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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICAS FELIPE FREITAS DE MESQUITA PROJETO DE UM SISTEMA DE FREIO PARA O VEÍCULO DE COMPETIÇÃO OFF-ROAD PROJETO SAE DE MINI BAJA CRUZ DAS ALMAS- BA 2017

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Page 1: PROJETO DE UM SISTEMA DE FREIO PARA O VEÍCULO DE ......Palavras-chave: sistema de freios, baja sae, dinâmica veicular. 6 ABSTRACT The main objective of this project was the development

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGICAS

FELIPE FREITAS DE MESQUITA

PROJETO DE UM SISTEMA DE FREIO PARA O VEÍCULO DE COMPETIÇÃO OFF-ROAD – PROJETO

SAE DE MINI BAJA

CRUZ DAS ALMAS- BA 2017

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FELIPE FREITAS DE MESQUITA

PROJETO DE UM SISTEMA DE FREIO PARA O VEÍCULO DE COMPETIÇÃO OFF-ROAD – PROJETO

SAE DE MINI BAJA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Exatas e Tecnológicas.

Orientador: Prof. M.Sc. Adelson Ribeiro de Almeida Júnior

CRUZ DAS ALMAS – BA 2017

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DEDICATÓRIA

À meus pais, Fernando e Cristiana, por todo o apoio, amor e por sempre

acreditarem em meu potencial.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, por iluminar meus caminhos e permitir mais esta

vitória na minha vida.

À meus pais, Fernando e Cristiana, minha irmã, Fernanda, meus avós, por

todo o amor, apoio, preocupação, dedicação e companheirismo durante todos esses

anos de vida.

À Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, a seu corpo docente, direção

e administração, pelo conhecimento e oportunidades oferecidas durante os últimos

anos.

Ao meu orientador, Prof. Adelson Ribeiro, pela paciência, pelos incentivos,

pela oportunidade de ser meu orientador e por todos os conhecimentos que

contribuíram para a realização desse projeto.

À equipe ReconBaja UFRB e à todos os membros, em especial aqueles do

subsistema de freios, pela oportunidade, por todo o conhecimento compartilhado,

apoio e auxílio na realização desse projeto.

Aos grandes amigos e parceiros da Equipe que a universidade me deu: José

Patrício, João Victor, Marcus, Marcela, Mário, Julianna, Kaique e Thaianna, pela

amizade, companheirismo e todas as horas de estudo que nos permitiram chegar

onde hoje estamos.

Aos amigos e companheiros, Carol, Thomas e Ivanildo pelo companheirismo

e estarem presente em praticamente todos os dias dessa jornada.

Aos familiares, amigos e a todos que contribuíram para o meu crescimento

pessoal e acadêmico, ficam meus agradecimentos.

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RESUMO

Este trabalho teve como principal objetivo o desenvolvimento de um sistema de freios

aplicado a um veículo off-road do tipo mini baja, de modo que cumpra o desempenho

esperado, tenha baixo custo de fabricação e montagem, seja de fácil manutenção e

ajuste, além de cumprir com as regras impostas pela SAE, garantindo a segurança do

piloto e dos envolvidos nas provas.

Para isso, foi estudado as cargas estáticas e dinâmicas existentes no veículo e nos

componentes do sistema de freios em situação de repouso e durante uma frenagem.

Baseado em análise da literatura, e com o auxílio de uma planilha de cálculos

montada, foram determinadas as forças necessárias, pressão máxima no sistema e

as dimensões do cilindro mestre, discos e pinças de freio.

De posse desses dados, foi possível determinar os componentes que serão utilizados

no carro, realizar uma modelagem daqueles componentes a serem fabricados, e uma

análise de mercado do que seria adquirido comercialmente.

Por fim, foi concluído o projeto de maneira satisfatória, obtendo resultados dentro dos

valores esperados, e que irão servir para utilização em um futuro veículo mini baja da

equipe ReconBaja UFRB.

Palavras-chave: sistema de freios, baja sae, dinâmica veicular.

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ABSTRACT

The main objective of this project was the development of a brake system applied to

an off-road vehicle mini baja type, in a way it fulfills the expected performance, has a

low manufacturing and assembly cost, is easy to maintain and adjust, and complies

with the rules imposed by the SAE, guaranteeing the safety of the pilot and those

involved in the tests.

For this, the static and dynamic loads presented in the vehicle and in the components

of the braking system during rest and during braking were studied. Based on literature

analysis, and with the aid of a spreadsheet set up in this project, it was found the

necessary forces, maximum pressure in the system and the dimensions of the master

cylinder, discs and brake calipers.

With these results, it was possible to choose the components that will be used in the

car, perform a modeling of those components to be manufactured, and a market

analysis of what would be commercially acquired.

Finally, the project was completed satisfactorily, achieving results within the expected

values, and that will be used in a future mini baja vehicle of the ReconBaja UFRB team.

Keywords: brake system, baja sae, vehicular dynamic

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Situação de contato entre duas superfícies rugosas. (a) Pouco carregamento

e/ou alta dureza. (b) alto carregamento e/ou baixa dureza ..............................................7

Figura 2: Exemplificação do princípio de pascal.............................................................. 10

Figura 3: Esquema de funcionamento do princípio de alavanca .................................. 11

Figura 4: Esquema de sistema de freio com freio de estacionamento ........................ 13

Figura 5: Esquema de um pedal de freio e os esforços ao qual é submetido ............ 14

Figura 6: Determinação do curso do pedal com base no curso do cilindro e razão da

força de alavanca no pedal ................................................................................................. 15

Figura 7: Seção transversal de um cilindro mestre de duplo acionamento, mostrando

sistemas independentes para traseira e dianteira........................................................... 16

Figura 8: Seção transversal de um cilindro mestre duplo mostrando a um vazamento

no sistema primário .............................................................................................................. 17

Figura 9: Seção transversal de um cilindro mestre duplo mostrando a um vazamento

no sistema primário .............................................................................................................. 17

Figura 10: Mangote de freio de motocicleta comercial ................................................... 18

Figura 11: Vista explodida de uma pinça de freio do tipo flutuante .............................. 19

Figura 12: Pastilhas de freio comerciais ........................................................................... 20

Figura 13: Esquema de como a pressão age nas pastilhas para dois estilos diferentes

de pinças. ............................................................................................................................... 21

Figura 14: Resistência ao “brake fade” comparando componentes de baixa com os de

alta qualidade ........................................................................................................................ 22

Figura 15: Tambor de freio e seus componentes ............................................................ 23

Figura 16: Corte transversal mostrando diferença entre os raios estático e dinâmico

................................................................................................................................................. 25

Figura 17: Fator de freio para diversos tipos de freios ................................................... 26

Figura 18: Forças estáticas agindo em um veículo ......................................................... 28

Figura 19: Cargas dinâmicas agindo em um veículo durante a frenagem .................. 28

Figura 20: Efeito da temperatura sobre o sistema de freios x tempo entre frenagens

................................................................................................................................................. 34

Figura 21: Estudo do contato disco – pino (A) Desgaste medido nos discos de ferro

fundido com relação ao tempo de ensaio (B) Desgaste medido nos pinos dependendo

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do material do disco e do tempo de ensaio (C) Temperatura de contato pino-disco

durante os ciclos de frenagem ............................................................................................ 37

Figura 23: Tipos de configuração de linhas de freio ....................................................... 38

Figura 24: Planilha de cálculos ........................................................................................... 41

Figura 25: Esquema de construção da modelagem dos discos de freio ..................... 44

Figura 26: Esquema de construção da modelagem do pedal de freio......................... 45

Figura 27: Diagrama de um veículo baja exibindo as cotas que serão dimensionadas

a seguir ................................................................................................................................... 48

Figura 28: Esquema de acomodação do sistema de freios dentro da roda em um

veículo mini baja. Fotografia feita na competição regional em 2016 ........................... 49

Figura 22: Coeficiente de atrito pneu-pista x força de frenagem necessária. Sendo Ff

a Força de Frenagem total, Fd a Força de frenagem no eixo dianteiro e Ft a força de

frenagem no eixo traseiro .................................................................................................... 55

Figura 29: Esboço de modelagem do pedal de freio feito no software SolidWorks ... 56

Figura 30: Simulação CAE dos esforços no pedal de freio considerado usando o

software SolidWorks ............................................................................................................. 57

Figura 32: Esboço de modelagem do disco de freio no software SolidWorks. (A)

Detalhamento, exibido na figura 37 ................................................................................... 59

Figura 33: Detalhe no esboço do disco de freio. ............................................................. 60

Figura 34: Vista frontal da modelagem do disco de freio feita no software SolidWorks

................................................................................................................................................. 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Coeficientes de atrito para diversos tipos de pista ...........................................9

Tabela 2: Fluidos de freio comerciais e suas temperaturas de fusão e ebulição....... 24

Tabela 3: Coeficientes de resistência de rolamento para diversos tipos de pista ..... 25

Tabela 4: Dimensões básicas do veículo demonstradas na figura 28 ......................... 48

Tabela 5: Dimensões de alguns componentes do sistema ........................................... 50

Tabela 6: Dimensões dos discos de freio ......................................................................... 58

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 3

1.1. Objetivos ...................................................................................................... 4

2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 5

2.1 Projeto Mini Baja SAE.................................................................................... 5

2.2 Normas de segurança SAE ...................................................................... 5

2.3 Conceitos básicos de dinâmica veicular................................................. 7

2.4 Sistema de freios...................................................................................... 11

2.5 Subsistemas de um projeto de freios.................................................... 12

2.5.1 Suprimento de energia ..................................................................... 12

2.5.2 Sistema de aplicação ....................................................................... 12

2.5.3 Transmissão de energia .................................................................. 12

2.5.4 Produção da força............................................................................. 12

2.6 Componentes do sistema de freios ....................................................... 13

2.6.1 Pedal de freio..................................................................................... 13

2.6.2 Cilindro mestre .................................................................................. 15

2.6.3 Linhas de transmissão ..................................................................... 17

2.6.4 Sistema de freios a disco................................................................. 18

2.6.5 Sistema de freios a tambor.............................................................. 22

2.6.6 Fluido de freio .................................................................................... 23

2.7 Conceitos de dinâmica de frenagem..................................................... 24

2.7.1 Resistência do rolamento ................................................................ 24

2.7.2 Raio dinâmico .................................................................................... 25

2.7.3 Fator de freio...................................................................................... 26

2.7.4 Forças atuantes durante a frenagem............................................. 27

2.7.5 Parâmetros de frenagem ................................................................. 31

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2.7.6 Balanço de energia ........................................................................... 33

2.7.7 Análise térmica .................................................................................. 34

2.8 Materiais de construção dos discos de freio........................................ 36

2.9 Configurações do circuito de freio ......................................................... 37

2.10 Problemas com os freios......................................................................... 38

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 40

3.1 Planilha de cálculos...................................................................................... 40

3.2 Modelagens ............................................................................................... 42

3.2.1 Disco de freio ..................................................................................... 43

3.2.2 Pedal de freio..................................................................................... 44

3.2.3 Cilindro mestre .................................................................................. 45

3.3 Equipamentos utilizados ......................................................................... 46

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................. 47

4.2 Índice de frenagem .................................................................................. 50

4.3 Forças de frenagem ................................................................................. 50

4.4 Otimização do dimensionamento .......................................................... 52

4.5 Influência do coeficiente de atrito no par pneu x pista ....................... 54

4.6 Projeto dos componentes ....................................................................... 55

4.6.1 Pedal de freio..................................................................................... 55

4.6.2 Cilindro mestre .................................................................................. 58

4.6.3 Disco de freio ..................................................................................... 58

4.7 Análise térmica ......................................................................................... 60

5. CONCLUSÃO ................................................................................................... 62

6. PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS ................................................. 63

7. REFERÊNCIAS................................................................................................ 64

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1. INTRODUÇÃO

Tão importante quanto o conhecimento teórico, a experiência prática também

merece atenção na formação acadêmica de um profissional, e na área das

engenharias não é diferente. A SAE Internacional (Society of Automotive Engineer),

desenvolveu, dentre outras categorias, o projeto mini baja, onde os estudantes devem

projetar, modelar e construir um veículo off-road para participar de uma competição

regional, nacional e internacional com outras equipes de outras instituições de ensino.

