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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA BRUNO FERREIRA FIGUEIREDO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS ÀS PESSOAS COM HIPERTENSAO EM IPABA-MG IPATINGA - MINAS GERAIS 2015

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Page 1: PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS ÀS … · território de atuação do PSF- Centro, Ipaba, Minas Gerais, apresentam controle ineficiente do regime terapêutico. O presente

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA

FAMÍLIA

BRUNO FERREIRA FIGUEIREDO

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS ÀS PESSOAS COM HIPERTENSAO EM IPABA-MG

IPATINGA - MINAS GERAIS 2015

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BRUNO FERREIRA FIGUEIREDO

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS ÀS PESSOAS COM HIPERTENSAO EM IPABA-MG

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de

Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família

da Universidade Federal do Triângulo Mineiro para

obtenção do certificado de especialista.

Orientadora: Profa. Ms. Fernanda Carolina Camargo

IPATINGA - MINAS GERAIS 2015

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BRUNO FERREIRA FIGUEIREDO

PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS À

PESSOAS COM HIPERTENSAO EM IPABA-MG

Banca Examinadora:

Profa Ms. Fernanda Carolina Camargo – UFTM

Profa Ms. Nathália Silva Gomes – UFTM

Aprovado em Uberaba, Minas Gerais, em: 23/02/2015

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DEDICATÓRIA

A todos aqueles que fizeram parte desta empreitada, aos familiares e aos companheiros

da arte de cuidar que revitalizam a vontade de ser instrumento de mudança.

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AGRADECIMENTOS

A todos que contribuiram para a realização deste trabalho, aos profissionais de saúde,

colegas de atuação e em especial a Karoline de Castro Morais, Tutora de Ipatinga, Dra

Aline Vasconcellos Martins Vaz, Supervisora Regional do Programa de Valorização

da Atenção Básica e à orientadora Fernanda Carolina Camargo sem os quais presteza e

auxílio, a conclusão dessa obra não seria possível.

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"Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem"

Rosa Luxemburgo

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RESUMO

Controle terapêutico ineficaz apresenta-se como fator agravante para as condições de vida e de

saúde das pessoas com hipertensão. É notória a frequência com que os hipertensos residentes no

território de atuação do PSF- Centro, Ipaba, Minas Gerais, apresentam controle ineficiente do

regime terapêutico. O presente estudo objetiva apresentar projeto de intervenção para a criação

de grupos operativos e ações de educação em saúde a fim de melhorar o acompanhamento

terapêutico das pessoas com hipertensão da área de abrangência da Unidade de Saúde PSF-

Centro, 2014. Pauta-se na concepção de Planejamento Estratégico Situacional em Saúde e no

levantamento bibliográfico contemporâneo sobre o tema para a formulação das ações. Após a

problematização do cenário de estudo, os principais nós-críticos identificados foram: pouco

conhecimento da doença pela população; deficiência técnica dos profissionais envolvidos na

condução dos casos; descontinuidade do cuidado realizado pela equipe e vínculos frágeis na

relação médico paciente. Frente essa realidade, apresenta-se a organização de grupos operativos

como proposta de intervenção propicia para melhoria do acompanhamento das pessoas com

hipertensão. A valorização do grupo operativo como intervenção terapêutica, no presente

estudo, deve-se por essa ação acrescentar valores diferenciados ao modo de viver a vida e

ampliação da rede social de apoio, tanto para as pessoas com agravos em saúde acompanhadas,

como também, para a própria equipe.

Descritores: Estratégia Saúde da Família. Educação em Saúde. Saúde de grupos específicos.

Hipertensão.

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ABSTRACT

Ineffective therapeutic control is presented as an aggravating factor for the living conditions and

health of people with hypertension. It is remarkable how often hypertensive persons within the

territory of operation of PSF- Centro, Ipaba / MG, have inefficient control of the therapeutic

regimen. This study aims to present intervention project for the establishment of operational

groups and health education activities in order to improve the therapeutic monitoring of people

with hypertension in the coverage area of the PSF-Centro, 2014. This is guide on the Strategic

Planning design Situational Health and contemporary literature on the subject for the

formulation of the shares. After questioning the study setting, the main identified critical-we

were little knowledge of the disease by the population; technical failure of the professionals

involved in the management of cases; discontinuity of care performed by staff and weak links in

the doctor patient relationship. Front this reality, presents the organization operating groups as

intervention proposal provides for improved monitoring of people with hypertension. The

appreciation of the operative group as a therapeutic intervention in this study, it should be for

this action to add different values to the way of living life and expansion of the social support

network, both for people with diseases in health followed, as well as for the team itself

Descriptors: Family Health Strategy. Health Education. Health of Specific Groups.

