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PROGRAMA DE GOVERNO PREFEITURA DE VITÓRIA PSOL. ANDRÉ MOREIRA 50 PROGRAMA VITÓRIA DE VERDADE VITÓRIA 2015

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PROGRAMA DE GOVERNO PREFEITURA DE VITÓRIA – PSOL.

ANDRÉ MOREIRA 50

PROGRAMA VITÓRIA DE VERDADE

VITÓRIA

2015

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PROGRAMA DE GOVERNO PREFEITURA DE VITÓRIA – PSOL.

ANDRÉ LUIZ MOREIRA Candidato a Prefeito ‘

BRICE BRAGATO Candidata à Vice-Prefeita

EQUIPE DE ELABORAÇÃO

Bruna Gatti Mesquita Gilberto Batista Campos Haroldo Ferreira Lima Maria Helena Elpídio Abreu Raphael Rodrigues de Oliveira Rita de Cássia Santos Lima (Coordenadora)

COLABORAÇÃO DOS GRUPOS SETORIAIS

Economia, Trabalho e Finanças:Raphael Rodrigues de Oliveira, Camila Valadão, Gilberto Batista Campos, Railam Pires. Segurança e Garantia de Direitos Humanos: Maria Helena Elpídio Abreu, Fabiola Xavier Leal, Nicolas B. Bortolon, Marcos V. Dessaune, Renata Monteiro, Nildete Turra Assistência Social: Maria Helena Elpídio Abreu, Gilsa Helena Barcelos, Tuanne Almeida de Souza, Ana Claudia da Cruz Costa, Marcos Vervloet Dessaune. Educação: Gilberto Campos, Laureny G. França, Chaila G. de Oliveira M de Carpes, Eliete Brito da Silva, Antonio Carlos Barbosa Junior, Liudimila Katrini Proximozer, Railan Anjo pires, Felipe Augusto Franco Fabres. Mulheres: Rita de Cássia Santos Lima, Eliete Brito da Silva, Raquel Mattos, Bruna Mesquita Gatti, Suellen G. S. Suzano de Oliveira, Tuanne Almeida, Paula Morais Coradi, Renata R. Garcia. Cidade: Moradia, Mobilidade Urbana e Mobilidade: Rita de Cássia Santos Lima, Alba Soares de Aguiar, ErayltonMoreschi Jr, Lucas D. Cuzzuol, Mauro Ribeiro, Jonas MaikonSimoura, Helder Gomes, Messias S. de Souza, Luzia Barbosa, Yvana Belchior, BriceBragato, Gilberto Batista Campos, Camila Valadão. Negros e Negras: Gilberto Batista Campos, Ilma Vianna, Rita Lima Juventude: Jonas MaikonSimoura, Vitor Augusto Rocha Pompermayer, Sophia Rosa, Sara LibinaCruzio, FrancysLacchine, Camila Valadão, Rondinelli Lima, Christian Tonon, Douglas Santhos, Railam Pires, Raphael Rodrigues de Oliveira.

Cultura e Comunicação: Haroldo Lima, Bruna Gati, Muriel Falcão, Guilherme Rebelo, Cora Made, Willer

Villaças, Rosa Rasuck, Vitor Taveira, Duílio Kuster Cid, Leandra Moreira, Eduardo Selga, Priscila Milanez,

Livia Corbelari, Laureni França.

Saúde: Débora Mendonça, José Anésio Fernandes do Vale, Maria

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................5

1. EIXOS DE ATUAÇÃO..........................................................................................9

EIXO 1 – ECONOMIA, TRABALHO E FINANÇAS....................................................9

DIRETRIZES...........................................................................................................22

PROPOSTAS ,........................................................................................................24

EIXO 2 – UMA CIDADE DE VERDADE ..................................................................25

2.1 HABITAÇÃO.....................................................................................................29

DIRETRIZES PARA A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL...............................32

DIRETRIZES PARA A GESTÃO TERRITORIAL.....................................................33

PROPOSTAS ,.......................................................................................................34

2.2 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE..................................................................35

DIRETRIZES...........................................................................................................36

PROPOSTAS ,........................................................................................................37

2.3 MEIO AMBIENTE..............................................................................................39

DIRETRIZES......................................................................................................... 48

PROPOSTAS ,........................................................................................................48

EIXO 3 – PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CONTROLE DEMOCRÁTICO E

COMUNICAÇÃO POPULAR....................................................................................51

DIRETRIZES...........................................................................................................54

PROPOSTAS ,................................................................................................... .......54

3.1 COMUNICAÇÃO............................................................................................... 55

DIRETRIZES...........................................................................................................57

PROPOSTAS .........................................................................................................57

EIXO 4 –GARANTIAS SOCIAIS E SEGURANÇA DE DIREITOS............................59

4.1 POLÍTICA DE ASSISTENCIA SOCIAL – SUAS................................................60

DIRETRIZES...........................................................................................................63

PROPOSTAS.......................................................................................................................63

4.2 CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA DE DIREITOS..............64

DIRETRIZES..........................................................................................................69

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PROPOSTAS...........................................................................................................70

4.3 EDUCAÇÃO É UM DIREITO NÃO É MERCADORIA........................................71

DIRETRIZES...........................................................................................................79

PROPOSTAS..........................................................................................................80

4.4. POLITICAS DE SAÚDE...................................................................................82 DIRETRIZES E PROPOSTAS................................................................................82

3.5 CULTURA..........................................................................................................85 DIRETRIZES...........................................................................................................88

EIXO 5 – CIDADE DA DIVERSIDADE....................................................................90

5.1 COMBATE AO RACISMO E PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL.............90

DIRETRIZES..........................................................................................................92

PROPOSTAS.........................................................................................................94

5.2 MULHERES PELO DIREITO À CIDADE..........................................................95

DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA A SAUDE.....................................................96

DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO.............................................. 97

DIRETRIZES E PROPOSTA PARA UMA VITÓRIA MAIS SEGURA PARA AS

MULHERES............................................................................................................ 99

DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA MOBILIDADE URBANA & MORADIA –

DIREITO DAS MULHERES...................................................................................100

DIRETRIZES PARA O TRABALHO RENDA DAS MULHERES............................102

5.3 SEXUALIDADE É UM DIREITO. PROGRAMA LGBT.....................................103 DIRETRIZES E PROPOSTAS GERAIS...................................................................105 DIRETRIZES E PROPOSTAS ESPECIFICAS.........................................................106 5.4 JUVENTUDES E O DIREITO À CIDADE........................................................107

DIRETRIZES E PROPOSTAS...............................................................................108

6. REFERENCIAS.................................................................................................110

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APRESENTAÇÃO

Este documento trata do Programa de Governo elaborado coletivamente para a

campanha eleitoral de 2016 à Prefeitura Municipal de Vitória e apresentado ao

Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, como parte dos requisitos à inscrição

da chapa do PSOL.

Vale registrar o compromisso do PSOL com processos de fortalecimento das vias

democráticas e populares que podem ser asseguradas por meio dos dispositivos

constitucionais e jurídicos que legitimem o processo de representação social no

âmbito do Legislativo e do Executivo.

Desta forma, o presente Programa foi elaborado por meio de rodas de conversas

com a participação de sujeitos políticos de segmentos sociais como mulheres,

negras/os, jovens, trabalhadores, técnicos e especialistas/pesquisadores(as) nas

áreas de educação, economia, direitos humanos, cidadania, segurança, assistência

social, saúde, políticas urbanas, meio ambiente, comunicação e cultura, dentre

outros. Como estratégia metodológica a equipe de trabalho, também, realizou

pesquisas em documentos já formulados por administrações anteriores para o

município de Vitória, tais como agendas públicas, relatórios técnicos e dados

secundários de institutos de pesquisa e estatísticas.

As rodas de conversas realizadas no decorrer dos meses de junho e julho

permitiram um olhar amplo e consistente em relação aos desafios para a gestão

pública municipal, contemplando, sobretudo, as contradições presentes na cidade

que a colocam em destaque no cenário positivo, mas a faz conviver com fenômenos

perversos de um modelo de sociabilidade que prioriza o lucro em detrimento da vida.

Certos de que a construção de uma “Vitória de Verdade” é possível e urgente,

apresentamos nossas propostas para a Municipalidade.

ANDRÉ LUIZ MOREIRA BRICE BRAGATO Candidato a Prefeito Candidata à Vice-Prefeita

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INTRODUÇÃO

Na formulação do programa para o pleito de 2016, o PSOL apresenta as suas

concepções gerais sobre a relação institucional, cidadão-municipio, e a dimensão

estratégica de seu projeto de poder. Ao vencer as eleições municipais para a cidade

de Vitoria, será o momento de colocar em xeque a sua capacidade de atender as

demandas da cidade de maneira ágil, eficiente alterando qualitativamente o modus

operandi da administração municipal com a introdução de novos princípios para o

serviço publico tendo como objetivo atingir satisfatoriamente o dia a dia do cidadão e

da cidadã da Capital.

O socialismo pretendido será uma construção diária a partir da capacidade de

transformar utopia e desejos em ação concreta e a partir da mediação entre os

objetivos estratégicos e a realidade das pessoas que habitam a cidade.

Ganhar as eleições municipais significa conquistar governos municipais e não é a

tomada do poder em nível local pelas mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Administrar uma Prefeitura é um instrumento importante para inibir, nos limites da

administração municipal, a dominação econômica, politica e cultural numa cidade

hoje dividida entre as camadas com poder aquisitivo elevado e as populações

pauperizadas oriundas dos guetos, dos morros e das periferias.

A proposta de um governo popular exige a descentralização do poder materializada

na ação deliberativa dos Conselhos Democráticos na formulação e fiscalização da

execução das politicas publicas, bem como, na participação direta dos

moradores(as) de Vitória na elaboração da proposta orçamentaria. Esta será a

marca da ação democratizante da Administração Municipal conduzida pelo PSOL.

.

A inversão de prioridades com participação popular é componente de um projeto

transformador, não obstante sabe-se que este projeto está desafiado a superar os

limites em face das crises constantes do capital, das implicações do pacto federativo

brasileiro, das receitas publicas aquém das necessidades cada vez maiores e,

principalmente, dos entraves da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

.

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A inversão de prioridades é a noção que se tem da crise fiscal do Estado e o

processo de descentralização de recursos para pactuar com os/as cidadãos e

cidadãs a superação das graves carências do munícipios tendo a exata noção de

quem pagará e quem receberá os benefícios.

Vitória de verdade é a cidade que você conhece, onde você brincou e

cresceu, onde hoje você vive e cria seus filhos. Mas Vitória de verdade

também é outra cidade, uma cidade diferente.

Vitória de verdade é uma cidade das mulheres, de todos os cantos e de

todas as cores, de todos as religiões e de todas as sexualidades, é uma

cidade que vive da cultura de seu povo e nela se vê, como vê todos os

dias um horizonte de possibilidades verdadeiras, como vejo todos os dias

quando olho para o mar ou para o mangue.

Uma Vitória de verdade é a cidade que o PSOL quer descobrir e viver

com você.

Os tempos parecem sombrios e tristes no Brasil. Em Vitória nada parece

diferente. Vivemos encharcados pela chuva negra que adoece e fere as

vistas. A beleza dos corpos divide espaço com as marcas da violência e

da opressão.

Passamos mais tempo à espera do verdinho do que na companhia dos

nossos amigos.

Passamos mais tempo na fila à espera da consulta do que aproveitando

nossa família.

A educação de nossos filhos não parece prioridade quando a única

esperança que nos sobra é uma educação de verdade.

Uma Vitória de verdade é um encontro alegre de amigos na praça ou no

“rock”.

Vitória de verdade é uma festa de família.

É a liberdade que uma saúde, uma educação e um trabalho digno podem

proporcionar.

O PSOL quer viver uma Vitória de verdade com você nestas eleições!

Vitória de verdade é acreditar que a política pode mudar os nossos dias.

Que uma política ética e alegre, feita na rua com os movimentos sociais e

com quem realmente precisa dela, pode transformar Vitória e o Brasil.

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Para que esses sonhos, para que os nossos sonhos se tornem realidade,

o PSOL apresenta ao município a candidatura de André Moreira e demais

candidatos do partido, que juntos apresentam o programa de governo

“Vitória de Verdade” neste documento.

Que Vitória é uma cidade desigual não há questionamentos, mas os indicadores

positivos e negativos convivem na contradição muitas vezes perversa, para isso pelo

menos duas hipóteses/perguntas que não se antagonizam, e se complementam

podem ser colocadas no debate:

1. As análises dos indicadores sociais e econômicos que colocam Vitória como

uma das melhores cidades para se viver, se baseiam em parâmetros que

reproduzem e se materializam por meio de uma concepção de heterônoma,

característica da sociedade brasileira, cuja a avaliação e os valores se

colocam “Pelo alto” (Florestan Fernandes, 2005), capaz de introduzir no

ideário social a face de uma industrialização tardia e uma crença no

desenvolvimento capitalista como meta e como “evolução”. Por isso, partindo

dessa premissa o custo social e ambiental torna-se irrelevante diante da

aposta em um futuro que não se sustenta com valores universais, mas

alimenta ideologicamente uma cidade que aparentemente é comercialmente

“vitrine” deste modelo;

2. Os indicadores positivos estão sendo conquistados por processos de

elevação da renda entre os mais ricos que usufruem da cidadepela via do

consumo de bens e serviços, diversamente dos mais pobres que dependem

de investimentos públicos e ampliação do acesso às politicas públicas para

melhoria de condições dignas de vida. O contrário deste circuito da “Ilha da

Fantasia”, encontram-se os cidadãos/ãs que não podem “pagar tão caro” para

viver nesta cidade e são assim “excluídos ou silenciados” em sua dinâmica,

em processos de violação de direitos, gentrificação, especulação imobiliária,

migração, desemprego/subemprego, discriminação, extermínio. Os sujeitos

que se adequam no perfil da cidade podem aqui viver e criar seus vínculos,

suas famílias e os que não se adequam a essas “regras e ao padrão” da

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cidade são destituídos das condições de aqui sobreviver. A segregação é

naturalizada e reproduzida por valores excludentes!

Assim, os imperativos para qualquer projeto de futuro encontram-se no acesso ao

trabalho, na universalização de políticas públicas sem prejuízo da adoção de

politicas especificas para correção das desigualdades resgatando o papel do Estado

como promotor da cidade coletiva, uma “Vitória de Verdade”!

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PROGRAMA DE GOVERNO PARA UMA “VITÓRIA DE VERDADE”

EIXO 1 – ECONOMIA, TRABALHO E FINANÇAS.

Uma análise da conjuntura econômica dos municípios: A queda do nível de

atividade, o impacto nas receitas e as medidas conservadoras.

O atual cenário político e econômico coloca uma tarefa árdua e necessária para os

partidos de esquerda. O processo de impeachment e todos os seus

desdobramentos, acentua uma nova jornada de lutas em defesa de direitos e

políticas sociais, cabendo a esquerda socialista ser crítica e também proponente em

seus vários campos de atuação. Críticas e proposições que devem se caracterizar

enquanto alternativas às diversas políticas promovidas seja em esfera federal,

estadual e municipal, nos últimos anos. Ser crítico da política tradicional em suas

várias matizes é uma das caraterísticas fundacionais e fundamentais para o PSOL.

Em termos econômicos, a deterioração generalizada nos indicadores com fortes

efeitos sobre os salários, o nível de emprego, e principalmente da gestão pública, no

que diz respeito na capacidade de arrecadação e manutenção de serviços públicos

à população. Repercute também na adoção de mais medidas de contingenciamento

orçamentário nas áreas sociais e reintrodução da lógica privatista dos serviços

públicos (terceirização, Organizações Sociais, concessões, venda de patrimônio),

como soluções para essa conjuntura.

Por entender que historicamente essas medidas já se mostraram equivocadas, por

considerarque não houve paralisação nesse processo. Por convicção, o PSOL

apresenta outra análise assim como ações que se diferenciem do conservadorismo

econômico que trabalha com a máxima de “uma única solução” e aponta os ônus

dessa para aqueles que não são os responsáveis pelas crises: os trabalhadores e

trabalhadoras.

A conjuntura econômica municipal reflete a situação nacional e estadual pelos

vínculos federativos no âmbito das finanças públicas. As participações das

transferências do Estado e da União nas receitas municipais indicam a plena

correlação entre a solvabilidade das finanças públicas da União e do Estado com os

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municípios. Pelo fato desses últimos também constituírem-se parte do chamado

setor publico consolidado, o próprio ajuste fiscal a nível federal já praticamente

obriga os municípios a seguirem a mesma orientação em termos de política

econômica.

É diante desse cenário que os municípios se veem afetados, asfixiados” pela queda

das receitas e pela má gestão, apontando como solução os mesmos mecanismos

adotados há anos no país (paradigma dominante em termos de gestão pública) dado

pelo discurso de necessidade de cortes nos gastos públicos (em especial nas áreas

sociais), privatizações, congelamento de salários, entre outros.Portanto, os desafios

consistem na realização de ações que garantam a qualidade e a expansão das

políticas sociais, dos direitos de cidadania.

VITORIA EM DADOS – DIAGNÓSTICO.

Apesar de todas as dificuldades discutidas anteriormente, quando observado em

termos comparativos, Vitória se situa entre as cidades que apresentam indicadores

de relevância como por exemplo o PIB per capta dentre as capitais, os índices de

GINI e Índice de Desenvolvimento - IDH.

A cidade, de acordo com o IBGE (2015), tem um território de 96,53 km² de extensão

e uma estimativa de 355.875 mil habitantes.Segundo dados do Censo de 2010,

Vitória conta com uma população residente de 327.801 habitantes, sendo 153.948

homens e 173.853 mulheres. Quando segregamos a população por raça/cor temos o

seguinte: dos 153.948 homens 66.307 são pardos, 15.193 são pretos, 454 são

indígenas, 1.009 são amarelos e 70.980 são brancos. Das 173.853 mulheres 72.770

são pardas, 15.119 são pretas, 543 são indígenas, 1.277 são amarelas e 84.142 são

brancas. Observa-se que Vitória é uma cidade feminina e negra.

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TABELA 1- QUADRO DE INFORMAÇÕES GERAIS DO MUNICÍPIO1.

INDICADOR VALOR

POPULAÇÃO (ESTIMADO IBGE, 2015) 355.875

EXTENSÃO DO TERRITÓRIO (IBGE) 96,53 km²

PIB (em R$ milhões) R$22.289,82

PIB PER CAPTA (em Reais) R$64.002,00

INDICE DE GINI 0,47

INDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

0,84

Elaboração Própria a partir de dados do IBGE Cidades/IJSN.

A população de Vitória está distribuída em 83 bairros e 9 regiões administrativas

conforme tabela abaixo.

TABELA 2 - REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE VITÓRIA.

REGIÕES ADMINISTRATIVAS BAIRROS

1. Centro Centro, Fonte Grande, Piedade, Parque Moscoso, Do Moscoso, Santa Clara, Vila Rubim, Ilha do Príncipe.

2. Santo Antonio Mário Cypreste, do Quadro, Do Cabral, Caratoíra, Ariovaldo Favalessa, Santo Antonio, Sta Teresa, Bela Vista, Inhanguetá, Estrelinha, Universitário, Grande Vitória.

3, Jucutuquara Jucutuquara, bairro de Lourdes, Horto, Gurigica, Consolação, Nazaré, Cruzamento, Fradinhos, Romão, Forte São João, Ilha de Sta Maria, Monte Belo, Bento Ferreira e Jesus de Nazareth.

4. Maruípe Maruipe, Tabuazeiro, Santa Cecília, Santos Dumnont, Bonfim, São Benedito, Bairro da Penha, Itararé, Santa Marta, Andorinhas, Joana D"Arc, São Cristovão.

5. Praia do Canto Praia do Suá, Enseada do Suá, Santa Helena, Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Santa Lúcia, Santa Luisa, Barro Vermelho.

6. Goiabeiras Goiabeiras, Antonio Honório, segurança do Lar, Sólon Borges, Maria Ortiz, Jabour, Aeroporto

7. São Pedro Conduza, São Pedro, Santos Reis, São José, Santo André, Ilha das Caieiras, Redenção, Conquista, Nova Palestina, Resistência

8. Jardim Camburi Jardim Camburi, Parque Industrial

9. Jardim da Penha Jardim da Penha, Mata da Praia, Bairro Republica, Morada de Camburi, Boa Vista, Pontal de Camburi.

Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória.

A estrutura econômica da cidade é dada principalmente pela atividade industrial a

partir das operações da Vale e das empresas do Complexo de Tubarão, além do

1 Os dados econômicos tem como fonte o Instituto Jones dos Santos Neves (2015) para o ano de 2013. Os dados

de população, extensão territorial, índice de GINI e IDH são do IBGE CIDADES (estimativas para 2015).

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setor de serviços, consistindo desde fornecedores da própria atividade industrial, a

empresas de pequeno e médio porte relacionadas ao setor de gastronomia,

hotelaria, tecnologia da informação, entre outros.

TABELA 3- PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONOMICAS.

INDICADOR VALOR

PRINCIPAIS NIVEIS DE ATIVIDADE (em R$

milhões)

R$14.987,10 (67,23%)

INDUSTRIA R$3.826,28 (17,17%)

SERVIÇOS R$11.160,82 (50,07%)

Serviços exceto adm. Pub R$9.250,74 (42,71%)

Adm. Pública R$1.640,09 (7,36%)

Elaboração Própria a partir de dados do IBGE Cidades/IJSN.

Essa configuração pode ser vista pela tabela de participação percentual no PIB das

atividades econômicas, confirmando que a indústria e os serviços correspondem a

praticamente 60% das atividades até 2013, possivelmente não ocorrendo alteração

até o presente momento, a não ser por redução de um setor em contraposição ao

crescimento de outro setor.

TABELA 4 - PERCENTUAL VALOR ADICIONADO PIB A PREÇOS CORRENTES (%) – VITÓRIA 2010 a 2013.

ITEM/ANO 2010 2011 2012 2013

Indústria 25,37% 23,79% 22,14% 17,17%

Serviços 45,67% 42,35% 45,21% 50,07%

Impostos líquidos de

subsídios

28,93% 33,83% 32,62% 32,71%

Elaboração própria a partir de dados do IJSN.

A orientação econômica para o desenvolvimento especializado voltado à lógica do

comércio exterior, a partir da ampliação do porto de vitória e da construção do

complexo portuário de tubarão nos anos 1970, inviabilizam uma série de outras

atividades potenciais internas que poderiam se desenvolver de forma alternativa a

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essa dependência ao cenário externo e as fontes de financiamento via

transferências de receitas.

A cidade se caracteriza por ser a única dentre as capitais litorâneas, a não ter forte

atrativo turístico de verão (basta compararmos com as capitais da região nordeste

assim como a cidade do Rio de Janeiro e Florianópolis ao sul). O turismo com seus

efeitos multiplicadores, tem a capacidade potencial de desenvolvimento de outras

atividades que garantam a circulação de recursos desconcentrando a renda

geograficamente potencializando a arrecadação tributária.

Ao contrário da dependência que existe em relação a atividades voláteis de preços

internacionais e ao câmbio, em cenários externos desfavorecedores, as atividades

alternativas internas poderiam suprir, e em cenários externos favoráveis, ocorrer a

plena complementariedade entre os dois fatores positivos. Esse é um dos principais

fatores para se pensar na diversificação da atividade: Escapar das armadilhas da

especialização econômica e dependente.

O grande impacto econômico, e também a responsabilidade da atual crise, vem da

especialização produtiva da cidade que causa dependência financeira a variáveis as

quais o município, o Estado, e a União não tem controle (câmbio, preço do minério

de ferro, e outros), e da inibição que esse tipo de atividade, por sua própria natureza

(mineração) e pela forma de operação da empresa, gera as outras atividades que

poderiam reduzir o grau de vulnerabilidade da economia da cidade, seja em termos

da dependência externa, seja em relação a dependência das transferenciais

constitucionais.

Este impacto no cenário econômico do município pode ser visto em termos do

Produto Interno Bruto do município e em indicadores de participação em termos do

PIB Estadual e da região metropolitana.

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TABELA 5 - QUADRO EVOLUÇÃO DO PIB – VITÓRIA (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES – R$).

ANO 2010 2011 2012 2013

PIB 21.351,13 24.431,89 24.312,53 22.289,82

VARIAÇÃO

DO PIB (%

ANO/ANO)

--------------------

--

14,42% -0,48% -8,31%

Elaboração própria a partir de dados do IJSN.

