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Prática de Ensino Supervisionada em Ensino de Inglês e de Espanhol no Ensino Básico Maria José Cristóvão Lopes Minhoto Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Educação de Bragança para obtenção do Grau de Mestre em Ensino de Inglês e de Espanhol no Ensino Básico. Orientado por: Francisco Mário da Rocha Nelson Luís de Castro Parra Bragança 2013

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  • Prtica de Ensino Supervisionada em Ensino de Ingls e de Espanhol no Ensino Bsico

    Maria Jos Cristvo Lopes Minhoto

    Relatrio de Estgio apresentado Escola Superior de Educao de Bragana para obteno do Grau de Mestre em Ensino de Ingls e de Espanhol no Ensino Bsico.

    Orientado por:

    Francisco Mrio da Rocha

    Nelson Lus de Castro Parra

    Bragana

    2013

  • H momentos difceis na vida.

    Grandes ou pequenas, as dificuldades

    Podem ser decisivas.

    Somente a firme determinao

    De enfrentar as adversidades

    Leva o indivduo a venc-las verdadeiramente.

    Nessas horas cruciais,

    Jamais hesite o mnimo.

    Daisaku Ikeda

  • ii

    Agradecimentos

    Aqueles que passam por ns, no vo ss, no nos deixam ss.

    Deixam um pouco de si, levam um pouco de ns.

    Antoine de Saint- Exupry

    Esta caminhada de pesquisa foi uma etapa rdua mas tornou-se num grande desafio.

    importante referir que nenhum projeto concretizado sem esforo e empenho e de forma

    fcil.

    Durante este percurso de trabalho e pesquisa aprendi que o presente relatrio a

    extenso de um pouco da vida do prprio autor. Neste caso para que o nosso trabalho seja

    valorizado, temos que criar o nosso prprio valor e valorizar o nosso semelhante. Desta forma

    agradeo a todas as pessoas que me apoiaram, me incentivaram e me ajudaram a criar algo de

    valor para mim.

    Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos meus orientadores, Prof. Mrio Rocha e

    Prof. Nelson Parra, pelos seus ensinamentos e os seus preciosos conselhos.

    Manifesto a minha sincera gratido a todos os professores que, direta ou

    indiretamente, me ajudaram e me souberam ouvir em alguns momentos de desnimo.

    Quero tambm manifestar um agradecimento muito especial Paula e Alda, que

    foram um pilar e companheiras de trabalho, que muito me encorajaram para eu poder levar o

    meu trabalho a bom porto, e a uma amiga especial que, ao longo de toda a minha vida

    acadmica, sempre esteve presente em todos os momentos.

    Por fim, agradeo queles que sempre me apoiaram incondicionalmente, que

    souberam respeitar a minha ausncia, embora por vezes com algumas dificuldades. Sei que

    apostaram em mim mais do que ningum e partilham comigo a minha alegria: os meus pais,

    os meus filhos, Joo Rafael e Rodrigo, e o meu marido.

    Esta etapa foi vencida, mas isto ser o incio de muitas outras!

  • iii

    Lista de Siglas

    AECs - Atividades Extra Curriculares

    LE - Lngua Estrangeira

    ME - Ministrio da Educao

    MERCOSUL - Mercado Comum dos Pases da Amrica do Sul

    NAFTA - Mercado Comum dos Pases da Amrica do Norte - Tratado Norte-Americano de

    Livre Comrcio

    NATO - North Atlantic Treaty Organization

    NLE - Ncleo de Estudo das Lnguas

    ONU - Organizao das Naes Unidas

    PTE - Plano Tecnolgico da Educao

    QECR - Quadro Europeu Comum de Referncia para as Lnguas

    TIC - Tecnologias da Informao e da Comunicao

    UNESCO - Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura

  • iv

    Resumo

    O presente trabalho constitui o Relatrio Final da Prtica de Ensino Supervisionada de

    Ingls e de Espanhol no Ensino Bsico, apresentado Escola Superior de Educao do

    Instituto Superior Politcnico de Bragana, no mbito do Mestrado em Ensino de Ingls e de

    Espanhol no Ensino Bsico, e pretende dar conta das prticas de ensino implementadas nos

    trs ciclos com o objetivo de demonstrar a eficcia pedaggica da utilizao da multimdia no

    ensino das lnguas estrangeiras.

    Acredito que a multimdia constitui uma mais valia extraordinria para a

    aprendizagem e aquisio de competncias na aula de lnguas estrangeiras. Neste contexto, foi

    efetuado um estudo acerca da sua utilizao, tanto de carter terico, como de carter prtico.

    Comeo por discutir a importncia da aprendizagem das lnguas estrangeiras e as vantagens

    da utilizao da multimdia. Depois, procedo anlise e leitura dos documentos legais que

    orientam a prtica pedaggica no ensino portugus para passar anlise e reflexo crtica

    sobre as experincias de ensino, centradas no uso da multimdia.

    Da reflexo sobre as minhas prticas de ensino, penso poder concluir que a utilizao

    da multimdia no ensino foi favorvel ao ensino/aprendizagem das lnguas inglesa e

    espanhola nestes ciclos de ensino e que estes meios constituem uma mais valia ao servio dos

    professores.

  • v

    Resumen

    El presente trabajo conforma la Memoria del Prcticum en enseanza del ingls y del

    espaol en la Educacin Bsica, monografa que va a ser defendida en la Escuela Superior de

    Educacin del Instituto Politcnico de Braganza, como trabajo final del Mster en Enseanza

    del ingls y del espaol en la Educacin Bsica, y pretende informar sobre las prcticas de

    enseanza tutorizada realizadas en los tres ciclos de la Educacin Bsica. El objetivo de este

    trabajo es de demostrar la eficacia pedaggica de la utilizacin de materiales multimedia en la

    enseanza de lenguas extranjeras.

    Creo firmemente que las tecnologas y materiales multimedia suponen una valiosa

    herramienta para el aprendizaje y adquisicin de competencias en la clase de lenguas

    extranjeras. Con este propsito, llevamos a cabo un estudio sobre su utilizacin, tanto desde el

    punto de vista terico como prctico. En la primera parte de la Memoria se teoriza acerca de

    la importancia del aprendizaje de lenguas extranjeras y se exponen las ventajas del recurso a

    los elementos multimedia. A continuacin, se procede al anlisis y lectura de los documentos

    legales que orientan la prctica pedaggica en la enseanza del portugus y, posteriormente,

    se dedica un apartado al anlisis y reflexin crtica sobre las experiencias de enseanza,

    centradas en el uso de los multimedia.

    Aplicando esta reflexin a mis prcticas concretas de enseanza, puedo afirmar que la

    utilizacin de elementos multimedia en la enseanza, ha sido favorable a la adquisicin de

    contenidos, es decir, al aprendizaje de las lenguas inglesa y espaola en los ciclos educativos

    en los que he realizado mis prcticas, de lo que se concluye que estos medios son una eficaz

    herramienta al servicio de los profesores.

  • vi

    Abstract

    This work constitutes the Final Report of the Supervised Teaching Practice of English and

    Spanish in the Basic School, presented to the School of Education of the Polytechnic Institute

    of Bragana, in the framework of the Master in Teaching English and Spanish in the Basic

    School and it is intended to show the teaching practices implemented in the three educational

    cycles in order to demonstrate the pedagogical effectiveness of the use of multimedia in the

    teaching of foreign languages.

    I believe multimedia constitute an extraordinary added value for the learning and acquisition

    of skills in the foreign language classroom. In this context, a study was made about its use,

    both theoretical and practical. I begin by discussing the importance of learning foreign

    languages and the advantages of the use of multimedia. Then, I proceed to the analysis and

    discussion of the legal documents that guide the pedagogical practice in the Portuguese

    Educational System and then I continue with the analysis and critical reflection on the

    educational experiences, based on the use of multimedia.

    When I reflect on my teaching practices, I think I can conclude that the use of multimedia in

    teaching is favourable to the teaching and learning of English and Spanish languages in these

    educational cycles and that these resources are an added value to the service of teachers.

  • vii

    ndice

    Lista de Siglas ........................................................................................................................... iii

    Resumo ...................................................................................................................................... iv

    Resumen ..................................................................................................................................... v

    Abstract ..................................................................................................................................... vi

    ndice ........................................................................................................................................ vii

    ndice de grficos .................................................................................................................... viii

    ndice de quadros .................................................................................................................... viii

    INTRODUO ......................................................................................................................... 1

    1 - ENQUADRAMENTO TERICO........................................................................................ 3

    1.1 - A importncia do ensino/aprendizagem das Lnguas Estrangeiras ................................ 3

    1.2 - A tecnologia e a multimdia no Ensino ......................................................................... 6

    1.2.1 - As tecnologias nas Escolas Portuguesas ................................................................. 6

    1.2.2 - Multimdia no ensino das lnguas estrangeiras ...................................................... 9

    1.3 - Abordagem Comunicativa ........................................................................................... 12

    1.4 - Os programas de Ingls e de Espanhol nos diferentes ciclos do Ensino Bsico .......... 15

    1.4.1 - Anlise do programa de iniciao Lngua Espanhola ........................................ 16

    1.4.3 - O programa de Ingls para o 3.ciclo do ensino bsico ........................................ 19

    1.4.4 - O programa de Espanhol para o 3ciclo do ensino bsico .................................... 20

    2 - AS PRTICAS DE ENSINO E ANLISES CRTICAS .................................................. 23

    2.1 - Contextualizao .......................................................................................................... 23

    2.1.1 - As escolas das prticas de ensino .......................................................................... 23

    2.1.2 - As turmas e a calendarizao das aulas ................................................................ 24

    2.2 - Descrio das aulas implementadas e anlise crtica ................................................... 29

    2.2.1 - A prtica de ensino do Espanhol no 1. Ciclo ....................................................... 29

    2.2.2 - A prtica de ensino do Espanhol no 2. Ciclo ....................................................... 35

    2.2.3 - A prtica de ensino do Espanhol no 3. Ciclo ....................................................... 40

    2.2.4 - A prtica de ensino do Ingls no 3. Ciclo ............................................................ 44

  • viii

    2.3 - Reflexo Final .............................................................................................................. 49

    CONCLUSO ......................................................................................................................... 51

    BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 54

    Bibliografia geral..53

    Documentos e diplomas legais ............................................................................................. 56

    Sitografia .............................................................................................................................. 58

    APNDICES ............................................................................................................................ 59

    ndice de grficos

    Grfico 1 - Distribuio por gnero dos alunos do 8. B de Espanhol ..................................... 25

    Grfico 2 - Distribuio por idade dos alunos .......................................................................... 25

    Grfico 3 - Distribuio por gnero dos alunos que frequentaram o clube de Espanhol ........ 26