Hypertension.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1. Classificação de prioridades para os problemas identificados no diagnóstico

situacional da Unidade de Saúde PSF Centro em Ipaba/MG, 2014.

......................................................................................................... p. 23

Quadro 2. Identificação dos nós-críticos, desenho das operações e dos recursos-críticos

para abordagem do problema prioritário identificado no diagnóstico situacional da

Unidade de Saúde PSF Centro em Ipaba/MG, 2014 ............................ p. 24

Quadro 3. Desenho das operações, ações estratégicas, responsáveis e prazos para

abordagem do problema prioritário identificado no diagnóstico situacional da Unidade

de Saúde PSF Centro em Ipaba/MG, 2014. ........................................... p. 25

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........... p.11

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IPABA/MG ........... p.11

1.2. REDE LOCAL DE SAÚDE E DESCRIÇÃO DA EQUIPE DE

SAÚDE CENTRO

........... p.12

2 JUSTIFICATIVA ........... p.15

3 OBJETIVO ........... p.17

4 REFERENCIAL TEÓRICO ........... p.18

4.1 A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE E O PROGRAMA SAÚDE

DA FAMÍLIA

........... p.18

4.2 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE E OS GRUPOS OPERATIVOS ........... p.19

5 METODOLOGIA ........... p.21

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........... p.23

6.1 O PLANO DE AÇÃO ........... p.23

6.1.1 Principais problemas identificados ........... p.23

6.1.2 Descrição do Problema Elencado ........... p.23

6.1.3 Desenho das operações ........... p.24

6.1.4 Indicadores de monitoramento e avaliação ........... p.26

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........... p.27

REFERÊNCIAS ........... p.28

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APRESENTAÇÃO

Médico graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em dezembro de

2013, iniciei minha jornada de trabalho em março de 2014 no município de Ipaba-MG,

atuando como médico de família e de comunidade através do Programa de Valorização

da Atenção Básica (PROVAB), o qual me proporcionou o Curso de Especialização em

Atenção Básica e Saúde da Família (CEABSF).

Desde então, com a qualificação adquirida com os estudos durante o curso,

foram iniciadas discussões entre a equipe de saúde, os gestores e os usuários a fim de

implementar uma melhoria das práticas no Programa Saúde da Família (PSF) Centro do

município.

Com discussões e prática diárias logo adquirimos uma percepção mais

abrangente sobre os problemas de saúde presentes na realidade da comunidade. Dentre

esses problemas notou-se que a prevalência e os prejuízos trazidos por moléstias

cardiocirculatórias, em especial a Hipertensão Arterial Sistêmica, são fatores de grande

impacto sobre a saúde da população adstrita e que demandam atenção imediata.

Nasce daí a necessidade de desenvolver estratégias e propostas para o

enfrentamento deste problema o que culminou no desenvolvimento desse trabalho, que

se destina a levantar opções trazidas da experiência profissional, de literatura científica

e de aprendizados adquiridos do Curso de Especialização em Estratégia Saúde da

Família.

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IPABA/MG

Ipaba é um município pertencente à mesorregião do Vale do Rio Doce, encontra-

se situado em Minas Gerais e faz parte da região metropolitana do Vale do Aço. São

cidades limítrofes do município de Ipaba: ao norte, Belo Oriente; ao sul, Caratinga; ao

leste, Bugre e ao oeste, Santana do Paraíso. Sua distância até a capital do estado é de

cerca de 230 km. O prefeito municipal é o senhor. Edimarques Gonçalves Teixeira,

Graciely Aparecida da Silva Pimentel ocupa o cargo de secretária municipal de saúde e

como coordenadora da atenção básica tem-se a Núbia Leles da Silva (IBGE, 2010).