TABELA 6 - QUADRO EVOLUÇÃO DO PIB – VITÓRIA E REGIÃO metropolitana (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES – R$).

MUNICIPIO/ANO 2010 2011 2012 2013

VILA VELHA 8.018,03 8.673,32 9.773,27 10.047,42

SERRA 12.934,98 14.148,08 14.978,08 15.439,73

CARIACICA 5.263,65 6.234,6 6.883,79 6.907,02

VIANA 897,19 1.067,90 1.308,80 1.457,96

GUARAPARI 1.215,03 1.405,99 1.644,80 1.789,45

FUNDÃO 379,76 451,85 427,39 463,76

VITÓRIA 21.351,13 24.431,89 24.312,53 22.289,82

REGIÃO

METROPOLITANA

50.059,76 56.413,63 59.328,66 58.395,15

PARTICIPAÇÃO

PIB REGIÃO

METROPOLITANA

(%)

42,65% 43,30% 40,97% 38,17%

ESPIRITO SANTO 85.312,49 105.962,57 116.728,19 117.042,93

PARTICIPAÇÃO

PIB ESPIRITO

SANTO (%)

25,03% 23,06% 20,83% 19,04%

Elaboração própria a partir de dados do IBGE Cidades/IJSN.

Além do Produto Interno Bruto, que carece de informações mais atualizadas, os

impactos apontados podem ser observados a pelo gráfico de evolução do

desemprego na cidade assim como as receitas do município, pelas duas tabelasque

se seguem:

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GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO POPULAÇÃO DESOCUPADA (%) CIDADE DE VITÓRIA

(JANEIRO 2012 A MARÇO 2016).

Fonte: PNAD/IBGE.

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TABELA 7 - QUADRO RECEITAS ESTIMADAS E REALIZADAS (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES - R$).

ITEM/ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 RECEITA ESTIMADA

1.333. 1.491 1.479 1.547 1.690 1.786

RECEITA REALIZADA

1.166 1.308 1.510 1.368 1.523 1.468

Diferença percentual estimado e realizado

-12,54% -12,24% +2,10% -11,58% -9,86% -17,78%

Elaboração própria a partir de dados da prefeitura de vitória.

É interessante observar que a partir de 2013 e em especial 2014 e 2015, como se

dá a diferença entre a receita estimada e a realizada, ocorrendo uma redução

brusca da receita estimada para 2016 em R$1.489.627.529,00.Analisando pelos

dados do município, de forma mais ampla, é importante mencionar que as principais

fontes de receita são as chamadas transferências correntes e a receita tributária.

TABELA 8 - QUADRO EVOLUÇÃO DA RECEITA CORRENTE E DAS PRINCIPAIS FONTES DE RECEITAS (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES - R$).

Rubrica/Ano. 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Receitas correntes 1.077 1.265 1.411 1.340 1.471 1.446

Receita tributária 371,775 441,681 505,952 516,020 543,945 550,447

Impostos 352,707 420,201 480,441 488,222 514,575 518,933

ISSQN 255,320 304,682 349,696 340,212 364,199 373,263

IPTU 40,072 44,003. 49,453 53,154 56,.803. 61,247

Participação na receita tributária

ISSQN 68,67% 68,98% 69,11% 65,92% 66,95% 67,81%

IPTU 10,77% 9,96% 9,77% 10,30% 10,44% 11,12%

Rubrica/Ano. 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Transferências 575,850

673,831 726,956 716,313 702,907 696,861

FPM 70,247 88,073 102,424 97,522 107,874 114,035

FUNDEB 102,639. 120,381 131,130 142,687 147,728 157,045

COTA PARTE ICMS 391,890 456,64 474,763 436,059 391,145, 359,291

Participação nas transferências

FPM 12,19% 13,07% 14,08% 13,61% 15,34% 16,36%

FUNDEB 17,82% 17,86% 18,03% 19,91% 21,01% 22,53%

COTA PARTE ICMS 68,05% 67,32% 65,30% 60,87% 55,64% 51,55%

Elaboração própria a partir de dados da Prefeitura de Vitória.

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Como se pode notar um dos principais itens responsáveis pela perda de receita, ou

não acompanhamento do crescimento em relação a outras rubricas, é a participação

na cota parte do ICMS como pode também ser observado na participação de Vitória

no chamado IPM, conforme a tabela a seguir.

TABELA 9 - QUEDA NO INDICE DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (25% ICMS ESTADUAL) - EM % DO TOTAL (100%).

MUNICIPIO/ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

VILA VELHA 6,231 6,642 6,784 5,851 5,327 5,573 5,823

SERRA 15,225 13,516 12,407 11,621 11,758 12,796 13,233

CARIACICA 3,735 4,385 4,930 5,697 6,041 5,678 5,519

VIANA 0,976 1,011 1,098 1,263 1,253 1,514 1,723

GUARAPARI 0,825 0,855 0,880 0,827 0,842 0,933 0,994

FUNDÃO 0,337 0,289 0,222 0,218 0,258 0,301 0,314

VITÓRIA 21,664 21,466 20,573 19,958 17,462 15,224 13,996

IPM REGIÃO

METROPOLITANA

(EM RELAÇÃO AO

ESTADO)

48,993 48,164 46,894 45,435 42,941 42,019 41,602

PARTICIPAÇÃO IPM

DA REGIÃO

METROPOLITANA (%)

44,21 44,56 43,87 43,92 40,66 36,23 33,64

Elaboração própria a partir de dados da Receita Estadual/Secretaria Estadual de Fazenda (SEFAZ).

Percebe-se que além da queda da própria receita do município, ocorre também a

queda na sua participação em termos da cota parte ICMS em relação ao Estado e a

região metropolitana.

Ainda sobre este tema, é importante também dizer que o principal indicador de

distribuição e de participação no IPM é o chamado VAF (Valor adicionado fiscal) que

tem relação com o próprio número de empresas e a produção/circulação de

mercadorias e serviços no município.

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TABELA 10 - QUADRO EVOLUÇÃO DA DESPESA (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES – R$).

TIPO DE DESPESA 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Despesa total

liquidada

1.128 1.152 1.381 1.305 1.391 1.369

Despesas correntes 926,980 982,195 1.121. 1.189 1.264 1.279

Pessoal 428,847 451,978 652,337 718,299 770,334 800,501

Outras des.

Correntes.

489,823 520,938 457,568 457,583 479,873 462,699

Despesas de capital 201,314 170,311 259,778 115,.917 126,825 89,892

Investimentos 189,875 159,237 242,190 92,218 101,624. 60,918.

Elaboração própria a partir de dados da Prefeitura de Vitória.

Importante observar que do ponto de vista da despesa total liquidada, há dois

momentos de crescimento/queda, entre 2012 e 2015, desfavorecendo qualquer

discurso de evolução contínua das despesas em relação a queda nas receitas.Mais

interessante ainda é ver a participação dos gastos com investimentos na despesa

total, e a proporção ganha pela despesa com pessoal (quase o dobro entre os anos).

Isso é importante pois a prefeitura pode utilizar essa questão como argumento em

sua defesa tanto em relação aos servidores, quanto em relação as possíveis

medidas de ajuste que ela possa vir a adotar.

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GRAFICO 2 - DESPESAS POR FUNÇÃO (VALORES NOMINAIS EM MILHARES

DE R$).

Elaboração Própria a partir de dados da Prefeitura Municipal de Vitória.

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TABELA 11 - EVOLUÇÃO DAS DESPESAS POR FUNÇÃO 2010 A 2015

(VALORES NOMINAIS EM MILHARES – R$).

FUNÇÃO/ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Legislativa 18.591 20.911 21.940 22.949 23.105 24.547

Essencial a justiça

8.707 8.818 9.158 9.180 9.717 9.601

Administração 137.760 140.989 150.385 147.791 159.290 144.584

Segurança publica

15.193 14.882 16.079 17.332 24.457 24.559

Assistencia Social

36.220 30.613 38.617 39.415 44.712 42.545

Previdência Social

104.793 116.708 138.034 163.252 172.358 186.544

Saude 163.436 181.073 219.086 241.738 241.786 245.260

Trabalho 6.191 6.690 5.271 0.836 8.193 4.922

Educação 243.643 268.809 298.185 308.614 346.512 352.624

Cultura 14.431 13.416 17.767 13.081 10.435 8.758

Direitos da Cidadania

7.813 7.743 8.645 6.730 6.019 6.555

Urbanismo 212.630 197.831 246.886 165.759 170.637 168.260

Habitação 25.872 20.050 17.760 16.754 15.873 13.991

Saneamento 54.638 30.866 95.785 18.178 19.852 1.145

Gestão ambiental

36.710 39.403 26.201 42.801 41.714 40.548

Ciência e tecnologia

-------------- -------------- -------------- -------------- 2.702 0.578

Comércio e Serviços

1.517 2.217 2.928 2.702 5.962 4.015

Comunicações 8.794 8.532 14.714 13.462 15.752 13.866

Desporto e Lazer

7.553 7.830 9.500 7.700 10.272 8.670

Encargos Especiais

29.814 35.116 53.289 67.374 63.397 67.805

Elaboração Própria a partir de dados da Prefeitura Municipal de Vitória.

CONCEPÇÃO DE PROGRAMA NA ÁREA ECONÔMICA.

Feitas as análises da conjuntura do município, cabe agora estabelecer as

concepções, os princípios norteadores e as ações a serem desenvolvidas

apresentadas durante a atividade.

Importante inicialmente reconhecer os limites de uma gestão municipal. Porém na

mesma grandeza de importância é necessário compreender as suas

potencialidades, em especial no cumprimento e na garantia de direitos a população.

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Também é necessário mencionar que um fator de grande importância na limitação

do município é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que diante da conjuntura e da

forma como ela é utilizada hoje como uma “camisa de força” para qualquer gestor,

não abarcando de fato uma diversidade de atos que lesam os cofres públicos e

prejudicam a prestação de serviços essenciais, com a devida qualidade, a

população.

Neste sentido, entende-se que a política econômica deve estar direcionada para

uma perspectiva de construção das bases ao cumprimento progressivo do artigo 6º

da Constituição Federal de 1988 que diz:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, Constituição Federal da República Federativa do Brasil, 1988).

No âmbito da execução orçamentária, entende-se que é fundamental tratar de ações

que revisem o caráter regressivo da tributação, tendo como objeto complementar a

análise do lado da despesa, tratando-a com o objetivo de desconcentrar

geograficamente a quantidade e a qualidade do gasto público, assim como a oferta

de serviços e de aparelhos públicos. Ou seja, a distribuição tributária em termos de

sua carga e retorno a cidade, é um dos objetos centrais para essa discussão de

programa de governo em termos municipais.

Além da questão tributária, é importante se apresentar como alternativa ao

conservadorismo econômico das leis financeiras, da dinâmica econômica da cidade

especializada e dependente das transferências de receitas (da união e do Estado) e

das condições do comércio exterior.

Rever a utilização do espaço público pelo capital privado sobre a finalidade do uso, o

retorno para a cidade (população) e para o município (estado) em termos

econômicos, não permitindo uma plena apropriação do espaço justificada e

diferenciada pela capacidade de utilização do poder econômico.

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Também é importante revisar os contratos de concessões ou até mesmo de

privatizações, visando reparação de qualquer dano ou prejuízo econômico ao

município, e consequentemente a população.

DIRETRIZES

1) Inversão de prioridades dos investimentos e dos gastos públicos.

A partir da discussão tributária (arrecadação e gasto) e também na incorporação da

dinâmica participativa/decisiva que a gestão deve proporcionar a população,

considerando as medidas cabíveis nas leis orçamentárias2 ainda em vigor.

2) Uma política econômica que esteja a serviço das demandas sociais.

Dada a incorporação participativa da elaboração do orçamento e de decisão por

parte da população, a gestão também terá a capacidade de ter um maior

conhecimento das demandas sociais, dar prioridade as mais essenciais e planejar

de forma a atender a todas demandas ao longo do tempo, em uma perspectiva de

médio e longo prazo. Este princípio também está condizente com a concepção de

direcionar a política econômica para a construção das bases de realização do art. 6º

da Constituição Federal.

3) Uma política econômica que propicie o controle social do planejamento e da

execução do gasto.

A gestão promoverá uma série de ações como criação de conselhos, congresso da

cidade, visando a participação e o controle social do planejamento e da execução

dos gastos.

4) Uma política econômica que eduque a população sobre o valor social do

tributo.

Se a capacidade do município em ofertar serviços públicos de qualidade depende da

capacidade de arrecadação, é importante que a população consiga compreender a

importância social dos tributos, cabendo à gestão, além da busca pela via mais

prática desse objetivo ofertando os serviços de qualidade e a população percebendo

2 Essa observação se faz necessária pelo fato que parte das despesas públicas tem limites, obrigatoriedades,

vinculações.

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a importância do tributo, também promover cursos e atividades que busquem

dialogar com a população de forma didática e transparente das ações executadas a

partir da arrecadação tributária e de sua importância.

5) Inversão do modelo de política econômica: da lógica industrial para a

dinâmica dos serviços, turismo, conhecimento e cultura.

Conforme já mencionado no texto, a especialização produtiva e a dependência

econômica relacionada a um determinado setor, acentua a vulnerabilidade

econômica do município além de inibir o desenvolvendo de potenciais setores já

existentes mas que poderiam alcançar outro patamar de importância para a

economia da cidade.

6) Inversão da lógica tributária

A partir da discussão geográfica da cidade, estabelecer uma inversão tributária nos

sentido da atuação da arrecadação e da unidade na qualidade dos aparelhos

públicos e serviços sociais na cidade.

7) Uma política econômica limpa do ponto de vista ambiental.

A dependência de uma atividade produtiva que degrada o meio ambiente, inibe o

desenvolvimento de atividades potenciais que dependem das boas condições desse

meio, assim como aumenta uma série de custos econômicos, como a própria

judicialização quando se ultrapassa os limites de poluição, e outros gastos

relacionados a efeitos decorrentes dessa degradação. Por isso, as medidas

direcionam para uma inversão da estrutura econômica do município de uma cidade

constituída por uma indústria de serviços (uma indústria e uma série de serviços

relacionadas) para uma estrutura inteligente, baseada nos serviços que não

dependam da degradação ambiental e que propiciem o mesmo retorno econômico

do ponto de vista da geração de emprego, renda, e capacidade de arrecadação

tributária para o município.

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8) Economia e mobilidade urbana.

Além da tributação, a mobilidade urbana é outro elemento fundamental para

desconcentração e circulação da riqueza entre a cidade. Como Vitória é uma cidade

específica em termos que possui capacidade econômica e um pequeno território, a

articulação da política econômica com ações de mobilidade urbana podem repercutir

como fatores positivos e alternativos visando a atividade econômica a partir da

atividade interna.

PROPOSTAS.

Diante da conjuntura, das concepções e dos princípios norteadores, cabe agora

listar algumas das medidas que contemplem essas análises, e que foram listadas

durante o debate ao longo da atividade. Como ações de caráter estrutural propõem-

se:

● A criação de uma estrutura participativa (orçamento

participativo*)/deliberativa para a questão orçamentária.

● A criação de uma metodologia para essa estrutura que priorize as áreas

sociais.

● Congresso da Cidade – envolvendo também a capacidade

participativa/deliberativa sobre a questão orçamentária.

● Congresso do orçamento para a área de educação.

● Congresso do orçamento para a área da saúde.

● Atuar junto a Frente Nacional de Prefeitos na promoção de discussões

sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal.

● Realizar discussões sobre o código tributário.

● Revisão dos Contratos de Prestação de Serviços.

● Estabelecer critérios qualitativos, quantitativos, claros e transparentes de

isenção tributária

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EIXO 2 – UMA CIDADE DE VERDADE

CONCEPÇÃO

O ponto de partida para este eixo encontra-se na Diretriz 4 do Programa do Psol,

que se posiciona da seguinte forma:

Por uma ampla reforma urbana. Moradia digna com condições dignas para todos. Milhões de famílias vivem em áreas de risco, não apenas devido a enchentes e desabamentos. Há milhões que estão no dia a dia vivendo em péssimas condições, sem acesso a água, sem saúde, com transporte precário e esgotos a céu aberto. Mesmo levando em conta a possibilidade de melhorias nestas sub moradias, seriam necessárias mais de seis milhões e seiscentos mil moradias para combater o déficit habitacional do país. Defendemos a mobilização dos sem-teto e dos movimentos populares por moradia. Somos a favor de uma ampla reforma urbana, que tenha na raiz o combate à vergonhosa especulação imobiliária. (http://www.psol50.org.br/partido/programa/)

Assim, vale observar que o abandono histórico da questão urbana pelo Estado

brasileiro abre precedentes alarmantes para o seu agravamento diante do processo

vil que é engendrado nesta fase atual do capitalismo financeiro, que preconiza e

estimula um modelo concorrencial entre as cidades, agora voltadas para o

aperfeiçoamento gestionário, apresentando seus territórios como vitrines de

oportunidades/atratividades para a especulação financeira e fundiária.

A tônica de apropriação do espaço visa capacitar as cidades para concorrer entre si

na captação e obtenção de recursos públicos e privados. Como exemplo evidente,

temos a fábrica dos sonhos dos megaeventos. Nesta dinâmica, as expressões da

questão social são subsumidas em processos de higienização, pasteurização e

uniformização de projetos de urbanização de áreas populares e degradadas,

ampliação de serviços privados e ocupação militar para contenção e controle da vida

social. (ABREU, 2015).

O fundo público, portanto, funciona como um banco ou “balcão” ao gerar

empréstimos, dividendos, passivos e títulos controladores de novas centralidades e

nichos de produção, espaços que possam abrigar provisoriamente recursos fluídos e

voláteis ao bel prazer das necessidades de rentabilidade do capital, fixadas de

acordo com a submissão e/ou adaptação dos gestores públicos ao modelo gerencial

capitalista engendrado na organização do Estado.

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As expressões mais contundentes do modelo industrial de produção do espaço

revelam os motivos das desigualdades sociais no Brasil e como estas se

aprofundam no quadro perverso de organização das cidades. Não obstante,

encontra-se a cidade de Vitória, com seu potencial e seus contrastes sociais,

econômicos e políticos que se revelam no modelo urbanístico e territorial.

Diante do exposto, entendemos que a função social da cidade será de fato

promovida através da construção de espaços de moradia igualitários com a inclusão

progressiva dos bairros, e de seus moradores, na cidade formal por meio de práticas

de provisão de habitações adequadas, tanto com ações corretivas como de

atendimento da demanda em formação, de adequação urbanística quanto à

regularização fundiária e edilícia e à universalização da infraestrutura e dos serviços-

públicos. Esta concepção se articula ainda a um conjunto de politicas sociais e

urbanas que integram meio ambiente, mobilidade urbana, saneamento ambiental,

bem como garantia de direitos humanos e sociais que estejam disponíveis ao

conjunto dos moradores de Vitória.

No entanto, a prática sócioespacial da qual resulta a cidade está invadida pelas

possibilidades de realização da acumulação, o que restringe as formas de

apropriação ao mercado e faz com que a cidade apareça como algo externo a

sociedade. Todos os momentos da vida realizados na cidade confundem-se com as

formas de realização do capital cuja reprodução ampliada realiza-se pela cooptação

e apropriação da vida cotidiana.

Neste sentido, a conformação dos territórios tem uma profunda relação com o modo

de produção e reprodução da vida social, atravessado pelo crescimento das forças

produtivas. Observar o movimento dessa dinâmica, certamente, amplia as

possibilidades de uma leitura dos territórios em sua totalidade, de forma a

reconhecer os limites e as possibilidades desta discussão no enfrentamento da

questão social (ABREU, 2015).

No plano do habitar, esse processo pode ser percebido por meio das lutas em torno

dos modos e necessidades do ato de morar. É neste nível que se revela o

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empobrecimento da vida urbana e é nele que se reconhece a necessidade de

mudança desse espaço que se produz reproduzindo segregação como

conseqüência e fruto da produção capitalista da cidade.

Uma vez que o conceito de habitação não está restrito apenas à unidade

habitacional, sua adequação não se resume ao conforto, segurança e salubridade,

inclui também sua inserção no espaço produzido, o que diz respeito a forma de

apropriação da terra onde foi erguida, e sua integração com o entorno, envolvendo

seu acesso aos serviços urbanos, à infra-estrutura urbana e aos equipamentos

sociais. A moradia revela-se, assim, como elemento central do ato de habitar a

cidade.

Neste contexto, a questão ambiental é central! A recuperação dos recursos naturais

potenciais em uma cidade que é uma Ilha é parte inerente de sua constituição. É

imperativo uma séria politica de saneamento ambiental que recupere a

balneabilidade das águas que cercam Vitória, da proteção e recuperação de áreas

verdes potencializando seu uso e sobretudo o enfrentamento do seu maior desafio:

a eliminação do “pó preto” emitido pela Vale.

Imagem 1 - Complexo de Tubarão.

Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.

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As atividades econômicas de produção “limpa” e socialmente sustentáveis devem

ser incentivadas para o equilíbrio social e ambiental, pois nos termos de David

Harvey, “Cuidar do ambiente é cuidar de nós mesmos” (Harvey, 2011, p. 294).

De acordo com a diretriz nº 13 do Programa do PSOL, que trata da preservação do

meio ambiente, pretende-se:

A construção de um ideário de superação do processo capitalista reúne hoje, além dos tradicionais pressupostos socialistas, um grande impulso ainda mais vital ligado à questão ecológica. [...] Tendo claro que as forças de destruição irracionais acumuladas pelo sistema ameaçam o conjunto da humanidade e da vida no planeta, de tal forma que a luta contra o capitalismo significa a luta em defesa da ecologia, do meio ambiente e da vida[...].(http://www.psol50.org.br/partido/programa/)

Dessa forma, vimos que a questão urbana em Vitória tem várias implicações

(questão fundiária, padrão construtivo, salubridade, segurança, conforto,

acessibilidade física, infra-estrutura, serviços públicos, equipamentos sociais) que

atransforma em um dos principais problemas urbanos afetando, principalmente, a

população de menor renda e se mostrando de difícil solução em decorrência de suas

principais causas:

Produção capitalista da cidade;

Apropriação privada dos usos e espaços da cidade;

A relação emprego – renda (desemprego, emprego informal, baixos salários);

Baixo poder aquisitivo da população atingida;

Custos elevados da moradia (produção, aquisição, aluguel e manutenção);

Escassez de terrenos;

Preço elevado do lote de terra;

Custo elevado do material de construção

Custo dos encargos públicos e privados para o acesso aos serviços e

equipamentos urbanos (água, luz, transporte coletivo, limpeza pública,

esgotamento sanitário, iluminação pública, IPTU)

Fragilidade, conivência ou cooptação (pelo capital imobiliário) do poder

público na implantação dos instrumentos que objetivam a realização da

cidade em sua função social;

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Descompasso das políticas urbanas e sociais.

Segregação socioespacial

Marginalização de segmentos sociais e territórios em uma cidade

relativamente pequena

E como a cidade é resultante da prática sócio-espacial, ela tem em si a possibilidade

da mudança, de construção de uma realidade em que o direito à cidade se revele

como conteúdo da realização da cidadania. Para isso, urge o cumprimento da

função social da cidade, da propriedade e do território como espaços públicos da

vida metropolitana, fazendo emergir o sentido real da ocupação das áreas verdes,

praias, praças, casas e espaços vazios ociosos pela especulação em espaços de

vida e sociabilidade (hortas urbanas, jardins coletivos, moradias populares no

Centro, revitalização da Vila Rubim, requalificação das moradias em bairros

populares e dos morros, IPTU progressivo e direito de preempção em imóveis

fechados e abandonados), pois “Vitória de Verdade” exige a superação da lógica de

ter “tanta gente sem casa e tantas casas sem gente”!

2.1 HABITAÇÃO

DIAGNÓSTICO

Das unidades habitacionais em construção, a maior concentração se encontra nos

bairros de Bento Ferreira, Praia do Canto, Barro Vermelho, Praia de Santa Helena,

Enseada do Suá, destacando-se a Praia do Canto segundo dados dos SINDUSCON

(2013, 2014 e 2015). Na região continental, tais unidades se localizam nos bairros

de Jardim da Penha, Jardim Camburi, Mata da Praia e no destaque dessa região

estava o bairro de Jardim Camburi.

