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Miriam Raquel Teodoro de Sousa Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Especialização Prevenção de HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do titulo de Especialista em Prevenção de HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos. Orientador: Prof. Dr. Alessandro de Oliveira dos Santos. São Paulo 2011. A vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra de baixa renda no município de Hortolândia

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Page 1: Projeto de Pesquisa - A vulnerabilidade program tica na ... · Introdução. As diferenças sejam elas de gênero, de raça, sociais, econômicas, ou religiosas, quando observadas

Miriam Raquel Teodoro de Sousa

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Especialização Prevenção de HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do titulo de Especialista em Prevenção de HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos. Orientador: Prof. Dr. Alessandro de Oliveira dos Santos.

São Paulo 2011.

A vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra de baixa renda no município de Hortolândia

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Miriam Raquel Teodoro de Sousa

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Especialização Prevenção de HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do titulo de Especialista em Prevenção de HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos. Orientador: Prof. Dr. Alessandro de Oliveira dos Santos.

São Paulo 2011.

A vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra de baixa renda no município de Hortolândia

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, de maneira especial, ao meu orientador Prof. Dr. Alessandro de

Oliveira dos Santos pela atenção, disponibilidade e pela forma tranqüila com que me

conduziu até o final deste trabalho.

Agradeço à Coordenação, Professores e Monitores do Curso de Especialização

em Prevenção ao HIV/AIDS no Quadro da Vulnerabilidade e Direitos Humanos pela

dedicação pessoal que conduziram este curso, às minhas monitoras Cristiane

Gonçalves da Silva e Claudia Renata Santos Barros, que por motivos profissionais

não puderam permanecer até o final dessa jornada e em especial à minha monitora,

Eliana Zucchi, pela coragem em assumir o grupo e responsabilidade com que

conduziu sua monitoria sempre atenciosa e cuidadosa em todos os nossos encontros.

Agradeço também ao investimento e confiança da Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo, representada pelo Centro de Referência e Treinamento

DST/AIDS-SES/SP e da Secretaria Municipal de Saúde do Município de

Hortolândia/SP.

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INDICE DE TABELAS

TABELA 1 – DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE MULHERES........................... 17

TABELA 2 - CADASTRADO NO SIS/PRÉ-NATAL. ............................................ 20

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9

• DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS E RAÇA. ................................ 13

• ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER EM HORTOLÂNDIA..................... 17

OBJETIVO................................................................................................................. 22

MÉTODO................................................................................................................... 23

• DESENHO DO ESTUDO.............................................................................. 23

• PLANO DE ANÁLISE.................................................................................. 25

• ASPECTOS ÉTICOS..................................................................................... 26

PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA........................................................ 27

ANEXO I – ROTEIRO PRELIMINAR DE ENTREVISTA..................................... 29

ANEXO II - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................................ 32

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 33

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RESUMO

Sousa MRT. Vulnerabilidade programática na atenção a saúde da mulher negra de baixa renda do município de Hortolândia. São Paulo; 2011 [Projeto de Pesquisa] São Paulo: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; 2011.

Introdução. As diferenças sejam elas de gênero, de raça, sociais, econômicas, ou religiosas, quando observadas dentro da estrutura dos serviços públicos podem se transformar em desigualdades. Na saúde pública, isso ocorre quando o atendimento oferecido à população não é equânime para os diferentes grupos. Identificar essa vulnerabilidade é uma das formas de contribuir para o aprimoramento das políticas públicas voltadas à população negra e de baixa renda e atender as políticas criadas pelo Ministério da Saúde em relação à saúde da população negra. Objetivo: Descrever a vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra de baixa renda do município de Hortolândia. Métodos: Servidores de duas unidades básicas de saúde do município de Hortolândia após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido responderão a um questionário aberto. Será feita uma análise de conteúdo das informações obtidas. Resultados esperados: Levantamento de dados sobre a mulher negra e de baixa renda do município de Hortolândia, visando subsidiar as discussões sobre políticas públicas voltadas a essa população.

Palavras chaves: Vulnerabilidade, raça, gênero, saúde sexual, saúde reprodutiva, pesquisa qualitativa.

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INTRODUÇÃO

O conceito de “vulnerabilidade” ganhou destaque no início da década de 1990

entre cientistas do campo da saúde que, na intersecção de vários campos do saber,

buscavam estratégias para o enfrentamento da aids. De acordo com Ayres e

colaboradores (2003, p.123), o conceito de vulnerabilidade é expresso por um

“conjunto de aspectos individuais e coletivos relacionados ao grau e modo de

exposição a uma dada situação e, de modo indissociável, ao maior ou menor acesso a

recursos adequados para se proteger das consequências indesejáveis daquela

situação”.