    Grfico 4 - Distribuio por idade dos alunos .......................................................................... 26

    Grfico 5 - Nmero de alunos da turma do Colgio ................................................................ 27

    Grfico 6 - Percentagem do nmero de alunos da turma do 8. B de Ingls ............................ 27

    Grfico 7 - Distribuio por idade dos alunos do 8. B - Ingls ............................................... 28

    Grfico 8 - Resultados obtidos no teste de avaliao sumativa no 8. B - Espanhol ............... 43

    Grfico 9 Nveis obtidos no teste de avaliao sumativa no 8.B - Espanhol ....................... 44

    Grfico 10 - Resultados obtidos no teste de avaliao sumativa no 8. B - Ingls .................. 48

    Grfico 11 - Nveis obtidos no teste de avaliao sumativa no 8. B- Ingls ......................... 48

    ndice de quadros

    Quadro 1 - Plano Tecnolgico da Educao (PTE) - Ministrio da Educao 2009 ................. 7

    Quadro 2 - Cronograma da Formao de Professores ................................................................ 9

    Quadro 3 - Calendarizao e Planificao Espanhol 1. Ciclo .............................................. 30

    Quadro 4 - Calendarizao e Planificao Espanhol 2. Ciclo .............................................. 36

    Quadro 5 - Calendarizao e Planificao Espanhol 3. Ciclo .............................................. 40

    Quadro 6 - Calendarizao e Planificao Ingls 3. Ciclo ................................................... 44

  • Introduo

    1

    INTRODUO

    Talvez no tenha conseguido fazer o melhor. Mas lutei para que o melhor fosse feito. No sou o que

    deveria ser, mas Graas a Deus, no sou o que era antes. (Marthin Luther King)

    Encontramo-nos atualmente num mundo em constante mudana onde as novas

    tecnologias e a multimdia so parte integrante das diversas reas de conhecimento. A era da

    tecnologia e da informao apresenta muitas potencialidades que podem ser aproveitadas nos

    domnios educativo, social e pessoal. A sua utilizao em contexto educativo representa um

    verdadeiro desafio para todos os professores. Enfrentar, com sucesso, este desafio permite

    oferecer aos alunos uma educao mais moderna e significativa e o contacto com experincias

    de aprendizagem mais enriquecedoras e simultaneamente promover a modernizao da

    educao atravs de novas metodologias.

    As oportunidades que qualquer professor tem para variar os processos de ensino e de

    aprendizagem so mais amplas do que h alguns anos. Com a ajuda da multimdia, o

    professor tem sua disposio possibilidades de motivar os alunos para uma aprendizagem

    autnoma e motivadora.

    No ensino das lnguas, a multimdia tem muita potencialidade para ser utilizada em

    sala de aula, possibilitando uma multiplicidade de sons e imagens disponveis e permitindo a

    estimulao e interao dos alunos, numa atmosfera descontrado e motivador.

    Consciente das potencialidades acima referidas, procurei utilizar, na minha prtica de

    ensino, material didtico multimdia para dinamizar as aulas, melhor interagir com os alunos

    e potenciar as suas aprendizagens. Como diz Huertas:

    "...existe interaccin cuando se establece comunicacin entre el hombre y la mquina, entre el

    usuario y el instrumento tcnico (...) La interaccin es uno de los requisitos bsicos del

    aprendizaje y puede ser potenciada utilizando la tecnologa multimedia que permite al alumno

    indagar y explorar a la medida de sus necesidades e intereses. El alumno, a travs de esta

    tecnologa, adquiere el convencimento y la sensacin de estar buscando y encontrando una parte

    muy importante de los conocimientos que necesita para su informacin o aprendizaje" (Huertas,

    1994:56).

    O material didtico baseado na multimdia, utilizado no ensino de lnguas nos

    diferentes nveis de ensino, ativa o ambiente da sala de aula de uma forma dinmica e criativa,

    transmitindo uma linguagem mais vibrante e colorida. Este material mobiliza a iniciativa das

    aprendizagens dos alunos, criando nestes mais possibilidades de descobrir, pensar e cooperar

  • Introduo

    2

    ativamente na sua aprendizagem. Isto est de acordo com a ideia de Piaget, citado por Valente

    e Almeida (1999), quando ele notou que:

    a compreenso fruto da qualidade da interao entre a criana e o objeto () refletir sobre os

    resultados obtidos e ser desafiada, com situaes novas, maior a chance de ela estar atenta

    para os conceitos envolvidos e, assim, alcanar o nvel de compreenso conceitualizada

    (Valente & Almeida, 1999:38-39).

    O presente relatrio est dividido em duas partes principais. A primeira parte consta de

    uma fundamentao terica onde se explora a importncia do ensino e aprendizagem das

    lnguas estrangeiras e da tecnologia no ensino, focalizando em particular a importncia da

    multimdia. So ainda exploradas as potencialidades da abordagem comunicativa e analisados

    os programas de Ingls e de Espanhol a partir dos quais se concretizou a prtica pedaggica.

    A segunda parte deste relatrio diz respeito s prticas de ensino. Esta parte

    subdividida em contextualizao, escolas das prticas de ensino, turmas e calendarizao das

    aulas. Faz-se, tambm aqui, a descrio das aulas implementadas e a sua anlise crtica.

    O relatrio termina com uma breve reflexo final onde se d conta da contribuio da

    multimdia para a aprendizagem dos alunos.

  • Enquadramento Terico

    3

    1 - ENQUADRAMENTO TERICO

    The ability to communicate in a language other than ones own

    enables students to grow academically and personally

    California Department of Education

    June 15, 2009

    1.1 - A importncia do ensino/aprendizagem das Lnguas Estrangeiras

    A aprendizagem de uma Lngua Estrangeira (LE) indispensvel para a compreenso

    de uma diversidade cultural orientada por princpios que, possivelmente, sero dspares do

    meio social do cidado que a est a aprender e tambm tem um papel importante na sua

    formao como pessoa.

    Estando ns atualmente inseridos numa sociedade global que necessita de possuir

    meios para comunicar, a aprendizagem de uma lngua um meio que os jovens necessitam

    para se movimentar num universo cada vez mais rigoroso. Esta sociedade encontra-se cada

    vez mais direcionada para o futuro e para isso necessrio ampliar horizontes o que pode ser

    conseguido, pelo menos em parte, estimulando os jovens para a aprendizagem das lnguas

    estrangeiras.

    Como tal, as lnguas constituem a soluo necessria para interagirmos com as

    diferentes sociedades, irmos aos encontro das suas diferenas e semelhanas, partilharmos

    experincias e oportunidades. Assim, a aprendizagem das lnguas tornou-se necessria, numa

    Europa cada vez mais interdependente. No dia 26 de setembro, comemora-se o Dia Europeu

    das Lnguas, esta celebrao assenta num pressuposto de que a multiplicidade lingustica

    um dos pontos fortes da Europa e que a aprendizagem das lnguas ajuda a fortalecer a

    tolerncia e o entendimento recproco entre os diferentes pases. No caso do Ingls, esta uma

    lngua oficial em mais de 55 pases do mundo e de organizaes importantes como a

    Organizao das Naes Unidas (ONU). Este idioma a lngua oficial para cerca de 400

    milhes de pessoas e a segunda lngua para cerca de 1 bilio de pessoas.

    No sculo XX verificou-se um grande crescimento do nmero de falantes da lngua

    inglesa devido ao desenvolvimento poltico e econmico dos Estados Unidos como consta em

    documento proveniente da North Atlantic Treaty Organization (NATO).

  • Enquadramento Terico

    4

    De acordo com o publicado por Garrido1 em 2001, o Espanhol considerada a

    segunda lngua mais falada no Ocidente, tal como nos Estados Unidos, pois falada por cerca

    de 300 milhes de pessoas. Os fatores poltico e econmico so tambm uma das causas da

    crescente importncia deste idioma, j que o Mercado Comum dos Pases da Amrica do

    Norte - Tratado Norte-Americano de Livre Comrcio (NAFTA) - e o Mercado Comum dos

    Pases da Amrica do Sul (MERCOSUL) tiveram uma forte influncia na propagao da

    Lngua Espanhola.

    Na Europa, o Espanhol caminha ao lado do Ingls como lngua oficial, relativamente

    aos acordos comerciais e econmicos, fazendo assim crescer o nmero de falantes desta

    lngua.

    Os 146 pases que fazem parte da Organizao da Naes Unidas para a Educao,

    Cincia e Cultura (UNESCO) colaboram para a formao de professores e contribuem para a

    construo de escolas e ddiva de equipamento essencial para o seu funcionamento, alm de

    impulsionar atividades culturais para as coletividades valorizarem seu patrimnio cultural

    atravs da proteo das entidades culturais e tradies em 2005, apelaram, numa conveno

    internacional, para o valor do plurilinguismo, realando a necessidade de conhecer vrias

    lnguas, para poder certificar uma maior variedade cultural no mundo.

    Conforme o referido na pgina web da Unio Europeia2, a poltica lingustica desta

    organizao preconiza que cada cidado Europeu aprenda pelo menos duas lnguas para alm

    da lngua materna. Tambm a Lei de Bases do Sistema Educativo Portugus prev que a

    aprendizagem da lngua estrangeira, juntamente com a lngua materna, seja direito de todo

    cidado. No ano letivo de 2001/2002, o Ministrio da Educao promoveu a Reorganizao

    Curricular do Ensino Bsico, concretizada pelos Decretos-Lei n. 6/2001, de 18 de janeiro, e o

    n. 209/2002, de 17 de outubro, em que focado, para alm das aprendizagens das lnguas, a

    incluso no currculo, com carter transversal, da utilizao das tecnologias de informao e

    comunicao (TIC). Esta transversalidade pressupe que todas as disciplinas, incluindo as

    lnguas estrangeiras, devero servir-se das TIC para trabalhar os contedos e desenvolver as

    competncias previstas.

    Esta aprendizagem vai, sem dvida, auxiliar a polivalncia profissional abrindo novas

    oportunidades no mercado de trabalho global. Enquanto na Europa, as escolas bsicas e

    1 Svetlana Guerreiro Chaves Garrido professora de Lngua Espanhola do Centro de Lnguas Vivas da Universidade Catlica de Gois, desde

    1998. 2 http://ec.europa.eu/languages/languages-of-europe/index_pt.htm

  • Enquadramento Terico

    5

    secundrias lecionam trs ou mais lnguas estrangeiras, em Portugal isso no acontece pois,

    no segundo e terceiro ciclo, apenas so lecionadas duas. A agravar a situao existem alguns

    rumores de que vai ser suprimida a segunda lngua estrangeira obrigatria a nvel do terceiro

    ciclo do ensino bsico. Perante tal facto, s podemos concluir que estamos em retrocesso

    educacional e os nossos alunos ficam a perder em relao aos do resto da Europa.

