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Programa de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas
Área de Concentração: Odontologia
ANA PAULA DA CUNHA BARBOSA DE LIMA
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS FRATURAS FACIAIS NO HOSPITAL E PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DE CUIABÁ E A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE
DE CIRURGIA BUCOMAXILOFACIAL NESTE HOSPITAL
Cuiabá, 2015
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ANA PAULA DA CUNHA BARBOSA DE LIMA
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS FRATURAS FACIAIS NO HOSPITAL E PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DE CUIABÁ E A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE
DE CIRURGIA BUCOMAXILOFACIAL NESTE HOSPITAL
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ciências Odontológicas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas Área de Concentração Odontologia.
Linha de Pesquisa: Epidemiologia.
Orientador: Prof. Dr. Alex Semenoff Segundo
Cuiabá, 2015
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FICHA CATALOGRÁFICA
B238a Barbosa, Ana Paula da Cunha. Análise epidemiológica das fraturas faciais no hospital e pronto socorro
municipal de Cuiabá e a importância da equipe de cirurgia bucomaxilofacial neste
hospital / Ana Paula da Cunha Barbosa. – Cuiabá, 2015.
51f. il; 30cm. Orientador: Prof. Dr. Alex Semenoff Segundo.
Dissertação (Mestrado) – Universidade de Cuiabá – UNIC, Programa de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas, Cuiabá, 2015.
Inclui bibliografia.
1. Traumatologia. 2. Epidemiologia. 3. Hospital. 4. Traumatismos maxilofaciais. Título: Análise epidemiológica das fraturas faciais no hospital e pronto socorro municipal de Cuiabá e a importância da equipe de cirurgia bucomaxilofacial neste hospital. II. Universidade de Cuiabá – UNIC.
CDU – 616.314-001
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ANA PAULA DA CUNHA BARBOSA DE LIMA
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS FRATURAS FACIAIS NO HOSPITAL E PRONTO SOCORRO MUNICIPAL DE CUIABÁ E A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE
DE CIRURGIA E TRAUMATOLOGIA NESTE HOSPITAL.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Odontológicas Integradas, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Ciências Odontológicas Integradas – Área de Concentração Odontologia - na linha de pesquisa Epidemiologia. Orientador Prof. Dr. Alex Semenoff Segundo.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ Orientador Prof. Dr. Alex Semenoff Segundo
___________________________________________________ Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior
__________________________________________ Profa. Dra. Tereza Aparecida Delle Vedove
Conceito Final: _____________
Cuiabá, 27 de março de 2015.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade e pela saúde para poder cumprir mais esta etapa da minha vida.
À minha mãe, que cuida com muito carinho da minha filha nos momentos de ausência.
Ao meu marido pela compreensão e apoio incondicional a todos os meus objetivos.
Ao Reitor da Universidade de Cuiabá – UNIC, Rui Fava.
Ao Pró Reitor Acadêmico da Universidade de Cuiabá – UNIC, José Cláudio Perecin.
Ao Pró Reitor Administrativo e Diretor de Unidade da Universidade de Cuiabá – UNIC, Fernando Ciriaco Dias Neto.
Ao Diretor de Pós-Graduação Stricto Sensu da Kroton, Prof. Dr. Helio Suguimoto.
À Coordenadora de Pesquisa e Pós-Graduação - Stricto Sensu da Universidade de Cuiabá – UNIC, Lucélia de Oliveira Santos.
Ao Coordenador do Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, Prof. Dr. Álvaro Henrique Borges.
Ao Diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Fábio Luis Miranda Pedro.
Às secretárias do Programa de Mestrado da Universidade de Cuiabá, Josieire Marques Missias e Cátia Balduíno Ferreira.
Aos Professores Doutores do Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas da Universidade de Cuiabá – UNIC, Alessandra Nogueira Porto, Alex Semenoff Segundo, Alexandre Meireles Borba, Álvaro Henrique Borges, Andreza Maria Fábio Aranha, Artur Aburad de Carvalhosa, Cyntia Rodrigues de Araujo Estrela, Evanice Menezes Marçal Vieira, Fábio Luís Miranda Pedro, Luiz Evaristo Ricci Volpato, Mateus Rodrigues Tonetto, Matheus Coelho Bandéca, Orlando Aguirre Guedes, Suzane A Raslan e Tereza Aparecida D. V. Semenoff pela oportunidade ao mestrado na faculdade em que formei e tenho a imensa alegria de constituir parte deste grupo de grandes mestres.
Em especial ao prof. Dr. Alex Semenoff Segundo pela orientação e ensinamentos, à professora Dra. Tereza Aparecida Delle Vedove Semenoff pela ajuda na organização de todo o processo.
