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PROJETO DE LEI N DE 2004 (do Sr. Jos Eduardo Cardozo)

Estabelece normas gerais em contratos de seguro privado e revoga dispositivos do Cdigo Civil, do Cdigo Comercial Brasileiro e do Decreto-Lei n 73 de 1966.

O Congresso Nacional decreta:

TTULO I

DISPOSIES GERAIS

CAPTULO I OBJETO E MBITO DE APLICAO

Art. 1 Pelo contrato de seguro, a seguradora se obriga, mediante o recebimento do prmio, a garantir interesse legtimo do segurado ou do beneficirio contra riscos predeterminados.

Pargrafo nico. As partes, os beneficirios e os intervenientes devem conduzir-se segundo o exigido pelo princpio da boa-f, desde os atos pr-contratuais at a fase ps-contratual.

Art. 2 S podem pactuar contratos de seguro companhias autorizadas na forma da lei e que tenham depositado junto Superintendncia de Seguros Privados as condies contratuais e as respectivas notas tcnicas e atuariais.

1. Havendo determinao pela Superintendncia de Seguros Privados de modificaes das condies contratuais ou das respectivas notas tcnicas e atuariais, essas modificaes somente sero aplicadas aos contratos em curso na parte em que forem favorveis aos segurados e beneficirios.

2. Quando proibida a comercializao de determinado seguro, esta vedao no prejudicar os direitos e garantias dos segurados e beneficirios dos contratos j celebrados.

Art. 3 Ser solidariamente responsvel com a cessionria a seguradora que, sem anuncia do segurado ou beneficirio, ceder a qualquer ttulo, no todo ou em parte, sua posio contratual

Art. 4 O contrato de seguro, em suas distintas modalidades, ser regido pela presente lei, de ordem pblica e interesse social.

1 Aplica-se exclusivamente a lei brasileira aos contratos de seguro celebrados no pas com estipulante, segurado ou beneficirio aqui residentes ou relativos a riscos ou a interesses sobre bens localizados no territrio nacional.

2 Os seguros de sade e planos de sade so regidos por lei prpria, aplicando-se esta lei em carter subsidirio.

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CAPTULO II INTERESSE

Art. 5 No existindo interesse legtimo o contrato ineficaz. Se parcial o interesse, a ineficcia no atingir a parte til. Se impossvel a existncia do interesse, o contrato nulo.

Pargrafo nico. A supervenincia de legtimo interesse torna eficaz o contrato, desde ento.

Art. 6 Extinto o interesse resolve-se o contrato com a reduo proporcional do prmio, ressalvado o direito da seguradora s despesas incorridas. No caber a reduo se o interesse desapareceu em virtude da ocorrncia de sinistro.

Art. 7 Quando o contrato de seguro for nulo ou ineficaz, o segurado que tiver agido de boa-f ter direito devoluo do prmio, deduzidas as despesas incorridas.

Art. 8 Os seguros sobre a vida e a integridade fsica de terceiro s podem ser contratados mediante autorizao prvia deste.

Art. 9 lcito o seguro parcial do interesse.

CAPTULO III RISCO

Art. 10 Delimitados os riscos, por outros no responder a seguradora. A delimitao deve ser feita de forma clara e inequvoca.

1. Havendo divergncia entre os riscos expressos no contrato e os previstos no modelo de contrato ou nas notas tcnicas e atuariais apresentados Superintendncia de Seguros Privados, prevalecer o que for mais favorvel ao segurado.

2. Quando conjuntamente contratados seguros de ramos e modalidades diversos, deve a contratao preencher os requisitos exigidos para cada um dos ramos e modalidades abrangidos pelo contrato.

3. O risco pode se encontrar em curso ou ter passado, desde que o desfecho no seja conhecido dos contratantes.

4. O contrato garante todos os riscos pertinentes espcie de seguro contratada, salvo disposio legal ou contratual em contrrio.

5. A garantia dos riscos, nos seguros de transporte de coisas e da responsabilidade civil pelos danos relacionados com essa atividade, comea no momento em que so pelo transportador recebidas as mercadorias, e cessa com a sua entrega ao destinat rio.

Art. 11 O contrato pode ser celebrado para toda classe de risco, salvo vedao legal.

Pargrafo nico. So nulas as garantias:

a) de interesses patrimoniais relativos a autuaes aplicadas pelas autoridades administrativas no exerccio do poder de polcia e multas judiciais;

b) contra risco proveniente de ato doloso do segurado, do beneficirio ou de representante de um ou de outro, salvo o dolo do representante em prejuzo do segurado ou do beneficirio; e

c) de outros interesses ou contra outros riscos vedados em lei.

Art. 12 O contrato nulo quando qualquer das partes souber que, desde o momento de sua concluso, o risco impossvel.

1 A seguradora que tiver conhecimento da impossibilidade do risco e, no obstante isto contratar, pagar ao segurado o dobro do prmio.

2 O segurado que tiver conhecimento da impossibilidade do risco e, no obstante isto contratar, perder o prmio pago.

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Art. 13 Desaparecido o risco resolve-se o contrato com a devoluo proporcional do prmio, ressalvado o direito da seguradora s despesas incorridas. No caber a reduo se o risco desapareceu em virtude da ocorrncia de sinistro.

Art. 14 O segurado obrigado a comunicar ao segurador, to logo saiba, o relevante agravamento do risco, inclusive o derivado de motivo alheio sua vontade.

1 Ser relevante o agravamento que contrariar o contedo das informaes prestadas seguradora nas respostas ao questionrio formulado quando da formao do contrato, com o aumento substancial da probabilidade de realizao do risco ou da severidade de seus efeitos.

2 Depois de notificada, a seguradora ter o prazo mximo de vinte (20) dias para cobrar a diferena de prmio ou resolver o contrato.

3 Nos seguros sobre a vida e a integridade fsica prprias no configura agravamento a doena contrada ou a leso sofrida durante a vigncia do contrato.

4 A resoluo deve ser feita por carta registrada com aviso de recebimento ou meio idneo equivalente, devendo a seguradora restituir a diferena de prmio ou a reserva matemtica constituda se o seguro for sobre a vida ou integridade fsica prprias e pressupor sua constituio.

5 No agravamento voluntrio a resoluo por parte da seguradora produzir efeitos desde o momento em que os riscos foram agravados.

6 Prosseguindo o contrato, ser devida diferena de prmio, salvo pacto em contrrio.

1. A seguradora em nenhuma hiptese responder pelas conseqncias do ato praticado com a inteno de aumentar a probabilidade ou tornar mais severos os efeitos do sinistro.

Art. 15 Perde a garantia o segurado que no cumprir dolosamente a obrigao de comunicar o agravamento do risco. Se o descumprimento for culposo, a prestao decorrente do sinistro se reduzir em proporo diferena entre o prmio pago e o que seria devido caso comunicado o agravamento.

Art. 16 Havendo relevante reduo do risco, o valor do prmio ser proporcionalmente reduzido, ressalvado o direito da seguradora s despesas incorridas.

CAPTULO IV PRMIO

Art. 17 O prmio deve ser pago no tempo, forma e lugar convencionados, cumprindo seguradora cobr-lo.

1. Na falta de conveno em contrrio, entende-se ser o prmio vista e pagvel no domicilio do segurado.

2. vedado o recebimento de adiantamento do valor do prmio antes de formado o contrato.

Art. 18 A seguradora no pode recusar o pagamento do prmio por terceiro, salvo se a isso se opuser o segurado.

Art. 19 A mora relativa prestao nica ou primeira parcela de prmio resolve automaticamente o contrato, salvo conveno em contrrio.

1 A mora relativa parcela de prmio, que no seja a primeira, suspender a garantia contratual aps notificao ao segurado concedendo prazo para a purgao, no inferior a quinze (15) dias contados da recepo. A suspenso da garantia no afetar direitos das vtimas nos seguros de responsabilidade civil.

2 A notificao deve ser feita por carta registrada remetida para o ltimo endereo do segurado por ele informado seguradora, ou outro meio idneo, e conter as advertncias de que o no pagamento no novo prazo suspender a garantia e de que no sendo purgada a mora a seguradora no efetuar quaisquer pagamentos devidos por sinistro ocorrido a partir do vencimento original da parcela no paga.

3 Caso o segurado recuse a recepo ou por qualquer razo no seja encontrado no ltimo endereo por ele informado seguradora, o prazo previsto no 1 ter incio nessa data.

