proj-poes-ativ 01-20

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  • 8/14/2019 PROJ-POES-ATIV 01-20

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    ATIVIDADES

    DE

    LEITURA

    EINTERPRETAO

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    A DANA DAS HORASFlvia Muniz

    O relgio vai batendo ...As pessoas vo correndo;Pois ningum pode parar.

    O tempo manda no mundo,E quem se atrasa um segundo,Atrasado j est! hora do doutor Nicolau ir para ohospital. hora de dona Izabel limpar o hotel.

    hora de Helosa costurar a camisa. hora de Helena regar a horta. hora de vov Glria contar histria. hora de Henrique fazer a lio.Viu s? J me atrasei!Que horas so?

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    A DANA DAS HORAS - FLVIA MUNIZ(atividade 01)

    1. Comentrio geral Na 1 e 2 estrofes h uma estrutura bastante semelhante. Em ambas, os dois

    primeiros versos rimam, sendo que na 1 a rima produzida por dois verbos no gerndio

    e na 2 por dois substantivos terminados em undo. Alm disso, o ltimo verso da 1estrofe rima com o ltimo da 2, contribuindo tambm para uma idia de ritmo emovimento rpido. As idias postas mostram relaes entre o tempo e a agitao quemove o mundo e as pessoas.

    Na 3 estrofe a poeta, atravs da repetio das estruturas sinttica dos versos (hora de + nome de algum + verbo no infinitivo + objeto direto), mantm o ritmoagitado e intenso que se vive nos dias de hoje, descrevendo o que algum tem que fazer,inclusive a prpria poeta, que brinca com este sentido, dizendo que tambm se atrasou e perguntando que horas so.

    O prprio ttulo do poema j uma referncia para este movimento agitado emque as pessoas podem viver, na correria do dia-a-dia.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30)relacionar as rimas e as repeties de termos e de estruturas sintticas presentes no

    poema;compreender possveis relaes entre o ttulo e os versos do poema.

    3. Materialdirio potico;lpis de cor;cpia do poema para cada aluno;cola e tesoura.

    4. Procedimento do professor1 momento

    Escrever o poema na lousa;Declamar mais de uma vez;Declamar em parceria com os alunos: a professora poder ler primeiro o incio dosversos e os alunos o final e depois o contrrio;Fazer uma anlise estrutural podendo tomar como referncia o comentrio geralacima;Fazer uma anlise semntica, explorando o sentido do poema em relao ao ttulo

    dado pela poetisa.2 momento

    Solicitar aos alunos uma ilustrao do poema.

    5. Procedimento do alunoDiscutir coletivamente o poema;Recortar e colar o poema no dirio;Fazer a ilustrao do poema.

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    L E V A V A E U U MJ A R R I N H O

    Fernando Pessoa

    Levava eu um jarrinhoPra ir buscar vinhoLevava um tostoPra comprar po;E levava uma fita

    Para ficar bonita.

    Correu atrsDe mim um rapaz:Foi o jarro pra o cho,Perdi o tosto,

    Rasgou-se-me a fita...Vejam que desdita!

    Se eu no levasse um jarrinho,Nem fosse buscar o vinho,Nem trouxesse uma fita

    Pra ir bonita,Nem corresse atrsDe mim um rapazPara ver o que eu fazia,Nada disto acontecia.

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    LEVAVA EU UM JARRINHO FERNANDO PESSOA(atividade 02)

    1. Comentrio geralEste poema singelo est dividido em 3 estrofes. Na 1 estrofe temos 6 versos

    rimados: a/a, b/b, c/c. Na 2, com 5 versos, a organizao : a, b/b, c/c. A ltima

    estrofe, com 8 versos: a/a, b/b, c/c, d/d. A inocncia da menina que o poema retrata ficaexpressa pelo jarrinho que levava e pela fita que usava. A confuso do encontro com orapaz (talvez ela tenha ido bonita justamente para encanta-lo), traz um certoarrependimento em sair bonita e levar o jarrinho.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50)analisar a estrutura rtmica do poema.

    3. Material poema apresentado em folha 40 kg ou na lousa;dicionriodirio potico;lpis grafite preto.

    4. Procedimento do professor1 momento

    escrever o poema na lousa;ler a bibli(o)grafia do Fernando Pessoa;declamar vrias vezes;discutir a estrutura do poema e seus sentidos;orientar os alunos em dupla a encontrar o sentido de "tosto" e desdita;escrever ao lado do poema os sentidos que encontraram e que faa sentido dentro do

    poema.

    2 momentosolicitar a cpia no dirio.

    5. Procedimento do alunodiscutir coletivamente o poema;copiar o poema no dirio;usar o dicionrio para descobrir o sentido de "tosto" e desdita.

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    A PESCAAffonso Romano de Sant`Anna

    O anil o anzol o azul

    o silncio

    o tempo o peixe

    a agulha vertical mergulha

    a gua a linha a espuma

    o tempo o peixe o silncio

    a garganta a ancora o peixe

    a boca o arranco o rasgo

    aberta a gua aberta a chaga aberto o anzol

    aquelneo gil-claro estabanado

    o peixe a arcia o sol.

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    A PESCA AFFONSO ROMANO DE SANTANNA(atividade 03)

    1. Comentrio geral A pesca um contundente poema que apresenta, pelo menos, duas fortes

    caractersticas: a estrutura paralelstica dos versos (artigo + substantivo) e as cenas deuma pescaria a que cada estrofe remete. Atravs dos nomes e da ordem em queaparecem pode-se supor cada momento da pesca. Por exemplo: na 1 estrofe, o comeodo dia, a preparao; na 2, a espera do peixe; na 3, o movimento da agulha dentrodgua; e assim por diante.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50) Compreender a estrutura do poema e dos versos e identificar os diversos momentosda pescaria.

    3. Material Poema xerocado para cada aluno;Dirio potico;Lpis grafite preto.Tesoura e cola

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Escrever o poema na lousa;Declamar vrias vezes;Discutir o modo como o poema se organiza; Numerar as estrofes.