Essas equipes são divididas em subsistemas que ficam responsáveis pela elaboração

de um projeto de cada parte do veículo, que deve ser conciso, eficiente, com relativa

facilidade e moderado custo de produção.

A equipe ReconBaja UFRB foi fundada em 2016 por estudantes da engenharia

mecânica e bacharelado em ciências exatas e tecnológicas da Universidade Federal

do Recôncavo da Bahia, e conta hoje com 25 membros ativos, divididos em 5

subsistemas de projeto e 4 de administração. Por ser a segunda equipe baja da UFRB,

sendo que a primeira não chegou a realizar um projeto e se extinguiu, desde início

tínhamos o desafio de começar um carro do zero. Daí a necessidade desse projeto,

elaborar para o protótipo baja da equipe, um sistema de freios que seja eficiente e ao

mesmo tempo esteja dentro dos limites impostos a uma equipe iniciante, como a baixa

disponibilidade financeira.

Esse estudo utiliza-se de suposições para alguns valores que ainda não são

conhecidos, ou seja, é limitado pela falta de informações reais sobre o veículo, por

este ainda estar em fase de projeto, como por exemplo a massa do veículo, posição

do centro de massa, dimensões internas da roda, entre outros. Por isso, não é

realizado um estudo prático com uma bancada de teste, visto que com a alteração

desses valores, o sistema precisa ser redimensionado. Para isto, este trabalho utiliza

de projeto e desenvolvimento auxiliado por softwares, cujo objetivo é produzir

ferramentas matemáticas para determinação das dimensões e análises dos freios.

De início foi proposto para o sistema a utilização de peças comerciais de

reposição, como cilindro mestre automotivo, pinças de freio de motocicleta, facilmente

encontradas em lojas de peças automotivas, e a fabricação apenas dos pedais e dos

discos de freio que seriam dimensionados durante esse estudo, afim de adequá-los

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às peças comerciais encontradas e às rodas utilizadas, com isso, aumentaria a

facilidade de montagem e reparo desse sistema em caso de falhas.

Com esse estudo, busca-se projetar um sistema de freios que seja eficiente, de

baixo custo e que atenda às necessidades exigidas em competição, além de ser um

dos principais responsáveis pela segurança do piloto e demais participantes, visto que

efetuar a frenagem de um veículo é algo essencial e deve funcionar bem em qualquer

tipo de terreno ou situação.

Além disso, busca-se auxiliar o desenvolvimento da equipe, visto que a falha

de um dos sistemas do carro pode acarretar em penalidades e custar o esforço e

trabalho de todos os membros. Todos os subsistemas são importantes, por isso, esse

estudo não é realizado somente pelo sistema dos freios, mas sim em conjunto com

todos os outros, afim de manter uma estabilidade e organização do projeto, para obter

bons resultados quando postos em conjunto.

Para o desenvolvimento, foi utilizado softwares computacionais de cálculos,

projeto, modelagem e simulação 3D, alimentados com dados fornecidos pelo estudo

da bibliografia e pelos outros subsistemas da equipe.

Foi dividido em capítulos que apresentam separadamente o estudo

bibliográfico, a metodologia de construção do projeto, a discussão dos resultados

encontrados, concluindo-se com um projeto detalhado de como será o sistema de

freios a ser utilizado pela equipe ReconBaja UFRB.

1.1. Objetivos

a) Geral

▪ Projetar um sistema de freios para o veículo da equipe ReconBaja

UFRB. Veículo off road de competição do Projeto SAE de Mini Baja.

b) Específicos

▪ Realização dos cálculos necessários ao projeto;

▪ Levantamento e elaboração de planilhas que servirão de ferramentas

para dimensionamento e análise do freio do ReconBaja;

▪ Modelagem dos componentes a serem utilizados.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Projeto Mini Baja SAE

O programa Baja é um desafio lançado aos estudantes de Engenharia que

oferece a chance de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula,

visando incrementar sua preparação para o mercado de trabalho. Ao participar do

programa Baja SAE, o aluno se envolve com um caso real de desenvolvimento de um

veículo off-road, desde sua concepção, projeto detalhado, construção e testes. Os

alunos que participam do Baja SAE BRASIL devem formar equipes que representarão

a Instituição de Ensino Superior à qual estão ligados. Estas equipes são desafiadas

anualmente a participar da competição, que reúne os estudantes e promove a

avaliação comparativa dos projetos. No Brasil a competição nacional recebe o nome

de Competição Baja SAE BRASIL e as competições regionais são nomeadas como

Etapa Sul, Sudeste e Nordeste. (SAE BRASIL, s.d.)

2.2 Normas de segurança SAE

De acordo com a SAE (2017), algumas normas são impostas aos veículos mini

baja, para os freios, essas normas podem ser encontradas no Regulamento

Administrativo e Técnico Baja SAE Brasil (RATBSB) parte B – Regulamento técnico,

B9 – Sistema de freio. Esse projeto foi realizado seguindo estas regras, são elas:

B9.1 Freio principal

B9.1.1 O veículo deve possuir um sistema de freio hidráulico que atue em todas

as rodas e seja atuado por um único pé. O pedal deve atuar diretamente o cilindro

mestre por uma conexão rígida, isto é, cabos não são permitidos. O sistema deve ser

capaz de travar todas as rodas, tanto em condição estática como em movimento em

superfícies pavimentadas e não pavimentadas.

B9.1.2 A efetividade do sistema de freio será verificada ao longo de toda a

competição. Se falhas forem detectadas, o veículo será removido da competição até

que o problema seja resolvido.

B9.2 Circuitos de freio independentes

B9.2.1 O sistema de freios deve ser segregado em ao menos dois circuitos

hidráulicos independentes de tal forma que, mesmo com qualquer falha ou vazamento

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em um ponto do sistema, a capacidade de frear efetivamente seja mantida em pelo

menos duas rodas.

B9.3 Posicionamento dos freios

B9.3.1 Os freios no eixo motor devem atuar no eixo final, ou seja, no eixo das

rodas. Freios centrais atuando nas rodas por meio de semieixos são permitidos. Freios

atuando em eixos de transmissão intermediários são proibidos.

B 9.4 Cutting brakes

B9.4.1 Cutting brakes, freios complementares que atuam seletivamente em

algumas rodas, são permitidos desde que a seção B9.1 também seja cumprida. Um

freio principal deve ser capaz de travar as quatro rodas sendo operado por um único

pé. Nenhum freio, incluindo cutting brakes, pode operar sem que a luz de freio se

ilumine.

B9.5 Linhas de freio

B9.5.1 Todas as linhas de freio devem ser firmemente fixadas e não passar por

baixo do veículo, por exemplo, em baixo da gaiola, braços de suspensão ou eixos

oscilantes.

B9.5.2 As linhas não podem encostar em arestas cortantes.

B9.5.3 As linhas devem possuir faixa de movimento completa com o movimento

da suspensão e direção e não serem esmagadas por outras peças em nenhuma

posição.

B9.5.4 As linhas nunca podem ser carregadas em tração com o movimento da

suspensão e direção.

B9.5.5 As linhas precisam ser projetadas para a pressão esperada no sistema

de freio, e devem ser quimicamente compatíveis com o fluido de freio utilizado.

B9.5.6 Linhas de freio de plástico são estritamente proibidas.

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2.3 Conceitos básicos de dinâmica veicular

2.3.1 Atrito e aderência

Eriksson (2000) disserta que se um bloco é arrastado em um piso horizontal, a

força lateral requerida para mover esse bloco é igual a força de atrito entre as duas

superfícies. Todas as superfícies possuem uma rugosidade, mesmo que pareçam

muito lisas. Se duas superfícies são pressionadas uma contra a outra, somente em

pequenas partes elas terão um contato real. O carregamento normal e a dureza dos

materiais irão definir essa área de contato real, que é muito menor que a aparente

área de contato entre elas, como visto na figura a seguir.

Figura 1: Situação de contato entre duas superfícies rugosas. (a) Pouco carregamento e/ou alta

dureza. (b) alto carregamento e/ou baixa dureza

Fonte: Eriksson (2000)

Então, a força de atrito é caracterizada como a força requerida para romper o

real contato entre dois corpos. E está presente no contato disco-pastilha e pneu-pista.

A possibilidade de transmissão de esforços entre o pneu e a pista, esforços

esses que ocorrem durante os processos de frenagem e aceleração ou quando da absorção de forças laterais, como a força centrípeta em curvas, depende do atrito disponível no contato, também chamado aderência entre

pneu e pista. (NICOLAZZI, 2008, p. 15)

De acordo com Gillespie (1999), existem 2 mecanismos primários responsáveis

pela aderência pneu-solo, esta provém das interações intramoleculares entre a

borracha e o composto na superfície da pista. E podem ser: a adesão molecular ou o

endentamento da borracha com o piso. A adesão entre esses componentes é maior

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em pistas secas, porém é reduzida substancialmente quando a superfície da pista

está contaminada por água, óleo, areia, barro, etc., através da perda de atrito esses

componentes.

Assim, define-se coeficientes de atrito pneu-pista, a serem utilizados em

cálculos de projetos.

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Tabela 1: Coeficientes de atrito para diversos tipos de pista

Tipo de pista µ

Asfalto 0,60 a 0,95

Pedra britada 0,50 a 0,65

Terra solta 0,40 a 0,50

Terra seca 0,50 a 0,70

Terra úmida 0,50 a 0,60

Areia 0,20 a 0,30

Neve 0,30 a 0,35

Fonte: Nicolazzi (2008)

A histerese do mecanismo representa uma perda de energia na borracha, já

que se deforma quando desliza sobre um composto da pista. Esta, não é afetada pela

água na superfície da pista, à medida que é alcançada uma maior tração em

superfícies molhadas com pneus projetados para alta-histerese.

Ambas as aderências dependem de um pouco de escorregamento na interface

pneu-pista. Um escorregamento adicional é resultado de uma deformação na

borracha do pneu que ocorre para desenvolver e sustentar uma força de frenagem.

2.3.2 Corpo rígido e centro de gravidade

Segundo Junior (2015), corpo rígido é todo objeto que pode ser descrito por um

ponto. Pode ser considerado como um sistema de partículas, cada uma com sua

massa e a resultante total das massas das partículas é a massa total do corpo.

Centro de gravidade (ou de massa) é um ponto no corpo rígido onde podemos

considerar que todo o somatório de massa das partículas se concentra, além da força

da gravidade que age sobre o objeto. É um ponto muito importante, através do qual é

possível considerar todo o veículo como um ponto no espaço, permitindo calcular os

momentos e suas forças normais.

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2.3.3 Multiplicação hidráulica (Princípio de Pascal)

De acordo com Nicolazzi (2008), ao longo do tempo, novos meios de transporte

foram surgindo, e com isso os sistemas de freios necessitavam se adequar, exigindo

constante aperfeiçoamento dos mecanismos de controle do movimento e da parada.

Nos veículos automotores, a frenagem é feita através de dois princípios: multiplicação

mecânica ou por pressão.

De acordo com Limpert (1999), esse segundo é baseado na relação de

área/pressão, seguindo o Princípio de Pascal, onde, num sistema fechado, quando

uma força atua numa determinada área de um pistão, comprimindo um fluido, esta é

multiplicada proporcionalmente à área do segundo ou demais pistões do sistema,

como mostrado na figura a seguir, onde o pistão da esquerda representa o cilindro

mestre, que recebe a força aplicada pelo motorista no pedal, e comprime o fluido. Os

oito pistões da direita representam os pistões das pinças que as pressionam contra o

disco de freio. Assim, considerando que todos possuem a mesma área, quando

aplicada uma força de 100 lb com deslocamento de 8 in., essa se torna 800 lb nos

pistões da direita, com deslocamento de 1 in. cada. De mesmo modo, caso a área do

pistão esquerdo seja reduzida, uma força menor neste pode produzir a mesma

pressão anterior nos outros, mantendo a proporcionalidade do sistema.