No passado, a região de Ipaba era habitada por população indígena, em razão das

nascentes, cursos d’água e abundância de peixes, que servia como principal fonte de

alimentação a eles. Disso, remonta a etiologia de sua nomenclatura, que provém da

palavra tupi upaba, que significa "lago”. Em 1849, vindos de pontos diferentes, os

bandeirantes João Antônio de Oliveira, João Caetano do Nascimento, João da Cruz e

João Tomás iniciaram o povoamento na atual região de Caratinga. Com o progresso e o

desenvolvimento do povoado, por volta de 1890, Regino Cândido fundou o povoado da

Penha, uma extensa área territorial localizada hoje às margens da BR 458, onde foi

criado o distrito de Vale Verde. Em decorrência de uma epidemia de febre amarela,

nesse mesmo período, os fazendeiros da região transferiram o arraial para as margens do

Rio Doce. Assim se iniciou o povoado de Ipaba, que em 1982 se elevou à categoria de

distrito e, em 1992, adquiriu sua emancipação político-administrativa (IBGE, 2010).

O município possui população de 16.692 habitantes, que ocupa uma área de 111

km2 de extensão, com uma densidade populacional de 127,72 hab/km2. As principais

atividades socioeconômicas são: agricultura (milho, arroz, feijão, amendoim,

mandioca), pecuária (bovinos, suínos) e extração de madeira (IBGE, 2010).

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O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Ipaba foi de 0,665 para o ano

de 2010, sendo que a renda média da população foi de R$403,90 no mesmo ano e o

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IDHM de educação foi de 0,562. E,

sobre as pessoas residentes no município, 81,24%, se encontram acima da linha de

pobreza e 18,76% entre a linha de indigência e pobreza (IBGE, 2010).

A estrutura de saneamento básico na área de abrangência do PSF Centro de

Ipaba permite que 95,27% da população tenham água encanada em casa e que 98,68%

dos habitantes possuam coleta de lixo e instalação sanitária em suas residências. Vale

lembrar que a área de abrangência é 85% urbana (SIAB, 2014).

1.2 REDE LOCAL DE SAÚDE E DESCRIÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE CENTRO

Com relação ao sistema de saúde, verifica-se que 99% da população do

município é dependente do Sistema Único de Saúde (SUS). A rede de assistência à

saúde municipal é gerida, em sua quase totalidade pela esfera pública. A atenção básica

é desenvolvida por serviços municipais e as atenções secundária e terciária são

realizadas por instituições de outros municípios como Hospital Márcio Cunha, Hospital

Municipal de Ipatinga, Hospital São Camilo, Hospital Vital Brazil e Hospital São

Sebastião de Inhapim (FERREIRA, 2014).

Quanto à localização, encontra-se no centro da cidade uma unidade básica de

saúde que disponibiliza atendimento médico de segunda-feira à sexta-feira no período

das 7 horas da manhã até as 1 hora da manhã, além de mais quatro unidades de atenção

primária à saúde com horário de funcionamento de 07:00 às 17:00 horas, de segunda a

sexta, distribuídos nos bairros e distritos (FERREIRA, 2014).

O município conta com seis equipes do ESF (Bela Vista, São José, Vale Verde,

Centro, Nossa Senhora das Graças e Boachá), sendo que cinco se localizam na zona

urbana e uma na zona rural (Boachá); ao todo, somam 120 servidores atuantes que

alcançam uma abrangência de 100% da população (BRASIL, 2014).

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O conselho de saúde municipal é composto atualmente por cinco integrantes

eleitos em conferência, sendo representantes da população e dos gestores. Reuniões têm

frequência semestral. A parcela da arrecadação municipal investida em saúde é de

17,8%, maior do que o preconizado pelo ministério da saúde que é atualmente de 15%

(FERREIRA, 2014).

Quanto ao perfil de saúde da população, dados evidenciam que as principais

causas de mortalidade relacionam-se com moléstias crônicas como doenças

cardiovasculares, complicações de diabetes e hipertensão arterial. Os mais prevalentes

problemas de saúde são respectivamente a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o

diabetes melitus tipo 2 (SIAB, 2014).