    2 momento Solicitar aos alunos que escrevam ao lado de cada estrofe, em dupla, a qualmomento da pescaria o poeta faz referncia;Socializar o que os alunos escreveram;Colar no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poema;Declamar com o professor Escrever, em dupla, os momentos de uma pescaria a que faz aluso cada estrofe;Colar o poema no dirio.

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    [a traa]Guto Lins

    A t r a a

    Tr a a t u d o

    O q u e n a f r e n t e e n c o n t r a r

    Sua ca l a d e ve lud o

    S e u c a s a c o s o b r e t u d o

    E o q u e t i v e r p a r a t r a a r

    S n o t r a a a s u a m e i a s u j a

    A q u e l e t r o o e s q u i s i t o

    Q u e v o c e s q u e c e u d e l a v a r.

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    [a traa] GUTO LINS(atividade 04)

    1. Comentrio geral Talvez o elemento mais marcante deste poema seja o jogo homonmico1 (1. traa

    = inseto domstico que come roupas e livros; 2. traa = verbo traar, acabar comtudo, comer at o fim, dar cabo de; 3. traa = verbo traar, riscar, marcar, desenhar) e asaliteraes2, como por exemplo, traa, troo, que do um tom humorado ao poema.H outras repeties que o professor pode destacar junto com os alunos.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50) Estabelecer algumas relaes homonmicas que o poema apresenta.

    3. Material Poema xerocado para cada dupla;Dirio de poesia;Lpis grafite preto.Lpis de cor

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Distribuir o poema para as duplas;Solicitar que marquem as palavras iguais com sentidos diferentes e escrever o quesignificam;Solicitar que marquem tambm as palavras que repetem as mesmas letras, comotroo, traar e traa.

    2 momento Fazer a discusso coletiva marcando na lousa as palavras destacadas pelos alunos;Solicitar que cada aluno da dupla copie em seu dirio o poema (a folha xerocadadever ser devolvida ao professor).

    5. Procedimento do aluno Ler e marcar em dupla as palavras iguais e seus diferentes sentidos, assim como asque repetem as mesmas letras.Socializar o que marcaram;Copiar o poema no dirio.

    1 Homnimo: 1. Que ou aquele que tem o mesmo nome. 2. E. Ling. Diz-se de, ou palavra que se pronuncia da mesma forma que outra, mas cujo sentido e escrita so diferentes (os homfonos lao =laada, lasso = cansado), ou que se pronuncia e escreve do mesmo modo, mas cujo significado diverso(os homgrafos falcia = qualidade de falaz, e falcia = falatrio).2 Aliterao: 1. Repetio de fonema(s) no incio, meio ou fim de vocbulos prximos, ou mesmodistantes (desde que simetricamente dispostos) em uma ou mais frases, em um ou mais versos;aliteramento, paragramatismo. Ex.: "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua como as brumas de umletargo..." (Cruz e Sousa, Broquis, p. 50); "Rara, rubra, risonha, rgia rosa" (Flix Pacheco, Poesias, p.19); "Na messe, que enlourece, estremece a quermesse..." (Eugnio de Castro, Obras Poticas, I, p. 58);"Alpede, esbelta e cheia de elance, perfume que perpassa, ave leve, rpida, lpida como um relance."(Pedro Nava, Beira-Mar, p. 273).

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    TECENDO A MANH de Joo de Melo Neto

    Um galo no tece uma manh:ele precisar sempre de outros galos.De um que apanhe esse grito que ele

    e o lance a outro; de um outro galoque apanhe o grito que um galo antese o lance a outro; e de outros galos

    que com muitos outros galos se cruzemos fios de sol de seus gritos de galo,

    para que a manh, desde uma teia tnue,se v tecendo, entre todos os galos.

    2

    E se encorpando em tela, entre todos,se erguendo tenda, onde entrem todos,se entretendendo para todos, no toldo(a manh) que plana livre de armao.

    A manh, toldo de um tecido to areoque, tecido, se eleva por si: luz balo.

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    TECENDO A MANH JOO CABRAL DE MELO NETO(atividade 05)

    1. Comentrio geral O poeta abre o poema fazendo uma parfrase1 do provrbio uma andorinha

    sozinha no faz vero. Depois, os sentidos de tecer, abrir, comear, costurar,pintar, unir, fiar, entrelaar, entre outros ficam circulando por dentro dosversos. Contudo, a metfora2 mais forte parece estar ligada a tecer, tecido que ganhaforma, que ganha corpo ao longo do poema. Na 1 estrofe h algo que chama a ateno:a presena de galo/galos em praticamente todos os versos, inclusive produzindo asrimas finais. (esta repetio colabora na construo de sentido de movimento, deconstruo do tecido, um grito de galo que vai passando de um a outro, tecendo amanh ou o amanh, sentido tambm possvel na leitura do ttulo: um dia atrs dooutro. H outras trs imagens que tambm vale a pena destacar: nos verso 7 e 8 da 1estrofe: (...) se cruzem / os fios de sol de seus gritos de galo/; b) na 2 estrofe, no 1verso: E se encorpando em tela (...) e c) (...) toldo de um tecido to areo (...). Almdisto tudo, o poeta nos desafia a dar sentido palavra inventada entretendendo.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50) Levar os alunos a construrem sentidos para as metforas que o poema traz.

    3. Material Poema xerocado para cada aluno;Dirio de poesia;Lpis de cor;Cola e tesoura.

    4. Procedimento do professor 1 momento Distribuir o poema para os alunos;Declamar vrias vezes; Numerar as estrofes e os versos;Em dupla, solicitar que marquem em vermelho todas as palavras com a letra GEm dupla, solicitar que marquem em vermelho todas as palavras com a letra T

    2 momento Discutir os sentidos das palavras marcadas;Colocar na lousa duas ou trs metforas do poema;Pedir para os alunos, em dupla, escreverem os sentidos possveis das metforas e da palavra entretendendo;Socializar os sentidos entre todos os alunos.

