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PROGRAMA DE GOVERNO PREFEITURA DE VITÓRIA – PSOL.
ANDRÉ MOREIRA 50
PROGRAMA VITÓRIA DE VERDADE
VITÓRIA
2015
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PROGRAMA DE GOVERNO PREFEITURA DE VITÓRIA – PSOL.
ANDRÉ LUIZ MOREIRA Candidato a Prefeito ‘
BRICE BRAGATO Candidata à Vice-Prefeita
EQUIPE DE ELABORAÇÃO
Bruna Gatti Mesquita Gilberto Batista Campos Haroldo Ferreira Lima Maria Helena Elpídio Abreu Raphael Rodrigues de Oliveira Rita de Cássia Santos Lima (Coordenadora)
COLABORAÇÃO DOS GRUPOS SETORIAIS
Economia, Trabalho e Finanças:Raphael Rodrigues de Oliveira, Camila Valadão, Gilberto Batista Campos, Railam Pires. Segurança e Garantia de Direitos Humanos: Maria Helena Elpídio Abreu, Fabiola Xavier Leal, Nicolas B. Bortolon, Marcos V. Dessaune, Renata Monteiro, Nildete Turra Assistência Social: Maria Helena Elpídio Abreu, Gilsa Helena Barcelos, Tuanne Almeida de Souza, Ana Claudia da Cruz Costa, Marcos Vervloet Dessaune. Educação: Gilberto Campos, Laureny G. França, Chaila G. de Oliveira M de Carpes, Eliete Brito da Silva, Antonio Carlos Barbosa Junior, Liudimila Katrini Proximozer, Railan Anjo pires, Felipe Augusto Franco Fabres. Mulheres: Rita de Cássia Santos Lima, Eliete Brito da Silva, Raquel Mattos, Bruna Mesquita Gatti, Suellen G. S. Suzano de Oliveira, Tuanne Almeida, Paula Morais Coradi, Renata R. Garcia. Cidade: Moradia, Mobilidade Urbana e Mobilidade: Rita de Cássia Santos Lima, Alba Soares de Aguiar, ErayltonMoreschi Jr, Lucas D. Cuzzuol, Mauro Ribeiro, Jonas MaikonSimoura, Helder Gomes, Messias S. de Souza, Luzia Barbosa, Yvana Belchior, BriceBragato, Gilberto Batista Campos, Camila Valadão. Negros e Negras: Gilberto Batista Campos, Ilma Vianna, Rita Lima Juventude: Jonas MaikonSimoura, Vitor Augusto Rocha Pompermayer, Sophia Rosa, Sara LibinaCruzio, FrancysLacchine, Camila Valadão, Rondinelli Lima, Christian Tonon, Douglas Santhos, Railam Pires, Raphael Rodrigues de Oliveira.
Cultura e Comunicação: Haroldo Lima, Bruna Gati, Muriel Falcão, Guilherme Rebelo, Cora Made, Willer
Villaças, Rosa Rasuck, Vitor Taveira, Duílio Kuster Cid, Leandra Moreira, Eduardo Selga, Priscila Milanez,
Livia Corbelari, Laureni França.
Saúde: Débora Mendonça, José Anésio Fernandes do Vale, Maria
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
1. EIXOS DE ATUAÇÃO..........................................................................................9
EIXO 1 – ECONOMIA, TRABALHO E FINANÇAS....................................................9
DIRETRIZES...........................................................................................................22
PROPOSTAS ,........................................................................................................24
EIXO 2 – UMA CIDADE DE VERDADE ..................................................................25
2.1 HABITAÇÃO.....................................................................................................29
DIRETRIZES PARA A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL...............................32
DIRETRIZES PARA A GESTÃO TERRITORIAL.....................................................33
PROPOSTAS ,.......................................................................................................34
2.2 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE..................................................................35
DIRETRIZES...........................................................................................................36
PROPOSTAS ,........................................................................................................37
2.3 MEIO AMBIENTE..............................................................................................39
DIRETRIZES......................................................................................................... 48
PROPOSTAS ,........................................................................................................48
EIXO 3 – PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CONTROLE DEMOCRÁTICO E
COMUNICAÇÃO POPULAR....................................................................................51
DIRETRIZES...........................................................................................................54
PROPOSTAS ,................................................................................................... .......54
3.1 COMUNICAÇÃO............................................................................................... 55
DIRETRIZES...........................................................................................................57
PROPOSTAS .........................................................................................................57
EIXO 4 –GARANTIAS SOCIAIS E SEGURANÇA DE DIREITOS............................59
4.1 POLÍTICA DE ASSISTENCIA SOCIAL – SUAS................................................60
DIRETRIZES...........................................................................................................63
PROPOSTAS.......................................................................................................................63
4.2 CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA DE DIREITOS..............64
DIRETRIZES..........................................................................................................69
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PROPOSTAS...........................................................................................................70
4.3 EDUCAÇÃO É UM DIREITO NÃO É MERCADORIA........................................71
DIRETRIZES...........................................................................................................79
PROPOSTAS..........................................................................................................80
4.4. POLITICAS DE SAÚDE...................................................................................82 DIRETRIZES E PROPOSTAS................................................................................82
3.5 CULTURA..........................................................................................................85 DIRETRIZES...........................................................................................................88
EIXO 5 – CIDADE DA DIVERSIDADE....................................................................90
5.1 COMBATE AO RACISMO E PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL.............90
DIRETRIZES..........................................................................................................92
PROPOSTAS.........................................................................................................94
5.2 MULHERES PELO DIREITO À CIDADE..........................................................95
DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA A SAUDE.....................................................96
DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO.............................................. 97
DIRETRIZES E PROPOSTA PARA UMA VITÓRIA MAIS SEGURA PARA AS
MULHERES............................................................................................................ 99
DIRETRIZES E PROPOSTAS PARA MOBILIDADE URBANA & MORADIA –
DIREITO DAS MULHERES...................................................................................100
DIRETRIZES PARA O TRABALHO RENDA DAS MULHERES............................102
5.3 SEXUALIDADE É UM DIREITO. PROGRAMA LGBT.....................................103 DIRETRIZES E PROPOSTAS GERAIS...................................................................105 DIRETRIZES E PROPOSTAS ESPECIFICAS.........................................................106 5.4 JUVENTUDES E O DIREITO À CIDADE........................................................107
DIRETRIZES E PROPOSTAS...............................................................................108
6. REFERENCIAS.................................................................................................110
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APRESENTAÇÃO
Este documento trata do Programa de Governo elaborado coletivamente para a
campanha eleitoral de 2016 à Prefeitura Municipal de Vitória e apresentado ao
Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, como parte dos requisitos à inscrição
da chapa do PSOL.
Vale registrar o compromisso do PSOL com processos de fortalecimento das vias
democráticas e populares que podem ser asseguradas por meio dos dispositivos
constitucionais e jurídicos que legitimem o processo de representação social no
âmbito do Legislativo e do Executivo.
Desta forma, o presente Programa foi elaborado por meio de rodas de conversas
com a participação de sujeitos políticos de segmentos sociais como mulheres,
negras/os, jovens, trabalhadores, técnicos e especialistas/pesquisadores(as) nas
áreas de educação, economia, direitos humanos, cidadania, segurança, assistência
social, saúde, políticas urbanas, meio ambiente, comunicação e cultura, dentre
outros. Como estratégia metodológica a equipe de trabalho, também, realizou
pesquisas em documentos já formulados por administrações anteriores para o
município de Vitória, tais como agendas públicas, relatórios técnicos e dados
secundários de institutos de pesquisa e estatísticas.
As rodas de conversas realizadas no decorrer dos meses de junho e julho
permitiram um olhar amplo e consistente em relação aos desafios para a gestão
pública municipal, contemplando, sobretudo, as contradições presentes na cidade
que a colocam em destaque no cenário positivo, mas a faz conviver com fenômenos
perversos de um modelo de sociabilidade que prioriza o lucro em detrimento da vida.
Certos de que a construção de uma “Vitória de Verdade” é possível e urgente,
apresentamos nossas propostas para a Municipalidade.
ANDRÉ LUIZ MOREIRA BRICE BRAGATO Candidato a Prefeito Candidata à Vice-Prefeita
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INTRODUÇÃO
Na formulação do programa para o pleito de 2016, o PSOL apresenta as suas
concepções gerais sobre a relação institucional, cidadão-municipio, e a dimensão
estratégica de seu projeto de poder. Ao vencer as eleições municipais para a cidade
de Vitoria, será o momento de colocar em xeque a sua capacidade de atender as
demandas da cidade de maneira ágil, eficiente alterando qualitativamente o modus
operandi da administração municipal com a introdução de novos princípios para o
serviço publico tendo como objetivo atingir satisfatoriamente o dia a dia do cidadão e
da cidadã da Capital.
O socialismo pretendido será uma construção diária a partir da capacidade de
transformar utopia e desejos em ação concreta e a partir da mediação entre os
objetivos estratégicos e a realidade das pessoas que habitam a cidade.
Ganhar as eleições municipais significa conquistar governos municipais e não é a
tomada do poder em nível local pelas mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Administrar uma Prefeitura é um instrumento importante para inibir, nos limites da
administração municipal, a dominação econômica, politica e cultural numa cidade
hoje dividida entre as camadas com poder aquisitivo elevado e as populações
pauperizadas oriundas dos guetos, dos morros e das periferias.
A proposta de um governo popular exige a descentralização do poder materializada
na ação deliberativa dos Conselhos Democráticos na formulação e fiscalização da
execução das politicas publicas, bem como, na participação direta dos
moradores(as) de Vitória na elaboração da proposta orçamentaria. Esta será a
marca da ação democratizante da Administração Municipal conduzida pelo PSOL.
.
A inversão de prioridades com participação popular é componente de um projeto
transformador, não obstante sabe-se que este projeto está desafiado a superar os
limites em face das crises constantes do capital, das implicações do pacto federativo
brasileiro, das receitas publicas aquém das necessidades cada vez maiores e,
principalmente, dos entraves da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
.
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A inversão de prioridades é a noção que se tem da crise fiscal do Estado e o
processo de descentralização de recursos para pactuar com os/as cidadãos e
cidadãs a superação das graves carências do munícipios tendo a exata noção de
quem pagará e quem receberá os benefícios.
Vitória de verdade é a cidade que você conhece, onde você brincou e
cresceu, onde hoje você vive e cria seus filhos. Mas Vitória de verdade
também é outra cidade, uma cidade diferente.
Vitória de verdade é uma cidade das mulheres, de todos os cantos e de
todas as cores, de todos as religiões e de todas as sexualidades, é uma
cidade que vive da cultura de seu povo e nela se vê, como vê todos os
dias um horizonte de possibilidades verdadeiras, como vejo todos os dias
quando olho para o mar ou para o mangue.
Uma Vitória de verdade é a cidade que o PSOL quer descobrir e viver
com você.
Os tempos parecem sombrios e tristes no Brasil. Em Vitória nada parece
diferente. Vivemos encharcados pela chuva negra que adoece e fere as
vistas. A beleza dos corpos divide espaço com as marcas da violência e
da opressão.
Passamos mais tempo à espera do verdinho do que na companhia dos
nossos amigos.
Passamos mais tempo na fila à espera da consulta do que aproveitando
nossa família.
A educação de nossos filhos não parece prioridade quando a única
esperança que nos sobra é uma educação de verdade.
Uma Vitória de verdade é um encontro alegre de amigos na praça ou no
“rock”.
Vitória de verdade é uma festa de família.
É a liberdade que uma saúde, uma educação e um trabalho digno podem
proporcionar.
O PSOL quer viver uma Vitória de verdade com você nestas eleições!
Vitória de verdade é acreditar que a política pode mudar os nossos dias.
Que uma política ética e alegre, feita na rua com os movimentos sociais e
com quem realmente precisa dela, pode transformar Vitória e o Brasil.
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Para que esses sonhos, para que os nossos sonhos se tornem realidade,
o PSOL apresenta ao município a candidatura de André Moreira e demais
candidatos do partido, que juntos apresentam o programa de governo
“Vitória de Verdade” neste documento.
Que Vitória é uma cidade desigual não há questionamentos, mas os indicadores
positivos e negativos convivem na contradição muitas vezes perversa, para isso pelo
menos duas hipóteses/perguntas que não se antagonizam, e se complementam
podem ser colocadas no debate:
1. As análises dos indicadores sociais e econômicos que colocam Vitória como
uma das melhores cidades para se viver, se baseiam em parâmetros que
reproduzem e se materializam por meio de uma concepção de heterônoma,
característica da sociedade brasileira, cuja a avaliação e os valores se
colocam “Pelo alto” (Florestan Fernandes, 2005), capaz de introduzir no
ideário social a face de uma industrialização tardia e uma crença no
desenvolvimento capitalista como meta e como “evolução”. Por isso, partindo
dessa premissa o custo social e ambiental torna-se irrelevante diante da
aposta em um futuro que não se sustenta com valores universais, mas
alimenta ideologicamente uma cidade que aparentemente é comercialmente
“vitrine” deste modelo;
2. Os indicadores positivos estão sendo conquistados por processos de
elevação da renda entre os mais ricos que usufruem da cidadepela via do
consumo de bens e serviços, diversamente dos mais pobres que dependem
de investimentos públicos e ampliação do acesso às politicas públicas para
melhoria de condições dignas de vida. O contrário deste circuito da “Ilha da
Fantasia”, encontram-se os cidadãos/ãs que não podem “pagar tão caro” para
viver nesta cidade e são assim “excluídos ou silenciados” em sua dinâmica,
em processos de violação de direitos, gentrificação, especulação imobiliária,
migração, desemprego/subemprego, discriminação, extermínio. Os sujeitos
que se adequam no perfil da cidade podem aqui viver e criar seus vínculos,
suas famílias e os que não se adequam a essas “regras e ao padrão” da
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cidade são destituídos das condições de aqui sobreviver. A segregação é
naturalizada e reproduzida por valores excludentes!
Assim, os imperativos para qualquer projeto de futuro encontram-se no acesso ao
trabalho, na universalização de políticas públicas sem prejuízo da adoção de
politicas especificas para correção das desigualdades resgatando o papel do Estado
como promotor da cidade coletiva, uma “Vitória de Verdade”!
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PROGRAMA DE GOVERNO PARA UMA “VITÓRIA DE VERDADE”
EIXO 1 – ECONOMIA, TRABALHO E FINANÇAS.
Uma análise da conjuntura econômica dos municípios: A queda do nível de
atividade, o impacto nas receitas e as medidas conservadoras.
O atual cenário político e econômico coloca uma tarefa árdua e necessária para os
partidos de esquerda. O processo de impeachment e todos os seus
desdobramentos, acentua uma nova jornada de lutas em defesa de direitos e
políticas sociais, cabendo a esquerda socialista ser crítica e também proponente em
seus vários campos de atuação. Críticas e proposições que devem se caracterizar
enquanto alternativas às diversas políticas promovidas seja em esfera federal,
estadual e municipal, nos últimos anos. Ser crítico da política tradicional em suas
várias matizes é uma das caraterísticas fundacionais e fundamentais para o PSOL.
Em termos econômicos, a deterioração generalizada nos indicadores com fortes
efeitos sobre os salários, o nível de emprego, e principalmente da gestão pública, no
que diz respeito na capacidade de arrecadação e manutenção de serviços públicos
à população. Repercute também na adoção de mais medidas de contingenciamento
orçamentário nas áreas sociais e reintrodução da lógica privatista dos serviços
públicos (terceirização, Organizações Sociais, concessões, venda de patrimônio),
como soluções para essa conjuntura.
Por entender que historicamente essas medidas já se mostraram equivocadas, por
considerarque não houve paralisação nesse processo. Por convicção, o PSOL
apresenta outra análise assim como ações que se diferenciem do conservadorismo
econômico que trabalha com a máxima de “uma única solução” e aponta os ônus
dessa para aqueles que não são os responsáveis pelas crises: os trabalhadores e
trabalhadoras.
A conjuntura econômica municipal reflete a situação nacional e estadual pelos
vínculos federativos no âmbito das finanças públicas. As participações das
transferências do Estado e da União nas receitas municipais indicam a plena
correlação entre a solvabilidade das finanças públicas da União e do Estado com os
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municípios. Pelo fato desses últimos também constituírem-se parte do chamado
setor publico consolidado, o próprio ajuste fiscal a nível federal já praticamente
obriga os municípios a seguirem a mesma orientação em termos de política
econômica.
É diante desse cenário que os municípios se veem afetados, asfixiados” pela queda
das receitas e pela má gestão, apontando como solução os mesmos mecanismos
adotados há anos no país (paradigma dominante em termos de gestão pública) dado
pelo discurso de necessidade de cortes nos gastos públicos (em especial nas áreas
sociais), privatizações, congelamento de salários, entre outros.Portanto, os desafios
consistem na realização de ações que garantam a qualidade e a expansão das
políticas sociais, dos direitos de cidadania.
VITORIA EM DADOS – DIAGNÓSTICO.
Apesar de todas as dificuldades discutidas anteriormente, quando observado em
termos comparativos, Vitória se situa entre as cidades que apresentam indicadores
de relevância como por exemplo o PIB per capta dentre as capitais, os índices de
GINI e Índice de Desenvolvimento - IDH.
A cidade, de acordo com o IBGE (2015), tem um território de 96,53 km² de extensão
e uma estimativa de 355.875 mil habitantes.Segundo dados do Censo de 2010,
Vitória conta com uma população residente de 327.801 habitantes, sendo 153.948
homens e 173.853 mulheres. Quando segregamos a população por raça/cor temos o
seguinte: dos 153.948 homens 66.307 são pardos, 15.193 são pretos, 454 são
indígenas, 1.009 são amarelos e 70.980 são brancos. Das 173.853 mulheres 72.770
são pardas, 15.119 são pretas, 543 são indígenas, 1.277 são amarelas e 84.142 são
brancas. Observa-se que Vitória é uma cidade feminina e negra.
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TABELA 1- QUADRO DE INFORMAÇÕES GERAIS DO MUNICÍPIO1.
INDICADOR VALOR
POPULAÇÃO (ESTIMADO IBGE, 2015) 355.875
EXTENSÃO DO TERRITÓRIO (IBGE) 96,53 km²
PIB (em R$ milhões) R$22.289,82
PIB PER CAPTA (em Reais) R$64.002,00
INDICE DE GINI 0,47
INDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
0,84
Elaboração Própria a partir de dados do IBGE Cidades/IJSN.
A população de Vitória está distribuída em 83 bairros e 9 regiões administrativas
conforme tabela abaixo.
TABELA 2 - REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE VITÓRIA.
REGIÕES ADMINISTRATIVAS BAIRROS
1. Centro Centro, Fonte Grande, Piedade, Parque Moscoso, Do Moscoso, Santa Clara, Vila Rubim, Ilha do Príncipe.
2. Santo Antonio Mário Cypreste, do Quadro, Do Cabral, Caratoíra, Ariovaldo Favalessa, Santo Antonio, Sta Teresa, Bela Vista, Inhanguetá, Estrelinha, Universitário, Grande Vitória.
3, Jucutuquara Jucutuquara, bairro de Lourdes, Horto, Gurigica, Consolação, Nazaré, Cruzamento, Fradinhos, Romão, Forte São João, Ilha de Sta Maria, Monte Belo, Bento Ferreira e Jesus de Nazareth.
4. Maruípe Maruipe, Tabuazeiro, Santa Cecília, Santos Dumnont, Bonfim, São Benedito, Bairro da Penha, Itararé, Santa Marta, Andorinhas, Joana D"Arc, São Cristovão.
5. Praia do Canto Praia do Suá, Enseada do Suá, Santa Helena, Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Santa Lúcia, Santa Luisa, Barro Vermelho.
6. Goiabeiras Goiabeiras, Antonio Honório, segurança do Lar, Sólon Borges, Maria Ortiz, Jabour, Aeroporto
7. São Pedro Conduza, São Pedro, Santos Reis, São José, Santo André, Ilha das Caieiras, Redenção, Conquista, Nova Palestina, Resistência
8. Jardim Camburi Jardim Camburi, Parque Industrial
9. Jardim da Penha Jardim da Penha, Mata da Praia, Bairro Republica, Morada de Camburi, Boa Vista, Pontal de Camburi.
Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória.
A estrutura econômica da cidade é dada principalmente pela atividade industrial a
partir das operações da Vale e das empresas do Complexo de Tubarão, além do
1 Os dados econômicos tem como fonte o Instituto Jones dos Santos Neves (2015) para o ano de 2013. Os dados
de população, extensão territorial, índice de GINI e IDH são do IBGE CIDADES (estimativas para 2015).
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setor de serviços, consistindo desde fornecedores da própria atividade industrial, a
empresas de pequeno e médio porte relacionadas ao setor de gastronomia,
hotelaria, tecnologia da informação, entre outros.
TABELA 3- PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONOMICAS.
INDICADOR VALOR
PRINCIPAIS NIVEIS DE ATIVIDADE (em R$
milhões)
R$14.987,10 (67,23%)
INDUSTRIA R$3.826,28 (17,17%)
SERVIÇOS R$11.160,82 (50,07%)
Serviços exceto adm. Pub R$9.250,74 (42,71%)
Adm. Pública R$1.640,09 (7,36%)
Elaboração Própria a partir de dados do IBGE Cidades/IJSN.
Essa configuração pode ser vista pela tabela de participação percentual no PIB das
atividades econômicas, confirmando que a indústria e os serviços correspondem a
praticamente 60% das atividades até 2013, possivelmente não ocorrendo alteração
até o presente momento, a não ser por redução de um setor em contraposição ao
crescimento de outro setor.
TABELA 4 - PERCENTUAL VALOR ADICIONADO PIB A PREÇOS CORRENTES (%) – VITÓRIA 2010 a 2013.
ITEM/ANO 2010 2011 2012 2013
Indústria 25,37% 23,79% 22,14% 17,17%
Serviços 45,67% 42,35% 45,21% 50,07%
Impostos líquidos de
subsídios
28,93% 33,83% 32,62% 32,71%
Elaboração própria a partir de dados do IJSN.
A orientação econômica para o desenvolvimento especializado voltado à lógica do
comércio exterior, a partir da ampliação do porto de vitória e da construção do
complexo portuário de tubarão nos anos 1970, inviabilizam uma série de outras
atividades potenciais internas que poderiam se desenvolver de forma alternativa a
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essa dependência ao cenário externo e as fontes de financiamento via
transferências de receitas.
A cidade se caracteriza por ser a única dentre as capitais litorâneas, a não ter forte
atrativo turístico de verão (basta compararmos com as capitais da região nordeste
assim como a cidade do Rio de Janeiro e Florianópolis ao sul). O turismo com seus
efeitos multiplicadores, tem a capacidade potencial de desenvolvimento de outras
atividades que garantam a circulação de recursos desconcentrando a renda
geograficamente potencializando a arrecadação tributária.
Ao contrário da dependência que existe em relação a atividades voláteis de preços
internacionais e ao câmbio, em cenários externos desfavorecedores, as atividades
alternativas internas poderiam suprir, e em cenários externos favoráveis, ocorrer a
plena complementariedade entre os dois fatores positivos. Esse é um dos principais
fatores para se pensar na diversificação da atividade: Escapar das armadilhas da
especialização econômica e dependente.
O grande impacto econômico, e também a responsabilidade da atual crise, vem da
especialização produtiva da cidade que causa dependência financeira a variáveis as
quais o município, o Estado, e a União não tem controle (câmbio, preço do minério
de ferro, e outros), e da inibição que esse tipo de atividade, por sua própria natureza
(mineração) e pela forma de operação da empresa, gera as outras atividades que
poderiam reduzir o grau de vulnerabilidade da economia da cidade, seja em termos
da dependência externa, seja em relação a dependência das transferenciais
constitucionais.
Este impacto no cenário econômico do município pode ser visto em termos do
Produto Interno Bruto do município e em indicadores de participação em termos do
PIB Estadual e da região metropolitana.
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TABELA 5 - QUADRO EVOLUÇÃO DO PIB – VITÓRIA (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES – R$).
ANO 2010 2011 2012 2013
PIB 21.351,13 24.431,89 24.312,53 22.289,82
VARIAÇÃO
DO PIB (%
ANO/ANO)
--------------------
--
14,42% -0,48% -8,31%
Elaboração própria a partir de dados do IJSN.
TABELA 6 - QUADRO EVOLUÇÃO DO PIB – VITÓRIA E REGIÃO metropolitana (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES – R$).