Tomando-se como parâmetro o valor de R$ 150.000,00 (SINDUSCON, 2014) como

o menor valor de um apartamento em construção em Vitória, situado no segmento

do mercado normalmente chamado de “econômico”, e levando-se em conta o peso

das prestações da compra de um imóvel sobre o orçamento familiar, podemos

considerar que seu potencial comprador está na faixa de renda de 08 a 10 salários

mínimos, ou seja, para uma parcela reduzida da população.

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Com um déficit habitacional quantitativo de Vitória chega a 10.556 (9,7%) domicílios

do contingente das famílias que residem na cidade e concentra-se, sobretudo, na

população com rendimentos de 0 a 3 salários mínimos. Dessa forma, a faixa de

renda para quem o mercado imobiliário situado em Vitória produz, já possui casa

própria e/ou ainda pode acessá-la por meio do mercado. Já o restante da população

não possui renda capaz de responder aos elevados preços dos imóveis produzidos

pelo mercado e da carga de impostos, taxas e custos de manutenção de vida nesta

cidade. Para quem, então, o mercado está produzindo?

A afirmação de que a clientela do mercado é composta por famílias que estão se

formando ou que estão trocando de apartamento, investidores e pessoas que estão

optando por morar sozinhas, pode não ser suficiente para justificar a elevada

produção de unidades habitacionais que em 2014, está em um patamar de 2.798

unidades residenciais (SINDUSCON, 2015). Lembrando que a taxa populacional é

decrescente nos últimos anos.

Levando-se em conta que produzir para as camadas de maior renda da população

seja uma característica do mercado imobiliário de Vitória e que, portanto, não há no

município produção formal de habitações para os segmentos populares, tem-se

margem para algumas considerações acerca dos expedientes dos quais esses

segmentos lançam mão para contornar o problema de moradia.

Uma das “alternativas possíveis” (ou imposições?) para se contornar a falta de

acesso ao mercado imobiliário pode ser a coabitação, como já dissemos. A

coabitação, ou os conhecidos “puxadinhos” é um problema de moradia, pois não

proporciona privacidade e não confere condições dignas de habitabilidade às

famílias que dela se valem por todas as outras situações que dela decorrem como o

adensamento domiciliar, a dependência financeira, os conflitos nos relacionamentos,

as condições de higiene etc. Além da geografia da cidade, formada por grandes

morros. O resultado é visível das precárias condições de moradia e acesso nessas

regiões, além do grande risco estrutural e geológico que estes terrenos oferecem.

Outra “alternativa” que se soma a esta primeira é a autoconstrução por meio da qual

casas são erguidas sem obedecer a regras técnicas e muitas vezes isto acontece

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por meio de “puxadas” ou do acréscimo de mais pavimentos em imóvel familiar para

abrigar novas famílias que se formam ou para servirem como mais uma fonte de

renda por meio do aluguel, já que existe um demanda por moradia nos segmentos

populares.

Além do risco que essa forma de construção traz à população, já que resulta em

moradias inseguras, há também o adensamento desordenado dos bairros populares,

piorando as condições do ambiente construído, que em sua maioria não possuem

conformação adequada em decorrência do próprio processo de formação, podendo

ultrapassar a capacidade de suporte do espaço, aumentando, com isso, a demanda

constante por serviços públicos e infra-estrutura urbana, obrigando a freqüentes

intervenções de adequação.

Também há a alternativa de acesso à moradia nos empreendimentos habitacionais

destinados à população dos segmentos mais populares do mercado que são

construídos nos municípios vizinhos, Vila Velha e Serra. Cariacica começou a ofertar

esse tipo de moradia desde 2007.

Tem-se assim, um mercado imobiliário concentrado nas camadas de maior renda,

segmentos populares mal atendidos e parte da população em grau de dependência

elevado em relação ao poder público para resolver seus problemas de moradia, que

envolvem o déficit habitacional e a inadequação dos domicílios.

A valorização imobiliária que está ocorrendo na porção continental do município tem

tido reflexos também sobre os imóveis dos bairros que abrigam a população de

menor poder aquisitivo na região. A elevação dos preços dos aluguéis e as ofertas

de compra têm sido a causa da saída de vários moradores que ali residem. As

regiões administrativas 3 e 4, ocupadas predominantemente por bairros residenciais

populares, também estão passando por forte processo de elevação dos preços dos

imóveis, resultante da especulação em torno dos empreendimentos que estão em

implantação na região da Praia do Canto.

Nos bairros que abrigam a população de menor poder aquisitivo no entorno do

maciço central, o processo de “valorização” tem atingido tanto o mercado de terras

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como a locação de imóveis. Com o aumento da demanda por aluguel, os

“puxadinhos” se converteram em importante fonte de renda nesses bairros.

Aumentar as residências construindo cômodos por meio de “puxadas” ou

disponibilizar parte da própria casa para locação são fatos que estão ocorrendo de

forma freqüente.

Como não há contrato formal de locação, os inquilinos ficam a mercê do interesse

do proprietário que pode solicitar a moradia quando um outro locatário puder pagar

mais pelo aluguel.

Deve-se considerar também o custo elevado da moradia no município que pode

levar famílias, existentes e que se formam, a encontrar nessa modalidade de

locação a única alternativa possível de moradia. Situação que pode se agravar ainda

mais com a tendência que o mercado imobiliário aponta de atuar nos bairros

populares.

Essas distorções e perversidades advindas da especulação e valorização

imobiliárias só podem ser reguladas, controladas ou inibidas por meio da prática dos

instrumentos urbanísticos de gestão do espaço já presentes no PDM. A função

primordial da cidade é proporcionar o ato de habitar, se não for para isso e por isso,

nenhuma outra função se justifica, e as leis, ações e intenções caem no vazio.

DIRETRIZES PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

1)Promover a reestruturação do setor visando dotar a Secretaria de Habitação de

condições técnicas e físicas compatíveis com suas atribuições, bem como compor

recursos para o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social.

2)Promover o estudo, o monitoramento e a avaliação do setor visando conhecer as

especificidades da habitação de interesse social no município, adequar os

programas e ações a essas especificidades e aos interesses da população e integrar

um banco de dados com as informações gerenciais e estatísticas sobre o tema.

Evitar a remoção de moradias quanto ao rompimento de vínculos sócio-culturais e a

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acessibilidade ao mercado de trabalho, comércio e serviços ainda estão postos para

Vitória.

3)Urbanização e regularização de assentamentos informais: Articular ações que

possibilitem a formulação de novas alternativas de intervenção nos espaços de

moradia informais, agilizar e reduzir os custos da regularização fundiária e edilícia e

viabilizar assistência técnica à autoconstrução.

4)Integração das políticas públicas do município a partir da criação de um

instrumento, o Conselho da Cidade, de natureza permanente, com caráter

deliberativo e consultivo que proponha diretrizes para o desenvolvimento urbano

com participação social na articulação e implementação das políticas de gestão do

solo urbano, de habitação, saneamento ambiental, mobilidade e transporte urbano.

DIRETRIZES PARA A GESTÃO TERRITORIAL

1) Instalação de dispositivos de requalificação dos espaços públicos de circulação e

lazer.

Tornar a cidade permanentemente atraente como espaço para a moradia, a

produção e o lazer através da presença de elementos considerados desejáveis na

base física destas atividades. Dotar os espaços públicos – ruas, praças, parques –

de características de projeto e de equipamentos claramente associados a um

ambiente urbano atraente aos moradores e investidores, de modo à assegurar a

ampliação da ocupação de espaços públicos que dão ambiente sustentável ao longo

do tempo.

2) Revisão do plano diretor municipal e redirecionando dos interesses da ocupação

do solo com ampla participação social

Criação de mecanismos de garantia ao direito à cidade na lógica de Reforma

Urbana tendo em vista que as possibilidades de gestão do território que necessitam

ser pensadas para lidar com o crescimento da cidade, por conta dos novos

interesses que disputam seu território. Não são mais apenas os interesses locais

que estão presentes em Vitória, mas aqueles nacionais e internacionais participando

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da produção da cidade. E, nem sempre, esses interesses coincidem com os

interesses da população da cidade. É preciso ainda, considerar o contexto

Metropolitano que a cidade ocupa.

PROPOSTAS:

Ampliar o atendimento das demandas do déficit habitacional qualitativo e

quantitativo na faixa salarial de 0 a 3 salários mínimos.

Buscar meios de amenizar a contradição entre déficit habitacional e os

imóveis vazios.

Capacitar o corpo técnico da secretaria de habitação e promover a

reestruturação operacional do setor.

Aumento da dotação orçamentária do Fundo Municipal de Habitação de

Interesse Social.

Estabelecer no orçamento municipal um percentual fixo destinado aoFundo

Municipal de Habitação de Interesse Social - FMHIS;

Usar recursos advindos dos instrumentos legais urbanísticos para habitação

de interesse social;

Integrar esforços para a proposição de novos modelos de intervenção

ajustados às necessidades e aos interesses da população, como projetos de

arquitetura e engenharia social, ocupação de prédios públicos adaptados para

moradia;

Buscar meios de garantir a sustentabilidade das famílias nos assentamentos

após as intervenções.

Ações para a regularização fundiária em zonas especiais de interesse social;

Arquitetura social: Possibilitar à população de menor renda a construção de

moradia adequada e segura;

Observância dos mecanismos previstos no Estatuto das Cidades para o

cumprimento da função social da propriedade urbana;

Criação do Conselho da Cidade

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2.2 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE

DIAGNÓSTICO

Circulação metropolitana e municipal

A cidade de Vitória apresenta algumas características marcantes na circulação:

centralidade nos deslocamentos metropolitanos, concentração de fluxos de

passagem e locais em eixos principais; restrições físicas de opções de vias devido

às características naturais do território; linhas de transporte coletivo sobrepostas e

sem integração.

O Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Vitória - PDMTUV no seu

diagnostico afirma estas características e indica que os corredores de tráfego são

deficientes e apresentam tendência progressiva de saturação.

Na área central, por exemplo, apenas duas vias longitudinais desempenham a

função de passagem para os deslocamentos individuais e coletivos inter-bairros e

inter-municipais da Grande Vitória.

Imagem 2 - Vias de ligação da área central ocorrem de forma longitudinal, comprimidas entre a Baía e o Maciço Central.

Fonte: mapa – www.google earth.com - acessado em 04/07/2016.

O Plano Diretor Municipal - PDM já incorpora algumas medidas para a melhoria da

qualidade dos deslocamentos e melhor aproveitamento dos espaços públicos:

priorização do transporte coletivo no sistema viário; priorização das ciclovias e

passeios nas vias; apoio e incentivo às viagens não motorizadas; desestímulo ao

tráfego de passagem em vias locais; promoção de estudos para a adoção de outras

modalidades de deslocamento.

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O PDM também prevê a implantação de uma rede cicloviária integrada, com

extensões de abrangência municipal até os acessos aos municípios que circundam

a Capital. A PMV, também, instituiu o Projeto Calçada Cidadã, baseado nos

princípios da acessibilidade, referenciado na ABNT 9050/94 e 9283/86.

DIRETRIZES:

1) Garantia de programas voltados à Mobilidade Urbana Sustentável que sigam as

orientações conceituais mais abrangentes que relacionem qualidade de vida e

acesso individual a oportunidades, associadas à política urbana e também aos

programas de acessibilidade urbana, que contemplem a inclusão sócioespacial e o

direito à gestão da cidade.

2) Criação de novos paradigmas para os planos, programas e intervenções que

busquem a redução do aprofundamento dos efeitos negativos da evolução do

modelo atual centrado nos automóveis, cujo enfoque vem comprometendo o espaço

urbano, a saúde de seus habitantes e a distribuição pública dos recursos,

provocando ainda a discriminação física e social de seus usuários.

3) Promoção da mobilidade mediante a articulação entre as políticas de transporte,

de desenvolvimento urbano e de meio ambiente em âmbito metropolitano, municipal

e local, compatibilizando a circulação das diversas categorias e modalidades,

buscando o desenvolvimento econômico e social com garantia da qualidade do

espaço urbano cotidiano a todos os seus usuários.

4) Reordenamento da lógica de mobilidade mediante a articulação entre o todo e as

partes, destinando aos corredores os usos do solo principais, os fluxos intensos,

com a circulação segregada de transportes coletivos e bicicletas, reservando as

áreas interiores à escala dos bairros, desaceleradas, humanizadas, acessibilizadas

e seguras, mediante adequação do desenho urbano. Para a definição de metas e

indicadores, será necessária a conclusão do PDMTU, além de levantamentos

auxiliares.

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5)Reconhecer a importância do deslocamento de pedestres, inserir o desenho da

acessibilidade universal no planejamento e adequação dos transportes, espaços e

equipamentos públicos.

6) Programas de mobilidade urbana que facilitem a circulação das pessoas nos seus

bairros e territórios e da renda incrementada com atividades diversas e de serviços

nos diferentes espaços da cidade hoje subutilizados, como o Centro de Vitória, a

Vila Rubim com fortalecimento de mercados populares e culturais.

7) Incentivo a formas alternativas de transporte; melhorias e utilização do transporte

coletivo, favorecendo a possibilidade de circulação e acesso da população as áreas

da cidade.

PROPOSTAS:

Elaborar plano de melhorias viárias contendo projetos de aperfeiçoamento

das sinalizações, intersecções, semaforização e malha de apoio

possibilitando circulações periféricas aos eixos principais.

Reduzir o tráfego metropolitano pelo território do Município de Vitória, a partir

do PDM, definir prioridades na execução de corredores que desviem o tráfego

de passagem da área urbana ou promovam melhorias na conexão necessária

entre os municípios.

Redistribuição dos fluxos a partir do crescimento controlado mediante

compartilhamento de vantagens locacionais; requalificação e formação de

novas centralidades por toda a região metropolitana.

Promoção da elaboração de plano de desenvolvimento

regional/metropolitano, implantação do sistema e campanhas educativas.

Priorização e segregação da circulação de veículos coletivos nos corredores,

de forma a operarem com maiores médias de velocidade menores tempos de

viagem e maior eficácia da frota.

Intervenção no espaço público, focados no direcionamento dos

deslocamentos para o uso de transporte coletivo, como melhoras na infra-

estrutura dos pontos de embarque e nos acessos ao transporte coletivo por

meio da micro-acessibilidade.

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Elaboração e implantação de projetos de moderação do tráfego de veículos

nos interiores de bairros, por meio do redesenho urbano criar ambientes

vivenciais humanizado e micro-acessibilizados.

Reordenação dos fluxos de automóveis, criando restrições de usos nos

horários e locais críticos.

Incentivos à utilização compartilhada de veículos, como transporte fretado,

carona solidária, uso coletivo de táxis, entre outros.

Aperfeiçoamento de estudo da reordenação de horários de funcionamentos

das atividades geradoras de tráfego.

Tornar o transporte coletivo atrativo, moderno e confiável absorvendo

deslocamentos cotidianos e locais, auxiliado por outras modalidades

complementares.

Otimizar e requalificar o subsidiamento do sistema de transporte coletivo,

aumentando a sua atratividade e competitividade com o modo individual.

Reestruturação do transporte coletivo nas escalas metropolitana e municipal,

para operação em complementaridade. Integração do planejamento, da

operação, das linhas e redes, do sistema tarifário, entre as instancias

metropolitana e municipais; otimização do sistema a partir da divisão das

áreas de abrangência de cada competência, ampliando as possibilidades de

atendimento.

Melhoria do Sistema de circulação de bicicletas e pessoas em bairros e vias

estratégicas para incentivar os modos não-motorizados de deslocamento e a

integração entre os modos.

Campanhas de Conscientização e incentivo ao uso de meios não motorizados

de transporte.

Inclusão mais incisiva de critérios de segurança no planejamento urbano,

criando condições urbanas que estimulem o uso e a circulação de pessoas

nos espaços públicos.

Aperfeiçoamento de programas de qualificação dos espaços destinados aos

pedestres, incluindo áreas de ocupações informais, onde deverão constar:

acessibilidade plena, eliminação de barreiras, arborização, iluminação,

mobiliário urbano e infra-estrutura.

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Implantação de programas de adequação dos transportes coletivos: veículos,

terminais, áreas de embarque/desembarque e mobiliário urbano, às

condições de acessibilidade.

Definição de metas e indicadores, a partir da conclusão do PDMTU, além de

levantamentos auxiliares.

2.3 MEIO AMBIENTE.

DIAGNÓSTICO

Segundo dados da Agenda Vitória (2008), a cidade possui 40% de área da cidade

constituída por morros e morrotes de vertentes íngremes, gerando uma limitação

habitacional, com conseqüente concentração da população nos terrenos mais

planos. Aterros propiciaram aumento em cinco vezes o espaço físico da Capital. Mas

a forma de constituição destes aterros e sua conseqüente ocupação deram-se de

forma bastante diferenciada no território. Enquanto o lado leste da ilha de Vitória foi

alvo de um ousado projeto de urbanização, no lado oeste da ilha, surgiram, a partir

do aterro de áreas de mangue com lixo urbano vários bairros com o parcelamento

do solo e estrutura viária bastante inadequados e que se colocam como desafio para

a cidade.

As vertentes íngremes dos morros, ocupadas desde 1920, próximas ao antigo centro

da cidade (Fonte Grande, Alagoano, São Benedito) conduziram a uma acentuada

modificação da sua configuração morfológica original. Obras de corte e aterros para

construções residenciais subnormais e implantação de vias de circulação, assim

como as ações de derrubada da floresta definem hoje, um padrão de estabilidade

precária frente aos processos morfodinâmicos. (VITÓRIA, 2008)

Até os anos 2000, 38% das 313.312 mil pessoas que moravam em Vitória se

concentravam em áreas de risco.

O programa de drenagem urbana da PMV composto de um conjunto de ações para

limpeza e ampliação das galerias responde pela minimização dos efeitos dessa

dinâmica. Contudo, o avanço e adensamento da ocupação urbana são mais

acelerados que tais obras, solicitando novas ações sob a forma de intervenção para

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o disciplinamento ou para o redimensionamento das obras já exauridas em sua

efetividade funcional, o problema dos alagamentos, apesar das inúmeras obras

ainda é uma constante em algumas áreas da cidade.

A cidade de Vitória é privilegiada nos aspectos naturais, possuindo grande beleza

natural, onde se destaca a diversidade de ecossistemas da Mata Atlântica com

grande valor para conservação da natureza e potencial para o turismo, tais como o

manguezal, os aforamentos rochosos e a restinga. Contudo muitas dessas áreas

ainda carecem de subsídios técnicos, infra-estrutura e recursos humanos para que

possam desenvolver com plenitude esse potencial.(VITÓRIA, 2008)

A forma irregular e espontânea de uso e ocupação do solo em algumas partes do

território municipal que não previram as necessárias instalações de acessos,

arruamentos e infra-estrutura e, tampouco, de serviços e equipamentos públicos se

colocam como desafio para que a qualidade de vida se reproduza em toda a cidade.

Essas desigualdades se reproduzem na distribuição da arborização urbana, dos

equipamentos públicos, tais como parques e praças, assim como na oferta de

serviços de saneamento, que inclui a drenagem urbana, o esgotamento sanitário, o

abastecimento de água e a coleta de lixo.(VITÓRIA, 2008)

A universalização dos serviços de saneamento básico em Vitória se desenha como

uma realidade para a próxima década, sob a ótica da disponibilidade da infra-

estrutura, embora a verdadeira universalização ligada ao justo valor das tarifas e a

possibilidade de acesso aos serviços das camadas mais pobres da população, ainda

se apresente como um caminho árduo a ser perseguido.

Os maiores desafios passam pela efetivação da regulamentação do setor e pela

implantação de uma agência reguladora com independência decisória e autonomia

financeira, cujo papel é acompanhar a evolução dos serviços, de acordo com

parâmetros pré-estabelecidos, garantindo a melhoria dos serviços e dos direitos da

população, nos diversos aspectos da prestação dos serviços. Hoje a privatização

desta área compromete a ações como política pública e direito à cidade.

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A participação proativa em outras instâncias de gestão para além do município, onde

destacamos, por exemplo, o mosaico de unidades de conservação, as bacias

hidrográficas e o fórum metropolitano para a construção de uma agenda

metropolitana, pautada no desenvolvimento sustentável da região.

Consumo e abastecimento de água

Outro fator relevante neste contexto é a capacidade dos atuais sistemas de adução

de água bruta que necessitam de ampliação para atender a demanda da Grande

Vitória, pois mesmo com a atual disponibilidade hídrica são necessários

investimentos para que o sistema não entre em colapso.(VITÓRIA, 2008)

Os valores per capta médio de consumo de água evidencia que em Vitória o

consumo de água per capta é bem superior ao dos outros municípios,o que indica,

uma necessidade de ações no âmbito da educação ambiental para mudança de

padrões de consumo. (VITÓRIA, 2008)

Esgotamento Sanitário e Balneabilidade das Praias

Assim como o abastecimento de água potável, a universalização dos serviços de

esgotamento sanitário pode ser uma realidade em médio prazo no município de

Vitória, e muitos são os desafios que envolvem um maior planejamento das ações

da concessionária e engloba desde a adequação lógica do cronograma da

construção de suas estruturas (rede e estações de tratamento), a modernização das

estações de tratamento, a qualidade dos efluentes das estações, bem como a

adequação ambiental e licenciamento das mesmas. (VITÓRIA, 2008)

Resíduos Sólidos

Vitória é a única capital do país onde a coleta do lixo domiciliar é realizada

diariamente, exceto aos domingos, em todos os bairros, e possui um sistema de

limpeza urbana completo, sendo os serviços de varrição e demais serviços de

limpeza pública realizados em todas as ruas e avenidas da cidade.(VITÓRIA, 2008)

No entanto, ainda existem locais não alcançados pelos caminhões de coleta e

atendidos por coleta manual diária, ainda enfrentam-se problemas com o

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lançamento de lixo nas encostas, mangues e mar, além da deposição em terrenos

baldios.

Outras demandas urgente neste item trata da necessidade de efetivação da coleta

seletiva na cidade e da potencialização das ações junto aos catadores de material

reciclado.

Outro desafio trata da forma de contratação desses serviços de limpeza pública.

Poluição do Ar

Este é certamente, um dos maiores desafios para o município em termos

ambientais. A poluição veicular na Região, tal como ocorre em grandes cidades,

ainda não é o principal problema que afeta a qualidade do ar. Estudos de

caracterização de materiais particulados já realizados em filtros de monitoramento

(1995 a 1998) mostraram que as contribuições industriais na qualidade do ar

representam 34,6% e as de veículos 6,3%.

Imagem 3 - Pesquisa – sensibilidade e incômodo provocado pela poluição do ar na

sociedade.

Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo – A partir de pesquisa realizada pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, e coordenada pelo Professor Dr. Neyval Costa Reis Júnior.

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A rede de monitoramento da qualidade do ar da RMGV abrange os municípios

circunvizinhos de Vitória vem fornecendo informações sistemáticas desde 2001.

Automatizada, a rede de Monitoramento da Qualidade do Ar na Região da Grande

Vitória é composta por estações de monitoramento situadas em locais estratégicos.

(VITÓRIA, 2008).

Imagem 4- Principais fontes de poluição do AR na Região da Grande Vitória.

Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo – A partir de

dados do IEMA (2011).

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Imagem 5- Foto Aérea Principais áreas de poluição do AR na Região da Grande

Vitória.

Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.

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Apesar de os parâmetros registrados mostrarem que os índices apresentam-se

dentro da faixa de tolerância estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03 de

28/06/1990 a crescente evolução das atividades econômicas, bem como a

concentração populacional e de veículos automotores (coletivos, cargas e individual)

carece de ser acompanhado por medidas que garantam o equacionamento entre

tais adventos e a manutenção da qualidade ambiental em prol da saúde do

cidadão.(VITÓRIA, 2008)

TABELA 12: MÉDIA DOENÇAS RESPIRATORIAS - BRASIL X ESPIRITO SANTO

DOENÇA MÉDIA NACIONAL MÉDIA ESPIRITO SANTO

DIFERENÇA DE PORCENTAGEM

ASMA 20,9 26,5 27,8%

RENITE 26,0 46,6 80,2%

RINOCONJUNTIVITE 12,0 20,0 66,6%

Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo – Outubro de

2015, a partir de dados da ISSAC (InternationalStudyofAsthmaandAllergies in Childhood).

O monitoramento das partículas sedimentáveis e a caracterização físico-química da

poeira de Vitória, bem como a identificação das fontes provenientes são

reivindicações antigas dos moradores através dos movimentos sociais organizados,

principalmente em suas atuações no Conselho Municipal de Defesa do Meio

Ambiente (COMDEMA).