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Art. 20 A resoluo, salvo quando se tratar de prestao nica ou da primeira parcela do prmio, est condicionada a prvia notificao e no poder ocorrer em prazo inferior a trinta (30) dias aps a suspenso da garantia. A notificao da suspenso da garantia poder desde logo advertir para a resoluo do contrato caso no purgada a mora.

1 Nos seguros coletivos sobre a vida e a integridade fsica prprias, a resoluo somente ocorrer aps noventa (90) dias, contado o prazo da ltima notificao feita ao estipulante e aos segurados, devendo o valor do prmio ser cobrado do estipulante.

2 Nos seguros individuais sobre a vida e a integridade fsica prprias estruturados com reserva matemtica, o no pagamento de parcela do prmio, que no a primeira ou nica, implicar reduo proporcional da garantia ou devoluo da reserva, o que for mais vantajoso para o segurado ou seus beneficirios.

3 Caso o segurado ou o estipulante recuse a recepo ou por qualquer razo no seja encontrado no ltimo endereo por ele informado seguradora, o prazo ter incio na data da frustrao da comunicao.

Art. 21 Nos seguros sobre a vida e a integridade fsica prprias o prmio pode ser convencionado por prazo limitado ou por toda a vida do segurado.

Art. 22 Caber execuo para a cobrana do prmio.

CAPTULO V SEGURO EM FAVOR DE OUTREM

Art. 23 O seguro ser em favor de outrem quando a contratao recair sobre interesse de terceiro, determinado ou determinvel, ou por conta de quem corresponder.

Pargrafo nico. O beneficirio ser identificado pela lei, por ato de vontade anterior ocorrncia do sinistro ou, a qualquer tempo, pela titularidade do interesse garantido.

Art. 24 O interesse alheio, sempre que conhecido, deve ser declarado seguradora no momento da contratao.

Pargrafo nico. Presume-se que o seguro por conta prpria, salvo quando, em razo das circunstncias ou dos termos do contrato, a seguradora conhea ou deva conhecer que o seguro em favor de outrem.

Art. 25 O seguro em favor de outrem pode coexistir com seguro por conta prpria ainda que no mbito do mesmo contrato, de forma cumulativa ou alternativa.

Pargrafo nico. Salvo disposio em contrrio, havendo concorrncia de interesses, prevalecer a garantia por conta prpria at o valor em que concorrer, valendo, naquilo que ultrapassar, como seguro em favor de outrem, respeitado sempre o limite da importncia segurada.

Art. 26 Considera-se estipulante aquele que atua em favor dos interesses dos segurados e beneficirios, pactuando com a seguradora os termos do contrato para adeso dos segurados.

Art. 27 Cabe ao estipulante, alm de outras atribuies que decorram da lei ou do contrato, assistir ao segurado e ao beneficirio, durante a execuo do contrato, e quando da regulao e liquidao dos sinistros.

Art. 28 Admite-se como estipulante de seguro coletivo apenas aquele que tiver vnculo jurdico prvio com o grupo segurado em proveito do qual contratar o seguro.

1 O descumprimento da exigncia prevista neste artigo implica responsabilidade solidria do estipulante com a seguradora.

2 A remunerao do estipulante de seguro coletivo, quando houver, ser do conhecimento dos segurados e beneficirios, e limitada a dez por cento (10%) do valor dos prmios arrecadados, podendo este limite ser reduzido pelo Conselho Nacional de Seguros Privados.

3 O estipulante de seguro coletivo sobre a vida e a integridade fsica prprias do segurado o nico responsvel, para com a seguradora, pelo cumprimento de todas as obrigaes contratuais, includa a de pagar o prmio. As respostas e a assinatura do

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questionrio que apresentar a seguradora para a formao dos vnculos individuais devem ser produzidas pessoal e exclusivamente pelos segurados.

Art. 29 O estipulante representa os segurados e beneficirios para todos os fins e efeitos, respondendo perante estes por seus atos e omisses havidos durante o exerccio de suas funes.

Art. 30 No seguro em favor de outrem, o estipulante dever cumprir as obrigaes e os deveres do contrato, salvo aquelas que por sua natureza devem ser cumpridas pelo segurado ou beneficirio.

1 A seguradora no poder recusar o cumprimento pelo segurado, salvo vedao legal ou decorrente da natureza da obrigao.

2 O segurado que no prestar ao estipulante o valor necessrio para que este efetue o pagamento do prmio seguradora, quando esta obrigao tiver sido expressamente pactuada com aquele, sujeitar-se ao disposto no Captulo IV.

Art. 31 O segurado, o beneficirio e o estipulante, este em favor daqueles, so concorrentemente legitimados para exigir o cumprimento das obrigaes derivadas do contrato.

Art. 32 Alm das excees prprias ao segurado e ao beneficirio, a seguradora pode opor-lhes todas as defesas fundadas no contrato que tenha contra o estipulante, anteriores e posteriores ao sinistro.

CAPTULO VI CO-SEGURO E SEGURO CUMULATIVO

Art. 33 Ocorre co-seguro quando duas ou mais seguradoras, por acordo expresso entre elas e o segurado ou o estipulante, garantem um determinado interesse contra o mesmo risco e ao mesmo tempo, cada uma delas assumindo uma cota de garantia.

Pargrafo nico. Ocorre seguro cumulativo quando a distribuio entre vrias seguradoras for feita pelo segurado ou estipulante por fora de contrataes separadas. Neste caso, se o seguro for de dano, o segurado dever comunicar a cada uma das seguradoras sobre a existncia dos contratos com as demais e, quando a soma das importncias seguradas superar o valor do interesse, ser reduzida proporcionalmente a importncia segurada de cada contrato.

Art. 34 O co-seguro poder ser documentado em uma ou em vrias aplices com contedo idntico.

1 Se o contrato no especifica qual das co-seguradoras a lder, o segurado pode considerar lder qualquer uma delas, devendo dirigir-se sempre mesma.

2 A co-seguradora lder substitui as demais co-seguradoras do mesmo contrato, em todas as relaes com o estipulante, segurado, beneficirio e intervenientes do contrato, inclusive na regulao do sinistro, e judicialmente, de forma ativa e passiva.

3 Quando a ao for proposta apenas contra a lder, esta dever, no prazo da resposta, comunicar a existncia do co-seguro e requerer a notificao judicial ou extrajudicial das co-seguradoras para que, querendo, intervenham na causa como assistentes.

4 A sentena proferida contra a lder far coisa julgada em relao s demais co-seguradoras que sero executadas nos mesmos autos.

5 No h solidariedade entre as co-seguradoras, arcando cada uma exclusivamente com a sua cota de garantia, salvo previso contratual diversa.

Art. 35 Os documentos probatrios do contrato devero destacar a existncia do co-seguro, suas participantes e as cotas assumidas individualmente.

Art. 36 vedada a remunerao da seguradora em virtude de cesso de co-seguro a outra.

Pargrafo nico. Para a administrao do contrato, a lder poder cobrar das demais, na proporo das cotas assumidas, o equivalente a no mximo dois por cento do valor do prmio pago, tendo o direito ao reembolso das despesas efetuadas.

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Art. 37 No so aplicadas as regras do co-seguro quando a cesso de responsabilidades se der sem o prvio conhecimento do segurado ou estipulante.

CAPTULO VII INTERVENIENTES NO CONTRATO

Art. 38 Os intervenientes so obrigados a agir de acordo com lealdade e a mxima boa-f, prestando informaes completas e verdicas sobre todas as questes envolvendo a formao e execuo do contrato, sob pena de responsabilidade pessoal.

Art. 39 Os agentes autorizados de seguro so, para todos os efeitos, prepostos da seguradora, vinculando-a por seus atos e omisses.

Art. 40 Os representantes e prepostos da seguradora, ainda que temporrios ou a ttulo precrio, vinculam aquela para todos os fins, quanto a seus atos e omisses.

Art. 41 O corretor de seguro intermedirio do contrato, respondendo civil, penal e administrativamente por seus atos e omisses.

1 So atribuies dos corretores de seguro:

I o exame do risco e do interesse que se pretende garantir;

II a recomendao de providncias que permitam a obteno da garantia de seguro;

III a identificao e recomendao da modalidade de seguro que melhor atenda s necessidades do segurado e beneficirio, a identificao e recomendao da seguradora;

IV assistir ao segurado durante a execuo do contrato, bem como a esse e ao beneficirio, quando da regulao e liquidao do sinistro; e

V assistir ao segurado na renovao e preservao da garantia de seu interesse.