Aos eternos colegas, Andre Luis Fernandes da Silva, Andreia Santini, Ariane Liamara Brito Sala Braum, Craudeli Moreira, Fenanda Zanol Matos, Fernanda Silva de Assis, Grace Emanuelle Guerreiro Dias Rocatto, Heitor Simões Dutra Corrêa, Joao Milanez Moreira Júnior, Jussara Machado Pereira, Kadyja Assis Veiga, Laura Maria de Amorim Santana, Lorena Frange Caldas, Marcondes Paiva Serra, Maria Francisca Moretti, Marta Eloiza Zanelli, Pâmela Juara Mendes de Oliveira, Paulo
7
Artur Andrade de Albuquerque, Regina Greyce da Silva Pereira Ribeiro, Rejane Cristina da Cruz Nascimento, Renata Meira Coelho, Sandra Regina Altoé, Sebastião Dias de Oliveira, Thiago Machado Pereira, Vanessa de Souza, Yolanda Benedita Abadia Martins de Barros.
Ao aluno de iniciação científica da UNIC Fábio Augusto Buche Barros e ao Natalino Francisco da Silva pela inestimável ajuda na montagem dos dados e na formatação deste trabalho.
Aos residentes do HGU (Hospital Geral Universitário), em especial aos residentes: Thiago Leonardo Rios e Paulo Junior Barreto pela ajuda na coleta de dados, sem eles não seria possível fazer este trabalho.
8
Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder.
Lao-Tsé
10
RESUMO
DE LIMA, A.P.C.B. Análise epidemiológica das fraturas faciais no hospital e pronto socorro municipal de Cuiabá e a importância da equipe de cirurgia bucomaxilofacial neste hospital. 2015. 51f. Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas - Programa de Pós Graduação em Odontologia, Universidade de Cuiabá – UNIC, Cuiabá 2015.
O Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC) é um centro de
atendimento de emergências e urgências que se tornou a principal referência para este tipo de atendimento para a maioria das cidades do Estado de Mato Grosso. Em função de possuir uma das únicas equipes de traumatologia da região, o local tem apresentado muitos problemas de superlotação e fila de espera. Neste sentido, torna-se importante o conhecimento do público que necessita dos serviços prestados. Este estudo buscou analisar dados epidemiológicos relacionados aos pacientes com diagnóstico de fraturas faciais ao serem atendidos no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC) de Março de 2014 a agosto de 2014, buscando demonstrar a importância da equipe de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial desta instituição de saúde. Os resultados do trabalho demonstram que a maioria dos pacientes envolvidos eram homens, com idade média de 32,37 anos, da classe social C, casados, morando com mais de três pessoas, 52,1% provenientes do interior do Estado. Os ossos mais acometidos são respectivamente, mandíbula, complexo zigomático, nasal, maxilar e frontal. A maioria dos casos envolviam acidentes automobilísticos (45,8%), destes, motociclistas (38,9%), automóveis (6,3%), caminhões (0,7%). A presença de outros traumatismos, que não o facial, não foram considerados neste trabalho. Palavras-chave: Traumatologia. Epidemiologia. Fratura. Facial. Traumatismos
maxilofaciais.
12
ABSTRACT
DE LIMA, A.P.C.B. Epidemiological analysis of facial fractures in the Hospital and emergency room hall of Cuiabá and the importance of oral and maxillofacial surgeon at this hospital 2015. 51f. Master in Dental Sciences Integrated Graduate program in dentistry, University of Cuiabá – UNIC, Cuiabá 2015.
The Hospital and emergency room hall of Cuiabá (HPSMC) is a service center of
emergencies and urgencies which became the main reference for this type of care
for most cities in the State of Mato Grosso. This hospital own one of the only
teams of traumatology of the region and has presented many problems of
overcrowding and queues for surgical procedures. This study sought to analyze
epidemiological data relating to patients diagnosed with facial fractures when they
were attended in the hospital room emergency hall of Cuiabá from march of 2014
to august of 2014 and aims to demonstrate the importance of oral and
maxillofacial surgery and Traumatology team of this health institution. The results
of this paper show that most of the patients involved were men, with an average of
age 32.37 years old, social class C, are married in most cases and 52,1% came
from the interior of the state. The bones most frequently involved are respectively,
mandible, maxilla, zygomatic complex, nasal and frontal. Most cases involving
automobile accidents (45.8%) of these, bikers (38.9 percent), automotive (6.3%)
truck (0.7 percent). The presence of other injuries, that not facial trauma, were not
considered in this paper.
Keywords: Traumatology; Epidemiology; Facial; Fracture; Maxillofacial.
