programação e resumos - weby · ... a rede enunciativa e a ... (grupo de epistemologia e estudos...

40
Programação e Resumos

Upload: doanlien

Post on 10-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Programação

e

Resumos

I CICLO DE ESTUDOS DO DISCURSO REPENSANDO CONCEITOS E OBJETOS NA OBRA DE

MICHEL FOUCAULT

CADERNO DE PROGRAMAÇÃO

E

RESUMOS

02 e 03 de dezembro de 2010

GOIÂNIA-GO

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

GPT/BC/UFG

I CICLO DE ESTUDOS DO DISCURSO: repensando conceitos e objetos na

obra de Michel Foucault - programação e resumos/Universidade Federal de Goiás. V. 1. n. 1. (2010). Goiânia, GO:

UFG, 2010. p.

Bienal.

1. Linguística 2. Análise do Discurso. Universidade Federal de Goiás

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG

REITOR

Prof. Dr. Edward Madureira Brasil

VICE-REITOR

Prof. Dr. Eriberto Francisco Bevilaqua Marin

PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO

Profa. Dra. Sandramara Matias Chaves

PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Dr. Divina das Dores de Paula Cardoso

DIRETOR DA FACULDADE DE LETRAS

Profa. Dra. Maria Zaira Turchi

COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA

Profa. Dra. Kátia Menezes de Sousa

COMISSÃO ORGANIZADORA Profa. Dra Kátia Menezes de Sousa – UFG (Presidente)

Prof. Dr. Alexandre Ferreira da Costa – UFG

Profa. Dra Eliane Márquez da Fonseca Fernandes – UFG

Profa. Ms. Josiane dos Santos Lima – PG/UFG

COMISSÃO EXECUTIVA Profa. Dra Kátia Menezes de Sousa – UFG (Presidente)

Josiane dos Santos Lima – PG/UFG

Gyannini Jácomo Cândido – Letras/UFG

Bruno Rafhael Cesário Calassa – Tec./UFG

Julieta Vilela Garcia – PG/UFG

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

PROGRAMAÇÃO GERAL

............................... ...............................

8

9

Rodada de conversas: Discurso e enunciado em Michel

Foucault

Aline Rezende Belo Alves

Edilair José dos Santos

Jaciane Martins Ferreira Janete Abreu Holanda

Joabe Pereira de Freitas

Keila Matida de Melo Costa Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque

Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago

Sara de Oliveira Borges Souza Valdoméria Neves de Moraes Morgado

................................

11

Rodada de conversas: Enunciado e Sujeito em Michel

Foucault

Denise Gabriel Witzel Deyvisson Pereira da Costa

Fernanda da Silva Borges

Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira Janaina de Jesus Santos

Karina Luiza de Freitas Assunção

Kênia Rodrigues

Mara Rúbia de Souza Rodrigues Morais Waldênia Klésia Maciel Vargas Sousa

.................................

22

Rodada de conversas: A rede enunciativa e a

construção do arquivo

Ângela Teixeira de Moraes

Eduardo Vieira Gervásio

LuanaAalves Luterman

Márcia Maria Magalhães Borges Tatianne de Faria Vieira Araújo

Wilton Divino da Silva Júnior

.................................

34

APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que o Grupo Trama, em parceria com os Grupos

Criarcontexto e NOUS e o Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Goiás, realiza o I Ciclo de Estudos do Discurso. Com igual

satisfação contaremos com a participação dos Grupos Labor (Laboratório de Estudos do

discurso) Geada (Grupo de Estudos do discurso de Araraquara), Geduem (Grupo de Estudos

em Análise do Discurso da UEM: autoria, mídia, sujeito, e práticas discursivas),

Laboratório de Estudos discursivos Foucaultianos, Grudiocorpo – Grupo de Estudos sobre o

Discurso e o Corpo, TEIA (Grupo Multidisciplinar de Estudo em Análise do Discurso de

Jataí), Grupo de Epistemologia e Estudos da Linguagem.

O I Ciclo de Estudos do Discurso apresenta-se como uma oportunidade, no âmbito

geral, de reunir os vários grupos de pesquisa em Análise do Discurso, professores,

pesquisadores e alunos de pós-graduação de diferentes Instituições de Ensino Superior do

Brasil com o intuito de discutir o discurso, tanto como entidade conceitual, quanto como

objeto de pesquisa.

De forma específica, o I Ciclo de Estudos do Discurso trará, nesta primeira edição,

uma proposta de reflexão e debate acerca dos conceitos e objetos discursivos nas obras do

filósofo francês Michel Foucault e suas contribuições para a Análise do Discurso.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

9

PROGRAMAÇÃO GERAL

1º. Dia: 02/12/2010 – QUINTA-FEIRA

8h30min –

9h30min Conferência de Abertura – A ordem do discurso: o dizível e

o visível em Foucault. Profa Dra. Maria do Rosário Valencise Gregolin (Grupo Geada-

Unesp/Araraquara)

Coordenação: Profa. Dra. Kátia Menezes de Sousa (Grupo Trama/UFG)

Local: cinema

12h – 14h INTERVALO

14h – 16 h Mesa-redonda: Discutindo conceitos

Tema: Discurso e enunciado em Michel Foucault Debatedores:

- Maria do Rosário Gregolin (Grupo Geada-Unesp/Araraquara)

- Vanice Sargentini (grupo Labor/UFSCar)

- Cleudemar Alves Fernandes (Laboratório de Estudos discursivos

Foucaultianos/UFU)

Coordenação: Alexandre Ferreira da Costa (Grupo NOUS/UFG)

Local: mini-auditório

16h – 16h30min. INTERVALO

16h30min. – 18h Rodada de conversas: objetos de pesquisa em debate

Tema: Discurso e enunciado em Michel Foucault Mediadores:

- Maria do Rosário Gregolin (Grupo Geada-Unesp/Araraquara)

- Cleudemar Alves Fernandes (Laboratório de Estudos discursivos

Foucaultianos/UFU)

- Carlos Piovezani (Grupo Labor/UFSCar)

Local: mini-auditório

2º dia: 03/12/2010 – SEXTA-FEIRA

8h - 10h Mesa-redonda: Discutindo conceitos

Tema: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault Debatedores:

- José Ternes (Grupo de Epistemologia e Estudos da Linguagem –

PUC/UFG)

- Pedro Navarro (GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM)

- Luzmara Cursino (Grupo Labor/UFSCar)

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

10

Coordenação: Eliane Marquez da F. Fernandes (Grupo

Criarcontexto/UFG)

Local: mini-auditório da FCHF

10h – 10h30min. INTERVALO

10h – 12h. Rodada de conversas: objetos de pesquisa em debate

Tema: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault Mediadores:

- Pedro Navarro (GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM /UEM)

- Luzmara Cursino (Grupo Labor/UFSCar)

- Antônio Fernandes Júnior (Grudiocorpo – Grupo de Estudos sobre o

Discurso e o Corpo - CAC/UFG)

Local: mini-auditório da FCHF

14h – 15h30min. Rodada de conversas: as perspectivas da pesquisa em análise

de enunciados

Tema: A rede enunciativa e a construção do arquivo Mediadores:

- Marlon Salomon (UFG)

- Carlos Piovezani (Grupo Labor/UFSCar)

- Vanice Sargentini (Grupo Labor/UFSCar)

