16 Curva de estabilidade térmica do MOSFET para 3A. . . . . . . . . . 46

3.17 Curva de estabilidade térmica do MOSFET para 4A. . . . . . . . . . 47

4.1 Simulação no domínio do tempo do estágio de condicionamento na

placa de detecção de sobrecorrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4.2 Simulação no domínio da frequência do estágio de condicionamento

na placa de detecção de sobrecorrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.3 Simulação do estágio de reticação na placa de detecção de sobrecor-

rente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.4 Simulação da comparação de tensões na plada de detecção de sobre-

corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

4.5 Simulação do circuito RC presente na placa de potência e lógica. . . . 54

4.6 Simulação geral da placa de potência e lógica. . . . . . . . . . . . . . 55

4.7 Simulação do ganho de tensão no domínio do tempo do estágio de

medição da placa de religamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.8 Simulação do ganho de tensão no domínio da frequência do estágio

de medição da placa de religamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.9 Simulação do detector de passagem por zero da placa de religamento. 57

4.10 Captura de tela do osciloscópio - ganho de tensão da placa de detecção. 58

4.11 Captura de tela do osciloscópio - reticação da placa de detecção. . . 59

4.12 Captura de tela do osciloscópio - comparação da placa de detecção. . 59

4.13 Captura de tela do osciloscópio - ganho de tensão da placa de religa-

mento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4.14 Captura de tela do osciloscópio - reticação da placa de religamento. 61

4.15 Captura de tela do osciloscópio - comparação da placa de religamento,

primeiro caso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.16 Captura de tela do osciloscópio - reticação da placa de religamento,

segundo caso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

4.17 Foto da montagem em bancada à esquerda. . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.18 Foto da montagem em bancada à direita. . . . . . . . . . . . . . . . . 63

xiii

Page 14: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

4.19 Foto das três placas montadas e conectadas. . . . . . . . . . . . . . . 64

4.20 Captura de tela do osciloscópio - tempo de detecção de sobrecorrente. 65

4.21 Captura de tela do osciloscópio - detecção de sobrecorrente negativa. 66

4.22 Captura de tela do osciloscópio - detecção de sobrecorrente positiva. . 67

4.23 Captura de tela do osciloscópio - religamento próximo a 0 V. . . . . . 68

xiv

Page 15: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Lista de Tabelas

2.1 Tabela-verdade da porta lógica AND. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.2 Interpretação dos níveis lógicos para o ip-op, o driver e os LEDs. . 21

3.1 Padrão de pinagem dos conectores de alimentação das três placas. . . 38

3.2 Valores de temperatura de equilíbrio para os testes térmicos. . . . . . 47

3.3 Valores de temperatura de junção e de resistência térmica junção-ar

para 2 A e 3 A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

xv

Page 16: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Capítulo 1

Introdução

1.1 Motivação

Em Eletrônica de Potência é usual a utilização de equipamentos, tais como

conversores eletrônicos baseados em tecnologia semicondutora que alimentam cargas

sensíveis e que operam com correntes e tensões elevadas. Por esta razão, é inerente

o risco de falhas como, por exemplo, curto-circuitos e sobrecorrentes. Desta forma,

faz-se necessária a supressão da corrente de curto no menor tempo possível, visto que

os componentes semicondutores queimam mais rápido que os circuitos de proteção

conhecidos.

1.2 Justicativa

As soluções encontradas atualmente no mercado para o problema das sobre-

correntes são disjuntores e fusíveis ultrarrápidos.

Os disjuntores, devido à sua natureza eletromecânica, são lentos, permitindo

a existência do curto-circuito por centenas de milisegundos antes de sua abertura

e extinção da sobrecorrente [1]. Por isso não são aplicáveis a cargas sensíveis com

componentes eletrônicos. Entre os disjuntores mais utilizados atualmente em apli-

cações de baixa tensão, destacam-se os termo-magnéticos, de acordo com [1]. Os

modelos mais usuais apresentam curvas características tempo×corrente (chamada

1

Page 17: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

curva C), onde a atuação mais rápida ocorre em aproximadamente 2 ms, quando a

corrente é de 5 a 10 vezes a corrente nominal do disjuntor [1].

Por sua vez, os fusíveis devem ser substituídos a cada uso, tornando-se in-

viável em alguns casos, além de necessitar um operador para realizar a troca do

componente (certos tipos precisam de uma ferramenta especial para isso, chamada

"punho saca-fusível"). Alguns fusíveis ultra-rápidos disponíveis no mercado podem

atuar em até 1 ms quando a corrente for de 6 a 8 vezes a corrente nominal do com-

ponente [1].

De uma forma geral, disjuntores termo-magnéticos e fusíveis ultra-rápidos

atuam de acordo com características térmicas. Na ocorrência de uma sobrecorrente

e o subsequente aumento da temperatura [2], o dispositivo desfaz o contato físico que

permitia a passagem de corrente. Este fenômeno físico causa a lentidão na atuação

desses dispositivos.

1.3 Objetivo

A proposta do dispositivo apresentado neste trabalho possui atuação distinta

dos componentes apresentados na Seção 1.2 deste capítulo. O objetivo é detectar

rapidamente uma sobrecorrente e responder a esse estímulo no menor tempo possí-

vel.

Portanto, não há uma relação corrente versus tempo de atuação. Dene-se

um valor limite de corrente que, ao ser ultrapassado, gera um bloqueio de corrente,

havendo um intervalo de tempo mínimo entre a detecção e a extinção da sobrecor-

rente.

Desta forma, o objetivo é projetar um circuito de detecção de sobrecorrente

e interrupção do uxo de corrente no equipamento a ser protegido, o qual pode ser

religado a qualquer instante após a extinção da falha, sendo seu valor limite mantido

ou alterado a critério do usuário. Para tanto, objetivos especícos são desencadea-

dos: (1) projetar um circuito de medição e condicionamento da corrente do sistema

que compare com o valor limite estipulado em projeto e acione a lógica de proteção;

2

Page 18: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

(2) projetar um sistema de potência que permita a passagem de corrente na ausên-

cia de sobrecorrente e, em caso de falha, interrompa a operação; (3) projetar um

circuito eletrônico para um religamento suave, evitando bruscas variações de tensão;

(4) dimensionar o dissipador térmico necessário para o funcionamento seguro dentro

da faixa de conabilidade do disjuntor.

1.4 Resumo dos Capítulos

O Capítulo 2 apresenta a topologia geral do circuito e o esquemático de

todos os módulos que compõem o sistema. No Capítulo 3 todos os cálculos são

desenvolvidos para dimensionar os valores de componentes e os tipos de circuitos

integrados utilizados no projeto. Os resultados de simulações e experimentos são

apresentados no Capítulo 4. No Capítulo 5 serão apresentadas as conclusões do

presente trabalho e as futuras melhorias.

3

Page 19: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Capítulo 2

Disjuntor Eletrônico

O dispositivo proposto neste capítulo, denominado Disjuntor Eletrônico, é

conectado em série ao equipamento a ser protegido para que possa impedir o uxo

de corrente elétrica quando uma sobrecorrente for detectada. Portanto, o protótipo

deverá possuir dois terminais de entrada e dois de saída, dispondo-se entre o equi-

pamento e a rede elétrica, em sistemas monofásicos. A partir desses dois contatos

elétricos serão realizadas a medição e a interrupção de fornecimento de energia ao

equipamento e sua carga, bem como o religamento assim que o usuário desejar.

2.1 Topologia

Para permitir a passagem de corrente ao equipamento em pleno funciona-

mento e realizar o controle de desligamento e religamento no mesmo dispositivo,

serão utilizados dispositivos semicondutores de potência, cujas características de-

vem ser:

1. Fluxo bidirecional da corrente para fornecimento ao equipamento;

2. Possibilidade de bloqueio da corrente para proteção;

3. Suportar a tensão da rede elétrica quando no estado bloqueado;

4. Capacidade de bloqueio rápido.

4

Page 20: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Os componentes eletrônicos encontrados atualmente no mercado e que

possibilitam a implementação da topologia com as características acima são:

MOSFETs (Metal Oxide Semiconductor Field Eect Transistor, ou Transistor de

Efeito de Campo Metal-Óxido-Semicondutor) e IGBTs (Insulated Gate Bipolar

Transistor, ou Transistor Bipolar de Porta Isolada). Devido à aplicação do presente

projeto ser focada em instalações BT (baixa-tensão), conforme o Capítulo 3, foram

adotados os MOSFETs, já que possuem, em geral, tamanhos reduzidos e menores

perdas ôhmicas em relação aos IGBTs de mesma capacidade.

Esta topologia também poderia ser implementada a partir do uso de dispo-

sitivos semicontrolados como, por exemplo, tiristores em conguração anti-paralela

ou triacs (Triode for Alternating Current, ou Triodo para Corrente Alternada). No

entanto, devido ao fato de ambos serem dispositivos comutados pela carga [3], a

velocidade de bloqueio do equipamento caria comprometida, podendo chegar a

atrasos de até aproximadamente 8 ms (para redes de 60 Hz).

De acordo com [4] e [5], o componente escolhido, MOSFET, é um dispositivo

semicondutor que conduz corrente quando o nível de tensão entre o terminal de

gate (porta) e source (fonte) ultrapassa um limiar chamado de threshold, que

varia conforme a fabricação do componente e, em geral, é da ordem de algumas

unidades de Volts. O modelo de MOSFET utilizado neste trabalho [6] possui em

seu encapsulamento um diodo em paralelo, útil em circuitos de chaveamento que

contêm indutâncias.

Para conectar o Disjuntor Eletrônico em série, a topologia utilizada é descrita

em [7], conforme Figura 2.1. Esta topologia utiliza dois IGBTs ou MOSFETs em

conguração anti-série, ou seja, em série e com polaridades invertidas, permitindo

passagem e bloqueio do uxo de corrente em ambos sentidos. Para o sentido

direto de corrente, como mostrado na Figura 2.2, o MOSFET 1 está diretamente

polarizado, enquanto o dispositivo 2 está reversamente polarizado. O caminho

da corrente, portanto, é formado pelo dispositivo 1 e pelo diodo do dispositivo

2. Quando, porém, o sentido da corrente é como demonstrado na Figura 2.3, o

5

Page 21: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

caminho da corrente é o diodo do dispositivo 1 e o dispositivo 2. Desta forma, é

possível permitir a passagem de corrente por ambos os sentidos, de acordo com o

controle no gate (porta) dos MOSFETs.

