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2 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E COMPORTAMENTO PPGNEC COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE EXPRESSÕES FACIAIS BRASILEIRO: UM ESTUDO DE VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO TRANSCULTURAL MARCELLI ROBERTO RODRIGUES JOÃO PESSOA, ABRIL DE 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E

COMPORTAMENTO – PPGNEC

COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE EXPRESSÕES FACIAIS BRASILEIRO: UM

ESTUDO DE VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO TRANSCULTURAL

MARCELLI ROBERTO RODRIGUES

JOÃO PESSOA, ABRIL DE 2015

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MARCELLI ROBERTO RODRIGUES

COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE EXPRESSÕES FACIAIS BRASILEIRO: UM

ESTUDO DE VALIDAÇÃO E COMPARAÇÃO TRANSCULTURAL

Dissertação de mestrado do Programa de Pós-

graduação em Neurociência Cognitiva e

Comportamento da Universidade Federal da

Paraíba, para fins de defesa do grau de mestre

em neurociência cognitiva e

comportamento, na linha de pesquisa em

Psicobiologia: Processos Psicológicos Básicos

e Neuropsicologia.

Orientador: Nelson Torro Alves

João Pessoa, Abril de 2015

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Aos meus queridos pais,

Adilamar Pereira Roberto e

Antonio Rodrigues da Silva

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus, sem ele eu não teria ido tão longe.

Aos meus pais Adilamar Pereira Roberto e Antonio Rodrigues da Silva, por toda luta e

investimento na minha educação e na minha vida.

Devo também agradecimento especial à minha família e amigos, especialmente ao

meu esposo Odenildo Barbosa de Oliveira, pela compreensão e suporte incondicional em

todos os desafios encontrados durante este ano.

Agradeço ao meu orientador de Dissertação, Professor Nelson Torro Alves, pelo apoio

constante, acessibilidade e esclarecimento de todas as dúvidas que surgiram ao longo deste

processo.

Aos membros da banca avaliadora, ao professor Sergio Fukusima, pelas contribuições

na qualificação do projeto, bem como colaborador da pesquisa, e na sua participação na

defesa final do trabalho, e ao professor Josemberg de Andrade Moura.

Aos demais colaboradores do projeto, os professores Juan Antonio Amador-Campos,

PhD (Universitat de Barcelona, Spain), Manuel Moreno-Sanchez (Universitat de Barcelona,

Spain), Rui de Moraes Júnior (USP), e aos alunos Ana Luiza Prada Roque, Karine Regina

Jurado, Renan Cupertino Silva Pinto e Stephano Simonassi Arantes de Souza.

A todos os atores voluntarios das sessões fotográficas, que geraram os estimulos que

viabilizaram a pesquisa, e a todos os participantes do processo de validação das três

localidades.

Agradeço também a todos os membros do Laboratório de Ciências Cognitivas e

Percepção – LACOP, pelas críticas apresentadas, sugestões e suporte fornecido,

especialmente a Natany Batista, Rianne Gomes, Jamila Leime , Cyntia Diogenes, Juciara

Noara e Andressa Raissa pela paciência, apoio e auxilio para desenvolver o projeto da melhor

forma possível, sem as quais tal não teria sido possível.

Gostaria de mencionar nesses agradecimentos toda a minha turma de mestrado

(PPGNeC), especialmente a Ingrid Montenegro, Raynero Aquino, Wandersonia Moreira,

Arlindo Neto, Aline De Menezes, Alessandra Araújo, Mirian Lucia, Perla Carneiro e

Morgana Andrade.

Ao programa de Pós-graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento -

PPGNeC.

Por fim, mas não menos importante, um agradecimento especial a Dandara Palhano e

Izabela Bezerra pela amizade e espírito crítico, que foram fundamentais nessa reta final.

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“Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.”

Carlos Drummond de Andrade

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS......................................................................................................... 8

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... 9

RESUMO............................................................................................................................ 11

ABSTRACT........................................................................................................................ 12

APRESENTAÇÃO.............................................................................................................. 13

CAPÍTULO 1: O estudo das emoções e das expressões faciais..........................................

CAPÍTULO 2: Estudos transculturais e de reconhecimento..............................................

CAPÍTULO 3: Bancos de expressões faciais......................................................................

3.1 Objetivos........................................................................................................................

3.2 Objetivo geral................................................................................................................

3.3 Objetivos específicos.....................................................................................................

15

20

22

25

25

25

MÉTODO.............................................................................................................................

4.1 Estudo de composição do banco de expressões faciais.................................................

4.1.1 Amostra........................................................................................................................

4.1.2 Materiais e equipamentos............................................................................................

4.1.3 Procedimento...............................................................................................................

4.2 Estudo de validação do banco de expressões faciais.....................................................

4.2.1Amostra.........................................................................................................................

4.2.2 Procedimento...............................................................................................................

4.2.3 Análise dos Dados........................................................................................................

4.3.4 Aspectos éticos do estudo............................................................................................

26

26

26

27

27

29

29

30

31

32

RESULTADOS.................................................................................................................... 33

DISCUSSÃO....................................................................................................................... 48

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 51

REFERÊNCIAS………………………………………………………………………….. 52

ANEXOS.............................................................................................................................

Anexo A. Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) para maiores de 18 anos

(estudo de composição).......................................................................................................

58

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Anexo B. Material de instruções para o ator participante...................................................

Anexo C. Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) para maiores de 18 anos

(validação)...........................................................................................................................

60

69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dados das amostras de validação das fotografias...................................... 30

Tabela 2. Frequências de atribuição para a amostra de João Pessoa......................... 33

Tabela 3. Frequências para amostra de Ribeirão Preto................................................. 33

Tabela 4. Frequências de atribuições da amostra de Barcelona.............................. 33

Tabela 5. Taxas de frequência de atribuição emocional por fotografias................. 37

Tabela 6. Teste Kruskal-Wallis para a variável de agrupamento local (João

Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona)...........................................................................

41

Tabela 7. Teste Mann-Whitney, comparando João Pessoa e Ribeirão Preto............ 42

Tabela 8. Teste Mann-Whitney, comparando João Pessoa e Barcelona.................... 43

Tabela 9. Teste Mann-Whitney, comparando Ribeirão Preto e Barcelona................ 43

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Exemplos de imagens do conjunto de expressões faciais Pictures of

Facial Affect..................................................................................................................

23

Figura 2. Imagem retirada do artigo de Tottenham et al.

(2009)……………………............................................................................................

24

Figura 3. Modelos participantes da coleta de estímulos de expressões faciais............ 26

Figura 4. Esquema do estúdio onde as imagens (estímulos – faces) foram

capturadas......................................................................................................................

27

Figura 5. Exemplo do estímulo das expressões faciais coletadas, editado e

codificado......................................................................................................................

28

Figura 6. Exemplo das expressões de alegria, raiva e nojo e a face neutra nas

versões com boca aberta e fechada...............................................................................

29

Figura 7. Exemplo da expressão de tristeza (Tipo 01 e 02) do modelo masculino

05..................................................................................................................................

29

Figura 8. Procedimento experimental de atribuição das expressões faciais................ 31

Figura 9. Dados de atribuição da amostra de João Pessoa......................................... 34

Figura 10. Dados de atribuição da amostra de Ribeirão Preto..................................... 35

Figura 11. Dados de atribuição da amostra de Barcelona............................................ 35

Figura 12. Fotografias da expressão de alegria com as maiores taxas de atribuição

compatível de 94,53%, 91,71% e 95,99%, para as amostras de João Pessoa,

Ribeirão Preto e Barcelona, respectivamente................................................................

36

Figura 13. Fotografias da expressão de medo com menores taxas de atribuição

compatível de 44,11 %, 30,52% e 40,75 %, respectivamente, para os participantes

de João Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona..................................................................

36

Figura 14. Quantidades de resultados das estatísticas Kappa divididos por faixa

para a amostra de João Pessoa......................................................................................

44

Figura 15. Porcentagem dos resultados das estatísticas Kappa divididos por faixa

(João Pessoa).................................................................................................................

45

Figura 16. Quantitativo de resultados Kappa nas faixas estabelecidas para amostra

de Barcelona..................................................................................................................

45

Figura 18. Quantitativo de estatísticas Kappa com relação às faixas de resultados

para a amostra de Ribeirão Preto..................................................................................

46

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Figura 19. Porcentagem dos resultados da estatística Kappa para a amostra de

Ribeirão Preto.............................................................................................................

47

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RESUMO

As expressões faciais funcionam como uma forma de comunicação não verbal extremamente

adaptativa. Entretanto, ainda existe um debate em relação a universalidade das emoções. O

presente estudo teve como objetivo a composição e a comparação transcultural de um banco

de expressões faciais brasileiro. Quinze atores da cidade de João Pessoa representaram as

faces de alegria, medo, nojo, tristeza, raiva, surpresa e neutra. O estudo de validação dos

estímulos contou com a participação de 242 estudantes universitários de João Pessoa/PB,

Ribeirão Preto/SP e Barcelona/Espanha. Os resultados indicaram um alto índice de

reconhecimento das expressões nas diferentes regiões, obtendo frequências acima de 80%

(faces de alegria, raiva, neutra e surpresa), de aproximadamente 70% (nojo), entretanto, para

medo, abaixo de 45%. Algumas emoções foram atribuídas de forma diferenciada entre as

localidades, mas no geral houve concordância na avaliação entre juízes. Os altos índices de

reconhecimento dão suporte à hipótese da universalidade, contudo mais investigações são

necessárias.

Palavras-chave: Expressão facial; emoções; comparação transcultural.

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COMPOSITION OF A BRAZILIAN FACIAL EXPRESSIONS DATABASE: A

VALIDATION AND CROSS-CULTURAL COMPARISON STUDY

ABSTRACT

Facial expressions function as an extremely adaptive non-verbal form of communication.

However, there is a debate regarding the universality of emotions. This study aimed to create

and carry out a cross-cultural comparison of a Brazilian facial expressions database. Fifteen

actors in the city of João Pessoa were instructed to pose expressions of happiness, fear,

disgust, sadness, anger, surprise and the neutral face. The sample of the validation study was

composed of 242 undergraduate students from João Pessoa/Brazil, Ribeirão Preto/Brazil and

Barcelona/Spain. The results show a high recognition rate of expressions in different regions,

getting above 80% frequency (happiness, anger, surprise and neutral faces), approximately

70% (disgust), however, below of 45% for fear. Some emotions were differently attributed

between locations, but overall there was agreement in the evaluation of judges. The high

recognition rates are evidence in favor of the universality hypothesis, but more research is

needed.

