programa quinze da emissora portuguesa rtp mobile · imobilidade física e adquiriu mobilidade. ......

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Ano V, n. 10 outubro/2009 Programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile: Estudo dos formatos audiovisuais destinados à telefonia móvel 3G Mirna Ticianne Assis De Oliveira 1 Introdução A discussão sobre os rumos da comunicação em meio ao desenvolvimento das novas tecnologias adquire ainda mais força com a infinidade de plataformas midiáticas emergentes. Uma dessas novas possibilidades que se abrem para circulação de informações, entre outros conteúdos, são os dispositivos de tecnologia móvel. Com a crescente popularização de dispositivos digitais móveis torna-se apropriado estudar os formatos de conteúdos audiovisual em uma das plataformas móveis que mais tem conquistado popularidade atualmente: A telefonia celular de Terceira Geração (3G). A pertinência do nosso estudo se dá pela importância que a telefonia móvel tem ganhado em âmbito mundial, levando em conta que a comunicação tem se desenvolvido cada vez mais em meios de dispositivos e linguagens portáteis. O mercado mundial de telefonia móvel é promissor, apresentando múltiplas oportunidades e investimentos cada vez maiores de empresas de diversas áreas. O desenvolvimento do setor e o conseqüente aumento da demanda por conteúdos que atendam às especificidades desse novo meio de comunicação multimidiático tem gerado a necessidade da reflexão de como podem e devem ser apresentados os conteúdos – em particular de vídeos – dessa nova mídia. O presente trabalho monográfico Programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile: Estudo dos formatos audiovisuais destinados à telefonia móvel 3G busca compreender a importância das características dos formatos de conteúdos disponibilizados para telefonia celular 3G – especificidades as quais têm estimulado reflexões a respeito da melhor adequação dos formatos de vídeos produzidos para esta mídia portátil, tornando possível identificar propostas mais ajustadas a 1 Graduada em Comunicação Social, pela UFPB, habilitação Jornalismo.

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Ano V n 10 ndash outubro2009

Programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile

Estudo dos formatos audiovisuais destinados agrave telefonia moacutevel 3G

Mirna Ticianne Assis De Oliveira1

Introduccedilatildeo

A discussatildeo sobre os rumos da comunicaccedilatildeo em meio ao desenvolvimento das

novas tecnologias adquire ainda mais forccedila com a infinidade de plataformas

midiaacuteticas emergentes Uma dessas novas possibilidades que se abrem para

circulaccedilatildeo de informaccedilotildees entre outros conteuacutedos satildeo os dispositivos de tecnologia

moacutevel Com a crescente popularizaccedilatildeo de dispositivos digitais moacuteveis torna-se

apropriado estudar os formatos de conteuacutedos audiovisual em uma das plataformas

moacuteveis que mais tem conquistado popularidade atualmente A telefonia celular de

Terceira Geraccedilatildeo (3G)

A pertinecircncia do nosso estudo se daacute pela importacircncia que a telefonia moacutevel

tem ganhado em acircmbito mundial levando em conta que a comunicaccedilatildeo tem se

desenvolvido cada vez mais em meios de dispositivos e linguagens portaacuteteis O

mercado mundial de telefonia moacutevel eacute promissor apresentando muacuteltiplas

oportunidades e investimentos cada vez maiores de empresas de diversas aacutereas O

desenvolvimento do setor e o consequumlente aumento da demanda por conteuacutedos que

atendam agraves especificidades desse novo meio de comunicaccedilatildeo multimidiaacutetico tem

gerado a necessidade da reflexatildeo de como podem e devem ser apresentados os

conteuacutedos ndash em particular de viacutedeos ndash dessa nova miacutedia

O presente trabalho monograacutefico Programa Quinze da emissora portuguesa

RTP Mobile Estudo dos formatos audiovisuais destinados agrave telefonia moacutevel

3G busca compreender a importacircncia das caracteriacutesticas dos formatos de conteuacutedos

disponibilizados para telefonia celular 3G ndash especificidades as quais tecircm estimulado

reflexotildees a respeito da melhor adequaccedilatildeo dos formatos de viacutedeos produzidos para

esta miacutedia portaacutetil tornando possiacutevel identificar propostas mais ajustadas a

1 Graduada em Comunicaccedilatildeo Social pela UFPB habilitaccedilatildeo Jornalismo

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos informativos e tambeacutem a propostas mais expressivas espontacircneas e

artiacutesticas

O desenvolvimento de viacutedeos para serem exibidos em celulares 3G ou

qualquer outro dispositivo de tecnologia moacutevel envolve preocupaccedilotildees teacutecnicas

baseadas na experiecircncia que o usuaacuterio teraacute ao acessar o conteuacutedo pelo seu

aparelho buscando sempre agregar um maior nuacutemero de usuaacuterio possiacutevel Aspectos

teacutecnicos como a capacidade da transmissatildeo de dados custo de serviccedilo

heterogeneidade de aparelhos duraccedilatildeo de viacutedeos etc demonstram que existe uma

enorme necessidade da criaccedilatildeo de conteuacutedos diferenciados especiacuteficos para um

meio tatildeo dinacircmico instantacircneo e multifacetado

O nosso estudo examina os formatos de viacutedeos produzidos para exibiccedilatildeo em

celular 3G Dentre outros tipos de serviccedilos disponibilizado pelas operadoras o

viacutedeo celular soacute chega ao usuaacuterio com a sua autorizaccedilatildeo e a um custo preacute-fixado

Os viacutedeos que integram o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile

constituem um achado aos nossos propoacutesitos de pesquisa justamente por terem

sido desenvolvidos especialmente para a plataforma moacutevel

Num total de 10 (dez) viacutedeos capturados do programa Quinze percebemos

que eles assumem o desafio experimental de procurar ajustar propostas

informativas luacutedicas e artiacutesticas em um curto tempo e pequeno espaccedilo de tela

conforme nos chama atenccedilatildeo o conceito de minimiacutedia atribuiacutedo a miacutedias portaacuteteis

(CARVALHO 2008) ajudando a identificar caracteriacutesticas essenciais ao

entendimento de produtos destinados ao usuaacuterio da telefonia celular 3G

Consideramos os aspectos que constituem o universo da mobilidade como

extremamente importantes ao nosso estudo De acordo com algumas observaccedilotildees

feitas por pesquisadores do assunto dentre os quais destacamos Lucia Santaella

(2006) Giselle Beiguelman (2006) Nadja Carvalho (2007) e outros observamos que

os formatos devem sobretudo estar ajustados agrave condiccedilatildeo de tracircnsito em que se

encontra o usuaacuterio de celular

Lucia Santaella chama as imagens veiculadas por dispositivos portaacuteteis de

imagens volaacuteteis fazendo alusatildeo as suas caracteriacutesticas ubiacutequas nocircmades e

triviais Giselle Beiguelman discute as possibilidades expressivas de conteuacutedos

produzidos para serem acessados em tracircnsito sem direito agrave contemplaccedilatildeo o que

chama de esteacutetica da transmissatildeo Nadja Carvalho com seu conceito de minimiacutedias

Ano V n 10 ndash outubro2009

identifica os conteuacutedos portaacuteteis como pluriformes variposicionais sempre

condutores de linguagens simultacircneas e interativas

Realizamos um estudo de caso procurando examinar a adequaccedilatildeo dos

formatos de 10 (dez) programas Quinze destinados agrave veiculaccedilatildeo em celular 3G

Destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas nos viacutedeos as

molduras que contornam os viacutedeos do programa ainda foram examinados aspectos

como planos de enquadramento texto em pequenas telas e duraccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o contexto soacutecio-cultural da miacutedia moacutevel

destacando as principais caracteriacutesticas do celular 3G no segundo capitulo o

levantamento teoacuterico priorizou questotildees essenciais ao exame dos formatos com os

quais tecircm sido produzidos os viacutedeos celulares e aproveitamos para esclarecer os

procedimentos metodoloacutegicos empregados em nossa pesquisa no terceiro capiacutetulo

apresentamos as nossas observaccedilotildees sobre os aspectos identificados nos formatos

dos viacutedeos investigados levando em conta as formulaccedilotildees visuais das imagens a

utilizaccedilatildeo de textos sobrepostos a imagens a objetividade da informaccedilatildeo em diaacutelogo

com a plasticidade das imagens enfim os contornos de formato foram o nosso

principal alvo analiacutetico

1 Cultura Moacutevel

11 Mundo praacuteticas e usuaacuterios

Com o desenvolvimento das redes de alta velocidade as conexotildees sem fio a

miniaturizaccedilatildeo dos dispositivos e a evoluccedilatildeo nas redes de telefonia moacutevel a

comunicaccedilatildeo ultrapassou os limites determinados pelos cabos superou a

imobilidade fiacutesica e adquiriu mobilidade Sobre bases que privilegiam a liberdade

individual instantaneidade e flexibilidade no contexto de utilizaccedilatildeo a mobilidade

mudou a forma como a sociedade contemporacircnea lida com a fruiccedilatildeo das

informaccedilotildees As tecnologias e os dispositivos computacionais tecircm evoluiacutedo

rapidamente de uma concepccedilatildeo estaacutetica para se adaptarem ao contexto moacutevel

Percebe-se cotidianamente uma grande adoccedilatildeo de dispositivos digitais moacuteveis

Ano V n 10 ndash outubro2009

maior do que de dispositivos natildeo-moacuteveis2 A consequumlecircncia desse crescimento eacute a

patente alteraccedilatildeo nas praacuteticas de consumo comportamento e ateacute das criaccedilotildees

artiacutesticas Praacuteticas estas que incorporam a expansatildeo dos espaccedilos de conexatildeo

O surgimento de uma nova fase da sociedade da informaccedilatildeo que comeccedilou

com a disseminaccedilatildeo do uso da internet por volta dos anos 80 radicalizou-se com o

desenvolvimento da computaccedilatildeo sem fio pervasiva e ubiacutequumla e com a popularizaccedilatildeo

dos telefones celulares redes de acesso agrave internet sem fio De acordo com Lemos

(2004 p1) ldquoTrata-se de transformaccedilotildees nas praacuteticas sociais na vivecircncia do espaccedilo

urbano e na forma de produzir e consumir informaccedilatildeordquo Pormenorizando a

observaccedilatildeo desse mundo onde a mobilidade eacute incorporada percebe-se o

consequumlente desenvolvimento de praacuteticas individualizadoras ndash tiacutepicas do uso de

dispositivos pessoais ndash que por sua vez acabam gerando seres paradoxalmente

individuais e conectados

Assim as relaccedilotildees vatildeo sendo reconfiguradas ao passo que estes seres

podem por exemplo estar individualmente conectados em um espaccedilo complexo

estabelecido entre o real e o virtual simultaneamente onde nem dividem

necessariamente o mesmo espaccedilo fiacutesico mas passam a compartilhar

indiscriminadamente de um ciberespaccedilo comum Hoje a telefonia celular

protagoniza a expansatildeo das redes sem-fio A exponencial popularizaccedilatildeo do uso de

aparelhos celulares no Brasil e no mundo aliada agraves interfaces tecnoloacutegicas de

muacuteltiplas miacutedias no fornecimento de conteuacutedos especiacuteficos nos permite apontar

que entre os usuaacuterios de telefonia moacutevel este jaacute eacute um fenocircmeno cultural

solidamente difundido

12 Telefonia celular 3G

Atualmente existem diversas categorias de dispositivos que podem ser

considerados como computaccedilatildeo moacutevel Os telefones celulares satildeo os dispositivos

2 Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria Eleacutetrica e Eletrocircnica (Abinee) no 3ordm trimestre de 2008 as vendas de PCs cresceram 25 em relaccedilatildeo ao 3ordm trimestre de 2007 Destaca-se que este crescimento ocorreu em virtude da forte expansatildeo das vendas de notebooks que passaram de 541 mil unidades no 3ordm trimestre de 2007 para 1286 mil unidades no 3ordm trimestre de 2008 registrando elevaccedilatildeo de 138 Este expressivo incremento compensou a queda de 5 das vendas de desktops ocorrida no mesmo periacuteodo Disponiacutevel em lt httpwwwabineeorgbr gt Acesso em 7 de dezembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

moacuteveis mais vendidos no Brasil3 e em todo o mundo Se a princiacutepio os aparelhos

celulares trafegavam somente voz e funcionavam predominantemente como

telefones portaacuteteis com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica passaram a trafegar tambeacutem dados

e a velocidades cada vez maiores

A Primeira Geraccedilatildeo de celulares (1G) surgiu na deacutecada de 80 completamente

analoacutegica com aparelhos grandes pesados e caros que tinham como uacutenicas

funccedilotildees realizar e receber chamadas telefocircnicas ainda que com muitas

interferecircncias Eram comumente instalados nos veiacuteculos de seus proprietaacuterios e

demandavam alto consumo de baterias Tais aparelhos chegaram ao Brasil por volta

de 1990 no Rio de Janeiro e em Brasiacutelia ndash apenas trecircs anos depois em Satildeo Paulo

A Segunda Geraccedilatildeo (2G) chegou ao Brasil em 1997 e trouxe sistemas

totalmente digitais incluindo melhor qualidade nos serviccedilos de voz Os telefones

celulares 2G trouxeram tambeacutem novidades como criptografia maior durabilidade da

bateria aleacutem de incluir acesso a redes como internet cacircmeras digitais para

fotografar e fazer viacutedeos Contudo apesar de toda evoluccedilatildeo as taxas de

transferecircncia de dados ainda eram bastante baixas

Com o aumento da qualidade dos aparelhos e serviccedilos as inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas continuaram Desde 2001 acontece a transiccedilatildeo da Segunda Geraccedilatildeo

de telefonia moacutevel para a Terceira Geraccedilatildeo (3G) A tecnologia 3G apresenta aos

consumidores aparelhos celulares multimiacutedia capazes de receber e transmitir altas

taxas de dados Esta novidade trouxe grande expectativa ao mundo das

telecomunicaccedilotildees permitindo o alargamento das possibilidades de oferta de

serviccedilos inovadores e mais complexos que os serviccedilos baacutesicos de voz inicialmente

disponibilizados

Os sistemas de comunicaccedilotildees moacuteveis continuam crescendo A voz permanece

como componente importante nas telecomunicaccedilotildees Entretanto com o aumento da

capacidade de transferecircncia de dados este serviccedilo eacute frequumlentemente combinado a

outros tipos de serviccedilos e possibilidades de circulaccedilatildeo de conteuacutedos em suas

diferentes formas ndash como texto viacutedeo e aacuteudio Dessa evoluccedilatildeo experimentada com