Local: mini-auditório da FCHF

16h – 18h Encerramento

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

11

RESUMOS

Rodada de conversas

Tema: Discurso e enunciado em Michel Foucault

Aline Rezende Belo Alves

Edilair José dos Santos

Jaciane Martins Ferreira

Janete Abreu Holanda

Joabe Pereira de Freitas

Keila Matida de Melo Costa

Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque

Maria de Lourdes Faria dos Santos

Paniago

Sara de Oliveira Borges Souza

Valdoméria Neves de Moraes Morgado

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

12

AS CONCEPÇÕES DE LEITURA E BONS LEITORES EM DIFERENTES

FORMAÇÕES DISCURSIVAS

Aline Rezende Belo Alves/UFG

[email protected]

Com a finalidade de apreender e compreender as concepções de leitura e bons leitores em

diferentes formações discursivas por meios de enunciados, faço um trajeto temático tomando

como arquivo não só documentos impressos datados e institucionalizados, mas também

objetos da pintura ou mesmo fotografia, literatura e cinema como demonstração de práticas

sociais.Durante todo o trajeto considero a leitura como sendo a reativação do já dito

independentemente se por meio de palavras, ações ou imagens e tomo como referência o

conceito foucaultiano de que Formação Discursiva é a possibilidade de se descrever entre um

certo número de enunciados um sistema de dispersão e uma regularidade entre os objetos, os

tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas. O reaparecimento de velhas práticas

e concepções em novos contextos figura como uma constante em todo o trajeto, isto é, novos

enunciados referentes à leitura nos ambientes religioso, escolar ou mesmo na convivência

social são sempre atravessados pela repetição de práticas e conceitos demonstrando

historicidade do e no ato de leitura. Entretanto, rupturas e até inversões são observadas como

no estabelecimento do que é bom leitor e boa leitura. Ao final é possível afirmar que em

diferentes formações discursivas e momentos históricos, a leitura é vista como meio de

transformar os valores e hábitos de grupos sociais que são o seu alvo formando cidadãos pela

leitura.

Palavras-chave: Leitura. Leitores. Trajeto temático. Formação discursiva. Arquivo.

Regularidade. Dispersão.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

13

A FORMAÇÃO DIACURSIVA NA PASTORAL DA JUVENTUDE (PJ) DA IGREJA

CATÓLICA

Edilair José dos SANTOS1 (GEDIS)

Universidade Federal de Goiás - UFG - Catalão (GO)

[email protected]

O objetivo deste trabalho é analisar a Formação Discursiva do jovem a partir da

evangelização proposta pela Pastoral da Juventude. Analisaremos as relações de poder e saber

através do discurso da PJ segundo a teoria de Foucault. Este pensador explica a formação

discursiva como ―um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo

e no espaço, que definiram uma época dada, e para uma área social, econômica e geográfica

ou linguística dada, as condições de exercício da função enunciativa‖ (2000, p.136). É, por

assim dizer — insiste-se — uma construção sócio-histórica, visto que parte do lugar social de

onde o sujeito produz seu discurso.

A prática discursiva da PJ persuade o jovem a tornar-se um elemento novo na construção de

novos sentidos do discurso ―libertador‖ de Jesus Cristo eternizado pelas Escrituras Sagradas e

pela tradição cristã. Nesse sentido Foucault afirma que ―o discurso não é simplesmente aquilo

que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta,

é o próprio poder de que procuramos assenhorear-nos‖ (1995, p.3). A construção do discurso

do jovem da PJ se alicerça na certeza do potencial juvenil, na possibilidade da realização dos

sonhos da juventude, focado numa prática discursiva vazada nos conceitos de elevação da

autoestima e motivação. Para Foucault as relações discursivas ―não são internas ao discurso:

não ligam entre si os conceitos ou as palavras. Mas não são relações exteriores ao discurso‖

(2000, p. 52). Essas relações ―estão de alguma maneira no limite do discurso: oferecem-lhe

objetos de que ele pode falar, [...] determinam o feixe de relações que o discurso deve efetuar

para poder falar de tais ou quais objetos, para poder abordá-los, nomeá-los, analisá-los,

classificá-los‖ (2000, p. 52). A formação discursiva da PJ prega a Boa notícia de que os

jovens serão sujeitos de sua história, em uma reedição da promessa de Jesus Cristo aos seus

seguidores.

1 Especializando em Letras – Leitura e Ensino – Faculdade de letras – UFG – Catalão.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

14

DISCURSO, LITERATURA E MEMÓRIA NA ESCRITA DE HILDA HILST

Jaciane Martins Ferreira

Universidade Federal de Uberlândia

LEDIF – Laboratório de Estudos Discursivos Foucaultianos

No presente trabalho, pretendemos analisar dois excertos da obra ―O caderno rosa de Lori

Lamby‖, livro que traz a história de uma garota de oito anos a qual relata suas possíveis

experiências com homens mais velhos. Em princípio, identificaremos os enunciados nos

extratos a serem analisados, para isso usaremos os postulados de Foucault (2008) sobre

enunciado. Objetivamos, portanto, refletir sobre o fato de aparecer um enunciado no qual há a

retomada de uma obra literária, pensaremos nesse fato como um acontecimento discursivo.

Ao olharmos para essa obra dentro d’O Caderno Rosa, levantamos indagações em torno desse

enunciado, o porquê de seu aparecimento, a opacidade desse enunciado e quais os efeitos de

sentido por ter aparecido no diário de Lori. Assim, procuraremos interpretar a singularidade

desse acontecimento e sua ligação com a história e, também, o funcionamento de uma dada

memória (Courtine, 2006). No que concerne ao enunciado que traz o nome de um autor,

podemos pensar nesse nome, surgido como um acontecimento discursivo, como se tivesse

aparecido para sustentar e validar o discurso sobre o sexo trazido na obra em questão. Para tal

análise, usaremos os pressupostos de Foucault (1992).

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

15

A CONSTRUÇÃO DA VERDADE PELA MÍDIA

Janete Abreu Holanda/UFG

(Grupo TEIA - Grupo Multidisciplinar de Estudos em Análise do Discurso de Jataí)

[email protected]

Esta pesquisa, que toma como embasamento teórico a Análise do Discurso de linha francesa,

derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux, especialmente a desenvolvida no Brasil a partir

dos escritos de Michel Foucault, tem por objetivo descrever e analisar os modos como a

―verdade‖ vem sendo historicamente produzida no discurso jornalístico e a função de controle

exercida por essa produção. Não nos interessa saber se os enunciados produzidos são

verdadeiros, mas como eles se tornam verdadeiros, até porque, para Foucault, a verdade é

sempre construída. Para percebemos isso, a nossa análise será desenvolvida a partir da

espessura material dos enunciados produzidos em editoriais do jornal O Globo e da revista

Carta Capital em 2010 relacionados à candidata à eleição para presidente do Brasil. Olhar

para os enunciados jornalísticos das eleições presidenciais de 2010 constitui-se num momento

de particular importância para o nosso trabalho, face à exposição das ideias e disputa entre

grupos políticos com ideários francamente opostos. Serão especialmente importantes para as

nossas análises alguns construtos teóricos de Michel Foucault, tais como enunciado, arquivo,

formação discursiva e acontecimento.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

16

O DEMÔNIO PÓS-MODERNO: A CONSTITUIÇÃO INTERDISCURSIVA DO MAL

EM PRÁTICAS RELIGIOSAS

Joabe Pereira de Freitas (FAL) (NOUS)

Universidade Federal de Goiás

[email protected]

Faz necessário um estudo mais aplicado ao discurso religioso do mal por estar presentes nos

dois maiores segmentos religiosos, o católico romano e o protestante, ambos tão difusos em

território nacional, e é hegemônico em todas as esferas sociais. O discurso do mal, e o

demônio como a causa e o agente de todas as maldades, mazelas e perturbações, tem se

manifestado recorrente, apregoado e, por não dizer, quase se institucionalizado nas esferas

sociais.