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Frequência e porcentagem referente aos dados gerais dos pacientes que participaram do estudo
37
Tabela 2 – Frequência dos itens relacionados aos pacientes com fratura Maxilofacial
38
16
LISTA DE ABREVIATURAS
VI Violência Interpessoal
AT Acidentes de Trânsito
OMS Organização Mundial de Saúde
LENAD Levantamento Nacional de Álcool e Drogas
ONG Organização Não Governamental
HPSMC Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá
FAF Ferimentos por Arma de Fogo
AVA Acidentes com Veículos Automotores
G Grama
Ml Mililitro
ml/Seg Mililitros por segundos
mCi Milicurie
N Número de pacientes
18
SUMÁRIO
1 REVISÃO DE LITERATURA 19
1.1 ETIOLOGIAS 20
1.2 EPIDEMIOLOGIA 21
REFERÊNCIAS DA REVISÃO DE LITERATURA 24
2 CAPÍTULO 1 - ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DAS
FRATURAS FACIAIS NO HOSPITAL E PRONTO SOCORRO
MUNICIPAL DE CUIABÁ E A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE DE
CIRURGIA BUCOMAXILOFACIAL NESTE HOSPITAL
28
2.1 INTRODUÇÃO 29
2.2 SUJEITOS E MATERIAIS 32
2.3 RESULTADOS 35
2.4 DISCUSSÃO 39
2.5 CONCLUSÕES 42
REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 1 44
ANEXOS 47
20
1 REVISÃO DA LITERATURA
A etiologia, incidência e locais das fraturas faciais têm sido descritos em muitos
países1-3. Entender os motivos de tais ocorrências é vital para o desenvolvimento de
políticas de prevenção. Em diferentes países e diferentes regiões no mesmo país, os
aspectos das fraturas faciais podem variar dependendo dos fatores sociais,
econômicos, culturais, religiosos e aspectos ambientais1,4-7. Devido a variações de
classificações foi realizada uma pesquisa considerando os fatores etiológicos,
violência interpessoal, acidentes de trânsito, acidentes relacionados às quedas e
outras causas. Em relação à epidemiologia consideramos gênero, idade e consumo
de álcool.
1.1 ETIOLOGIAS
Para melhor organização dos dados, a etiologia ficou dividida em quatro
categorias:
1. Violência Interpessoal (VI)
2. Acidentes de Trânsito (AT)
3. Acidentes relacionados às quedas
4. Outras causas
1.1.1 Violência Interpessoal (VI)
A organização mundial de saúde (OMS) define VI como situação em que houve
utilização de poder ou de força física, ameaça contra outra pessoa, que resulta em
alta probabilidade de injúria física, morte ou alguma injúria psicológica ou até mesmo
a privação8.
O mapa da violência no Brasil de 2014 mostra um crescimento dos indicadores
de violência interpessoal no período analisado de 1980 a 2012. Esse mapa divide os
tipos de violência em homicídios, acidentes de transporte e suicídios9.
1.1.2 Acidentes de Trânsito
21
Os acidentes de trânsito são definidos pela OMS como colisões envolvendo
pelo menos um veículo em movimento, em uma estrada pública ou privada. Deles
pode resultar em pelo menos uma pessoa com injúrias ou até mesmo a morte em
alguns casos10. O Brasil está no quarto lugar entre os países com mais mortes
decorrentes de acidentes de trânsito, em relação à população mundial. Os acidentes
automobilísticos figuram na sétima posição entre as causas de morte de jovens9.
1.1.3 Acidentes relacionados às quedas
Quedas contribuem significantemente com a proporção de fraturas faciais.
Isto é especialmente verdadeiro para mulheres jovens e para a população idosa11,12.
A população idosa é mais propensa a quedas, o que é uma ameaça significante
para a saúde deles e para a independência destas pessoas13,14.
1.1.4 Outros fatores etiológicos
Outras causas de fraturas faciais incluem tentativas de suicídio, fraturas
patológicas e outras injúrias intencionais. A proporção de fraturas faciais relatadas
neste grupo é baixa.
1.2 EPIDEMIOLOGIA
Para melhor compreensão os dados epidemiológicos foram divididos da
seguinte forma:
1.2.1 Gênero
A incidência de fraturas faciais varia entre gênero, idade e grupo étnico. Os
homens apresentam-se em maior número ao nos referirmos às fraturas faciais
comparados às mulheres. Aproximadamente 84,9% das fraturas faciais envolvem
homens11,15-18. Esta equação fica na proporção de 4:1, e é parecida com as
estimativas de outros países como Nova Zelândia, Estados Unidos, Holanda,
Escócia, Austrália e Canadá, locais com variações entre 74 a 88% desse tipo de
fratura para o gênero masculino5,19-22. Os homens são mais acometidos por fraturas
faciais em todas as idades, exceto no grupo dos sujeitos acima de 70 anos11, onde a
22
prevalência das mulheres pode ser atribuída à sua maior longevidade e o aumento
da incidência de quedas em idosos12.