3 Com 4007056 de novas habilitaccedilotildees (crescimento de 285) outubro de 2008 registrou o terceiro maior nuacutemero de habilitaccedilotildees desde a implementaccedilatildeo da telefonia celular no Brasil atraacutes apenas dos meses de dezembro de 2007 (4666276) e dezembro de 2004 (4416843) A consolidaccedilatildeo dos nuacutemeros mensais da telefonia moacutevel no Brasil estaacute disponiacutevel no portal da Agecircncia Nacional de Telecomunicaccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwanatelgovbrgt Acesso em 18 de novembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

os aparelhos de tecnologia 3G podemos esperar serviccedilos ainda mais sofisticados e

numa amplitude maior do que a que jaacute eacute oferecida4

Entre diversas outras funccedilotildees os dispositivos atuais permitem enviar

mensagens de texto e-mail ouvir raacutedios muacutesicas em formato MP3 gravar imagens

digitais estaacuteticas ou em movimento e assistir TV A geraccedilatildeo de celulares com telas

minuacutesculas e quase nenhum recurso jaacute vai ficando no passado Os aparelhos

possuem telas e cacircmeras filmadoras e fotograacuteficas cada vez melhores como

tambeacutem maior poder de processamento baterias com maior duraccedilatildeo e aplicativos ndash

ainda bastante limitados ndash que possibilitam ateacute a produccedilatildeo e ediccedilatildeo de conteuacutedo e

sua veiculaccedilatildeo instantacircnea

Passa-se entatildeo a explorar cada vez mais o potencial de ubiquumlidade desses

dispositivos A possibilidade de acessar as redes de informaccedilotildees eacute expandida natildeo

mais se restringindo agraves conexotildees a partir de pontos estaacuteticos Diante de tamanha

flexibilidade de acesso propiciada pelos dispositivos e redes moacuteveis comeccedila-se a

mensurar a importacircncia e o poder dessa nova miacutedia em crescente popularizaccedilatildeo na

sociedade da informaccedilatildeo Se por um lado as relaccedilotildees satildeo reconfiguradas por meio

do acesso em mobilidade agraves redes por outro lado satildeo multiplicadas as

possibilidades Deparamos entatildeo com novas demandas de conteuacutedo e criaccedilatildeo

impostas pelo ambiente moacutevel

121 Conteuacutedo audiovisual especiacutefico

Novas possibilidades e necessidades de conteuacutedos formatos e interaccedilatildeo

surgem com a disseminaccedilatildeo do uso de dispositivos digitais moacuteveis A criaccedilatildeo de

novos conteuacutedos e formatos como tambeacutem a adaptaccedilatildeo de formatos jaacute

estabelecidos resultam na formaccedilatildeo de um novo mercado para profissionais da aacuterea

de comunicaccedilatildeo empresas provedoras de conteuacutedo e operadoras de telefonia O

celular com tecnologia 3G eacute uma plataforma que apresenta aleacutem de mobilidade a

convergecircncia de miacutedias Exemplo disso satildeo os serviccedilos de mobile TV ou em

portuguecircs TV moacutevel Pode-se dizer que a TV moacutevel eacute o que literalmente sugere a

4 Operadoras e fabricantes jaacute acenam para a viabilidade de se falar em Quarta Geraccedilatildeo (4G) com altiacutessima capacidade de transmissatildeo de dados serviccedilos e aplicaccedilotildees revolucionaacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

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ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos informativos e tambeacutem a propostas mais expressivas espontacircneas e

artiacutesticas

O desenvolvimento de viacutedeos para serem exibidos em celulares 3G ou

qualquer outro dispositivo de tecnologia moacutevel envolve preocupaccedilotildees teacutecnicas

baseadas na experiecircncia que o usuaacuterio teraacute ao acessar o conteuacutedo pelo seu

aparelho buscando sempre agregar um maior nuacutemero de usuaacuterio possiacutevel Aspectos

teacutecnicos como a capacidade da transmissatildeo de dados custo de serviccedilo

heterogeneidade de aparelhos duraccedilatildeo de viacutedeos etc demonstram que existe uma

enorme necessidade da criaccedilatildeo de conteuacutedos diferenciados especiacuteficos para um

meio tatildeo dinacircmico instantacircneo e multifacetado

O nosso estudo examina os formatos de viacutedeos produzidos para exibiccedilatildeo em

celular 3G Dentre outros tipos de serviccedilos disponibilizado pelas operadoras o

viacutedeo celular soacute chega ao usuaacuterio com a sua autorizaccedilatildeo e a um custo preacute-fixado

Os viacutedeos que integram o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile

constituem um achado aos nossos propoacutesitos de pesquisa justamente por terem

sido desenvolvidos especialmente para a plataforma moacutevel

Num total de 10 (dez) viacutedeos capturados do programa Quinze percebemos

que eles assumem o desafio experimental de procurar ajustar propostas

informativas luacutedicas e artiacutesticas em um curto tempo e pequeno espaccedilo de tela

conforme nos chama atenccedilatildeo o conceito de minimiacutedia atribuiacutedo a miacutedias portaacuteteis

(CARVALHO 2008) ajudando a identificar caracteriacutesticas essenciais ao

entendimento de produtos destinados ao usuaacuterio da telefonia celular 3G

Consideramos os aspectos que constituem o universo da mobilidade como

extremamente importantes ao nosso estudo De acordo com algumas observaccedilotildees

feitas por pesquisadores do assunto dentre os quais destacamos Lucia Santaella

(2006) Giselle Beiguelman (2006) Nadja Carvalho (2007) e outros observamos que

os formatos devem sobretudo estar ajustados agrave condiccedilatildeo de tracircnsito em que se

encontra o usuaacuterio de celular

Lucia Santaella chama as imagens veiculadas por dispositivos portaacuteteis de

imagens volaacuteteis fazendo alusatildeo as suas caracteriacutesticas ubiacutequas nocircmades e

triviais Giselle Beiguelman discute as possibilidades expressivas de conteuacutedos

produzidos para serem acessados em tracircnsito sem direito agrave contemplaccedilatildeo o que

chama de esteacutetica da transmissatildeo Nadja Carvalho com seu conceito de minimiacutedias

Ano V n 10 ndash outubro2009

identifica os conteuacutedos portaacuteteis como pluriformes variposicionais sempre

condutores de linguagens simultacircneas e interativas

Realizamos um estudo de caso procurando examinar a adequaccedilatildeo dos

formatos de 10 (dez) programas Quinze destinados agrave veiculaccedilatildeo em celular 3G

Destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas nos viacutedeos as

molduras que contornam os viacutedeos do programa ainda foram examinados aspectos

como planos de enquadramento texto em pequenas telas e duraccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o contexto soacutecio-cultural da miacutedia moacutevel

destacando as principais caracteriacutesticas do celular 3G no segundo capitulo o

levantamento teoacuterico priorizou questotildees essenciais ao exame dos formatos com os

quais tecircm sido produzidos os viacutedeos celulares e aproveitamos para esclarecer os

procedimentos metodoloacutegicos empregados em nossa pesquisa no terceiro capiacutetulo

apresentamos as nossas observaccedilotildees sobre os aspectos identificados nos formatos

dos viacutedeos investigados levando em conta as formulaccedilotildees visuais das imagens a

utilizaccedilatildeo de textos sobrepostos a imagens a objetividade da informaccedilatildeo em diaacutelogo

com a plasticidade das imagens enfim os contornos de formato foram o nosso

principal alvo analiacutetico

1 Cultura Moacutevel

11 Mundo praacuteticas e usuaacuterios

Com o desenvolvimento das redes de alta velocidade as conexotildees sem fio a

miniaturizaccedilatildeo dos dispositivos e a evoluccedilatildeo nas redes de telefonia moacutevel a

comunicaccedilatildeo ultrapassou os limites determinados pelos cabos superou a

imobilidade fiacutesica e adquiriu mobilidade Sobre bases que privilegiam a liberdade

individual instantaneidade e flexibilidade no contexto de utilizaccedilatildeo a mobilidade

mudou a forma como a sociedade contemporacircnea lida com a fruiccedilatildeo das

informaccedilotildees As tecnologias e os dispositivos computacionais tecircm evoluiacutedo

rapidamente de uma concepccedilatildeo estaacutetica para se adaptarem ao contexto moacutevel

Percebe-se cotidianamente uma grande adoccedilatildeo de dispositivos digitais moacuteveis

Ano V n 10 ndash outubro2009

maior do que de dispositivos natildeo-moacuteveis2 A consequumlecircncia desse crescimento eacute a

patente alteraccedilatildeo nas praacuteticas de consumo comportamento e ateacute das criaccedilotildees

artiacutesticas Praacuteticas estas que incorporam a expansatildeo dos espaccedilos de conexatildeo

O surgimento de uma nova fase da sociedade da informaccedilatildeo que comeccedilou

com a disseminaccedilatildeo do uso da internet por volta dos anos 80 radicalizou-se com o

desenvolvimento da computaccedilatildeo sem fio pervasiva e ubiacutequumla e com a popularizaccedilatildeo

dos telefones celulares redes de acesso agrave internet sem fio De acordo com Lemos

(2004 p1) ldquoTrata-se de transformaccedilotildees nas praacuteticas sociais na vivecircncia do espaccedilo

urbano e na forma de produzir e consumir informaccedilatildeordquo Pormenorizando a

observaccedilatildeo desse mundo onde a mobilidade eacute incorporada percebe-se o

consequumlente desenvolvimento de praacuteticas individualizadoras ndash tiacutepicas do uso de

dispositivos pessoais ndash que por sua vez acabam gerando seres paradoxalmente

individuais e conectados

Assim as relaccedilotildees vatildeo sendo reconfiguradas ao passo que estes seres

podem por exemplo estar individualmente conectados em um espaccedilo complexo

estabelecido entre o real e o virtual simultaneamente onde nem dividem

necessariamente o mesmo espaccedilo fiacutesico mas passam a compartilhar

indiscriminadamente de um ciberespaccedilo comum Hoje a telefonia celular

protagoniza a expansatildeo das redes sem-fio A exponencial popularizaccedilatildeo do uso de

aparelhos celulares no Brasil e no mundo aliada agraves interfaces tecnoloacutegicas de

muacuteltiplas miacutedias no fornecimento de conteuacutedos especiacuteficos nos permite apontar

que entre os usuaacuterios de telefonia moacutevel este jaacute eacute um fenocircmeno cultural

solidamente difundido

12 Telefonia celular 3G

Atualmente existem diversas categorias de dispositivos que podem ser

considerados como computaccedilatildeo moacutevel Os telefones celulares satildeo os dispositivos

2 Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria Eleacutetrica e Eletrocircnica (Abinee) no 3ordm trimestre de 2008 as vendas de PCs cresceram 25 em relaccedilatildeo ao 3ordm trimestre de 2007 Destaca-se que este crescimento ocorreu em virtude da forte expansatildeo das vendas de notebooks que passaram de 541 mil unidades no 3ordm trimestre de 2007 para 1286 mil unidades no 3ordm trimestre de 2008 registrando elevaccedilatildeo de 138 Este expressivo incremento compensou a queda de 5 das vendas de desktops ocorrida no mesmo periacuteodo Disponiacutevel em lt httpwwwabineeorgbr gt Acesso em 7 de dezembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

moacuteveis mais vendidos no Brasil3 e em todo o mundo Se a princiacutepio os aparelhos

celulares trafegavam somente voz e funcionavam predominantemente como

telefones portaacuteteis com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica passaram a trafegar tambeacutem dados

e a velocidades cada vez maiores

A Primeira Geraccedilatildeo de celulares (1G) surgiu na deacutecada de 80 completamente

analoacutegica com aparelhos grandes pesados e caros que tinham como uacutenicas

funccedilotildees realizar e receber chamadas telefocircnicas ainda que com muitas

interferecircncias Eram comumente instalados nos veiacuteculos de seus proprietaacuterios e

demandavam alto consumo de baterias Tais aparelhos chegaram ao Brasil por volta

de 1990 no Rio de Janeiro e em Brasiacutelia ndash apenas trecircs anos depois em Satildeo Paulo

A Segunda Geraccedilatildeo (2G) chegou ao Brasil em 1997 e trouxe sistemas

totalmente digitais incluindo melhor qualidade nos serviccedilos de voz Os telefones

celulares 2G trouxeram tambeacutem novidades como criptografia maior durabilidade da

bateria aleacutem de incluir acesso a redes como internet cacircmeras digitais para

fotografar e fazer viacutedeos Contudo apesar de toda evoluccedilatildeo as taxas de

transferecircncia de dados ainda eram bastante baixas

Com o aumento da qualidade dos aparelhos e serviccedilos as inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas continuaram Desde 2001 acontece a transiccedilatildeo da Segunda Geraccedilatildeo

de telefonia moacutevel para a Terceira Geraccedilatildeo (3G) A tecnologia 3G apresenta aos

consumidores aparelhos celulares multimiacutedia capazes de receber e transmitir altas

taxas de dados Esta novidade trouxe grande expectativa ao mundo das

telecomunicaccedilotildees permitindo o alargamento das possibilidades de oferta de

serviccedilos inovadores e mais complexos que os serviccedilos baacutesicos de voz inicialmente

disponibilizados

Os sistemas de comunicaccedilotildees moacuteveis continuam crescendo A voz permanece

como componente importante nas telecomunicaccedilotildees Entretanto com o aumento da

capacidade de transferecircncia de dados este serviccedilo eacute frequumlentemente combinado a

outros tipos de serviccedilos e possibilidades de circulaccedilatildeo de conteuacutedos em suas

diferentes formas ndash como texto viacutedeo e aacuteudio Dessa evoluccedilatildeo experimentada com

3 Com 4007056 de novas habilitaccedilotildees (crescimento de 285) outubro de 2008 registrou o terceiro maior nuacutemero de habilitaccedilotildees desde a implementaccedilatildeo da telefonia celular no Brasil atraacutes apenas dos meses de dezembro de 2007 (4666276) e dezembro de 2004 (4416843) A consolidaccedilatildeo dos nuacutemeros mensais da telefonia moacutevel no Brasil estaacute disponiacutevel no portal da Agecircncia Nacional de Telecomunicaccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwanatelgovbrgt Acesso em 18 de novembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

os aparelhos de tecnologia 3G podemos esperar serviccedilos ainda mais sofisticados e

numa amplitude maior do que a que jaacute eacute oferecida4

Entre diversas outras funccedilotildees os dispositivos atuais permitem enviar

mensagens de texto e-mail ouvir raacutedios muacutesicas em formato MP3 gravar imagens

digitais estaacuteticas ou em movimento e assistir TV A geraccedilatildeo de celulares com telas

minuacutesculas e quase nenhum recurso jaacute vai ficando no passado Os aparelhos

possuem telas e cacircmeras filmadoras e fotograacuteficas cada vez melhores como

tambeacutem maior poder de processamento baterias com maior duraccedilatildeo e aplicativos ndash

ainda bastante limitados ndash que possibilitam ateacute a produccedilatildeo e ediccedilatildeo de conteuacutedo e

sua veiculaccedilatildeo instantacircnea

Passa-se entatildeo a explorar cada vez mais o potencial de ubiquumlidade desses

dispositivos A possibilidade de acessar as redes de informaccedilotildees eacute expandida natildeo

mais se restringindo agraves conexotildees a partir de pontos estaacuteticos Diante de tamanha

flexibilidade de acesso propiciada pelos dispositivos e redes moacuteveis comeccedila-se a

mensurar a importacircncia e o poder dessa nova miacutedia em crescente popularizaccedilatildeo na

sociedade da informaccedilatildeo Se por um lado as relaccedilotildees satildeo reconfiguradas por meio

do acesso em mobilidade agraves redes por outro lado satildeo multiplicadas as

possibilidades Deparamos entatildeo com novas demandas de conteuacutedo e criaccedilatildeo

impostas pelo ambiente moacutevel

121 Conteuacutedo audiovisual especiacutefico

Novas possibilidades e necessidades de conteuacutedos formatos e interaccedilatildeo

surgem com a disseminaccedilatildeo do uso de dispositivos digitais moacuteveis A criaccedilatildeo de

novos conteuacutedos e formatos como tambeacutem a adaptaccedilatildeo de formatos jaacute

estabelecidos resultam na formaccedilatildeo de um novo mercado para profissionais da aacuterea

de comunicaccedilatildeo empresas provedoras de conteuacutedo e operadoras de telefonia O

celular com tecnologia 3G eacute uma plataforma que apresenta aleacutem de mobilidade a

convergecircncia de miacutedias Exemplo disso satildeo os serviccedilos de mobile TV ou em

portuguecircs TV moacutevel Pode-se dizer que a TV moacutevel eacute o que literalmente sugere a