    Ter contacto com uma nova lngua facultar ao aluno uma maior proximidade com as

    diversas culturas de diferentes pases, obter informao sobre os vrios grupos sociais, o que

    vai permitir que o aluno se desenvolva como cidado da Europa e como cidado do mundo.

    Como professores, ao colaborarmos no ensinamento dos conceitos culturais da lngua

    em causa, envolvemos o aluno na realizao de tarefas que o levaro a pensar acerca das

    diferenas e semelhanas entre a sua cultura e a cultura dos outros, integrando no processo, as

    suas vivncias e indo ao encontro de contexto da LE.

    Assim, importante que o professor coloque o aluno perante diversas situaes de

    aprendizagem para que este tome conhecimento acerca da riqueza cultural e das distintas

    nuances lingusticas, culturais e sociais, caractersticas das diferentes nacionalidades e

    culturas, neste caso da Espanhola e da Inglesa. Estas aprendizagens so fonte de

    enriquecimento quer a nvel educativo, quer a nvel pessoal e o objetivo do professor de LE

    fazer com que seus alunos adquiram as competncias essenciais na comunicao.

    O Currculo Nacional do Ensino Bsico define, entre outras, as competncias o

    Compreender Ouvir/Ver textos orais e audiovisuais da natureza diversificada adequados

    ao desenvolvimento intelectual, scio afetivo e lingustico do aluno, e o Interagir

    Ouvir/Falar em situaes de comunicao diversificadas.

    Richard e Rogers (1986) referem que o aluno pode estar apto a comunicar quando

    alcanar informao relativamente ao funcionamento da lngua, sua funcionalidade no que

    respeita s expresses lingusticas.

    No entanto existem competncias, na aprendizagem e no uso de uma lngua

    estrangeira, que ultrapassam o conhecimento gramatical e lexical. Todo esse conjunto de

    competncias chamado de competncia comunicativa. A nvel do ensino das lnguas

    estrangeiras existem controvrsias sobre esta competncia. Segundo Canale (1996) a

    competncia comunicativa constituda com uma base elementar, focando inicialmente a

    competncia gramatical em que o conhecimento se baseia nas regras morfolgicas, na sintaxe,

    no lxico, na semntica e na morfologia; de seguida vai fazer aluso competncia

    sociolingustica em que o conhecimento sociocultural se encontra implcito, tal como a

    utilizao de regras coerentes acerca do discurso; a competncia estratgica, que engloba a

  • Enquadramento Terico

    6

    comunicao verbal e no-verbal. A competncia comunicativa vai tornar-se mais coesa

    atravs da juno destas competncias.

    No entanto, segundo Savignon (1987), a competncia comunicativa complementa a

    competncia gramatical, ou seja, existe uma interao entre o emissor e o recetor, que por sua

    vez analisa e expressa vrios significados em diferentes situaes.

    O meu entendimento da competncia comunicativa aproxima-se mais da perspetiva

    defendida por Canale pois considero que a aprendizagem tem de comear pelo

    desenvolvimento da competncia gramatical que servir de alicerce s restantes competncias

    nomeadamente a sociolingustica.

    O professor da LE tem um papel facilitador no desenvolvimento da competncia

    comunicativa atravs de uma abordagem ativa e de uma vasta seleo de materiais, ao facultar

    situaes de aprendizagem que impulsionem a autonomia dos seus alunos.

    Os materiais selecionados de compreenso oral (udio e vdeo) apresentados devem

    ser de nvel de dificuldade superior ao nvel dos alunos, de forma a desenvolver a

    compreenso comunicativa. Cabe ao professor a responsabilidade de motivar os alunos

    escolhendo os materiais e situaes verdicas do quotidiano, com as quais os alunos se

    identifiquem e as reconheam. Assim, este deve proporcionar-lhes um ambiente agradvel,

    onde se explorem estes materiais.

    Neste contexto, espera-se que os resultados obtidos vo ao encontro das expetativas dos

    intervenientes no processo.

    la abundncia de recursos no implica que todos ellos sean adecuados para su empleo en la

    clase de espaol. Los profesores adems de elaborar sus materiales didticos para distribuirlos a

    sus alumnos por la red, deben tener instrumentos o cierta unidade de critrios para seleccionar

    criticamente los ya existentes (Cruz Moya, 2001:453).

    Tendo em conta a minha realidade pessoal e os programas em vigor das disciplinas em

    causa, constato a necessidade de utilizao de uma multiplicidade de materiais entre os quais

    se incluem os materiais multimdia.

    1.2 - A tecnologia e a multimdia no Ensino

    1.2.1 - As tecnologias nas Escolas Portuguesas

    Atualmente, a nossa sociedade regida por meios tecnolgicos, projetando grande

    quantidade de informao, provocando alteraes na maneira de ser, de pensar e de agir, do

    individuo, o que permite, de uma maneira crtica, fazer uma nova leitura do mundo em que

  • Enquadramento Terico

    7

    vivemos. Podemos dizer que estamos imersos na "era digital", ou tambm chamada

    "sociedade da informao".

    A rede mundial de computadores3 possibilita o acesso a qualquer tipo de informao

    em qualquer parte do mundo num curto espao de tempo.

    A escola, onde se complementa a educao do aluno e se orienta para uma vida social

    e ativa, deve adaptar-se a esse novo mundo, buscando uma nova viso, projetando novas

    metas e objetivos que vo ao encontro das necessidades dos alunos. Assim, esta levada a

    oferecer, de forma satisfatria, as exigncias de uma modernidade multimdia que faz parte

    dos nossos dias. Estando ns perante um mundo em constante progresso, no que respeita ao

    desenvolvimento tecnolgico, fundamental que a escola responda, de forma eficaz, a este

    avano.

    Com o aparecimento das novas tecnologias nas escolas portuguesas, na dcada de

    1990, traou-se um caminho mais frutfero, tanto para os professores como para os alunos.

    Contudo, foi necessrio habituar uma grande parte dos professores ao uso correto da

    multimdia ao dispor e posterior utilizao com sucesso no contexto de sala de aula.

    Posteriormente surge um reforo positivo no que respeita s tecnologias, com a

    aprovao pelo Governo, em Setembro de 2007 do Plano Tecnolgico da Educao (PTE).

    Este considerado o maior programa de modernizao Tecnolgica das Escolas Portuguesas.

    Este plano visa disponibilizar contedos e servios tecnolgicos, ficando estes

    disposio de professores e alunos, reforando-lhes as suas competncias. Tambm seu

    intuito desenvolver nas escolas portuguesas espaos de interatividade, em que existe uma

    preocupao em preparar os nossos jovens para uma sociedade sem constrangimentos, onde o

    foco de interesse ser o conhecimento.

    O PTE tinha como objetivo atualizar as escolas com as novas tecnologias at 2010,

    como se pode verificar no seguinte quadro:

    Quadro 1 - Plano Tecnolgico da Educao (PTE) - Ministrio da Educao 2009

    3 (World Wide Web-WWW)

  • Enquadramento Terico

    8

    O Dr. Rui Grilo 4, exps em Novembro de 2005 ao Conselho Consultivo do Plano

    Tecnolgico, a que viria a ser considerada uma das mais importantes iniciativas deste plano.

    Trata-se da e-iniciativas: o e-escolas, o e-oportunidades e o e-professores,

    em que o objetivo principal que toda a comunidade escolar, alguns milhares de pessoas,

    tenham acesso a um computador e a uma ligao internet. Uma das iniciativas com maior

    impacto foi o programa e-escolinha, que disponibilizou aos alunos do 1. ciclo do ensino

    bsico pblico e privado o computador Magalhes. importante referir que este computador

    um timo instrumento de trabalho, disponvel para professores e alunos, para que estes

    possam desenvolver competncias nas diferentes disciplinas, torna disponvel uma maior

    diversidade de materiais de trabalho e tambm das diferentes formas de comunicar e de travar

    conhecimentos.

    Em toda a Unio Europeia, esta proposta considerada a mais motivadora no que

    respeita ao acesso informao, sendo inicialmente privilegiados os professores do Ensino

    Bsico e Secundrio, os alunos do 10. ano e os que frequentam as Novas Oportunidades e

    posteriormente alargada aos restantes nveis de ensino.

    Tambm a utilizao/aprendizagem das Novas Tecnologias a nvel do 1. ciclo foi

    privilegiada, sendo estas definidas como instrumentos de apoio gesto, do currculo [...]

    disponibilizadas para serem utilizadas voluntria e livremente pelos professores desejando-se

    que o seu uso efetivo decorra do reconhecimento da sua utilidade prtica por parte dos

    professores, dos alunos e das famlias (ME, 2010:64).

    Coloca-se ento a seguinte questo: Como que o Governo, no mbito do Plano

    Tecnolgico, pode contribuir para o sucesso dos alunos? A resposta a esta questo sugerida

    pelo prprio plano Tecnolgico, implica a interveno em diferentes reas,nomeadamente:

    - equipar todas as escolas com meios tecnolgicos que lhe permitam ter acesso Internet,

    estimulando a sua utilizao e proporcionando a professores e alunos computadores com

    banda larga atravs das e-iniciativas e equipando as escolas com quadros interativos;

    - dotar os professores de competncias TIC e/ou certificar as competncias j existentes.

    A rea de formao de professores foi legislada atravs da Portaria n. 731/2009, de 7

    de Julho, e do Plano de Competncias TIC. Este diploma cria condies normativas para a

    execuo do programa de formao e de certificao de competncias TIC para docentes. Os

    objetivos deste programa so:

    4 Chefe do Gabinete do Coordenador Nacional da Estratgia Lisboa e do Plano Tecnolgico, em parceria com o

    Ministrio da Educao, primeiro atravs da Equipa de Misso CRIE e posteriormente ligado Direco-Geral

    de Inovao e de Desenvolvimento Curricular.

  • Enquadramento Terico

    9

    a) Promover a generalizao das competncias digitais e das competncias pedaggicas com o

    recurso s TIC dos docentes, com vista generalizao de prticas de ensino mais inovadoras e

    melhoria das aprendizagens;

    b) Disponibilizar aos docentes um esquema articulado e coerente de formao TIC, modular,

    sequencial, disciplinarmente orientado, facilmente integrvel no percurso formativo de cada

    docente e baseado num referencial de competncias em TIC inovador, inspirado nas melhores

    prticas internacionais;

    c) Reconhecer aos docentes competncias TIC adquiridas fora do quadro jurdico da formao

    contnua de professores (ME, 2009).

