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I CICLO DE ESTUDOS DO DISCURSO REPENSANDO CONCEITOS E OBJETOS NA OBRA DE
MICHEL FOUCAULT
CADERNO DE PROGRAMAÇÃO
E
RESUMOS
02 e 03 de dezembro de 2010
GOIÂNIA-GO
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
GPT/BC/UFG
I CICLO DE ESTUDOS DO DISCURSO: repensando conceitos e objetos na
obra de Michel Foucault - programação e resumos/Universidade Federal de Goiás. V. 1. n. 1. (2010). Goiânia, GO:
UFG, 2010. p.
Bienal.
1. Linguística 2. Análise do Discurso. Universidade Federal de Goiás
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - UFG
REITOR
Prof. Dr. Edward Madureira Brasil
VICE-REITOR
Prof. Dr. Eriberto Francisco Bevilaqua Marin
PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO
Profa. Dra. Sandramara Matias Chaves
PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Divina das Dores de Paula Cardoso
DIRETOR DA FACULDADE DE LETRAS
Profa. Dra. Maria Zaira Turchi
COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA
Profa. Dra. Kátia Menezes de Sousa
COMISSÃO ORGANIZADORA Profa. Dra Kátia Menezes de Sousa – UFG (Presidente)
Prof. Dr. Alexandre Ferreira da Costa – UFG
Profa. Dra Eliane Márquez da Fonseca Fernandes – UFG
Profa. Ms. Josiane dos Santos Lima – PG/UFG
COMISSÃO EXECUTIVA Profa. Dra Kátia Menezes de Sousa – UFG (Presidente)
Josiane dos Santos Lima – PG/UFG
Gyannini Jácomo Cândido – Letras/UFG
Bruno Rafhael Cesário Calassa – Tec./UFG
Julieta Vilela Garcia – PG/UFG
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
PROGRAMAÇÃO GERAL
............................... ...............................
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Rodada de conversas: Discurso e enunciado em Michel
Foucault
Aline Rezende Belo Alves
Edilair José dos Santos
Jaciane Martins Ferreira Janete Abreu Holanda
Joabe Pereira de Freitas
Keila Matida de Melo Costa Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque
Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago
Sara de Oliveira Borges Souza Valdoméria Neves de Moraes Morgado
................................
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Rodada de conversas: Enunciado e Sujeito em Michel
Foucault
Denise Gabriel Witzel Deyvisson Pereira da Costa
Fernanda da Silva Borges
Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira Janaina de Jesus Santos
Karina Luiza de Freitas Assunção
Kênia Rodrigues
Mara Rúbia de Souza Rodrigues Morais Waldênia Klésia Maciel Vargas Sousa
.................................
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Rodada de conversas: A rede enunciativa e a
construção do arquivo
Ângela Teixeira de Moraes
Eduardo Vieira Gervásio
LuanaAalves Luterman
Márcia Maria Magalhães Borges Tatianne de Faria Vieira Araújo
Wilton Divino da Silva Júnior
.................................
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APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que o Grupo Trama, em parceria com os Grupos
Criarcontexto e NOUS e o Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Goiás, realiza o I Ciclo de Estudos do Discurso. Com igual
satisfação contaremos com a participação dos Grupos Labor (Laboratório de Estudos do
discurso) Geada (Grupo de Estudos do discurso de Araraquara), Geduem (Grupo de Estudos
em Análise do Discurso da UEM: autoria, mídia, sujeito, e práticas discursivas),
Laboratório de Estudos discursivos Foucaultianos, Grudiocorpo – Grupo de Estudos sobre o
Discurso e o Corpo, TEIA (Grupo Multidisciplinar de Estudo em Análise do Discurso de
Jataí), Grupo de Epistemologia e Estudos da Linguagem.
O I Ciclo de Estudos do Discurso apresenta-se como uma oportunidade, no âmbito
geral, de reunir os vários grupos de pesquisa em Análise do Discurso, professores,
pesquisadores e alunos de pós-graduação de diferentes Instituições de Ensino Superior do
Brasil com o intuito de discutir o discurso, tanto como entidade conceitual, quanto como
objeto de pesquisa.
De forma específica, o I Ciclo de Estudos do Discurso trará, nesta primeira edição,
uma proposta de reflexão e debate acerca dos conceitos e objetos discursivos nas obras do
filósofo francês Michel Foucault e suas contribuições para a Análise do Discurso.
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
02 a 03 de dezembro
de 2010
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PROGRAMAÇÃO GERAL
1º. Dia: 02/12/2010 – QUINTA-FEIRA
8h30min –
9h30min Conferência de Abertura – A ordem do discurso: o dizível e
o visível em Foucault. Profa Dra. Maria do Rosário Valencise Gregolin (Grupo Geada-
Unesp/Araraquara)
Coordenação: Profa. Dra. Kátia Menezes de Sousa (Grupo Trama/UFG)
Local: cinema
12h – 14h INTERVALO
14h – 16 h Mesa-redonda: Discutindo conceitos
Tema: Discurso e enunciado em Michel Foucault Debatedores:
- Maria do Rosário Gregolin (Grupo Geada-Unesp/Araraquara)
- Vanice Sargentini (grupo Labor/UFSCar)
- Cleudemar Alves Fernandes (Laboratório de Estudos discursivos
Foucaultianos/UFU)
Coordenação: Alexandre Ferreira da Costa (Grupo NOUS/UFG)
Local: mini-auditório
16h – 16h30min. INTERVALO
16h30min. – 18h Rodada de conversas: objetos de pesquisa em debate
Tema: Discurso e enunciado em Michel Foucault Mediadores:
- Maria do Rosário Gregolin (Grupo Geada-Unesp/Araraquara)
- Cleudemar Alves Fernandes (Laboratório de Estudos discursivos
Foucaultianos/UFU)
- Carlos Piovezani (Grupo Labor/UFSCar)
Local: mini-auditório
2º dia: 03/12/2010 – SEXTA-FEIRA
8h - 10h Mesa-redonda: Discutindo conceitos
Tema: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault Debatedores:
- José Ternes (Grupo de Epistemologia e Estudos da Linguagem –
PUC/UFG)
- Pedro Navarro (GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM)
- Luzmara Cursino (Grupo Labor/UFSCar)
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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Coordenação: Eliane Marquez da F. Fernandes (Grupo
Criarcontexto/UFG)
Local: mini-auditório da FCHF
10h – 10h30min. INTERVALO
10h – 12h. Rodada de conversas: objetos de pesquisa em debate
Tema: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault Mediadores:
- Pedro Navarro (GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM /UEM)
- Luzmara Cursino (Grupo Labor/UFSCar)
- Antônio Fernandes Júnior (Grudiocorpo – Grupo de Estudos sobre o
Discurso e o Corpo - CAC/UFG)
Local: mini-auditório da FCHF
14h – 15h30min. Rodada de conversas: as perspectivas da pesquisa em análise
de enunciados
Tema: A rede enunciativa e a construção do arquivo Mediadores:
- Marlon Salomon (UFG)
- Carlos Piovezani (Grupo Labor/UFSCar)
- Vanice Sargentini (Grupo Labor/UFSCar)
Local: mini-auditório da FCHF
16h – 18h Encerramento
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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RESUMOS
Rodada de conversas
Tema: Discurso e enunciado em Michel Foucault
Aline Rezende Belo Alves
Edilair José dos Santos
Jaciane Martins Ferreira
Janete Abreu Holanda
Joabe Pereira de Freitas
Keila Matida de Melo Costa
Lennie Aryete Dias Pereira Bertoque
Maria de Lourdes Faria dos Santos
Paniago
Sara de Oliveira Borges Souza
Valdoméria Neves de Moraes Morgado
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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AS CONCEPÇÕES DE LEITURA E BONS LEITORES EM DIFERENTES
FORMAÇÕES DISCURSIVAS
Aline Rezende Belo Alves/UFG
Com a finalidade de apreender e compreender as concepções de leitura e bons leitores em
diferentes formações discursivas por meios de enunciados, faço um trajeto temático tomando
como arquivo não só documentos impressos datados e institucionalizados, mas também
objetos da pintura ou mesmo fotografia, literatura e cinema como demonstração de práticas
sociais.Durante todo o trajeto considero a leitura como sendo a reativação do já dito
independentemente se por meio de palavras, ações ou imagens e tomo como referência o
conceito foucaultiano de que Formação Discursiva é a possibilidade de se descrever entre um
certo número de enunciados um sistema de dispersão e uma regularidade entre os objetos, os
tipos de enunciação, os conceitos, as escolhas temáticas. O reaparecimento de velhas práticas
e concepções em novos contextos figura como uma constante em todo o trajeto, isto é, novos
enunciados referentes à leitura nos ambientes religioso, escolar ou mesmo na convivência
social são sempre atravessados pela repetição de práticas e conceitos demonstrando
historicidade do e no ato de leitura. Entretanto, rupturas e até inversões são observadas como
no estabelecimento do que é bom leitor e boa leitura. Ao final é possível afirmar que em
diferentes formações discursivas e momentos históricos, a leitura é vista como meio de
transformar os valores e hábitos de grupos sociais que são o seu alvo formando cidadãos pela
leitura.
