programa de pré melhoramento de macaúba da universidade federal de viçosa sara coser final

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PROGRAMA DE PRÉ-MELHORAMENTO DE MACAÚBA DA UNIVERSIDADE 1 FEDERAL DE VIÇOSA 2 3 SARA MORRA COSER 1 ; SERGIO YOSHIMITSU MOTOIKE 1 ; CARLOS NICK 1 4 5 INTRODUÇÃO 6 A estruturação de um programa de melhoramento e formação de um banco de germoplasma 7 para a cultura da macaúba é fundamental no processo de domesticação da espécie para a 8 viabilização de cultivos racionais e sustentáveis. 9 A estrutura de um programa de melhoramento pode ser dividida basicamente em: pré- 10 melhoramento e melhoramento, onde ambos representam um processo contínuo, no qual o sucesso 11 de uma etapa depende diretamente da outra. O bom aproveitamento da diversidade presente nos 12 recursos fitogenéticos é reflexo dessa estruturação, principalmente em sua etapa inicial de pré- 13 melhoramento. 14 A etapa de pré-melhoramento engloba atividades como: conservação, regeneração, 15 caracterização e exploração da variabilidade disponível, contribuindo com: a sintetização de novas 16 populações base, a identificação de genes potenciais, disponibilizando maior quantidade de 17 informações sobre os acessos, auxiliando no estabelecimento de coleções nucleares, e assim, 18 aumentando a probabilidade de utilização dos recursos fitogenéticos. Os programas de pré- 19 melhoramento podem se tornar ainda, um elo entre os programas de pesquisa em recursos genéticos 20 e o melhoramento genético (NASS et al., 2001). 21 Outra etapa crucial para o direcionamento do programa de pré-melhoramento é o 22 estabelecimento do ideótipo da cultura, definido como modelo hipotético de planta que apresenta 23 características correlacionadas com a produtividade (BORÉM & MIRANDA, 2009). Tais 24 características são baseadas na demanda do mercado e dos produtores, de forma a atenderem as 25 necessidades fitotécnicas e financeiras da cadeia produtiva. 26 Considerando o vasto número de acessos conservados nos bancos de germoplasma e os 27 crescentes desafios para o melhoramento genético de plantas, o pré-melhoramento apresenta 28 enorme potencial para facilitar a identificação e o uso de características de interesse nos programas 29 de melhoramento. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a estrutura do 30 programa de pré-melhoramento de macaúba da Universidade Federal de Viçosa, apresentando 31 1 Rede Macaúba de Pesquisa (REMAPE) – Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia, Viçosa – MG. E-mail: [email protected] ; [email protected] ; [email protected] 1

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Artigo publicado nos anais do Congresso Brasileiro de Macaúba, em 2013.

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Page 1: Programa de pré melhoramento de macaúba da universidade federal de viçosa sara coser final

PROGRAMA DE PRÉ-MELHORAMENTO DE MACAÚBA DA UNIVERSIDADE 1

FEDERAL DE VIÇOSA 2

3

SARA MORRA COSER1; SERGIO YOSHIMITSU MOTOIKE1; CARLOS NICK1 4

5

INTRODUÇÃO 6

A estruturação de um programa de melhoramento e formação de um banco de germoplasma 7

para a cultura da macaúba é fundamental no processo de domesticação da espécie para a 8

viabilização de cultivos racionais e sustentáveis. 9

A estrutura de um programa de melhoramento pode ser dividida basicamente em: pré-10

melhoramento e melhoramento, onde ambos representam um processo contínuo, no qual o sucesso 11

de uma etapa depende diretamente da outra. O bom aproveitamento da diversidade presente nos 12

recursos fitogenéticos é reflexo dessa estruturação, principalmente em sua etapa inicial de pré-13

melhoramento. 14

A etapa de pré-melhoramento engloba atividades como: conservação, regeneração, 15

caracterização e exploração da variabilidade disponível, contribuindo com: a sintetização de novas 16

populações base, a identificação de genes potenciais, disponibilizando maior quantidade de 17

informações sobre os acessos, auxiliando no estabelecimento de coleções nucleares, e assim, 18

aumentando a probabilidade de utilização dos recursos fitogenéticos. Os programas de pré-19

melhoramento podem se tornar ainda, um elo entre os programas de pesquisa em recursos genéticos 20

e o melhoramento genético (NASS et al., 2001). 21

Outra etapa crucial para o direcionamento do programa de pré-melhoramento é o 22

estabelecimento do ideótipo da cultura, definido como modelo hipotético de planta que apresenta 23

características correlacionadas com a produtividade (BORÉM & MIRANDA, 2009). Tais 24

características são baseadas na demanda do mercado e dos produtores, de forma a atenderem as 25

necessidades fitotécnicas e financeiras da cadeia produtiva. 26

Considerando o vasto número de acessos conservados nos bancos de germoplasma e os 27

crescentes desafios para o melhoramento genético de plantas, o pré-melhoramento apresenta 28

enorme potencial para facilitar a identificação e o uso de características de interesse nos programas 29

de melhoramento. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar a estrutura do 30

programa de pré-melhoramento de macaúba da Universidade Federal de Viçosa, apresentando 31

1 Rede Macaúba de Pesquisa (REMAPE) – Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia, Viçosa – MG.

E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]

1

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resultados prévios das primeiras caracterizações e avaliações com relação à precocidade, altura do 32

primeiro cacho e produção total de espatas. 33

34

MATERIAL E MÉTODOS 35

As avaliações estão sendo realizadas no Banco de Germoplasma da Macaúba (BAG – 36

Macaúba) da Universidade Federal de Viçosa, localizado no município de Araponga – MG. O BAG 37