    O quadro n. 2 mostra a previso da formao que seria dada aos professores:

    Quadro 2 - Cronograma da Formao de Professores.

    Devido atual conjuntura econmica, apenas foi cumprido o 1. ano deste plano, o que

    significa que apenas 30% dos docentes receberam formao. Esta interrupo do programa de

    formao ter consequncias na concretizao dos objetivos do PTE que seria importante

    serem avaliados. De qualquer forma, a interrupo da formao ir refletir-se negativamente

    na forma como os professores usam a tecnologia na sala de aula.

    1.2.2 - Multimdia no ensino das lnguas estrangeiras

    Segundo (Chapman & Chapman, 2000), citados por Ribeiro (2004), multimdia a

    combinao, controlada por computador, de pelo menos um tipo de mdia esttico (texto,

    fotografia, grfico), com pelo menos um tipo de mdia dinmico (vdeo, udio, animao).

    ento o conjunto de: - Som (voz humana, msica, efeitos especiais);- Fotografia (imagem

    esttica); -Vdeo (imagens em pleno movimento); - Animao (desenho animado); - Grficos;

    - Textos (incluindo nmeros, tabelas, etc.). Ser esta a definio de multimdia adotada no

    mbito deste trabalho.

    De acordo com a definio apresentada, h vrios recursos utilizados nas aulas de

    lngua estrangeira que podem ser considerados multimdia como o PowerPoint, por exemplo.

    O professor pode criar uma apresentao em PowerPoint com udio e animao para tornar os

    contedos a ser lecionados mais atrativos e motivadores.

  • Enquadramento Terico

    10

    Tambm a visualizao de um vdeo com movimento e animao pode cativar mais a

    ateno do aluno. Em suma, ao fazer a apresentao atravs da multimdia o professor pode

    fazer a sntese do que realmente importante e do que os alunos precisam aprender.

    Se o professor pretender introduzir as estaes do ano, pode apresentar um vdeo

    apresentando diferenas climatricas de uma regio, com imagens e sons mostrando a neve no

    inverno, locais que se vo transformando at chegada da primavera, por exemplo. Esta

    atividade pode ficar completa com a recolha de imagens feitas pelos alunos e posteriormente

    apresentadas em sala de aula, fazendo uso da projeo atravs do computador.

    Porm, durante muitos anos, o ensino das LE esteve aliado a um mecanismo bastante

    primitivo em que os nicos recursos utilizados eram o quadro negro, giz e o manual escolar,

    alheando-se de qualquer tipo de tecnologia, mesmo quando ela j estava disponvel nas

    Escolas.

    A referncia de Paiva (2008) muito elucidativa nesse sentido:

    Quando surge uma nova tecnologia, a primeira atitude a de desconfiana e de rejeio. Aos

    poucos, a tecnologia comea a fazer parte das atividades sociais da linguagem e a escola acaba

    por incorpor-la em suas prticas pedaggicas. Aps a insero, vem o estgio da normalizao,

    definido por Chambers e Bax (2006:465) como um estado em que a tecnologia se integra de tal

    forma s prticas pedaggicas que deixa de ser vista como cura milagrosa ou como algo a ser

    temido (Paiva, 2008:1).

    Observam-se, inicialmente, sentimentos de dvida e reprovao por parte dos

    professores, demonstrando uma atitude bastante insegura, mas gradualmente comeam a levar

    os novos recursos para a sala de aula, inserindo-os nas suas prticas pedaggicas.

    Posteriormente, verifica-se uma integrao efetiva entre a tecnologia e as prticas

    pedaggicas, de forma instintiva, que no mais provoca sentimentos de desconfiana ou

    rejeio por parte de professores e alunos.

    Neste sentido, Bax acredita que os computadores ainda vo integrar a sala de aula como

    a caneta e o manual escolar e sero usados sem receio. Ele descreve as adaptaes do sistema

    de ensino da seguinte forma:

    1. Adeptos Iniciais. Poucos professores e escolas adotam a tecnologia por curiosidade;

    2. Ignorncia/Ceticismo. A maioria das pessoas continua ctica, ou desconhecem a sua

    existncia;

    3. Tentam uma vez. As pessoas experimentam mas rejeitam por causa de problemas iniciais

    Bax ,2003:24).

    importante referir que a multimdia no mais do que uma ferramenta de

    ensino/aprendizagem que pode ser usada nas prticas pedaggicas centralizadas no aluno ou

    podem ajudar a ampliar o mtodo tradicional de transmisso de conhecimentos. Citando

  • Enquadramento Terico

    11

    Genevive Jacquinot5, a modernidade tecnolgica no automaticamente acompanhada de

    uma maior eficcia pedaggica; pelo contrrio, os novos dispositivos tecnolgicos foram

    frequentemente acompanhados por uma atualizao de modelos pedaggicos ultrapassados

    (Jacquinot, 1997:159).

    Durante muitos anos o professor lecionou lnguas sem recorrer a qualquer tipo de

    tecnologia ou multimdia. No decorrer dos anos 60, no Reino Unido, comearam a surgir os

    primeiros laboratrios de lnguas nas instituies de ensino. O apogeu destes laboratrios foi

    atingido nos finais dos anos 60 e 70, mas rapidamente ficaram desatualizados, tendo sido

    atribudo o seu fracasso s tecnologias inseridas nesses laboratrios. Mais tarde constatou-se

    que o problema no estava nas tecnologias, mas sim na falta de formao e imaginao que os

    professores tinham para usar estes recursos, como refere Ely (1984)6. Este fracasso vem

    confirmar que a eficcia de uma tecnologia no deriva da tecnologia em si mas da forma

    como usada enquanto recurso pedaggico.

    Mas podemos lanar a questo: Porque que os professores de lnguas estrangeiras

    devem interessar-se pelo uso da multimdia?

    A multimdia um dos recursos educacionais que possibilita a construo do

    conhecimento de um modo interativo, ajustando animaes, sons, textos, grficos e imagens.

    Nesta perspetiva, importante que o professor adquira conhecimentos das suas

    potencialidades para poder proporcionar aos seus alunos um amplo espao para a

    aprendizagem e produo de atividades. Desta forma, o professor vai possibilitar aos seus

    alunos uma maior amplitude relativamente ao tema em estudo, podendo estes controlar o seu

    ritmo de trabalho e ao mesmo tempo estimular a organizao do seu conhecimento, de modo a

    obter uma viso mais alargada do tema em estudo.

    Seymour Papert (1990)7, citado por Nogueira (1994:sp), refere que O melhor ensino

    no surgir a partir de melhores meios para o professor instruir, mas dando ao estudante

    melhores oportunidades para construir.

    Ao contrrio dos sistemas lineares de organizao, a grande vantagem na utilizao dos

    multimdia a aptido que tem o aluno em folhear os diferentes documentos e navegar

    entre os vrios componentes da rede. Utilizando as ligaes da multimdia, podemos

    configurar o nosso conhecimento num conjunto coeso de ideias para melhor representar a

    realidade.

    5 Professor de Cincias da Educao na Universidade de Paris

    6 Professor e Presidente e Diretor Associado, Informao e tecnolgico Syracuse University.

    7 Nomeado professor emrito da Universidade de Maine e encarado como o maior especialista do mundo sobre

    como a tecnologia pode facilitar novas formas de aprender.

  • Enquadramento Terico

    12

    Posso ento salientar que, de entre os recursos educacionais proporcionados pelas novas

    tecnologias de comunicao, a multimdia surge como a maneira mais completa de elaborar

    as informaes.

    O professor deve equipar-se com novas oportunidades de ensino/aprendizagem e

    construir com os seus alunos novos caminhos. Este um dos maiores objetivos para se

    trabalhar a multimdia na educao em todos os graus de ensino.

    En este sentido, algunos materiales visuales van a tener una gran importncia a la hora de

    eliminar bloqueos en el aprendiente, crear relaciones afectivas dentro del grupo, potenciar la

    integracin de aspectos personales (gustos, interesses, recuerdos), realizar un trabajo

    intercultural etc.(Cuadrado 1999:9).

    Assim, para que realmente o processo de ensino/aprendizagem acontea, tem que

    haver uma interao professor/aluno, contedos lingusticos e indubitavelmente variveis

    ambientais nas quais se integra o uso dos recursos multimdia. Assim surge a abordagem

    comunicativa e uma maior interao entre o aluno e o professor, e conforme a maneira pela

    qual essa interao se d, a aprendizagem do aluno pode ser mais ou menos facilitada e

    orientada para uma ou outra direo (Santos, 2001:72).

    1.3 - Abordagem Comunicativa

    Acquisition requires meaningful interactions in the target language natural communication

    in which speakers are concerned not with the form of their utterances but with the messages

    they are conveying and understanding. (Stephen Krashen).

    No incio dos anos 60, emergiu um movimento denominado Communicative

    Language Teaching, tambm chamado Communicative Approach ou Functional

    Approach, sendo esta uma verso britnica da abordagem comunicativa. Este movimento

    entrou em contradio com o estruturalismo8 e com o behaviorismo.

    9Esta abordagem

    orientada pela teoria lingustica de Noam Chomsky, pela teoria da psicologia cognitiva de

    Piaget e determinada pela progressiva pesquisa de mtodos de ensino de lnguas mais

    eficazes, apareceu como uma enorme reao contra o audiolingualismo.10

    Segundo Andrade e S (1992), a abordagem comunicativa aparece com o interesse de

    procurar abarcar o fenmeno lingustico em toda a sua complexidade comunicativa e

    representativa, surgindo a noo de competncia de comunicao. Esta competncia sintetiza

    8 Estudo das formas da lngua, de sua estrutura gramatical.

    9 Reflexos condicionados ajustados aos procedimentos do aluno.

    10Divulga a primazia da oralidade nos seus aspetos de compreenso e produo desprestigiando a escrita e a

    leitura.

  • Enquadramento Terico

    13

    e integra a oposio que existe entre o que se inclui na competncia lingustica do falante e

    aquilo que est para alm dela.

    Esta competncia abarca vrias outras competncias:

    -competncia linguista, conhecimento e capacidade de utilizao de elementos fonticos,

    lexicais, sintticos, etc., do sistema da lngua;

    - Competncia discursiva, uma apropriao de diferentes organizaes discursivas em funo

    dos parmetros da situao;

    - Competncia referencial, conhecimento do mundo, seus objetos e relaes;

    - Competncia pragmtica conhecimento das formas lingustico-enunciativas mais eficazes do

    ponto de vista do alcance das intenes comunicativas;

    - Competncia sociocultural, conhecimento das regras sociais e das normas de interao entre os

    indivduos e ainda das crenas, valores artsticos e morais, leis de hbitos, etc., que constituem o

    patrimnio civilizacional e cultural de um povo (Andrade & S, 1992:42).