Palavras-chave: Leitura. Leitores. Trajeto temático. Formação discursiva. Arquivo.
Regularidade. Dispersão.
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A FORMAÇÃO DIACURSIVA NA PASTORAL DA JUVENTUDE (PJ) DA IGREJA
CATÓLICA
Edilair José dos SANTOS1 (GEDIS)
Universidade Federal de Goiás - UFG - Catalão (GO)
O objetivo deste trabalho é analisar a Formação Discursiva do jovem a partir da
evangelização proposta pela Pastoral da Juventude. Analisaremos as relações de poder e saber
através do discurso da PJ segundo a teoria de Foucault. Este pensador explica a formação
discursiva como ―um conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo
e no espaço, que definiram uma época dada, e para uma área social, econômica e geográfica
ou linguística dada, as condições de exercício da função enunciativa‖ (2000, p.136). É, por
assim dizer — insiste-se — uma construção sócio-histórica, visto que parte do lugar social de
onde o sujeito produz seu discurso.
A prática discursiva da PJ persuade o jovem a tornar-se um elemento novo na construção de
novos sentidos do discurso ―libertador‖ de Jesus Cristo eternizado pelas Escrituras Sagradas e
pela tradição cristã. Nesse sentido Foucault afirma que ―o discurso não é simplesmente aquilo
que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta,
é o próprio poder de que procuramos assenhorear-nos‖ (1995, p.3). A construção do discurso
do jovem da PJ se alicerça na certeza do potencial juvenil, na possibilidade da realização dos
sonhos da juventude, focado numa prática discursiva vazada nos conceitos de elevação da
autoestima e motivação. Para Foucault as relações discursivas ―não são internas ao discurso:
não ligam entre si os conceitos ou as palavras. Mas não são relações exteriores ao discurso‖
(2000, p. 52). Essas relações ―estão de alguma maneira no limite do discurso: oferecem-lhe
objetos de que ele pode falar, [...] determinam o feixe de relações que o discurso deve efetuar
para poder falar de tais ou quais objetos, para poder abordá-los, nomeá-los, analisá-los,
classificá-los‖ (2000, p. 52). A formação discursiva da PJ prega a Boa notícia de que os
jovens serão sujeitos de sua história, em uma reedição da promessa de Jesus Cristo aos seus
seguidores.
1 Especializando em Letras – Leitura e Ensino – Faculdade de letras – UFG – Catalão.
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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DISCURSO, LITERATURA E MEMÓRIA NA ESCRITA DE HILDA HILST
Jaciane Martins Ferreira
Universidade Federal de Uberlândia
LEDIF – Laboratório de Estudos Discursivos Foucaultianos
No presente trabalho, pretendemos analisar dois excertos da obra ―O caderno rosa de Lori
Lamby‖, livro que traz a história de uma garota de oito anos a qual relata suas possíveis
experiências com homens mais velhos. Em princípio, identificaremos os enunciados nos
extratos a serem analisados, para isso usaremos os postulados de Foucault (2008) sobre
enunciado. Objetivamos, portanto, refletir sobre o fato de aparecer um enunciado no qual há a
retomada de uma obra literária, pensaremos nesse fato como um acontecimento discursivo.
Ao olharmos para essa obra dentro d’O Caderno Rosa, levantamos indagações em torno desse
enunciado, o porquê de seu aparecimento, a opacidade desse enunciado e quais os efeitos de
sentido por ter aparecido no diário de Lori. Assim, procuraremos interpretar a singularidade
desse acontecimento e sua ligação com a história e, também, o funcionamento de uma dada
memória (Courtine, 2006). No que concerne ao enunciado que traz o nome de um autor,
podemos pensar nesse nome, surgido como um acontecimento discursivo, como se tivesse
aparecido para sustentar e validar o discurso sobre o sexo trazido na obra em questão. Para tal
análise, usaremos os pressupostos de Foucault (1992).
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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A CONSTRUÇÃO DA VERDADE PELA MÍDIA
Janete Abreu Holanda/UFG
(Grupo TEIA - Grupo Multidisciplinar de Estudos em Análise do Discurso de Jataí)
Esta pesquisa, que toma como embasamento teórico a Análise do Discurso de linha francesa,
derivada dos trabalhos de Michel Pêcheux, especialmente a desenvolvida no Brasil a partir
dos escritos de Michel Foucault, tem por objetivo descrever e analisar os modos como a
―verdade‖ vem sendo historicamente produzida no discurso jornalístico e a função de controle
exercida por essa produção. Não nos interessa saber se os enunciados produzidos são
verdadeiros, mas como eles se tornam verdadeiros, até porque, para Foucault, a verdade é
sempre construída. Para percebemos isso, a nossa análise será desenvolvida a partir da
espessura material dos enunciados produzidos em editoriais do jornal O Globo e da revista
Carta Capital em 2010 relacionados à candidata à eleição para presidente do Brasil. Olhar
para os enunciados jornalísticos das eleições presidenciais de 2010 constitui-se num momento
de particular importância para o nosso trabalho, face à exposição das ideias e disputa entre
grupos políticos com ideários francamente opostos. Serão especialmente importantes para as
nossas análises alguns construtos teóricos de Michel Foucault, tais como enunciado, arquivo,
formação discursiva e acontecimento.
