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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA CURSO DE DIREITO Ariany de Lurdes Alves Pinheiro LEI MARIA DA PENHA: COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

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Page 1: PROJETO DE MONOGRAFIA.docx

UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRACURSO DE DIREITO

Ariany de Lurdes Alves Pinheiro

LEI MARIA DA PENHA: COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

Goiânia2013

Page 2: PROJETO DE MONOGRAFIA.docx

ARIANY DE LURDES ALVES PINHEIRO

LEI MARIA DA PENHA: COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

Projeto de pesquisa apresentado à Disciplina Orientação Metodológica para Trabalho de Conclusão de Curso, visando à elaboração de monografia jurídica, requisito imprescindível à obtenção do grau de Bacharel em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira.

Orientador: Professor Me. Pericles Bueno

Goiânia2013

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO................................................................................................................1

1.1 Tema e delimitação..................................................................................................1

1.2 Problema..................................................................................................................2

1.3 Justificativa..............................................................................................................2

2. OBJETIVOS..........................................................................................................................3

2.1 Objetivos geral.........................................................................................................3

2.2 Objetivos específicos..............................................................................................3

3. HIPÓTESES..........................................................................................................................5

4. REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................................6

5. METODOLOGIA...................................................................................................................8

6. ESTRUTURA PROVÁVEL DA MONOGRAFIA...................................................................9

7. CRONOGRAMA.................................................................................................................10

8. REFERÊNCIAS..................................................................................................................11

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1. APRESENTAÇÃO:

1.1 Tema e delimitação

O presente projeto tem a finalidade de mostrar a tamanha importância da Lei nº

11.340/2006, mas conhecida como “Lei Maria da Penha” que trata da violência

doméstica e familiar contra as mulheres. Tema este que foi escolhido para mostrar

à todas as mulheres que sofrem de tal mal que elas possuem direito e que os tais

devem ser resgatados e respeitados.

1.2 Problema

Este trabalho de projeto monográfico será realizado a fim de mostrar a

necessidade que as vítimas de violência doméstica têm, de uma proteção e

segurança. A violência de gênero teve sua origem na ideologia patriarcal e na

discriminação que vem do passado, não tão antigo, em desfavor da mulher. Uma

ação afirmativa por parte do Estado que é e sempre foi exigida pela mulher, pois a

infringência e ofensa aos seus direitos são inaceitáveis. Fazendo dessa luta, uma

alternativa de solucionar e encontrar uma saída, para obter êxito ao combate à

violência contra a mulher.

1.3 Justificativa

Em particular, fiquei decidida a tomar a decisão de titular este projeto

monográfico sobre o assunto da Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006, chamada de

“Lei Maria da Penha”, relacionada a proteção dos direitos da mulher, com ênfase

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em abordar o tema da violência, pois no exercício de estágio, foi o primeiro caso

que tive a oportunidade de acompanhar. Sendo que a cliente obteve êxito em seu

processo justamente pela eficácia desta Lei.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

O objetivo geral consiste na realização de uma análise a cerca da Lei nº

11.340/2006 - Lei Maria da Penha enfatizando a violência doméstica contra a

mulher. Observando suas inovações, pois não podemos deixar de falar que ela foi

considerada como uma das leis mais modernas do mundo, suas novas formas de

punição e aplicabilidade.

2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos Para melhor entendimento ao tema escolhido, será

mostrar que nem toda forma de violência doméstica corresponde a um crime.

Existem cinco tipos de violências descritas na Lei 11.340/06: a física, psicológica,

sexual, patrimonial e a moral.

Contudo, irei relatar como:

• Identificar os motivos da agressão, da denúncia e da não denúncia;

• Conhecer o marco teórico, as estatísticas de ocorrências em casos de

violência em desfavor da mulher e soluções para quem procura ajuda em tal caso;

• Diagnosticar com tratamentos específicos e voltados às vítimas e punição

aos agressores;

• Traçar o perfil dos agressores e respectivas vítimas;

• Contribuir para combater esse tipo de situação, a violência contra a mulher.