Rede

Equipamento

Disjuntor Eletrônico

Controle

RG RG

Figura 2.1: Topologia de ligação dos MOSFETs no disjuntor eletrônico.

Rede

Equipamento

Controle

1 2

Figura 2.2: Condução de corrente no MOSFET durante o semi-ciclo positivo.

6

Page 22: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Rede

Equipamento

Controle

1 2

Figura 2.3: Condução de corrente no MOSFET durante o semi-ciclo negativo.

2.2 Esquema elétrico

O uxograma da Figura 2.4 mostra a lógica temporal do sistema.

Disjuntor não energizado

Botão de religamento pressionado?

Disjuntor ligadoDetecção de

sobrecorrente?

Disjuntor desligado

S

N

S

N

Figura 2.4: Fluxograma da sequência de ações do Disjuntor, ou lógica temporal.

Para facilitar a concepção do projeto, o circuito geral foi dividido nos três

módulos seguintes: detecção de sobrecorrente, potência e lógica e circuito de

religamento, conforme Figura 2.5.

O módulo de detecção de sobrecorrente mede a corrente que ui para o

7

Page 23: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

equipamento e, caso haja sobrecorrente, o módulo de detecção produz um sinal

pulsado em nível lógico alto. Esse sinal é interpretado pelo módulo de potência

e lógica, que realiza a lógica de bloqueio e disparo das chaves semicondutoras

(componentes de potência). Por m, o módulo de religamento evita variações

bruscas de tensão no momento em que a corrente volta a uir nos MOSFETs.

Equipamento

Detecção de

sobrecorrente

Religamento

Potência e lógica

Vrede

Figura 2.5: Diagrama de blocos dos três módulos e suas conexões.

2.2.1 Módulo de detecção de sobrecorrente

O diagrama de blocos da Figura 2.6 mostra estágios do módulo de detecção

de sobrecorrente. A medição da corrente da rede é realizada por um sensor de

corrente [8] de efeito Hall [9], cuja saída é proporcional à corrente instantânea do

equipamento, dada pela relação 40 mV/A e possui tensão de oset de valor igual à

metade da tensão de alimentação do sensor. A saída do sensor de corrente possui

baixa amplitude, por isso deve ser amplicada e ltrada. Esta tarefa é realizada

pelo estágio de condicionamento de sinal.

Como é necessário detectar correntes positivas e negativas do sinal recebido,

o estágio seguinte é um reticador de onda completa que inverte a polaridade do

ciclo negativo. Desta forma, é possível fazer a comparação de sobrecorrentes em

ambas as polaridades, utilizando uma referência única.

8

Page 24: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

O último estágio desse módulo é o comparador, onde o sinal reticado será

comparado com uma tensão de referência equivalente ao limiar de sobrecorrente.

Cada um dos módulos internos será discutido nas subseções seguintes.

Vrede Sensor de

corrente

Condicionamento

de sinal

Retificador de onda

completa

Comparador

Referência

(sobrecorrente)

Módulo

De

Potência

E

Lógica

Módulo de detecção de sobrecorrente

Figura 2.6: Diagrama de blocos do módulo de detecção de sobrecorrente.

Estágio de condicionamento de sinal

O primeiro estágio da placa de detecção realiza a amplicação do sinal,

utilizando um amplicador operacional na estrutura de ganho inversor, segundo

a Figura 2.7. O fato do amplicador ser usado na conguração inversora não

causará problemas, visto que um dos estágios posteriores é uma reticação de onda

completa.

Como o sinal de entrada está suscetível a ruídos externos, um capacitor

(CF) na realimentação negativa do amplicador operacional realiza a função de

ltro passa-baixas [10, 11]. Um capacitor (CCS1) em série com o sinal de entrada

realiza a função de ltro passa-altas, para desacoplamento da tensão DC de oset

proveniente do sensor de corrente. O esquema deste circuito pode ser visto na

Figura 2.7.

9

Page 25: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

RCS1

CF

RF

AMP

OP

CCS1

Entrada

Saída

Figura 2.7: Condicionamento de sinal do módulo de detecção de sobrecorrente.

A função de transferência do estágio de condicionamento encontra-se em

(2.3), onde Av é o ganho de tensão e P.A. e P.B. são as siglas dos ltros Passa-Altas

e Passa-Baixas [10, 12], respectivamente.

A(s) = −

RF

(1 + sCFRF )

1 + sCCS1RCS1

sCCS1

(2.1)

A(s) = − RF

(1 + sCFRF )× sCCS1

1 + sCCS1RCS1

(2.2)

Então, tem-se:

A(s) = − RF

RCS1︸ ︷︷ ︸Av

× s

s+ 1RCS1×CCS1︸ ︷︷ ︸P.A.

× 1

1 + sRFCF︸ ︷︷ ︸P.B.

(2.3)

Estágio de reticação

Após o estágio de condicionamento de sinal, o sinal é bipolar. A m de evitar

que sejam utilizados dois circuitos de comparação, um para tensões positivas e outro

para tensões negativas, utilizou-se um reticador.

O circuito utilizado foi o reticador de precisão de onda completa apresentado

na Figura 2.8, baseado na topologia descrita em [13]. O circuito possui, além de

diodos, componentes ativos que evitam a queda de tensão (VD) de aproximadamente

10

Page 26: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

0,6 V no sinal de saída. Esta queda de tensão ocorre em um reticador a diodo

simples, causada pelas propriedades no diodo de silício (conforme [11]).

Para tensões positivas, o diodo D1 está reversamente polarizado e o diodo

D2 está diretamente polarizado, então os dois componentes agem como um circuito

aberto e um curto-circuito, respectivamente. Como não há corrente uindo entre

os terminais dos amplicadores operacionais, também não haverá entre os resistores

RRet1 e RRet3. Portanto, a saída (VoutP) será igual à entrada (VinP) para tensões

positivas.

V outP = V inP (2.4)

Quando a tensão de entrada for negativa, os diodos D1 e D2 agem como um

curto-circuito e um circuito aberto, respectivamente. Então, o primeiro amplicador

está na topologia de seguidor de tensão (ou buer) e o segundo está na topologia

de inversor. Então, a saída (VoutN) será dada por:

V outN = −(RRet3

RRet1

)× V inN (2.5)

Rret3Rret1

Rret2

AMP

OP

AMP

OP

D1

D2

Entrada

Saída

Figura 2.8: Esquemático do estágio de reticação.

Estágio de comparação

Quando a corrente no equipamento ultrapassa o limiar que será estabelecido

na Seção 3.1, o módulo de detecção de sobrecorrente deve sinalizar a existência da

sobrecorrente, a partir de um sinal digital de nível lógico alto (1). Após o sinal

11

Page 27: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

do sensor de corrente ser condicionado e reticado, ele é comparado a uma tensão

de referência VREF, calculada para ser equivalente ao limite máximo de corrente

desejado.

O estágio de comparação (Figura 2.9) é composto de um circuito de tensão

de referência e um comparador. O primeiro circuito realiza um divisor resistivo [5]

entre uma das alimentações até o terra (0V), onde uma das resistências é dada por

um trimpot (Trimmer Potentiometer), para ajuste no da tensão de referência.

O outro resistor, RREF, deve ser de 1% de precisão para melhorar a medição, e

sua nalidade é evitar que uma das entradas do comparador seja diretamente

conectada à fonte de alimentação. Isso poderia causar avaria no componente, visto

que a variação de tensão teórica na entrada do comparador é inferior à utuação

na tensão de saída da fonte [14].

O segundo circuito do estágio é um buer [10, 11], responsável por

aumentar a impedância entre o comparador e o divisor resistivo, pois a en-

trada do comparador possui transistores bipolares [4, 5, 11]. Esta conguração

não possui tão alta impedância de entrada quanto a do buer, que possui tran-

sistores JFET. A inclusão deste buer garante o menor erro possível na comparação.

Saída

detecção de

sobrecorrente

Vcc

Medição

retificada

VREF

Rref

TrimpotAMP

OP

Comparador

Figura 2.9: Esquemático do estágio de comparação.

12

Page 28: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

A saída do buer é conectada à entrada negativa do comparador, e a entrada

positiva é o sinal de medição condicionado conforme Figura 2.9. A saída do compa-

rador será nível lógico baixo (0) caso a tensão de referência seja maior que a medição

e será nível lógico alto (1) caso contrário.

A saída do comparador é a saída do módulo de detecção de sobrecorrente.

2.2.2 Módulo de Religamento

Após a identicação da falha e correção das causas, faz-se necessário religar

o equipamento no instante desejado pelo operador. Entretanto, levou-se em consi-

deração a possibilidade de variações bruscas de tensão no religamento (como, por

exemplo, energização nos valores de pico da tensão de entrada). Isso é indesejável

devido às capacitâncias presentes na carga, que podem causar um surto de corrente,

acionando o Disjuntor ao invés de religá-lo.

A m de mitigar esse problema e, ao mesmo tempo, permitir ao operador

decidir quando religar o sistema, a placa de religamento realiza a medição da tensão

da rede para detectar a passagem por 0 V (Zero Crossing Detector, ou Detector

de Passagem por Zero) e possui um botão de religamento, como pode ser visto no

diagrama da Figura 2.10.

VredeCondicionamento

de sinalRetificação

Referência

(detector de

passagem por

zero)

Comparador

Lógica

Botão de

acionamento

Módulo de

potência e

lógica

Figura 2.10: Diagrama de blocos do módulo de religamento.

Estágio de condicionamento de sinal

Foi utilizado um transformador de medição cujas características são: relação

de transformação 220:14; potência nominal 0,7 VA e frequência nominal 60 Hz, de

13

Page 29: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

acordo com o Anexo A. Ele abaixa a tensão da rede de 220 VRMS para 14 VRMS.