Os valores repassados para gastos com saúde pelo Governo Federal para o

município de Ipaba totalizaram, em 2014, o montante de R$747.842,04. A última verba

repassada com caráter através de convênios específicos entre a prefeitura e o Governo

Federal, data de 2003. Foram repassados, ao todo, R$38.352,13 para a aquisição de uma

unidade móvel de saúde e de materiais e de equipamentos permanentes (BRASIL,

2014).

O autor deste projeto é médico inserido na equipe de Saúde da Família do PSF

Centro, que conta com mais sete agentes comunitários de saúde que são responsáveis

por sete microáreas; conta também com uma enfermeira, uma técnica de enfermagem,

um odontólogo. A população que o PSF Centro abrange é de 3.278 habitantes (874

famílias), distribuída em sete microrregiões. A estrutura física da unidade é composta

por um consultório médico, uma sala de triagem, uma sala de medicação e de

nebulização, uma recepção e uma farmácia. Infelizmente, o município não oferece

muitas opções de lazer e de entretenimento à população, ficando a cargo, na maioria das

vezes, da igreja e do comércio (barraquinhas, bares) essa função.

São escassas as ações integradas com o intuito de captar a população jovem

oferecendo esporte ou lazer, impactando em taxas altas de criminalidade por parte da

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juventude, além da questão sintomática da venda e do abuso de entorpecentes que é um

problema latente e com impacto notavelmente negativo sobre a vida e a saúde da

população.

Muitos são os problemas enfrentados pelo PSF Centro em Ipaba/MG. Entre os

problemas mais evidentes, constatados a partir de conversa com os profissionais da

unidade, análise de prontuários e fichas de produção, estão a grande quantidade de

pessoas com hipertensão mal controlada, com controle terapêutico ineficaz. Neste

sentido, o presente estudo objetiva apresentar proposta de intervenção para a criação de

grupos operativos e ações de promoção da educação continuada para os pacientes

hipertensos da área de abrangência da ESF Centro em Ipaba/MG.

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2 JUSTIFICATIVA

No município de Ipaba/MG existem 1.655 hipertensos cadastrados em todas as

unidades do PSF (SIAB, 2014). Destes, 326 são residentes no território do PSF- Centro.

É notória a frequência com que as pessoas hipertensas se encontram em

acompanhamento irregular. Muitas pessoas com hipertensão apresentam controle

deficiente da pressão arterial, gerando agravamento do quadro.

O controle terapêutico ineficaz apresenta-se como fator agravante para as

condições de vida e de saúde das pessoas com hipertensão. Haja vista que no Brasil, a

hipertensão afeta mais de 30 milhões de brasileiros (36% dos homens adultos e 30% das

mulheres); e é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento das doenças

cardiovasculares (DCV). Com destaque para o acidente vascular cerebral (AVC) e o

infarto do miocárdio, são as duas maiores causas isoladas de mortes no país

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). Estatísticas mostram que

apenas em 2011, faleceram no país 250.638 pessoas em consequência a doenças

cardiovasculares (BRASIL, 2013).

Bloch et al. (2008) demonstraram que a não adesão ao tratamento

medicamentoso é uma das principais causas das baixas taxas do controle de hipertensão.

Acrescentam ainda que a n ã o adesão ao tratamento é um problema complexo que

permeia vários fatores: sociodemograficos (sexo, idade, etnia, estado civil, escolaridade

e nível socioeconômico); morbidade (cronicidade, assintomatologia); crenças, hábitos

culturais e de vida (percepção da seriedade do problema, desconhecimento,

experiência com a doença, contexto familiar, conceito saúde-doença, auto-estima);

aspectos do tratamento (custo, efeitos indesejáveis, esquemas complexos,

qualidade de vida); aspectos instituição (política de saúde, acesso, distância, tempo

de espera e de atendimento); e relacionamento com equipe de saúde

(envolvimento e relacionamento inadequados) (SANTOS et al., 2005).