    Esta abordagem enquadra-se num crescente processo de interesses pelas abordagens

    humanas em que o aluno visto como sendo o centro desse mesmo processo.

    Para desenvolver estas competncias a abordagem comunicativa promove atividades

    em que o aluno aprende atravs da realizao de tarefas que vo ao encontro dos seus reais

    interesses para que aluno possa usar a lngua alvo em aes autnticas com outros falantes

    dessa lngua.

    Nunan, citado por Portela (2006), refere cinco caractersticas da abordagem

    comunicativa:

    . uma nfase no aprender a comunicar-se atravs da interao com a lngua alvo;

    a introduo de textos autnticos na situao de aprendizagem;

    . a proviso de oportunidades para os alunos, no somente na linguagem mas tambm no

    processo de sua aprendizagem;

    . uma intensificao das prprias experincias pessoais do aluno como elementos importantes na

    contribuio para aprendizagem em sala de aula;

    . uma tentativa de ligar aprendizagem da linguagem em sala de aula com a ativao da

    linguagem fora da sala de aula (Portela, 2006:53).

    Em sntese e de acordo com Brown11

    (2001), a Abordagem Comunicativa um

    conjunto de princpios e crenas unificado, porm fundamento em amplas bases tericas sobre

    a natureza de linguagem e de seu ensino aprendizagem (Brown, 2001:43).

    A abordagem comunicativa parte do conhecimento, das experincias, da motivao e

    dos aspetos culturais que o aluno transporta para as aprendizagens, estabelecendo objetivos de

    aprendizagem para poder comunicar na lngua alvo.

    O objetivo principal do ensino baseado neste tipo de abordagem tornar possvel o

    desenvolvimento dos quatro skills (ouvir, ler, falar e escrever) e permitir que o aluno

    11 H. Douglas Brown, Ph.D., Professor de Ingls da Universidade de San Francisco, onde foi Diretor do

    American Language Institute.

  • Enquadramento Terico

    14

    interaja e obtenha a competncia comunicativa na lngua alvo. E ainda que este saiba

    apropriar o uso da lngua ao pblico em causa e em diferentes situaes de comunicao bem

    como compreenda e produza diferentes tipos de textos.

    Assim, segundo Larsen-Freeman (2003) citado por Silva (2011) as principais tcnicas

    para desenvolver as capacidades comunicativas so:

    - Dramatizao de cenas propostas pelos alunos ou pelo professor;

    - Jogos de cartes com pistas para alunos fazerem perguntas autnticas;

    - Textos com frases desordenadas para os alunos ordenarem;

    - Uso de figuras em sequncia, sugerindo histrias que os alunos tentam prever;

    - Uso de material autntico (Silva, 2011:53).

    Segundo esta abordagem, a gramtica no o meio apropriado para o ensino de LE,

    ainda que em certas ocasies, em sala de aula, seja necessrio patentear a gramtica, para

    auxiliar na aprendizagem. Assim as atividades sugeridas por esta abordagem, para uma real

    aprendizagem no espao aula, devem ter a integrao das quatro macrocapacidades (listening,

    speaking, reading e writing) como elementos essenciais.

    H trabalhos desenvolvidos por investigadores do Ncleo de Estudo das Lnguas do

    Departamento de Filosofia NLE12

    que tm comprovado que a integrao do aluno deve ser

    baseada na lngua autntica, quer seja oral ou escrita, e que os alunos devem ser estimulados a

    produzir textos, tendo em conta as situaes rotineiras e do quotidiano, como componente

    motivadora, tentando incessantemente fomentar a comunicao entre professor/aluno e

    aluno/aluno.

    Segundo Nunan (1989), a comunicao pode ser vista como um recurso ativo para gerar

    significados o que, alm do conhecimento e aprendizagem da lngua, implica tambm

    habilidade lingustica,significando que, em termos de aprendizagem, necessrio determinar

    o aprender o qu e oaprender como.Os alunos tm que ter a noo das diferentes regras

    gramaticais e a capacidade em us-las de forma capaz e adequada para a comunicao

    lingustica.Contudo esta abordagem caracteriza-se por estar focada no aluno que est a

    aprender uma nova lngua, e por esta razo,o professor no valoriza os erros cometidos pelo

    aluno, pois so considerados como um processo natural na aprendizagem. O aluno encontra-

    se no meio de todo o sistema, tende a valorizar a sua experincia, participando de forma ativa

    nas vrias atividades que lhe so propostas.

    Assim, o uso das tarefas comunicativas em sala de aula visto como uma possibilidade

    de aperfeioar os princpios que regem a abordagem comunicativa, garantindo ao aluno uma

    12 Formado em 1996 pelos alunos do Departamento de Filosofia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias

    Humanas da Universidade de So Paulo.

  • Enquadramento Terico

    15

    aprendizagem duradoura e significativa. Neste sentido, Almeida Filho13

    (1993) considera que

    ser comunicativo :

    preocupar-se mais com o prprio aluno enquanto sujeito e agente no processo de formao de

    LE. Isso implica menor nfase no ensinar e mais fora para aquilo que abre ao aluno a

    possibilidade de se reconhecer nas prticas do que faz sentido para a sua vida do que faz

    diferena para o seu futuro como pessoa (Almeida Filho, 1993:42).

    O reconhecimento do valor da tarefa em sala de aula est bem patente em Nunan14

    (1989) onde a tarefa comunicativa considerada como:

    uma parte do trabalho de sala de aula que envolve os alunos na compreenso , manipulao, produo ou interao na lngua alvo enquanto que a ateno est principalmente focalizada no

    significado em vez da forma (Nunan, 1989:10)

    Como j referi anteriormente, os documentos autnticos e o quotidiano dos alunos tm

    um lugar de destaque, principalmente os documentos apresentados em multimdia, pois

    apresentam situaes fictcias,mas que vo ao encontro das reais situaes de comunicao.

    Assim, tal comunicao acontece quando os alunos so livres para trocarem ideias e

    conhecimentos. A utilizao de material real como artigos de jornal e revistas, excertos de

    programas de rdio e de televiso, tambm muito importante para que os alunos tenham

    acesso lngua em estudo, tal como ela usada pelas pessoas oriundas dos pases onde ela

    lngua materna.

    Para o desenvolvimento pleno das capacidades comunicativas, os alunos tm de

    resolver problemas, fazer dramatizaes, participar em debates, entre outras atividades que

    lhes sejam propostas. Podem tambm ser exploradas muitas atividades de dilogo em grupos

    de poucos elementos, maximizando desta forma, a utilizao da lngua pelos alunos.

    1.4 - Os programas de Ingls e de Espanhol nos diferentes ciclos do Ensino

    Bsico

    Aps ter feito a fundamentao terica acerca do uso da multimdia no ensino das

    lnguas estrangeiras, passo agora a fazer uma breve anlise dos programas.

    Proponho-me fazer uma observao crtica no que concerne s identidades e

    diversidades entre os ciclos e a sua articulao e, por fim, abordar a questo do uso da

    multimdia nestes nveis de ensino.

    13 Almeida Filho bacharel e licenciado em Letras pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo, ps-

    graduado (Especializao) em Lingustica Aplicada pela Universidade de Edimburgo, Esccia, mestre em

    Educao em Lngua Estrangeira pela Universidade de Manchester, Inglaterra, e doutor em Lingustica Aplicada

    pela Universidade de Georgetown, Washington, D. C. 14

    David Nunan, Vice-Presidente de Assuntos Acadmicos na Anaheim University, fundador da Escola de Ps-

    Graduao da Universidade de Anaheim Educao e serviu como Presidente de Anaheim University de 2006 a

    2008.

  • Enquadramento Terico

    16

    importante mencionar que os programas para as diferentes lnguas so da

    responsabilidade do Ministrio da Educao e refletem o cuidado em cumprir pressupostos

    determinados pelo Conselho da Europa.

    Comeo por fazer uma anlise sumria do programa de Ingls para o 3. ciclo e dos

    programas de Espanhol para o 2. e o 3. ciclos do ensino bsico. No feita a anlise dos

    programas de Ingls para o 1. e o 2. ciclos, em virtude de ter sido dispensada da realizao

    dos estgios nestes ciclos por j ter lecionado a Lngua Inglesa mais de cinco anos no 1. ciclo

    e j possuir profissionalizao no 2. ciclo.

    Relativamente ao programa de Espanhol para o primeiro ciclo, o Ministrio da

    Educao ainda no tem proposta para este programa pois o sistema educativo portugus

    somente considera a lngua inglesa a ser lecionada no 1. ciclo, pelo que, para a prtica de

    ensino do Espanhol neste ciclo, baseei- me no programa de Ingls para este ciclo.

    O sistema de ensino portugus d primazia lngua inglesa no 1. ciclo, mas convm

    salientar que a lngua espanhola tambm uma das lnguas mais faladas no mundo, sendo

    considerada a segunda lngua de comunicao internacional depois do Ingls, e tambm a

    segunda lngua mais estudada, de acordo com o que se verifica nas escolas do nosso pas e de

    acordo com o que se tem publicado, nomeadamente no Portal da Educao (Educare.pt) que

    refere que a lngua espanhola ganha credibilidade e j a segunda lngua mais falada no

    mundo.

    A prioridade dada lngua inglesa em detrimento de outras lnguas a nvel global tem a

    ver com a sua importncia no mundo da comunicao, do lazer e mesmo nas atividades

    laborais para poder atrair o investimento estrangeiro. Tambm a nvel do nosso sistema de

    ensino, esta lngua estrangeira tida como prioritria perante todas as outras lnguas em

    estudo.

    1.4.1 - Anlise do programa de iniciao Lngua Espanhola

    O programa de Espanhol a nvel de iniciao entrou em vigor no ano letivo 2011/2012,

    nos 5. e 6. anos de escolaridade, tendo sido homologado em 18 de julho de 2008. Como se

    trata de um programa de iniciao Lngua Espanhola, este foi usado para planificar as aulas

    de Espanhol dos 1. e 2. ciclo, visto serem ambos de iniciao lngua.

    Na sua parte introdutria, este programa assenta num pressuposto em que o professor

    deve considerar o aluno como um ponto central do processo de ensino/aprendizagem. Este

    deve ir ao encontro das suas necessidades e motivaes, deve tambm ter em conta os seus

    interesses educativos e pessoais podendo assim favorecer desta forma toda avaliao contnua

  • Enquadramento Terico

    17

    do aluno e a planificao das atividades. Tambm o elemento ldico elementar para o xito

    na sua aprendizagem, que se deve utilizar nas prticas pedaggicas diferenciadas

    (nomeadamente atravs de programas de computador, da Internet, em que o aluno pode

    procurar e desenvolver atividades diversas aliadas s lnguas) que vo ao encontro das

    necessidades, interesses e ritmos de aprendizagem dos alunos, bem como criam um

    impulsionamento comunicativo natural, realando o interesse da abordagem comunicativa.