2 O corretor de seguro no pode participar dos resultados obtidos pela seguradora.

Art. 42 O corretor de seguro ser responsvel pela efetiva entrega ao destinatrio dos documentos e correspondncias que lhe forem confiados, no prazo mximo de cinco dias, independentemente do suporte.

Pargrafo nico. Sempre que for conhecido o iminente perecimento de direito, a entrega deve ser feita em prazo hbil.

Art. 43 O corretor de seguro somente ser considerado representante dos segurados e beneficirios quando lhe for outorgado mandato.

Art. 44 Pelo exerccio de sua atividade o corretor de seguro far jus a comisses de corretagem, salvo estipulao contratual diversa.

CAPTULO VIII FORMAO E DURAO DO CONTRATO

Art. 45 A proposta de seguro pode ser efetuada pelo segurado, pelo estipulante ou pela seguradora.

Art. 46 A proposta feita pela seguradora no poder ser condicional e dever conter todos os requisitos necessrios para a contratao, o contedo integral do contrato e o prazo mximo para sua aceitao.

1 A seguradora no poder invocar omisses de sua proposta.

2 A aceitao da proposta feita pela seguradora somente se dar pela manifestao expressa de vontade ou ato inequvoco do destinatrio.

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Art. 47 A proposta feita pelo segurado no exige forma escrita.

Pargrafo nico. O simples pedido de cotao seguradora no equivale proposta, mas as informaes prestadas pelas partes e terceiros intervenientes integram o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 48 Efetuada a proposta, a seguradora ter o prazo mximo de quinze (15) dias para cientificar sua recusa ao proponente, findo o qual se considerar aceita a proposta. O Conselho Nacional de Seguros Privados poder fixar prazos inferiores.

1 Considera-se igualmente aceita a proposta pela prtica de atos inequvocos reveladores do ajuste, como o recebimento total ou parcial do prmio ou sua cobrana pela seguradora.

2 O contrato celebrado mediante aceitao tcita se reger, naquilo que no contrariar a proposta, pelas condies contratuais previstas nos modelos depositados pela seguradora junto Superintendncia de Seguros Privados para o ramo e modalidade de garantia constantes da proposta, prevalecendo, caso haja mais de um clausulado depositado, o que for mais favorvel ao interesse do segurado.

3 Durante o prazo para sua manifestao a seguradora poder cientificar o proponente, uma nica vez, de que o exame da proposta est subordinado apresentao de informaes ou documentos complementares, ou exame pericial. O prazo para aceitao t er novo incio a partir do atendimento da solicitao ou da concluso do exame pericial.

Art. 49 O proponente obrigado a fornecer as informaes necessrias para a aceitao do contrato e fixao da taxa para clculo do valor do prmio, de acordo com o questionrio que lhe submeta a seguradora.

1 O descumprimento doloso desse dever importar perda da garantia, salvo se provado que a seguradora, conhecendo as reais circunstncias, teria celebrado o contrato nos mesmos termos. Caso o descumprimento seja culposo, sobrevindo o sinistro a prestao da seguradora ser reduzida proporcionalmente diferena entre o prmio pago e o que seria devido caso recebesse todas as informaes necessrias.

2 Nos seguros coletivos sobre a vida e a integridade fsica prprias na modalidade aberta, a perda da garantia somente ocorrer se houver dolo do segurado.

Art. 50 As partes e os terceiros intervenientes devem informar tudo que souberem de relevante, bem como aquilo que deveriam saber, de acordo com as regras ordinrias de conhecimento.

Art. 51 A seguradora dever alertar o proponente sobre quais so as informaes relevantes a serem prestadas para a aceitao e formao do contrato, esclarecendo em seus impressos e questionrios as conseqncias do descumprimento deste dever.

Pargrafo nico. A seguradora que dispensar as informaes relevantes, no exigi-las de forma clara, completa e inequvoca, ou no alertar sobre as conseqncias do descumprimento do dever de informar, no poder aplicar sanes com base em infrao contratual, salvo conduta dolosa do proponente ou do seu representante.

Art. 52 Quando o seguro, por sua natureza ou por expressa disposio contratual, for daqueles que exigem informaes contnuas ou averbaes de globalidade de riscos e interesses, a omisso do segurado, desde que substancial e prejudicial seguradora, implica a extino do contrato, sem prejuzo da dvida do prmio.

1 A sano aplicvel ainda que a omisso seja detectada aps a ocorrncia do sinistro.

2 O segurado poder afastar a aplicao desta sano consignando a diferena de prmio e provando a ausncia de dolo.

Art. 53 O proponente poder solicitar informaes seguradora sobre as razes da recusa em contratar, hiptese em que esta dever prestar os esclarecimentos, salvo se isto importar prejuzos para si ou para terceiros.

Art. 54 O proponente dever ser cientificado com antecedncia sobre o contedo do contrato, que ser obrigatoriamente redigido em lngua portuguesa.

1 As clusulas sobre perda de direitos, excluso de interesses e riscos, imposio de obrigaes e restries de direitos sero redigidas de forma clara e compreensvel, e postas em destaque.

2 Sero nulas as clusulas redigidas em idioma estrangeiro ou que se limitem a referir a clusulas de uso internacional.

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Art. 55 O contrato presume-se celebrado para viger pelo prazo de um ano, salvo se o contrrio no decorrer da sua natureza, do interesse, do risco ou de acordo das partes.

Art. 56 Nos seguros cujo prazo for igual ou superior a um (1) ano, a seguradora dever, at trinta (30) dias antes de seu trmino, cientificar o contratante de sua deciso de no renovar ou das eventuais modificaes que pretenda fazer para a renovao.

Pargrafo nico. Omissa a seguradora, o contrato ser automaticamente renovado.

Art. 57 As partes podero subordinar o incio da garantia a termo ou condio.

Pargrafo nico. A garantia contratada no pode ser condicionada a futura contratao de co-seguro ou resseguro.

CAPTULO IX PROVA DO CONTRATO

Art. 58 O contrato de seguro prova-se por todos os meios em direito admitidos, vedada a prova exclusivamente testemunhal.

Art. 59 A sociedade seguradora obrigada a entregar ao contratante, no prazo de vinte (20) dias contados da aceitao, documento probatrio do contrato de que constaro, no mnimo, os seguintes elementos:

I. a denominao, qualificao completa e o nmero de registro na Superintendncia de Seguros Privados da seguradora nica; II. o nmero de registro na Superintendncia de Seguros Privados do procedimento administrativo em que se encontram o modelo do contrato e as notas tcnicas e atuariais correspondentes; III. o nome do segurado e, sendo distinto, o do beneficirio; IV. o nome do estipulante, se houver; V. o dia e horrio precisos do incio e fim de vigncia ou, se for o caso, o modo preciso para sua determinao; VI. o valor do seguro e a demonstrao da regra de atualizao monetria, ou da regra atravs da qual se possa precisar aquele valor; VII. os interesses e os riscos garantidos; VIII. os locais de risco compreendidos pela garantia; IX. os riscos excludos e os interesses vinculados ao mesmo bem no compreendidos pela garantia, ou em relao aos quais a garantia seja de valor inferior ou submetida a condies ou a termos especficos; X. o nome, a qualificao e o domiclio de todos os intermedirios do negcio, com a identificao, em existindo, daquele que receber e transmitir as comunicaes entre os contratantes; XI. em caso de co-seguro, a denominao, qualificao completa, nmero de registro na Superintendncia de Seguros Privados e a cota de garantia de cada co-seguradora, bem assim a identificao da seguradora lder, de forma especialmente precisa e destacada e XII. o valor do prmio e, se for o caso, as parcelas que o compem.

1 A quantia segurada ser expressa em moeda nacional, salvo se o interesse for daqueles normalmente cotados em moeda estrangeira ou se nela tiver que se fazer, por fora de lei ou de regulamento administrativo do Banco Central do Brasil, o pagamento da indenizao em caso de sinistro.

2 O contrato ter o glossrio dos termos tcnicos nele empregados.

Art. 60 Os contratos de seguro fidejussrios e os sobre a vida ou a integridade fsica prprias so ttulos executivos extrajudiciais.

Pargrafo nico. O ttulo executivo extrajudicial ser constitudo por qualquer documento hbil para a prova da existncia do contrato, do qual constem os elementos essenciais para a verificao da certeza e liquidez da dvida, acompanhado dos documentos necessrios para a prova de sua exigibilidade.