Como é estimado que a corrente dos estágios seguintes não ultrapassa 50 mA, o

transformador foi escolhido devido à sua potência e sua alta isolação [1]. Além

disso, como vantagem, possui dimensões diminutas, o que irá facilitar a etapa de

montagem e teste do protótipo.

Como a alimentação dos amplicadores operacionais do estágio seguinte é

de +15 V e -15 V, optou-se pelo uso de um divisor resistivo que abaixasse ainda

mais o sinal, a m de evitar saturação dos amplicadores operacionais. O circuito

pode ser visto na Figura 2.11.

Fase

Neutro

RD1

RD2

RD3

Tensão -

Tensão +

Figura 2.11: Esquemático da medição de tensão no módulo de religamento.

Como optou-se por um divisor com saída bipolar, um amplicador de

instrumentação dado em [11] fornece um ganho de tensão ao sinal e possui alta

rejeição a ruído, além da característica de ltro passa-baixas [10, 12], como pode

ser visto na Figura 2.12, e sua saída é unipolar.

14

Page 30: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Medição

Tensão -

Tensão +

AMP

OP

AMP

OP

AMP

OP

CF1

CF2 RF2

RF1

RCS1

RCS2

RCS3

RCS4

RCS5

RCS6

RCS7

Figura 2.12: Esquemático do amplicador de instrumentação do módulo de religa-

mento.

A função de transferência do circuito da Figura 2.12 está em (2.7) [11]. É

necessário que as seguintes especicações sejam cumpridas [11]:

• RCS1 = RCS2 = RCS3

• RCS4 = RCS5

• RCS6 = RCS7

• RF1 = RF2

A(s) =

(1 + 2× RCS4

RCS3

)×RF1//

1sCF1

RCS6

(2.6)

A(s) =

(1 + 2× RCS4

RCS3

RF1

1+sCF1RF1

RCS6

(2.7)

Estágio de reticação

Para detectar a passagem por 0 V, foi utilizado um circuito reticador

cuja saída é entrada de um comparador, pois desta forma evita-se o uso de dois

15

Page 31: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

circuitos comparadores, um para tensões positivas e outro para tensões negativas,

que causariam imprecisão proveniente da assimetria.

O circuito de reticação é idêntico ao circuito utilizado na detecção de

sobrecorrente (Subseção 2.2.1).

Estágio detector de passagem por zero

Como a presença de um ruído poderia facilmente ocasionar um erro, o circuito

de comparação utiliza um valor próximo, porém diferente, de 0 V. Portanto, foi

utilizado o circuito da Figura 2.13, onde a saída do comparador será nível lógico

alto (1) se e somente se a tensão no terminal negativo for inferior à tensão no

terminal positivo, indicando que a medição é inferior à referência.

A tensão de comparação adotada será calculada na Seção 3.4.3.

Detecção de

passagem

por zero

Vcc

Medição

retificada

VREF

Rref

TrimpotAMP

OP

Comparador

Figura 2.13: Esquemático do circuito de detecção de passagem por zero (compara-

dor).

16

Page 32: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Acionamento do botão de religamento

O sinal de saída do circuito de acionamento indica o momento a partir do

qual os MOSFETs podem entrar em estado de condução e isso deve ocorrer quando

o operador acionar o botão. Então, esses dois sinais (botão e comparação) devem

acionar a saída do estágio de acordo com a Tabela 2.1, que corresponde à porta

lógica AND (E), de acordo com [15], e o circuito equivalente está na Figura 2.14.

Tabela 2.1: Tabela-verdade da porta lógica AND.Comparação Botão Saída_C

0 0 0

0 1 0

1 0 0

1 1 1

Detecção de

passagem

por zero Saída

religamento

Botão

Rpull-down

5V

Figura 2.14: Esquemático da porta lógica AND, no módulo de religamento.

Não é necessário o uso de um latch para evitar o bouncing na tensão

de saída do botão [4, 11, 15], porque assume-se que o operador humano não será

capaz de ativá-lo em uma ordem de grandeza de tempo inferior a microssegundos.

Esse tempo é o suciente para ativar qualquer entrada do ip-op descrito na Seção

2.2.3. É necessário o uso de um resistor de pull-down [5] entre o botão e o terra, a

m de evitar um estado de alta impedância enquanto não houver acionamento. A

ocorrência disso poderia ocasionar um erro na leitura do ip-op, alterando a lógica

de bloqueio e condução das chaves.

O sinal de saída da porta lógica AND indica o momento em que as chaves

17

Page 33: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

devem passar a conduzir corrente e é o sinal de saída do módulo de religamento.

2.2.3 Módulo de potência e lógica

A função do módulo de potência e lógica é realizar a lógica de condução e

bloqueio responsável pelo comando das chaves semicondutoras. Seu diagrama de

blocos pode ser visto na Figura 2.15.

Vrede Chaves

semicondutoras

Lógica de

acionamento

Carga

Módulo de potência e lógica

Módulo

detector de

sobrecorrente

Módulo de

religamento

Figura 2.15: Diagrama de blocos do módulo de potência e lógica.

Lógica de acionamento

Seguindo-se a lógica do uxograma 2.4, quando a placa de detecção de

sobrecorrente emitir um sinal indicando o ocorrido, o circuito da placa de potência e

lógica deve ser capaz de abrir o circuito, mantendo as chaves em estado de bloqueio

até que haja um sinal proveniente da placa de religamento. De acordo com [15], um

componente eletrônico capaz de realizar esta função é o ip-op, circuito integrado

composto de portas lógicas que será o elemento central da lógica de bloqueio e

condução, responsável por decidir o instante em que ocorrerá condução ou bloqueio

das chaves. O esquema do circuito de lógica de acionamento pode ser visto na

Figura 2.16.

18

Page 34: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Q

QSET

CLR

D

Religamento

Detecção de

sobrecorrente

Rt

5V

5V

Ct

5V

Rpu2

Rpu1

5V

5V

RoptoDriver opto-

acoplador

Saída para

acionamento dos

MOSFETs

Figura 2.16: Esquemático da lógica de acionamento do módulo de potência e lógica.

Por questões de segurança, quando o disjuntor eletrônico for energizado,

as chaves devem permanecer em bloqueio. Um circuito RC [12, 16], identicado

na Figura 2.16 pelo resistor Rt e capacitor Ct, é conectado à entrada de preset

do ip-op. Antes do disjuntor ser energizado, o capacitor está descarregado,

mantendo 0 V na entrada preset que causará 1 na saída do ip-op. No momento

em que houver a presença de tensão de alimentação, o capacitor é carregado [12, 16]

e a entrada preset estará em 1, o que não modica a saída do ip-op [15, 17].

Para que o disjuntor seja acionado, é preciso que o operador pressione o

botão presente no módulo de religamento, cuja saída é conectada ao clear do

ip-op, após ser invertida (porque esta entrada do ip-op é ativada em 0). Uma

vez pressionado o botão, a saída do ip-op irá para 0, que ligará as chaves e

o disjuntor assumirá o seu funcionamento pleno. O mesmo ocorrerá quando o

disjuntor precisar ser religado após uma sobrecorrente.

Na ocorrência de uma sobrecorrente, o módulo de detecção é responsável por

produzir um sinal de nível lógico alto (1) na saída do ip-op, mantendo-se esta

saída independentemente das próximas medições feitas na placa de detecção até

19

Page 35: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

que haja um religamento. Portanto, a saída da placa de detecção de sobrecorrente

é conectada ao clock do ip-op, sendo a entrada D conectada à tensão de

alimentação. Então, na presença de detecção de transição positiva, o nível lógico

da sáida do ip-op será mantido em 1 e qualquer outra modicação na saída do

módulo de detecção não ocasionará nenhuma mudança na saída do ip-op. Porém,

no momento em que o operador pressionar o botão, como o religamento é feito por

uma entrada assíncrona [4, 15, 17], a saída do ip-op será 0.

O comportamento do ip-op, então, apresenta: sinal lógico 0 para o

MOSFET em estado de condução e 1 para o MOSFET em estado de bloqueio.

A saída do ip-op é conectada ao driver de acionamento dos MOSFETs [18], o

qual possui lógica invertida, conforme a Tabela 2.2. Portanto, a saída do ip-op é

invertida por um CI NOT [4, 15].

Para tornar visível ao operador as situações de bloqueio e condução das

chaves, são inseridos dois LEDs (Light Emitting Diode, ou Diodo Emissor de Luz)

[11, 17]. Um dos LEDs é verde e indica o estado de condução dos MOSFETs, o

outro LED é vermelho, indicando estado de bloqueio dos MOSFETs, após uma

falta ou sobrecorrente. O LED verde possui a mesma atuação que o driver: 1

(aceso) quando o equipamento está operando corretamente e 0 (apagado) quando

houver sobrecorrente (ou ao energizar o disjuntor). Porém, o LED vermelho possui

comportamento invertido e, por isso, está em um ramo paralelo à saída do ip-op,

seguida de um inversor. O catodo do LED vermelho é conectado ao inversor e

o anodo é conectado a um resistor ligado à fonte de alimentação. Se a saída do

ip-op for 1 (deligar as chaves), o LED estará com o anodo no potencial 0 V e

acenderá. Caso contrário, o anodo estará no potencial da alimentação e apagará.

20

Page 36: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Tabela 2.2: Interpretação dos níveis lógicos para o ip-op, o driver e os LEDs.

Estado das chaves

Saída dos ip-ops0 ON

1 OFF

Entrada do driver0 OFF

1 ON

LED verdeaceso ON

apagado OFF

LED vermelhoaceso OFF

apagado ON

Para isolar o sinal de controle dos MOSFETs (circuito de potência) utiliza-se

um driver optoacoplador [17], disposto em série com o LED verde.

Todos os componentes citados e suas inter-conexões estão na Figura 2.16. O

inversor utilizado é do tipo coletor aberto [11], para suprir a corrente necessária para

o acendimento dos LEDs.

Chaves semicondutoras

O circuito de potência contém os dois MOSFETs na conguração apresen-

tada na Figura 2.1.

O resistor RG mantém uma tensão na porta dos MOSFETs para que eles

conduzam, quando a saída do driver opto-acoplador estiver em nível lógico alto (1).

2.2.4 Esquema geral

O esquemático geral de todos os circuitos conectados pode ser visto na Fi-

gura 2.17.