MUNICIPIO/ANO 2010 2011 2012 2013
VILA VELHA 8.018,03 8.673,32 9.773,27 10.047,42
SERRA 12.934,98 14.148,08 14.978,08 15.439,73
CARIACICA 5.263,65 6.234,6 6.883,79 6.907,02
VIANA 897,19 1.067,90 1.308,80 1.457,96
GUARAPARI 1.215,03 1.405,99 1.644,80 1.789,45
FUNDÃO 379,76 451,85 427,39 463,76
VITÓRIA 21.351,13 24.431,89 24.312,53 22.289,82
REGIÃO
METROPOLITANA
50.059,76 56.413,63 59.328,66 58.395,15
PARTICIPAÇÃO
PIB REGIÃO
METROPOLITANA
(%)
42,65% 43,30% 40,97% 38,17%
ESPIRITO SANTO 85.312,49 105.962,57 116.728,19 117.042,93
PARTICIPAÇÃO
PIB ESPIRITO
SANTO (%)
25,03% 23,06% 20,83% 19,04%
Elaboração própria a partir de dados do IBGE Cidades/IJSN.
Além do Produto Interno Bruto, que carece de informações mais atualizadas, os
impactos apontados podem ser observados a pelo gráfico de evolução do
desemprego na cidade assim como as receitas do município, pelas duas tabelasque
se seguem:
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GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO POPULAÇÃO DESOCUPADA (%) CIDADE DE VITÓRIA
(JANEIRO 2012 A MARÇO 2016).
Fonte: PNAD/IBGE.
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TABELA 7 - QUADRO RECEITAS ESTIMADAS E REALIZADAS (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES - R$).
ITEM/ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 RECEITA ESTIMADA
1.333. 1.491 1.479 1.547 1.690 1.786
RECEITA REALIZADA
1.166 1.308 1.510 1.368 1.523 1.468
Diferença percentual estimado e realizado
-12,54% -12,24% +2,10% -11,58% -9,86% -17,78%
Elaboração própria a partir de dados da prefeitura de vitória.
É interessante observar que a partir de 2013 e em especial 2014 e 2015, como se
dá a diferença entre a receita estimada e a realizada, ocorrendo uma redução
brusca da receita estimada para 2016 em R$1.489.627.529,00.Analisando pelos
dados do município, de forma mais ampla, é importante mencionar que as principais
fontes de receita são as chamadas transferências correntes e a receita tributária.
TABELA 8 - QUADRO EVOLUÇÃO DA RECEITA CORRENTE E DAS PRINCIPAIS FONTES DE RECEITAS (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES - R$).
Rubrica/Ano. 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Receitas correntes 1.077 1.265 1.411 1.340 1.471 1.446
Receita tributária 371,775 441,681 505,952 516,020 543,945 550,447
Impostos 352,707 420,201 480,441 488,222 514,575 518,933
ISSQN 255,320 304,682 349,696 340,212 364,199 373,263
IPTU 40,072 44,003. 49,453 53,154 56,.803. 61,247
Participação na receita tributária
ISSQN 68,67% 68,98% 69,11% 65,92% 66,95% 67,81%
IPTU 10,77% 9,96% 9,77% 10,30% 10,44% 11,12%
Rubrica/Ano. 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Transferências 575,850
673,831 726,956 716,313 702,907 696,861
FPM 70,247 88,073 102,424 97,522 107,874 114,035
FUNDEB 102,639. 120,381 131,130 142,687 147,728 157,045
COTA PARTE ICMS 391,890 456,64 474,763 436,059 391,145, 359,291
Participação nas transferências
FPM 12,19% 13,07% 14,08% 13,61% 15,34% 16,36%
FUNDEB 17,82% 17,86% 18,03% 19,91% 21,01% 22,53%
COTA PARTE ICMS 68,05% 67,32% 65,30% 60,87% 55,64% 51,55%
Elaboração própria a partir de dados da Prefeitura de Vitória.
17
Como se pode notar um dos principais itens responsáveis pela perda de receita, ou
não acompanhamento do crescimento em relação a outras rubricas, é a participação
na cota parte do ICMS como pode também ser observado na participação de Vitória
no chamado IPM, conforme a tabela a seguir.
TABELA 9 - QUEDA NO INDICE DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (25% ICMS ESTADUAL) - EM % DO TOTAL (100%).
MUNICIPIO/ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
VILA VELHA 6,231 6,642 6,784 5,851 5,327 5,573 5,823
SERRA 15,225 13,516 12,407 11,621 11,758 12,796 13,233
CARIACICA 3,735 4,385 4,930 5,697 6,041 5,678 5,519
VIANA 0,976 1,011 1,098 1,263 1,253 1,514 1,723
GUARAPARI 0,825 0,855 0,880 0,827 0,842 0,933 0,994
FUNDÃO 0,337 0,289 0,222 0,218 0,258 0,301 0,314
VITÓRIA 21,664 21,466 20,573 19,958 17,462 15,224 13,996
IPM REGIÃO
METROPOLITANA
(EM RELAÇÃO AO
ESTADO)
48,993 48,164 46,894 45,435 42,941 42,019 41,602
PARTICIPAÇÃO IPM
DA REGIÃO
METROPOLITANA (%)
44,21 44,56 43,87 43,92 40,66 36,23 33,64
Elaboração própria a partir de dados da Receita Estadual/Secretaria Estadual de Fazenda (SEFAZ).
Percebe-se que além da queda da própria receita do município, ocorre também a
queda na sua participação em termos da cota parte ICMS em relação ao Estado e a
região metropolitana.
Ainda sobre este tema, é importante também dizer que o principal indicador de
distribuição e de participação no IPM é o chamado VAF (Valor adicionado fiscal) que
tem relação com o próprio número de empresas e a produção/circulação de
mercadorias e serviços no município.
18
TABELA 10 - QUADRO EVOLUÇÃO DA DESPESA (VALORES NOMINAIS EM MILHÕES – R$).
TIPO DE DESPESA 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Despesa total
liquidada
1.128 1.152 1.381 1.305 1.391 1.369
Despesas correntes 926,980 982,195 1.121. 1.189 1.264 1.279
Pessoal 428,847 451,978 652,337 718,299 770,334 800,501
Outras des.
Correntes.
489,823 520,938 457,568 457,583 479,873 462,699
Despesas de capital 201,314 170,311 259,778 115,.917 126,825 89,892
Investimentos 189,875 159,237 242,190 92,218 101,624. 60,918.
Elaboração própria a partir de dados da Prefeitura de Vitória.
Importante observar que do ponto de vista da despesa total liquidada, há dois
momentos de crescimento/queda, entre 2012 e 2015, desfavorecendo qualquer
discurso de evolução contínua das despesas em relação a queda nas receitas.Mais
interessante ainda é ver a participação dos gastos com investimentos na despesa
total, e a proporção ganha pela despesa com pessoal (quase o dobro entre os anos).
Isso é importante pois a prefeitura pode utilizar essa questão como argumento em
sua defesa tanto em relação aos servidores, quanto em relação as possíveis
medidas de ajuste que ela possa vir a adotar.
19
GRAFICO 2 - DESPESAS POR FUNÇÃO (VALORES NOMINAIS EM MILHARES
DE R$).
Elaboração Própria a partir de dados da Prefeitura Municipal de Vitória.
20
TABELA 11 - EVOLUÇÃO DAS DESPESAS POR FUNÇÃO 2010 A 2015
(VALORES NOMINAIS EM MILHARES – R$).
FUNÇÃO/ANO 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Legislativa 18.591 20.911 21.940 22.949 23.105 24.547
Essencial a justiça
8.707 8.818 9.158 9.180 9.717 9.601
Administração 137.760 140.989 150.385 147.791 159.290 144.584
Segurança publica
15.193 14.882 16.079 17.332 24.457 24.559
Assistencia Social
36.220 30.613 38.617 39.415 44.712 42.545
Previdência Social
104.793 116.708 138.034 163.252 172.358 186.544
Saude 163.436 181.073 219.086 241.738 241.786 245.260
Trabalho 6.191 6.690 5.271 0.836 8.193 4.922
Educação 243.643 268.809 298.185 308.614 346.512 352.624
Cultura 14.431 13.416 17.767 13.081 10.435 8.758
Direitos da Cidadania
7.813 7.743 8.645 6.730 6.019 6.555
Urbanismo 212.630 197.831 246.886 165.759 170.637 168.260
Habitação 25.872 20.050 17.760 16.754 15.873 13.991
Saneamento 54.638 30.866 95.785 18.178 19.852 1.145
Gestão ambiental
36.710 39.403 26.201 42.801 41.714 40.548
Ciência e tecnologia
-------------- -------------- -------------- -------------- 2.702 0.578
Comércio e Serviços
1.517 2.217 2.928 2.702 5.962 4.015
Comunicações 8.794 8.532 14.714 13.462 15.752 13.866
Desporto e Lazer
7.553 7.830 9.500 7.700 10.272 8.670
Encargos Especiais
29.814 35.116 53.289 67.374 63.397 67.805
Elaboração Própria a partir de dados da Prefeitura Municipal de Vitória.
CONCEPÇÃO DE PROGRAMA NA ÁREA ECONÔMICA.
Feitas as análises da conjuntura do município, cabe agora estabelecer as
concepções, os princípios norteadores e as ações a serem desenvolvidas
apresentadas durante a atividade.
Importante inicialmente reconhecer os limites de uma gestão municipal. Porém na
mesma grandeza de importância é necessário compreender as suas
potencialidades, em especial no cumprimento e na garantia de direitos a população.
21
Também é necessário mencionar que um fator de grande importância na limitação
do município é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que diante da conjuntura e da
forma como ela é utilizada hoje como uma “camisa de força” para qualquer gestor,
não abarcando de fato uma diversidade de atos que lesam os cofres públicos e
prejudicam a prestação de serviços essenciais, com a devida qualidade, a
população.
Neste sentido, entende-se que a política econômica deve estar direcionada para
uma perspectiva de construção das bases ao cumprimento progressivo do artigo 6º
da Constituição Federal de 1988 que diz:
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (BRASIL, Constituição Federal da República Federativa do Brasil, 1988).
No âmbito da execução orçamentária, entende-se que é fundamental tratar de ações
que revisem o caráter regressivo da tributação, tendo como objeto complementar a
análise do lado da despesa, tratando-a com o objetivo de desconcentrar
geograficamente a quantidade e a qualidade do gasto público, assim como a oferta
de serviços e de aparelhos públicos. Ou seja, a distribuição tributária em termos de
sua carga e retorno a cidade, é um dos objetos centrais para essa discussão de
programa de governo em termos municipais.
Além da questão tributária, é importante se apresentar como alternativa ao
conservadorismo econômico das leis financeiras, da dinâmica econômica da cidade
especializada e dependente das transferências de receitas (da união e do Estado) e
das condições do comércio exterior.
Rever a utilização do espaço público pelo capital privado sobre a finalidade do uso, o
retorno para a cidade (população) e para o município (estado) em termos
econômicos, não permitindo uma plena apropriação do espaço justificada e
diferenciada pela capacidade de utilização do poder econômico.
22
Também é importante revisar os contratos de concessões ou até mesmo de
privatizações, visando reparação de qualquer dano ou prejuízo econômico ao
município, e consequentemente a população.
DIRETRIZES
1) Inversão de prioridades dos investimentos e dos gastos públicos.
A partir da discussão tributária (arrecadação e gasto) e também na incorporação da
dinâmica participativa/decisiva que a gestão deve proporcionar a população,
considerando as medidas cabíveis nas leis orçamentárias2 ainda em vigor.
2) Uma política econômica que esteja a serviço das demandas sociais.
Dada a incorporação participativa da elaboração do orçamento e de decisão por
parte da população, a gestão também terá a capacidade de ter um maior
conhecimento das demandas sociais, dar prioridade as mais essenciais e planejar
de forma a atender a todas demandas ao longo do tempo, em uma perspectiva de
médio e longo prazo. Este princípio também está condizente com a concepção de
direcionar a política econômica para a construção das bases de realização do art. 6º
da Constituição Federal.
3) Uma política econômica que propicie o controle social do planejamento e da
execução do gasto.
A gestão promoverá uma série de ações como criação de conselhos, congresso da
cidade, visando a participação e o controle social do planejamento e da execução
dos gastos.
4) Uma política econômica que eduque a população sobre o valor social do
tributo.
Se a capacidade do município em ofertar serviços públicos de qualidade depende da
capacidade de arrecadação, é importante que a população consiga compreender a
importância social dos tributos, cabendo à gestão, além da busca pela via mais
prática desse objetivo ofertando os serviços de qualidade e a população percebendo
2 Essa observação se faz necessária pelo fato que parte das despesas públicas tem limites, obrigatoriedades,
vinculações.
23
a importância do tributo, também promover cursos e atividades que busquem
dialogar com a população de forma didática e transparente das ações executadas a
partir da arrecadação tributária e de sua importância.
5) Inversão do modelo de política econômica: da lógica industrial para a
dinâmica dos serviços, turismo, conhecimento e cultura.
Conforme já mencionado no texto, a especialização produtiva e a dependência
econômica relacionada a um determinado setor, acentua a vulnerabilidade
econômica do município além de inibir o desenvolvendo de potenciais setores já
existentes mas que poderiam alcançar outro patamar de importância para a
economia da cidade.
6) Inversão da lógica tributária
A partir da discussão geográfica da cidade, estabelecer uma inversão tributária nos
sentido da atuação da arrecadação e da unidade na qualidade dos aparelhos
públicos e serviços sociais na cidade.
7) Uma política econômica limpa do ponto de vista ambiental.
A dependência de uma atividade produtiva que degrada o meio ambiente, inibe o
desenvolvimento de atividades potenciais que dependem das boas condições desse
meio, assim como aumenta uma série de custos econômicos, como a própria
judicialização quando se ultrapassa os limites de poluição, e outros gastos
relacionados a efeitos decorrentes dessa degradação. Por isso, as medidas
direcionam para uma inversão da estrutura econômica do município de uma cidade
constituída por uma indústria de serviços (uma indústria e uma série de serviços
relacionadas) para uma estrutura inteligente, baseada nos serviços que não
dependam da degradação ambiental e que propiciem o mesmo retorno econômico
do ponto de vista da geração de emprego, renda, e capacidade de arrecadação
tributária para o município.
24
8) Economia e mobilidade urbana.
Além da tributação, a mobilidade urbana é outro elemento fundamental para
desconcentração e circulação da riqueza entre a cidade. Como Vitória é uma cidade
específica em termos que possui capacidade econômica e um pequeno território, a
articulação da política econômica com ações de mobilidade urbana podem repercutir
como fatores positivos e alternativos visando a atividade econômica a partir da
atividade interna.
PROPOSTAS.
Diante da conjuntura, das concepções e dos princípios norteadores, cabe agora
listar algumas das medidas que contemplem essas análises, e que foram listadas
durante o debate ao longo da atividade. Como ações de caráter estrutural propõem-
se:
● A criação de uma estrutura participativa (orçamento
participativo*)/deliberativa para a questão orçamentária.
● A criação de uma metodologia para essa estrutura que priorize as áreas
sociais.
● Congresso da Cidade – envolvendo também a capacidade
participativa/deliberativa sobre a questão orçamentária.
● Congresso do orçamento para a área de educação.
● Congresso do orçamento para a área da saúde.
● Atuar junto a Frente Nacional de Prefeitos na promoção de discussões
sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal.
● Realizar discussões sobre o código tributário.
● Revisão dos Contratos de Prestação de Serviços.
● Estabelecer critérios qualitativos, quantitativos, claros e transparentes de
isenção tributária
25
EIXO 2 – UMA CIDADE DE VERDADE
CONCEPÇÃO
O ponto de partida para este eixo encontra-se na Diretriz 4 do Programa do Psol,
que se posiciona da seguinte forma:
Por uma ampla reforma urbana. Moradia digna com condições dignas para todos. Milhões de famílias vivem em áreas de risco, não apenas devido a enchentes e desabamentos. Há milhões que estão no dia a dia vivendo em péssimas condições, sem acesso a água, sem saúde, com transporte precário e esgotos a céu aberto. Mesmo levando em conta a possibilidade de melhorias nestas sub moradias, seriam necessárias mais de seis milhões e seiscentos mil moradias para combater o déficit habitacional do país. Defendemos a mobilização dos sem-teto e dos movimentos populares por moradia. Somos a favor de uma ampla reforma urbana, que tenha na raiz o combate à vergonhosa especulação imobiliária. (http://www.psol50.org.br/partido/programa/)
Assim, vale observar que o abandono histórico da questão urbana pelo Estado
brasileiro abre precedentes alarmantes para o seu agravamento diante do processo
vil que é engendrado nesta fase atual do capitalismo financeiro, que preconiza e
estimula um modelo concorrencial entre as cidades, agora voltadas para o
aperfeiçoamento gestionário, apresentando seus territórios como vitrines de
oportunidades/atratividades para a especulação financeira e fundiária.
A tônica de apropriação do espaço visa capacitar as cidades para concorrer entre si
na captação e obtenção de recursos públicos e privados. Como exemplo evidente,
temos a fábrica dos sonhos dos megaeventos. Nesta dinâmica, as expressões da
questão social são subsumidas em processos de higienização, pasteurização e
uniformização de projetos de urbanização de áreas populares e degradadas,
ampliação de serviços privados e ocupação militar para contenção e controle da vida
social. (ABREU, 2015).
O fundo público, portanto, funciona como um banco ou “balcão” ao gerar
empréstimos, dividendos, passivos e títulos controladores de novas centralidades e
nichos de produção, espaços que possam abrigar provisoriamente recursos fluídos e
voláteis ao bel prazer das necessidades de rentabilidade do capital, fixadas de
acordo com a submissão e/ou adaptação dos gestores públicos ao modelo gerencial
capitalista engendrado na organização do Estado.
26
As expressões mais contundentes do modelo industrial de produção do espaço
revelam os motivos das desigualdades sociais no Brasil e como estas se
aprofundam no quadro perverso de organização das cidades. Não obstante,
encontra-se a cidade de Vitória, com seu potencial e seus contrastes sociais,
econômicos e políticos que se revelam no modelo urbanístico e territorial.
Diante do exposto, entendemos que a função social da cidade será de fato
promovida através da construção de espaços de moradia igualitários com a inclusão
progressiva dos bairros, e de seus moradores, na cidade formal por meio de práticas
de provisão de habitações adequadas, tanto com ações corretivas como de
atendimento da demanda em formação, de adequação urbanística quanto à
regularização fundiária e edilícia e à universalização da infraestrutura e dos serviços-
públicos. Esta concepção se articula ainda a um conjunto de politicas sociais e
urbanas que integram meio ambiente, mobilidade urbana, saneamento ambiental,
bem como garantia de direitos humanos e sociais que estejam disponíveis ao
conjunto dos moradores de Vitória.
No entanto, a prática sócioespacial da qual resulta a cidade está invadida pelas
possibilidades de realização da acumulação, o que restringe as formas de
apropriação ao mercado e faz com que a cidade apareça como algo externo a
sociedade. Todos os momentos da vida realizados na cidade confundem-se com as
formas de realização do capital cuja reprodução ampliada realiza-se pela cooptação
e apropriação da vida cotidiana.
Neste sentido, a conformação dos territórios tem uma profunda relação com o modo
de produção e reprodução da vida social, atravessado pelo crescimento das forças
produtivas. Observar o movimento dessa dinâmica, certamente, amplia as
possibilidades de uma leitura dos territórios em sua totalidade, de forma a
reconhecer os limites e as possibilidades desta discussão no enfrentamento da
questão social (ABREU, 2015).
No plano do habitar, esse processo pode ser percebido por meio das lutas em torno
dos modos e necessidades do ato de morar. É neste nível que se revela o
27
empobrecimento da vida urbana e é nele que se reconhece a necessidade de
mudança desse espaço que se produz reproduzindo segregação como
conseqüência e fruto da produção capitalista da cidade.
Uma vez que o conceito de habitação não está restrito apenas à unidade
habitacional, sua adequação não se resume ao conforto, segurança e salubridade,
inclui também sua inserção no espaço produzido, o que diz respeito a forma de
apropriação da terra onde foi erguida, e sua integração com o entorno, envolvendo
seu acesso aos serviços urbanos, à infra-estrutura urbana e aos equipamentos
sociais. A moradia revela-se, assim, como elemento central do ato de habitar a
cidade.
Neste contexto, a questão ambiental é central! A recuperação dos recursos naturais
potenciais em uma cidade que é uma Ilha é parte inerente de sua constituição. É
imperativo uma séria politica de saneamento ambiental que recupere a
balneabilidade das águas que cercam Vitória, da proteção e recuperação de áreas
verdes potencializando seu uso e sobretudo o enfrentamento do seu maior desafio:
a eliminação do “pó preto” emitido pela Vale.
Imagem 1 - Complexo de Tubarão.
Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.
28
As atividades econômicas de produção “limpa” e socialmente sustentáveis devem
ser incentivadas para o equilíbrio social e ambiental, pois nos termos de David
Harvey, “Cuidar do ambiente é cuidar de nós mesmos” (Harvey, 2011, p. 294).
De acordo com a diretriz nº 13 do Programa do PSOL, que trata da preservação do
meio ambiente, pretende-se:
A construção de um ideário de superação do processo capitalista reúne hoje, além dos tradicionais pressupostos socialistas, um grande impulso ainda mais vital ligado à questão ecológica. [...] Tendo claro que as forças de destruição irracionais acumuladas pelo sistema ameaçam o conjunto da humanidade e da vida no planeta, de tal forma que a luta contra o capitalismo significa a luta em defesa da ecologia, do meio ambiente e da vida[...].(http://www.psol50.org.br/partido/programa/)
Dessa forma, vimos que a questão urbana em Vitória tem várias implicações
(questão fundiária, padrão construtivo, salubridade, segurança, conforto,
acessibilidade física, infra-estrutura, serviços públicos, equipamentos sociais) que
atransforma em um dos principais problemas urbanos afetando, principalmente, a
população de menor renda e se mostrando de difícil solução em decorrência de suas
principais causas:
Produção capitalista da cidade;
Apropriação privada dos usos e espaços da cidade;
A relação emprego – renda (desemprego, emprego informal, baixos salários);
Baixo poder aquisitivo da população atingida;
Custos elevados da moradia (produção, aquisição, aluguel e manutenção);
Escassez de terrenos;
Preço elevado do lote de terra;
Custo elevado do material de construção
Custo dos encargos públicos e privados para o acesso aos serviços e
equipamentos urbanos (água, luz, transporte coletivo, limpeza pública,
esgotamento sanitário, iluminação pública, IPTU)
Fragilidade, conivência ou cooptação (pelo capital imobiliário) do poder
público na implantação dos instrumentos que objetivam a realização da
cidade em sua função social;
29
Descompasso das políticas urbanas e sociais.
Segregação socioespacial
Marginalização de segmentos sociais e territórios em uma cidade
relativamente pequena
E como a cidade é resultante da prática sócio-espacial, ela tem em si a possibilidade
da mudança, de construção de uma realidade em que o direito à cidade se revele
como conteúdo da realização da cidadania. Para isso, urge o cumprimento da
função social da cidade, da propriedade e do território como espaços públicos da
vida metropolitana, fazendo emergir o sentido real da ocupação das áreas verdes,
praias, praças, casas e espaços vazios ociosos pela especulação em espaços de
vida e sociabilidade (hortas urbanas, jardins coletivos, moradias populares no
Centro, revitalização da Vila Rubim, requalificação das moradias em bairros
populares e dos morros, IPTU progressivo e direito de preempção em imóveis
fechados e abandonados), pois “Vitória de Verdade” exige a superação da lógica de
ter “tanta gente sem casa e tantas casas sem gente”!
2.1 HABITAÇÃO
DIAGNÓSTICO
Das unidades habitacionais em construção, a maior concentração se encontra nos
bairros de Bento Ferreira, Praia do Canto, Barro Vermelho, Praia de Santa Helena,
Enseada do Suá, destacando-se a Praia do Canto segundo dados dos SINDUSCON
(2013, 2014 e 2015). Na região continental, tais unidades se localizam nos bairros
de Jardim da Penha, Jardim Camburi, Mata da Praia e no destaque dessa região
estava o bairro de Jardim Camburi.