Keywords: Facial expression; emotions; Cross-Cultural Comparison.

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APRESENTAÇÃO

As emoções possuem um papel fundamental nas relações interpessoais. Perceber,

interpretar e produzir respostas emocionais tem grande importância nas interações sociais.

Dessa forma, a preservação dessa capacidade proporciona vantagens na previsão

comportamental do outro, bem como na conservação dos vínculos entre as pessoas (Soto &

Levenson, 2009).

Para os humanos, a capacidade de compreensão emocional através das expressões

faciais torna-se um fator crucial nos laços sociais, bem como na sua sobrevivência (Knyazev,

Bocharov, Slobodskaya, & Ryabichenko, 2008). As expressões faciais são uma forma de

externar o que sentimos, ou seja, nossos estados emocionais (Davis, Senghas, & Ochsner,

2009).

As expressões faciais têm sido utilizadas amplamente em diversas áreas de pesquisas

(Ebner, Riediger, & Lindenberger, 2010). Bruce e Young, (1998) afirmam que uma das

vantagens do uso das expressões faciais em pesquisas está relacionada à naturalidade desse

estímulo, em virtude das pessoas serem expostas a faces desde o nascimento. Outro fator que

favorece o uso de expressões faciais em pesquisas se deve ao fato de que o seu

reconhecimento independe de habilidades como a leitura e a escrita, o que possibilita a

realização de pesquisas em populações de baixa escolaridade (Andrade Júnior, 2013).

Estudos mostram que expressões faciais de cegos congênitos são expressas

semelhantemente aos videntes (Wolfe, 1990). De acordo com Sauter, Eisner, Ekman e Scott

(2010), as faces emocionais representam um complexo sistema de comunicação

aparentemente universal. Muito embora os seres humanos apresentem a tendência em dividir

o mundo em categorias, existem padrões similares na categorização emocional que resistem

as grandes diferenças culturais (Russell, 1991). Entretanto, quando observamos diferenças

culturais nas emoções, é importante enfatizar a sua flexibilidade, visto que a emoção está

sujeita as influências e vieses do contexto cultural (Tsai, 2007).

Com base na premissa que enfatiza a validade ecológica das expressões faciais como

estímulos para investigar a forma como as pessoas emitem e reconhecem as emoções, o

presente estudo se propõe a investigar os possíveis vieses culturais que poderiam influenciar o

processo de reconhecimento das emoções em rostos humanos.

O presente trabalho será exposto em três capítulos teóricos que fundamentam a

presente pesquisa. No primeiro capítulo serão tratados os estudos sobre as teorias da emoção,

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seguindo dos aspectos históricos referentes as expressões faciais, e o debate sobre a

universalidade no reconhecimento das emoções através das expressões faciais. No segundo

capítulo são abordados os estudos transculturais, em busca de averiguar os padrões de

atribuição emocional as expressões faciais em diferentes culturas, bem como testar a hipótese

da universalidade. E no terceiro e último capítulo, a relevância da construção de um banco de

expressões faciais, mostrando pesquisas que desenvolveram instrumentos com ampla

utilização nos estudos relacionados a emoção e expressões faciais. Esse mesmo capítulo

apresenta a justificativa e os objetivos específicos e gerais do estudo realizado.

Posteriormente, o desenvolvimento da pesquisa com os aspectos metodológicos

realizados. A primeira etapa do estudo refere-se a composição do presente banco de

expressões faciais, em seguida a fase de aplicação do teste de atribuição de emoções as

expressões faciais, para o processo de investigação transcultural e validação.

Nas sessões seguintes são tratados os resultados encontrados, discussão dos mesmos

relacionando a literatura, as considerações finais, referências utilizadas e os anexos do

estudo.

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INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1

O estudo das emoções e das expressões faciais

A definição do conceito de emoção não é das mais simples, visto que não possui

um critério único, ou mesmo vários critérios estabelecidos, abarcando assim uma

complexidade de processos mentais e fisiológicos (Delgado, 1971).

Desde as antigas civilizações os seres humanos tendem a separar a razão dos

processos mais abstratos como a emoção e a cognição. A partir da Grécia Antiga até a

teologia cristã, as emoções eram vistas como disputando espaço com a razão na mente

humana (Ledoux, 1996-2001).

Em contraponto ao dualismo cartesiano, no qual a alma é independente do corpo e

das emoções, Antonio Damasio (citado por Tomaz & Giugliano, 1997) questiona essa

visão mecanicista, propondo a integração entre emoção e razão, mostrando que a inter-

relação entre estes dois aspectos promove respostas comportamentais adequadas frente

às adaptações do meio.

Nesse mesmo sentido, vários estudos têm investigado o tema das emoções,

levando em consideração o controle comportamental, bem como as funções mentais

superiores relativas à percepção, aprendizagem, entre outras. Dessa forma, hoje

entende-se que nossas reações emocionais não dependem exclusivamente dos processos

cerebrais, mas também dos processos interativos entre corpo e a mente (Tomaz &

Giugliano, 1997) .

Charles Bell (1774-1842) discutia a anatomia muscular e possuía varias hipóteses

relativas a observação de músculos faciais como responsáveis pelas emoções e suas

expressões, porém, apesar de plausíveis, seus argumentos eram um tanto limitados, por

basear-se apenas na observação de faces. Foi então que, por volta de 1862, o médico

fisiologista Duchenne (1806–1875) estudou a movimentação facial involuntária

decorrente de pequenas correntes elétricas em um homem vítima de um corte na face

que afetou seus nervos impedindo os movimentos faciais voluntários. Foi observado o

movimento muscular sem a emoção envolvida, mostrando que os grupos musculares

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não são os únicos responsáveis pelas expressões faciais emocionais (Bruce & Young, 1998).

Em 1884, William James (1842-1910) publicou um artigo intitulado de ―O que é

emoção‖, no qual discutiu a natureza das emoções com base no esquema que explicaria a

reação entre o estímulo e a resposta consciente, ou seja, a experiência emocional. Segundo sua

concepção, deve-se indagar se: a fuga se deve ao medo, ou o medo é consequência da fuga?

Essa premissa é explicada pelo fato de que todas as emoções são acompanhadas de reações

fisiológicas que causam sensações internas. Diante disso, de acordo com a situação em que o

sujeito está inserido o cérebro envia um feedback sensorial diferenciado, gerando respostas

corporais aos estímulos externos, sendo a emoção dependente desses processos (Cupchik,

1995; Ledoux, 1996-2001; Lent, 2004).

No final do século XX, a teoria de Willian James passou a ser confrontada pelo

fisiologista Walter Cannon (1871-1945) e por seu aluno Philip Bard (1898-1977), ao

sugerirem que o sistema nervoso central era o grande causador das manifestações fisiológicas

e comportamentais das emoções. Nessa proposição eles postularam que reações emocionais

seriam produzidas pelo hipotálamo e inibidas pelo córtex e o tálamo (Lent, 2004). Para

Cannon a resposta corporal específica dependia de uma reação de emergência, na qual o

suprimento energético era levado através do fluxo e redistribuído para órgãos e músculos

fundamentais, produzindo reações de luta ou fuga (Ledoux, 1996-2001).

Mais tarde outros pesquisadores como Stanley Schachter (1922-1997) e Jerome Singer

(1934–2010), buscaram uma explicação para o feedback corporal, e propuseram que as

reações fisiológicas nas emoções levam para o cérebro a informação da presença de um

estado de excitação mais relevante. Entretanto, não eram especificados quais tipos de

excitação ocorriam, visto que as emoções geralmente compartilham similaridades em algumas

reações fisiológicas. Sendo assim, foi conduzido um experimento em que os sujeitos eram

separados em dois grupos: um recebia injeções de adrenalina e o outro recebia um placebo,

posteriormente, um dos grupos seria exposto as situações agradáveis e outros a contextos

desagradáveis ou neutros. De acordo com as expectativas, o humor dos participantes que

receberam as injeções de adrenalina, variou de acordo com a condição em que foram

expostos. Desse modo foi possível observar que as reações ambíguas produzidas pelo corpo

durante o processamento emocional, dependem da classificação baseada em pistas sociais, ou

seja, as emoções são resultados da interpretação cognitiva do meio ao qual o individuo se

encontra (Ledoux, 1996-2001).

Existem correntes de estudos que tentam explicar o processamento visual de faces Os

teóricos holistas especificam a função do todo, o processamento integral sem precisar

reconhecer a identidade de um traço. No outro lado estão aqueles que defendem as teorias

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analíticas, estes evidenciam a importância da parte, um processamento detalhado onde cada

atributo tem uma função específica no reconhecimento de objetos. Por último, alguns estudos

tendem a agregar a teoria analítica e a holística para explicar o processamento no

reconhecimento das expressões faciais (Schwarzer & Zauner, 2003).

Com o avanço das neurociências muitos pesquisadores buscaram investigar possíveis

hipóteses de explicação do processamento das emoções (Esperidião-Antonio et al., 2008).

Tendo em vista que as emoções são provocadas por alterações internas e que necessitam de

uma resposta comportamental, não seria adaptativo que elas ocorressem ao acaso, visto que o

organismo deve ter uma ativação e resposta apropriada (Weisfeld & Goetz, 2013).

Ao analisar o ajustamento ao meio, o reconhecimento das emoções através das

expressões faciais representa uma sofisticada habilidade dos seres humanos. Isso os influencia

em seus contextos adaptativos, nas suas relações sociais e em situações específicas (Haxby,

Hoffman, & Gobbini, 2002). Desde muito cedo os bebês fixam seus olhares em rostos

humanos e ao longo do seu desenvolvimento as pessoas observam faces por mais tempo que

outros objetos (Haxby, Hoffman, & Gobbini, 2000). As expressões faciais são uma forma

poderosa de linguagem não verbal, na qual as pessoas podem inferir rapidamente sobre as

opiniões e atitudes alheias (Batty & Taylor, 2003), bem como detectar ameaças no ambiente,

o que proporciona uma vantagem evolutiva para a sobrevivência (Bertini, Cecere, & Làdavas,

2013).

As taxonomias atuais concordam com a existência de seis emoções básicas, as quais

seriam alegria, tristeza, raiva, medo, nojo e surpresa, embora outras ainda sejam sugeridas. De

acordo com Biehl et al. (1997) uma das principais razões para essas emoções terem tais

qualificações deve-se ao fato de que as suas expressões faciais correspondentes são

reconhecidas por um grande número de culturas. Ekman identificou um conjunto de emoções

básicas e reconhecidas universalmente através de um estudo com grupos isolados da

Papua/Nova Guiné, indivíduos de origem norte-americana, japoneses e brasileiros. Os

resultados mostraram que os participantes conseguiram reconhecer de forma semelhante as

expressões faciais emocionais (Tracy & Robins, 2008).