21

Page 37: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

22

0:1

4R

D1

RD

2

RD

3

Me

diç

ão

Te

ns

ão

-

Te

ns

ão

+

AM

P

OP

AM

P

OP

AM

P

OP

CF

1

CF

2R

F2

RF

1

RC

S1

RC

S2

RC

S3

RC

S4

RC

S5

RC

S6

RC

S7

RC

S1

CF

RF

AM

P

OP

CC

S1

QQS

ET

CL

R

D

Sa

ída

relig

am

en

to

Rt

5V

5V

Ct

5V

Rp

u2

Rp

u1

5V

5V

Ro

pto

Drive

r o

pto

-

aco

pla

do

r

Eq

uip

am

en

to

RG

RG

Se

nso

r

Efe

ito

Ha

ll

Rre

t3

Rre

t1

Rre

t2

AM

P

OP

AM

P

OP

D1

D2

Sa

ida

de

tec

çã

o d

e

so

bre

co

rre

nte

Vcc

Me

diç

ão

reti

fic

ad

a

VR

EF

Rre

f

Trim

po

t

AM

P

OP

Co

mp

ara

do

r

Me

diç

ão

Co

rre

nte

Pa

ss

ag

em

po

r ze

ro

Vcc

Me

diç

ão

reti

fic

ad

a

VR

EF

Rre

f

Trim

po

tA

MP

OP

Co

mp

ara

do

r

Rre

t3

Rre

t1

Rre

t2

AM

P

OP

AM

P

OP

D1

D2

De

tecçã

o d

e

so

bre

co

rre

nte

Re

liga

me

nto

Po

tên

cia

e ló

gic

a

Bo

tão

Rp

ull-

do

wn

5V

Figura 2.17: Esquemático geral do Disjuntor Eletrônico.22

Page 38: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

2.3 Equalização dinâmica

A equalização dinâmica (snubber) permite que durante o desligamento das

chaves não ocorra uma variação brusca de tensão, que comprometeria a segurança

do equipamento e do operador [16, 19]. O circuito que realiza esta função é com-

posto por um resistor em série com um capacitor, ambos em paralelo com a chave

semicondutora. É necessário um snubber para cada chave, portanto são quatro

componentes, denominados: RS1, RS2, CS1 e CS2, como pode ser visto na Figura 2.18.

Rede

Equipamento

Controle

Snubber

RS1 RS2CS2CS1

Figura 2.18: Representação do circuito de snubber e sua ligação nos MOSFETs.

2.4 Dissipador Térmico

Todo componente eletrônico aquece em estado de condução, devido ao efeito

Joule [2]. Se a condução de calor do dispositivo para o ar não for eciente, sua

temperatura eleva demasiadamente, ao ponto de perder suas propriedades elétricas.

Para evitar esse problema, utilizam-se dissipadores térmicos que aumentam a

condução de calor para o ar, evitando superaquecimento do componente [20]. O

dimensionamento do dissipador térmico para os MOSFETs será apresentado na

Seção 3.7.

23

Page 39: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Para dimensionar o dissipador térmico é preciso modelar o sistema térmico

que envolve o semicondutor, o dissipador e o ar. O circuito elétrico equivalente

proposto na Figura 2.19 é composto de uma fonte de corrente (P) que simula a

potência elétrica dissipada, uma fonte de tensão (TA) que simula a temperatura

ambiente controlada (no caso do semicondutor enclausurado) ou a temperatura

na cápsula (no caso do semicondutor em ambiente aberto) e as resistências térmi-

cas, que são: entre a junção semicondutora e a cápsula (RtJC), entre a cápsula e

o ar (RtCA), entre a cápsula e o dissipador (RtCD) e entre o dissipador e o ar (RtDA).

P

RtJC RtCA

RtCD RtDA

TJ

TA

Figura 2.19: Esquemático do modelo elétrico equivalente para o estudo térmico.

A partir dos valores de cada uma das variáveis do modelo, é possível calcular

a resistência térmica máxima do dissipador para que a temperatura de junção no

semicondutor (TJ) não ultrapasse o valor máximo descrito na folha de dados do

componente.

24

Page 40: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Capítulo 3

Projeto

3.1 Especicações de projeto

As especicações de projeto são:

• Corrente nominal (In)

• Tensão nominal

• Corrente de corte

• Frequência de operação

A corrente nominal foi estabelecida de acordo com condições mencionadas

na Seção 3.7. Como o foco deste trabalho é validar a topologia, optou-se pelo valor

de corrente nominal 2 ARMS (2,83 AP) e o valor referente à sobrecorrente (InP)

igual a 3 ARMS (4,24 AP). O fundo de escala (IF) arbitrado no projeto é de 5 ARMS,

de acordo com as especicações do sensor de corrente [8], deixando margem para

variação na referência de corte até 7,07 AP.

A tensão nominal é de 220 VRMS, compatível com o valor de instalações de

BT (Baixa Tensão) bifásicas [1].

A frequência de operação é ditada pela frequência da rede onde for instalado

o disjuntor. No Brasil, este valor é predominantemente 60 Hz, adotado neste projeto.

25

Page 41: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

3.2 Projeto do módulo de detecção de sobrecorrente

3.2.1 Estágio de condicionamento de sinal

Pelas características do sensor de corrente apresentado na Seção 2.2.1, o fundo

de escala do sinal na entrada do do módulo de detecção, chamado Vin, é calculado

como a seguir, onde IF é o fundo de escala de corrente e S é a relação de transformação

corrente/tensão do sensor:

V in = S × IF (3.1)

V in = 40 mV/A× 5 A (3.2)

V in = 200 mV (3.3)

De modo a respeitar a máxima excursão de sinal do estágio de comparação,

a maginitude do sinal de entrada do comparador deve ser menor que 5 V, que é a

tensão de alimentação do comparador. De acordo com o datasheet no comparador

[14], esta magnitude não pode ser superior a 4 V, senão infere erro na comparação.

Portanto, o módulo do ganho na banda passante do ltro da estrutura da Figura

2.7 deve ser:

Av =4 V

200 mV= 20 (3.4)

Comparando-se com (2.3), tem-se:

4

0, 2=

RF

RCS1

(3.5)

De acordo com o datasheet do sensor de corrente, o resistor RCS1 deve possuir

resistência maior que 4, 7 kΩ; arbitrou-se o valor comercial disponível:

RCS1 = 5, 1 kΩ (3.6)

26

Page 42: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Atribuindo esse valor em (3.5), tem-se:

RF

RCS1

=4

0, 2(3.7)

RF =4× 5100

0, 2(3.8)

RF = 102 kΩ (3.9)

O valor de RF deve ser aproximado para o valor comercial abaixo daquele

calculado, porque um aumento no ganho comprometeria a leitura da comparação,

como discutido anteriormente. Portanto:

RF = 100 kΩ (3.10)

O capacitor do ltro é calculado de acordo com a frequência de corte desejada.

Como a frequência de operação nominal do Disjuntor Eletrônico é 60 Hz, basta que

as altas frequências de ruídos externos sejam retiradas do sinal, então arbitrou-se 1

kHz de frequência de corte, mais de uma década acima da frequência nominal, como

pode ser visto no diagrama de Bode da Figura 3.1. De acordo com (2.3), tem-se:

fc =1

2π ×RF × CF

(3.11)

Portanto:

1 kHz =1

2π × 120 kΩ× CF

(3.12)

CF ≈ 1, 3 nF (3.13)

Aproximando para o valor comercial, tem-se:

CF = 1, 5 nF (3.14)

27

Page 43: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

O capacitor CCS1 foi calculado para que sua impedância capacitiva na frequên-

cia nominal (60 Hz) fosse muito inferior à resistência RCS1. Adotou-se 10% do valor

de RCS1:

1

wCCS1

= 0, 1×RCS1 (3.15)

1

2π × 60× CCS1

= 0, 1× 5100 (3.16)

1

CCS1

= 510× 2π × 60 (3.17)

CCS1 = 5, 2 µF (3.18)

Aproximando-se para o valor comercial superior (afastando a frequência de

corte da frequência nominal):

CCS1 = 10 µF (3.19)

10-1

100

101

102

103

104

105

-20

0

20

40Diagrama de Bode

Ganho (

dB

)

10-1

100

101

102

103

104

105

-200

-100

0

100

200

Fase (

gra

us)

Frequência (Hz)

Figura 3.1: Diagrama de Bode do estágio de condicionamento de sinal do módulo

de detecção de sobrecorrente.

O CI (circuito integrado) do amplicador operacional utilizado (TL084) foi

escolhido por ter alta relação ganho-banda [10, 11], por já se encontrar disponível

28

Page 44: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

para uso e por ter quatro amplicadores em um único encapsulamento. Seguindo as

orientações do fabricante, foram incluídos em paralelo com a alimentação do CI um

capacitor eletrolítico e outro de cerâmica, de valores 100 uF e 10 nF, respectivamente.

O intuito desta inclusão é propiciar uma alimentação mais estável e com menor

quantidade de ruídos de alta frequência ao amplicador.

3.2.2 Estágio de reticação

O diodo utilizado para a reticação da Figura 2.8 foi escolhido por estar

disponível para uso e seu código é MUR160.

De acordo com (2.5), para que o estágio reticador tenha ganho unitário, os

resistores Rret1 e Rret3 devem possuir o mesmo valor nominal [11]. Por questões

práticas, atribuiu-se o mesmo valor para Rret2:

Rret1 = Rret2 = Rret3 = 10 kΩ (3.20)

3.2.3 Estágio de comparação

O componente escolhido para realizar a comparação foi o LM339, por estar

disponível para uso no laboratório.

O valor de tensão VREF deve ser equivalente ao valor de referência da cor-

rente de corte após o estágio de condicionamento de sinal. Portanto, a tensão de

referência é dada pelo valor da corrente de corte (IsP, conforme Seção 3.1) multi-

plicada pela transcondutância do sensor (40 mV/A [8]) e pelo ganho do estágio de

condicionamento.