Tomando-se como parâmetro o valor de R$ 150.000,00 (SINDUSCON, 2014) como
o menor valor de um apartamento em construção em Vitória, situado no segmento
do mercado normalmente chamado de “econômico”, e levando-se em conta o peso
das prestações da compra de um imóvel sobre o orçamento familiar, podemos
considerar que seu potencial comprador está na faixa de renda de 08 a 10 salários
mínimos, ou seja, para uma parcela reduzida da população.
30
Com um déficit habitacional quantitativo de Vitória chega a 10.556 (9,7%) domicílios
do contingente das famílias que residem na cidade e concentra-se, sobretudo, na
população com rendimentos de 0 a 3 salários mínimos. Dessa forma, a faixa de
renda para quem o mercado imobiliário situado em Vitória produz, já possui casa
própria e/ou ainda pode acessá-la por meio do mercado. Já o restante da população
não possui renda capaz de responder aos elevados preços dos imóveis produzidos
pelo mercado e da carga de impostos, taxas e custos de manutenção de vida nesta
cidade. Para quem, então, o mercado está produzindo?
A afirmação de que a clientela do mercado é composta por famílias que estão se
formando ou que estão trocando de apartamento, investidores e pessoas que estão
optando por morar sozinhas, pode não ser suficiente para justificar a elevada
produção de unidades habitacionais que em 2014, está em um patamar de 2.798
unidades residenciais (SINDUSCON, 2015). Lembrando que a taxa populacional é
decrescente nos últimos anos.
Levando-se em conta que produzir para as camadas de maior renda da população
seja uma característica do mercado imobiliário de Vitória e que, portanto, não há no
município produção formal de habitações para os segmentos populares, tem-se
margem para algumas considerações acerca dos expedientes dos quais esses
segmentos lançam mão para contornar o problema de moradia.
Uma das “alternativas possíveis” (ou imposições?) para se contornar a falta de
acesso ao mercado imobiliário pode ser a coabitação, como já dissemos. A
coabitação, ou os conhecidos “puxadinhos” é um problema de moradia, pois não
proporciona privacidade e não confere condições dignas de habitabilidade às
famílias que dela se valem por todas as outras situações que dela decorrem como o
adensamento domiciliar, a dependência financeira, os conflitos nos relacionamentos,
as condições de higiene etc. Além da geografia da cidade, formada por grandes
morros. O resultado é visível das precárias condições de moradia e acesso nessas
regiões, além do grande risco estrutural e geológico que estes terrenos oferecem.
Outra “alternativa” que se soma a esta primeira é a autoconstrução por meio da qual
casas são erguidas sem obedecer a regras técnicas e muitas vezes isto acontece
31
por meio de “puxadas” ou do acréscimo de mais pavimentos em imóvel familiar para
abrigar novas famílias que se formam ou para servirem como mais uma fonte de
renda por meio do aluguel, já que existe um demanda por moradia nos segmentos
populares.
Além do risco que essa forma de construção traz à população, já que resulta em
moradias inseguras, há também o adensamento desordenado dos bairros populares,
piorando as condições do ambiente construído, que em sua maioria não possuem
conformação adequada em decorrência do próprio processo de formação, podendo
ultrapassar a capacidade de suporte do espaço, aumentando, com isso, a demanda
constante por serviços públicos e infra-estrutura urbana, obrigando a freqüentes
intervenções de adequação.
Também há a alternativa de acesso à moradia nos empreendimentos habitacionais
destinados à população dos segmentos mais populares do mercado que são
construídos nos municípios vizinhos, Vila Velha e Serra. Cariacica começou a ofertar
esse tipo de moradia desde 2007.
Tem-se assim, um mercado imobiliário concentrado nas camadas de maior renda,
segmentos populares mal atendidos e parte da população em grau de dependência
elevado em relação ao poder público para resolver seus problemas de moradia, que
envolvem o déficit habitacional e a inadequação dos domicílios.
A valorização imobiliária que está ocorrendo na porção continental do município tem
tido reflexos também sobre os imóveis dos bairros que abrigam a população de
menor poder aquisitivo na região. A elevação dos preços dos aluguéis e as ofertas
de compra têm sido a causa da saída de vários moradores que ali residem. As
regiões administrativas 3 e 4, ocupadas predominantemente por bairros residenciais
populares, também estão passando por forte processo de elevação dos preços dos
imóveis, resultante da especulação em torno dos empreendimentos que estão em
implantação na região da Praia do Canto.
Nos bairros que abrigam a população de menor poder aquisitivo no entorno do
maciço central, o processo de “valorização” tem atingido tanto o mercado de terras
32
como a locação de imóveis. Com o aumento da demanda por aluguel, os
“puxadinhos” se converteram em importante fonte de renda nesses bairros.
Aumentar as residências construindo cômodos por meio de “puxadas” ou
disponibilizar parte da própria casa para locação são fatos que estão ocorrendo de
forma freqüente.
Como não há contrato formal de locação, os inquilinos ficam a mercê do interesse
do proprietário que pode solicitar a moradia quando um outro locatário puder pagar
mais pelo aluguel.
Deve-se considerar também o custo elevado da moradia no município que pode
levar famílias, existentes e que se formam, a encontrar nessa modalidade de
locação a única alternativa possível de moradia. Situação que pode se agravar ainda
mais com a tendência que o mercado imobiliário aponta de atuar nos bairros
populares.
Essas distorções e perversidades advindas da especulação e valorização
imobiliárias só podem ser reguladas, controladas ou inibidas por meio da prática dos
instrumentos urbanísticos de gestão do espaço já presentes no PDM. A função
primordial da cidade é proporcionar o ato de habitar, se não for para isso e por isso,
nenhuma outra função se justifica, e as leis, ações e intenções caem no vazio.
DIRETRIZES PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
1)Promover a reestruturação do setor visando dotar a Secretaria de Habitação de
condições técnicas e físicas compatíveis com suas atribuições, bem como compor
recursos para o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social.
2)Promover o estudo, o monitoramento e a avaliação do setor visando conhecer as
especificidades da habitação de interesse social no município, adequar os
programas e ações a essas especificidades e aos interesses da população e integrar
um banco de dados com as informações gerenciais e estatísticas sobre o tema.
Evitar a remoção de moradias quanto ao rompimento de vínculos sócio-culturais e a
33
acessibilidade ao mercado de trabalho, comércio e serviços ainda estão postos para
Vitória.
3)Urbanização e regularização de assentamentos informais: Articular ações que
possibilitem a formulação de novas alternativas de intervenção nos espaços de
moradia informais, agilizar e reduzir os custos da regularização fundiária e edilícia e
viabilizar assistência técnica à autoconstrução.
4)Integração das políticas públicas do município a partir da criação de um
instrumento, o Conselho da Cidade, de natureza permanente, com caráter
deliberativo e consultivo que proponha diretrizes para o desenvolvimento urbano
com participação social na articulação e implementação das políticas de gestão do
solo urbano, de habitação, saneamento ambiental, mobilidade e transporte urbano.
DIRETRIZES PARA A GESTÃO TERRITORIAL
1) Instalação de dispositivos de requalificação dos espaços públicos de circulação e
lazer.
Tornar a cidade permanentemente atraente como espaço para a moradia, a
produção e o lazer através da presença de elementos considerados desejáveis na
base física destas atividades. Dotar os espaços públicos – ruas, praças, parques –
de características de projeto e de equipamentos claramente associados a um
ambiente urbano atraente aos moradores e investidores, de modo à assegurar a
ampliação da ocupação de espaços públicos que dão ambiente sustentável ao longo
do tempo.
2) Revisão do plano diretor municipal e redirecionando dos interesses da ocupação
do solo com ampla participação social
Criação de mecanismos de garantia ao direito à cidade na lógica de Reforma
Urbana tendo em vista que as possibilidades de gestão do território que necessitam
ser pensadas para lidar com o crescimento da cidade, por conta dos novos
interesses que disputam seu território. Não são mais apenas os interesses locais
que estão presentes em Vitória, mas aqueles nacionais e internacionais participando
34
da produção da cidade. E, nem sempre, esses interesses coincidem com os
interesses da população da cidade. É preciso ainda, considerar o contexto
Metropolitano que a cidade ocupa.
PROPOSTAS:
Ampliar o atendimento das demandas do déficit habitacional qualitativo e
quantitativo na faixa salarial de 0 a 3 salários mínimos.
Buscar meios de amenizar a contradição entre déficit habitacional e os
imóveis vazios.
Capacitar o corpo técnico da secretaria de habitação e promover a
reestruturação operacional do setor.
Aumento da dotação orçamentária do Fundo Municipal de Habitação de
Interesse Social.
Estabelecer no orçamento municipal um percentual fixo destinado aoFundo
Municipal de Habitação de Interesse Social - FMHIS;
Usar recursos advindos dos instrumentos legais urbanísticos para habitação
de interesse social;
Integrar esforços para a proposição de novos modelos de intervenção
ajustados às necessidades e aos interesses da população, como projetos de
arquitetura e engenharia social, ocupação de prédios públicos adaptados para
moradia;
Buscar meios de garantir a sustentabilidade das famílias nos assentamentos
após as intervenções.
Ações para a regularização fundiária em zonas especiais de interesse social;
Arquitetura social: Possibilitar à população de menor renda a construção de
moradia adequada e segura;
Observância dos mecanismos previstos no Estatuto das Cidades para o
cumprimento da função social da propriedade urbana;
Criação do Conselho da Cidade
35
2.2 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE
DIAGNÓSTICO
Circulação metropolitana e municipal
A cidade de Vitória apresenta algumas características marcantes na circulação:
centralidade nos deslocamentos metropolitanos, concentração de fluxos de
passagem e locais em eixos principais; restrições físicas de opções de vias devido
às características naturais do território; linhas de transporte coletivo sobrepostas e
sem integração.
O Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Vitória - PDMTUV no seu
diagnostico afirma estas características e indica que os corredores de tráfego são
deficientes e apresentam tendência progressiva de saturação.
Na área central, por exemplo, apenas duas vias longitudinais desempenham a
função de passagem para os deslocamentos individuais e coletivos inter-bairros e
inter-municipais da Grande Vitória.
Imagem 2 - Vias de ligação da área central ocorrem de forma longitudinal, comprimidas entre a Baía e o Maciço Central.
Fonte: mapa – www.google earth.com - acessado em 04/07/2016.
O Plano Diretor Municipal - PDM já incorpora algumas medidas para a melhoria da
qualidade dos deslocamentos e melhor aproveitamento dos espaços públicos:
priorização do transporte coletivo no sistema viário; priorização das ciclovias e
passeios nas vias; apoio e incentivo às viagens não motorizadas; desestímulo ao
tráfego de passagem em vias locais; promoção de estudos para a adoção de outras
modalidades de deslocamento.
36
O PDM também prevê a implantação de uma rede cicloviária integrada, com
extensões de abrangência municipal até os acessos aos municípios que circundam
a Capital. A PMV, também, instituiu o Projeto Calçada Cidadã, baseado nos
princípios da acessibilidade, referenciado na ABNT 9050/94 e 9283/86.
DIRETRIZES:
1) Garantia de programas voltados à Mobilidade Urbana Sustentável que sigam as
orientações conceituais mais abrangentes que relacionem qualidade de vida e
acesso individual a oportunidades, associadas à política urbana e também aos
programas de acessibilidade urbana, que contemplem a inclusão sócioespacial e o
direito à gestão da cidade.
2) Criação de novos paradigmas para os planos, programas e intervenções que
busquem a redução do aprofundamento dos efeitos negativos da evolução do
modelo atual centrado nos automóveis, cujo enfoque vem comprometendo o espaço
urbano, a saúde de seus habitantes e a distribuição pública dos recursos,
provocando ainda a discriminação física e social de seus usuários.
3) Promoção da mobilidade mediante a articulação entre as políticas de transporte,
de desenvolvimento urbano e de meio ambiente em âmbito metropolitano, municipal
e local, compatibilizando a circulação das diversas categorias e modalidades,
buscando o desenvolvimento econômico e social com garantia da qualidade do
espaço urbano cotidiano a todos os seus usuários.
4) Reordenamento da lógica de mobilidade mediante a articulação entre o todo e as
partes, destinando aos corredores os usos do solo principais, os fluxos intensos,
com a circulação segregada de transportes coletivos e bicicletas, reservando as
áreas interiores à escala dos bairros, desaceleradas, humanizadas, acessibilizadas
e seguras, mediante adequação do desenho urbano. Para a definição de metas e
indicadores, será necessária a conclusão do PDMTU, além de levantamentos
auxiliares.
37
5)Reconhecer a importância do deslocamento de pedestres, inserir o desenho da
acessibilidade universal no planejamento e adequação dos transportes, espaços e
equipamentos públicos.
6) Programas de mobilidade urbana que facilitem a circulação das pessoas nos seus
bairros e territórios e da renda incrementada com atividades diversas e de serviços
nos diferentes espaços da cidade hoje subutilizados, como o Centro de Vitória, a
Vila Rubim com fortalecimento de mercados populares e culturais.
7) Incentivo a formas alternativas de transporte; melhorias e utilização do transporte
coletivo, favorecendo a possibilidade de circulação e acesso da população as áreas
da cidade.
PROPOSTAS:
Elaborar plano de melhorias viárias contendo projetos de aperfeiçoamento
das sinalizações, intersecções, semaforização e malha de apoio
possibilitando circulações periféricas aos eixos principais.
Reduzir o tráfego metropolitano pelo território do Município de Vitória, a partir
do PDM, definir prioridades na execução de corredores que desviem o tráfego
de passagem da área urbana ou promovam melhorias na conexão necessária
entre os municípios.
Redistribuição dos fluxos a partir do crescimento controlado mediante
compartilhamento de vantagens locacionais; requalificação e formação de
novas centralidades por toda a região metropolitana.
Promoção da elaboração de plano de desenvolvimento
regional/metropolitano, implantação do sistema e campanhas educativas.
Priorização e segregação da circulação de veículos coletivos nos corredores,
de forma a operarem com maiores médias de velocidade menores tempos de
viagem e maior eficácia da frota.
Intervenção no espaço público, focados no direcionamento dos
deslocamentos para o uso de transporte coletivo, como melhoras na infra-
estrutura dos pontos de embarque e nos acessos ao transporte coletivo por
meio da micro-acessibilidade.
38
Elaboração e implantação de projetos de moderação do tráfego de veículos
nos interiores de bairros, por meio do redesenho urbano criar ambientes
vivenciais humanizado e micro-acessibilizados.
Reordenação dos fluxos de automóveis, criando restrições de usos nos
horários e locais críticos.
Incentivos à utilização compartilhada de veículos, como transporte fretado,
carona solidária, uso coletivo de táxis, entre outros.
Aperfeiçoamento de estudo da reordenação de horários de funcionamentos
das atividades geradoras de tráfego.
Tornar o transporte coletivo atrativo, moderno e confiável absorvendo
deslocamentos cotidianos e locais, auxiliado por outras modalidades
complementares.
Otimizar e requalificar o subsidiamento do sistema de transporte coletivo,
aumentando a sua atratividade e competitividade com o modo individual.
Reestruturação do transporte coletivo nas escalas metropolitana e municipal,
para operação em complementaridade. Integração do planejamento, da
operação, das linhas e redes, do sistema tarifário, entre as instancias
metropolitana e municipais; otimização do sistema a partir da divisão das
áreas de abrangência de cada competência, ampliando as possibilidades de
atendimento.
Melhoria do Sistema de circulação de bicicletas e pessoas em bairros e vias
estratégicas para incentivar os modos não-motorizados de deslocamento e a
integração entre os modos.
Campanhas de Conscientização e incentivo ao uso de meios não motorizados
de transporte.
Inclusão mais incisiva de critérios de segurança no planejamento urbano,
criando condições urbanas que estimulem o uso e a circulação de pessoas
nos espaços públicos.
Aperfeiçoamento de programas de qualificação dos espaços destinados aos
pedestres, incluindo áreas de ocupações informais, onde deverão constar:
acessibilidade plena, eliminação de barreiras, arborização, iluminação,
mobiliário urbano e infra-estrutura.
39
Implantação de programas de adequação dos transportes coletivos: veículos,
terminais, áreas de embarque/desembarque e mobiliário urbano, às
condições de acessibilidade.
Definição de metas e indicadores, a partir da conclusão do PDMTU, além de
levantamentos auxiliares.
2.3 MEIO AMBIENTE.
DIAGNÓSTICO
Segundo dados da Agenda Vitória (2008), a cidade possui 40% de área da cidade
constituída por morros e morrotes de vertentes íngremes, gerando uma limitação
habitacional, com conseqüente concentração da população nos terrenos mais
planos. Aterros propiciaram aumento em cinco vezes o espaço físico da Capital. Mas
a forma de constituição destes aterros e sua conseqüente ocupação deram-se de
forma bastante diferenciada no território. Enquanto o lado leste da ilha de Vitória foi
alvo de um ousado projeto de urbanização, no lado oeste da ilha, surgiram, a partir
do aterro de áreas de mangue com lixo urbano vários bairros com o parcelamento
do solo e estrutura viária bastante inadequados e que se colocam como desafio para
a cidade.
As vertentes íngremes dos morros, ocupadas desde 1920, próximas ao antigo centro
da cidade (Fonte Grande, Alagoano, São Benedito) conduziram a uma acentuada
modificação da sua configuração morfológica original. Obras de corte e aterros para
construções residenciais subnormais e implantação de vias de circulação, assim
como as ações de derrubada da floresta definem hoje, um padrão de estabilidade
precária frente aos processos morfodinâmicos. (VITÓRIA, 2008)
Até os anos 2000, 38% das 313.312 mil pessoas que moravam em Vitória se
concentravam em áreas de risco.
O programa de drenagem urbana da PMV composto de um conjunto de ações para
limpeza e ampliação das galerias responde pela minimização dos efeitos dessa
dinâmica. Contudo, o avanço e adensamento da ocupação urbana são mais
acelerados que tais obras, solicitando novas ações sob a forma de intervenção para
40
o disciplinamento ou para o redimensionamento das obras já exauridas em sua
efetividade funcional, o problema dos alagamentos, apesar das inúmeras obras
ainda é uma constante em algumas áreas da cidade.
A cidade de Vitória é privilegiada nos aspectos naturais, possuindo grande beleza
natural, onde se destaca a diversidade de ecossistemas da Mata Atlântica com
grande valor para conservação da natureza e potencial para o turismo, tais como o
manguezal, os aforamentos rochosos e a restinga. Contudo muitas dessas áreas
ainda carecem de subsídios técnicos, infra-estrutura e recursos humanos para que
possam desenvolver com plenitude esse potencial.(VITÓRIA, 2008)
A forma irregular e espontânea de uso e ocupação do solo em algumas partes do
território municipal que não previram as necessárias instalações de acessos,
arruamentos e infra-estrutura e, tampouco, de serviços e equipamentos públicos se
colocam como desafio para que a qualidade de vida se reproduza em toda a cidade.
Essas desigualdades se reproduzem na distribuição da arborização urbana, dos
equipamentos públicos, tais como parques e praças, assim como na oferta de
serviços de saneamento, que inclui a drenagem urbana, o esgotamento sanitário, o
abastecimento de água e a coleta de lixo.(VITÓRIA, 2008)
A universalização dos serviços de saneamento básico em Vitória se desenha como
uma realidade para a próxima década, sob a ótica da disponibilidade da infra-
estrutura, embora a verdadeira universalização ligada ao justo valor das tarifas e a
possibilidade de acesso aos serviços das camadas mais pobres da população, ainda
se apresente como um caminho árduo a ser perseguido.
Os maiores desafios passam pela efetivação da regulamentação do setor e pela
implantação de uma agência reguladora com independência decisória e autonomia
financeira, cujo papel é acompanhar a evolução dos serviços, de acordo com
parâmetros pré-estabelecidos, garantindo a melhoria dos serviços e dos direitos da
população, nos diversos aspectos da prestação dos serviços. Hoje a privatização
desta área compromete a ações como política pública e direito à cidade.
41
A participação proativa em outras instâncias de gestão para além do município, onde
destacamos, por exemplo, o mosaico de unidades de conservação, as bacias
hidrográficas e o fórum metropolitano para a construção de uma agenda
metropolitana, pautada no desenvolvimento sustentável da região.
Consumo e abastecimento de água
Outro fator relevante neste contexto é a capacidade dos atuais sistemas de adução
de água bruta que necessitam de ampliação para atender a demanda da Grande
Vitória, pois mesmo com a atual disponibilidade hídrica são necessários
investimentos para que o sistema não entre em colapso.(VITÓRIA, 2008)
Os valores per capta médio de consumo de água evidencia que em Vitória o
consumo de água per capta é bem superior ao dos outros municípios,o que indica,
uma necessidade de ações no âmbito da educação ambiental para mudança de
padrões de consumo. (VITÓRIA, 2008)
Esgotamento Sanitário e Balneabilidade das Praias
Assim como o abastecimento de água potável, a universalização dos serviços de
esgotamento sanitário pode ser uma realidade em médio prazo no município de
Vitória, e muitos são os desafios que envolvem um maior planejamento das ações
da concessionária e engloba desde a adequação lógica do cronograma da
construção de suas estruturas (rede e estações de tratamento), a modernização das
estações de tratamento, a qualidade dos efluentes das estações, bem como a
adequação ambiental e licenciamento das mesmas. (VITÓRIA, 2008)
Resíduos Sólidos
Vitória é a única capital do país onde a coleta do lixo domiciliar é realizada
diariamente, exceto aos domingos, em todos os bairros, e possui um sistema de
limpeza urbana completo, sendo os serviços de varrição e demais serviços de
limpeza pública realizados em todas as ruas e avenidas da cidade.(VITÓRIA, 2008)
No entanto, ainda existem locais não alcançados pelos caminhões de coleta e
atendidos por coleta manual diária, ainda enfrentam-se problemas com o
42
lançamento de lixo nas encostas, mangues e mar, além da deposição em terrenos
baldios.
Outras demandas urgente neste item trata da necessidade de efetivação da coleta
seletiva na cidade e da potencialização das ações junto aos catadores de material
reciclado.
Outro desafio trata da forma de contratação desses serviços de limpeza pública.
Poluição do Ar
Este é certamente, um dos maiores desafios para o município em termos
ambientais. A poluição veicular na Região, tal como ocorre em grandes cidades,
ainda não é o principal problema que afeta a qualidade do ar. Estudos de
caracterização de materiais particulados já realizados em filtros de monitoramento
(1995 a 1998) mostraram que as contribuições industriais na qualidade do ar
representam 34,6% e as de veículos 6,3%.
Imagem 3 - Pesquisa – sensibilidade e incômodo provocado pela poluição do ar na
sociedade.
Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo – A partir de pesquisa realizada pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, e coordenada pelo Professor Dr. Neyval Costa Reis Júnior.
43
A rede de monitoramento da qualidade do ar da RMGV abrange os municípios
circunvizinhos de Vitória vem fornecendo informações sistemáticas desde 2001.
Automatizada, a rede de Monitoramento da Qualidade do Ar na Região da Grande
Vitória é composta por estações de monitoramento situadas em locais estratégicos.
(VITÓRIA, 2008).
Imagem 4- Principais fontes de poluição do AR na Região da Grande Vitória.
Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo – A partir de
dados do IEMA (2011).
44
Imagem 5- Foto Aérea Principais áreas de poluição do AR na Região da Grande
Vitória.
Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo.
45
Apesar de os parâmetros registrados mostrarem que os índices apresentam-se
dentro da faixa de tolerância estabelecido pela Resolução CONAMA nº 03 de
28/06/1990 a crescente evolução das atividades econômicas, bem como a
concentração populacional e de veículos automotores (coletivos, cargas e individual)
carece de ser acompanhado por medidas que garantam o equacionamento entre
tais adventos e a manutenção da qualidade ambiental em prol da saúde do
cidadão.(VITÓRIA, 2008)
TABELA 12: MÉDIA DOENÇAS RESPIRATORIAS - BRASIL X ESPIRITO SANTO
DOENÇA MÉDIA NACIONAL MÉDIA ESPIRITO SANTO
DIFERENÇA DE PORCENTAGEM
ASMA 20,9 26,5 27,8%
RENITE 26,0 46,6 80,2%
RINOCONJUNTIVITE 12,0 20,0 66,6%
Fonte: Relatório CPI do Pó Preto – Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo – Outubro de
2015, a partir de dados da ISSAC (InternationalStudyofAsthmaandAllergies in Childhood).