4 Operadoras e fabricantes jaacute acenam para a viabilidade de se falar em Quarta Geraccedilatildeo (4G) com altiacutessima capacidade de transmissatildeo de dados serviccedilos e aplicaccedilotildees revolucionaacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

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2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

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transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

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comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

identifica os conteuacutedos portaacuteteis como pluriformes variposicionais sempre

condutores de linguagens simultacircneas e interativas

Realizamos um estudo de caso procurando examinar a adequaccedilatildeo dos

formatos de 10 (dez) programas Quinze destinados agrave veiculaccedilatildeo em celular 3G

Destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas nos viacutedeos as

molduras que contornam os viacutedeos do programa ainda foram examinados aspectos

como planos de enquadramento texto em pequenas telas e duraccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo apresentamos o contexto soacutecio-cultural da miacutedia moacutevel

destacando as principais caracteriacutesticas do celular 3G no segundo capitulo o

levantamento teoacuterico priorizou questotildees essenciais ao exame dos formatos com os

quais tecircm sido produzidos os viacutedeos celulares e aproveitamos para esclarecer os

procedimentos metodoloacutegicos empregados em nossa pesquisa no terceiro capiacutetulo

apresentamos as nossas observaccedilotildees sobre os aspectos identificados nos formatos

dos viacutedeos investigados levando em conta as formulaccedilotildees visuais das imagens a

utilizaccedilatildeo de textos sobrepostos a imagens a objetividade da informaccedilatildeo em diaacutelogo

com a plasticidade das imagens enfim os contornos de formato foram o nosso

principal alvo analiacutetico

1 Cultura Moacutevel

11 Mundo praacuteticas e usuaacuterios

Com o desenvolvimento das redes de alta velocidade as conexotildees sem fio a

miniaturizaccedilatildeo dos dispositivos e a evoluccedilatildeo nas redes de telefonia moacutevel a

comunicaccedilatildeo ultrapassou os limites determinados pelos cabos superou a

imobilidade fiacutesica e adquiriu mobilidade Sobre bases que privilegiam a liberdade

individual instantaneidade e flexibilidade no contexto de utilizaccedilatildeo a mobilidade

mudou a forma como a sociedade contemporacircnea lida com a fruiccedilatildeo das

informaccedilotildees As tecnologias e os dispositivos computacionais tecircm evoluiacutedo

rapidamente de uma concepccedilatildeo estaacutetica para se adaptarem ao contexto moacutevel

Percebe-se cotidianamente uma grande adoccedilatildeo de dispositivos digitais moacuteveis

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maior do que de dispositivos natildeo-moacuteveis2 A consequumlecircncia desse crescimento eacute a

patente alteraccedilatildeo nas praacuteticas de consumo comportamento e ateacute das criaccedilotildees

artiacutesticas Praacuteticas estas que incorporam a expansatildeo dos espaccedilos de conexatildeo

O surgimento de uma nova fase da sociedade da informaccedilatildeo que comeccedilou

com a disseminaccedilatildeo do uso da internet por volta dos anos 80 radicalizou-se com o

desenvolvimento da computaccedilatildeo sem fio pervasiva e ubiacutequumla e com a popularizaccedilatildeo

dos telefones celulares redes de acesso agrave internet sem fio De acordo com Lemos

(2004 p1) ldquoTrata-se de transformaccedilotildees nas praacuteticas sociais na vivecircncia do espaccedilo

urbano e na forma de produzir e consumir informaccedilatildeordquo Pormenorizando a

observaccedilatildeo desse mundo onde a mobilidade eacute incorporada percebe-se o

consequumlente desenvolvimento de praacuteticas individualizadoras ndash tiacutepicas do uso de

dispositivos pessoais ndash que por sua vez acabam gerando seres paradoxalmente

individuais e conectados

Assim as relaccedilotildees vatildeo sendo reconfiguradas ao passo que estes seres

podem por exemplo estar individualmente conectados em um espaccedilo complexo

estabelecido entre o real e o virtual simultaneamente onde nem dividem

necessariamente o mesmo espaccedilo fiacutesico mas passam a compartilhar

indiscriminadamente de um ciberespaccedilo comum Hoje a telefonia celular

protagoniza a expansatildeo das redes sem-fio A exponencial popularizaccedilatildeo do uso de

aparelhos celulares no Brasil e no mundo aliada agraves interfaces tecnoloacutegicas de

muacuteltiplas miacutedias no fornecimento de conteuacutedos especiacuteficos nos permite apontar

que entre os usuaacuterios de telefonia moacutevel este jaacute eacute um fenocircmeno cultural

solidamente difundido

12 Telefonia celular 3G

Atualmente existem diversas categorias de dispositivos que podem ser

considerados como computaccedilatildeo moacutevel Os telefones celulares satildeo os dispositivos

2 Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria Eleacutetrica e Eletrocircnica (Abinee) no 3ordm trimestre de 2008 as vendas de PCs cresceram 25 em relaccedilatildeo ao 3ordm trimestre de 2007 Destaca-se que este crescimento ocorreu em virtude da forte expansatildeo das vendas de notebooks que passaram de 541 mil unidades no 3ordm trimestre de 2007 para 1286 mil unidades no 3ordm trimestre de 2008 registrando elevaccedilatildeo de 138 Este expressivo incremento compensou a queda de 5 das vendas de desktops ocorrida no mesmo periacuteodo Disponiacutevel em lt httpwwwabineeorgbr gt Acesso em 7 de dezembro de 2008

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moacuteveis mais vendidos no Brasil3 e em todo o mundo Se a princiacutepio os aparelhos

celulares trafegavam somente voz e funcionavam predominantemente como

telefones portaacuteteis com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica passaram a trafegar tambeacutem dados

e a velocidades cada vez maiores

A Primeira Geraccedilatildeo de celulares (1G) surgiu na deacutecada de 80 completamente

analoacutegica com aparelhos grandes pesados e caros que tinham como uacutenicas

funccedilotildees realizar e receber chamadas telefocircnicas ainda que com muitas

interferecircncias Eram comumente instalados nos veiacuteculos de seus proprietaacuterios e

demandavam alto consumo de baterias Tais aparelhos chegaram ao Brasil por volta

de 1990 no Rio de Janeiro e em Brasiacutelia ndash apenas trecircs anos depois em Satildeo Paulo

A Segunda Geraccedilatildeo (2G) chegou ao Brasil em 1997 e trouxe sistemas

totalmente digitais incluindo melhor qualidade nos serviccedilos de voz Os telefones

celulares 2G trouxeram tambeacutem novidades como criptografia maior durabilidade da

bateria aleacutem de incluir acesso a redes como internet cacircmeras digitais para

fotografar e fazer viacutedeos Contudo apesar de toda evoluccedilatildeo as taxas de

transferecircncia de dados ainda eram bastante baixas

Com o aumento da qualidade dos aparelhos e serviccedilos as inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas continuaram Desde 2001 acontece a transiccedilatildeo da Segunda Geraccedilatildeo

de telefonia moacutevel para a Terceira Geraccedilatildeo (3G) A tecnologia 3G apresenta aos

consumidores aparelhos celulares multimiacutedia capazes de receber e transmitir altas

taxas de dados Esta novidade trouxe grande expectativa ao mundo das

telecomunicaccedilotildees permitindo o alargamento das possibilidades de oferta de

serviccedilos inovadores e mais complexos que os serviccedilos baacutesicos de voz inicialmente

disponibilizados

Os sistemas de comunicaccedilotildees moacuteveis continuam crescendo A voz permanece

como componente importante nas telecomunicaccedilotildees Entretanto com o aumento da

capacidade de transferecircncia de dados este serviccedilo eacute frequumlentemente combinado a

outros tipos de serviccedilos e possibilidades de circulaccedilatildeo de conteuacutedos em suas

diferentes formas ndash como texto viacutedeo e aacuteudio Dessa evoluccedilatildeo experimentada com

3 Com 4007056 de novas habilitaccedilotildees (crescimento de 285) outubro de 2008 registrou o terceiro maior nuacutemero de habilitaccedilotildees desde a implementaccedilatildeo da telefonia celular no Brasil atraacutes apenas dos meses de dezembro de 2007 (4666276) e dezembro de 2004 (4416843) A consolidaccedilatildeo dos nuacutemeros mensais da telefonia moacutevel no Brasil estaacute disponiacutevel no portal da Agecircncia Nacional de Telecomunicaccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwanatelgovbrgt Acesso em 18 de novembro de 2008

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os aparelhos de tecnologia 3G podemos esperar serviccedilos ainda mais sofisticados e

numa amplitude maior do que a que jaacute eacute oferecida4

Entre diversas outras funccedilotildees os dispositivos atuais permitem enviar

mensagens de texto e-mail ouvir raacutedios muacutesicas em formato MP3 gravar imagens

digitais estaacuteticas ou em movimento e assistir TV A geraccedilatildeo de celulares com telas

minuacutesculas e quase nenhum recurso jaacute vai ficando no passado Os aparelhos

possuem telas e cacircmeras filmadoras e fotograacuteficas cada vez melhores como

tambeacutem maior poder de processamento baterias com maior duraccedilatildeo e aplicativos ndash

ainda bastante limitados ndash que possibilitam ateacute a produccedilatildeo e ediccedilatildeo de conteuacutedo e

sua veiculaccedilatildeo instantacircnea

Passa-se entatildeo a explorar cada vez mais o potencial de ubiquumlidade desses

dispositivos A possibilidade de acessar as redes de informaccedilotildees eacute expandida natildeo

mais se restringindo agraves conexotildees a partir de pontos estaacuteticos Diante de tamanha

flexibilidade de acesso propiciada pelos dispositivos e redes moacuteveis comeccedila-se a

mensurar a importacircncia e o poder dessa nova miacutedia em crescente popularizaccedilatildeo na

sociedade da informaccedilatildeo Se por um lado as relaccedilotildees satildeo reconfiguradas por meio

do acesso em mobilidade agraves redes por outro lado satildeo multiplicadas as

possibilidades Deparamos entatildeo com novas demandas de conteuacutedo e criaccedilatildeo

impostas pelo ambiente moacutevel

121 Conteuacutedo audiovisual especiacutefico

Novas possibilidades e necessidades de conteuacutedos formatos e interaccedilatildeo

surgem com a disseminaccedilatildeo do uso de dispositivos digitais moacuteveis A criaccedilatildeo de

novos conteuacutedos e formatos como tambeacutem a adaptaccedilatildeo de formatos jaacute

estabelecidos resultam na formaccedilatildeo de um novo mercado para profissionais da aacuterea

de comunicaccedilatildeo empresas provedoras de conteuacutedo e operadoras de telefonia O

celular com tecnologia 3G eacute uma plataforma que apresenta aleacutem de mobilidade a

convergecircncia de miacutedias Exemplo disso satildeo os serviccedilos de mobile TV ou em

portuguecircs TV moacutevel Pode-se dizer que a TV moacutevel eacute o que literalmente sugere a

4 Operadoras e fabricantes jaacute acenam para a viabilidade de se falar em Quarta Geraccedilatildeo (4G) com altiacutessima capacidade de transmissatildeo de dados serviccedilos e aplicaccedilotildees revolucionaacuterias

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expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

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A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

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comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

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conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

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natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

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2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

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transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

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Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

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A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

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Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

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20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

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e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

maior do que de dispositivos natildeo-moacuteveis2 A consequumlecircncia desse crescimento eacute a

patente alteraccedilatildeo nas praacuteticas de consumo comportamento e ateacute das criaccedilotildees

artiacutesticas Praacuteticas estas que incorporam a expansatildeo dos espaccedilos de conexatildeo

O surgimento de uma nova fase da sociedade da informaccedilatildeo que comeccedilou

com a disseminaccedilatildeo do uso da internet por volta dos anos 80 radicalizou-se com o

desenvolvimento da computaccedilatildeo sem fio pervasiva e ubiacutequumla e com a popularizaccedilatildeo

dos telefones celulares redes de acesso agrave internet sem fio De acordo com Lemos

(2004 p1) ldquoTrata-se de transformaccedilotildees nas praacuteticas sociais na vivecircncia do espaccedilo

urbano e na forma de produzir e consumir informaccedilatildeordquo Pormenorizando a

observaccedilatildeo desse mundo onde a mobilidade eacute incorporada percebe-se o

consequumlente desenvolvimento de praacuteticas individualizadoras ndash tiacutepicas do uso de

dispositivos pessoais ndash que por sua vez acabam gerando seres paradoxalmente

individuais e conectados

Assim as relaccedilotildees vatildeo sendo reconfiguradas ao passo que estes seres

podem por exemplo estar individualmente conectados em um espaccedilo complexo

estabelecido entre o real e o virtual simultaneamente onde nem dividem

necessariamente o mesmo espaccedilo fiacutesico mas passam a compartilhar

indiscriminadamente de um ciberespaccedilo comum Hoje a telefonia celular

protagoniza a expansatildeo das redes sem-fio A exponencial popularizaccedilatildeo do uso de

aparelhos celulares no Brasil e no mundo aliada agraves interfaces tecnoloacutegicas de

muacuteltiplas miacutedias no fornecimento de conteuacutedos especiacuteficos nos permite apontar

que entre os usuaacuterios de telefonia moacutevel este jaacute eacute um fenocircmeno cultural

solidamente difundido

12 Telefonia celular 3G

Atualmente existem diversas categorias de dispositivos que podem ser

considerados como computaccedilatildeo moacutevel Os telefones celulares satildeo os dispositivos

2 Segundo a Associaccedilatildeo Brasileira da Induacutestria Eleacutetrica e Eletrocircnica (Abinee) no 3ordm trimestre de 2008 as vendas de PCs cresceram 25 em relaccedilatildeo ao 3ordm trimestre de 2007 Destaca-se que este crescimento ocorreu em virtude da forte expansatildeo das vendas de notebooks que passaram de 541 mil unidades no 3ordm trimestre de 2007 para 1286 mil unidades no 3ordm trimestre de 2008 registrando elevaccedilatildeo de 138 Este expressivo incremento compensou a queda de 5 das vendas de desktops ocorrida no mesmo periacuteodo Disponiacutevel em lt httpwwwabineeorgbr gt Acesso em 7 de dezembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

moacuteveis mais vendidos no Brasil3 e em todo o mundo Se a princiacutepio os aparelhos

celulares trafegavam somente voz e funcionavam predominantemente como

telefones portaacuteteis com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica passaram a trafegar tambeacutem dados

e a velocidades cada vez maiores

A Primeira Geraccedilatildeo de celulares (1G) surgiu na deacutecada de 80 completamente

analoacutegica com aparelhos grandes pesados e caros que tinham como uacutenicas

funccedilotildees realizar e receber chamadas telefocircnicas ainda que com muitas

interferecircncias Eram comumente instalados nos veiacuteculos de seus proprietaacuterios e

demandavam alto consumo de baterias Tais aparelhos chegaram ao Brasil por volta

de 1990 no Rio de Janeiro e em Brasiacutelia ndash apenas trecircs anos depois em Satildeo Paulo