VREF = (InP )× 40mV

1A×(RF

RCS1

)(3.21)

VREF = (3√

2)× 0, 04×(

100

5, 1

)(3.22)

VREF = 3, 33 V (3.23)

29

Page 45: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

O trimpot utilizado já se encontrava disponível para uso e ao resistor Rref foi

atribuído um valor comercial muito abaixo do valor do trimpot, para que a queda

de tensão não interferisse no ajuste de VREF.

Trimpot = 20 kΩ (3.24)

Rref = 1 kΩ (3.25)

3.3 Projeto do módulo de potência e lógica

3.3.1 Lógica de acionamento

A constante de tempo do circuito RC conectada ao preset do ipop deve ser

maior que o tempo mínimo de detecção do ipop, conforme o datasheet. Portanto,

arbitrou-se 10 µs. O valor de Rt e Ct são dados por:

Rt × Ct = 10 µs (3.26)

Os valores de Rt e Ct foram arbitrados segundo a faixa de valores comerciais

disponíveis:

Rt = 560 Ω (3.27)

Ct = 20 nF (3.28)

O ipop utilizado foi o CI 74LS74 e o inversor utilizado foi o CI SN7406, o

qual necessita de um resistor de pull-up (Rpu) em cada canal devido à presença de

um coletor aberto no estágio de saída [5, 11].

O resistor Rpu1 presente na conexão clear do ipop foi arbitrado 560 Ω para

fornecer a corrente necessária para o acionamento do clear, de acordo com a equação

30

Page 46: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

abaixo:

V cc− VOLmin = 560× IRpu1 (3.29)

5− 0, 8 = 560× IRpu1 (3.30)

IRpu1_max = 7, 5mA (3.31)

Onde VOLmin é a menor tensão identicada como nível lógico 0 pelo ip-op e

IRpu1 é a corrente que ui por Rpu1. De acordo com o datasheet do SN7406 [21], sua

corrente máxima de saída em nível lógico baixo é 40 mA, acima do valor calculado

para IRpu1.

O resistor Rpu2 conectado ao LED vermelho foi calculado para que a corrente

máxima no LED não ultrapassasse sua corrente nominal, como visto na equação

abaixo:

V cc−Rpu2× ILED − VLED − VCEsat = 0 (3.32)

5−Rpu2× 0, 005− 2− 0, 2 = 0 (3.33)

Rpu2 = 560 Ω (3.34)

Então, arbitrou-se:

Rpu1 = Rpu2 = 560 Ω (3.35)

Por ser um valor já utilizado no projeto, tornando a montagem do protótipo

mais fácil. O resistor de pull-up do LED verde foi calculado tendo como base a má-

xima corrente tolerada pela entrada do driver optoacoplador. Seu valor foi calculado

a partir da equação abaixo:

V cc−Ropto × Imax − VLEDG − V dopto = 0 (3.36)

5−Ropto × 0, 016− 2− 0, 8 = 0 (3.37)

31

Page 47: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Ropto ≤ 137, 5 Ω (3.38)

Onde Vcc é a tensão de alimentação (5 V), Ropto é o resistor de pull-up

responsável por manter a corrente do opto-acoplador, Imax é a máxima corrente de

operação do opto-acoplador [18], VLEDG é a tensão nos terminais do LED verde

quando está aceso e V dopto é a tensão no diodo interno do opto-acoplador. O valor

comercial escolhido foi:

Ropto = 100 Ω (3.39)

O modelo de opto-acoplador escolhido foi ACPL-H342 [18], que necessita de

um capacitor de 100 nF no terminal de alimentação, de acordo com sua folha de

dados.

3.3.2 Chaves semicondutoras

O MOSFET escolhido (na Seção 2.1) foi o IXFB44N100Q3 [6], porque apre-

senta capacidade de bloqueio de até 500 V além de possuir baixa resistência dreno-

fonte em condução, o que propicia menor perda ôhmica por efeito Joule. O sensor

de corrente utilizado [8] era um dos sensores disponíveis para uso e foi escolhido

devido ao preço, tamanho e boa linearidade no fundo de escala do Disjuntor. Na

folha de dados do sensor é descrito um capacitor de 100 nF, necessário no termi-

nal de alimentação do componente. A relação de transcondutância do sensor é de

40 mV/A [8]. Portanto, como o fundo de escala de corrente é de 5 A, o fundo de

escala de tensão será 200 mV, de acordo com (3.40) abaixo.

0, 04× 5 = 0, 2 V (3.40)

O resistor de porta (gate), RG, em geral é calculado de acordo com o tempo

de chaveamento do MOSFET. Seu valor deve ser tal que o descarregamento das

capacitâncias da chave ocorra num tempo mínimo, de acordo com a frequência de

chaveamento [22]. Porém, neste trabalho o MOSFET ca em estado de condução

por tempo prolongado, que é sua operação normal. O valor da resistência, então, é

32

Page 48: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

calculado de acordo com o tempo de desligamento, que deve ser o menor possível.

Foi arbitrado 1 µs para que a chave se desligue, então a resistência do RG pode ser

calculada da seguinte forma [22]:

IG =QGS +QGD

tSW(3.41)

IG =(76 + 110)× 10−9

1× 10−6(3.42)

IG = 0, 186 (3.43)

RG =VDD + VGSth

IG(3.44)

Onde QGS é a carga elétrica entre o terminal de porta e o de fonte, QGD é a

carga elétrica entre a porta e o dreno, tSW é o tempo de desligamento da chave, IG

é a corrente de porta durante a descarga (estimada em [22]) e VGSth é a tensão de

threshold da chave [4, 5].

De acordo com o datasheet do MOSFET [6], VGSth pode variar entre 3,5 V e

6,5 V. Então:

VDD + VGSthmin

IG≥ RG ≤ VDD + VGSthmax

IG(3.45)

15 + 3, 5

0, 186≥ RG ≤ 15 + 6, 5

0, 186(3.46)

99, 462 ≥ RG ≤ 115, 591 (3.47)

Arbitrou-se:

RG = 100 Ω (3.48)

33

Page 49: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

3.4 Projeto do módulo de religamento

3.4.1 Estágio de condicionamento de sinal

As resistências RD1, RD2 e RD3 foram calculadas para que a tensão entre

os terminais Tensão+ e Tensão- da Figura 2.11 tenha 1/5 da magnitude da tensão

de saída do transformador (segundo a Seção 2.2.2), ou seja:

(Tensão+) − (Tensão−) =1

5× 14RMS (3.49)

(Tensão+) − (Tensão−) =1

5× 14√

2 (3.50)

(Tensão+) − (Tensão−) = 3, 96VP (3.51)

O valor das resistências foi arbitrado:

RD1 = RD3 = 2 kΩ (3.52)

RD2 = 1 kΩ (3.53)

Os resistores da Figura 2.12 foram escolhidos de tal forma que o ganho seja

aproximadamente unitário, visto que o sinal de entrada (entre os terminais identi-

cados por "Tensão-" e "Tensão+") já possui fundo de escala conveniente para o

estágio de comparação (menos de 4 V), conforme Seção 2.2.2.

RCS1 = RCS2 = RCS3 = 10 kΩ (3.54)

RCS4 = RCS5 = 5, 1 kΩ (3.55)

RCS6 = RCS7 = 20 kΩ (3.56)

RF1 = RF2 = 10 kΩ (3.57)

34

Page 50: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Com esses valores e com (2.7), tem-se:

Av =

(1 + 2× RCS4

RCS3

)× RF1

RCS6(3.58)

Av =

(1 + 2× 5, 1

10

)× 10

20(3.59)

Av = 1, 01 (3.60)

A frequência de corte do ltro do amplicador de instrumentação é dada por

(3.11) e seu valor foi arbitrado em 1 kHz, assim como na Seção 3.2. Os capacitores

CF1 e CF2 são calculados de forma semelhante:

CF1 =1

2π × 1 kΩ×RF1

(3.61)

CF2 =1

2π × 1 kΩ×RF2

(3.62)

RF1 e RF2 possuem o mesmo valor, portanto:

CF1 = CF2 =1

2π × 1 kΩ× 10 kΩ(3.63)

CF1 = CF2 = 15 nF (3.64)

O gráco de Bode do ltro pode ser visto na Figura 3.2.

35

Page 51: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

102

103

104

105

-20

-15

-10

-5

0

5Diagrama de Bode

Ganho (

dB

)

102

103

104

105

-100

-80

-60

-40

-20

0

Fase (

gra

us)

Frequência (Hz)

Figura 3.2: Diagrama de Bode do estágio de condicionamento de sinal do módulo

de religamento.

3.4.2 Estágio de reticação

O projeto é idêntico ao da placa de detecção, descrito na Seção 3.2, por se

tratar do mesmo, circuito com os mesmos componentes, e por possuir o mesmo

objetivo.

3.4.3 Estágio detector de passagem por zero

O projeto desse estágio é semelhante ao projeto do estágio de comparação

da placa de detecção (Seção 3.2), exceto pela tensão de referência que, no caso da

placa de religamento, deve indicar a passagem por zero. Neste caso, arbitrou-se uma

pequena faixa de valores dentro da qual a medida é considerada como passagem por

zero, pois não é possível comparar com 0 V devido ao ruído, que poderia ocasionar

um erro na leitura de 0 V e a saída do comparador permaneceria em nível lógico

(0), como discutido na Seção 2.2.2. Portanto, a tensão de referência foi arbitrada

36

Page 52: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

como equivalente ao valor da senóide de tensão no ângulo de 5:

VREF = V redeRMS × sin(5)× Avreligamento (3.65)

VREF = V rede×√

2× sin(5)×(N1

N2

)−1

× RD2

RD1 +RD2 +RD3(3.66)

VREF = 220√

2× sin(5)×(

220

14

)−1

× 1

5(3.67)

VREF = 27, 11× 0, 127 (3.68)

VREF = 0, 345V (3.69)

Para o religamento em 5 graus elétricos, a tensão instantânea apresenta um

valor de aproximadamente 27 V, para uma rede de 220 VRMS. Desta forma, o

equipamento apresenta um religamento mais suave quanto menor for esta banda.

Os resistores Rref e Trimpot foram arbitrados com os mesmos valores das

Equações 3.25 e 3.24, e com o ajuste do trimpot é possível fornecer a tensão VREF

supracitada.