Figura 2: Exemplificação do princípio de pascal

Fonte: Limpert (1999)

2.3.4 Princípio de alavanca

De acordo com Ribeiro (2015), na física, a alavanca é um objeto rígido que é

usado com um ponto fixo apropriado para multiplicar a força mecânica que pode ser

aplicada a um outro objeto. Isto é denominado também de vantagem mecânica e é

um exemplo do princípio dos momentos.

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Figura 3: Esquema de funcionamento do princípio de alavanca

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

Segundo Silveira (2010), utilizando desse princípio, o pedal de freio é projetado

de maneira que possa multiplicar a força exercida pelo piloto diversas vezes, antes

mesmo dessa ser transmitida ao fluido de freio.

2.4 Sistema de freios

Segundo Limpert (1999), os freios devem funcionar com segurança sob

qualquer circunstância de operação razoavelmente previsível, incluindo pistas

escorregadias, molhadas e secas; em veículos completamente carregados ou leves;

enquanto em linha reta ou em curvas; com freios novos ou usados; quando aplicado

por um novato ou um motorista experiente; em estradas lisas ou não.

Ainda segundo o mesmo autor, as funções básicas de um sistema de freio

devem ser cumpridas em qualquer circunstância, com um razoável desgaste do

sistema enquanto permite uma direção estável e um aceitável atrito pneu-pista. Além

de que, deve cumprir todas as regras de segurança aplicáveis. Em qualquer condição,

as regras de segurança são consideradas os requisitos mínimos de performance.

Continuando, segundo Limpert (1999), desaceleração envolve a mudança da

energia cinética e potencial de um veículo em energia térmica. Um projeto de sistema

de freios deve considerar fatores importantes como manter a estabilidade, a

distribuição de força na frenagem, atrito pneu-estrada, tempo de frenagem, força

aplicada no pedal, distância de parada e desgaste do sistema de freios.

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12

2.5 Subsistemas de um projeto de freios

Ainda segundo Limpert (1999), um típico sistema de freios é dividido em quatro

básicos subsistemas, são eles:

2.5.1 Suprimento de energia

Inclui os componentes do sistema de freios que produzem, armazenam e

tornam disponíveis a energia requerida para a frenagem. Este termina onde a força

exercida pelo piloto entra no sistema.

Existem vários tipos de fontes de energia. Aqui será tratado somente da

muscular devido as peculiaridades do projeto em questão. Mas elas podem ser

fornecidas por: esforço muscular do piloto no pedal, sistemas de aumento de força de

frenagem (servo freio), elétrico ou por molas.

As de origem muscular, são fornecidas pelas pernas aos pedais. Envolve os

sistemas de freios nos quais a força de frenagem nos discos e tambor, o alcance e a

eficiência da frenagem está relacionada com o esforço e o curso do pedal feito pela

perna do motorista, que é ampliada através de um sistema hidráulico pelo cilindro

mestre.

2.5.2 Sistema de aplicação

Inclui todos os componentes utilizados para controlar o nível de frenagem.

Recebem a energia aplicada e repassam para o restante do sistema controlando a

ação da frenagem. Este inicia onde a força é aplicada pelo piloto e termina onde essa

começa a ser conduzida para o restante do sistema.

2.5.3 Transmissão de energia

Inclui todos os componentes ao longo do sistema que transmitem a energia do

dispositivo de comando até o ponto onde o torque de freio é desenvolvido. Começa

onde toda a força já modulada começa a ser distribuída para o sistema e encerra onde

o torque de frenagem é desenvolvido.

2.5.4 Produção da força

Envolve os componentes onde as forças são produzidas, às quais opõem as

existentes ou o movimento do veículo.

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2.6 Componentes do sistema de freios

Os componentes de um sistema de freio estão exibidos na figura abaixo e são

detalhados logo a seguir.

Figura 4: Esquema de sistema de freio com freio de estacionamento

Fonte: Adaptado de Limpert (1999)

2.6.1 Pedal de freio

Segundo Junior (2015), é o recurso que aciona o freio, recebe a força de ação

muscular do motorista e esta força é aumentada pela relação do pedal e transmitida

ao cilindro mestre através da multiplicação mecânica.

Um ser humano não consegue fornecer toda a força necessária para que a

frenagem seja efetuada, para tal é necessário ampliar essa força, fato que ocorre no

pedal de freio por meio da força de alavanca. Esse valor máximo fornecido pelo ser

humano, segundo Silveira (2010), é de 150N, já Limpert (1999) limita em 823N para

os homens e 445N para as mulheres.

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Figura 5: Esquema de um pedal de freio e os esforços ao qual é submetido

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

Segundo Nicolazzi (2008), o dimensionamento do sistema de alavancas do

pedal de freio, bem como o tamanho do cilindro mestre e tubulação, deve ser feito a

partir do valor da pressão que o sistema requer numa freada de emergência, pois esta

pressão vai ter que ser necessariamente desenvolvida em tal situação. O mecanismo

de acionamento deve ser projetado em função de fatores ergonômicos do sexo

feminino.

De acordo com Limpert (1999), as regras de segurança fornecem certo limites

na força do pedal. Essas considerações ergonômicas e um limite da força e do curso

do pedal aplicado pelo motorista foram estabelecidas ao longo dos anos. Tanto a força

quanto o curso do pedal são parâmetros importantes para o operador humano

controlar com segurança a efetividade dos freios. Um sistema de freios sem um curso

de pedal suficiente, especialmente em pistas escorregadias, pode causar a perda de

controle do veículo devido ao travamento do freio não intencional.

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Figura 6: Determinação do curso do pedal com base no curso do cilindro e razão da força de

alavanca no pedal

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

Segundo Puhn (1985), ao contrário da força, o curso do pedal é dividido pela

razão do pedal, ou seja, o curso imprimido pelo piloto é dividido pela razão, para que

se alcance o curso no cilindro mestre.

E, segundo Limpert (1999), o máximo curso do pedal, desde o ponto que está

totalmente solto até o ponto onde o pistão do cilindro mestre alcança o ponto inferior,

não deve exceder 150 mm, para uma frenagem segura e equilibrada.

2.6.2 Cilindro mestre

De acordo com Limpert (2011), é o componente responsável direto, após ser

acionado pelo pedal, a dar o início no processo de frenagem de um veículo. Uma vez

acionado o pedal de freio, o pistão do cilindro mestre passa a comprimir o fluido que

está em seu compartimento, e a partir dessa primeira compressão inicia-se a geração

de pressão em todo o circuito de atuação hidráulica. Sua função também é a de

manter a pressão residual nos circuitos de freio.

De acordo com Crolla (2009), as regulamentações demandam que veículos de

passageiros devem ser equipados com 2 circuitos de freios separados e

independentes, isso é satisfeito pelo cilindro mestre duplo, este possui dois pistões

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em um único cilindro. Cada seção dessa unidade age como um único cilindro e o

pistão mais perto do pedal de freio é chamado de pistão primário enquanto o outro é

chamado de secundário. Um exemplo desse modelo de cilindro mestre pode ser visto

na imagem a seguir.

Figura 7: Seção transversal de um cilindro mestre de duplo acionamento, mostrando sistemas

independentes para traseira e dianteira.

A – Pistão primário

B – Pistão secundário

C – Reservatório de

fluido

D – Molas de retorno

E – Saídas de fluido

F – Entradas de fluido

G – Corpo do cilindro

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

Desse modo, se um vazamento surge no circuito primário, o primeiro pistão (A)

se move para frente contra o secundário (B), empurrando-o diretamente pelo contato

pistão-pistão, assim permitindo que o segundo pressurize o circuito secundário. Por

outro lado, se o circuito secundário desenvolve um vazamento, o pistão secundário se

move para frente até o fim do cilindro. Isso permite que o fluido comprimido entre os

dois pistões seja pressurizado e o circuito primário permanece operando. Esse

esquema de falhas é representado nas imagens a seguir.

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Figura 8: Seção transversal de um cilindro mestre duplo mostrando a um vazamento no sistema

primário

Fonte: Adaptado Puhn (1985)

Figura 9: Seção transversal de um cilindro mestre duplo mostrando a um vazamento no sistema

primário

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

2.6.3 Linhas de transmissão

Segundo Limpert (1976), as linhas de freio transmitem a pressão interna do

sistema do cilindro mestre até os freios nas rodas e são feitas de tubos recobertos de

metal, na maioria dos casos, são tubos de cobre. Essas linhas são conectadas por

sessões de extremidade alargada, T’s e outras conexões especiais que devem ser

montadas de maneira mais acessível possível para permitir uma inspeção do sistema

de freio adequada. Devem ser instaladas longe do calor do sistema de exaustão de

modo a evitar um superaquecimento e possível vaporização do fluido de freio.

Já as mangueiras, de acordo com Limpert (1999), são utilizadas nas linhas de

freio para conectar um componente móvel do sistema de freios ao chassi do veículo.

Devem ser utilizadas em comprimentos mais curtos possíveis, como próximo das

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rodas, de modo que permita todo o movimento como deslocamento vertical da roda e

esterçamento da roda dianteira. Não deve haver nenhuma força de tensão ou tração

nestas mangueiras. Também são chamadas de mangotes.

Figura 10: Mangote de freio de motocicleta comercial

Fonte: Luciflex <http://luciflex.com.br/Artigo.aspx?CCO=35>

2.6.4 Sistema de freios a disco

De acordo com Limpert (1999), este sistema é composto por um disco, montado

sobre no eixo e fixado ao cubo de roda. A frenagem do mesmo é realizada através de

uma pinça acoplada ao mesmo e fixada na manga de eixo do veículo. Este sistema,

apesar de mais eficiente, normalmente é utilizado apenas nos eixos dianteiros de

veículos comuns, devido ao seu custo de fabricação ser mais elevado em relação ao

sistema de freio a tambor, que normalmente é utilizado nos eixos traseiros.

2.6.4.1 Pinça de freio

Segundo Junior (2015), a pinça, ou cáliper de freio, é um dispositivo do veículo

que está fixado em sua estrutura, e é constituído por um ou mais pistões que realizam

a compressão das pastilhas no disco de freio. Quanto ao acionamento, a pinça pode

ser:

• Pneumática: empregada em veículos ferroviários e alguns freios de caminhões

e ônibus;

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• Hidráulica: Usada na maioria dos veículos comerciais de pequeno porte;

Segundo Bornhold (2012), em um projeto de sistema de freios a disco são

consideradas duas opções de pinças, as fixas e as flutuantes. As pinças fixas contêm

um ou mais pares de pistões que atuam de forma simultânea em cada lado do disco,

recebendo o fluido de freio dos dois lados, assim, os pistões recebem a mesma

pressão do sistema. Estas, porém, foram sendo substituídos a partir da década de 90

pelas flutuantes, devido principalmente a fatores como redução de peso, custo e

espaço físico.

Na pinça do tipo flutuante, a montagem do pistão é localizada em apenas um

lado da pinça, aplicando a pressão do sistema em toda a área da pastilha, assim que

a pastilha entra em contato com o disco, por força de reação, faz com que a pastilha

externa entre também em contato com o disco realizando a frenagem. Na figura a

seguir é possível ver o cilindro que pressiona as pastilhas contra o disco em uma pinça

flutuante.

Figura 11: Vista explodida de uma pinça de freio do tipo flutuante

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

2.6.4.2 Pastilha de freio

De acordo com Limpert (1999), para facilitar a manutenção, o material de atrito

deve localizar-se nas pastilhas, e não nos discos. As pastilhas são compostos

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químicos constituídos de vários elementos, formados por fibras e material de atrito. As

empresas especializadas realizam diversos testes em laboratório para constituir a

pastilha de maior resistência, durabilidade, e de menor custo, geralmente apresentam

um coeficiente de atrito entre 0,35 a 0,45.

Figura 12: Pastilhas de freio comerciais

Fonte: https://www.flatout.com.br/como-trocar-as-pastilhas-de-freio-do-seu-carro/

Um dos maiores requisitos da pinça de freio é pressionar as pastilhas contra o

disco o mais uniforme possível. Uma pressão uniforme entre a pastilha e o disco

resulta em um desgaste e temperatura de frenagem uniformes. Pressões não-

uniformes causam um desgaste desigual nas pastilhas, principalmente durante

frenagens bruscas em altas velocidades. O desgaste desses componentes aumenta

consideravelmente para temperaturas de frenagem altas, resultando em um desgaste

inclinado das pastilhas quando utilizadas num projeto de pinças ineficaz. Este

desgaste uniforme é o maior indicador de falta de qualidade em um projeto de freios.