O monitoramento das partículas sedimentáveis e a caracterização físico-química da
poeira de Vitória, bem como a identificação das fontes provenientes são
reivindicações antigas dos moradores através dos movimentos sociais organizados,
principalmente em suas atuações no Conselho Municipal de Defesa do Meio
Ambiente (COMDEMA).
Educação Ambiental
Seguindo os princípios básicos da PNEA - Política Nacional de Educação Ambiental (Lei
9.795/1999), temos como horizonte para esta politica o seguintes pressupostos:
I. o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II. a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III. o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV. a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V. a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI. a permanente avaliação crítica do processo educativo;
46
VII. a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais e globais; e
VIII. o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Ao se articular a educação ambiental ao eixo da “Cidade de Verdade”, incluímos a
perspectiva crítica dos processos de desenvolvimento e gestão do urbano. Assim,tem-se um
olhar mais amplo, e se bem internalizados e compreendidos, podem ser enriquecidos e
complementados permanentemente pelos diferentes sujeitos que compõem a cidade. Deste
modo, as ações ganham aspectos que articulam a totalidade, a integralidade, a participação
dos sujeitos e a visão mais ampla dos aspectos que envolvem sociedade e meio ambiente,
como unidades indissolúveis, apesar de seus inúmeros aspectos contraditórios gerados no
modo de produção industrial capitalista, que tende a fragmentar e cindir esta noção
totalizante. Nesta direção, Loureiro (2011) afirma que
A educação ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. Nesse sentido, contribui para a tentativa de implementação de um padrão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova ética da relação sociedade-natureza. Dessa forma, para a real transformação do quadro de crise estrutural e conjuntural em que vivemos. A educação ambiental, por definição, é elemento estratégico na formação de ampla consciência crítica das relações sociais e de produção que situam a inserção humana na natureza. (LOUREIRO, 2011, p. 73)
Este autor reforça a ideia de que a educação ambiental ganha um contorno emancipatório,
na medida em que se expandem dos espaços restritos à educação formal e do seu caráter
instrumental, técnico e individual; e se amplia para o exercício constante de reflexão e
práticas em ambientes formais e não formais no âmbito do Estado e da sociedade em geral,
a partir de problematizações e das contradições e impactos gerados pela forma de
organização da produção que tende à dilapidação dos recursos naturais e humanos
comobjetivos e interesses hegemônicos de sustentação à lucratividade do capital em
detrimento da existência da natureza preservada e sustentabilidade da vida humana no
conjunto das cidades.
O aumento das “liberdades individuais” para o consumo e aumento da produção, criam uma
sociabilidade voltada ao indivíduo e a noção de liberdade se restringe ao consumo e acesso
que este pode lhes garantir, a prática é a da produção de excedentes e de desperdícios. O
desdobramento do capitalismo mundializado, coloca na escala global um padrão de
insustentabilidade. Logo, capitalismo no estágio atual das forças produtivas e
47
sustentabilidade, são incompatíveis em sua essência. “Por isso, a ação educativa
ambientalista, sem as devidas orientações políticas e teóricas, perde seu efeito
transformador, por mais ricas que sejam as propostas metodológicas e práticas” (Loureiro,
2011, p. 82), quando apresentadas de forma isoladas do conjunto de processos decisórios
dos rumos de uma cidade.
Sinteticamente, as estratégias locais e regionais, precisam levar em conta a dinâmica e o
desenho do desenvolvimento das forças produtivas em curso e poder criar estratégias de
democracia local que consiga não somente acompanhar de forma subordinada os
processos externos que podem impactar no meio ambiente, mas intervir na crise
socioambiental que nos encontramos, podendo agir nas determinações sociais geradoras
deste possível colapso ambiental, por meio de uma democracia local fortalecida pelo
processos e práticas de organização política e social de preservação das localidades, seus
recursos e identidades. Nesta direção, Meszáros (2007) insta
Pois sustentabilidade significa estar realmente no controle dos processos
sociais, econômicos, e culturais vitais, pelos quais os seres humanos não
apenas sobrevivem, mas também encontram realização, de acordo com os
desígnios que estabeleceram para si mesmos, ao invés de ficarem à mercê
de forças naturais imprevisíveis e determinações socioeconômicas quase
naturais. (MESZÁRO, 2007, p.190)
Portanto, é possível inferir que a educação ambiental, possui um leque de abordagens que
seguem desde as mais instrumentais de caráter positivista de gestão dos problemas
ambientais e ações imediatistas para a sua contenção dos aspectos mais aparentes do
fenômeno de destruição ambiental, até aquelas mais críticas, que evidenciam a dimensão
de totalidade e a indissociabilidade da relação humano e natureza, mediadas pela forma
trabalho e transformações ocorridas através dos diferentes modos de produção.
Esta última se coloca como potencialmente radical no sentido de apresentar as contradições
e insuficiência das repostas imediatistas dos acordos multilaterais propostos pelos
Organismos Internacionais (ONU, Banco Mundial, OMS, dentre outros) e as sucessivas
propostas fracassadas de se estabelecer no plano global medidas que ultrapassem as
contingências, sem conseguir avançar de fato, para um modelo de sustentabilidade no
sistema de produção desigual do capitalismo em escala ampliada.
Os indicadores ambientais de esgotamento deste modelo já se mostram suficientemente
claros para a urgência que temos de processos de transformação neste padrão de
sociabilidade.
48
Nestes termos, a educação ambiental tem como objetivo a formação de uma consciência crítica, do ponto de vista ambiental, posto que seja capaz de, criticamente, compreender a desigualdade social, a padronização cultural e o fetichismo da política como dimensões de uma mesma totalidade complexa. (SILVA, 2010, p. 138)
Diante deste quadro, trazer o diagnóstico e futuras proposições para a educação ambiental
em um município, de forma articulada ao contexto social, político e econômico do
desenvolvimento e sua direção no cenário local e estadual, é promover o diálogo crítico e
ampliado com todos os setores da sociedade que se pretendem planejar o futuro em relação
à questão do saneamento e suas interfaces com as demais políticas públicas. Dessa forma,
a busca é superar também a forma convencional que via de regra os municípios têm atuado,
que é ter quase a escola como ambiente exclusivo para esta política. Pretende-se ampliar
este processo para toda a cidade, pois o ambiente educativo compõe as mais diversas
formas de sociabilidade e convivência que envolve todos sujeitos e seus territórios.
DIRETRIZES
1) Valorização dos recursos naturais de Vitória
Resgatar a referência de paisagem natural e seus significados para composição de
uma ambiência sã e de sua importância na melhoria da qualidade de vida da
população
2) Ecosustentabilidade ambiental na Cidade
Promover o uso sustentável dos recursos naturais e desenvolver a consciência
ambiental através de ações que agreguem valor na base da pirâmide produtiva e
garantam a conservação da biodiversidade e o manejo sustentável dos recursos
naturais.
PROPOSTAS
Programa de Conservação da Biodiversidade e Gestão das Áreas Protegidas.
Elaborar e implantar os planos de manejo das 22 Unidades de conservação
da cidade.
Programa corredores verdes, através da ampliação da cobertura vegetal
arbórea para a minimização dos efeitos impactantes do processo de
49
adensamento da urbanização (sonoros, climáticos, visuais) e a ampliação dos
efeitos de melhoria qualitativa dos espaços sociais.
Ampliação da área arborizada da cidade através dos corredores de circulação
viária como forma de desconcentrar as áreas verdes do Município; elevação
da densidade da arborização urbana integrada ao projeto urbanístico da
cidade pela constituição de alamedas.
Incentivo ao plantio de árvores frutíferas e flores da Mata Atlântica como
forma de socialização e humanização dos espaços públicos da cidade.
Monitoramento da Qualidade Ambiental – Instrumento de definição e
acompanhamento dos parâmetros ambientais relacionados às atividades
humanas e industriais.
Redefinição dos limites de aceitabilidade de agravos que se constituam em
poluição, garantindo padrões de satisfatória qualidade de vida aos habitantes
com planos de monitoramento de qualidade do ar, dos recursos hídricos, e
qualidade sonora e visual da cidade para fins de controle ambiental através
do licenciamento, auditoria, controle social e fiscalização permanentes.
Criação de circuitos Integrados de Turismo, Cultura e Meio Ambiente.
Fomento do uso, da produção e da pesquisa de energias renováveis e limpas
e redução do uso da matriz energética atual.
Enfatizar a educação ambiental pelas vias diretas (formais) e indiretas
(marketing referencial ambiental) ampliando o Projeto de Educação Ambiental
no município, com foco no desenvolvimento sustentável e na mudança de
comportamento com relação ao uso e consumo dos recursos naturais.
Ampliar o desenvolvimento e popularização de tecnologias de produção de
água e de reuso de águas cinzentas, negras e pluviais; apoio às pesquisas e
ações de produção de água nas bacias hidrográficas, redução do consumo
per capta de água em Vitória.
Criar mecanismos de contrapartida financeira sobre o passivo ambiental.
Acentuar a fiscalização dos principais poluidores do ambiente na cidade.
Atuar junto a procuradoria do município e todo o corpo jurídico para resolução
de pendencias judiciais com relação a questões ambientais.
Criação de um fundo para a despoluição das praias da cidade com recursos
das empresas poluidoras.
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Planejamento e execução das políticas ambientais integrando os diversos
setores (gerências de áreas verdes GAV; educação ambiental GEA;
fiscalização GIF; gerência de licenciamento ambiental CACL/GCA; gerência
de controle monitoramento de ecossistema GCME;
Reintegrar os setores de planejamento (área técnica) e execução, da
gerência de áreas verdes, uma vez que o trabalho de plantio, paisagismo,
poda e retirada de árvores, saiu da SEMMAM e foi para SEMSE (secretaria
de serviços), isso tem gerado total desarticulação, duplicação de tarefas,
desorganização e escassez de recursos financeiros, pois juntamente com as
referidas tarefas o serviço foi terceirizado em um contrato extremamente caro
e que precisa ser inclusive, auditado.
Aumentar o plantio de árvore, de forma planejada, priorizando os locais de
grande circulação de pedestres, de modo a superar a quantidade de árvores
retiradas, contribuindo para proteger o cidadão e reduzir o índice de câncer
de pele.
Atualização da lei de fiscalização ambiental municipal;
Reestruturação e adequação dos salários dos fiscais de acordo com as
tarefas desempenhadas e Melhorar as condições de trabalho dos mesmos;
Priorizar a ocupação dos cargos por funcionários de carreira qualificados para
a área.
Incentivar feiras, eventos culturais, gastronômicos, acadêmicos, entre outras.
Utilização dos aparelhos públicos com essa finalidade (praça do papa, fábrica
de ideias, praças de bairros, praias, Mercado São Sebastião, mercado da Vila
Rubim).
Oferecer capacitação e políticas de desenvolvimento e valorização a essas
atividades.
51
EIXO 3 – PARTICIPAÇÃO SOCIAL, CONTROLE DEMOCRÁTICO E
COMUNICAÇÃO POPULAR
Diretrizes do Programa do Psol apontam para a defesa do socialismo com liberdade
e democracia que deve ser encarada como uma perspectiva estratégica e de
princípios. Não é possívelprever as condições e circunstâncias que efetivarão uma
ruptura sistêmica. Mas, para resgatar a esperança de dias melhores, sustenta-se
que uma sociedade radicalmente diferente, somente pode ser construída no
estímulo à mobilização e auto-organização independente dos trabalhadores e
trabalhadores e de todos os movimentos sociais.
O essencial é ter como permanente a idéia de que não se pode propor essa outra sociedade construída sem o controle dos próprios atores e sujeitos da auto-emancipação. Não há partido ou programa, por mais bem intencionado que seja, que os substituam. Uma alternativa global para o país deve ser construída via um intenso processo de acumulação de forças e somente pode ser conquistada com um enfrentamento revolucionário contra a ordem capitalista estabelecida. Nesta perspectiva é fundamental impulsionar, especialmente durante os processos de luta, o desenvolvimento de organismos de auto-organização da classe trabalhadora, verdadeiros organismos de contra-poder.(http://www.psol50.org.br/partido/programa/)
DIAGNÓSTICO:
O município de Vitória possui em sua estrutura organizativa de 43 conselhos
municipais, cobrindo as mais diversas políticas públicas, como ilustra a tabela
abaixo:
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TABELA 13- CONSELHOS MUNICIPAIS POR SECRETARIAS
SECRETARIA QT CONSELHO
CDV 01 Conselho Gestor do Programa de Parceria Público Privada
02 Conselho Municipal do Desenvolvimento Econômico de Vitória.
03 Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia
SEHAB 04 Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social
SEMSU 05 Conselho Municipal de Segurança Urbana
CGM 06 Conselho Recursal
SEDEC 07 Conselho Municipal do Plano Diretor Urbano
SEMAS 08 Conselho Tutelares
09 Conselho Municipal da Juventude de Vitoria
10 Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente
11 Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência
12 Conselho Municipal de Assistência Social de Vitoria
13 Conselho Municipal do Idoso
14 Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional
SEMC 15 Conselho Municipal de Cultura
16 Conselho de Orientação (Museu de Vitoria)
SEMCID 17 Conselho Municipal de Juventude de Vitoria
18 Conselho Municipal dos Direitos da Mulher
19 Conselho Municipal dos Direitos Humanos
20 Conselho Gestor do Fundo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor
21 Conselho Municipal do Negro
SEME 22 Conselho de Alimentação Escolar no Município de Vitoria
23 Conselho Municipal de Educação de Vitoria
24 Conselhos de Escola
SEMESP 25 Conselho Municipal de Esportes
SEMFA 26 Conselho Municipal de Recursos Fiscais
27 Conselho de Fiscalização e Acompanhamento do Fundo de Desenvolvimento Municipal
28 Conselho Pleno
29 Conselho Municipal de Tributos Imobiliários
SEMMAM 30 Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente
31 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal de Tabuazeiro
32 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal da Gruta da Onça
33 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal Pedra dos Olhos
34 Conselho Consultivo da Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão
35 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal Vale de Mulemba
36 Conselho Consultivo do Parque Natural Municipal da Fonte Grande
SEMSE 37 Conselho de Recursos Fiscais - Código de Limpeza Pública do Município de Vitória
SEMTUR 38 Conselho Municipal de Turismo
SEMUS 39 Conselho Municipal sobre Álcool e outras drogas
40 Conselho Municipal da Saúde
41 Conselho Local de Saúde
SETGER 42 Conselho Municipal do Trabalho
SETRAN 43 Conselho Municipal de Transporte e Transito
Fonte: SECOV e Webleis (www.sistemas.vitória.es.gov.br/webleis) Elaboração: Gerencia de Informações Municipais - SEGES/PMV
Nas “rodas de conversa” sobre as politicas públicas e segmentos sociais, a questão
da participação e do controle democrático aparece como ponto central a ser tratado
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no Programa de Governo.Destacou-se, ainda, que a dinâmica dos conselhos em
geral, mostra-se burocratizada e funcionando de forma cartorial e menos política.
Neste sentido, verifica-se o esvaziamento qualitativo dos debates em torno dos
avanços nas políticas públicas e o exercício pleno dos conselhos de Vitória. Tais
espaços deixam de cumprir seu papel precípuo, como planejar, acompanhar e
avaliar a implementação das políticas públicas.
Outro aspecto destacado é que parte dos 43 conselhos não são deliberativos e sim,
consultivos. Vale destacar que pela natureza consultiva o papel das representações
sociais fica extremamente limitado, pois de fato, é o executivo quem define em
última instância as ações e sua forma de execução.
Os limites de se constituir outros espaços participativos em Vitória aumentaram nos
últimos anos, a inexistência do Orçamento Participativo na atual gestão, o
esvaziamento e a forte cooptação das intervenções das associações de bairro e dos
movimentos sociais na cidade são marcas desse processo.
Vale registrar os prejuízos da pouca participação social e democrática no município,
em especial, no que se relaciona ao financiamento e à distribuição do orçamento e
dos recursos públicos nas áreas consideradas estratégicas do ponto de vista das
demandas sociais da cidade.
A qualificação dos conselheiros e demais lideranças sociais e comunitárias foi
reivindicada como processo permanente, o que não vem ocorrendo. A
desqualificação das intervenções dos membros dos conselhos impede o efetivo
controle social e democrático sobre as ações do executivo. A educação
tributária/fiscal, bem como o conhecimento mais amplo sobre as políticas sociais tais
como educação, assistência social, cidadania e direitos humanos se fazem
necessárias.
A falta de efetividade nas instâncias de denúncia e ouvidoria foi objeto recorrente
dos relatos dos grupos, que indicaram a falta de resolução e devolutiva das
demandas apresentadas pela população. A política de transparência e
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democratização das informações é um ponto frágil que surge neste rol de
necessidade de melhorias da gestão pública em Vitória.
DIRETRIZES:
1) Estímulo à mobilização e auto-organização independente dos trabalhadores e de
todos os movimentos sociais, ampliando os canais de participação popular de forma
direta, por meio das associações de bairros, conselhos municipais, orçamento
popular e outras formas de intervenção democrática na cidade.
2) Controle social e democrático pelos próprios sujeitos da auto-emancipaçãopara
impulsionar, especialmente durante os processos de luta, o desenvolvimento de
organismos de auto-organização da classe trabalhadora, verdadeiros organismos de
contra-poder.
3) Garantia de expressões dos diferentes segmentos e dos territórios que compõem
a cidade, promovendo ações para a formação que contribua para a elevação do
nível de consciência coletiva, organização política dos sujeitos e o respeito à
diversidade social e sexual, étnico-racial e de gênero.
4) A participação efetiva dos usuários em todas as instâncias de controle social da
cidade, como forma de garantir a representatividade dos sujeitos sociais na
formulação, na condução e na avaliação das políticas públicas.
PROPOSTAS
Aplicar a política do Orçamento Popular com efetiva participação da
população com o objetivo de definir de forma democrática e transparente o
uso dos recursos públicos e as prioridades de investimentos do orçamento de
acordo com os interesses e demandas da Cidade, provocando
sucessivamente a inversão de prioridades dos gastos públicos;
Política de formação permanente de Conselheiros/as;
Fortalecimento da autonomia das organizações comunitárias e movimentos
sociais, suas manifestações e expressões nos espaços públicos da cidade;
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Criação de um centro de educação popular e comunitária para formação e
fortalecimento dos movimentos em Vitória.
Criação de um espaço de integração dos Conselhos Municipais de políticas
públicas e de direitos com infraestrutura e recursos compatíveis com o
desenvolvimento de suas atividades.
Criação do fórum de Conselhos Municipais de políticas públicas para
integração das discussões, troca de experiências e articulação das políticas
públicas e demandas populares, incluindo-se a articulação com a RMGV;
Garantir a realização de Conferencias municipais para formulação de
propostas para as políticas sociais diversas.
Ampliação e aprofundamento de experiências de comitês temáticos e
câmaras territoriais rumo à democratização e descentralização das políticas
sociais;
Criação de equipamentos públicos de serviços integrados das políticas
sociais nos territórios (assistência, cultura, inclusão digital, trabalho e renda,
acesso à cidadania, atividades gerais e outros) com desenvolvimento de
ações gerais (políticas do município) e específicas com base em diagnóstico,
plano e controle social em âmbito local;
Criação de Observatório de políticas sociais, com a constituição de grupo de
pesquisa sobre as políticas sociais para garantir a sistematização e o
aperfeiçoamento das mesmas por meio da produção de conhecimentos sobre
a Cidade (Metropolitana) suas demandas e possibilidades;
Criação de Conselho Municipal sobre Drogas responsável pelo planejamento,
fiscalização e participação da sociedade no planejamento das ações
relacionadas à questão das drogas.
3.1 COMUNICAÇÃO3
A Constituição Federal de 1988 prevê que a exploração e a regulação das
telecomunicações e radio difusão são de competência da União, o que normalmente
3 As diretrizes de comunicação deste programa tiveram como base o documento Políticas Locais Para
Comunicação Democrática, desenvolvido e redigido pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.
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centraliza o debate sobre políticas de comunicação no âmbito do Executivo e
Legislativo Federal. No entanto, o município pode e deve propor ações que
contribuam para a democratização da comunicação e, principalmente, para a
garantia do acesso à comunicação, enquanto direito humano, ampliando a
participação cidadã e possibilitando que todos, como sujeitos da cidade, tenham
espaço para manifestar seu pensamento e voz, intervindo no seu cotidiano e na
política local.
Além disso, uma gestão democrática pressupõe uma política institucional
transparente, e nesse aspecto, a comunicação é um instrumento fundamental da
gestão pública. O acesso pleno à informação é instrumento indispensável para
qualificar a participação do cidadão no processo democrático e é condição para o
exercício da cidadania. Assim, a comunicação é tanto instrumento de
democratização da gestão pública como de fortalecimento da participação popular.
DIAGNÓSTICO
Atualmente, a política de comunicação da Prefeitura de Vitória é direcionada
basicamente para publicidade e divulgação das ações da gestão, sem canais
dialogados que permitam o envolvimento real do cidadão na construção da gestão
pública. Além disso, apesar de cumprir as exigências da Lei de Acesso à Informação
(Lei 12.527/11), os dados oficiais disponíveis no portal da transparência não são
apresentados de forma didática e acessível, limitando o acesso e interpretação das
informações.
Não há, ainda, programas de fomento à comunicação alternativa e comunitária que
possibilitem a produção e circulação de informação a partir da pluralidade de vozes
que constituem o espaço urbano municipal, uma ausência que favorece a
construção narrativa sobre a cidade a partir do discurso dos grandes veículos de
mídia, cujos interesses são norteados pela iniciativa privada. Houve, pelo contrário,
um esvaziamento do Centro de Referência de Juventude como espaço de
instrumentalização e empoderamento da juventude na produção de comunicação e
cultura.
Os pontos de acesso à internet livre, chamado Vitória OnLine, são poucos e
ineficientes. O acesso à internet, dada a importância que a rede assume para a
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sociabilidade das pessoas e o acesso à informação, deve estar universalizado na
cidade e não restrito a praças e regiões selecionadas.
DIRETRIZES
1) Fomentar a comunicação como ferramenta de democratização da gestão
pública;
2) Garantir a transparência na gestão municipal e o acesso do cidadão a todas as informações necessárias para o pleno exercício da cidadania;
3) Integrar as ações e políticas de comunicação às demais políticas públicas do
município, de forma a constituir arranjos que contribuam para o fortalecimento de políticas integradas;
4) Potencializar a apropriação dos meios de comunicação e o exercício do
direito humano à comunicação pelos seus cidadãos e cidadãs;
5) Contribuir para a ampliação da pluralidade e diversidade das fontes disponíveis de informação nessa localidade;
6) Fortalecer os instrumentos de participação popular para definição, monitoramento e avaliação das políticas de comunicação
PROPOSTAS
Garantir espaços permanentes de interlocução do poder público com o cidadão, como ouvidorias públicas.
Utilizar estratégias de comunicação para facilitação de processos de participaçãopopular (como orçamento popular e programas similares) e planejamento estratégico nos bairros, viabilizando a discussão, pela população, das prioridades de ação nas diversas regiões do município.
Difundir para os cidadãos seus direitos, a estrutura e o funcionamento da Prefeitura e da Câmara Municipal e as formas possíveis de participação na gestão pública, com a divulgação de espaços de controle social e participação popular e a realização de campanhas educativas a esse respeito.
Garantir aos jornalistas e a todos os cidadãos e cidadãs o acesso à informação pública, como instrumento para facilitar o controle social das políticas de governo.
Criar política de divulgação e informação das políticas sociais que dialoguem com os veículos comunitários e com espaços públicos como escolas, associações de bairro, entre outros.
Adotar softwares livres em todas as áreas da administração municipal e nos programassociais do setor.
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Criação de pontos de cultura ou ainda pontos de mídia livre-digital.
Estimular e promover iniciativas voltadas para a Alfabetização Digital, incluindo escolas, Lan Houses e programas de inclusão, possibilitando a apropriação e qualificação do uso da rede.
Disponibilizar acesso amplo e gratuito à internet de qualidade por meio de “hotspots” e “postos de conexão” (locais com equipamento e estrutura necessários).
Apoiar as rádios comunitárias no município, com a criação de um fundo para distribuição de verbas para suporte à estruturação, apoio técnico, capacitação, investimento em equipamentos e manutenção e funcionamento das mesmas.
Apoiar o processo de instalação e desenvolvimento das rádios comunitárias no município, estabelecendo diálogos com o Ministério das Comunicações.
apoiar as associações que pleiteiam serviço de rádios comunitárias nas questões técnicas do processo de instalação.