Este discurso se vê presente e manifesto desde os programas diários da televisão, debates,

pregações, até a política nacional, por ser um país cuja maioria professa a fé cristã, e mesmo a

que não cristã se relaciona mutuamente com tal discurso. Os enunciados de pregação

derivam-se intertextualmente, de forma manifesta e constitutiva (FAIRCLOUGH, 1992,

1999, 2003), a partir dos textos fundadores da fé católica e protestante, a Bíblia. Além disso,

há uma série de textos-comentário destas manifestações que conformam a instanciação dos

dogmas nas práticas de pregação de acordo com diferentes hermenêuticas e diferentes ordens

de discurso locais. Neste trabalho descrevemos e analisamos o princípio mais básico desta

relação entre discursos fundadores e discursos comentários.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

17

BIBLIOTECA: ESPAÇO DE SABER E DE PODER

Keila Matida de Melo Costa

Faculdade de Educação da UFG

[email protected]

Este trabalho tem como objetivo apresentar um pouco da trajetória investigativa de Michel

Foucault na tentativa de compreender o funcionamento do poder, o modo como ele opera no

espaço de uma biblioteca. O projeto Panóptico de Jeremy Bentham contribui para esse

entendimento. A biblioteca escolhida foi a Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza,

conhecida como Biblioteca do CEFET/GO (atual Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Goiás) localizada em Goiânia, capital de Goiás. O edifício dessa biblioteca foi

(re) inaugurado, para tal fim, em 2007, antes desse período não havia um espaço apropriado

para ela. A biblioteca funcionava no interior do próprio instituto. Em razão dessa recente

construção específica para o espaço de uma biblioteca (até o ano de 2008 – época de

efetivação deste estudo – foi a construção mais atual até então criada na capital), é que essa

instituição foi escolhida para compor este estudo. Em geral, grande parte das bibliotecas

(escolar, pública, comunitária etc.) não funciona em espaço projetado especificamente para

ela, e tem uma história marcada por deslocamentos. Nessa biblioteca, o olhar vigilante do

poder se instala, haja vista a ―transparência‖ das janelas e paredes de vidro, as repartições

onde circulam os funcionários, a escolha e determinação do mobiliário, os cartazes

normativos que permeiam alguns espaços de leitura. Nesse sentido, estudo bibliográfico,

análise de campo, leitura de documentos e trabalhos sobre esse espaço formalizado de leitura

delineiam a efetivação deste percurso. Saber, poder, controle, individualização, normalização,

entre outras problematizações, são identificadas na constituição dessa biblioteca.

Problematizações que caracterizam aspectos da sociedade moderna.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

18

O “DITO” NA PERSPECTIVA DE FOUCAULT E DUCROT

Lennie Aryete Dias Pereira BERTOQUE (GEF)

Universidade Federal de Goiás

[email protected]

A proposta deste trabalho é apresentar o ―discurso‖ e o ―enunciado‖ na perspectiva de

Foucault (1969 [2009]), com o objetivo de enfatizar o que vem a ser o ―dito‖. Traremos à

discussão a proposta de Ducrot (1987) sobre o ―dito‖ e ―não dito‖, o que auxilia a distinção

entre uma análise no campo da língua e uma análise no campo do discurso já que, apesar

desses autores analisarem o ―discurso‖, o ―enunciado‖ e o ―dito‖, o fazem de um ponto de

vista, de mecanismos e de concepções de análise diferentes. Para Ducrot, há a possibilidade

de existir um ―dito‖ e um ―não dito‖, enquanto para o Foucault, não há implícitos (não dito),

tudo está, efetivamente, ―dito‖. Essa discussão visa minimizar os equívocos possíveis em

trabalhos que ―misturam‖ esses campos de análise, entendendo-se que a diversidade de

perspectivas possibilita a abrangência de abordagens teóricas nos Estudos Linguísticos e não

caracteriza um ângulo de análise melhor do que o outro, mas distinto, pois os objetos e o olhar

sobre eles são diferentes.

Palavras-chave: discurso; enunciado; dito e não dito.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

19

A PRODUÇÃO DE IDENTIDADES NA MÍDIA:

A INTERICONICIDADE DISCIPLINANDO CORPOS FEMININOS

Maria de Lourdes Faria dos Santos PANIAGO/UFG2

(Grupo TEIA – Grupo Multidisciplinar de Estudos em Análise do Discurso de Jataí)

[email protected]

Tendo como embasamento teórico a Análise do Discurso de Linha Francesa, desenvolvida no

Brasil, a partir dos postulados de Michel Foucault, este trabalho discutirá as práticas de

subjetivação desenvolvidas pela mídia. Interessa-nos, mais especificamente, os discursos

midiáticos que buscam moldar o corpo da mulher na tentativa de construir uma determinada

identidade feminina. Dessa forma, buscamos compreender a mídia como produtora de

identidades sociais, por meio da análise dos discursos que são por ela veiculados, não apenas

os verbais, mas principalmente os iconográficos. O conceito de intericonicidade de Jean-

Jacques Courtine nos será particularmente útil para analisar a malha de imagens que nos

rodeia, principalmente por meio da mídia. Para esse pesquisador, as imagens apóiam-se umas

nas outras, como um dispositivo em rede, por isso, será necessário mobilizar também o

conceito de memória discursiva, também de Courtine. O principal objetivo deste trabalho é

analisar os discursos midiáticos, principalmente os imagéticos, para compreender o papel

disciplinador que a mídia exerce sobre corpos femininos, com a finalidade de moldá-los.

Pretendemos colocar em destaque a linguagem iconográfica, para compreender de que forma

se relaciona com o texto verbal na construção de identidades. E, considerando-se que a

Análise do Discurso, não apenas no seu percurso francês, mas também no brasileiro, esteve

sempre em processo de constante questionamento, é finalidade também deste trabalho

problematizar o quadro teórico da AD, estabelecendo novos diálogos e novos embates com

disciplinas limítrofes, principalmente com a semiologia histórica proposta por Jean-Jacques

Courtine. Em outras palavras, pretende-se problematizar métodos e objetos da Análise do

Discurso, tal qual pensada por Michel Pêcheux, para contribuir com o aprimoramento da

análise de discursos híbridos, principalmente os utilizados pela mídia na busca da criação de

identidades.

2 Pós-Doc Universidade de São Paulo/FFLCH – CNPq/(Apoio: CNPq – Processo: 150812/2010-8)

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

20

O VERBAL E O NÃO-VERBAL NA CAMPANHA DE DILMA ROUSSEF

Sara de Oliveira Borges SOUZA

(Grupo TEIA Grupo Multidisciplinar de Estudos em Análise do Discurso de Jataí)

[email protected]

Para além das técnicas aventadas pelos grandes especialistas em marketing político, as estratégias

para a ―criação‖ da imagem de um candidato passam por múltiplas instâncias, nem sempre tão

visíveis ao olhar da audiência. O principal mecanismo utilizado por um candidato ao dirigir-se ao

eleitor é a linguagem. Na instância do discurso, ela pode ser verbal ou não. E é na utilização da

linguagem que o político tenta dissuadir ou persuadir seu interlocutor, utilizando-se do saber,

buscado em enunciados de toda a ordem, para o exercício do poder. O uso de enunciados,

dispersos em uma rede enunciativa de possibilidades discursivas, ou, segundo Michel Foucault,

numa prática discursiva que se desenrola entre outras práticas, bem como de elementos

semióticos que uma campanha presidencial para televisão demanda, constituem-se como

elementos definidores para a imagem que o sujeito político deseja construir junto ao eleitorado.