    5. Procedimento do aluno

    1 Parfrase: [Do gr. parphrasis, pelo lat. paraphrase.] S. f. 1. Desenvolvimento do texto de um livro ou deum documento conservando-se as idias originais; metfrase. 2. E. Ling. Modo diverso de expressar fraseou texto, sem que se altere o significado da primeira verso. 3. Traduo livre ou desenvolvida. 4. Fam.Comentrio malevolente.2 Metfora: [Do gr. metaphor, pelo lat. metaphora.] S. f. 1. Tropo que consiste na transferncia de uma palavra para um mbito semntico que no o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numarelao de semelhana subentendida entre o sentido prprio e o figurado; translao. [Por metfora,chama-se raposa a uma pessoa astuta, ou se designa a juventude primavera da vida.].

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    Declamar o poema; Numerar as estrofes e os versos;Escrever e marcar em dupla as palavras com as letras G e T;Escrever, em dupla, os sentidos das metforas apontadas e da palavraentretendendo;

    Recortar e colar o poema no dirio;Ilustrar o poema.

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    GAGARINCassiano Ricardo

    patoselvagem

    ave

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    GAGARIN CASSIANO RICARDO(atividade 06)

    1. Comentrio geral Usando a dimenso grfica e espacial na folha de papel, este poema se insere no

    movimento literrio denominado de concretismo. A disposio do poema na folha de papel tem uma importncia crucial na produo de sentidos. Cassiano Ricardo, ao propor a escrita de modo circular, est fazendo referncia a volta Terra feita pela primeira vez pelo astronauta russo Gagarin em 1961. Tambm joga com a repetio de palavras (belo e ave, por exemplo) e faz anagramas1 com suas possibilidades decombinao (bela nave, belonave2, bela ave). A oposio entre os sentidos de belo,selvagem e blica podem sugerir que a incrvel tecnologia que permitiu levar ohomem ao espao tambm faz a guerra. Outro ponto interessante neste poema que suacircularidade se reflete no modo de ler: ele pode ser lido em diferentes direes.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50) Mostrar como o jogo anagramtico e a construo no espao da folha de papel

    podem interferir na produo de sentido do poema.

    3. Material Poema escrito em papel 40 kg;Dirio potico;Caneta preta;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Fixar o poema na lousa;Declamar vrias vezes, mostrando a possibilidade de se ler em diferentes direes;Explorar os sentidos produzidos pela disposio no papel e pelo jogo de palavras

    2 momento Solicitar que copiem com caneta no dirio;Solicitar que faam uma ilustrao;

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poema;Copiar no dirio;Fazer uma ilustrao

    1 Anagrama: [Do lat. mod. anagramma < gr. anagrammatisms < gr. anagrammatzein, 'transpor letras'.]S. m. 1. Palavra ou frase formada pela transposio das letras de outra palavra ou frase. Ex.: Belisa (deIsabel); Soares Guiamar (pseudnimo de Guimares Rosa); "Pelo seu prprio contedo, a Menina eMoa [de Bernardim Ribeiro] no pode deixar de ter um fundo autobiogrfico, de ser, pelo menos em parte, um roman clef, como sugerem numerosos anagramas transparentes: Binmarder (Bernardim),Ania (Joana), Avalor (lvaro), Arima (Maria), Donanfer (Fernando), etc." (Antnio Jos Saraiva escar Lopes, Histria da Literatura Portuguesa, p. 239); "E dizem que a Iracema do romance de Alencar o anagrama de Amrica." (Joo Ribeiro, Curiosidades Verbais, p. 76).2

    Belonave: [De belo- + -nave.] S. f. Bras. 1. Navio de guerra: "desenhava dois navios de guerra, umdiante do outro, enchia-os de marinheiros .... e iava nas duas belonaves as bandeiras da Frana, da Itlia,ou da Alemanha" (Humberto de Campos, Memrias, p. 184).

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    ALARANJADOJoo Guimares Rosa

    No campo seco, a crepitar em brasas,danam as ltimas chamas da queimada,to quente, que o sol pende no ocaso 1,bicadopelos sanhaos 2 das nuvens,para cair, redondo e pesado,como uma tangerina tempor madura...

    1 Ocaso: [Do lat. occasu.] S. m. 1. Desaparecimento de um astro no horizonte, do lado oeste, proveniente domovimento diurno; pr. 2. Ocidente, oeste, poente: "O prisioneiro, cuja morte anseiam, / Sentado est, / O prisioneiro, que outro sol no ocaso / Jamais ver!" (Gonalves Dias, Obras Poticas, II, p. 20); "O ocasoflamejava numa fulgurao deslumbrante de ouro e prpura" (Coelho Neto, Banzo, p. 117). 3. Fig.Termo, fim, final: o ocaso da vida; "No meu encontro com Getlio Vargas, naquela hora final do seu ocaso,estava eu longe de adivinhar o desfecho trgico da manh de vinte e quatro de agosto." (Augusto FredericoSchmidt, As Florestas, p. 211). 4. Fig. Queda, runa, decadncia, extino, morte, crepsculo: o ocaso doimprio romano. Ocaso real. Astr. 1.Instante exato da passagem de um astro pelo horizonte ocidental; ocasoverdadeiro. Ocaso verdadeiro. Astr. 1. Ocaso real.2

    Sanhao: [Var. de sanhau.] S. m. Bras. Zool. 1. Designao comum a vrias aves passeriformes,traupdeas, gnero Thraupis. [Var. e sin., nesta acep.: assanhao, papa-laranja, sa-au.] 2. V. sanhao-de-mamoeiro.

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    ALARANJADO JOO GUIMARES ROSA(atividade 07)

    1. Comentrio geral O que alaranjado neste maravilhoso poema de Joo Guimares Rosa? O sol, o

    pr-de-sol, o campo seco, a queimada, as nuvens, todo o fim de tarde? Talvez seja tudoisso. Todo o poema parece estar pintado de alaranjado. Todo o poema parece ser umlento pr-de-sol em que o cu vai se tingindo. As nuvens como aves, o sol como umatangerina. Metforas1 que constroem os sentidos deste texto e do o tom da cor daquelefinal de dia.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50) Procurar indicar as metforas usadas, levando os alunos a construrem sentidos

    possveis para elas.