Contemplar a educomunicação e leitura crítica da mídia nas escolas de ensino fundamental, estimulando a prática transversal do tema nos espaços escolares.Incentivar e promover experiências e projetos de educomunicação, em parceria com organizações da sociedade civil, direcionados à população local.
Construir um programa de formação em educomunicação para os educadores das escolas municipais, possibilitando o conhecimento da metodologia e a apreensão e utilização crítica dos conteúdos midiáticos.
Estabelecer uma política de financiamento e apoio às mídias populares e alternativas, com editais públicos premiando com recursos as mídias populares e editais de fomento à criação e desenvolvimento de novos meios de comunicação populares e alternativos, ampliando o potencial produtivo destes públicos.
Realizar periodicamente a Conferência Municipal de Comunicação, espaço deliberativo para aprovação de diretrizes para políticas de comunicação para o município e para a atuação do conselho municipal de comunicação. A periodicidade deve dialogar como processo nacional de realização da Conferência Nacional de Comunicação, que teve sua primeira edição realizada em 2009.
Constituir um Conselho Municipal de Comunicação, com maioria de representantes da sociedade civil, para formulação, implementação, fiscalização e monitoramento das políticas municipais de comunicação. Sua criação deve se dar a partir de diálogo do poder público com a sociedade civil local, pactuando atribuições, composição e forma de escolha, que devem sempre garantir independência em relação ao governo municipal.
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EIXO 4 –GARANTIAS SOCIAIS E SEGURANÇA DE DIREITOS
CONCEPÇÃO
Coerente com o Programa do PSOL 50, que indica que as propostas do partido
buscam “estabelecer um ponto de partida para a construção de um projeto
estratégico, capaz de dar conta das enormes demandas históricas e concretas dos
trabalhadores e dos excluídos do nosso país” (PSOL, 2015), para se pensar as
garantias sociais e a segurança dos direitos é fundamental voltar-se ao
enfrentamento concreto da concentração de riqueza que se contrasta com a
pauperização da população, demonstrada pelas expressões da questão social na
Cidade, que cinde, separa e isola moradores que também precisam usufruir dos
bens, serviços e participação nos processos decisórios em Vitória.
Ao analisar a realidade social da cidade de Vitória, observa-se que além das
manifestações mais atuais da questão social (situação de rua, doença mental,
homofobia, ausência de moradia, juventude ameaçada, violência urbana, mulheres e
idosos como único provedores), novas demandas se apresentam na medida em que
a cidade também altera a sua dinâmica e exige novos patamares de vida e de
serviços compatíveis com o seu crescimento e as suas conquistas (envelhecimento
populacional, promoção à saúde, acessibilidade, atividades esportivas e culturais,
formação profissional, dentre outras).
O diagnóstico participativo realizado em todas as rodas de conversa na construção
deste Programa para a capital apontam que a injusta distribuição de renda marca o
espaço urbano e oferece como paisagem a dicotomia da cidade que, sendo uma, na
verdade encontra-se dividida. Esta polarização é demonstrada pela segregação
sócio-espacial, quando temos regiões altamente assistidas providas de
equipamentos públicos e outras, desprovidas das condições dignas de vida.
Nota-se, que a desigualdade de renda em Vitória, além dos condicionantes
estruturais do capitalismo, via de regra está intimamente associada ao baixo nível de
escolaridade, ao limite no usufruto de direitos e acesso à justiça, ao acesso de bens
e serviços. Limites que agravam a questão social em suas expressões
multifacetadas.
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As informações que seguirão, denotam que apesar da existência das políticas
sociais que, inclusive, sofreram nesta última gestão municipal alguns retrocessos,
prevalece o forte indicativo de que os benefícios do crescimento econômico regional
não atingiram igualmente a todos e que boa parcela da população. Os recuos dos
direitos da classe trabalhadora com o neoliberalismo precisam ser enfrentados com
investimentos prioritários nestas áreas tidas para nós como estratégicas e centrais
no Programa de Governo para a cidade de Vitória.
Superar ainda o viés punitivo presente por meio da militarização e judicialização da
questão social, onde as violações de direitos são muitas vezes proferidas pelo
Estado, é ainda o horizonte deste programa, por isso o tema da segurança de
direitos comparece neste eixo em conjunto com as demais politicas sociais e de
defesa dos direitos humanos.
A promoção de uma cidade que protege seus munícipes, independentemente de sua
condição é vital para o futuro e para a superação de uma cidade discriminatória,
higienista e excludente que muitas vezes assistimos em situações cotidianas (vide
os populares de rua sendo incendiados, o índice de jovens assassinados, a violência
contra usuários de drogas nas “cenas de uso”, os maus tratos aos idosos, a
indivisibilidade de pessoas com deficiência, dentre outros casos).
Assim, a perspectiva de trabalhar de forma associada as garantias sociais e a
segurança de direitos vem no sentido de não dicotomizar as políticas sociais e as
políticas de segurança, pois ambas são fundamentais para redução das
desigualdades e injustiças sociais presente no cenário de Vitória.
4.1 POLÍTICA DE ASSISTENCIA SOCIAL - SUAS
DIAGNÓSTICO
Identifica-se uma priorização no atendimento à pobreza absoluta em Vitória, onde a
Criminalização da pobreza na Cidade, vem de um estigma e uma intolerância para
com a população que sofre as consequências da pauperização.
61
A assistência social enquanto dever do Estado e direito do cidadão não é
incorporada pela sociedade e pelas demais secretarias do governo municipal, com
recuos em relação ao período anterior em termos dos equipamentos, serviços,
benefícios e concepção da gestão desta política, além da dificuldade em articular
assistência social, educação, saúde, cidadania e trabalho.
O tipo de contratação prioritário é o contrato temporário e terceirizado através das
ONGs, o que fragiliza o trabalho a ser desenvolvido na assistência social,
principalmente, no que se refere à rotatividade, à precarização do trabalho eà
descontinuidade do trabalho. Isso gera ainda uma base salarial baixa e diversos
tipos de contratação.
O aumento na quantidade de programas não vem acompanhado da ampliação do
quadro de profissionais e de melhorias nas condições físicas e estruturais, o que
aumenta a demanda para o trabalhador e precariza a forma de atendimento a essa
demanda.
Cerca de 80% dos serviços ainda são implementados pelo governo em parceria com
entidades sociais. Esta parceria ocorre via convênios/contratos com entidades não
governamentais que recebem recursos públicos para a execução da política.
Apesar de organização de uma rede de serviços de proteção social básica, de média
e alta complexidade, o trabalho da rede ainda está disperso nos territórios, não
dialogam entre si, além da fragilidade na rede de média e alta complexidade.
A proteção especial de alta complexidade é em sua maioria realizada por ONG’s,
cujos serviços são o abrigamento de crianças, adolescentes, jovens e adultos;
abrigos para pessoas com vírus HIV; casas lares para adultos com transtornos
mentais; asilo de idosos.
Os CRAS’s absorvem grande demanda da população que supera a atenção básica.
Os usuários que procuram os serviços nos CRAS já foram excluídos das demais
políticas públicas e ainda não conseguem acessá-los de forma integrada.
62
A prefeitura (nas diversas secretarias) tem dificuldades de trabalhar com a
diversidade, o tempo de resposta do social é diferente do tempo de atendimento da
prefeitura (burocratismo). As demandas dos usuários precisam de respostas rápidas,
em alguns casos não pode esperar. Isso é incompreendido principalmente pela
administração da prefeitura.
Sobre o Controle Democrático e a participação social na gestão da Política de
Assistência Social, algumas representações nos Conselhos possuem uma visão
relativa aos objetivos particulares da entidade e a público alvo ou usuário da mesma,
tendo dificuldade em respeitar o coletivo. Verifica-se que a representação fica
restrita à pessoa indicada ou aos diretores da entidade. Observa-se que os
conselheiros parecem se auto-representar. Há, assim, uma desarticulação com as
bases, desarticulação entre representante e representado.Não há articulação dos
Conselheiros da Sociedade Civil de forma estratégica e sistemática. Além da falta de
qualificação permanente dos Conselheiros e também para os representantes do
poder público. Os conselheiros têm grande dificuldade de entender o seu papel e o
papel do Conselho.
Há uma explicita fragilidade no fluxo de comunicação entre os conselheiros
(representantes) e a base (representados). Não se garante que a voz dos
representados seja levada ao espaço de luta dos conselhos. Além da fragilidade de
aglutinação para participação dos usuários da assistência social, sobretudo em torno
do debate, da militância e do controle social desta área.
Sobre o financiamento há uma frágil discussão do orçamento destinado à
Assistência Social, apesar do acompanhamento do COMASV, prevalece a grande
dependência de repasses federais e foco no bolsa família e transferência de renda
com foco na pobreza absoluta.
Apesar de a territorialização significar um pressuposto do SUAS, pode estar
ameaçada se os serviços se restringirem à pobreza absoluta, contribuindo para
delimitar um espaço fronteiriço em que a pobreza se concentra.Os equipamentos
são em sua maioria alugados, inadequados e com localização difícil para os
usuários.
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Neste último ciclo, a desprofissionalização dos gestores e trocas sucessivas
provocaram ainda maiores dificuldades para o avanço da assistência social.
Outro aspecto levantado, corresponde à reduzida intersetorialidade das ações e
resultados entre a assistência social e as demais políticas sociais desenvolvidas
pelas diversas secretarias do governo municipal. A inexistência de articulação de
uma rede de proteção social da Região Metropolitana da Grande Vitória,
principalmente nos níveis de média e alta complexidade do SUAS.
A cultura de avaliação da política de assistência social ainda é bastante fragilizada
face à própria cultura de não avaliação das políticas sociais, articulando eficácia,
eficiência e efetividade com a democratização e o controle social.
DIRETRIZES
1) Fortalecimento do SUAS e dos direitos socioassistenciais, com espaços para
acolhida de manifestação de interesses dos usuários, ações de preservação de seus
direitos e adoção de medidas e procedimentos nos casos de violação aos direitos
sociassistenciais pela rede de serviços e atenções.
2) Articulação interinstitucional e intersetorial entre competências e ações do SUAS
com as demais políticas sociais. A fim de contribuir com a defesa dos direitos
humanos.
PROPOSTAS:
Fortalecimento do sistema democrático e participativo da gestão e do controle
social, por meio dos Conselhos e Conferências de Assistência Social, Criança
e Adolescente, Idoso, Pessoa com Deficiência, Segurança Alimentar e outros;
Criação de conselhos locais por territórios.
Ampliação da gestão orçamentária para sustentação da política de
Assistência Social através do orçamento público, constituído de forma
participativa, com provisão do custeio da rede socioassistencial.
Organização de um sistema de gestão dos trabalhadores voltado para os
princípios e diretrizes do SUAS, com um sistema de gestão dos trabalhadores
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em consonância com o SUAS e com o compromisso de um serviço público
voltado para a qualidade dos serviços prestados à população.
Valorizar o serviço público e seus trabalhadores, combatendo a precarização
do trabalho na direção da universalização da proteção social e com ampla
participação nas mesas de negociações.
Estabelecer a política do idoso e estruturar os Centro de atenção à pessoa
Idosa;
Estruturar os equipamentos da PSB em conformidade com a tipificação;
Concurso público para a proteção social básica e a proteção social especial
de média e alta complexidade;
Garantir o orçamento da receita para assistência social nos patamares de até
5% da receita líquida;
Reestruturar a SEMAS com decretos, cumprindo a lei SUAS de Vitória;
Diminuir o número de convênios dos serviços com entidades sociais;
Criar programas intersetoriais voltados à criação de proteções viabilizadoras
de inclusão social pelo trabalho, conduzidos pela ação do poder público
municipal.
Reativar o Restaurante Popular.
4.2 CIDADANIA, DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA DE DIREITOS
DIAGNÓSTICO
Entre outros aspectos o diagnóstico evidenciou a existência de fatores que dificultam
o pleno exercício da cidadania e a efetiva promoção dos direitos humanos na cidade
de Vitória, dando destaque a desigualdade de renda e a violência urbana.
A desigualdade de renda – via de regra, intimamente associada a desigualdade
social, de escolaridade e de acesso a bens e serviços – é um forte indicativo de que
os benefícios do crescimento econômico regional não atingiram igualmente a todos
e que boa parcela da população ainda está distante de ser beneficiada pelo
desenvolvimento econômico, enquanto um meio para impulsionar o desenvolvimento
das pessoas e para as pessoas.
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FIGURA 2 - RENDIMENTO NOMINAL MÉDIO MENSAL POR BAIRRO DE VITÓRIA
Fonte: PMV, (http://legado.vitoria.es.gov.br/regionais/Censo2010/Mapas/renda_media.pdf)
A forma que se estabelece a distribuição de renda de forma desigual e com bases
na exploração e precarização do trabalho marcam o espaço urbano de Vitória e
oferecem como paisagem dividida pela segregação sócio-espacial imposta pela
desigualdade social. Isto significa, admitir a existência em uma mesma sociedade de
dois universos sociais distintos, com baixa interatividade e manutenção de vínculos
entre ambos que, situados em territórios geográficos específicos dentro de uma
mesma cidade, parecem partes de dinâmicas produtivas díspares, ainda que dentro
de uma mesma região.
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O incremento da violência urbana desafia o ideal de construção da cidade como
espaço comum. O medo da violência – física, psicológica ou patrimonial,
principalmente – leva as pessoas a alimentarem desconfianças mútuas que, no
limite, tendem a provocar um encolhimento dos espaços de organização e
mobilização popular, um retraimento da capacidade de participação cidadã na arena
política e em atividades cooperativas e solidárias, o que tende a contribuir para a
diminuição do senso de responsabilidade com a esfera pública da vida em
sociedade.
Os efeitos ou consequências decorrentes de contextos de violência persistente
tendem a ser desvantajosos para todos. Porém, as expressões da violência não
atingem igualmente as diferentes classes e estratos sociais. A violência letal é mais
freqüente em áreas residenciais periféricas da cidade e atinge sobretudo a
população mais fragilizada de poder e renda. Crimes contra o patrimônio atingem
com mais freqüência segmentos sociais de maior renda e, ao lado de acidentes de
transporte, são mais comuns em regiões/bairros da cidade com melhor índice de
Qualidade Urbana.
O incremento da criminalidade é um problema comum aos municípios da RMGV e,
nesse sentido, contribui para demonstrar a forte interdependência entre os mesmos,
dado que para estancar o flagelo da violência é condição necessária a convergência
de esforços das administrações públicas e o efetivo engajamento do governo
estadual.
Na RMGV e em Vitória, o crime de homicídio prepondera sobre as demais causas de
morte violenta e atinge predominantemente a população mais jovem na faixa etária
de 15 a 34 anos.
Outro fator que merece a atenção e precisa ser enfrentado para garantir chances de
reversão do quadro de violência instalado na RMGV é a impunidade. O percentual
de delitos registrados à polícia e que são efetivamente apurados é muito pequeno. A
sensação de impunidade quando começa a se tornar clara, alimentada pela
percepção do desestímulo à persecução penal, funciona como uma espécie de
“autorizador” do comportamento transgressor e tende a abrir possibilidades para a
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corrupção. Em um contexto em que os órgãos responsáveis pela dissuasão,
detecção e punição de infratores parecem ter cada vez mais reduzida capacidade de
identificação de autores de atos criminosos o crime prospera favorecido pela baixa
capacidade persecutória e punitiva do Estado.
O incremento da violência urbana desafia o ideal de construção da cidade como
espaço comum. O medo de ser vítima de violência – física, psicológica ou
patrimonial, principalmente – leva as pessoas a alimentarem desconfianças mútuas
que, no limite, tendem a provocar um retraimento da capacidade cidadã. Por se
sentir inseguro e com medo o morador muda hábitos e comportamentos na tentativa
de melhor se proteger. (VITÓRIA, 2008)
A mudança de comportamento que a sensação de insegurança provoca se expressa
na diminuição das interações entre vizinhança; no encolhimento das esferas de
organização e mobilização popular no retraimento das atividades cooperativas e
solidárias de organização social, na diminuição do senso de responsabilidade com a
esfera pública da vida em sociedade. E, como conseqüência, a sensação da
insegurança civil se instala.(VITÓRIA, 2008)
Diante deste quadro instala-se o enfraquecimento do poder cidadão e do espírito
público que são desafios a serem enfrentados pelo administrador público que prima
pela realização de uma importante diretriz do Estatuto da Cidade: a gestão
democrática por meio da participação da população e de associações
representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
A criminalização da pobreza parece se desenvolver como uma espiral na sociedade
brasileira como um todo. Historicamente, as ações oficiais na área da segurança
pública foram cunhadas tendo como marca uma acentuada preocupação com a
violência e a criminalidade, real ou potencial, dos segmentos pobres: sempre
considerados como parte da chamada “classe perigosa”, sempre percebidos como
problema para a manutenção da ordem pública. (VITÓRIA, 2008)
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Na dias atuais, as estratégias de controle urbano das classes populares têm como
marca a segregação dos pobres e excluídos, apoiando-se em recursos autoritários
diversos que avalizam a violência policial, a despeito de qualquer direito e garantia
constitucional. (VITÓRIA, 2008)
A superação da criminalização da pobreza têm como dificultador a situação
extremamente desvantajosa em termos econômicos e sociais desse amplo
segmento populacional e que repercute na ausência de poder político e baixa ou
nula capacidade dos pobres e excluídos para influenciar decisões político-
institucionais, especialmente as que dizem respeito a política de segurança pública,
e ainda, na nula ou baixa capacidade deste segmentos de interferir nos processos e
práticas sociais que estigmatizam os pobres e reatualizam o lugar desse segmento
na sociedade – como classe perigosa.
Segurança Urbana
A Prefeitura realizou concurso público para guardas municipais e curso de formação,
que exigiu que algumas pessoas pedissem demissão de seus atuais empregos, mas
os agentes novos não foram contratados.
Faz-se necessária maior atenção ao processo de unificação das Guardas
Comunitária e de Trânsito - Justificativa: Exigência da Lei Federal 13.022. Mas há
também a alegação de otimização de recursos. O Projeto de Lei está para ser
votado na Câmara de Vereadores. Neste projeto, todos os guardas civis municipais
teriam as mesmas funções e portariam armas. OUTRO LADO. Os guardas alegam
desvio de função (fere o edital dos respectivos concursos públicos); significa
redução de custos, pois as viaturas estão sucateadas, com equipamentos de
trabalho reduzidos.
Os dados da SESP entre janeiro e maio de 2016 contabilizam redução de 21,87%
no número de homicídios, 14,82% nos casos de uso e tráfico de drogas e 4,7% de
crimes contra o patrimônio em relação ao mesmo período de 2015. Fonte: Home
page da Prefeitura (13/06/2016).
69
Recentemente foi criado o Fundo Municipal de Segurança Urbana, tendo como fonte
de recursos as multas aplicadas pela Guarda de Trânsito e recursos dos
parquímetros. Vale acompanhar e avaliar o uso desses recursos para não alimentar
a indústria de multas.
CAVVID
Funciona com equipe reduzida de psicólogos e assistentes sociais.Tem parceria
com o Governo do Estado na manutenção de Casa Abrigo para as mulheres em
situação de violência. OCAVVID desenvolve em parceria com a Vara, o projeto Fala
Homens - suposto ou autor da violência.
Foi instituído, em parceria com o Tribunal de Justiça, o Botão do Pânico, onde a
Justiça autoriza o uso do mesmo ,e a Guarda faz a operação quando acionada.
Atualmente o CAVVID tem maior protagonismo na indicação da mulher a ser
atendida pelo serviço.
Dentro da sede da SEMCID funcionam atualmente: CAVVID, Promotoria da Mulher
e Vara Especializada na Violência Domestica. Com a Delegacia próxima à SEMCID
(localizada no Barro Vermelho), estes serviços constituem o SIM - Sistema Integrado
de atendimento à Mulher.
DIRETRIZES
1) Promover a igualdade de acesso às oportunidades criadas pelo poder público
e conjugar esforços com outras esferas da vida sócio-econômica e cultural da
cidade em prol da construção de uma Vitória que Protege a Vida
2) Desenvolver as potencialidades educativas que a cidade contém,
incorporando no seu projeto político os princípios da cidade educadora.
70
3) Encorajar a transversalidade dos direitos humanos nas políticas públicas
municipais como meio de realização de um projeto cultural e formativo
promotor da coexistência social solidária, apoiado em inúmeras possibilidades
educativas tendo por finalidade a formação integral dos moradores da cidade
ao longo de suas vidas/existência.
4) Referenciar Vitória como uma cidade que promove e protege a vida e os
direitos humanos, compromissada com a prevenção da violência e dos
agravos a saúde por causas externas e com o respeito, a promoção e a
valorização das diversidades – étnico-racial, religiosa, cultural, geracional,
territorial, de gênero, de orientação sexual, de nacionalidade, de opção
política, dentre outras.
5) Fortalecer a SEMCID e outras estruturas de acesso à justiça e cidadania em
âmbito municipal de forma descentralizada nos territórios da cidade.
6) Princípio da liberdade dos sujeitos e justiça/com garantia de direitos;
PROPOSTAS
Superar a forma coercitiva da ação da Guarda Municipal, transformando-a em
instrumento de proteção da população;
Programa de promotores de cidadania com a Guarda Municipal;
Fortalecimento de equipamentos e serviços descentralizados nos diferentes
territórios;
Criação de instância de denúncias, escuta, encaminhamentos, fiscalização
popular com a lógica de “Defensor do Povo” e das “Câmaras de Dissuasão”
para resolução de conflitos e demandas da população de forma transparente
e eficiente
Fortalecimento de ações de caráter formativo e participativo de lideranças e
segmentos sociais para o fortalecimento do poder popular
Defesa das diferentes expressões dos segmentos sociais e movimentos;
Ampliar os mecanismos de indução e promoção da admissão de pessoas
com deficiência nas empresas, observando a Lei nº.8.213/91 e tornando-a
um instrumento de inserção no mercado de trabalho para os portadores de
deficiência.
71
Promover projetos de formação para os servidores públicos municipais em
geral visando fortalecer intervenções qualificadas e ao mesmo tempo
educadoras.
Agregar ao processo de elaboração do Orçamento Popular, mecanismos
pedagógicos de educação popular que propaguem a noção de direitos
humanos a partir de conteúdos extraídos da realidade local
Sensibilizar gestores públicos e profissionais da saúde, da guarda municipal e
educadores municipais sobre as expressões da homofobia no acesso aos
serviços e na qualidade da atenção prestada pelos profissionais a população
LGBT.
Qualificação em caráter permanente dos profissionais com conteúdos,
aspectossócio-culturais relacionados à sexualidade humana, trabalhando a
partir dos conceitos de alteridade, liberdade e autonomia dos sujeitos a
concepção do direito à livre orientação sexual e identidade de gênero.
4.3 EDUCAÇÃO É UM DIREITO NÃO É MERCADORIA.
O discurso neoliberal e as ações dos governos que adotaram políticas educacionais
com esse referencial induzem as pessoas a pensarem que somente a escola
particular oferece educação de qualidade. O projeto de educação em curso, que
prioriza uma formação funcional voltada aos interesses mais imediatos do mercado,
levam à condução de processos que fragmentam e reduzem à formação aos
aspectos mais pragmáticos e imediatistas para atender demandas da reestruturação
capitalista, são características de uma escola acrítica e aligeirada.
Neste sentido, a qualidade fica secundarizada e ressalta-se a quantidade. Este
modelo, se espraia à política educacional em todos os âmbitos da esfera pública,
contribuindo e dificultando a aplicação de uma educação na perspectiva da
qualidade social. Assim, ocorre um processo de deterioração da educação pública.
O discurso neoliberal vem propagandeando o fracasso da escola pública,
valorizando o ensino privado. Ao contrário disso, afirma-se que só o público é capaz
de garantir a educação para todos.
72
A escola de qualidade social é aquela que atenta para um conjunto de elementos e dimensões socioeconômicas e culturais que circundam o modo de viver e as expectativas das famílias e de estudantes em relação à educação; que busca compreender as políticas governamentais, os projetos sociais e ambientais em seu sentido político, voltados para o bem comum; que luta por financiamento adequado, pelo reconhecimento social e valorização dos trabalhadores em educação; que transforma todos os espaços físicos em lugar de aprendizagens significativas e de vivências efetivamente democráticas (Silva, 2009, p. 16).