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O DEMÔNIO PÓS-MODERNO: A CONSTITUIÇÃO INTERDISCURSIVA DO MAL
EM PRÁTICAS RELIGIOSAS
Joabe Pereira de Freitas (FAL) (NOUS)
Universidade Federal de Goiás
Faz necessário um estudo mais aplicado ao discurso religioso do mal por estar presentes nos
dois maiores segmentos religiosos, o católico romano e o protestante, ambos tão difusos em
território nacional, e é hegemônico em todas as esferas sociais. O discurso do mal, e o
demônio como a causa e o agente de todas as maldades, mazelas e perturbações, tem se
manifestado recorrente, apregoado e, por não dizer, quase se institucionalizado nas esferas
sociais.
Este discurso se vê presente e manifesto desde os programas diários da televisão, debates,
pregações, até a política nacional, por ser um país cuja maioria professa a fé cristã, e mesmo a
que não cristã se relaciona mutuamente com tal discurso. Os enunciados de pregação
derivam-se intertextualmente, de forma manifesta e constitutiva (FAIRCLOUGH, 1992,
1999, 2003), a partir dos textos fundadores da fé católica e protestante, a Bíblia. Além disso,
há uma série de textos-comentário destas manifestações que conformam a instanciação dos
dogmas nas práticas de pregação de acordo com diferentes hermenêuticas e diferentes ordens
de discurso locais. Neste trabalho descrevemos e analisamos o princípio mais básico desta
relação entre discursos fundadores e discursos comentários.
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BIBLIOTECA: ESPAÇO DE SABER E DE PODER
Keila Matida de Melo Costa
Faculdade de Educação da UFG
Este trabalho tem como objetivo apresentar um pouco da trajetória investigativa de Michel
Foucault na tentativa de compreender o funcionamento do poder, o modo como ele opera no
espaço de uma biblioteca. O projeto Panóptico de Jeremy Bentham contribui para esse
entendimento. A biblioteca escolhida foi a Biblioteca Professor Jorge Félix de Souza,
conhecida como Biblioteca do CEFET/GO (atual Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás) localizada em Goiânia, capital de Goiás. O edifício dessa biblioteca foi
(re) inaugurado, para tal fim, em 2007, antes desse período não havia um espaço apropriado
para ela. A biblioteca funcionava no interior do próprio instituto. Em razão dessa recente
construção específica para o espaço de uma biblioteca (até o ano de 2008 – época de
efetivação deste estudo – foi a construção mais atual até então criada na capital), é que essa
instituição foi escolhida para compor este estudo. Em geral, grande parte das bibliotecas
(escolar, pública, comunitária etc.) não funciona em espaço projetado especificamente para
ela, e tem uma história marcada por deslocamentos. Nessa biblioteca, o olhar vigilante do
poder se instala, haja vista a ―transparência‖ das janelas e paredes de vidro, as repartições
onde circulam os funcionários, a escolha e determinação do mobiliário, os cartazes
normativos que permeiam alguns espaços de leitura. Nesse sentido, estudo bibliográfico,
análise de campo, leitura de documentos e trabalhos sobre esse espaço formalizado de leitura
delineiam a efetivação deste percurso. Saber, poder, controle, individualização, normalização,
entre outras problematizações, são identificadas na constituição dessa biblioteca.
Problematizações que caracterizam aspectos da sociedade moderna.
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O “DITO” NA PERSPECTIVA DE FOUCAULT E DUCROT
Lennie Aryete Dias Pereira BERTOQUE (GEF)
Universidade Federal de Goiás
A proposta deste trabalho é apresentar o ―discurso‖ e o ―enunciado‖ na perspectiva de
Foucault (1969 [2009]), com o objetivo de enfatizar o que vem a ser o ―dito‖. Traremos à
discussão a proposta de Ducrot (1987) sobre o ―dito‖ e ―não dito‖, o que auxilia a distinção
entre uma análise no campo da língua e uma análise no campo do discurso já que, apesar
desses autores analisarem o ―discurso‖, o ―enunciado‖ e o ―dito‖, o fazem de um ponto de
vista, de mecanismos e de concepções de análise diferentes. Para Ducrot, há a possibilidade
de existir um ―dito‖ e um ―não dito‖, enquanto para o Foucault, não há implícitos (não dito),
tudo está, efetivamente, ―dito‖. Essa discussão visa minimizar os equívocos possíveis em
trabalhos que ―misturam‖ esses campos de análise, entendendo-se que a diversidade de
perspectivas possibilita a abrangência de abordagens teóricas nos Estudos Linguísticos e não
caracteriza um ângulo de análise melhor do que o outro, mas distinto, pois os objetos e o olhar
sobre eles são diferentes.
Palavras-chave: discurso; enunciado; dito e não dito.
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A PRODUÇÃO DE IDENTIDADES NA MÍDIA:
A INTERICONICIDADE DISCIPLINANDO CORPOS FEMININOS
Maria de Lourdes Faria dos Santos PANIAGO/UFG2
(Grupo TEIA – Grupo Multidisciplinar de Estudos em Análise do Discurso de Jataí)
Tendo como embasamento teórico a Análise do Discurso de Linha Francesa, desenvolvida no
Brasil, a partir dos postulados de Michel Foucault, este trabalho discutirá as práticas de
subjetivação desenvolvidas pela mídia. Interessa-nos, mais especificamente, os discursos
midiáticos que buscam moldar o corpo da mulher na tentativa de construir uma determinada
identidade feminina. Dessa forma, buscamos compreender a mídia como produtora de
identidades sociais, por meio da análise dos discursos que são por ela veiculados, não apenas
os verbais, mas principalmente os iconográficos. O conceito de intericonicidade de Jean-
Jacques Courtine nos será particularmente útil para analisar a malha de imagens que nos
rodeia, principalmente por meio da mídia. Para esse pesquisador, as imagens apóiam-se umas
nas outras, como um dispositivo em rede, por isso, será necessário mobilizar também o
conceito de memória discursiva, também de Courtine. O principal objetivo deste trabalho é
analisar os discursos midiáticos, principalmente os imagéticos, para compreender o papel
disciplinador que a mídia exerce sobre corpos femininos, com a finalidade de moldá-los.
Pretendemos colocar em destaque a linguagem iconográfica, para compreender de que forma
se relaciona com o texto verbal na construção de identidades. E, considerando-se que a
Análise do Discurso, não apenas no seu percurso francês, mas também no brasileiro, esteve
sempre em processo de constante questionamento, é finalidade também deste trabalho
problematizar o quadro teórico da AD, estabelecendo novos diálogos e novos embates com
disciplinas limítrofes, principalmente com a semiologia histórica proposta por Jean-Jacques
Courtine. Em outras palavras, pretende-se problematizar métodos e objetos da Análise do
Discurso, tal qual pensada por Michel Pêcheux, para contribuir com o aprimoramento da
análise de discursos híbridos, principalmente os utilizados pela mídia na busca da criação de
identidades.
2 Pós-Doc Universidade de São Paulo/FFLCH – CNPq/(Apoio: CNPq – Processo: 150812/2010-8)
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O VERBAL E O NÃO-VERBAL NA CAMPANHA DE DILMA ROUSSEF
Sara de Oliveira Borges SOUZA
(Grupo TEIA Grupo Multidisciplinar de Estudos em Análise do Discurso de Jataí)
Para além das técnicas aventadas pelos grandes especialistas em marketing político, as estratégias
para a ―criação‖ da imagem de um candidato passam por múltiplas instâncias, nem sempre tão
visíveis ao olhar da audiência. O principal mecanismo utilizado por um candidato ao dirigir-se ao
eleitor é a linguagem. Na instância do discurso, ela pode ser verbal ou não. E é na utilização da
linguagem que o político tenta dissuadir ou persuadir seu interlocutor, utilizando-se do saber,
buscado em enunciados de toda a ordem, para o exercício do poder. O uso de enunciados,
dispersos em uma rede enunciativa de possibilidades discursivas, ou, segundo Michel Foucault,
numa prática discursiva que se desenrola entre outras práticas, bem como de elementos
semióticos que uma campanha presidencial para televisão demanda, constituem-se como
elementos definidores para a imagem que o sujeito político deseja construir junto ao eleitorado.