    3. Material Poema escrito em papel 40 kg ou escrito na lousa;Dirio potico;Dicionrio;Caneta preta;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Fixar o poema na lousa;Declamar vrias vezes;Pedir para copiar no dirio potico o poema;

    Grifar na lousa ou no 40 kg as palavras que os alunos indiquem comodesconhecidas;Procurar, junto com os alunos agrupados em dupla, os significados das palavrasdesconhecidas;Solicitar que escrevam no dirio os significados encontrados, enquanto o professor escreve na lousa.

    2 momento Reler o poema procurando reconstruir os sentidos das metforas a partir dossignificados encontrados no dicionrio;Solicitar que faam uma ilustrao para o poema.

    5. Procedimento do aluno Copiar no dirio;Buscar os significados das palavras desconhecidas;Rever os sentidos das metforas do poema;Fazer uma ilustrao

    1 Metfora: [Do gr. metaphor, pelo lat. metaphora.] S. f. 1. Tropo que consiste na transferncia de uma palavra para um mbito semntico que no o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numarelao de semelhana subentendida entre o sentido prprio e o figurado; translao. [Por metfora,chama-se raposa a uma pessoa astuta, ou se designa a juventude primavera da vida.]

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    VERDEGUIMARES ROSANa lmina azinhavrada 1 desta gua estagnada,entre painis de musgo

    e cortinas de avenca,bolhas espumejamcomo opalas ocas

    num veio de turmalina: uma r bailarina,

    que ao se ver feia, toda ruguenta,pulou, raivosa, quebrando o espelho,

    e foi direta ao fundo,reenfeitar, com mimo,suas roupas de limo...

    1 Azinhavrar: [De azinhavre + -ar2.] V. t. d. 1.. Cobrir de azinhavre: A umidade azinhavra o cobre. V. int.V. p. 2. Cobrir-se de azinhavre: A moeda de cobre azinhavrou.Azinhavre: [Do r. az-zin1Ar < persa zengir, 'matria verde, ou ferrugem'.]S. m. 1. Camada verde decarbonato de cobre que se forma nos objetos de cobre expostos ao ar e umidade; azebre, zinabre.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 31

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    VERDE JOO GUIMARES ROSA(atividade 08)

    1. Comentrio geral Intitulado Verde, este poema faz parte de uma srie de poemas cujos ttulos

    so cores (Alaranjado, Amarelo, Azul, "Anil", entre outros). Aqui, o verde parece escorregar da lmina azinhavrada, da gua estagnada, dos painis demusgo, das cortinas de avenca, do veio de turmalina, da prpria r, mas tambmdo lago e tudo ao redor. interessante ainda como o poeta consegue pintar um cenrioem que as imagens atravs das palavras do o tom cena. Alm disso, o modo como o poeta consegue construir, atravs das metforas1, imagens que descrevem uma cena,remetendo cor que est no ttulo, sem usar a palavra verde. O mesmo acontece no poema Alaranjando.

    2. Objetivo da atividade (+/- 50) Fazer os alunos inferirem, a partir dos versos, a relao entre o poema e o ttulo.

    3. Material Uma cpia do poema para cada alunoDirio potico;Caneta preta;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Entregar o poema para os alunos e ler coletivamentePedir para eles dizerem qual a relao entre o ttulo e os versos

    2 momento Discutir as imagens destacadas no comentrio geral

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poema;Copiar no dirio;Fazer uma ilustrao

    1 Metfora: [Do gr. metaphor, pelo lat. metaphora.] S. f. 1. Tropo que consiste na transferncia de uma palavra para um mbito semntico que no o do objeto que ela designa, e que se fundamenta numarelao de semelhana subentendida entre o sentido prprio e o figurado; translao. [Por metfora,chama-se raposa a uma pessoa astuta, ou se designa a juventude primavera da vida.]

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 32

  • 8/14/2019 PROJ-POES-ATIV 01-20

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    HORRIO DO FIMMia Couto

    morre-se nadaquando chega a vez

    s um solavancona estrada por onde j no vamos

    morre-se todoquando no o justo momento

    e no nuncaesse momento

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 33

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    HORRIO DO FIM - MIA COUTO(atividade 09)

    1. Comentrio geral Neste belo e triste poema, o poeta moambicano Mia Couto mostra a

    contraposio entre morrer quando j no h mais nada a fazer porque se ficou muitovelho (morre-se nada) e morrer quando no se espera, morrer de repente (morre-setodo). Quando morre-se nada parece que no se perde muito, parece apenas umsolavanco na estrada. Quando morre-se todo, quando se morre de repente, pareceque se perde tudo.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Fazer os alunos inferirem, a partir dos versos, a relao entre o poema e o ttulo,entre morre-se nada e morre-se todo.

    3. Material Copia do poema (lousa);Dirio potico;Caneta preta.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Copiar poema na lousa e discutir coletivamente

    2 momento Copiar poema no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poema;Copiar no dirio.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 34

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    RARIDADEJos Paulo PaesA ARARA UMA AVE RARAPOIS O HOMEM NO PRADE IR AO MATO CA-LAPARA A PR NA SALAEM CIMA DE UM POLEIROONDE ELA FICA O DIA INTEIROFAZENDO ESCARCUPORQUE J NO PODE

    VOAR PELO CU.

    E SE O HOMEM NO PRADE CAAR ARARA,HOJE UMA AVE RARA,OU A ARARA SOMEOU ENTO MUDA SEU NOMEPARA ARRARA.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 35

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    RARIDADE JOS PAULO PAES(atividade 10)

    1. Comentrio geral Jos Paulo Paes brinca com as palavras raro, arara, raridade, alm de criar

    homofonias1 entre arara e a rara. Os efeitos de sentido comeam pelo ttulo, quetanto faz referncia arara, quanto ao fato dela estar ameaada de extino, ou de ser raro encontrar alguma se o homem continuar matando-a.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Levar os alunos a perceberem o jogo homofnico entre as palavras do poema.

    3. Material Copia em xerox para cada aluno;Um saquinho para cada aluno com os versos embaralhados, incluindo o ttulo;Dirio potico;Tesoura e cola;

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Distribuir os saquinhos e pedir para montarem o poema e colar;Ler o poema vrias vezes;Explorar com os alunos os sentidos e as homofonias produzidas no poema.