A Segunda Geraccedilatildeo (2G) chegou ao Brasil em 1997 e trouxe sistemas

totalmente digitais incluindo melhor qualidade nos serviccedilos de voz Os telefones

celulares 2G trouxeram tambeacutem novidades como criptografia maior durabilidade da

bateria aleacutem de incluir acesso a redes como internet cacircmeras digitais para

fotografar e fazer viacutedeos Contudo apesar de toda evoluccedilatildeo as taxas de

transferecircncia de dados ainda eram bastante baixas

Com o aumento da qualidade dos aparelhos e serviccedilos as inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas continuaram Desde 2001 acontece a transiccedilatildeo da Segunda Geraccedilatildeo

de telefonia moacutevel para a Terceira Geraccedilatildeo (3G) A tecnologia 3G apresenta aos

consumidores aparelhos celulares multimiacutedia capazes de receber e transmitir altas

taxas de dados Esta novidade trouxe grande expectativa ao mundo das

telecomunicaccedilotildees permitindo o alargamento das possibilidades de oferta de

serviccedilos inovadores e mais complexos que os serviccedilos baacutesicos de voz inicialmente

disponibilizados

Os sistemas de comunicaccedilotildees moacuteveis continuam crescendo A voz permanece

como componente importante nas telecomunicaccedilotildees Entretanto com o aumento da

capacidade de transferecircncia de dados este serviccedilo eacute frequumlentemente combinado a

outros tipos de serviccedilos e possibilidades de circulaccedilatildeo de conteuacutedos em suas

diferentes formas ndash como texto viacutedeo e aacuteudio Dessa evoluccedilatildeo experimentada com

3 Com 4007056 de novas habilitaccedilotildees (crescimento de 285) outubro de 2008 registrou o terceiro maior nuacutemero de habilitaccedilotildees desde a implementaccedilatildeo da telefonia celular no Brasil atraacutes apenas dos meses de dezembro de 2007 (4666276) e dezembro de 2004 (4416843) A consolidaccedilatildeo dos nuacutemeros mensais da telefonia moacutevel no Brasil estaacute disponiacutevel no portal da Agecircncia Nacional de Telecomunicaccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwanatelgovbrgt Acesso em 18 de novembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

os aparelhos de tecnologia 3G podemos esperar serviccedilos ainda mais sofisticados e

numa amplitude maior do que a que jaacute eacute oferecida4

Entre diversas outras funccedilotildees os dispositivos atuais permitem enviar

mensagens de texto e-mail ouvir raacutedios muacutesicas em formato MP3 gravar imagens

digitais estaacuteticas ou em movimento e assistir TV A geraccedilatildeo de celulares com telas

minuacutesculas e quase nenhum recurso jaacute vai ficando no passado Os aparelhos

possuem telas e cacircmeras filmadoras e fotograacuteficas cada vez melhores como

tambeacutem maior poder de processamento baterias com maior duraccedilatildeo e aplicativos ndash

ainda bastante limitados ndash que possibilitam ateacute a produccedilatildeo e ediccedilatildeo de conteuacutedo e

sua veiculaccedilatildeo instantacircnea

Passa-se entatildeo a explorar cada vez mais o potencial de ubiquumlidade desses

dispositivos A possibilidade de acessar as redes de informaccedilotildees eacute expandida natildeo

mais se restringindo agraves conexotildees a partir de pontos estaacuteticos Diante de tamanha

flexibilidade de acesso propiciada pelos dispositivos e redes moacuteveis comeccedila-se a

mensurar a importacircncia e o poder dessa nova miacutedia em crescente popularizaccedilatildeo na

sociedade da informaccedilatildeo Se por um lado as relaccedilotildees satildeo reconfiguradas por meio

do acesso em mobilidade agraves redes por outro lado satildeo multiplicadas as

possibilidades Deparamos entatildeo com novas demandas de conteuacutedo e criaccedilatildeo

impostas pelo ambiente moacutevel

121 Conteuacutedo audiovisual especiacutefico

Novas possibilidades e necessidades de conteuacutedos formatos e interaccedilatildeo

surgem com a disseminaccedilatildeo do uso de dispositivos digitais moacuteveis A criaccedilatildeo de

novos conteuacutedos e formatos como tambeacutem a adaptaccedilatildeo de formatos jaacute

estabelecidos resultam na formaccedilatildeo de um novo mercado para profissionais da aacuterea

de comunicaccedilatildeo empresas provedoras de conteuacutedo e operadoras de telefonia O

celular com tecnologia 3G eacute uma plataforma que apresenta aleacutem de mobilidade a

convergecircncia de miacutedias Exemplo disso satildeo os serviccedilos de mobile TV ou em

portuguecircs TV moacutevel Pode-se dizer que a TV moacutevel eacute o que literalmente sugere a

4 Operadoras e fabricantes jaacute acenam para a viabilidade de se falar em Quarta Geraccedilatildeo (4G) com altiacutessima capacidade de transmissatildeo de dados serviccedilos e aplicaccedilotildees revolucionaacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

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2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

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transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

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Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

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A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

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Ano V n 10 ndash outubro2009

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ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

moacuteveis mais vendidos no Brasil3 e em todo o mundo Se a princiacutepio os aparelhos

celulares trafegavam somente voz e funcionavam predominantemente como

telefones portaacuteteis com a evoluccedilatildeo tecnoloacutegica passaram a trafegar tambeacutem dados

e a velocidades cada vez maiores

A Primeira Geraccedilatildeo de celulares (1G) surgiu na deacutecada de 80 completamente

analoacutegica com aparelhos grandes pesados e caros que tinham como uacutenicas

funccedilotildees realizar e receber chamadas telefocircnicas ainda que com muitas

interferecircncias Eram comumente instalados nos veiacuteculos de seus proprietaacuterios e

demandavam alto consumo de baterias Tais aparelhos chegaram ao Brasil por volta

de 1990 no Rio de Janeiro e em Brasiacutelia ndash apenas trecircs anos depois em Satildeo Paulo

A Segunda Geraccedilatildeo (2G) chegou ao Brasil em 1997 e trouxe sistemas

totalmente digitais incluindo melhor qualidade nos serviccedilos de voz Os telefones

celulares 2G trouxeram tambeacutem novidades como criptografia maior durabilidade da

bateria aleacutem de incluir acesso a redes como internet cacircmeras digitais para

fotografar e fazer viacutedeos Contudo apesar de toda evoluccedilatildeo as taxas de

transferecircncia de dados ainda eram bastante baixas

Com o aumento da qualidade dos aparelhos e serviccedilos as inovaccedilotildees

tecnoloacutegicas continuaram Desde 2001 acontece a transiccedilatildeo da Segunda Geraccedilatildeo

de telefonia moacutevel para a Terceira Geraccedilatildeo (3G) A tecnologia 3G apresenta aos

consumidores aparelhos celulares multimiacutedia capazes de receber e transmitir altas

taxas de dados Esta novidade trouxe grande expectativa ao mundo das

telecomunicaccedilotildees permitindo o alargamento das possibilidades de oferta de

serviccedilos inovadores e mais complexos que os serviccedilos baacutesicos de voz inicialmente

disponibilizados

Os sistemas de comunicaccedilotildees moacuteveis continuam crescendo A voz permanece

como componente importante nas telecomunicaccedilotildees Entretanto com o aumento da

capacidade de transferecircncia de dados este serviccedilo eacute frequumlentemente combinado a

outros tipos de serviccedilos e possibilidades de circulaccedilatildeo de conteuacutedos em suas

diferentes formas ndash como texto viacutedeo e aacuteudio Dessa evoluccedilatildeo experimentada com

3 Com 4007056 de novas habilitaccedilotildees (crescimento de 285) outubro de 2008 registrou o terceiro maior nuacutemero de habilitaccedilotildees desde a implementaccedilatildeo da telefonia celular no Brasil atraacutes apenas dos meses de dezembro de 2007 (4666276) e dezembro de 2004 (4416843) A consolidaccedilatildeo dos nuacutemeros mensais da telefonia moacutevel no Brasil estaacute disponiacutevel no portal da Agecircncia Nacional de Telecomunicaccedilotildees Disponiacutevel em ltwwwanatelgovbrgt Acesso em 18 de novembro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

os aparelhos de tecnologia 3G podemos esperar serviccedilos ainda mais sofisticados e

numa amplitude maior do que a que jaacute eacute oferecida4

Entre diversas outras funccedilotildees os dispositivos atuais permitem enviar

mensagens de texto e-mail ouvir raacutedios muacutesicas em formato MP3 gravar imagens

digitais estaacuteticas ou em movimento e assistir TV A geraccedilatildeo de celulares com telas

minuacutesculas e quase nenhum recurso jaacute vai ficando no passado Os aparelhos

possuem telas e cacircmeras filmadoras e fotograacuteficas cada vez melhores como

tambeacutem maior poder de processamento baterias com maior duraccedilatildeo e aplicativos ndash

ainda bastante limitados ndash que possibilitam ateacute a produccedilatildeo e ediccedilatildeo de conteuacutedo e

sua veiculaccedilatildeo instantacircnea

Passa-se entatildeo a explorar cada vez mais o potencial de ubiquumlidade desses

dispositivos A possibilidade de acessar as redes de informaccedilotildees eacute expandida natildeo

mais se restringindo agraves conexotildees a partir de pontos estaacuteticos Diante de tamanha

flexibilidade de acesso propiciada pelos dispositivos e redes moacuteveis comeccedila-se a

mensurar a importacircncia e o poder dessa nova miacutedia em crescente popularizaccedilatildeo na

sociedade da informaccedilatildeo Se por um lado as relaccedilotildees satildeo reconfiguradas por meio

do acesso em mobilidade agraves redes por outro lado satildeo multiplicadas as

possibilidades Deparamos entatildeo com novas demandas de conteuacutedo e criaccedilatildeo

impostas pelo ambiente moacutevel

121 Conteuacutedo audiovisual especiacutefico

Novas possibilidades e necessidades de conteuacutedos formatos e interaccedilatildeo

surgem com a disseminaccedilatildeo do uso de dispositivos digitais moacuteveis A criaccedilatildeo de

novos conteuacutedos e formatos como tambeacutem a adaptaccedilatildeo de formatos jaacute

estabelecidos resultam na formaccedilatildeo de um novo mercado para profissionais da aacuterea

de comunicaccedilatildeo empresas provedoras de conteuacutedo e operadoras de telefonia O

celular com tecnologia 3G eacute uma plataforma que apresenta aleacutem de mobilidade a

convergecircncia de miacutedias Exemplo disso satildeo os serviccedilos de mobile TV ou em

portuguecircs TV moacutevel Pode-se dizer que a TV moacutevel eacute o que literalmente sugere a

4 Operadoras e fabricantes jaacute acenam para a viabilidade de se falar em Quarta Geraccedilatildeo (4G) com altiacutessima capacidade de transmissatildeo de dados serviccedilos e aplicaccedilotildees revolucionaacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

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BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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Ano V n 10 ndash outubro2009

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

os aparelhos de tecnologia 3G podemos esperar serviccedilos ainda mais sofisticados e

numa amplitude maior do que a que jaacute eacute oferecida4

Entre diversas outras funccedilotildees os dispositivos atuais permitem enviar

mensagens de texto e-mail ouvir raacutedios muacutesicas em formato MP3 gravar imagens

digitais estaacuteticas ou em movimento e assistir TV A geraccedilatildeo de celulares com telas

minuacutesculas e quase nenhum recurso jaacute vai ficando no passado Os aparelhos

possuem telas e cacircmeras filmadoras e fotograacuteficas cada vez melhores como

tambeacutem maior poder de processamento baterias com maior duraccedilatildeo e aplicativos ndash

ainda bastante limitados ndash que possibilitam ateacute a produccedilatildeo e ediccedilatildeo de conteuacutedo e

sua veiculaccedilatildeo instantacircnea

Passa-se entatildeo a explorar cada vez mais o potencial de ubiquumlidade desses

dispositivos A possibilidade de acessar as redes de informaccedilotildees eacute expandida natildeo

mais se restringindo agraves conexotildees a partir de pontos estaacuteticos Diante de tamanha

flexibilidade de acesso propiciada pelos dispositivos e redes moacuteveis comeccedila-se a

mensurar a importacircncia e o poder dessa nova miacutedia em crescente popularizaccedilatildeo na

sociedade da informaccedilatildeo Se por um lado as relaccedilotildees satildeo reconfiguradas por meio

do acesso em mobilidade agraves redes por outro lado satildeo multiplicadas as

possibilidades Deparamos entatildeo com novas demandas de conteuacutedo e criaccedilatildeo

impostas pelo ambiente moacutevel

121 Conteuacutedo audiovisual especiacutefico

Novas possibilidades e necessidades de conteuacutedos formatos e interaccedilatildeo

surgem com a disseminaccedilatildeo do uso de dispositivos digitais moacuteveis A criaccedilatildeo de

novos conteuacutedos e formatos como tambeacutem a adaptaccedilatildeo de formatos jaacute

estabelecidos resultam na formaccedilatildeo de um novo mercado para profissionais da aacuterea

de comunicaccedilatildeo empresas provedoras de conteuacutedo e operadoras de telefonia O

celular com tecnologia 3G eacute uma plataforma que apresenta aleacutem de mobilidade a

convergecircncia de miacutedias Exemplo disso satildeo os serviccedilos de mobile TV ou em

portuguecircs TV moacutevel Pode-se dizer que a TV moacutevel eacute o que literalmente sugere a

4 Operadoras e fabricantes jaacute acenam para a viabilidade de se falar em Quarta Geraccedilatildeo (4G) com altiacutessima capacidade de transmissatildeo de dados serviccedilos e aplicaccedilotildees revolucionaacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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Ano V n 10 ndash outubro2009

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LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

expressatildeo A capacidade de receber programaccedilatildeo televisiva em aparelhos digitais

moacuteveis Ou seja a transmissatildeo de conteuacutedo audiovisual para dispositivos sem fio

Definiccedilatildeo geneacuterica que embute haacutebitos de consumo e complexidades teacutecnicas

particulares que tornam este novo meio de distribuiccedilatildeo de miacutedia diferente da TV

tradicional como estamos acostumados a ver em vaacuterios aspectos

Os dispositivos moacuteveis e suas telas de tamanho reduzido por exemplo natildeo

propiciam experiecircncias satisfatoacuterias com audiovisuais que possuam elementos que

dificultem sua visualizaccedilatildeo demandem maior custo esforccedilo ou tempo do usuaacuterio

aleacutem do que ele mesmo esteja disposto a disponibilizar No entanto natildeo se pode

relevar o fato de que atualmente a programaccedilatildeo disponibilizada para TV moacutevel eacute

praticamente a mesma da TV tradicional fixa5 O que implica observar que tal

programaccedilatildeo natildeo eacute concebida para ser visualizada em uma tela pequena mas em

uma tela de TV de dimensotildees convencionais Tambeacutem natildeo eacute concebida para ser

vista em movimento tampouco para ser vista por um periacuteodo curto com a

possibilidade de interrupccedilotildees abruptas Assim que dado o contexto moacutevel deve-se

atentar para uma programaccedilatildeo especial pensada para esse ambiente e que leve em

conta suas caracteriacutesticas

Um relatoacuterio encomendado pela Nokia agrave Dra Shani Orgad (2006) professora

do London School of Economics que tem como tiacutetulo This box was made for

walking investiga como a TV moacutevel iraacute transformar a experiecircncia tradicional de se

assistir TV O relatoacuterio prevecirc que a TV moacutevel concorreria com a TV tradicional em

ocasiotildees em que o usuaacuterio natildeo tenha acesso a um aparelho de televisatildeo

convencional Entretanto considera que a grande chave da TV moacutevel seria o

oferecimento de uma programaccedilatildeo complementar agrave tradicional Segundo o relatoacuterio

a programaccedilatildeo seria interativa e personalizada diferente do que eacute atualmente

oferecido e que levaria em conta fatores como as dimensotildees das telas os novos

ldquohoraacuterios nobresrdquo as possiacuteveis situaccedilotildees nas quais as pessoas utilizaratildeo o serviccedilo

de TV moacutevel e o tempo da audiecircncia Sendo assim seriam dois gecircneros televisivos

distintos e natildeo excludentes o fixo e o moacutevel

5 Entre os principais tipos de conteuacutedos possiacuteveis para a TV moacutevel estatildeo Os canais de TV aberta canais de TV por assinatura alguns com pequenas modificaccedilotildees para o celular 3G Canais e programas jaacute existentes foram lanccedilados em versotildees mobile Alguns casos de sucesso em outros paiacuteses foram versotildees especiais de seacuteries conhecidas como 24 horas e Lost Este tipo de programa vem sendo conhecido como ldquomobisoacutediosrdquo