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3. HIPÓTESES

A Lei 11.340/06 traz consigo alguns mecanismos de grande relevância para a

resolução do “problema”, como:

a) torna crime a violência doméstica e familiar contra a mulher e deixa de

tratar a violência sofrida como algo de pequeno valor.

b) Define violência domestica contra a mulher e estabelece suas formas: a

violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, que podem ser

praticadas juntas ou individualmente.

c) Determina que a violência doméstica e familiar contra a mulher é uma

responsabilidade do Estado brasileiro e não uma mera questão familiar.

d) Proíbe a aplicação de penas pecuniárias ( pagamento de multas ou cestas

básicas) aos crimes cometidos contra as mulheres, e demais institutos

despenalizados da Lei 9.099/95.

e) Determina como obrigatória a assistência jurídica às mulheres vítimas de

crimes d violência doméstica e familiar.

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4. REFERENCIAL TEÓRICO:

Maria da Penha Maia Fernandes transformou sua revolta em força para lutar.

Não queria apenas ver seu agressor preso, mas também se dedicou a combater o

descaso do governo e da Justiça em relação a casos de violência contra a mulher.

Com 67 anos e três filhas, hoje ela é líder de movimentos de defesa dos direitos

das mulheres, vítima emblemática da violência doméstica. Tudo teve início no dia

29 de maio de 1983, quando a biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes

foi atingida por um tiro enquanto dormia, sendo que tal conduta partira de seu

marido, o economista e professor universitário Marcos Antônio Heredia Viveiros,

colombiano naturalizado brasileiro, que simulou um assalto nessa primeira

tentativa de matá-la. Em razão desse tiro Maria da Penha fica paraplégica. Pouco

tempo após este episódio, a vítima volta para casa para se recuperar do tiro e

sofre novamente outro ataque por parte do marido. Desta feita, quando tomava

banho, recebeu uma forte descarga elétrica, sendo de novo o marido, o mentor

desta segunda agressão.  Nove anos depois, seu agressor foi condenado a oito

anos de prisão. Por meio de recursos jurídicos, ficou preso por dois anos. Solto

em 2002, hoje está livre.

A própria Maria da Penha se encarregou de apresentar a denúncia à Comissão

Internacional de Direitos Humanos e assim procedeu juntamente com o Centro

pela Justiça e o Direito Internacional - CEJIL, entidade não governamental

existente no Brasil desde 1994 que tem por objetivo a defesa e promoção dos

direitos humanos junto aos estados membros da OEA - Organização dos Estados

Americanos, cuja principal tarefa consiste em analisar as petições apresentadas

aquele órgão denunciando violações aos direitos humanos, assim considerados

aqueles relacionados na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do

Homem, bem como ainda pelo Comitê Latino Americano e do Caribe para a

Defesa dos Direitos da Mulher - CLADEM, entidade que possui sede no Brasil no

Estado do Rio Grande do Sul, constituído por um grupo de mulheres empenhadas

na defesa dos direitos da mulher da América Latina e do Caribe.

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Diante do total descaso do Estado brasileiro sobre a procura da comissão

internacional dos direitos humanos, mais de 250 dias desde a transmissão da

petição ao Brasil e este não apresentou qualquer observação sobre o caso.

Finalmente, a comissão concluiu que o Estado brasileiro, numa total falta de

compromisso já que deixou transcorrer quase vinte anos sem que o autor do crime

de tentativa de homicídio contra a Sra. Maria da Penha fosse julgado e também da

procura por resultados sobre direitos humanos. Daí em diante as Organizações

Não Governamentais brasileiras e estrangeiras juntamente com representantes da

Secretaria de Políticas para as mulheres, iniciam uma discussão no sentido de

que fosse elaborado um projeto de lei que incluísse no ordenamento jurídico

brasileiro políticas públicas de medidas de proteção para as mulheres vítimas de

violência doméstica. No final de 2004 o próprio Poder Executivo apresentou ao

Congresso Nacional o Projeto de Lei nº. 4.559, o qual foi encaminhado e aprovado

na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, criando desta forma

mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher no Brasil.