    Assim, o intuito do ensino do Espanhol neste ciclo tende a propiciar a proximidade com

    a Lngua Espanhola e com as culturas dos povos hispano-lusos; alargar o conhecimento

    lingustico e cultural; fomentar uma perceo de interajuda e proximidade com o outro;

    ampliar capacidades cognitivas, aumentar a autoconfiana do aluno, o esprito de iniciativa, o

    sentido crtico, o dinamismo, o comprometimento e a autonomia e cooperar para o gosto pela

    atualizao inaltervel de saberes, atenta ainda implementar a utilizao dos media e das

    novas tecnologias como instrumentos de aprendizagem, de comunicao e de informao

    (ME, 2008) e (ME, 1996).

    Os objetivos deste programa equivalem ao nvel inicial e elementar do aluno (A1 e A2)

    relatados no Quadro Europeu Comum de Referncia para as Lnguas e pretendem orientar o

    professor para a elaborao das suas atividades.

    Aps a anlise deste programa pude concluir que os seus objetivos vo ao encontro das

    aprendizagens desenvolvidas no mbito da comunicao e de acordo com a faixa etrio dos

    alunos. A transmisso e assimilao de contedos ajudam o aluno na sua interao

    comunicativa.

    Aqui, o professor tem o papel de indicar as atividades; expor e decidir os objetivos mais

    vantajosos; estabelecer um sistema de avaliao de finalidade mltipla, flexvel, aberta,

    dinmica, fcil de usar e no dogmtica.

    Ao aluno reservado o papel de: criar a capacidade de avaliar o prprio processo de

    aprendizagem; reconhecer o valor da aprendizagem em grupo e da funo que desempenham

    os outros alunos, o professor e o prprio aluno; criar a capacidade de planificar de forma

    autnoma o trabalho. tambm objetivo do programa dar nfase competncia

    comunicativa, havendo um predomnio da expresso oral e compreenso auditiva.

    Apresento algumas propostas de tarefas dos 5. e 6. anos para planificao, previstas

    pelo Ministrio da Educao.

    5. Ano

  • Enquadramento Terico

    18

    Figura 1 - Proposta de Tarefas segundo o Programa de Espanhol de 2. Ciclo para o 5. ano (ME, 2008:41)

    6. Ano

    Figura 2 - Proposta de Tarefas segundo o Programa de Espanhol de 2. Ciclo para o 5. ano (ME, 2008:45)

    Ento, de salientar que o programa de 2. ciclo d grande relevncia ao uso de

    materiais genunos que possibilitem ao aluno uma realidade mais contgua sua. So

    indicados o uso de jogos e msicas bsicas e alegres, a utilizao de CDs, vdeo e udio, jogos

    de gramtica, etc.. o que me parece estar completamente condizente com as propostas de

    materiais para a planificao por tarefas porque facilitam o elo entre os alunos e o

    aperfeioamento da competncia comunicativa.

    Em concluso e pela anlise que fiz, o programa em causa task-based, pois so

    propostas tarefas do quotidiano do aluno, para que este amplie a competncia comunicativa.

    Tema: Eu e os outros

    Tarefa: Fazer a nossa apresentao por escrito para intercmbio com outros

    colegas ou escolas atravs da Internet

    Objetivos:

    Apresentar-se: dar e pedir informao sobre os nomes, apelidos e nacionalidade.

    Perguntar pela identidade de algum.

    Comprovar a identidade de algum.

    Apresentar-se brevemente aos colegas de turma.

    Descrever as principais caractersticas fsicas e psicolgicas de uma pessoa.

    Escrever um texto a apresentar-se.

    Tema: Eu / tu

    Tarefa: Elaborar um livro de turma, com a informao elementar de todos os

    alunos.

    Objetivos:

    Cumprimentar e despedir-se.

    Apresentar-se: dar e pedir informao sobre os nomes, apelidos e

    nacionalidade.

    Perguntar pela identidade de algum.

  • Enquadramento Terico

    19

    1.4.3 - O programa de Ingls para o 3.ciclo do ensino bsico

    Fazendo uma anlise ao programa de 3. ciclo de Ingls, este elege alguns desafios para

    professores e alunos, estimulando os professores para a mudana e valorizando todo o trajeto

    efetuado e todos os contedos apreendidos pelos alunos.

    Este programa valoriza a educao, promove a comunicao, fomentando o respeito, a

    interajuda, a solidariedade e a cidadania.

    No 3. ciclo, as finalidades de ensino vo ao encontro das do Programa de Ingls do 2.

    ciclo, em que os objetivos gerais fortalecem a utilidade de:

    Usar a lngua inglesa em apropriao progressiva das regras do sistema e do seu

    funcionamento, num crescendo de adequao e fluncia;

    Interpretar e produzir diferentes tipos de texto usando as competncias discursivas e

    estratgica com crescente autonomia;

    Relacionar-se com a cultura anglo-americana, questionando padres de comportamento

    diversificados no mbito da rea de experiencia deste programa;

    Manifestar, pela partilha de informao, ideias e opinies, atitudes positivas perante universos

    culturais e sociais diferentes o (s) colega (s), o professor, a(s) cultura(s) alvo;

    Integrar e desenvolver na sua prtica atitudes de responsabilidade, cooperao e solidariedade;

    Desenvolver estratgias de superao de dificuldades e resoluo de problemas, aceitando o

    risco como forma natural de aprender;

    Assumir a sua individualidade/ singularidade pelo confronto de ideias e pelo esprito crtico;

    Utilizar e desenvolver estratgias adequadas organizao do seu processo de aprendizagem;

    Desenvolver o gosto pela leitura extensiva em lngua inglesa (ME, 1997a:9).

    Assim, os alunos devem obter competncias especficas que terminem na obteno de

    uma competncia comunicativa. De acordo com este programa, esta competncia s pode ser

    alcanada atravs de situaes de interao que se aproximem do dia a dia.

    As metodologias para este ciclo de ensino devem ser:

    centradas no aluno, que o tornem agente ativo e consciente da sua prpria aprendizagem. Ela

    ser tanto mais significativa quanto mais os contedos se relacionarem diretamente com as suas

    vivncias e interesses e as experincias de aprendizagem o mobilizarem no s como aluno mas

    tambm como pessoa (ME, 1997:141)

    As orientaes metodolgicas divulgadas nos programas de 3. ciclo continuam a ser

    centralizadas no aluno, visando o seu desenvolvimento nos domnios social, afetivo e moral.

    O professor, enquanto facilitador das aprendizagens, deve proporcionar ao aluno os

    meios imprescindveis ao seu desenvolvimento, ampliando-lhe a capacidade de organizao,

    controle e avaliao das suas aprendizagens. Neste mbito, o professor deve facultar aos

    alunos meios que lhe permitam: praticar a lngua inglesa, experimentando o prazer de a

    utilizar em situaes diversas, como meio de comunicao til (ME, 1997:61).

    A elaborao desses programas demonstram uma preocupao com a sequncia dos

    contedos programticos em que estes sejam abordados periodicamente e apresentados numa

    boa articulao entre si.

  • Enquadramento Terico

    20

    Este programa prev, nos seus objetivos gerais, promover a criatividade na sua

    inteno de comunicao Nas suas competncias especficas, faz aluso a:

    Usar, de forma integrada e no sentido da eficcia dos atos comunicativos, linguagens

    diversas: imagens, gestos, mmica, sons, elementos para textuais (ilustrao, quadros,

    esquemas, diagramas...).

    Atendendo ao que o programa refere, devem ser aplicados estes recursos atravs da

    multimdia com a visualizao de diapositivos, vdeos e explorao de imagens.

    O Currculo Nacional do Ensino Bsico Competncias Essenciais estabelece que um

    dos princpios orientadores da educao bsica deve apontar para a valorizao de diferentes

    formas de conhecimento, comunicao e expresso, e que se vai desdobrar em duas

    competncias gerais:

    1. Mobilizar saberes culturais, cientficos e tecnolgicos para compreender a realidade

    e para abordar situaes e problemas do quotidiano;

    2. Usar adequadamente linguagens das diferentes reas do saber cultural, cientfico e

    tecnolgico para se expressar.

    1.4.4 - O programa de Espanhol para o 3.ciclo do ensino bsico

    O programa de Espanhol do 3. ciclo tem como referncia a Lei de Bases do Sistema

    Educativo e o Decreto Lei n 286/89. Apresenta orientaes metodolgicas, determinadas

    pelas finalidades e objetivos programticos e pelas linhas orientadoras dos Enfoques

    Comunicativos e de Un Nvel Umbral , uma obra de referncia na histria da didtica da

    Lngua Espanhola, da autoria de Slagter15

    (1979) que expe o grau mnimo e o domnio da LE

    que um aluno dever compreender para conseguir us-la em situaes quotidianas. O

    programa trata de temas do quotidiano, preparando o aluno para establecer y mantener

    relaciones sociales con hablantes de la LE [...] pasar el umbral que le separa de la comunidad

    que habla la LE (Slagter, 1979:6).

    Este programa aconselha que o professor empregue metodologias ativas centralizadas

    no aluno, que utilize recursos adequados ao aluno e que possibilitem que este construa as suas

    prprias aprendizagens.

    15 Peter Jan Slagter - Professor na University College Utrecht e Professor de Espanhol e professor assistente na

    Utrecht University

    http://nl.linkedin.com/company/university-college-utrecht?trk=ppro_cprofhttp://nl.linkedin.com/company/universiteit-utrecht?trk=ppro_cprof

  • Enquadramento Terico

    21

    O professor tem o papel de criador e orientador, competindo-lhe criar condies

    apropriadas para que o aluno possa desenvolver as suas aprendizagens ao nvel da lngua

    espanhola.

    Relativamente aos alunos:

    pretende-se que construam a sua prpria aprendizagem, participando na tomada de decises, com o fim de evitar conflitos entre a diversidade da turma e a tendncia para

    estandardizar o ensino e os processos, esperando resultados uniformes (ME, 1997:31).