CAPTULO X INTERPRETAO DO CONTRATO

Art. 61 O contrato de seguro no pode ser interpretado ou executado em prejuzo da coletividade de segurados, ainda que em benefcio de um ou mais segurados ou beneficirios, nem promover o enriquecimento injustificado de qualquer das partes ou de terceiros.

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Art. 62 O contrato de seguro deve ser executado e interpretado segundo a boa f e sempre com o objetivo de atender sua funo social

Pargrafo nico. Se da interpretao de quaisquer documentos elaborados pela seguradora, tais como peas publicitrias, impressos, instrumentos contratuais ou pr-contratuais, resultarem dvidas, contradies, obscuridades ou equivocidades, estas sero resolvidas no sentido mais favorvel ao segurado ou ao beneficirio.

Art. 63 vedada a interpretao ampliativa que desequilibre a estrutura tcnica e atuarial do ramo ou modalidade da operao de seguro.

Art. 64 As condies particulares prevalecem sobre as especiais e estas sobre as gerais do seguro.

Art. 65 As clusulas referentes excluso de riscos e prejuzos ou que impliquem restrio ou perda de direitos e garantias so de interpretao restritiva quanto sua incidncia e abrangncia.

Art. 66 nula a incluso de compromissos e clusulas de arbitragem nas condies gerais, especiais e particulares.

Art. 67 Os meios alternativos para a soluo de litgios somente podero ser pactuados em instrumentos apartados assinados pelas partes ou seus representantes legais, desde que no formados por adeso a clusulas e condies predispostas pela parte contratualmente mais forte e submetidos ao procedimento e s regras do direito brasileiro.

CAPTULO XI RESSEGURO

Art. 68 Resseguro a relao obrigacional pela qual a resseguradora, mediante o recebimento do prmio, garante o interesse da seguradora contra os riscos prprios de sua atividade, decorrentes da celebrao e execuo de negcios de seguro.

Art. 69 A resseguradora no responde, em nenhum caso, perante o segurado e o beneficirio de seguro.

Art. 70 A seguradora dever, no prazo da contestao, requerer a notificao, judicial ou extrajudicial, da resseguradora, comunicando-lhe o ajuizamento da causa.

1 A resseguradora poder intervir na causa como assistente simples.

2 O disposto no caput aplica-se, no que couber, tambm nas medidas cautelares ou quando a seguradora for intimada de protesto formulado pelo segurado ou beneficirio, caso em que ter o prazo de cinco dias para requerer a notificao.

Art. 71 As prestaes de resseguro adiantadas seguradora, que sejam devidas para amparar o interesse desta relativamente aos efeitos sobre sua atividade produzidos por um negcio de seguro determinado, no podero ser retidas por prazo superior a cinco (5) dias teis, devendo ser utilizadas para adiantamento ou pagamento da indenizao ou capital ao segurado ou beneficirio de seguro.

Art. 72 As despesas efetuadas pela seguradora para o conhecimento e exame de admissibilidade dos riscos no integram a base de clculo do prmio de resseguro.

Art. 73 O resseguro, salvo expresso pacto em contrrio, abranger a totalidade das prestaes devidas pela seguradora aos segurados, bem como quaisquer despesas efetuadas em virtude da regulao e liquidao do sinistro, seja amigvel ou judicial.

Pargrafo nico. Presume-se responsvel a resseguradora pela recuperao dos efeitos da mora da seguradora, salvo no caso de dolo.

Art. 74 Os crditos dos segurados e beneficirios tm preferncia absoluta, perante quaisquer outros crditos, sobre os montantes devidos pela resseguradora seguradora, caso esta se encontre sob direo fiscal, interveno, liquidao ou falncia.

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1 Sobre os montantes devidos pela resseguradora seguradora, por conta de resseguro havido para a garantia do interesse desta relativamente aos efeitos de um negcio de seguro determinado, tero preferncia, inclusive perante os crditos dos demais segurados e beneficirios de seguro, os crditos do segurado ou beneficirio de seguro que decorram desse negcio.

2 Sobre os montantes devidos pela resseguradora seguradora, por conta de resseguro havido para a garantia do interesse desta relativamente aos efeitos de um conjunto de negcios de seguro, tero preferncia, inclusive perante os crditos dos demais segurados e beneficirios de seguro, os crditos dos segurados e beneficirios de seguro que decorram dos negcios de seguro que se enquadrem nesse conjunto, medida que no satisfeitos com o exerccio da preferncia estabelecida no 1 deste artigo.

Art. 75 A retrocessionria acompanhar a sorte da resseguradora.

CAPTULO XII SINISTRO

Art. 76 O segurado que tiver conhecimento da ocorrncia do sinistro antes de formular a proposta e, no obstante isto contratar, no ter direito garantia e continuar obrigado ao pagamento do prmio.

Art. 77 A seguradora que tiver conhecimento da ocorrncia do sinistro antes da recepo da proposta e no obstante contratar, pagar em dobro o prmio pactuado.

Art. 78 Conhecendo o sinistro, o segurado obrigado a:

I. tomar todas as providncias necessrias e teis para evitar ou minorar seus efeitos; II. avisar prontamente a seguradora por qualquer meio e III. prestar todas as informaes que disponha sobre o sinistro, suas causas e conseqncias, sempre que questionado a respeito pela seguradora.

1 O descumprimento culposo implica perda do direito indenizao do valor dos danos decorrentes da omisso.

2 O descumprimento doloso exonera a seguradora, salvo no caso das obrigaes previst as nos incisos II e III, quando o interessado provar que a seguradora tomou cincia oportuna do sinistro e das informaes por outros meios.

3 Incumbe tambm ao beneficirio, no que couber, o cumprimento das disposies deste artigo.

Art. 79 No so exigveis providncias capazes de por em perigo interesses relevantes do segurado, beneficirio ou terceiros, ou sacrifcio acima do razovel.

Art. 80 A provocao dolosa de sinistro pelo segurado ou beneficirio, tentada ou consumada, implica resoluo do contrato, sem direito indenizao e sem prejuzo da dvida de prmio e da obrigao de ressarcir as despesas.

1 A mesma sano ser aplicada quando o segurado ou beneficirio tiver prvia cincia da prtica delituosa e no tentar evit-la ou quando comunicar dolosamente sinistro no ocorrido.

2 A fraude cometida quando da reclamao de sinistro, ainda que para exagerar o valor reclamado, implicar a perda pelo segurado ou beneficirio do direito indenizao, inclusive com relao aos prejuzos regularmente demonstrveis.

Art. 81 Nos seguros de dano, correm por conta da seguradora, sem reduzir a importncia segurada, as despesas para evitar o sinistro iminente e para evitar ou atenuar os seus efeitos. Essa obrigao persiste ainda que os atos no tenham sido eficazes.

1 O contrato pode estabelecer limite mximo para as despesas, em valor adequado e nunca inferior a cinco por cento (5%) da importncia segurada.

2 Consideram-se gesto de negcios em favor da seguradora os atos praticados por terceiros com a mesma finalidade.

3 As despesas com preveno ordinria, includa qualquer espcie de manuteno, no obrigaro a seguradora.

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4 O segurado suportar as despesas efetuadas para a proteo de interesses no garantidos. Adotando medidas para a proteo de interesses garantidos e no garantidos, as despesas sero suportadas proporcionalmente.

5 As despesas com medidas notoriamente inadequadas, desproporcionais ou exageradas no sero reembolsadas pela seguradora.

6 Caso a seguradora tenha recomendado a adoo de determinadas medidas de salvamento, ser responsvel pela totalidade das despesas efetuadas com as mesmas, no se aplicando o limite contratado.

Art. 82 A seguradora responde pelos efeitos do sinistro ocorrido ou cuja ocorrncia tiver incio na vigncia do contrato, ainda que se manifestem ou perdurem aps o trmino desta.

Art. 83 A seguradora no responde pelos efeitos manifestados durante a vigncia do contrato, quando decorrentes da ocorrncia de sinistro anterior, salvo disposio contratual em contrrio.

Art. 84 Salvo disposio contratual em contrrio, a ocorrncia de sinistros com efeitos parciais no importa reduo do valor da garantia.

CAPTULO XIII REGULAAO E LIQUIDAO DE SINISTROS

Art. 85 Regulao do sinistro o procedimento atravs do qual se apura a existncia e se identificam as causas e os efeitos do fato avisado pelo interessado.

Art. 86 Liquidao do sinistro o procedimento atravs do qual se quantifica em dinheiro, salvo quando convencionada reposio em espcie, os efeitos do fato avisado pelo interessado.