Hoje, Penha é coordenadora de estudos da Associação de Estudos, Pesquisas

e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência

(APAVV), no Ceará e tem também em atividade, sua organização AME - Projeto

Maria da Penha. Ela esteve presente à cerimônia da sanção da lei brasileira que

leva seu nome, junto aos demais Ministros e representantes do movimento

feminista. A nova lei reconhece a gravidade dos casos de violência doméstica e

retira dos juizados especiais criminais (que julgam crimes de menor potencial

ofensivo) a competência para julgá-los.

Em seu site, onde encontramos o IMP – Instituto Maria da Penha, o qual

propõe a oportunidade de discutir, implantar e implementar projetos especiais de

proteção social à mulher a espelho de três perspectivas:

Educação: ações na formação educacional básica, fundamental,

profissionalizante e nível superior a todas as mulheres acolhidas pelo instituto,

incluindo um programa de alfabetização para jovens e adultos, esportes e

formação continuada em assuntos referentes à cidadania, direitos, saúde e outros;

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Trabalho e geração de renda: investimento na área de formação

profissional, empreendedorismo nas áreas de tecnologia, gastronomia, turismo e

hotelaria, moda e estilo, saúde e educação com responsabilidade social;

Desenvolvimento sustentável: promover uma ação integradora na relação

gênero e meio ambiente.

Sendo exposto como missão desse instituto, a ampliação e criação de

mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a

mulher, de acordo com o Art. 1o da Lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha nos

termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a

Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção

Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de

outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil.

Tendo os valores ressaltados em sua solidariedade e respeito pela dignidade

humana, respeito pela igualdade de direitos e oportunidades entre os cidadãos e

as cidadãs e relacionamento com outras instituições, públicas e privadas,

nacionais e estrangeiras, na base dos valores da responsabilidade social e

princípios de parceria sã e transparente.

A percepção da condição de violência de gênero está expressa no artigo 5º e

seus incisos, da Lei 11.340/2006, onde está destacando o conceito de violência

doméstica e familiar em desfavor da mulher, a partir da perspectiva de gênero,

como se vê:

Art. 5º. Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseado no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I) no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive esporadicamente agregada;II) da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III) em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida independentemente de coabitação.

Do conceito de violência contra a mulher trazida pela lei, podemos observar

que não é qualquer conduta dolosa praticada contra a mulher que é disciplinada

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pela Lei Maria da Penha. É importante que ela seja baseada no gênero e que

ocorra no âmbito da unidade familiar ou doméstica em qualquer relação afetiva da

mulher. Tendo uma razão simples: a maioria dos casos de violência contra a

mulher é praticado em seus próprios lares, onde a figura dos agressores,

geralmente são os homens, na qualidade de maridos, ex-maridos, namorados ou

companheiros.

Como se vê, a lei deixa mais amplo o local de ocorrência da violência, que na

verdade, pode ser praticada em qualquer lugar, desde que motivada por uma

relação de afeto ou de convivência doméstica ou familiar entre o agressor e a

vítima. A mulher agredida pelo marido ou companheiro no local de trabalho ou em

lugar público recebe a proteção da Lei 11.340/2006.

Se o agressor não se enquadrar nas três hipóteses previstas nos incisos do

artigo 5º da Lei “Maria da Penha”, estará fora do alcance da Lei especial,

aplicando a ele, a legislação penal comum. Em suma, o espaço em que ocorre a

violência contra a mulher não importa, o que define a competência é a violência

praticada contra a mulher e seu vínculo de afeto com o agente do fato.

Portanto, violência contra a mulher pode ser entendida como o uso, pelo

agressor, da sua força física ou psicológica, para obrigá-la a fazer algo que não

queira ou deseje. É o ato de constranger, cercear a liberdade, de impedir que a

mulher manifeste seu desejo e sua vontade, sob pena de viver ameaçada, sofrer

lesão física ou risco de morte. Já que na situação em que a mesma se encontra,

em seu pensamento, ela tem que está submetida, presa e obrigada a viver e

realizar todas as condições e situações impostas pelo homem que está vivendo

com ela.