Frente a essa realidade, promover adequada adesão ao tratamento da

hipertensão arterial é um dos maiores desafios para as equipes de saúde (BLOCH et al.,

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2008). Tendo em vista o protagonismo das equipes de saúde para a superação dessa

realidade, a fim de promover estratégias que favoreçam uma melhor adesão ao regime

terapêutico, pretende-se desenvolver o presente estudo.

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3 OBJETIVO

Elaborar projeto de intervenção para a criação de grupos operativos e de ações

de educação em saúde para melhorar o acompanhamento das pessoas com hipertensão

da área de abrangência da PSF Centro em Ipaba/MG.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE E O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

O conceito de cuidados primários em saúde foi abordado inicialmente por

ingleses e americanos no século XX e foi retomado em 2000 pela Organização Mundial

de Saúde (OMS) quando essa lança o programa Saúde para Todos. Os cuidados

primários em saúde prezam essencialmente pela reorientação da organização dos

serviços de saúde. Devem enfatizar a prevenção das doenças e a promoção da saúde,

incluindo em sua prática a participação comunitária, a intesetorialidade (para a

abordagem dos determinantes sociais das doenças). Além do mais, garantir a atuação de

equipes multidisciplinares e, além disso, incorpora toda uma racionalidade no uso e

dispensação de serviços de saúde, revalorizando o conjunto de profissionais que

trabalham na atenção primária (FARIA; COELHO; SANTOS, 2010).

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) se caracteriza por ações de

saúde (coletivas e individuais) que abrangem a promoção e a proteção de saúde, o

diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos, a manutenção da saúde e a

prevenção de doenças. Possui como objetivo o desenvolvimento de uma atenção

integral que tenha impacto na saúde das pessoas e nos determinantes e condicionantes

de saúde da sociedade como um todo (BRASIL, 2012).

Segundo Starfield (2002), a Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser pautada

pelos seguintes princípios: primeiro contato (porta de entrada para o serviço de saúde);

longitudinalidade (ser aperfeiçoado e ser moldado em relação à demanda local com o

passar do tempo); integralidade (prestar os serviços de saúde comuns que a população

necessita); coordenação (disponibilidade de informações a respeito dos problemas de

saúde para manter uma harmonia no sistema); abordagem familiar (reconhecer como

centro a base familiar e conhecer seus problemas de saúde); enfoque comunitário (valer-

se da epidemiologia e de outras técnicas para ajustar o programa a demanda local).

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A Estratégia Saúde da Família (ESF) é o dispositivo privilegiado do Sistema

Único de Saúde (SUS) para a organização da APS no Brasil, em especial garantindo a

abordagem familiar e o de enfoque comunitário. Teve seu início no Ceará no final dos

anos 80 através de agentes de saúde e tinha a proposta de servir de elo entre a população

e os serviços de saúde. Esta ação promovida favoreceu a gestão dos processos de

descentralização e de regionalização do SUS e em 1991, tornou-se política oficial do

Ministério da Saúde com a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(PACS) (FARIA; COELHO; SANTOS, 2010).

Diante dos excelentes resultados obtidos com o PACS, em 1994, foi criado o

Programa Saúde da Família (PSF). Institui uma equipe mínima composta de um

médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes

comunitários de saúde. Devem se responsabilizar por no mínimo 2.400 pessoas e no

máximo 4.000 pessoas dentro da sua área de atuação e que trás uma nova lógica para o

processo de trabalho em saúde, pois os profissionais atuam em equipes e visam resolver

os problemas de saúde dos indivíduos e suas famílias. O PSF significou a adoção de

uma postura mais atuante dos serviços de saúde, de forma que a equipe passa a enfrentar

os riscos e os danos sofridos pelas populações dos territórios de sua atuação, por

estratégias inovadoras que abordem os determinantes sociais em saúde e o engajamento

das comunidades no enfrentamento dos processos de adoecimento e manutenção da vida

(FARIA; COELHO; SANTOS, 2010).

4.2 A EDUCAÇÃO EM SAÚDE E OS GRUPOS OPERATIVOS

É previsto para o fortalecimento do SUS que cada vez mais seja implementada a

participação popular tanto na gestão das ações de saúde, como na autonomia decisória

dos processos de cuidado em saúde. Isso requer o empoderamento dos grupos

populacionais. A Atenção Básica à Saúde (ABS), nível primário de assistência do SUS,

apresenta-se como espaço privilegiado ao desenvolvimento de atividades que

propiciem a participação popular (FARIA; COELHO; SANTOS, 2010).