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Figura 13: Esquema de como a pressão age nas pastilhas para dois estilos diferentes de pinças.

Fonte: Adaptado de Puhn (1985)

2.6.4.3 Disco de freio

Segundo Giasante (2017), o sistema de freio a disco automotivo foi baseado

no funcionamento do freio de uma bicicleta, porém algumas mudanças foram

necessárias, como por exemplo a implementação de um disco que girasse junto com

a roda, para que o freio atuasse nele, e não na própria roda. Além disso, os garfos de

acionamento das sapatas, que eram acionados mecanicamente por cabos, foram

substituídos por êmbolos com acionamento hidráulico através de tubos rígidos e

mangotes, e as sapatas de borracha foram substituídas por pastilhas fabricadas com

uma mistura de materiais que suportavam com maior resistência os efeitos da

frenagem.

De acordo com Nicolazzi (2012), este, quando submetido à frenagem sofre um

torque elevado, as vezes duas ou três vezes maior que o do motor, acarretando um

aumento significativo da temperatura.

O sucesso do freio a disco se deve a sua pouca sensibilidade ao fading, isso ocorre graças a sua excelente refrigeração, já que a sua forma construtiva

expõe diretamente a região de atrito com o ar. É possível construí-los um pouco mais largos com canais internos radiais para ventilação, este tipo de construção, denominada de disco ventilado, permite que o mesmo trabalhe

como um ventilador centrífugo, aumentando significativamente a eficiência da

refrigeração (NICOLAZZI, 2008, p. 107)

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Figura 14: Resistência ao “brake fade” comparando componentes de baixa com os de alta qualidade

Fonte: Lucas e Widmer (2004)

Ainda segundo o mesmo autor, os freios a disco não sofrem perda de eficiência

pelo acumulo de poeira e resíduo gerado pelo desgaste da pastilha por terem a área

de contato exposta, ao contrário dos freios a tambor que são fechados. Essa mesma

característica construtiva dos discos também diminui a perda de eficiência devido a

presença de água, que acaba ocorrendo, porém de forma muito pouco impactante e

de curta duração, devido a área de contato disco-pastilha ser muito menor do que

lona-tambor, às tensões de contato desses dois componentes são bem que maiores

que nos de tambor, assim como pela eficiência da força centrípeta em expulsar a água

da região de contato do disco.

Segundo Gonçalves (2004), normalmente o disco de freio é manufaturado em

ferro fundido, pois apresenta baixo coeficiente de dilatação térmica, além de

apresentar alto coeficiente de atrito.

2.6.5 Sistema de freios a tambor

Segundo Limpert (1999), sistema de freios por atrito utilizados em sistemas

automotivos podem ser divididos em radiais (tambor) ou axial (disco). Freios a tambor

subdividem-se em bandas externas e sapatas internas.

Freio a tambor é um tipo de sistema pelo qual as sapatas são pressionadas

contra o tambor efetuando a frenagem por compressão radial, é muito utilizado pois

promove uma maior força e menor custo, além de ser instalado nas rodas traseiras

por promover uma facilidade de se ter o freio de estacionamento do veículo.

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Figura 15: Tambor de freio e seus componentes

Fonte: http://www.dummies.com/home-garden/car-repair/brakes-bearings/how-to-check-drum-brakes/

Segundo Halderman (2008), por se tratar de uma estrutura fechada, possui

dificuldade em dissipar o calor, resultando em um aumento de temperatura que pode

ocasionar o fading. Com esse aumento de temperatura, o tambor dilata se afastando

das lonas, exigindo um maior curso de pedal para alcançar o torque de frenagem

suficiente.

2.6.6 Fluido de freio

Segundo Nicolazzi (2012), o fluido consiste em um líquido sintético que não

ataca a borracha das mangueiras, nem dos retentores. Tem por função transmitir a

pressão no sistema, acionando os pistões na pinça de freio, para assim realizar a

frenagem do veículo. O fluido é armazenado em um reservatório situado em local de

boa visibilidade e fácil acesso e ligado ao cilindro mestre. Quando na a ação de

frenagem é requerida o acionamento do pedal mais de uma vez, há indicação de fuga

do fluido, ou problemas com os retentores nos pistões ou no cilindro mestre.

Os fluidos de freio utilizados em automóveis são regulamentados por normas

do departamento de transporte do governo norte-americano (Departament of

Transportation, DOT) de acordo com seu ponto de ebulição, mostrado na tabela

abaixo. Este é um importante parâmetro devido à alta temperatura gerada na

frenagem, pois, este calor é transferido para as pinças e para o fluido podendo

ocasionar a sua ebulição. Fenômeno que afeta o desempenho do sistema de freios,

uma vez que, quando aquecidos, os gases presentes nesse fluido se expandem e

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aumentam a compressibilidade dentro dos dutos, fator não desejado em um sistema

que depende de um aumento na pressão para funcionar corretamente.

Tabela 2: Fluidos de freio comerciais e suas temperaturas de fusão e ebulição

Fluído Ponto de ebulição seco Ponto de ebulição

úmido

DOT 3 205 ºC (401 ºF) 140 ºC (284 ºF)

DOT 4 230 ºC (446 ºF) 155 ºC (311ºF)

DOT 5 260 ºC (500 ºF) 180 ºC (356 ºF)

DOT 5.1 270 ºC (518 ºF) 190 ºC (374 ºF)

Fonte: http://www.tratorbel.com.br/blog/2016/11/14/qual -fluido-de-freio-utilizar-diferencas-entre-dot-3-

dot-4-dot-5-e-dot-5-1/

2.7 Conceitos de dinâmica de frenagem

2.7.1 Resistência do rolamento

Para manter um pneu girando sobre o solo, é necessário dispender uma certa quantidade de energia, consumida pelos diversos tipos de perdas que ocorrem. Estas perdas dão origem à resistência de rolamento do pneu e são

provenientes principalmente de duas fontes dissipadoras. Uma é o próprio

pneu e a outra é o solo onde o veículo trafega (NICOLAZZI, 2008, p.9).

De acordo com o mesmo autor, deve-se considerar que a força a ser fornecida

para manter o movimento seja proporcional à carga normal que age sobre a roda, afim

de vencer a resistência ao rolamento. Este é expresso como:

𝑄𝑟 = 𝑓𝐺 (2.1)

Sendo:

𝑄𝑟 – Resistência ao rolamento;

𝑓 – Coeficiente de resistência ao rolamento;

𝐺 – Força normal da roda sobre o solo [N];

Verifica-se então que o coeficiente de resistência ao rolamento varia

principalmente com a velocidade, pressão de enchimento, carga radial, tipo de pneu

e de solo e temperatura.

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Tabela 3: Coeficientes de resistência de rolamento para diversos tipos de pista

Tipo de solo 𝑓

Asfalto liso 0,010

Asfalto rugoso 0,011

Cimento rugoso 0,014

Paralelepípedo 0,020

Pedras irregulares 0,032

Pedra britada solta 0,080

Terra batida 0,060

Terra solta 0,085

Areia solta 0,100 ~ 0,300

Grama 0,045 ~ 0,100

Barro 0,100 ~ 0,400

Neve profunda 0,075 ~ 0,300

Fonte: Nicolazzi (2008)

2.7.2 Raio dinâmico

De acordo com Nicolazzi (2008), devido à elasticidade do pneu, o diâmetro da

roda varia em função da velocidade. Define-se:

• Raio estático (𝑟𝑒): é definido como a distância do centro da roda ao ponto de

contato do pneu com a pista, considerando o veículo com carga máxima

admissível e parado.

• Raio dinâmico (𝑟𝑑): é definido a partir da distância percorrida em um giro do

pneu, considerando o veículo com carga máxima admissível, e velocidade

padrão de 60km/h.

Figura 16: Corte transversal mostrando diferença entre os raios estático e dinâmico

Fonte: Júnior (2015)

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2.7.3 Fator de freio

De acordo com Junior (2015), tal indicador, expõe o ganho obtido pelo sistema

de freio, mostrando a relação entre a força de saída com a força de entrada do

sistema. No freio a disco não se tem muita variação nesse fator, pois ele é diretamente

proporcional à aderência disponível e linear, ao contrário dos freios a tambor.

Entretanto, por apresentar tais características, os freios a disco mostram mais

estabilidade durante a frenagem se comparados ao sistema de tambor, cuja curva

exponencial, mostra que quanto maior a força aplicada, maior será a instabilidade da

frenagem. Na figura a seguir é mostrado um gráfico com as curvas de fator de freio

para cada modelo disponível, neste, é mostrado o modelo “two-trailing” que, segundo

Limpert (1999), não se tem registros da aplicação desse.

Figura 17: Fator de freio para diversos tipos de freios

Fonte: Limpert (1999)

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2.7.4 Forças atuantes durante a frenagem

Nesse ponto podemos dividir em dois tipos de estudos, a análise das forças

estáticas e dinâmicas.

2.7.4.1 Forças estáticas

De acordo com Crolla (2009), a figura a seguir, representa as forças atuantes

no veículo parado, com uma massa M, concentrada no centro de gravidade. Este, é

considerado como um ponto no centro do veículo e a pista como uma superfície lisa,

sem deformações. Como consequência disso, os carregamentos nas rodas montadas

em cada eixo, dianteiro e traseiro, são iguais e seguem a seguinte análise:

• A carga vertical no veículo (P) é dada por:

𝑃 = 𝑀𝑔 (2.2)

Sendo g a aceleração da gravidade, e M a massa do veículo.

• Repartindo essa carga para cada eixo, temos:

𝐹𝑓 =𝑃𝑏

𝑙 (2.3)

𝐹𝑟 =𝑃𝑎

𝑙 (2.4)

Sendo 𝐹𝑓 , o momento gerado no eixo dianteiro devido à reação no eixo traseiro

do contato pneu-pista, e 𝐹𝑟 o momento sobre o eixo traseiro, gerado pelo contato do

eixo dianteiro sobre a pista, ou seja, as forças atuantes em cada eixo, separadamente.

Observando as equações, é notado que as distâncias dos eixos até o centro de massa

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(a e b), alteram as cargas resultantes em cada eixo, este irá variar de acordo com o

carregamento e distribuição de peso ao longo do veículo.

Figura 18: Forças estáticas agindo em um veículo

Fonte: Crolla (2009)

2.7.4.2 Cargas dinâmicas

Analisando agora as cargas dinâmicas que envolvem o veículo durante a

frenagem, segundo Junior (2015), notamos como essas alteram as reações nos eixos

dianteiros e traseiros, levando em consideração a posição do CG do veículo, a

somatória dos momentos no veículo em relação aos eixos, e a força de frenagem,

encontrada a partir do fator de freio, pressão, área e raio do disco, além do raio

dinâmico do pneu, e os coeficientes de atrito, pneu-pista e pastilha-disco, e resistência

ao rolamento.

Figura 19: Cargas dinâmicas agindo em um veículo durante a frenagem

Fonte: Nicolazzi (2008)

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Levando em consideração o veículo da figura acima, do equilíbrio de forças na

direção do movimento se tem, tomando como base a analise dinâmica utilizada por

Nicolazzi (2008):

𝐹𝑓 = 𝐹1 − (𝑄𝑠 + 𝑄𝑟 + 𝑄𝑎) (2.5)

Sendo:

Ff = Ff1 + Ff2 - Força de frenagem;

Ff1, Ff2 – força de frenagem nos eixos dianteiros e traseiros;

Qa – resistência aerodinâmica;

Qr = Qr1 + Qr2 – resistência de rolamento;

Qr1, Qr2 – resistência ao rolamento dos eixos dianteiro e traseiro;

F1 – força de inércia;

Qs – resistência ao aclive;

Segundo o mesmo autor, as resistências ao movimento modificam as cargas

nos eixos de um veículo, como mostrado na figura. Isso significa que no ato da

frenagem, ocorre uma transferência de carga dinâmica entre os eixos. Aumentando a

carga suportada pelo eixo dianteiro durante uma frenagem, de acordo com as

equações a seguir:

𝑅1𝑙 = 𝑎2(𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ − 𝐹𝑧) − (𝑄𝑎 + 𝑄𝑠 − 𝐹1 )ℎ − 𝑀𝐿 (2.6)

𝑅2𝑙 = 𝑎1(𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ − 𝐹𝑧) − (𝑄𝑎 + 𝑄𝑠 − 𝐹1 )ℎ + 𝑀𝐿 (2.7)

Onde:

Fz - É a força de sustentação que age no CG;

𝑀𝐿 - É o momento devido a resistência aerodinâmica e a força de sustentação;

Considerando que um veículo do tipo mini baja não alcança altas velocidades,

de acordo com Silveira (2010), com uma média de 55km/h de velocidade máxima, as

forças de reação aerodinâmicas podem ser desconsideradas, visto que essas agem

principalmente em altas velocidades, chegando a ser uma das maiores a consumir a

potência do veículo. Além de também poder ser desconsiderado o momento devido a

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força de sustentação, visto que o veículo possui dimensões reduzidas e baixo peso.