Educação Ambiental

Seguindo os princípios básicos da PNEA - Política Nacional de Educação Ambiental (Lei

9.795/1999), temos como horizonte para esta politica o seguintes pressupostos:

I. o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;

III. o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;

IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;

V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo;

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VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais e globais; e

VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Ao se articular a educação ambiental ao eixo da “Cidade de Verdade”, incluímos a

perspectiva crítica dos processos de desenvolvimento e gestão do urbano. Assim,tem-se um

olhar mais amplo, e se bem internalizados e compreendidos, podem ser enriquecidos e

complementados permanentemente pelos diferentes sujeitos que compõem a cidade. Deste

modo, as ações ganham aspectos que articulam a totalidade, a integralidade, a participação

dos sujeitos e a visão mais ampla dos aspectos que envolvem sociedade e meio ambiente,

como unidades indissolúveis, apesar de seus inúmeros aspectos contraditórios gerados no

modo de produção industrial capitalista, que tende a fragmentar e cindir esta noção

totalizante. Nesta direção, Loureiro (2011) afirma que

A educação ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Nesse sentido, contribui para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza. Dessa forma, para a real transformação do quadro de crise estrutural e conjuntural em que vivemos. A educação ambiental, por definição, é elemento estratégico na formação de ampla consciência crítica das relações sociais e de produção que situam a inserção humana na natureza. (LOUREIRO, 2011, p. 73)

Este autor reforça a ideia de que a educação ambiental ganha um contorno emancipatório,

na medida em que se expandem dos espaços restritos à educação formal e do seu caráter

instrumental, técnico e individual; e se amplia para o exercício constante de reflexão e

práticas em ambientes formais e não formais no âmbito do Estado e da sociedade em geral,

a partir de problematizações e das contradições e impactos gerados pela forma de

organização da produção que tende à dilapidação dos recursos naturais e humanos

comobjetivos e interesses hegemônicos de sustentação à lucratividade do capital em

detrimento da existência da natureza preservada e sustentabilidade da vida humana no

conjunto das cidades.

O aumento das “liberdades individuais” para o consumo e aumento da produção, criam uma

sociabilidade voltada ao indivíduo e a noção de liberdade se restringe ao consumo e acesso

que este pode lhes garantir, a prática é a da produção de excedentes e de desperdícios. O

desdobramento do capitalismo mundializado, coloca na escala global um padrão de

insustentabilidade. Logo, capitalismo no estágio atual das forças produtivas e

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sustentabilidade, são incompatíveis em sua essência. “Por isso, a ação educativa

ambientalista, sem as devidas orientações políticas e teóricas, perde seu efeito

transformador, por mais ricas que sejam as propostas metodológicas e práticas” (Loureiro,

2011, p. 82), quando apresentadas de forma isoladas do conjunto de processos decisórios

dos rumos de uma cidade.

Sinteticamente, as estratégias locais e regionais, precisam levar em conta a dinâmica e o

desenho do desenvolvimento das forças produtivas em curso e poder criar estratégias de

democracia local que consiga não somente acompanhar de forma subordinada os

processos externos que podem impactar no meio ambiente, mas intervir na crise

socioambiental que nos encontramos, podendo agir nas determinações sociais geradoras

deste possível colapso ambiental, por meio de uma democracia local fortalecida pelo

processos e práticas de organização política e social de preservação das localidades, seus

recursos e identidades. Nesta direção, Meszáros (2007) insta

Pois sustentabilidade significa estar realmente no controle dos processos

sociais, econômicos, e culturais vitais, pelos quais os seres humanos não

apenas sobrevivem, mas também encontram realização, de acordo com os

desígnios que estabeleceram para si mesmos, ao invés de ficarem à mercê

de forças naturais imprevisíveis e determinações socioeconômicas quase

naturais. (MESZÁRO, 2007, p.190)

Portanto, é possível inferir que a educação ambiental, possui um leque de abordagens que

seguem desde as mais instrumentais de caráter positivista de gestão dos problemas

ambientais e ações imediatistas para a sua contenção dos aspectos mais aparentes do

fenômeno de destruição ambiental, até aquelas mais críticas, que evidenciam a dimensão

de totalidade e a indissociabilidade da relação humano e natureza, mediadas pela forma

trabalho e transformações ocorridas através dos diferentes modos de produção.

Esta última se coloca como potencialmente radical no sentido de apresentar as contradições

e insuficiência das repostas imediatistas dos acordos multilaterais propostos pelos

Organismos Internacionais (ONU, Banco Mundial, OMS, dentre outros) e as sucessivas

propostas fracassadas de se estabelecer no plano global medidas que ultrapassem as

contingências, sem conseguir avançar de fato, para um modelo de sustentabilidade no

sistema de produção desigual do capitalismo em escala ampliada.

Os indicadores ambientais de esgotamento deste modelo já se mostram suficientemente

claros para a urgência que temos de processos de transformação neste padrão de

sociabilidade.

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Nestes termos, a educação ambiental tem como objetivo a formação de uma consciência crítica, do ponto de vista ambiental, posto que seja capaz de, criticamente, compreender a desigualdade social, a padronização cultural e o fetichismo da política como dimensões de uma mesma totalidade complexa. (SILVA, 2010, p. 138)

Diante deste quadro, trazer o diagnóstico e futuras proposições para a educação ambiental

em um município, de forma articulada ao contexto social, político e econômico do

desenvolvimento e sua direção no cenário local e estadual, é promover o diálogo crítico e

ampliado com todos os setores da sociedade que se pretendem planejar o futuro em relação

à questão do saneamento e suas interfaces com as demais políticas públicas. Dessa forma,

a busca é superar também a forma convencional que via de regra os municípios têm atuado,

que é ter quase a escola como ambiente exclusivo para esta política. Pretende-se ampliar

este processo para toda a cidade, pois o ambiente educativo compõe as mais diversas

formas de sociabilidade e convivência que envolve todos sujeitos e seus territórios.

DIRETRIZES

1) Valorização dos recursos naturais de Vitória

Resgatar a referência de paisagem natural e seus significados para composição de

uma ambiência sã e de sua importância na melhoria da qualidade de vida da

população

2) Ecosustentabilidade ambiental na Cidade

Promover o uso sustentável dos recursos naturais e desenvolver a consciência

ambiental através de ações que agreguem valor na base da pirâmide produtiva e

garantam a conservação da biodiversidade e o manejo sustentável dos recursos

naturais.

PROPOSTAS

Programa de Conservação da Biodiversidade e Gestão das Áreas Protegidas.

Elaborar e implantar os planos de manejo das 22 Unidades de conservação

da cidade.

Programa corredores verdes, através da ampliação da cobertura vegetal

arbórea para a minimização dos efeitos impactantes do processo de

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adensamento da urbanização (sonoros, climáticos, visuais) e a ampliação dos

efeitos de melhoria qualitativa dos espaços sociais.

Ampliação da área arborizada da cidade através dos corredores de circulação

viária como forma de desconcentrar as áreas verdes do Município; elevação

da densidade da arborização urbana integrada ao projeto urbanístico da

cidade pela constituição de alamedas.

Incentivo ao plantio de árvores frutíferas e flores da Mata Atlântica como

forma de socialização e humanização dos espaços públicos da cidade.

Monitoramento da Qualidade Ambiental – Instrumento de definição e

acompanhamento dos parâmetros ambientais relacionados às atividades

humanas e industriais.

Redefinição dos limites de aceitabilidade de agravos que se constituam em

poluição, garantindo padrões de satisfatória qualidade de vida aos habitantes

com planos de monitoramento de qualidade do ar, dos recursos hídricos, e

qualidade sonora e visual da cidade para fins de controle ambiental através

do licenciamento, auditoria, controle social e fiscalização permanentes.

Criação de circuitos Integrados de Turismo, Cultura e Meio Ambiente.

Fomento do uso, da produção e da pesquisa de energias renováveis e limpas

e redução do uso da matriz energética atual.

Enfatizar a educação ambiental pelas vias diretas (formais) e indiretas

(marketing referencial ambiental) ampliando o Projeto de Educação Ambiental

no município, com foco no desenvolvimento sustentável e na mudança de

comportamento com relação ao uso e consumo dos recursos naturais.

Ampliar o desenvolvimento e popularização de tecnologias de produção de

água e de reuso de águas cinzentas, negras e pluviais; apoio às pesquisas e

ações de produção de água nas bacias hidrográficas, redução do consumo

per capta de água em Vitória.

Criar mecanismos de contrapartida financeira sobre o passivo ambiental.

Acentuar a fiscalização dos principais poluidores do ambiente na cidade.

Atuar junto a procuradoria do município e todo o corpo jurídico para resolução

de pendencias judiciais com relação a questões ambientais.

Criação de um fundo para a despoluição das praias da cidade com recursos

das empresas poluidoras.

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Planejamento e execução das políticas ambientais integrando os diversos

setores (gerências de áreas verdes GAV; educação ambiental GEA;

fiscalização GIF; gerência de licenciamento ambiental CACL/GCA; gerência

de controle monitoramento de ecossistema GCME;

Reintegrar os setores de planejamento (área técnica) e execução, da

gerência de áreas verdes, uma vez que o trabalho de plantio, paisagismo,

poda e retirada de árvores, saiu da SEMMAM e foi para SEMSE (secretaria

de serviços), isso tem gerado total desarticulação, duplicação de tarefas,

desorganização e escassez de recursos financeiros, pois juntamente com as

referidas tarefas o serviço foi terceirizado em um contrato extremamente caro

e que precisa ser inclusive, auditado.

Aumentar o plantio de árvore, de forma planejada, priorizando os locais de

grande circulação de pedestres, de modo a superar a quantidade de árvores

retiradas, contribuindo para proteger o cidadão e reduzir o índice de câncer

de pele.

Atualização da lei de fiscalização ambiental municipal;

Reestruturação e adequação dos salários dos fiscais de acordo com as

tarefas desempenhadas e Melhorar as condições de trabalho dos mesmos;

Priorizar a ocupação dos cargos por funcionários de carreira qualificados para

a área.

Incentivar feiras, eventos culturais, gastronômicos, acadêmicos, entre outras.

Utilização dos aparelhos públicos com essa finalidade (praça do papa, fábrica

de ideias, praças de bairros, praias, Mercado São Sebastião, mercado da Vila

Rubim).

Oferecer capacitação e políticas de desenvolvimento e valorização a essas

atividades.

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EIXO 3 – PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CONTROLE DEMOCRÁTICO E

COMUNICAÇÃO POPULAR

Diretrizes do Programa do Psol apontam para a defesa do socialismo com liberdade

e democracia que deve ser encarada como uma perspectiva estratégica e de

princípios. Não é possívelprever as condições e circunstâncias que efetivarão uma

ruptura sistêmica. Mas, para resgatar a esperança de dias melhores, sustenta-se

que uma sociedade radicalmente diferente, somente pode ser construída no

estímulo à mobilização e auto-organização independente dos trabalhadores e

trabalhadores e de todos os movimentos sociais.

O essencial é ter como permanente a idéia de que não se pode propor essa outra sociedade construída sem o controle dos próprios atores e sujeitos da auto-emancipação. Não há partido ou programa, por mais bem intencionado que seja, que os substituam. Uma alternativa global para o país deve ser construída via um intenso processo de acumulação de forças e somente pode ser conquistada com um enfrentamento revolucionário contra a ordem capitalista estabelecida. Nesta perspectiva é fundamental impulsionar, especialmente durante os processos de luta, o desenvolvimento de organismos de auto-organização da classe trabalhadora, verdadeiros organismos de contra-poder.(http://www.psol50.org.br/partido/programa/)

DIAGNÓSTICO:

O município de Vitória possui em sua estrutura organizativa de 43 conselhos

municipais, cobrindo as mais diversas políticas públicas, como ilustra a tabela

abaixo:

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TABELA 13- CONSELHOS MUNICIPAIS POR SECRETARIAS

SECRETARIA QT CONSELHO

CDV 01 Conselho Gestor do Programa de Parceria Público Privada

02 Conselho Municipal do Desenvolvimento Econômico de Vitória.

03 Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia

SEHAB 04 Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social

SEMSU 05 Conselho Municipal de Segurança Urbana

CGM 06 Conselho Recursal

SEDEC 07 Conselho Municipal do Plano Diretor Urbano

SEMAS 08 Conselho Tutelares

09 Conselho Municipal da Juventude de Vitoria

10 Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente

11 Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência

12 Conselho Municipal de Assistência Social de Vitoria

13 Conselho Municipal do Idoso

14 Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional

SEMC 15 Conselho Municipal de Cultura

16 Conselho de Orientação (Museu de Vitoria)

SEMCID 17 Conselho Municipal de Juventude de Vitoria

18 Conselho Municipal dos Direitos da Mulher

19 Conselho Municipal dos Direitos Humanos

20 Conselho Gestor do Fundo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor

21 Conselho Municipal do Negro

SEME 22 Conselho de Alimentação Escolar no Município de Vitoria

23 Conselho Municipal de Educação de Vitoria

24 Conselhos de Escola

SEMESP 25 Conselho Municipal de Esportes

SEMFA 26 Conselho Municipal de Recursos Fiscais

27 Conselho de Fiscalização e Acompanhamento do Fundo de Desenvolvimento Municipal

28 Conselho Pleno

29 Conselho Municipal de Tributos Imobiliários

SEMMAM 30 Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente

31 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal de Tabuazeiro

32 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal da Gruta da Onça

33 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal Pedra dos Olhos

34 Conselho Consultivo da Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão

35 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal Vale de Mulemba

36 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal da Fonte Grande

SEMSE 37 Conselho de Recursos Fiscais - Código de Limpeza Pública do Município de Vitória

SEMTUR 38 Conselho Municipal de Turismo

SEMUS 39 Conselho Municipal sobre Álcool e outras drogas

40 Conselho Municipal da Saúde

41 Conselho Local de Saúde

SETGER 42 Conselho Municipal do Trabalho

SETRAN 43 Conselho Municipal de Transporte e Transito

Fonte: SECOV e Webleis (www.sistemas.vitória.es.gov.br/webleis) Elaboração: Gerencia de Informações Municipais - SEGES/PMV

Nas “rodas de conversa” sobre as politicas públicas e segmentos sociais, a questão

da participação e do controle democrático aparece como ponto central a ser tratado

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no Programa de Governo.Destacou-se, ainda, que a dinâmica dos conselhos em

geral, mostra-se burocratizada e funcionando de forma cartorial e menos política.

Neste sentido, verifica-se o esvaziamento qualitativo dos debates em torno dos

avanços nas políticas públicas e o exercício pleno dos conselhos de Vitória. Tais

espaços deixam de cumprir seu papel precípuo, como planejar, acompanhar e

avaliar a implementação das políticas públicas.

Outro aspecto destacado é que parte dos 43 conselhos não são deliberativos e sim,

consultivos. Vale destacar que pela natureza consultiva o papel das representações

sociais fica extremamente limitado, pois de fato, é o executivo quem define em

última instância as ações e sua forma de execução.

Os limites de se constituir outros espaços participativos em Vitória aumentaram nos

últimos anos, a inexistência do Orçamento Participativo na atual gestão, o

esvaziamento e a forte cooptação das intervenções das associações de bairro e dos

movimentos sociais na cidade são marcas desse processo.

Vale registrar os prejuízos da pouca participação social e democrática no município,

em especial, no que se relaciona ao financiamento e à distribuição do orçamento e

dos recursos públicos nas áreas consideradas estratégicas do ponto de vista das

demandas sociais da cidade.

A qualificação dos conselheiros e demais lideranças sociais e comunitárias foi

reivindicada como processo permanente, o que não vem ocorrendo. A

desqualificação das intervenções dos membros dos conselhos impede o efetivo

controle social e democrático sobre as ações do executivo. A educação

tributária/fiscal, bem como o conhecimento mais amplo sobre as políticas sociais tais

como educação, assistência social, cidadania e direitos humanos se fazem

necessárias.

A falta de efetividade nas instâncias de denúncia e ouvidoria foi objeto recorrente

dos relatos dos grupos, que indicaram a falta de resolução e devolutiva das

demandas apresentadas pela população. A política de transparência e

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democratização das informações é um ponto frágil que surge neste rol de

necessidade de melhorias da gestão pública em Vitória.

DIRETRIZES:

1) Estímulo à mobilização e auto-organização independente dos trabalhadores e de

todos os movimentos sociais, ampliando os canais de participação popular de forma

direta, por meio das associações de bairros, conselhos municipais, orçamento

popular e outras formas de intervenção democrática na cidade.

2) Controle social e democrático pelos próprios sujeitos da auto-emancipaçãopara

impulsionar, especialmente durante os processos de luta, o desenvolvimento de

organismos de auto-organização da classe trabalhadora, verdadeiros organismos de

contra-poder.

3) Garantia de expressões dos diferentes segmentos e dos territórios que compõem

a cidade, promovendo ações para a formação que contribua para a elevação do

nível de consciência coletiva, organização política dos sujeitos e o respeito à

diversidade social e sexual, étnico-racial e de gênero.

4) A participação efetiva dos usuários em todas as instâncias de controle social da

cidade, como forma de garantir a representatividade dos sujeitos sociais na

formulação, na condução e na avaliação das políticas públicas.

PROPOSTAS

Aplicar a política do Orçamento Popular com efetiva participação da

população com o objetivo de definir de forma democrática e transparente o

uso dos recursos públicos e as prioridades de investimentos do orçamento de

acordo com os interesses e demandas da Cidade, provocando

sucessivamente a inversão de prioridades dos gastos públicos;

Política de formação permanente de Conselheiros/as;

Fortalecimento da autonomia das organizações comunitárias e movimentos

sociais, suas manifestações e expressões nos espaços públicos da cidade;

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Criação de um centro de educação popular e comunitária para formação e

fortalecimento dos movimentos em Vitória.

Criação de um espaço de integração dos Conselhos Municipais de políticas

públicas e de direitos com infraestrutura e recursos compatíveis com o

desenvolvimento de suas atividades.

Criação do fórum de Conselhos Municipais de políticas públicas para

integração das discussões, troca de experiências e articulação das políticas

públicas e demandas populares, incluindo-se a articulação com a RMGV;

Garantir a realização de Conferencias municipais para formulação de

propostas para as políticas sociais diversas.

Ampliação e aprofundamento de experiências de comitês temáticos e

câmaras territoriais rumo à democratização e descentralização das políticas

sociais;

Criação de equipamentos públicos de serviços integrados das políticas

sociais nos territórios (assistência, cultura, inclusão digital, trabalho e renda,

acesso à cidadania, atividades gerais e outros) com desenvolvimento de

ações gerais (políticas do município) e específicas com base em diagnóstico,

plano e controle social em âmbito local;

Criação de Observatório de políticas sociais, com a constituição de grupo de

pesquisa sobre as políticas sociais para garantir a sistematização e o

aperfeiçoamento das mesmas por meio da produção de conhecimentos sobre

a Cidade (Metropolitana) suas demandas e possibilidades;

Criação de Conselho Municipal sobre Drogas responsável pelo planejamento,

fiscalização e participação da sociedade no planejamento das ações

relacionadas à questão das drogas.

3.1 COMUNICAÇÃO3

A Constituição Federal de 1988 prevê que a exploração e a regulação das

telecomunicações e radio difusão são de competência da União, o que normalmente

3 As diretrizes de comunicação deste programa tiveram como base o documento Políticas Locais Para

Comunicação Democrática, desenvolvido e redigido pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

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centraliza o debate sobre políticas de comunicação no âmbito do Executivo e

Legislativo Federal. No entanto, o município pode e deve propor ações que

contribuam para a democratização da comunicação e, principalmente, para a

garantia do acesso à comunicação, enquanto direito humano, ampliando a

participação cidadã e possibilitando que todos, como sujeitos da cidade, tenham

espaço para manifestar seu pensamento e voz, intervindo no seu cotidiano e na

política local.

Além disso, uma gestão democrática pressupõe uma política institucional

transparente, e nesse aspecto, a comunicação é um instrumento fundamental da

gestão pública. O acesso pleno à informação é instrumento indispensável para

qualificar a participação do cidadão no processo democrático e é condição para o

exercício da cidadania. Assim, a comunicação é tanto instrumento de

democratização da gestão pública como de fortalecimento da participação popular.

DIAGNÓSTICO

Atualmente, a política de comunicação da Prefeitura de Vitória é direcionada

basicamente para publicidade e divulgação das ações da gestão, sem canais

dialogados que permitam o envolvimento real do cidadão na construção da gestão

pública. Além disso, apesar de cumprir as exigências da Lei de Acesso à Informação

(Lei 12.527/11), os dados oficiais disponíveis no portal da transparência não são

apresentados de forma didática e acessível, limitando o acesso e interpretação das

informações.

Não há, ainda, programas de fomento à comunicação alternativa e comunitária que

possibilitem a produção e circulação de informação a partir da pluralidade de vozes

que constituem o espaço urbano municipal, uma ausência que favorece a

construção narrativa sobre a cidade a partir do discurso dos grandes veículos de

mídia, cujos interesses são norteados pela iniciativa privada. Houve, pelo contrário,

um esvaziamento do Centro de Referência de Juventude como espaço de

instrumentalização e empoderamento da juventude na produção de comunicação e

cultura.

Os pontos de acesso à internet livre, chamado Vitória OnLine, são poucos e

ineficientes. O acesso à internet, dada a importância que a rede assume para a

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sociabilidade das pessoas e o acesso à informação, deve estar universalizado na

cidade e não restrito a praças e regiões selecionadas.

DIRETRIZES

1) Fomentar a comunicação como ferramenta de democratização da gestão

pública;

2) Garantir a transparência na gestão municipal e o acesso do cidadão a todas as informações necessárias para o pleno exercício da cidadania;

3) Integrar as ações e políticas de comunicação às demais políticas públicas do

município, de forma a constituir arranjos que contribuam para o fortalecimento de políticas integradas;

4) Potencializar a apropriação dos meios de comunicação e o exercício do

direito humano à comunicação pelos seus cidadãos e cidadãs;

5) Contribuir para a ampliação da pluralidade e diversidade das fontes disponíveis de informação nessa localidade;

6) Fortalecer os instrumentos de participação popular para definição, monitoramento e avaliação das políticas de comunicação

PROPOSTAS

Garantir espaços permanentes de interlocução do poder público com o cidadão, como ouvidorias públicas.

Utilizar estratégias de comunicação para facilitação de processos de participaçãopopular (como orçamento popular e programas similares) e planejamento estratégico nos bairros, viabilizando a discussão, pela população, das prioridades de ação nas diversas regiões do município.

Difundir para os cidadãos seus direitos, a estrutura e o funcionamento da Prefeitura e da Câmara Municipal e as formas possíveis de participação na gestão pública, com a divulgação de espaços de controle social e participação popular e a realização de campanhas educativas a esse respeito.

Garantir aos jornalistas e a todos os cidadãos e cidadãs o acesso à informação pública, como instrumento para facilitar o controle social das políticas de governo.

Criar política de divulgação e informação das políticas sociais que dialoguem com os veículos comunitários e com espaços públicos como escolas, associações de bairro, entre outros.

Adotar softwares livres em todas as áreas da administração municipal e nos programassociais do setor.

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Criação de pontos de cultura ou ainda pontos de mídia livre-digital.

Estimular e promover iniciativas voltadas para a Alfabetização Digital, incluindo escolas, Lan Houses e programas de inclusão, possibilitando a apropriação e qualificação do uso da rede.

Disponibilizar acesso amplo e gratuito à internet de qualidade por meio de “hotspots” e “postos de conexão” (locais com equipamento e estrutura necessários).

Apoiar as rádios comunitárias no município, com a criação de um fundo para distribuição de verbas para suporte à estruturação, apoio técnico, capacitação, investimento em equipamentos e manutenção e funcionamento das mesmas.

Apoiar o processo de instalação e desenvolvimento das rádios comunitárias no município, estabelecendo diálogos com o Ministério das Comunicações.

apoiar as associações que pleiteiam serviço de rádios comunitárias nas questões técnicas do processo de instalação.

Contemplar a educomunicação e leitura crítica da mídia nas escolas de ensino fundamental, estimulando a prática transversal do tema nos espaços escolares.Incentivar e promover experiências e projetos de educomunicação, em parceria com organizações da sociedade civil, direcionados à população local.