Neste sentido, tudo passa a ser discurso historicamente constituído: o olhar, a cor da roupa, o
movimento de câmera, o texto, o jogo de mãos, o corte do cabelo enfim... uma moldura viva,
cheia de historicidade e jogo de poder.
Tomando como embasamento teórico a Análise do Discurso de linha francesa, derivada dos
trabalhos de Michel Pêcheux, especialmente a desenvolvida no Brasil a partir dos escritos de
Michel Foucault, este trabalho pretende analisar como tais elementos, verbais e não verbais (o
que pôde, historicamente, tornar-se objeto de enunciação), foram constituídos e escolhidos para
comporem o conjunto de ditos (adequados para a campanha 2010 e explícitos nos programas do
horário eleitoral gratuito do primeiro mês de veiculação da campanha presidencial na televisão).
Além disso, busca-se entender ainda como a interação do que é verbal com o não verbal pôde
corroborar com a imagem pretendida por Dilma sobre a vontade de verdade propalada pela
campanha, de que ela, Dilma Roussef, seria a sucessora ideológica ideal para dar continuidade
aos projetos do atual presidente da república.
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O DISCURSO EDUCACIONAL NO ARTIGO DE OPINIÃO:
O CONTROLE DO JÁ CONTROLADO
Valdoméria Neves de Moraes MORGADO/ I FG – Campus Ceres
(CRIARCONTEXTO)
Nosso objetivo é verificar a construção discursiva sobre Educação, materializada na seção
Ponto de Vista, da Revista Veja, no período de 2000 a 2009. Para isso, selecionamos doze
artigos: três de Lya Luft, quatro de Stephen Kanitz e cinco de Claudio de Moura Castro. Para
fundamentar nossa pesquisa, optamos, essencialmente, por Bakhtin, Pêcheux e Foucault para
discutir as questões do discurso e, para observar o papel e a dimensão discursiva da mídia
impressa, apoiamo-nos, por exemplo, em Santaella, Scalzo e Thompson. Discutimos as
concepções de língua, dialogismo, formações discursivas e formações imaginárias, condições
de produção do discurso e das relações de poder e saber que emanam da noção de discurso
que norteia este estudo. Também abordamos aspectos da informação, desde a oralidade até a
expansão e influência da mídia impressa em, especial, do destaque de Veja como uma das
principais revistas semanais do mundo e, também, como mecanismo formador de opinião. Na
análise dos artigos de opinião dos articulistas que representam Veja, constatamos que o
discurso aponta uma crise na instituição escolar brasileira e que essa crise é atribuída ao
professor visto como incompetente devido à sua péssima atuação e formação acadêmica.
Além disso, observamos que Veja nos apresenta um modelo salvacionista, como receita
infalível para essa crise: o livro didático. Assim, por meio dessa construção discursiva, os
articulistas revelam mecanismos controladores que procuram legitimar ou configurar um
modelo de professor e de uso do livro didático bem detalhado para assegurar o bom exercício
do magistério. Veja assume o discurso pedagógico visando normalizar e individualizar para
exercer de maneira mais efetiva seu saber e poder sobre o leitor.
Palavras-chave: discurso, mídia, educação, professor, livro didático.
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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RESUMOS
Rodada de Conversas
Tema: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault
Denise Gabriel Witzel
Deyvisson Pereira da Costa
Fernanda da Silva Borges
Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira
Janaina de Jesus Santos
Karina Luiza de Freitas Assunção
Kênia Rodrigues
Mara Rúbia de Souza Rodrigues Morais
Waldênia Klésia Maciel Vargas Sousa
Wesley Luis Carvalhaes
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
02 a 03 de dezembro
de 2010
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CONTOS DE FADAS NO DISCURSO PUBLICITÁRIO: UMA “CONVERSA”
SOBRE MODOS DE SUBJETIVAÇÃO DO FEMININO
Denise Gabriel Witzel (GEADA)
PG-UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (FCL-AR)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE DO PARANÁ
Enunciados que alimentam a fantasia e descortinam para o público consumidor um mundo
idealizado onde tudo escapa às limitações e às contingências da vida humana ordinária;
imagens de mulheres inscritas em um regime particular de visibilidade, normatizado por
paradigmas de conduta e de beleza que reverberam verdades historicamente construídas sobre
seu corpo e, em decorrência, sobre sua(s) identidade(s). Esses são, seguramente, os principais
pontos de convergência entre os contos de fadas e a publicidade que este estudo visa
problematizar. Para tanto, fundamenta-se prioritariamente na arquegenealogia de Michel
Foucault, mais precisamente nos seguintes pressupostos: i) o poder não reprime nem interdita,
já que ele incita e produz; ii) a verdade não é do âmbito da realidade originária, mas da ordem
do acontecimento; iii) os discursos trazem sempre consigo efeitos específicos do saber e do
poder que constituem verdades, práticas e subjetividades. Assim, examinando as condições de
existência e de circulação dos enunciados, as posições de sujeito ali apontadas, as
materialidades dos múltiplos sentidos e as articulações que os enunciados estabelecem com a
história e a memória, esta ―conversa‖ mostra que o acontecimento da verdade e seus efeitos
na prática publicitária fazem valer sobre a vida das mulheres uma realidade inevitável e
impositiva, na medida em que o exercício do poder se coloca como o poder da própria
realidade. Mostra, igualmente, que o poder constitutivo e produtivo do discurso publicitário,
ao recitar um conjunto de convenções e valores advindos dos contos de fadas, assegura certos
efeitos identitários. São efeitos que contribuíram com os modos de subjetivação do feminino
desde tempos quase imemoriais.
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
02 a 03 de dezembro
de 2010
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A NOÇÃO DE BIOPODER EM MICHEL FOUCAULT3
Deyvisson Pereira da COSTA4
Augusto Flamaryon Cecchin Bozz5
Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Uni. do Araguaia
Na sociedade contemporânea o corpo se tornou um objeto privilegiado de cuidados
individuais e sociais e tema de estudos acadêmicos, em especial no campo da Comunicação.