    5. Procedimento do aluno Montar o poema e cola-lo;Discutir coletivamente o poema

    1 Homofonia: [Var. pros. de homofono.] Adj. S. m. E. Ling. 1. Diz-se de, ou vocbulo que tem o mesmosom de outro com grafia e sentido diferente. Ex.: pao = palcio real, e passo = marcha, censo =recenseamento, e senso = juzo. [Sin. do adj.: homofnico; antn. ger.: heterfono. Cf. homnimo.] [Amelhor forma homofono, mas o uso consagrou homfono; v. -fono.]

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    cabelo cresce porque

    cresce pelo cresce porque crescegrama cresce porque cresce

    planta cresce porque crescecabelocresce porque cresce pelo cresce porque crescegramacresce porque cresce plantacresce porque cresce

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    CABELO CRESCE ARNALDO ANTUNES(atividade 11)

    1. Comentrio geral A idia de movimento, de algo que vai aumentando e depois cortada, mas

    continua a crescer e novamente cortada parece ser produzido pelo prprio modo comoele est grafado e disposto na pgina. Esta questo grfico-espacial, alm da repetiodas palavras, que constitui os efeitos de sentidos do poema. Para que os alunos possamentender melhor isto, o professor poderia escrever o poema na lousa "normalmente" ediscutir como se perde estes efeitos.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Estabelecer relaes entre os sentidos do poema e seu modo de registro grfico

    3. Material Copia em xerox para cada aluno;Dirio potico;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Entregar o poema xerocado;Escrever o poema na lousa de modo normal e analisar as suas perdas desentidos;Declamar mudando a entonao (por exemplo, aumentando e diminuindo a voz),tentando recuperar a idia de coisa pequenina que vai crescendo;Propor um concurso de declamao entre as duplas de alunos.

    2 momento Copiar o poema no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poema;Preparar e apresentar uma declamao;Escrever o poema no dirio, procurando preservar a dimenso grfico-espacial.

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    [os nomes dos bichos no so os bichos]

    Arnaldo Antunes Os nomes dos bichos no so os bichos.

    Os bichos so:macaco gato peixe cavalo vaca elefante baleia galinha.

    Os nomes das cores no so as cores. As cores so:

    preto azul amarelo verde vermelho marrom.

    Os nomes dos sons no so os sons.Os sons so.

    S os bichos so bichos.S as cores so cores.

    S os sons so

    som sonome no

    Os nomes dos bichos no so os bichos.Os bichos so:

    plstico pedra pelcia madeira cristal porcelana papel.

    Os nomes das cores no so as cores. As cores so:

    tinta cabelo cinema cu arco-ris tev.

    Os nomes dos sons.

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    [os nomes dos bichos no so os bichos] ARNALDO ANTUNES(atividade 12)

    1. Comentrio geral O poeta traz como questo a relao entre o "nomes das coisas" (o nome dos bichos e o nome das cores) e as "coisas" (o bicho, a cor), pois a "coisa" no o nome,

    mas para dizer da "coisa" se tem que recorrer ao nome da "coisa". Esta a brincadeirado poema. No caso dos sons, eles "apenas" so, j que tm uma multiplicidade,infinidade e so, de certo modo, inapreensveis, no cabem na "coisa". O poeta tambmquebra a sintaxe quando diz os sons so, pois o verbo ser exigiria um complemento.Os sons so o que so (talvez isto esteja relacionado quebra sinttica comentadaacima) e esto em todas as coisas atravs de seus nomes, mas no esto em nenhumadelas, isto , o nome macaco no est no bicho macaco. H tambm o jogohomofnico1 entre "so", "som" e no. Outro jogo feito pelo poeta quando diz os bichos so:/ plstico pedra pelcia madeira cristal porcelana papel/ como se estivessedizendo do que so feitos.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Mostrar as possveis relaes entre as "coisas" e o "nome das coisas".

    3. Material Copia em xerox para cada aluno;Dirio potico;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento Declamar vrias vezes o poema;Discutir as relaes entre as coisas e o nome das coisas.

    2 momento Colar o poema no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poemaCopiar e ilustrar o poema no dirio potico.

    1 Homofonia: [Var. pros. de homofono.] Adj. S. m. E. Ling. 1. Diz-se de, ou vocbulo que tem o mesmosom de outro com grafia e sentido diferente. Ex: pao = palcio real; e passo = marcha, censo =recenseamento, e senso = juzo. [Sin. do adj.: homofnico; antn. ger.: heterfono. Cf. homnimo.] [Amelhor forma homofono, mas o uso consagrou homfono; v. -fono.]

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    CANAO TORTA

    GARCIA LORCA

    MAME.EU QUERO SER DE PRATA.

    FILHO,TERS MUITO FRIO.

    MAME.EU QUERO SER DE GUA.

    FILHO,TERS MUITO FRIO.

    MAME,

    BORDE-ME EM TUA ALMOFADA.

    ISSO SIM! AGORA MESMO!

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    CANO TORTA GARCIA LORCA(atividade 13)

    1. Comentrio geral O que ser algum que quer ser de prata? Pode ser a lua? Pode ser algum que

    brilhe? Pode ser algum importante? O que ser de gua? Pode ser um rio? Pode ser omar? Pode ser algum que desliza entre as dificuldades da vida? Qualquer que seja ainterpretao destas metforas, parece que o poeta tambm traz no poema o desejo dofilho de partir, de ir embora, de ir para longe e a me sempre dizendo que ser ruimatravs de outra metfora (ters muito frio). Finalmente, ao querer ficar bem pertinho,talvez dentro do corao (borda-me em sua almofada), a me assente imediatamente.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Mostrar como as metforas podem estar indicando o desejo do filho e o da me.

    3. Material Copia em xerox para cada aluno;Dirio potico;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Explorar as metforas do poema.

    2 momento Pedir para os alunos ilustrarem o poema e col-lo no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente o poemaIlustrar o poema e colar no dirio potico.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 42

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    R I N T I M T A N T A MT. S. Eliot

    Rin tim tan tam um Grande Chato:Se tem galinha assada, ele quer cabidela;Se lhe pes na tigela, ele prefere o prato;Se lhe serves no prato, ele pede a tigela;Se aparece a cadela, ele foge do rato;Deixa passar o rato, e avana na cadela.Rin tim tan tam um Grande Chato,

    E intil berrar ou fazer ameaa,Pois o animal

    Faz tal-e-qual,E no h jeito de evitar que o faa!