1.2.2 Crianças
As crianças que sofrem fraturas de face são 15% do total das fraturas faciais
comparando às demais faixas etárias7. Resultados parecidos foram relatados pelos
pesquisadores brasileiros em Belo Horizonte, onde foi registrado 16,6% do total da
amostra23. A presença de fraturas de face em crianças com idade inferior a 5 anos é
estimada em 0,6-1,5% de todas as fraturas7. Com o aumento da idade e
aproximando-se da adolescência, a incidência de fraturas é aumentada
significativamente7. A ocorrência de fraturas de face associadas a atropelamentos
(incluindo ciclistas e pedestres) aumenta proporcionalmente com a idade. Há um
declínio da severidade das injúrias craniomaxilofacias em crianças com menos de 10
anos7. Isso é atribuído à diminuição do índice de atropelamentos como mencionado
anteriormente.
1.2.3 Adultos Jovens
Adultos jovens têm o maior número de fraturas do que qualquer outro
grupo11,16-18,24. No Brasil, o maior número de fraturas faciais é visto em homens com
média de idade de 20 a 39 anos25. No grupo das mulheres o pico de fraturas faciais
é visto muito cedo, na faixa de 15-20 anos11,22,24. Achados similares foram
encontrados em outros países como Jordânia, Austrália, Escócia, Estados Unidos da
América, Reino Unido, Holanda e Canadá5,19-21,26,27.
Os fatores contribuintes para o alto índice de fraturas de face entre os adultos
jovens são identificados como maiores proporções de pessoas que consomem
álcool acarretando comportamentos agressivos e de risco ao dirigir. O uso abusivo
do álcool é o maior fator etiológico de fraturas de face17. No grupo de 16-30 anos,
65% de todas as fraturas envolvem a utilização de bebidas alcoólicas.
Anatomicamente, uma larga proporção do grupo de 20-30 anos teve os
terceiros molares impactados ou irrompidos17. Como resultado, o ângulo da
mandíbula apresenta maior risco de fratura28
23
1.2.4 Adultos de meia idade
De acordo com dados publicados por Kieser e colaboradores (2002)11, adultos
de meia idade são os primeiros a mostrar menor incidência de fraturas faciais,
depois do pico entre os adultos jovens. Explicações para isso incluem a tendência a
dirigir com mais segurança, orientação familiar, menor participação em esportes de
contato, comportamento não agressivo e menor consumo de álcool.
1.2.5 Idosos
O número de pessoas idosas tem aumentado no Brasil e ainda mais no
restante do mundo. Nota-se esse aumento coincidentemente devido à evolução da
medicina, com o maior e melhor acesso à saúde, sendo assim, o número de fraturas
de face por queda é aumentado em idosos29.
1.2.6. Consumo de álcool
Aproximadamente 40% das fraturas de face envolvem o consumo de
álcool16,18,30,31. A partir dos 18 anos o jovem pode consumir álcool no Brasil. O
consumo de álcool em nosso país supera a média mundial32. O problema é tão sério
que mais de 3 milhões de pessoas morreram devido ao consumo nocivo de álcool
em 201233. O “Levantamento Nacional de Álcool e Drogas” LENAD realizou uma
pesquisa aleatória com indivíduos de 14 anos ou mais, em todo o território Brasileiro.
Esse levantamento concluiu que 64% dos homens e 39% das mulheres adultas
relatam consumir álcool regularmente. Quase dois em cada dez bebedores (17%)
apresentaram critérios para abuso e/ou dependência de álcool, 24% acharam que
não há problema de dirigir quando se está apenas sentindo algum efeito inicial
decorrente do consumo da bebida alcoólica, 10% referiram que alguém já se
machucou em consequência do seu consumo de álcool, 8% dos entrevistados
admitiram que o uso de álcool já teve efeito prejudicial no seu trabalho, 4,9% dos
bebedores já perderam emprego devido ao consumo de álcool e 9% admitiram que
o uso de álcool já teve efeito prejudicial na sua família ou relacionamento.
25
REFERÊNCIAS DA REVISÃO DE LITERATURA
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8. Relatório da Organização Mundial de Saúde 2006. Trabalhando juntos pela saúde.
9. Waiselfisz JJ. Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros. Ideal Gráfica Editora 2014.
10. Relatório da Organização Mundial de Saúde 2004. Mudando a história.
11. Kieser J, Stephenson S, Liston PN, Tong DC, Langley JD. Serious facial fractures in New Zealand from 1979 to 1998. Int J Oral Maxillofac Surg. 2002 Apr;31(2):206-9.
12. Thomson WM, Stephenson S, Kieser JA, Langley JD. Dental and maxillofacial injuries among older New Zealanders during the 1990s. Int J Oral Maxillofac Surg. 2003 Apr;32(2):201-5.