Assim, reescrevendo as equações anteriores:

𝑅1𝑙 = 𝑎2(𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝) − (𝑄𝑎 + 𝑄𝑠 − 𝐹1 )ℎ (2.8)

𝑅2𝑙 = 𝑎1(𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝) − (𝑄𝑎 + 𝑄𝑠 − 𝐹1 )ℎ (2.9)

Reescrevendo também a equação do equilíbrio de forças (2.5), tem-se:

𝑄𝑠 + 𝑄𝑎 − 𝐹1 = −(𝐹𝑓 − 𝑄𝑟) (2.10)

Com isso, as equações (2.8) e (2.9), se simplificam em:

𝑅1 = (1 − 𝑥)𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ +(𝑄𝑟 + 𝐹𝑓) ℎ𝑙⁄ (2.11)

𝑅2 = 𝑥𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ −(𝑄𝑟 + 𝐹𝑓) ℎ𝑙⁄ (2.12)

Com estas novas equações, o ultimo termo é denominado transferência de

carga entre os eixos dianteiro e traseiros, denominado ΔG.

ΔG = (𝑄𝑟 + 𝐹𝑓) ℎ𝑙⁄ (2.13)

Para cumprir as normas da SAE e participar de maneira competitiva, é

necessário que o veículo baja trave as 4 rodas durante a frenagem, evitando o

deslizamento, logo, a força de frenagem deve trabalhar no limiar do travamento:

𝐹 = 𝜇(𝑅1 + 𝑅2) (2.14)

Ou,

𝐹𝑓 = 𝜇𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ (2.15)

Com o valor da força de frenagem necessária, é necessário encontrar as forças

de reação 𝑅1 e 𝑅2, sendo essas:

𝑅1 = (1 − 𝑥)𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ +(𝑄𝑟 + 𝜇𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝) ℎ𝑙⁄ (2.16)

𝑅2 = 𝑥𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ −(𝑄𝑟 + 𝜇𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝) ℎ𝑙⁄ (2.17)

A partir dessa análise, é possível encontrar a desaceleração sofrida pelo

veículo. Para iniciar, reescreve-se a equação do equilíbrio das forças (2.10):

𝐹𝑓 = 𝐹1 − 𝑄𝑠 − 𝑄𝑟 − 𝑄𝑎 (2.17)

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31

Ou,

𝐹𝑓 = 𝐺(𝑎𝑔⁄ (1 + 𝛿) − 𝑠𝑒𝑛 ∝ −𝑓𝑐𝑜𝑠 ∝) − 𝐶𝑥𝐴𝑞 (2.18)

Sendo:

g - Aceleração da gravidade;

G - Peso do veículo;

𝛿 - Inércia de translação equivalente à rotativa;

Gsenα - resistência de aclive;

α - ângulo do aclive;

G 𝑓𝑐𝑜𝑠 ∝ - resistência de rolamento;

𝑓 - Coeficiente de atrito de rolamento;

𝐶𝑥𝐴𝑞 - Resistência aerodinâmica;

𝐶𝑥 - Coeficiente de resistência aerodinâmica;

- Área frontal projetada;

q - pressão dinâmica.

Assim, a desaceleração da frenagem para um veículo com freio nas quatro

rodas, deve iguala-se a força de frenagem nas quatro rodas (2.15) com a força de

frenagem dada pela equação (2.18), tem-se:

𝑎 = 𝑔(1 + 𝛿)⁄ {[(𝜇 + 𝑓)𝑐𝑜𝑠𝛼 + 𝑠𝑒𝑛𝛼] + 𝐶𝑥𝑞 𝐴

𝐺⁄ } (2.19)

2.7.5 Parâmetros de frenagem

Segundo Silveira (2010), o melhor desempenho de uma frenagem ocorre

quando a maior força de frenagem é conseguida pelas quatro rodas sem que haja o

travamento, ou seja, ocorre no limiar do atrito estático do par pneu/pista. Nesse

momento de máxima performance de frenagem, segundo Nicolazzi (2008), a

distribuição de carga nos eixos é proporcional às reações dinâmicas 𝑅1𝑒 𝑅2.

É então introduzido o conceito de índice de frenagem, que relaciona em

porcentagem, as forças de frenagem e as reações dos eixos, mostrando a distribuição

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de carga dinâmica no momento da frenagem, levando em conta variáveis como

coeficiente de atrito pneu-pista, coeficiente de atrito de rolamento, e distribuição do

peso do veículo. Partindo da equação da força de frenagem (2.15), reescrevendo as

equações das reações (2.16) e (2.17):

𝑅1 = 𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ [(1 − 𝑥) + (𝜇 + 𝑓) ℎ𝑙⁄ ] (2.20)

𝑅2 = 𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ [𝑥 − (𝜇 + 𝑓) ℎ𝑙⁄ ] (2.21)

Logo, o índice de frenagem é dado por:

𝜉 =𝐹𝑓1

𝐹𝑓2=

𝜇𝑅1

𝜇𝑅2=

𝑅1

𝑅2=

[(1−𝑥)+(𝜇+𝑓)ℎ𝑙⁄ ]

[𝑥−(𝜇+𝑓)ℎ𝑙⁄ ]

(2.22)

E a força que deve ser exercida pela pastilha:

𝐹𝑑1 =1

2. 𝐹𝑓1 .

𝑟𝑑

𝑟𝑓1 (2.23)

𝐹𝑑2 =1

2. 𝐹𝑓2 .

𝑟𝑑

𝑟𝑓2 (2.24)

Sendo:

Rd – raio dinâmico

Rf2 – posição radial do centro das pastilhas

Para o veículo se deslocando no plano, desconsiderando os efeitos da

resistência aerodinâmica e da resistência de inércia rotativa, a equação (2.19) fica:

𝑎 =𝑔

𝛿(𝜇 + 𝑓) (2.25)

Reescrevendo a equação (2.22), temos:

𝜉 =[(1−𝑥)𝑔+𝑎 ℎ 𝑙⁄ ]

[𝑥𝑔−𝑎 ℎ 𝑙⁄ ] (2.26)

Mostrando a dependência direta do índice de frenagem com a desaceleração

(a), ou o coeficiente de atrito pneu-pista (𝜇).

Segundo Nicolazzi (2008), durante o acionamento dos freios essas duas

grandezas variam e, consequentemente, o valor de 𝜉 também irá variar. Este índice

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define a força tangencial que deve ser aplicada pela sapata ou pelas pastilhas sobre

o tambor o disco de freios, nas rodas de cada um dos eixos do veículo. Isso implica

que até as razoes entre a área do cilindro mestre e as áreas dos cilindros da pinça de

freio também estão definidas pelo índice de frenagem, o que impossibilita a frenagem

ótima para quaisquer coeficientes de atrito ou desaceleração.

Se um sistema é projetado para um determinado coeficiente de atrito pneu/pista e a frenagem for efetuada em outro, como por exemplo, se o

veículo, no caso o mini baja é projetado para frear na terra e o teste é executado no asfalto, certamente ele não terá um desempenho no segundo terreno tão bom como no primeiro. (SILVEIRA, 2010, p. 30).

Segundo Taborek (1957), desacelerações em torno de 0,35g são

desconfortáveis para os passageiros, enquanto que desacelerações maiores, tal como

0,46g, ocorrem apenas em freadas de emergência. Segundo Newcomb (1967), a

recomendação para aceleração de frenagens com conforto para os ocupantes gira em

torno de 0,2g, enquanto que para frenagens de emergência, em torno de 0,5g. Essas

diferenças indicam que para cada projeto de freios existem valores a serem

encontrados pelo fabricante, de modo que atinjam o máximo desempenho possível na

frenagem com estabilidade, bem como o máximo conforto e segurança para os

ocupantes.

2.7.6 Balanço de energia

De acordo com Nicolazzi (2008), observando as equações anteriores, nota-se

uma limitação na capacidade de frenagem, dado pelo coeficiente de atrito do par pneu-

pista. Definido o coeficiente de atrito adequado, surge o problema do aumento de

temperatura durante a frenagem que pode afetar esse coeficiente, que somente será

o especificado no caso de uma temperatura adequada. Caso a temperatura seja

baixa, o freio opera a frio e a eficiência não é boa devido ao baixo coeficiente de atrito

nessa temperatura. Com o aumento dessa, o sistema tende a se tornar eficiente, mas

caso ultrapasse um valor limite de temperatura, este coeficiente tende a decair, bem

como a abrasão das guarnições, ocasionando a perda de eficiência e redução da vida

dos freios.

O princípio de funcionamento de um sistema de freios consiste em transformar

a energia cinética do movimento do veículo em energia térmica ou calor através do

atrito pastilha-disco, num processo que aumenta muito a temperatura do sistema. É

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desejável que grande parte desse calor seja gerado e dissipado nos componentes do

sistema, e não no contato pneu-solo, o que poderia gerar um escorregamento do pneu

sobre o solo, devido à perda de atrito entre as duas partes.

Nesse sistema o calor é gerado principalmente nos componentes do sistema,

como no disco e nas pinças, e dissipado para o meio ambiente através dos

mecanismos de condução, convecção e radiação.

2.7.7 Análise térmica

Devido ao atrito no contato pastilha-disco quando é aplicada uma força de

frenagem, gera-se calor no sistema, que em sua maioria é dissipado através do disco,

segundo Newcomb (1967), nos freios a disco, cerca de 1% do calor gerado absorvido

pelas guarnições do sistema, e 99% é absorvido pelo disco.

Devido ao motor de baixa potência (10HP), um veículo mini baja não chega a

atingir grandes velocidades, com isso, a sua frenagem é caracterizada por um uso

contínuo dos freios em curtos períodos de tempo, no entanto, como mostrado na figura

abaixo, segundo Giasante (2017), em algumas situações não há tempo suficiente

entre uma freada e outra para a temperatura do disco se igualar com a temperatura

ambiente, causando um acumulo de temperatura, desse modo, a temperatura final da

segunda frenagem será maior que a da primeira, exigindo um tempo maior para o

resfriamento.

Figura 20: Efeito da temperatura sobre o sistema de freios x tempo entre frenagens

Fonte: Giasante (2017)

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De acordo com Nicolazzi (2008), a formulação para esse tipo de frenagem é

baseada na variação da energia cinética quando o veículo é desacelerado, de uma

velocidade 𝑣𝑖 até 𝑣𝑓 pela ação do sistema de freios. Assim, essa variação é dada por:

𝐸 =1

2𝑀(1 + 𝛿)(𝑣𝑖

2 − 𝑣𝑓2) (2.27)

Sendo:

M – Massa do veículo;

𝛿 – Inércia de translação equivalente a de rotação;

𝑣𝑖 𝑒 𝑣𝑓 – Velocidade inicial e final, respectivamente

A inércia equivalente, 𝛿, representa o acréscimo da massa do veículo devido a necessidade de acelerar as inércias rotativas. Em primeira marcha pode chegar a 50%, da massa total do veículo, diminuindo para aproximadamente

5% nas marchas mais elevadas. (NICOLAZZI, p.51,2008)

Considerada para veículos comuns como 𝛿 = 0,01, portanto pode ser

desprezada nos cálculos para um veículo baja devido à sua baixa massa.