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Frente a essa realidade, a ESF, modalidade assistencial que implementa a ABS

no SUS, prevê que as equipes de saúde elaborem diagnóstico da área de atuação,

articulando ações intersetorialmente, promovendo a organização e a mobilização dos

moradores, no desenvolvimento de ações de saúde e de cidadania (BRASIL, 2012).

A organização de grupos operativos como propostas assistenciais na

programação das ações das equipes de saúde da família apresenta-se como dispositivo

impar para o alcance de uma atenção à saúde diferenciada. O grupo operativo é definido

como um conjunto de pessoas com um objetivo comum, que opera e se estrutura à

medida que se relaciona (FORTUNA et al., 2005;

VASCONCELOS; GRILLO; SOARES, 2009).

Em especial, o trabalho do grupo operativo consiste no fortalecimento das

relações entre seus integrantes. Constitui-se em um conjunto de noções, de regras, de

acordos, de conceitos gerais, que permitem aproximação do fenômeno explorado, das

interações, interpessoais e contextuais, que se dão nos grupos, para o alcance de seu

propósito de suporte terapêutico (FORTUNA et al., 2005;

VASCONCELOS; GRILLO; SOARES, 2009).

De forma geral, o grupo operativo pode ser definido como um conjunto de

pessoas ligadas no tempo e no espaço, articuladas por sua mútua representação interna,

que se propõe explícita ou implicitamente a realizar uma tarefa, interagindo para isso

em uma rede de papéis, com o estabelecimento de vínculos entre os participantes. O

grupo operativo, então, é aquele que cumpre uma função terapêutica e que se foca

especialmente em uma tarefa, a qual constitui sua finalidade ou objetivo. Esta tarefa

pode ser o aprendizado, a cura, o diagnóstico de dificuldades, dentre outros (PICHON-

RIVIÈRE, 2000).

A partir dessa proposta adotada pelos profissionais de saúde integrantes da ESF,

foi possível a concepção e a formação dos grupos operativos em que, a partir da

reflexão de um problema detectado (geralmente uma situação problemática) é possível

superá-lo ou transformar aquele problema em uma situação diferente ou desejada.

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5 METODOLOGIA

Trata-se da descrição de uma proposta de intervenção para orientar o processo

de trabalho na equipe Saúde da Família, PSF Centro em Ipaba/MG, 2014. O próprio

autor encontra-se imerso no cenário para qual será proposta a intervenção, vivenciando

o cotidiano de trabalho junto à equipe. Desta maneira, a construção do presente estudo

também parte de sua experiência e implicação com o cenário. O arcabouço conceitual

metodológico que guia a presente construção ampara-se no Planejamento Estratégico

Situacional em Saúde (FARIA et al., 2010; CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).

Uma situação constitui-se em um espaço de produção social. Uma determinada situação expressa a condição, a partir da qual indivíduos ou grupos interpretam e intervêm nessa realidade (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010, p.25).

Junto à equipe de trabalho, desenvolveu-se a problematização da realidade,

conduzida por: discussões com o coletivo, aplicação da técnica da estimativa rápida

qual intercorreu a análise de dados secundários originários do Sistema de Informação da

Atenção Básica local (SIAB, 2014), entrevista com informantes chave e observação

ativa da realidade. Essa condução resultou em um diagnóstico da situação de saúde da

área de abrangência (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).

A partir dos resultados desse diagnóstico, foram elencados os principais

problemas de saúde que integram a área de abrangência e, a situação prioritária

problematizada foi àquela definida como uma situação passível de transformação frente

aos recursos da equipe. Por conseguinte, desenvolveu-se um plano de ação para o

enfrentamento da situação prioritária priorizada. A descrição e o desenvolvimento das

etapas de elaboração do plano de ação compõem o objeto do presente estudo. As

informações categóricas foram organizadas em esquemas e em quadros para melhor

compreensão.

