programa nacional da polÍtica de ordenamento do territÓrio, 2004

125
MINISTÉRIO DAS CIDADES, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E AMBIENTE DIRECÇÃO-GERAL DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DESENVOLVIMENTO URBANO PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO 3º RELATÓRIO TRANSFORMAÇÕES NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO: RETROSPECTIVA E TENDÊNCIAS VOL. V - POVOAMENTO FEVEREIRO 2004

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Page 1: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

MINISTÉRIO DAS CIDADES, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E

AMBIENTE

DIRECÇÃO-GERAL DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E

DESENVOLVIMENTO URBANO

PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA

DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

3º RELATÓRIO

TRANSFORMAÇÕES NA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO:

RETROSPECTIVA E TENDÊNCIAS

VOL. V - POVOAMENTO

FEVEREIRO 2004

Page 2: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

2

ÍNDICE

Pág.

4. Povoamento 6

4.1. Enquadramento de Portugal na UE e na Península Ibérica 7

4.1.1. Quadro documental e legislativo – Principais referências 7

i) Referências documentais e orientações de política relacionadas com a estruturação e ordenamento do território europeu

8

ii) Referências documentais e orientações de política para os espaços urbanos e rurais na UE, com implicações no ordenamento do território

13

iii) “Policentrismo” e “relações urbano-rurais”, dois conceitos fundamentais no quadro de orientações de política

14

4.1.2. Portugal no contexto do sistema urbano e territorial da UE e da Península Ibérica

18

4.2 Retrospectiva espacial e tendências de ocupação do território 28

4.2.1. Referências documentais e orientações de política em Portugal 28

4.2.2. Várias Leituras do Sistema Urbano Nacional 37

4.2.3. Evolução e caracterização do sistema de povoamento 51

4.2.4. Processo de urbanização e reconfiguração dos sistemas urbanos e regionais

54

i) Uma tendência crescente de urbanização do território 54

ii) Acessibilidades e reconfiguração dos sistemas urbanos e regionais 65

4.2.5. Urbanização e dinâmica habitacional 74

4.2.5.1 Enquadramento de Portugal na UE e na Península Ibérica 74

4.2.5.2 Retrospectiva espacial e tendências de evolução em Portugal 82

4.2.6. Dos espaços em despovoamento às cidades em meio rural 91

4.3. Identificação e breve discussão das questões que emergem para o ordenamento do território

99

Bibliografia 109

ANEXOS 120

Page 3: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

3

Índice de quadros

Pág.

Quadro 1: Referências documentais e orientações de política 8 Quadro 2: Evolução da Taxa de Urbanização na UE-15, 1960-2000, (%) 19 Quadro 3: PIB P/capita (ppc) para algumas NUT II. Evolução 1986-2000 23 Quadro 4: População de algumas aglomerações europeias com mais de 1 Milhão de hab., 2003 24 Quadro 5: População residente por classe de dimensão dos lugares, 1981 e 2001 (%) 51 Quadro 6: Evolução da População Urbana e Rural, 2000 52 Quadro 7: Número de Centros Urbanos e Percentagem de População Residente em Centros Urbanos (Lugares com mais de 10000 habitantes) - Evolução 1960-2001

57

Quadro Quadro 8: População dos três maiores centros urbanos, desde o séc. XVI (% população total) 61 Quadro 9: Evolução da População Residentes nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto,1960-2001

61

Quadro 10: Cidades PROSIURB, 1981-1991 62 Quadro 11: Cidades PROSIURB, 2001 62 Quadro 12: Evolução da Taxa de Actividade 1981-2001 73 Quadro 13: Algumas iniciativas no âmbito da Política de Habitação durante os anos noventa 82 Quadro 14: Alojamentos Familiares Clássicos 83 Quadro 15: Taxas de variação de Alojamentos Familiares Clássicos e de Famílias (%) 84 Quadro 16: Relação entre o número de Alojamentos Familiares Clássicos e o número de Famílias

84

Quadro 17: Dimensão média da família 86 Quadro 18: População Residente por Alojamento Clássico 86

Quadro 19: Alojamentos de uso sazonal (%) 87 Quadro 20: Alojamentos vagos (%) 88

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Povoamento

4

Índice de figuras

Pág.

Figura 1: Triângulo de objectivos do EDEC, para um desenvolvimento do território equilibrado e sustentável

10

Figura 2: Centro-Periferia da Europa 16 Figura 3: Estrutura do Povoamento Policêntrico e Hierarquia Urbana na Europa 16 Figura 4: Configurações Espaciais Rurais -Urbanas na Europa 17 Figura 5: População das Cidades da UE em 2000 19 Figura 6: Tipologia de espaços urbanos na UE, 2000 20 Figura 7: Tipologia das Áreas Urbanas Funcionais, 2000-2001 21 Figura 8: Policentrismo nos Países Europeus: peso da capital no total da população de cada país

22

Figura 9: Sistema Urbano Ibérico, 1999 25 Figura 10: Grau de especialização das cidades europeias, 2000 26 Figura 11: Modelo Policêntrico das Periferias Marítimas Europeias, 2002 27 Figura 12: Cidades Elegíveis no Sub-Programa 1 do Programa PROSIURB 30 Figura 13: Cidades POLIS, 2003 33 Figura 14: Acções Específicas de Valorização de Pequenas Cidades 35 Figura 15: Programa de Iniciativa Comunitária LEADER II, Entidades Locais Credenciadas 35 Figura 16: Tipologias de áreas rurais 36 Figura 17: Configuração do Sistema Urbano Português, 1993 38 Figura 18: Síntese do Sistema Urbano Continental, 1996 39 Figura 19: Síntese do Sistema Urbano Nacional - DGOTDU, 1997 41 Figura 20: Uma visão recente do Sistema Urbano Nacional, 2002 42 Figura 21: Sistema Urbano da Região Norte 44 Figura 22: Sistema Urbano da Região Centro 45 Figura 23: Sistema da CCRLVT 46 Figura 24: Esquema de Polarização Metropolitana – AML, 2002 47 Figura 25: Estrutura polinucleada da Área Metropolitana de Lisboa 48 Figura 26: Sistema urbano do Alentejo 49 Figura 27: Sistema Urbano da Região do Algarve 50 Figura 28: População Residente em Lugares* com mais de 2000 habitantes, Portugal Continental, 2001

53

Figura 29: Tipologias de Áreas Urbanas, 1991 55 Figura 30: Designação das Cidades Oficiais de Portugal Continental em 2002 58 Figura 31: Data de Criação das Cidades em Portugal Continental 59 Figura 32: População Residente nas Cidades de Portugal Continental em 2001 60 Figura 33: Variação da População por Concelho e nas Cidades de Portugal Continental entre 1991 e 2001

63

Figura 34: Rede de Cidades e Estrutura Urbana por Freguesia em Portugal Continental em 2001

64

Figura 35: Percentagem de deslocações casa-trabalho realizadas em automóvel particular, 1991-2001

66

Figura 36: Índice de Interdependência e de Geração Concelhio em 1991 68 Figura 37: Índice de Interdependência e de Geração Concelhio em 2001 69 Figura 38: Alojamentos por 1000 habitantes, 2001 75 Figura 39: Alojamentos construídos por 1000 habitantes em 1980, 1990, 2000 76 Figura 40: Estrutura do parque habitacional segundo o ano de construção, 2001 77 Figura 41: Área média dos alojamentos novos construídos em 1998/2001 (m2) 78 Figura 42: Número médio de divisões dos alojamentos novos construídos em 1998/2001 78 Figura 43: Percentagem de alojamentos arrendados ou cooperativos, 1999 79 Figura 44: Variação inter censitária do número de alojamentos clássicos (%) 83 Figura 45: Variação do Número de Alojamentos, 1991 - 2001 85 Figura 46: Percentagem de Alojamentos com Uso Sazonal, 2001 87 Figura 47: Densidade de Alojamentos por Concelhos em 1991 89 Figura 48: Densidade de Alojamentos por Concelhos em 2001 90 Figura 49: Densidade Populacional por Concelho, 1950-2001 92

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Povoamento

5

Figura 50: Relação entre a percentagem de “Áreas com ocupação agrícola” e as “Áreas artificiais”, Continente, 1991

94

Figura 51: Relação ente a percentagem de “áreas artificiais” (em 1991) e a variação do nº de alojamentos entre 1991-01, Continente

95

Figura 52: Competitividade da Agricultura e Dinâmica Sócio-Económica 96 Figura 53: Mosaico Populacional, 1991 98

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Povoamento

6

4. POVOAMENTO

A análise do povoamento nas suas várias dimensões constitui um domínio

fundamental para a definição de um sistema urbano para o desenvolvimento territorial

integrado, harmonioso e sustentável do país, conforme estabelece o artigo 18º do

Decreto-Lei nº 380/99 de 22 de Setembro.

Acresce que a racionalização do povoamento, segundo o mesmo decreto, é um dos 7

objectivos estabelecidos para o Programa Nacional da Política de Ordenamento do

Território o que exige uma leitura da distribuição da população nas entidades

territoriais de diferentes dimensões, das cidades às pequenas aglomerações rurais e a

identificação das principais tendências de ocupação do território.

A análise compreenderá três grandes dimensões, que se complementam:

• evolução e caracterização do sistema de povoamento, a partir de dados gerais,

o que compreende uma análise da distribuição da população segundo a

dimensão dos lugares;

• evolução do processo de urbanização e de reconfiguração dos sistemas

urbanos, o que compreende: uma análise evolutiva da população residente nas

áreas urbanas, assim como uma caracterização do sistema urbano nacional e

dos vários sistemas urbanos regionais.

Esta segunda dimensão de estudo incluirá ainda duas leituras paralelas,

complementares à abordagem do sistema urbano:

i) uma leitura sobre a mobilidade da população como elemento determinante

na configuração das bacias de emprego e na formação dos sistemas urbanos;

ii) uma abordagem de síntese do sector da habitação, sabendo que a dinâmica

verificada nas últimas décadas, é tradutora, não só do processo de

urbanização do território mas também, das mudanças no modelo social e de

consumo da população portuguesa;

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Povoamento

7

• evolução do povoamento nos espaços rurais, o que compreende a análise de

dois aspectos relevantes para o ordenamento do território: o primeiro

corresponde ao processo de despovoamento dos lugares de menor dimensão a

par do processo de crescimento das cidades de pequena e média dimensão

inseridas em espaços rurais; o segundo, naturalmente decorrente do anterior,

corresponde à análise das relações urbano-rurais em Portugal.

4.1. Enquadramento de Portugal na UE e na Península Ibérica

4.1.1. Quadro documental e legislativo – Principais referências

No quadro da União Europeia têm vindo a ser desenvolvidos um conjunto de

documentos e programas que perseguem objectivos de organização e estruturação do

território europeu no sentido de alcançar um processo de desenvolvimento

sustentável, que permita afirmar Europa como um espaço económico competitivo e

social e territorialmente coeso. Os documentos que seguidamente se apresentam, e as

recomendações/orientações que sugerem, destacam-se pelo contributo que fornecem

para a definição de um sistema de povoamento mais racional e, desta forma, para

definição de uma política de ordenamento do território dos diversos Estados-

Membros.

Neste contexto, consideram-se dois grandes grupos de referências documentais e

orientações de política. O primeiro conjunto a considerar na presente análise,

corresponde às orientações relacionadas com a estruturação e ordenamento do

território, destacando-se o Esquema de Desenvolvimento do Espaço Europeu (EDEC)

e o European Spatial Planning Observation Network 2006 (ESPON 2006), entre

outras iniciativas.

O segundo conjunto de referências assume um carácter mais restrito, dirigindo-se

especificamente aos espaços urbanos e rurais. Contudo, é importante sublinhar que só

se apresentam referências a documentos e instrumentos, que incidindo sobre os

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Povoamento

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espaços urbanos e sobre os espaços rurais, assumem relevância para a evolução do

povoamento e para o ordenamento do território europeu. São assim, excluídas todas as

orientações em matéria de política urbana assim como as orientações sectoriais, que

de forma indirecta podem ter influência nesses mesmos espaços.

Quadro 1: Referências documentais e orientações de política

Referências documentais e orientações de política

relacionadas com a estruturação e ordenamento do território

Referências documentais e orientações de política

relacionadas com os espaços urbanos e rurais

Dimensões de análise:

Nível Comunitário

Nacional Nível Comunitário

Nacional

Evolução do sistema de povoamento

EDEC ESPON 2006

Lei de bases Ordenamento do Território PNPOT – DL. 380/99

Cidades e Sistema Urbano Mobilidade da população

Processo de urbanização e

de reconfiguração dos sistemas

urbanos

Habitação

URBAN II

PROSIURB POLIS PMOT`s

Povoamento nos espaços rurais: -Despovoamento versus urbanização do espaço rural

-Relações urbano-rurais

EDEC ESPON 2006 EEDS INTERREG III

ENDS Lei de bases do Ordenamento do Território PNPOT – DL. 380/99

PAC LEADER +

AGRIS-AGROS RURIS AIBTs nos PO Regionais

i) Referências documentais e orientações de política relacionadas com a

estruturação e ordenamento do território europeu

Na última década, em especial a partir da assinatura do Tratado de Maastricht, em

1992 verificou-se um rápido aprofundamento da união económica e monetária, como

evolução lógica do mercado comum, uma ampliação e reforma das políticas comuns,

um alargamento geográfico da União. A par desta evolução deu-se no quadro mundial

um aprofundamento do processo de globalização e de aumento da competitividade

que tem caracterizado o sistema económico mundial, tornando mais evidentes as

diferenças territoriais, falando vários autores numa re-hierarquização dos sistemas

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Povoamento

9

económicos e territoriais, em particular dos sistemas urbanos, reflectindo em muitos

casos aumentos das disparidades.

A evolução da reflexão sobre a forma de organização e estruturação do espaço

europeu, embora iniciada no final dos anos 60 com o “Plano Europeu de

Ordenamento do Território" da responsabilidade do Parlamento Europeu, é tributária

destas alterações contextuais, evoluindo e aprofundando-se na década de 90 a partir

do estudo “Europa 2000 – Perspectivas de Desenvolvimento do Território

Comunitário - uma Abordagem Preliminar” apresentado, em 1991, até ao EDEC

(Esquema de Desenvolvimento do Espaço Europeu), aprovado, em Potsdam, em Maio

de 1999, no Conselho informal dos ministros responsáveis pelo ordenamento do

território.

Foi a partir este pano de fundo que as questões relacionadas com a estruturação do

território na perspectiva do ordenamento e da coesão territorial foram ganhando uma

importância crescente nas orientações estratégicas e nos planos e programas de acção

à escala europeia. Paralelamente ao acréscimo de importância do ordenamento do

território, as cidades e, num sentido mais abrangente as áreas urbanas, foram

igualmente encontrar resposta em matéria de política urbana e regional.

Do conjunto de orientações, políticas e instrumentos de ordenamento e

desenvolvimento territorial à escala europeia, podemos destacar alguns que incidiram

sobre o território nacional e que num futuro próximo continuarão a servir de

enquadramento à configuração de uma estratégia nacional.

Neste contexto, o Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC)1

deve ser aqui assinalado, enumerando-se os três grandes objectivos que o norteiam: i)

coesão económica e social; ii) a preservação do património natural e cultural; iii) uma

competitividade mais equilibrada do território europeu.

As linhas de orientação para as políticas de desenvolvimento definidas no EDEC são:

• o desenvolvimento de um "sistema urbano equilibrado e policêntrico e o

reforço de uma nova relação cidade-campo", objectivo fundamental no

processo de ordenamento do território europeu. Por um lado, trata-se de

1 European Spatial Development Perspective (ESDP)

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Povoamento

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identificar e promover o desenvolvimento de novas áreas urbanas,

equilibrando a distribuição de recursos e população. Por outro lado, trata-se de

definir um novo quadro de relações territoriais, que contrarie a tendência de

marginalização a que ficaram sujeitos alguns territórios, criando novas áreas

centrais. Através do estabelecimento de um novo quadro de relações entre as

aglomerações urbanas e as áreas rurais procuram-se atingir territórios mais

coesos, capazes de conseguir a convergência regional, pela diminuição das

desigualdades intra-regiões, atenuando-se a clivagem entre áreas urbanas e

rurais;

Fonte: CE, , 1999

Figura 1: Triângulo de objectivos do EDEC para um desenvolvimento do território equilibrado e sustentável

• promoção de sistemas de transportes e comunicações que favoreçam um

desenvolvimento policêntrico, como condição fundamental para a integração

das cidades e das regiões na UEM. A “igualdade de acesso a infra-estruturas e

ao conhecimento”, deve ser atingida gradualmente através de respostas

regionalmente adaptadas;

• e o “desenvolvimento e conservação do património natural e cultural através

de uma gestão prudente”, contribuindo para afirmação de identidades

regionais e a manutenção da diversidade natural e cultural das regiões e

cidades na era da globalização (pp. 20, EC, 1999).

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Povoamento

11

Outra etapa importante a assinalar, foi a aprovação dos “princípios orientadores para o

desenvolvimento territorial susntentável do continente europeu”(“Guiding Principles

for Sustainable Spatial Development of the European Continent”), em 2000, na

Conferência de Ministros Responsáveis pelo Ordenamento do território realizada em

Hanover, foram, que a seguir se enumeram (CEMAT, 2000):

1. Promover a coesão territorial através de um desenvolvimento social e

económico mais equilibrado das regiões e de uma maior competitividade;

2. Incentivar o desenvolvimento gerado pelas funções urbanas e melhorar a

relação cidade-campo;

3. Promover uma acessibilidade mais equilibrada;

4. Desenvolvimento do acesso à informação e ao conhecimento;

5. Reduzir os danos ambientais;

6. Valorizar e proteger os recursos naturais e o património natural;

7. Valorizar o património cultural como factor de desenvolvimento;

8. Explorar os recursos energéticos com segurança;

9. Incentivar um turismo sustentável e de grande qualidade;

10. Minimizar o impacto das catástrofes naturais.

Foram assim propostas medidas de ordenamento do território para as seguintes

“áreas/regiões da Europa”, consideradas especialmente sensíveis: paisagens

humanizadas, áreas urbanas, zonas rurais, regiões de montanha, regiões costeiras e

insulares, eurocorredores, leitos de cheia e zonas inundáveis, zonas industriais e

militares desactivadas e regiões fronteiriças.

Reflectindo a evolução económica e social da Europa, o segundo relatório da Coesão

Económica e Social, de Janeiro de 2001, apresenta pela primeira vez a dimensão

territorial da coesão (para além da dimensão económica e social), realçando-se o papel

do ordenamento para a diminuição das disparidades regionais. Segundo o referido

relatório, a coesão entre Estados Membros foi maior que a coesão entre regiões,

verificando-se, entre 1988 e 1998, que as disparidades entre os países reduziram em

35% contra apenas 20% das regiões.

Na sequência do documento, adoptado em 1999 em Potsdam, pelos Ministros

responsáveis pelo Ordenamento do Território da UE, surge a necessidade de

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Povoamento

12

aprofundar alguns temas e estudos analisados no EDEC, destacando-se em particular

as implicações do processo de alargamento.

Na continuidade do EDEC, e tendo por pano de fundo o cenário de alargamento da

UE, surge o ESPON 2006 Programme - Research on the Spatial Development of an

Enlarging European Union, integrado no INTERREG III, que cobre um alargado

campo de temas que procuram responder:

• à identificação dos factores decisivos para o desenvolvimento de um modelo

policêntrico;

• ao desenvolvimento de indicadores e tipologias que permitam caracterizar o

território europeu;

• à monitorização dos efeitos das várias políticas com vista à obtenção de um

território mais equilibrado e policêntrico;

• e a desenvolver instrumentos de diagnóstico com vista ao contornar das

fraquezas e ao aproveitar das potencialidades que permitam recuperar áreas

urbanas em crise, áreas rurais, relação entre áreas urbanas e rurais, importância

das redes de transporte, entre outros temas.

Paralelamente aos documentos e ao quadro de orientações anteriormente citados,

existem outros programas e iniciativas que de forma indirecta estão ligados ao

ordenamento do espaço europeu:

É neste domínio que surge o INTERREG III2 (2000-2006), iniciativa comunitária que

aumenta o seu campo de intervenção relativamente ao INTERREG II. Portugal alarga

assim, a sua participação, não só pela inclusão de novos territórios (R. A. Açores e R.

2 À semelhança do INTERREG II, a actual iniciativa procura fomentar a cooperação transfronteiriça,

transnacional e interregional, objectivo que visa em última instância, a promoção da coesão económica e social da Comunidade Europeia. Para além da cooperação transfronteiriça, procura -se, através da cooperação transnacional e da cooperação inter-regional, reforçar as parcerias com os países candidatos e outros países vizinhos, contribuindo para uma maior integração das várias regiões. O INTERREG III tem três vertentes:

• VERTENTE A - COOPERAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA; • VERTENTE B - COOPERAÇÃO TRANSNACIONAL - baseada no INTERREG IIC, nas

redes transeuropeias (RTE) e no Esquema Europeu do Espaço Comunitário (EDEC), destacando-se aqui os projectos com vista à elaboração de estratégias operacionais de desenvolvimento territorial à escala transnacional, o que poderá incluir a cooperação entre cidades e entre zonas urbanas e rurais, de forma a alcançar um desenvolvimento policêntrico e sustentável.