Durante muitas décadas têm sido discutida a universalidade das expressões faciais

(Fernández-Dols, Carrera, & Russell, 2002). Em seu livro ―A expressão das emoções no

homem e nos animais‖, Darwin (1809/1882) afirma que as expressões faciais são fruto da

evolução, sendo uma herança dos nossos ancestrais. Segundo esse pressuposto, mesmo que as

emoções sejam expressas de maneira uniforme ao redor do mundo, o hábito de proclamar os

sentimentos através de determinados movimentos foram adquiridos progressivamente. Desta

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forma, as capacidades que envolvem as emoções, seriam inatas e universais (Ekman,

Dalgleish, & Power, 1999).

Outros estudos também discordam que a capacidade de reconhecimento de expressões

faciais seja algo aprendido, mas sim algo que seja particularmente genético, é o que afirma

um estudo publicado pela ScienceDaily em 2008, no qual o professor David Matsumoto da

San Francisco State University Psychology observou indivíduos cegos e/ou com deficiências

visuais que utilizavam as mesmas expressões faciais, produzindo os mesmos movimentos

musculares faciais em resposta à determinados estímulos emocionais, o que configuraria a

hipótese de que os seres humanos emitem exposições emocionais de acordo com o contexto,

sugerindo que a capacidade de tais expressões não são aprendidas por observação (Matsumoto

& Willingham, 2009).

No estudo de Widen e Russell, (2013), a relação da universalidade no reconhecimento

das emoções é confrontada com base no desenvolvimento humano. Eles observaram que

durante os primeiros cinco anos de vida a criança possui a capacidade de experienciar e emitir

faces de nojo, porém levam um tempo para desenvolver gradativamente o conceito dessa

expressão, o que também se estenderia para a inferência desse estado emocional nos outros.

Nesse mesmo sentido, uma investigação realizada na Alemanha contrastou diferentes

contextos socioculturais na frequência do sorriso social em crianças de seis a doze semanas de

vida (Wörmann, Holodynski, Kärtner, & Keller, 2012). Foram comparadas famílias

germânicas residentes em Munique em relação a comunidades rurais de Cameroon. Os

resultados demonstraram que crianças com até seis semanas de idade não apresentavam

diferenças significativas entre os dois grupos, mas que, a partir da décima segunda semana de

vida, os bebês de Munique apresentavam uma maior constância na imitação do sorriso de suas

mães, sugerindo um possível viés no contexto social sobre o desenvolvimento da percepção

de estímulos emocionais (Wörmann et al., 2012).

Tsai, Louie, Chen, e Uchida (2007) avaliaram crianças pré-escolares em diferentes

culturas e observaram que as leitoras de histórias com conteúdos mais excitantes, tinham

maior tendência a valorizar estados mais excitativos, enquanto crianças que possuíam leituras

mais calmas, apreciavam mais esses estados. Isso sugere a existência de um viés adaptativo

baseado no contexto cultural, que pode influenciar o modo como as pessoas reagem

emocionalmente ou inferem os estados emocionais dos outros.

Russell (1994) postula que os rótulos emocionais e as expressões faciais podem estar

associados, mas que o fator cultural poderia influenciar na consistência dessa integração. Em

sua pesquisa analisou diversos estudos nos quais houve a concordância sobre a existência de

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sete expressões emocionais consideradas universais, dentre elas: felicidade, medo, surpresa,

raiva, nojo, tristeza e desprezo. Suas conclusões indicam que: dessas sete emoções, ao menos

duas (alegria e surpresa) seriam reconhecidas por todos os humanos independentemente de

sua cultura, e que as expressões de medo e raiva são as que geram maior imprecisão no seu

reconhecimento devido a falta de padrão muscular específico da sua manifestação.

Outro trabalho, levando em consideração tanto os aspectos universais quanto os

transculturais, evidencia que as emoções são reconhecidas de forma semelhante pelos

distintos grupos culturais, porém quando a face é representativa do próprio grupo cultural do

observador, os sujeitos demonstraram uma melhor precisão no julgamento das emoções

(Elfenbein & Ambady, 2003). De acordo com essa análise, poderíamos cogitar que as

diferenças culturais influenciam os processos universais envolvidos no reconhecimento das

emoções.

Com base no aporte teórico que assume a percepção das emoções como uma

habilidade biológica e evolutiva, alguns estudos buscam investigar as estruturas cerebrais e/ou

vias processuais no reconhecimento de padrões de uma expressão facial (Atkinson &

Adolphs, 2011; Batty & Taylor, 2003; Freeman et al., 2013), com a utilização de métodos de

neuroimagem e de eletrofisiologia.

Haxby, Hoffman, e Gobbini (2000) investigaram pontos relativos aos padrões

invariantes e multáveis dos rostos. Nessa pesquisa observaram que o núcleo occipitotemporal

no córtex visual extra-estriado atua como mediador do sistema analítico visual de faces, bem

como o núcleo do giro fusiforme responsável pelos aspectos mais constantes, enquanto o

sulco temporal superior seria mais sensível às qualidades mais variáveis das faces.

Alguns anos depois, um estudo de revisão analisou várias técnicas e paradigmas

experimentais (estudos de neuroimagem funcional, modelos animais e lesões em humanos),

que auxiliam na compreensão das bases neurais dos processos psicológicos envolvidos na

percepção das emoções. Alguns dos resultados encontrados indicam que regiões especificas (a

amígdala e ínsula, por exemplo) são importantes para identificação do estímulo emocional,

bem como na produção de uma resposta afetiva (Phillips, Drevets, Rauch, & Lane, 2003).

Observa-se que com o passar do tempo várias outras investigações surgem em busca

de aprofundar o estudo sobre as emoções e as expressões faciais desencadeadas pelas

mesmas. O contexto, a cultura e os fatores hereditários podem estar associados a essa

capacidade de se expressar e compreender as expressões no outros. A partir desse ponto

surgem as mais diversas variáveis estudadas através das expressões faciais, as quais

influenciam nessa percepção, tais como algumas patologias de ordem fisiológica ou psíquica,

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como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade e doença de Parkinson

(Albuquerque et al., 2014; Aoki, Cortese, & Tansella, 2014; Cooper et al., 2014; Daros,

Uliaszek, & Ruocco, 2014; de Souza, Barbosa, Lacerda, dos Santos, & Torro-Alves, 2014).

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CAPÍTULO 2

Estudos transculturais e de reconhecimento

Diversos estudos transculturais foram desenvolvidos com o fim de verificar a tese da

universalidade no reconhecimento das faces emocionais (Rosa, 2011). Ao longo das últimas

décadas foram desenvolvidos estudos sobre os padrões de ações musculares de cada uma das

emoções. Assim, é possível desenvolver protocolos para a produção de expressões emocionais

ensaiadas e padronizadas. As emoções produzidas com base nesses protocolos apresentam

diversas vantagens em relação às expressões não padronizadas, devido a sua validade (Rosa

2011).

Segundo Beaupré e Hess (2005), a padronização seria uma eficiente forma de garantir a

fidedignidade morfológica das expressões apresentadas a diversas amostras de participantes

ou modelos de estudo, possibilitando a sua replicabilidade em outras pesquisas.

Contrapondo a essa metodologia, Kayyal e Russell, (2013) realizaram um estudo com

expressões faciais espontâneas de aborígenes de Papua/Nova Guiné (Ekman,1980), e através

da avaliação de sujeitos de várias partes do mundo (americanos, palestinos de língua inglesa e

palestinos de língua árabe). Independentemente dos fatores linguísticos e culturais, não houve

concordância entre os participantes sobre o único rótulo para cada face, o que pode estar

associado a ausência de padronização das expressões gerando um prejuízo na sinalização

confiável da expressão apresentada.

Alguns pesquisadores discutem a capacidade de distinção entre expressões voluntárias e

ensaiadas. Ekman, Davidson, e Friesen (1990), discutem a questão do sorriso de Duchenne,

em que os participantes do estudo julgaram sorrisos espontâneos e manipulados através de

estimulação elétrica. Os resultados do estudo levantam a possibilidade de uma avaliação

equivocada por parte dos avaliadores, os quais não conseguem diferenciar um sorriso

espontâneo de um manipulado.

Buscando superar as limitações relatadas, outros estudos buscam utilizar métodos de

auto geração da emoção como medida mais fidedigna de estimulação emocional em

condições laboratoriais (Hess, Kappas, McHugo, Lanzetta, & Kleck, 1992). Em resposta as

críticas sobre a validade transcultural do reconhecimento das expressões, outros pesquisadores

buscam aperfeiçoar o método de aquisição dos estímulos emocionais (Fernández-Dols,

Carrera & Russell, 2002; Lee, Kim, Yeon, Kim, e Chae, 2013; Russell, 1991).

No estudo de Lee et al. (2013) cinquenta atores profissionais foram convidados a posar

expressões faciais de alegria, tristeza, medo, raiva, nojo, surpresa e neutra. As imagens

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captadas nesse estudo totalizaram em 283 estímulos, dentre os quais 40 atores foram

selecionados e incluídos no estudo de validação com 104 avaliadores de diferentes culturas.

Os resultados indicaram um maior reconhecimento para alegria (95%) e menor para medo

(49%) pela população coreana, observando a necessidade de estudos adaptados em diferentes

etnias. Para explicar o fenômeno das diferenças transculturais, Kelly et al. (2011) sugerem

que sociedades orientais possuem o padrão mais holístico, enquanto as culturas ocidentais

apresentam processamento mais analítico, e esse tipo de processamento se aplicaria a

percepção de faces.

Wolfgang e Cohen (1988) realizaram uma investigação com diferentes grupos étnicos,

como canadenses, latinos americanos, israelenses e etíopes recém-migrados para Israel. Foi

observado que a formação de pessoas a partir da cultura de acolhimento pode ser vantajosa

para uma melhor codificação das emoções, funcionando como um facilitador para a empatia

por grupos minoritários. Também foi demostrado que os bilíngues possuem uma maior

habilidade na codificação de expressões faciais emocionais, o que não necessariamente indica

que esse reconhecimento seja apenas influenciado pelo fator cultural.