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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Ano V n 10 ndash outubro2009

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LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

A computaccedilatildeo moacutevel atraveacutes da natureza de suas propriedades de mobilidade

portabilidade e conectividade por si soacute introduz algumas restriccedilotildees aos audiovisuais

a serem veiculados por esta miacutedia Pois apesar da evoluccedilatildeo significativa da

tecnologia existem algumas limitaccedilotildees quanto ao conteuacutedo principalmente se

comparadas ao ambiente de rede fixa ou modelos de TV convencional Assim

aspectos tecnoloacutegicos acabam por delinear caracteriacutesticas peculiares para o

conteuacutedo audiovisual Caracteriacutesticas que devem ser percebidas e levadas em

consideraccedilatildeo quando da adaptaccedilatildeo ou desenvolvimento de conteuacutedo especiacutefico

para plataforma moacutevel

2 Revisatildeo Teoacuterico-Metodoloacutegico

21 Revisatildeo teoacuterica

O acesso a espaccedilos digitais atraveacutes de terminais celulares permitem ao usuaacuterio

mobilidade fiacutesica ao mesmo tempo em que navega e usufrui dos conteuacutedos

oferecidos A experiecircncia de estar online continua a ser em frente a uma tela como

nas interfaces que natildeo proporcionam tanta mobilidade Poreacutem com vaacuterios outros

fatores a serem levados em conta principalmente a tela que eacute de menor tamanho

O celular 3G eacute uma interface moacutevel que serve de suporte material para a conexatildeo

entre o espaccedilo virtual agrave realidade fiacutesica nos quais o usuaacuterio estaacute inserido um meio

uma miacutedia

Diante da infinidade de novas tecnologias digitais moacuteveis que surgem Nadja

Carvalho (2006 p5) apoacutes fazer um apanhado panoracircmico sobre as vaacuterias

atribuiccedilotildees aplicadas agrave terminologia miacutedia elabora o conceito de minimiacutedia Para

isso leva em consideraccedilatildeo a diversidade de miacutedias ldquoque ocupam pouco espaccedilo e

curto tempo veiculadas na telefonia celularrdquo por exemplo Buscando entender

melhor as pequenas miacutedias na era digital Carvalho fixa seu conceito de minimiacutedia

ldquonuma dimensatildeo miniaturizada acionando por sua vez uma percepccedilatildeo espaccedilo-

temporal de pequenas proporccedilotildees tanto no que se refere ao processo de produccedilatildeo

quanto agrave natureza da linguagem e da circulaccedilatildeo de informaccedilatildeo e entretenimentordquo

Carvalho (2006 p 5-6) aplicando seu conceito de minimiacutedia agrave miacutedia celular a

define como ldquoum meio de comunicaccedilatildeo de pequeno porte convergenterdquo e

complementando esta ideacuteia a autora ainda diz que ldquopraticamente toda minimiacutedia

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

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BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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Ano V n 10 ndash outubro2009

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

comporta signos hibridizados por multimiacutediasrdquo que partilham de um mesmo espaccedilo

(comprimido) com uma duraccedilatildeo (curta) e sempre subjugado ao transporte por uma

outra miacutedia Desse modo o conteuacutedo que circula pelo celular eacute ldquoportaacutetil pluriforme

variposicional modelador de linguagens comprimidas simultacircneas e interativasrdquo

Sobre as imagens capturadas arquivadas eou veiculadas pelo celular Luacutecia

Santaella (2006 p 198) as denomina de imagens volaacuteteis caracterizando-as como

nocircmades ubiacutequas e triviais O nomadismo dessas imagens se daacute por elas natildeo se

instalarem em um lugar fixo mas por se deslocarem e circularem em fluxo

constante A tecnologia moacutevel ldquofaz delas imagens fluidas soltas viajantes

migrando de um ponto fiacutesico a outro com a leveza do arrdquo Sobre a propriedade

ubiacutequa destas imagens a autora destaca que ldquomesmo viajando para os mais

variados lugares tecircm a capacidade de permanecer em todos eles ao mesmo

tempordquo podendo ser compartilhadas e estar presente simultaneamente em vaacuterios

pontos do espaccedilo Ao se referir agrave trivialidade das imagens volaacuteteis Santaella (2006

p 200) diz que os dispositivos moacuteveis por serem de faacutecil transporte devido ao

pequeno volume e peso podem ir a diversos lugares tornando as imagens que por

eles circulam corriqueiras ldquoQualquer coisa qualquer situaccedilatildeo todo o visiacutevel se

tornou reprodutiacutevel Aleacutem de reprodutiacutevel fluido Aleacutem de fluido transitaacutevel a

qualquer canto do mundordquo

O princiacutepio do uso do celular eacute intriacutenseco ao universo contemporacircneo do

homem multitarefa Satildeo desenvolvidos para que possibilitem a execuccedilatildeo de

atividades sem inter-relaccedilatildeo como assistir a um viacutedeo e ficar atento agrave ordem de

chamada em uma fila Giselle Beiguelman (2006 p 156) sobre a forma como se daacute

a comunicaccedilatildeo em ambientes moacuteveis articula conceitos como praacuteticas ciacutebridas e

esteacutetica da transmissatildeo A ideacuteia central do conceito de esteacutetica da transmissatildeo diz

que esta se realiza nos ruiacutedos dos espaccedilos de produccedilatildeo e consumo das redes

moacuteveis onde haacute indiviacuteduos desempenhando muacuteltiplas e simultacircneas tarefas on e

off-line (praacuteticas ciacutebridas) desse modo com a atenccedilatildeo constantemente distribuiacuteda

fragmentada Tais espaccedilos ruidosos tambeacutem seriam meios bastante riacutegidos O

conteuacutedo produzido para celular por exemplo implica a aceitaccedilatildeo de regras

definidas previamente pelas operadoras ndash peso maacuteximo em Kbytes por exemplo ndash e

dos proacuteprios aparelhos que de certa maneira limita outras formas de arte em que o

artista pode definir com liberdade os paracircmetros de funcionamento de sua obra Os

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

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transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

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Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

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McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

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ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

conteuacutedos satildeo pensados para que possibilitem praacuteticas simultacircneas on e off-line ou

seja as praacuteticas ciacutebridas

Conforme define Beiguelman (2006 p156) nos ajudam nesse entendimento

Praacuteticas ciacutebridas por excelecircncia sempre mediadas por dispositivos moacuteveis e redes de diversas naturezas on e off-line nos colocam em um outro acircmbito artiacutestico cognitivo e epistemoloacutegico no qual o diaacutelogo eacute estabelecido com seres multitarefas que estatildeo em situaccedilotildees de tracircnsito e deslocamento em estados entroacutepicos e de aceleraccedilatildeo contiacutenua Criar para essas condiccedilotildees implica por isso repensar as condiccedilotildees de legibilidade e as convenccedilotildees e formatos de comunicaccedilatildeo e transmissatildeo

Em vista disso natildeo haacute como impor uma atenccedilatildeo especial agrave obra ldquoNatildeo eacute a

interaccedilatildeo pedra angular dos mestres dos anos 60 [] A contemplaccedilatildeo se desfaz A

situaccedilatildeo ideal tambeacutem Nada de salas escuras telotildees e silecircncio Nada de paredes

brancas hiatos espaccedilos temporais Sem cinema e sem museurdquo (BEIGUELMAN

2006 p 154) Essa situaccedilatildeo especiacutefica de tracircnsito ambiente de imprevisiacuteveis

interrupccedilotildees e atenccedilatildeo distribuiacuteda entre vaacuterias atividades e ainda em condiccedilatildeo de

mobilidade satildeo fatores que em conjunto constituem as imposiccedilotildees da esteacutetica da

transmissatildeo

Segundo Beiguelman (2006 p 152) a esteacutetica da transmissatildeo natildeo eacute apenas

uma configuraccedilatildeo particular da relaccedilatildeo entre a obra e o receptor ela passa a ser

modelada pelo ruiacutedo e ainda por um processo de criaccedilatildeo que por articular fatores

imponderaacuteveis reformula antigas estrateacutegias de publicaccedilatildeo e veiculaccedilatildeo para tornar

a obra legiacutevel sensiacutevel decodificaacutevel Para a autora a esteacutetica da transmissatildeo eacute um

modo de sentir e fazer sentir proacuteprio das tecnologias moacuteveis em situaccedilotildees ciacutebridas

afirmando que ldquoeacute hora de ceder e pensar em uma esteacutetica da transmissatildeo

enfrentando a emergecircncia de um interator capaz de agenciar leituras muacuteltiplas e

simultacircneas de conteuacutedos mediados por inuacutemeras variaacuteveis sem controlerdquo

Hiatos intervalos desconexotildees saturamento e dispersatildeo parecem ser as palavras-chave dessa situaccedilatildeo que a esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da mobilidade impotildee Daiacute a arte wireless que esses projetos anunciam nos obrigar a interrogar Como se relacionar com seus limites corporativos incorporando-os criticamente aos projetos Como lidar com esse novo olhar pautado pela dispersatildeo e distribuiccedilatildeo e fazer uma arte para ser experimentada ldquo lsquoentrersquo rdquo outras coisas sem recair na fetichizaccedilatildeo dos meios maquiando sua

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

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Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

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Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

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Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

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A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

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Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

natureza essencial de objetos reciclaacuteveis justificados pela saturaccedilatildeo e apagamento das particularidades (BEIGUELMAN 2006 p 161)

Tais questotildees descrevem nossa contemporaneidade e enunciam natildeo um

pedido de respostas mas algumas diretrizes para se pensar o impacto

epistemoloacutegico semioacutetico e poliacutetico da cultura da mobilidade que se anuncia para

aleacutem e por meios dos novos dispositivos de comunicaccedilatildeo sem fio (BEIGUELMAN

2006)

22 Procedimentos metodoloacutegicos

O estudo partiu da ideacuteia de examinar viacutedeos disponibilizados em sites de

exibiccedilatildeo gratuita na internet como You Tube G1 entre outros e verificar a

adequaccedilatildeo desses conteuacutedos agraves miacutedias digitais portaacuteteis Na pesquisa de

levantamento dos viacutedeos e apoacutes a coleta e catalogaccedilatildeo de 39 viacutedeos de diversos

sites encontrou-se 10 exemplares do programa Quinze (ver lista de viacutedeos)

veiculados pela emissora portuguesa ldquoRaacutedio e Televisatildeo de Portugalrdquo (RTP) os

quais foram desenvolvidos para dispositivos moveis 3G transmitidos em horaacuterios

preacute-fixados sem a opccedilatildeo para armazenamento no proacuteprio celular ndash embora

posteriormente estes programas estejam disponibilizados no You Tube6 A partir daiacute

foram descartados os 39 viacutedeos optando-se pelos viacutedeos do programa Quinze por

serem eles especiacuteficos para celular O delineamento deste estudo de caso como

metodologia de investigaccedilatildeo mostrou a possibilidade da definiccedilatildeo de quatro fases

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso 2 Coleta de dados 3 Exame e interpretaccedilatildeo 4

Elaboraccedilatildeo dos resultados

1 Delimitaccedilatildeo da unidade-caso - Consideramos um verdadeiro achado a seacuterie dos

10 programas Quinze (de maio a julho de 2007) apresentados pela RTP

formatados especificamente para a miacutedia celular tendo em vista que os mesmos

atendiam aos nossos propoacutesitos de estudo Os programas se apresentaram como

uma unidade coerente agraves aspiraccedilotildees da ideacuteia central da pesquisa Examinar a

adequaccedilatildeo do formato do viacutedeo produzido para celular verificando tamanho de tela

tempo de exibiccedilatildeo utilizaccedilatildeo de texto emprego de cores entre outros aspectos

6 O canal da RTP no site do You Tube pode ser acessado no endereccedilo lt httpwwwyoutubecomuserrtp gt

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

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A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

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ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

2 Coleta de dados - A captura dos viacutedeos foi realizada durante o mecircs de outubro

de 2008 Foram selecionados 10 viacutedeos obtidos atraveacutes do canal da RTP e

capturados no You Tube O material foi catalogado em ficha especiacutefica (ver anexo I)

que incluiacute informaccedilotildees como Tiacutetulo do viacutedeo duraccedilatildeo data de acesso e endereccedilo

eletrocircnico

3 Exame e interpretaccedilatildeo ndash Com uma abordagem qualitativa o exame realizado na

presente pesquisa teve como principal instrumento de investigaccedilatildeo as observaccedilotildees

do pesquisador sobre os dados coletados levando em conta o viacutedeo e a sua

ubiquumlidade as caracteriacutesticas de formato do viacutedeo e ainda a cultura moacutevel

4 Elaboraccedilatildeo dos resultados - Por uacuteltimo os viacutedeos pesquisados foram

examinados com amparo numa revisatildeo teoacuterica sobre as principais caracteriacutesticas da

miacutedia moacutevel (minimiacutedias) especificidades do viacutedeo produzido para celular (imagens

volaacuteteis) e particularidades de uma ambiecircncia de sentidos proporcionados por uma

veiculaccedilatildeo em tracircnsito (esteacutetica da transmissatildeo)

3 O Quinze

31 RTP Mobile e o programa Quinze

Em nossa pesquisa diante do serviccedilo de transmissatildeo de viacutedeo para telefones

celulares 3G foi possiacutevel perceber que as inovaccedilotildees existentes no mercado satildeo

poucas e a maioria trata-se da transposiccedilatildeo de modelos de miacutedias tradicionais

muito similares ao que eacute feito na televisatildeo aberta Na primeira fase da nossa

investigaccedilatildeo localizamos uma relevante fonte de dados inteiramente pertinente aos

propoacutesitos deste estudo O RTP Mobile eacute um canal especiacutefico para plataformas

moacuteveis da emissora Raacutedio e Televisatildeo de Portugal (RTP)7 Desde que este serviccedilo

tenha sido contratado pelo usuaacuterio junto agraves suas operadoras e que por sua vez

estejam conveniadas agrave emissora RTP Mobile a emissora estaacute preparada para

7 Grupo de comunicaccedilatildeo audiovisual portuguecircs onde se incluem os media RTP1 RTP2 RTP Internacional RTP Aacutefrica RTP Madeira RTP Accedilores RTP N RTP Memoacuteria RTP Mobile Antena 1 Antena 2 Antena 3 RDP Aacutefrica RDP Internacional RDP Accedilores RDP Madeira e Raacutedio Mozart Public Radio and Television Broadcaster of Portugal