• VERTENTE C - COOPERAÇÃO INTER-REGIONAL – inclui a cooperação relativa às PME, ao desenvolvimento de estruturas regionais e locais, e à protecção e recuperação do ambiente tendo em vista o desenvolvimento sustentável.

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Povoamento

13

A. Madeira) como pelo alargamento do número de países com quem pode estabelecer

cooperação, contribuindo para a formação de redes com diferentes níveis de

organização espacial. Refira-se como nota, que é no âmbito do INTERREG III que

surge o ESPON 2006 Programme - Research on the Spatial Development of an

Enlarging European Union, realçando-se a importância do programa para a definição

de um quadro de orientações dirigido para a correcção das assimetrias regionais e para

o ordenamento do território alargado da União.

Uma referência pontual para a Estratégia de Desenvolvimento Sustentável da UE3

apresentada em 2001, que, entre outros aspectos, sublinha a necessidade de promover

a sustentabilidade das áreas urbanas e rurais.

ii) Referências documentais e orientações de política para os espaços

urbanos e rurais na UE, com implicações no ordenamento do

território

Em matéria de iniciativas ou de políticas com incidência nas cidades, é possível

inventariar um conjunto de iniciativas, de entre as quais se destacam as de carácter

mais recente e com maior pertinência para a definição de uma política de

ordenamento para o território nacional (Anexo 2). De entre as várias iniciativas, uma

referência particular à Iniciativa Comunitária URBAN (URBAN I 1994-1999 e

URBAN II 2000-2006) destinada a áreas urbanas em crise, cujo balanço de actuação

deverá servir de enquadramento ao desenho de novas políticas de acção em meio

urbano. Em Portugal, as zonas URBAN II alvo de intervenção são: Porto/Gondomar,

Vale de Alcântara (Lisboa) e Damaia/Buraca (Amadora).

Relativamente aos espaços rurais, o primeiro aspecto a salientar, é a mudança de

orientação nos objectivos das políticas. A Política Agrícola Comum (PAC), reflecte

essas mudanças, pois evoluiu de uma estratégia eminentemente de apoio à produção,

para uma política de desenvolvimento rural, onde a produção é vista num sentido mais

3 A ENDS tem quatro grandes domínios estratégicos: garantir o desenvolvimento equilibrado do

território; melhorar a qualidade do ambiente; produção e consumo sustentáveis; e em direcção a uma sociedade solidária e do conhecimento.

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Povoamento

14

alargado (como o apoio à comercialização e promoção de produtos) e surge em

paralelo a outras questões relevantes como a diversificação das actividades

económicas, o crescimento da função residencial, a protecção ao património natural,

paisagístico e cultural, passando pelo desenvolvimento de novas relações entre os

espaços rurais, entre outras iniciativas.

Paralelamente à PAC, cabe referir a Iniciativa Comunitária LEADER, actualmente

LEADER+ 4, orientada para o desenvolvimento local em espaços rurais, cujos

objectivos específicos para Portugal são: mobilizar, reforçar e aperfeiçoar a iniciativa,

a organização e as competências locais; incentivar e melhorar a cooperação entre os

territórios rurais; promover a valorização e a qualificação dos espaços rurais,

transformando estes em espaços de oportunidades; garantir novas abordagens de

desenvolvimento, integradas e sustentáveis; dinamizar e assegurar a divulgação de

saberes e conhecimentos e a transferência de experiências ao nível europeu.

iii) “Policentrismo” e “relações urbano-rurais”, dois conceitos

fundamentais no quadro de orientações de política

No âmbito da reflexão e definição de estratégias de estruturação e ordenamento do

território europeu emergem dois conceitos com peso crescente nos discursos e nas

orientações de política de ordenamento do território que importa destacar: o

“policentrismo” e as “relações urbano-rurais”.

O conceito de policentrismo, referenciado por Kunzmann e Wegener (1991) como o

“grape model”, assume forma com o EDEC, e ganha uma nova força num contexto de

alargamento onde se perspectiva uma aumento das disparidades entre os vários

territórios. As referências à “banana azul” (DATAR, 1989) foram substituídas pelo

“pentágono”, novo centro da Europa alargada a leste, sendo que o conceito de

4 Todos os territórios rurais da UE serão elegíveis para o LEADER +.,Porém deverão ser delimitados

territórios de pequena dimensão formando um conjunto homogéneo do ponto de vista geográfico, económico e social. A população destes territórios não deverá exceder 100 000 habitantes em zonas de maior densidade populacional (da ordem dos 120 habitantes/KM 2) nem ser inferior a 10 000 habitantes. Em Portugal podem beneficiar todas as regiões rurais com excepção dos centros urbanos com mais de 15 000 habitantes.

Page 15: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

15

policentrismo surge como resposta aos desequilíbrios territoriais, devendo ser

entendido a várias escalas:

• à escala europeia, no ensino de definir territórios competitivos à escala global;

• à escala macro-regional, no sentido de estabelecer um sistema de regiões

metropolitanas, policêntrico e equilibrado, assim como clusters de cidades e

redes de cidades, em articulação com a política das transeuropeias; é neste

contexto que Lisboa e Porto, jogam um papel relevante no quadro da

Península Ibérica que deverá ser alvo de reflexão na definição dos cenários

prospectivos a desenvolver nas fases seguintes;

• à escala intra-regional, de forma a promover estratégias de desenvolvimento

espacial assentes em redes de cidades, incluindo estratégias de cooperação

transnacional e transfronteiriça; é neste contexto que se insere a análise do

sistema urbano nacional e a aposta na rede de pequenas e médias cidades

como pontos-chave para a configuração de sistemas urbanos alternativos às

Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.

• e, por último, à escala intra-urbana numa melhor definição e organização dos

espaços urbanos, em particular dos sistema metropolitanos.

No que diz respeito às relações urbano-rurais, as referências surgem associadas ao

facto de se terem alterado as funções e características tradicionais das áreas urbanas e

rurais, dando lugares a novas formas de organização do território.

Embora a temática surja frequentemente nos discursos e na orientações ligadas ao

ordenamento do território, verifica-se uma inexistência de políticas especificamente

orientadas, mantendo-se a dicotomia entre políticas urbanas e rurais e havendo na

maioria dos casos uma divergência de objectivos.

No que diz respeito às relações urbano-rurais, as referências surgem associadas ao

facto de se terem alterado as funções e características tradicionais das áreas urbanas e

rurais, dando lugares a novas formas de organização do território.

Embora a temática surja frequentemente nos discursos e na orientações ligadas ao

ordenamento do território, verifica-se uma inexistência de políticas especificamente

orientadas, mantendo-se a dicotomia entre políticas urbanas e rurais e havendo na

maioria dos casos uma divergência de objectivos.

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Povoamento

16

Fonte: CE (1991)

Figura 2: Centro-Periferia da Europa

Fonte : Baudelle, Guy; Guigou, Jean-Louis (2003)

Figura 3: Estrutura do Povoamento Policêntrico e Hierarquia Urbana na Europa

Page 17: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

17

No EDEC, relativamente às “parcerias rural-urbano” são apontadas 4 linhas de

orientação específicas que importa levar em linha de conta nos cenários prospectivos

e nas orientações a delinear para o país:

• aceleração do processo de reestruturação agrícola e à diversificação da

economia em áreas rurais;

• mobilização dos recursos endógenos, preservando as potencialidades naturais,

culturais e patrimoniais;

• desenvolvimento das economias das pequenas e médias cidades;

• promoção do desenvolvimento sustentável em áreas metropolitanas e em

regiões fortemente urbanizadas.

Adaptado de MORICONI - Ebrard, Geopolise Eurostat, 1994

Regiões Dominadas por Grandes MetropolisRegiões Policêntricas com Elevada Densidade Urbana e RuralAreas Rurais Sob Influências UrbanasRegiões Policêntricas com Elevada Densidade UrbanaAreas Rurais com Médias e Pequenas Cidades Areas Rurais Remotas

Fonte: Nordregio Report 4 (2000)

Figura 4: Configurações Espaciais Rurais-Urbanas na Europa

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Povoamento

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É importante clarificar a diferença entre “relações urbano-rurais” e “parcerias urbano-

rurais”. O primeiro conceito tem um carácter mais alargado, que inclui relações de

concorrência e de complementaridade, o segundo, aponta no sentido da definição de

políticas que respondam às actuais tendências de urbanização dos espaços

Cabe assim salientar a atenção a dar às pequenas e médias cidades, atribuindo-se-lhe o

papel de condutoras de processos locais e regionais de desenvolvimento dos territórios

envolventes às áreas rurais (incluindo-se aqui desde as áreas rurais mais marginais e

profundas, às áreas rurais com boa acessibilidade e urbanizadas). Se este raciocínio é

válido em particular para os territórios não metropolitanos, nos territórios

metropolitanos, as relações urbano-rurais não deixam de ser também importantes,

nomeadamente através da valorização de espaços para recreação, desenvolvimento de

uma agricultura competitiva de abastecimento às áreas urbanas e de valorização da

paisagem, quer em sistemas liderados por uma metrópole (caso de Lisboa ou Madrid),

quer em sistemas urbanos de carácter policêntrico (caso holandês e italiano).

De referir que no EDEC, as referências ao policentrismo e às relações urbano-rurais,

constituem orientações a ser levadas em conta pela políticas dos vários países da UE,

não vinculando qualquer política à escala europeia.

4.1.2. Portugal no contexto do sistema urbano e territorial da UE e da Península

Ibérica

Feita a análise dos principais documentos, legislação e quadro de orientações de

âmbito europeu que foram e serão determinantes para a evolução do território

nacional, procura-se agora apresentar um conjunto de dados que permitam “localizar”

Portugal no contexto do sistema urbano e territorial da UE e da Península Ibérica.

Apesar da relativa estabilização dos quantitativos populacionais da UE, mantém-se a

tendência de urbanização, embora em ritmos diferenciados, mais intensa nos países

com menores níveis de urbanização, tais como Portugal, Áustria e a Suíça. Portugal

está entre os países que, entre 2000 e 2005, registarão maiores taxas de decréscimo da

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Povoamento

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população rural (-3,61%) e, consequentemente, de acréscimo da população urbana

(1,93%) (UN, 2002).

Quadro 2: Evolução da Taxa de Urbanização na UE-15, 1960-2000, (%)

Países 1960 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000

Áustria 50 52 53 55 55 55 56 67 Bélgica 66 88 95 95 96 97 97 97 Dinamarca 74 80 83 84 85 85 85 85 Espanha 43 55 61 64 69 75 77 78 Finlândia 38 51 59 60 60 62 63 59 França 63 70 73 73 74 74 73 76 Grécia 43 53 55 58 59 59 - 60 Holanda 76 77 83 88 89 89 89 90 Irlanda 46 52 54 56 56 57 58 59 Itália 48 64 66 67 68 67 67 67 Luxemburgo 62 68 68 78 84 86 89 92

Portugal * 23 26 28 30 32 34 36 66 R. Unido 80 78 78 88 83 89 90 90 RDA 72 74 75 76 77 RFA 77 80 83 85 86

85 87 88

Suécia 73 81 83 83 84 83 83 83 Fonte: ONU

* Refira-se que até 1995, apenas são considerados pela ONU, centros com mais de 100 000 habitantes; o Funchal, a AML e a AMP. O total da população urbana corresponde ao total de habitantes em centros urbanos com mais de 10 000 habitantes, o que remete para uma taxa de urbanização de 35,6%., em 1995

Nota: Informação relativa a 180 aglomerações Fonte: ROZENBLAT, C. Et al (2003)

Figura 5: População das Cidades da UE em 2000

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Povoamento

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Fonte: NORDREGIO REPORT 4 (2000)

Figura 6: Tipologia de espaços urbanos na UE, 2000

Apesar da tendência de urbanização que caracterizou o país nos últimos 30 anos e que

assentou no desenvolvimento da rede de pequenas e médias cidades, as áreas

metropolitanas de Lisboa e do Porto permanecem como os dois principais centros de

residência da população portuguesa.

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Povoamento

21

Num estudo recente apresentado no âmbito do ESPON Programme 2006 (ESPON

Programme 2006, 2003a), verificamos que Portugal, apresenta duas “metrópoles”

(Metropolitan European Growth Areas, MEGAs), situação que se atendermos à

extensão territorial e á dimensão populacional é equiparável à da Espanha, que possui

cinco, mas distinta da Irlanda ou da Grécia, onde apenas se conta uma aglomeração de

grande dimensão.

Fonte: ESPON (2003a)

Figura 7: Tipologia das Áreas Urbanas Funcionais, 2000-2001

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Povoamento

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É no segundo nível de cidades, as chamadas “áreas urbanas funcionais de carácter

nacional/transnacional”, que se evidenciam maiores debilidades, nomeadamente se

compararmos a rede de cidades com o mesmo potencial existente nos países do norte

e centro da Europa. Se o primeiro nível permite a integração de Portugal num sistema

policêntrico à escala europeia, a debilidade do segundo nível, constitui um obstáculo

ao estabelecimento de redes de nível inferior.

O gráfico seguinte procura mostrar o grau de policentrismo nos vários países

europeus. A posição de Portugal é muito semelhante à da Grécia, onde tal como

Atenas, correspondem a grandes aglomerações que congregam mais de 1/3 da

população total. Composições semelhantes em termos de peso na população total,

estão Talin, Riga, Valletta e a pequena cidade do Luxemburgo. Numa posição oposta,

evidenciando estruturas urbanas mais policêntricas, estão a Alemanha, a Itália, a

Espanha, a Bélgica e a Holanda.

Fonte: ESPON (2003a)

Figura 8: Policentrismo nos Países Europeus: peso da capital no total da população de cada país

Tendo como pano de fundo os resultados do Segundo Relatório sobre a Coesão

Económica e Social (2001), assistimos a uma perda de importância relativa de

Portugal, incluindo das duas metrópoles, situação que é mais notória no quadro

ibérico.

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Povoamento

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Se considerarmos a evolução dos valores de PIB/capita (ppc) para algumas NUT II,

verificamos que apesar do aumento registado no PIB/capita, existe um

reposicionamento relativo em relação a Espanha e, em particular a Madrid, muito

desfavorável. No caso de Lisboa, apesar da melhoria de posições no ranking das

regiões europeias (em 1990, encontrava-se em 119º lugar, ascendendo a 115º lugar em

2000), aumentou fortemente o distanciamento em relação a Barcelona e a Madrid, que

descolaram, convergindo mais fortemente para os valores europeus. No caso da região

Norte, as posições têm vindo progressivamente a piorar.

Quadro 3: PIB P/capita (ppc) para algumas NUT II. Evolução 1986-2000

PIB P/capita (ppc) UE15=100 Ranking Regiões – NUTS II

Cidades integradas nas NUT II 1986 1995 2000 1986 1995 2000

Reg. Bruxelles-Cap. Bruxelas 163,3 217,6 222,2 3 1 1 Hamburgo Hamburgo 184,8 185,4 181,5 1 2 3 Île de France Paris 162,4 160,3 158,3 4 4 4 Viena Viena 148,5 155,7 157 6 5 5 Estocolmo Estocolmo 132,6 129,6 147 11 18 8 Greater London Londres 147,5 138,5 147 7 10 9 Comunidad de Madrid Madrid 85,9 102,9 110 126 69 43 Catalunha Barcelona 82,3 95,5 99,5 143 97 73 Berlin Berlin 128,1 111,2 95,6 16 42 94 Lisboa e Vale do Tejo Lisboa 79,2 90,7 90,9 149 119 115 Comunidad Valenciana Valência 70,9 74,2 79,2 158 168 151 Norte Porto 51,1 59 56 184 204 212 Nota: Para os anos 1995 e 2000 não foram consideradas as NUT II de Inner-London e Outer-London

mas a NUT I London (Greater London em 1986) Fonte: CE, Relatórios sobre a Coesão Económica e Social

Em termos populacionais, a posição relativa de Lisboa e do Porto é a mesma da

anterior, como se pode verificar pela posição obtida no ranking das aglomerações com

mais de 1 Milhão de Habitantes. De entre as 418 aglomerações mundiais com mais de

1 Milhão de habitantes, Lisboa, encontrava-se em 120º lugar, atrás de Madrid (55º),

Barcelona (79º), enquanto o Porto surge em 311º lugar do referido ranking, à frente de

Sevilha, Helsínquia e Dublin.

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Povoamento

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Quadro 4: População de algumas aglomerações europeias com mais de 1 Milhão de hab., 2003

Aglomeração População em 2003 Lugar no Ranking

Tóquio 33750000 1º Cidade do México 21850000 2º Nova Iorque 21750000 3º Londres 11900000 20º Paris 9850000 24º Ruhr 5800000 45º Madrid 5200000 55º Berlim 4150000 73º Barcelona 3800000 79º Milão 3800000 80º Atenas 3500000 93º Roma 3300000 99º Lisboa 2900000 120º Bruxelas 2500000 147º Budapest 2400000 154º Amestardão 2150000 168º Frankfurt 1925000 190º Viena 1875000 196º Estocolmo 1700000 222º Copenhaga 1400000 287º Porto 1325000 311º Sevilha 1225000 337º Helsínquia 10785000 384º Dublin 1025000 401º Edmonton, Fresno, Gaziantep, Hannover, João Pessoa, Johor Baharu, Lomé, Namp'o, Ranchi, Shizuoka, Solãpur

1000000

408º a 418º (último lugar do ranking)

Nota: Não contam da lista todas as aglomerações europeias com mais de 1 Milhão de habitantes, mas

apenas foram consideradas algumas aglomerações para demonstrar a posição relativa das metrópoles de Lisboa e do Porto.

Fonte: home page: www.citypopulation.de (consulta em 25 de Janeiro de 2004)

Esta leitura à escala mundial, reproduz-se à escala europeia e ibérica, como se pode

constatar pelas figuras seguintes.

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Fonte: GASPAR, J. (1999)

Figura 9: Sistema Urbano Ibérico, 1999

Um estudo recente publicado pela Délégation à l'aménagement du territoire et à

l'action régionale (da autoria de ROZENBLAT, C. Et al, 2003), vem introduzir outra

leitura da hierarquia urbana à escala europeia. O referido estudo mostra a posição

demográfico-funcional das Áreas Metropolitanas no contexto europeu, apresentando-

as como “pouco especializadas e com um fraco número de sedes de empresas

internacionais”5, classificando Lisboa em 13º lugar (na mesma classe das

aglomerações de Barcelona, Berlim, Roma, Bruxelas, Viena, Munique e Estocolmo) e

o Porto em 54º lugar (na mesma classe de aglomerações como Leeds, Nantes e

Salónica), numa lista de 180 aglomerações europeias.

5 Posição que decorre da leitura conjunta de 15 indicadores: evolução da população 1950-1990,

população, tráfego portuário de mercadorias, tráfego aéreo de passageiros, acessibilidade, grandes grupos europeus, serviços financeiros, feiras e salões internacionais, congressos internacionais, museus, dormidas para fins turísticos, sítios culturais, estudantes, edição de revistas científicas, organismos de investigação.

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Nota: Informação relativa a 180 aglomerações

Fonte: ROZENBLAT, C. Et al (2003)

Figura 10: Grau de especialização das cidades europeias, 2000

Os resultados do estudo desenvolvido pela Célula de Prospectiva das Regiões

Marítimas (2002), reforçam a leitura anterior, mostrando a posição relativa de Lisboa

e do Porto numa Europa policêntrica, liderada por Madrid no quadro da Península

Ibérica. Lisboa, aparece classificada como um centro emergente6 de nível 2 (em

termos comparativos, Barcelona é um centro emergente de nível 1), enquanto o Porto,

se enquadra numa categoria denominada “sistemas dilema” de nível 2, situação que 6 O estudo aponta 5 categorias de territórios:

1. “Portas Periféricas” – Sistemas mais competitivos, com um papel relevante nos processos de decisão. Caso de Madrid;

2. “Estrelas emergentes” – sistemas mais competitivos, que poderão jogar um importante papel na construção do policentrismo europeu, uma vez que reúnem condições para se articularem com outros nós do sistema europeu e mundial. São o caso das capitais;

3. “Sistemas dilema” – categoria que integra os sistemas cujo o futuro é incerto, sendo que a sua evolução dependerá da capacidade de se tornarem mais competitivos, através do aumento da produtividade e da qualificação dos recursos humanos;

4. “Sistemas promissores” – sistemas urbanos relativamente competitivos, onde persistem algumas fraquezas em matéria de produtividade e de qualidade dos recursos humanos. São âncoras do desenvolvimento dos territórios periféricos a ter em conta na articulação com outros sistemas;

5. “Sistemas mais periféricos” – correspondem aos sistemas mais fracos.

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contrasta com o País Basco ou Saragoça, que aparecem classificados como “sistemas

promissores”.

Fonte: MARITIME PERIPHERIES FORWARD STUDIES UNIT (2002.