Art. 87 Cabe seguradora executar a regulao e a liquidao do sinistro.

Pargrafo nico. admitida a cooperao das resseguradoras e retrocessionrias.

Art. 88 O segurado e o beneficirio podero participar ativamente dos trabalhos de regulao e liquidao, inclusive indicando assistentes tcnicos.

Pargrafo nico. O contrato poder prever o adiantamento ou o ressarcimento das despesas e remuneraes dos assistentes.

Art. 89 A regulao e a liquidao do sinistro devem ser feitas, sempre que possvel, com simultaneidade, a fim de que a seguradora, apurada a existncia de sinistro e de quantias parciais devidas ao segurado ou beneficirio, possa constituir provises adequadas e efetuar adiantamentos por conta do pagamento final ao segurado ou beneficirio.

Pargrafo nico. Correm juros moratrios e demais encargos legais e contratuais sobre os montantes devidos e no pagos, desde o dcimo dia aps a sua apurao.

Art. 90 O regulador e o liquidante do sinistro devem prontamente informar seguradora as quantias apuradas, a fim de que possam ser efetuados os pagamentos devidos ao segurado ou beneficirio.

Pargrafo nico. O descumprimento dessa obrigao acarreta a responsabilidade solidria do regulador e do liquidante pelos danos decorrentes da demora.

Art. 91 O regulador e o liquidante de sinistro atuam conta da seguradora, no interesse desta, do segurado e do beneficirio.

Pargrafo nico. vedada fixao da remunerao do regulador, do liquidante, dos peritos, inspetores e demais auxiliares, com base na economia proporcionada seguradora.

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Art. 92 Cumpre ao regulador e ao liquidante de sinistro:

I. exercerem suas atividades com probidade e celeridade; II. informarem os interessados sobre todo o contedo de suas apuraes e III. empregarem peritos especializados, sempre que necessrio.

Art. 93 Em caso de dvida sobre critrios e frmulas destinados apurao do valor da dvida da seguradora, sero adotados aqueles que forem mais favorveis para o segurado ou beneficirio, vedado o enriquecimento sem causa.

Art. 94 O relatrio de regulao e liquidao do sinistro, assim como todos os elementos que tenham sido utilizados para sua elaborao, so documentos comuns s partes.

Art. 95 vedado ao segurado e ao beneficirio promover modificaes no local do sinistro, destruir ou alterar elementos a este relacionados, ou sonegar documentos e informaes relevantes em prejuzo da regulao e liquidao pela seguradora.

1 O descumprimento culposo implica obrigao de suportar as despesas acrescidas para a apurao e liquidao do sinistro.

2 O descumprimento doloso exonera a seguradora.

Art. 96 Negada a garantia, no todo ou em parte, a seguradora dever entregar ao segurado, ou ao beneficirio, cpia de todos os documentos produzidos ou obtidos durante a regulao e liquidao do sinistro.

Art. 97 As quantias despendidas pelos segurados ou beneficirios para a obteno de documentos ou realizao de providncias exigidas pela seguradora para a regulao do sinistro correm conta desta.

Pargrafo nico. Quando a exigncia do documento ou da providncia decorrer de informao falsa prestada pelo segurado ou beneficirio, no ser devida a restituio pela seguradora.

Art. 98 A execuo dos procedimentos de regulao e liquidao de sinistro no importa o reconhecimento de qualquer obrigao por parte da seguradora.

Art. 99 A seguradora ter o prazo mximo de noventa (90) dias, contados da apresentao da reclamao pelo interessado, para executar os procedimentos de regulao e liquidao de sinistro.

1 O objeto da regulao e liquidao a cargo da seguradora ser restrito ao da reclamao apresentada pelo interessado.

2 O prazo ser suspenso at que o interessado apresente as informaes, documentos e demais elementos necessrios para a execuo da regulao e liquidao de que disponha, desde que expressamente solicitados pela seguradora.

3 Quando a regulao e a liquidao dependerem de fato superveniente, o prazo somente ter incio aps cincia pela seguradora de sua ocorrncia.

4 O Conselho Nacional de Seguros Privados estabelecer prazos inferiores e ritos simplificados para a regulao e liquidao dos seguros obrigatrios, seguros relacionados a veculos automotores, seguros sobre a vida e a integridade fsica prprias, e para todos os demais seguros cujos valores no excedam a quinhentas vezes o do maior salrio mnimo vigente.

Art. 100 Os pagamentos devidos pela seguradora devem ser efetuados em dinheiro, salvo previso contratual de reposio em espcie.

1 O pagamento em dinheiro deve ser efetuado no prazo fixado no pargrafo nico do art. 89.

2 O prazo para a reposio dever ser expressamente pactuado no contrato.

Art. 101 O valor segurado ser corrigido monetariamente desde a data da contratao pelo ndice previsto em contrato.

Art. 102 O valor da prestao a cargo da seguradora ser corrigido pelo ndice previsto em contrato desde a data da sua determinao at a do pagamento.

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TTULO II SEGUROS DE DANO

CAPTULO I DISPOSIES GERAIS

Art. 103 A importncia segurada o limite mximo da obrigao de pagamento da seguradora, ressalvado o disposto no art. 81, e no poder superar o valor econmico do interesse, ressalvadas as excees previstas nesta lei.

1 Ainda que a importncia segurada seja superior, o segurado ou beneficirio no poder receber mais do que o valor do seu interesse no momento do sinistro.

2 So vlidas as garantias para despesas fixas e lucros cessantes.

3 O valor do interesse pode ser determinado no contrato, desde que no supere em quinze por cento (15%) o valor mdio de mercado no momento da celebrao, ou quando for de difcil avaliao.

4 Quando o valor do interesse for determinado conjuntamente pelas partes ou fixado em virtude de apurao feita pela seguradora, esta no poder alegar excesso ou infra-seguro.

5 No se presume a contratao das garantias relativas aos lucros cessantes e s despesas fixas.

Art. 104 Ainda que o valor do interesse seja superior importncia segurada, a indenizao no poder exced-la, salvo os encargos decorrentes de mora, na forma do art. 404 e pargrafo nico do Cdigo Civil.

Art. 105 Recaindo o interesse sobre bens empregados na produo econmica ou que necessitem de reconstruo em caso de sinistro, lcito contratar o seguro a valor de novo.

1 A parte da indenizao que sobejar o valor de avaliao do bem no momento do sinistro somente ser devida aps sua reposio pelo novo.

2 lcito convencionar a reposio paulatina com pagamentos correspondentes.

Art. 106 A mora da seguradora no pagamento das quantias devidas aos segurados e beneficirios determinar a incidncia de juros equivalentes taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de tributos devidos Fazenda Nacional.

Art. 107 Salvo disposio contratual em contrrio, na hiptese de sinistro parcial, o valor da indenizao devida em razo de seguro contratado por valor inferior ao do interesse no momento da contratao no ser proporcionalmente reduzido.

Pargrafo nico. Quando pactuado o rateio a seguradora demonstrar na aplice a frmula para clculo da indenizao com aplicao da regra proporcional.

Art. 108 Salvo disposio contratual em contrrio, o seguro no cobre os interesses quanto a danos decorrentes de guerra.

Art. 109 Salvo disposio em contrrio, no se inclui na garantia a obrigao de indenizar o vcio no aparente e no declarado no momento da contratao do seguro, nem os seus exclusivos efeitos.

1 Havendo cobertura para o vcio, e no existindo disposio especial, presumir-se- que a cobertura compreende tanto os danos ao bem no qual manifestado o vcio como aqueles dele decorrentes.

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2 A simples inspeo prvia de riscos relacionados com atividades empresariais pela seguradora no autoriza a presuno de conhecimento do vcio.

Art. 110 Salvo pacto em contrrio, pelas indenizaes pagas com fundamento nos seguros de dano sub-rogada a seguradora.

1 ineficaz qualquer ato do segurado que diminua ou extinga a sub-rogao.

2 O segurado obrigado a colaborar no exerccio pela seguradora dos direitos derivados da sub-rogao e perder o direito indenizao se prejudic-la no todo ou em parte.

Art. 111 A seguradora tem pretenso prpria contra o terceiro responsvel para reaver os gastos efetuados com a regulao e liquidao do sinistro e tambm com o salvamento.

Pargrafo nico. Sempre que houver tentativa de estelionato, a seguradora ter pretenso para reaver os gastos ainda que o autor seja parte do contrato.