Neste sentido, tudo passa a ser discurso historicamente constituído: o olhar, a cor da roupa, o

movimento de câmera, o texto, o jogo de mãos, o corte do cabelo enfim... uma moldura viva,

cheia de historicidade e jogo de poder.

Tomando como embasamento teórico a Análise do Discurso de linha francesa, derivada dos

trabalhos de Michel Pêcheux, especialmente a desenvolvida no Brasil a partir dos escritos de

Michel Foucault, este trabalho pretende analisar como tais elementos, verbais e não verbais (o

que pôde, historicamente, tornar-se objeto de enunciação), foram constituídos e escolhidos para

comporem o conjunto de ditos (adequados para a campanha 2010 e explícitos nos programas do

horário eleitoral gratuito do primeiro mês de veiculação da campanha presidencial na televisão).

Além disso, busca-se entender ainda como a interação do que é verbal com o não verbal pôde

corroborar com a imagem pretendida por Dilma sobre a vontade de verdade propalada pela

campanha, de que ela, Dilma Roussef, seria a sucessora ideológica ideal para dar continuidade

aos projetos do atual presidente da república.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

21

O DISCURSO EDUCACIONAL NO ARTIGO DE OPINIÃO:

O CONTROLE DO JÁ CONTROLADO

Valdoméria Neves de Moraes MORGADO/ I FG – Campus Ceres

(CRIARCONTEXTO)

[email protected]

Nosso objetivo é verificar a construção discursiva sobre Educação, materializada na seção

Ponto de Vista, da Revista Veja, no período de 2000 a 2009. Para isso, selecionamos doze

artigos: três de Lya Luft, quatro de Stephen Kanitz e cinco de Claudio de Moura Castro. Para

fundamentar nossa pesquisa, optamos, essencialmente, por Bakhtin, Pêcheux e Foucault para

discutir as questões do discurso e, para observar o papel e a dimensão discursiva da mídia

impressa, apoiamo-nos, por exemplo, em Santaella, Scalzo e Thompson. Discutimos as

concepções de língua, dialogismo, formações discursivas e formações imaginárias, condições

de produção do discurso e das relações de poder e saber que emanam da noção de discurso

que norteia este estudo. Também abordamos aspectos da informação, desde a oralidade até a

expansão e influência da mídia impressa em, especial, do destaque de Veja como uma das

principais revistas semanais do mundo e, também, como mecanismo formador de opinião. Na

análise dos artigos de opinião dos articulistas que representam Veja, constatamos que o

discurso aponta uma crise na instituição escolar brasileira e que essa crise é atribuída ao

professor visto como incompetente devido à sua péssima atuação e formação acadêmica.

Além disso, observamos que Veja nos apresenta um modelo salvacionista, como receita

infalível para essa crise: o livro didático. Assim, por meio dessa construção discursiva, os

articulistas revelam mecanismos controladores que procuram legitimar ou configurar um

modelo de professor e de uso do livro didático bem detalhado para assegurar o bom exercício

do magistério. Veja assume o discurso pedagógico visando normalizar e individualizar para

exercer de maneira mais efetiva seu saber e poder sobre o leitor.

Palavras-chave: discurso, mídia, educação, professor, livro didático.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

22

RESUMOS

Rodada de Conversas

Tema: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault

Denise Gabriel Witzel

Deyvisson Pereira da Costa

Fernanda da Silva Borges

Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira

Janaina de Jesus Santos

Karina Luiza de Freitas Assunção

Kênia Rodrigues

Mara Rúbia de Souza Rodrigues Morais

Waldênia Klésia Maciel Vargas Sousa

Wesley Luis Carvalhaes

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

23

CONTOS DE FADAS NO DISCURSO PUBLICITÁRIO: UMA “CONVERSA”

SOBRE MODOS DE SUBJETIVAÇÃO DO FEMININO

Denise Gabriel Witzel (GEADA)

PG-UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (FCL-AR)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE DO PARANÁ

[email protected]

Enunciados que alimentam a fantasia e descortinam para o público consumidor um mundo

idealizado onde tudo escapa às limitações e às contingências da vida humana ordinária;

imagens de mulheres inscritas em um regime particular de visibilidade, normatizado por

paradigmas de conduta e de beleza que reverberam verdades historicamente construídas sobre

seu corpo e, em decorrência, sobre sua(s) identidade(s). Esses são, seguramente, os principais

pontos de convergência entre os contos de fadas e a publicidade que este estudo visa

problematizar. Para tanto, fundamenta-se prioritariamente na arquegenealogia de Michel

Foucault, mais precisamente nos seguintes pressupostos: i) o poder não reprime nem interdita,

já que ele incita e produz; ii) a verdade não é do âmbito da realidade originária, mas da ordem

do acontecimento; iii) os discursos trazem sempre consigo efeitos específicos do saber e do

poder que constituem verdades, práticas e subjetividades. Assim, examinando as condições de

existência e de circulação dos enunciados, as posições de sujeito ali apontadas, as

materialidades dos múltiplos sentidos e as articulações que os enunciados estabelecem com a

história e a memória, esta ―conversa‖ mostra que o acontecimento da verdade e seus efeitos

na prática publicitária fazem valer sobre a vida das mulheres uma realidade inevitável e

impositiva, na medida em que o exercício do poder se coloca como o poder da própria

realidade. Mostra, igualmente, que o poder constitutivo e produtivo do discurso publicitário,

ao recitar um conjunto de convenções e valores advindos dos contos de fadas, assegura certos

efeitos identitários. São efeitos que contribuíram com os modos de subjetivação do feminino

desde tempos quase imemoriais.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

24

A NOÇÃO DE BIOPODER EM MICHEL FOUCAULT3

Deyvisson Pereira da COSTA4

Augusto Flamaryon Cecchin Bozz5

Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Uni. do Araguaia

[email protected]

Na sociedade contemporânea o corpo se tornou um objeto privilegiado de cuidados

individuais e sociais e tema de estudos acadêmicos, em especial no campo da Comunicação.