A adoção do termo vulnerabilidade permite traduzir a complexidade dos

aspectos individuais e coletivos relacionados à exposição ao HIV e ao adoecimento

por aids (Mann e col., 1993; Ayres e col., 2003). Permiti ir além da noção de grupos

de risco – associada a idéias rotuladoras e, portanto, geradoras e reprodutoras de

preconceito e estigmatização – e sua sucedânea, isto é, a noção de comportamento de

risco, na qual o foco se dirige aos aspectos comportamentais individuais da

prevenção, em detrimento de características relacionadas à construção social e

cultural da epidemia (Garcia e Souza, 2010).

Nesse sentido, destaca-se o esforço teórico de um grupo de pesquisadores na

elaboração de um quadro de referência conceitual e metodológico capaz de captar e

avaliar vulnerabilidades em níveis interdependentes de análise: individual, social e

político-programático (Garcia e Souza, 2010).

A dimensão individual da vulnerabilidade se relaciona basicamente a

comportamentos pessoais que condicionam as possibilidades de prevenção da

infecção pelo HIV. Estes comportamentos estão relacionados ao meio social e ao

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grau de consciência e ao potencial de transformação que os indivíduos tem sobre eles

mesmos (Ministério da Saúde, 2003).

A dimensão social da vulnerabilidade diz respeito ao contexto em que o

indivíduo está inserido, condições de moradia, acesso a informação, trabalho,

serviços de saúde de qualidade, bem como, ao pertencimento étnico/racial e de

gênero. A dimensão programática da vulnerabilidade, por sua vez, é caracterizada

pelos investimentos em ações e programas de informação e educação preventivas;

pela existência de serviços sociais e de saúde de fácil acesso, com alta qualidade,

democraticamente delineados, periodicamente retroalimentados e avaliados e pela

adoção de mecanismos de não discriminação nas instituições (FUNASA, 2005).

Segundo Ayres e col. (2003) as vulnerabilidades são definidas na relação com o

outro, seja pessoa ou equipamento social. Nesse sentido, os estudos de

vulnerabilidade apresentam-se como recursos interpretativos da condição da pessoa

humana nas sociedades modernas e seus horizontes práticos são de natureza político-

cultural, pois desafiam seus pesquisadores a denunciar os determinantes sociais do

agravo, a “coletivizar” os compromissos políticos e construir estratégias de

intervenção que atinjam produtiva e efetivamente estes determinantes.

Estudos mostram que a pobreza, a cor/raça e o gênero são marcadores sociais

que influenciam no grau de vulnerabilidade de deteminados grupos aos agravos em

saúde, uso abusivo de álcool e outras drogas, violência e discriminação (Chor &

Lima, 2005; Batista, Escuder & Pereira, 2004; Laguardia,2004).

Segundo Barros e col. (2000, p.127) no Brasil: “o grau de pobreza é mais

elevado do que o encontrado em outros países com renda per capita similar. Embora

cerca de 64% dos países tenham renda inferior à brasileira, aqui o grau de

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desigualdades é um dos mais elevados do mundo”. Para Milton Santos (apud

FUNASA, 2005) os pobres não estão apenas desprovidos de recursos financeiros

para consumir, a eles é oferecida uma cidadania abstrata que não cabe em qualquer

tempo ou lugar e que, na maioria das vezes, não pode ser sequer reclamada. Por

mais que se deseje negar, esta cidadania não consistente e não reivindicável, vem

sendo oferecida ao longo do tempo, prioritariamente aos negros e negras, índios e

índias.

A desigualdade e pobreza no Brasil têm sexo e cor/raça. A história mostra-nos,

através do racismo, do preconceito sexual e da indiferença face aos miseráveis, a

facilidade com que se desumaniza o "diferente" ou "inferior" sem que nos sintamos

minimamente responsáveis (Vilhena, 2007).

Os estudos realizados por Lopes (2003) e Batista (2002) mostraram que a

população negra tem uma inserção mais difícil na sociedade brasileira e pouco

acesso aos serviços de saúde e educação formal, constituindo-se como mão de obra

barata. Para a população negra é oferecida uma cidadania questionável, consequência

de uma desigualdade que teve seu alicerce construido em um passado escravista,

dominante na sociedade brasileira por quase três séculos. Para mulher negra o peso

de pertencer a determinado grupo étnico/racial é maior pois ela terá de lidar não só

com o preconceito e discriminação racial mas com o preconceito e a discriminação

de gênero sobrepostos.