Reforçando a hipótese da universalidade, um experimento realizado por Wang et al.,

(2006), desenvolveu 30 estímulos faciais esboçando as expressões de felicidade, surpresa,

medo, tristeza, raiva, nojo e felicidade contínua, no qual 71 participantes chineses realizaram

uma tarefa de escolha forçada. Os resultados do estudo mostraram consistência entre as

atribuições e as categorias sugestionadas, ressaltando a teoria do reconhecimento inato das

expressões faciais, mesmo com o fato de que a palavra nojo não faça parte do idioma chinês

para classificação das emoções básicas.

Freeman et al. (2013) utilizando a técnica de ressonância magnética funcional (fMRI)

investigaram a relação entre o contexto e a raça do modelo que esboçava a expressão. No

experimento, americanos caucasianos e chineses nativos avaliaram faces americanas e

asiáticas inseridas em aspectos culturais dos dois locais. Os resultados desse estudo indicaram

que o córtex retrosplenial (RSC) e o córtex orbitofrontal (OFC) apresentavam maiores

ativações para a compatibilidade dos sinais faciais e contextuais. Sendo assim, quando uma

face asiática está inserida em um contexto relacionado a aspectos culturais próprios de sua

nacionalidade, estas respostas de ativação cerebral tornavam-se mais sensíveis.

Além dos aspectos biológicos e universais, é fundamental levar em consideração os

aspectos referentes às técnicas utilizadas nos experimentos transculturais. Trazendo a ideia de

que os aspectos universais dependem do contexto conceitual, Gendron, Roberson, van der

Vyver e Barrett (2014) avaliaram essas referências contextuais através de participantes

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provenientes dos Estados Unidos e da Nambia. Sem pistas conceituais da categorização das

emoções, os sujeitos da Namíbia não apresentaram um padrão que respaldasse a

universalidade, enquanto o grupo dos Estados Unidos apresentou um reconhecimento dos

estímulos com base no padrão universal esperado. Embora as variações culturais tenham

persistido quando pistas conceituais foram apresentadas aos dois grupos, as características

universais foram evidenciadas.

Pode ser observado que a maioria dos estudos que buscam identificar os padrões

(culturais e universais), não conseguem estabelecer uma homogeneidade no aspecto

predominante. Tanto os aspectos universais quanto culturais são apresentados em pelo menos

uma variante de interesse do estudo. Independente de qual aspecto seja predominante, estudos

nesse sentido minimizam viseses que possam interferir nas pesquisas sobre o reconhecimento

das emoções, de forma que tais estudos possam ser generalizados e replicados em todo o

mundo.

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CAPÍTULO 3

Bancos de expressões faciais

Com ênfase em sua relevância para o estudo das emoções e interação social, nas

últimas décadas foram criados e validados conjuntos de expressões faciais em diferentes

contextos sócio-culturais, como no Japão (Biehl et al., 1997), Austrália (Mazurski & Bond,

1993), China (Wang & Markham, 1999), Estados Unidos (Ekman & Friesen, 1976;

Tottenham et al., 2009), Alemanha (Wallhoff, 2006) e Suécia (Lundqvist, Flykt, & Öhman,

1998). Dentre os mais usados na pesquisa empírica, destaca-se o conjunto de expressões

faciais ―Pictures of Facial Affect‖ (Ekman & Friesen, 1976) (Figura 1), que contém 110

fotografias em preto e branco de atores posando seis expressões faciais.

Figura 1. Exemplos de imagens do conjunto de expressões faciais Pictures of Facial Affect.

Em 2009, Tottenham e seus colaboradores publicaram um banco de faces emocionais

com 672 fotografias em colaboração com atores profissionais da cidade de Nova York (18

mulheres e 25 homens com idades entre 21 e 30 anos). Diferentes etnias foram representadas,

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entre elas os negros africanos, asiáticos e caucasianos. As emoções posadas foram alegria,

medo, tristeza, raiva, nojo, surpresa, neutra e calma nas versões de boca aberta e fechada. Esse

banco também tem sido amplamente utilizado (Figura 2).

Figura 2. Imagem retirada do artigo Tottenham et al. (2009).

Savran et al. (2008) desenvolveram o Bosphorus Database, que inclui representações

tridimensionais das seis expressões faciais básicas e variações sistemáticas nas poses e tipos

de oclusão das faces. Blanz e Vetter (1999) desenvolveram um sistema de escaneamento e

manipulação de faces em 3D que poderia ser adaptado ao estudo das expressões faciais.

Posteriormente, Thoma, Soria Bauser, e Suchan (2013) publicaram um estudo com o processo

de validação de um conjunto de estímulos emocionais intitulado de BESST (Bochum

Emotional Stimulus Set), com fotografias de expressões corporais e faciais, na posição frontal

e lateral, utilizando as seis emoções básicas mais a face neutra.

Outra pesquisa propõe a criação de um conjunto de faces estáticas e dinâmicas

retiradas a partir de filmes realísticos. O trabalho tem como objetivo reduzir a artificialidade

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dos outros instrumentos que coletam imagens em ambientes laboratoriais controlados (Dhall,

Goecke, Lucey, & Gedeon, 2012).

No Brasil, uma pesquisa utilizou a técnica computacional chamada morphing para

produzir protótipos de faces masculinas e femininas da região de Ribeirão Preto (SP) com

sujeitos que se autodenominaram brancos, pardos ou pretos. Os resultados desse estudo

mostraram concordância entre a raça declarada e a raça reconhecida pelos avaliadores,

mostrando uma possibilidade de desenvolver instrumentos adaptados para o contexto

brasileiro em expressões faciais (Mendes, Arrais, & Fukusima, 2009).

Muitos estudos têm sido desenvolvidos pelo mundo utilizando diversas técnicas e

representações étnicas para reduzir vieses metodológicos. Mas encontra-se uma relativa

escassez pesquisas que se proponham a não apenas compor, mas também validar instrumentos

(bancos de faces) com modelos representativos da população brasileira, e, dessa forma,

reduzir aspetos socioculturais que possam interferir no reconhecimento mais acurado das

emoções, garantindo uma maior fidedignidade no padrão da percepção de expressões faciais.

Diante do exposto, esse trabalho trata-se da composição e validação de um banco de

faces brasileiro com a intenção de diminuir as dificuldades encontradas na aquisição de um

banco de faces estrangeiro, bem como eliminar vieses de diferenças sócio–culturais entre as

distintas nacionalidades. Espera-se que os resultados dessa pesquisa possam contribuir para o

avanço nos estudos em expressões faciais, reduzindo os possíveis vieses socioculturais que

possam influenciar na percepção dos estudos realizados no Brasil.

OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

- Realizar a composição e validação de um conjunto de expressões faciais de uma amostra da

população brasileira para a realização de uma pesquisa transcultural no estudo das emoções.

3.2. Objetivos específicos

- Analisar o nível de reconhecimento das emoções a partir das fotografias obtidas no processo

de composição do banco de expressões faciais de indivíduos da população brasileira;

- Mensurar as possíveis diferenças culturais no reconhecimento das expressões faciais nas

diferentes localidades.

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MÉTODO

4.1. Estudo de composição do banco de expressões faciais

4.1.1.Amostra

Para a composição dos estímulos foram convidados 15 participantes: profissionais e

estudantes do curso de artes cênicas da cidade de João Pessoa/PB, com idade média de 22,9

anos (DP 3,9), dos quais nove eram homens (Figura 3). Todos foram informados dos

objetivos da pesquisa e, caso desejassem participar, e assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (Anexos A e B).

Os participantes foram contatados pelo menos uma semana antes da sessão

fotográfica, quando receberam um texto informativo sobre as expressões faciais das emoções

básicas, sendo orientados a treiná-las antecipadamente. Os voluntários pousaram e foram

instruídos a evocar a emoção de um modo que lhes parecesse o mais natural possível.

Figura 3. Modelos participantes da coleta de estímulos de expressões faciais.

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4.1.2.Materiais e equipamentos

Na coleta das fotografias foi utilizada uma câmera Canon EOS Rebel T3i

posicionada em um tripé. A iluminação foi feita com um flash do tipo Nissin Mark II Di

866 professional, que garante a iluminação homogênea (Figura 4).

Com o objetivo de reduzir a interferência de outros estímulos também foi utilizada

uma capa preta por cima da roupa, um prendedor de cabelo (de acordo com a necessidade),

e na padronização do cenário, um fundo branco e uma cadeira regulável. Um computador

Dell Studio 540, com processador Intel (R) Core ™ 2.50 GHz, 4GB foi utilizados no

armazenamento e edição das imagens fotográficas.

Figura 4. Esquema do estúdio onde as imagens (estímulos – faces) foram capturadas.

4.1.3. Procedimento

As imagens foram capturadas com o voluntário sentado na posição frontal, instruído a

permanecer com a expressão facial treinada previamente. Cada ator voluntário recebeu

antecipadamente (antes da sessão fotográfica) um material informativo, contendo as intruções

e exemplos das emoções solicitadas nas sessões fotográficas.

A câmera fotográfica com lente 18-135mm, permaneceu posicionada a uma distância

de 1,2m da cadeira onde o participante estava posicionado. Então, solicitou-se que cada

modelo evocasse cada uma das seis emoções básicas como alegria, tristeza, medo, raiva, nojo

e surpresa, incluindo a face neutra (ausência de expressão emocional).

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Para a análise dos resultados, foram selecionados 175 estímulos de 1448 fotografias, a

partir de uma triagem realizada pelos pesquisadores, com base nas imagens mais

representativas de cada emoção. Também foram avaliados fatores com enquadramento (de

acordo com características particulares da face de cada modelo), iluminação e nitidez das

imagens capturadas. Após a seleção realizou-se uma edição nos tamanhos das fotografias e a

codificação das mesmas como, por exemplo, F_03_AL_BA_01, que se trata do estímulo

Feminino, numero três, expressão de alegria, boca aberta, tipo um (Figura 5).

Figura 5. Exemplo do estímulo das expressões faciais coletadas, editado e codificado.

Nesse mesmo processo foi requerido que algumas emoções fossem emitidas em duas

versões, sendo uma com a boca aberta e outra com a boca fechada, seguindo alguns aspectos

da metodologia utilizada no banco Nim Stim (Tottenham et al., 2009), para as faces neutras,

de alegria, de raiva e de nojo (Figura 6). Em alguns casos, foram selecionadas mais de uma

versão da expressão, tal como para a face de tristeza (Figura 7). Isso ocorreu com a finalidade

de avaliar a melhor representação da face emocional.