Para a mulher, a natureza não é a responsável pelos limites e padrões sociais

que determinam comportamentos agressivos dos homens e dóceis e submissos à

mulher. A educação, os costumes e os meios de comunicação criaram

estereótipos que reforçam a ideia de que o sexo masculino tem o poder de

controlar os desejos, as opiniões e a própria liberdade da mulher. Cultivou-se na

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sociedade a ideia de dominação masculina. É o que ambos trazem de geração a

geração, são reflexos naturais da idade da pedra onde as mulheres eram

controladas e os homens os controladores. Onde as esposas ficavam em casa na

lida de tarefas domesticas como cozinhar, educar os filhos enquanto os esposos

saiam para caçar e eram os chefes das famílias.

Mas como o autor Sergio Ricardo de Souza diz, além de representar uma

grande conquista das mulheres, a Lei 11.340/2006 transformou-se na principal

ferramenta de enfrentamento à violência doméstica contra as mulheres no Brasil.

A sociedade entendeu que essas violências não podem ser banalizadas e que o

problema e a responsabilidade são de todos nós. Maria da Penha, representando

milhares de mulheres que sofreram ou sofrem violência, tornou-se símbolo dessa

luta em oposição à violência doméstica e familiar contra as mulheres. Essa Lei é o

instrumento jurídico criado para colocar um ponto final na violência contra as

mulheres, oferecendo mecanismos legais para ajudar as mulheres a saírem da

situação de violência. A lei define o que é e quais são os tipos de violência

doméstica e familiar contra a mulher, independentemente de orientação sexual. A

criação da lei trouxe algumas mudanças importantes: proibiu o pagamento de

multas e/ou cestas básicas como pena pela agressão; definiu pena de 3 meses a

3 anos de detenção para o agressor; a obrigatoriedade de notificação à mulher

vítima da agressão do ingresso e da saída do agressor da prisão; nos casos de

riscos ligados à integridade física ou psicológica, o juiz poderá decretar prisão

preventiva; no caso das mulheres portadoras de deficiência, a pena será

aumentada em 1/3; a criação de juizados especiais com competência cível e

criminal para julgar casos de violência doméstica e familiar, incluindo questões

sobre alimentos, separação, guarda dos filhos etc. O Dia Internacional de

Combate a Violência Contra a Mulher ficou definido em 25 de novembro.

Após anos de luta e uma batalha muito grande a conquista de seus direitos foi

conseguida, enfim. Outro fator de muita importância que pode ter por resultado a

violência doméstica é o socioeconômico, traduzido pela crescente entrada da

mulher no mercado de trabalho, somado ao crescimento nas taxas de

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escolaridade e especialização nos estudos e graduação, que nos dias atuais,

encontram facilidades para a dupla jornada casa e trabalho, como as creches,

escolas, recursos de informática, avanços tecnológicos, postos de saúde, entre

outros.

Não há razões para acreditar que a violência se dê estritamente por motivos

pessoais e que as mulheres, então, deveriam se envergonhar de seu

comportamento ‘causador’ da violência, quando, ao contrário, trata-se de um

fenômeno social e cultural existente em diversas partes do mundo, e associado às

valorizações culturais de comportamentos violentos, identificados com certas

formas de exercer a masculinidade. Então não é possível, como se vê, apontar um

fator como determinante no exercício da violência contra a mulher, por motivos de

refletirem um quadro de desigualdade e discriminação decorrentes de outros

fatores, como a mudança na estrutura da família, dos atributos da mulher e os

socioeconômicos. A num ser que o homem, o agressor, tenha um perfil de

psicopata, ou mesmo as agressões discorra de sentimentos reprimidos ou mesmo

expressos, como por exemplo o tal do ciúme, o sentimento de posse, medo de

perder ou de mostrar impondo sua virilidade e masculinidade É importante

identificar esses fatores para a implementação de medidas de apoio às mulheres e

a suspensão da violência.