Quando nos referirmos ao termo “gênero” neste trabalho, utilizamos a definição

aplicada por Scott, 1995:

( ... ) o termo “gênero” torna-se uma forma de indicar “construção culturais” – a criação inteiramente social de ideais sobre os papéis adequados aos homens e às mulheres. Trata-se de uma forma de se referir às origens exclusivamente

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sociais das identidades subjetivas de homens e de mulheres. “Gênero” é, segundo esta definiçao, uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado. (p. 75)

Ao consultar dicionários de diversas áreas, tais como epidemiologia, genética,

biologia, medicina e psiquiatria norte-americana, Laveist (1994) apud Laguardia,

2004 percebeu que não existe um consenso a respeito do significado do termo “raça”

o que pode resultar em erro na mensuração dessa variável, além disso “a ausência de

clareza conceitual, deixa um grande espaço para interpretações dos achados da

pesquisa que não permitem formulação de políticas públicas efetivas”. (p.214).

Segundo o autor, a “raça” não é problemática para a pesquisa em saúde se

houver um certo consenso sobre seu significado (Laguardia, 2004 , p.215).

A construção de “raça”, segundo Willis (2001) apud Laguardia, 2004, passa

pelo mesmo processo de construção de gênero, classe ou grupos etários, ou seja, são

noções culturalmente construídas a partir de diferenças reais ou atribuídas (p.214).

Considerando-se a ausência de consenso sobre o termo “raça” na pesquisa em saúde,

adotaremos a definição de Williams, (1997)1 apud Chor e Lima, (2005).Trata-se de:

“um importante constructo social que determina identidades, acesso a recursos e a valorização da sociedade. Assim, interagindo com outros marcadores de posição social (exemplo: gênero, educação, renda), a raça contribui para a maior ou menor exposição a diferentes riscos à saúde” (p.1587).

Segundo Krieger & Basset (1993)2 apud LAGUARDIA,2004:

Na questão específica da desigualdade racial em saúde, o modelo genético assegura que os negros são inerentemente mais suscetíveis a determinadas doenças; já os modelos ambientais/culturais vêem os negros como vítimas de fatores que oscilam desde a má nutrição

1 WILLIAMS DR. Race and health: basic questions, emerging directions. Ann epidemiol 1997;7:322-33. 2 KRIEGER, N; BASSET, M. The health of black folks. Disease, class and ideology in science. In H: HARDING, S. (Ed.) The racial economy of science: toward a democratic future. Bloomington: Indiana University Press, 1993. p.160-169.

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até a falta de educação, ou ressaltam o fato de residirem em moradias superlotadas, tendendo a culpabilizá-los por escolherem certos estilos de vida, responsáveis pelas desigualdades na saúde. (...) Ser negro não é, como sugerem esses modelos, geneticamente determinado, nem se define por certo tom de pele, por condições de vida individuais ou pela má escolha de um estilo de vida, mas sim por uma determinada posição em hierarquias sociais conjuntas de “raça” e classe, com a concentração desproporcional dos negros em todos os estratos mais baixos das classes sociais e, consequentemente, com sua discriminação racial.

Para Krieger3 apud Chor e Lima (2005):

na origem de grande parte das desigualdades étnico/raciais, encontra-se a discriminação racial, com seus efeitos próprios na saúde. De acordo com essa proposição, a desvantagem econômica e social seria um dos mecanismos através do qual a discriminação contribui para as desigualdades raciais de saúde.

Desta forma, é muito importante que os serviços de saúde estejam atentos à

discriminação, em especial ao racismo institucional, que segundo o Ministério da

Saúde (2010) caracteriza-se pela:

produção sistemática da segregação étnico racial, nos processos e relações institucionais. Manifesta-se por meio de normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano de trabalho, resultante de ignorância, falta de atenção, preconceitos ou estereótipos racistas. Em qualquer caso, sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pela ação das instituições. (p.16)

DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS E RAÇA.

A Conferência Internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre

População e Desenvolvimento (CIPD), realizada no Cairo, em 1994, conferiu papel

primordial à saúde e aos direitos sexuais e direitos reprodutivos. Com base nessa

3 KRIEGER N.Does racism harm health? Did child abuse exist before 1962? On explicit questions critical science, and current controversies: an ecosocial perspective. Am J Public Health 2003;93:1994-9

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Conferência, o Ministério da Saúde produziu uma publicação (2005, p.6-7) na qual

apresenta os direitos reprodutivos da seguinte forma:

Os direitos reprodutivos abrangem certos direitos humanos já reconhecidos em leis nacionais, em documentos internacionais sobre direitos humanos, em outros documentos consensuais. Esses direitos se ancoram no reconhecimento do direito básico de todo casal e de todo individuo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos e de ter a informação e os meios de assim o fazer, e o direto de gozar do mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva, inclui também seu direito de tomar decisões sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência. (§ 7.3).