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14. Chew DJ, Edmondson HD. A study of maxillofacial injuries in the elderly resulting from falls. J Oral Rehabil. 1996 Jul;23(7):505-9.
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18. Tong D, Kumar R, Kok S, De Silva R, Thomson M . Patterns of maxillofacial fracture presentation in Denedim from 2000 to 2005. New Zealand dental Journal.2010; 106:16-19.
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22. Brasileiro BF, Passeri LA. Epidemiological analysis of maxillofacial fractures in Brazil: a 5-year prospective study Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2006 Jul;102(1):28-34.
23. Chrcanovic BR, Abreu MH, Freire-Maia B, Souza LN.. 1,454 mandibular fractures: a 3-year study in a hospital in Belo Horizonte, Brazil. J Craniomaxillofac Surg. 2012 Feb;40(2):116-23.
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29. Ferreira CF, Dias GN, Franciscon IN, Franciscon IN, da Mota JPT, Oliveira TQ. Relatório da Organização Mundial de Saúde 2013. Guia de estudos
27
30. Adams CD, Januszkiewcz JS, Judson J. Changing patterns of severe craniomaxillofacial trauma in Auckland over eight years. Aust N Z J Surg. 2000 Jun;70(6):401-4.
31. Lee KH, Antoun J. Zygomatic fractures presenting to a tertiary trauma centre, 1996-2006. N Z Dent J. 2009 Mar;105(1):4-7.
32. Relatório da Organização Mundial de Saúde 2013. As estatísticas do mundo.
33. Relatório da Organização Mundial de Saúde 2012. As estatísticas do mundo.
28
2 CAPÍTULO 1 - Análise Epidemiológica das
Fraturas Faciais no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá e a Importância da Equipe de Cirurgia Bucomaxilofacial neste Hospital.
30
2.1 INTRODUÇÃO
A cirurgia bucomaxilofacial é a especialidade da odontologia responsável pelo
diagnóstico e tratamento cirúrgico das injúrias e defeitos da região oral e
maxilofacial1. Em hospitais que possuem equipes de traumatologia, o cirurgião
bucomaxilofacial tem papel importante na equipe2; é este profissional que trata dos
pacientes politraumatizados em que as lesões envolvem a face ou especificamente
somente a face3. Com o aumento da violência e dos acidentes de trânsito, o
cirurgião bucomaxilofacial é indispensável nessas equipes4.
Em todo o mundo, a formação de complexos centros urbanos foi
acompanhada do aumento da mortalidade por origem de trauma5, levando a
necessidade de implementar políticas e alternativas para diminuir este grave
problema de saúde pública, evitando seu agravo6. Mundialmente estima-se que 1,2
milhões de pessoas morrem e 50 milhões de pessoas sofrem injúrias pelo
envolvimento em acidentes de trânsito por ano1. Com base na estimativa da
Organização Mundial de Saúde em 2010, a Violência Interpessoal (VI) é responsável
por 73.000 mortes anualmente na Europa e de 20 a 40% das vítimas precisam de
tratamento hospitalar7. Muitos destes traumas não são tratados em unidades
hospitalares, ficando assim, sequelas físicas e psicológicas segundo a mesma
estimativa7. Com o crescimento da violência no Brasil, o número de ferimentos por
arma de fogo vem aumentando a cada dia4. A taxa brasileira de mortes por armas de
fogo é de 19,3 óbitos em 100 mil habitantes, ocupando lugar de destaque no
contexto internacional4.
Estudo realizado pela organização não governamental (ONG) do México
Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, em 2013, apontou
Cuiabá como a 29ª cidade mais violenta do mundo8. A capital mato-grossense caiu
uma posição no ranking em relação ao mesmo período de 2012, quando havia
ficado com a 28ª posição, porém o município ainda foi considerado o 11ª mais
violento do Brasil4. De acordo com o estudo, que analisa apenas cidades com mais
de 300 mil habitantes, realizado pela organização, Cuiabá registrou 366 mortes por
homicídio, uma taxa de 43,95 homicídios para cada 100 mil habitantes5.
O tratamento de pacientes de trauma tem alto custo exigindo grandes
investimentos para os hospitais que os atendem, onerando o estado e contribuindo
31
para um colapso no sistema, gerando uma demanda reprimida em diversas áreas.
Para os pacientes individualmente, as consequências são problemas funcionais,
desconforto psicológico, problemas estéticos, estresse emocional e psicológico,
tratamento intensivo no hospital, retornos frequentes e perda de receita por ter que
ficar afastado de suas atividades laborais7.
Estudos epidemiológicos do trauma facial são importantes para ajudar a
desenvolver meios mais eficientes de prevenção, para melhorar a qualidade dos
cuidados com os pacientes, e para promover campanhas de prevenção nos locais
corretos. Foram colhidos os dados epidemiológicos das fraturas faciais no HPSMC
para que possamos ajudar as autoridades nas campanhas de prevenção, comparar
os dados com outros centros no Brasil e no exterior e para mostrar a importância da
especialidade Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial dentro de um serviço
trauma.