Figura 11: Modelo Policêntrico das Periferias Marítimas Europeias, 2002

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Povoamento

28

4.2 Retrospectiva espacial e tendências de ocupação do território

4.2.1. Referências documentais e orientações de política em Portugal

As primeiras referências consistentes ao desenvolvimento regional remontam ao III

Plano de Fomento (PRESIDÊNCIA DO CONSELHO, 1968) preparado para o

período de 1968 a 1973. À semelhança de outros países da Europa Ocidental

verificava-se, nesse momento, um aumento das desigualdades regionais, em Portugal,

espelhadas em diferentes dinâmicas de crescimento existentes no litoral, em particular

Lisboa e Porto, e no interior do país. A “harmonização do crescimento à escala

regional” foi o objectivo central definido sendo para tal necessário promover7:

• “o equilíbrio da rede urbana, com a finalidade de dotar as populações de

equipamentos socio-económicos mínimos, concentrados a distâncias

razoáveis”;

• “a expansão descentralizada da indústria e dos serviços, concretizada pela

utilização de pólos de crescimento”; e a “progressiva especialização da

agricultura regional, de acordo com as aptidões dos solos e as influências

climáticas, numa óptica de concentração do investimento”8,

demonstrando-se a necessidade de reforçar a funcionalidade de outras cidades não

metropolitanas, para o que se propunha o desenvolvimento ou a criação de centros

urbanos com equipamentos socio-económicos compatíveis com a hierarquia da rede

urbana (das cidades capitais aos centros de menor dimensão em territórios rurais).

A adesão de Portugal à Comunidade Europeia marcou o início de um novo período

nas políticas de planeamento e desenvolvimento regional. Os programas e iniciativas

enquadrados nos I, II e actual III Quadro Comunitário de Apoio de 1989-93, 1994-99,

e 2000-2006 respectivamente, ao mesmo tempo que reforçaram a componente

sectorial dos investimentos, reorientaram a política regional e urbana.

7 Para que se estes objectivos fossem atingidos, pressupunha a criação de novas condições e novas

formas de regulamentação, as chamadas “regiões-plano ou regiões -programa”. Previa-se a criação de quatro no Continente (Norte, Centro, Lisboa e Sul), mais a Madeira e os Açores.

8 III Plano de Fomento, Capítulo I, Parte III, “Evolução recente e situação actual dos desequilíbrios regionais na metrópole”, 1968

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Contudo, é nos anos noventa que se assiste a uma clara valorização das políticas de

ordenamento e desenvolvimento local e regional no território nacional.

Neste contexto, a aprovação da Lei de Bases da Política de Ordenamento do

Território e de Urbanismo (Lei Nº 48/98, de 11 de Agosto), foi um passo importante

para o processo de ordenamento do território português e para a consolidação de um

sistema urbano mais equilibrado e competitivo.

A referida lei enumera como objectivo principal “assegurar uma adequada

organização do território nacional, na perspectiva da sua valorização, designadamente

no espaço europeu, tendo como finalidade o desenvolvimento económico, social e

cultural integrado, harmonioso e sustentável do País, das diferentes regiões e

aglomerados urbanos “ (Artigo 1º).

No âmbito do desenvolvimento local e regional verificou-se, ao longo dos três

Quadros Comunitários de Apoio uma gradual focalização das intervenções e dos

programas em domínios e em espaços específicos, dando sequência aos problemas

identificados e aos objectivos definidos pelos diversos Planos de Desenvolvimento

Regional. As intervenções nas áreas urbanas reflectem esta situação, com a passagem

de intervenções centradas em estratégias sectoriais para uma maior territorialidade das

operações.

No que respeita às políticas urbanas esta aproximação torna-se evidente no âmbito do

QCA II, através da definição da Intervenção Operacional Renovação Urbana, e do

desenvolvimento, em paralelo com o Quadro, do Programa de Consolidação do

Sistema Urbano Nacional e de Apoio à Execução dos PDM (genericamente designado

por PROSIURB, Despachos MPAT 6/94 e 7/94), aprovado em 1994, que constituiu

um passo importante em matéria de política urbana associada ao processo de

desenvolvimento regional.

Os objectivos do PROSIURB, programa que vigorou até 1999, foram o de promover o

crescimento e consolidação de centros urbanos que desempenhavam um papel

estratégico no sistema urbano.

Dividido em dois sub-programas, no primeiro foram eleitas quarenta cidades médias

baseadas nos seguintes critérios: "uma população superior a 10 000 habitantes; um

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30

nível de equipamentos, no mínimo, supraconcelhio; centros que desempenham um

papel estratégico na organização do território nacional, ou seja, sejam susceptíveis de

actuar como catalizadores de áreas envolventes, de estruturar espaços sub-regionais e

desempenham (ou possam vir a desempenhar) um papel significativo no âmbito das

redes internacionais". Por outro lado, foi dada uma atenção particular "aos centros

urbanos que se articulem em redes ou sistemas, potenciando assim iniciativas e

sinergias de forma concertada e articulada" (LOBO, 1997, pp. 79).

Fonte: MPAT (1994) in LOBO, 1997

Figura 12: Cidades Elegíveis no Sub-Programa 1 do Programa PROSIURB

Page 31: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

31

De natureza distinta do anterior, mas igualmente especificamente orientado para a

rede de cidades, o Programa das Cidades Digitais, criado pelo Ministério da Ciência

e Tecnologia em 1997, teve como objectivos principais: a melhoria da qualidade de

vida urbana, o combate à interioridade, o reforço da competitividade económica e do

emprego e o apoio à integração social dos cidadãos com necessidades especiais. As

acções desenvolvidas foram diversas9 e serviram de ensaio para um futuro programa,

já consignado no III Quadro Comunitário de Apoio, no Programa Operacional

Sociedade da Informação (POSI).

O Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (2000-2006) - Visão

Prospectiva (MEPAT) identifica também os problemas e estrangulamentos associados

à desigual distribuição da população, às características da rede urbana portuguesa e ao

fraco desenvolvimento das áreas rurais. Os baixos níveis de prestação de serviços às

populações e actividades são apontados como obstáculos para os processos de

desenvolvimento regional do país pois não só, são um entrave à difusão de

informação e à possibilidade de participação nas redes europeias, como

impossibilitam os restantes territórios, nomeadamente as pequenas e médias cidades

de se afirmarem como pólos alternativos às duas áreas metropolitanas. Por outro lado,

reconhece-se que a pequena dimensão das cidades médias tem sido um obstáculo à

sua afirmação como pólos regionais; "as cidades médias são demasiado pequenas para

seguramente reterem o seu lugar e papel no sistema urbano", limitação que seria

ultrapassada se as cidades se organizassem em rede ou desenvolvessem parcerias de

forma a "aumentar fortemente a atractividade do conjunto" (MEPAT, 1999, pp. 54).

Assim, no futuro, perspectivam-se objectivos de desenvolvimento do sistema urbano

nacional que permitam o seu reposicionamento no contexto europeu:

• O reforço e a reorganização das AM’s em áreas policêntricas;

• A qualificação e estruturação dos contínuos urbanos do litoral que

contrariem os efeitos de polarização das AM’s ;

9 Domínios das Acções: Autarquia on-line; Reforço do programa internet na escola; Rede digital

comunitária; Acessibilidade à Sociedade de Informação; Bibliotecas digitais; Inserção de cidadãos com necessidades especiais; Promover os cuidados de saúde; Comércio Electrónico; Os Médias na cidade digital; Gestão de transportes.

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Povoamento

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• A dinamização dos centros urbanos em áreas em perda e a criação e a

consolidação de eixos de cidades no interior do país, organizados em

função das vias de comunicação;

• Avanço das redes de concertação e de cooperação transfronteiriça,

redes que podem constituir um factor de dinamismo da actividade do

interior do país

• Obter um sistema urbano mais coeso onde os centros de dimensão

média se articulem com as AM’s.

Neste contexto, o III Plano de Desenvolvimento Regional - 2000-2006 (MEPAT,

1999), para além do Programa Operacional do Ambiente (cujo um dos objectivos é a

"Melhoria do Ambiente Urbano"), tem nas Intervenções Operacionais Regionais

orientações estratégicas que visam a "Qualificação e Competitividade das Cidades

Médias"10, intervindo nos domínios económico, territorial e social, no sentido de

evitar a segregação e a exclusão.

Partindo da concertação estratégica e financeira dos Programas Operacionais

Regionais e do Programa Operacional Ambiente, desenhou-se uma intervenção

centrada nas pequenas e médias cidades portuguesas, para o período 2000-2006,

nomeada por Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das

Cidades, abreviadamente Programa POLIS (Despacho Nº 47/A/MAOT/99). Este, tem

como objectivo principal "melhorar a qualidade de vidas nas cidades, através de

intervenções na vertente urbanística e ambiental, melhorando a atractividade e

competitividade de pólos urbanos que têm um papel relevante na estruturação do

sistema urbano nacional"(MA, 1999, pp. 1).

Todavia este programa POLIS não está vocacionado para a formação e consolidação

de eixos ou de sistemas urbanos, identificados como unidades dinâmicas do sistema

urbano nacional e, apesar da amplitude dos montantes envolvidos (160 milhões de

10 Os objectivos prioritários são:

• garantir o acesso a determinados serviços e padrões de qualidade de vida e de ambiente; • organizar o território, promovendo a competitividade dos nós estratégicos para a estruturação

dos espaços em termos regionais e nacionais, • reforçando a sua posição ao nível europeu; combater a segregação funcional e social dos

territórios urbanos; • e o apoio a estratégias concertadas de qualificação e de desenvolvimento urbano;

Page 33: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

33

contos), a grande maioria das verbas ficaram comprometidas na Componente 1,

restringindo desde logo as acções a desenvolver (MARQUES DA COSTA, 2000).

Figura 13: Cidades POLIS, 2003

Efectivamente considerando que entre os objectivos do POLIS se contam a melhoria

da atractividade e da competitividade dos pólos urbanos que têm um papel relevante

na estruturação do sistema urbano nacional, parecia importante contemplar acções que

fomentassem a apresentação de projectos que, não só contribuíssem para o

Page 34: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

34

desenvolvimento das cidades mas, também, para o desenvolvimento de

complementaridades funcionais e territoriais.

Paralelamente aos instrumentos e às políticas regionais e locais, as cidades,

personalizadas nos municípios, desenvolveram estratégias próprias. Assim se

enquadra a participação e adesão de alguns municípios território continental à Carta

de Aalborg ou a elaboração de algumas Agendas Locais, claramente em número

insuficiente, e que importa promover, pela importância que representam para o

ordenamento e para a concretização de uma estratégia de desenvolvimento sustentável

do território.

Analisando o estado de desenvolvimento dos vários instrumentos de intervenção no

plano da valorização territorial, associados ao III Quadro Comunitário de Apoio,

verificou-se a emergência de três domínios que, permitindo uma maior coerência ao

processo de planeamento e desenvolvimento territorial, careciam de explicitação

apropriada. São eles:

• a valorização das Pequenas Cidades;

• a valorização de Áreas Rurais;

• a valorização das Áreas Urbanas Fragilizadas.

É neste âmbito que em 2001, se desenvolveram três estudos, correspondentes aos três

domínios anteriormente identificados (MP, 2001a, MP, 2001b e DGDR, 2000),

Enquanto o primeiro e o segundo, se articulariam com o Eixo II das Programas

Operacionais Regionais (nas chamadas Acções Integradas de Base Territorial -

AIBT), o terceiro estudo constituiu-se como a base de fundamentação para a escolha

das áreas a serem alvo de intervenção da Iniciativa Comunitária URBAN II.

Efectivamente as AIBTs surgiram nos Programas Operacionais fundamentalmente

vocacionadas para os “espaços rurais” e para a diversificação das suas bases

económicas, nomeadamente suportadas nas actividades turísticas com excepção das

acções em curso no Norte Litoral. Contudo, no quadro de acelerada mobilidade da

população, bens e serviços a que hoje se assiste, parece que o desenvolvimento rural

não deverá ser separado de uma bem explicitada política de desenvolvimento urbano,

em particular, uma política de fortalecimento da rede de pequenas e médias cidades.

Page 35: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

35

0 40 Km

5

1

2 3

45

6

7

8

9

10

Minho-Lima1

Douro3

Vale do Côa5

Entre Douro e Vouga4

Serra da Estrela6

Pinhal Interior7

Norte Alentejano8

Zona dos Mármores9

Áreas de Baixa Densidade10

2 Vale do Sousa

N

P. O. Norte

P. O. Centro

P. O. Alentejo

P. O. Algarve

5

Programa Pequenas Cidades

Pequenas Cidades Integradasno Programa das Áreas UrbanasFragilizadas

Fonte: MP (2001a)

Figura 14: Acções Específicas de Valorização de Pequenas Cidades

0 40 Km

N

1

2

3

8

5

6

4

9

7

ENTRE-DOURO-E-MINHO1 - ADRIMINHO2 - ADRIL3 - ATAHCA4 - PROBASTO5 - ADER-SOUSA6 - DOLMEN7 - ADRIMAG8 - SOL-DO-AVE

11

12

10

13

14

TRÁS-OS-MONTES9 - ADRAT10 - DESTEQUE11 - DOURO HISTÓRICO12 - CORANE13 - DOURO SUPERIOR14 - BEIRA DOURO

15 16

17

1819

20

21

42

25

BEIRA LITORAL15 - ADDLAP16 - ADD17 - ADICES18 - DUECEIRA19 - TERRAS DE SICÓ20 - ADELO21 - ADAE42 - ADIBER

2728

24 23

22

26

BEIRA INTERIOR22 - RAIA HISTÓRICA23 - PRÓ-RAIA24 - ADRUSE25 - ADRACES26 - PINHAL MAIOR27 - RUDE28 - ADERES

33

29

31

3032

RIBATEJO E OESTE29 - ADIRN30 - APRODER31 - CHARNECA32 - LEADER OESTE33 - TAGUS

35

34

36

37

39

38

ALENTEJO34 - LEADERSON35 - ADER-AL36 - MONTE37 - TERRAS DENTRO38 - ESDIME39 - ROTA DO GUADIANA

41

40

ALGARVE40 - IN LOCO41 - VICENTINA

Fonte: MP (2001b)

Figura 15: Programa de Iniciativa Comunitária LEADER II, Entidades Locais

Credenciadas

Page 36: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

36

Fonte: MP (2001b)

Figura 16: Tipologias de áreas rurais

Essa articulação não encontra resposta no quadro da política nacional, uma vez que o

único instrumento dirigido às cidades é o POLIS, também integrado no Eixo II dos

Programas Operacionais, mas de forma “autónoma”, muito mais virado para uma

valorização do espaço público como forma de melhorar a qualidade de vida das

cidades e aumentar a sua sustentabilidade.

Page 37: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

37

4.2.2.Várias Leituras do Sistema Urbano Nacional

Recentemente, várias leituras acerca do sistema urbano nacional têm sido

apresentadas, mas destacamos três pela sua actualidade e pertinência:

• Urbanização e Coesão Social em Portugal (MEPAT- GAERE, 1996)

bem como no “HABITAT II - Portugal” (MEPAT, 1996), documento

apresentado em Junho de 1996 em Istambul na “Conferência sobre

Estabelecimentos Humanos”; Refira-se que a base desta visão foi

apresentada pela primeira vez em 1993 (J. GASPAR, 1993a);

• Sistema Urbano Nacional – Cidades Médias e Dinâmicas Territoriais

(DGOTDU, 1997) e que consta igualmente no Plano Nacional de

Desenvolvimento Económico e Social, 2000-2006 (PNDES) (MEPAT,

1999). Posteriormente, e numa abordagem complementar da anterior,

surgiu recentemente, um novo estudo intitulado Sistema Urbano

Nacional - Rede Complementar (DGOTDU, 2002), onde se analisam o

conjunto dos pequenos centros (sedes de municípios), depois de

analisadas as metrópoles e as cidades médias, sendo o estudo finalizado

com a publicação de um volume de síntese intitulado Sistema Urbano

Nacional – Síntese (DGOTDU, 2003a), onde se apresentam quatro

cenários contrastados de evolução do sistema urbano nacional;

• e as propostas das Comissões de Coordenação apresentadas em planos

de desenvolvimento regional ou nos documentos prospectivos do

PNDES regionais (CCRN, 1998, CCRC, 1998, CCRLVT, 1998,

CCRAlentejo, 1998 e CCRCAlgarve, 1998).

Na primeira, para além das as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, enquadram-se

um vasto número de cidades que desenvolvem entre elas relações de interdependência

configurando “concentrações polinucleadas” e que definem a “metropolitanização” do

território litoral. Para além desta área, conta-se o litoral algarvio, cuja ocupação do

território assenta num sistema de ocupação urbana quasi-contínua, que permitiu o

desenvolvimento de vários pólos com uma forte especialização funcional.

Page 38: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

38

Fonte: GASPAR, J. (1993)

Figura 17: Configuração do Sistema Urbano Português, 1993

Para além destas cidades, reconhece-se a existência de outras que definem faixas de

ligação entre o litoral e a fronteira espanhola. Casos de Lamego e Vila Real (potencial

eixo) até Chaves; Viseu (e cidades envolventes) até à Guarda, o potencial eixo de

Castelo Branco-Fundão-Covilhã-Guarda e a sul, Évora a Elvas - Campo Maior e Vila

Page 39: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

39

Real de Santo António. Apenas quatro cidades se enquadram num contexto de

despovoamento urbano (Bragança, Mirandela, Portalegre e Beja).

Fonte: Grupo de Trabalho do Esquema de Desenvolvimento do Espaço Europeu, 1996

Figura 18: Síntese do Sistema Urbano Continental, 1996

Esta leitura do sistema urbano é favorável às cidades não metropolitanas, quer no

Litoral, onde beneficiam particularmente da melhoria da acessibilidade e do processo

de desconcentração produtiva das grandes aglomerações, quer no Interior, onde se

Page 40: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

40

desenvolveram ao longo das vias de comunicação estratégicas e, assim, conseguiram

potenciar as suas vocações produtivas e territoriais (casos de Viseu, Évora, Elvas).

Na segunda leitura do sistema urbano (DGOTDU, 1997) as cidades não

metropolitanas surgem numa posição um pouco distinta da anterior. O quadro de

“metropolitanização” que definia o litoral é substituído pela identificação de “espaços

dinâmicos” cujos limites conduzem a três áreas:

• o espaço litoral de Viana do Castelo até Aveiro-Ílhavo-Ovar;

• o espaço que compreende Leiria-Marinha Grande até ao limite sul da

AML, mas que exclui o triângulo Abrantes-Tomar-Torres Novas;

• e o litoral algarvio.

Assim, com excepção de Coimbra e da Figueira da Foz, as restantes cidades do litoral

aparecem enquadradas pelas aglomerações metropolitanas.

As "cidades âncora" e as "cidades porta" são apontadas neste trabalho como cidades

que desenvolvem funções de intermediação e, portanto, como cidades médias.

Mirandela, Chaves, Bragança, Viseu, Guarda, Portalegre, Évora e Beja, entre outras,

são classificadas como “cidades âncora”, o que significa “centros estruturadores e

indutores do desenvolvimento de territórios alargados” (DGOTDU, 1997, pp.417) e,

como tal, cidades com um papel de intermediação.

Por outro lado, Faro é considerada “cidade-porta”, definida como uma “cidade com

forte relacionamento internacional, com acesso a redes de transferência de know-how

e de inovação, inserida em espaços potenciadores de competitividade ou que assumem

posição importante em segmentos de mercado internacionais, envolvendo nestes

processos o território que polarizam”, o que significa que são cidades com

protagonismo nos processos de internacionalização urbanos e territoriais” (DGOTDU,

1997, pp.417-8). Esta função confere igualmente um grau de intermediação.

Page 41: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

41

Fonte: DGOTDU (1997)

Figura 19: Síntese do Sistema Urbano Nacional - DGOTDU, 1997

Quanto a Viana do Castelo, Braga, à conurbação polinucleada de, Guimarães,

Famalicão, Santo Tirso, Trofa e Fafe e a sul, as cidades de São João da Madeira,

Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis, o eixo Marinha Grande - Leiria, entre

outras, surgem como “pólos de redes internacionais”, outro critério importante para as

eleger como cidades com funções de intermediação.

Page 42: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

42

A salientar ainda, o relatório da DGOTDU recentemente publicado (2003a), intitulado

Sistema Urbano Nacional – Síntese, onde se procura apresentar uma síntese dos

estudos anteriormente feitos, ao mesmo tempo que actualiza parte da informação e das

orientações definidas anteriormente.

Fonte: DGOTDU (2003a)

Figura 20: Uma visão recente do Sistema Urbano Nacional, 2002

Page 43: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

43

A comparação do mapa de síntese apresentado no documento Síntese do Sistemas

Urbano Nacional – Cidades Médias e Dinâmicas Territoriais (DGOTDU, 1997) com

o apresentado no actual estudo (Síntese do Sistemas Urbano Nacional –Síntese,

DGOTDU, 2003a) permite evidenciar algumas diferenças: reforço da polarização de

Coimbra e de Viseu; reafirmação do triângulo Santarém, Cartaxo e Almeirim;

reconfiguração dos elementos que compõem o sistema algarvio, e um “recuar” na

análise dos sistemas urbanos das regiões Norte Litoral e Centro Litoral Norte, que

aparecem neste documento numa perspectiva individual.