Apesar de sugerir-se como um objeto automaticamente definido e delimitado: real e vivo, ele

parece nos escapar continuamente enquanto fato de cultura. Assim, investigamos a noção de

biopoder como é apontada pelo filósofo e historiador Michel Foucault, objetivo de subsidiar

questionamentos futuros. Valemos-nos de uma pesquisa bibliográfica procurando identificar a

pertinência desta noção para a compreensão dos modos de exercício do poder constituintes

dos modos de subjetivação no mundo contemporâneo, especialmente oriundos das técnicas

corporais midiatizadas. Entendendo o poder-saber, como uma faceta do poder-cultura, como

principal legado arqueo-genealógico de Michel Foucault indagamos como o poder é definido

pelo o autor. Precisamente, como o biopoder se exerce ou funciona? Sobre a proposta de

Michel Foucault destacamos três aspectos: o descentramento do poder, sua

produtividade/positividade e seu alvo primordial, o corpo. Com os problematizações sociais

sobre a sexualidade, a higiene, as epidemias, as doenças, a saúde, o saneamento, etc, a

administração da população passou a ser um modo para o exercício do poder. Nasce então o

bio-poder: poder que controla a vida da população, a vida entendida como plenitude do

possível. ―Agora é sobre a vida e ao longo de todo o seu desenrolar que o poder estabelece

seus pontos de fixação; a morte é o limite, o momento que lhe escapa (...) uma sociedade

3 Trabalho submetido à Rodada de Conversa: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault durante o I Ciclo de

Estudos do Discurso: repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault, Universidade Federal de

Goiás, Faculdade de Letras, dezembro de 2010. 4 Doutorando em Comunicação, linha de pesquisa Processos Comunicacionais e Práticas Sociais, Universidade

Federal de Minas Gerais, 2010; mestre em Comunicação, Universidade Federal de Goiás, 2009; professor assistente no curso de Comunicação Social habilitação Jornalismo; líder do grupo de pesquisa Limiar: Estudos

de Linguagem e Mídia, na UFMT - Campus Universitário do Araguaia. [email protected] 5 Aluno do curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo e integrante do grupo de pesquisa Limiar:

Estudos de Linguagem e Mídia, linha de pesquisa: Corporeidades em tempos de biopoder.; UFMT, Campus

Universitário do Araguaia.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

25

normalizadora é efeito histórico de uma tecnologia de poder centrada na vida‖ (FOUCAULT,

2010, p. 151-157). Esta proposta de discussão representa procedimento inicial de uma

pesquisa mais ampla a qual pretende mapear discursos, saberes e poderes constituintes dos

modos de subjetivação produzidos a partir da midiatização das práticas de cuidado com o

corpo na atualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Biopoder, Corpo, Mídia.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

26

UM OLHAR POSSÍVEL SOBRE O CORPO NA ATUALIDADE

Fernanda da Silva BORGES (Trama)

Universidade Federal de Goiás

[email protected]

O corpo tem sido cada vez mais alvo de controle, segundo Foucault, o controle da sociedade

sobre os indivíduos sempre se deu no/pelo corpo. Em nossa pesquisa de mestrado buscamos

analisar um corpus diversificado de enunciados/imagens que servissem ao contexto de

produção do visível e dizível sobre o corpo na atualidade. Para isso, utilizamos os

pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), mais especificamente as

noções foucaultianas de enunciado, processo de subjetivação e biopoder. Nesse sentido,

tentamos observar a trama discursiva que envolve os enunciados efetivamente produzidos e

sua relação com outros enunciados, além das condições de existência desses enunciados e da

construção de verdades sobre o corpo. Dessa forma, realizamos um estudo sobre as práticas

de embelezamento na constituição do sujeito contemporâneo a partir de uma rede

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

27

MEMÓRIAS E DISCURSOS NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO LEITOR

Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira – FL/UFG

TRAMA

[email protected]

O objetivo da pesquisa que desenvolvo no doutorado é compor uma história de formação do

leitor, privilegiando o leitor literário. Esse propósito será levado a efeito por meio de um

processo de construção de memórias de um grupo de alunos e da problematização da trama

discursiva que engendra a trajetória escolar percorrida por eles. Na construção das memórias,

assim como na trama discursiva composta pelo discurso da família, das professoras, pelo

discurso pedagógico, institucional e por documentos oficiais e institucionais, o enunciado

efetivamente produzido será compreendido na estreiteza e singularidade de sua situação, de

forma que se possam investigar as condições de existência desse enunciado (Foucault, 2004,

p. 31). O foco da investigação serão os alunos: a trajetória escolar que eles já percorreram e,

evidentemente, a história de vida que eles têm traçado como leitores. Investigar a relação

escola/formação do leitor dessa perspectiva pode não ser inovador, mas é, certamente, um

outro caminho, pois o discurso que será preferencialmente problematizado não é o de

autoridade, é o daqueles que se submetem a ele. Pretendo, assim, discutir a tese de que a

formação do leitor escolar é determinada pelo entrelaçamento do discurso dos alunos, das

professoras e da instituição. Desdobra-se dessa tese a hipótese de que a formação do leitor

pode se dar por submissão e/ou por resistência a esse entrelaçamento discursivo. Outra

hipótese é a de que a construção das memórias, fundamentada em teóricos como Bosi (1987 e

2003), Montenegro (1992a e 1992b), Pollack (1989 e 1992), Portelli (1989), Thomson (1997),

Thompson (1992) e Ricoeur (2007), possibilitará a materialização desse entrelaçamento

discursivo, a partir do qual pretendo investigar, problematizando, a formação do leitor.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

28

CCLLAARROO:: AA CCOONNSS TTII TTUU IIÇÇÃÃOO DD EE SSUUJJEE II TTOOSS EERRRR AANNTT EESS EEMM

DDIISSCCUU RRSSOOSS SSOOCCIIOO PPOO LLÍÍ TTII CCOOSS

Janaina de Jesus SANTOS (LEDIF/ Grudiocorpo)

Universidade Federal de Uberlândia

[email protected]

Este trabalho tem respaldo teórico-metodológico na Análise do Discurso de linha francesa e

seus estudos no Brasil. Assumimos como referência o conceito de discurso, compreendido

como regularidade e, ao mesmo tempo, como dispersão, e, mais especificamente, as noções

de memória, sentido e sujeito. Adotamos o filme Claro (Itália, 1975) de Glauber Rocha como

corpus, em sua materialidade complexa de linguagem verbal e visual, a fim de depreender

como são produzidas identidades sociopolíticas. Claro é organizado em pequenas narrativas

marcadas por questões políticas do contexto histórico e pela presença constante da atriz

francesa Juliet Berto, numa mescla de ficção e documentário. Tivemos o objetivo de

descrever, analisar e interpretar a construção de identidades, que trazem à luz discursos

sociopolíticos da modernidade e sua efemeridade no cotidiano. Partimos da hipótese de que os

discursos em Claro apontam para um imbricamento entre a materialidade verbal e visual e

dessas com a memória na constituição de identidades sociopolíticas. Para atingir nosso

objetivo, investigamos como os sujeitos são concebidos a partir de sua construção por saberes

materializados no filme; analisamos as estratégias de subjetivação no exercício do poder e

relacionamos subjetividades e identidades como produção de sentidos nos discursos;

questionamos como sujeitos materializados no filme, marcados pela dispersão e movência,

são tecidos pela rede de fios discursivos, que constroem ―verdades‖ e ordenam identidades.

Para tanto, tomamos as contribuições de Foucault (2007a; 2007b) e Courtine (2008; 2009);

dos estudos sobre cinema – Metz (1972; 1980), Xavier (2001; 2005); e dos estudos sobre

identidade – Hall (2001), Bauman (2005), Gregolin (2008) e Fernandes & Alves Jr. (2008).