Os acordos estabelecidos no Cairo foram reafirmados na IV Conferência

Mundial sobre a Mulher, realizada em Pequim em 1995 (Ministério da Saúde 2005,

p.7).

Segundo Ventura (2009, p.19/20):

A efetivação dos Direitos Reprodutivos envolve assegurar direitos relativos à autonomia e autodeterminação das funções reprodutivas, que correspondem às liberdades e aos direitos individuais reconhecidos nos Pactos e Convenções de Direitos Humanos e na lei constitucional brasileira.

De acordo com Ávila, (2003, p.466) “os direitos reprodutivos dizem respeito à

igualdade e à liberdade na esfera da vida reprodutiva. (...) O que significa tratar

sexualidade e reprodução como dimensões da cidadania e conseqüentemente da vida

democrática”.

A saúde integral da mulher, segundo o Ministério da Saúde (2005), pressupõe a

compreensão dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos como direitos humanos,

considerando a diversidade e as necessidades específicas da população feminina.

Dessa forma, para que seja possível oferecer atenção integral à mulher, como

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preconiza o Ministério da Saúde na sua Política Nacional de Atenção Integral à

Saúde da Mulher, é preciso levar em consideração que:

A atenção integral à saúde da mulher compreende o atendimento à mulher a partir de uma percepção ampliada de seu contexto de vida, do momento em que apresenta determinada demanda, assim como de sua singularidade e de suas condições enquanto sujeito capaz e responsável por suas escolhas. (...) O atendimento deverá nortear-se pelo respeito a todas as diferenças, sem discriminação de qualquer espécie e sem imposição de valores e crenças pessoais. Esse enfoque deverá ser incorporado aos processos de sensibilização e capacitação para humanização das práticas em saúde (Ministério da Saúde, 2004, p.64).

Segundo informações do Ministério da Saúde (2004), a maioria das mulheres

negras encontra-se abaixo da linha de pobreza. A taxa de analfabetismo é o dobro das

mulheres brancas, possuem menor acesso aos serviços de saúde de qualidade e à

assistência obstétrica, seja durante o pré-natal, durante o parto ou no puerpério,

repetindo-se na atenção ginecológica. No ano de 2003, 37,1% das mulheres que

realizaram exame ginecológico no país eram brancas e 24,7% negras.

De acordo com Lopes (2003, p.28) “(...) desde o início da década de 90,

pesquisadoras negras e não negras têm evidenciado diferenças raciais no campo da

saúde sexual e reprodutiva.”

Perpétuo (2000, p.67), afirma que:

“Trabalhos que abordam temas relativos à saúde reprodutiva são mais raros. Alguns deles sugerem que as mulheres negras estão mais expostas à infertilidade e à mortalidade materna, como resultado de sua predisposição biológica para algumas doenças – como a hipertensão arterial e a miomatose – vis a vis a sua maior dificuldade de acesso a serviços de saúde, fruto da discriminação racial que determinaria sua maior concentração em áreas de periferia, onde a infraestrutura de serviços é ausente ou deficiente.”

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No mesmo trabalho a autora observa que:

“As jovens mulheres negras iniciam sua vida sexual mais cedo e têm um maior desconhecimento da fisiologia reprodutiva e menor acesso à assistência anticoncepcional – apresentam taxa específica de fecundidade substancialmente maior que as jovens brancas (0,320 versus 0,259) e uma relação muito mais desfavorável em termos do componente não-desejado da fecundidade (39% versus 17%). (Perpétuo, 2000 – p.71)

O recorte étnico/racial tem se mostrado relevante para a análise dos indicadores

de saúde, permitindo avaliar a capacidade do Sistema Unico de Saúde (SUS) de

proteger, promover ou desrespeitar direitos, dentre eles os direitos sexuais e

reprodutivos, assim como para o planejamento e execução de ações. O recorte

étnico/racial também permite avaliar a qualidade de vida de grupos populacionais,

mostrando do que e como eles adoecem e morrem (Ministério da Saúde, 2004).

Deste modo, no planejamento de ações de saúde da mulher, além do gênero, faz-se

necessário incorporar a raça/etnia, o “quesito cor/raça” na saúde.

Laguardia, (2004, p.223), observa que:

Os estudos que correlaciona “raça”, etnicidade e saúde devem buscar compreender a vulnerabilidade múltipla a que estão sujeitos determinados segmentos da população e a extensão na qual o status étnico/racial se combina de forma aditiva e interativa com outras categorias de status social, restringindo ou facilitando a exposição situações de risco à saúde.

No mês de julho de 2011, o município de Hortolândia incluiu oficialmente no

sistema utilizado para gerar as fichas de atendimento da população nos serviços

públicos o “quesito cor/raça” permitindo futuramente a utilização desta variável

para descrever a vulnerabilidade de alguns grupos populacionais na rede de atenção

básica.