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Figura 6. Exemplo das expressões de alegria, raiva e nojo e a face neutra nas versões com boca aberta e fechada.

Figura 7. Exemplo da expressão de tristeza (Tipo 01 e 02) do modelo masculino 05.

4.2. Estudo de validação do banco de expressões faciais

4.2.1. Amostra

Para o processo de avaliação e adequação do conjunto de imagens à população

brasileira, foram incluídas na etapa de validação/julgamento amostras de participantes de duas

regiões do país (João Pessoa/Paraíba e Ribeirão Preto/São Paulo) e, como medida

comparativa transcultural, uma amostra de participantes de Barcelona/Espanha. Sendo assim,

ao todo, participaram no estudo 242 estudantes universitários com idades entre 18 e 40 anos.

Os voluntários compuseram os respectivos grupos: João Pessoa (50 participantes), Ribeirão

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Preto (94 participantes), Barcelona (98 participantes). Os doadores das imagens não

participaram da etapa de validação das expressões faciais. Na Tabela 1 são apresentadas as

características das amostras de validação.

Tabela 1. Dados das amostras de validação das fotografias.

Local Homens Mulheres

Barcelona n= 15 n= 83

Idade Média= 19,5 Idade Média= 25,2

DP= 8,3 DP= 3,6

João Pessoa n= 20 n= 30

Idade Média= 22,7 Idade Média= 21,9

DP= 3,2 DP= 3,8

Ribeirão Preto n= 42 n= 52

Idade Média= 21,0 Idade Média= 20,8

DP= 3,4 DP= 4,0

A apresentação dos estímulos ocorreu em um computador Dell Studio 540 com

processador Intel (R) Core ™ 2.50 GHz, 4GB, com monitor de 21,5‖. Utilizou-se Superlab

2.0 no controle da apresentação dos estímulos e coleta das respostas dos participantes. Em

Barcelona foi utilizado um programa em C++, desenvolvido especificamente para o presente

estudo, que seguiu os mesmos parâmetros de apresentação dos estímulos e coleta de dados do

Brasil.

4.2.2. Procedimento

Os participantes sentaram-se em frente ao computador e receberam as instruções do

estudo por meio de um texto explicativo seguido uma face de treino para que os participantes

se habituassem a metodologia, e esclarecessem eventuais dúvidas.

Ao longo do teste, foram apresentadas 175 fotografias dos 15 modelos esboçando sete

expressões emocionais (alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa, nojo) e a face neutra. Cada

face foi apresentada na tela do computador em conjunto com as sete possíveis opções de

resposta: (1) Medo, (2)Tristeza, (3) Alegria, (4) Raiva, (5) Nojo, (6) Surpresa, e (7) Neutra. A

tarefa do participante consistia em indicar, mediante o teclado numérico, a opção de resposta

que melhor se ajustasse à expressão da face observada (Figura 8). A ordem de apresentação

das imagens foi aleatória e os participantes tiveram tempo livre de resposta.

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Figura 8. Procedimento experimental de atribuição das expressões faciais.

4.2.3. Análise dos Dados

Os programas Microsoft Office Excel 2007 e SPSS 21.0 e foram utilizados na

tabulação dos dados experimentais e análises estatísticas, respectivamente. Para os três

grupos, nos seus respectivos locais de aplicação da tarefa de reconhecimento das emoções,

foram calculadas as frequências de resposta das emoções atribuídas pelos participantes a cada

uma das faces (alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa, nojo ou neutra).

Os dados foram submetidos ao teste de normalidade shapiro-wilk para avaliar se

apresentavam uma distribuição normal. Visto que a maioria das variáveis não apresentaram

critérios para distribuição normal optou-se por utilizar testes não paramétricos para amostras

independentes.

Para comparação de resultados e distribuições entre os grupos (João Pessoa, Ribeirão

Preto e Barcelona) utilizou-se o teste não-paramétrico Kruskal-Wallis. Este é um teste de

hipóteses, podendo ser utilizado para comparar distribuições de duas ou mais variáveis que

sejam ordinais ou categóricas, observadas em duas ou mais amostras independentes. Dessa

forma é possível testar duas ou mais amostras da mesma população ou de populações

diferentes, ou de amostras com a mesma distribuição (Marôco, 2014). Vale salientar que o

teste de hipóteses considera na hipótese nula que não há diferença entre as distribuições, dessa

forma, ao encontrar um p-valor menor ou igual a 0,05, a hipótese nula é rejeitada e é aceita a

hipótese alternativa de que há diferença entre as amostras. Segundo Marôco (2014), este teste,

quando realizado apenas com dois grupos assemelha-se ao teste de Mann-Whitney.

Quando foram encontradas diferenças significativas, o teste de Mann-Whitney foi

utilizado como post hoc para verificar entre quais grupos (Locais) estariam estas diferenças.

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Este é um teste de hipótese que compara funções de distribuição de uma variável ordinal ou

categórica que foi medida em duas amostras diferentes (Marôco, 2014). Considerou-se nível

de confiança de 95% para o teste de hipótese, considerando que a hipótese nula refere-se à

igualdade das distribuições Dessa forma, os resultados foram considerados significativos

quando o critério p<0,05 era obedecido, ou seja, ao encontrar um p-valor desta forma rejeita-

se a hipótese nula e é aceita a hipótese alternativa, de que há diferença entre as distribuições

(Marôco, 2014).

Como medida de respostas concordantes entre os sujeitos para as expressões faciais,

foi realizado o teste Kappa, para ponderar acerca das concordâncias entre os sujeitos na

atribuição de emoções as expressões faciais. Cuja equação utilizada é a seguinte:

(1) ∑

;

;

Onde é o total da linha i da matriz de erros e é o total da coluna i da mesma

matriz. Para o efeito dos cálculos é utilizada uma forma aproximada da equação K (Moraes,

1998).

4.2.4. Aspectos éticos do estudo

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da

Paraíba - João Pessoa/PB (CAAE - 03594912.1.0000.5188). Os participantes tomaram ciência

das justificativas, objetivos, procedimentos, riscos e benefícios do estudo através do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e firmaram concordância com relação à

utilização das imagens para o uso no contexto de pesquisa.

A participação no estudo foi totalmente voluntária e os participantes foram informados

de poderiam retirar o seu consentimento a qualquer momento da pesquisa sem o risco de

sofrerem qualquer dano ou constrangimento.

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RESULTADOS

Os resultados descritos a seguir referem-se a análise dos sujeitos dividido em grupos

de acordo com a localidade de aplicação da tarefa de atribuição as expressões faciais, assim

como também análise feita por estímulo.

Para análise do reconhecimento, inicialmente foi realizado o cálculo das frequências

de resposta dos participantes para as seis emoções intencionadas no estudo e para a face

neutra. Em seguida, as frequências de resposta foram convertidas em porcentagem em função

do número de estímulos (Fotografias) e o tipo da emoção. Os resultados para os três grupos

dos estudos são apresentados nas Tabelas 2,3 e 4.

Tabela 2. Frequências de atribuição para a amostra de João Pessoa.

Atribuições

Em

oçã

o R

epre

sen

tad

a

João Pessoa Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

Medo 44,11% 0,38% 0,13% 0,13% 0,00% 55,01% 0,25%

Tristeza 1,48% 87,41% 0,63% 1,59% 4,44% 0,53% 3,92%

Alegria 0,20% 1,47% 94,53% 0,20% 0,47% 0,40% 2,74%

Raiva 1,00% 1,67% 0,20% 92,11% 4,48% 0,40% 0,13%

Nojo 7,06% 15,70% 0,70% 5,28% 70,31% 0,70% 0,25%

Surpresa 6,48% 0,12% 10,37% 0,24% 0,47% 81,74% 0,59%

Neutra 2,14% 4,07% 0,40% 0,80% 0,93% 3,81% 87,85%

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Tabela 3. Frequências para a mostra de Ribeirão Preto

Atribuições

Em

oçã

o R

epre

sen

tad

a

Ribeirão

Preto Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

Medo 30,52% 0,07% 0,27% 0,07% 0,53% 67,49% 1,06%

Tristeza 2,69% 82,91% 0,78% 1,18% 6,33% 0,73% 5,38%

Alegria 0,14% 2,84% 91,71% 0,50% 0,35% 0,50% 3,97%

Raiva 0,92% 2,20% 0,35% 86,84% 8,16% 0,96% 0,57%

Nojo 5,71% 15,97% 1,03% 5,42% 70,39% 0,97% 0,52%

Surpresa 5,44% 0,38% 12,01% 0,00% 0,25% 80,99% 0,94%

Neutra 3,80% 4,33% 0,25% 1,35% 1,21% 4,76% 84,32%

Tabela 4. Frequências de atribuições da amostra de Barcelona

Atribuição

E

moçã

o R

epre

sen

tad

a

Barcelona Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

Medo 40,75% 0,13% 0,06% 0,06% 0,00% 58,99% 0,00%

Tristeza 3,11% 83,40% 0,00% 1,88% 5,37% 0,81% 5,42%

Alegria 0,03% 0,24% 95,99% 0,00% 0,24% 0,14% 3,37%

Raiva 0,99% 1,39% 0,14% 89,80% 6,80% 0,71% 0,17%

Nojo 7,70% 14,41% 0,43% 6,18% 70,22% 0,43% 0,62%

Surpresa 5,70% 0,00% 6,12% 0,00% 0,06% 87,76% 0,36%

Neutra 2,89% 4,01% 0,41% 1,19% 0,99% 1,63% 88,88%

Observa-se na linha diagonal as porcentagens médias de reconhecimento das emoções

intencionadas, que apresentam índices mais elevados nas emoções de alegria, raiva e na face

neutra, nos três locais de aplicação do teste de reconhecimento das expressões faciais (João

Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona).

A expressão facial de medo foi a menos reconhecida em todos os grupos, tendo

obtidas frequências médias de reconhecimento de 44,11 %, 30,52% e 40,75 % para os

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participantes de João Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona, respectivamente. A emoção de nojo

teve um reconhecimento abaixo das demais apresentando os índices de 71,31 %, 70,39 % e

70,22 % nos grupos de João Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona (Tabela 2). Nas Tabelas 1,2,e

3, fora da linha diagonal principal, pode-se também observar os índices de identificação

(incorreta) da emoção quando ela não foi apresentada, indicando atribuição incompatível.

Em seguida são mostradas através das figuras 9, 10 e 11 (João Pessoa, Ribeirão Preto

e Barcelona, respectivamente), as porcentagens de confusão das atribuições para cada emoção

por local de aplicação do experimento.