Desta forma, constitui objetivo deste trabalho, avaliar dados epidemiológicos,
condição socioeconômica e prevalência dos pacientes com fraturas de face
atendidos no HPSMC.
33
2.2. SUJEITOS E MATERIAIS O presente trabalho foi realizado com dados de pacientes atendidos no
serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do HPSMC de Março de 2014
a agosto de 2014, o estudo realizado é observacional com modelo transversal
(Prevalência). Durante este período foram atendidos um total de 1348 pacientes
relacionados a problemas orais e faciais, destes foram selecionados 144 pacientes
que foram vítimas de fraturas de face. A escolha destes pacientes foi por
conveniência. Os pacientes que não tiveram fratura de face não foram submetidos à
aplicação dos questionários. O trabalho foi submetido ao comitê de ética e pesquisa
do HPSMC sob o número de protocolo 001/2014 e à plataforma Brasil.
Os dados colhidos foram: nome, endereço, idade, sexo, telefone, cidade de
residência, escolaridade, estado civil, renda mensal, religião, local das fraturas,
etiologia das fraturas, utilização ou não de equipamentos de segurança e foi feito um
levantamento socioeconômico. Os dados foram inseridos em bases de dados
eletrônicos (Excel, Microsoft, 2007 IBM SPSS versão 20).
Os tipos de fraturas foram categorizadas como mandibulares, complexo
zigomático, maxilares, nasais e frontais, as quais foram diagnosticadas por
profissionais especialistas e experientes, utilizando-se como complementação
diagnóstica radiografias e tomografias.
Os pacientes foram identificados por uma ficha pessoal (Anexo 1 e 2),
arquivada no banco de dados do estudo, por ordem alfabética. Essa ficha contém
informações pessoais, sócio econômicas e a história médica do paciente. O banco
de dados foi elaborado para conter informações relevantes à pesquisa, contendo os
seguinte itens: nome completo do paciente, endereço, telefone, idade, gênero,
número do registro no HPSMC, tipo de acidente, escolaridade, estado civil, renda
mensal, a utilização ou não de dispositivos de segurança e tipo de fratura facial.
Os questionários só foram respondidos após a assinatura do consentimento
livre e esclarecido (Anexo 3).
Foram incluídos pacientes atendidos no HPSMC de ambos os sexos, com
idades entre 3 e 82 anos diagnosticados com fratura de face. O diagnóstico foi
sistematicamente feito por cirurgião bucomaxilofacial. Não foram incluídos no estudo
os pacientes que não apresentaram condições de saúde física e emocional ou
34
estavam sem condições de responder ao questionário. Os questionários incompletos
foram excluídos. Quando na aplicação do questionário pelos examinadores foram
percebidas deficiências e/ou inconsistências, o questionário foi excluído de
imediado. Para esse fim, os examinadores foram treinados antes do início do estudo
(estudo piloto).
Realizada a estratificação e organização dos dados aplicaram-se teste
estatístico Qui-quadrado. Todos os testes tiveram uma significância de 5%.
36
2.3 RESULTADOS
A população do estudo – N=144 (Tabela-1) é predominantemente do sexo
masculino (81,2% – p<0,05). Para as variáveis cor da pele autodeclarada,
escolaridade, estado civil e classe social observaram-se diferenças estatísticas de
forma decrescente (p<0,05), notando-se que a cor de pele preta – 80,9% foi mais
predominante que as demais; para a escolaridade, os indivíduos que fizeram o
ensino fundamental– 61,2% foram a maioria, seguido de ensino médio 31,9% e
ensino superior 6,9%; em relação a classe social, a mais ocorrente foi a classe C –
61,8%, seguido pelas B – 35,4% e A – 2,8%. A maioria dos envolvidos tinham
moradias (63,9%) e renda (68,8%) próprias (p<0,05). Quando questionados sobre a
quantidade de pessoas com quem moravam, 77,8% disseram residir com três ou
mais pessoas (p<0,05).
Na atualidade a maior procedência dos atendidos no HPSMC dá-se em
pacientes do interior (52,1%), contudo sem diferenças estatísticas comparadas à
população local (47,9 – p>0,05).
Especificamente em relação à frequência das ocorrências de traumas (tabela
2), a maioria envolvida foi com acidentes automobilísticos (45,8% – p<0,05), seguido
por fraturas por agressão física (23,6%), ocorrências variadas (queda do telhado,
acidente de trabalho, etc. – 22,9%) e de menor ocorrência foram os ferimentos por
arma de fogo (7,7% - p<0,05). A maioria dos envolvidos em acidentes com fraturas
não utilizavam equipamento de segurança, como cinto de segurança ou capacete
(69,4% - p<0,05). Ao dividir o crânio em porção superior (frontal, nasal, complexo
zigomático e maxila) e inferior (mandíbula), percebe-se que a maioria das fraturas
foram nos ossos superiores (56,9%), seguidos pelos inferiores (36,1%) e por último
ambos (6,9%), respectivamente em forma decrescente (p<0,05).