Neste trabalho são também apresentados 4 cenários prospectivos para o país, que

serão posteriormente analisados.

De referir o documento publicado em finais de 2002, que incidindo sobre a rede

complementar (as sedes de município) procura fazer um diagnóstico das dinâmicas

destes pequenos centros e dos territórios envolventes, no sentido de identificar os

factores críticos ao seu desenvolvimento (DGOTDU, 2002).

Confrontando as visões anteriores com as perspectivas regionais descritas em vários

documentos divulgados pelas Comissões de Coordenação Regionais, encontramos

algumas diferenças, naturalmente explicadas pelo facto de se confrontarem duas

escalas de análise distintas (e relembre-se que o último mapa apresentado é posterior

às visões definidas por cada região nos diagnósticos prospectivos). Enquanto as duas

primeiras incidem sobre a escala nacional, as visões das Comissões de Coordenação

traduzem a perspectiva regional e, como tal, valorizam o papel de algumas

aglomerações que à escala nacional não assumem a mesma relevância.

A Região Norte (CCRN, 1998), para além das cidades classificadas segundo os

critérios do MEPAT, considera igualmente relevantes pequenos aglomerados que, em

alguns casos, não têm o estatuto de cidade, mas que desempenham funções com

capacidade de polarização supra-concelhia: Amarante; Barcelos; Vila Nova de Foz

Côa-Torre de Moncorvo; Mogadouro-Miranda do Douro; Ponte de Lima-Ponte da

Barca-Arcos de Valdevez e Valença.

Page 44: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

44

Fonte: CCRN

Figura 21: Sistema Urbano da Região Norte

A Região Centro (CCRC, 1998) privilegia uma leitura do sistema urbano em sistemas

sub-regionais mais alargados que os anteriormente apontados:

• Viseu e a constelação envolvente que inclui Mangualde, São Pedro do

Sul e Tondela;

• o eixo Castelo Branco-Belmonte-Fundão-Covilhã-Guarda;

• o sistema Aveiro-Ílhavo-Vagos-Albergaria-Águeda-Oliveira do Bairro;

• o eixo Coimbra (incluindo Lousã, Mealhada, Cantanhede e Miranda do

Corvo) -Figueira da Foz;

• o eixo Leiria-Marinha Grande.

Podemos concluir que na leitura da CCR Centro, as cidades médias, reforçadas pela

configuração de sistemas ou eixos, ganham protagonismo, assumindo-se como

elementos estratégicos para a afirmação da região no contexto nacional e

internacional, em termos económicos, sociais e culturais. É neste contexto que se

insere o caso de estudo apresentado nos capítulos seguintes (o eixo Castelo Branco-

Belmonte-Fundão-Covilhã-Guarda) cujas primeiras referências remontam a 1990

(CCRC, elaborado por CEDRU/ADIRA, 1990).

Page 45: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

45

Fonte: CCRC

Figura 22: Sistema Urbano da Região Centro

Quanto à Região de Lisboa e Vale do Tejo (CCRLVT, 1998), para além da AML

identificam-se três sub-sistemas: o Oeste, o Médio Tejo e a Lezíria do Tejo, cuja

organização interna, permite valorizar um conjunto de pequenos aglomerados que

desenvolvem funções de intermediação.

Page 46: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

46

São os casos do triângulo Tomar, Torres Novas e Abrantes, que integram Ourém e

Vila Nova da Barquinha, no Médio Tejo e do Cartaxo e Almeirim, que não sendo

contemplados no PROSIURB, são parte integrante do sistema de Santarém.

Fonte: CCRLVT

Figura 23: Sistema da CCRLVT

Page 47: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

47

Outro documento que importa levar em conta na presente análise é PROT-AML

(aprovado em 2002), documento fundamental para a Área Metropolitana de Lisboa e

que tem como prioridades essenciais a sustentabilidade ambiental, a qualificação

metropolitana, a coesão sócio-territorial e a organização do sistema metropolitano de

transportes.

Fonte: CCRLVT (2002)

Figura 24: Esquema de Polarização Metropolitana – AML, 2002

Page 48: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

48

Das quatro prioridades essenciais11 que fundamentam o PROT-AML destaque-se a

“Qualificação Metropolitana”, prioridade que deverá ter em conta a contenção da

expansão urbana e de um modelo/estrutura territorial que procura a “recentragem e

ordenamento da AML em articulação com o Estuário do Tejo, salvaguardando os

recursos naturais e as áreas protegidas; o desenvolvimento de novas orientações

metropolitanas; o complemento e a consolidação de uma estrutura de acessibilidade

em rede; o ordenamento logístico” (CCRLVT, 2002).

Fonte: CCRLVT, 2002

Figura 25: Estrutura polinucleada da Área Metropolitana de Lisboa

11 As 4 prioridades são: “Sustentabilidade Ambiental; Qualificação Metropolitana; Coesão socio-

territorial; Organização do sistema metropolitanos de transportes.

Page 49: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

49

A perspectiva apresentada pela Comissão de Coordenação do Alentejo (CCRAlentejo,

1998) reafirma também a necessidade de incluir na análise algumas pequenas

aglomerações que são importantes na estruturação do seu território. São os casos de

Moura, Castro Verde, Santiago do Cacém e Estremoz, aglomerados que

complementam os níveis superiores da rede regional definida por Portalegre, Elvas,

Évora e Beja.

Fonte: CCRAlentejo

Figura 26: Sistema urbano do Alentejo

Page 50: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

50

A leitura do sistema urbano regional da Região do Algarve (CCRAlgarve, 1998)

baseia-se em critérios relacionados com as pequenas distâncias entre os centros

urbanos e com o aumento dos movimentos pendulares. Estes dois factores desenham

um “eixo urbano litoral, globalmente pouco estruturado, onde é possível identificar

duas redes com expressão significativa: Faro-Olhão-Loulé-S. Brás de Alportel e

Portimão-Lagos-Lagoa-Silves” (CCRAlgarve, 1998, pp. 12). O sistema Faro-Olhão,

também identificado no PROSIURB, sai aqui reforçado pela presença de Loulé e São

Brás de Alportel, que se integram na estrutura de relações da capital algarvia.

Fonte: CCR Algarve

Figura 27: Sistema Urbano da Região do Algarve

Page 51: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

51

4.2.3. Evolução e caracterização do sistema de povoamento

A urbanização é um dos fenómenos mais visíveis no território nacional nos últimos

quarenta anos. Paralelamente ao crescimento e consolidação das áreas metropolitanas,

verificou-se um crescimento das pequenas e médias cidades, que contribuíram de

forma significativa para uma modificação da rede urbana e do sistema de povoamento

nacional.

A evolução na estrutura do povoamento tem apontado no sentido do reforço dos

lugares de maior dimensão, ou seja, uma manifesta concentração nas vilas e cidades

em detrimento das aldeias ou outras localidades de menor dimensão de cariz rural.

Entre 1981 e 2001, a percentagem de população residente em lugares com menos de

2000 habitantes decresceu de 51,4% para 41,9%, enquanto os residentes em lugares

com mais de 10000 habitantes, cresceram de 30,6%, em 1981, para 37,9% em 2001.

Quadro 5: População residente por classe de dimensão dos lugares, 1981 e 2001 (%)

1981 2001

<

2000 2 a

4999 5 a

9999 >

10000 Isolada Total <

2000 2 a

4999 5 a

9999 >

10000 Isolada Total Continente 51,4 8,4 4,8 30,6 4,8 100,0 41,9 9,2 8,0 37,9 3,1 100,0 Norte 63,3 5,5 2,9 22,0 6,3 100,0 47,6 7,1 6,8 36,3 2,3 100,0 Centro 75,5 7,3 1,9 11,8 3,6 100,0 64,4 8,8 3,5 19,8 3,5 100,0 Lisboa 14,7 10,5 7,7 66,5 0,6 100,0 14,2 11,0 10,7 63,3 0,9 100,0 Alentejo 48,2 18,3 10,5 12,6 10,4 100,0 40,0 14,6 18,3 18,6 8,4 100,0 Algarve 45,0 6,8 9,1 24,1 15,0 100,0 46,2 9,1 3,6 35,5 5,6 100,0

Fonte: INE, RGP 1981 e Censo 2001

Este reforço é igualmente efectivo nos lugares de dimensão compreendida entre os

5000 e os 10000 habitantes, escalão em que se inclue um significativo número de

cidades, em particular as localizadas no Norte e Centro Litoral, expressando o reforço

da concentração a favor de uma rede de pequenas e médias cidades no país.

Neste contexto, assiste-se a um decréscimo da população rural, que tem sido mais

acentuado que o verificado em outros países da Europa cuja matriz do povoamento é

mais urbanizada. Um estudo da ONU (UN, 2002) estima que a variação da população

Page 52: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

52

residente em espaços rurais no período 2000-2005, seja de -3,6%, enquanto países

como a França e a Suécia registarão para o mesmo período variações negativas

inferiores a 0,5%.

Quadro 6: Evolução da População Urbana e Rural, 2000

População (%) Variação 2000-2005 (%) Países Urbana Rural Urbana Rural EU-15 Austria 67 33 0.15 -0.60 Bélgica 97 3 0.15 -2.25 Dinamarca 85 15 0.16 0.16 Espanha 78 22 0.28 -1.08 Finlândia 59 41 0.07 0.07 França 76 24 0.58 -0.34 Grécia 60 40 0.46 -0.62 Holanda 90 10 0.46 -0.65 Irlanda 59 41 1.43 0.27 Itália 67 33 0.11 -0.62 Luxemburgo 92 8 1.55 -3.10 Portugal 66 34 1.93 -3.61

Reino Unido 90 10 0.25 -0.50

Alemanha 88 12 0.17 -1.55 Suécia 83 17 -0.10 -0.27 Outros da Europa Ocidental Noruega 75 25 0.74 -0.77 Suiça 67 33 0.00 -0.1 Paísess do Alargamento Chipre 70 30 - - República Checa 75 26 -0.03 -0.33 Estonia 69 31 -1.08 -1.27 Hungria 65 35 -0.06 -1.34 Letónia 60 40 -0.56 -0.56 Lituânia 69 31 -0.03 -0.69 Malta 91 9 - - Polónia 63 37 0.25 -0.68 Eslováquia 58 42 0.42 -0.40 Eslovénia 49 51 -0.10 -0.14 Países Candidatos Bulgária 67 33 -0.94 -1.05 Turquia 66 3 1.94 0.07 Roménia 55 45 0.08 -0.68

Fonte: UNITED NATIONS (2002)

Page 53: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

53

50 km

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2000 - 5000

5000 - 10 000

> 10 000

Habitantes

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S

* Critério INE Fonte: INE, 2001; SIG PNPOT 2004

Figura 28: População Residente em Lugares* com mais de 2000 habitantes, Portugal Continental, 2001

Page 54: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

54

Regionalmente, este padrão retrata processos diferenciados. No interior, resulta do

processo de despovoamento das áreas rurais e da concentração nas aglomerações de

pequena e média dimensão. No litoral, verifica-se um processo de urbanização, quer

pela via da concentração e consolidação dos centros urbanos existentes, quer pela

urbanização dos espaços rurais, a chamada urbanização in situ, associada a sistemas

regionais de povoamento disperso, que configuram o alargamento de uma mancha

urbano-difusa em torno dos centros urbanos e ao longo das vias de comunicação, onde

se estabelecem novas relações económicas e funcionais que caracterizam o processo

de metropolização do litoral português.

4.2.4. Processo de urbanização e reconfiguração dos sistemas urbanos e regionais

i) Uma tendência crescente de urbanização do território

Quaisquer que sejam os critérios utilizados para identificar e medir a população

urbana, os registos apresentam-se sempre crescentes, demonstrando a consolidação

das Áreas Metropolitanas a par da afirmação de um conjunto de pequenas e médias

cidades que, em muitas regiões, dão lugar à formação de pequenas conurbações ou

eixos urbanos. Em 2001, aplicando a Tipologia de Áreas Urbanas (INE-DGOTDU,

1998; INE-DGOTDU, 1999), cerca de 78% da população residente no Continente,

concentrava-se em áreas com características predominantemente urbanas1 (APU`s), o

que representou um acréscimo de cerca de 10% relativamente a 1991 (67,4%).

1 São consideradas áreas predominantemente urbanas:

- freguesias urbanas; - freguesias semi-urbanas contíguas às freguesias urbanas, segundo orientações e critérios de

funcionalidade/planeamento; - freguesias semi-urbanas assim consideradas segundo critérios de funcionalidade/planeamento; - freguesias sedes de concelho com mais de 5 000 habitantes. Entendam-se como:

- freguesias urbanas, freguesias que possuam uma densidade populacional superior a 500 hab/Km2 ou que integrem um lugar com população residente igual ou superior a 5 000 habitantes;

- freguesias semi -urbanas, freguesias não urbanas que possuam densidade populacional superior a 100 e inferior ou a 500 hab/Km2 ou que integrem um lugar com população residente igual ou superior a 2 000 habitantes e inferior a 5 000 habitantes (INE-DGOTDU, 1998, pp.8 e 9).

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VOL. V

Povoamento

55

50 km

Áreas Predominantemente Urbanas

Áreas MedianamenteUrbanas

Áreas Predominantemente Rurais

Fonte: INE - DGOTDU (1999)

Figura 29: Tipologias de Áreas Urbanas, 1991

Page 56: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

56

Todavia, este valor mantém-se abaixo do nível verificado em países como a Bélgica

(97%) e a Holanda (90%) e, mesmo estando a par da Espanha (78%), se observarmos

comparativamente a configuração destas redes urbanas ibéricas, constata-se que a

Espanha se diferencia pelo facto de a população urbana estar distribuída numa sólida

rede de cidades com mais de 100000 habitantes.

Os valores referentes à tipologia de áreas urbanas, têm uma expressão regional

diferenciada, como se pode verificar pelas situações do Minho-Lima ou do Pinhal

Interior (elevado peso das áreas medianamente urbanas), que contrastam com Lisboa,

Porto e ainda, o Baixo Vouga e o Algarve, que têm densidades populacionais mais

elevadas e uma rede dispersa de pequenas e médias aglomerações (traduzidas na forte

concentração de áreas predominantemente urbanas).

Os valores de urbanização são mais baixos se considerarmos apenas os centros

urbanos (lugares com mais de 10000 habitantes) ou a população residente em

cidades2, dois critérios recorrentemente utilizados para medir a urbanização. Assim,

se considerarmos “a população residente nas Áreas Metropolitanas e nos centros

urbanos” (lugares com mais de 10000 habitantes), a taxa de urbanização ronda os

51% em 2001. Valores semelhantes são obtidos quando consideramos a população

residente em cidades e nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

Estas taxas não reflectem a verdadeira dimensão da expansão do fenómeno urbano,

que tem assumido contornos mais difusos, dificilmente mesuráveis pelo critério do

centro urbano (lugar com mais de 10000 habitantes) ou pelo critério de cidade3.

Actualmente, Portugal conta com 134 cidades, das quais 123 estão no Continente,

número este que cresceu significativamente nos últimos dez anos. A rede de cidades

reflecte o padrão de povoamento e a dinâmica populacional e funcional, destacando-

se para além das cidades localizadas nas Áreas Metropolitanas, o litoral Norte e

Algarvio.

2 Lei 11/82 de 2 de junho. 3 INE, “A elaboração do Atlas começou por obrigar a interpretar geograficamente o conceito de cidades

tal como é definido em Portugal, optando o INE por lhe acrescentar as especificações susceptíveis de reforçar a sua capacidade de descrever as áreas urbanas centrais.... Procurou-se definir um conceito de cidade estatística...construindo-o empiricamente em parceria com as Câmaras Municipais a partir dos instrumentos jurídicos de ocupação de solos existentes: PDM, PU, PP e Perímetros Urbanos”(pp. VII, INE, 2002).

Page 57: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

57

Da análise anterior, decorre um aspecto que deve ser assinalado. É que apesar da

evolução positiva no domínio da definição de critérios para medir o fenómeno da

urbanização, a diversidade de va lores apresentados mostra claramente a necessidade

de reflectir num critério, que não terá de ser exclusivamente demográfico, mas que

sirva de base ao estabelecimento de uma política de cidades, um instrumento

fundamental para o ordenamento do território.

Quadro 7: Número de Centros Urbanos e Percentagem de População Residente em Centros Urbanos (Lugares com mais de 10000 habitantes) - Evolução 1960-2001

1960 1970 1981 1991 2001 Nº

LUG. POP. Nº LUG. POP. Nº

LUG. POP. Nº LUG. POP. Nº

LUG. POP.

Total de concelhos que compõem a: AML 17,1 21,4 25,4 25,8 25,9 AMP 9,4 10,8 11,4 11,8 12,2

TOTAL AM`S 26,5 32,2 36,8 37,6 38,1 Centros urbanos com mais de 10 000 habitantes fora das AM`s > 100 000 hab. 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 3,1 75- 100 000 hab. 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 2,8 0 0,0 50 - 75 000 hab. 0 0,0 1 0,7 2 1,4 0 0,0 1 0,5 30 - 50 000 hab. 3 1,5 2 1,0 2 0,8 4 2,8 6 2,1 20 - 30 000 hab. 4 1,0 6 1,6 8 1,9 9 2,2 12 2,7 10 - 20 000 hab. 18 2,8 20 3,0 22 3,2 23 3,3 38 4,8 < 10 000 * hab. 3 0,3 2 0,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0 TOTAL S/ AM`S 28 5,6 31 6,5 34 7,2 39 11,0 60 13,2 Total de lugares c/ + 10000 hab. 50 - 65 - 80 - 99 - 128 -

Continente - 8292975 - 8074960 - 9336760 - 9371319 - 9869343

País - 8889392 - 8611110 - 9833014 - 9862540 - 10356117

Tx urbanização* 28 32,1 31 38,7 34 44,1 39 48,6 60 51,3 1970 * CAPITAIS DE DISTRITO (VILA REAL E LEIRIA) 1960 * CAPITAIS DE DISTRITO (LEIRIA, BRAGANÇA E GUARDA) * com base nos cu. c/ + de 10000 hab.

Fonte: INE, Cálculo Próprio

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VOL. V

Povoamento

58

50 km

1

2 34

567

8910

11

1213

14151617

18

1920

21

22

2324

25

262728

2930

313 23 3

3435

36

3738

39

40

4142

434445

46

47484950

5152

53

5455

5657

58

59

60

61

62

63

6465

66

67

68

69

70

71

7273

74

75767778

798081

82

8384

85 8687

8889

90

9192

93

94

9596

9798

99

100

101

102103

104

105 106

107

108109110

111

112

113114

115116 117118

119120

121122

123

63-Viseu64-Gouveia65-Seia66-Guarda67-Pinhel68-Castelo Branco69-Covilhã70-Fundão71-Alcobaça72-Caldas da Rainha73-Peniche74-Torres Vedras75-Amadora76-Lisboa77-Odivelas78-Loures79-Sacavém80-Queluz81-Aguálva-Cacém82-Póvoa de Santa Iria83-Vila Franca de Xira84-Alverca do Ribatejo85-Almada86-Barreiro87-Montijo88-Amora89-Seixal90-Setúbal91-Abrantes92-Entroncamento93-Tomar94-Torres Novas95-Fátima96-Ourém97-Almeirim98-Cartaxo99-Rio Maior100-Santarém101-Alcácer do Sal102-Santiago do Cacém103-Sines104-Elvas105-Ponte de Sôr106-Portalegre107-Estremoz108-Évora109-Montemor-o-Novo110-Vendas Novas111-Beja112-Moura113-Albufeira114-Faro115-Lagoa116-Lagos117-Loulé118-Olhão119-Portimão120-Silves121-Tavira122-Vila Real de Santo António123-Quarteira

1-Viana do Castelo2-Barcelos3-Braga4-Esposende5-Fafe6-Vizela7-Guimarães8-Santo Tirso9-Trofa10-Vila Nova de Famalicão11-Espinho12-Gondomar13-Rio Tinto14-Maia15-Matosinhos16-São Mamede de Infesta17-Porto18-Póvoa de Varzim19-Valongo20-Ermesinde21-Vila do Conde22-Vila Nova de Gaia23-Amarante24-Lixa25-Felgueiras26-Marco de Canaveses27-Paços de Ferreira28-Freamunde29-Paredes30-Penafiel31-Santa Maria da Feira32-Fiães33-Lourosa34-Oliveira de Azeméis35-São João da Madeira36-Vale de Cambra37-Lamego38-Peso da Régua39-Vila Nova de Foz Côa40-Vila Real41-Bragança42-Chaves43-Macedo de Cavaleiros44-Miranda do Douro45-Mirandela46-Valpaços47-Águeda48-Aveiro49-Ílhavo50-Gafanha da Nazaré51-Ovar52-Esmoriz53-Cantanhede54-Coimbra55-Figueira da Foz56-Leiria57-Marinha Grande58-Pombal59-Oliveira do Hospital60-Mangualde61-Santa Comba Dão62-Tondela

Fonte: INE

Figura 30: Designação das Cidades Oficiais de Portugal Continental em 2002

Page 59: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

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50 km

# Cidades

Antes de 1970 Entre 1970 e 1980

Entre 1980 e 1990 Depois de 1990

Fonte: INE

Figura 31: Data de Criação das Cidades em Portugal Continental

Page 60: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

60

50 km

Milhareshabitantes

500250125

NUTS III

Perímetro da cidade

Fonte: INE, elaboração própria

Figura 32: População Residente nas Cidades de Portugal Continental em 2001

Page 61: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

61

Quadro 8: População dos três maiores centros urbanos, desde o séc. XVI (% população total)

Lugar no Rank Centro urbano

1527 Centro urbano

1801 Centro urbano

1911

1ª Lisboa 4,9% Lisboa 5,6% Lisboa 7,3 2ª Porto 1,1% Porto 1,5% Porto 3,2 3ª Évora 1,1% Braga 0,6% Setúbal 0,5 Menor Braga 0,3% Chaves 0,2% Montijo 0,1 País 1070000 hab. 2931392 5999146

Lugar no Rank Centro

urbano 1940 Centro

urbano 1960 Centro

urbano 1970

1ª Lisboa 9,1 % Lisboa 9,0% Lisboa 10,1% 2ª Porto 3,4% Porto 3,4% Porto 4,0% 3ª Setúbal 0,5% Coimbra 0,5% Amadora 0,9% Menor Portalegre 0,1% Vila Real 0,1% Leiria 0,1% País 7755423 8889392 7611110

Lugar no Rank Centro

urbano 1981 Centro

urbano 1991 Centro

urbano 2001

1ª Lisboa 8,2% Lisboa 6,7% Lisboa 5,5% 2ª Porto 3,3% Porto 3,1% Porto 2,5% 3ª Amadora 1.0% Amadora 1,2% Amadora 1,7% Menor Buraca 0,1% V. Castelo 0,1% Amarante 0.1% País 9833014 9862540 10356117

Fonte: INE, tratamento próprio

Na década de noventa, acentuou-se a tendência de crescimento populacional das

Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto (5,6% e 8% respectivamente) enquanto as

cidades de Lisboa e do Porto têm vindo a registar uma perda significativa de

habitantes, traduzindo a reestruturação demográfico-funcional das duas metrópoles.