Figura 9. Dados de atribuição da amostra de João Pessoa.

Figura 10. Dados de atribuição da amostra de Ribeirão Preto.

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37

Figura 11. Dados de atribuição da amostra de Barcelona.

As emoções de alegria (Figura 12), raiva e neutra estiverem entre as três expressões

com maior taxa de atribuição para todos os grupos. A emoção de medo (Figura 13) obteve o

menor índice de atribuição de acordo com o critério de frequência. Possivelmente, essa

redução deve-se ao fato da emoção de surpresa ter sido conferida incorretamente com a alta

frequência às faces de medo.

Figura 12: Fotografias da expressão de alegria com as maiores taxas de atribuição compatível de 94,53%,

91,71% e 95,99%, para as amostras de João Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona, respectivamente.

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38

Figura 13. Fotografias da expressão de medo com menores taxas de atribuição compatível de 44,11 %, 30,52% e

40,75 %, respectivamente, para os participantes de João Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona.

Além das taxas de atribuições por emoção, também foi analisada as respostas dadas

para cada fotografia (Anexo D), que permitiu verificar quais estímulos (Fotografias

codificadas) e modelos obtiveram melhor desempenho na atribuição compatível com a

expressão facial apresentada (seguindo na cor verde as taxas compatíveis com a emoção em

relação ao código da foto e em alaranjado as taxas incompatíveis acima de 30%).

No geral, a maioria dos modelos obteve um bom desempenho na evocação da

expressão solicitada. Entretanto, alguns modelos apresentaram taxas de atribuição inferiores

em pelo menos duas ou mais emoções (observa-se na Tabela 5). Os modelos feminino (06) e

masculino (03) apresentaram taxas inferiores em mais de três ou mais emoções.

Na Tabela 6 encontram-se os resultados do teste Kruskal-Wallis, considerando para o

teste de hipóteses o p-valor ≤ 0,05. Pode-se ver que apenas as emoções tristeza (p = 0,122) e

nojo (p = 0,970) não apresentaram diferenças significativas.

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Tabela 5. Teste Kruskal-Wallis para comparação entre os locais (João Pessoa, Ribeirão Preto

e Barcelona). Emoções Estatística do Teste

Kruskal-Wallis

p-valor

Medo

Tristeza

Alegria

Raiva

Nojo

Surpresa

Neutra

12,55

4,20

21,89

15,33

0,06

15,88

11,65

p = 0,002*

p = 0,122

p = 0,001*

p = 0,001*

p = 0,970

p = 0,001*

p = 0,003*

Diante das diferenças significativas encontradas nos resultados do teste Kruskal

Wallis, foi realizado, enquanto post hoc, o teste Mann Whitney, considerando para o teste de

hipóteses o p ≤ 0,005, para verificar quais emoções foram atribuídas de forma diferenciada

entre os locais. (Tabelas 7, 8 e 9).

Tabela 6. Teste Mann-Whitney comparando João Pessoa e Ribeirão Preto.

Emoções Estatística do teste

Mann-Whitney

Níveis de significância

Medo

Tristeza

Alegria

Raiva

Nojo

Surpresa

Neutra

1588,5

1814,0

1737,0

1462,5

2314,0

2224,0

1774,0

p = 0,002*

p = 0,029*

p = 0,012*

p = 0,001*

p = 0,963

p = 0, 667

p = 0,019*

Na Tabela 7 é possível ver os resultados do teste estatístico Mann-Whitney onde

observa-se que os resultados referentes às diferenças de atribuições entre os locais João

Pessoa e Ribeirão Preto para as emoções Medo, Tristeza, Alegria e Neutra tiveram resultados

significativos, rejeitando-se a hipótese de semelhança na distribuição das atribuições.

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Contudo, as emoções Nojo e Surpresa não obtiveram resultados significativos. Pode-se

também interpretar que os resultados do testes Mann-Whithney mostram similaridade entre os

grupos João Pessoa e Ribeirão Preto para as emoções de nojo (p = 0,963) e surpresa (p =

0,667).

Tabela 7. Teste Mann- Whitney comparando João Pessoa e Barcelona.

Na comparação entre as atribuições dos locais de João Pessoa e Barcelona, pode-se ver

na Tabela 8 que apenas a expressão Surpresa teve a hipótese nula de igualdade das

distribuições rejeitada com p < 0,003. Com relação às outras emoções a hipótese nula não foi

rejeitada, considerando-se que se houve diferença entre as atribuições de emoções, esta,

provavelmente, deveu-se ao acaso.

Tabela 8. Teste Mann- Whitney comparando Ribeirão Preto e Barcelona. Emoções Estatística do teste

Mann-Whitney

Níveis de significância

Medo

Tristeza

Alegria

Raiva

Nojo

Surpresa

Neutra

3472,5

4273,0

2823,0

3488,0

4491,0

3191,0

3326,0

p = 0,004*

p = 0,453

p = 0,001*

p = 0,005*

p = 0,862

p = 0, 001*

p = 0,001*

Com relação à Tabela 9, na qual apresentam-se os resultados com relação aos locais de

Ribeirão Preto e Barcelona, percebe-se que as expressões Medo, Alegria, Raiva, Surpresa e

Emoções Estatística do teste

Mann-Whitney

Níveis de significância

Medo

Tristeza

Alegria

Raiva

Nojo

Surpresa

Neutra

2272,5

2144,5

2180,0

2145,5

2386,0

1723,0

2371,5

p = 0,471

p = 0,212

p = 0,251

p = 0,212

p = 0,795

p = 0, 003*

p = 0,748

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Neutra tiveram p-valores menores que 0,005, desta forma, a hipótese nula de igualdade das

distribuições foi rejeitada, aceitando-se a hipótese alternativa de que há diferença de

distribuição das atribuições de emoções entre estes dois locais. Contudo, as emoções Tristeza

(p = 0,453) e Nojo (p = 0,862) não tiveram resultados significativos estatisticamente, nesse

caso, a hipótese nula não foi rejeitada.

Outra análise estatística realizada foi o teste de Kappa para verificar os resultados com

relação à concordância entre os juízes, nesse caso, os sujeitos que responderam às tarefas. Os

dados dos 242 participantes foram calculados a partir das apresentações dos 175 estímulos.

Esta estatística verifica o nível de concordância entre os participantes e testa a hipótese nula

de que não há diferença entre estas atribuições. Foram gerados 58.081 resultados da estatística

kappa, cruzando os dados dos 242 sujeitos entre si. O presente banco de faces atende aos

critérios de concordância entre avaliadores, que segundo Tottenham et al. (2009), para a

validade doinstrumento esta estatística é indicada para a comparação das concordâncias de

atribuições, sendo apontado o Kappa igual ou acima 0,70 como um valor de bom a ótimo.

Para João Pessoa os resultados são apresentados nas Figuras 14 e 15. Pode se ver que a

maior quantidade de resultados (1167) foi para os resultados de estatística Kappa situados

entre 0,700 e 0,799 (Figura 15), concentrando 51% dos resultados nesta faixa (Figura 15).

Todos os resultados desta análise foram significativos (p≤0,001).

Figura 14. Quantidades de resultados das estatísticas Kappa divididos por faixa para a amostra de João Pessoa.

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42

Figura 15. Porcentagem dos resultados das estatísticas Kappa divididos por faixa (João Pessoa).

Com relação a Barcelona, a estatística Kappa também foi realizada. Como pode ser

visto na Figura 16 a maior parte dos resultados encontrou-se na faixa entre 0,700 e 0,799

(5477 resultados), apresentando também 5 resultados na faixa entre 0,900 e 0,999. Na Figura

17 pode ser visto que a porcentagem da faixa entre 0,700 e 0,799 foi de 56% representando

que a maioria dos resultados encontrou-se nesta faixa. Os resultados destas análises também

foram significativos com p ≤ 0,001.

Figura 16. Quantitativo de resultados Kappa nas faixas estabelecidas para amostra de Barcelona.

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43

Figura 17. Porcentagem de resultados da estatística Kappa para as faixas escolhidas (Barcelona).

Com relação à região de Ribeirão Preto foram gerados os gráficos das Figuras 18 e 19,

contendo os quantitativos e porcentagens dos resultados da estatística Kappa gerada

(respectivamente). Na Figura 18 pode ser visto que a maior quantidade de resultados

concentrou-se entre as faixas de 0,700 e 0,799 (1756 resultados) seguida da faixa 0,600 a

0,699 (1357 resultados).

Figura 18. Quantitativo de estatísticas Kappa com relação às faixas de resultados para a amostra de Ribeirão

Preto.

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44

Figura 19. Porcentagem com relação aos resultados da estatística Kappa por faixa (Ribeirão Preto).

No gráfico da Figura 19, pode ser observado que a maior porcentagem refere-se às

faixas de resultados entre 0,700 e 0,799 (48%) e 0,600 e 0,699 (37%). Assumindo estes

resultados como os de maior quantidade em todas as regiões. Destaca-se que assim com as

outras análises, os resultados referentes a estes dados também foram significativos com p ≤

0,001. Vale salientar que nos resultados não foi encontrado nenhum valor abaixo de 0,300, o

que indica que todos os resultados estão acima do razoável.

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45

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo realizar o procedimento de composição de um

banco de expressões faciais brasileiro. Para isso, foram escolhidos como modelos atores e/ou

estudantes de artes cênicas, que presumidamente teriam melhores condições de produzir

expressões faciais compatíveis com as emoções desejadas. A partir de um conjunto de 1448

imagens capturadas nas sessões fotográficas, foram selecionados pelos pesquisadores, para a

etapa de validação do banco de expressões faciais, um grupo de 175 imagens consideradas

mais adequadas com relação à representação da emoção e qualidade fotográfica.

Para critérios comparativos na etapa de validação foram utilizadas amostras de

participantes de duas regiões do Brasil (João Pessoa/PB e Ribeirão Preto/SP) e do exterior

(Barcelona/Espanha). De maneira geral, verificou-se que o conjunto de expressões faciais foi

bem reconhecido nas diferentes regiões, tendo sido obtidas frequências de reconhecimento em

torno ou acima de 80% para as faces de alegria, raiva, surpresa e neutra, e de

aproximadamente 70% para nojo.