Percebemos que a materialidade complexa de Claro traz discursos e produção de identidades

sociopolíticas ao evocar uma memória própria as suas condições de possibilidade em

palavras, imagens e funcionamento de elementos cinematográficos.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

29

O SUJEITO, A SUBJETIVIDADE E A “VERDADE” EM O HOMEM DUPLICADO

DE JOSÉ SARAMAGO

Karina Luiza de Freitas ASSUNÇÃO (LEDIF)

Universidade Federal de Uberlândia (PPGEL-UFU)

[email protected]

O objetivo geral da pesquisa que propomos realizar será problematizar a relevância do

conceito ―verdade‖ para a análise do discurso de linha francesa e como o mesmo corrobora

para o entendimento da constituição da subjetividade dos sujeitos fundamentada na

fragmentação, diluição e liquidez das mesmas. Para visualizarmos o funcionamento

discursivo da construção da ―verdade‖ analisaremos a constituição da subjetividade do sujeito

Tertuliano Máximo Afonso personagem central do romance O homem duplicado (2008) de

José Saramago. Como fundamentação teórica pautaremos dos estudos da análise do discurso

de linha francesa que considera o sujeito descentrado, clivado, heterogêneo, apreendido em

um espaço coletivo que não é constituído em uma individualidade e sim a partir de uma

coletividade que o subjetiva. Dessa forma, o discurso implicará uma exterioridade à língua,

pois as palavras ao serem pronunciadas carregam em si aspectos que remetem para o lugar

social, histórico e ideológico no qual o sujeito está inscrito; sendo assim, os discursos estão

sempre em movência, pois sofrem a todo o momento alterações decorrentes das mudanças

históricas e das transformações sociais. Pautaremos ainda, nos estudos realizados por Michel

Foucault que tratam da constituição dos sujeitos e como as relações de poder/saber

corroboram para a construção de ―verdades‖. Foucault, no decorrer de suas discussões

esclarece que não existem objetos pré-estabelecidos, tais como a loucura, a sexualidade e

outros. Isso quer dizer que são construídos discursivamente e que obedece a determinadas

regras que são constituídas historicamente. Assim, não existe uma ―verdade‖ verdadeira ou

falsa, o que temos é uma construção discursiva.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

30

AMOR E SUBJETIVIDADE EM DIAS ATUAIS

Kênia Rodrigues/UFG

TRAMA

As noções de sujeito e subjetividade têm passado por uma observação mais explorativa desde

os anos 60. Uma das grandes contribuições para esses novos olhares foi a teoria de Michel

Foucault, filósofo francês que elaborou um conjunto de ideias que apresentam sujeito como

uma eterna construção e subjetividade como uma processo de construção de si. Atravessado

pela língua e pelo mundo, esse sujeito constrói-se a partir de uma realidade que, ao mesmo

tempo em que interage com ele, o constitui interrompendo-o, promovendo-o e organizando-o.

As questões atuais sobre sujeito e linguagem fazem com que as teorias que apontavam para

um sujeito centralizado e fechado perdessem essa posição tranqüila e ganhasse um novo

lugar, menos exato e acabado. A eterna desordem que se instaura entre sujeito e realidade

amplifica as possibilidades de significados e de produção de si. Esse sujeito que ocupa um

lugar-função é tanto produtor da frase, dono da voz, quanto organizador dos discursos que o

atravessam, tornando-se um processo ininterrupto. Ao abordar o tema da sexualidade,

Foucault mostra uma preocupação sobre o modo como o indivíduo moderno poderia fazer

experiências de si mesmo enquanto ―sujeito de uma sexualidade‖. Para o autor, a sexualidade

é uma das formas pelas quais fazemos a ―experiência de constituirmo-nos enquanto sujeitos‖.

Foucault ainda apresenta os ―modos de subjetivação‖ desenvolvidos historicamente como

―práticas de si‖. Para esta pesquisa, pretendemos, no seio da Análise de Discurso de linha

francesa e de seus teóricos, observar como se constrói esse sujeito, partindo de revistas como

Marie Claire, Nova, Men’s health e Vip, tendo como objeto discursos sobre o amor. Essa

análise pretende observar o sujeito do amor contemporâneo, e como ele se constrói nessas

revistas. Observando que os corpos dóceis se transformam perante o tempo e a história,

seguindo rotas que estão sempre sujeitas a uma reavaliação, esta pesquisa se propõe a elaborar

um conjunto de indícios para que se possa perceber o que é uma subjetividade enquanto

prática ou processo e como ela se transforma levando em conta que todo comportamento

social é, em princípio, individual.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

31

A FUNÇÃO ENUNCIATIVA EM PRÁTICAS DISCURSIVAS DE SI

Mara Rúbia de Souza Rodrigues Morais/UFG e IFG

(TEIA/GEADA)

[email protected]

Este trabalho se propõe investigar o processo de monumentalização das vidas comuns, que se

materializa nas escritas memorialísticas de Cora Coralina e Carolina de Jesus, autoras da

literatura contemporânea brasileira. Aparentemente, a remissão a uma discursivização das

vidas ordinárias pode sugerir que a análise identifique a incidência, no discurso, de um objeto

formado alhures. Entretanto, a partir das postulações arqueológicas de Michel Foucault, este

estudo se reporta à função relacional que produz o discurso e, nesse sentido, se propõe

responder: o que possibilita a realização de uma função que atribui existência específica a

determinadas séries de signos, passíveis de serem agregados em uma formação discursiva de

convalidação das memórias subalternas? Por meio de uma configuração metodológica que

suspende as unidades naturalizadas (do livro, da obra, dos tipos cristalizados de discurso),

segue-se em busca do jogo de regras que permite depreender uma formação discursiva,

encaminhando-se para a análise de uma função enunciativa, que atravessa as séries de signos.

À guisa de resultados, este trabalho reafirma a produtividade de fazer que a investida

arqueológica sobre a ética pós-moderna (sinalizada por FOUCAULT, nA Arqueologia do

saber) dialogue com a análise do atravessamento do intradiscurso pela sua contraparte

interdiscursiva. Convalida-se, portanto, um diálogo que permite compreender a complexidade

de efeitos identitários determinados por uma regularidade (a FD de referência), que, embora

produzida na ruptura com outra regularidade (a FD da História tradicional), também não está

imune às fissuras em seu próprio interior. Enfim, e a partir do cruzamento da singularidade

com a repetição, identifica-se a construção discursiva de identidades simultaneamente

resistentes ao apagamento das memórias subterrâneas e submetidas à disjunção com as vidas

proscritas.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

32

O RISO COMO DISPOSITIVO DE EXERCÍCIO DE PODER: UM ESTUDO

DISCURSIVO

Waldênia Klésia Maciel Vargas SOUSA/UFG

CRIARCONTEXTO

[email protected]

Movidas pelo interesse em estudar o discurso humorístico, estamos desenvolvendo uma

pesquisa que visa a entender o funcionamento do discurso humorístico e do riso como

instrumentos/dispositivos de exercício de poder. Para tanto, buscamos nos estudos de Michel

Foucault, especialmente aqueles cuja temática aborda os mecanismos de poder-saber, o

embasamento teórico para nossa pesquisa. Entendemos que tal como outros discursos, o

humor também é discursivo, portanto, o riso não é algo natural do ser humano. Aprendemos a

rir de algumas coisas e não de outras. Assim, dentre outros objetivos, pretendemos perceber

como o discurso humorístico, que é mais sério que se possa imaginar, é utilizado como um

mecanismo para exercer poder sobre o outro e como isso ocorre nos níveis linguístico