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ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER EM HORTOLÂNDIA

Hortolândia conta com uma população estimada de 192.692 habitantes, sendo

97.439 (50,6%) homens e 95.253 (49,4%) mulheres, estas últimas com uma

concentração maior entre as faixas etárias que variam dos 10 aos 34 anos,

distribuídas da seguinte maneira:

Tabela 1 – Distribuição do número de mulheres

Fonte: IBGE, 2010

Hortolândia é o sétimo município mais rico da Região Metropolitana de

Campinas e o 101° do Brasil, sendo considerado um pólo químico/farmacológico e

tecnológico. Segundo dados disponíveis no site oficial da Prefeitura de Hortolândia,

nos últimos cinco anos foram criados 10.000 empregos na cidade com a chegada de

novos empreendimentos, como as empresas a Dell Computadores, Wickbold, CAF

Brasil e Amsted Maxxion. As políticas públicas de desenvolvimento econômico

desenvolvidas pela Prefeitura desde 2005 resultam num cenário econômico

extremamente favorável para a cidade de Hortolândia, proporcionando alto índice de

investimentos, empregabilidade e aumento da massa salarial. Além disso, há

investimentos na infraestrutura, apoio à economia solidária, ao pequeno

empreendedor, ampliação de projetos sociais e qualificação de mão de obra. A

política de atração de investimentos combina incentivos fiscais, valorização da

logística privilegiada da cidade e fornecimento de assessoria ao empresário,

agilizando o processo burocrático para implantação dos negócios (Disponivel em:

www.hortolandia.sp.gov.br).

Idade 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 Número 8.441.348 8.432.002 8.614.963 8.643.418 8.026.855

% 4,4% 4,4% 4,5% 4,5% 4,2%

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No ano de 2005, a renda média per capita do trabalhador era de R$870,00 e em

2009 passou para R$ 1.200,00. O PIB de Hortolândia saltou de R$1,7 bilhão (em

2005) para R$ 4 bilhões (em 2009). No mesmo período, o número de indústrias

cresceu de 231 para 435. O comércio ampliou o número de estabelecimentos de

1.599 para 2.346. Também houve crescimento na área de prestação de serviços, em

2005, existiam 1.882 empresas do setor, em 2009 2.610 (Disponivel em:

www.hortolandia.sp.gov.br).

Apesar do desenvolvimento econômico ocorrido no município, as famílias de

baixa renda permaneceram excluídas deste processo. Alguns fatores contribuíram

para esta exclusão, dentre eles podemos citar o insuficiente número de creches,

prejudicando a absorção da mão de obra feminina pelo mercado de trabalho e o alto

grau de escolaridade exigido pelos novos empregos,. Para atender a população de

baixa renda, o município conta com alguns programas do governo federal e estadual,

tais como: Bolsa Família, Criando Asas – Programa Criança com Deficiência, PAIF

– Programa de Atenção Integral às Famílias, Pessoa Portadora de Deficiência,

Projovem Adolescente e Renda Cidadã.

Segundo informações oficiais disponibilizadas pela Prefeitura de Hortolândia,

no mês de agosto de 2011 haviam 6.018 famílias de baixa renda cadastradas para

receberem o beneficio do programa Bolsa Familia (Disponível em:

www.hortolandia.sp.gov.br) O cadastro dessas famílias neste programa pela

Secretaria de Inclusão e Desenvolvimento Social reúne um conjunto de dados e

informações importantes sobre a situação da população de baixa renda no município.

Há em Hortolândia um complexo penitenciário masculino, com regimes

fechados e semi abertos, totalizando 7.486 detentos (Disponivel em:

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http://www.sap.sp.gov.br). A região entorno do complexo é uma área de invasão que

transformou-se num bolsão de pobreza, com famílias morando em condições

precárias e convivendo diariamente com a falta de infraestrutura e saneamento

básico. Neste contexto, inicialmente pequenos comércios informais instalaram-se

para atender as visitas no presídio, atraindo familiares e agregados. Posteriormente,

outras populações interessaram-se em viver na região devido à possibilidade de

conquistarem moradia, considerando o alto custo de vida no município de Campinas

em relação a Hortolândia. A proximidade do Complexo Penitenciário com a divisa

dos municípios de Campinas e Hortolândia facilitou o acesso aos serviços públicos

de ambas cidades. Geograficamente Hortolândia localiza-se entre as cidades de

Campinas e Sumaré sem identificação precisa dos limites territoriais, havendo

interdependência físico-territorial e sócio-econômica, sendo este um elemento de

extrema importância na elaboração de planos e projetos para os municípios em

questão.