    Rin tim tan tam ningum suporta:Se o encerras em casa, ele pula a janela;Se o queres no jardim, ele corre pra horta;Mal acaba de entrar, j tenta a escapadela.Est sempre do lado errado de uma porta,Mas faz um bafaf se no passar por ela.Rin tim tan tam no se comporta,

    Pouco importa se acaso achares graa,

    Pois o animalFaz tal-e-qual,E no h jeito de evitar que o faa!

    Rin tim tan tam um Gato-Besta:Das nossas convenes faz sempre letra morta.Se lhe trazes um peixe, ele espera uma festa;Porm se peixe vivo, acha uma galinha-morta.Se lhe serves sorvete, ele escarnece e espirra,Pois s gosta de quando encontra por si mesmo. capaz de fazer greve de fome e birra,Se o prendes na despensa imensa de torresmo. gato suspicaz, carinhos no atura,Mas pode muito bem pular como um diaboAo colo da Patroa em meio da costura,Pois do que gosta mais so confuses do rabo!Gato do contra, um Contra-Gato

    Creio que o deve s mazelas da raa,Pois o animal

    Faz tal-e-qual,

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 43

    E no h jeito de evitar que o faa!

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    RIM TIN TAN TAM T. S. ELIOT(atividade 14)

    1. Comentrio geral Este poema de T. S. Eliot fala sobre um gato que ningum gosta, um gato

    endiabrado, pois ele s faz o que tem vontade de fazer e sempre faz o contrrio do quequerem que ele faa. Um gato que no gosta de carinho, um gato que s gosta deconfuses. O poeta, na 1 estrofe, chama o gato de Grande Chato, na 2, diz que eleno se comporta e, na terceira, que ele um Contra-Gato, um gato do contra. Umdetalhe interessante o nome do poema que tambm o nome do gato. Rin tim tan tamsonoramente pode estar indicando a agitao e inquietao do gato.

    2. Objetivo da atividade (+/- 20) Destacar as coisas que o gato gosta de fazer e o que no gosta.

    3. Material Copia em xerox para cada aluno;Dirio potico;Cola e tesoura.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Distribuir as cpias do poema;Declamar de vrias maneiras o poema;Discutir coletivamente cada estrofe do poema e escrever na lousa o que o gato gostae o que no gosta de fazer, anotando na lousa o que os alunos dizem.

    2 momento Recortar e colar no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Fazer vrias declamaes do poema;Participar da discusso coletiva;Recortar e colar o poema no dirio potico.

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    Os PobresOlavo Bilac

    A vm pelos caminhos,Descalos, de ps no cho,Os pobres que andam sozinhos,Implorando compaixo.

    Vivem sem cama e sem teto, Na fome e na solido:

    Pedem um pouco de afeto,Pedem um pouco de po.

    So tmidos? So covardes?Tm pejo? Tm confuso?Parai quando os encontrardes,E dai-lhes a vossa mo!

    Guiai-lhe os tristes passos!Dai-lhes, sem hesitao,O apoio dos vossos braos,Metade de vosso po!

    No receeis que, algum dia,Vos assalte a ingratido:O prmio est na alegriaQue tereis no corao.

    Protegei os desgraados,rfos de toda a afeio:E sereis abenoados

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 45

    Por um pedao de po . . .

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    OS POBRES OLAVO BILAC(atividade 15)

    1. Comentrio geral Neste poema Bilac traz um forte apelo solidariedade, compaixo para com

    aqueles que no tm nada. Seu poema apresenta uma estrutura potica bastantecaracterstica do tipo de poesia que fazia, isto , as 5 estrofes trazem a estrutura a/b/a/b.

    2. Objetivo da atividade (+/- 20) Levar o aluno a observar a estrutura potica (a/b/a/b) e como ela se repete em cadaestrofe.

    3. Material Poema escrito na lousa;Um saquinho com o poema fatiado em versos;Dirio potico;Cola e tesoura.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Discutir coletivamente o poema e chamar a ateno para a estrutura das estrofes.

    2 momento Distribuir um saquinho como os versos, o ttulo e o nome do poeta para os alunos;Pedir para os alunos colarem as palavras (no esquecer de apagar o texto da lousa)

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente;Montar e colar o poema no dirio.

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    O MOSQUITOVincius de Moraes

    O mundo to esquisito:Tem mosquito.

    Por que, mosquito, por queEu . . . e voc?

    Voc o insetoMais indiscreto

    Da CriaoTocando finoSeu violino

    Na escurido.

    Tudo de mauVoc reneMosquito pau

    Que morde e zune.

    Voc gostariaDe passar o dia

    Numa serraria Gostaria?

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 47

    Pois voc parece uma serraria!

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    O MOSQUITO VINCIUS DE MORAIS(atividade 16)

    1. Comentrio geral Por que no mundo tem que existir o mosquito? Vincius faz uma divertida

    reclamao, comparando o mosquito, seu zumbido ao som de um violino e ao barulhode uma serraria. 2. Objetivo da atividade (+/- 20)

    Observar as rimas do poema.

    3. Material Poema copiado em cartolina ou papel 40 quilos;Dirio potico.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Declamar o poema, observando as rimas;Propor um concurso de declamao para o aluno que quiser participar.

    2 momento Fazer uma votao para a melhor declamao;Propor a cpia do poema no dirio potico.

    5. Procedimento do aluno Discutir as rimas;Declamar o poema;

    Copiar no dirio potico.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 48

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    O PR-DE-SOL DO PAPAGAIOSosgenes Costa

    Opapa-vento nos jardins de maioe o verde no seu mar de leite.O mar j no azul, verde-gaionum claro que relmpago de azeite.

    Se o mar belo sem que a tarde o enfeitequanto mais se o enfeitar o sol de maio.O mar do papa-vento o papagaioe o cu do verde papa o papa-leite.