– Macaúba possui 253 acessos (famílias de meios irmãos) totalizando 1322 plantas de macaúba, 38

coletados em diversos estados do país, sendo o maior Banco de Germoplasma de recursos 39

fitogenéticos de macaúba registrado no mundo (registro nº 084/2013- SECEX/CGEN). A Gleba I 40

do BAG – Macaúba possui 54 acessos, com total de 347 plantas, coletados nos estados de Minas 41

Gerais e São Paulo, e introduzidos no campo em Fevereiro de 2009. 42

Os acessos estão sendo avaliados quanto à precocidade, sendo anotada a época de emissão 43

de espatas florais de cada acesso, a fim de que possam se estabelecer grupos de acessos precoces, 44

intermediários e tardios. 45

Também está sendo avaliada a altura de emissão do primeiro cacho de cada acesso, de forma 46

que tais informações possam ser úteis no posterior estabelecimento da vida útil destes, sendo esta 47

calculada em função do número de cachos emitidos até altura/idade limite de viabilidade de 48

produção. 49

Outra característica mensurada é o número de espatas florais emitidas por planta por acesso, 50

de forma que possa ser estabelecido o potencial produtivo e a relação do número total de espatas 51

emitidas e espatas viáveis/produtivas. 52

53

RESULTADOS E DISCUSSÃO 54

Dos 54 acessos presentes no BGP – Macaúba, 50 % (27 acessos) entraram na fase 55

reprodutiva até novembro de 2012, apresentando emissão de espatas florais. Destes 27 acessos, 11 56

acessos emitiram espatas no mês de agosto, enquanto 10 acessos emitiram suas primeiras espatas 57

em novembro (Tabela 1). No entanto, é possível observar que dentro de um mesmo acesso existem 58

plantas que emitiram espatas em diferentes épocas e ainda plantas que até novembro não haviam 59

emitido espatas, mesmo que as plantas possuam a mesma idade e estejam sujeitas aos mesmos 60

tratos culturais. 61

Por tratar-se de espécie de fecundação cruzada/mista espera-se que a divergência dentro de 62

acessos seja maior que entre acessos, dessa forma, justifica-se a grande variabilidade para as 63

características dentro de um mesmo acesso. Também é possível observar variação para o período de 64

emissão das espatas, ou seja, para a precocidade de produção, e caso os acessos mantenham a época 65

2

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de emissão nos próximos ciclos produtivos é possível agrupá-los em acessos precoces, 66

intermediários e tardios. 67

A altura de emissão do primeiro cacho também apresentou variabilidade entre os acessos 68

(Figura 1). O acesso com menor altura de emissão apresentou seu primeiro cacho a 40 cm enquanto 69

o com maior altura a 3,25 m. Essa característica é importante para a dinâmica de produção, quanto 70

mais baixo os cachos forem emitidos, mais facilitada será a colheita, além de também estar 71

relacionada à vida útil da planta. 72

O número total de espatas emitidas por acessos apresentou grande variação entre eles 73

(Figura 2). O acesso que apresentou o maior número emitiu um total de 28 espatas, enquanto alguns 74

apresentaram somente uma. O número de plantas que produziram espatas por acesso foi muito 75

variável. Alguns acessos, como o acesso 4, apresentaram um total de 15 espatas emitidas em 76

somente duas plantas do acesso, enquanto o de maior emissão (Família 36) apresentou 28 espatas 77

em 6 plantas. O número total de espatas produzidas por acessos e por plantas será indicativo da 78

capacidade produtiva, quando aliada a demais variáveis de interesse, como produção de óleo, peso 79

do cacho e relação cachos produzidos por cachos viáveis/produtivos. 80 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS 82

Por tratar-se de uma espécie perene, é normal que o primeiro ciclo produtivo não seja 83

representativo do real potencial dos acessos. No entanto, as informações coletadas neste ciclo 84

servem como indicativo do potencial, a ser confirmado nos anos consecutivos de produção, sendo 85

fundamentais para o direcionamento do programa de pré-melhoramento de macaúba da 86

Universidade Federal de Viçosa. 87

88

AGRADECIMENTOS 89

À PETROBRAS pelo financiamento do projeto, à FAPEMIG e CAPES pela concessão da bolsa de 90

estudo e à Universidade Federal de Viçosa pelo apoio logístico e de infraestrutura. 91

92

REFERÊNCIAS 93

BORÉM, A.; MIRANDA, G.V. Melhoramento de Plantas. 5. ed. rev. ampl. Viçosa. Editora UFV, 94 2009. 529p. 95 96

NASS, L. L.; VALOIS, A. C. C.; MELO, I. S.; VALADARES INGLIS, M. C. Recursos genéticos 97 e melhoramento de plantas. Rondonópolis: Fundação MT, 2001. 858p. 98 99

100

101

3

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Tabela 1. Época de emissão de espatas florais por plantas e acessos referentes ao ano de 2012 102

Acessos/Famílias ÉPOCA

Agosto Setembro Outubro Novembro

Número de Plantas 16 14 9 11

Número de Acessos 11 14 8 10

103

0.00

0.50

1.00

1.50

2.00

2.50

3.00

3.50

11 31 15 36 13 6 3 21 49 2 4 35 23 30 37 8 47 7 20 27 41 26 33

Altura (m)

104 Figura 1. Altura média de emissão do primeiro cacho por acessos. 105 106

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5 6 7 8 11 13 15 20 21 23 26 27 29 30 31 35 36 37 41 44 47 49 50

N° de Indivíduos N° total de espatas

107 Figura 2. Número total de espatas e número de plantas que produziram espatas florais por acesso. 108

4