Construir um programa de formação em educomunicação para os educadores das escolas municipais, possibilitando o conhecimento da metodologia e a apreensão e utilização crítica dos conteúdos midiáticos.

Estabelecer uma política de financiamento e apoio às mídias populares e alternativas, com editais públicos premiando com recursos as mídias populares e editais de fomento à criação e desenvolvimento de novos meios de comunicação populares e alternativos, ampliando o potencial produtivo destes públicos.

Realizar periodicamente a Conferência Municipal de Comunicação, espaço deliberativo para aprovação de diretrizes para políticas de comunicação para o município e para a atuação do conselho municipal de comunicação. A periodicidade deve dialogar como processo nacional de realização da Conferência Nacional de Comunicação, que teve sua primeira edição realizada em 2009.

Constituir um Conselho Municipal de Comunicação, com maioria de representantes da sociedade civil, para formulação, implementação, fiscalização e monitoramento das políticas municipais de comunicação. Sua criação deve se dar a partir de diálogo do poder público com a sociedade civil local, pactuando atribuições, composição e forma de escolha, que devem sempre garantir independência em relação ao governo municipal.

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EIXO 4 –GARANTIAS SOCIAIS E SEGURANÇA DE DIREITOS

CONCEPÇÃO

Coerente com o Programa do PSOL 50, que indica que as propostas do partido

buscam “estabelecer um ponto de partida para a construção de um projeto

estratégico, capaz de dar conta das enormes demandas históricas e concretas dos

trabalhadores e dos excluídos do nosso país” (PSOL, 2015), para se pensar as

garantias sociais e a segurança dos direitos é fundamental voltar-se ao

enfrentamento concreto da concentração de riqueza que se contrasta com a

pauperização da população, demonstrada pelas expressões da questão social na

Cidade, que cinde, separa e isola moradores que também precisam usufruir dos

bens, serviços e participação nos processos decisórios em Vitória.

Ao analisar a realidade social da cidade de Vitória, observa-se que além das

manifestações mais atuais da questão social (situação de rua, doença mental,

homofobia, ausência de moradia, juventude ameaçada, violência urbana, mulheres e

idosos como único provedores), novas demandas se apresentam na medida em que

a cidade também altera a sua dinâmica e exige novos patamares de vida e de

serviços compatíveis com o seu crescimento e as suas conquistas (envelhecimento

populacional, promoção à saúde, acessibilidade, atividades esportivas e culturais,

formação profissional, dentre outras).

O diagnóstico participativo realizado em todas as rodas de conversa na construção

deste Programa para a capital apontam que a injusta distribuição de renda marca o

espaço urbano e oferece como paisagem a dicotomia da cidade que, sendo uma, na

verdade encontra-se dividida. Esta polarização é demonstrada pela segregação

sócio-espacial, quando temos regiões altamente assistidas providas de

equipamentos públicos e outras, desprovidas das condições dignas de vida.

Nota-se, que a desigualdade de renda em Vitória, além dos condicionantes

estruturais do capitalismo, via de regra está intimamente associada ao baixo nível de

escolaridade, ao limite no usufruto de direitos e acesso à justiça, ao acesso de bens

e serviços. Limites que agravam a questão social em suas expressões

multifacetadas.

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As informações que seguirão, denotam que apesar da existência das políticas

sociais que, inclusive, sofreram nesta última gestão municipal alguns retrocessos,

prevalece o forte indicativo de que os benefícios do crescimento econômico regional

não atingiram igualmente a todos e que boa parcela da população. Os recuos dos

direitos da classe trabalhadora com o neoliberalismo precisam ser enfrentados com

investimentos prioritários nestas áreas tidas para nós como estratégicas e centrais

no Programa de Governo para a cidade de Vitória.

Superar ainda o viés punitivo presente por meio da militarização e judicialização da

questão social, onde as violações de direitos são muitas vezes proferidas pelo

Estado, é ainda o horizonte deste programa, por isso o tema da segurança de

direitos comparece neste eixo em conjunto com as demais politicas sociais e de

defesa dos direitos humanos.

A promoção de uma cidade que protege seus munícipes, independentemente de sua

condição é vital para o futuro e para a superação de uma cidade discriminatória,

higienista e excludente que muitas vezes assistimos em situações cotidianas (vide

os populares de rua sendo incendiados, o índice de jovens assassinados, a violência

contra usuários de drogas nas “cenas de uso”, os maus tratos aos idosos, a

indivisibilidade de pessoas com deficiência, dentre outros casos).

Assim, a perspectiva de trabalhar de forma associada as garantias sociais e a

segurança de direitos vem no sentido de não dicotomizar as políticas sociais e as

políticas de segurança, pois ambas são fundamentais para redução das

desigualdades e injustiças sociais presente no cenário de Vitória.

4.1 POLÍTICA DE ASSISTENCIA SOCIAL - SUAS

DIAGNÓSTICO

Identifica-se uma priorização no atendimento à pobreza absoluta em Vitória, onde a

Criminalização da pobreza na Cidade, vem de um estigma e uma intolerância para

com a população que sofre as consequências da pauperização.

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A assistência social enquanto dever do Estado e direito do cidadão não é

incorporada pela sociedade e pelas demais secretarias do governo municipal, com

recuos em relação ao período anterior em termos dos equipamentos, serviços,

benefícios e concepção da gestão desta política, além da dificuldade em articular

assistência social, educação, saúde, cidadania e trabalho.

O tipo de contratação prioritário é o contrato temporário e terceirizado através das

ONGs, o que fragiliza o trabalho a ser desenvolvido na assistência social,

principalmente, no que se refere à rotatividade, à precarização do trabalho eà

descontinuidade do trabalho. Isso gera ainda uma base salarial baixa e diversos

tipos de contratação.

O aumento na quantidade de programas não vem acompanhado da ampliação do

quadro de profissionais e de melhorias nas condições físicas e estruturais, o que

aumenta a demanda para o trabalhador e precariza a forma de atendimento a essa

demanda.

Cerca de 80% dos serviços ainda são implementados pelo governo em parceria com

entidades sociais. Esta parceria ocorre via convênios/contratos com entidades não

governamentais que recebem recursos públicos para a execução da política.

Apesar de organização de uma rede de serviços de proteção social básica, de média

e alta complexidade, o trabalho da rede ainda está disperso nos territórios, não

dialogam entre si, além da fragilidade na rede de média e alta complexidade.

A proteção especial de alta complexidade é em sua maioria realizada por ONG’s,

cujos serviços são o abrigamento de crianças, adolescentes, jovens e adultos;

abrigos para pessoas com vírus HIV; casas lares para adultos com transtornos

mentais; asilo de idosos.

Os CRAS’s absorvem grande demanda da população que supera a atenção básica.

Os usuários que procuram os serviços nos CRAS já foram excluídos das demais

políticas públicas e ainda não conseguem acessá-los de forma integrada.

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A prefeitura (nas diversas secretarias) tem dificuldades de trabalhar com a

diversidade, o tempo de resposta do social é diferente do tempo de atendimento da

prefeitura (burocratismo). As demandas dos usuários precisam de respostas rápidas,

em alguns casos não pode esperar. Isso é incompreendido principalmente pela

administração da prefeitura.

Sobre o Controle Democrático e a participação social na gestão da Política de

Assistência Social, algumas representações nos Conselhos possuem uma visão

relativa aos objetivos particulares da entidade e a público alvo ou usuário da mesma,

tendo dificuldade em respeitar o coletivo. Verifica-se que a representação fica

restrita à pessoa indicada ou aos diretores da entidade. Observa-se que os

conselheiros parecem se auto-representar. Há, assim, uma desarticulação com as

bases, desarticulação entre representante e representado.Não há articulação dos

Conselheiros da Sociedade Civil de forma estratégica e sistemática. Além da falta de

qualificação permanente dos Conselheiros e também para os representantes do

poder público. Os conselheiros têm grande dificuldade de entender o seu papel e o

papel do Conselho.

Há uma explicita fragilidade no fluxo de comunicação entre os conselheiros

(representantes) e a base (representados). Não se garante que a voz dos

representados seja levada ao espaço de luta dos conselhos. Além da fragilidade de

aglutinação para participação dos usuários da assistência social, sobretudo em torno

do debate, da militância e do controle social desta área.

Sobre o financiamento há uma frágil discussão do orçamento destinado à

Assistência Social, apesar do acompanhamento do COMASV, prevalece a grande

dependência de repasses federais e foco no bolsa família e transferência de renda

com foco na pobreza absoluta.

Apesar de a territorialização significar um pressuposto do SUAS, pode estar

ameaçada se os serviços se restringirem à pobreza absoluta, contribuindo para

delimitar um espaço fronteiriço em que a pobreza se concentra.Os equipamentos

são em sua maioria alugados, inadequados e com localização difícil para os

usuários.

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Neste último ciclo, a desprofissionalização dos gestores e trocas sucessivas

provocaram ainda maiores dificuldades para o avanço da assistência social.

Outro aspecto levantado, corresponde à reduzida intersetorialidade das ações e

resultados entre a assistência social e as demais políticas sociais desenvolvidas

pelas diversas secretarias do governo municipal. A inexistência de articulação de

uma rede de proteção social da Região Metropolitana da Grande Vitória,

principalmente nos níveis de média e alta complexidade do SUAS.

A cultura de avaliação da política de assistência social ainda é bastante fragilizada

face à própria cultura de não avaliação das políticas sociais, articulando eficácia,

eficiência e efetividade com a democratização e o controle social.

DIRETRIZES

1) Fortalecimento do SUAS e dos direitos socioassistenciais, com espaços para

acolhida de manifestação de interesses dos usuários, ações de preservação de seus

direitos e adoção de medidas e procedimentos nos casos de violação aos direitos

sociassistenciais pela rede de serviços e atenções.

2) Articulação interinstitucional e intersetorial entre competências e ações do SUAS

com as demais políticas sociais. A fim de contribuir com a defesa dos direitos

humanos.

PROPOSTAS:

Fortalecimento do sistema democrático e participativo da gestão e do controle

social, por meio dos Conselhos e Conferências de Assistência Social, Criança

e Adolescente, Idoso, Pessoa com Deficiência, Segurança Alimentar e outros;

Criação de conselhos locais por territórios.

Ampliação da gestão orçamentária para sustentação da política de

Assistência Social através do orçamento público, constituído de forma

participativa, com provisão do custeio da rede socioassistencial.

Organização de um sistema de gestão dos trabalhadores voltado para os

princípios e diretrizes do SUAS, com um sistema de gestão dos trabalhadores

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em consonância com o SUAS e com o compromisso de um serviço público

voltado para a qualidade dos serviços prestados à população.

Valorizar o serviço público e seus trabalhadores, combatendo a precarização

do trabalho na direção da universalização da proteção social e com ampla

participação nas mesas de negociações.

Estabelecer a política do idoso e estruturar os Centro de atenção à pessoa

Idosa;

Estruturar os equipamentos da PSB em conformidade com a tipificação;

Concurso público para a proteção social básica e a proteção social especial

de média e alta complexidade;

Garantir o orçamento da receita para assistência social nos patamares de até

5% da receita líquida;

Reestruturar a SEMAS com decretos, cumprindo a lei SUAS de Vitória;

Diminuir o número de convênios dos serviços com entidades sociais;

Criar programas intersetoriais voltados à criação de proteções viabilizadoras

de inclusão social pelo trabalho, conduzidos pela ação do poder público

municipal.

Reativar o Restaurante Popular.

4.2 CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA DE DIREITOS

DIAGNÓSTICO

Entre outros aspectos o diagnóstico evidenciou a existência de fatores que dificultam

o pleno exercício da cidadania e a efetiva promoção dos direitos humanos na cidade

de Vitória, dando destaque a desigualdade de renda e a violência urbana.

A desigualdade de renda – via de regra, intimamente associada a desigualdade

social, de escolaridade e de acesso a bens e serviços – é um forte indicativo de que

os benefícios do crescimento econômico regional não atingiram igualmente a todos

e que boa parcela da população ainda está distante de ser beneficiada pelo

desenvolvimento econômico, enquanto um meio para impulsionar o desenvolvimento

das pessoas e para as pessoas.

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FIGURA 2 - RENDIMENTO NOMINAL MÉDIO MENSAL POR BAIRRO DE VITÓRIA

Fonte: PMV, (http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/Censo2010/Mapas/renda_media.pdf)

A forma que se estabelece a distribuição de renda de forma desigual e com bases

na exploração e precarização do trabalho marcam o espaço urbano de Vitória e

oferecem como paisagem dividida pela segregação sócio-espacial imposta pela

desigualdade social. Isto significa, admitir a existência em uma mesma sociedade de

dois universos sociais distintos, com baixa interatividade e manutenção de vínculos

entre ambos que, situados em territórios geográficos específicos dentro de uma

mesma cidade, parecem partes de dinâmicas produtivas díspares, ainda que dentro

de uma mesma região.

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O incremento da violência urbana desafia o ideal de construção da cidade como

espaço comum. O medo da violência – física, psicológica ou patrimonial,

principalmente – leva as pessoas a alimentarem desconfianças mútuas que, no

limite, tendem a provocar um encolhimento dos espaços de organização e

mobilização popular, um retraimento da capacidade de participação cidadã na arena

política e em atividades cooperativas e solidárias, o que tende a contribuir para a

diminuição do senso de responsabilidade com a esfera pública da vida em

sociedade.

Os efeitos ou consequências decorrentes de contextos de violência persistente

tendem a ser desvantajosos para todos. Porém, as expressões da violência não

atingem igualmente as diferentes classes e estratos sociais. A violência letal é mais

freqüente em áreas residenciais periféricas da cidade e atinge sobretudo a

população mais fragilizada de poder e renda. Crimes contra o patrimônio atingem

com mais freqüência segmentos sociais de maior renda e, ao lado de acidentes de

transporte, são mais comuns em regiões/bairros da cidade com melhor índice de

Qualidade Urbana.

O incremento da criminalidade é um problema comum aos municípios da RMGV e,

nesse sentido, contribui para demonstrar a forte interdependência entre os mesmos,

dado que para estancar o flagelo da violência é condição necessária a convergência

de esforços das administrações públicas e o efetivo engajamento do governo

estadual.

Na RMGV e em Vitória, o crime de homicídio prepondera sobre as demais causas de

morte violenta e atinge predominantemente a população mais jovem na faixa etária

de 15 a 34 anos.

Outro fator que merece a atenção e precisa ser enfrentado para garantir chances de

reversão do quadro de violência instalado na RMGV é a impunidade. O percentual

de delitos registrados à polícia e que são efetivamente apurados é muito pequeno. A

sensação de impunidade quando começa a se tornar clara, alimentada pela

percepção do desestímulo à persecução penal, funciona como uma espécie de

“autorizador” do comportamento transgressor e tende a abrir possibilidades para a

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corrupção. Em um contexto em que os órgãos responsáveis pela dissuasão,

detecção e punição de infratores parecem ter cada vez mais reduzida capacidade de

identificação de autores de atos criminosos o crime prospera favorecido pela baixa

capacidade persecutória e punitiva do Estado.

O incremento da violência urbana desafia o ideal de construção da cidade como

espaço comum. O medo de ser vítima de violência – física, psicológica ou

patrimonial, principalmente – leva as pessoas a alimentarem desconfianças mútuas

que, no limite, tendem a provocar um retraimento da capacidade cidadã. Por se

sentir inseguro e com medo o morador muda hábitos e comportamentos na tentativa

de melhor se proteger. (VITÓRIA, 2008)

A mudança de comportamento que a sensação de insegurança provoca se expressa

na diminuição das interações entre vizinhança; no encolhimento das esferas de

organização e mobilização popular no retraimento das atividades cooperativas e

solidárias de organização social, na diminuição do senso de responsabilidade com a

esfera pública da vida em sociedade. E, como conseqüência, a sensação da

insegurança civil se instala.(VITÓRIA, 2008)

Diante deste quadro instala-se o enfraquecimento do poder cidadão e do espírito

público que são desafios a serem enfrentados pelo administrador público que prima

pela realização de uma importante diretriz do Estatuto da Cidade: a gestão

democrática por meio da participação da população e de associações

representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e

acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.

A criminalização da pobreza parece se desenvolver como uma espiral na sociedade

brasileira como um todo. Historicamente, as ações oficiais na área da segurança

pública foram cunhadas tendo como marca uma acentuada preocupação com a

violência e a criminalidade, real ou potencial, dos segmentos pobres: sempre

considerados como parte da chamada “classe perigosa”, sempre percebidos como

problema para a manutenção da ordem pública. (VITÓRIA, 2008)

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Na dias atuais, as estratégias de controle urbano das classes populares têm como

marca a segregação dos pobres e excluídos, apoiando-se em recursos autoritários

diversos que avalizam a violência policial, a despeito de qualquer direito e garantia

constitucional. (VITÓRIA, 2008)

A superação da criminalização da pobreza têm como dificultador a situação

extremamente desvantajosa em termos econômicos e sociais desse amplo

segmento populacional e que repercute na ausência de poder político e baixa ou

nula capacidade dos pobres e excluídos para influenciar decisões político-

institucionais, especialmente as que dizem respeito a política de segurança pública,

e ainda, na nula ou baixa capacidade deste segmentos de interferir nos processos e

práticas sociais que estigmatizam os pobres e reatualizam o lugar desse segmento

na sociedade – como classe perigosa.

Segurança Urbana

A Prefeitura realizou concurso público para guardas municipais e curso de formação,

que exigiu que algumas pessoas pedissem demissão de seus atuais empregos, mas

os agentes novos não foram contratados.

Faz-se necessária maior atenção ao processo de unificação das Guardas

Comunitária e de Trânsito - Justificativa: Exigência da Lei Federal 13.022. Mas há

também a alegação de otimização de recursos. O Projeto de Lei está para ser

votado na Câmara de Vereadores. Neste projeto, todos os guardas civis municipais

teriam as mesmas funções e portariam armas. OUTRO LADO. Os guardas alegam

desvio de função (fere o edital dos respectivos concursos públicos); significa

redução de custos, pois as viaturas estão sucateadas, com equipamentos de

trabalho reduzidos.

Os dados da SESP entre janeiro e maio de 2016 contabilizam redução de 21,87%

no número de homicídios, 14,82% nos casos de uso e tráfico de drogas e 4,7% de

crimes contra o patrimônio em relação ao mesmo período de 2015. Fonte: Home

page da Prefeitura (13/06/2016).

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Recentemente foi criado o Fundo Municipal de Segurança Urbana, tendo como fonte

de recursos as multas aplicadas pela Guarda de Trânsito e recursos dos

parquímetros. Vale acompanhar e avaliar o uso desses recursos para não alimentar

a indústria de multas.

CAVVID

Funciona com equipe reduzida de psicólogos e assistentes sociais.Tem parceria

com o Governo do Estado na manutenção de Casa Abrigo para as mulheres em

situação de violência. OCAVVID desenvolve em parceria com a Vara, o projeto Fala

Homens - suposto ou autor da violência.

Foi instituído, em parceria com o Tribunal de Justiça, o Botão do Pânico, onde a

Justiça autoriza o uso do mesmo ,e a Guarda faz a operação quando acionada.

Atualmente o CAVVID tem maior protagonismo na indicação da mulher a ser

atendida pelo serviço.

Dentro da sede da SEMCID funcionam atualmente: CAVVID, Promotoria da Mulher

e Vara Especializada na Violência Domestica. Com a Delegacia próxima à SEMCID

(localizada no Barro Vermelho), estes serviços constituem o SIM - Sistema Integrado

de atendimento à Mulher.

DIRETRIZES

1) Promover a igualdade de acesso às oportunidades criadas pelo poder público

e conjugar esforços com outras esferas da vida sócio-econômica e cultural da

cidade em prol da construção de uma Vitória que Protege a Vida

2) Desenvolver as potencialidades educativas que a cidade contém,

incorporando no seu projeto político os princípios da cidade educadora.

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3) Encorajar a transversalidade dos direitos humanos nas políticas públicas

municipais como meio de realização de um projeto cultural e formativo

promotor da coexistência social solidária, apoiado em inúmeras possibilidades

educativas tendo por finalidade a formação integral dos moradores da cidade

ao longo de suas vidas/existência.

4) Referenciar Vitória como uma cidade que promove e protege a vida e os

direitos humanos, compromissada com a prevenção da violência e dos

agravos a saúde por causas externas e com o respeito, a promoção e a

valorização das diversidades – étnico-racial, religiosa, cultural, geracional,

territorial, de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de opção

política, dentre outras.

5) Fortalecer a SEMCID e outras estruturas de acesso à justiça e cidadania em

âmbito municipal de forma descentralizada nos territórios da cidade.

6) Princípio da liberdade dos sujeitos e justiça/com garantia de direitos;

PROPOSTAS

Superar a forma coercitiva da ação da Guarda Municipal, transformando-a em

instrumento de proteção da população;

Programa de promotores de cidadania com a Guarda Municipal;

Fortalecimento de equipamentos e serviços descentralizados nos diferentes

territórios;

Criação de instância de denúncias, escuta, encaminhamentos, fiscalização

popular com a lógica de “Defensor do Povo” e das “Câmaras de Dissuasão”

para resolução de conflitos e demandas da população de forma transparente

e eficiente

Fortalecimento de ações de caráter formativo e participativo de lideranças e

segmentos sociais para o fortalecimento do poder popular

Defesa das diferentes expressões dos segmentos sociais e movimentos;

Ampliar os mecanismos de indução e promoção da admissão de pessoas

com deficiência nas empresas, observando a Lei nº.8.213/91 e tornando-a

um instrumento de inserção no mercado de trabalho para os portadores de

deficiência.

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Promover projetos de formação para os servidores públicos municipais em

geral visando fortalecer intervenções qualificadas e ao mesmo tempo

educadoras.

Agregar ao processo de elaboração do Orçamento Popular, mecanismos

pedagógicos de educação popular que propaguem a noção de direitos

humanos a partir de conteúdos extraídos da realidade local

Sensibilizar gestores públicos e profissionais da saúde, da guarda municipal e

educadores municipais sobre as expressões da homofobia no acesso aos

serviços e na qualidade da atenção prestada pelos profissionais a população

LGBT.

Qualificação em caráter permanente dos profissionais com conteúdos,

aspectossócio-culturais relacionados à sexualidade humana, trabalhando a

partir dos conceitos de alteridade, liberdade e autonomia dos sujeitos a

concepção do direito à livre orientação sexual e identidade de gênero.

4.3 EDUCAÇÃO É UM DIREITO NÃO É MERCADORIA.

O discurso neoliberal e as ações dos governos que adotaram políticas educacionais

com esse referencial induzem as pessoas a pensarem que somente a escola

particular oferece educação de qualidade. O projeto de educação em curso, que

prioriza uma formação funcional voltada aos interesses mais imediatos do mercado,

levam à condução de processos que fragmentam e reduzem à formação aos

aspectos mais pragmáticos e imediatistas para atender demandas da reestruturação

capitalista, são características de uma escola acrítica e aligeirada.

Neste sentido, a qualidade fica secundarizada e ressalta-se a quantidade. Este

modelo, se espraia à política educacional em todos os âmbitos da esfera pública,

contribuindo e dificultando a aplicação de uma educação na perspectiva da

qualidade social. Assim, ocorre um processo de deterioração da educação pública.

O discurso neoliberal vem propagandeando o fracasso da escola pública,

valorizando o ensino privado. Ao contrário disso, afirma-se que só o público é capaz

de garantir a educação para todos.

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A escola de qualidade social é aquela que atenta para um conjunto de elementos e dimensões socioeconômicas e culturais que circundam o modo de viver e as expectativas das famílias e de estudantes em relação à educação; que busca compreender as políticas governamentais, os projetos sociais e ambientais em seu sentido político, voltados para o bem comum; que luta por financiamento adequado, pelo reconhecimento social e valorização dos trabalhadores em educação; que transforma todos os espaços físicos em lugar de aprendizagens significativas e de vivências efetivamente democráticas (Silva, 2009, p. 16).

É inegável que houve uma expansão da escola básica nas ultimas décadas, mas

contraditoriamente no mesmo movimento verificou-se a dilapidação da rede publica

escolar, as péssimas condições dos equipamentos, os projetospolítico-pedagógicos

das escolassão elaborados unilateralmente pela Administração

Municipal.Oautoritarismo nas relações internas das escolas, o déficit de professores

e a baixa remuneração destes trabalhadores(as), uma gestão escolar que privilegia

os valores meritocráticos entre tantas outras deficiências, são constatados no

município.