Em agosto de 2012 vamos comemorar os seis anos da Lei nº 11.340/2006 - a

Lei Maria da Penha - um instrumento jurídico de proteção e combate à violência

doméstica e familiar, resultado de anos de luta pelo direito a uma vida livre de

violência. A Lei propicia às mulheres pensarem em um recomeço de vida após um

período de sofrimento, agressões e repressão. Durante muito tempo o ambiente

familiar foi tratado como um lugar privado e restrito, onde o Estado tinha muita

dificuldade para entrar e combater a violência doméstica. Somado a isto, o medo,

a vergonha e a falta de informação contribuíram para que mulheres agredidas

dentro desse espaço não denunciassem seus agressores, principalmente por se

tratar, na maioria das vezes, de pessoas muito próximas, como maridos,

companheiros, namorados, pais, irmãos, filhos ou outro integrante da família. Mas

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essa situação está mudando, com os acordos internacionais assinados pelo Brasil

com vistas à eliminação da violência, e com a sanção da Lei 11.340 - Lei Maria da

Penha - em 2006, as mulheres passaram a ser amparadas por inúmeros

instrumentos e serviços para garantir seus direitos e o atendimento em situações

de violência.

Uma pesquisa de opinião pública nacional, divulgada há uns dois anos pelo

Senado em março de 2011, revela que a maioria das brasileiras (60%) acha que a

proteção à mulher melhorou após a aprovação da Lei Maria da Penha. Quase

todas (98%) já ouviram falar da Lei, que endureceu a punição aos agressores nos

casos de violência doméstica. Mas, para 66% das entrevistas, a violência

doméstica não diminuiu e,  pelo contrário, aumentou. Conhecer a Lei e os

benefícios de proteção não é razão suficiente para que as vítimas procurem ajuda

do Estado. Somente 4% das mulheres entrevistadas acreditam que as vítimas

costumam denunciar o fato às autoridades. Outras 45% disseram que denunciam

“às vezes”, e 51% não denunciam. Das 827 entrevistadas, 160 disseram ter

sofrido agressão. Dentre essas, 81,3% conhecem ou ouviram falar da Lei, pois

estas ficam entre a Lei e o medo. Isso é o que dispõe a autora Tatiana Barreira

Bastos.

As formas de violência das quais as mulheres são vítimas exclusivas, como se

viu, as impedem de tomar decisões de maneira autônoma e livre e, ainda, violam o

direito de ir e vir, de expressar opiniões e desejos, de viver em paz em seu s lares,

direitos indeclináveis e irrenunciáveis do ser humano.

Não é somente a integridade física da mulher que é protegida, mas a sua

própria dignidade. Nesta situação específica de violência contra a mulher, a lei

especial é necessária, bem como é legítima a atuação do Estado. A racionalidade

e a justiça estão presentes na intervenção estatal.

Por último, as medidas protetivas de urgência, obrigacionais do agressor ou

protetivas das vítimas, somadas à possibilidade de decretação de prisão

preventiva – mecanismo criado pela lei para garantir a efetividade dessas

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Page 15: PROJETO DE MONOGRAFIA.docx

medidas, se revelam instrumentos processuais e penais úteis para coibir e

prevenir a continuidade da violência doméstica e familiar praticada contra a

mulher.

As normas de competência, definidas na Lei Maria da Penha, são encontradas

nos artigos 14, 15 e 33 da Lei 11.340/2006, que assim dispõem:

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:

I – do seu domicílio ou de sua residência;

II – do lugar do fato em que se baseou a demanda;

III – do domicílio do agressor.

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão a competência cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.

Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e julgamento das causas referidas no caput.

A lei, no artigo 14, diz que os Juizados de Violência Doméstica e Familiar

contra a Mulher, que poderão ser criados pela União e Estados, além de

possuírem competência tanto cível quanto criminal, serão competentes para

processar e julgar os casos de violência em desfavor da mulher.

O legislador facultou e não determinou a criação desses juizados, para não ir

além da autonomia das unidades federativas, que possuem competência

legislativa em matéria de organização judiciária.

As varas criminais acumularam a competência cível e criminal para conhecer e

julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a

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Page 16: PROJETO DE MONOGRAFIA.docx

mulher, até que os juizados sejam criados, somado à determinação de que as

causas terão julgamento preferencial.