3.4.4 Acionamento do botão de religamento

O componente do estágio de acionamento é uma porta lógica AND e foi

utilizado o CI 7400.

3.5 Alimentação do circuito

Devido ao uso de componentes eletrônicos, o Disjuntor necessita de uma fonte

de alimentação de tensões contínuas. Como o mesmo será utilizado, incialmente,

em equipamentos no laboratório que já possuem fontes de alimentação, elas foram

reaproveitadas para esse m.

A alimentação dos circuitos das três placas foi realizada com essa fonte DC

regulada externa, com entrada para a rede e saídas: 15 V, -15 V, 5 V e terra. Cada

uma das placas possui um conector do tipo Phoenix de 5 pinos, com o mesmo

37

Page 53: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

padrão de pinagem, de acordo com a Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Padrão de pinagem dos conectores de alimentação das três placas.

Número do pino Tensão DC (V)

1 15

2 5

3 -15

4 0

5 -

O driver opto-acoplador necessita de duas fontes de alimentação isoladas: no

lado da entrada (sinais de medição) e no lado da saída (circuito de potência) [18]. A

tensão de alimentação no lado da saída não pode ser referenciada ao 0 V dos outros

componentes do circuito, porque senão perderia a propriedade de isolamento. Por-

tanto faz-se necessário uma fonte isolada, sendo utilizado no projeto o componente

MEV3S0515SC [23], cujas entradas são 5 V e 0 V e cujas saídas são 15 V e 0 V. Em

seu datasheet, é especicado um resistor de carga mínima, dimensionado a partir da

potência nominal dissipada pelo circuito [23], de acordo com as equações a seguir:

P =V cc2

R(3.70)

R =V cc2

P(3.71)

R =152

0, 3(3.72)

Rmax = 750 Ω (3.73)

R = 750 Ω (3.74)

Onde R é o resistor de carga da fonte isolada, Vcc é a tensão de saída e P

é 10% da potência máxima da fonte, dito no datasheet como 3 W [18]. Portanto

P = 0,3 W.

38

Page 54: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

3.6 Projeto físico

O projeto físico foi subdividido em três placas, seguindo a lógica dos módulos

apresentados na Seção 2.2. O projeto de cada uma das placas foi desenvolvido

seguindo-se as orientações espaciais presentes nos diagramas de blocos das Figuras

3.3, 3.4 e 3.5, onde os blocos de nome "Corrente", "Comparador", "Botão" e

"Tensão" são conectores. O sensor de corrente do módulo de detecção está disposto

na placa de potência e lógica, porque necessita ser alocado na área de potência,

visto que a corrente medida deve uir através dele.

Corrente Comparador

CONDICIONAMENTO RETIFICADOR

COMPARADOR

Detecção de

sobrecorrente

Referência

Figura 3.3: Diagrama em blocos da construção física da placa de detecção de sobre-

corrente.

39

Page 55: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Sensor

de

corrente

Corrente BotãoComparador

Te

nsã

o

Potência e lógica

Fase in Fase out

Neutro Neutro

MOSFETs

Figura 3.4: Diagrama em blocos da construção física da placa de potência e lógica.

COMPARADOR

ReligamentoTensão Botão

CONDICIONAMENTO DE SINAL RETIFICADOR

AND

Referência

Figura 3.5: Diagrama em blocos da construção física da placa de religamento.

O layout utilizado para confecção das placas de detecção, lógica e potência e

religamento podem ser vistos nas Figuras 3.6 a 3.10.

40

Page 56: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 3.6: Vista de cima da placa depotência e lógica.

Figura 3.7: Vista de baixo da placade potência e lógica.

Figura 3.8: Vista de cima da placa dereligamento.

Figura 3.9: Vista de baixo da placade religamento.

41

Page 57: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 3.10: Vista de cima da placa de detecção de sobrecorrente.

As Figuras 3.11, 3.12 e 3.13 apresentam fotos das placas montadas com os

componentes calculados no Capítulo 3. Não é possível ver alguns deles, por estarem

soldados na parte inferior das placas.

Figura 3.11: Foto da placa de detecção de sobrecorrente.

42

Page 58: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 3.12: Foto da placa de potência e lógica.

Figura 3.13: Foto da placa de religamento.

3.7 Dimensionamento do dissipador térmico

Conforme descrito na Seção 2.4, é necessário calcular a resistência térmica

máxima do dissipador. As resistências RtJC e RtCD estão disponíveis na folha de

dados do componente utilizado, e possuem os valores:

RtJC = 0, 08C/W (3.75)

RtCD = 0, 13C/W (3.76)

43

Page 59: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

O valor da fonte de corrente P é o valor da potência dissipada pelo dispositivo

semicondutor referente às perdas por condução:

P = In2 ×RDSon (3.77)

P = 22 × 0, 22 (3.78)

P = 0, 88W (3.79)

onde In é o valor nominal da corrente de operação (conforme Seção 3.1 e RtDSon

é o valor máximo da resistência entre dreno e fonte do MOSFET em condução de

corrente, disponível na folha de dados.

O valor da resistência RtCA deve ser obtido experimentalmente, por um teste

que será descrito na Seção 3.7.1.

3.7.1 Teste para obtenção da resistência térmica cápsula-ar

do MOSFET

O teste consiste em averiguar o comportamento em regime permanente

da temperatura na cápsula do dispositivo semicondutor a partir da passagem de

corrente nominal pela chave estática. Então, o modelo da Figura 2.19 é simplicado

retirando-se as resistências RtDA e RtCD. A corrente nominal é realizada a partir de

um variac (variable transformer, ou transformador variável) e uma carga resistiva

conhecida. O variac é ajustado para fornecer uma tensão que produzirá a corrente

nominal, medida por um amperímetro.

Como os dois dispositivos semicondutores utilizados na topologia descrita

na Seção 2.1 são idênticos, a potência dissipada sobre eles na condução é a mesma.

Desta forma, o teste pode ser realizado para apenas um dos MOSFETs, aplicando

este resultado obtido para o outro dispositivo.

Para esse teste, uma fonte de 15 V DC foi ligada à porta do MOSFET

através de um resistor de 100 Ω de modo a realizar o acionamento do mesmo.

Para aquisição dos dados de temperatura ao longo do tempo, foi utilizado

44

Page 60: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

um DataLogger, que realiza as aquisições a partir de um sensor termopar do tipo

K a uma taxa de amostragem selecionada pelo usuário e cataloga os dados em

uma tabela para posterior visualização [20]. Na Figura 3.14 estão diagramados a

montagem e as conexões dos equipamentos para o teste.

MOSFET

A

Data

Logger

CargaRede

Amperímetro

Variac

Figura 3.14: Diagrama da montagem experimental para teste térmico.

Com os dados obtidos do DataLogger, é possível traçar a curva de tempe-

ratura do MOSFET e obter a temperatura de equilíbrio térmico do componente.

Esta temperatura é a tensão TA descrita na Seção 2.4. Desta forma, medindo-se a

temperatura na cápsula é possível obter o valor da resistência RtCA, como vericado

nas Equações 3.80, através das Leis de Kircho.

REQ = RtJC +RtCA × (RtCD +RtDA)

RtCA +RtCD +RtDA

(3.80)

TJ − TA = REQ × P (3.81)

TJ − TA = REQ ×RDSon× In2 (3.82)

RtJC + REQ =TC − TJ

P(3.83)

Foram realizados três testes com diferentes correntes: 2 A, 3 A e 4 A, em

45

Page 61: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

RMS. As Figuras 3.15, 3.16 e 3.17 mostram as curvas de temperatura obtidas para

cada um dos testes.

0 100 200 300 400 500 60024

26

28

30

32

34

36

38

40

42

44

Tempo (s)

Tem

pera

tura

(°C

)

Temperatura no dreno do MOSFET

2A

Figura 3.15: Curva de estabilidade térmica do MOSFET para 2A.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 100025

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

Tempo (s)

Tem

pera

tura

(°C

)

Temperatura no dreno do MOSFET

3A

Figura 3.16: Curva de estabilidade térmica do MOSFET para 3A.

46

Page 62: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

0 20 40 60 80 100 120 140 160 18020

30

40

50

60

70

80

90

Tempo (s)

Tem

pera

tura

(°C

)

Temperatura no dreno do MOSFET

4A

Figura 3.17: Curva de estabilidade térmica do MOSFET para 4A.

As temperaturas de equilíbrio para cada uma das correntes são as apresen-

tadas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2: Valores de temperatura de equilíbrio para os testes térmicos.

Corrente nominal Temperatura (C) Tempo de equilíbrio (s)

2 A 43,7 550

3 A 74,0 810

4 A >85 180

Segundo a folha de dados do fabricante, a temperatura máxima de junção

suportada com segurança pelo dispositivo semicondutor é de 150C [6] e por isso

evitou-se ultrapassar 90C na cápsula, por se desconhecer a temperatura de junção

TJ . Após os testes, foi possível calcular esse valor e o valor da resistência RtCA,

apresentados na Tabela 3.3.

47

Page 63: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Para 2 A:

0, 08 + RtCA =43, 7− 24, 3

0, 2× 22(3.84)

RtCA = 24, 17 Ω (3.85)

Para 3 A:

0, 08 + RtCA =74− 26

0, 2× 22(3.86)

RtCA = 59, 92 Ω (3.87)

Para 2 A:

TJ = TC +RtCA × P (3.88)

TJ = 43, 7 + 24, 17× 0, 8 (3.89)

TJ = 63, 0C (3.90)

Para 3 A:

TJ = TC +RtCA × P (3.91)

TJ = 74 + 59, 92× 0, 8 (3.92)

TJ = 121, 9C (3.93)

Os valores de RtCD e RtDA foram desprezados, pois os testes foram realizados

sem dissipador térmico. Para a estimativa do valor de TJ, a resistência RtJC foi

considerada muito menor que a resistência RtCA [20]. O valor de P foi calculado

em (3.77).

48

Page 64: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Tabela 3.3: Valores de temperatura de junção e de resistência térmica junção-ar

para 2 A e 3 A.

Corrente Temperatura de junção (C) RtCA (Ω)

2 A 63,0 24,17

3 A 121,9 59,92

Portanto, a maior corrente nominal para esse dispositivo sem o uso de

dissipador térmico é de 3 A, pois a temperatura de junção não ultrapassa 150C.