37
Tabela 1 – Frequência e porcentagem referente aos dados gerais dos pacientes que participaram do estudo. N=144.
Itens
Frequência Porcentagem (%)
Sexo Masculino 117ª 81,2 Feminino 27b 18,8
Cor da pele (autodeclarada)
Branca 23b 16,3
Preta 114ª 80,9 Amarela ou Indígena 4c 2,8
Escolaridade Ensino Fundamental 88ª 61,2
Ensino Médio 46b 31,9 Ensino Superior 10c 6,9
Estado Civil Solteiro 38ª 26,4 Casado 88b 61,1
União Estável 18c 12,5
Classe Social Classe A 4c 2,8 Classe B 89b 35,4 Classe C 51a 61,8
Moradia Própria 92ª 63,9 Outra 52b 36,1
Região em que Mora Cuiabá 69ª 47,9 Interior 75ª 52,1
Com Quem Reside Sozinho 17ª 11,8
Com os pais 56b 38,9 Com outras pessoas 71b 49,3
Com Quantas Pessoas Reside
Sozinho 15ª 10,4 Duas pessoas 17ª 11,8 Três ou mais 112b 77,8
Origem da Renda Pais 18ª 12,4
Familiares 27ª 18,8 Própria 99b 68,8
Idade dos pacientes Mínima Máxima Média Desvio Padrão
3 anos 83 anos 32,37
14,65
Letras diferentes em linha apresentam diferença estatisticamente significativa em comparação com os demais grupos (p<0,05).
Os ossos fraturados foram na maioria a mandíbula (36,8% - p<0,05), seguido
pelos ossos do complexo zigomático (29,8%), sem diferenças estatísticas (p>0,05).
38
Este mesmo complexo não se diferenciou do nasal (21,1% - p>0,05). Os ossos com
menor ocorrência de fraturas foram o frontal e o maxilar, juntos (12,3%), em minoria
comparada as outras regiões (p<0,05). Observada a quantidade de ossos envolvidos
em fraturas, a ampla maioria tinha envolvimento de um único osso (86,1% - p<0,05),
seguido por dois ossos (9,7% - p<0,05) e pacientes com mais de três ossos
fraturados foram a minoria (4,2% - p<0,05).
Tabela 2 - Frequência dos itens relacionados aos pacientes com fratura maxilofacial.
Itens Frequência Porcentagem (%)
Tipo de Acidente
Automobilístico 66ª 45,8
Agressão Física 34b 23,6
FAF 11c 7,7
Outros 33b 22,9
Equipamento de Segurança
Sim 44ª 30,6
Não 100b 69,4
Região Fratura
Superior 82ª 56,9
Inferior 52b 36,2
Superior e Inferior 10c 6,9
Ossos Fraturados
Frontal 6ª 3,5
Nasal 36b 21,1
Complexo Zigomático 51bc 29,8
Maxilar 15ª 8,8
Mandibular 63c 36,8
Quantidade de ossos quebrados
1 osso 124ª 86,1
2 ossos 14b 9,7
3 ossos 5c 3,5
4 ossos 1c 0,7
Letras diferentes em linha demonstram diferença estatística entre os grupos (p<0,05). A
porcentagem para a variável “ossos fraturados” foi calculada para 171 ossos e não para 144
pacientes.
40
2.4 DISCUSSÃO Este estudo prospectivo avaliou a prevalência das fraturas faciais em
pacientes atendidos no HPSMC de março a agosto de 2014. O HPSMC é a
referência de atendimento aos politraumatizados da capital e da maioria das cidades
do interior do estado de Mato Grosso.
O resultado da investigação epidemiológica varia de acordo com a região
geográfica, a população estudada, diferenças culturais e fatores temporais. O
entendimento da etiologia e consequência do trauma são relevantes para o
desenvolvimento de políticas de prevenção e verificação da correta inserção em
relação à localização das equipes de traumatologia9,10. Em todo o mundo, a
formação de complexos urbanos foi acompanhada do aumento da mortalidade por
origem do trauma, levando assim, à necessidade de implementação de políticas de
saúde com propósito de diminuir este grave problema de saúde pública1.