As medidas protetivas de urgência têm por finalidade assegurar a integridade

física, psicológica e material da vítima de violência doméstica e familiar,

garantindo sua liberdade de ação e locomoção, buscou fazer algo de concreto e

eficaz pela vítima, com a criação das medidas protetivas de urgência previstas no

Capítulo II da lei, bem como de optar por buscar a proteção estatal e jurisdicional

contra seu suposto agressor.

A divisão das medidas que obrigam o agressor, previstas no artigo 22 da Lei

11.340/2006 e nas que protegem a ofendida, previstas nos artigos 23 e 24 da

mesma lei, são de natureza penal e cível.

As de natureza cautelar penal são:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao

órgão competente, nos termos da Lei n.º 10.826, de 22 de dezembro de 2003.

II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III – proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o

limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de

comunicação;

c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e

psicológica da ofendida.

As medidas cautelares de natureza cíveis são:

I – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe

de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

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II – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

Podem ser tomadas também as medidas protetivas de urgência da ofendida,

previstas no artigo 23 da Lei 11.340/2006, que poderão ser declaradas pelo juiz as

quais estão:

I – encaminhar à ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário

de proteção ou de atendimento;

II – determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo

domicílio, após afastamento do agressor;

III – determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos

relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

IV – determinar a separação de corpos.

A medida cautelar de recondução da vítima e seus dependentes se justificam,

em razão do receio de agressão iminente ou reiteração de agressão sofrida, já

que pressupõe um anterior afastamento do agressor do lar em razão de prática de

violência contra a mulher, claro que, depende da implementação e dos

funcionamentos desses programas de proteção e atendimento às vítimas. Mas

sempre visando por escopo, garantir a efetividade dos seus objetivos, sobretudo

no que diz respeito a garantir a integridade física, psicológica e material da mulher

vítima de violência doméstica e familiar.

Já as medidas protetivas previstas no artigo 24 da Lei 11.340/2006 são para a

proteção patrimonial dos bens do casal ou dos particulares da mulher, podendo o

juiz determinar:

I- restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;

II– proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra venda e

locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;

III– suspensão de procurações conferidas pela ofendida ao agressor;

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IV– prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e

danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a

ofendida.

Isso acontece justamente para impedir que o agressor cônjuge ou companheiro

da vítima dilapide o patrimônio do casal ou simule transferência ou doação de

bens para prejudicar e lesar mais uma vez a vítima.

Para garantir a efetividade do adimplemento das medidas protetivas de

urgência aplicadas, o juiz poderá requisitar, a qualquer momento, o auxílio da

força policial, bem como poderá decretar a prisão preventiva do agressor,

conforme prevê o artigo 20 da Lei 11.340/2006. Porém a prisão preventiva é

medida excepcional, por isso, deve ser decretada somente quando devidamente

amparada pelos requisitos legais, em observância ao princípio constitucional da

presunção de inocência ou da não culpabilidade, sob pena de antecipar a

reprimenda a ser cumprida quando da condenação.

É imprescindível, na fundamentação da prisão preventiva, estar demonstrada a

necessidade da constrição ao exercício do direito de liberdade. Como a prisão é

medida extrema, seu tempo de prisão deve ser mínimo, ou seja, o suficiente para

garantir a efetividade das medidas de proteção instituídas pela Lei Maria da Penha

de acordo com a conduta optada. É que o princípio da proporcionalidade diz que a

prisão cautelar não pode ser mais severa do que a pena final a ser aplicada ao

agressor, deve haver coerência. Não esquecendo que a necessidade da medida

de exceção, é preciso demonstrar que a prisão está sendo decretada para dar

efetividade àquelas medidas protetivas que visam garantir a integridade da vítima,

de seus familiares ou testemunhas.