    Assim, o Programa de Espanhol para o 3. ciclo define os seus objetivos gerais de

    maneira a permitir que o aluno possa:

    - adquirir as competncias bsicas de comunicao na lngua espanhola:

    - compreender textos orais e escritos, de natureza diversificada e de acessibilidade adequada ao

    seu desenvolvimento lingustico, psicolgico e social;

    - produzir, oralmente e por escrito, enunciados de complexidade adequada ao seu

    desenvolvimento lingustico, psicolgico e social;

    -utilizar estratgias que permitam responder s suas necessidades de comunicao, no caso em

    que os seus conhecimentos lingusticos e/ou seu uso da lngua sejam deficientes;

    - valorizar a lngua espanhola em relao s demais lnguas faladas no mundo e apreciar as

    vantagens que proporcionam o seu conhecimento;

    - conhecer a diversidade lingustica de Espanha e valorizar a sua riqueza idiomtica e cultural

    - aprofundar o conhecimento da sua prpria realidade sociocultural atravs do confronto com

    aspetos da cultura e da civilizao dos povos de expresso espanhola;

    - desenvolver a capacidade de iniciativa, o poder de deciso, o sentido da responsabilidade e da

    autonomia;

    - progredir na construo da sua identidade pessoal e social, desenvolvendo o esprito crtico, a

    confiana em si prprio e nos outros e atitudes de sociabilidade, de tolerncia e de cooperao

    (ME, 1997:9).

    Este programa indica que deve ser fornecida ao aluno a oportunidade de refletir e

    participar na sua avaliao e esta deve ser feita pelo professor atravs da observao direta do

    seu trabalho pessoal, de grupo ou de pares.

    A avaliao formativa mais valorizada e deve:

    recair prioritariamente sobre as competncias bsicas de comunicao da Lngua Espanhola de acordo com os mesmos objetivos e contedos, ela no pode deixar de observar tambm

    capacidades, atitudes e valores que tm a ver com outros aspetos do desenvolvimento pessoal do

    aluno (ME, 1997:34).

    Neste mbito, o processo de avaliao inicia-se na fase em que o professor define os

    objetivos e planeia as suas aulas. Os contedos, metodologias, recursos a utilizar pelo

    professor, inclusive os instrumentos de avaliao, devem estar em harmonia com a

    metodologia a utilizar e com a faixa etria dos alunos. fundamental que o professor avalie

    diariamente o desempenho dos alunos, por meio de uma observao direta.

    Tambm constituem elementos de avaliao as atividades de aprendizagem utilizadas

    pelos alunos trabalhos individuais e de grupo, entrevistas, discusses e debates, exposies,

  • Enquadramento Terico

    22

    porteflios, trabalhos de projetos, intercmbios culturais, bem como os dirios dos alunos, as

    cassetes udio e vdeo (ME, 1997:34).

    Os Programas de Espanhol para os dois ciclos adotam a mesma orientao

    metodolgica: a finalidade comunicativa da aprendizagem, os alunos como alvo central na

    sala de aula, o rigor de facultar uma aprendizagem efetiva da lngua tendo em conta as

    motivaes dos alunos, os seus diferentes ritmos de aprendizagem e o seu desenvolvimento

    no domnio cognitivo, afetivo e sociocultural.

    Este programa tambm prev a implementao e utilizao das novas tecnologias como

    instrumentos de aprendizagem, de comunicao e de informao, podendo criar, numa fase

    inicial, atividades que estimulem a aplicao de estratgias para determinar a situao, as

    relaes interpessoais, o estado de nimo, usando vdeos sem som, jogos para adivinhar,

    audies com pausa que permitam ao estudante dispor de tempo para ir formando as suas

    hipteses. Para qualquer atividade de audio teremos de contar com canais de comunicao

    como voz direta, nomeadamente, telefone, rdio, televiso, filmes, DVD, imprensa, entre

    outros.

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    23

    2 - AS PRTICAS DE ENSINO E ANLISES CRTICAS

    A Educao, qualquer que seja ela, sempre uma teoria do conhecimento posta em prtica.

    Paulo Freire

    2.1 - Contextualizao

    2.1.1 - As escolas das prticas de ensino

    As prticas supervisionadas, como vo ser descritas, procuraram aplicar as

    recomendaes dos programas discutidas no captulo anterior.

    Estas prticas desenvolveram-se ao longo de dois semestres, ocupando perodos de

    cinco semanas para cada disciplina e cada ciclo de ensino. As aulas do 1. ciclo de Espanhol

    tiveram lugar no Colgio So Joo de Brito e as do 3. ciclo de Ingls tiveram lugar no

    Agrupamento de Escolas Abade de Baal, em Bragana. Em Mirandela, foram lecionadas as

    aulas do 2. ciclo de Espanhol na Escola Bsica Luciano Cordeiro e, na Escola Secundria, as

    do 3. ciclo de Espanhol.

    Contudo, de salientar que todas estas prticas de ensino s foram possveis de realizar

    devido boa vontade dos (as) diretores (as) das escolas ao disponibilizarem as suas turmas. O

    empenho demonstrado por parte dos titulares dessas turmas, bem como as constantes

    orientaes pedaggicas transmitidas ao longo de todo o percurso de aulas supervisionadas,

    tambm foram um contributo acrescido, que proporcionou um resultado de sucesso

    relativamente implementao dessas prticas.

    Neste mbito, a maior preocupao foi planificar as aulas com recursos multimdia

    (PowerPoint, vdeo, udio, som imagem), mas nem sempre isso foi exequvel devido falta

    de equipamento tecnolgico na escola em causa. Quero salientar que, na escola Secundria de

    Mirandela, tive imensas dificuldades em usar estes recursos, pois as salas de aula s possuam

    unicamente um quando negro e giz. Sempre que ia lecionar uma aula, tinha que levar o

    computador, o projetor, a tela branca e, por vezes, extenses para poder por todo o material

    em funcionamento. Acontecia, por vezes, que as tomadas no funcionavam e tnhamos que

    mudar de sala. Embora esta situao perturbasse um pouco o incio do funcionamento das

    aulas, a verdade que, momentos depois, os alunos demonstraram grande recetividade e

    interesse face s atividades propostas, j que raramente utilizavam aqueles recursos

    multimdia na sala de aula. Considero que a utilizao destes recursos cativou e incentivou os

    alunos para melhorarem as suas aprendizagens.

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    24

    Esta escola encontra-se muito degradada em termos de instalaes e mal equipada em

    termos tecnolgicos. Ao contrrio da Escola Luciano Cordeiro, que j possua todo o

    equipamento necessrio para utilizao dos recursos multimdia, o que permitia implement-

    los e por em prtica atividades variadas que iam ao encontro dos interesses dos alunos e aos

    objetivos definidos para cada aula.

    O Colgio So Joo de Brito, em Bragana, escola privada, tinha umas instalaes

    bastante satisfatrias, mas tambm era preciso montar todo o equipamento necessrio, sempre

    que ia dar uma aula. Antecipadamente, durante o intervalo dos alunos, preparava o

    equipamento, o que permitia que este estivesse pronto a entrar em funcionamento logo que os

    alunos entrassem na sala de aula. Os alunos aderiram bem s atividades diversificadas que

    lhes eram proporcionadas.

    Atualmente a Escola Abade de Baal uma escola que possui instalaes modernas e

    tecnologicamente adequadas utilizao deste tipo de recursos. Mas, na altura da

    concretizao da prtica pedaggica, esta escola estava em obras e as aulas eram ministradas

    em contentores, e, mais uma vez, o material tinha que ser transportado e preparado

    antecipadamente para as atividades que eram realizadas na sala de aula.

    Estes alunos mostravam-se mais familiarizados com este tipo de recursos, por

    frequentarem uma escola onde eles so utilizados com mais regularidade.

    2.1.2 - As turmas e a calendarizao das aulas

    Em todas as turmas e no Clube de Espanhol, no incio de cada uma das prticas, foi

    feito um questionrio oral para levantamento de algumas informaes relevantes a fim de ser

    feita a caraterizao dos alunos.

    Na Escola Secundria de Mirandela, a prtica de ensino do Espanhol no 3. ciclo teve

    incio a 25 de fevereiro de 2011, na turma B do 8. ano de escolaridade. Esta turma tinha uma

    aula de Espanhol por semana, com a durao de 90 minutos, quinta-feira, das 10:20 s

    11:50. A orientao destas aulas ficou a cargo da professora titular Mariana Correia e a

    superviso foi feita pelo professor Nelson Parra, professor de Didtica do Espanhol na Escola

    Superior de Educao de Bragana.

    A turma era constituda por 16 alunos, sendo 10 rapazes e 6 raparigas, com idades

    compreendidas entre os 12 e os 15 anos.

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    25

    O grfico 1 representa a distribuio, em percentagem, dos gneros dos alunos da

    turma.

    Grfico 1 - Distribuio por gnero dos alunos do 8. B de Espanhol

    Como se pode verificar da anlise do grfico a turma era, maioritariamente,

    constituda por raparigas.

    A idade dos alunos situava-se entre os 12 e os 15 anos.

    Grfico 2 - Distribuio por idade dos alunos.

    Com base nos dados do grfico 2, podemos verificar que nesta turma predominavam os

    alunos com 13 anos, embora se verifique alguma heterogeneidade na distribuio de idades.

    Estes alunos eram oriundos do meio urbano e do meio rural envolvente o que provoca,

    tambm, heterogeneidade relativamente ao meio de onde so oriundos.

    A turma demonstrou alguns problemas quer a nvel do comportamento quer a nvel das

    aprendizagens, contudo as aulas foram ao encontro dos seus interesses, o que os levou a

    participar ativamente nas atividades desenvolvidas.

    O Espanhol de 2. ciclo foi lecionado na Escola Bsica Luciano Cordeiro em Mirandela.

    Neste estabelecimento de ensino, a disciplina de Espanhol no integrava a oferta

    curricular e foi necessrio solicitar autorizao para a criao de um clube de Espanhol. Como

    a adeso dos alunos foi muito grande, tivemos que fazer uma triagem e contemplando apenas

    15 alunos de 6. ano, visto este estarem numa fase de transio para o 7. ano e terem, nessa

    altura, a possibilidade de escolher a Lngua Espanhola.

    0% 0%

    37%

    63%

    N. de alunos do 8. B - Turma de Espanhol

    Raparigas Rapazes

    31%

    50%

    14% 6%

    Idades dos alunos

    12 anos 13 anos 14 anos 15 anos

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    26

    O dia de funcionamento do clube de Espanhol era s quartas-feiras, das 14:00h s

    15:00h, sob a orientao da professora Ftima Correia e superviso do professor Nelson

    Parra.

    A data de incio do clube foi a 18 de maio de 2011 e o grupo era constitudo por 6

    rapazes e 9 raparigas, com idades entre os 11 e os 13 anos.

    Grfico 3 - Distribuio por gnero dos alunos que frequentaram o Clube de Espanhol.

    Como se pode verificar da anlise do grfico 3, o grupo era predominante constitudo

    por raparigas.

    A distribuio dos alunos do Clube de Espanhol por idades apresenta-se no grfico

    seguinte, onde se observa que as idades dos mesmos variam entre os 11 e os 13 anos.