Quadro 9: Evolução da População Residentes nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, 1960-2001

1960 1970 1981 1991 2001 60-81 81-91 91-01 Lisboa 802230 769044 807167 663315 564657 0,6 -17,8 -14,9 AML 1524200 1839741 2502044 2540276 2682687 64,2 1,5 5,6

Porto 303424 306176 327368 302467 263131 7,9 -7,6 -13,0 AMP 835674 931125 1117920 1167800 1260680 33,8 4,5 8,0

AM`s 2359874 2770866 3619964 3708076 3943367 53,4 2,4 6,3

Continente 8292975 8074960 9336760 9371319 9869343 12,6 0,4 5,3 País 8889392 8611110 9833014 9862540 10356117 10,6 0,3 5,0

Fonte: INE

Page 62: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

62

Para além do crescimento das Áreas Metropolitanas, reforçou-se a importância das

pequenas e médias cidades traduzindo não só um aumento da dimensão populacional,

como um alargamento das áreas de influência em termos funcionais, representando

um claro reforço da “rede de cidades médias” e da “rede complementar” de cidades.

Entre 1991 e 2001, as cidades que registaram ritmos de crescimento mais elevados

foram as cidades algarvias, a área de Leiria-Marinha Grande e o conjunto de cidades

do Norte Litoral. No interior, destacam-se cidades do Centro e Norte Interior, como a

Guarda ou Mirandela. A observação do mapa relativo à variação 1991-2001 da

população do concelho e das cidades, evidencia dois aspectos importantes: a dinâmica

positiva das cidades, é acompanhada por um crescimento nos concelhos, dando a

continuidade das manchas de crescimento uma imagem da metropolização do litoral.

O confronto entre a rede de cidades e o padrão das áreas predominantemente urbanas,

para 1991 e 2001, evidencia claramente o alargamento das manchas urbanas de maior

densidade (há um nº significativo de freguesias que passam de AMU`s para APU`s),

situação particularmente evidente no Norte Litoral, no Baixo Vouga, Lezíria e

Algarve.

Os dados relativos às 40 cidades médias seleccionadas no Programa PROSIURB,

permitem evidenciar dois aspectos: por um lado, o reforço do seu peso no total da

população residente no Continente, por outro, o aumento do número de aglomerações

com mais de 50000 habitantes, contrariando a tendência de bicefalia que caracteriza

estruturalmente o território continental.

Quadro 10: Cidades PROSIURB, 1981-1991

Distribuição por escalão de dimensão (nº de aglomerações) População

<10000

10-20000

20-50000

50-160000

Total 40 cidades Continente

Peso no total

Continente

1981 1 6 27 6 40 1338463 9336760 14,3 1991 6 27 7 40 1458296 9371319 15,6

Fonte: elaborado a partir de MARQUES DA COSTA (2000)

Quadro 11: Cidades PROSIURB, 2001

Distribuição por escalão de dimensão (nº de aglomerações)

População

<10000 10-

20000 20-

50000 50-

160000 Total 40 cidades Continente

Peso no total

Continente

2001 8 21 11 40 1839049 9869343 18,6 Fonte: elaborado a partir de DGOTDU (2002b)

Page 63: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

63

50 km

Fonte: INE, 2001; SIG PNPOT, 2004

(-34) - (-19)(-19) - 00 - 1212 - 2727 - 5868

%

Cidades

Fonte: INE, 2001; SIG PNPOT, 2004

Figura 33: Variação da População por Concelho e nas Cidades de Portugal Continental entre 1991 e 2001

Page 64: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

64

50 km

Cidades Oficiais

Áreas Predominantemente Urbanas (APU)Áreas Maioritariamente Urbanas (AMU)Áreas Predominantemente Rurais (APR)

Fonte: informação INE, actualização a 2001, elaborado por SIG-PNPOT

Figura 34: Rede de Cidades e Estrutura Urbana por Freguesia em Portugal Continental em 2001

Page 65: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

65

ii) Acessibilidades e reconfiguração dos sistemas urbanos e regionais

As alterações na estrutura do povoamento têm associados dois aspectos que se

inter-relacionam:

• a reconfiguração das bacias de emprego decorrente do aumento da mobilidade

e da afirmação das cidades como centros de emprego (MARQUES DA

COSTA, E; MARQUES DA COSTA, N., 2003a);

• e uma grande expansão das áreas urbanizadas, não só porque ocorreu um

crescimento populacional, mas também por factores de natureza sócio-cultural,

tais como a valorização de habitações de dimensão média mais elevada e o

aumento das exigências de espaço público (caso dos espaços verdes, das áreas

de estacionamento, dos equipamentos desportivos e culturais, das áreas

comerciais,...) (MARQUES DA COSTA, E; MARQUES DA COSTA, N.,

SILVA, G., 2003).

No que diz respeito ao primeiro aspecto, verificamos que as cidades reforçaram a sua

posição não só em termos demográficos mas também como centros de emprego,

particularmente como centros de serviços, alargando a sua área de influência muito

para além do limite concelhio.

Este padrão decorre do aumento da motorização e da utilização do automóvel no

quotidiano. Em 1994, a taxa de motorização no território continental era de 344

veículos por 1000 habitantes, sendo que este valor assumia expressões diferenciadas

consoante as realidades concelhias apresentavam características mais rurais ou mais

urbanas. A taxa de motorização nos concelhos de Coimbra (375) ou Évora (358),

apresentava valores muito próximos ou superiores aos verificados nos concelhos da

AML e da AMP, em oposição a outros concelhos de cariz mais rural e com estruturas

demográficas mais envelhecidas, tais como Idanha-a-Nova (181), Vimioso (179) ou

Mourão (219).

Não havendo informação recente disponível sobre os níveis de motorização, recorreu-

se a uma variável relacionada, o Imposto Municipal sobre Veículos, cuja comparação

Page 66: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

66

de valores entre 1989 e 2000 poderá dar uma ideia aproximada da evolução dos níveis

de motorização e do grau de disparidade da distribuição do parque

automóvel4.(MARQUES DA COSTA, E; MARQUES DA COSTA, N., 2003a)

Numa primeira análise, o coeficiente de variação da capitação do Imposto Municipal

sobre Veículos entre os dois momentos diminui de 50,4% para 39,6%, permitindo

afirmar que se assistiu à homogeneização da motorização do País. Entre os concelhos

que registam os maiores acréscimos nos valores de Imposto Municipal sobre Veículos

por habitante, contam-se os concelhos de cariz menos urbano ou mesmo rural,

nomeadamente concelhos das envolventes das pequenas e médias cidades

1991 2001

50 km

%

30 - 4520 - 309 - 20

50 km

%

60 - 7145 - 6030 - 45

Fonte: MARQUES da COSTA, E.; MARQUES da COSTA N. (2003a)

Figura 35: Percentagem de deslocações casa-trabalho realizadas em automóvel particular, 1991-

2001 44 Para o presente objectivo, este indicador mostra-se mais fiável, uma vez que o valor do imposto entra

em linha de atenção com a qualidade e idade do parque automóvel e, simultaneamente, contorna o empolamento da taxa de motorização em alguns concelhos, decorrente da concentração de veículos de aluguer, e que alguns concelhos do Algarve são exemplo

Page 67: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

67

São os casos dos concelhos que se integram na bacia de emprego da AMP, tais como

Penafiel, Castelo de Paiva e Marco de Canavezes e ainda outros do Norte Litoral, tais

como Vila Verde, Vieira de Minho, Celorico de Basto e Amarante, na área de

influência de Braga e Guimarães. Outras situações interessantes são as que se

verificam nos concelhos envolventes a Coimbra, Évora e, em menor grau, Beja, bem

como as variações positivas verificadas nos concelhos da Lezíria e Médio Tejo, que

são igualmente expressivas do aumento da importância do automóvel em concelhos

localizados nas envolventes das localidades urbanas.

O aumento da motorização foi acompanhado pelo crescimento da utilização do

automóvel para as deslocações diárias da população, em particular as motivadas pelo

trabalho. Em 1991, cerca de um quarto (24,9%) das deslocações casa-trabalho eram

realizadas em automóvel particular (como condutor ou como passageiro), enquanto

que em 2001, o automóvel permitia mais de metade dessas deslocações (52,9%). Estes

valores adquirem maior expressão quando se consideram apenas as deslocações casa-

trabalho entre concelhos diferentes. Nesta situação, a opção pelo automóvel atingia

61% em 2001, enquanto que em 1991, esse valor era de 32,3%.

Este fenómeno está bem patente nas figuras relativas ao padrão das deslocações casa-

trabalho em 1991 e 2001 e que são aqui representadas por dois índices: o de geração e

o de interdependência concelhia5. Enquanto o primeiro corresponde à intensidade de

saídas de população activa de um concelho para trabalhar noutro, o segundo índice, o

de interdependência, indica os principais destinos de trabalho dessa população que se

desloca para fora do concelho.

Da análise conjunta dos índices de geração e de interdependência concelhia resultam

as figuras onde se podem identificar os territórios com maior capacidade de

5 Índice de geração:

(total de activos que saem do concelho x) __________________________________________ x100

(total de activos no concelho x), - Índice de interdependência concelhia:

(total de activos que saem do concelho x para o concelho y) ___________________________________________________________ x 100

(total de activos que saem do concelho x),

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Povoamento

68

polarização e aqueles onde se verificam fortes relações de interdependência. Para

além disso, ressalta a relação com o sistema de povoamento.

50 km

(Total de activos que saem do concelho x)

(Total de activos no concelho x)X100

15 - 2525 - 50> 50

(Total de activos que saem do concelho x para o concelho y)

(Total de activos que saem do concelho x)X100

> 75

>50

>25

Índice de Interdepedência Concelhia (%)

Índice de Geração (%)

Fonte: Marques da Costa, E. 2000

Figura 36: Índice de Interdependência e de Geração Concelhio em 1991

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69

50 km

(Total de activos que saem do concelho x)

(Total de activos no concelho x)X100

15 - 2525 - 50> 50

(Total de activos que saem do concelho x para o concelho y)

(Total de activos que saem do concelho x)X100

> 75

>50

>25

Índice de Interdepedência Concelhia (%)

Índice de Geração (%)

Fonte: Marques da Costa, E. e Marques da Costa, N. 2003a Figura 37: Índice de Interdependência e de Geração Concelhio em 2001

Page 70: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

70

No Norte Litoral, para além da Área Metropolitana do Porto, área de forte capacidade

polarizadora, destacam-se Braga, Guimarães, Viana do Castelo, Valença e um

conjunto de concelhos dependentes do Porto em termos de emprego, a sua maioria a

sul do Douro, penetrando para o interior, como Paredes, Marco de Canavezes,

Cinfães, entre outros.

No Norte Interior, as deslocações pendulares são mais reduzidas mas, no entanto, é

possível identificar alguns pólos de atracção, correspondentes às cidades de maior

importância regional. Casos de: Chaves, que polariza Boticas e Valpaços; de

Bragança, que enquadrava em 1991, Vinhais e Macedo de Cavaleiros e Miranda do

Douro. Para além dos pólos anteriormente referidos, existe um sistema composto por

Vila Real-Régua-Lamego, que atrai activos de um vasto território envolvente.

Na Região Centro, identificam-se vários sistemas regionais assentes nas várias

cidades médias que compõem a rede urbana. Em primeiro lugar, destacam-se os

sistemas encabeçados por Coimbra e por Viseu. Para além destes dois pólos, é

possível encontrar sistemas onde as relações de interdependência são significativas:

• um sistema tripolar constituído por Feira, S. J. Madeira e Oliveira de Azeméis,

que envolvem ainda Arouca, Vale de Cambra e Ovar;

• um sistema bipolar constituído por Aveiro e Águeda, que envolvem a Murtosa,

Estarreja, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Anadia, Oliveira do Bairro,

Vagos, Mira e Ílhavo (muito embora, Ílhavo, Estarreja e Anadia, estabeleçam

atracção de outros concelhos envolventes);

• e um sistema bipolar definido por Leiria-Marinha Grande, que para além da

interacção mútua, atraem população de Ourém, Pombal, Batalha, estendendo

em 2001, a sua influência a Porto de Mós.

No Centro interior a situação é um pouco diferente do litoral, identificando-se quatro

grupos distintos:

• Guarda;

• Castelo Branco;

• o sistema de Oliveira Hospital-Gouveia-Seia;

Page 71: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

71

• o sistema formado pela Covilhã-Fundão-Belmonte

Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, a primeira evidência é o aumento da área de

influência de Lisboa estende-se para além dos concelhos que compõem a AML,

particularmente em relação aos concelhos situados a norte. São os casos de Torres

Vedras, onde é já visível uma ligação a Lisboa, Benavente e Coruche, ambos com

uma forte percentagem de saídas (sendo uma parte significativa para Lisboa), o

Entroncamento, cuja ligação a Lisboa se intensificou na década de oitenta, o Cartaxo,

Salvaterra de Magos, Alpiarça, Alenquer, Arruda dos Vinhos e Sobral de Monte

Agraço.

Paralelamente, encontram-se outros sistemas:

• Santarém, que recebe activos de Rio Maior, Almeirim, Alpiarça e Alcanena;

• Abrantes, que surge como outro centro polarizador e cujo território de

dependência inclui Constância, Alandroal, Mação e Gavião;

• o eixo definido pelas Caldas da Rainha e Alcobaça, sendo que Peniche,

Óbidos, e Bombarral gravitam em torno das Caldas da Rainha, enquanto a

Nazaré e Rio Maior têm fortes relações de dependência a Alcobaça;

• e o sistema definido por Alcanena-Torres Novas-Entroncamento, embora,

mais consistente entre Torres Novas e o Entroncamento.

Há ainda outras relações que não se sobrepondo às anteriores têm um significado

importante: Alpiarça-Almeirim e o Cartaxo-Azambuja.

Na Região do Alentejo, a norte, Portalegre reforça a sua capacidade polarizadora face

a todos os concelhos contíguos (Marvão, Castelo de Vide, Crato, Monforte e

Arronches) e ainda a Nisa. Évora que polariza todos os concelhos envolventes, tendo

em 2001, estendido a sua influência a Alvito, Redondo e Mora. Quanto a Beja, em

1991 atraía mais de 25% das saídas de Ferreira do Alentejo, Alvito, Cuba, Serpa e

Vidigueira, sendo que em 2001, a sua capacidade polarizadora estende-se mais a sul e

oeste, incluindo assim os concelhos de Aljustrel e Mértola.

Para além dos concelhos liderados pelas três cidades médias, capitais de distrito

alentejanas, é ainda de referir o reforço de pequenas aglomerações como Elvas (que

Page 72: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

72

enquadra Campo Maior e Monforte), Grândola (que emprega activos de Alcácer do

Sal), Estremoz e Ponte de Sôr.

Na Região do Alentejo, apenas é possível encontrar conjuntos de dois ou mais

concelhos que definem quadros de interdependência mais fortes, sendo que a baixa

densidade populacional não permite que se configurem eixos ou sistemas urbanos.

São os casos de Borba-Vila Viçosa-Alandroal e Santiago do Cacém-Sines, que

embora com fortes relações de interdependência, não definem um continnum urbano,

como é possível identificar no norte e centro do país.

A Região do Algarve, é polinucleada reflectindo a presença de várias cidades e

sistemas de cidades tais como: Lagos que atrai mais activos de Vila do Bispo e, em

2001, também de Aljezur; Portimão que polariza Monchique, Lagos e Lagoa; Lagoa

que se relaciona preferencialmente com Silves e Portimão; o sistema de Albufeira-

Faro-Olhão-Loulé e São Brás de Alportel, alargando a sua acção a Tavira, que por sua

vez se integra com Olhão (de referir que este sistema surge em 2001 mais integrado

que dez anos antes); e o eixo de Vila Real de Santo António-Castro Marim, que face

ao crescimento da parte ocidental do concelho de Castro Marim, estende a sua

influência a Tavira.

Este quadro de interdependências de mão-de-obra, traduz as transformações

económicas, demográficas e sociais que ocorreram nas últimas décadas, ao mesmo

tempo que permite uma nova leitura sobre o sistema urbano, económico e social.

Efectivamente estas dinâmicas estão interrelacionadas com as dinâmicas de emprego

e da actividade económica e, simultaneamente, com a melhoria das acessibilidades e o

aumento da mobilidade das famílias.

Outros factores que justificam o aumento dos fluxos (geração) de activos para o

exterior do concelho de residência são, sem dúvida, as mudanças na estrutura

demográfica e da população activa em muitos dos concelhos do país. A par do

envelhecimento da população, mantém-se ou reforçam-se as taxas de actividade, com

implicações num incremento da mobilidade intra e extra concelhia que se reforçou em

muitos concelhos do país.

Page 73: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

73

Quadro 12: Evolução da Taxa de Actividade 1981-2001

Taxa de Actividade Variação da

População Activa

Variação da População Residente

Variação da Taxa de

Actividade NUT

1981 1991 2001 81/91 91/01 81/91 91/01 81/91 91/01 Continente 39,4 42,1 48,6 7,2 21,1 0,4 4,9 6,9 15,4 Norte 38,7 43,2 48,2 13,7 18,2 1,8 6,0 11,7 11,5 Centro 38,0 39,4 45,3 1,0 18,9 -2,4 3,4 3,4 15,0 Lisboa e Vale do Tejo 41,6 43,3 51,3 5,1 24,0 0,9 4,7 4,1 18,4 Alentejo 36,4 36,9 44,4 -4,7 18,3 -6,0 -1,7 1,4 20,3 Algarve 37,2 41,1 49,1 16,5 37,1 5,5 14,8 10,4 19,5 Alguns Concelhos Amares 32,8 35,6 43,1 10,2 33,7 1,4 10,6 8,7 21,0 Figueiró dos Vinhos 35,9 33,1 40,7 -15,7 12,7 -8,5 -8,3 -7,9 23,0 Pedrogão Grande 37,7 29,3 34,8 -38,2 12,8 -20,5 -5,0 -22,3 18,7 Penamacor 31,2 25,9 29,8 -29,3 -6,0 -14,8 -18,4 -17,0 15,1 Sardoal 30,8 31,9 38,9 -8,7 12,7 -11,8 -7,5 3,6 21,8 Arraiolos 40,9 38,9 45,0 -12,2 8,2 -7,6 -6,5 -5,0 15,7 Monchique 38,9 37,7 40,8 -26,2 3,4 -23,9 -4,4 -3,0 8,2

Fonte: elaborado a partir de INE, RGP (1981, 1991 e 2001)

Assim, paralelamente ao processo de afirmação das aglomerações urbanas, verifica-se

um crescimento populacional ao longo dos eixos rodoviários, situação mais evidente

no litoral, mas também em algumas áreas do interior melhor servidas por infra-

estruturas rodoviárias. Poderemos então afirmar que o processo de urbanização se vai

consolidando através da integração dos núcleos rurais limítrofes, num modelo de

maior dispersão territorial. Este modelo assenta no recurso ao transporte individual,

pelo que não será de estranhar que foram muitos dos concelhos que compõem estas

NUT III que registaram maiores acréscimos nos níveis de motorização e na utilização

do transporte individual nas deslocações diárias.