Da termodinâmica, temos que o calor absorvido por um corpo sólido de massa

m ao sofrer uma variação de temperatura Δ𝑇, é dado por:

𝑄𝑓𝑟𝑒𝑖𝑜 = 𝑐 𝑚 Δ𝑇 (2.28)

Sendo:

Q – capacidade térmica do disco;

c – calor específico do disco;

m – massa do disco.

No caso do freio, a massa m é a do disco, principalmente da região que atrita

diretamente com a pastilha. Esse modelo matemático pressupõe que o calor seja

armazenado de maneira que a temperatura seja uniforme no corpo, o que de fato não

acontece nos discos de freio, ocasionando grandes gradientes térmicos nestes

elementos. Assim, o modelo matemático para esse tipo de utilização de freio é obtido

igualando a energia cinética com a capacidade térmica do corpo, sendo assim:

𝐸 =1

2𝑀(𝑣𝑖

2 − 𝑣𝑓2) = 𝑐 𝑚 Δ𝑇 (2.29)

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Desconsiderando a resistência de rolamento e a resistência aerodinâmica

nesse momento, o equacionamento permite duas análises:

• Determinação da massa do disco para um certo aumento da temperatura;

• Determinação do aumento da temperatura do sistema de freios para uma certa

variação de velocidade.

2.8 Materiais de construção dos discos de freio

Segundo Meurer (s.d.), os discos de freio devem ser capazes de resistir à fadiga

térmica, e a grande quantidade de calor gerado na frenagem. O material deve ter

também boa resistência mecânica, ser barato, fácil de fundir e usinar. O ferro fundido

perlítico atende essas características, todavia, a adição de alguns elementos de liga

tende a dificultar a usinabilidade.

De acordo com Serbino (2005), apesar dos avanços em novos materiais, os

ferros fundidos cinzentos continuam sendo uma liga muito recomendada para diversas

aplicações, sendo muito utilizado em discos de freio, devido a várias características

não encontradas em outros materiais, além do custo competitivo.

Este metal é um dos materiais de melhor fundibilidade e apresenta uma das

mais baixas temperaturas de fusão dentre as ligas ferrosas. Sua contração na

passagem de líquido para sólida é baixa, favorecendo a obtenção de peças sem

defeitos internos.

Segundo White (1998), ferros fundidos cinzentos apresentam geralmente 2,5 a

4% de C, 1 a 3% de Si, e adições de Mn, dependendo da microestrutura desejada

(0,1% em ferríticos e acima de 1,2% em perlíticos).

Segundo um estudo do desgaste de ferros fundidos usados em discos de freio

de veículos automotores, descrito por Cueva (s.d.), foi realizado numa máquina de

ensaios do tipo pino no disco, utilizando carregamentos cíclicos de 4Mpa a 500rpm,

sendo o pino fabricado a partir de uma pastilha de freio comum.

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A melhor resistência ao desgaste, medida através da perda de massa, foi

apresentada pelo ferro fundido cinzento com alto carbono, seguido do ferro fundido vermicular, de um ferro fundido cinzento (Fe250) e de um ferro fundido cinzento com titânio. Os maiores valores de força de atrito foram

alcançados pelos materiais que mais se desgastaram, ou seja, nesta ordem: ferro fundido com titânio, ferro fundido Fe250, ferro fundido vermicular e ferro fundido de alto carbono. Finalmente, as maiores temperaturas de contato

foram atingidas pelo ferro fundido vermicular, seguido do ferro com Ti, o ferro Fe250 e do ferro de alto C. (CUEVA et. al., s.d., p. 01)

Porém, mesmo sofrendo maior desgaste que os demais, o Fe250 apresenta a

melhor combinação de propriedades de frenagem, pois teve um comportamento muito

uniforme durante todos os ciclos de frenagem, com alta força de atrito e baixa

temperatura de funcionamento. Os resultados são exibidos na imagem a seguir.

Figura 21: Estudo do contato disco – pino (A) Desgaste medido nos discos de ferro fundido com relação ao tempo de ensaio (B) Desgaste medido nos pinos dependendo do material do disco e do

tempo de ensaio (C) Temperatura de contato pino-disco durante os ciclos de frenagem

Fonte: Cueva (s.d.)

2.9 Configurações do circuito de freio

Segundo Silveira (2010), há várias maneiras de arrumar o circuito hidráulico do

sistema de freios, que nada mais é que ligação hidráulica através de dutos que ligam

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partes distantes como cilindro mestre e pinças, dentre elas tem-se as possíveis

configurações na imagem abaixo:

Figura 22: Tipos de configuração de linhas de freio

Fonte: Silveira (apud. 2010)

• Formato II – Separação do eixo dianteiro e traseiro, sendo um circuito para

cada eixo;

• Formato X – Distribuição diagonal, cada circuito atua em uma roda dianteira e

uma traseira;

• Formato HI – Um sistema para todas as rodas e outra para o eixo mais

carregado, no caso, o dianteiro;

• Formato LL – Cada sistema atua sobre as rodas dianteiras e uma das rodas

traseiras;

• Formato HH –Ambos os sistemas estão presentes em todas as rodas.

2.10 Problemas com os freios

Segundo Nicolazzi (2008), dentre os vários problemas que ocorrem nos freios,

pode-se citar:

• Aquecimento;

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• Fading;

• Ruído;

• Ecologia

O aquecimento durante a frenagem ocorre em todas as partes de um sistema

de freios, nos discos pode ocasionar o fading; nas pinças pode levar à deterioração

dos selos de borracha dos cilindros, ocasionando o travamento dos pistões, pelo

acumulo de poeira e pó; nos dutos podem ocasionar a vaporização do fluido de freio,

gerando uma perda de pressão no sistema, atrapalhando o seu acionamento. A única

maneira de solucionar esses problemas é aumentando a eficiência de resfriamento

desse sistema.

O fading está relacionado principalmente com o aquecimento exagerado das

guarnições e redução do contato na região de atrito, ocorre principalmente nos freios

a tambor, devido à ser um sistema fechado onde não há circulação de ar para o

resfriamento, como ocorre nos freios a disco, onde a superfície de atrito é exposta ao

ambiente, permitindo a troca de calor.

O ruído surge principalmente no contato pastilha-disco, esse problema se

tornou ainda maior com a substituição dos materiais das pastilhas por materiais

orgânicos, semi-metálicos ou sintetizados, por possuírem melhor atrito e durabilidade,

porém, apresentam maior ruído.

Em termos ecológicos, os componentes das guarnições são altamente

prejudiciais à saúde. Em especial o material das pastilhas que no atrito com o disco

se transformam em uma poeira muito fina que é lançada na atmosfera e no solo.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Planilha de cálculos

Afim de controlar melhor os cálculos realizados, observar melhor os resultado s

e gerar uma ferramenta de controle, optou-se pela elaboração de uma planilha. Esta,

feita no Microsoft Excel, serve ainda para otimizar os dados de projeto, auxilia na

construção por modificações para atender às dimensões de componentes pré-

fabricados sem alterar as saídas. Nas fases de testes do veículo, a planilha pode ser

modificada para ajustar finamente os freios às oscilações da prova (terreno, chuva,

etc.), e desgaste dos componentes do carro (pneus, discos e pastilhas de freio). Estas

correções servem ainda para estudar melhor a dinâmica do carro e avaliar o projeto e

fabricação dos futuros veículos da equipe. Esta planilha foi abastecida por equações

de dinâmica e frenagem propostos por Nicolazzi (2008) e já citadas no capítulo 2.

Então, este método, permite que o projeto seja adequado conforme ocorra

mudança nos dados informados, com isso, deve ser sempre documentada com a data

de alteração, para que seja conhecido vários resultados diferentes, como diversas

condições de pista, e dimensões dos componentes, alcançando os melhores

resultados possíveis para esse sistema

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Figura 23: Planilha de cálculos

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Na primeira etapa da planilha é necessário que o usuário forneça dados básicos

do veículo mini baja para o qual o projeto de freios está sendo executado, esses

valores inseridos são utilizados pelas demais etapas através de equações vistas na

seção 2.6.4 desse trabalho.

Na etapa dois, a planilha fornece dados básicos da distribuição de peso ao

longo do veículo, tanto em condição estática quanto dinâmica, baseada nos dados

fornecidos e na distribuição de massa nos eixos de acordo com o projeto do veículo,

sendo na grande maioria das vezes, maior na traseira.

Na terceira etapa, a planilha solicita que seja inserido dados sobre as pinças

de freios pretendidas pelo projeto, de modo a calcular nas seguintes etapas os

resultados do dimensionamento, adotando a força aplicada no pedal fornecida pelo

usuário na etapa quatro e cinco, no campo força de acionamento.

Para a saída de resultado, a planilha toma como base todos os dados inseridos

pelo usuário nos campos requeridos e os dados calculados anteriormente, e utilizando

as equações já citadas, fornece as informações de forças e reações que agem em

cada eixo, é então encontrado um raio efetivo para a pinça traseira de modo a manter

a proporcionalidade do sistema. A partir daí, é montado uma planilha semelhante,

porém com uma alteração no coeficiente de atrito pneu-pista, que será explicado

adiante, e utilizando como raio efetivo para a traseira, o dado encontrado na planilha

anterior.

Então, é fornecido ao usuário uma razão de alavanca para alcançar a força

encontrada, de modo a executar uma frenagem eficiente, nesse ponto, o usuário

fornece uma razão ideal esperada, a planilha recalcula os dados e fornece qual deve

ser o diâmetro ideal do cilindro mestre que deve ser fabricado para ser utilizado no

sistema.

3.2 Modelagens

Os componentes de um sistema de freio podem ser fabricados com as mais

diversas formas para atender a distribuição dos esforços, suas interações, e suas

respectivas fixações no chassi. Por tanto optou-se, através de estudos e cálculos

preliminares, a determinação das pré-formas apresentadas abaixo.

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3.2.1 Disco de freio

Com base na análise do espaço interno da roda foi sugerido um raio máximo

para o disco de freio, e supondo um raio de contato da pinça, aplicado na planilha de

cálculos, encontrou-se um valor para o diâmetro do disco de freio que posteriormente

foi modelado no software SolidWorks 2016, a partir desses resultados, conclui-se as

dimensões para o disco.

Para a modelagem em software CAD, primeiramente foi esboçado um círculo

com o tamanho pretendido, após, foi desenhado um padrão de furos, que servirá para

o resfriamento do disco, limpeza dos componentes em atrito e que foram posicionados

de modo a evitar uma vibração excessiva no componente, tomando como base a área

de contato da pinça com o disco, de modo que o desgaste da pastilha seja uniforme,

para isso, cada sequência de furos está afastado do centro em cerca de 1mm a mais

que o anterior, esse esboço foi então extrudado. Por último foi desenhado o que

seriam os furos para a fixação, e também efetuado um corte passante por toda a

largura do disco. Por fim, foi aplicado o material ferro fundido cinzento na modelagem,

afim de realizar a simulação e obter resultados mais próximos do real.

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Figura 24: Esquema de construção da modelagem dos discos de freio

Fonte: Autor

3.2.2 Pedal de freio

Respeitando a relação de força necessária fornecida pela planilha de cálculos,

análise do espaço interno disponível no carro e comprimento da perna do piloto, foi

modelado um pedal de freio no SolidWorks de modo que a aplicação seja confortável,

com uma angulação, curso e força máxima definido pela literatura.

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Figura 25: Esquema de construção da modelagem do pedal de freio

Fonte: Autor

Na modelagem foi criada a estrutura básica do pedal tomado como base um

pedal da marca Wilwood modelo Reverse, extrudou-se esse esboço e obteve a

modelagem final, realizando ajustes nas dimensões conforme foi necessário, de

acordo com a planilha de cálculos e simulação de esforço.

3.2.3 Cilindro mestre

Além da multiplicação de força no pedal, por cálculos notou-se que também era

necessário buscar uma maior multiplicação hidráulica da força, a fim de reduzir o

esforço e aumentar o conforto do piloto, sem prejudicar a frenagem. Desse modo, foi

necessário o projeto de um cilindro mestre, isso porque a área do embolo dos cilindros

encontrados no mercado é muito semelhante à área do embolo da pinça, limitando a

multiplicação hidráulica alcançada.