Não se enfrenta este quadro somente com discurso demagógico. A melhoria dos

indicadores educacionais devem ser acompanhados de profundas reformas na

estrutura e no funcionamento da rede escolar e na qualidade da oferta da educação

infantil (creches e pré-escolas) e no ensino fundamental.

Outro fator que pesa na qualidade da escola publica é sem duvida a baixa

remuneração de seus profissionais. Na percepção dos profissionais que participaram

da roda de conversa, o diagnóstico é de que "nenhuma categoria foi tão massacrada

economicamente quanto os professores da rede publica escolar, destacadamente,

os municipais".

A valorização dos profissionais da educação e a remuneração são os requisitos

fundamentais que promovem a transformação da dinâmica escolar numa

perspectiva social. É preciso que o governante e a classe politica tenham mais

compromisso para perceber que os gastos com a educação não podem ser

considerados "custos" e sim, um grande investimento, uma vez que a educação é

um DIREITO de todos(as) como prevê a Constituição Federal de 1988. A qualidade

do ensino e o funcionamento pleno da escola está associada ao grau de

investimento que o Governante fará na rede publica.

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A gestão democrática da escola é um principio básico para o Programa do PSOL. A

comunidade exercerá o controle publico e será partícipe na construção do Projeto

Politico Pedagógico. A gestão democrática possibilita a recuperação da qualidade da

escola com efetivo controle social que vai desde o planejamento até o

acompanhamento do cotidiano da escola.

Para tanto os Conselhos de escolas onde tem assento toda a comunidade escolar

(professores, gestores, pais e alunos) que além de serem deliberativos devem se

constituir como um dos principais instrumentos da democracia na escola.

O Projeto Politico Pedagógico deve ser construído com a comunidade,

fundamentado no principio da democracia participativa e com transparência dos atos

para as populações assistidas. Outro eixo importante para consolidar a democracia

participativa são as eleições das direções das escolas.

Pretende-se um projeto de educação que se oriente pelo reconhecimento de que

uma educação transformadora que pressupõe a liberdade de ensinar e aprender

com a pluralidade de ideias e "concepções pedagógicas", princípios consagrados na

Constituição Federal de 1988 que fundamentam a democracia na escola.

Supõe um projeto construído no diálogo permanente com os sujeitos da escola:

crianças, famílias, jovens, adultos, idosos e os trabalhadores da educação que

fazem dela uma prática libertadora.

DIAGNOSTICO

A Rede municipal de Vitória conta com ototal de 18.990 alunos matriculados nos

CMEIs e 31.040 nas EMEFs, sendo 28.134 estudantes de ensino regular e 2.906 de

Educação para Jovens e Adultos (EJA). O Orçamento para rede em 2016 é de R$

409.591.390,00.

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TABELA 12 - QUADRO DO MAGISTÉRIO NA PMV: Distribuição de pessoal

Setor Quantitativo

SEME/ADISP 81

SEME/GAB 20

SEME/GA 41

SEME/EMEF 3.222

SEME/CTEF 13

SEME/CMEI 3.033

SEME/CCEC 37

SEME/CFAE 14

SEME/GRH 36

SEME/GOF 16

SEME/GGD 24

SEME/GFDE 14

SEME/GEI 15

SEME/GEF 35

SEME/GAMO 16

TOTAL 6.617

Programas e Projetos:

1 - ESCOLA ABERTA PROMOVE CURSOS DE FINAL DE SEMANA

O Programa Escola Aberta é uma iniciativa federal, mantida com a parceria de

Estados e Prefeituras. São oferecidas diversas atividades nas escolas de ensino

fundamental, nos finais de semana. O objetivo é contribuir para a inclusão social, a

cidadania, a melhoria da qualidade educacional, a integração entre escola e

comunidade e a construção de uma cultura de paz. Em Vitória, as escolas que

fazem parte do programa abrem durante seis horas aos sábados.

2 - PROJETO EDUCAÇÃO INTEGRAL

Educação Integral é um projeto de governo voltado para alunos da Educação Infantil

e Ensino Fundamental. Sua proposta pedagógica visa à permanência do aluno na

escola, assistindo-o integralmente em suas necessidades básicas e educacionais,

resgatando sua autoestima e intensificando o processo ensino-aprendizagem.

3 - BRINCARTE OFERECE EDUCAÇÃO INTEGRAL A CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS

Os núcleos Brincarte são espaços voltados ao atendimento integral das crianças de

quatro a seis anos. Ali são realizadas ações socioeducativas, recreativas, esportivas

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e culturais complementares às atividades escolares desenvolvidas nos Centros

Educacionais Municipais de Ensino (Cmeis) de Vitória.

4 - ESCOLAS DE VITÓRIA ACOLHEM ADULTO QUE QUER VOLTAR A ESTUDAR

Com cerca de três mil alunos atendidos em Vitória, a modalidade Educação para

Jovens e Adultos (EJA) é uma oportunidade para aquelas pessoas que desejam

retomar os estudos. As matrículas podem ser feitas por qualquer pessoa a partir dos

15 anos de idade, em qualquer data do ano letivo.

5 - EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis e

etapas educacionais. A Política de Educação Especial de Vitória tem como objetivo

subsidiar o processo de inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, nas ações

cotidianas planejadas e desenvolvidas nos Centros Municipais de Educação Infantil

(CMEIs) e nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs). A Política de

Educação Especial no município de Vitória engloba Deficiências Múltiplas e

Intelectual, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Salas de Recursos

Multifuncionais

6 - ENSINO DE SOROBÃ E BRAILLE AUXILIAM A INCLUSÃO DE ALUNO COM

DEFICIÊNCIA VISUAL

Visando à inclusão do aluno com deficiência visual no processo de ensino-

aprendizagem, a Prefeitura de Vitoria oferece em todas as escolas da rede pública

municipal onde há estudantes cegos matriculados o ensino do Braille e do Sorobã. O

objetivo é auxiliar na inclusão do aluno com deficiência visual.

7 - ESTUDANTES COM AUTISMO TÊM ATENDIMENTO EM HORÁRIO REGULAR

E NO CONTRATURNO

No processo de inclusão educacional dos alunos com Transtornos Globais do

Desenvolvimento (TGD), a Secretaria Municipal de Educação de Vitória, por meio da

Coordenação de Formação e Acompanhamento à Educação Especial, atende aos

alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno

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desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra

especificação.

8 - ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL RECEBE ORIENTAÇÃO PARA

LOCOMOVER-SE

Orientar-se e locomover-se com autonomia e segurança no ambiente escolar pode

ser um desafio para o estudante com deficiência visual. Na rede municipal de ensino

de Vitória, o aluno cego ou com baixa visão recebe o apoio dos profissionais

especializados no Atendimento Educacional Especializado (AEE), serviço ofertado

pela modalidade de educação especial, nas unidades escolares.

9 - TECNOLOGIAS ASSISTIVAS AUXILIAM ENSINO DE ALUNOS COM

DEFICIÊNCIA

Ferramentas como teclado falado, mouses especiais, cadeiras de rodas manuais ou

elétricas, bengalas, muletas e próteses são denominadas Tecnologias Assistivas

(TAs). Também fazem parte das TAs as rampas, adaptações em banheiros e

mobiliário, entre outros projetos arquitetônicos para acessibilidade.

10 - REDE MUNICIPAL OFERECE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA ALUNOS

SURDOS

tendendo às Diretrizes da Política Nacional de Educação Inclusiva, a Secretaria

Municipal de Educação implantou na rede de ensino de Vitória, em 2008, a Política

de Educação Bilíngue para os alunos surdos.

11 - VITÓRIA TEM POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA ALTAS

HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Os alunos da rede municipal de ensino que apresentam indícios de altas

habilidades/superdotação (AH/SD) são observados, acompanhados e encaminhados

para o desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular na sua área de

interesse.O objetivo é ampliar os conteúdos e experiências desenvolvidos na escola

e potencializar talentos no decorrer do Ensino Fundamental.

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12 - CENTROS DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO

Os Centros Municipais de Ciência, Educação e Cultura funcionam com boas opções

para crianças, adolescentes, moradores e turistas, inclusive com programações

especiais. Em todos os locais, a entrada é gratuita.

13 - CENTRO DE CIÊNCIAS, BIOLOGIA E HISTÓRIA

A Escola da Ciência - Biologia e História (ECBH) é um centro de ciência, educação e

cultura que destaca a natureza e a cultura regional.

14 - CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICA

A Escola da Ciência - Física tem a proposta de popularizar a física, abordando

conceitos ligados à eletricidade, à óptica e à mecânica de forma a encantar os

visitantes.

15 - PLANETÁRIO DE VITÓRIA

O Planetário de Vitória é um ambiente para visitantes de todas as idades

conhecerem os planetas, as constelações, os movimentos de translação e rotação e

as lendas que envolvem o universo.

16 - PRAÇA DA CIÊNCIA

A Praça da Ciência oferece, gratuitamente, conhecimento e diversão em um local

agradável, de frente para o mar, com segurança e amplo estacionamento, além da

orientação de monitores durante a visita. As vias de circulação são livres, inclusive

para cadeirantes. O acervo é composto por 16 equipamentos que podem ser

manipulados para o estudo dos conceitos científicos ligados principalmente à Física.

É um local muito visitado por crianças e apreciadores da Ciência. Fotografias e

filmagens são permitidas.

17 - ENSINO FUNDAMENTAL

O Ensino Fundamental oferece as bases para a educação do indivíduo, sendo uma

fase essencial na formação educacional. Os alunos da rede municipal de Ensino

Fundamental em Vitória contam com projetos de aprendizado que vão além da sala

de aula, como os Jogos Escolares e a Iniciação Escolar ao Turismo. É possível que

pais e responsáveis consultem on-line o boletim do aluno e o calendário escolar.

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ASPECTOS AVALIATIVOS DA POLITICA EDUCACIONAL DO MUNICIPIO DE

VITÓRIA4.

A garantia da obrigatoriedade da na pré-escola prevista na Emenda

Constitucional 59 está feita com o fechamento de turmas das creches;

Fechamento de turmas na Educação de Jovens e Adultos;

Decreto 16.372 – implementou um contingenciamento nas áreas de educação e

saúde;

Redução drástica dos recursos destinados às escolas;

Projeto “Escola Sem Partido” ameaça a criticidade da educação no município.

30% de perda salarial em 3 anos de gestão, falta de investimento Pedagógico;

Vitória já teve 35% do orçamento para a Educação. Luiz Paulo quando foi

prefeito e Luciano Resende o Secretário de Educação, reduziu o percentual para

25%;

Falta dialogo com os professores. João Coser pediu a prisão de dirigentes

sindicais do Magistério;

Plano Municipal de Educação foi elaborado em uma Conferência com a

sociedade civil. Quando chegou no gabinete o Prefeito reformulou o em termos

quantitativos nos últimos períodos.Prefeito vetou. Voltou para a Câmara. Os

vereadores retiraram do PME a questão de gênero e etnia em troca de manter o

percentual de 35%;

Perdas inflacionárias chegam a mais de 30% nos últimos 3 anos;

Falta papel chamex e até papel higiênico, nunca gastou-se tanto com a

Comunicação;

Repasse do que sobra do orçamento da Câmara deve ser encaminhado para

Educação, Esporte e Lazer, conforme garantido na Lei Orgânica do Município;

Rever o percentual de orçamento para a Câmara Municipal;

FUNDEB: Fundo para o qual os municípios contribuem e depois o recurso é

redistribuído na rede. Vitória perdia recurso, atualmente o município recebe mais

do que contribui. Ano que vem, a previsão é que o recurso não aumente, fique

congelado;

4Extraído da ata da reunião do Programa de Governo com os profissionais da rede de ensino de Vitoria-ES

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60% do FUNDEB é destinado para pagamento da folha do magistério da ativa. O

município utiliza todo esse valor e ainda complementa. FUNDEB acaba até 2020;

Desmonte do MEC. Não se sabe como vai ficar o orçamento da educação dos

municípios;

Questão do CAQ e CAQi. Custo Aluno Qualidade e Custo Aluno Qualidade

inicial. Até 25 junho de 2018 para a implementação do CAQ e CAQi;

Escolas de Vitória não tem laudos da Vigilância Sanitária e do Corpo de

Bombeiros;

Está sendo estabelecida uma rubrica orçamentária para o COMEV, mas a

reivindicação é a garantia por lei dessa rubrica própria para o Conselho;

O COMEV precisa de autonomia para fiscalizar. Como os próprios órgãos do

Sistema vão fiscalizar o município? As exigências que são feitas para as escolas

particulares, não são feitas para as escolas públicas municipais;

Verificar relatório de fiscalização das escolas feito pelo programa Fiscaliza

Vitória. Escolas públicas tem situação precária de infraestrutura;

Educação em Tempo Integral criada no Governo Coser. Os espaços educativos

(Brincartes) com o tempo os Brincartes foram acabando e as matrículas foram

sendo absorvidas pelas escolas. Falta ônibus para visitar os espaços educativos.

No início da gestão Coser a política era exitosa, mas com o tempo foi

fracassando devido a falta de infraestrutura;

Em vez de matricular com “tempo integral” que teria verba maior, o município

está fazendo dupla matrícula arcando com todos os custos, sem receber verba

federal porque as matrículas não foram registradas como “tempo integral”. A

Educação em Tempo Integral tem sido assistencialista. Não é pra todos. Tem

critérios relacionados ao risco social. Programa “Mais Educação”.

Educação Integral sem estrutura: espaços da escola (laboratório de informática,

biblioteca, etc.) são “disputados” entre o “turno regular” e o “tempo integral”.

DIRETRIZES

Educação é direito humano fundamental;

Educação não é "custo", é investimento.

Garantir as metas do PME para Educação infantil, Ensino Fundamental,

Analfabetismo, EJA e qualidade da educação na perspectiva social.

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Gestão democrática da educação e da escola.

Valorização dos profissionais da educação.

Não a escola "Escola Viva".

Não a "escola com mordaça"

PROPOSTAS

Ampliação dos investimentos na dimensão pedagógica do ensino municipal;

● Fortalecer os três Conselhos: Conselho Municipal de Educação e o Conselho

de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (Câmara que faz parte do

Conselho) e o Conselho de Alimentação Escolar.

● Organizar Congressos de Educação Pública na Cidade de Vitória, tendo

como referência as metas do Plano Nacional de Educação.

● Orçamento Popular com os Recursos da Educação, a partir do PPA

produzido com base no Congresso Municipal de Educação.

● Avançar no conceito de democracia participativa;

● Garantir os direitos dos alunos para sua organização estudantil;

● Dar mais transparência ao uso dos recursos e nas ações dos gestores e dos

Conselhos;

● Aplicar as metas do Plano Municipal de Educação no qual estabelece os

seguintes percentuais para a educação:30% em 2015;32% em 2016; 35% em

2017;

● Manter dialogo permanente com a representação dos professores;

● Rediscutir a ocupação de cargos comissionados na educação;

● Intensificar a aplicação da lei 10.639/2003 e da lei 11.645/2008 que tratam do

ensino no sentido de combater o racismo (preconceito, discriminação étnico-

racial), a intolerância religiosa, a xenofobia.

● Garantir autonomia financeira previsto na Meta 19 e a estratégia 19.9 do

P.M.E. Esta proposta já vem sendo construída com o atual prefeito através da

fazenda municipal e a PGM;

● Garantir a autonomia do COMEV a criação de Conselhos Tutelares para cada

100.000 habitantes;

● Criar um marco legal, em vez de programa, para os Conselhos Tutelares;

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● Fortalecer o COMEV, CAE, Câmara Municipal do FUNDEB, Câmara do

Conselho do FUNDEB e F.M.V;

● Ter especial atenção com o FUNDEB, principal fonte de financiamento da

educação no município, que está em risco de extinção. Rediscutir por que

Vitoria está recebendo recursos para complementação CAI (custo aluno

inicial) e CAQUi (custo aluno qualidade);

● Criar um plano e recuperação das instalações das escolas, principalmente os

CMEI”s;

● Rediscutir com a comunidade a politica de tempo integral na escola;

● Recuperar as receitas advindas das sobras de caixa da Câmara de

Vereadores que devem ser destinadas a educação, ao esporte e o lazer

conforme previsão legal;

● Refazer o Projeto de Inspeção Escolar trazendo para o âmbito do COMEV;

● Implantar o CAQUi em 25 de junho de 2018;

● Fazer inspeção sanitária e do corpo de bombeiros em todas as escolas do

município;

● Levantar as escolas que não têm autorização do MEC;

● Suprir a frota de veículos escolares;

● Avaliar o ensino fundamental de 9 anos;

● Cumprir o Plano de Cargos e Salários;

● Rever o funcionamento do EJA;

● Rever o fechamento da Educação Infantil;

● Cumprir o Plano de Cargos e Salários;

● Debater a questão social da criança em face das desigualdades existentes e

a situação de vulnerabilidade no que tange a saúde e violência;

● Verificar a renuncia fiscal provocado pela politica do Governo Temer

utilizando o índice inflacionário anterior para correção dos repasses;

● Denunciar a PEC 241 que impõe limites de gastos;

● Cumprir com a Lei do Piso;

● Destinar 1/3 da carga horária para planejamento;

● Implantar a Lei de Responsabilidade Educacional com o fortalecimento da

frequência dos pais no desenvolvimento do aluno;

● Implantar Programa de Educação Continuada;

● Criar a Universidade Pública Municipal

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4.4. POLITICAS DE SAÚDE

DIRETRIZES E PROPOSTAS

1) Fortalecimento da Estratégia da Saúde da Família

2) Formação de uma equipe mínima com Pediatra e

Ginecologista para atendimento nas Unidades de Saúde existentes.

3) Estudo de viabilidade para ampliação da rede de atenção a saúde coletiva

4) Melhoria da rede de atenção à saúde dos idosos(as).

5) Revitalização dos equipamentos de atenção à saúde do trabalhador.

6) Fortalecimento da politica de atenção à saúde mental e drogas

Politica de saúde mental e drogas

De acordo com a Organização Mundial de Saúde cerca de 10% da população dos

centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas

independente da idade, sexo ou nível instrucional(1). A utilização de drogas pode ter

uma relação direta e indireta com uma série de agravos à saúde dos adolescente,

jovens e adultos expressos em acidentes de trânsito, agressões e distúrbios de

conduta, ao lado de comportamentos de risco no âmbito sexual e a transmissão do

HIV pelo uso de drogas injetáveis.

Considerando que a síndrome de dependência traz repercussões graves, observa-se

que o número de pessoas que sofrem direta ou indiretamente com essa problemática

é expressivo. Em relação à síndrome de dependência do álcool, por exemplo, mais

de 4 a 5 pessoas são afetadas direta ou indiretamente(2). O uso de drogas, como um

problema social requer ações de diferentes áreas e, como um problema de saúde

pública as ações de tratamento inscrevem-se na área de saúde mental. Uma vez

identificada, há necessidade de fornecer tratamento aos indivíduos dependentes,

acarretando alto custo social.

Historicamente, as políticas de saúde mental no Brasil evidenciam que a exclusão

social e a ausência de cuidados atingiam continuadamente aqueles que sofriam de

transtornos mentais, fato que apontava a necessidade da reversão dos modelos

assistenciais. A Constituição de 1988 possibilitou a reformulação do aparato jurídico-

legal e os direitos de cidadania do doente, através da possibilidade de reformas

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sanitária e psiquiátrica. A partir dessa carta constitucional tem-se a instituição do

SUS, regulamentado pela Lei 8080/90, que se norteia pelos seguintes princípios:

universalidade de acesso, eqüidade, descentralização, integralidade,

intersetorialidade e controle social.

A saúde passa a ser constituída como direito de cidadania e dever dos governos

municipais, estaduais e federal visando à promoção da universalidade de acesso e

eqüidade à medida que todo cidadão detém igualdade perante o SUS e deverá ser

atendido e acolhido conforme as suas necessidades. Nesse contexto de mudanças,

o dependente químico passa a ser visto não mais como um “doente psiquiátrico”,

reduzindo o estereótipo de “louco” e “caduco”. Os serviços devem fornecer garantias

ao cumprimento dos direitos dos usuários.

Assim, em consonância com os princípios organizativos e doutrinários do SUS, o

Ministério da Saúde promulga no ano de 2003 a Política de Atenção Integral aos

usuários de Álcool e Outras Drogas. Prioriza-se a integralidade das ações ratificando

que o indivíduo não deve ser visto como um amontoado de partes desvinculadas, o

mesmo constitui um ser que biológica, psicológica e socialmente, está sujeito a

riscos de vida.

As ações em saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para

prevenção, a promoção, a cura e a reabilitação atendendo os assistidos de modo

integral. A política traz como missão prevenir, tratar, reabilitar os usuários de álcool e

outras drogas como um problema de saúde pública que não se restringe ao

Ministério da Saúde, mas a outros ministérios: educação, justiça e do

desenvolvimento social fazendo-se necessário o desenvolvimento de ações

intersetoriais, bem como, o envolvimento da sociedade brasileira.

Além disso, a abstinência não pode ser o único objetivo a ser alcançado, busca-se

atender as peculiaridades de cada cidadão usuário de álcool e outras drogas e para

tanto, a equipe de saúde deverá estar apta a lidar com essas singularidades,

identificando alternativas que se adequem melhor a cada situação promovendo a

articulação em rede.

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Essas devem ser organizadas de forma regionalizada, hierarquizada e

descentralizada, permitindo um conhecimento maior da problemática drogas em

uma área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica e sanitária,

controle de vetores e educação em saúde.

A oferta de cuidados a pessoas que apresentam problemas decorrentes do uso de

álcool e outras drogas baseia-se em dispositivos de ação extra-hospitalares de

atenção psicossocial expressos pelos Centros de Atenção Psicossocial para

Usuários de Álcool e Outras Drogas (CAPS ad) devidamente articulados à rede

assistencial em saúde mental e ao restante da rede de saúde. O acesso ao serviço

dar-se-á através dos serviços de nível primário (Programa de saúde da Família,

Unidades de Saúde e Programa de Agentes Comunitários de Saúde) e o que não for

contemplado far-se-á referência para serviços de maior complexidade.

Ao descentralizar as ações busca-se configurar redes assistenciais mais atentas às

desigualdades existentes nas regiões, ajustando essas de forma democrática e de

acordo com as necessidades da população. A prevenção ao uso de álcool e outras

drogas visa fomentar o processo de planejamento, implantação e implementação de

múltiplas estratégias mediante a identificação prévia de fatores de risco e proteção

social existentes em cada comunidade. No que se refere ao município de Vitória, foi

um dos 3 primeiros a municipalizar as ações na área de álcool e outras drogas.

A criação do Centro de Prevenção e Tratamento de Toxicômanos (CPTT), serviço da

Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) da PMV, aconteceu em 1992, inserido em

um contexto político de participação e democratização da cidade. A proposta de

criação e implantação do serviço foi fomentada pelo Conselho Municipal de

Entorpecentes (COMEN) à época, criado em 1990 e extinto em meados da mesma

década. O CPTT foi um serviço criado em conformidade com a lógica psicossocial e

inseriu-se no movimento de reorientação das práticas e concepções em saúde. O

CPTT passou por mudanças significativas no que tange à sua própria

modalidade,quando passou a funcionar como um CAPS ad em 2002.

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Controle social

Os Conselhos Municipais sobre Drogas são responsáveis pelo planejamento,

fiscalização e participação da sociedade no planejamento das ações relacionadas à

problemática das drogas. Entretanto, não vem sendo implementados nos

municípios, fato que reflete a existência de ações desarticuladas, focalizadas e

concentradas nas secretarias de saúde.Vitória não possui o Conselho Municipal

sobre Drogas ativo.

4.5 CULTURA

O acesso à cultura é um direito do cidadão. Apesar de garantida pela Constituição, a

cultura não é tratada como direito em Vitória. A gestão pública é o principal

mecanismo reconhecimento das expressões culturais e de sua promoção,

garantindo acesso aos meios de produção e fruição das expressões, meios e

produtos culturais.

A Capital centraliza as mobilizações culturais da região metropolitana e, por isso

mesmo, precisa operar uma política cultural abrangente e solidária, tornar-se modelo

para as políticas culturais dos outros municípios da Grande Vitória e vitrine das

expressões culturais do Estado. Ainda nesse sentido é preciso mobilizar a

participação dos outros municípios e fazer cumprir uma meta importante do Plano

Municipal de Cultura: a criação de um Fórum Metropolitano da Grande Vitória,

reunindo gestores, produtores, artistas, técnicos e outros agentes culturais.