Apesar de sugerir-se como um objeto automaticamente definido e delimitado: real e vivo, ele
parece nos escapar continuamente enquanto fato de cultura. Assim, investigamos a noção de
biopoder como é apontada pelo filósofo e historiador Michel Foucault, objetivo de subsidiar
questionamentos futuros. Valemos-nos de uma pesquisa bibliográfica procurando identificar a
pertinência desta noção para a compreensão dos modos de exercício do poder constituintes
dos modos de subjetivação no mundo contemporâneo, especialmente oriundos das técnicas
corporais midiatizadas. Entendendo o poder-saber, como uma faceta do poder-cultura, como
principal legado arqueo-genealógico de Michel Foucault indagamos como o poder é definido
pelo o autor. Precisamente, como o biopoder se exerce ou funciona? Sobre a proposta de
Michel Foucault destacamos três aspectos: o descentramento do poder, sua
produtividade/positividade e seu alvo primordial, o corpo. Com os problematizações sociais
sobre a sexualidade, a higiene, as epidemias, as doenças, a saúde, o saneamento, etc, a
administração da população passou a ser um modo para o exercício do poder. Nasce então o
bio-poder: poder que controla a vida da população, a vida entendida como plenitude do
possível. ―Agora é sobre a vida e ao longo de todo o seu desenrolar que o poder estabelece
seus pontos de fixação; a morte é o limite, o momento que lhe escapa (...) uma sociedade
3 Trabalho submetido à Rodada de Conversa: Enunciado e Sujeito em Michel Foucault durante o I Ciclo de
Estudos do Discurso: repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault, Universidade Federal de
Goiás, Faculdade de Letras, dezembro de 2010. 4 Doutorando em Comunicação, linha de pesquisa Processos Comunicacionais e Práticas Sociais, Universidade
Federal de Minas Gerais, 2010; mestre em Comunicação, Universidade Federal de Goiás, 2009; professor assistente no curso de Comunicação Social habilitação Jornalismo; líder do grupo de pesquisa Limiar: Estudos
de Linguagem e Mídia, na UFMT - Campus Universitário do Araguaia. [email protected] 5 Aluno do curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo e integrante do grupo de pesquisa Limiar:
Estudos de Linguagem e Mídia, linha de pesquisa: Corporeidades em tempos de biopoder.; UFMT, Campus
Universitário do Araguaia.
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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normalizadora é efeito histórico de uma tecnologia de poder centrada na vida‖ (FOUCAULT,
2010, p. 151-157). Esta proposta de discussão representa procedimento inicial de uma
pesquisa mais ampla a qual pretende mapear discursos, saberes e poderes constituintes dos
modos de subjetivação produzidos a partir da midiatização das práticas de cuidado com o
corpo na atualidade.
PALAVRAS-CHAVE: Biopoder, Corpo, Mídia.
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UM OLHAR POSSÍVEL SOBRE O CORPO NA ATUALIDADE
Fernanda da Silva BORGES (Trama)
Universidade Federal de Goiás
O corpo tem sido cada vez mais alvo de controle, segundo Foucault, o controle da sociedade
sobre os indivíduos sempre se deu no/pelo corpo. Em nossa pesquisa de mestrado buscamos
analisar um corpus diversificado de enunciados/imagens que servissem ao contexto de
produção do visível e dizível sobre o corpo na atualidade. Para isso, utilizamos os
pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), mais especificamente as
noções foucaultianas de enunciado, processo de subjetivação e biopoder. Nesse sentido,
tentamos observar a trama discursiva que envolve os enunciados efetivamente produzidos e
sua relação com outros enunciados, além das condições de existência desses enunciados e da
construção de verdades sobre o corpo. Dessa forma, realizamos um estudo sobre as práticas
de embelezamento na constituição do sujeito contemporâneo a partir de uma rede
I Ciclo de estudos do discurso – Repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault
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MEMÓRIAS E DISCURSOS NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO LEITOR
Ilse Leone Borges Chaves de Oliveira – FL/UFG
TRAMA
O objetivo da pesquisa que desenvolvo no doutorado é compor uma história de formação do
leitor, privilegiando o leitor literário. Esse propósito será levado a efeito por meio de um
processo de construção de memórias de um grupo de alunos e da problematização da trama
discursiva que engendra a trajetória escolar percorrida por eles. Na construção das memórias,
assim como na trama discursiva composta pelo discurso da família, das professoras, pelo
discurso pedagógico, institucional e por documentos oficiais e institucionais, o enunciado
efetivamente produzido será compreendido na estreiteza e singularidade de sua situação, de
forma que se possam investigar as condições de existência desse enunciado (Foucault, 2004,
p. 31). O foco da investigação serão os alunos: a trajetória escolar que eles já percorreram e,
evidentemente, a história de vida que eles têm traçado como leitores. Investigar a relação
escola/formação do leitor dessa perspectiva pode não ser inovador, mas é, certamente, um
outro caminho, pois o discurso que será preferencialmente problematizado não é o de
autoridade, é o daqueles que se submetem a ele. Pretendo, assim, discutir a tese de que a
formação do leitor escolar é determinada pelo entrelaçamento do discurso dos alunos, das
professoras e da instituição. Desdobra-se dessa tese a hipótese de que a formação do leitor
pode se dar por submissão e/ou por resistência a esse entrelaçamento discursivo. Outra
hipótese é a de que a construção das memórias, fundamentada em teóricos como Bosi (1987 e
2003), Montenegro (1992a e 1992b), Pollack (1989 e 1992), Portelli (1989), Thomson (1997),
Thompson (1992) e Ricoeur (2007), possibilitará a materialização desse entrelaçamento
discursivo, a partir do qual pretendo investigar, problematizando, a formação do leitor.
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CCLLAARROO:: AA CCOONNSS TTII TTUU IIÇÇÃÃOO DD EE SSUUJJEE II TTOOSS EERRRR AANNTT EESS EEMM
DDIISSCCUU RRSSOOSS SSOOCCIIOO PPOO LLÍÍ TTII CCOOSS
Janaina de Jesus SANTOS (LEDIF/ Grudiocorpo)
Universidade Federal de Uberlândia
Este trabalho tem respaldo teórico-metodológico na Análise do Discurso de linha francesa e
seus estudos no Brasil. Assumimos como referência o conceito de discurso, compreendido
como regularidade e, ao mesmo tempo, como dispersão, e, mais especificamente, as noções
de memória, sentido e sujeito. Adotamos o filme Claro (Itália, 1975) de Glauber Rocha como
corpus, em sua materialidade complexa de linguagem verbal e visual, a fim de depreender
como são produzidas identidades sociopolíticas. Claro é organizado em pequenas narrativas
marcadas por questões políticas do contexto histórico e pela presença constante da atriz
francesa Juliet Berto, numa mescla de ficção e documentário. Tivemos o objetivo de
descrever, analisar e interpretar a construção de identidades, que trazem à luz discursos
sociopolíticos da modernidade e sua efemeridade no cotidiano. Partimos da hipótese de que os
discursos em Claro apontam para um imbricamento entre a materialidade verbal e visual e
dessas com a memória na constituição de identidades sociopolíticas. Para atingir nosso
objetivo, investigamos como os sujeitos são concebidos a partir de sua construção por saberes
materializados no filme; analisamos as estratégias de subjetivação no exercício do poder e
relacionamos subjetividades e identidades como produção de sentidos nos discursos;
questionamos como sujeitos materializados no filme, marcados pela dispersão e movência,
são tecidos pela rede de fios discursivos, que constroem ―verdades‖ e ordenam identidades.
Para tanto, tomamos as contribuições de Foucault (2007a; 2007b) e Courtine (2008; 2009);
dos estudos sobre cinema – Metz (1972; 1980), Xavier (2001; 2005); e dos estudos sobre
identidade – Hall (2001), Bauman (2005), Gregolin (2008) e Fernandes & Alves Jr. (2008).
Percebemos que a materialidade complexa de Claro traz discursos e produção de identidades
sociopolíticas ao evocar uma memória própria as suas condições de possibilidade em
palavras, imagens e funcionamento de elementos cinematográficos.