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

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e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

transmitir uma programaccedilatildeo para telefonia 3G proporcionando a seus espectadores

conteuacutedos sempre agrave matildeo para qualquer lugar que carreguem seu celular Este fato

demonstra afinidade com a articulaccedilatildeo de Santaella (2006) sobre o aspecto de

ubiquumlidade das Imagens volaacuteteis

Esta eacute uma nova forma de oferecer conteuacutedos multimiacutedia para terminais

moacuteveis equipados com tecnologia 3G O serviccedilo eacute oferecido de acordo com

contrato8 que pode ser estabelecido com as operadoras telefocircnicas Vodafone TMN

e Optimus O estudo a que se propotildee esta pesquisa examinaraacute 10 (dez) viacutedeos do

programa Quinze O programa Quinze foi realizado atraveacutes de uma parceria entre a

RTP Mobile com a produtora Produccedilotildees Fictiacutecias e eacute o primeiro em Portugal

idealizado especialmente para celulares 3G O programa foi ao ar entre os meses de

maio e julho de 2007 sendo transmitido para o celular de cada usuaacuterio agraves sextas

saacutebados e domingos em quatro horaacuterios diferentes agraves 12h45 e reprisado agraves 19h15

1h30 e agraves 2h30 da madrugada O programa tambeacutem fica posteriormente disponiacutevel

no canal da RTP no YouTube o que reforccedila o caraacuteter nocircmade dessas imagens

volaacuteteis como nos diz Santaella (2006) pois elas circulam constantemente natildeo soacute

para os celulares como tambeacutem para outras plataformas midiaacuteticas

O programa utiliza uma linguagem coloquial que confere uma atmosfera

despojada A atraccedilatildeo eacute voltada aos assinantes do serviccedilo disponiacutevel a celulares ou

outros dispositivos moacuteveis com tecnologia 3G que passam a usufruir a informaccedilatildeo

de forma moderna e exclusiva Apresentado por Socircnia Balacoacute e com em meacutedia 15

minutos de duraccedilatildeo trata-se de um magazine semanal de atualidades onde os

assuntos provecircm da agenda soacutecio-cultural de Portugal acerca de novidades da

muacutesica livros cinema festivais tecnologia turismo entre outros assuntos

O programa Quinze eacute uma iniciativa experimental que se configura como

exemplo da sinergia entre arte e informaccedilatildeo no ambiente moacutevel A criaccedilatildeo de uma

peccedila audiovisual qualquer que seja sua finalidade ndash nesse caso informativa ndash natildeo

se afasta da criaccedilatildeo artiacutestica agrave medida que constroacutei uma esteacutetica proacutepria que serve

ao propoacutesito o qual se destina respeitando as experiecircncias cognitivas e perceptivas

do receptor do conteuacutedo

8 Atualmente as operadoras portuguesas que disponibilizam acesso a RTP Mobile oferecem duas modalidades de contratos assinatura mensal custando 750 euros cobranccedila por acesso diaacuterio custando 089 euros

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

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A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Com uma proposiccedilatildeo conceitual que transmite despojamento modernidade e

bom-humor o projeto do programa Quinze exercita a liberdade artiacutestica na

concepccedilatildeo de um formato com uma nova possibilidade esteacutetica Tomando por base

a esteacutetica da transmissatildeo (BEIGUELMAN 2006) podemos identificar algumas

imposiccedilotildees decorrentes da mobilidade como por exemplo um conteuacutedo acessado

em tracircnsito eacute mais um concorrente no conjunto das atenccedilotildees do usuaacuterio tal

condiccedilatildeo exige uma articulaccedilatildeo de ideacuteias de raacutepida decodificaccedilatildeo

Mas as imposiccedilotildees natildeo param aiacute conforme a definiccedilatildeo de minimiacutedias

(CARVALHO 2007) o pequeno espaccedilo da tela e o curto tempo na exibiccedilatildeo dos

conteuacutedos exigem formatos com ideacuteias raacutepidas e ao mesmo tempo adequadas a

uma boa visualizaccedilatildeo na tela do celular A imagem precisa considerar a forma

retangular ser projetada tanto na posiccedilatildeo horizontal quanto na vertical ser atraente

movimentada e colorida A informaccedilatildeo precisa ser compacta e fundir-se a soluccedilotildees

criativas e ideograacuteficas

A vinheta1 de abertura do programa Quinze eacute bem curta com duraccedilatildeo de ateacute 15 segundos Sob um fundo escuro surgem animaccedilotildees que criam interessantes movimentos circulares com cores que se alternam entre cores frias a cores quentes em redor do nome tiacutetulo do programa ndash que surge escrito por extenso e se forma com a animaccedilatildeo de caracteres em movimentos extremamente acelerados Segue-se um fundo branco sobreposto com animaccedilotildees que rodeiam o nome do programa que aparece tambeacutem colorido e animado soacute que agora escrito numericamente 15

A inserccedilatildeo da sonoridade eacute simultacircnea ao iniacutecio da vinheta e tambeacutem pontual

na tarefa de despertar a atenccedilatildeo do espectador para o iniacutecio do programa Apoacutes a

abertura a sequumlecircncia se inicia com o aparecimento da imagem da apresentadora

em fusatildeo com a imagem final da abertura A primeira sequumlecircncia eacute sempre destinada

agrave apresentaccedilatildeo do programa feita por Sonia Balacoacute Em geral haacute uma

complementaccedilatildeo do aacuteudio da apresentadora que aparece sempre em primeiro

plano com um elemento musical de fundo

Inicia-se a sequumlecircncia onde comeccedilam a ser apresentadas as atraccedilotildees do

programa em ordem regressiva Cada uma das 15 exposiccedilotildees informativas tema do

programa satildeo delimitadas pela inserccedilatildeo de um quadro com o nuacutemero o qual matem

o marco de iniacutecio e fim da informaccedilatildeo

1 Chamada utilizada em abertura encerramento ou reiniacutecio de programas de raacutedio ou TV com o objetivo de identificar o programa a estaccedilatildeo ou o patrocinador

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

A ideacuteia eacute interessante visto que permite que o espectador mantenha-se situado

e acompanhe a programaccedilatildeo mesmo com qualquer interrupccedilatildeo ocasional

Entretanto o elemento sonoro utilizado neste momento do viacutedeo como seraacute

repetidamente utilizado durante todo o programa pode se tornar desagradaacutevel ou

monoacutetono aos ouvidos do espectador Neste caso poderia ser utilizado durante a

transiccedilatildeo um elemento sonoro mais sutil

Com relaccedilatildeo agraves telas dos aparelhos celulares 3G um aspecto a ser levado em

consideraccedilatildeo eacute a grande variedade nas dimensotildees e propriedades graacuteficas Essa

realidade nos estimula a exercitar a capacidade de adaptaccedilatildeo dos nossos olhos agrave

visualizaccedilatildeo de conteuacutedo em seus visores Entre os aparelhos atualmente mais

comuns disponiacuteveis no mercado encontramos variaccedilotildees de tamanhos de telas que

vatildeo de 320 x 320 pixels ateacute as menores telas com 128 x 128 pixels (Figura 1) Os

audiovisuais examinados nessa pesquisa foram todos visualizados em resoluccedilatildeo de

160 x 128 pixels e em algumas ocasiotildees tambeacutem foram visualizados em resoluccedilatildeo

de 176 x 220 pixels ndash tamanhos de proporccedilotildees intermediaacuterias

Fonte Adaptado de Mobile web ndash Developerrsquo s guide

Figura 1 - Variaccedilotildees de tamanhos de telas dos celulares

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

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BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

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Ano V n 10 ndash outubro2009

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TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

A tendecircncia das criaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves necessidades dos

usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais leves Contudo agrave

medida que os aparelhos celulares agregam mais funccedilotildees multimiacutedia cresce

tambeacutem a necessidade de que se estabeleccedila uma relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre o

tamanho das telas e as dimensotildees graacuteficas do conteuacutedo a ser visualizado

Projetos concebidos para ambientes online configuram um tipo de criaccedilatildeo que

lida com diferentes tipos de conexatildeo de navegadores de velocidade de traacutefego de

qualidade de monitor resoluccedilatildeo de tela e outras tantas instacircncias que alteram a

forma de recepccedilatildeo (BEIGUELMAN 2006 p 152)

A busca por tal harmonia demonstra preocupaccedilatildeo de empresas de

telecomunicaccedilotildees operadoras e produtores de conteuacutedos em oferecer aos usuaacuterios

experiecircncias satisfatoacuterias de navegaccedilatildeo na internet execuccedilatildeo de jogos TV moacutevel

entre outras aplicabilidades dos aparelhos Este panorama nos permite observar

que eacute um inovador desafio produzir conteuacutedos audiovisual para tais tamanhos de

monitores como se propotildee o programa Quinze

Este estudo estaraacute centrado no exame do formato adotado nos 10 (dez)

programas Quinze capturados e submetidos agrave nossa investigaccedilatildeo Dentre os

aspectos observados destacamos a utilizaccedilatildeo e composiccedilatildeo das cores empregadas

nos viacutedeos que foram observadas quanto ao poder de atraccedilatildeo e melhor

visualizaccedilatildeo das ideacuteias as molduras que contornam os viacutedeos do programa

tambeacutem foram examinadas em seus padrotildees e estampas conferindo importacircncia

artiacutestica aos viacutedeos numa alusatildeo de similitude a pinturas em telas ainda foram

examinados os planos de enquadramento

411 As cores

A cor eacute um elemento bastante significativo na composiccedilatildeo imageacutetica

Desenvolver conteuacutedos que privilegiem a utilizaccedilatildeo de variaccedilotildees de cores em

pequenos monitores pode estimular os sentidos despertar o interesse e ajudar a

manter a atenccedilatildeo do espectador Esse potencial eacute bastante explorado no programa

a perceber pela proacutepria vinheta de abertura (Figura 2) A expressividade das cores eacute

utilizada largamente A cor eacute um elemento imageacutetico que multiplica as possibilidades

no viacutedeo e que quando empregado pode conferir vivacidade e tornar o viacutedeo mais

atraente aos olhos do espectador Natildeo obstante haacute uma tecircnue linha limiacutetrofe que se

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

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KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

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ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

deve reconhecer e respeitar para que o colorido natildeo se torne excessivamente

chamativo Nesse caso ultrapassando a virtude da expressividade chegando a se

tornar cansativo desagradaacutevel ou ateacute mesmo um empecilho para a compreensatildeo

da imagem

Figura 2 - Cores na sequumlecircncia de abertura

O Quinze serve-se desta ferramenta para envolver o espectador Eacute por vezes

provocativo utilizando cores fortes e vibrantes como nas imagens do viacutedeo 1

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

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Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

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Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

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A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

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Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

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A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 3 - Cores (viacutedeo 1)

Os jogos de cores e o vigor visual utilizados no Quinze sugerem proximidade

com a sensibilidade artiacutestica e a reconstruccedilatildeo dos estilos convencionais propostas

na Pop art ndash movimento artiacutestico importantiacutessimo que segundo McCarthy (2002 p

14) ldquo foi um dos movimentos centrais na arte inglesa e norte-americana firmando

vaacuterios talentos afetando diretamente o curso da arte posterior em todo o mundo e

reconfigurando nosso entendimento da cultura do seacuteculo XXrdquo O grupo que iniciou

este movimento formou-se comeccedilo da deacutecada de 50 com intuito de promover novas

maneiras de pensar a arte moderna e era composto por jovens artistas e criacuteticos

britacircnicos ansiosos para desafiar ideacuteias aceitas sobre arte moderna O mesmo

caraacuteter inovador eacute observaacutevel na arte dos viacutedeos do programa Quinze analisados

nesta pesquisa

Como na Pop art na escolha das cores por exemplo recorre-se agrave cores

bastante vivas e natildeo haacute preocupaccedilatildeo em manter-se dentro do convencional ao

contraacuterio tende-se sempre agrave fugir do tradicional O programa parece querer testar os

limites da experimentaccedilatildeo com a presenccedila de cores berrantes com contrastes

bruscos e as sobreposiccedilotildees multicoloridas aplicadas em conjunto com os

movimentos das imagens em curta exposiccedilatildeo na tela Todavia deve-se ponderar

sobre o peso de um floreio plaacutestico ndash por pura opccedilatildeo esteacutetica ndash a sobrepor a

harmonia e a compreensatildeo final da mensagem quando o objetivo eacute informar

412 As molduras

Rudolf Arnheim (1998 p 229) em sua obra Arte e percepccedilatildeo visual no

momento reservado a falar sobre molduras nos diz que a funccedilatildeo das molduras dos

quadros relaciona-se com a psicologia da figura e fundo Depois que o espaccedilo

pictoacuterico se emancipou das paredes e ganhou profundidade acabou por tornar-se

necessaacuteria uma distinccedilatildeo visual que definisse o espaccedilo fiacutesico da sala e o mundo do

quadro ldquoEste mundo veio a ser concebido como se fosse ilimitado natildeo apenas em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

profundidade como tambeacutem lateralmente ndash de modo que as bordas do quadro

determinava o fim da composiccedilatildeo mas natildeo o fim do espaccedilo representadordquo Isto

significa dizer que ldquoa moldura era usada como figura com o espaccedilo do quadro

suprindo um fundo subjacente sem limitesrdquo

A ideacuteia de moldura utilizada no programa Quinze se aproxima da visatildeo de

Arnheim agrave medida que os viacutedeos aparecem circunscritos pelas molduras que os

configuram como um espaccedilo isolado de todo o resto do ambiente As molduras

destacam a obra e conferem profundidade e lateralidade reproduzindo a forccedila e

funccedilatildeo que exercem nos quadros A aplicaccedilatildeo das molduras sobre as imagens eacute

uma caracteriacutestica que acaba por se tornar um traccedilo original apresentado pelo

Quinze ao espectador O ornato imprime ao conteuacutedo uma marca especial e

autecircntica e ainda que este efeito seja utilizado repetidas vezes natildeo se torna

monoacutetono dada sua grande variedade As molduras que cingem as imagens satildeo

feitas com bastante inventividade rompendo com os modelos de apresentaccedilatildeo de

viacutedeos tradicionais de TV A ousadia da ideacuteia inova ao ultrapassar nesse aspecto a

mera transposiccedilatildeo dos formatos jaacute existentes utilizados em outras miacutedias

Figura 4 ndash Variedade de molduras

No decorrer do programa a moldura eacute um elemento de composiccedilatildeo da imagem

que pode transcender a funccedilatildeo de simples ornamento se a observarmos sob a

perspectiva de uma delimitaccedilatildeo uacutetil da aacuterea a qual termina por destacar ndash a imagem

central da superfiacutecie da tela

Figura 5 - Imagem central da tela evidenciada pela moldura

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Em algumas ocasiotildees do programa as molduras participam tambeacutem da

mensagem ao passo que incorporam iacutecones que contextualizam e ateacute reforccedilam a

informaccedilatildeo principal A exemplo do viacutedeo 2 (Figura 6) quando a apresentadora fala

sobre um Viacutedeo Clube e agrave sua volta aparecem imagens variadas de capas de

filmes A moldura tambeacutem eacute utilizada de modo ilustrativo no viacutedeo 3 (Figura 7) onde

a informaccedilatildeo eacute sobre a coletacircnea de DVDs do seriado americano 24 horas

apoiando o texto da apresentadora aparece agrave margem direita da moldura a figura do

protagonista da seacuterie Outro exemplo ainda no viacutedeo 3 (Figura 8) eacute a soacutebria

moldura com bordas de finas listras azuis sobre fundo preto Tambeacutem agrave margem

direita do viacutedeo foi inserida a figura do cantor Julio Iglesias ndash com seu nome escrito

de forma legiacutevel na cor branca em contraste com a imagem escura ndash para reforccedilar a

informaccedilatildeo que era passada sobre um show do cantor em Portugal

Figura 6 - Moldura com vaacuterias capas de filmes(viacutedeo 2)