    Latadas cristalinas em desmaio.Tombam flores do cu, meu papagaio.E o papa-vento de cristal e leite.

    Deite leite, meu mar, pro papagaio.Que o papagaio em verde se deleite

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 49

    e no se enfeite de outra cor em maio.

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    O PR-DO-SOL DO PAPAGAIO SOSGENES COSTA(atividade 17)

    1. Comentrio geral Este difcil poema de Sosgenes Costa provavelmente descreve a cena em que se

    solta um "papagaio", uma "pipa", um papa-vento1 durante um pr-de-sol do ms demaio. O verde pode ser a cor do papagaio, que muda de cor quando est no alto do cu.O cu todo branco pode estar sendo comparado a um "mar de leite", por isso o verso eo verde (do papagaio) no mar de leite. O mar, no final de tarde muda de cor, fica"verde-gaio"2, possvel referncia cor verde-claro e, ao mesmo tempo, ao papagaio.Este jogo de palavras, no poema, continua entre leite, deleite (que lembra coisa prazerosa, agradvel) e deite leite (que pode estar associado as nuvens brancas comoleite que se deitam no cu). Tambm o poema traz a palavra desmaio que alm derimar com papagaio, maio, verde-gaio, indica tambm o sol que se pe, feito umdesmaio.

    2. Objetivo da atividade (+/- 20) Compreender as relaes entre papagaio, pr-de-sol e mar indicadas no comentrio.

    3. Material Cpia do poema na lousa;DicionrioUma cpia do poema para cada alunoDirio de poesia;Caneta preta.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    1 Papa-vento (sinnimo de camaleo): camaleo 1 [Var. de cameleo, com assimilao.] S. m. 1. Zool.reptil lacertlio, camaleontdeo, especialmente os do gnero Chamaleo, da Europa meridional e de certasregies africanas e asiticas, arborcola e dotado da faculdade de mudar de cor. Tem cauda prensil, dedosopostos, lngua protrtil, capaz de ser projetada a grande distncia. 2. Bras. Zool. Designao comum

    dos reptis lacertlios; iguandeos, com cerca de 30 representantes, a maioria dos quais tem uma pregamento-farngea capaz de se encher de vento, crista serrilhada no dorso, lngua curta, grossa e no protrtil;so tambm arborcolas e tambm mudam de cor. A espcie mais conhecida no N. e N.E. a Iguanaiguana. [Var., nessas acep.: cambaleo e cameleo; sin.: papa-vento, senembi, senembu, sinimbu,sinumbu, tijibu. Cf. (na acep. 2): iguana.] 3. Fig. Indivduo que assume o carter conveniente aos seusinteresses. 4. Indivduo que adapta sua opinio ao interesse do momento. camaleo2 [Var. decamalho.] S. m. 1. Bras. PE a BA Elevao deixada entre os sulcos feitos, em terreno molhado, pelasrodas dos veculos ou pelas patas dos animais. 2. Bras. BA Pequenas lombas em meio a terras planas.3. Camalho. camaleo3 S. m. Bras. RN 1. Certa dana rural, de vrios pares.2 Verde gaio: vert gai, 'verde alegre', pelo ant. verdegai.] Adj. 2 g. e 2 n. 1. V. verde-claro: "estilosdisparatados ...., lembram a pelintrice de quem, numa vila sertaneja, arvora gravatas de veludo verde-gaio julgando reproduzir 'os requintes de Paris' " (Ea de Queirs, Notas Contemporneas, p. 155). S. m. 2.V. verde-claro: "A cmara do trekschuil exteriormente pintada de verde-gaio, com cortinas de cassa branca a cada postigo" (Ramalho Ortigo, A Holanda, p. 84). 3. Certa msica e dana popular. [Pl. do s.m.: verdes-gaios.]

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    Declamar o poema escrito na lousa;Entregar o poema para cada aluno;Procurar no dicionrio, junto com os alunos, as palavras que possam ajudar nainterpretao do texto ("papa-vento", "verde-gaio" e outras que queiram);Colocar o sentido das palavras na lousa e discutir os possveis sentidos relacionados

    ao poema.5. Procedimento do aluno

    Usar o dicionrio para a construo dos sentidos do poema;Anotar na folha os sentidos das palavras discutidas.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 51

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    EROS E PSIQUEFernando Pessoa

    Conta a Lenda que dormiaUma Princesa encantadaA quem s despertariaUm Infante, que viriaDe alm do muro da estrada.

    Ele tinha que, tentado,Vencer o mal e o bem,Antes que, j libertado,Deixasse o caminho erradoPor o que Princesa vem.

    A Princesa Adormecida,

    Se espera, dormindo espera.Sonha em morte a sua vida,E orna-lhe a fronte esquecida,Verde, uma grinalda de hera.

    Longe o Infante, esforado,Sem saber que intuito tem,Rompe o caminho fadado.

    Ele dela ignorado.Ela para ele ningum.

    Mas cada um cumpre o Destino-Ela dormindo encantada,Ele buscando-a sem tinoPelo processo divinoQue faz existir a estrada.

    E, se bem que seja obscuroTudo pela estrada fora,E falso, ele vem seguro,E, vencendo estrada e muro,Chega onde em sono ela mora.

    E, inda tonto do que houvera,

    Com a cabea, em maresia,Ergue a mo, e encontra hera,E v que ele mesmo eraA Princesa que dormia.

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    EROS E PSIQUE FERNANDO PESSOA(atividade 18)

    1. Comentrio geral Um primeiro ponto importante para a construo dos sentidos deste circular

    poema de Fernando Pessoa saber que Eros o deus alado do Amor, que representado freqentemente de olhos vendados e munido de arco, flecha e carcs, e quePsique, na mitologia grega, a personificao da alma, do esprito. Em outras palavras,o ttulo faz referncia ao amor e a alma. Ao longo do poema, usando como tema osalvamento de uma princesa por um infante (to recorrente nos contos de fadas), traz aidia de que aquilo que procuramos fora da gente (o amor? a verdade?) est dentro denos mesmo, como se esta busca fosse uma busca de si mesmo. As imagens opostas,criadas pelo poeta ao longo do poema, fortalecem esta busca dos contrrios. :

    2. Objetivo da atividade (+/- 20) Mostrar a circularidade do poema entre o que se busca fora de si e a busca de simesmo.

    3. Material Xerox do poema para cada aluno;Dirio potico;Lpis de cor;Cola e tesoura.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Distribuir o poema para os alunos;

    Explicar quem foi eros e psique;Declamar o poema e buscar construir os sentidos do poema junto com os alunos.