A extinção do FUNDAP (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias) e a

subsequente queda na arrecadação municipal são usadas como argumentos pela

atual gestão para justificar o enfraquecimento das políticas culturais vistas nos

últimos anos. Entretanto, Vitória nunca viveu de fato uma política cultural coerente e

continuada ao logo das gestões, por isso, é essencial a proposição de uma política

cultural elaborada em conjunto com a sociedade e a classe artística e que se

mantenha forte ao longo dos anos.

A cultura é parte vital da gestão pública porque atravessa diversas áreas como

educação, saúde, juventude, meio ambiente, turismo, trabalho e renda. A presença

da arte e da cultura no meio educacional é instrumento de criação, invenção e

pensamento crítico. Outro aliado importante é o turismo cultural sustentável que

promove a preservação patrimonial e ambiental com ações de dinamização

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econômica e fomento às cadeias produtivas da cultura. Se a gestão não consegue

acreditar no potencial transformador da cultura, ela vai continuar ocupando um plano

coadjuvante, quando existente, na administração municipal.

DIAGNÓSTICO

Os principais equipamentos culturais da cidade de Vitória estão concentrados no

Centro e sendo subutilizados ou completamente abandonados. O descarte de

políticas bem sucedidas de outras gestões e a incapacidade da atual administração

municipal de dialogar com os movimentos culturais organizados da cidade deixam

ver o panorama desanimador vivido por artistas, ativistas e produtores culturais.

Essa falta de diálogo é a principal carência da classe artística, que sempre se

queixou da ausência de uma gestão compartilhada.

Além de concentrados em poucos bairros, os equipamentos municipais funcionam

apenas de forma técnica e burocrática. Há uma escassez de políticas desenvolvidas

para eles, como o Mucane, imóveis históricos e de interesse público permanecem

fechados, como o Memorial da Paz e O Teatro Carmélia, ou completamente

abandonados, como é o caso do Mercado Capixaba.. Não há investimento

financeiro, equipe técnica, projetos de curadoria e criativos que tornem esses

espaços referência para toda a comunidade.

Há uma incapacidade de reconhecer expressões populares, como as Paneleiras de

Goiabeiras, patrimônio cultural imaterial mais importante da cidade, que precisa de

um acompanhamento atento e permanente, não apenas como objeto do turismo.

Além das paneleiras, os catraieiros da Baía de Vitória estão em vias de

desaparecimento após constantes intervenções no Porto de Vitória. A cidade

criminaliza expressões urbanas como o pixo e tem dificuldade de reconhecer outras,

como o grafiti, o funk e o hip hop.

A concentração das políticas em eventos de grande porte, como o Viradão Vitória, e

o esvaziamento do Conselho Municipal de Cultura deixam ver o caminho a ser

construído por uma gestão comprometida com o constante incentivo da participação

popular. Com o Viradão, a PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) aposta em um

evento de caráter midiático, de forma desligada do setor artístico local.

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Outro projeto vitrine da Prefeitura é o Rua Viva, na Rua Sete de setembro, no Centro

de Vitória, que envolve as Secretarias de Turismo, Trabalho, Renda e

Desenvolvimento da Cidade, mas não dialoga com a Cultura ou com a Meio

Ambiente (responsável pelo Disque Silêncio).

O projeto tem a premissa de revitalizar o Centro, mas desconsidera todo um trabalho

já existente e produzido pelos próprios moradores. O Rua Viva também não consulta

as populações dos territórios onde ele é implementado adquirindo uma inclinação

higienista pautada pelo consumo e expulsão de populações e negócios antes

existentes nesses espaços.

A cidade de Vitória conta com um Plano Municipal de Cultura, que foi pensado de

forma democrática com a mobilização da classe artística e lideranças populares por

meio de seminários, consultas públicas e grupos de trabalho com orientação do

Ministério da Cultura. O Plano possui 27 metas e deve ser cumprido por meio de um

pacto entre diversos entes, públicos e privados, e cabe à Secretaria de Cultura

liderar o processo. O Plano também representa uma continuidade nos projetos e

investimentos na área.

Com o documento há a garantia que as políticas culturais do município serão

desenvolvidas sem interrupção durante 10 anos. Entretanto, o documento que

guiará as ações culturais até 2024 foi modificado de forma arbitrária e aprovado na

Câmara dos Vereadores em 2014. Algumas garantias foram vetadas pela PGM

(Procuradoria Geral do Município) e acatadas pela Câmara Municipal. As metas

foram suprimidas, o que elimina a obrigação do cumprimento, e houve cortes no

orçamento. Apesar desses desfalques, a mobilização popular conseguiu reintegrar

ao Plano o sistema de monitoramento das metas, ações e indicadores, bem como a

publicidade dos resultados alcançados mediante comunicação institucional

permanente.

A concepção e a implementação do Plano deixou ver o lugar da cultura na gestão

municipal, uma gestão, que, inclusive, foi eleita com o respaldo e o apoio explícito da

classe artística de Vitória. Apesar disso, a SemC (Secretaria Municipal de Cultura de

Vitória) esteve à margem das prioridades da PMV.

Nos últimos três anos, cinco secretários passaram pela pasta. A gestão, dessa

forma, não pode garantir a implementação de políticas, ou ainda a continuidade de

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outras existentes. Essa rotatividade também evidencia a falta de interesse no setor e

o esvaziamento de espaços e modelos consolidados em gestões anteriores.

A SemC opera com o mínimo para justificar sua existência, pois não há verba ou

políticas pensadas para equipamentos ou fomento para a ocupação deles. O

abandono das políticas culturais afeta e descredibiliza inclusive as políticas culturais

bancadas pelos editais públicos. A situação da Lei Rubem Braga, por exemplo,

continua precária por estar desatualizada e ser extremamente burocrática, o que

afasta os proponentes e dificulta a realização dos projetos. Além disso, falta uma

equipe robusta e preparada para acompanhar a execução dos projetos

patrocinados. O engessamento da máquina pública inviabiliza o acesso à

informações caras aos morados no que diz respeito a criação e ao fomento de

políticas culturais.

O diagnóstico deixa ver uma gestão cultural abandonada e uma cena pouco

sustentável, carente de políticas pensadas e executadas coletivamente. Apesar da

ineficiência da gestão municipal, as iniciativas populares e pulsantes vêm

movimentado e transformado territórios de Vitória. Como por exemplo, o Corredor

Criativo da Nestor Gomes; a ocupação do beco da rua Duque de Caxias com

atividades culturais por diversos produtores e/ou coletivos; os diversos espaços

criados e mantidos de forma independente pelas companhias de artes cênicas no

Centro; o diálogo de alguns segmentos (artes visuais, audiovisual) com o Sebrae,

que tem gerado grandes obras e produtos.

DIRETRIZES

Pensar a política cultural é empoderar os artistas, ativistas e produtores para o

pensamento da política pública cultural e sua execução. Tal ação precisa partir do

estímulo de grupos populares e periféricos, à margem do circuito instituído pela arte

e pelas políticas culturais. Neste campo, precisamos entender o funk, o rap, os

saberes tradicionais, o hip hop, o grafiti, o pixo e outras expressões artístico-culturais

férteis na cidade com atenção e como ferramentas de transformação do urbano e da

sociedade.

A política cultural precisa ser pensada de forma permanente e continuada, e não

apenas enquanto projeto da gestão. Logo, propomos uma política cultural que afirme

a constituição de uma multiplicidade de cenas a partir da multiplicidade de

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expressões e iniciativas existentes. Algo possível a partir do fomento do espaço

público como espaço para habitação dos coletivos e cenas artísticas. E o mais

importante é fazer valer o Plano Municipal de Cultura, documento que reúne todas

as demandas dos produtores, artistas e ativistas culturais e serve de guia para

concretizar políticas para os equipamentos existentes e para aqueles que ainda

serão construídos.

Uma das metas do Plano é aumentar anualmente o orçamento da Secretaria

Municipal de Cultura por meio da elaboração de projetos de captação de recursos

junto ao setor privado e ampliar a participação em projetos culturais do Município

nas leis federais de incentivo à cultura e no Fundo Nacional de Cultura.

Outro ponto importante é modernizar e revitalizar todos os equipamentos públicos

culturais, reservando lugares específicos para cadeiras de rodas e para pessoas

com deficiência auditiva e deficiência visual, com acompanhante, e inclusive para o

cão guia. Além disso, é preciso ocupar esses espaços em baixas temporadas e

horários alternativos, com programas de popularização.

Entre as metas do Plano está a criação de um Núcleo de Produção Audiovisual e

Núcleo de Arte Tecnológica e Inovação até 2018 e a criação da Companhia

Municipal de Dança até 2024. Para viabilizar essas e outras metas, o Plano propõe

como um das ações o fomento a criação de programas e conteúdos para rádio,

televisão e internet que visem à formação do público e a familiarização com a arte e

as referências culturais capixabas.

Por último, e até aqui, a prefeitura precisa garantir gestão técnica especializada dos

equipamentos e das políticas, desligando os interesses privados e de grupos

economicamente hegemônicos sobre setores da gestão cultural. Os cargos no setor

cultural devem ser exercidos por pessoas que conheçam a Cultura e as suas

especificidades locais para que não haja as inconsistências e rupturas que o setor

vem sofrendo ao longo desses anos.

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EIXO 5 – CIDADE DA DIVERSIDADE

5.1 COMBATE AO RACISMO E PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

As etnias negra e indígena ocupam os estratos mais pobres na divisão de classes

no Brasil, sob um regime que sempre privilegiou uma minoria, composta em grande

parte por pessoas brancas, caracterizadas pelos povos colonizadores europeus, que

inda hoje concentram a maior parte da riqueza do país. Condena-se essa primeira

parcela populacional a um ciclo de reprodução da pobreza, que, paradoxalmente,

alimenta o desenvolvimento do país pela força de seu trabalho explorado que

possibilita o acúmulo financeiro de um número cada vez menor de cidadãos.

A luta étnica esbarra em inúmeros processos estruturais e da formação social do

país, que se perpetuam diante da produção e reprodução social que reafirmam o

lugar de explorado/subjugado a esta população. Por isso, faz-se necessária a

desconstrução das estruturas que consolidam o racismo nacional. Sabe-se que não

basta a criação de leis se estas não forem aplicadas por diversos organismos e

setores da sociedade, se estas não forem acompanhadas de um profundo processo

de formação social capaz de alterar o histórico de racismo, desigualdades e injustiça

social que acomete esta população.

O racismo desempenha um papel estruturante na sociedade de classes, logo, não é

possível pensar no modo de produção capitalista, na classe trabalhadora e no

Estado brasileiro dissociado da questão racial. Historicamente, os negros e as

negras são os mais explorados e discriminados do conjunto dos trabalhadores e do

povo. Recebem os menores salários, são os mais pobres, residem nas áreas

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periféricas e marginalizadas, com menor acesso à escola e possibilidade de

emprego formal.

Quando um jovem negro é assassinado na periferia, uma mulher negra faz um

aborto em péssimas condições ou uma família negra é despejada, está explicito

nessas ações a lógica de funcionamento do Estado. Historicamente os estudos

sobre as relações raciais no Brasil enfatizam somente a presença dos grupos de cor

excluindo a questão racial e, ato contínuo, a negação da existência do racismo.

Associado a isso, no Brasil, como em qualquer outro país capitalista, a situação de

classe interfere diretamente nas questões raciais, portanto nestas condições a luta

antirracista deve combinar com a luta de classes. Como afirmou o líder negro

americano Malcom X “não existe capitalismo sem racismo”.

Esta dura realidade não é obstante do município de Vitória. De acordo com o Mapa

da Violência 2012 a taxa de mortes violentas de jovens brancos foi de 34,6 por 100

mil habitantes em 2010 enquanto a de negros foi de 274,2 por 100 mil. no mesmo

período. O que significa que a cada 8 mortes de jovens na capital 07 são negros.

O quadro acima descrito requer da Municipalidade prioridade no trato da questão e

mobilização para ações públicas mais eficazes contra a violência em articulação

com o Estado, movimentos sociais e toda sociedade civil.

Mesmo considerando os avanços na luta politica contra o racismo verificado nas

ultimas décadas pelo movimento social negro, ainda existem dificuldades do Poder

Publico e do conjunto da sociedade assumir a questão racial como sendo um dos

principais problemas estruturais da nação brasileira. Enquanto não ocorrer o

enfrentamento desta questão, as desigualdades sociais, baseadas nas relações

raciais, continuarão em pleno vigor e com tendência de crescimento.

Na contramão da evolução do processo, o Estado brasileiro não foi capaz assumir a

pauta racial como um problema real que precisa da sua intervenção para superação

das barreiras que impedem a ascensão do homem e da mulher negra. É preciso que

o Estado promova a equidade e a igualdade de oportunidades para todos e todas e

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dê suporte para efetivação e execução das políticas de promoção da igualdade

Racial (PIR) no âmbito da Municipalidade.

Na Administração do PSOL em Vitória não haverá trégua no combate ao racismo e

de toda e qualquer tipo de discriminação, opressão e subestimação do ser humano.

O objetivo estratégico das políticas públicas de inclusão da população negra da

Capital é o fim da vulnerabilidade e isolamento social da pessoa negra por meio de

ações de longo, médio e curto prazo no que diz respeito à educação, saúde, cultura,

segurança, habitação, comunicação e trabalho e renda.

A Política Municipal de Promoção da Igualdade Racial deve ser implantada na sua

integralidade tendo em vista que a continuidade da aplicação das ações afirmativas,

dado o seu caráter compensatório, deve transitar para medidas que gerem

autonomia e cidadania plena para homens e mulheres negras.

DIAGNÓSTICO

As reuniões setoriais apontaram que a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos

(Semcid) vem sofrendo com a falta de recursos financeiros para financiar as políticas

de promoção da igualdade racial e de gênero. A mesma encontra-se funcionando

precariamente, completamente esvaziada nas suas funções institucionais que tem

como meta a construção de uma cultura cidadã de direitos humanos e de paz e a

defesa da igualdade racial e de gênero.

O trabalho nesta área é feito em parceria com as lideranças comunitárias, conselhos

e equipamentos locais. São eixos de atuação dessa secretaria, por meio da Casa do

Cidadão: acesso à Justiça e Documentação Civil Básica; Promoção da Igualdade de

Gênero; Promoção da Igualdade Racial; Atenção às Vítimas de Violência e

Discriminação de Gênero e Doméstica, Racial e por Orientação Sexual; e Promoção

e Defesa dos Direitos do Consumidor, através do Procon Municipal.

DIRETRIZES

1) Cotas raciais no serviço público

Na gestão do PSOL o empoderamento do povo negro passa pela sua (sub)

representação nos espaços de poder e de gestão. Neste sentido é necessária a

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aplicação de cotas raciais para preenchimento dos cargos da PMV, inclusive os

comissionados em todos os escalões de governo.

2) Secretaria Municipal de Direitos Humanos – SEMCID

O papel da SEMCID deve ser revitalizado e potencializado a fim de instituir as

orientações legais e institucionais no campo das relações étnico-raciais e de

promover os princípios e diretrizes municipais em defesa dos que sofrem

preconceito ou discriminação em função da etnia, raça e/ou cor. Responsável,

também, pelo funcionamento e estruturação do Conselho Municipal do Negro -

CONEGRO e de assessorar, articular, planejar, implementar e executar as politicas

de ações afirmativas voltadas ao atendimento das demandas da população

afrodescendente da Capital.

3) Mulheres Negras

Além das relações de classe, as mulheres negras estão submetidas às relações de

opressão, ao racismo e ao sexismo. O município desenvolverá ações com intuito de

promover o empoderamento e o reconhecimento das mulheres negras como sujeito

de direitos e resgatar do anonimato a sua importância na construção da nossa

cidade. Criar mecanismos institucionais de estimulo a inclusão das mulheres negras

acerca das desigualdades vividas em seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas

relações familiares e vitimas da violência.

4) Juventude Negra

O Estado do Espirito Santo se destaca no ranking na taxa de homicídio entre

crianças e adolescentes. Um olhar mais atento sobre esta estatística revela uma

realidade que coloca os jovens negros como as maiores vitimas de mortes violentas.

Os números da Capitalsão mais graves do que a media estadual quando se

considera a taxa de homicídios de jovens negros.

Considerando a urgência da questão em vista do grande numero de violências

sentidas e vivenciadas todos os dias, a criação de um espaço de luta por politicas

publicas(coordenadorias, secretarias, departamentos, colegiados,

superintendências, núcleos, etc..) para a juventude negra é cada vez mais

necessário considerando que a violência contra a juventude negra passa por três

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condicionantes que precisam de atenção urgente do Poder Público: raça, gênero e

território.

5) Saúde Integral da População Negra

A política Nacional de Saúde Integral da população Negra tem como característica o

reconhecimento das iniquidades étnico-raciais, do racismo e do racismo institucional

como determinantes das condições de saúde da população negra em geral.

Entende-se por Racismo Institucional, a prática de exclusão histórica da população

negra no acesso à educação, habitação, trabalho, cargos de chefia e melhor renda.

Pratica essa que serviu como eixo estruturante na formação da sociedade brasileira

e que hoje é mantenedora das desigualdades de oportunidades para os segmentos

negros. O Racismo institucional é historicamente, praticados pelo Estado Brasileiro

suas instituições e agentes públicos e instituições privadas.

PROPOSTAS para o combate ao racismo e promoção da igualdade racial na

Cidade de Vitória

● Desconstruir a cultura da violência contra a mulher e o jovem negro periférico;

● Promover a inclusão e garantia de direitos da pessoa negra;

● Transformar e aperfeiçoar as instituições com vistas a eliminar o racismo

institucional;

● Implantar integralmente a Política Municipal de Promoção da Igualdade Racial:

● Implementar a Política Municipal de Saúde da População Negra;

● Implementar a Política Municipal de Atenção Integral a Saúde da Mulher Negra;

● Elaborar e executar políticas de promoção e de proteção da juventude negra da

Capital;

● Promover as usinas culturais nos territórios negros urbanos;

● Construir espaços que promovam debate sobre as demandas e questões das

comunidades negras para e elaboração de proposições de políticas públicas;

● Desenvolver processos de informação, empoderamento e comunicação que

valorize e fortaleça a identidade positiva da população negra de Vitoria;

● Realizar encontros com os representantes das religiões de matriz africana da

Capital e dos municípios da região metropolitana com o proposito de debater

sobre a intolerância religiosa, bem como, reconhecer e respeitar estas tradições

frente ao poder público;

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● Fortalecer a gestão participativa, com incentivo à participação popular e ao

controle social.

● Reestabelecer as funções da CEAFRO no âmbito da SEME;

● Remodelar o modelo de gestão do MUCANE;

● Consolidar as políticas atualmente desenvolvidas no MUCANE; Curso de

qualificação e dança da África Cênica, oficinas culturais; permanência dos editais

de ocupação específicos a artistas e produtores negros e viabilização de

recursos para elaboração do Plano Museológico;

● Implantar no município um conjunto de programas e ações que visem a

prevenção à violência contra a Juventude Negra

● Combater a banalização da violência contra a juventude negra por meio de

políticas de inclusão e ampliação de oportunidades para os jovens negros;

● Assegurar a integração territorial das políticas, programas e ações, com novas

tecnologias e redes sociais;

● Criar em nível municipal o Observatório Participativo da Juventude

(Participatório) com recorte de raça/etnia, que se caracterize como um espaço

interativo de promoção da participação, produção do conhecimento, mobilização

e divulgação de conteúdos, focado nos temas ligados às políticas de juventude

negra.

5.2 MULHERES PELO DIREITO À CIDADE

Vitoria é cidade considerada uma das melhores capitais para se viver. Cidade com

nome feminino onde habitam 173.853 mulheres e destas 87.889 (50,05%) são

negras. No momento em que se realizam as eleições municipais é obrigatório

indagarmos: como vivem as mulheres de Vitória? Quais dos seus direitos são

assegurados pelas políticas públicas do município?

Segregação social e profundas desigualdades são marcas que Vitória carrega

oriundas do modelo de desenvolvimento urbano e nós, mulheres, estamos em uma

posição ainda mais vulnerável. Cotidianamente, somos confrontadas pelo assédio e

a insegurança (os dados sobre estupros e Feminicídio são estarrecedores);

ocupamos as vagas mais precarizadas e de menor remuneração no mercado de

trabalho, apesar de sermos as principais responsáveis pelo sustento das famílias;

estamos submetidas a violências até ao acessar serviços públicos, como a saúde e

educação. Vitória é a 1ª entre as capitais em violência contra mulheres.

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Neste momento em que, nacionalmente, nos estados e municípios, governos tentam

impor grandes retrocessos aos nossos direitos, diminuindo nossos espaços na

gestão pública, tentando impor padrões comportamentais, querendo proibir debates

emancipatórios e interferindo sobre o direito ao nosso corpo, estamos lutando e

resistindo. E precisamos avançar. Uma cidade inclusiva e igualitária precisa ser

pensada para nós e por nós mesmas. E mais: é necessária a ampliação da nossa

participação nos espaços de governo, de mulheres das mais diferentes origens e

subjetividades, unidas pela luta contra a opressão e a exploração.

Por isso nessas eleições municipais de 2016 apresentarmos propostas que

evidenciem o direito das mulheres à cidade de Vitória..

DIRETRIZES PARA A SAÚDE: PELA VIDA DAS MULHERES

Lutamos por garantia de saúde integral e dos direitos sexuais e reprodutivos das

mulheres, do campo e da cidade, de todas as etnias e raças, orientações sexuais,

condições físicas e mentais, entendendo a saúde numa perspectiva de respeito e

educação continuada à compreensão de gênero e suas especificidades.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 70% das pessoas que

vivem em situação de pobreza no mundo são mulheres. Isso significa que são as

mais vulneráveis socialmente e, portanto, as pessoas que mais recorrem aos

atendimentos públicos. O que reforça a defesa da ampliação do Sistema Público de

Saúde e com qualidade.

PROPOSTAS

♀ Humanização dos profissionais e serviços. Educação continuada de

profissionais de saúde, incluindo residentes em Ginecologia, Obstetrícia e

Saúde da Mulher, sobre as necessidades reais das mulheres, seu

acolhimento psíquico e físico, especialmente, a condução de situações de

abortamento baseado nas diretrizes da OMS e na Lei n° 12.845/2013.

♀ Legalização do aborto: uma questão de saúde pública. Quando falamos em

legalização e descriminalização do aborto não significa ser a favor do aborto.

Estamos falando em vidas que poderiam ser preservadas se esse

procedimento fosse feito pelo sistema público. Atendimento humanizado às

mulheres em situação de abortamento.

♀ Saúde mental e a luta antimanicomial. Fortalecimento do processo de reforma

psiquiátrica, assumindo o caráter sensível de integração das mulheres com

sofrimento mental com a sua comunidade. Instalando e ampliando as redes

de atenção psicossocial.

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♀ Direito à amamentação digna. Incentivar e fiscalizar a aplicação da portaria

193 do Ministério da Saúde que prevê salas de amamentação nas empresas,

e espaço próprio, adequado para que as mães servidoras públicas possam

amamentar seus filhos, conforme a CLT.

♀ Assistência às doenças crônicas. Campanhas de conscientização e promoção

do acesso à saúde para as mulheres portadoras de doenças raras e doenças

crônicas que acometem predominantemente a população feminina, como

lúpus e outras patologias.

♀ Combate a HIV-AIDS. A feminização da AIDS foi anunciada pelo Ministério da

Saúde da década de 1990, com o crescente número de casos e óbitos de

mulheres. A razão entre os sexos diminuiu, mas ainda apresentamos um

maior índice de mortalidade. Há muita dificuldade de “negociar” o preservativo

com o companheiro, por conta da moralidade e do machismo. É necessária

prioridade de investimento e campanhas para autoconhecimento e uso de

preservativos femininos.

♀ Combater a invisibilidade do encarceramento em massa de mulheres. Um dos

maiores problemas nos presídios é a falta de acompanhamento médico,

ginecológico, pré-natal, e a exposição das mulheres a dramas psicológicos e

físicos.

♀ Atendimento humanizado e respeito para mulheres transexuais e travestis

deve ser obrigação e prioridade do Estado. Informar e conscientizar toda a

sociedade, bem como profissionais de saúde, trabalhadores e gestores do

Sistema Único de Saúde (SUS) sobre garantias ao atendimento,

considerando as especificidades de saúde dessa população.