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O SUJEITO, A SUBJETIVIDADE E A “VERDADE” EM O HOMEM DUPLICADO
DE JOSÉ SARAMAGO
Karina Luiza de Freitas ASSUNÇÃO (LEDIF)
Universidade Federal de Uberlândia (PPGEL-UFU)
O objetivo geral da pesquisa que propomos realizar será problematizar a relevância do
conceito ―verdade‖ para a análise do discurso de linha francesa e como o mesmo corrobora
para o entendimento da constituição da subjetividade dos sujeitos fundamentada na
fragmentação, diluição e liquidez das mesmas. Para visualizarmos o funcionamento
discursivo da construção da ―verdade‖ analisaremos a constituição da subjetividade do sujeito
Tertuliano Máximo Afonso personagem central do romance O homem duplicado (2008) de
José Saramago. Como fundamentação teórica pautaremos dos estudos da análise do discurso
de linha francesa que considera o sujeito descentrado, clivado, heterogêneo, apreendido em
um espaço coletivo que não é constituído em uma individualidade e sim a partir de uma
coletividade que o subjetiva. Dessa forma, o discurso implicará uma exterioridade à língua,
pois as palavras ao serem pronunciadas carregam em si aspectos que remetem para o lugar
social, histórico e ideológico no qual o sujeito está inscrito; sendo assim, os discursos estão
sempre em movência, pois sofrem a todo o momento alterações decorrentes das mudanças
históricas e das transformações sociais. Pautaremos ainda, nos estudos realizados por Michel
Foucault que tratam da constituição dos sujeitos e como as relações de poder/saber
corroboram para a construção de ―verdades‖. Foucault, no decorrer de suas discussões
esclarece que não existem objetos pré-estabelecidos, tais como a loucura, a sexualidade e
outros. Isso quer dizer que são construídos discursivamente e que obedece a determinadas
regras que são constituídas historicamente. Assim, não existe uma ―verdade‖ verdadeira ou
falsa, o que temos é uma construção discursiva.
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AMOR E SUBJETIVIDADE EM DIAS ATUAIS
Kênia Rodrigues/UFG
TRAMA
As noções de sujeito e subjetividade têm passado por uma observação mais explorativa desde
os anos 60. Uma das grandes contribuições para esses novos olhares foi a teoria de Michel
Foucault, filósofo francês que elaborou um conjunto de ideias que apresentam sujeito como
uma eterna construção e subjetividade como uma processo de construção de si. Atravessado
pela língua e pelo mundo, esse sujeito constrói-se a partir de uma realidade que, ao mesmo
tempo em que interage com ele, o constitui interrompendo-o, promovendo-o e organizando-o.
As questões atuais sobre sujeito e linguagem fazem com que as teorias que apontavam para
um sujeito centralizado e fechado perdessem essa posição tranqüila e ganhasse um novo
lugar, menos exato e acabado. A eterna desordem que se instaura entre sujeito e realidade
amplifica as possibilidades de significados e de produção de si. Esse sujeito que ocupa um
lugar-função é tanto produtor da frase, dono da voz, quanto organizador dos discursos que o
atravessam, tornando-se um processo ininterrupto. Ao abordar o tema da sexualidade,
Foucault mostra uma preocupação sobre o modo como o indivíduo moderno poderia fazer
experiências de si mesmo enquanto ―sujeito de uma sexualidade‖. Para o autor, a sexualidade
é uma das formas pelas quais fazemos a ―experiência de constituirmo-nos enquanto sujeitos‖.
Foucault ainda apresenta os ―modos de subjetivação‖ desenvolvidos historicamente como
―práticas de si‖. Para esta pesquisa, pretendemos, no seio da Análise de Discurso de linha
francesa e de seus teóricos, observar como se constrói esse sujeito, partindo de revistas como
Marie Claire, Nova, Men’s health e Vip, tendo como objeto discursos sobre o amor. Essa
análise pretende observar o sujeito do amor contemporâneo, e como ele se constrói nessas
revistas. Observando que os corpos dóceis se transformam perante o tempo e a história,
seguindo rotas que estão sempre sujeitas a uma reavaliação, esta pesquisa se propõe a elaborar
um conjunto de indícios para que se possa perceber o que é uma subjetividade enquanto
prática ou processo e como ela se transforma levando em conta que todo comportamento
social é, em princípio, individual.
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A FUNÇÃO ENUNCIATIVA EM PRÁTICAS DISCURSIVAS DE SI
Mara Rúbia de Souza Rodrigues Morais/UFG e IFG
(TEIA/GEADA)
Este trabalho se propõe investigar o processo de monumentalização das vidas comuns, que se
materializa nas escritas memorialísticas de Cora Coralina e Carolina de Jesus, autoras da
literatura contemporânea brasileira. Aparentemente, a remissão a uma discursivização das
vidas ordinárias pode sugerir que a análise identifique a incidência, no discurso, de um objeto
formado alhures. Entretanto, a partir das postulações arqueológicas de Michel Foucault, este
estudo se reporta à função relacional que produz o discurso e, nesse sentido, se propõe
responder: o que possibilita a realização de uma função que atribui existência específica a
determinadas séries de signos, passíveis de serem agregados em uma formação discursiva de
convalidação das memórias subalternas? Por meio de uma configuração metodológica que
suspende as unidades naturalizadas (do livro, da obra, dos tipos cristalizados de discurso),
segue-se em busca do jogo de regras que permite depreender uma formação discursiva,
encaminhando-se para a análise de uma função enunciativa, que atravessa as séries de signos.
À guisa de resultados, este trabalho reafirma a produtividade de fazer que a investida
arqueológica sobre a ética pós-moderna (sinalizada por FOUCAULT, nA Arqueologia do
saber) dialogue com a análise do atravessamento do intradiscurso pela sua contraparte
interdiscursiva. Convalida-se, portanto, um diálogo que permite compreender a complexidade
de efeitos identitários determinados por uma regularidade (a FD de referência), que, embora
produzida na ruptura com outra regularidade (a FD da História tradicional), também não está
imune às fissuras em seu próprio interior. Enfim, e a partir do cruzamento da singularidade
com a repetição, identifica-se a construção discursiva de identidades simultaneamente
resistentes ao apagamento das memórias subterrâneas e submetidas à disjunção com as vidas
proscritas.
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O RISO COMO DISPOSITIVO DE EXERCÍCIO DE PODER: UM ESTUDO
DISCURSIVO
Waldênia Klésia Maciel Vargas SOUSA/UFG
CRIARCONTEXTO
Movidas pelo interesse em estudar o discurso humorístico, estamos desenvolvendo uma
pesquisa que visa a entender o funcionamento do discurso humorístico e do riso como
instrumentos/dispositivos de exercício de poder. Para tanto, buscamos nos estudos de Michel
Foucault, especialmente aqueles cuja temática aborda os mecanismos de poder-saber, o
embasamento teórico para nossa pesquisa. Entendemos que tal como outros discursos, o
humor também é discursivo, portanto, o riso não é algo natural do ser humano. Aprendemos a
rir de algumas coisas e não de outras. Assim, dentre outros objetivos, pretendemos perceber
como o discurso humorístico, que é mais sério que se possa imaginar, é utilizado como um
mecanismo para exercer poder sobre o outro e como isso ocorre nos níveis linguístico
(estratégias linguísticas) e discursivo (estratégias discursivas). Para tanto, nosso corpus é
composto por textos humorísticos multimodais, pois acreditamos que em cada gênero é
necessário ter uma estratégia diferente para gerar humor e, em consequência, uma maneira
diferente de exercer poder. Entendendo o riso como um dispositivo/instrumento, seremos
capazes de entender como a pressão do riso é capaz de moldar o sujeito, estabelecer
hierarquias, isto é, estabelecer relações de poder. O poder (FOUCAULT, 2010), não é
exercido somente como forma de adestramento, ou seja, o poder não se apresenta sempre de
forma repressiva. Assim, os dispositivos de exercício de poder podem surgir de diversas
maneiras e em diferentes lugares, por diferentes sujeitos, por isso, não há como falar de uma
forma universal de exercício de poder ou de um dispositivo geral do poder. É assim que
pensamos em uma forma de exercício de poder que muitas vezes não é percebida pelos
sujeitos: o riso.