Encontrou-se uma restrição para a face de medo que obteve, nos três grupos, níveis de

reconhecimento bem reduzidos, com taxas de 44,11%, 30,53% e 40,75% (João Pessoa/PB,

Ribeirão Preto/SP e Barcelona/Espanha, respectivamente). Sendo a expressão de medo

confundida frequentemente com a expressão de surpresa, apresentando taxas de atribuições

incompatíveis de 55,01%, 67,49% e 58,99% para João Pessoa, Ribeirão Preto e Barcelona,

respectivamente. Essa ambiguidade encontrada entre surpresa e medo está bem descrita na

literatura (Clark, Neargarder, & Cronin-Golomb, 2008; Lee et al., 2013), o que ajudaria a

explicar os baixos índices encontrados no presente estudo.

Um estudo recente sugere que as emoções de medo e surpresa compartilham um

padrão semelhante de ação muscular na área dos olhos, da mesma forma que as expressões de

nojo e raiva na área do nariz, o que pode estar relacionado a uma confusão no processamento

inicial dessas faces (Jack, Garrod, & Schyns, 2014). A utilização do método de escolha

forçada também pode ter influenciado em uma resposta não muito bem analisada a priori pelo

participante.

Quando analisadas a taxas de atribuição por estímulos (fotografias), observou-se um

bom desempenho na maioria das expressões evocadas pelos modelos participantes.

Entretanto, alguns modelos (―Masculino 03‖ e ―Feminino 06‖) apresentaram taxas de

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46

atribuições incompatíveis em pelo menos três emoções, podendo este efeito relacionar-se a

uma representação menos natural da expressão (Anexo D).

No presente estudo não foram encontradas ambiguidades importantes em relação as

expressões de nojo e raiva (Anexo D), entretanto um dos modelos o ―Masculino 06‖

apresentou essa confusão com taxas de atribuição incompatíveis de 55,79% (Boca aberta) e

30,58% (Boca fechada) para a emoção de raiva, sendo esta confundida com a expressão de

nojo. E, assim como o modelo ―masculino 06‖, a modelo ―feminino 01‖ também apresentou

disparidade no reconhecimento da emoção de nojo, mas nesse caso com taxas de 65,29%

(boca aberta) e 74,27% (boca fechada) de atribuição incompatível pertinente a expressão de

tristeza, não corroborando os achados de Jack, Garrod, e Schyns (2014), que afirmam haver

uma dificuldade no reconhecimento entre as expressões de nojo e raiva, devido a semelhança

no padrão de ação muscular em algumas áreas da face.

O teste Kruskal-Wallis mostrou uma semelhança geral entre as três amostras para as

expressões de tristeza e nojo, tendo para as demais emoções um padrão de atribuição distinto.

O teste Mann-Whitney para João Pessoa e Ribeirão Preto, mostrou homogeneidade para as

expressões de nojo e surpresa. Já para as amostras de Ribeirão Preto e Barcelona, o padrão

permaneceu relativo as diferenças gerais, não tendo as emoções de tristeza e nojo apresentado

diferenças significativas. Por fim, quando comparados os resultados do Mann-Whitney para

os locais João Pessoa e Barcelona, apenas a face de surpresa obteve atribuição diferenciada

entre as amostras.

Os testes estatísticos Kruskal-Wallis e Mann-Whitney são testes de hipóteses para

verificar se há ou não diferença entre as distribuições de resposta, de forma que quando o

resultado é estatisticamente significativo (com valor de p abaixo de 0,05) pode-se rejeitar a

hipótese nula de igualdade de distribuições. Desta forma, pode-se considerar que ambos os

resultados são coerentes com os resultados da estatística Kappa. Entre as regiões, para a

maioria das emoções não houve muita diferença, exceto na comparação entre João Pessoa e

Barcelona, onde apenas uma emoção (Surpresa) teve resultado homogeneo. Esta diferença

pode-se dever à disparidade entre as culturas brasileira e europeia (Russel, 1991), que difere

em menor proporção em relação ao Sul do Brasil.

Para a validação do banco de expressões faciais brasileiro foram realizadas análises

utilizando a estatística Kappa. Segundo Tottenham et al. (2009), considera-se como ideal que

os resultados sejam acima de 0,700. Verificou-se nos resultados que a maioria dos valores do

teste Kappa se situou na faixa entre 0,700 e 0,799 para todas as regiões e apresentando

resultados significativos. No que se refere aos valores encontrados na amostra de Barcelona,

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47

houve ainda resultados entre 0,900 e 0,999, também significativos (p ≤ 0,001). Observa-se

que o valor colocado pela literatura (Moraes, 1998; Tottenham et al, 2009) como ideal foi

alcançado na maior parte dos resultados, para todas as regiões, indicando que o teste tem

condições estatísticas de ser validado.

As diferenças de desempenho em regiões distintas do Brasil podem ter sido

influenciadas por variações culturais entre as regiões, que apesar de compartilharem o mesmo

idioma, possuem particularidades socioculturais diversificadas entre as localidades. No que

diz respeito às diferenças apresentadas entre as amostras do Brasil (João Pessoa e Ribeirão

Preto) e de Barcelona, os resultados confirmam em parte, o estudo de Russell (1991), em que

as categorias básicas das emoções seriam panculturais, mas que essas categorias estariam

subordinadas as culturas específicas.

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48

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os altos índices de reconhecimento das faces de alegria, raiva, neutra e surpresa e nojo

nos diferentes locais de aplicação do teste dão suporte a hipótese de universalidade do

reconhecimento e expressão das emoções.

Os dados encontrados no presente estudo de validação indicam, portanto, que o

presente conjunto de expressões faciais mostra-se adequado para o uso de estudos na área das

emoções no Brasil e, possivelmente, correspondente para a aplicação em contextos

socioculturais variados, embora sejam necessários estudos adicionais em outras regiões e

países para confirmar se os altos índices de reconhecimento das emoções serão sustentados.

Para apoiar a tese de universalização das emoções, Kayyal e Russel (2013) sugerem que a

aplicação dos estímulos faciais possa ser realizada em mais participantes ao redor do mundo,

podendo analisar se variadas nacionalidades e culturas diferentes, permanecem com um

padrão semelhante no reconhecimento das expressões .

Outra vantagem desse estudo deve-se ao fato de que conjuntos utilizados nas

pesquisas em nosso país têm recebido frequentes críticas especialmente no que se refere à

validade transcultural do reconhecimento das expressões faciais. Além disso, um problema

adicional com o uso de bancos de faces estrangeiros são os custos de sua aquisição e

reprodução.

Diante de algumas limitações apontadas acima, observa-se a possibilidade futura de

incluir novos modelos no banco de expressões faciais, assim como a de realizar a aplicação

em um número maior de populações. Deve-se buscar também uma maior fidedignidade para a

expressão de medo.

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49

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ANEXOS

Anexo A. Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) para maiores de 18 anos

(estudo de composição).

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: Composição e validação de um banco de expressões faciais brasileiro

Pesquisador Responsável: Nelson Torro Alves

Nesse estudo, gostaríamos de obter fotografias de suas expressões faciais.

Prezado (a) Senhor (a),

Esta pesquisa tem objetivo reunir e validar um conjunto de expressões faciais de

indivíduos da população brasileira. A pesquisa será desenvolvida no Departamento de

Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob a orientação do Professor Doutor

Nelson Torro Alves.

Caso concorde em tomar parte da pesquisa, você será convidado a participar de duas

sessões fotográficas em dias diferentes. Antes do início da sessão, você deverá praticar

determinadas expressões faciais (alegria, tristeza, medo, raiva, surpresa e nojo) e deverá tentar

evocar a emoção de um modo que lhe pareça o mais natural possível durante o registro

fotográfico. Este trabalho contribuirá de maneira significativa para a área do estudo do

reconhecimento de emoções e percepção de faces no Brasil.

Os dados gerados nessa pesquisa poderão ser divulgados em congressos ou revistas

científicas. O uso das imagens que foram adquiridas durante as sessões fotográficas será

restrito a pesquisa científica e sua publicação se dará em revistas especializadas e no contexto

da pesquisa. Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o (a)

senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades

solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer

momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano ou prejuízo. Pedimos que por

gentileza ao (a) senhor (a) deixe-nos um e-mail para possíveis contatos.

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Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere

necessário em qualquer etapa da pesquisa.

Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu

consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que

receberei uma cópia desse documento.

______________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

Contato com o Pesquisador (a) Responsável:

Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o (a)

pesquisador(a): Nelson Torro Alves – Email: [email protected] - Telefone: (83) 9111-

0423.

Endereço: Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - Universidade Federal da Paraíba

(UFPB) – Campus I - Conjunto Humanístico – Bloco IV - Departamento de Psicologia –

Laboratório de Ciência Cognitiva e Percepção Humana - Cidade Universitária – João Pessoa -

PB

Atenciosamente,

_______________________________ _________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável Assinatura do Pesquisador Participante

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Anexo B. Material de instruções para o ator participante.

UNIVERIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

DEPARTAMENTO DE PSICOLOLGIA

LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS COGNITIVAS E PERCEPÇÃO HUMANA

Pesquisadores:

Marcelli Roberto Rodrigues

Orientador:

Nelson Torro Alves

Aos participantes:

Obrigado por participar de nossa pesquisa.

A pesquisa tem como objetivo a composição de um banco de expressões faciais

brasileiro. Os doadores das faces participarão de duas sessões fotográficas nas quais serão

obtidas as imagens de seis expressões faciais (alegria, tristeza, medo, surpresa, nojo e raiva) e

a face neutra. Estas deverão ser treinadas em frente ao espelho, pelos voluntários, antes das

sessões fotográficas.

Estudos mostram que a contração de cada músculo facial desempenha um papel na

alteração da expressão facial de um indivíduo. De modo que é possível produzir expressões

faciais pelo movimento de determinados músculos.

As imagens abaixo demonstram como diferentes contrações musculares produzem

expressões faciais. Ao treinar as expressões você poderá utilizar as imagens como modelo.

Mas deverá tentar evocá-las de forma mais natural possível.

Para as sessões fotográficas os voluntários deverão estar sem maquiagem e retirar

adereços como brincos e piercings.

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Expressões:

Face neutra: Face relaxada, ausência de movimentos musculares.

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Alegria: As sobrancelhas estão relaxadas. A boca está aberta e os cantos da boca

direcionados para cima, na linha de segmento das orelhas.

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Tristeza: A parte interior das sobrancelhas (perto do nariz) está elevada. Os olhos estão

ligeiramente fechados. A boca está relaxada.

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Medo: As sobrancelhas elevam-se simultaneamente e as respectivas partes interiores

aproximam-se. Os olhos estão tensos e em alerta.

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Raiva: A parte interior das sobrancelhas contrai-se simultaneamente para baixo. Os lábios

pressionam-se um contra o outro ou abrem-se ligeiramente, mostrando os dentes.