Art. 112 Quando o sinistro for causado por cnjuge, parentes at o terceiro grau, consangneos ou por afinidade do credor da indenizao, e seus empregados ou pessoas sobre as quais ele tenha responsabilidade, a seguradora s ter direito de pleitear o ressarcimento das quantias pagas se provar o dolo, salvo se tais pessoas estiverem garantidas por seguro de responsabilidade celebrado com outra seguradora, limitado o ressarcimento aos limites deste seguro.

Art. 113 Os seguros sobre a vida e a integridade fsica alheias que visem a garantir direito patrimonial de outrem ou que tenham finalidade indenizatria submetem-se s regras do seguro de dano.

Pargrafo nico. Quando no momento do sinistro o valor da garantia superar o valor do direito patrimonial garantido, o excedente se sujeitar s regras do seguro de vida e ser credor da diferena aquele sobre cuja vida ou integridade fsica foi celebrado o seguro e, no caso de sua morte, seus herdeiros.

CAPTULO II SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL

Art. 114 O seguro de responsabilidade civil garante o risco de imputao de responsabilidade ao segurado.

Art. 115 So credores da garantia o segurado ou o terceiro que fizer uso legtimo do bem e os prejudicados, que tero ao direta contra a seguradora, sempre respeitado o limite garantido pelo contrato.

1 Os prejudicados so os nicos credores da indenizao devida pela seguradora, salvo o disposto no pargrafo 3 deste artigo.

2 No seguro de responsabilidade civil residencial ou por uso de veculos automotores de vias terrestres, fluviais, lacustres e martimas, a garantia contratada ser tambm em favor daqueles que fizerem uso legtimo do bem.

3 Sero garantidos os gastos com a defesa do segurado contra a imputao de responsabilidade, mediante a fixao de valor especfico e diverso daquele destinado indenizao dos terceiros prejudicados.

Art. 116 A seguradora pode opor aos prejudicados todas as defesas fundadas no contrato que tiver para com o segurado ou o terceiro que fizer uso legtimo do bem, desde que anteriores ao incio do sinistro.

Art. 117 A seguradora poder opor aos prejudicados todas as defesas que possuir contra estes, fundadas ou no no contrato.

Art. 118 O seguro de responsabilidade civil no garantir o pagamento ou o reembolso de valores devidos por fora de autuaes aplicadas pelas autoridades administrativas no exerccio do poder de polcia e multas penais.

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Art. 119 O segurado ou o terceiro que fizer uso legtimo do bem, quando a pretenso do prejudicado for exercida exclusivamente contra si, obrigado a, no prazo de cinco (5) dias, notificar a seguradora, judicial ou extrajudicialmente, a respeito da demanda.

1 A notificao dever conter todos os elementos necessrios para o conhecimento da lide e do processo pela seguradora.

2 Feita a notificao, o segurado, ou o terceiro que fizer uso legtimo do bem, ser substituto processual da seguradora at o limite da importncia segurada, quando esta no requerer sua admisso no plo passivo.

3 Descumprido o dever de notificar, a responsabilidade da seguradora diretamente frente ao terceiro, ou ao dever de indenizar o segurado, ou terceiro que fizer uso legtimo do bem, dever ser discutida em ao prpria.

CAPTULO III TRANSFERENCIA DE INTERESSE SEGURADO

Art. 120 A transferncia do interesse garantido implica a cesso do seguro correspondente, obrigando -se o cessionrio no lugar do cedente.

1 A cesso no ser admitida quando o adquirente exercer atividade capaz de aumentar o risco ou no preencher os requisitos exigidos pela tcnica de seguro, hipteses em que o contrato ser resolvido com a devoluo proporcional do prmio.

2 Caso a cesso implique alterao da taxa de prmio ser feito o ajuste creditando a parte favorecida.

3 As bonificaes, taxaes especiais e outras vantagens personalssimas do cedente no se comunicam para o novo titular do interesse garantido.

Art. 121 A cesso somente ser eficaz quando comunicada por escrito seguradora nos dez (10) dias posteriores transferncia.

1 A ausncia de comunicao exonera a seguradora.

2 No ocorrendo sinistro, a seguradora poder, no prazo de quinze (15) dias, rescindir o contrato com o cessionrio, com reduo proporcional do prmio e devoluo da diferena ao contratante original.

3 A recusa ser feita por carta registrada endereada ao cessionrio e produzir efeitos aps sessenta (60) dias contados da sua recepo.

Art. 122 A cesso dos seguros obrigatrios decorre automaticamente da transferncia do interesse.

TTULO III SEGURO DE VIDA

Art. 123 Nos seguros sobre a vida e a integridade fsica prprias o capital segurado livremente estipulado pelo proponente, que pode contratar mais de um seguro sobre o mesmo interesse, com a mesma ou diversas seguradoras.

Art. 124 livre a indicao do beneficirio.

Art. 125 Salvo renncia do segurado, lcita a substituio do beneficirio do seguro sobre a vida e a integridade fsica prprias, por ato entre vivos ou declarao de ltima vontade.

Pargrafo nico. A seguradora no cientificada da substituio ser exonerada pagando ao antigo beneficirio.

Art. 126 Na falta de indicao do beneficirio, no prevalecendo ou sendo nula a indicao efetuada, o capital segurado ser pago aos herdeiros legais, conforme a ordem de vocao hereditria.

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1 Considera-se inexistente a indicao quando o beneficirio falecer antes da ocorrncia do sinistro.

2 Na falta de herdeiros legais o valor do seguro ser pago queles que provarem que a morte do segurado lhes privou dos meios de subsistncia.

Art. 127 O capital segurado recebido em razo de morte no est sujeito s dvidas do falecido nem considerado, para qualquer efeito, herana.

Art. 128 nulo, no seguro sobre a vida e a integridade fsica prprias, qualquer negcio jurdico que direta ou indiretamente implique renncia ou reduo do crdito ao capital segurado ou reserva matemtica.

Art. 129 Nos seguros individuais sobre a vida e a integridade fsica prprias lcito estipular-se prazo de carncia durante o qual o segurador no responde pela ocorrncia do sinistro.

1 O prazo de carncia no pode ser convencionado quando se tratar de renovao ou substituio de aplice existente, ainda que outra a seguradora.

2 O prazo de carncia no pode ser pactuado de forma a tornar incua a garantia.

3 Ocorrendo o sinistro no prazo de carncia, a seguradora obrigada a entregar ao segurado ou ao beneficirio o valor do prmio pago.

Art. 130 lcito, nos seguros sobre a vida e a integridade fsica prprias, excluir da garantia os sinistros cuja causa exclusiva ou principal sejam doenas pr-existentes ao incio da relao contratual.

Pargrafo nico. A excluso s poder ser alegada quando o segurado, questionado, omitir com dolo a informao da pr-existncia.

Art. 131 O beneficirio no ter direito ao recebimento do capital quando o segurado cometer o suicdio nos primeiros seis meses de vigncia do primeiro contrato.

1 Quando o segurado aumentar o capital, o beneficirio no ter direito quantia acrescida, ocorrendo o suicdio nos seis meses seguintes.

2 vedada a fixao de novo prazo de carncia na hiptese de renovao ou de substituio do contrato.

3 Nos seguros individuais sobre a vida e a integridade fsica prprias a seguradora obrigada a entregar ao segurado ou ao beneficirio o montante da reserva matemtica, quando estruturado o seguro prevendo-se sua formao.

4 O suicdio considerado doena para todos os fins, inclusive para determinao da existncia da garantia e do capital garantido.

5 nula clusula de excluso de cobertura em caso de suicdio.

Art. 132 A seguradora no se exime do pagamento do capital, ainda que previsto contratualmente, quando a morte ou incapacidade decorrer da prestao de servios militares, de atos humanitrios, da utilizao de meio de transporte arriscado ou da prtica desportiva no profissional.

Art. 133 As quantias pagas ao segurado ou beneficirios por fora dos seguros sobre a vida e a integridade fsica prprias no implicam sub-rogao e so impenhorveis.

Art. 134 Nos seguros coletivos sobre a vida e a integr idade fsica prprias, a mudana dos termos do contrato em vigor depender sempre da anuncia expressa e pessoal de segurados que representem pelo menos trs quartos do grupo, sempre que a mudana possa gerar efeitos contrrios aos interesses dos segurados e beneficirios.

Art. 135 A resciso ou recusa de renovao de qualquer seguro coletivo sobre a vida e a integridade fsica prprias ser subordinada comunicao de sua inteno aos segurados e oferta de outro seguro que cumpra igual utilidade, com antecedncia mnima de noventa (90) dias, salvo se a seguradora encerrar operaes no ramo ou modalidade.