Page 74: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

74

4.2.5. Urbanização e dinâmica habitacional

A presente análise procura verificar a relação entre a expansão urbana e a ocupação

do território pela função residencial. Paralelamente procurar-se-á analisar,

comparativamente, as características dos alojamentos de Portugal e da UE-15,

fazendo-se breves referências às políticas que enquadram o sector.

A questão da habitação em Portugal parece ter-se alterado de forma radical nos

últimos trinta anos. De um discurso centrado no problema da carência de alojamentos,

na qualidade dos mesmos e nos seus equipamentos complementares (cf. FERREIRA,

1987), passou-se para uma discussão em torno da existência, ou não, de um excesso

de oferta face aos actuais quantitativos populacionais. Para entendermos a alteração

radical do discurso teremos de atender a que o período que separa estas duas visões

foi pródigo em transformações económicas, sociais e infra-estruturais, acompanhadas

por importantes modificações na forma como consumimos e nos apropriamos do

espaço.

A leitura que será tida neste ponto terá em conta a evolução do sector da habitação,

tendo em atenção as alterações que a sociedade portuguesa tem vindo a sofrer, não

esquecendo que o desempenho da componente habitação é fundamental para a

concretização dos objectivos de coesão social e de diminuição da exclusão social.

4.2.5.1 Enquadramento de Portugal na UE e na Península Ibérica

O enquadramento do sector da habitação em Portugal em relação à União Europeia,

pressupõe a análise comparativa das características da oferta e consumo de habitação

e das políticas de habitação desenvolvidas no âmbito comunitário e nacional, pelo que

poderemos sub-dividir este breve exercício em dois pontos. No primeiro, serão

brevemente comparados os valores relativos à habitação na União Europeia e no

Page 75: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

75

segundo, serão de forma sintética comparadas as intervenções públicas no sector da

habitação nos diversos Estados da União Europeia.

A comparação da evolução do sector da habitação em Portugal e nos países da União

Europeia, permite evidenciar o crescimento que ocorreu no nosso país neste sector.

Em 2001, o número de alojamentos por 1000 habitantes era de 484, valor que se

encontra acima da média da União Europeia (453‰), quando em 1980 a oferta de

habitação se encontrava bastante abaixo da média da UE-15 (349‰ contra 398 ‰).

O valor da Bélgica é o de 1991

Fonte: Housing Statistics in the European Union 2002

Figura 38: Alojamentos por 1000 habitantes, 2001

A produção de nova habitação no conjunto da União apresenta tendências bastante

contrastadas. Se atendermos à evolução do volume de alojamentos construídos em

1980, 1990 e 2000, verifica-se que apenas Espanha e Portugal apresentaram

dinâmicas crescentes, sucessivamente nos três momentos, embora outros países como

a Grécia, a Finlândia ou a Irlanda tenham apresentado ritmos de construção de novos

alojamentos relativamente mais elevados.

Por outro lado, um outro conjunto de países apresentou quantitativos sucessivamente

decrescentes e relativamente modestos de nova construção. São os acasos da Bélgica,

do Reino Unido, da Dinamarca e da Itália. O reduzido crescimento demográfico que

ocorreu nestes países durante este período explicará, parcialmente, a reduzida

0

100

200

300

400

500

600

Grécia

Finlân

diaFra

nçaSu

écia

Portug

al Itália

Dinamarc

a

Espanh

a

Alemanh

a

Reino

Unido

Holand

aÁu

stria

Bélgic

a

Luxem

burgo Irla

nda

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VOL. V

Povoamento

76

actividade de construção. No entanto, importa destacar que o ritmo de crescimento de

novos alojamentos durante as últimas três décadas na Europa, não resulta somente do

comportamento demográfico dos diversos Estados-Membros, mas também de um

outro conjunto amplo de factores, com destaque para a relativa carência sentida em

alguns países no inicio dos anos 70, como é no caso de Portugal que apresentava uma

capitação de alojamentos francamente abaixo da média europeia e que nos últimos

vinte anos inverteu a situação.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Bélgic

a

Reino U

nido

Dinamarc

a Itália

Grécia

Holand

aFra

nça

Irland

a

Áustri

a

Alemanh

a

Luxem

burgo

Finlân

diaSué

cia

Espan

ha

Portu

gal

UE15

1980 1990 2000

Fonte: Housing Statistics in the European Union 2002

Figura 39: Alojamentos construídos por 1000 habitantes em 1980, 1990, 2000

Paralelamente, as alterações ocorridas nos modelos familiares, com repercussão na

diminuição da dimensão média das famílias, contribuíram igualmente para o aumento

da necessidade de alojamentos. A diminuição sentida em todos os países da União

Europeia, mas em particular na Irlanda, Holanda e Portugal, contribuiu para aumentar

a procura sobre o mercado de habitação, uma vez que, para os mesmos quantitativos

populacionais, se observa a necessidade de aumento de alojamentos familiares.

Por outro lado, o aumento da habitação secundária e a proliferação de alojamentos

ligados à actividade turística, tem vindo a ganhar maior expressão na generalidade dos

países europeus, mas, naturalmente, adquirem maior significado naqueles cuja

capacidade de atracção de fluxos turísticos é maior, como resposta, tanto à procura

Page 77: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

77

interna como à procura externa, destacando-se os exemplos de Portugal, Espanha e

Grécia.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Irland

a

Portug

al

Finlân

dia

Luxem

burgo

Holand

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Bélgic

aFra

nça

Espan

haGréc

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Dinam

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Reino U

nido

Alemanh

aSu

écia

Itália

<1919 1919-1945 1946-1970 1971-1980 >1980

Fonte: Housing Statistics in the European Union 2002

Figura 40: Estrutura do parque habitacional segundo o ano de construção, 2001

A idade do parque habitacional constitui outro elemento que diferencia os quinze

países da União Europeia e que não deixa de ser revelador das diferentes políticas

urbanas seguidas e da forma como se tem intervido no sentido da conservação do

parque habitacional. A França e a Dinamarca são os países que, apresentam maior

peso de alojamentos anteriores a 1946, enquanto a Irlanda, Portugal e a Finlândia

apresentam um parque habitacional mais novo composto, particularmente, por

alojamentos construídos após 1980. A Espanha apresenta também um parque

relativamente recente, onde predominam os alojamentos construídos após 1970.

Também nas características dos alojamentos se podem encontrar diferenças bem

acentuadas no espaço da União Europeia. Em relação à tipologia dos alojamentos, no

que se refere à dimensão média e ao número médio de assoalhadas, Portugal apresenta

dos menores valores relativos à área dos novos alojamentos, mas, pelo contrário, em

relação ao número de assoalhadas esse valor é relativamente mais elevado no contexto

europeu.

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Dinamarc

aGréc

ia

Bélgic

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nça

Alemanh

a

Luxem

burgo

Espa

nha

Áustria

Irland

a

Finlân

diaSu

écia

Portug

al Itália

Reino U

nido

O valor do Reino Unido é o de 1996

Fonte: Housing Statistics in the European Union 2002

Figura 41: Área média dos alojamentos novos construídos em 1998/2001 (m2)

Segundo estes dados, verificamos que a tipologia dos alojamentos construídos mais

recentemente em Portugal corresponderá a um T3, relativamente pequeno (82,2m2),

apresentado o Reino Unido a situação mais próxima, embora com uma área média

ainda inferior.

0

1

2

3

4

5

6

Bélgic

aIrla

nda

Alemanh

a

Luxem

burgo

Espan

ha

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nido

Portug

alFra

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Holand

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Finlân

diaSu

écia

Itália

Áustr

ia

Dinamarc

aGréc

ia

O valor do Reino Unido é o de 1996

Fonte: Housing Statistics in the European Union 2002

Figura 42: Número médio de divisões dos alojamentos novos construídos em 1998/2001

Na União Europeia o mercado de arrendamento apresenta uma expressão inferior ao

regime de propriedade do alojamento por parte do residente. Nas posições extremas

Page 79: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

79

encontramos a Alemanha e a Espanha. No primeiro caso, verifica-se a presença de um

forte mercado de arrendamento sendo este o regime maioritário (o único caso nos

quinze) de disponibilização de habitação, enquanto a Espanha apresenta o menor peso

do mercado de arrendamento. Portugal, tal como a maioria dos Estados da União

Europeia, apresenta um peso elevado de alojamentos ocupados pelo proprietário,

sendo, naturalmente, pouco importante a quota dos alojamentos em regime de

arrendamento, semelhantes à Finlândia e ao Luxemburgo.

0

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30

40

50

60

Alemanh

a

Holan

da

Dinamarc

aSu

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Áustria

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Reino U

nido

Finlân

dia

Portug

al

Luxem

burgo Itál

ia*

Bélgic

aGréc

iaIrla

nda

Espan

ha

Valor de 1990

Fonte: Housing Statistics in the European Union 2002

Figura 43: Percentagem de alojamentos arrendados ou cooperativos, 1999

Apesar de ser reconhecido que a qualidade da habitação constitui um pilar para a

concretização dos objectivos de coesão social, as políticas de habitação na Europa

têm-se apresentado relativamente débeis. Nos últimos quarenta anos, poderemos

identificar três vectores na sua orientação: a regulamentação das normas relativas à

habitação, salvaguardando as condições mínimas de qualidade e segurança dos

alojamentos; o controle do mercado de arrendamento, nomeadamente através da

imposição de limites aos valores das rendas; o fornecimento, em regime de

arrendamento de habitação de carácter social (WINTHER, 1996).

Contudo, encontramos diferenças significativas entres as intervenções assumidas em

cada um dos países da União no campo da habitação. Um conjunto de estados

(Holanda, Suécia e Reino Unido) intervém de forma muito significativa no mercado

da habitação, através da oferta de alojamentos sociais e por uma despesa elevada no

Page 80: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

80

âmbito da política de habitação (mais de 3% do PIB na segunda metade dos anos

noventa, segundo WINTHER, 1996).

Outro conjunto de países, apresentam um mercado privado para arrendamento

importante, tendência que é reforçada pela importância da despesa pública com a

política de habitação. São exemplos a Alemanha, a Áustria, a França e a Dinamarca.

Os restantes países apresentam uma situação diferenciada, mas caracterizam-se pela

importância da habitação própria e pelo reduzido peso da habitação social e da

despesa pública no sector da habitação. Deste conjunto, Portuga l, Espanha e Grécia

destacam-se pela importância da habitação própria, pela reduzida oferta de habitação

social e pela oferta de habitação no mercado de arrendamento pouco qualificada e em

declínio e, por uma despesa pública, com a política de habitação, bastante reduzida.

Em Portugal, a intervenção sobre o sector privado de arrendamento, em particular

através da limitação dos valores das rendas, trouxe consigo efeitos negativos,

nomeadamente na redução da qualidade da oferta, na degradação do parque

habitacional e na diminuição do investimento no sector. A promulgação e manutenção

da lei de condicionamento das rendas, levou a que, em pleno anos setenta, existissem

numerosas rendas nas cidades de Lisboa e Porto que não eram actualizadas desde os

finais dos anos quarenta, com o consequente impacte negativo na manutenção do

parque habitacional.

Em oposição, a aquisição de habitação própria tem vindo a assumir cada vez maior

peso, favorecida pela diminuição dos juros, mas também pelos incentivos fiscais,

forma que Portugal, tal como a generalidade dos estados europeus, tem encontrado

para intervir no mercado. Esta situação tem conduzido a alguns problemas no domínio

da manutenção, que tenderá a ser mais evidente à medida que se verifica o

envelhecimento, tanto dos edifícios como dos seus ocupantes. Por outro lado, a

aquisição de habitação própria tem condicionado a mobilidade residencial, situação

que não se tem adequado à maior mobilidade que se tem vindo a verificar no mercado

de trabalho, reflectindo-se no aumento da amplitude dos movimentos pendulares, com

a consequente diminuição da qualidade de vida das famílias.

O alojamento social tem perdido importância relativa, tanto em Portugal como na

generalidade dos países da União. As intervenções têm vindo a ser direccionadas para

Page 81: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

81

a qualificação e restauro do parque habitacional social e pela substituição da

promoção de habitação social pela atribuição de subsídios de alojamento. Esta

alteração poderá contribuir para o objectivo de maior coesão social e diminuição da

exclusão social, uma vez que diminui a estigmatização que se associa à habitação

social e permite uma maior integração dos extractos sociais menos solventes.

No que se refere a Portugal serão de realçar, no passado recente, algumas intervenções

no âmbito da política de habitação. Em primeiro, o Plano Especial de Realojamento

(PER), destinado exclusivamente às Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, e que

visava a erradicação de barracas. Através do PER, era apoiada a aquisição ou

reabilitação de fogos para as famílias abrangidas pelo Plano, através de um regime

especial de apoio financeiro disponibilizado aos municípios pela administração

central.

Nas restantes regiões do País implementaram-se os “Acordos de Colaboração” que se

apresentavam com uma configuração semelhante ao PER, mas beneficiando de

menores bonificações das taxas de juro.

Poderemos também referir o Programa de Construção de Habitações Económicas

(Decreto-Lei nº 164/93). Este programa era direccionado às empresas de construção,

para que estas construíssem grandes conjuntos habitacionais em terrenos públicos,

permitindo que parte dos fogos fossem vendidos em regime livre e outra parte a

custos controlados.

Para além destas intervenções são de apontar os regimes de comparticipação para a

recuperação e reabilitação de edifícios e os incentivos ao arrendamento a jovens. O

peso da recuperação e reabilitação é hoje muito reduzido, representando cerca de 7%

do mercado de construção global, valor bastante mais baixo que o verificado na

União.

Atendendo às condições de degradação do parque habitacional, torna-se prioritário a

recuperação do edificado, colocando no mercado um conjunto significativo de

alojamentos, diminuindo a pressão sobre o espaço urbanizável e contribuindo para a

revitalização dos centros urbanos. Os programas de incentivo ao arrendamento a

jovens permitem, por um lado facilitar o acesso à habitação a um escalão etário da

população que apresenta maiores dificuldades de acesso, e ,por outro, contribuir para

Page 82: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

82

a revitalização demográfica e económica de áreas urbanas com maiores problemas de

envelhecimento e declínio funcional e económico.

Quadro 13: Algumas iniciativas no âmbito da Política de Habitação durante os anos noventa

Ano Iniciativas

1992 Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis Arrendados (RECRIA), que tem como objectivo recuperação de fogos e imóveis de arrendamento em estado de degradação, mediante a concessão de incentivos pelo Estado (INH) e pelos municípios.

1992 Incentivo ao Arrendamento por Jovens (IAJ), Decreto-Lei nº162/92, de 5 de Agosto, com posteriores revisões

1993 Programa Especial de Realojamento nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto (DL Nº 163/93, 7 de Maio), criado com vista à erradicação das barracas existentes nos concelhos abrangidos pelas referidas áreas metropolitanas.

1996

Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Áreas Urbanas Antigas (REHABITA), instituído pelo Decreto-Lei n.º 105/96, de 31 de Julho, consiste numa extensão do Programa RECRIA e visa apoiar financeiramente as câmaras municipais na recuperação de zonas urbanas antigas

1996

Regime Especial de Comparticipação e Financiamento na Recuperação de Prédios Urbanos em Regime de Propriedade Horizontal (RECRIPH), criado pelo D.L. n.º 106/96, de 31/07, visa apoiar financeiramente a execução de obras de conservação e beneficiação que permitam a recuperação de imóveis antigos, constituídos em regime de propriedade horizontal

2001

SOLARH, programa destinado à realização de obras de conservação ordinária ou extraordinária e de beneficiação de : habitação própria permanente de indivíduos ou agregados familiares que preencham as condições previstas no Decreto-Lei n.º 39/2001, de 9 de Fevereiro; habitações devolutas de que sejam proprietários os municípios, as instituições particulares de solidariedade social, as pessoas colectivas de utilidade pública administrativa que prosseguem fins assistenciais, e as cooperativas de habitação e construção; habitações devolutas de que sejam proprietárias pessoas singulares.

4.2.5.2 Retrospectiva espacial e tendências de evolução em Portugal

A evolução do número de alojamentos familiares clássicos1 aponta para um

crescimento acelerado, tendo, num período de quarenta anos, mais que duplicado o

parque habitacional. O número de alojamentos aumentou 588.543, entre 1960 e 1970;

680.669 entre 1970 e 1981; 772.083 entre 1981 e 1991 e 864.458 entre 1991 e 2001.

Contudo, as taxas de variação inter censitárias apresentam-se decrescentes (de 27,8%,

entre 1960 e 1970 a 20,8%, 1991 e 2001), correspondendo a uma diminuição relativa

do crescimento.

1 Os critérios de definição das categorias estatísticas relativos à habitação sofreram importantes alterações no decurso dos diferentes Censos. Desta forma, foram considerados os valores que maiores semelhanças apresentavam em relação ao actual conceito de alojamento familiar clássico. Em relação a 1960 foram considerados os alojamentos de famílias em prédios destinados exclusivamente ou principalmente a alojamento de famílias.

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VOL. V

Povoamento

83

Quadro 14: Alojamentos Familiares Clássicos

1960 1970 1981 1991 2001 Portugal 2.113.672 2.702.215 3.382.884 4.154.967 5.019.425Continente 1.979.335 2.558.745 3.239.977 3.992.156 4.832.537RAA 78.320 80.910 75.104 83.810 92.617RAM 56.017 62.560 67.803 79.001 94.271

Fonte: INE

As Regiões Autónomas apresentaram um comportamento diferente do Continente.

Com variações mais reduzidas, as duas regiões convergiram no volume de

alojamentos, seguindo o comportamento verificado em relação à população residente.

Assim, a Região Autónoma da Madeira apresentou ritmos crescentes ao contrário dos

Açores onde o ritmo de crescimento apenas foi mais forte na década de oitenta, após o

decréscimo acentuado, em parte devido ao sismo que assolou o arquipélago a 1 de

Janeiro de 1980.

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

1960-1970 1970-1981 1981-1991 1991-2001

Continente RAA RAM

Fonte: INE, Censos de 1960, 1970, 1981, 1991 e 2001

Figura 44: Variação inter censitária do número de alojamentos clássicos (%)

Da leitura conjunta da variação de alojamentos e do número de famílias clássicas,

poderemos verificar que nos últimos quarenta anos ocorreram dois momentos em que

se verificou um maior desajuste; na década de sessenta (diferencial de cerca 23%) e

na década de oitenta (cerca de 15,5%). Pelo contrário, durante a década de setenta o

crescimento dos alojamentos foi idêntico ao das famílias, para, na década de noventa,

se ter verificado um diferencial de cerca 5%.

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VOL. V

Povoamento

84

Quadro 15: Taxas de variação de Alojamentos Familiares Clássicos e de Famílias (%)

1960-1970 1970-1981 1981-1991 1991-2001 Aloj. Famílias Aloj. Famílias Aloj. Famílias Aloj. Famílias Portugal 27,8 5,0 25,2 24,7 22,8 7,6 20,8 16,0 Continente 29,3 5,6 26,6 26,0 23,2 7,7 21,1 16,1 RAA 3,3 -7,5 -7,2 -6,0 11,6 2,1 10,5 13,1 RAM 11,7 -1,8 8,4 7,6 16,5 11,1 19,3 12,0

Fonte: INE

Tomando a relação entre o número de alojamentos familiares clássicos2 e o número de

famílias, em 1960, verificava-se uma carência absoluta3 de alojamentos no Continente

(menos de um alojamento familiar clássico por família), carência também evidenciada

nas Regiões Autónomas, onde o valor era igual à unidade. Se por um lado as carências

quantitativas eram evidentes, também as condições de habitabilidade dos alojamentos

e a qualidade dos edifícios se mostravam deficientes. Desta forma, necessidade de

colmatar estas carências habitacionais que se tinham vindo a acumular, justificaram o

crescimento dos alojamentos acima do aumento do número de famílias e num

contexto de recessão demográfica dos anos sessenta.

Quadro 16: Relação entre o número de Alojamentos Familiares Clássicos e o número de Famílias 1960 1970 1981 1991 2001 Portugal 0,95 1,15 1,16 1,32 1,38Continente 0,94 1,15 1,16 1,32 1,38RAA 1,09 1,22 1,21 1,32 1,29RAM 1,00 1,14 1,15 1,20 1,28

Fonte: INE

2 Local distinto e independente, constituído por uma divisão ou conjunto de divisões e seus anexos,

num edifício de carácter permanente, ou numa parte distinta do edifício (do ponto de vista estrutural), que considerando a maneira como foi construído, reconstruído, ampliado ou transformado se destina a servir de habitação, normalmente, apenas de uma família/agregado doméstico privado. Deve ter uma entrada independente que dê acesso (quer directamente, quer através de um jardim ou um terreno) a uma via ou a uma passagem comum no interior do edifício (escada, corredor ou galeria, etc.). As divisões isoladas, manifestamente construídas, ampliadas ou transformadas para fazer parte do alojamento familiar clássico/fogo são consideradas como parte integrante do mesmo (INE).