♀ Implementação do Centro de Referencia de saúde das mulheres Combate ao

câncer de mama. Políticas públicas mais acessíveis, maior atenção e

prevenção, através da conscientização. Política constante de conscientização

e de uma prática rápida e eficiente do exame “papanicolau” para todas as

mulheres.

♀ Construção de uma maternidade publica em Vitória.

DIRETRIZES PARA EDUCAÇÃO COMO DIREITO DE TODAS NÓS

O ajuste fiscal vem promovendo cortes de verbas para as áreas sociais. Um

exemplo é a precarização da educação pública, que tem impactos em nível nacional,

estadual e municipal. No ano passado foram cortados mais de R$ 10 bilhões da

Educação.

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Também enfrentamos o avanço do fundamentalismo religioso nas escolas, expresso

na dificuldade que a maioria dos municípios brasileiros teve para aprovar os Planos

Municipais de Educação, sob a acusação de uma suposta “Ideologia de Gênero”, um

obscurantismo que ameaça um princípio democrático estruturante de nossa

Constituição Federal: a laicidade do Estado.

PROPOSTAS

♀ Construção e investimento em creches e pré-escolas. A educação infantil é

um direito da criança e fundamental ao seu desenvolvimento. A Constituição

Federal e a LDB determinam a universalização da matrícula a partir de 4 anos

e o Plano Nacional define a meta de ampliar para 50% o atendimento das

crianças de 0 a 3. A creche também possibilita o engajamento produtivo das

mães.

♀ Universalização da educação básica. Expandir o acesso de meninas e

mulheres à educação formal na cidade e no campo. Garantir o que já foi

previsto nas 20 Metas do Plano Nacional da Educação. ———

http://pne.mec.gov.br

♀ Garantia de educação para as adolescentes reclusas e mulheres presas. A

maioria das mulheres presas tem somente o ensino fundamental completo. A

falta de acesso à educação em alguns estabelecimentos ocorre em maior

intensidade pela falta de infraestrutura de trabalho para profissionais da

educação. A educação é dever do Estado e direito garantido para todas.

♀ Debate de gênero nas escolas. Com os PPP (Projeto Político Pedagógico),

com garantia da Transversalidade dos PCN (Parâmetros Curriculares

Nacionais), livros didáticos livres de discriminação. É preciso afirmar a

necessidade de que a escola trabalhe com o respeito à condição da mulher e

à diversidade sexual.

♀ Promoção da igualdade de gênero. Empoderando mulheres em todos os

níveis de ensino, desde a educação infantil ao ensino superior. Fomentando a

participação feminina na política e em todos os espaços públicos.

♀ Políticas Públicas Curriculares de combate à violência contra as mulheres.

Debates e campanhas que enfrentem a cultura machista que historicamente

se eterniza nos espaços da sociedade que aceita a violência e impõe às

mulheres padrões de comportamento desde seus relacionamentos até as

roupas que utiliza, ao mesmo tempo em que incentiva a mercantilização do

corpo.

♀ Políticas Públicas educacionais que combatam a discriminação contra

mulheres negras, pobres, lésbicas e transexuais nos diversos níveis de

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ensino. Considerar a voz da mulher na sociedade brasileira é incluir no

currículo escolar essas histórias invisibilizadas, promovendo a cultura do

respeito às identidades e à diversidade.

♀ Pautar nas diferentes disciplinas temas como mortalidade materna, gravidez

na Adolescência e/ou indesejada, saúde sexual e reprodutiva.

♀ Garantir que as Escolas Municipais com a modalidade de Ensino da EJA

(Educação de Jovens e Adultos) no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das

matrículas no ensino fundamental, na forma integrada à educação

profissional. Deve ser garantida a oferta de EJA no turno diurno. Que essas

escolas tenham Brinquedotecas para filhos de alunas e minimizem a evasão

escolar de mulheres.

♀ Garantia de Financiamento Público em Educação como direito humano e com

conceito de educação para todas e todos. Pressionar pela meta de do PNE

2014-2024 de investimento de, no mínimo, 10% em educação até o final do

decênio. Articular a implementação de um novo parâmetro de Custo Aluno -

Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi) e o Custo Aluno Qualidade (CAQ) que

contemple as diversidades e desigualdades socioeconômicas históricas de

nossa sociedade.

DIRETRIZES PARA UMA VITÓRIA MAIS SEGURA PARA AS MULHERES

Tratar a questão da segurança pública a partir de uma perspectiva de gênero

significa reconhecer que a assimetria presente nas relações entre homens e

mulheres, e as desigualdades provenientes dela, são fatores que contribuem para o

desencadeamento de relações pautadas pela opressão, violência e subordinação

das mulheres.

O enfrentamento da violência de gênero contra as mulheres requer uma percepção

ampla sobre esta questão e a compreensão de que a mesma se corporifica e se

perpetua tanto nos espaços públicos, quanto privados. Diante disso, faz-se

necessário a implementação de um conjunto de medidas que, de forma articulada,

consigam dar conta da complexidade dessa problemática. A execução das políticas

públicas que versam sobre o combate à violência contra as mulheres deve se

pautar, assim, numa concepção de integralidade e transversalidade.

PROPOSTAS

♀ Implantar a Patrulha Municipal Maria da Penha, com a utilização de viaturas

da Guarda Municipal na realização de visitas residenciais às mulheres em

situação de violência doméstica.

♀ Implementar Centros de Referência de Atendimento à Mulher em cada região

do município, a fim de facilitar o acesso das mulheres ao serviço. Implantar

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um serviço especializado de psiquiatria, nos hospitais de referência de

atendimento à mulher, voltado para mulheres em situação de violência que

tenham desencadeado quadros psicossomáticos provenientes das violências

sofridas.

♀ Criar Casa de Acolhimento Provisório para mulheres em situação de

violência, que não estejam em risco eminente de morte e necessitem de uma

acolhida temporária (máximo 15 dias) e rápida resolução para o seu caso.

♀ Implementar um sistema de alarme, dentro dos coletivos, possibilitando a

comunicação das passageiras à segurança interna, a fim de que sejam

denunciados os casos de violência sexual e tomadas as medidas necessárias

para a responsabilização dos agressores.

♀ Implantar um disque denúncia para os casos de violência sexual dentro dos

transportes públicos coletivos, a fim de possibilitar o envio de viaturas ao local

da ocorrência.

♀ Reordenar as paradas dos transportes públicos coletivos, a fim de que

estejam localizadas em espaços iluminados e de fácil acesso para as

mulheres e que as mulheres possam descer fora dos pontos. Requalificar a

iluminação pública, evitando logradouros escuros e que vulnerabilizem as

mulheres a riscos de violência.

♀ Disponibilizar telefones públicos em locais de fácil acesso e com número

visível de chamada de emergência policial, dentro das comunidades, para

facilitar o seu uso pelas mulheres que estiverem em situação de violência.

♀ Fomentar debates e campanhas sobre o modelo de segurança pública

vigente em nosso país. É preciso combater a lógica militarista, racista,

machista e “LGBTfóbica” reproduzida pela guarda municipal e pelos demais

responsáveis pela segurança pública das cidades, estados e nação.

DIRETRIZES PARA MOBILIDADE URBANA & MORADIA – DIREITO DAS

MULHERES

Estima-se que 85% da população brasileira viva hoje nas cidades. Esta alta

concentração de pessoas, somada à falta de investimento em infraestrutura,

transporte coletivo de massas e espaços de convivência, resultam no que a filósofa

Marilena Chauí chama “o inferno das cidades”. Falta de acesso à moradia digna,

longas horas perdidas no trânsito e a insegurança são algumas das características.

O espaço urbano e os limites entre municípios de uma região metropolitana

obedecem à lógica de segregação, afastando as classes dos centros onde se

concentra a renda, o trabalho e os serviços públicos.

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Um Vitória de Verdade é uma cidade pensada para o povo, em particular para as

mulheres, onde se garanta acesso à moradia e o direito ao espaço público.

PROPOSTAS

♀ Transporte público 24h, porque temos direito ao lazer e não somos

Cinderelas!

♀ Transparência na gestão e auditoria dos contratos de concessionárias do

transporte público, com criação de conselhos populares, paritários entre

homens e mulheres, para seu acompanhamento e fiscalização.

♀ Pelo direito de ir e vir: redução das tarifas de transporte, buscando a

implementação da Tarifa Zero.

♀ Os corpos das mulheres não são públicos: campanhas contra o assédio

sexual e treinamento das guardas municipais e trabalhadores do transporte

público para lidar com as ocorrências.

♀ Padronização das calçadas, instalação de piso tátil para deficientes visuais e

guias rebaixadas para as pessoas com dificuldade de locomoção.

♀ Incentivo à ocupação e humanização de praças e parques, áreas

insubstituíveis para a expressão da vida coletiva.

♀ Integrar o planejamento local às questões regionais através da articulação

com municípios vizinhos.

♀ Participação popular na construção do Plano Diretor.

♀ Prioridade às mulheres nos programas de habitação, a maioria do arrimo de

família hoje no Brasil.

♀ Garantir a participação das mulheres e seu protagonismo no controle e

execução dos projetos de habitação popular.

DIRETRIZES PARA O TRABALHO E RENDA DAS MULHERES

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - IBGE do 1º

trimestre de 2015, 52,3% da população em idade para trabalhar é constituída por

mulheres. No entanto, a taxa de pessoas efetivamente ocupadas é maior entre os

homens: 67,4% contra 45,9%.

Aos homens ainda são delegadas atividades produtivas e mais valorizadas

socialmente, enquanto que, para as mulheres se sobressaem atividades ligadas à

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reprodução e ao cuidado, além das tarefas de manutenção e cuidado de seus lares

e suas famílias. As mulheres ainda recebem salários inferiores aos dos homens.

Em que pese o inegável aumento da participação feminina no mercado de trabalho,

esse crescimento não ocorre de maneira equânime. As mulheres das classes

médias e altas se inserem em áreas que exigem nível superior de ensino. Já as que

pertencem às classes mais pobres ficam com os postos de trabalho mais

precarizados, com o trabalho doméstico e a informalidade. Em Vitória não é

diferente. Assim, é imprescindível a implementação de políticas públicas visando a

erradicação da pobreza, a diminuição das desigualdades entre os gêneros no

mundo do trabalho e a construção da autonomia das mulheres.

PROPOSTAS

♀ Reduzir o analfabetismo e aumentar o nível de escolaridade das mulheres,

dando atenção especial às mulheres em situação de rua, às mulheres com

deficiência, às mulheres privadas de liberdade e egressas do sistema

carcerário, às adolescentes que cumprem ou cumpriram medidas

socioeducativas.

♀ Capacitar e qualificar profissionalmente as mulheres, inclusive nas áreas

consideradas tradicionalmente como masculinas, garantindo a inclusão digital

e observando as especificidades geracionais, culturais, territoriais e étnico-

raciais.

♀ Ampliar o acesso das mulheres com deficiência no mercado de trabalho

formal e incentivar a implementação da política de cotas para pessoas com

deficiência nas empresas.

♀ Apoiar iniciativas de geração de renda protagonizadas por mulheres, na

perspectiva da economia solidária, e auxiliar o acesso dessas mulheres às

linhas de crédito produtivo e ao apoio técnico necessário para o desempenho

de sua atividade.

♀ Campanhas para estimular a divisão das tarefas domésticas entre homens e

mulheres.

♀ Além da ampliação do número de vagas na rede de educação infantil,

proporcionar às famílias atendimento em horários mais flexíveis.

♀ Construir e/ou ampliar a rede de restaurantes populares e oferecer cozinhas e

lavanderias coletivas nos bairros.

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♀ Combater a precarização do trabalho, a terceirização e a degradação do

trabalho. Informar às trabalhadoras sobre os seus direitos a fim de combater a

violência institucional nas empresas privadas e instituições públicas,

sobretudo o assédio moral e sexual.

♀ Apoiar os grupos de mulheres da agricultura familiar, garantindo o acesso à

água e à terra.

♀ Valorizar o trabalho doméstico remunerado e incentivar a formalização das

empregadas domésticas.

5.3 SEXUALIDADE É MUM DIREITO. PROGRAMA LGBT

A questão LGBT não passa mais despercebida durante o período eleitoral no Brasil,

sendo um ponto de debate e constante tensionamento. Para exemplificar isso, basta

lembrarmos que, durante as eleições presidenciais de 2014, as quatro candidatas

mais votadas (Dilma, Aécio, Mariana e Luciana) apresentavam políticas voltadas

para o público LGBT, ficando para as candidaturas de extrema-direita (Fidélix e

Pastor Everaldo) o papel de deslegitimação das políticas LGBT e a apresentação de

posicionamentos assumidamente LGBTfóbicos.

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A candidatura do PSOL, em 2014, cumpriu um papel fundamental de tensionamento

das candidaturas de centro-esquerda (PT), de direita (PSDB) e centro-direita (PSB),

escancarando suas contradições, pois na prática flexibilizavam o programa LGBT

em troca de apoio das forças conservadoras, em especial de organizações e

lideranças católicas e evangélicas.

Nos últimos dez anos, passamos por mudanças significativas na forma como o

poder público se relaciona com as temáticas LGBT, de um cenário de total

invisibilidade para a construção de um reconhecimento público da necessidade de

políticas públicas voltadas para a promoção de cidadania e combate à discriminação

contra a população LGBT. Tais políticas foram impulsionadas principalmente pelos

governos petistas, a partir da gestão Lula (2003-2010), entretanto sendo aplicadas

por partidos de diferentes matrizes ideológicas, dependendo do grau de pressão dos

movimentos LGBT locais e de sua capacidade de negociação com o poder público.

Logicamente, vivemos uma conjuntura bastante desfavorável para a construção de

política LGBT, sendo um momento de ofensiva do conservadorismo político, que

conseguiu retirar o debate sobre gênero e orientação sexual do Plano Nacional da

Educação, em 2014, e da maioria dos Planos Estaduais e Municiais, em 2015. Em

alguns estados, tivemos inclusive a derrubada do decreto de criação do Conselho

Estadual LGBT, pela Assembleia Legislativa, com a presença de protestos

conservadores, organizados por lideranças evangélicas e católicas.

Com o Governo Temer, vemos um movimento de apagamento das questões LGBT e

alinhamento com os setores mais conservadores da política nacional, vide a

disposição do governo em negociar com os evangélicos (se comprometendo

inclusive à avaliar o combate a “ideologia de gênero”), e sua indisposição em

dialogar inclusive com setores à direita do movimento LGBT.

O PSOL tem um papel fundamental nas eleições municipais de 2016: apresentar um

programa de esquerda radicalmente democrático, crítico ao sistema capitalista e

comprometido com as populações oprimidas e as classes trabalhadoras. Neste

momento atual, em que as políticas de esquerda e em especial as políticas LGBT

sofrem duros golpes, é essencial o papel de um partido que não se rende ao poder

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econômico e ao pragmatismo eleitoral, mas que consegue apresentar um programa

político coerente com sua base social e pautas que defende.

Além disso, a cidade de Vitória necessita de uma administração pública que afirme a

pluralidade de formas de expressão da sexualidade. De forma alguma a sexualidade

pode ser tratada como um "problema", mas como possibilidade de enriquecer o

panorama relacional e cultural de um território. Dessa forma, a administração precisa

acatar questões que ainda restringem a vida de LGBTs na cidade. Vivemos em um

estado extremamente conservador e violento, que mata muitos LGBTs. Tal ataque

deve atuar de forma transversal na educação, saúde, educação, segurança e

trabalho como garantia de direitos à essa população e combate a todo tipo de pré-

conceito e discriminação. Necessário a criação e fortalecimento de mecanismos de

participação popular efetiva, que dê voz às populações não representadas pelo

legislativo. Garantir a parte municipal do tripé da cidadania pensado pelo governo

federal: Conselho LGBT, Plano Municipal para a população LGBT, Coordenadoria

LGBT.

Principais marcos jurídicos e políticos para a construção de políticas LGBT:

Programa Brasil Sem Homofobia (2004);

Anais das conferências municipais e estaduais LGBT (2008, 2011, 2016);

Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (2009);

Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (2009);

Política Nacional de Saúde Integral de LGBT (2009);

Criação do Conselho Nacional LGBT (2010);

Criação do Sistema Nacional de Promoção de Direitos LGBT (2013)

DIRETRIZES E PROPOSTAS GERAIS

Algumas ações de políticas LGBT em âmbito municipal, que possuem função

organizativa e articuladora das políticas nas mais diversas esferas (educação,

saúde, segurança pública, etc.), com a necessidade de destinação de dotação

orçamentária específica e quadro técnico capacitado, além de diálogo permanente

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com a sociedade civil. É necessária a atenção à possibilidade de intervenção do

poder legislativo na tentativa de derrubar tais políticas.

1. Criação de uma Coordenadoria LGBT, por meio de decreto do executivo,

vinculada à secretaria responsável pela promoção de Direitos Humanos: a

coordenadoria tem como responsabilidade a articulação governamental de ações

voltadas para o público LGBT, buscando também a promoção de políticas de

sensibilização do poder público, articulação inter-secretarial e capacitação interna.

2. Criação do Conselho Municipal LGBT, por meio de decreto do executivo, além

do comprometimento do governo em ter uma participação efetiva em seu espaço,

que é dividido entre poder público e sociedade civil, dando consequência política

real para suas deliberações.

3. Comprometimento com a construção de um Plano Municipal LGBT, com

participação efetiva e real da sociedade civil, em especial de grupos protagonistas

da pauta LGBT: o plano tem como função a elaboração de metas e ações

vinculadas a criação de políticas de promoção de cidadania e combate ao

preconceito e discriminação, voltadas à população LGBT, sendo formalizado por

meio de decreto do poder executivo ou projeto legislativo

4. Criação de um Centro de Cidadania LGBT, responsável pelo atendimento direto

de demandas advindas da população LGBT, seja para o atendimento a pessoas

vítimas de violência, das especificidades da população trans, da construção de

eventos e projetos vinculados à questão LGBT, entre outras funções.

5. Regulamentação do Nome Social, por meio de decreto ou portaria, no âmbito dos

serviços públicos municipais, tanto em relação às pessoas atendidas, quanto à

organização do quadro de servidores/as públicos.

DIRETRIZES E PROPOSTAS ESPECIFICAS:

É importante o destacamento de algumas ações específicas, em esferas

estratégicas do poder público:

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1. Educação:

- Realização de capacitação sobre Direitos Humanos, diversidade sexual e de

gênero para gestores/as e professores/as do sistema público de educação.

- Construção de uma campanha de combate à violência contra a população LGBT

nas escolas.

- Regulamentação do uso do nome social nas escolas municiais, além do

estabelecimento de condições para a permanecia das pessoas transexuais e

travestis nas escolas.

- Garantia de assento para a população LGBT no Conselho Municipal de Educação.

2. Saúde:

- Garantir a utilização efetiva do nome social no âmbito do SUS.

- Criação de um Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, com o

objetivo de atendimento das especificidades dessa população.

- Proporcionar a realização de capacitação técnica, para os/as servidores/as da

saúde pública, voltada para o atendimento das especificidades da população LGBT

no SUS.

3. Segurança Pública:

- Capacitação de agentes de segurança pública, em especial a guarda municipal,

sobre Direitos Humanos e questões LGBT.

- Garantia do respeito ao nome social no âmbito da segurança pública.

- Construção de um programa de combate a violência contra a população LGBT.

5.4 JUVENTUDES E O DIREITO À CIDADE

CONCEPÇÃO

O termo juventude pode à primeira vista ser de fácil entendimento e definição.

Porém, quando investigada a realidade das juventudes, fica claro que em relação ao

termo, não é possível de se ter um fácil consenso. A discussão acerca de uma

definição de juventude é necessária visando o reconhecimento de uma importante

parcela da sociedade e o seu reconhecimento pelas políticas públicas.

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A princípio, a juventude é reconhecida pelo seu “espírito de revolução”, um estado

de mudança, uma determinada faixa etária (como de acordo com o Estatuto da

Juventude que define como jovem a população entre 15 e 29 anos), um momento de

preparação para a idade adulta, uma fase de descobertas, escolhas.

A juventude contemporânea apresenta aspectos ainda mais especiais, como a

diferenciação de expectativas em relação as gerações passadas, a exigência do

mercado de trabalho (limitando ainda mais o tempo de presença do jovem na

escola), a transferência de responsabilidade da apatia da sociedade a suposta

apatia da juventude, o crescimento da atração ao conservadorismo econômico e

social.

Mas se tratando do sistema capitalista, é importante de se pensar que a juventude é

projetada como uma etapa de preparação da mão de obra. E se tratando da cidade,

é importante de se pensar nas diferentes realidades que a juventude se defronta nos

territórios da cidade, muitas vezes encarado como perigoso ou criminoso em

potencial, na periferia, e, rebelde quando nas regiões de classe média-alta.

Portanto, uma forma mais adequada de entendimento, seria, partindo da

diferenciação consequente da própria desigualdade de renda no território da cidade,

definir juventude como uma parcela considerável da sociedade que, apesar de todas

as diferenciações em termos econômicos e sociais, encara desafios e sofre

pressões de todo tipo. E por isso tem responsabilidade e também a capacidade de

atuação e transformação da sociedade.

Apresentadas questões sobre a própria definição de Juventude, cabe agora indicar a

concepção, o princípio norteador e as ações elencadas pelo setorial.

A concepção de programa parte do entendimento de que este deve abarcar o

Estatuto da Criança e do Adolescente incorporando as diferentes manifestações

sociais e de renda das juventudes, tendo como princípio norteador a busca por

processos educacionais de reconhecimento dessa importante parcela da sociedade

enquanto classe e de fundamental participação política.

PROPOSTAS

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Garantir orçamento para as políticas de juventude

Reestruturar e ampliar a capacidade de atuação do Conselho Municipal de

Juventude

Equidade no território da cidade da oferta de aparelhos

Articular os movimentos e espaços de cultura com a juventude

Fortalecer, promover e incentivar a participação da Juventude

Fortalecer a atuação da organização da juventude nos grêmios estudantis

Promover políticas voltadas a juventude em situação de vulnerabilidade social

Articular junto a Frente Nacional de Prefeitos ações contra o Projeto de Lei

“Escola sem partido”

Promover junto a Frente Nacional de Prefeitos campanhas contra a redução

da maioridade penal e alterações penosas do ECRIAD e do Estatuto da

Juventude

Promover discussões informativas sobre drogas e juventude fora do âmbito

policial

Promover discussões sobre segurança pública e juventudes.

Promover uma política de formação de educadores populares para atuação

nos territórios de residência do educador

Incentivo e promoção do esporte nas escolas e comunidades, como elemento

de formação da Juventude

Ampliar o acesso e a comunicação informativa das ações e programas da

prefeitura para a Juventude

Utilização dos aparelhos públicos já existentes na promoção de atividades

para a juventude (escolas abertas e bem relacionadas com a comunidade).

Ampliar a cobertura e acesso a internet a juventude.

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6. REFERENCIAS.

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BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. 5ed. 4ª reimp.. São Paulo: Globo 2005. HARVEY, David. Espaços de Esperança. 4 ed. São Paulo: Loyola, 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). IBGE CIDADES: Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php. INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES (IJSN). Produto Interno Bruto (PIB) dos Municípios do Espírito Santo (2013), Dezembro de 2015. Disponível em: http://www.ijsn.es.gov.br/artigos/4466-produto-interno-bruto-pib-dos-municipios-2013. LOUREIRO, Carlos Frederico B. Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2011. MESZÁROS, István. O desafio e o fardo do tempo histórico. São Paulo: Boitempo, 2007.

PSOL 50. Programa do Partido Socialismo e Liberdade. Disponível em http://www.psol50.org.br/partido/programa/2015, acesso em julho de 2016. SILVA, Maria Abadia. Qualidade social da educação pública: algumas aproximações. Cad. Cedes, Campinas, vol. 29, n. 78, p. 216-226, maio/ago. 2009. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 14. Ago 2016 SILVA, Maria das Graças e. Questão ambiental e desenvolvimento sustentável: um desafio ético-político ao Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2011.

SINDUSCON. 29º CENSO Imobiliário – Relatório Prévio. Vitória: Sinduscon, 2015 Disponível em http://www.sinduscon-es.com.br/v2/upload/232016101648_apresentacao_censo_novembro_2015_previa.pdf. Acesso em: julho 2016. VITÓRIA, Prefeitura Municipal. Agenda Vitória. Vitória: PMV, 2008.