Acima disso, é necessário utilizar dissipador com resistência térmica calculada a

partir de (3.80). Portanto, não foi utilizado dissipador térmico no protótipo inicial

apresentado neste trabalho.

49

Page 65: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Capítulo 4

Resultados

4.1 Resultados de simulação

4.1.1 Simulações da placa de detecção de sobrecorrente

Nesta seção serão abordados os resultados de simulação dos circuitos apre-

sentados na Seção 2.2.1 e projetados na Seção 3.2.

Para simular o sensor de corrente, foi utilizado um modelo PSpice de fonte

senoidal ideal de frequência 60 Hz com oset de 2,5 V (metade da tensão de ali-

mentação) e amplitude 200 mVP, correspondente à máxima saída do sensor para

corrente no fundo de escala do protótipo, conforme as especicações de projeto na

Seção 3.1.

O ganho de tensão do estágio de condicionamento de sinal da placa de de-

tecção foi calculado na Seção 3.2 e pode ser visto na Figura 4.1, onde a curva

em verde (V(CORRENTE)) é a tensão da fonte (sensor) e a curva em vermelho

(V(MEDICAO)) é a tensão amplicada na saída do estágio. O ganho de tensão

simulado foi de:3, 929

2, 7− 2, 5= 19, 645 V/V (4.1)

Esse valor possui um erro inferior a 2% do valor calculado em (3.4). A

saída do estágio está em conformidade com o nível de tensão aceito no estágio de

comparação, conforme desejado no projeto da Seção 3.2. Pode-se observar também

50

Page 66: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

a defasagem entre as curvas, devido à conguração inversora do estágio, conforme

Seção 2.2.1.

Time

50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100ms 110ms 120ms 130ms 140ms 150msV(CORRENTE) V(MEDICAO)

-4.0V

-2.0V

0V

2.0V

4.0V

Figura 4.1: Simulação no domínio do tempo do estágio de condicionamento na placa

de detecção de sobrecorrente.

A simulação da frequência de corte do ltro está ilustrada na Figura 4.2,

onde a frequência de corte inferior é 6 Hz e a superior é 1 kHz (Seção 3.2). Foi

utilizada a ferramenta AC Sweep do PSpice para realizar uma varredura em

frequência na fonte de tensão que simula a saída do sensor de corrente, de 1 Hz a

100 kHz.

51

Page 67: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Frequency

1.0Hz 3.0Hz 10Hz 30Hz 100Hz 300Hz 1.0KHz 3.0KHz 10KHz 30KHz 100KHzDB(V(MEDICAO))

-20

0

20

40

Figura 4.2: Simulação no domínio da frequência do estágio de condicionamento na

placa de detecção de sobrecorrente.

A simulação da reticação de precisão de onda completa está na Figura 4.3,

onde a curva em vermelho é o sinal de entrada do estágio e a curva em azul é o

sinal reticado.

Time

50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100ms 110ms 120ms 130ms 140ms 150msV(MEDICAO) V(MEDICAO_RET)

-4.0V

-2.0V

0V

2.0V

4.0V

Figura 4.3: Simulação do estágio de reticação na placa de detecção de sobrecorrente.

Para ilustrar o funcionamento do estágio de comparação, o potenciômetro foi

ajustado para que VREF = 3,33 V. Então, quando o nível de tensão do sinal de saída

do reticador ultrapassa esse valor, a tensão de saída do comparador corresponde

52

Page 68: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

ao nível lógico alto (1), que é igual à alimentação positiva do CI LM339, 5 V (Seção

3.5). Como a fonte ideal que simula o sensor é senoidal, isso ocorre a cada meio

período, tornando a saída do comparador uma onda quadrada de valor máximo

5 V e valor mínimo 0 V, como visto na Figura 4.4. A curva em azul é o sinal de

entrada reticado, a curva em verde é a constante de referência e a curva em rosa é

o sinal digital na saída da comparação. O gráco começa em 50 ms para descartar o

regime transistório causado pelos capacitores do estágio de condicionamento de sinal.

Time

50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100ms 110ms 120ms 130ms 140ms 150msV(MEDICAO_RET) V(Vref)

0V

2.5V

5.0V

SEL>>

V(Saida_A)0V

2.5V

5.0V

Figura 4.4: Simulação da comparação de tensões na plada de detecção de sobrecor-

rente.

4.1.2 Simulações da placa de potência e lógica

A Figura 4.5 mostra a simulação da resposta ao degrau do circuito RC presente

na placa de potência e lógica, cujos componentes foram calculados conforme a

Seção 3.3 nas Equações 3.27. O degrau foi simulado como uma fonte de tensão

de onda quadrada, com um atraso de 10 µs e tempo de subida 10 µs e período

innito, representado na curva verde, a m de simular a inicialização da fonte de

alimentação. A resposta ao degrau do circuito RC é uma curva exponencial [12, 16]

e está representada em azul no gráco.

53

Page 69: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Time

0s 50us 100us 150us 200us 250us 300us 350us 400us 450us 500usV(Rt:2) V(5VA)

0V

2.0V

4.0V

6.0V

Figura 4.5: Simulação do circuito RC presente na placa de potência e lógica.

O uxograma da Figura 2.4 foi utilizado como base para a simulação geral

da placa de potência e lógica, apresentada na Figura 4.6. O gráco de cima

apresenta os sinais provenientes das placas de detecção e religamento e o de baixo,

o acionamento das chaves e o carregamento do capacitor, semelhante a um degrau

devido à escala de tempo. No momento em que o Disjuntor é energizado, o

capacitor Ct se carrega (curva azul) e o Disjuntor permanece desligado (curva rosa).

No instante t = 20 ms, o botão de religamento é pressionado (curva vermelha), o

Disjuntor é ligado. A sobrecorrente (curva verde) é detectada em t = 50 ms e o

Disjuntor se desliga.

54

Page 70: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Time

0s 10ms 20ms 30ms 40ms 50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100msV(Rt:2) V(ACIONA)

0V

2.5V

5.0V

SEL>>

V(Saida_C) V(Saida_A)0V

2.5V

5.0V

Figura 4.6: Simulação geral da placa de potência e lógica.

As entradas referentes ao botão de religamento e à detecção de sobrecorrente

foram simuladas como fontes de tensão de onda quadrada de atrasos 20 ms e 50 ms,

respectivamente, duração de 2 ms e período innito. Essas fontes seguem a lógica

digital indicada na Tabela 2.2 e simulada nos circuitos das placas de detecção e

religamento, cujos resultados se encontram nas Figuras 4.4 e 4.9.

4.1.3 Simulações da placa de religamento

A simulação do ganho de tensão no domínio do tempo do estágio de medição

está na Figura 4.7. A curva vermelha corresponde à tensão de entrada, simulada por

uma fonte senoidal ideal de 14 VRMS, e a curva verde corresponde à saída do estágio

de medição, composto pelo divisor resistivo e pelo amplicador de instrumentação

(Figura 2.11). O ganho de tensão é dado por:

3, 9598

19, 799=

1

5V/V (4.2)

O valor simulado foi exatamente o projetado em (3.49).

Verica-se, através do software de simulação, que o atraso causado pela

capacitância do ltro diferencial não supera 150 µs, que equivale a 3,24 a 60 Hz,

conforme visto na Figura 3.2.

55

Page 71: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Time

0s 10ms 20ms 30ms 40ms 50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100msV(MEDICAO) V(RCS8:1)

-20V

-10V

0V

10V

20V

Figura 4.7: Simulação do ganho de tensão no domínio do tempo do estágio de

medição da placa de religamento.

A Figura 4.8 mostra a varredura em frequência do estágio de medição. A

frequência do corte do ltro ocorre em 1,2 kHz.

Frequency

10Hz 30Hz 100Hz 300Hz 1.0KHz 3.0KHz 10KHz 30KHz 100KHzV(MEDICAO)

0V

1.0V

2.0V

3.0V

Figura 4.8: Simulação do ganho de tensão no domínio da frequência do estágio de

medição da placa de religamento.

Após a reticação, como visto na Figura 4.3, tem-se o detector de passagem

por zero, cujo circuito se encontra representado na Figura 2.13. A Figura 4.9

apresenta a simulação do circuito, onde a curva em verde é a tensão de entrada do

56

Page 72: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

estágio de medição após o divisor resistivo, a curva em azul representa o nível de

tensão de referência e a curva em rosa é a saída digital que indica a passagem por 0 V.

Time

0s 10ms 20ms 30ms 40ms 50ms 60ms 70ms 80ms 90ms 100msV(VREF) V(TENSAO+,TENSAO-)

-4.0V

0V

4.0V

SEL>>

V(V_ZCD)0V

5V

10V

Figura 4.9: Simulação do detector de passagem por zero da placa de religamento.

4.2 Resultados experimentais

Para os testes, três PCIs (Placas de Circuito Impresso) foram confeccionadas,

uma para cada módulo especicado na Seção 2.2. Utilizou-se um osciloscópio Tektro-

nix TPS2024 para visualização dos dados durante os testes e o software OpenChoice

para obtenção dos dados no computador.

4.2.1 Resultados da placa de detecção

No estágio de condicionamento de sinal foram utilizados os valores de com-

ponentes calculados na Seção 3.2 para as resistências RCS1 e RF (Equações 3.6 e

3.10). Devido à ausência de capacitor de valor 1,5 nF para realizar a capacitância

CF, foram utilizados dois capacitores em paralelo de valores 1 nF e 560 pF. Na Fi-

gura 4.10 a curva amarela é a entrada do estágio e a curva azul é a saída. Pode-se

observar que e os ruídos provenientes da rede foram ltrados. O ganho é dado pela

57

Page 73: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

divisão entre o valor RMS da saída e o da entrada:

Av =4, 23

0, 203(4.3)

Av = 20, 84 V/V (4.4)

Esse valor está dentro da faixa de 1% de erro em relação ao valor projetado

em (3.4).

No estágio de reticação foram utilizados componentes com os valores cita-

Figura 4.10: Captura de tela do osciloscópio - ganho de tensão da placa de detecção.

dos em (3.20) A Figura 4.11 mostra o sinal senoidal da Figura 4.10 reticado.