Em relação á saúde, Hortolândia conta com o Hospital Municipal e Maternidade

Mário Covas, três pronto atendimentos, cinco unidades básicas de saúde, 13 unidades

de saúde da família, serviço de atendimento especializado, além de ambulatórios de

saúde mental, de especialidades e de fisioterapia, um Centro de Referência de Saúde

Mental para Criança e do Adolescente, um centro de reabilitação, um programa de

atendimento domiciliar - PADO, Ambulatório de HIV/AIDS e um Centro de

Testagem e Aconselhamento - CTA .

Segundo dados obtidos na Secretaria de Saúde, as mulheres recebem todo o

atendimento na rede de atenção básica. Quando necessário atendimento

especializado, como por exemplo, o atendimento a gestante de alto risco, estas são

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encaminhadas para o serviço de referência, o Centro de Atenção Integral a Saúde da

Mulher - CAISM/UNICAMP.

No ano de 2010, 1933 mulheres foram cadastradas no Programa de

Humanização no Pré-natal/ SIS Pré Natal, de acordo com dados do Departamento de

Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, distribuídas por faixa etária da

seguinte maneira:

Tabela 2 - Cadastrado no SIS/Pré-Natal.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde/2010.

Todas as gestantes do município recebem um cartão de pré-natal com hospital

de referência para evitar qualquer dificuldade na hora do parto e de ficarem sem a

devida atenção. Além do atendimento às gestantes, é disponibilizado às mulheres

serviços de mamografia, exame e palpação das mamas, exame de Papanicolau, além

do atendimento com nutricionistas, psicólogos, ginecologistas, clínico geral, serviço

social e encaminhamento ao serviço de planejamento familiar, neste caso, a primeira

entrevista é realizada na unidade básica de referência e logo em seguida o casal é

encaminhado ao serviço especializado.

O atendimento às Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST é feito na rede

de atenção básica e todas as unidades básicas de saúde, bem como as unidades de

saúde da família estão preparadas para atender pacientes com diagnóstico de DST.

Para pacientes com diagnóstico de HPV – Papiloma Vírus Humano - o serviço

de referência para Hortolândia é o municipio de Santa Barbara D’Oeste, para onde

são encaminhados para tratamento. As DST – Doenças Sexualmente Transmissíveis

Fx. Etária 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49

Nº de gestantes 02 429 489 477 318 161 48 09

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associadas ao HIV são encaminhadas para o serviço de referência do município –

AMDAH – Ambulatório Municipal de Aids de Hortolândia onde é feito o

acompanhamento do(a) usuário(a).

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OBJETIVO

Descrever a vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra

de baixa renda do município de Hortolândia, por meio de dados coletados através de

questionário aplicado junto a profissionais de saúde sobre relações étnico-raciais na

saúde, saúde sexual e reprodutiva, acesso aos serviços de saúde, descrição da

população atendida, ações preventiva / educativa oferecidas nas unidades e registro

do quesito raça/cor.

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MÉTODO

♦ Desenho do estudo

Estudo transversal descritivo qualitativo utilizando questionário (anexo I)

contendo questões abertas aplicado aos servidores das unidades básicas de saúde -

UBS Jd. Amanda e UBS Jd. Novo Ângulo.

A sondagem de interesse será realizada via telefone e os profissionais

interessados na pesquisa serão selecionados por área de atuação da seguinte maneira:

• 08 profissionais da recepção ( 04 de cada unidade);

• 04 profissionais de enfermagem ( 02 de cada unidade);

• 08 técnicos de enfermagem ( 04 de cada unidade);

• 04 assistentes sociais ( 02 de cada unidade);

• 02 médicos ( 01 de cada unidade).

A aplicação do questionário individual será conduzida após breve apresentação

da pesquisa e justificativa sobre a utilização do gravador. Serão realizadas nas

Unidades Básicas de Saúde mediante assinatura, em duas vias, pelos participantes do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II).

A aplicação do questionário será distribuída da seguinte forma:

• Os profissionais que trabalham na recepção dos serviços poderão informar se

o quesito cor/raça é preenchido na ficha de atendimento, e se sim, de que

forma é feito; se foram sensibilizados e capacitados para abordar o usuário e

se existe alguma dificuldade em preencher esse quesito. Caso a resposta seja

negativa, interessa saber se consideram a possibilidade de coletar essa

informação e quais seriam, do seu ponto de vista, as maiores dificuldades em

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perguntar ao usuário – “a sua cor ou raça é?”, além de saber se existe

demanda reprimida na unidade e como são realizados os agendamentos de

consultas e exames.