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5. METODOLOGIA:

Nem toda forma de violência doméstica corresponde a um crime. Existem cinco

tipos de violência descrita na Lei 11.340/06:

• a física;

• a psicológica;

• a sexual;

• a patrimonial;

• a moral

A violência psicológica, por exemplo, é uma agressão emocional, pois o

objetivo do agressor não é levá-la a morte, mas destruí-la com ameaças, rejeição,

humilhação ou descriminação, sentindo prazer com o sofrimento da vítima. O

adultério, por exemplo, é uma forma de violência doméstica na sua forma

psicológica e não está mais tipificado no Código Penal Brasileiro. A Lei 11.340, de

07 de agosto de 2006, tem por objetivo penalizar com mais rigor a violência

doméstica praticada contra a mulher.

As atuais pesquisas realizadas no campo da violência doméstica no Brasil

mostram que as suas principais causas são álcool em primeiro lugar (96%),

seguindo pela tóxica-dependência (94%), desemprego (79%), pobreza/exclusão

social (72%) e o fato do histórico familiar dos agressores que sofreram violência

(73%).

As possíveis consequências da violência contra a mulher são muitas vezes

fatais, físicas e metais tornando a vivência das vitimas e seus filhos uma situação

de sofrimento crônico, pois os filhos que costumam presenciar certos tipos de

situação tendem a desenvolver distúrbios futuros.

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Dados fornecidos pelo CNJ, que está organizando a 5ª Jornada Lei Maria da

Penha, revelam que somente nas varas e juizados especializados de Violência

Doméstica e Familiar contra a Mulher foram distribuídos, até o mês de julho de

2010, 331.796 procedimentos que envolvem a matéria. Deste total, já foram

sentenciados 111 mil processos, além de realizadas 9.715 prisões em flagrante e

decretadas 1.577 prisões preventivas.

Apesar de serem dados parciais, os números traçam uma radiografia sobre a

lei e mostram, por exemplo, que o Brasil já possui um total atual de 52 unidades,

entre juizados e varas especializadas, espalhados pelos estados. A Justiça está

fazendo o possível para tornar a lei uma realidade. Mas ainda é muito grande a

violência no Brasil: a cada 2 minutos, 5 mulheres são agredidas.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 25% do total de 29% das

mulheres agredidas no Brasil, em 2005, não contaram a ninguém sobre a violência

que sofreram; 60% nunca deixaram o lar, nem por uma noite, em função das

agressões sofridas; menos de 10% procuraram serviços especializados de saúde

ou segurança, em média, a mulher demora 10 anos para pedir ajuda pela primeira

vez. Ou seja, era inerte o direito de ser um ser humano, o medo de uma

consequência ainda mais grave, desconhecimento do que ser feito naquela

situação, acomodação e a vergonha eram motivos para algumas mulheres.

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6. ESTRUTURA PROVÁVEL DA MONOGRAFIA:

1- INTRODUÇÃO:

2- CONTEXTO HISTÓRICO:

2.1- A MULHER NA HISTÓRIA

2.2- ORIGEM DA LEI 11.340/06

2.3- A HISTÓRIA DA LEI MARIA DA PENHA

3- VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

4- A ATUAÇÃO DO PODER PUBLICO PERANTE A VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

5- CONCLUSÃO

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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7. CRONOGRAMA:

Atividade

Período Sel

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2013

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

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8. REFERÊNCIAS :

BASTOS, Tatiana Barreira. Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Análise da Lei Maria da Penha - (lei Nº 11.340/2006). 1ª Edição. Editora: Verbo Jurídico, 2012.

GOMES, Luiz Flavio – Artigo: Lei Maria da Penha: já concretizadas 9.715 prisões. Disponível em: http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2619220/artigos-do-prof-lfg-lei-maria-da-penha-ja-concretizadas-9715-prisoes.

HISTÓRICO MARIA DA PENHA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_da_Penha

INSTITUIÇÃO MARIA DA PENHA. Disponível em: http://www.mariadapenha.org.br.

Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006.

Secretaria de Políticas para Mulheres. Lei Maria da Penha- Lei nº 11.340/06 – conheça a lei que protege as mulheres da violência doméstica e familiar. Brasília/2012.

VELLASCO, Edson Durães de. UniDF. Lei Maria da Penha: novos institutos penais e processuais penais para combater à violência contra a mulher. Disponível em: www.stj.jus.br

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