Pargrafo nico. Igual comunicao dever ser enviada, com a mesma antecedncia, Superintendncia de Seguros Privados.

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Art. 136 Quando a resciso ou recusa de renovao for motivada por deficincia atuarial, a seguradora dever estruturar e aprovar seguro da mesma modalidade, junto Superintendncia de Seguros Privados, destinado exclusivamente ao grupo de segurados atingido, vedadas carncias e direito de recusa de prestao em virt ude de fatos pr-existentes.

Art. 137 A mora da seguradora no pagamento das quantias devidas aos segurados e beneficirios determinar a incidncia, a partir do momento em que conhecida a obrigao, de juros moratrios equivalentes a uma vez e meia a taxa nominal que estiver em vigor para a mora do pagamento de tributos devidos Fazenda Nacional.

TTULO IV SEGUROS OBRIGATRIOS

Art. 138 Sem prejuzo de outros seguros obrigatrios fixados em lei especial, obrigatria a contratao dos seguintes:

I. pelos proprietrios ou arrendatrios de meios motorizados de locomoo terrestre, fluvial, lacustre, martima e area, dos seguros destinados indenizao das vtimas de danos relacionados com sua existncia e utilizao. II. pelos construtores, incorporadores, administradores e responsveis tcnicos, dos seguros destinados indenizao dos adquirentes de imveis residenciais, para os riscos de inexecuo da obra no tempo e modo devidos, para o caso de vcios atinentes sua segurana e solidez e para danos a terceiros. III. pelos administradores e empreendedores ou responsveis a qualquer ttulo por atividades, lucrativas ou no, que envolvam a concentrao de pblico, dos seguros destinados indenizao das vtimas de danos relacionados com a existncia e utilizao dos bens empregados. IV. pelos construtores, incorporadores, administradores e responsveis tcnicos, dos seguros destinados indenizao do Estado, para os riscos de inexecuo da obra pblica no tempo e modo devidos, assim como para o caso de vcios atinentes sua segurana e solidez . V. pelos beneficirios de financiamentos que utilizem fundos pblicos ou outros benefcios de natureza pblica, dos seguros de dano necessrios proteo dos bens adquiridos. VI. pelas sociedades que exeram atividades que envolvam o comrcio, a guarda ou o t ransporte de valores, de seguro destinado garantia de indenizao por morte ou leso corporal de terceiros vitimados durante aes criminosas. VII. pelos fornecedores de produtos e servios potencialmente nocivos ou perigosos sade ou segurana, dos seguros destinados indenizao, independente de culpa, de danos relacionados com a existncia ou a utilizao desses produtos. VIII. pelos que explorem com fins lucrativos as atividades de estacionamento ou garagem para veculos automotores de vias terrestres, de seguro destinado indenizao dos consumidores.

Art. 139 As garantias dos seguros obrigatrios tero contedo e valor mnimos que permitam o cumprimento de sua funo social, devendo o Conselho Nacional de Seguros Privados, a cada ano civil, rever o valor mnimo das garantias em favor dos interesses dos segurados e beneficirios.

Art. 140 vedada a utilizao dos prmios arrecadados para pagamentos a quem no seja a vtima ou seu beneficirio, salvo os custos da seguradora, operacionais e comerciais, desde que previstos nas respectivas notas tcnicas e atuariais.

Pargrafo nico. As comisses pela intermediao somente podero ser pagas pela seguradora quando a participao do intermedirio puder conter as atribuies previstas no 1 do art. 41.

Art. 141 Sem prejuzo da responsabilidade prevista em outras normas, a omisso na contratao do seguro obrigatrio determina a responsabilidade pessoal e objetiva pela indenizao dos beneficirios, at o valor mximo pelo qual poderia ser contratado o seguro.

Pargrafo nico. Os acionistas controladores, scios e administradores de sociedade empresria so pessoal e solidariamente responsveis com esta pelo pagamento da indenizao, nos termos deste artigo, quando culpados pela no contratao do seguro obrigatrio.

TTULO V PRESCRIO E DECADNCIA

Art. 142 Prescrevem:

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1 Em um ano, contado o prazo da cincia do respectivo fato gerador:

I as pretenses da seguradora, do segurado e do estipulante para a repetio de indbito relativo a pagamento fundado no contrato de seguro;

II as pretenses da seguradora, do segurado e do estipulante para anular, resolver ou pleitear a reviso do contrato de seguro;

III a pretenso da seguradora para a cobrana do prmio e

IV a pretenso do corretor de seguro para a cobrana de suas remuneraes.

2 Em dois anos, contado o prazo da cincia da recusa expressa da seguradora, a pretenso do segurado ou beneficirio para exigir indenizao, capital, reserva matemtica e restituio de prmio em seu favor.

3 Em dois anos, contado o prazo da cincia do fato gerador da pretenso:

V as pretenses das co-seguradoras entre si.

VI as pretenses existentes entre as seguradoras, resseguradoras e retrocessionrias.

4 Em trs anos, contado o prazo da cincia da recusa expressa da seguradora, as pretenses fundadas nos seguros obrigatrios.

Art. 143 Quando fundadas no seguro de responsabilidade civil, prescrevem:

1 Em um ano, contado de cada desembolso, a pretenso do segurado para exigir indenizao relativa a gastos com a defesa.

2 Em um ano, contado da data em que tiver efetuado pagamento direto ao terceiro, a pretenso do segurado para exigir reembolso.

Art. 144 Alm das causas previstas no Cdigo Civil, a prescrio da pretenso relativa ao recebimento de indenizao ou capital ser suspensa, uma nica vez, quando a seguradora receber pedido de reconsiderao da recusa de pagamento, cessando o perodo de suspenso quando por qualquer meio for o interessado comunicado da deciso da seguradora.

Art. 145 Decai do direito indenizao ou ao capital, o segurado que deixar de avisar o sinistro seguradora no prazo de um ano.

Art. 146 Decai do direito indenizao ou ao capital, o beneficirio que deixar de avisar o sinistro seguradora no prazo de trs (3) anos.

Art. 147 Nos seguros de responsabilidade civil a prescrio e a decadncia das pretenses e direitos dos prejudicados em face da seguradora seguem as regras aplicveis responsabilidade do segurado.

TTULO VI DISPOSIES FINAIS E TRANSITRIAS

Art. 148 absoluta a competncia da Justia brasileira para a composio de litgios relativos aos contratos de seguro celebrados no pas ou relativos a riscos e interesses sobre bens localizados no territrio nacional.

Art. 149 O foro competente para as aes de seguro o do domiclio do segurado ou do beneficirio.

Pargrafo nico. A resseguradora e a retrocessionria, nas aes promovidas entre estas, respondem no foro de seu domiclio no Brasil.

Art. 150 O Conselho Nacional de Seguros Privados regulamentar as diversas espcies de seguro, observadas as disposies desta lei e do Cdigo de Defesa do Consumidor.

Art. 151 Os seguros previstos no art. 138 tero sua contratao obrigatria aps regulamentados pelo Conselho Nacional de Seguros Privados.

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Pargrafo nico. O Conselho Nacional de Seguros Privados regulamentar os seguros institudos por esta lei no prazo mximo de um (1) ano e poder instituir outros seguros obrigatrios.

Art. 152 Revogam-se as disposies legais em contrrio, em especial o inciso II e alneas a e b do 1 e os incisos V e IX do 3 do art. 206 do Cdigo Civil, os arts. 757 a 802 tambm do Cdigo Civil, os arts. 666 a 770 do Cdigo Comercial Brasileiro e os arts. 9, 11, 12, 14, 21, 27, alnea g do inciso I do art. 44, 1 do art. 61, arts. 65, 66, 68 e 69, alneas b e e do art. 116, do Decreto-lei n 73 de 21 de novembro de 1966.

Art. 153 Esta lei entra em vigor um ano aps sua publicao.

Pargrafo nico. As atuais operaes e os contratos em vigor ou pactuados antes desta data subordinam-se s disposies desta lei, no tocante aos direitos que no tenham ainda se formado, ou cuja formao ainda no tenha se completado.