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A OBJETIVAÇÃO DO SUJEITO ALUNO EM LIVROS DIDÁTICOS DE
PORTUGUÊS: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA DE ANTOLOGIA NACIONAL
(1963) E PORTUGUÊS: LINGUAGENS (2006)
Wesley Luis Carvalhaes/UEG
Grupo DISCENS – Discurso e Ensino - UFG
A trajetória de Foucault, na qual se delineia uma teoria do discurso, é marcada pelo caráter
múltiplo advindo da amplitude de temas dos quais se ocupou esse pensador francês. Nessa
multiplicidade de temas, é possível identificar uma problemática presente em todo o percurso
filosófico foucaultiano: a questão do sujeito. Conforme Foucault (1995) mesmo afirma, o
tema central de sua pesquisa é o sujeito. Foucault mesmo ressalta que seu objetivo ―foi criar
uma história dos diferentes modos pelos quais, em nossa cultura, os seres humanos tornaram-
se sujeitos‖ (FOUCAULT, 1995, p.231). Para alcançar esse seu objetivo, o autor trata, no
decorrer de sua investigação, de três modos de objetivação, processos por meio do quais se dá
a transformação dos seres humanos – indivíduos – em sujeitos. Tratar de objetivação da
forma-sujeito é considerar o processo de produção histórico-política da qual o sujeito emerge.
Nesse processo de produção, situam-se as relações de poder que interessam ao estudo que se
faz da constituição do sujeito. No presente trabalho, apresentamos parte dos resultados
obtidos por meio da pesquisa desenvolvida no Mestrado em Letras de Linguística da
Faculdade de Letras da UFG entre 2007 e 2009. O livro didático de português (LDP), por
meio dos textos de apresentação, objetiva um sujeito aluno com características muito próprias
e distintas, como se pode ver na análise de Antologia Nacional, edição de 1963 e Português:
Linguagens (2006). Nesses LDP, o discurso dos autores constitui a forma sujeito aluno por
meio da utilização de mecanismos que, consoante uma apropriação das ideias de Foucault
(1997), podem ser tratados como subjetividade, termo aqui entendido como processo e,
igualmente, como produto.
Palavras-chave: Foucault. Discurso. Objetivação do sujeito. Livro didático de português.
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RESUMOS
Rodadas de Conversas
Tema: A rede enunciativa e a construção do arquivo
Ângela Teixeira de Moraes
Eduardo Vieira Gervásio
LuanaAalves Luterman
Márcia Maria Magalhães Borges
Tatianne de Faria Vieira Araújo
Wilton Divino da Silva Júnior
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O DISCURSO JORNALÍSTIVO E A REDE ENUNCIATIVA
CONSTRUÍDA PELO PROJETO PENSAR
Ângela Teixeira Moraes (NPCP)
Universidade Federal de Goiás
Este trabalho faz parte de uma pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação
em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Goiás - nível doutorado. Trata-se do
mapeamento da rede discursiva apresentada no suplemento Pensar do jornal O Popular,
projeto que em 2010 completou onze anos. Buscou-se evidenciar como o jornal e seus
profissionais constroem seu discurso sobre educação, por meio da análise dos
constrangimentos organizacionais da empresa de comunicação, os ideais de educação
apropriados pelo jornal e sua associação com outros sujeitos enunciadores. Os procedimentos
de pesquisa para entendimento do corpora incluíram entrevistas com jornalistas e
profissionais de educação envolvidos no projeto e uma análise histórica dos temas que
nortearam a educação no ocidente desde a paideia grega até os dias atuais. Apesar deste longo
percurso histórico, o estudo propõe uma ênfase na contemporaneidade, visto a recente
inserção do debate sobre as mídias nos processos educacionais – tema que predominou na 11ª
edição de Pensar. Além disso, buscou-se conhecer como o público visado pelo jornal
construiu sentidos a partir das matérias publicadas em O Popular, por meio de entrevistas
com professores de escolas públicas e privadas e que ministram aulas nos ensinos Médio e
Superior.
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O ROMANCE, A HISTÓRIA, O ARQUIVO
Eduardo Vieira GERVÁSIO/UFG
(NELIM)
É notável como o romance histórico tornou-se um espaço de discussão dos fatos históricos
nacionais na contemporaneidade, principalmente em países que passaram pelo processo de
descolonização, como é o caso dos países de língua portuguesa. Tais romances trazem os
fatos do passado, constantes na memória da nação, para o plano da ficção. Neste intuito,
autores recorrem aos arquivos, ―memória arquivada‖, em busca de elementos para discutir o
processo histórico que transformou uma determinada nação naquilo que ela é na atualidade.
O presente estudo pretende investigar o arquivo como recurso para construção da trama
romanesca. Para tanto, selecionou-se a escritora cearense Ana Miranda. Em seu romance
Desmundo (1996), por exemplo, a autora traz para o plano da ficção os primeiros séculos da
colonização do Brasil, ou seja, os séculos XVI e XVII. O texto de Ana Miranda possui, como
suporte histórico, diversos documentos e estudos historiográficos constantes de uma
bibliografia no final do romance. Neste sentido, o romance em questão vale-se da memória
coletiva nacional, fixada nos documentos arquivados, para a construção do seu enredo.
A autora consulta documentos de todos os tipos: crônicas de viajantes europeus que est iveram
na América, estudos historiográficos e, ainda, compiladores de lendas e mitos do período
narrado, tais como obras de Sergio Buarque de Holanda e Luís da Câmara Cascudo. O que se
tem, portanto, é um acervo documental construído pela autora. É fato que Ana Miranda não
buscou a totalidade dos documentos possíveis, mas sim aquilo que julgou importante e
conveniente para sua empreitada, pois, conforme a afirmação de Michel Foucault, o arquivo
do pesquisador (romancista) é algo construído por ele mesmo, ele é buscado e selecionado na
imensidão de documentos existentes e acumulados no decorrer do tempo.