Além do mais, como recurso potencializador para a elaboração do plano de ação,

foi realizado levantamento bibliográfico sobre o tema. O levantamento da produção

cientifica ocorreu de forma livre, em especial quanto ao período da publicação. As

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seleções das produções científicas como pertinentes ao desenvolvimento do presente

estudo ocorreram conforme crivo do autor, após leitura dos textos. As buscas se deram

na Biblioteca Virtual em Saúde - Bireme, utilizando cruzamento de descritores:

Programa saúde da família; Estratégia Saúde da Família; Educação em Saúde; Saúde de

grupos específicos; Hipertensão.

Esse levantamento bibliográfico teve como base eletrônica a Biblioteca Virtual

em Saúde (http://pesquisa.bvsalud.org/regional/index.php), publicações oficiais e

documentos ministeriais brasileiros sobre o tema, além de recorrer aos módulos

específicos do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família da

Universidade Federal de Minas Gerais (CEABSF/UFMG). Utilizou-se como descritores

para a busca das produções: Estratégia Saúde da Família.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 O PLANO DE AÇÃO 6.1.1 Principais problemas identificados

A partir da utilização da estimativa rápida como método de diagnóstico

situacional da população adscrita, identificou-se como principais problemas o deficiente

controle de pacientes hipertensos e o uso indiscriminado de benzodiazepínicos pela

população. Entre tais problemas apresentados o primeiro foi priorizado devido à sua

maior urgência e necessidade de solução conforme quadro 1.

Quadro 1. Classificação de prioridades para os problemas identificados no diagnóstico

situacional na Unidade de Saúde do PSF Centro em Ipaba/MG, 2014.

6.1.2 Descrição do Problema Elencado

No município de Ipaba/MG, existem 1.655 hipertensos cadastrados em todas as

unidades da ESF, de acordo com os dados de junho de 2014 (DATASUS) e na

população de 3.278 pessoas adscritas no PSF Centro existem 326 hipertensos. É notória

a frequência com que esses pacientes encontram-se descompensados e em

acompanhamento irregular. Diante deste cenário, é fundamental identificar e agir

diretamente sobre os “nós críticos” do problema que é o deficiente controle de pacientes

hipertensos, de forma que ocorra a resolução, ou ao menos, a amenização desta

Problemas principais Importância Urgência Capacidade de

enfrentamento pela Equipe de Saúde

Seleção

Uso indiscriminado de benzodiazepínicos Alta Moderada Parcial 2

Deficiente controle de pacientes hipertensos Alta Alta Parcial 1

Altas taxas de violência entre adolescentes Alta Alta Fora 3

Pacientes com diabetes mal controlada Alta Moderada Parcial 2

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situação. As causas são multifatoriais, mas com uma breve análise da dinâmica de

trabalho da Unidade e a partir de vivência com a comunidade e profissionais da saúde

do município pode-se levantar os seguintes aspectos: pouco conhecimento acerca da

doença pela população, deficiência técnica dos profissionais da saúde envolvidos no

processo de cuidado, má relação médico-paciente e dificuldade de identificação dos

agravos e estabelecimento de cuidado continuado. Estes fatores nos levaram a criar um

quadro com o desenho da operação para os “nós críticos” do problema relatado

anteriormente (quadro 2).

6.1.3 Desenho das operações Quadro 2. Identificação dos nós-críticos, desenho das operações e dos recursos-críticos

para abordagem do problema prioritário identificado no diagnóstico situacional na

Unidade de Saúde do PSF Centro em Ipaba/MG, 2014.

Nós críticos Operação/ Projeto

Resultados esperados

Produtos esperados

Recursos necessários

(críticos)