É inegável que houve uma expansão da escola básica nas ultimas décadas, mas
contraditoriamente no mesmo movimento verificou-se a dilapidação da rede publica
escolar, as péssimas condições dos equipamentos, os projetospolítico-pedagógicos
das escolassão elaborados unilateralmente pela Administração
Municipal.Oautoritarismo nas relações internas das escolas, o déficit de professores
e a baixa remuneração destes trabalhadores(as), uma gestão escolar que privilegia
os valores meritocráticos entre tantas outras deficiências, são constatados no
município.
Não se enfrenta este quadro somente com discurso demagógico. A melhoria dos
indicadores educacionais devem ser acompanhados de profundas reformas na
estrutura e no funcionamento da rede escolar e na qualidade da oferta da educação
infantil (creches e pré-escolas) e no ensino fundamental.
Outro fator que pesa na qualidade da escola publica é sem duvida a baixa
remuneração de seus profissionais. Na percepção dos profissionais que participaram
da roda de conversa, o diagnóstico é de que "nenhuma categoria foi tão massacrada
economicamente quanto os professores da rede publica escolar, destacadamente,
os municipais".
A valorização dos profissionais da educação e a remuneração são os requisitos
fundamentais que promovem a transformação da dinâmica escolar numa
perspectiva social. É preciso que o governante e a classe politica tenham mais
compromisso para perceber que os gastos com a educação não podem ser
considerados "custos" e sim, um grande investimento, uma vez que a educação é
um DIREITO de todos(as) como prevê a Constituição Federal de 1988. A qualidade
do ensino e o funcionamento pleno da escola está associada ao grau de
investimento que o Governante fará na rede publica.
73
A gestão democrática da escola é um principio básico para o Programa do PSOL. A
comunidade exercerá o controle publico e será partícipe na construção do Projeto
Politico Pedagógico. A gestão democrática possibilita a recuperação da qualidade da
escola com efetivo controle social que vai desde o planejamento até o
acompanhamento do cotidiano da escola.
Para tanto os Conselhos de escolas onde tem assento toda a comunidade escolar
(professores, gestores, pais e alunos) que além de serem deliberativos devem se
constituir como um dos principais instrumentos da democracia na escola.
O Projeto Politico Pedagógico deve ser construído com a comunidade,
fundamentado no principio da democracia participativa e com transparência dos atos
para as populações assistidas. Outro eixo importante para consolidar a democracia
participativa são as eleições das direções das escolas.
Pretende-se um projeto de educação que se oriente pelo reconhecimento de que
uma educação transformadora que pressupõe a liberdade de ensinar e aprender
com a pluralidade de ideias e "concepções pedagógicas", princípios consagrados na
Constituição Federal de 1988 que fundamentam a democracia na escola.
Supõe um projeto construído no diálogo permanente com os sujeitos da escola:
crianças, famílias, jovens, adultos, idosos e os trabalhadores da educação que
fazem dela uma prática libertadora.
DIAGNOSTICO
A Rede municipal de Vitória conta com ototal de 18.990 alunos matriculados nos
CMEIs e 31.040 nas EMEFs, sendo 28.134 estudantes de ensino regular e 2.906 de
Educação para Jovens e Adultos (EJA). O Orçamento para rede em 2016 é de R$
409.591.390,00.
74
TABELA 12 - QUADRO DO MAGISTÉRIO NA PMV: Distribuição de pessoal
Setor Quantitativo
SEME/ADISP 81
SEME/GAB 20
SEME/GA 41
SEME/EMEF 3.222
SEME/CTEF 13
SEME/CMEI 3.033
SEME/CCEC 37
SEME/CFAE 14
SEME/GRH 36
SEME/GOF 16
SEME/GGD 24
SEME/GFDE 14
SEME/GEI 15
SEME/GEF 35
SEME/GAMO 16
TOTAL 6.617
Programas e Projetos:
1 - ESCOLA ABERTA PROMOVE CURSOS DE FINAL DE SEMANA
O Programa Escola Aberta é uma iniciativa federal, mantida com a parceria de
Estados e Prefeituras. São oferecidas diversas atividades nas escolas de ensino
fundamental, nos finais de semana. O objetivo é contribuir para a inclusão social, a
cidadania, a melhoria da qualidade educacional, a integração entre escola e
comunidade e a construção de uma cultura de paz. Em Vitória, as escolas que
fazem parte do programa abrem durante seis horas aos sábados.
2 - PROJETO EDUCAÇÃO INTEGRAL
Educação Integral é um projeto de governo voltado para alunos da Educação Infantil
e Ensino Fundamental. Sua proposta pedagógica visa à permanência do aluno na
escola, assistindo-o integralmente em suas necessidades básicas e educacionais,
resgatando sua autoestima e intensificando o processo ensino-aprendizagem.
3 - BRINCARTE OFERECE EDUCAÇÃO INTEGRAL A CRIANÇAS DE 4 A 6 ANOS
Os núcleos Brincarte são espaços voltados ao atendimento integral das crianças de
quatro a seis anos. Ali são realizadas ações socioeducativas, recreativas, esportivas
75
e culturais complementares às atividades escolares desenvolvidas nos Centros
Educacionais Municipais de Ensino (Cmeis) de Vitória.
4 - ESCOLAS DE VITÓRIA ACOLHEM ADULTO QUE QUER VOLTAR A ESTUDAR
Com cerca de três mil alunos atendidos em Vitória, a modalidade Educação para
Jovens e Adultos (EJA) é uma oportunidade para aquelas pessoas que desejam
retomar os estudos. As matrículas podem ser feitas por qualquer pessoa a partir dos
15 anos de idade, em qualquer data do ano letivo.
5 - EDUCAÇÃO ESPECIAL
A Educação Especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis e
etapas educacionais. A Política de Educação Especial de Vitória tem como objetivo
subsidiar o processo de inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, nas ações
cotidianas planejadas e desenvolvidas nos Centros Municipais de Educação Infantil
(CMEIs) e nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs). A Política de
Educação Especial no município de Vitória engloba Deficiências Múltiplas e
Intelectual, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Salas de Recursos
Multifuncionais
6 - ENSINO DE SOROBÃ E BRAILLE AUXILIAM A INCLUSÃO DE ALUNO COM
DEFICIÊNCIA VISUAL
Visando à inclusão do aluno com deficiência visual no processo de ensino-
aprendizagem, a Prefeitura de Vitoria oferece em todas as escolas da rede pública
municipal onde há estudantes cegos matriculados o ensino do Braille e do Sorobã. O
objetivo é auxiliar na inclusão do aluno com deficiência visual.
7 - ESTUDANTES COM AUTISMO TÊM ATENDIMENTO EM HORÁRIO REGULAR
E NO CONTRATURNO
No processo de inclusão educacional dos alunos com Transtornos Globais do
Desenvolvimento (TGD), a Secretaria Municipal de Educação de Vitória, por meio da
Coordenação de Formação e Acompanhamento à Educação Especial, atende aos
alunos com autismo clássico, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno
76
desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos invasivos sem outra
especificação.
8 - ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL RECEBE ORIENTAÇÃO PARA
LOCOMOVER-SE
Orientar-se e locomover-se com autonomia e segurança no ambiente escolar pode
ser um desafio para o estudante com deficiência visual. Na rede municipal de ensino
de Vitória, o aluno cego ou com baixa visão recebe o apoio dos profissionais
especializados no Atendimento Educacional Especializado (AEE), serviço ofertado
pela modalidade de educação especial, nas unidades escolares.
9 - TECNOLOGIAS ASSISTIVAS AUXILIAM ENSINO DE ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA
Ferramentas como teclado falado, mouses especiais, cadeiras de rodas manuais ou
elétricas, bengalas, muletas e próteses são denominadas Tecnologias Assistivas
(TAs). Também fazem parte das TAs as rampas, adaptações em banheiros e
mobiliário, entre outros projetos arquitetônicos para acessibilidade.
10 - REDE MUNICIPAL OFERECE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA ALUNOS
SURDOS
tendendo às Diretrizes da Política Nacional de Educação Inclusiva, a Secretaria
Municipal de Educação implantou na rede de ensino de Vitória, em 2008, a Política
de Educação Bilíngue para os alunos surdos.
11 - VITÓRIA TEM POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL PARA ALTAS
HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
Os alunos da rede municipal de ensino que apresentam indícios de altas
habilidades/superdotação (AH/SD) são observados, acompanhados e encaminhados
para o desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular na sua área de
interesse.O objetivo é ampliar os conteúdos e experiências desenvolvidos na escola
e potencializar talentos no decorrer do Ensino Fundamental.
77
12 - CENTROS DE CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
Os Centros Municipais de Ciência, Educação e Cultura funcionam com boas opções
para crianças, adolescentes, moradores e turistas, inclusive com programações
especiais. Em todos os locais, a entrada é gratuita.
13 - CENTRO DE CIÊNCIAS, BIOLOGIA E HISTÓRIA
A Escola da Ciência - Biologia e História (ECBH) é um centro de ciência, educação e
cultura que destaca a natureza e a cultura regional.
14 - CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICA
A Escola da Ciência - Física tem a proposta de popularizar a física, abordando
conceitos ligados à eletricidade, à óptica e à mecânica de forma a encantar os
visitantes.
15 - PLANETÁRIO DE VITÓRIA
O Planetário de Vitória é um ambiente para visitantes de todas as idades
conhecerem os planetas, as constelações, os movimentos de translação e rotação e
as lendas que envolvem o universo.
16 - PRAÇA DA CIÊNCIA
A Praça da Ciência oferece, gratuitamente, conhecimento e diversão em um local
agradável, de frente para o mar, com segurança e amplo estacionamento, além da
orientação de monitores durante a visita. As vias de circulação são livres, inclusive
para cadeirantes. O acervo é composto por 16 equipamentos que podem ser
manipulados para o estudo dos conceitos científicos ligados principalmente à Física.
É um local muito visitado por crianças e apreciadores da Ciência. Fotografias e
filmagens são permitidas.
17 - ENSINO FUNDAMENTAL
O Ensino Fundamental oferece as bases para a educação do indivíduo, sendo uma
fase essencial na formação educacional. Os alunos da rede municipal de Ensino
Fundamental em Vitória contam com projetos de aprendizado que vão além da sala
de aula, como os Jogos Escolares e a Iniciação Escolar ao Turismo. É possível que
pais e responsáveis consultem on-line o boletim do aluno e o calendário escolar.
78
ASPECTOS AVALIATIVOS DA POLITICA EDUCACIONAL DO MUNICIPIO DE
VITÓRIA4.
A garantia da obrigatoriedade da na pré-escola prevista na Emenda
Constitucional 59 está feita com o fechamento de turmas das creches;
Fechamento de turmas na Educação de Jovens e Adultos;
Decreto 16.372 – implementou um contingenciamento nas áreas de educação e
saúde;
Redução drástica dos recursos destinados às escolas;
Projeto “Escola Sem Partido” ameaça a criticidade da educação no município.
30% de perda salarial em 3 anos de gestão, falta de investimento Pedagógico;
Vitória já teve 35% do orçamento para a Educação. Luiz Paulo quando foi
prefeito e Luciano Resende o Secretário de Educação, reduziu o percentual para
25%;
Falta dialogo com os professores. João Coser pediu a prisão de dirigentes
sindicais do Magistério;
Plano Municipal de Educação foi elaborado em uma Conferência com a
sociedade civil. Quando chegou no gabinete o Prefeito reformulou o em termos
quantitativos nos últimos períodos.Prefeito vetou. Voltou para a Câmara. Os
vereadores retiraram do PME a questão de gênero e etnia em troca de manter o
percentual de 35%;
Perdas inflacionárias chegam a mais de 30% nos últimos 3 anos;
Falta papel chamex e até papel higiênico, nunca gastou-se tanto com a
Comunicação;
Repasse do que sobra do orçamento da Câmara deve ser encaminhado para
Educação, Esporte e Lazer, conforme garantido na Lei Orgânica do Município;
Rever o percentual de orçamento para a Câmara Municipal;
FUNDEB: Fundo para o qual os municípios contribuem e depois o recurso é
redistribuído na rede. Vitória perdia recurso, atualmente o município recebe mais
do que contribui. Ano que vem, a previsão é que o recurso não aumente, fique
congelado;
4Extraído da ata da reunião do Programa de Governo com os profissionais da rede de ensino de Vitoria-ES
79
60% do FUNDEB é destinado para pagamento da folha do magistério da ativa. O
município utiliza todo esse valor e ainda complementa. FUNDEB acaba até 2020;
Desmonte do MEC. Não se sabe como vai ficar o orçamento da educação dos
municípios;
Questão do CAQ e CAQi. Custo Aluno Qualidade e Custo Aluno Qualidade
inicial. Até 25 junho de 2018 para a implementação do CAQ e CAQi;
Escolas de Vitória não tem laudos da Vigilância Sanitária e do Corpo de
Bombeiros;
Está sendo estabelecida uma rubrica orçamentária para o COMEV, mas a
reivindicação é a garantia por lei dessa rubrica própria para o Conselho;
O COMEV precisa de autonomia para fiscalizar. Como os próprios órgãos do
Sistema vão fiscalizar o município? As exigências que são feitas para as escolas
particulares, não são feitas para as escolas públicas municipais;
Verificar relatório de fiscalização das escolas feito pelo programa Fiscaliza
Vitória. Escolas públicas tem situação precária de infraestrutura;
Educação em Tempo Integral criada no Governo Coser. Os espaços educativos
(Brincartes) com o tempo os Brincartes foram acabando e as matrículas foram
sendo absorvidas pelas escolas. Falta ônibus para visitar os espaços educativos.
No início da gestão Coser a política era exitosa, mas com o tempo foi
fracassando devido a falta de infraestrutura;
Em vez de matricular com “tempo integral” que teria verba maior, o município
está fazendo dupla matrícula arcando com todos os custos, sem receber verba
federal porque as matrículas não foram registradas como “tempo integral”. A
Educação em Tempo Integral tem sido assistencialista. Não é pra todos. Tem
critérios relacionados ao risco social. Programa “Mais Educação”.
Educação Integral sem estrutura: espaços da escola (laboratório de informática,
biblioteca, etc.) são “disputados” entre o “turno regular” e o “tempo integral”.
DIRETRIZES
Educação é direito humano fundamental;
Educação não é "custo", é investimento.
Garantir as metas do PME para Educação infantil, Ensino Fundamental,
Analfabetismo, EJA e qualidade da educação na perspectiva social.
80
Gestão democrática da educação e da escola.
Valorização dos profissionais da educação.
Não a escola "Escola Viva".
Não a "escola com mordaça"
PROPOSTAS
Ampliação dos investimentos na dimensão pedagógica do ensino municipal;
● Fortalecer os três Conselhos: Conselho Municipal de Educação e o Conselho
de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (Câmara que faz parte do
Conselho) e o Conselho de Alimentação Escolar.
● Organizar Congressos de Educação Pública na Cidade de Vitória, tendo
como referência as metas do Plano Nacional de Educação.
● Orçamento Popular com os Recursos da Educação, a partir do PPA
produzido com base no Congresso Municipal de Educação.
● Avançar no conceito de democracia participativa;
● Garantir os direitos dos alunos para sua organização estudantil;
● Dar mais transparência ao uso dos recursos e nas ações dos gestores e dos
Conselhos;
● Aplicar as metas do Plano Municipal de Educação no qual estabelece os
seguintes percentuais para a educação:30% em 2015;32% em 2016; 35% em
2017;
● Manter dialogo permanente com a representação dos professores;
● Rediscutir a ocupação de cargos comissionados na educação;
● Intensificar a aplicação da lei 10.639/2003 e da lei 11.645/2008 que tratam do
ensino no sentido de combater o racismo (preconceito, discriminação étnico-
racial), a intolerância religiosa, a xenofobia.
● Garantir autonomia financeira previsto na Meta 19 e a estratégia 19.9 do
P.M.E. Esta proposta já vem sendo construída com o atual prefeito através da
fazenda municipal e a PGM;
● Garantir a autonomia do COMEV a criação de Conselhos Tutelares para cada
100.000 habitantes;
● Criar um marco legal, em vez de programa, para os Conselhos Tutelares;
81
● Fortalecer o COMEV, CAE, Câmara Municipal do FUNDEB, Câmara do
Conselho do FUNDEB e F.M.V;
● Ter especial atenção com o FUNDEB, principal fonte de financiamento da
educação no município, que está em risco de extinção. Rediscutir por que
Vitoria está recebendo recursos para complementação CAI (custo aluno
inicial) e CAQUi (custo aluno qualidade);
● Criar um plano e recuperação das instalações das escolas, principalmente os
CMEI”s;
● Rediscutir com a comunidade a politica de tempo integral na escola;
● Recuperar as receitas advindas das sobras de caixa da Câmara de
Vereadores que devem ser destinadas a educação, ao esporte e o lazer
conforme previsão legal;
● Refazer o Projeto de Inspeção Escolar trazendo para o âmbito do COMEV;
● Implantar o CAQUi em 25 de junho de 2018;
● Fazer inspeção sanitária e do corpo de bombeiros em todas as escolas do
município;
● Levantar as escolas que não têm autorização do MEC;
● Suprir a frota de veículos escolares;
● Avaliar o ensino fundamental de 9 anos;
● Cumprir o Plano de Cargos e Salários;
● Rever o funcionamento do EJA;
● Rever o fechamento da Educação Infantil;
● Cumprir o Plano de Cargos e Salários;
● Debater a questão social da criança em face das desigualdades existentes e
a situação de vulnerabilidade no que tange a saúde e violência;
● Verificar a renuncia fiscal provocado pela politica do Governo Temer
utilizando o índice inflacionário anterior para correção dos repasses;
● Denunciar a PEC 241 que impõe limites de gastos;
● Cumprir com a Lei do Piso;
● Destinar 1/3 da carga horária para planejamento;
● Implantar a Lei de Responsabilidade Educacional com o fortalecimento da
frequência dos pais no desenvolvimento do aluno;
● Implantar Programa de Educação Continuada;
● Criar a Universidade Pública Municipal
82
4.4. POLITICAS DE SAÚDE
DIRETRIZES E PROPOSTAS
1) Fortalecimento da Estratégia da Saúde da Família
2) Formação de uma equipe mínima com Pediatra e
Ginecologista para atendimento nas Unidades de Saúde existentes.
3) Estudo de viabilidade para ampliação da rede de atenção a saúde coletiva
4) Melhoria da rede de atenção à saúde dos idosos(as).
5) Revitalização dos equipamentos de atenção à saúde do trabalhador.
6) Fortalecimento da politica de atenção à saúde mental e drogas
Politica de saúde mental e drogas
De acordo com a Organização Mundial de Saúde cerca de 10% da população dos
centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas
independente da idade, sexo ou nível instrucional(1). A utilização de drogas pode ter
uma relação direta e indireta com uma série de agravos à saúde dos adolescente,
jovens e adultos expressos em acidentes de trânsito, agressões e distúrbios de
conduta, ao lado de comportamentos de risco no âmbito sexual e a transmissão do
HIV pelo uso de drogas injetáveis.
Considerando que a síndrome de dependência traz repercussões graves, observa-se
que o número de pessoas que sofrem direta ou indiretamente com essa problemática
é expressivo. Em relação à síndrome de dependência do álcool, por exemplo, mais
de 4 a 5 pessoas são afetadas direta ou indiretamente(2). O uso de drogas, como um
problema social requer ações de diferentes áreas e, como um problema de saúde
pública as ações de tratamento inscrevem-se na área de saúde mental. Uma vez
identificada, há necessidade de fornecer tratamento aos indivíduos dependentes,
acarretando alto custo social.
Historicamente, as políticas de saúde mental no Brasil evidenciam que a exclusão
social e a ausência de cuidados atingiam continuadamente aqueles que sofriam de
transtornos mentais, fato que apontava a necessidade da reversão dos modelos
assistenciais. A Constituição de 1988 possibilitou a reformulação do aparato jurídico-
legal e os direitos de cidadania do doente, através da possibilidade de reformas
83
sanitária e psiquiátrica. A partir dessa carta constitucional tem-se a instituição do
SUS, regulamentado pela Lei 8080/90, que se norteia pelos seguintes princípios:
universalidade de acesso, eqüidade, descentralização, integralidade,
intersetorialidade e controle social.
A saúde passa a ser constituída como direito de cidadania e dever dos governos
municipais, estaduais e federal visando à promoção da universalidade de acesso e
eqüidade à medida que todo cidadão detém igualdade perante o SUS e deverá ser
atendido e acolhido conforme as suas necessidades. Nesse contexto de mudanças,
o dependente químico passa a ser visto não mais como um “doente psiquiátrico”,
reduzindo o estereótipo de “louco” e “caduco”. Os serviços devem fornecer garantias
ao cumprimento dos direitos dos usuários.
Assim, em consonância com os princípios organizativos e doutrinários do SUS, o
Ministério da Saúde promulga no ano de 2003 a Política de Atenção Integral aos
usuários de Álcool e Outras Drogas. Prioriza-se a integralidade das ações ratificando
que o indivíduo não deve ser visto como um amontoado de partes desvinculadas, o
mesmo constitui um ser que biológica, psicológica e socialmente, está sujeito a
riscos de vida.
As ações em saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para
prevenção, a promoção, a cura e a reabilitação atendendo os assistidos de modo
integral. A política traz como missão prevenir, tratar, reabilitar os usuários de álcool e
outras drogas como um problema de saúde pública que não se restringe ao
Ministério da Saúde, mas a outros ministérios: educação, justiça e do
desenvolvimento social fazendo-se necessário o desenvolvimento de ações
intersetoriais, bem como, o envolvimento da sociedade brasileira.
Além disso, a abstinência não pode ser o único objetivo a ser alcançado, busca-se
atender as peculiaridades de cada cidadão usuário de álcool e outras drogas e para
tanto, a equipe de saúde deverá estar apta a lidar com essas singularidades,
identificando alternativas que se adequem melhor a cada situação promovendo a
articulação em rede.
84
Essas devem ser organizadas de forma regionalizada, hierarquizada e
descentralizada, permitindo um conhecimento maior da problemática drogas em
uma área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica e sanitária,
controle de vetores e educação em saúde.
A oferta de cuidados a pessoas que apresentam problemas decorrentes do uso de
álcool e outras drogas baseia-se em dispositivos de ação extra-hospitalares de
atenção psicossocial expressos pelos Centros de Atenção Psicossocial para
Usuários de Álcool e Outras Drogas (CAPS ad) devidamente articulados à rede
assistencial em saúde mental e ao restante da rede de saúde. O acesso ao serviço
dar-se-á através dos serviços de nível primário (Programa de saúde da Família,
Unidades de Saúde e Programa de Agentes Comunitários de Saúde) e o que não for
contemplado far-se-á referência para serviços de maior complexidade.
Ao descentralizar as ações busca-se configurar redes assistenciais mais atentas às
desigualdades existentes nas regiões, ajustando essas de forma democrática e de
acordo com as necessidades da população. A prevenção ao uso de álcool e outras
drogas visa fomentar o processo de planejamento, implantação e implementação de
múltiplas estratégias mediante a identificação prévia de fatores de risco e proteção
social existentes em cada comunidade. No que se refere ao município de Vitória, foi
um dos 3 primeiros a municipalizar as ações na área de álcool e outras drogas.
A criação do Centro de Prevenção e Tratamento de Toxicômanos (CPTT), serviço da
Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS) da PMV, aconteceu em 1992, inserido em
um contexto político de participação e democratização da cidade. A proposta de
criação e implantação do serviço foi fomentada pelo Conselho Municipal de
Entorpecentes (COMEN) à época, criado em 1990 e extinto em meados da mesma
década. O CPTT foi um serviço criado em conformidade com a lógica psicossocial e
inseriu-se no movimento de reorientação das práticas e concepções em saúde. O
CPTT passou por mudanças significativas no que tange à sua própria
modalidade,quando passou a funcionar como um CAPS ad em 2002.
85
Controle social
Os Conselhos Municipais sobre Drogas são responsáveis pelo planejamento,
fiscalização e participação da sociedade no planejamento das ações relacionadas à
problemática das drogas. Entretanto, não vem sendo implementados nos
municípios, fato que reflete a existência de ações desarticuladas, focalizadas e
concentradas nas secretarias de saúde.Vitória não possui o Conselho Municipal
sobre Drogas ativo.