3 Admite-se que a cada família deverá corresponder um alojamento, considerando-se a partilha do alojamento por mais de uma família uma situação não desejável.

Page 85: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

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50 km

50 km

50 km0

(-7) - 00 - 77 - 1414 - 2121 - 3737 - 68

%

Fonte: INE, RGP 1991 e 2001

Figura 45: Variação do Número de Alojamentos, 1991 - 2001

A década seguinte, foi caracterizada pelo aumento das famílias acompanhada pela

recuperação demográfica, em grande parte sentida a partir de 1975, com o retorno de

portugueses das ex-colónias e pelo início do retorno da emigração europeia. Este

aumento populacional e do número de famílias apresentou a particularidade de ter

sido muito concentrada no tempo, gerando um súbito aumento de pressão sobre o

Page 86: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

86

mercado de habitação. A construção de novos alojamentos acelera-se, com uma com

uma componente de construção de génese ilegal.

Quadro 17: Dimensão média da família

1960 1970 1981 1991 2001 Portugal 4,0 3,7 3,4 3,1 2,8Continente 3,9 3,6 3,3 3,1 2,8RAA 4,6 4,3 3,9 3,7 3,4RAM 4,8 4,6 4,3 3,9 3,3

Fonte: INE

O final dos anos oitenta e os anos noventa caracterizam-se pelo aumento dos

alojamentos de uso sazonal, mas também pela reorganização familiar. A redução da

dimensão média da família (em 1960 a dimensão média da família era de 4 pessoas

sendo de 2,8 em 2001) tem vindo a contribuir para o acréscimo das necessidades de

habitação, enquanto que o aumento do rendimento disponível permitiu a aquisição de

segunda habitação a novos segmentos da sociedade portuguesa. Por outro lado, a

descentralização de alguns equipamentos, nomeadamente os de ensino superior, e a

maior mobilidade do emprego, têm conduzido à necessidade das famílias, ou de

alguns dos seus elementos, dividirem o tempo por mais de uma residência ao longo da

semana. Estas alterações têm conduzido ao aumento da procura de habitação e à

redução do número médio de residentes por alojamento.

Quadro 18: População Residente por Alojamento Clássico

1960 1970 1981 1991 2001 Portugal 4,2 3,2 2,9 2,4 2,1Continente 4,2 3,2 2,9 2,3 2,0RAA 4,2 3,5 3,2 2,8 2,6RAM 4,8 4,0 3,7 3,2 2,6

Fonte: INE

Como se referiu o número de alojamentos de uso sazonal tem vindo a aumentar a

ritmos expressivos. A sua importância resulta não só da aquisição para uso próprio,

como também se relaciona com a expansão da oferta do mercado turístico, não sendo

despiciente a componente de investimento/aforro. Contudo, os alojamentos de uso

sazonal têm vindo a revelar um maior grau de utilização ao longo do ano, pela

melhoria das acessibilidades e pela redução dos custos relativos de deslocação. Este

aspecto assume um carácter importante para o ordenamento do território, uma vez que

a maior frequência de utilização, gera efeitos económicos mais interessantes para os

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Povoamento

87

locais onde estes alojamentos se localizam e aumenta o volume e a qualidade da

procura de serviços a disponibilizar, a estes residentes flutuantes.

Quadro 19: Alojamentos de uso sazonal (%)

1960 1970 1981 1991 2001 Portugal - 2,8 5,4 9,1 18,4Continente - 2,8 5,5 9,2 18,6RAA - 3,1 5,4 6,9 15,5RAM - 0,8 2,2 3,8 13,6

Fonte: INE

Fonte: INE, RGP 2001

Figura 46: Percentagem de Alojamentos com Uso Sazonal, 2001

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Povoamento

88

O peso relativo de alojamentos vagos4, embora tenha quase duplicado entre 1981 e

1991, praticamente não teve alteração entre 1991 e 2001. A simples leitura destes

valores poderá levar-nos a afirmar que este constituirá o stock habitacional expectante

do mercado nacional.

Quadro 20: Alojamentos vagos (%)

1960 1970 1981 1991 2001 Portugal - - 5,6 10,6 10,8Continente - - 5,6 10,7 10,9RAA - - 6,9 9,5 9,9RAM - - 4,2 6,7 10,5

Fonte: INE

Em termos regionais, atendendo à densidade de alojamentos, podemos verificar que a

distribuição de alojamentos segue naturalmente a distribuição da população residente,

não se tendo alterado significativamente entre 1991 e 2001. Não constituindo uma

referência de grande interesse, os mapas relativos à densidade de alojamentos, dão

contudo, uma boa imagem da pressão sobre o uso do solo com que alguns dos

concelhos do Continente se debatem.

Analisando a variação regional entre 1991 e 2001 para o Continente, verifica-se que o

crescimento do número de alojamentos foi generalizado, embora com variações mais

significativas no litoral. Os maiores acréscimos relativos ocorreram na área que se

estende de Viana do Castelo a Aveiro, expandindo-se para o interior até Felgueiras,

Guimarães e Braga; no eixo Leiria, Marinha Grande, Alcobaça, Caldas da Rainha; na

Área Metropolitana de Lisboa, no litoral alentejano e no Algarve. No interior serão de

destacar as variações ocorridas em Bragança, Vila Real e Viseu.

Estas situações traduzem realidades que, de uma forma mais ou menos intensa,

permitem distinguir as pressões que têm vindo a ser sentidas no território. Por um lado

nas áreas de maior densidade, o crescimento resultou da procura de alojamento para

primeira habitação, por outro, em especial na áreas litorais alentejanas e algarvias, a

procura de alojamentos para segunda habitação, e uma terceira situação que resulta da

procura de alojamento por parte dos habitantes dos territórios rurais que migram para

as cidades médias mais próximas, a que acresce a procura induzida pela localização

4 Alojamento que, no momento de referência se encontra disponível no mercado da habitação. Poder-se-ão considerar as seguintes situações: para venda, aluguer, demolição, em estado de deterioração e outros motivos (INE).

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Povoamento

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em algumas dessas cidades de equipamentos de nível regional e supra-regional, que

atraem população de outras áreas do país, como seja o exemplo da instalação de

unidades de ensino superior.

Alojamentos/km2

50 km

500 a 3290100 a 50040 a 10030 a 400 a 30

Fonte: INE, RGP 1991

Figura 47: Densidade de Alojamentos por Concelhos em 1991

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Povoamento

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Os alojamentos com uso sazonal distribuem-se em duas áreas distintas, no litoral, em

particular no Algarve e Alentejo Litoral e no interior desde o Alto Alentejo a Trás-os-

Montes e Alto Minho.

Alojamentos/km2

50 km

500 a 3580100 a 50040 a 10030 a 400 a 30

Fonte: INE, RGP 2001

Figura 48: Densidade de Alojamentos por Concelhos em 2001

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Povoamento

91

Nas duas áreas metropolitanas são de destacar ainda, pelo importante peso relativo das

habitações sazonais, Sesimbra e a Póvoa do Varzim. Outros concelhos na faixa litoral

a norte de Lisboa com peso ainda significativo dos alojamentos sazonais são Peniche,

Nazaré, Figueira da Foz, Mira, Murtosa e Esposende. Estes centros têm sabido

preservar a tradição balnear do passado, atraindo por esse facto importantes fluxos.

4.2.6. Dos espaços em despovoamento às cidades em meio rural

Os espaços rurais foram durante muito tempo entendidos como espaços de produção

agrícola, perspectiva que se foi invertendo face às tendências das últimas décadas de

expansão de outras actividades e funções em meio rural ou, numa situação oposta, de

despovoamento.

A análise do povoamento, permitiu verificar que nos últimos 40/50 anos, muitas

aldeias e lugares em contexto rural, foram perdendo população, numa primeira fase

para as grandes cidades e para o estrangeiro, numa segunda fase, para as pequenas e

médias cidades que vão configurando a rede urbana nacional.

Contudo, embora a dinâmica geral do povoamento em Portugal aponte para um

declínio da população e das actividades em espaços rurais, uma leitura mais precisa

permite identificar realidades diferenciadas, que vão desde os espaços rurais na

influência de áreas urbanas ou alinhados ao longo das vias de comunicação, até aos

territórios mais marginais, correspondendo a situações bastante diversificadas do

ponto de vista demográfico e funcional. Estas especificidades territoriais explicam a

manutenção das elevadas densidades populacionais no litoral e o decréscimo das

densidades no interior num período que compreendeu 1950 a 2001.

Efectivamente, a análise relativa ao sistema urbano, permitiu verificar a importância

das acessibilidades para a integração dos espaços rurais e para o estabelecimento de

relações entre estes e as áreas urbanas. As acessibilidades e a urbanização dos espaços

desta decorrente, introduziram dois efeitos, que sendo opostos têm como resultado o

abandono da actividade agrícola: o efeito de marginalização versus efeito de

valorização do solo. A marginalização está associada a um processo de

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Povoamento

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despovoamento, enquanto os fenómenos de especulação imobiliária, estão pelo

contrário, associados às envolventes das áreas urbanas e de eixos viários, enquadrados

por altas densidades de ocupação do território.

1950 2001

50 km

Hab. /km16 - 2020 - 5050 - 100100 - 250250 - 20002000 - 9524

2

50 km

Hab. /km6 - 2020 - 5050 - 100100 - 250250 - 20002000 - 7871

2

Fonte: Recenseamento Geral da População, INE, 2001

Figura 49: Densidade Populacional por Concelho, 1950-2001

Assiste-se assim, à emergência de novas funções em espaço rural, podendo destacar-

se aqui quatro grandes grupos de funções:

• a função produtiva - a desconcentração produtiva das áreas urbanas para

espaços rurais com boa acessibilidade, que conduziram a uma maior

diversificação da estrutura produtiva dos espaços rurais com acessibilidade

(actividade industrial, logística e serviços, incluindo o comércio, ou a

valorização de produtos tradicionais). Este fenómeno é particularmente

evidente a norte da AML ao longo da A1, mas podem-se referenciar outros

exemplos como em Coimbra, Viseu ou o Algarve;

Page 93: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

93

• a função residencial – o alargamento das bacias de emprego permitiu a

integração dos espaços rurais, tanto pela atracção de activos, como pela

urbanização induzida pela procura residencial, contribuindo para uma maior

dispersão no território. Este fenómeno é muito expressivo ao longo do litoral,

mas é igualmente evidente nas cidades médias do interior;

• a função turística e recreativa (que é também suporte de uma função

produtiva) – o que corresponde a uma diversificação do sistema produtivo

baseado em vantagens comparativas endógenas, tais como o aproveitamento

dos recursos naturais e patrimoniais, no sentido do desenvolvimento da

actividade turística. Vejam-se os casos onde uma bem sucedida política de

valorização de aldeias históricas na Região Centro, que em muito tem

contribuído para a animação de espaços rurais.

• e a função de sustentabilidade ambiental, vertente que importa reforçar e de

que se podem apontar os exemplos do Douro, onde a preservação ambiental

decorre em simultâneo a um processo de valorização económica deste

território, contribuindo para formas de gestão sustentáveis que respondam ao

quadro de orientações de política do EDEC.

Informação CORINE de 1991, permite classificar os concelhos do país segundo o tipo

de ocupação do solo, tendo na presente análise sido simplificadamente considerados 3

tipos de uso: o artificial (correspondente às “Áreas artificiais”), o agrícola

(correspondente às “Áreas com ocupação agrícola”) e o restante (o que inclui a

“Floresta” e os “Meios semi-naturais”)5.

No entanto, é importante sublinhar que a informação tratada dá uma leitura estática da

realidade de 1991, não permitindo avaliar a intensificação da urbanização e da

mobilidade individual ocorrida no país, na última década.

Procurando obviar esta limitação de informação, foi considerada uma variável

adicional relativa 1991-2001: a variação do nº de alojamentos, no sentido de obter 5 Nomenclatura de ocupação do solo ao Nível I:

- “Áreas Artificiais” (ao Nível II, inclui zonas com dominância de habitação, zonas com revestimento dominante artificializado, zonas alteradas artificialmente sem vegetação, zonas verdes ordenadas);

- “Áreas com ocupação agrícola”; - “Floresta”; - “Meios semi-naturais”

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Povoamento

94

uma visão dinâmica da expansão urbana. Paralelamente, considerou-se informação de

2002 relativa ao desempenho da actividade agrícola, sintetizada numa tipologia

apresentada pelo MADRP, em 2002 (CEG, 2004).

Da análise da distribuição das “Áreas artificiais” e “Áreas com ocupação agrícola”, no

Continente, em 1991, evidenciam-se os concelhos, que tendo uma elevada

percentagem de solo com uso agrícola, são também aqueles onde o solo artificial (o

que inclui as áreas urbanas) tem maior peso.

0 40 80Km

N

% solo agrícola(média = 49,0)

Posição relativa do concelhoface à média da distribuição

Fonte: Corine (uso do solo), 1991

% Solo artificializado(média = 2,3)

Fonte: CEG (2004)

Figura 50: Relação entre a percentagem de “Áreas com ocupação agrícola” e as “Áreas artificiais”, Continente, 1991

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Povoamento

95

Casos das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto e suas envolventes, o que inclui

os concelhos do norte litoral e de toda a região Oeste, Lezíria e Vale do Tejo,

concelhos onde a pressão sobre o uso do solo é muitíssimo elevada.

Se no caso dos concelhos da região de Lisboa, a pressão urbanística concorre com

uma “agricultura competitiva” (MADRP, 2002), no caso do norte litoral, o modelo de

urbanização é enquadrado por uma “agricultura frágil” (MADRP, 2002),

evidenciando assim a componente actividade em tempo parcial.

Posição relativa do concelhoface à média da distribuição (a)

Fonte: INE, Censos 1991 e 2001 Corine (uso do solo), 19910 40 80Km

N

Var. nº alojamentosentre 1991 e 2001 (%)

(a) a média da variação de ambas as variáveisnão tem em conta as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto

% Solo artificializado

Fonte: CEG (2004)

Figura 51: Relação ente a percentagem de “áreas artificiais” (em 1991) e a variação do nº de alojamentos entre 1991-01, Continente

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Povoamento

96

Numa situação consideravelmente diferente estão os concelhos do norte interior

(nomeadamente os do Douro) e do Alentejo, onde os valores de solo artificial são

mais baixos que a média nacional, ao contrário do uso agrícola que tem uma forte

expressão.

O confronto da figura correspondente à situação de 1991 com a figura que retrata a

relação entre a percentagem de “Áreas artificiais” (em 1991) e a variação do nº de

alojamentos entre 1991-01, dá uma leitura dinâmica do que se verificou durante a

década anterior.

Dinâmica Económica Competitividade Sectorial da Agricultura

Agricultura Frágil Rural Frágil

Agricultura Competitiva

Agricultura Frágil

Rural Dinâmico Agricultura Competitiva

Fonte: MADRP (2003), Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar (GPPAA)

Figura 52: Competitividade da Agricultura e Dinâmica Sócio-Económica

Efectivamente é possível identificar um conjunto de concelhos onde, na última

década, se verificou uma elevada variação no número de alojamentos construídos,

nomeadamente em concelhos cujos níveis de urbanização eram já elevados em 1991.

Casos do Norte Litoral, alguns concelhos do Algarve, assim como da margem norte

da AML.

Page 97: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

97

O cruzamento das figuras mostra assim três aspectos relevantes para o ordenamento

do território:

• o processo de urbanização dos territórios (aqui simbolizado na variável

“variação de alojamentos”) em concelhos urbanos e concelhos rurais;

• a coexistência de áreas urbanas e de maior densidade populacional, com áreas

de produção agrícola de carácter competitivo, o que se traduz em elevados

níveis de pressão sobre o uso do solo;

• o interior sul caracterizado por elevados níveis de utilização de solo para a

prática agrícola, em territórios de baixa densidade demográfica e económica.

Fenómenos semelhantes são apontados no estudo intitulado Sistema Urbano Nacional

- Rede Complementar (DGOTDU, 2002), identificando-se vários tipos de territórios

associados a 3 tipos de áreas residenciais:

• áreas rurais, despovoadas e regressivas – correspondentes a estruturas etárias

envelhecidas, com baixos níveis de actividade, onde as actividades primárias

ainda detêm grande peso;

• áreas urbano-rurais, razoavelmente povoadas, de densidade e dinâmicas

moderadas – classificadas como “áreas relativamente pouco povoadas, com

densidades razoáveis e dinâmicas residenciais estáveis ou um pouco

regressivas”, correspondendo em grande parte a freguesias onde o sector

secundário ocupa uma parte significativa dos activos;

• áreas urbanas, densamente povoadas e terciárias – áreas com uma elevada

densidade populacional e com dinâmica de crescimento elevada. Predomínio

da actividade terciária.

Refira-se contudo que a tipologia assenta em informação relativa a 1991, não tendo

por isso em conta a dinâmica de urbanização e de mobilidade que caracterizou o país

na última década.

Page 98: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

98

Fonte: DGOTDU (2002)

Figura 53: Mosaico Populacional, 1991

Page 99: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

99

Paralelamente à expansão de novas funções assiste-se a uma urbanização dos modos

de vida em meio rural. Esta mudança está também associada ao aumento da

mobilidade e à globalização de valores urbanos em meio rural tais como o acesso à

informação através dos media, a uniformização nos padrões de consumo através da

franquia e outras formas globais de venda de bens e serviços e a um generalizado

aumento da mobilidade assente no uso do transporte individual. Por outro lado, o

aumento da taxa de actividade feminina teve também implicações nos modos de vida

das famílias e na assumpção de padrões de natalidade próximos dos urbanos.

A complexidade de relações funcionais a par da tendência para a uniformização das

características da população residente, quer em meio urbano, quer em meio rural,

mostra que os espaços rurais são hoje mosaicos de funções e de identidades a ter em

linha de conta no ordenamento do território.

4.3. Identificação e breve discussão das questões que emergem para o

ordenamento do território

Nos últimos anos verificaram-se transformações na dinâmica de povoamento e de

ocupação do território, com relevância para a configuração de um modelo de

ordenamento do território, que importa sintetizar.

Sistema de Povoamento:

• A concentração da população no litoral constitui uma tendência pesada de

concentração na ocupação do território do País, que se acentuou na segunda

metade do século XX;

• tendência de concentração da população nos lugares de maior dimensão,

realçando-se a dinâmica de urbanização e de reconfiguração dos sistemas

urbanos e regionais;

• decréscimo da população rural mais acentuado que nos países da UE, onde

se tem verificado uma relativa estabilização das populações rurais;

Page 100: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

VOL. V

Povoamento

100

Urbanização e Sistema Urbano:

• crescimento do número e dimensão dos aglomerados urbanos, expressando

a tendência de urbanização a que se tem assistido nos últimos 30 anos;

• evolução positiva nos critérios para a definição e contabilização do fenómeno

de urbanização. No entanto, é de realçar a necessidade de reflectir num

critério, que não terá de ser exclusivamente demográfico, que sirva de

base ao estabelecimento de uma política de cidades;

• aumento dos quantitativos populacionais das Áreas Metropolitanas de

Lisboa e do Porto;

• afirmação das pequenas e médias cidades, sendo de realçar os seguintes

aspectos:

• dinâmicas de crescimento positivas, traduzindo não só um aumento

da sua dimensão populacional, como num alargamento das

áreas de influência em termos funcionais, o que representa um

claro reforço daquelas que podem ser chamadas “rede de cidades

médias” e “rede complementar”;

• consolidação dos sistemas urbanos regionais emergentes na

década de oitenta. São os casos das redes policêntricas da Região

Centro, Algarve, Norte litoral, assim como, da margem norte da

AML.

• alargamento dos perímetros urbanos que se traduz na configuração

de tecidos urbanos com um padrão mais disperso e descontínuo,

em muito dependente das acessibilidades e do modo de transporte

individual;

• dispersão da função residencial nas coroas de Lisboa e Porto, mas

igualmente das pequenas e médias cidades traduzindo a

suburbanização e periurbanização das pequenas e médias

cidades;

• relacionado com o fenómeno anterior, verifica-se um alargamento

das bacias de emprego associado a um aumento da mobilidade dos

activos e a um reforço da capacidade polarizadora das cidades. A

diminuição dos custos relativos das deslocações contribuiu

igualmente para o aumento das deslocações casa-trabalho utilizando

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Povoamento

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o veículo próprio (em 1991 esse valor era de 24,9, atingindo-se

52,9%, em 2001, ao mesmo tempo que o parque automóvel de

ligeiros e pesados passou de 3,6 para 6,9 milhões, entre 1991 e

2000).