O trimpot, cujo valor está na Equação 3.24, foi ajustado para que a tensão

de referência correspondesse ao valor calculado em (3.21). Na Figura 4.12 pode-se

observar que no instante em que a entrada do estágio (curva azul) ultrapassa o limite

de VREF, a saída do estágio (curva rosa) realiza um degrau para 5 V, equivalente ao

nível lógico alto (1). O valor de VREF, mostrado no cursor como aproximadamente

3,36 V, equivale a 3 A, conforme calculado em (3.21).

58

Page 74: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 4.11: Captura de tela do osciloscópio - reticação da placa de detecção.

Figura 4.12: Captura de tela do osciloscópio - comparação da placa de detecção.

4.2.2 Resultados da placa de religamento

Os valores comerciais dos componentes utilizados para o divisor resistivo

encontram-se em (3.52) e (3.53) e para o amplicador de instrumentação, em (3.54),

59

Page 75: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

(3.55), (3.56) e (3.57). Na Figura 4.13, a curva em amarelo representa a saída do

transformador, cujo valor é de 7 VRMS, e não de 14 VRMS como apresentado na

Seção 3.4.3, pois o gerador de funções utilizado possui esse valor como limite de

tensão na saída. A curva em azul é a saída do divisor resistivo e a curva em rosa

representa a saída do amplicador operacional (descritos na Seção 2.2.2). A curva

rosa está sob a curva azul devido à escala, pois ambas possuem valores de pico com

diferença de 1%, visto que o ganho de tensão é praticamente unitário, como visto

na Seção 3.4.

A saída do estágio de reticação, na Figura 4.14 , mostra o sinal da Figura

Figura 4.13: Captura de tela do osciloscópio - ganho de tensão da placa de religa-mento.

4.13 reticado.

As Figuras 4.15 e 4.16 mostram a detecção de passagem por zero em

atuação para diferentes níveis de tensão de referência, ajustados através do trimpot

presente na placa de religamento. No instante em que o valor da entrada do estágio

de comparação (curva azul) é próximo de 0 V, a saída (curva rosa) passa a nível

lógico (1). A resistência do trimpot somada à do resistor Rref de cada gura foram

medidas e seus valores foram iguais a 2,265 kΩ e 1,103 kΩ, respectivamente.

60

Page 76: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 4.14: Captura de tela do osciloscópio - reticação da placa de religamento.

Figura 4.15: Captura de tela do osciloscópio - comparação da placa de religamento,

primeiro caso.

61

Page 77: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 4.16: Captura de tela do osciloscópio - reticação da placa de religamento,

segundo caso.

Os resultados do estágio de acionamento serão apresentados na Seção 4.2.3

em conjunto com a placa de potência e lógica.

4.2.3 Resultados do protótipo nal

Os testes foram realizados utilizando uma montagem semelhante à descrita

na Figura 3.14. Foi utilizada uma carga resistiva de valor 17,5 Ω e um variac

conectado à rede de 127 VRMS a 60 Hz que regulava a tensão na carga para

fornecer a corrente nominal (2 ARMS). Uma morsa foi utilizada para auxiliar

no posicionamento da carga, facilitando a dissipação de energia térmica [20] e

evitando contato com a mesa, que poderia ser avariada devido ao calor. Nas Figuras

4.17 e 4.18 são apresentadas duas fotos da montagem completa da bancada de testes.

62

Page 78: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

1

2

3

4

5

6

7

Figura 4.17: Foto da montagem em bancada à esquerda.

8

9

10

Figura 4.18: Foto da montagem em bancada à direita.

63

Page 79: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Os componentes utilizados foram enumerados:

1. Multímetro

2. Variac

3. Ponteira de corrente Tektronix A621

4. Fonte de tensão contínua

5. Placa de detecção

6. Placa de potência e lógica

7. Placa de religamento

8. Multímetro com amperímetro tipo alicate

9. Morsa

10. Carga resistiva

A Figura 4.19 apresenta uma foto das três placas e suas conexões de sinal e

tensão contínua (alimentação).

Figura 4.19: Foto das três placas montadas e conectadas.

64

Page 80: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

O primeiro teste realizado consistiu em simular uma sobrecorrente

através de uma sobretensão, visto que a carga é resistiva. O variac foi ajustado

para fornecer a corrente nominal à carga e, a seguir, o volante do variac foi girado

abruptamente a m de ultrapassar o valor de sobrecorrente. A Figura 4.20 mostra

a corrente na carga, em amarelo, e a saída do estágio de comparação da placa de

detecção de sobrecorrente. É possível observar que a saída do comparador possui

dois pulsos. Isso ocorre porque o tempo de detecção de sobrecorrente é menor do

que o tempo de desligamento do Disjuntor.

O tempo de atuação foi estimado medindo-se o intervalo de tempo entre

a extinção da corrente e o instante de transição do pulso gerado no estágio de

comparação da placa de detecção. De acordo com a Figura 4.20, seu valor é de

aproximadamente 7 µs.

Figura 4.20: Captura de tela do osciloscópio - tempo de detecção de sobrecorrente.

As Figuras 4.21 e 4.22 mostram a corrente na carga, em amarelo, e a tensão

na saída do variac, em azul. O cursor do osciloscópio, linha horizontal amarela,

indica o valor de sobrecorrente, descrito na Seção 3.1. Ao atingir esse valor, as

65

Page 81: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

chaves bloqueiam e a corrente se extingue. Como o ajuste do variac foi realizado de

forma manual, a tensão ainda aumenta gradualmente após o bloqueio.

Figura 4.21: Captura de tela do osciloscópio - detecção de sobrecorrente negativa.

66

Page 82: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 4.22: Captura de tela do osciloscópio - detecção de sobrecorrente positiva.

A Figura 4.23 mostra o segundo teste, que consistiu em acionar os MOSFETs

através do botão da placa de religamento. A curva em amarelo é a corrente na carga,

que está inicialmente bloqueada e, após o pressionamento do botão, a corrente volta

a uir na carga no semi-ciclo negativo. A tensão na carga é dada pela Lei de Ohm:

VL = RL × IL (4.5)

VL = 17, 5× 0, 320 (4.6)

VL = 5, 6V (4.7)

Este é um valor dentro do máximo estipulado na Seção 3.4.3 para um

religamento seguro.

67

Page 83: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Figura 4.23: Captura de tela do osciloscópio - religamento próximo a 0 V.

68

Page 84: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Capítulo 5

Conclusão

5.1 Resumo dos capítulos

No Capítulo 1, o Disjuntor foi justicado e os objetivos especícos foram tra-

çados a m de alcançar o objetivo nal.

O projeto foi concebido, a nível de circuitos eletrônicos, no Capítulo 2, a par-

tir da estratégia top-down, ou seja, repartindo a ideia geral em pequenos objetivos

especícos.

Os cálculos dos valores dos componentes e a escolha dos CIs foram realiza-

dos no Capítulo 3, assim como as especicações, ou seja, limites de operação do

Disjuntor. Neste Capítulo também foi apresentada a fonte de alimentação do cir-

cuito, assim como os testes térmicos para obtenção do modelo térmico do Disjuntor

eletrônico e as temperatura de funcionamento para os diferentes pers de carga uti-

lizados. As escolhas feitas levaram em consideração problemas teóricos e práticos e

limitações técnicas e nanceiras.

O Capítulo 4 apresentou os resultados de simulação e experimentais, pro-

vando o bom funcionamento do dispositivo proposto.

69

Page 85: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

5.2 Conclusões

O projeto do Disjuntor Eletrônico apresentado neste trabalho alcançou todos

os objetivos propostos no Capítulo 1. Os circuitos desenvolvidos foram projetados,

simulados e testados em um protótipo geral que funcionou como o esperado dentro

das especicações apresentadas na Seção 3.1.

Conforme Seção 3.6, as três placas foram concebidas de forma modular, com

funções bem denidas. Desta forma, os testes foram facilitados, criando-se uma

metodologia para avaliar cada estágio. Essa construção permite a adição de novas

funções ao projeto original, bastando adicionar os módulos desejados.

Na Seção 3.7, a corrente nominal máxima a ser utilizada na ausência do

dissipador térmico foi estipulada. Caso futuramente seja necessário utilizar o

projeto para uma corrente nominal maior, será preciso apenas adicionar esse

componente ao projeto físico e, se necessário, adaptar as chaves semicondutoras.

Pode-se concluir que o dispositivo mostrou-se eciente no bloqueio de

sobrecorrentes, efetuando a extinção da corrente em menos de 10 µs, conforme visto

na Seção 4.2.3. Esse valor é de 100 a 1000 vezes menor que o tempo de atuação de

outros dispositivos interruptores, mencionados no Capítulo 1.

5.3 Trabalhos futuros

Na Seção 2.3 foi mencionada a importância de uma equalização dinâmica ("rede

snubber") em aplicações de carga indutiva, como motores, por exemplo. Como

trabalho futuro, é preciso dimensionar esse circuito e testar sua conabilidade.

Conforme apresentando na Seção 3.5, foi utilizada uma fonte de alimen-

tação externa. A m de tornar o Disjuntor independente do equipamento ao qual

será conectado, será necessário projetar uma fonte de alimentação própria que

utilize a tensão da rede, já conectada ao Disjuntor.

70

Page 86: Projeto e Construção de Protótipo de Disjuntor Eletrônico Ultrarrápido

Referências Bibliográcas

[1] FILHO, J. M. Instalações Elétricas Industriais. Livros Técnicos e Cientícos

Editora S.A., 2013.

[2] VON MEIER, A. Electric Power Systems: A Conceptual Introduction. John

Wiley & Sons, Inc., 2006.

[3] MOHAN, N., UNDELAND, T. M., ROBBINS, W. P. Power electronics - Con-

verters, applications and design. John Willey and Sons Inc., 1995.

[4] WESTE., N. H. E., HARRIS, D. M. CMOS VLSI Design: A Circuits and

Systems Perspective. Pearson, 2011.

[5] SOARES, C. F. T. Notas de aula de Eletrônica 2, 2010.

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Apêndice A

Folha de dados do transformador

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