Sala das Sesses, em

JOS EDUARDO CARDOZO Deputado Federal

JUSTIFICAO

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A legislao nacional, especialmente em relao ao tradicionalmente chamado direito privado, necessita de um esforo de atualizao, de forma a refletir os tempos atuais e o movimento histrico mpar que se vive. As antigas normas, refletindo o tempo de sua concepo, priorizavam o patrimnio e os valores econmicos, inclusive com subestimao da pessoa humana. Na atualidade, o valor maior do direito a pessoa humana, internacionalmente reconhecida com vetor maior das normas, sendo sua proteo o valor mximo do direito. Neste esforo de atualizao legislativa, passo gigantesco foi dado atravs da aprovao do nosso novo Cdigo Civil, prosseguindo com o esforo de melhoria de seu texto por intermdio das emendas que transitam no Congresso Nacional. Antes j se havia progredido com o Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor, cujo impacto positivo ainda sentido na melhoria constante das relaes jurdicas. Dentre as matrias que clamavam por uma atualizao, de forma a trazer um equilbrio das relaes jurdicas, merecem destaque as relaes securitrias. As razes para necessidade de modernizao so fortes e variadas. A importncia econmica do contrato de seguro, na atualidade, enorme. Vale atentar que a relevncia do seguro privado no se revela apenas a partir do cmputo dos valores pagos (prmios e indenizaes), embora representem mais de dois por cento do PIB brasileiro, mas, principalmente, pela importncia que as indenizaes possuem para o prosseguimento das atividades. o seguro que permite a reposio de bens e a continuidade econmica, desde o automvel reposto, at a mquina que ao ser reparada ou substituda permitir a manuteno das atividades industriais e dos empregos e riquezas gerados.

Essa importncia econmica muito em breve ser bastante mais acentuada. Em pases como o Chile o seguro representa mais de quatro por cento do PIB e o consumo per capta de US$ 176,00, enquanto em nosso pas ainda da ordem de US$ 76,00, conforme dados colacionados pelo Sindicato das Seguradoras de So Paulo. A Argentina apresenta prmio per capta de US$ 191,00. Na Repblica Tcheca, o seguro representa mais de trs e meio do PIB. Na Irlanda, atinge mais de dezessete por cento. Nos pases ditos centrais a participao do seguro no PIB invariavelmente superior a seis por cento, chegando ao pice de quase trinta por cento em Luxemburgo. H outro ngulo, todavia, que impe o cuidado com o contrato de seguro. Via de regra, no momento mais difcil da vida que se precisa do seguro. A morte de um ente querido, a invalidez permanente, a perda da residncia, a destruio do bem de produo, a poluio do meio ambiente etc., so instantes em que o contrato de seguro minimiza ao menos os aspectos prticos e reparveis, propiciando a reposio de situaes e foras produtivas caras para os indivduos e para a sociedade como um todo. E muitas vezes essa proteo extrapola aos segurados, favorecendo os terceiros que sofrem os efeitos do acidente, assim, os empregados da fbrica incendiada, a vtima do acidente de veculo, o credor do segurado que se tornaria insolvente com o sinistro.

O acidente, verdadeira caracterstica das sociedades modernas, j no pode ser enfrentado seno atravs do seguro, seja pblico ou privado. Os patrimnios individuais raramente suportam as mais simples reparaes.

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A rigor, a relevncia social do seguro privado, facultativo ou obrigatrio, premissa

que dispensa maiores digresses, figurando como registro essencial dos estudos sociolgicos, econmicos e jurdicos. Alguns chegam a consider-lo servio pblico imprprio (Soler Aleu), outros destacam que uma sociedade sem seguro um pssaro sem asas (Broseta Pont). O seguro, sobrevindo como tcnica econmica de socializao dos efeitos dos acidentes meta que o Direito no pode realizar , acaba determinando a passagem do Direito da Responsabilidade para o Direito da Solidariedade (Franois Ewald).

Um ordenamento que pretende, na senda mundial, proteger a pessoa humana, no pode dela se descuidar exatamente nestes momentos. Isso se agiganta quando se trata de vencer o acidente. A regulamentao clara e precisa e do contrato de seguro uma exigncia h muito por ser cumprida no pas. Poderiam ser citados inumerveis juristas brasileiros protestando contra o desterro do seguro de nossa agenda jurdica como um todo, mas, esta outra premissa demasiado conhecida.

A idia inicial era a elaborao de sugestes atualizadoras e mesmo corretivas aos

artigos do Cdigo Civil a respeito do contrato de seguro, que refletem a conscincia tida na dcada de sessenta, embora a atividade se tenha desenvolvido sobremaneira nas ltimas trs dcadas. Com este propsito solicitei sugestes ao IBDS- Instituto Brasileiro de Direito do Seguro.

Restou, todavia, demonstrada a impossibilidade de, no curto espao do Cdigo Civil

reservado a este contrato, inserir disposies suficientes para alcanar o tratamento jurdico mnimo necessrio. Acabaramos tendo normas incompletas, incapazes de alcanar os objetivos indispensveis de proteo e equilbrio.

Confirmou-se a necessidade j sentida por praticamente todos os demais pases, de

tratar o contrato de seguro em lei prpria, dada a inviabilidade de regular matria vasta e complexa dentre contratos nominados do Cdigo Civil. Assim ocorreu, por exemplo, na Alemanha, Argentina, Austrlia, Blgica, Canad, Espanha, Frana, Portugal, Sua e Venezuela.

Da elaborao do anteprojeto cuidou o IBDS, seja pelo conhecimento especializado de

seus integrantes, seja pelo reconhecimento de todos independncia e equilbrio do referido Instituto. Debruaram-se sobre o trabalho de elaborao o Presidente do Instituto, Dr. Ernesto Tzirulnik, e o Dr. Flvio de Queiroz Bezerra Cavalcanti, membro de seu Conselho Diretor, executando texto bsico, sobre o qual efetuaram diversas modificaes, acrscimos e supresses, at chegarem a um esboo inicial do texto legal.

Em uma segunda etapa, o texto inicial foi encaminhado para exame por

qualificados operadores do seguro e juristas de grande expresso no Brasil e no exterior. E as crticas, sugestes e opinies chegaram, contribuies movidas pelo desejo de auxiliar a elaborao de projeto de reconhecida importncia social e legislativa. Merecem registros as participaes, nesta fase, dos professores Athos Gusmo Carneiro (Brasil), Fbio Ulhoa Coelho (Brasil), Judith Martins-Costa (Brasil), Jos Mara Muoz Paredes (Espanha), Mara Lusa Muoz Paredes (Espanha), Rubn Saul Stiglitz (Argentina), Paulo Luiz de Toledo Piza (Brasil), Antnio Carlos Alves Pereira (Brasil), Wady Jos Mouro Coury (Brasil), Walter Polido (Brasil), Tatiana Druk (Brasil), Pedro Calmon Filho (Brasil), Maurcio Lus Pinheiro

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Silveira (Brasil), Srgio Srvulo da Cunha (Brasil), Jos Luiz Snchez Belda (Espanha) e Milton Yukio Koga (Brasil).

Recebidas as contribuies, sofreram elas debates e novas manifestaes, sendo

diversas incorporadas ao texto final ora apresentado ao Congresso Nacional. O que se buscou, e ao nosso sentir se obteve, foi uma norma equilibrada, de um lado

protegendo os segurados e concedendo- lhes garantias, fazendo com que o contrato de seguro contemple as exigncias de nossos tempos, atenda sua funo social e tenha garantida sua dimenso coletiva atravs da preservao das bases tcnicas e atuariais. Foram acolhidos os vetores de boa-f, eticidade e probidade, j contemplados pelo novo Cdigo Civil.

Por outro lado, o projeto no tolhe a atividade das seguradoras, impondo- lhes

obrigaes inquas ou bloqueando o desenvolvimento de novos produtos, nem busca referendar condutas condenveis por parte de segurados, quando merecedoras de sano.

Foram, por outro lado, acolhidas as posies jurisprudenciais consolidadas, buscando

atravs da sua regulao reduzir os litgios. A experincia legislativa de outros pases, de pleno conhecimento dos elaboradores do

anteprojeto, foi acolhida apenas e to somente naquilo que se harmoniza com nosso ordenamento e mesmo com a praxe brasileira, evitando-se provocar desnecessrias fissuras na harmonia legislativa. De todo modo foi permanente a preocupao com a internacionalidade que caracteriza o seguro.

Por fim, merece registro que no se buscou uma norma exaustiva do contrato de

seguro. Optou-se por elaborar normas gerais do contrato e de seus dois principais ramos, e disciplinar as modalidades principais. Respeitadas as diretrizes traadas, podem ser pactuados os mais diversos seguros, atendendo s necessidades de uma sociedade em evoluo.