• Com os técnicos de enfermagem e enfermeiros serão coletadas informações

sobre o acolhimento das usuárias no serviço para agendamento de exames,

ginecológicos, das mamas, Papanicolau, que tipo de orientações são

realizadas após os exames e se o momento é aproveitado para se falar da

prevenção as DST/HIV/AIDS. Também serão coletadas informações sobre

como as gestantes são recebidas nas unidades, se existem trabalhos para

orientá-las sobre as dificuldades que podem vir a ter durante o período

gestacional, sobre o consumo de drogas, tabagismo, alcoolismo,

automedicação, e DST.

• Em relação ao serviço social, será possível coletar informações a respeito

das demandas da população negra, se existe o preenchimento do quesito

cor/raça nos documentos e se é possível levantar o perfil da população

atendida, também se é desenvolvida alguma atividade preventiva em sua

rotina de trabalho, e quais os serviços mais buscados pela população

atendida.

• Quanto aos médicos, o objetivo é coletar dados sobre o acolhimento,

consultas realizadas na unidade, número de mulheres atendidas, tempo gasto

em cada consulta, se o quesito cor/raça é preenchido na ficha de atendimento

e outros documentos e se durante o atendimento é realizado alguma ação

educativa.

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• Plano de análise

O Plano de análise de conteúdo do questionário foi divido em quatro etapas:

1. As informações do questionário serão organizadas em fichas devidamente

identificadas e catalogadas onde constarão necessariamente: nome do

respondente, data, local, bem como, o registro das impressões que o

aplicador do questionário teve do momento.

2. Apresentação dos conteúdos mais significativos de cada questionário, através

de categorias como: relações étnico-raciais na saúde; saúde sexual e

reprodutiva; acesso aos serviços de saúde; descrição da população atendida;

ações preventiva/ educativa oferecida nas unidades e registro do quesito

raça/cor pelos profissionais. Esta etapa focaliza os depoimentos relacionados

aos temas mais importantes da pesquisa.

3. Observação e descrição das similaridades e divergências apresentadas entre os

conteúdos que possibilitem uma análise do conjunto.

4. Interpretação dos dados obtidos e reflexão sobre as informações apontando as

relações significativas entre os conteúdos e a literatura sobre Saúde integral da

mulher, vulnerabilidade, raça, saúde sexual e reprodutiva, direitos humanos e

SUS.

As informações reunidas neste trabalho apoiarão a construção de um quadro

teórico capaz de compreender e descrever a vulnerabilidade programática na atenção

à saúde sexual e reprodutiva da mulher negra e de baixa renda do município de

Hortolândia.

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♦ Aspectos éticos

“Consentimento Livre e Esclarecido”, apresentado no anexo II. A primeira via será

entregue ao participante e a segunda arquivada pelo pesquisador. O anonimato e a

confidencialidade serão garantidos, não havendo nenhum efeito prejudicial em

participar da pesquisa. O participante terá liberdade para não responder

determinadas perguntas do roteiro de questões, para interromper o encontro quando

quiser, bem como para retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa.

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PLANO DE TRABALHO E CRONOGRAMA

O desenvolvimento da pesquisa foi distribuído nas seguintes atividades:

1. Levantamento bibliográfico e documental – Período de trabalho destinado a

compor um quadro de referencial teórico com informações consideradas mais

importantes sobre a Saúde Integral da População Negra, Saúde sexual e reprodutiva,

Sistema Único de Saúde, Vulnerabilidade e Direitos Humanos.

2. Reunião de supervisão – momento para orientação dos trabalhos.

3. Pré-teste do instrumento de coleta de dados / correções – aplicação de um pré-

teste do instrumento de coleta de dados para corrigir as imperfeições que possam

interferir na entrevista.

Meses &

Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

1.Levantamento Bibliográfico

X X X X X X X X

2. Reunião de supervisão.

X X X X X X X X X X X X

3. Pré- teste do instrumento de coleta de dados / correções

X

4. Agendamento aplicação questionário

X

5. Tabulação e análise dos dados

X X X

6. Elaboração de Relatório Final

X X X X X

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4. Agendamento da aplicação dos questionários – será agendado e programado

durante o período em que os profissionais estarão presentes na unidade básica para

cumprir com sua jornada de trabalho, e será previamente agendado,garantindo desta

forma a privacidade do participante.

5. Tabulação e Análise de dados – Período de trabalho destinado à análise dos

dados, interpretações e conclusões sobre eles.

6. Redação final – Período de trabalho destinado à preparação de material escrito

contendo os objetivos e métodos, assim como os resultados das análises da pesquisa.