Os achados apresentados, em muitos pontos, assemelham aos existentes na
literatura. No período do estudo, entre março a agosto de 2014 (seis meses), o setor
de cirurgia bucomaxilofacial atendeu 1348 pacientes e destes 144 pacientes
apresentaram fraturas de face, número que nas proporções, coincidem com a média
de serviços de trauma em outros grandes centros do mundo11,12. No Brasil, parece
que as estatísticas também estão próximas em diferentes regiões6,13.
Os resultados para os tipos de acidentes revelaram que os dois mecanismos
mais comuns de fraturas faciais foram acidente automobilístico (45,8%) e agressão
física (23,7%); em menor número Ferimentos por Arma de Fogo (FAF) (7,6%) e a
violência interpessoal (VI), junto com a queda compõem as estatísticas
apresentadas como os principais fatores de trauma facial. Da mesma forma, ao
comparar os resultados com outros centros se percebe os acidentes com veículos
automotores (AVA), em grande número, mas com o aumento dos itens de segurança
e maior fiscalização das autoridades, percebe-se uma diminuição gradativa para
este problema e infelizmente um aumento na VI6,14,15.
Dentre os pacientes atendidos no HPSMC no período do estudo, a fratura de
mandíbula foi a mais comum dos ossos da face (43,8%), seguido pelo complexo
zigomático (35,4%), osso nasal (25%), osso maxilar (10,4) e osso frontal (4,2%).
41
Com as coincidências já descritas estes tipos de ossos seguem o mesmo padrão
mundial. Sabe-se que nas variáveis estudadas, há maior probabilidade de risco de o
trauma ocorrer nessas regiões da face6,14-17. Apesar de várias similaridades, em um
hospital americano localizado no nordeste dos Estados Unidos, não coincidem com
os achados do estudo. Acredita-se que o perfil do público seja diferente do descrito
neste estudo, contudo a mandíbula logo vem em segundo plano nas descrições17.
Pelo tipo de ocorrência, principalmente automobilístico o público masculino se
destaca. Estes dados são coerentes com os achados em outros grandes centros,
como em cidades de porte médio2,14,15. A classe social é outro fator relacionado ao
perfil do acidentado. Em sua maioria é presente a ocorrência de fraturas no
atendimento a pessoas de classe social média e baixa18. O grau de escolaridade
prevalente das pessoas envolvidas demonstra ser baixo. Sabe-se que estas duas
variáveis, de forma geral, são correlacionadas. Outro ponto interessante no estudo é
que são atendidas muitas pessoas do interior do estado. Apesar da instituição ser
municipal ainda permanece a vinda de pessoas do interior para atendimento, cujas
características, entretanto, não fogem das já descritas no estudo.
A idade média dos pacientes é de 32,3 anos, período em que eles estão
economicamente ativos. Este ponto é relacionado com um padrão de
comportamento, principalmente em relação a acidentes automobilísticos, nos quais
usualmente os envolvidos realizam atividades perigosas e dirigem sem os cuidados
necessários. Este fator acaba sendo determinante com os traumas de face11-13,19,20.
O osso menos frequentemente envolvido nas estatísticas foi o osso frontal.
Tecnicamente, em casos de fratura, devido à complexidade da área, o
neurocirurgião imediatamente é chamado, dependendo dele a solicitação do
trabalho do especialista cirurgião bucomaxilofacial, como é de praxe.
Espera-se que os resultados do trabalho possam contribuir com a literatura
que demonstra o mesmo perfil de pacientes em diversas partes do mundo.
Entretanto, com as informações processadas, o estudo buscou realizar uma análise
de dados de forma a inferir em possibilidades mais estritas de público. Os resultados
deste trabalho indicam que o perfil do paciente envolvido com fratura de face parece
claro e podem auxiliar os profissionais que trabalham na área de prevenção de tais
ocorrências.
43
2.5 CONCLUSÕES
A partir da casuística deste estudo, foi possível concluir que a maioria dos
pacientes é constituída por adultos jovens, do sexo masculino, não brancos,
casados e com baixa escolaridade. A classe socioeconômica predominante é a
classe C, a maioria possui moradia própria e é independente financeiramente. A
ligeira maioria dos pacientes estudados é proveniente do interior do Estado. Com
relação à etiologia, a maioria é de acidente automobilístico e o uso de equipamentos
de segurança foi negligenciado em grande parte dos casos. Os ossos fraturados
com mais freqüência são a mandíbula e os ossos do complexo zigomático.
Com base nos resultados apresentados, comparados ao número de
traumatismos, parece clara a necessidade da presença de cirurgiões
bucomaxilofacias nas equipes de traumatologia com conhecimento e habilidades
necessárias para atuar na área. Traçado o perfil do paciente envolvido com fraturas
de face, observa-se que este estudo pode ser útil ao poder público, instituições e
entidades não governamentais no auxílio e direcionamento de campanhas com foco
nestes pacientes e na prevenção de tais ocorrências.
45
REFERÊNCIAS DO CAPÍTULO 1
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