4.5 CULTURA
O acesso à cultura é um direito do cidadão. Apesar de garantida pela Constituição, a
cultura não é tratada como direito em Vitória. A gestão pública é o principal
mecanismo reconhecimento das expressões culturais e de sua promoção,
garantindo acesso aos meios de produção e fruição das expressões, meios e
produtos culturais.
A Capital centraliza as mobilizações culturais da região metropolitana e, por isso
mesmo, precisa operar uma política cultural abrangente e solidária, tornar-se modelo
para as políticas culturais dos outros municípios da Grande Vitória e vitrine das
expressões culturais do Estado. Ainda nesse sentido é preciso mobilizar a
participação dos outros municípios e fazer cumprir uma meta importante do Plano
Municipal de Cultura: a criação de um Fórum Metropolitano da Grande Vitória,
reunindo gestores, produtores, artistas, técnicos e outros agentes culturais.
A extinção do FUNDAP (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias) e a
subsequente queda na arrecadação municipal são usadas como argumentos pela
atual gestão para justificar o enfraquecimento das políticas culturais vistas nos
últimos anos. Entretanto, Vitória nunca viveu de fato uma política cultural coerente e
continuada ao logo das gestões, por isso, é essencial a proposição de uma política
cultural elaborada em conjunto com a sociedade e a classe artística e que se
mantenha forte ao longo dos anos.
A cultura é parte vital da gestão pública porque atravessa diversas áreas como
educação, saúde, juventude, meio ambiente, turismo, trabalho e renda. A presença
da arte e da cultura no meio educacional é instrumento de criação, invenção e
pensamento crítico. Outro aliado importante é o turismo cultural sustentável que
promove a preservação patrimonial e ambiental com ações de dinamização
86
econômica e fomento às cadeias produtivas da cultura. Se a gestão não consegue
acreditar no potencial transformador da cultura, ela vai continuar ocupando um plano
coadjuvante, quando existente, na administração municipal.
DIAGNÓSTICO
Os principais equipamentos culturais da cidade de Vitória estão concentrados no
Centro e sendo subutilizados ou completamente abandonados. O descarte de
políticas bem sucedidas de outras gestões e a incapacidade da atual administração
municipal de dialogar com os movimentos culturais organizados da cidade deixam
ver o panorama desanimador vivido por artistas, ativistas e produtores culturais.
Essa falta de diálogo é a principal carência da classe artística, que sempre se
queixou da ausência de uma gestão compartilhada.
Além de concentrados em poucos bairros, os equipamentos municipais funcionam
apenas de forma técnica e burocrática. Há uma escassez de políticas desenvolvidas
para eles, como o Mucane, imóveis históricos e de interesse público permanecem
fechados, como o Memorial da Paz e O Teatro Carmélia, ou completamente
abandonados, como é o caso do Mercado Capixaba.. Não há investimento
financeiro, equipe técnica, projetos de curadoria e criativos que tornem esses
espaços referência para toda a comunidade.
Há uma incapacidade de reconhecer expressões populares, como as Paneleiras de
Goiabeiras, patrimônio cultural imaterial mais importante da cidade, que precisa de
um acompanhamento atento e permanente, não apenas como objeto do turismo.
Além das paneleiras, os catraieiros da Baía de Vitória estão em vias de
desaparecimento após constantes intervenções no Porto de Vitória. A cidade
criminaliza expressões urbanas como o pixo e tem dificuldade de reconhecer outras,
como o grafiti, o funk e o hip hop.
A concentração das políticas em eventos de grande porte, como o Viradão Vitória, e
o esvaziamento do Conselho Municipal de Cultura deixam ver o caminho a ser
construído por uma gestão comprometida com o constante incentivo da participação
popular. Com o Viradão, a PMV (Prefeitura Municipal de Vitória) aposta em um
evento de caráter midiático, de forma desligada do setor artístico local.
87
Outro projeto vitrine da Prefeitura é o Rua Viva, na Rua Sete de setembro, no Centro
de Vitória, que envolve as Secretarias de Turismo, Trabalho, Renda e
Desenvolvimento da Cidade, mas não dialoga com a Cultura ou com a Meio
Ambiente (responsável pelo Disque Silêncio).
O projeto tem a premissa de revitalizar o Centro, mas desconsidera todo um trabalho
já existente e produzido pelos próprios moradores. O Rua Viva também não consulta
as populações dos territórios onde ele é implementado adquirindo uma inclinação
higienista pautada pelo consumo e expulsão de populações e negócios antes
existentes nesses espaços.
A cidade de Vitória conta com um Plano Municipal de Cultura, que foi pensado de
forma democrática com a mobilização da classe artística e lideranças populares por
meio de seminários, consultas públicas e grupos de trabalho com orientação do
Ministério da Cultura. O Plano possui 27 metas e deve ser cumprido por meio de um
pacto entre diversos entes, públicos e privados, e cabe à Secretaria de Cultura
liderar o processo. O Plano também representa uma continuidade nos projetos e
investimentos na área.
Com o documento há a garantia que as políticas culturais do município serão
desenvolvidas sem interrupção durante 10 anos. Entretanto, o documento que
guiará as ações culturais até 2024 foi modificado de forma arbitrária e aprovado na
Câmara dos Vereadores em 2014. Algumas garantias foram vetadas pela PGM
(Procuradoria Geral do Município) e acatadas pela Câmara Municipal. As metas
foram suprimidas, o que elimina a obrigação do cumprimento, e houve cortes no
orçamento. Apesar desses desfalques, a mobilização popular conseguiu reintegrar
ao Plano o sistema de monitoramento das metas, ações e indicadores, bem como a
publicidade dos resultados alcançados mediante comunicação institucional
permanente.
A concepção e a implementação do Plano deixou ver o lugar da cultura na gestão
municipal, uma gestão, que, inclusive, foi eleita com o respaldo e o apoio explícito da
classe artística de Vitória. Apesar disso, a SemC (Secretaria Municipal de Cultura de
Vitória) esteve à margem das prioridades da PMV.
Nos últimos três anos, cinco secretários passaram pela pasta. A gestão, dessa
forma, não pode garantir a implementação de políticas, ou ainda a continuidade de
88
outras existentes. Essa rotatividade também evidencia a falta de interesse no setor e
o esvaziamento de espaços e modelos consolidados em gestões anteriores.
A SemC opera com o mínimo para justificar sua existência, pois não há verba ou
políticas pensadas para equipamentos ou fomento para a ocupação deles. O
abandono das políticas culturais afeta e descredibiliza inclusive as políticas culturais
bancadas pelos editais públicos. A situação da Lei Rubem Braga, por exemplo,
continua precária por estar desatualizada e ser extremamente burocrática, o que
afasta os proponentes e dificulta a realização dos projetos. Além disso, falta uma
equipe robusta e preparada para acompanhar a execução dos projetos
patrocinados. O engessamento da máquina pública inviabiliza o acesso à
informações caras aos morados no que diz respeito a criação e ao fomento de
políticas culturais.
O diagnóstico deixa ver uma gestão cultural abandonada e uma cena pouco
sustentável, carente de políticas pensadas e executadas coletivamente. Apesar da
ineficiência da gestão municipal, as iniciativas populares e pulsantes vêm
movimentado e transformado territórios de Vitória. Como por exemplo, o Corredor
Criativo da Nestor Gomes; a ocupação do beco da rua Duque de Caxias com
atividades culturais por diversos produtores e/ou coletivos; os diversos espaços
criados e mantidos de forma independente pelas companhias de artes cênicas no
Centro; o diálogo de alguns segmentos (artes visuais, audiovisual) com o Sebrae,
que tem gerado grandes obras e produtos.
DIRETRIZES
Pensar a política cultural é empoderar os artistas, ativistas e produtores para o
pensamento da política pública cultural e sua execução. Tal ação precisa partir do
estímulo de grupos populares e periféricos, à margem do circuito instituído pela arte
e pelas políticas culturais. Neste campo, precisamos entender o funk, o rap, os
saberes tradicionais, o hip hop, o grafiti, o pixo e outras expressões artístico-culturais
férteis na cidade com atenção e como ferramentas de transformação do urbano e da
sociedade.
A política cultural precisa ser pensada de forma permanente e continuada, e não
apenas enquanto projeto da gestão. Logo, propomos uma política cultural que afirme
a constituição de uma multiplicidade de cenas a partir da multiplicidade de
89
expressões e iniciativas existentes. Algo possível a partir do fomento do espaço
público como espaço para habitação dos coletivos e cenas artísticas. E o mais
importante é fazer valer o Plano Municipal de Cultura, documento que reúne todas
as demandas dos produtores, artistas e ativistas culturais e serve de guia para
concretizar políticas para os equipamentos existentes e para aqueles que ainda
serão construídos.
Uma das metas do Plano é aumentar anualmente o orçamento da Secretaria
Municipal de Cultura por meio da elaboração de projetos de captação de recursos
junto ao setor privado e ampliar a participação em projetos culturais do Município
nas leis federais de incentivo à cultura e no Fundo Nacional de Cultura.
Outro ponto importante é modernizar e revitalizar todos os equipamentos públicos
culturais, reservando lugares específicos para cadeiras de rodas e para pessoas
com deficiência auditiva e deficiência visual, com acompanhante, e inclusive para o
cão guia. Além disso, é preciso ocupar esses espaços em baixas temporadas e
horários alternativos, com programas de popularização.
Entre as metas do Plano está a criação de um Núcleo de Produção Audiovisual e
Núcleo de Arte Tecnológica e Inovação até 2018 e a criação da Companhia
Municipal de Dança até 2024. Para viabilizar essas e outras metas, o Plano propõe
como um das ações o fomento a criação de programas e conteúdos para rádio,
televisão e internet que visem à formação do público e a familiarização com a arte e
as referências culturais capixabas.
Por último, e até aqui, a prefeitura precisa garantir gestão técnica especializada dos
equipamentos e das políticas, desligando os interesses privados e de grupos
economicamente hegemônicos sobre setores da gestão cultural. Os cargos no setor
cultural devem ser exercidos por pessoas que conheçam a Cultura e as suas
especificidades locais para que não haja as inconsistências e rupturas que o setor
vem sofrendo ao longo desses anos.
90
EIXO 5 – CIDADE DA DIVERSIDADE
5.1 COMBATE AO RACISMO E PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
As etnias negra e indígena ocupam os estratos mais pobres na divisão de classes
no Brasil, sob um regime que sempre privilegiou uma minoria, composta em grande
parte por pessoas brancas, caracterizadas pelos povos colonizadores europeus, que
inda hoje concentram a maior parte da riqueza do país. Condena-se essa primeira
parcela populacional a um ciclo de reprodução da pobreza, que, paradoxalmente,
alimenta o desenvolvimento do país pela força de seu trabalho explorado que
possibilita o acúmulo financeiro de um número cada vez menor de cidadãos.
A luta étnica esbarra em inúmeros processos estruturais e da formação social do
país, que se perpetuam diante da produção e reprodução social que reafirmam o
lugar de explorado/subjugado a esta população. Por isso, faz-se necessária a
desconstrução das estruturas que consolidam o racismo nacional. Sabe-se que não
basta a criação de leis se estas não forem aplicadas por diversos organismos e
setores da sociedade, se estas não forem acompanhadas de um profundo processo
de formação social capaz de alterar o histórico de racismo, desigualdades e injustiça
social que acomete esta população.
O racismo desempenha um papel estruturante na sociedade de classes, logo, não é
possível pensar no modo de produção capitalista, na classe trabalhadora e no
Estado brasileiro dissociado da questão racial. Historicamente, os negros e as
negras são os mais explorados e discriminados do conjunto dos trabalhadores e do
povo. Recebem os menores salários, são os mais pobres, residem nas áreas
91
periféricas e marginalizadas, com menor acesso à escola e possibilidade de
emprego formal.
Quando um jovem negro é assassinado na periferia, uma mulher negra faz um
aborto em péssimas condições ou uma família negra é despejada, está explicito
nessas ações a lógica de funcionamento do Estado. Historicamente os estudos
sobre as relações raciais no Brasil enfatizam somente a presença dos grupos de cor
excluindo a questão racial e, ato contínuo, a negação da existência do racismo.
Associado a isso, no Brasil, como em qualquer outro país capitalista, a situação de
classe interfere diretamente nas questões raciais, portanto nestas condições a luta
antirracista deve combinar com a luta de classes. Como afirmou o líder negro
americano Malcom X “não existe capitalismo sem racismo”.
Esta dura realidade não é obstante do município de Vitória. De acordo com o Mapa
da Violência 2012 a taxa de mortes violentas de jovens brancos foi de 34,6 por 100
mil habitantes em 2010 enquanto a de negros foi de 274,2 por 100 mil. no mesmo
período. O que significa que a cada 8 mortes de jovens na capital 07 são negros.
O quadro acima descrito requer da Municipalidade prioridade no trato da questão e
mobilização para ações públicas mais eficazes contra a violência em articulação
com o Estado, movimentos sociais e toda sociedade civil.
Mesmo considerando os avanços na luta politica contra o racismo verificado nas
ultimas décadas pelo movimento social negro, ainda existem dificuldades do Poder
Publico e do conjunto da sociedade assumir a questão racial como sendo um dos
principais problemas estruturais da nação brasileira. Enquanto não ocorrer o
enfrentamento desta questão, as desigualdades sociais, baseadas nas relações
raciais, continuarão em pleno vigor e com tendência de crescimento.
Na contramão da evolução do processo, o Estado brasileiro não foi capaz assumir a
pauta racial como um problema real que precisa da sua intervenção para superação
das barreiras que impedem a ascensão do homem e da mulher negra. É preciso que
o Estado promova a equidade e a igualdade de oportunidades para todos e todas e
92
dê suporte para efetivação e execução das políticas de promoção da igualdade
Racial (PIR) no âmbito da Municipalidade.
Na Administração do PSOL em Vitória não haverá trégua no combate ao racismo e
de toda e qualquer tipo de discriminação, opressão e subestimação do ser humano.
O objetivo estratégico das políticas públicas de inclusão da população negra da
Capital é o fim da vulnerabilidade e isolamento social da pessoa negra por meio de
ações de longo, médio e curto prazo no que diz respeito à educação, saúde, cultura,
segurança, habitação, comunicação e trabalho e renda.
A Política Municipal de Promoção da Igualdade Racial deve ser implantada na sua
integralidade tendo em vista que a continuidade da aplicação das ações afirmativas,
dado o seu caráter compensatório, deve transitar para medidas que gerem
autonomia e cidadania plena para homens e mulheres negras.
DIAGNÓSTICO
As reuniões setoriais apontaram que a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos
(Semcid) vem sofrendo com a falta de recursos financeiros para financiar as políticas
de promoção da igualdade racial e de gênero. A mesma encontra-se funcionando
precariamente, completamente esvaziada nas suas funções institucionais que tem
como meta a construção de uma cultura cidadã de direitos humanos e de paz e a
defesa da igualdade racial e de gênero.
O trabalho nesta área é feito em parceria com as lideranças comunitárias, conselhos
e equipamentos locais. São eixos de atuação dessa secretaria, por meio da Casa do
Cidadão: acesso à Justiça e Documentação Civil Básica; Promoção da Igualdade de
Gênero; Promoção da Igualdade Racial; Atenção às Vítimas de Violência e
Discriminação de Gênero e Doméstica, Racial e por Orientação Sexual; e Promoção
e Defesa dos Direitos do Consumidor, através do Procon Municipal.
DIRETRIZES
1) Cotas raciais no serviço público
Na gestão do PSOL o empoderamento do povo negro passa pela sua (sub)
representação nos espaços de poder e de gestão. Neste sentido é necessária a
93
aplicação de cotas raciais para preenchimento dos cargos da PMV, inclusive os
comissionados em todos os escalões de governo.
2) Secretaria Municipal de Direitos Humanos – SEMCID
O papel da SEMCID deve ser revitalizado e potencializado a fim de instituir as
orientações legais e institucionais no campo das relações étnico-raciais e de
promover os princípios e diretrizes municipais em defesa dos que sofrem
preconceito ou discriminação em função da etnia, raça e/ou cor. Responsável,
também, pelo funcionamento e estruturação do Conselho Municipal do Negro -
CONEGRO e de assessorar, articular, planejar, implementar e executar as politicas
de ações afirmativas voltadas ao atendimento das demandas da população
afrodescendente da Capital.
3) Mulheres Negras
Além das relações de classe, as mulheres negras estão submetidas às relações de
opressão, ao racismo e ao sexismo. O município desenvolverá ações com intuito de
promover o empoderamento e o reconhecimento das mulheres negras como sujeito
de direitos e resgatar do anonimato a sua importância na construção da nossa
cidade. Criar mecanismos institucionais de estimulo a inclusão das mulheres negras
acerca das desigualdades vividas em seu cotidiano, no mundo do trabalho, nas
relações familiares e vitimas da violência.
4) Juventude Negra
O Estado do Espirito Santo se destaca no ranking na taxa de homicídio entre
crianças e adolescentes. Um olhar mais atento sobre esta estatística revela uma
realidade que coloca os jovens negros como as maiores vitimas de mortes violentas.
Os números da Capitalsão mais graves do que a media estadual quando se
considera a taxa de homicídios de jovens negros.
Considerando a urgência da questão em vista do grande numero de violências
sentidas e vivenciadas todos os dias, a criação de um espaço de luta por politicas
publicas(coordenadorias, secretarias, departamentos, colegiados,
superintendências, núcleos, etc..) para a juventude negra é cada vez mais
necessário considerando que a violência contra a juventude negra passa por três
94
condicionantes que precisam de atenção urgente do Poder Público: raça, gênero e
território.
5) Saúde Integral da População Negra
A política Nacional de Saúde Integral da população Negra tem como característica o
reconhecimento das iniquidades étnico-raciais, do racismo e do racismo institucional
como determinantes das condições de saúde da população negra em geral.
Entende-se por Racismo Institucional, a prática de exclusão histórica da população
negra no acesso à educação, habitação, trabalho, cargos de chefia e melhor renda.
Pratica essa que serviu como eixo estruturante na formação da sociedade brasileira
e que hoje é mantenedora das desigualdades de oportunidades para os segmentos
negros. O Racismo institucional é historicamente, praticados pelo Estado Brasileiro
suas instituições e agentes públicos e instituições privadas.
PROPOSTAS para o combate ao racismo e promoção da igualdade racial na
Cidade de Vitória
● Desconstruir a cultura da violência contra a mulher e o jovem negro periférico;
● Promover a inclusão e garantia de direitos da pessoa negra;
● Transformar e aperfeiçoar as instituições com vistas a eliminar o racismo
institucional;
● Implantar integralmente a Política Municipal de Promoção da Igualdade Racial:
● Implementar a Política Municipal de Saúde da População Negra;
● Implementar a Política Municipal de Atenção Integral a Saúde da Mulher Negra;
● Elaborar e executar políticas de promoção e de proteção da juventude negra da
Capital;
● Promover as usinas culturais nos territórios negros urbanos;
● Construir espaços que promovam debate sobre as demandas e questões das
comunidades negras para e elaboração de proposições de políticas públicas;
● Desenvolver processos de informação, empoderamento e comunicação que
valorize e fortaleça a identidade positiva da população negra de Vitoria;
● Realizar encontros com os representantes das religiões de matriz africana da
Capital e dos municípios da região metropolitana com o proposito de debater
sobre a intolerância religiosa, bem como, reconhecer e respeitar estas tradições
frente ao poder público;
95
● Fortalecer a gestão participativa, com incentivo à participação popular e ao
controle social.
● Reestabelecer as funções da CEAFRO no âmbito da SEME;
● Remodelar o modelo de gestão do MUCANE;
● Consolidar as políticas atualmente desenvolvidas no MUCANE; Curso de
qualificação e dança da África Cênica, oficinas culturais; permanência dos editais
de ocupação específicos a artistas e produtores negros e viabilização de
recursos para elaboração do Plano Museológico;
● Implantar no município um conjunto de programas e ações que visem a
prevenção à violência contra a Juventude Negra
● Combater a banalização da violência contra a juventude negra por meio de
políticas de inclusão e ampliação de oportunidades para os jovens negros;
● Assegurar a integração territorial das políticas, programas e ações, com novas
tecnologias e redes sociais;
● Criar em nível municipal o Observatório Participativo da Juventude
(Participatório) com recorte de raça/etnia, que se caracterize como um espaço
interativo de promoção da participação, produção do conhecimento, mobilização
e divulgação de conteúdos, focado nos temas ligados às políticas de juventude
negra.
5.2 MULHERES PELO DIREITO À CIDADE
Vitoria é cidade considerada uma das melhores capitais para se viver. Cidade com
nome feminino onde habitam 173.853 mulheres e destas 87.889 (50,05%) são
negras. No momento em que se realizam as eleições municipais é obrigatório
indagarmos: como vivem as mulheres de Vitória? Quais dos seus direitos são
assegurados pelas políticas públicas do município?
Segregação social e profundas desigualdades são marcas que Vitória carrega
oriundas do modelo de desenvolvimento urbano e nós, mulheres, estamos em uma
posição ainda mais vulnerável. Cotidianamente, somos confrontadas pelo assédio e
a insegurança (os dados sobre estupros e Feminicídio são estarrecedores);
ocupamos as vagas mais precarizadas e de menor remuneração no mercado de
trabalho, apesar de sermos as principais responsáveis pelo sustento das famílias;
estamos submetidas a violências até ao acessar serviços públicos, como a saúde e
educação. Vitória é a 1ª entre as capitais em violência contra mulheres.
96
Neste momento em que, nacionalmente, nos estados e municípios, governos tentam
impor grandes retrocessos aos nossos direitos, diminuindo nossos espaços na
gestão pública, tentando impor padrões comportamentais, querendo proibir debates
emancipatórios e interferindo sobre o direito ao nosso corpo, estamos lutando e
resistindo. E precisamos avançar. Uma cidade inclusiva e igualitária precisa ser
pensada para nós e por nós mesmas. E mais: é necessária a ampliação da nossa
participação nos espaços de governo, de mulheres das mais diferentes origens e
subjetividades, unidas pela luta contra a opressão e a exploração.
Por isso nessas eleições municipais de 2016 apresentarmos propostas que
evidenciem o direito das mulheres à cidade de Vitória..
DIRETRIZES PARA A SAÚDE: PELA VIDA DAS MULHERES
Lutamos por garantia de saúde integral e dos direitos sexuais e reprodutivos das
mulheres, do campo e da cidade, de todas as etnias e raças, orientações sexuais,
condições físicas e mentais, entendendo a saúde numa perspectiva de respeito e
educação continuada à compreensão de gênero e suas especificidades.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), 70% das pessoas que
vivem em situação de pobreza no mundo são mulheres. Isso significa que são as
mais vulneráveis socialmente e, portanto, as pessoas que mais recorrem aos
atendimentos públicos. O que reforça a defesa da ampliação do Sistema Público de
Saúde e com qualidade.
PROPOSTAS
♀ Humanização dos profissionais e serviços. Educação continuada de
profissionais de saúde, incluindo residentes em Ginecologia, Obstetrícia e
Saúde da Mulher, sobre as necessidades reais das mulheres, seu
acolhimento psíquico e físico, especialmente, a condução de situações de
abortamento baseado nas diretrizes da OMS e na Lei n° 12.845/2013.
♀ Legalização do aborto: uma questão de saúde pública. Quando falamos em
legalização e descriminalização do aborto não significa ser a favor do aborto.
Estamos falando em vidas que poderiam ser preservadas se esse
procedimento fosse feito pelo sistema público. Atendimento humanizado às
mulheres em situação de abortamento.
♀ Saúde mental e a luta antimanicomial. Fortalecimento do processo de reforma
psiquiátrica, assumindo o caráter sensível de integração das mulheres com
sofrimento mental com a sua comunidade. Instalando e ampliando as redes
de atenção psicossocial.
97
♀ Direito à amamentação digna. Incentivar e fiscalizar a aplicação da portaria
193 do Ministério da Saúde que prevê salas de amamentação nas empresas,
e espaço próprio, adequado para que as mães servidoras públicas possam
amamentar seus filhos, conforme a CLT.
♀ Assistência às doenças crônicas. Campanhas de conscientização e promoção
do acesso à saúde para as mulheres portadoras de doenças raras e doenças
crônicas que acometem predominantemente a população feminina, como
lúpus e outras patologias.