(estratégias linguísticas) e discursivo (estratégias discursivas). Para tanto, nosso corpus é

composto por textos humorísticos multimodais, pois acreditamos que em cada gênero é

necessário ter uma estratégia diferente para gerar humor e, em consequência, uma maneira

diferente de exercer poder. Entendendo o riso como um dispositivo/instrumento, seremos

capazes de entender como a pressão do riso é capaz de moldar o sujeito, estabelecer

hierarquias, isto é, estabelecer relações de poder. O poder (FOUCAULT, 2010), não é

exercido somente como forma de adestramento, ou seja, o poder não se apresenta sempre de

forma repressiva. Assim, os dispositivos de exercício de poder podem surgir de diversas

maneiras e em diferentes lugares, por diferentes sujeitos, por isso, não há como falar de uma

forma universal de exercício de poder ou de um dispositivo geral do poder. É assim que

pensamos em uma forma de exercício de poder que muitas vezes não é percebida pelos

sujeitos: o riso.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

33

A OBJETIVAÇÃO DO SUJEITO ALUNO EM LIVROS DIDÁTICOS DE

PORTUGUÊS: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DE ANTOLOGIA NACIONAL

(1963) E PORTUGUÊS: LINGUAGENS (2006)

Wesley Luis Carvalhaes/UEG

Grupo DISCENS – Discurso e Ensino - UFG

A trajetória de Foucault, na qual se delineia uma teoria do discurso, é marcada pelo caráter

múltiplo advindo da amplitude de temas dos quais se ocupou esse pensador francês. Nessa

multiplicidade de temas, é possível identificar uma problemática presente em todo o percurso

filosófico foucaultiano: a questão do sujeito. Conforme Foucault (1995) mesmo afirma, o

tema central de sua pesquisa é o sujeito. Foucault mesmo ressalta que seu objetivo ―foi criar

uma história dos diferentes modos pelos quais, em nossa cultura, os seres humanos tornaram-

se sujeitos‖ (FOUCAULT, 1995, p.231). Para alcançar esse seu objetivo, o autor trata, no

decorrer de sua investigação, de três modos de objetivação, processos por meio do quais se dá

a transformação dos seres humanos – indivíduos – em sujeitos. Tratar de objetivação da

forma-sujeito é considerar o processo de produção histórico-política da qual o sujeito emerge.

Nesse processo de produção, situam-se as relações de poder que interessam ao estudo que se

faz da constituição do sujeito. No presente trabalho, apresentamos parte dos resultados

obtidos por meio da pesquisa desenvolvida no Mestrado em Letras de Linguística da

Faculdade de Letras da UFG entre 2007 e 2009. O livro didático de português (LDP), por

meio dos textos de apresentação, objetiva um sujeito aluno com características muito próprias

e distintas, como se pode ver na análise de Antologia Nacional, edição de 1963 e Português:

Linguagens (2006). Nesses LDP, o discurso dos autores constitui a forma sujeito aluno por

meio da utilização de mecanismos que, consoante uma apropriação das ideias de Foucault

(1997), podem ser tratados como subjetividade, termo aqui entendido como processo e,

igualmente, como produto.

Palavras-chave: Foucault. Discurso. Objetivação do sujeito. Livro didático de português.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

34

RESUMOS

Rodadas de Conversas

Tema: A rede enunciativa e a construção do arquivo

Ângela Teixeira de Moraes

Eduardo Vieira Gervásio

LuanaAalves Luterman

Márcia Maria Magalhães Borges

Tatianne de Faria Vieira Araújo

Wilton Divino da Silva Júnior

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

35

O DISCURSO JORNALÍSTIVO E A REDE ENUNCIATIVA

CONSTRUÍDA PELO PROJETO PENSAR

Ângela Teixeira Moraes (NPCP)

Universidade Federal de Goiás

[email protected]

Este trabalho faz parte de uma pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação

em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Goiás - nível doutorado. Trata-se do

mapeamento da rede discursiva apresentada no suplemento Pensar do jornal O Popular,

projeto que em 2010 completou onze anos. Buscou-se evidenciar como o jornal e seus

profissionais constroem seu discurso sobre educação, por meio da análise dos

constrangimentos organizacionais da empresa de comunicação, os ideais de educação

apropriados pelo jornal e sua associação com outros sujeitos enunciadores. Os procedimentos

de pesquisa para entendimento do corpora incluíram entrevistas com jornalistas e

profissionais de educação envolvidos no projeto e uma análise histórica dos temas que

nortearam a educação no ocidente desde a paideia grega até os dias atuais. Apesar deste longo

percurso histórico, o estudo propõe uma ênfase na contemporaneidade, visto a recente

inserção do debate sobre as mídias nos processos educacionais – tema que predominou na 11ª

edição de Pensar. Além disso, buscou-se conhecer como o público visado pelo jornal

construiu sentidos a partir das matérias publicadas em O Popular, por meio de entrevistas

com professores de escolas públicas e privadas e que ministram aulas nos ensinos Médio e

Superior.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

36

O ROMANCE, A HISTÓRIA, O ARQUIVO

Eduardo Vieira GERVÁSIO/UFG

(NELIM)

[email protected]

É notável como o romance histórico tornou-se um espaço de discussão dos fatos históricos

nacionais na contemporaneidade, principalmente em países que passaram pelo processo de

descolonização, como é o caso dos países de língua portuguesa. Tais romances trazem os

fatos do passado, constantes na memória da nação, para o plano da ficção. Neste intuito,

autores recorrem aos arquivos, ―memória arquivada‖, em busca de elementos para discutir o

processo histórico que transformou uma determinada nação naquilo que ela é na atualidade.

O presente estudo pretende investigar o arquivo como recurso para construção da trama

romanesca. Para tanto, selecionou-se a escritora cearense Ana Miranda. Em seu romance

Desmundo (1996), por exemplo, a autora traz para o plano da ficção os primeiros séculos da

colonização do Brasil, ou seja, os séculos XVI e XVII. O texto de Ana Miranda possui, como

suporte histórico, diversos documentos e estudos historiográficos constantes de uma

bibliografia no final do romance. Neste sentido, o romance em questão vale-se da memória

coletiva nacional, fixada nos documentos arquivados, para a construção do seu enredo.

A autora consulta documentos de todos os tipos: crônicas de viajantes europeus que est iveram

na América, estudos historiográficos e, ainda, compiladores de lendas e mitos do período

narrado, tais como obras de Sergio Buarque de Holanda e Luís da Câmara Cascudo. O que se

tem, portanto, é um acervo documental construído pela autora. É fato que Ana Miranda não

buscou a totalidade dos documentos possíveis, mas sim aquilo que julgou importante e

conveniente para sua empreitada, pois, conforme a afirmação de Michel Foucault, o arquivo

do pesquisador (romancista) é algo construído por ele mesmo, ele é buscado e selecionado na

imensidão de documentos existentes e acumulados no decorrer do tempo.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

37

A LEITURA EM OUTRA DIMENSÃO:

OUTDOORS EM REALIDADE AUMENTADA

Luana Alves LUTERMAN/UFG

(DISCENS)

[email protected]

Esta pesquisa possui o objetivo de analisar novas práticas de leitura possíveis a partir do

século XXI: os leitores são convocados ou projetados nos espaços e nos tempos diegéticos

para configurarem uma relação identitária com objetos de consumo. O método utilizado é a

análise do discurso de linha francesa. O corpus foi coletado via arquivo. Pela investigação,

percebemos como o contato com outdoors materializados em efeito de realidade aumentada

torna superlativo o apelo ao olhar e ao corpo, ao extravasar os limites padrões dos suportes

tradicionais. Esses novos objetos de cultura podem incitar os sujeitos, ou indivíduos, a

participarem empiricamente da narrativa ofertada, como personagens passivos, ou podem

sugerir a projeção dos sujeitos nas inscrições diegéticas. Consideramos que a intericonicidade,

partícipe desse processo, não é apenas a ativação de uma memória discursiva, porque alia

também a memória interna do indivíduo, seja ela imaginada ou real. Daí, temos a irrupção de

identidades fluidas, fragmentadas, flutuantes, na pós-modernidade, constituídas pela rede

enunciativa em que se situam essas práticas de leitura, em uma nova face produtiva, que

abrange tanto a polifonia (as muitas vozes) quanto a conexão entre gêneros, suportes e signos

plurissemióticos. Assim, rompemos os costumeiros limites da página do texto.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

38

GÊNEROS DISCURSIVOS:

UM RETORNO AOS ASPECTOS ESTRUTURAIS OU UMA NOVA ABORDAGEM

COMO OBJETO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA?