Habitação:

• crescimento do número de fogos construídos (em 2001, encontramos mais

do dobro dos fogos existentes em 1960) muito embora o ritmo de crescimento

tenho vindo a diminuir desde a década de sessenta (entre 1960 e 1970 a taxa

de variação foi de 27,8%, entre 1991 e 2001 de 20,7%), tendo-se passado de

um nível de carência absoluta de alojamentos (menos de um alojamento

clássico por família clássica em 1960) para níveis de disponibilidade de

alojamentos acima da média da UE15, em 2000;

• acréscimo do número de fogos não ocupados permanentemente (16,4% em

1979, 29,4% em 2001). Neste incluem-se os fogos com uso sazonal, que em

1970 representavam apenas 2,8% dos alojamentos clássicos enquanto em

2001, atingiam 18,4% do total;

• contudo, verifica-se a estabilização da percentagem de fogos vagos (10,6%

em 1991 para 10,8% em 2001);

• elevado peso de habitação própria, o que explica a rigidez na mobilidade

residencial da população;

• decréscimo do número médio de pessoas por alojamento (em 1960, 4

residentes por alojamento, em 2001, 2,06 residentes por alojamento),

acompanhando a diminuição da dimensão média da família (3,98 em 1960

para 2,84 em 2001);

• aumento da segunda habitação, não apenas sazonal mas usufruída a outros

ritmos, semanal, quinzenal, 3-4 dias por semana (caso dos estudantes e

trabalhadores deslocados);

Espaços rurais e relações urbano-rurais:

• enquadramento de novas funções em espaço rural, podendo destacar-se 4

grandes grupos de funções:

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Povoamento

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o a função produtiva - desconcentração produtiva das áreas urbanas

para espaços rurais com boa acessibilidade , que conduziram a uma

maior diversificação da estrutura produtiva dos espaços rurais com

melhor acessibilidade (actividade industrial, logística e serviços,

incluindo o comércio, ou a valorização de produtos tradicionais). Este

fenómeno é particularmente evidente a norte da AML, ao longo da A1,

mas podem-se referenciar outros exemplos como em Coimbra, Viseu

ou no Algarve

o a função residencial – o alargamento das bacias de emprego permitiu a

integração dos espaços rurais, tanto pela atracção de activos, como pela

urbanização induzida pela procura residencial, contribuindo para

uma maior dispersão no território;

o a função turística e recreativa (que é também suporte de uma função

produtiva) - diversificação do sistema produtivo baseado em

vantagens comparativas endógenas, tais como o aproveitamento dos

recursos naturais e patrimoniais, no sentido do desenvolvimento da

actividade turística;

o e a função de sustentabilidade ambiental - manutenção e preservação

do património ambiental.

• urbanização dos modos de vida em meio rural, mudança associada:

o ao aumento da mobilidade e à globalização de valores urbanos em

meio rural: uniformização do acesso à informação através dos media;

uniformização nos padrões de consumo através da franquia e outras

formas globais de venda de bens e serviços; generalizado aumento da

mobilidade assente no uso do transporte individual. Estas mudanças

são evidentes nos territórios envolventes às pequenas e médias cidades

em meio rural, sendo o seu impacto muito mais significativo no litoral,

onde o padrão de povoamento é mais disperso;

o às mudanças no padrão demográfico e no modelo familiar tradicional

das áreas rurais, aproximando-as da média nacional;

o ao aumento muito significativo da taxa de actividade feminina, com

alteração dos modos de vida das famílias e assumpção de padrões de

natalidade próximos dos urbanos;

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Povoamento

103

o ao abandono da actividade agrícola, como actividade principal,

associado à urbanização, ao envelhecimento da população, à

desvalorização da produção e à consequente diminuição do rendimento

médio disponível.

Das transformações anteriormente apontadas evidenciam-se algumas questões

relevantes para o ordenamento do território:

Povoamento, Urbanização e Sistemas Urbanos:

Apesar da tendência de urbanização que tem caracterizado o país nos últimos quarenta

anos, mantêm-se os desequilíbrios estruturais na ocupação do território, caracterizados

por um litoral mais denso e um interior mais despovoado, marcado por diferentes

níveis de acessibilidade e pelas cidades de pequena e média dimensão.

O continuado decréscimo da população rural das áreas de baixa densidade e com

deficientes níveis de acessibilidade, é outra tendência pesada sobre a qual importa

prospectivar.

A dinâmica da rede urbana e o conjunto de transformações ocorridas nos espaços

envolventes às cidades, evidenciam a necessidade de definir uma política de cidades,

que reflicta a organização dos sub-sistemas regionais, nomeadamente pela

importância que estes assumem quer como elementos estruturantes do território, quer

no estabelecimento de sistemas regionais de carácter policêntrico, quer ainda em meio

rural.

Atendendo à evolução do sistema de povoamento, torna-se particularmente relevante

reflectir sobre a dinamização dos centros urbanos em áreas em perda e sobre a criação

e consolidação de eixos de cidades no interior do país, organizados em função das

vias de comunicação.

Por outro lado, o alargamento das bacias de emprego associado ao aumento da

mobilidade e ao estabelecimento de um novo padrão de localização de actividades,

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Povoamento

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nomeadamente fora das cidades, traduz a reorganização ou a formação de sistemas ou

eixos de cidades. Neste contexto, emerge outra questão relevante para o ordenamento

do território e que diz respeito ao fenómeno de urbanização difusa, como gerador de

modelos insustentáveis de organização territorial, nomeadamente no que diz respeito à

dotação de infra-estruturas básicas ou à prestação de serviços, de entre os quais se

podem destacar a educação e os serviços de transporte colectivo. O modelo de

ordenamento do território deve ter este aspecto em linha de conta, apontando para a

qualificação e estruturação dos contínuos urbanos do litoral

A melhoria das acessibilidades e a urbanização tiveram também efeitos relevantes nos

espaços rurais: o efeito de marginalização versus efeito da valorização do solo. Estes

efeitos, sendo opostos, têm tido como mesmo resultado o abandono da actividade

agrícola. A marginalização está associada a um processo de despovoamento, enquanto

os fenómenos de especulação imobiliária, estão pelo contrário, associados às

envolventes das áreas urbanas ou de eixos viários de grande acessibilidade.

Daqui decorre a necessidade de repensar a utilidade dos instrumentos de planeamento

à escala municipal, nomeadamente, o reforço da função estratégica dos PDM`s e dos

planos intermunicipais, ao mesmo tempo que a configuração das “Grandes Áreas

Metropolitanas”, “Comunidades Urbanas” e “Comunidades Intermunicipais” deve

emergir da organização demográfica e funcional dos sistemas urbanos regionais

(expressas na configuração das bacias de emprego).

Outro aspecto a ter em conta na prospectiva do modelo territorial, é a necessidade de

reforço e a reorganização das AM’s em áreas policêntricas, no sentido da sua

afirmação à escala europeia, ibérica e nacional.

Outra questão relevante para o ordenamento do território, é a rigidez do mercado

habitacional associada à aquisição de casa própria, fenómeno que se tem traduzido

num aumento das amplitudes dos movimentos pendulares, com efeitos negativos no

tráfego, nos tempos e custos de deslocação, assim como, na qualidade de vida das

famílias. Estas características são particularmente evidentes nas Áreas Metropolitanas

de Lisboa e do Porto. Neste contexto, a introdução de modelos voluntaristas que

fomentem o desenvolvimento de estruturas policêntricas, quer do ponto de vista

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funcional, quer do ponto de vista da oferta de infra-estruturas e equipamentos

(exemplo dos equipamentos educativos, nomeadamente o pré-escolar) ganha peso.

Urbanização e dinâmica da habitação

Paralelamente à caracterização do sistema de povoamento, o estudo do sector da

habitação ganha particular ênfase, pois tem ocorrido segundo um modelo difuso que

coloca grandes problemas à gestão dos recursos e das infra-estruturas. Este

crescimento da habitação não é apenas resultado da procura da primeira residência,

mas decorre da modificação dos padrões de consumo e lazer, traduzidos num

crescimento da habitação de uso sazonal ou na expansão das actividades turísticas e

de lazer. Para além do facto de ter crescido o número de alojamentos de uso sazonal,

estes têm vindo também a revelar um maior grau de utilização ao longo do ano, pela

melhoria das acessibilidades e pela redução dos custos relativos de deslocação. Estes

aspectos assumem um carácter importante para o ordenamento do território, uma vez

que a maior frequência de utilização, gera efeitos económicos mais interessantes para

os locais onde estes alojamentos se localizam, e aumentam o volume e a qualidade da

procura de serviços a disponibilizar a estes residentes flutuantes.

Por outro lado, este fenómeno não deve ser desligado de uma política de revitalização

das áreas rurais, nomeadamente das áreas do interior, onde a residência secundária se

poderá expandir associada à recuperação das casas de família localizadas nas aldeias.

A explosão recente no mercado da habitação só pode ser cabalmente compreendida se

tivermos em conta o papel que o imobiliário tem desempenhado crescentemente

enquanto destinatário de um segmento muito significativo do aforro, que em muito

explica a expansão da segunda residência. Importa assim, desenvolver mecanismos

que permitam rentabilizar uma parte dos fogos de ocupação sazonal, através da

formalização da actividade turística nessas habitações, estimulando uma procura por

arrendamento que rendibiliza uma parte significativa do parque habitacional

construído, nomeadamente nas áreas balneares.

Por outro lado, a expansão habitacional tem associada um maior consumo de espaço

(dimensões médias mais elevadas e aumento do número de habitações com 1 e 2

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Povoamento

106

ocupantes), tendência que tem associada um aumento da pressão sobre o uso do solo e

a manutenção de perímetros urbanas alargados e descontínuos.

Outro facto a destacar, é o decréscimo de importância do alojamento social, tanto em

Portugal como na generalidade dos países da União. As intervenções têm vindo a ser

direccionadas para a qualificação e restauro do parque habitacional social e pela

substituição da promoção de habitação social pela atribuição de subsídios de

alojamento. Esta alteração poderá contribuir para o objectivo de maior coesão social e

para a diminuição da exclusão social, uma vez que reduz a estigmatização que se

associa à habitação social e permite uma maior integração dos extractos sociais menos

solventes. Os programas de incentivo ao arrendamento a jovens permitem, por um

lado facilitar o acesso à habitação a um escalão etário da população que apresenta

maiores dificuldades de acesso e ,por outro, contribuir para a revitalização

demográfica e económica de áreas urbanas com maiores problemas de

envelhecimento e declínio funcional e económico.

As mudanças no modelo familiar têm também implicações assinaláveis na expansão

habitacional e, consequentemente, no ordenamento do território. Efectivamente, nos

últimos anos, para além do envelhecimento da população que acentua as diferenças

entre as áreas mais povoados e menos povoadas, assiste-se a um crescimento dos

agregados apenas com uma ou duas pessoas, fenómeno que tem implicações nas taxas

de procura e de ocupação de alojamentos. Este aumento da procura de habitação por

parte de agregados de menor dimensão, poderá encontrar resposta na recuperação do

parque habitacional dos centros históricos das cidades, contribuindo para a sua

reabilitação e para a definição de modelos de desenvolvimento urbano mais

sustentáveis.

Por outro lado, atendendo às condições de degradação do parque habitacional, torna-

se prioritário a recuperação do edificado, colocando no mercado um conjunto

significativo de alojamentos, diminuindo a pressão sobre o espaço urbanizável e

contribuindo para a revitalização dos centros urbanos.

Page 107: PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, 2004

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Povoamento

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Espaços rurais e relações urbano-rurais:

O facto anterior levanta várias questões face à tendência de urbanização que

caracteriza o território nacional.

Uma primeira é a questão da diversificação da actividade agrícola (associada à

pluriactividade) versus especialização com intensificação nas formas de uso do solo.

Este fenómeno tem implicações diferenciadas na evolução do sistema de povoamento,

que poderá oscilar entre um padrão urbano difuso e um modelo urbano mais

compacto, onde as periferias se assumem como centros abastecedores das áreas

urbanas.

Outra questão relevante decorre da necessidade de prevenção dos conflitos no uso do

solo em áreas rurais com património natural, cultural e paisagístico a proteger.

A evolução dos sistemas regionais e a heterogeneidade de relações entre espaços

urbanos e rurais, deverão ser enquadradas nas recomendações de política apontadas

no EDEC, nomeadamente no que diz respeito às “parcerias rural-urbano”, onde são

apontadas 4 linhas de orientação específicas que importa levar em linha de conta nos

cenários prospectivos para o país:

• aceleração do processo de reestruturação agrícola e diversificação da

economia em áreas rurais;

• mobilização dos recursos endógenos, preservando as potencialidades naturais,

culturais e patrimoniais;

• desenvolvimento das economias das pequenas e médias cidades;

• promoção do desenvolvimento sustentável em áreas metropolitanas e em

regiões fortemente urbanizadas.

De acordo com o n.º9 da Resolução do Conselho de Ministros n.º76/2002 de 11 de

Abril, a elaboração do PNPOT deve contribuir para “Estruturar o território nacional

de acordo com o modelo e as estratégias de desenvolvimento económico-social

sustentável do país, promovendo uma maior coesão territorial e social, bem como a

adequada integração em espaços mais vastos, considerando as questões fronteiriças,

ibéricas, europeias e transatlânticas”. Este objectivo vem realçar a importância da

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urbanização dos territórios e dos modos de vida das populações, fenómeno que pelo

conjunto de questões que levanta (não esgotadas de forma alguma na síntese

anteriormente apresentada) se assume como um dos grandes desafios para o

desenvolvimento sustentável do país.

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Institute, University of Trier; European Agency Territories and Synergies,

Strasbourg; Centre of Geographical Studies, University of Lisbon;

Department of Economics, University of Rome Tor Vergata; Regional

Development and Policy Research Unit, University of Macedonia; The

National Institute for Regional and Spatial Analysis, NUI Maynooth; 3.

Subcontractors: Mcrit sl., Barcelona; ÖIR, Austrian Institute for Regional

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Povoamento

120

ANEXO 1

Algumas iniciativas da União Europeia com relevância na estruturação do território europeu nas

últimas duas décadas

Data Iniciativas 1973 Fundação da Conferência das Regiões Periféricas Marítimas da Europa, em Saint-Malo 1983 Assinatura da Carta de Ordenamento do Território Europeu, Torremolinos 1988 Reforma dos Fundos Estruturais 1988 Criação do Conselho Consultivo das Colectividades Regionais e Locais (88/487/CE),

composto por 42 Membros. 1991 Publicação do Europa 2000 1991 Criação do Comité para o Desenvolvimento Espacial 1992 Criação do Comité das Regiões, orgão que substituiu o Conselho Consultivo das

Colectividades Regionais 1993 Reunião em Bruxelas, de vários institutos de investigação ao nível espacial, no sentido de

afirmarem a sua importância para a configuração da política de ordenamento do espaço europeu.

1994 Publicação do Europa 2000+ 1994 Em reunião, os Ministros responsáveis pelo Ordenamento do Território, apontam a

necessidade de criar um Observatório (European Spatial Programme Observatory Network, ESPON) ao mesmo tempo que definem os princípios para uma política de ordenamento do território e as orientações políticas dos vários estados membros, conhecido como o documento de Leipzig, que constituiria a base do Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC)

1994 INTERREG II (1994-1999) 1996 Primeiro Relatório sobre a Coesão Económica e Social 1997 Primeiro documento oficial do Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário –

conhecido como o documento de Noordwijk 1999 Aprovação do Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário - Potsdam 1999 Convite à preparação da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável da UE 2000 Aprovação do “Guiding Principles for Sustainable Spatial Development of the European

Continent”, Hanover 2000 INTERREG III (2000-2006) 2001 6º Programa de Acção Comunitária em Matéria de Ambiente 2001-2010 2001 Conselho Europeu de Gotemburgo acordou numa Estratégia de Desenvolvimento Sustentável

da UE, convidando os Estados-Membros a elaborarem as suas próprias estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável

2001 Segundo Relatório sobre a Coesão Económica e Social – “Unidade da Europa, Solidariedade dos Povos, Diversidade dos Territórios”

2002 Primeiro Relatório Intercalar sobre a Coesão Económica e Social - “Unidade da Europa, Solidariedade dos Povos, Diversidade dos Territórios”

2002 Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável – Cimeira de Joanesburgo 2002 ESPON 2006 Programme – Research on the Spatial Development of an Enlarging European

Union 2002 Estudo sobre a construção de um modelo de desenvolvimento policêntrico e equilibrado do

território europeu – coordenação da Célula de Prospectiva das Periferias Marítimas 2003 Segundo Relatório Intercalar sobre a Coesão Económica e Social - “Unidade da Europa,

Solidariedade dos Povos, Diversidade dos Territórios”

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ANEXO 2

Principais iniciativas em matéria de política urbana

Data Iniciativas 1989 Projectos – Piloto, ao abrigo do Artigo 10º do Reg. 4254/88 (FEDER) 1990 "Livro Verde sobre o Ambiente Urbano" 1991 Declaração de Toronto sobre as Cidades e o seu Ambiente 1991 Criação do "Grupo de Peritos em Ambiente Urbano" 1992 Forúm Urbano Mundial 1992 Carta Urbana Europeia 1992 Conferência do Rio 1992 Agenda 21 1993 Projecto das Cidades Sustentáveis (1993-95), Grupo de Peritos em Ambiente Urbano 1993 European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions 1994 Programa URBAN – 1ª fase 1994 I Conferência Europeia das Cidades e Vilas Sustentáveis 1994 Campanha Europeia das Cidades Sustentáveis 1994 Carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade 1996 Relatório final “As Cidades Europeias Sustentáveis” 1996 II Conferência Europeia das Cidades e Vilas Sustentáveis 1996 Conferência Habitat II 1996 Programa URBAN I – 2ª fase 1997 "Rumo à Agenda Urbana na União Europeia" 1998 Desenvolvimento Urbano Sustentável na União Europeia: um quadro de acção 1999 Quadro Comunitário de Cooperação para o desenvolvimento urbano sustentável 2000 Programa URBAN II 2002 Relatório “Towards an urban Atlas: assessment of spatial data on 25 European cities

and urban areas” 2003 Nova Carta de Atenas, que tem como princípios orientadores para as “Cidades do

Futuro”, a “Coerência Social”, a “Coerência Económica” e a “Coerência Ambiental

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ANEXO 3

Principais iniciativas em matéria de desenvolvimento regional e urbano em Portugal nos últimos anos

Ano Iniciativas 1989-93 I Quadro Comunitário de Apoio 1990 Planos Municipais de Ordenamento do Território (DL Nº 69/90, de 2 de Março) 1994 Plano Estratégico de Cidade (Despacho Nº 7/94, de 26 de Janeiro) 1994-99 II Quadro Comunitário de Apoio 1994-99 PROSIURB (1994-99) Programa de Consolidação do Sistema Urbano Nacional e Apoio à

Execução dos PDM (Despacho MPAT Nº 6/94 e 7/94, DR II Série, 26 Janeiro) 1995 Qualificação oficial para a elaboração dos Planos de Urbanização, de Pormenor e Projectos de

Operações de Loteamento (DL Nº 292/95 de 14 de Novembro) 1995 Plano Nacional da Política do Ambiente (1995) 1997 Cidades Digitais (1997), M C T 1998 Lei de Bases da Política de Ordenamento do Território e de Urbanismo (Lei Nº48/98, 11 de

Agosto) 1998 Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (2000-2006) - Visão Prospectiva

(MEPAT) 1999 III Plano de Desenvolvimento Regional - 2000-2006 1999 POLIS -Programa Nacional de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades,

Despacho Nº 47/A/MAOT/99 2000-06 III Quadro Comunitário de Apoio 2000 Elaboração do estudo intitulado “Acções Específicas de Valorização das Áreas Urbanas

Fragilizadas”, Ministério do Planeamento 2001 PROQUAL - Programa Integrado de Qualificação das Áreas Suburbanas da Área

Metropolitana de Lisboa 2001 Elaboração do estudo intitulado “Acções Específicas de Valorização de Pequenas Cidades”,

Ministério do Planeamento 2001 Elaboração do estudo intitulado “Acções Específicas de Valorização de Áreas Rurais”,

Ministério do Planeamento 2002 Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável 2003 Estabelece o regime de criação, o quadro de atribuição e competências das comunidades

intermunicipais de direito público e o funcionamento dos seus orgãos - Lei Nº 11/2003 2003 Plano Nacional da Política de Ordenamento do Território 2003 Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos - PRASD 2003 Início da elaboração do Plano de Implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento

Sustentável, na sequência da conclusão da Discussão Pública da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) em 2002 e na sequência da Cimeira de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável

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Povoamento

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ANEXO 4

50 km

Lugares

Lugares (segundo o INE) em Portugal Continental em 2001

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ANEXO 5

2000000

1000000500000

Nº de Indivíduos

Regiões Urbanas

50 km

Fonte: Atlas das Cidades, INE, 2002; SIGPNPOT, 2004

População Residente nas Regiões Urbanas de Portugal Continental em 2001

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Povoamento

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ANEXO 6

50 km

56 - 6060 - 7070 - 8080 - 90> 90

Licenças concedidas para habitações Nº total licenças

x 100

%

Dinâmica Construtiva Potencial nos Concelhos das Áreas

Metropolitanas e nos Concelhos com Cidades Médias em Portugal

Continental de 1994 a 1998

Dinâmica Construtiva Efectiva nos Concelhos das Áreas

Metropolitanas e nos Concelhos com Cidades Médias em

Portugal Continental de 1994 a 1998

50 km

56 - 6060 - 7070 - 8080 - 90> 90

Habitações concluidas total edificios concluídos x 100

%

Fonte: Pressão Construtiva, INE, 2000 ; SIG PNPOT, 2004