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Será modelado obedecendo o curso de cilindro fornecido pela planilha de

cálculos, limitando o tamanho máximo ao espaço adequado no carro. O cilindro

apresenta um olhal que permite ser acoplado de modo que varie o ângulo de

acionamento conforme seja necessário durante a aplicação de força no pedal.

3.3 Equipamentos utilizados

Na realização desse trabalho, foi utilizado softwares computacionais em todas

as modelagens e cálculos, sendo utilizado um notebook da marca Acer, modelo F5-

573G-50KS, equipado com um processador Intel® Core™ i5-7200U 2.5GHz com

função Turbo Boost até 3.1GHz, memória RAM de 8 GB DDR4, 1 TB de HDD e placa

de vídeo Nvidia® GeForce® 940mx.

Foi utilizada para a modelagem 3D, a versão 2016 do software SolidWorks, cuja

licença foi cedida à equipe por meio de patrocínio pela própria empresa responsável

pelo software.

Para a montagem da planilha de cálculos e realização dos mesmos, foi utilizado

o software Microsoft Excel 2016.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para início da análise de todo o projeto, foi estabelecida as limitações do

projeto, como custo, facilidade de construção, além da falta de um sistema já montado

para comparação de resultados e análise de funcionamento. Assim, foram

determinados fatores importantes para o projeto, de modo a suprir as necessidades

propostas nas provas dinâmicas e de resistência, porém sem ultrapassar esses limites

impostos.

Estes fatores determinados são valores primeiramente especulados para o

projeto. Tomando como base a análise da literatura, as exigências da prova nas

competições, assume-se valores para fatores como massa do veículo, posição do

centro de massa, esquemas de montagem, coeficientes de atritos (pastilha-disco e

pneu-solo).

Visto que, esse está será o primeiro protótipo mini baja desenvolvido pela

equipe, foi escolhido um sistema de freios 4 pontos formato II (figura 25), ou seja, dois

sistemas de freios hidráulicos independentes, obedecendo a RATBSB 7, cuja atuação

se dá com um sistema para o eixo dianteiro e um sistema para o eixo traseiro.

O tamanho dos discos, incialmente, será igual para todas as rodas, podendo

serem alterados nesse projeto, afim de otimizar a frenagem.

Por se tratar de um veículo off-road, um dos principais fatores a ser considerado

é o tipo de terreno ao qual será submetido, como o caso da terra solta para as provas

da competição, que possuem menor coeficiente de atrito se comparados ao asfalto,

por exemplo.

Observando a tabela 1 tem-se os valores típicos de coeficiente de atrito para

serem considerados nos cálculos. Para a terra solta esse valor é de cerca de µ = 0,45

(0,40 a 0,50). Para esse mesmo terreno, de acordo com a tabela 3, o coeficiente de

atrito de rolamento adotado deve ser f = 0,085.

As dimensões do veículo (figura 29) a serem utilizadas na alimentação da

planilha foram fornecidas pela equipe ReconBaja, subsistemas de suspenção e

estrutura, sendo utilizado os exibidos a seguir:

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Figura 26: Diagrama de um veículo baja exibindo as cotas que serão dimensionadas a seguir

Fonte: Adaptado de Hasanat <devianart.com> (2012)

Tabela 4: Dimensões básicas do veículo demonstradas na figura 28

Símbolo Significado Valor (m)

H Altura do centro de

gravidade

0,5

L Distância entre eixos 1,50

C Distância ao eixo

traseiro

0,675

B Distância ao eixo

dianteiro

0,825

M Massa 250

Fonte: Equipe ReconBaja UFRB

Devido a determinação por uma roda de aro 10” no projeto, há uma limitação

quanto ao tamanho máximo do disco de freio e pinça a ser utilizados, já que esses

componentes têm que se adequar no interior da roda conforme pode ser visto na figura

27.

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49

Figura 27: Esquema de acomodação do sistema de freios dentro da roda em um veículo mini baja.

Fotografia feita na competição regional em 2016

A – Manga de

eixo

B – Pinça de

freio

C – Mangueira

do fluido

D – Disco de

freio

E – Roda

Fonte: Autor

Inicialmente foi definido o uso da pinça de freio da Suzuki Burgman 125cc, devido

ao seu tamanho reduzido e por conter apenas um pistão, o que diminui a massa total

do sistema; e tamanho máximo do disco de freio estipulado em 170 mm, devido à

limitação da roda, assim temos as dimensões pré-definidas na tabela 5.

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50

Tabela 5: Dimensões de alguns componentes do sistema

Componente Dimensão (mm)

Disco de freio (diâmetro) 170

Disco de freio (largura) 4

Pinça de freio dianteira (diâmetro do

embolo)

30,2

Fonte: Equipe ReconBaja UFRB

Com isso, tem-se um raio máximo do centro de atuação das pastilhas de freio

ou raio efetivo, fator importante no projeto, igual a 75 mm.

4.2 Índice de frenagem

Para início dos cálculos é necessário definir o índice de frenagem, para esse

projeto, utiliza-se a equação 2.22, repetida a seguir.

𝜉 =[(1−𝑥)+(𝜇+𝑓)ℎ

𝑙⁄ ]

[𝑥−(𝜇+𝑓)ℎ𝑙⁄ ]

=[(1−0,55)+(0,45+0,085)0,5

1,5⁄ ]

[0,55−(0,45+0,85)0,51,5⁄ ]

=0,6283

0,3717= 1,69

Assim, no momento da frenagem, a distribuição de carga dinâmica passa a ser

62,83% no eixo dianteiro e apenas 37,17% para o traseiro, acumulando maior energia

no eixo dianteiro.

4.3 Forças de frenagem

Para considerações de projeto, deve ser levado em consideração a análise das

cargas dinâmica, pois estas agem no veículo durante a frenagem. O ponto de partida

para a análise da força de frenagem é a equação 2.15. Esta é utilizada considerando-

se a pista horizontal, sem aclives, sendo ∝ = 0º, e aceleração da gravidade g = 9,81

m/s².

𝐹𝑓 = 𝜇𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝= 0,45. (250.9,81).1

𝐹𝑓 = 1103,62 𝑁

E sendo as forças de reação normais em cada eixo são iguais a 𝑅1 𝑒 𝑅2, dada

pelas equações 2.20 e 2.21, tem-se que:

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51

𝑅1 = 𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ [(1 − 𝑥) + (𝜇 + 𝑓) ℎ𝑙⁄ ] = 2452,5.1. [(1 − 0,55) + (0,45 + 0,085)

0,5

1,5]

𝑅1 = 1540,98 𝑁

𝑅2 = 𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ [𝑥 − (𝜇 + 𝑓) ℎ𝑙⁄ ] = 2452,5.1. [0,55 − (0,45 + 0,085) 0,5

1,5]

𝑅2 = 911,51 𝑁

Para esse caso, as forças de frenagem para os eixos dianteiro e traseiro são:

𝐹𝑓1 = 𝜇. 𝑅1 = 0,45.1602,627 = 693,44 𝑁

𝐹𝑓2 = 𝜇. 𝑅2 = 0,45.947,973 = 410,18 𝑁

Considerando que os freios nas 4 rodas, com discos de diâmetro de 170 mm e

posição radial do centro das pastilhas igual a 75 mm para o eixo dianteiro, têm-se:

𝐹𝑑1 =1

2. 𝐹𝑓1 .

𝑟𝑑

𝑟𝑓1

𝐹𝑑1 =1

2. 693,44.

0,2668

0,075= 1233,39 𝑁

E considerando uma pinça da Suzuki Burgman, cujo embolo possui 30 mm, tem-se:

𝑃ℎ𝑖𝑑 =𝐹𝑑1

𝐴1.𝜇𝑝𝑎𝑠𝑡𝑖𝑙ℎ𝑎=

1233,39

706,5.0,45= 3,87 𝑀𝑝𝑎

Logo, para essa pressão hidráulica, e considerando a utilização de pinças

iguais a da dianteira, tem-se que a força exercida nos discos traseiros é,

𝐹𝑑2 = 𝑃ℎ𝑖𝑑. 𝐴2. 𝜇𝑝𝑎𝑠𝑡𝑖𝑙ℎ𝑎 = 3,87.706,5.0,45 = 1233,4 𝑁

Assim, para manter a proporcionalidade do sistema, reduzindo a força que atua

no eixo traseiro, já que este tem menos carga na frenagem, tem-se que o raio efetivo

para o eixo traseiro será de:

𝑅𝑓2 =1

2. 𝐹𝑓2 .

𝑟𝑑

𝐹𝑑2

𝑅𝑓2 =1

2. 410,18.

0,2668

1233,4= 0,04436 = 44,36𝑚𝑚

Valor inferior ao que havia sido estipulado anteriormente, assim, possibilitando

uma redução no tamanho do disco de freio traseiro, que acarreta uma diminuição da

massa do sistema.

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52

4.4 Otimização do dimensionamento

Visto que, o sistema de frenagem compõe uma parte importante na segurança

do veículo, é necessário levar em consideração que este poderá está submetido não

somente às vias de terra solta (principais na competição), mas também, deve

funcionar de modo ótimo em pistas com maior coeficiente de atrito pneu x solo, como

asfalto, cujo µ=0,95 (0,60 a 0,95), dimensionando assim componentes como pedal e

cilindro mestre.

Para esse coeficiente, é encontrado uma nova força de frenagem de:

𝐹 = 𝜇. 𝐺 = 0,95.250.9,81 = 2329,87 𝑁

E as forças de reação nos eixos dianteiros (R1) e traseiro (R2), passam a ser:

𝑅1 = 𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ [(1 − 𝑥) + (𝜇 + 𝑓) ℎ𝑙⁄ ] = 2452,5.1. [(1 − 0,55) + (0,95 + 0,085) 0,5

1,5]

𝑅1 = 1949,73 𝑁

𝑅2 = 𝐺𝑐𝑜𝑠 ∝ [𝑥 − (𝜇 + 𝑓) ℎ𝑙⁄ ] = 2452,5.1. [0,55 − (0,95 + 0,085) 0,5

1,5]

𝑅2 = 502,76 𝑁

Obtendo um novo índice de frenagem igual a;

𝜉 =[(1−𝑥)+(𝜇 +𝑓)ℎ

𝑙⁄ ]

[𝑥−(𝜇+𝑓)ℎ𝑙⁄ ]

=[(1−0,55)+(0,95+0,085)0,5

1,5⁄ ]

[0,55−(0,95+0,85)0,5

1,5⁄ ]=

0,795

0,205= 3,88

Nota-se então, que a força que age no eixo dianteiro é muito maior no momento

da frenagem, cerca de 79,5% do total, devido à transferência de carga dinâmica, então

as novas forças de frenagem exigidas para suportar tal carga, são:

𝐹𝑓1 = 𝜇. 𝑅1 = 0,95.1949,73 = 1852,25 𝑁

𝐹𝑓2 = 𝜇𝑅2 = 0,95.502,76 = 477,62 𝑁

E as forças exercidas nos discos:

𝐹𝑑1 =1

2. 1852,25.

0,2668

0 ,075= 3294,53 𝑁

𝐹𝑑2 =1

2. 477,62.

0,2668

0,04436= 1436,20 𝑁

Então, a pressão hidráulica necessária para cada um dos eixos é:

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53

Dianteira: 𝑃ℎ𝑖𝑑 =𝐹𝑑1

𝐴1 .𝜇𝑝𝑎𝑠𝑡𝑖𝑙ℎ𝑎=

3294 ,53

706,5.0,45= 10,36 𝑀𝑝𝑎

Traseira: 𝑃ℎ𝑖𝑑 =𝐹𝑑2

𝐴2 .𝜇𝑝𝑎𝑠𝑡𝑖𝑙ℎ𝑎=

1436,2

706,5.0,45= 4,52 𝑀𝑝𝑎

Logo, tem-se que para uma frenagem ótima, a pressão hidráulica do sistema

deve ser maior que o maior valor de pressão encontrada para os sistemas, tem-se

então, que deve ser maior que 10,36 MPa. Desse modo, garante-se teoricamente o

travamento da roda dianteira, e, como o raio efetivo do eixo traseiro é menor, a força

de frenagem nesse é reduzida, garantindo que a roda traseira não será travada

prematuramente.