Figura 7 - Moldura com ilustraccedilatildeo do seriado 24 horas(viacutedeo 3)

Figura 8 - Moldura com imagem de Julio Iglesias(viacutedeo 3)

A moldura como a conhecemos hoje desenvolveu-se durante a Renascenccedila e

era considerada como ldquouma janela atraveacutes da qual o observador espiava o mundo

exterior limitado pela abertura de observaccedilatildeo mas ilimitado em sirdquo (ARNHEIM 1998

p 229) No viacutedeo 4 (Figura 9) durante toda uma sequumlecircncia a apresentadora

aparece caminhando com a cacircmera a acompanhaacute-la e a imagem eacute rodeada por uma

moldura ovalada de listras bicolores(em tom pastel e branco) onde o sistema de

linhas convergentes eacute novamente utilizado atribuindo o mesmo efeito de

profundidade agrave imagem central Aleacutem disso a imagem da apresentadora eacute lanccedilada

para segundo plano pois esta aparece por traacutes de folhas de plantas que encobrem

parte de seu rosto Esta composiccedilatildeo da imagem sugere uma inversatildeo do papel do

observador mencionado por Arnheim colocando a obra em posiccedilatildeo de espreita do

espectador

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 9 - Moldura listrada (viacutedeo 4)

A moldura do viacutedeo 6 (Figura 10) traz uma contrastante alternacircncia entre

listras pretas e brancas que atraem o olhar do espectador Este conjunto de linhas

paralelas constitui um sistema de raios convergentes (Figura 11) criando a

perspectiva de um centro focal Todas as linhas satildeo orientadas em direccedilatildeo ao centro

e isto produz um efeito de profundidade

Figura 10 - Moldura com listras (viacutedeo 6) Figura 11 - Sistema de raios convergentes

Como os telefones celulares possuem superfiacutecie da tela de tamanho diminuto

molduras sem significado demasiadamente chamativas com imagens triplicadas em

movimento como no viacutedeo 3 (Figura 12) podem dificultar a visualizaccedilatildeo e

consequumlentemente causar incompreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 12 - Moldura chamativa e efeito na imagem central (viacutedeo 3)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

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KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Usar molduras que reduzam ainda mais o restrito campo de visualizaccedilatildeo dos

celulares pode acarretar perda de informaccedilotildees por parte do usuaacuterio A exemplo do

viacutedeo 10 (Figura 13) onde a imagem possui muitos detalhes e eacute mostrada com

planos de enquadramentos mais abertos e distanciados Entretanto limitar o

tamanho da aacuterea de exibiccedilatildeo do viacutedeo com uma moldura mesmo que seja com uma

moldura com contornos delicados e com uma imagem em plano de enquadramento

aproximado tambeacutem pode provocar perda de informaccedilatildeo agrave proporccedilatildeo que o

emolduramento deixa a imagem em quadro inteiramente sem perspectiva como

aconteceu no viacutedeo 4 (Figura 14)

Figura 13 - Moldura larga sobre imagem distanciada (viacutedeo 10)

Figura 14 - Imagem com perspectiva diminuiacuteda (viacutedeo 4)

413 Texto na telinha

O produtor do conteuacutedo para dispositivos moacuteveis como o telefone celular 3G

tem que levar em consideraccedilatildeo que o conteuacutedo pode estar sendo utilizado em

condiccedilotildees que nem sempre facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e consequumlente

decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Sobre este aspecto BEIGUELMAN (2006 p 155)

refere-se agraves condiccedilotildees em que assistimos a viacutedeos exibidos por celular

O contexto de fruiccedilatildeo visual satildeo as proacuteprias condiccedilotildees de legibilidade impostas pelo torvelinho metropolitano Um cinema que se assiste em movimento e aponta novos rumos de construccedilatildeo narrativa Um cinema que desarticula as antigas ligaccedilotildees entre som e imagem para definir rearranjos nas maneiras de ver ouvir e construir histoacuterias

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

A leitura precisa ser raacutepida mas a velocidade com que o olho decifra as letras

e palavras nas pequenas telas eacute mais lenta do que sobre o papel ou ateacute mesmo do

que sobre os monitores de computador Dessa forma perdem-se pequenos detalhes

dos caracteres Por isso eacute necessaacuterio configurar o corpo das letras para que fiquem

legiacuteveis em diversas resoluccedilotildees como tambeacutem usar predominantemente tipologias

tamanhos cores e contrastes que tornem a leitura na tela menos cansativa e

morosa

Em pesquisa realizada em Londres intitulada ldquoGood News for Mobile TVrdquo

Knoche e McCarthy (2005) investigaram requisitos baseados nas exigecircncias

humanas para a entrega e apresentaccedilatildeo de telejornais filmados em diferentes

codificaccedilotildees de aacuteudio e viacutedeo Quando os participantes da pesquisa foram

perguntados por que motivos classificaram a qualidade do viacutedeo de notiacutecias como

inaceitaacutevel mencionaram uma seacuterie de fatores No estudo do total de 128

participantes foram feitos 290 comentaacuterios descrevendo as razotildees da natildeo

aceitabilidade da cobertura noticiosa Dessas observaccedilotildees 34 foram relacionados

ao detalhe de texto ou seja agrave legibilidade dos textos adicionados agraves imagens Outro

problema relatado pelas pessoas foi a visualizaccedilatildeo de detalhes faciais e expressotildees

na passagem do jornalista acircncora para o repoacuterter de campo Mas o principal aspecto

de avaliaccedilatildeo sobre a qualidade do viacutedeo de notiacutecias citado foi a incapacidade de

distinguir a informaccedilatildeo textual

Na pesquisa as principais observaccedilotildees sobre a inaceitabilidade do conteuacutedo

giraram em torno do texto do objeto filmado tipos de enquadramento ausecircncia de

detalhes gerais e de detalhes faciais Ambos os resultados ndash quantitativo e

qualitativo ndash a que chegaram os pesquisadores indicaram que o principal efeito da

reduccedilatildeo da resoluccedilatildeo da imagem eacute a perda de detalhe visual No estudo os

comentaacuterios qualitativos ajudaram a identificar as fontes dos problemas Dos oito

problemas mais citados quatro referiam-se agrave dificuldade em identificar ou distinguir

detalhes como o texto e as caracteriacutesticas faciais

Os resultados do estudo indicam que o efeito de reduzir a resoluccedilatildeo da

imagem eacute a perda de detalhe visual e com esta constataccedilatildeo nota-se que a

legibilidade do texto nos viacutedeos eacute uma questatildeo importante (KNOCHE MCCARTHY

2005) Neste caso eacute interessante adaptar o tamanho das fontes na hora da ediccedilatildeo

a configuraccedilotildees que busquem trazer conforto visual para os usuaacuterios e garantam a

legibilidades dos textos nas mais variadas resoluccedilotildees ndash jaacute que o usuaacuterio natildeo teraacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

como alterar tais dimensotildees Devido agraves circunstacircncias de leitura e agraves caracteriacutesticas

teacutecnicas das telas no que tange os aspectos dos caracteres de texto utilizados pelos

editores merecem atenccedilatildeo especial tanto no sentido editorial (criteacuterios de utilizaccedilatildeo

do elemento textual) quanto visual (no tratamento dos textos e imagens) Os editores

do Quinze acertam nos contraste e nas tipologias do viacutedeo 3 (Figura 15) por

exemplo o contraste das cores da imagem com a cor branca das letras de contorno

preto e na tipologia de letras ldquocheiasrdquo O resultado eacute inteiramente legiacutevel

Figura 15 - Fonte legiacutevel (viacutedeo 3)

No viacutedeo 4 (Figura 16) foi utilizada uma tipologia mais trabalhada com efeito

itaacutelico o que poderia causar certa dificuldade na visualizaccedilatildeo contudo o tamanho a

cor e o contraste com a imagem de fundo conferem satisfatoacuteria compreensatildeo do

texto Jaacute ao utilizar fontes menores e tipologias com efeitos pode causar dificuldade

ou ateacute inviabilidade da leitura do texto No viacutedeo 9 por exemplo (Figura 17) a cor e o

tamanho da letra dificultam bastante a leitura Desse modo observamos que quanto

mais simples a tipologia e maior for seu tamanho mais faacutecil eacute a compreensatildeo do

texto

Figura 16 - Fonte com efeito itaacutelico (viacutedeo 4)

Figura 17 - Fonte pequena com efeito (viacutedeo 9)

Ao longo de todos os programas aparecem no viacutedeo imagens de apoio agrave

informaccedilatildeo passada pela apresentadora Por diversas vezes essas imagens

possuem elementos textuais que natildeo estatildeo dispostos de maneira legiacutevel (Figura 18)

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

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20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Assim o texto que aparece no viacutedeo sem condiccedilatildeo de ser lido se a funccedilatildeo for

informar pode natildeo alcanccedilar seu objetivo

Figura 18 - Imagem de apoio com texto ilegiacutevel (viacutedeo 4)

Imagens de mapas satildeo usadas diversas vezes no programa (Figura 19) No

viacutedeo 6 o mapa surge como um elemento de composiccedilatildeo da imagem como se

fosse uma peliacutecula construindo um elaborado efeito de ldquoveacuteurdquo sobre a imagem da

apresentadora que eacute projetada para segundo plano O resultado da sobreposiccedilatildeo

entre a imagem da apresentadora e a imagem do mapa natildeo interfere na

compreensatildeo da informaccedilatildeo

Figura 19 - Mapas com caracteres ilegiacuteveis (viacutedeo 8)

Figura 20 - Sobreposiccedilatildeo de imagem com mapa (viacutedeo 6)

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

O elemento textual eacute uma ferramenta utilizada para inserir uma informaccedilatildeo

adicional situar o espectador ou reforccedilar a informaccedilatildeo principal Sua funccedilatildeo natildeo

deve ser negligenciada Ao escolher imagens de apoio os editores devem ter o

cuidado de observar se contecircm texto pois este natildeo deve ser usado sem criteacuterio O

texto deve aparecer no viacutedeo no caso de trazer alguma informaccedilatildeo concernente agrave

informaccedilatildeo principal e deve sempre se apresentar em boas condiccedilotildees de

legibilidade

No viacutedeo 10 (Figura 21) a informaccedilatildeo textual eacute pertinente agrave informaccedilatildeo

passada contudo os caracteres se apresentam totalmente difiacuteceis de distinguir

sobre a aacuterea de fundo com elementos claros mesmo em telas maiores como

podemos perceber na ilustraccedilatildeo abaixo

Figura 21 ndash Texto de leitura difiacutecil devido agrave escolha das cores (viacutedeo 10)

Uma possibilidade para suprir possiacuteveis dificuldades nesse aspecto seria

manter sempre um contraste consideraacutevel entre cores e tonalidade das letras e do

fundo para facilitar a leitura Na figura 22 retirada do viacutedeo 7 a legenda eacute pequena

e clara sobre a imagem de fundo colorido e em movimento ndash que natildeo privilegia uma

boa visualizaccedilatildeo Na figura 23 como soluccedilatildeo para a falha recriamos a legenda

sugerindo uma letra maior que a usada originalmente com uma tarja de fundo ndash na

cor preta para contrastar com a cor branca da legenda Com pode ser percebido

dessa forma pode-se alcanccedilar um resultado satisfatoacuterio

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

Figura 22 - Legenda sem contraste (viacutedeo 7)

Figura 23 - Contraste criado entre letra e fundo

Outro aspecto observado nos viacutedeos do Quinze eacute que natildeo haacute um padratildeo uacutenico

de tipologia cores ou tamanho de fontes o que pode confundir o espectador em

relaccedilatildeo agrave legenda ter sido inserida pelos editores do proacuteprio programa para cumprir

com determinada funccedilatildeo ou se seria apenas um texto aleatoacuterio pertencente agrave

imagem de apoio

O tempo que o texto aparece sobre a imagem tambeacutem nem sempre eacute

satisfatoacuterio Por vezes os textos natildeo permanecem com a imagem fixada com

duraccedilatildeo suficiente para que o texto seja lido pelos espectadores entram e saem de

cena tatildeo raacutepido que pode natildeo ser possiacutevel ler Isso pode causar inquietaccedilatildeo no

usuaacuterio ao passo que se haacute texto o impulso imediato do usuaacuterio eacute querer lecirc-lo

Quando isto natildeo lhe eacute proporcionado pode despertar a sensaccedilatildeo de frustraccedilatildeo de

expectativas

414 Planos de enquadramento

Com relaccedilatildeo a conteuacutedo em viacutedeo para celular um dos principais pontos sobre

os quais comeccedila-se a refletir eacute a escolha dos planos de enquadramento a serem

utilizados Em pesquisa realizada na Inglaterra sobre os efeitos das baixas

resoluccedilotildees sobre os tipos de enquadramentos buscou-se compreender como os

enquadramentos utilizados nas transmissotildees de TV tradicional satildeo afetados quando

mostrados em dispositivos moacuteveis de resoluccedilotildees reduzidas Os resultados

mostraram que a aceitabilidade do tipo de enquadramento variava entre os tipos de

conteuacutedo Por exemplo contrariamente agrave crenccedila dos produtores de conteuacutedo moacutevel

planos de enquadramento distanciados natildeo foram os mais aceitaacuteveis no conteuacutedo

Futebol Pelo contraacuterio um Plano Meacutedio ndash que centra-se na metade superior do

corpo ndash foi o menor plano aceitaacutevel no Futebol (KNOCHE McCARTHY SASSE

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006) Esta constataccedilatildeo nos leva a ponderar que este meio tem aspectos proacuteprios e

seus usuaacuterios tecircm preferecircncias dos usuaacuterios de TV tradicional e que ainda devem

ser bastante estudadas

No caso dos prestadores de serviccedilos que oferecem apenas a transposiccedilatildeo do

conteuacutedo para o dispositivo moacutevel o material de TV convencional pode ter que

passar por um processo adicional de ediccedilatildeo para preparaacute-lo para consumo no

celular9 ou o conteuacutedo jaacute pode ser diretamente configurado para o celular Os tipos

de enquadramento aqui citados seratildeo limitados agravequeles que foram mais

empregados nas filmagens do programa ldquoQuinzerdquo Para o exame dos

enquadramentos utilizados no programa e a fim de estabelecer uma terminologia

consistente utilizaremos a classificaccedilatildeo apresentada a seguir

a) Plano geral ndash Plano utilizado para enquadrar uma pessoa objeto ou qualquer

coisa dentro de um contexto Mostra a integraccedilatildeo do ambiente com o sujeito da

imagem e alguns detalhes do assunto podem ser visualizados (Figura 24)

b) Plano americano ndash Eacute o plano que corta qualquer parte da pessoa acima do

joelho e abaixo da cintura (Figura 25)

c) Plano meacutedio ndash Plano que pode cortar desde acima da cintura ateacute agrave altura do

peito Eacute bastante utilizado pelo telejornalismo O assunto principal atrai mais

atenccedilatildeo No Plano Meacutedio a pessoa se insere mais toda no quadro (Figura 26)

d) Primeiro plano ndash Mostra-se apenas os ombros e a cabeccedila da pessoa A

expressatildeo facial comeccedila a se tornar predominante no Primeiro Plano a atenccedilatildeo

passa a se concentrar mais nas expressotildees faciais mas o fundo ainda possui

importacircncia (Figura 27)

e) Primeiriacutessimo plano ndash Neste plano de enquadramento apenas o rosto eacute

mostrado dominando praticamente toda a tela o espaccedilo de contexto eacute inteiramente