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ANEXO I – ROTEIRO PRELIMINAR DO QUESTIONÁRIO

IDENTIFICAÇÃO DO PROFISSIONAL:

Nome:

Idade: _____ anos Sexo: Feminino ( ) Masculino ( )

Anos de estudo:

Cargo/função:

Tempo de serviço:

Tempo de serviço nesta unidade:

Tempo de trabalho em empresa terceirizada a quanto tempo: (para os

profissionais da recepção que prestam serviço para empresa terceirizada)

A sua cor ou raça/etnia é: (Padrão de classificação do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE)

( ) branca ( ) preta ( ) parda ( ) amarela ( ) indígena

Questionário nº:

Identificação da unidade de saúde:

Entrevistador:

Data:

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1. Quais os bairros de abrangência da unidade?

2. Quais os serviços oferecidos pela unidade?

3. Nesta unidade existe alguma demanda reprimida? (consulta médica, exame

C.O.(Citologia Oncótica), encaminhamento para planejamento familiar)

4. É feito acolhimento nesta unidade de saúde? Qual o profissional indicado?

5. A unidade conta com a infra-estrutura necessária para realizar o atendimento

integral ao usuário?

6. Existem atividades com gestantes nesta unidade de saúde?Quais?

7. Existem ações educativas direcionadas às mulheres que abordem questões

relacionadas aos direitos sexuais e reprodutivos? Quais?

8. Existem ações educativas para as mulheres que abordem questões

relacionadas às DST/HIV/Aids? Quais?

9. Quais as populações que a unidade considera ou entende que sejam mais

vulneráveis?

10. No preenchimento das Fichas de Atendimento (F.A) é indicado o “quesito

raça/cor”?

11. O quesito raça/cor na ficha é preenchido corretamente?

12. Você participou de alguma capacitação para coletar e registrar informações

sobre raça/cor da população atendida?

13. Você participou de alguma sensibilização sobre a importância da coleta da

informação “quesito cor/raça” ?

14. Você participou de alguma sensibilização ou capacitação que abordasse os

diferenciais étnico/raciais nas condições de vida e na saúde da população?

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15. Você acredita que a cor ou raça de uma pessoa possa ter alguma influência

em sua vida social?

16. Como é feito o acolhimento da mulher grávida?

17. Sua unidade realiza atividades de planejamento reprodutivo?

18. Quais as demandas sociais trazidas pela população feminina nesta unidade?

19. Esta unidade realiza atividades direcionadas aos parceiros das mulheres

diagnosticadas com DST ? Quais?

20. Esta unidade realiza atividades direcionadas aos parceiros das gestantes?

Quais?

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ANEXO II - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde)

Você foi convidado (a) a participar da pesquisa: A vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra e de baixa renda no município de Hortolândia. Se você decidir participar, é importante que leia estas informações sobre o estudo e o seu papel nesta pesquisa. Objetivo: O objetivo desta pesquisa é “ Descrever a vulnerabilidade programática na atenção à saúde da mulher negra de baixa renda do município de Hortolândia”. Procedimentos: Entendo que, durante este estudo serei informado sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa e assinarei este termo de consentimento livre e esclarecido. Responderei as questões que abordam sobre a rotina de atendimento às mulheres nas Unidades Básicas de Saúde. Riscos e desconfortos: Eu entendo que corro risco mínimo na participação deste projeto, sendo este, apenas o desconforto em responder as perguntas do questionário aplicado. Benefícios: Eu entendo que a minha participação neste projeto não me trará nenhuma despesa financeira e que não receberei nenhum pagamento pela mesma. Caráter Confidencial dos Registros: Estou ciente que todas as informações coletadas neste estudo são confidenciais e que meu nome não será divulgado em momento algum. Ainda assim, entendo que toda e qualquer informação será utilizada para fins acadêmicos e científicos. Participação: Estou ciente que minha participação nesta pesquisa é voluntária e que a qualquer momento poderei interrompê-la, não ocorrendo nenhum tipo de represália ou quaisquer facilidades por parte das instituições municipais ou da instituição de pesquisa. Para obter informações adicionais: Estou ciente que, se assim eu desejar, o responsável pela pesquisa fornecerá os resultados da minha participação em outra oportunidade e a qualquer momento. Declaração: Eu declaro que tenho mais que 18 anos de idade e que aceito participar deste projeto de pesquisa, orientado pelo professor Dr. Alessandro de Oliveira dos Santos e desenvolvido por Miriam Raquel Teodoro de Sousa. Nome Completo:_________________________________________________ Endereço:.______________________________________________________ Idade:_____anos - R.G._____________ ___Órgão Expedidor:____________ Hortolândia,_ ____de.________________________de________ Assinatura:______________________________________________________

Responsável pela pesquisa: Miriam Raquel Teodoro de Sousa

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REFERÊNCIAS

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