A partir desses dados calculados, é possível modelar o cilindro mestre para o

sistema, assim como o pedal e a vantagem mecânica do sistema.

Conforme informações adquiridas de outras equipes, utiliza-se com frequência

cilindros disponibilizados comercialmente, sendo o do Fiat Palio, um dos mais

utilizados, e considerado primeiramente neste projeto. Para este, tem-se uma área de

cilindro igual a 314 mm², e a força no cilindro mestre deve ser:

𝐹𝑐𝑖𝑙 = 𝑃ℎ𝑖𝑑 𝑚á𝑥 . 𝐴𝑐𝑖𝑙 = 10,36.314 = 3253,86 𝑁

Desse modo, para essa força e considerando que a máxima força aplicada pelo

piloto de maneira confortável é 300N, tem-se uma razão de multiplicação da força

aplicada igual a:

𝑅𝑎𝑧ã𝑜 =3253,86

300= 10,84

Considerada uma razão muito elevada para o sistema, visto que quanto maior

essa relação, maior será o curso do pedal, o que ocasiona uma perda de capacidade

de frenagem, aumento do tempo de reação do piloto, e uma maior força de flexão no

pedal no momento de aplicação da força, assim, apresentou-se uma nova proposta

para o sistema, a modelagem e fabricação de um novo cilindro mestre com um

diâmetro menor, com o intuito de reduzir essa relação e ainda assim, atender às

necessidades do veículo.

Para isso, foi estabelecido uma nova razão igual a 5, assim a área do novo

cilindro deve ser:

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54

𝐹𝑐𝑖𝑙 = 𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙.𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑎𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎çã𝑜 = 5.300 = 1500 𝑁

𝐴𝑐𝑖𝑙 =𝐹𝑐𝑖𝑙

𝑃ℎ𝑖𝑑 𝑚á𝑥=

1500

10,36= 144,75𝑚𝑚2

𝐷𝑐𝑖𝑙 = √𝐴𝑐𝑖𝑙 .4

𝜋= √

144,75.4

𝜋= 13,57𝑚𝑚

Com esses dados, e considerando um curso de 1 mm para a pastilha, do

momento da aplicação força até o ponto que toca o disco, ou seja, do momento que o

pedal começa a se mover, até o seu ponto máximo, e que a área dos êmbolos das

pinças traseiras e dianteiras são iguais (𝐴1 = 𝐴2), temos que o volume de fluido

deslocado no sistema é

𝑉𝑑 = (𝐴1 ∗ 2 + 𝐴2 ∗ 2) ∗ 𝐶𝑢𝑟𝑠𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑖𝑛ç𝑎 = (706,5 ∗ 4) ∗ 1 = 2826 𝑚𝑚³

Com isso, o curso do cilindro mestre é:

𝐶𝑐𝑚 =𝑉𝑑

𝐴𝑐=

2826

144,75= 19,52 𝑚𝑚

Seguindo pela multiplicação de força no pedale, como foi considerado uma

razão de 5 vezes para a força, essa também é considerada para o curso do

componente, assim:

𝐶𝑝 = 𝐶𝑐𝑚. 𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 19,52.5 = 97,61 𝑚𝑚

4.5 Influência do coeficiente de atrito no par pneu x pista

Com os resultados obtidos é possível notar uma grande influência do tipo de

pista na eficiência da frenagem, devido à grande variação do coeficiente de atrito do

par pneu x pista.

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55

Figura 28: Coeficiente de atrito pneu-pista x força de frenagem necessária. Sendo Ff a Força de

Frenagem total, Fd a Força de frenagem no eixo dianteiro e Ft a força de frenagem no eixo traseiro

Fonte: Autor

Analisando o gráfico acima, é notado que quanto menor o coeficiente de atrito,

menor será a força necessária para a parada total do veículo, visto que a força de

frenagem é menor. Com isso, dimensionar um sistema de freios para o coeficiente de

atrito maior que o esperado, irá ocasionar uma força maior que o necessário no

sistema, por isso, é necessário balancear o raio efetivo do disco no eixo de menor

carga, afim de evitar tal força nesse eixo, o que caracterizaria uma redução na

capacidade de frenagem do veículo. Nesta situação o veículo se torna instável

direccionalmente, já que o mesmo tende a girar em torno do eixo de maior carga,

nesse caso, o dianteiro.

4.6 Projeto dos componentes

Conforme visto acima, foi necessário o projeto de alguns componentes para ser

utilizados nesse projeto, como o cilindro mestre e pedal de freio, que serão

demonstrados a seguir.

4.6.1 Pedal de freio

Como visto no capítulo 2, este componente é responsável pelo acionamento do

sistema e é ele que recebe a força aplicada pelo motorista e a multiplica por meio do

princípio de alavanca, repassando essa força multiplicada ao cilindro mestre que irá

acionar o restante do sistema.

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56

Para a modelagem do pedal, foi utilizado um modelo com cantos arredondados,

de modo a suportar melhor as cargas aplicadas, evitando pontos de concentração de

tensão, e também pela segurança física do piloto. Para as dimensões foram

analisadas a posição de montagem do mesmo no carro e respeitando a razão de

multiplicação de forças estipulada.

Figura 29: Esboço de modelagem do pedal de freio feito no software SolidWorks

Fonte: Autor

Levando em consideração que, da barra onde o pedal seria fixado até o

assoalho do veículo, se tem uma dimensão de 350 mm, e considerando um tamanho

de pé médio para o piloto, foi adotado, que do assoalho ao início do pedal, ou seja, do

ponto de apoio do pé (assoalho inferior) até o ponto de aplicação da força (pedaleira),

uma dimensão de 120 mm, assim, tem-se uma dimensão de 230 mm para a parte

inferior do pedal, e respeitando a razão de multiplicação estipulada, encontra-se 46

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57

mm para a parte superior. Para os pinos de fixação, adotou-se um diâmetro de 16 mm

para o pivô (ponto de fixação na estrutura), e 12 mm para o de fixação da haste do

cilindro mestre.

Para a simulação foi utilizado como material a liga de alumínio 7075 – T6,

garantindo uma alta resistência mecânica com um baixo peso, fixado os pontos do

pivô e de saída de força e, aplicada uma força de 500 N, extrapolando a força

imprimida pelo motorista, de modo a evitar falhas.

Figura 30: Simulação CAE dos esforços no pedal de freio considerado usando o software SolidWorks

Fonte: Autor

Observa-se que na simulação o valor da tensão de escoamento não foi

alcançado em nenhum ponto do projeto, mostrando que a modelagem feita se adequa

ao projeto sem que haja uma deformação plástica do componente; com isso, tem-se

que as dimensões podem até ser reduzidas de modo a diminuir a massa do

componente.

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58

4.6.2 Cilindro mestre

Conforme visto anteriormente, este componente é responsável pelo comando

hidráulico do sistema, imprimindo a força que recebe do pedal no fluido de freio, que

irá “conduzir” a mesma até as pinças, provocando a frenagem.

Com os resultados encontrados nesse trabalho, mostrou-se necessário a

modelagem e fabricação de um cilindro que irá suprir as necessidades do projeto

atendendo a todo o dimensionamento realizado.

De acordo com os resultados apresentados o novo cilindro mestre deve possuir

um diâmetro de 13,57 mm, aproximadamente 17/32”. Que será usinado em alumínio.

Possuindo um curso de 19,52 mm limitado por uma mola espiral. Este cilindro deve

conter um sistema de acionamento duplo com recipientes de fluido independentes,

obedecendo a RATBSB 7 – 2017, conforme esquema da figura 7.

4.6.3 Disco de freio

A partir da análise dos resultados, foi encontrado que o tamanho do disco

proposto (170 mm) se mostrou adequado para o projeto no eixo dianteiro, podendo

ser reduzido para 150 mm no disco traseiro, de modo a se adequar ao raio efetivo

encontrado, sem prejuízos ao sistema, e modelado com as seguintes dimensões.

Tabela 6: Dimensões dos discos de freio

Componente Dimensão

Diâmetro externo (dianteiro)

Diâmetro externo (traseiro)

170 mm

150 mm

Largura 4 mm

Diâmetro dos furos para

resfriamento

4 mm

Furo central para eixo 35 mm

Furos fixação no cubo de roda 6 mm

Fonte: Autor

Na imagem a seguir é exibido o esboço do disco de freio modelado, com todas as

cotas aparentes.

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Figura 31: Esboço de modelagem do disco de freio no software SolidWorks. (A) Detalhamento,

exibido na figura 37

Fonte: Autor

Na seguinte imagem é mostrado o detalhe uma seção do disco, mostrando

detalhadamente o afastamento do padrão de furos do centro, de modo a evitar uma

vibração excessiva no sistema e proporcionar um desgaste uniforme dos

componentes, como a pastilha que estará em constante contato com a superfície.

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60

Figura 32: Detalhe no esboço do disco de freio.

Fonte: Autor

Por fim, uma modelagem do disco extrudado com todas dimensões, furos e

largura definidos

Figura 33: Vista frontal da modelagem do disco de freio feita no software SolidWorks

Fonte: Autor

4.7 Análise térmica

Conforme análise da literatura, a máxima velocidade alcançada por um veículo

mini baja durante a competição é cerca de 55 km/h ou 15,27m/s, com isso,

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61

considerando uma frenagem busca dessa velocidade até a parada total do veículo,

encontra-se uma diferença de temperatura.

Tendo que a massa considerada para o veículo com o piloto é de M = 250 kg,

a energia cinética dessa frenagem é,

𝐸 =1

2𝑀(𝑣𝑖

2 − 𝑣𝑓2) =

1

2. 250.(15,27² − 0²) = 29146,61 𝐽

E como essa energia cinética é transformada em energia térmica no disco, 𝐸 =

𝑄𝑓𝑟𝑒𝑖𝑜 = 𝑚 𝑐 Δ𝑇, sendo o calor específico do ferro fundido igual a 𝑐 = 544,27𝐽

𝑘𝑔º𝐶,

𝑄𝑓𝑟𝑒𝑖𝑜 = 𝑚 𝑐 Δ𝑇

Δ𝑇 =29146,61

544,27.1,2= 44,62 º𝐶

Como este aumento de temperatura encontrado é relativamente pequeno para

os materiais utilizados nos componentes, não haverá uma perda da capacidade de

frenagem devido ao efeito de brake fade, ou superaquecimento do disco. Ainda assim,

para garantir que esse aumento de temperatura não irá atingir negativamente o

desempenho do sistema, utiliza-se um disco de freio com furos de ventilação já

apresentado anteriormente, que ajudam a dissipar esse calor acumulado.

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62

5. CONCLUSÃO

O desenvolvimento desse estudo possibilitou a construção de um sistema de

freios para um veículo mini baja, com o intuito de ser utilizado pela equipe ReconBaja

UFRB. Foram utilizados dados teóricos de projeto, dos demais sistemas do veículo,

fornecidos pela equipe, que foram submetidos a cálculos e simulações

computacionais, afim de obter um projeto consistente que seja capaz de cumprir as

especificações e provas da competição.

Após análise dos resultados obtidos, conclui-se que o projeto é satisfatório, e

com o uso da planilha de cálculos desenvolvida neste estudo, é possível realizar

ajustes no projeto conforme necessário futuramente. Assim, o sistema resultante,

deve ser capaz de atender as necessidades de frenagem do veículo nas diversas

condições de prova, além de manter a segurança do piloto e demais membros das

provas.

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63

6. PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS

Para estudos futuros, sugere-se como proposta o estudo prático do sistema

desenvolvido, por meio do detalhamento, fabricação dos componentes e testes de

validação em veículos prontos. A partir daí a planilha utilizada nesse trabalho é

alimentada com os novos valores práticos, obtendo assim novos gráficos e resultados

para serem comparados com os dados teóricos, de modo a otimizar o sistema

encontrado. Além do estudo ergonômico do piloto no momento de aplicação de força

nos pedais, otimizando esse conjunto e os dados considerados para os cálculos.

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64

7. REFERÊNCIAS

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