    Grfico 4 - Distribuio por idade dos alunos.

    Com base nos dados do grfico, podemos verificar que, no Clube de Espanhol,

    predominavam os alunos com 11 anos, tratando-se de um grupo bastante homogneo. Estes

    alunos eram oriundos quase exclusivamente do meio urbano.

    Os alunos que frequentaram o clube demonstraram muito interesse em aprender uma

    nova lngua empenhando-se em todas as atividades que foram desenvolvidas ao longo do

    tempo de funcionamento do clube. Este empenho teve como consequncia uma elevada

    assiduidade.

    Neste clube foi implementado o programa de iniciao lngua espanhola previsto

    para o segundo ciclo. O projeto do clube teve continuidade, dando a oportunidade a outras

    colegas de efetuarem tambm as suas prticas supervisionadas, desenvolvendo uma sequncia

    de contedos que persistiu at ao termo do ano letivo.

    0%

    32%

    68%

    N. de alunos que frequentaram o Clube de Espanhol

    Rapazes Raparigas

    0%

    67%

    20%

    13%

    Idades dos alunos do Clube de Espanhol

    11 anos 12 anos 13 anos

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    27

    Sucedeu-se a prtica de ensino do Espanhol no 1. Ciclo, numa turma de 3. ano, de

    nvel de iniciao de Espanhol, no Colgio So Joo Brito em Bragana, com uma aula

    semanal de 50 minutos de durao, durante cinco semanas. A primeira aula teve lugar no dia

    1 abril sob a orientao da professora Adlia Augusto e a superviso do professor Nelson

    Parra.

    Esta turma era constituda por 24 alunos, sendo 11 rapazes e 13 raparigas, com idade de

    8 anos. O grfico 5 demonstra o nmero de alunos da turma do 3 ano.

    Grfico 5 - Nmero de alunos da turma do Colgio.

    Com base nos resultados dos grficos, podemos verificar que a turma era

    predominantemente do gnero feminino. Estes alunos estiveram sempre motivados para as

    aprendizagens, participando com muito entusiasmo em todas as atividades propostas

    No ano letivo seguinte, promoveu-se a prtica de ensino do Ingls no 3. Ciclo, no 8 B

    na Escola Secundria/3 Abade de Baal em Bragana com a orientao da professora Isabel

    Varandas, que examinou as planificaes e fez algumas sugestes para atividades a realizar, e

    o Dr. Mrio Rocha, na qualidade de supervisor de Ingls da Escola Superior de Educao de

    Bragana, supervisionou esta prtica de ensino.

    Esta turma era constituda por 25 alunos, sendo 13 do gnero masculino e 12 do gnero

    feminino. A carga horria era de um bloco semanal de 90 minutos, que nesta turma tinham

    lugar quinta-feira das 8h30 s 10 h.

    Grfico 6 - Percentagem do nmero de alunos da turma do 8. B de Ingls

    0%

    55% 45%

    N. de alunos da turma de 3. ano do Colgio So Joo de Brito

    - Espanhol

    Rapazes Raparigas

    0%

    52% 48%

    N. de alunos da turma da turma do 8. B - Ingls

    Rapazes Raparigas

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    28

    Nesta turma, como se verifica da anlise do grfico 6, a percentagem de cada gnero era

    semelhante.

    Grfico 7 - Distribuio por idade dos alunos do 8. B Ingls

    A mdia de idades dos alunos que constituem a turma, como se pode verificar no

    grfico 7, de 13 anos. Por isso verificamos que estes alunos esto dentro do expectvel para

    este ano de escolaridade.

    Esta turma demonstrou sempre bastante empenho na realizao das tarefas e colaborou

    sempre de forma entusiasta e empenhada nas atividades propostas.

    Esta prtica pedaggica teve a durao de cinco semanas seguintes, com inicio a 3 de

    novembro e terminando a 15 de dezembro 2011.

    Devo contudo salientar que, posteriormente ao trmino do estgio e a convite da

    professora titular da turma, se desenvolveram outras atividades com os alunos a nvel da

    utilizao da multimdia/computador.

    O presente relatrio no refere as aulas de Ingls no 2. ciclo porque no foram

    lecionadas. Isto deveu-se dispensa por parte da Comisso Cientfica do Mestrado, em

    virtude de eu j ter efetuado um estgio profissionalizante neste ciclo, no mbito do estgio

    integrado da minha licenciatura em Professores do Ensino Bsico, Variante Portugus/Ingls

    em 2000, na Escola Paulo Quintela em Bragana. Tambm no inclui as aulas de Ingls no 1.

    ciclo em virtude da mesma dispensa com base na experincia comprovada de mais de cinco

    anos no ensino de Ingls no 1. ciclo.

    Esta prtica anterior levou-me a adquirir uma viso mais convicta das necessidades do

    ensino de lnguas estrangeiras e permitiu passar para estas prticas supervisionadas o meu

    saber anterior ainda que a maneira de atuao seja divergente de ciclo para ciclo, de acordo

    com as faixas etrias dos alunos e as suas particularidades.

    0% 0%

    36%

    64%

    Idades dos alunos

    12 anos 13 anos

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    29

    2.2 - Descrio das aulas implementadas e anlise crtica

    2.2.1 - A prtica de ensino do Espanhol no 1. Ciclo

    Na formao permanente dos professores o momento fundamental o da reflexo crtica

    sobre a prtica. pensando criticamente a prtica de hoje ou de ontem que se pode melhorar

    a prxima prtica. Paulo Freire (1996).

    A minha prtica pedaggica do 1. ciclo de Lngua Espanhola foi efetuada no Colgio

    So Joo Brito em Bragana, numa turma de 3. ano, de nvel de iniciao de Espanhol.

    Todos os alunos tinham residncia na cidade de Bragana e eram provenientes de um nvel

    socioeconmico mdio.

    Esta turma era constituda por 24 alunos, sendo 11 rapazes e 13 raparigas, com idade

    de 8 anos. A formao acadmica dos seus encarregados de Educao oscilava entre o 4. ano

    de escolaridade e a licenciatura. As profisses eram bastante dspares. No geral, existia uma

    colaborao ativa por parte das famlias na vida escolar.

    Os problemas mais visveis desta turma incidiam no facto de os alunos se mostrarem

    bastante egocntricos, revelando falta de respeito uns pelos outros, no se verificando um

    esprito de cooperao e interajuda em contexto de aula. Alm de se verificarem estes

    comportamentos bastante infantis, os alunos demonstravam, ainda, nveis pouco aceitveis de

    ateno e concentrao, mostrando-se muito faladores e barulhentos. Cinco destes alunos

    mostravam-se completamente alheios em relao explicao dos contedos lecionados, no

    ouvindo, na maior parte das vezes, as explicaes que lhes eram transmitidas pela professora.

    Estes alunos beneficiaram, sempre, de um apoio e orientao constantes por parte da

    docente na realizao das tarefas propostas. Apesar deste comportamento inicial, os alunos

    demonstraram bastante recetividade relativamente ao ensino da Lngua Espanhola,

    cooperando com muito interesse nas atividades propostas.

    A professora titular da turma, Adlia Augusto, manteve sempre uma atitude muito

    profissional, mostrando-se sempre disponvel para colaborar e ajudar, ao longo do decorrer do

    estgio.

    Na atividade pedaggica, usei materiais diversificados retirados de outras fontes ou

    elaborados por mim. Tambm recorri a diversas estratgias, tentando que estas estimulassem

    os alunos para a aprendizagem da lngua.

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    30

    No quadro abaixo, esto inseridas as atividades principais desenvolvidas em cada aula

    de Espanhol no 1. ciclo e que, seguidamente, sero descritas.

    Quadro 3 - Calendarizao e Planificao Espanhol 1. Ciclo.

    Os objetivos da prtica pedaggica direcionaram-se especialmente para o aluno e o seu

    meio envolvente, privilegiando o poder de concentrao e da sua participao nas atividades.

    Procurei criar uma maior afinidade entre professora/alunos de forma a fomentar o desejo e a

    determinao nas aprendizagens da lngua espanhola. Acredito que teria sido mais produtivo

    se tivesse tido a oportunidade de ter diversificado um maior nmero de atividades, mas o

    tempo limitado de aula (45 minutos) no o permitiu.

    1. aula: 1 de abril de 2011

    Atividade: explorao de vocabulrio atravs das imagens visionadas

    Recursos e materiais: computador/apresentao em PowerPoint; vdeo projetor; tela de

    projeo.

    Descrio da atividade:

    Esta primeira aula decorreu, excecionalmente, na biblioteca do Colgio, pois o

    retroprojetor no se encontrava operacional. Antes do incio da aula, a professora titular fez a

    minha apresentao turma e esclareceu os alunos acerca da minha presena. Eles aceitaram

    Aula/ Data Principais objetivos da aula

    1. aula:1 de abril de

    2011

    Localizar Espaa en el mundo y decir las principales ciudades

    Espaolas.

    2. aula: 29 de abril de

    2011

    Presentarse y saludar a los compaeros y la profesora;

    Comprender una cancin sobre los saludos e despedidas

    3. aula: 6 de maio de

    2011

    Identificar, enunciar, pronunciar y leer el alfabeto

    Identificar, enunciar, pronunciar y leerlos colores

    Comprender una cancin sobre los colores.

    4. aula: 13 de maio de

    2011

    Identificar, enunciar, pronunciar y leer los nombres de los

    meses y las estaciones del ao;

    Comprender una cancin sobre los meses y las estaciones del

    ao.

    5. aula: 20 de maio de

    2011

    Identificar, enunciar, pronunciar y leer los das de la semana;

    Comprender una cancin sobre los das de la semana.

  • As prticas de ensino e anlises crticas

    31

    com agrado, pois j tinha tido contacto com esta turma anteriormente, aquando da minha

    lecionao nesse colgio nas AECs.

    Como motivao, comecei por apresentar um PowerPoint, permitindo aos alunos

    visionar as diferentes regies de Espanha e a bandeira espanhola. Estabelecemos um breve

    dilogo sobre as imagens produzidas, enquanto os alunos tiveram a oportunidade de repetir o

    nome das regies que se encontravam por baixo de cada imagem. Posteriormente foi

    distribuda, a cada aluno, uma cpia da bandeira portuguesa e da bandeira de espanha para

    que os alunos as pintassem com as cores adequadas. (Apndice 1).

    Reflexo crtica da aula:

    Aspetos Favorveis: Verificou-se uma participao ativa nas atividades por parte dos alunos,

    o que vai ao encontro da tipologia dos Programas do Ensino Bsico. A repetio dos nomes

    das regies foi feita em coro, dando oportunidade aos alunos m