Pouco conhecimento da doença pela

população

Grupo operativo

Amenizar a morbimortalidad

e associada à hipertensão

Criação de um grupo operativo

atuante

Organizacional organização do

grupo; cognitivo maior conhecimento

sobre grupo operativo

Deficiência técnica dos

profissionais envolvidos

Capacitação

Melhorar o acesso à

informação aos profissionais de

saúde

Participação dos mesmos no grupo

operativo, apresentação de artigos recentes relacionados ao

tema

Financeiro Contratação de

pessoal para promover a

capacitação destes profissionais e

adquirir folhetos informativos;

político fazer com que estes passem a

participar do programa

Descontinuidade do cuidado

Planilhas de acompanhamento de pacientes em

Excel

Amenizar o número de

pacientes com pressão arterial descompensada

Criação de um modelo de

planilhas a serem implementadas no grupo operativo

Cognitivo Pensar a melhor forma para

a criação das planilhas

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Vínculos frágeis na

relação médico paciente

Integração do médico ao grupo

operativo

ampliar a adesão ao grupo

operativo e melhorar o

controle terapêutico dos participantes

Participação do médico no grupo

operativo

Político Convencer o médico

a aderir à ideia; organizacional definir o papel de

cada profissional no grupo a ser criado

Quadro 3. Desenho das operações, ações estratégicas, responsáveis e prazos para

abordagem do problema prioritário identificado no diagnóstico situacional na Unidade

de Saúde do PSF Centro em Ipaba/MG, 2014.

Operações Ações estratégicas Responsável Prazo

Grupo operativo

Apresentar o projeto para o secretário de

saúde e demais profissionais

Bruno Figueiredo

2 meses para apresentar o projeto

e 2 meses para início do grupo

Capacitação

Apresentar o projeto do grupo operativo

para os profissionais e incentivar a participação

Bruno Ferreira Figueiredo

2 meses para apresentar o projeto e 2 meses para início do grupo

Planilhas de acompanhamento de pacientes em Excel

Apresentar a proposta da criação de planilhas

para o médico

Bruno Ferreira Figueiredo

1 mês para apresentar a proposta e 2

semanas para a criação das planilhas

Integração do médico ao grupo operativo

Apresentar o projeto do grupo operativo

para o médico e definir as atividades realizadas

por ele

Bruno Ferreira Figueiredo

2 meses para apresentar o projeto

e 3 meses para início da triagem para as consultas

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6.1.4 Indicadores de monitoramento e avaliação

Para monitoramento das ações propostas no projeto de intervenção,

acompanhamento de seu desenvolvimento e evidenciação da necessidade de ajustes de

rumo, considera-se os indicadores abaixo:

• Número de grupos operativos realizados/mensal

• Número de profissionais capacitados sobre o tema/mensal

• Implantação da planilha eletrônica de monitoramento das pessoas do grupo

• Número de grupos operativos realizados com a participação do médico/mensal

• Relatórios descritivos sobre a satisfação dos participantes do grupo operativo

quanto a sua condução e andamento/01 relatório a cada trimestre

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente ao cenário discutido, o planejamento deve ser desenvolvido visando

impactar de forma direta tais causas. Com isso, surgem diversas opções de planos de

ação, dentre essas, as que se mostram mais viáveis estão: formação de grupos operativos

com a população e treinamento da equipe de saúde.

Os grupos operativos com a comunidade têm o intuito de debater e conscientizar

tanto os portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica quanto à população geral. Com

isso, busca-se estimular mudanças de estilo de vida e disseminar conhecimento acerca

da doença, aumentando a adesão ao tratamento e promovendo os pacientes a sujeito

ativo do próprio cuidado. Já o treinamento da equipe, baseia-se em aumentar o domínio

técnico dos profissionais da saúde acerca do tema, aperfeiçoando o diagnóstico,

acompanhamento, manejo e instrução à população.

A execução das ações propostas se mostra vantajosa, pois não demanda recursos

de difícil acesso e parece gerar, em longo prazo, grandes benefícios para a população

alvo. A rigor requisitam mais recursos organizacionais e cognitivos do que financeiros,

facilitando seu planejamento, gestão e operação.

A capacidade de condução do grupo operativo define sua efetividade enquanto

suporte terapêutico. O fortalecimento dos vínculos entre equipe de saúde e a população

alvo constitui-se como aspecto crucial para a efetivação dos grupos terapêuticos, e

consequente ampliação da rede de apoio social. A valorização dessa intervenção, no

presente estudo, apresenta-se por ser concebida como uma intervenção em saúde que

tende a acrescentar valores diferenciados ao modo de viver a vida tanto para as pessoas

com agravos em saúde acompanhadas, como também, para a própria equipe.

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REFERÊNCIAS

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