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A LEITURA EM OUTRA DIMENSÃO:
OUTDOORS EM REALIDADE AUMENTADA
Luana Alves LUTERMAN/UFG
(DISCENS)
Esta pesquisa possui o objetivo de analisar novas práticas de leitura possíveis a partir do
século XXI: os leitores são convocados ou projetados nos espaços e nos tempos diegéticos
para configurarem uma relação identitária com objetos de consumo. O método utilizado é a
análise do discurso de linha francesa. O corpus foi coletado via arquivo. Pela investigação,
percebemos como o contato com outdoors materializados em efeito de realidade aumentada
torna superlativo o apelo ao olhar e ao corpo, ao extravasar os limites padrões dos suportes
tradicionais. Esses novos objetos de cultura podem incitar os sujeitos, ou indivíduos, a
participarem empiricamente da narrativa ofertada, como personagens passivos, ou podem
sugerir a projeção dos sujeitos nas inscrições diegéticas. Consideramos que a intericonicidade,
partícipe desse processo, não é apenas a ativação de uma memória discursiva, porque alia
também a memória interna do indivíduo, seja ela imaginada ou real. Daí, temos a irrupção de
identidades fluidas, fragmentadas, flutuantes, na pós-modernidade, constituídas pela rede
enunciativa em que se situam essas práticas de leitura, em uma nova face produtiva, que
abrange tanto a polifonia (as muitas vozes) quanto a conexão entre gêneros, suportes e signos
plurissemióticos. Assim, rompemos os costumeiros limites da página do texto.
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GÊNEROS DISCURSIVOS:
UM RETORNO AOS ASPECTOS ESTRUTURAIS OU UMA NOVA ABORDAGEM
COMO OBJETO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA?
Márcia Maria Magalhães Borges/UFG
(TRAMA)
O objetivo maior de nossa pesquisa de doutoramento é investigar se os gêneros discursivos
encontram dupla finalidade no momento atual: de um lado está a obrigação de oferecer aos
alunos um trabalho que contemple a noção e, de outro, o ensino dos gêneros fundado no
reconhecimento de suas estruturas. Dessa tese, desdobra-se a hipótese de que os livros
didáticos, as provas de vestibular, a prova do ENEM contemplam a noção de gênero levando
em conta os aspectos estruturais que permitem o reconhecimento do texto como pertencente a
determinado gênero. Isso nos leva a hipotetizar também que todo esse material propõe a
noção como uma espécie de resistência ao modelo tradicional de ensino. Talvez seja uma
obrigação de propor o ―novo‖. Nesse sentido, objetivamos, em primeira instância, verificar
como se deu a entrada dos gêneros no Brasil e investigar se as pesquisas realizadas no
contexto acadêmico apontam para a inserção da noção de gêneros como objeto de ensino de
Língua Portuguesa. Em seguida, procuramos verificar o que garante a consolidação da noção
de gênero como objeto de ensino de Língua Portuguesa e investigar se a proposta de ensino
voltada para os gêneros não se tornou uma regra a ser seguida. Além disso, é, também, nosso
objetivo investigar se a noção de gênero está sendo proposta na atualidade, tal como a noção
foi postulada por Bakhtin ou se os gêneros têm sido tomados em sua estrutura, em sua forma.
Para essa investida, autores como Bakhtin e Foucault são/foram fundamentais.
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DISCURSO DE RESISTÊNCIA À DITADURA MILITAR:
POSSIBILIDADES ATRAVÉS DA CRÔNICA
Tatianne de Faria Vieira Araújo/UFG
Teia e Trama
Em nossa pesquisa de mestrado, desenvolvida através do Programa de Pós-Graduação em
Letras e Linguística, da Faculdade de Letras, da Universidade Federal de Goiás, propusemos
uma análise dos mecanismos linguístico-discursivos que pudessem ter possibilitado a
emergência do discurso de resistência, durante o período da Ditadura Militar brasileira, sem
ser censurado. Nosso corpus é formado por crônicas narrativas e a escolha desse gênero deu-
se por entendermos que ele traz em si uma reflexão ficcionalizada da realidade e dos
comportamentos humanos, revelando um modo de olhar o que acontece no dia-a-dia de uma
sociedade. Assim, baseadas na Análise de Discurso de linha francesa, originada com os
escritos de Michel Pêcheux, especialmente da desenvolvida no Brasil com o apoio teórico dos
escritos de Michel Foucault, propusemos olhar para as crônicas que tratassem de assuntos
proibidos pelo governo militar e entender quais mecanismos foram utilizados e como eles
contribuíram para que enunciados diversos se relacionassem e tecessem uma possibilidade de
manifestação do discurso de resistência. Priorizaremos as crônicas publicadas no extinto
jornal Última Hora, na revista Veja e no Jornal do Brasil, trabalhando com os cronistas Tarso
de Castro, Millôr Fernandes e Carlos Drummond de Andrade, sujeitos que, ao seu modo,
ocuparam uma posição de resistência aos ditames da Ditadura Militar brasileira. Como o
governo militar esteve no poder de 1964 a 1985, interessam-nos os primeiros anos pós Ato
Institucional nº. 5 (AI-5), considerado o período mais duro, com uma censura acirrada a
qualquer manifestação que se opusesse ao governo. Em princípio, estamos concentradas nas
publicações de 1969 e 1970, todavia, há a possibilidade de analisarmos outras crônicas de
1971 e 1972. Dentre os mecanismos linguístico-discursivos trabalhados nas crônicas, os mais
latentes e recorrentes nas situações descritas acima e que estamos analisando em nossa
pesquisa são: a ironia, a sátira e a metáfora.
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O ARQUIVO FOUCAULTIANO E O RIZOMA DELEUZIANO: APROXIMAÇÕES
TEÓRICO-METODOLÓGICAS 6
Wilton Divino da Silva Júnior7/UFG
TRAMA
Em 1969, em sua obra A arqueologia do saber, Michel Foucault (1926-1984) apresenta a
noção de arquivo como ―sistema que rege o surgimento dos enunciados como acontecimentos
singulares‖, ou seja como o sistema de condições históricas que definem: o que pode ou não
ser dito, os enunciados que se conservarão na memória dos homens, os enunciados reativados
e os indivíduos que deles poderão se apropriar. Anos depois, em 1980, quando do lançamento
da obra Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia – vol. 1,Gilles Deleuze (1925-1995) e Félix
Guattari (1930-1992) apresentam a noção de rizoma como um sistema conceitual aberto, que
―não começa, nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser,
intermezzo. A árvore é filiação, mas o rizoma é aliança, unicamente aliança‖ (capa da obra).
Esse sistema caracteriza-se a partir de seis princípios norteadores de seu funcionamento
(Conexão, Heterogeneidade, Multiplicidade, Ruptura a-significante, Cartografia e
Decalcomania). Investigamos, portanto, as aproximações possíveis no âmbito metodológico
da noção de arquivo e de rizoma, na medida em que os princípios caracterizadores do sistema
rizomático permitem funcionar a construção do arquivo, tendo em vista que ambos os
conceitos orientam-se a partir da constituição de uma rede enunciativa. Como parte dos
objetivos propostos para o doutoramento, buscamos a comprovação dessa hipótese partindo
de conjuntos de séries enunciativas como a que, por ora, nos debruçamos – a
espetacularização do meio ambiente. Considerando as redes enunciativas formuladas em torno
da temática da Sustentabilidade, procuramos observar como a noção de rizoma e arquivo
funcionam no processo analítico.
PALAVRAS-CHAVE: Arquivo, Rizoma, Enunciado, Sustentabilidade.
6 Trabalho submetido à Rodada de Conversa: A rede enunciativa e a construção do arquivo durante o I Ciclo de Estudos do Discurso: repensando conceitos e objetos na obra de Michel Foucault, Universidade Federal de
Goiás, Faculdade de Letras, dezembro de 2010. 7 Doutorando em Linguistica, linha de pesquisa Linguagem, Texto e Discurso, Universidade Federal de Goiás,
2010; mestre em Linguistica, Universidade Federal de Goiás, 2009; professor substituto da Faculdade de Letras
– UFG.