♀ Combate a HIV-AIDS. A feminização da AIDS foi anunciada pelo Ministério da
Saúde da década de 1990, com o crescente número de casos e óbitos de
mulheres. A razão entre os sexos diminuiu, mas ainda apresentamos um
maior índice de mortalidade. Há muita dificuldade de “negociar” o preservativo
com o companheiro, por conta da moralidade e do machismo. É necessária
prioridade de investimento e campanhas para autoconhecimento e uso de
preservativos femininos.
♀ Combater a invisibilidade do encarceramento em massa de mulheres. Um dos
maiores problemas nos presídios é a falta de acompanhamento médico,
ginecológico, pré-natal, e a exposição das mulheres a dramas psicológicos e
físicos.
♀ Atendimento humanizado e respeito para mulheres transexuais e travestis
deve ser obrigação e prioridade do Estado. Informar e conscientizar toda a
sociedade, bem como profissionais de saúde, trabalhadores e gestores do
Sistema Único de Saúde (SUS) sobre garantias ao atendimento,
considerando as especificidades de saúde dessa população.
♀ Implementação do Centro de Referencia de saúde das mulheres Combate ao
câncer de mama. Políticas públicas mais acessíveis, maior atenção e
prevenção, através da conscientização. Política constante de conscientização
e de uma prática rápida e eficiente do exame “papanicolau” para todas as
mulheres.
♀ Construção de uma maternidade publica em Vitória.
DIRETRIZES PARA EDUCAÇÃO COMO DIREITO DE TODAS NÓS
O ajuste fiscal vem promovendo cortes de verbas para as áreas sociais. Um
exemplo é a precarização da educação pública, que tem impactos em nível nacional,
estadual e municipal. No ano passado foram cortados mais de R$ 10 bilhões da
Educação.
98
Também enfrentamos o avanço do fundamentalismo religioso nas escolas, expresso
na dificuldade que a maioria dos municípios brasileiros teve para aprovar os Planos
Municipais de Educação, sob a acusação de uma suposta “Ideologia de Gênero”, um
obscurantismo que ameaça um princípio democrático estruturante de nossa
Constituição Federal: a laicidade do Estado.
PROPOSTAS
♀ Construção e investimento em creches e pré-escolas. A educação infantil é
um direito da criança e fundamental ao seu desenvolvimento. A Constituição
Federal e a LDB determinam a universalização da matrícula a partir de 4 anos
e o Plano Nacional define a meta de ampliar para 50% o atendimento das
crianças de 0 a 3. A creche também possibilita o engajamento produtivo das
mães.
♀ Universalização da educação básica. Expandir o acesso de meninas e
mulheres à educação formal na cidade e no campo. Garantir o que já foi
previsto nas 20 Metas do Plano Nacional da Educação. ———
http://pne.mec.gov.br
♀ Garantia de educação para as adolescentes reclusas e mulheres presas. A
maioria das mulheres presas tem somente o ensino fundamental completo. A
falta de acesso à educação em alguns estabelecimentos ocorre em maior
intensidade pela falta de infraestrutura de trabalho para profissionais da
educação. A educação é dever do Estado e direito garantido para todas.
♀ Debate de gênero nas escolas. Com os PPP (Projeto Político Pedagógico),
com garantia da Transversalidade dos PCN (Parâmetros Curriculares
Nacionais), livros didáticos livres de discriminação. É preciso afirmar a
necessidade de que a escola trabalhe com o respeito à condição da mulher e
à diversidade sexual.
♀ Promoção da igualdade de gênero. Empoderando mulheres em todos os
níveis de ensino, desde a educação infantil ao ensino superior. Fomentando a
participação feminina na política e em todos os espaços públicos.
♀ Políticas Públicas Curriculares de combate à violência contra as mulheres.
Debates e campanhas que enfrentem a cultura machista que historicamente
se eterniza nos espaços da sociedade que aceita a violência e impõe às
mulheres padrões de comportamento desde seus relacionamentos até as
roupas que utiliza, ao mesmo tempo em que incentiva a mercantilização do
corpo.
♀ Políticas Públicas educacionais que combatam a discriminação contra
mulheres negras, pobres, lésbicas e transexuais nos diversos níveis de
99
ensino. Considerar a voz da mulher na sociedade brasileira é incluir no
currículo escolar essas histórias invisibilizadas, promovendo a cultura do
respeito às identidades e à diversidade.
♀ Pautar nas diferentes disciplinas temas como mortalidade materna, gravidez
na Adolescência e/ou indesejada, saúde sexual e reprodutiva.
♀ Garantir que as Escolas Municipais com a modalidade de Ensino da EJA
(Educação de Jovens e Adultos) no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das
matrículas no ensino fundamental, na forma integrada à educação
profissional. Deve ser garantida a oferta de EJA no turno diurno. Que essas
escolas tenham Brinquedotecas para filhos de alunas e minimizem a evasão
escolar de mulheres.
♀ Garantia de Financiamento Público em Educação como direito humano e com
conceito de educação para todas e todos. Pressionar pela meta de do PNE
2014-2024 de investimento de, no mínimo, 10% em educação até o final do
decênio. Articular a implementação de um novo parâmetro de Custo Aluno -
Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi) e o Custo Aluno Qualidade (CAQ) que
contemple as diversidades e desigualdades socioeconômicas históricas de
nossa sociedade.
DIRETRIZES PARA UMA VITÓRIA MAIS SEGURA PARA AS MULHERES
Tratar a questão da segurança pública a partir de uma perspectiva de gênero
significa reconhecer que a assimetria presente nas relações entre homens e
mulheres, e as desigualdades provenientes dela, são fatores que contribuem para o
desencadeamento de relações pautadas pela opressão, violência e subordinação
das mulheres.
O enfrentamento da violência de gênero contra as mulheres requer uma percepção
ampla sobre esta questão e a compreensão de que a mesma se corporifica e se
perpetua tanto nos espaços públicos, quanto privados. Diante disso, faz-se
necessário a implementação de um conjunto de medidas que, de forma articulada,
consigam dar conta da complexidade dessa problemática. A execução das políticas
públicas que versam sobre o combate à violência contra as mulheres deve se
pautar, assim, numa concepção de integralidade e transversalidade.
PROPOSTAS
♀ Implantar a Patrulha Municipal Maria da Penha, com a utilização de viaturas
da Guarda Municipal na realização de visitas residenciais às mulheres em
situação de violência doméstica.
♀ Implementar Centros de Referência de Atendimento à Mulher em cada região
do município, a fim de facilitar o acesso das mulheres ao serviço. Implantar
100
um serviço especializado de psiquiatria, nos hospitais de referência de
atendimento à mulher, voltado para mulheres em situação de violência que
tenham desencadeado quadros psicossomáticos provenientes das violências
sofridas.
♀ Criar Casa de Acolhimento Provisório para mulheres em situação de
violência, que não estejam em risco eminente de morte e necessitem de uma
acolhida temporária (máximo 15 dias) e rápida resolução para o seu caso.
♀ Implementar um sistema de alarme, dentro dos coletivos, possibilitando a
comunicação das passageiras à segurança interna, a fim de que sejam
denunciados os casos de violência sexual e tomadas as medidas necessárias
para a responsabilização dos agressores.
♀ Implantar um disque denúncia para os casos de violência sexual dentro dos
transportes públicos coletivos, a fim de possibilitar o envio de viaturas ao local
da ocorrência.
♀ Reordenar as paradas dos transportes públicos coletivos, a fim de que
estejam localizadas em espaços iluminados e de fácil acesso para as
mulheres e que as mulheres possam descer fora dos pontos. Requalificar a
iluminação pública, evitando logradouros escuros e que vulnerabilizem as
mulheres a riscos de violência.
♀ Disponibilizar telefones públicos em locais de fácil acesso e com número
visível de chamada de emergência policial, dentro das comunidades, para
facilitar o seu uso pelas mulheres que estiverem em situação de violência.
♀ Fomentar debates e campanhas sobre o modelo de segurança pública
vigente em nosso país. É preciso combater a lógica militarista, racista,
machista e “LGBTfóbica” reproduzida pela guarda municipal e pelos demais
responsáveis pela segurança pública das cidades, estados e nação.
DIRETRIZES PARA MOBILIDADE URBANA & MORADIA – DIREITO DAS
MULHERES
Estima-se que 85% da população brasileira viva hoje nas cidades. Esta alta
concentração de pessoas, somada à falta de investimento em infraestrutura,
transporte coletivo de massas e espaços de convivência, resultam no que a filósofa
Marilena Chauí chama “o inferno das cidades”. Falta de acesso à moradia digna,
longas horas perdidas no trânsito e a insegurança são algumas das características.
O espaço urbano e os limites entre municípios de uma região metropolitana
obedecem à lógica de segregação, afastando as classes dos centros onde se
concentra a renda, o trabalho e os serviços públicos.
101
Um Vitória de Verdade é uma cidade pensada para o povo, em particular para as
mulheres, onde se garanta acesso à moradia e o direito ao espaço público.
PROPOSTAS
♀ Transporte público 24h, porque temos direito ao lazer e não somos
Cinderelas!
♀ Transparência na gestão e auditoria dos contratos de concessionárias do
transporte público, com criação de conselhos populares, paritários entre
homens e mulheres, para seu acompanhamento e fiscalização.
♀ Pelo direito de ir e vir: redução das tarifas de transporte, buscando a
implementação da Tarifa Zero.
♀ Os corpos das mulheres não são públicos: campanhas contra o assédio
sexual e treinamento das guardas municipais e trabalhadores do transporte
público para lidar com as ocorrências.
♀ Padronização das calçadas, instalação de piso tátil para deficientes visuais e
guias rebaixadas para as pessoas com dificuldade de locomoção.
♀ Incentivo à ocupação e humanização de praças e parques, áreas
insubstituíveis para a expressão da vida coletiva.
♀ Integrar o planejamento local às questões regionais através da articulação
com municípios vizinhos.
♀ Participação popular na construção do Plano Diretor.
♀ Prioridade às mulheres nos programas de habitação, a maioria do arrimo de
família hoje no Brasil.
♀ Garantir a participação das mulheres e seu protagonismo no controle e
execução dos projetos de habitação popular.
DIRETRIZES PARA O TRABALHO E RENDA DAS MULHERES
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - IBGE do 1º
trimestre de 2015, 52,3% da população em idade para trabalhar é constituída por
mulheres. No entanto, a taxa de pessoas efetivamente ocupadas é maior entre os
homens: 67,4% contra 45,9%.
Aos homens ainda são delegadas atividades produtivas e mais valorizadas
socialmente, enquanto que, para as mulheres se sobressaem atividades ligadas à
102
reprodução e ao cuidado, além das tarefas de manutenção e cuidado de seus lares
e suas famílias. As mulheres ainda recebem salários inferiores aos dos homens.
Em que pese o inegável aumento da participação feminina no mercado de trabalho,
esse crescimento não ocorre de maneira equânime. As mulheres das classes
médias e altas se inserem em áreas que exigem nível superior de ensino. Já as que
pertencem às classes mais pobres ficam com os postos de trabalho mais
precarizados, com o trabalho doméstico e a informalidade. Em Vitória não é
diferente. Assim, é imprescindível a implementação de políticas públicas visando a
erradicação da pobreza, a diminuição das desigualdades entre os gêneros no
mundo do trabalho e a construção da autonomia das mulheres.
PROPOSTAS
♀ Reduzir o analfabetismo e aumentar o nível de escolaridade das mulheres,
dando atenção especial às mulheres em situação de rua, às mulheres com
deficiência, às mulheres privadas de liberdade e egressas do sistema
carcerário, às adolescentes que cumprem ou cumpriram medidas
socioeducativas.
♀ Capacitar e qualificar profissionalmente as mulheres, inclusive nas áreas
consideradas tradicionalmente como masculinas, garantindo a inclusão digital
e observando as especificidades geracionais, culturais, territoriais e étnico-
raciais.
♀ Ampliar o acesso das mulheres com deficiência no mercado de trabalho
formal e incentivar a implementação da política de cotas para pessoas com
deficiência nas empresas.
♀ Apoiar iniciativas de geração de renda protagonizadas por mulheres, na
perspectiva da economia solidária, e auxiliar o acesso dessas mulheres às
linhas de crédito produtivo e ao apoio técnico necessário para o desempenho
de sua atividade.
♀ Campanhas para estimular a divisão das tarefas domésticas entre homens e
mulheres.
♀ Além da ampliação do número de vagas na rede de educação infantil,
proporcionar às famílias atendimento em horários mais flexíveis.
♀ Construir e/ou ampliar a rede de restaurantes populares e oferecer cozinhas e
lavanderias coletivas nos bairros.
103
♀ Combater a precarização do trabalho, a terceirização e a degradação do
trabalho. Informar às trabalhadoras sobre os seus direitos a fim de combater a
violência institucional nas empresas privadas e instituições públicas,
sobretudo o assédio moral e sexual.
♀ Apoiar os grupos de mulheres da agricultura familiar, garantindo o acesso à
água e à terra.
♀ Valorizar o trabalho doméstico remunerado e incentivar a formalização das
empregadas domésticas.
5.3 SEXUALIDADE É MUM DIREITO. PROGRAMA LGBT
A questão LGBT não passa mais despercebida durante o período eleitoral no Brasil,
sendo um ponto de debate e constante tensionamento. Para exemplificar isso, basta
lembrarmos que, durante as eleições presidenciais de 2014, as quatro candidatas
mais votadas (Dilma, Aécio, Mariana e Luciana) apresentavam políticas voltadas
para o público LGBT, ficando para as candidaturas de extrema-direita (Fidélix e
Pastor Everaldo) o papel de deslegitimação das políticas LGBT e a apresentação de
posicionamentos assumidamente LGBTfóbicos.
104
A candidatura do PSOL, em 2014, cumpriu um papel fundamental de tensionamento
das candidaturas de centro-esquerda (PT), de direita (PSDB) e centro-direita (PSB),
escancarando suas contradições, pois na prática flexibilizavam o programa LGBT
em troca de apoio das forças conservadoras, em especial de organizações e
lideranças católicas e evangélicas.
Nos últimos dez anos, passamos por mudanças significativas na forma como o
poder público se relaciona com as temáticas LGBT, de um cenário de total
invisibilidade para a construção de um reconhecimento público da necessidade de
políticas públicas voltadas para a promoção de cidadania e combate à discriminação
contra a população LGBT. Tais políticas foram impulsionadas principalmente pelos
governos petistas, a partir da gestão Lula (2003-2010), entretanto sendo aplicadas
por partidos de diferentes matrizes ideológicas, dependendo do grau de pressão dos
movimentos LGBT locais e de sua capacidade de negociação com o poder público.
Logicamente, vivemos uma conjuntura bastante desfavorável para a construção de
política LGBT, sendo um momento de ofensiva do conservadorismo político, que
conseguiu retirar o debate sobre gênero e orientação sexual do Plano Nacional da
Educação, em 2014, e da maioria dos Planos Estaduais e Municiais, em 2015. Em
alguns estados, tivemos inclusive a derrubada do decreto de criação do Conselho
Estadual LGBT, pela Assembleia Legislativa, com a presença de protestos
conservadores, organizados por lideranças evangélicas e católicas.
Com o Governo Temer, vemos um movimento de apagamento das questões LGBT e
alinhamento com os setores mais conservadores da política nacional, vide a
disposição do governo em negociar com os evangélicos (se comprometendo
inclusive à avaliar o combate a “ideologia de gênero”), e sua indisposição em
dialogar inclusive com setores à direita do movimento LGBT.
O PSOL tem um papel fundamental nas eleições municipais de 2016: apresentar um
programa de esquerda radicalmente democrático, crítico ao sistema capitalista e
comprometido com as populações oprimidas e as classes trabalhadoras. Neste
momento atual, em que as políticas de esquerda e em especial as políticas LGBT
sofrem duros golpes, é essencial o papel de um partido que não se rende ao poder
105
econômico e ao pragmatismo eleitoral, mas que consegue apresentar um programa
político coerente com sua base social e pautas que defende.
Além disso, a cidade de Vitória necessita de uma administração pública que afirme a
pluralidade de formas de expressão da sexualidade. De forma alguma a sexualidade
pode ser tratada como um "problema", mas como possibilidade de enriquecer o
panorama relacional e cultural de um território. Dessa forma, a administração precisa
acatar questões que ainda restringem a vida de LGBTs na cidade. Vivemos em um
estado extremamente conservador e violento, que mata muitos LGBTs. Tal ataque
deve atuar de forma transversal na educação, saúde, educação, segurança e
trabalho como garantia de direitos à essa população e combate a todo tipo de pré-
conceito e discriminação. Necessário a criação e fortalecimento de mecanismos de
participação popular efetiva, que dê voz às populações não representadas pelo
legislativo. Garantir a parte municipal do tripé da cidadania pensado pelo governo
federal: Conselho LGBT, Plano Municipal para a população LGBT, Coordenadoria
LGBT.
Principais marcos jurídicos e políticos para a construção de políticas LGBT:
Programa Brasil Sem Homofobia (2004);
Anais das conferências municipais e estaduais LGBT (2008, 2011, 2016);
Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (2009);
Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (2009);
Política Nacional de Saúde Integral de LGBT (2009);
Criação do Conselho Nacional LGBT (2010);
Criação do Sistema Nacional de Promoção de Direitos LGBT (2013)
DIRETRIZES E PROPOSTAS GERAIS
Algumas ações de políticas LGBT em âmbito municipal, que possuem função
organizativa e articuladora das políticas nas mais diversas esferas (educação,
saúde, segurança pública, etc.), com a necessidade de destinação de dotação
orçamentária específica e quadro técnico capacitado, além de diálogo permanente
106
com a sociedade civil. É necessária a atenção à possibilidade de intervenção do
poder legislativo na tentativa de derrubar tais políticas.
1. Criação de uma Coordenadoria LGBT, por meio de decreto do executivo,
vinculada à secretaria responsável pela promoção de Direitos Humanos: a
coordenadoria tem como responsabilidade a articulação governamental de ações
voltadas para o público LGBT, buscando também a promoção de políticas de
sensibilização do poder público, articulação inter-secretarial e capacitação interna.
2. Criação do Conselho Municipal LGBT, por meio de decreto do executivo, além
do comprometimento do governo em ter uma participação efetiva em seu espaço,
que é dividido entre poder público e sociedade civil, dando consequência política
real para suas deliberações.
3. Comprometimento com a construção de um Plano Municipal LGBT, com
participação efetiva e real da sociedade civil, em especial de grupos protagonistas
da pauta LGBT: o plano tem como função a elaboração de metas e ações
vinculadas a criação de políticas de promoção de cidadania e combate ao
preconceito e discriminação, voltadas à população LGBT, sendo formalizado por
meio de decreto do poder executivo ou projeto legislativo
4. Criação de um Centro de Cidadania LGBT, responsável pelo atendimento direto
de demandas advindas da população LGBT, seja para o atendimento a pessoas
vítimas de violência, das especificidades da população trans, da construção de
eventos e projetos vinculados à questão LGBT, entre outras funções.
5. Regulamentação do Nome Social, por meio de decreto ou portaria, no âmbito dos
serviços públicos municipais, tanto em relação às pessoas atendidas, quanto à
organização do quadro de servidores/as públicos.
DIRETRIZES E PROPOSTAS ESPECIFICAS:
É importante o destacamento de algumas ações específicas, em esferas
estratégicas do poder público:
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1. Educação:
- Realização de capacitação sobre Direitos Humanos, diversidade sexual e de
gênero para gestores/as e professores/as do sistema público de educação.
- Construção de uma campanha de combate à violência contra a população LGBT
nas escolas.
- Regulamentação do uso do nome social nas escolas municiais, além do
estabelecimento de condições para a permanecia das pessoas transexuais e
travestis nas escolas.
- Garantia de assento para a população LGBT no Conselho Municipal de Educação.
2. Saúde:
- Garantir a utilização efetiva do nome social no âmbito do SUS.
- Criação de um Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais, com o
objetivo de atendimento das especificidades dessa população.
- Proporcionar a realização de capacitação técnica, para os/as servidores/as da
saúde pública, voltada para o atendimento das especificidades da população LGBT
no SUS.
3. Segurança Pública:
- Capacitação de agentes de segurança pública, em especial a guarda municipal,
sobre Direitos Humanos e questões LGBT.
- Garantia do respeito ao nome social no âmbito da segurança pública.
- Construção de um programa de combate a violência contra a população LGBT.
5.4 JUVENTUDES E O DIREITO À CIDADE
CONCEPÇÃO
O termo juventude pode à primeira vista ser de fácil entendimento e definição.
Porém, quando investigada a realidade das juventudes, fica claro que em relação ao
termo, não é possível de se ter um fácil consenso. A discussão acerca de uma
definição de juventude é necessária visando o reconhecimento de uma importante
parcela da sociedade e o seu reconhecimento pelas políticas públicas.
108
A princípio, a juventude é reconhecida pelo seu “espírito de revolução”, um estado
de mudança, uma determinada faixa etária (como de acordo com o Estatuto da
Juventude que define como jovem a população entre 15 e 29 anos), um momento de
preparação para a idade adulta, uma fase de descobertas, escolhas.
A juventude contemporânea apresenta aspectos ainda mais especiais, como a
diferenciação de expectativas em relação as gerações passadas, a exigência do
mercado de trabalho (limitando ainda mais o tempo de presença do jovem na
escola), a transferência de responsabilidade da apatia da sociedade a suposta
apatia da juventude, o crescimento da atração ao conservadorismo econômico e
social.
Mas se tratando do sistema capitalista, é importante de se pensar que a juventude é
projetada como uma etapa de preparação da mão de obra. E se tratando da cidade,
é importante de se pensar nas diferentes realidades que a juventude se defronta nos
territórios da cidade, muitas vezes encarado como perigoso ou criminoso em
potencial, na periferia, e, rebelde quando nas regiões de classe média-alta.
Portanto, uma forma mais adequada de entendimento, seria, partindo da
diferenciação consequente da própria desigualdade de renda no território da cidade,
definir juventude como uma parcela considerável da sociedade que, apesar de todas
as diferenciações em termos econômicos e sociais, encara desafios e sofre
pressões de todo tipo. E por isso tem responsabilidade e também a capacidade de
atuação e transformação da sociedade.
Apresentadas questões sobre a própria definição de Juventude, cabe agora indicar a
concepção, o princípio norteador e as ações elencadas pelo setorial.
A concepção de programa parte do entendimento de que este deve abarcar o
Estatuto da Criança e do Adolescente incorporando as diferentes manifestações
sociais e de renda das juventudes, tendo como princípio norteador a busca por
processos educacionais de reconhecimento dessa importante parcela da sociedade
enquanto classe e de fundamental participação política.
PROPOSTAS
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Garantir orçamento para as políticas de juventude
Reestruturar e ampliar a capacidade de atuação do Conselho Municipal de
Juventude
Equidade no território da cidade da oferta de aparelhos
Articular os movimentos e espaços de cultura com a juventude
Fortalecer, promover e incentivar a participação da Juventude
Fortalecer a atuação da organização da juventude nos grêmios estudantis
Promover políticas voltadas a juventude em situação de vulnerabilidade social
Articular junto a Frente Nacional de Prefeitos ações contra o Projeto de Lei
“Escola sem partido”
Promover junto a Frente Nacional de Prefeitos campanhas contra a redução
da maioridade penal e alterações penosas do ECRIAD e do Estatuto da
Juventude
Promover discussões informativas sobre drogas e juventude fora do âmbito
policial
Promover discussões sobre segurança pública e juventudes.
Promover uma política de formação de educadores populares para atuação
nos territórios de residência do educador
Incentivo e promoção do esporte nas escolas e comunidades, como elemento
de formação da Juventude
Ampliar o acesso e a comunicação informativa das ações e programas da
prefeitura para a Juventude
Utilização dos aparelhos públicos já existentes na promoção de atividades
para a juventude (escolas abertas e bem relacionadas com a comunidade).
Ampliar a cobertura e acesso a internet a juventude.
110
6. REFERENCIAS.
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BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil. 5ed. 4ª reimp.. São Paulo: Globo 2005. HARVEY, David. Espaços de Esperança. 4 ed. São Paulo: Loyola, 2011.
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SINDUSCON. 29º CENSO Imobiliário – Relatório Prévio. Vitória: Sinduscon, 2015 Disponível em http://www.sinduscon-es.com.br/v2/upload/232016101648_apresentacao_censo_novembro_2015_previa.pdf. Acesso em: julho 2016. VITÓRIA, Prefeitura Municipal. Agenda Vitória. Vitória: PMV, 2008.