    2 momento Solicitar que colem o poema no Dirio Potico;Ilustrar o poema.

    5. Procedimento do aluno Discutir coletivamente os sentidos possveis;Colar e ilustrar no Dirio.

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    UMA DIDTICA DA INVENO As coisas que no existem so mais bonitas

    FELISDNIOManoel de Barros

    (...)II

    Desinventar objetos. O pente, por exemplo.Dar ao pente funes de no pentear. Atqueele fique disposio de ser uma begnia.OuUma gravanha.

    Usar algumas palavras que ainda no tenhamidioma.

    III

    Repetir repetir - at ficar diferentes.Repetir um dom do estilo.

    (...) VI

    As coisas que no tm nome so maispronunciadaspor crianas.

    VII

    No descomeo era o verbo.S depois que veio o delrio do verbo.O delrio do verbo estava no comeo, londe acriana diz:Eu escuto a cor dos passarinhos . A criana no sabe que o verbo escutar nofuncionapara cor, mas para sons.Ento se a criana muda a funo de um verbo, eledelira.E pois.Em poesia que voz de poeta, que a vozde fazernascimentos O verbo tem que pegar delrio.

    (...)X

    No tem altura o silncio das pedras

    (...)XII

    Pegar no espao contigidades verbais omesmo que pegar mosca no hospcio paradarbanho nelas.Essa uma prtica sem dor. como estar amanhecido a pssaros.

    Qualquer defeito vegetal de um pssaropodemodificar seus gorjeios.

    XIII

    As coisas no querem mais ser vistas porpessoas razoveis:Elas desejam ser olhadas de azul -Que nem uma criana que voc olha de ave.

    XIV

    Poesia voar fora da asa.

    (...)XX

    Lembro um menino repetindo as tardesnaquelequintal.

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    UMA DIDTICA DA INVENO MANOEL DE BARROS(atividade 19)

    1. Comentrio geral Foram selecionados alguns fragmentos deste inquietante poema de Manoel de

    Barros. Destacaremos aqui a seoVII em que o poeta inicia com uma referncia aoNovo Testamento,no evangelho de So Joo (No princpio era o verbo...), porm a palavra descomeo indica que no h um comeo para o verbo, para a linguagem,Alm de palavras inventadas, comum o poeta criar expresses como voz de fazer nascimentos. O que seria um verbo, uma palavra que pega delirio? Segundo o poeta aquilo que as crianas e os poetas fazem, isto , usar uma palavra para aquilo que elano foi feita, como escutar a cor dos passarinhos, que ao mesmo tempo aponta para o piar como para a cor dos passarinhos. Isto a criao, a inveno, o nascimento, a poesia... Em todo o resto do poema, ele brinca de combinar palavras que nocombinam.

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Buscar construir os sentidos das palavras e expresses criadas pelo poeta.

    3. Material Xerox do poema para cada aluno;Dirio potico;Lpis pretoTesoura e cola.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Declamar o poema vrias vezes;Pedir para os alunos, em dupla, escreverem os sentidos possveis para descomeo,pegar delrio, fazer nascimento, escutar a cor dos passarinhos.

    2 momento Socializar os sentidos anotados;Anotar na lousa os sentidos sugeridos pelos alunos.

    5. Procedimento do aluno Declamar junto com o professor Discutir e anotar os sentidos de palavras e expresses com o parceiro da duplaSocializar os sentidos registrados;Colar o poema no dirio.

    ATIVIDADES DE LEITURA E INTERPRETAO 55

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    B u c l i c aOrides Fontela

    VacaMansamente pesada

    VacaLacteamente morna

    VacaDensamente materna

    Inocente grandeza: vaca

    Vaca no pasto (ai, vida,simples vaca).

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    BUCLICA ORIDES FONTELA(atividade 20)

    1. Comentrio geral O engraado poema de Orides Fontela faz circular sentidos ligados ao campo, ao

    que buclico1 e vida. Para isto ele usa a imagem da vaca e cria expresses bastantecuriosas: mansamente pesada (a vaca pesada, mas tambm mansa?), lacteamentemorna (observe a cadeia associativa: vaca, leite e lcteo; da pensar em leite morno, oleite que sai da vaca?), densamente materna (seria por que leite teria seu sentidoassociado a materno?), inocente grandeza (a vaca tem uma grandeza que nem sabeque tem? Uma grandeza maternal?), ai, vida, simples vaca (por que no pensar quetudo isto que ele diz sobre a vaca pode ser dito sobre a vida no campo? Sobre a vida buclica do campo?).

    2. Objetivo da atividade (+/- 30) Levar os alunos a produzirem sentidos para as expresses criadas pelo poeta.

    3. Material Colocar o poema na lousa;Dicionrio;Dirio de poesia;Lpis de cor.

    4. Procedimento do professor 1 momento

    Declamar o poema vrias vezes;Buscar os significados de algumas palavras;

    Pedir para alguns alunos irem na lousa e escreverem que sentidos podem ter asexpresses criadas pelo poeta;

    2 momento Solicitar que copiem o poema no dirio potico;Solicitar que faam uma ilustrao.

    5. Procedimento do aluno Escrever os sentidos das expresses indicadas;Copiar o poema no dirio;Fazer uma ilustrao.

    1 Buclico: [Do gr. boukoliks, pelo lat. bucolicu.] Adj. 1. Pertencente ou relativo vida e aos costumesdo campo e dos pastores; campestre, pastoril. 2. P. ext. Da, pertencente ou relativo natureza ou vidanatural; campestre: paisagem buclica. 3. Que gosta do campo ou da natureza. 4. Que canta ou exaltaas belezas do campo da vida campestre da natureza; pastoril: "Cabras andam cata de poetas buclicos