Márcia Maria Magalhães Borges/UFG

(TRAMA)

O objetivo maior de nossa pesquisa de doutoramento é investigar se os gêneros discursivos

encontram dupla finalidade no momento atual: de um lado está a obrigação de oferecer aos

alunos um trabalho que contemple a noção e, de outro, o ensino dos gêneros fundado no

reconhecimento de suas estruturas. Dessa tese, desdobra-se a hipótese de que os livros

didáticos, as provas de vestibular, a prova do ENEM contemplam a noção de gênero levando

em conta os aspectos estruturais que permitem o reconhecimento do texto como pertencente a

determinado gênero. Isso nos leva a hipotetizar também que todo esse material propõe a

noção como uma espécie de resistência ao modelo tradicional de ensino. Talvez seja uma

obrigação de propor o ―novo‖. Nesse sentido, objetivamos, em primeira instância, verificar

como se deu a entrada dos gêneros no Brasil e investigar se as pesquisas realizadas no

contexto acadêmico apontam para a inserção da noção de gêneros como objeto de ensino de

Língua Portuguesa. Em seguida, procuramos verificar o que garante a consolidação da noção

de gênero como objeto de ensino de Língua Portuguesa e investigar se a proposta de ensino

voltada para os gêneros não se tornou uma regra a ser seguida. Além disso, é, também, nosso

objetivo investigar se a noção de gênero está sendo proposta na atualidade, tal como a noção

foi postulada por Bakhtin ou se os gêneros têm sido tomados em sua estrutura, em sua forma.

Para essa investida, autores como Bakhtin e Foucault são/foram fundamentais.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

39

DISCURSO DE RESISTÊNCIA À DITADURA MILITAR:

POSSIBILIDADES ATRAVÉS DA CRÔNICA

Tatianne de Faria Vieira Araújo/UFG

Teia e Trama

[email protected]

Em nossa pesquisa de mestrado, desenvolvida através do Programa de Pós-Graduação em

Letras e Linguística, da Faculdade de Letras, da Universidade Federal de Goiás, propusemos

uma análise dos mecanismos linguístico-discursivos que pudessem ter possibilitado a

emergência do discurso de resistência, durante o período da Ditadura Militar brasileira, sem

ser censurado. Nosso corpus é formado por crônicas narrativas e a escolha desse gênero deu-

se por entendermos que ele traz em si uma reflexão ficcionalizada da realidade e dos

comportamentos humanos, revelando um modo de olhar o que acontece no dia-a-dia de uma

sociedade. Assim, baseadas na Análise de Discurso de linha francesa, originada com os

escritos de Michel Pêcheux, especialmente da desenvolvida no Brasil com o apoio teórico dos

escritos de Michel Foucault, propusemos olhar para as crônicas que tratassem de assuntos

proibidos pelo governo militar e entender quais mecanismos foram utilizados e como eles

contribuíram para que enunciados diversos se relacionassem e tecessem uma possibilidade de

manifestação do discurso de resistência. Priorizaremos as crônicas publicadas no extinto

jornal Última Hora, na revista Veja e no Jornal do Brasil, trabalhando com os cronistas Tarso

de Castro, Millôr Fernandes e Carlos Drummond de Andrade, sujeitos que, ao seu modo,

ocuparam uma posição de resistência aos ditames da Ditadura Militar brasileira. Como o

governo militar esteve no poder de 1964 a 1985, interessam-nos os primeiros anos pós Ato

Institucional nº. 5 (AI-5), considerado o período mais duro, com uma censura acirrada a

qualquer manifestação que se opusesse ao governo. Em princípio, estamos concentradas nas

publicações de 1969 e 1970, todavia, há a possibilidade de analisarmos outras crônicas de

1971 e 1972. Dentre os mecanismos linguístico-discursivos trabalhados nas crônicas, os mais

latentes e recorrentes nas situações descritas acima e que estamos analisando em nossa

pesquisa são: a ironia, a sátira e a metáfora.

I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault

02 a 03 de dezembro

de 2010

40

O ARQUIVO FOUCAULTIANO E O RIZOMA DELEUZIANO: APROXIMAÇÕES

TEÓRICO-METODOLÓGICAS 6

Wilton Divino da Silva Júnior7/UFG

TRAMA

[email protected]

Em 1969, em sua obra A arqueologia do saber, Michel Foucault (1926-1984) apresenta a

noção de arquivo como ―sistema que rege o surgimento dos enunciados como acontecimentos

singulares‖, ou seja como o sistema de condições históricas que definem: o que pode ou não

ser dito, os enunciados que se conservarão na memória dos homens, os enunciados reativados

e os indivíduos que deles poderão se apropriar. Anos depois, em 1980, quando do lançamento

da obra Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia – vol. 1,Gilles Deleuze (1925-1995) e Félix

Guattari (1930-1992) apresentam a noção de rizoma como um sistema conceitual aberto, que

―não começa, nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser,

intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança‖ (capa da obra).

Esse sistema caracteriza-se a partir de seis princípios norteadores de seu funcionamento

(Conexão, Heterogeneidade, Multiplicidade, Ruptura a-significante, Cartografia e

Decalcomania). Investigamos, portanto, as aproximações possíveis no âmbito metodológico

da noção de arquivo e de rizoma, na medida em que os princípios caracterizadores do sistema

rizomático permitem funcionar a construção do arquivo, tendo em vista que ambos os

conceitos orientam-se a partir da constituição de uma rede enunciativa. Como parte dos

objetivos propostos para o doutoramento, buscamos a comprovação dessa hipótese partindo

de conjuntos de séries enunciativas como a que, por ora, nos debruçamos – a

espetacularização do meio ambiente. Considerando as redes enunciativas formuladas em torno

da temática da Sustentabilidade, procuramos observar como a noção de rizoma e arquivo

funcionam no processo analítico.

PALAVRAS-CHAVE: Arquivo, Rizoma, Enunciado, Sustentabilidade.

6 Trabalho submetido à Rodada de Conversa: A rede enunciativa e a construção do arquivo durante o I Ciclo de Estudos do Discurso: repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault, Universidade Federal de

Goiás, Faculdade de Letras, dezembro de 2010. 7 Doutorando em Linguistica, linha de pesquisa Linguagem, Texto e Discurso, Universidade Federal de Goiás,

2010; mestre em Linguistica, Universidade Federal de Goiás, 2009; professor substituto da Faculdade de Letras

– UFG.