9 A rede de conteuacutedo esportivo ESPN por exemplo jaacute estaacute a ponderar o redimensionamento de graacuteficos para as pequenas telas e minimizar o uso de planos de enquadramentos distanciados em suas coberturas

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

esquecido Centra-se em ressaltar exclusivamente as expressotildees faciais e o fundo

jaacute natildeo eacute mais importante (Figura 28)

Figura 24 - Plano geral

Figura 25 - Plano americano

Figura 26 - Plano meacutedio

Figura 27 - Primeiro plano

Figura 28 - Primeiriacutessimo plano

As imagens de apoio ao texto da apresentadora utilizadas no programa

apresentam grande variaccedilatildeo de tipos de enquadramento entretanto examinando as

imagens realizadas em estuacutedio eacute possiacutevel observar que haacute uma predominacircncia de

planos de enquadramentos aproximados dos tipos primeiro plano e com grande

frequumlecircncia tambeacutem eacute utilizado primeiriacutessimo plano Nestes enquadramentos como

visto nas ilustraccedilotildees acima o rosto e as expressotildees faciais da apresentadora satildeo

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

privilegiadas na visualizaccedilatildeo A escolha da uso de tais planos mais aproximados no

programa se mostra afim agrave ideacuteia de Knoche McCarthy e Sasse (2006) que nos diz

que tipos de enquadramento que enchem a tela com a imagem principal satildeo

considerados mais adequados para dispositivos moacuteveis

Outros tipos de enquadramento tambeacutem satildeo utilizados mas com pouca

frequumlecircncia eacute exemplo o plano geral no viacutedeo 8 (Figura 29) natildeo se pode ver bem as

expressotildees do rosto da apresentadora contudo esse plano natildeo permanece durante

muito tempo nem foi esta uma escolha despropositada Nesta sequumlecircncia o plano

de enquadramento daacute perspectiva agrave cena criando um contexto complementar agrave

informaccedilatildeo que estaacute sendo transmitida ndash no viacutedeo a informaccedilatildeo passada eacute sobre

conforto dos peacutes e por causa do enquadramento usado eacute possiacutevel observar os peacutes

descalccedilos da apresentadora que reforccedilam a ideacuteia de conforto dos peacutes Neste caso a

criatividade na composiccedilatildeo da imagem confere funcionalidade agrave escolha do

enquadramento

Figura 29 ndash Plano geral que permite ver a apresentadora da cabeccedila aos peacutes

415 Duraccedilatildeo

O processo de cibridizaccedilatildeo do cotidiano reflete o impacto da mobilidade sobre

as maneiras de ver e perceber os ambientes on-line e off-line concomitantemente

em processo simultacircneo de mais de uma atividade por vez Gisele Beiguelman

(2006 p 160) indaga a esse respeito

Afinal o que satildeo os dispositivos de comunicaccedilatildeo moacuteveis se natildeo ferramentas de adaptaccedilatildeo a um universo urbano de fluxo intenso onde o leitorinterator estaacute sempre envolvido em mais de uma atividade relacionando-se com mais de um dispositivo e desempenhando tarefas muacuteltiplas e natildeo correlatas

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

A duraccedilatildeo do programa Quinze eacute relativamente curta A meacutedia da duraccedilatildeo da

programaccedilatildeo realizada entre os 10 programas examinados eacute de 13rsquo06rdquo (Quadro 1)

Esta compactaccedilatildeo do tempo de duraccedilatildeo da atraccedilatildeo eacute uma medida que demonstra

esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos telefones

celulares Esta decisatildeo eacute bastante interessante ao passo que busca favorecer o uso

do serviccedilo se acomodando melhor ao contexto de mobilidade no qual ele eacute

usufruiacutedo O imprevisiacutevel contexto de utilizaccedilatildeo apresentado pelo ambiente moacutevel eacute

um outro fator importante Natildeo haacute predisposiccedilatildeo agrave condiccedilatildeo ideal para se contemplar

uma obra audiovisual Dessa forma o usuaacuterio estaacute sujeito a constantes interrupccedilotildees

e intervenccedilotildees externas e programaccedilotildees mais longas estatildeo ainda mais sujeitas a

essa variante Nessa formataccedilatildeo de tempo mais curto aspectos como a

minimizaccedilatildeo do desgaste da carga das baterias satildeo levados em consideraccedilatildeo

Programaccedilotildees muito prolongadas talvez natildeo privilegiem o conteuacutedo para os

dispositivos moacuteveis

VIacuteDEO DURACcedilAtildeO

Viacutedeo 1 12rsquo02rdquo Viacutedeo 2 11rsquo33rdquo Viacutedeo 3 10rsquo11rdquo Viacutedeo 4 13rsquo01rdquo Viacutedeo 5 11rsquo55rdquo Viacutedeo 6 11rsquo36rdquo Viacutedeo 7 14rsquo01rdquo Viacutedeo 8 10rsquo17rdquo Viacutedeo 9 13rsquo49rdquo

Viacutedeo 10

13rsquo09rdquo

DuraccedilatildeoMeacutedia 13rsquo06rdquo

Quadro 1 - Meacutedia de duraccedilatildeo dos programas

Outro aspecto relevante na definiccedilatildeo da duraccedilatildeo da programaccedilatildeo para

dispositivos moacuteveis eacute a taxa de transferecircncia de dados que funciona nas

telecomunicaccedilotildees moacuteveis 3G ndash que atualmente satildeo altas e possibilitam a entrega de

pacotes de dados de maneira satisfatoacuteria para exibiccedilatildeo de viacutedeos A relaccedilatildeo que se

estabelece entre a taxa de transferecircncia de dados e a duraccedilatildeo da exibiccedilatildeo dos

audiovisuais pode de modo simploacuterio ser definida desta forma quanto maior a

duraccedilatildeo da programaccedilatildeo maior o tamanho final do pacote de dados a serem

transferidos e mais altas seraacute a taxa final de transferecircncia Por isso haacute de se

ponderar sobre a duraccedilatildeo dos audiovisuais visto que essa eacute uma caracteriacutestica que

influencia tambeacutem na taxa de transferecircncia de dados Esta ideacuteia eacute consonante agrave

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

afirmaccedilatildeo de Beiguelman (2006 p 152) de que ldquoas imagens hoje se medem pelo

peso e se datildeo agrave visatildeo por mapas informacionais Seu volume natildeo diz respeito agrave

dimensionalidade mas agrave quantidade de bytes que conformam Todo excesso pode

significar inviabilidade de recepccedilatildeo quando se estaacute online

A taxa de transferecircncia de dados por sua vez implica no custo final do serviccedilo

Agrave proporccedilatildeo que quanto mais longo for o programa maior seraacute a taxa de

transferecircncia de dados e consequumlentemente maior seraacute o custo final do serviccedilo

cobrado ao usuaacuterio De acordo com pesquisa realizada por Knoche e Macarthy

(2005) estudos anteriores indicaram que a duraccedilatildeo do uso da TV moacutevel eacute inferior a

10 minutos e programas de notiacutecias se enquadrariam nesta exigecircncia ndash sendo

identificados por seus questionaacuterios dirigidos aos grupos de utilizadores de telefone

celular ndash como o tipo de conteuacutedo mais interessante a ser assistido em condiccedilotildees de

mobilidade A duraccedilatildeo de cada uma das 15 peccedilas informativas que compotildee as 10

unidades dos programas Quinze varia bastante Contudo mesmo os viacutedeos de

duraccedilatildeo mais longa natildeo ultrapassam a marca de um minuto e meio Dentro dessa

perspectiva o programa Quinze possui uma meacutedia de duraccedilatildeo que ainda ultrapassa

o tempo de utilizaccedilatildeo ideal (inferior a 10 minutos) de acordo com a pesquisa

mencionada Entretanto jaacute se mostra proacuteximo das tendecircncias dos estudos na aacuterea

4 Consideraccedilotildees Finais

O crescimento da induacutestria das telecomunicaccedilotildees moacuteveis jaacute eacute encarado pelas

empresas de telefonia e produtoras de conteuacutedo como uma oportunidade real e

uacutenica para alargar operaccedilotildees em escala global Tal crescimento tem ligado cada

vez mais pessoas paiacuteses e mercados no sentido do estabelecimento do celular 3G

como uma miacutedia Tecnologias cada vez mais pessoais revelam a necessidade de

conteuacutedos diferenciados e especiacuteficos Atualmente jaacute existem serviccedilos que apontam

como objetivo fornecer aos usuaacuterios de telefones celulares 3G televisatildeo como

experiecircncia sensiacutevel a um ambiente de iminentes interrupccedilotildees que eacute o ambiente

moacutevel Contudo pouco se sabe efetivamente sobre os requisitos teacutecnicos para se

fornecer uma experiecircncia de qualidade aceitaacutevel para o usuaacuterio Para os prestadores

de serviccedilos a soluccedilatildeo mais simples e mais barata ainda eacute entregar o material

produzido para televisatildeo tradicional sem uma ediccedilatildeo adicional ndash que leve em

consideraccedilatildeo agraves caracteriacutesticas especiacuteficas desse meio Poreacutem a TV moacutevel jaacute

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

Ano V n 10 ndash outubro2009

ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

Tiacutetulo

Duraccedilatildeo

Data de acesso

Disponiacutevel em

Ano V n 10 ndash outubro2009

desperta interesse e esforccedilos de alguns produtores em dar atenccedilatildeo especial aos

conteuacutedos destinados a essa miacutedia

Gravitando em torno do contexto moacutevel com o propoacutesito de explorar esse

mercado emergente o programa Quinze da emissora portuguesa RTP Mobile eacute uma

manifestaccedilatildeo de atitude inovadora que reflete a preocupaccedilatildeo com a produccedilatildeo de

conteuacutedo audiovisual especificamente para telefonia celular 3G A realizaccedilatildeo deste

programa natildeo estabelece paracircmetros ou qualquer modelo a ser seguido mas serve

como experiecircncia para os processos de produccedilatildeo difusatildeo e consumo de inovaccedilotildees

audiovisuais nesta plataforma Ao longo de nosso exame dos viacutedeos do programa

Quinze vimos que a tendecircncia das fabricaccedilotildees tecnoloacutegicas estaacute voltada agraves

necessidades dos usuaacuterios de carregarem aparelhos cada vez menores e mais

leves aleacutem da heterogeneidade das dimensotildees entre os aparelhos e seus monitores

que estimulam e exercitam a capacidade de adaptaccedilatildeo dos olhos agrave visualizaccedilatildeo do

conteuacutedo Observamos a cor como um elemento significativo na composiccedilatildeo da

imagem e que conteuacutedos que privilegiem a variaccedilatildeo das escalas de cores podem

estimular os sentidos despertar um maior interesse e a atenccedilatildeo dos usuaacuterios ndash

artifiacutecio largamente utilizado no Quinze Atentamos para a funccedilatildeo das variadas

molduras utilizadas nos viacutedeos que destacam e conferem profundidade e

lateralidade agrave obra imprimindo um traccedilo autecircntico e criativo ao conteuacutedo Vimos que

as produtoras de conteuacutedo devem ficar atentas agraves tipologias cores contraste e

tamanhos das letras dos textos usadas nos viacutedeos pois o conteuacutedo pode estar

sendo utilizado em condiccedilotildees que natildeo facilitam sua leitura visualizaccedilatildeo e

consequumlente decodificaccedilatildeo e compreensatildeo Observou-se como necessaacuterio no

processo de produccedilatildeo de um programa como o Quinze ponderar-se sobre os tipos

de planos de enquadramento empregados Vimos tambeacutem que a duraccedilatildeo do

programa eacute relativamente curta e esta compactaccedilatildeo da duraccedilatildeo eacute uma medida que

demonstra esforccedilo em otimizar o consumo do conteuacutedo audiovisual a partir dos

telefones celulares

Vivenciamos o iniacutecio da histoacuteria da TV moacutevel ou seja o encontro da internet a

TV digital e as comunicaccedilotildees moacuteveis Em resumo pode-se afirmar que As

inovaccedilotildees tecnoloacutegicas implementadas com a tecnologia celular 3G trazem novas e

muacuteltiplas questotildees de ordem teacutecnica e cultural interferindo nos sistemas

comunicacionais e no modo de produzir e receber as informaccedilotildees Com a ampliaccedilatildeo

das possibilidades da criaccedilatildeo da transmissatildeo e adequaccedilatildeo de conteuacutedo audiovisual

Ano V n 10 ndash outubro2009

para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

Referecircncias

ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

Sites

ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

Ano V n 10 ndash outubro2009

2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

comNOKIA_COM_1PressPress_Eventsmobile_tv_report_november_10 _2006Mobil_

TV_Reportpdfgt Acesso em 25 de outubro de 2008

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ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo Nordm

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para o celular 3G o exame da experiecircncia realizada no programa Quinze eacute uma

pequena fraccedilatildeo do que se comeccedila investigar sobre a importacircncia de considerar as

necessidades e preferecircncias dos usuaacuterios compreender atitudes comportamentos e

o contexto de utilizaccedilatildeo

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ARNHEIM Rudolf Arte e percepccedilatildeo visual uma psicologia da visatildeo criadora 1a ed Satildeo Paulo EDUSP 1998

BEIGUELMAN Giselle ldquoEntre hiatos e intervalos (A esteacutetica da transmissatildeo no acircmbito da cultura da mobilidade)rdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

CARVALHO Nadja ldquoDa telinha ao celular pequenas miacutedias ditam um novo conceitordquo In Culturas midiaacuteticas Revista semestral do PPGC Ano 1 n1 Julhodezembro de 2008

McCARTHY David Arte Pop Tarciacutelio Nunes (trad) Satildeo Paulo Cosac Naify 2002

SANTAELLA Luacutecia ldquoPor uma epistemologia das imagens tecnoloacutegicas seus modos de apresentar indicar e representar a realidaderdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SILVA Adriana Souza e ldquoDo ciber ao hiacutebrido tecnologias moacuteveis como interfaces de espaccedilos ciacutebridosrdquo In ARAUacuteJO Denize Correa (org) Imagem (ir) realidade comunicaccedilatildeo e cibermiacutedia Porto Alegre Sulina 2006

SIQUEIRA Ethevaldo Para compreender o mundo digital Satildeo Paulo Globo 2008

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ANATEL Dados sobre vendas de celulares no Brasil em 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwanatelgovbrPortalexibirPortalInternetdogt Acesso em 2 de dezembro de 2008

KNOCHE H MCCARTHY J D Good News for Mobile TV In Proceedings of WWRF14 2005 San Diego CA USA Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik

20Knoche20-20Home_fileswwrf14-knochecontribpdf gt Acesso em 20 de dezembro de 2008

KNOCHE H McCARTHY J D SASSE M A (2006) A Close-up on mobile TV The effect of Low resolutions on shot types In Proceedings of EuroITV Athens Greece

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2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

ORGAD Shani This box was made for walking 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwnokia

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ANEXO ndash Ficha de catalogaccedilatildeo de viacutedeo

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2006 Disponiacutevel em lthttpwwwcsuclacukstaffHKnocheHendrik20Knoche20-20Home_filesEITV06-HK20AS20JDM-postFinalpdfgt Acesso em 5 de novembro de 2008

LEMOS Andreacute In Cibercultura e mobilidade A era da conexatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwcesnorsufsmbrprofessoreschmoraescomunicacao-digital07Cibercultura20

e20Mobilidade_20a20Era20da20Conexaopdfgt Acesso em 10 de janeiro de 2009

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