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Nojo: As sobrancelhas e pálpebras estão relaxadas. O lábio superior eleva-se ligeiramente de

modo assimétrico, fazendo uma pequena curva.

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Surpresa: As sobrancelhas estão elevadas. As pálpebras superiores estão muito abertas e as

inferiores relaxadas. A boca está aberta, descendo significativamente o maxilar inferior.

Nota: Cal Lightman é o personagem principal, interpretado por Tim Roth, da série Lie to Me.

Imagens a direita retirados do banco de expressões faciais – Pictures of Facial Affect.

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Posted 18th May by Luiza Raissinger Cavallaro

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http://sociedadeprimata.wordpress.com/2012/08/14/linguagem-nao-verbal-das-emocoes-

tristeza-e-angustia/

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Anexo C. Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) para maiores de 18 anos

(validação).

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: Composição e validação de um banco de expressões faciais brasileiro

Pesquisador Responsável: Nelson Torro Alves

Pesquisadores participantes: Marcelli Roberto Rodrigues

Nesse estudo, gostaríamos de validar um banco de expressões faciais.

Prezado (a) Senhor (a),

Esta pesquisa tem objetivo reunir e validar um conjunto de expressões faciais de

indivíduos da população brasileira. A pesquisa esta sendo sob a orientação do Professor

Doutor Nelson Torro Alves.

Caso concorde em tomar parte da pesquisa, você será convidado a participar de uma

sessão de validação de expressões faciais. Para tal você deverá observar a projeção das

expressões faciais e indicar na folha de respostas a emoção identificada. Este trabalho

contribuirá de maneira significativa para a área do estudo do reconhecimento de emoções e

percepção de faces no Brasil.

Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o (a) senhor (a)

não é obrigado (a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo

Pesquisador (a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento

desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano ou prejuízo. Pedimos que por gentileza ao (a)

senhor (a) deixe-nos um e-mail para possíveis contatos.

Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere

necessário em qualquer etapa da pesquisa.

Page 69: COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE EXPRESSÕES FACIAIS … · expressões faciais, em seguida a fase de aplicação do teste de atribuição de emoções as expressões faciais, para o processo

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Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido (a) e dou o meu

consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que

receberei uma cópia desse documento.

______________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

Contato com o Pesquisador (a) Responsável:

Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para:

Nelson Torro Alves – Email: [email protected] - Telefone: (83) 9111-0423. Endereço:

Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - Universidade Federal da Paraíba (UFPB) –

Campus I - Conjunto Humanístico – Bloco IV - Departamento de Psicologia – Laboratório de

Ciência Cognitiva e Percepção Humana - Cidade Universitária – João Pessoa – PB

CEP CCS – Comitê de Ética da Universidade Federal da Paraíba – Campos I – Cidade

Universitária – João Pessoa/ PB – 58.051-90 - Email: [email protected] - Telefone: (83)

32167791

Atenciosamente,

_______________________________ _________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável Assinatura do Pesquisador Participante

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Anexo D. Taxas de frequência de atribuição emocional por fotografias.

Estímulos/Fotografias Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

F_01_AL_BA_01 0,00% 0,41% 98,34% 0,41% 0,00% 0,83% 0,00%

F_01_AL_BF_01 0,00% 1,24% 94,63% 0,00% 0,00% 0,41% 3,72%

F_01_ME_BA_01 59,50% 0,83% 0,00% 0,00% 0,41% 38,43% 0,83%

F_01_NE_BA_01 1,24% 1,24% 0,00% 9,09% 1,65% 4,13% 82,64%

F_01_NE_BF_01 0,41% 1,66% 0,00% 3,32% 0,83% 0,00% 93,78%

F_01_NO_BA_01 21,07% 65,29% 0,83% 0,41% 11,98% 0,41% 0,00%

F_01_NO_BF_01 21,16% 74,27% 0,41% 0,00% 4,15% 0,00% 0,00%

F_01_RA_BA_01 0,00% 0,00% 0,00% 99,59% 0,41% 0,00% 0,00%

F_01_RA_BF_01 0,00% 2,07% 0,00% 97,10% 0,41% 0,00% 0,41%

F_01_SU_BA_01 8,68% 0,00% 0,83% 0,41% 0,41% 89,26% 0,41%

F_01_TR_BF_01 2,48% 96,69% 0,41% 0,00% 0,41% 0,00% 0,00%

F_02_AL_BA_01 0,00% 2,48% 94,21% 0,41% 0,00% 0,41% 2,48%

F_02_AL_BF_01 0,00% 2,07% 88,84% 0,00% 0,00% 0,00% 9,09%

F_02_ME_BA_01 26,03% 0,00% 1,24% 0,00% 0,41% 71,90% 0,41%

F_02_NE_BA_01 2,07% 0,41% 0,00% 0,00% 0,00% 3,31% 94,21%

F_02_NE_BF_01 0,41% 0,00% 6,20% 0,00% 0,00% 0,00% 93,39%

F_02_NO_BA_01 0,00% 0,00% 0,00% 4,13% 95,87% 0,00% 0,00%

F_02_NO_BA_02 0,00% 0,00% 0,00% 0,41% 99,17% 0,41% 0,00%

F_02_NO_BF_01 0,83% 7,44% 0,00% 2,07% 89,26% 0,41% 0,00%

F_02_RA_BA_01 0,00% 0,00% 0,41% 96,69% 2,48% 0,00% 0,41%

F_02_RA_BF_01 0,00% 1,24% 0,00% 97,93% 0,83% 0,00% 0,00%

F_02_SU_BA_01 11,16% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 88,43% 0,41%

F_02_TR_BF_01 0,00% 94,58% 0,42% 0,00% 4,58% 0,42% 0,00%

F_03_AL_BA_01 0,00% 0,83% 98,76% 0,41% 0,00% 0,00% 0,00%

F_03_AL_BF_01 0,41% 0,83% 98,76% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

F_03_ME_BA_01 40,47% 0,39% 0,00% 0,00% 0,39% 54,47% 4,28%

F_03_NE_BA_01 11,95% 6,64% 0,00% 0,00% 0,00% 3,98% 77,43%

F_03_NE_BF_01 1,65% 2,07% 0,00% 0,83% 0,00% 0,00% 95,45%

F_03_NO_BA_01 1,65% 1,24% 0,00% 0,83% 95,45% 0,83% 0,00%

F_03_NO_BF_01 0,41% 2,89% 0,41% 4,96% 89,26% 0,83% 1,24%

F_03_RA_BA_01 0,00% 0,00% 0,00% 100,00% 0,00% 0,00% 0,00%

F_03_RA_BF_01 0,00% 1,24% 0,41% 95,04% 3,31% 0,00% 0,00%

F_03_SU_BA_01 4,13% 0,00% 0,41% 0,00% 0,00% 95,04% 0,41%

F_03_SU_BA_02 0,83% 0,00% 28,51% 0,00% 0,00% 70,66% 0,00%

F_03_TR_BF_01 9,92% 86,36% 0,00% 0,83% 2,48% 0,00% 0,41%

F_03_TR_BF_02 1,65% 98,35% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

F_04_AL_BA_01 0,00% 0,41% 98,76% 0,41% 0,00% 0,41% 0,00%

F_04_AL_BF_01 0,00% 0,83% 97,93% 0,00% 0,00% 0,00% 1,24%

F_04_ME_BA_01 48,55% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 50,62% 0,83%

F_04_NE_BA_01 1,65% 3,72% 0,00% 0,83% 0,00% 2,48% 91,32%

F_04_NE_BF_01 0,00% 1,24% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 98,76%

F_04_NO_BA_01 0,41% 0,83% 0,00% 0,00% 98,35% 0,41% 0,00%

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69

Anexo D. Taxas de frequência de atribuição emocional por fotografias.

Estímulos/Fotografias Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

F_04_NO_BF_01 0,00% 0,83% 0,00% 2,89% 95,87% 0,41% 0,00%

F_04_RA_BA_01 0,41% 0,00% 0,00% 72,31% 26,03% 1,24% 0,00%

F_04_RA_BF_01 0,00% 0,00% 0,00% 83,06% 16,12% 0,41% 0,41%

F_04_SU_BA_01 1,65% 0,00% 0,83% 0,00% 0,00% 96,69% 0,83%

F_04_TR_BF_01 0,41% 90,50% 0,41% 0,00% 7,02% 0,00% 1,65%

F_05_AL_BA_01 0,00% 1,24% 96,28% 0,83% 0,00% 1,24% 0,41%

F_05_AL_BF_01 0,00% 2,07% 94,63% 0,00% 0,00% 0,83% 2,48%

F_05_ME_BA_01 26,45% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 73,55% 0,00%

F_05_NE_BA_01 1,24% 7,02% 0,00% 0,41% 1,65% 1,65% 88,02%

F_05_NE_BF_01 0,83% 4,55% 0,00% 1,65% 1,24% 0,00% 91,74%

F_05_NO_BA_01 0,41% 0,83% 0,00% 0,41% 97,93% 0,41% 0,00%

F_05_NO_BF_01 0,41% 4,13% 7,02% 10,33% 73,14% 0,00% 4,96%

F_05_RA_BA_01 0,41% 0,00% 0,00% 95,87% 3,31% 0,41% 0,00%

F_05_RA_BF_01 0,00% 1,24% 0,00% 95,87% 2,48% 0,41% 0,00%

F_05_SU_BA_01 1,65% 0,00% 2,48% 0,00% 0,41% 95,04% 0,41%

F_05_TR_BF_01 0,00% 95,04% 0,41% 0,41% 0,00% 1,65% 2,48%

F_06_AL_BA_01 0,00% 0,83% 97,52% 0,41% 0,00% 0,41% 0,83%

F_06_AL_BF_01 0,83% 8,26% 57,85% 0,00% 9,09% 0,83% 23,14%

F_06_ME_BA_01 31,82% 0,41% 0,00% 0,00% 0,00% 66,53% 1,24%

F_06_NE_BA_01 0,41% 25,21% 0,41% 3,72% 9,92% 0,83% 59,50%

F_06_NE_BF_01 0,41% 37,60% 0,00% 2,89% 10,74% 0,00% 48,35%

F_06_NO_BA_01 2,89% 21,90% 1,24% 2,89% 69,42% 1,24% 0,41%

F_06_NO_BF_01 3,73% 44,40% 0,83% 0,83% 46,89% 1,66% 1,66%

F_06_RA_BA_01 0,00% 0,41% 0,00% 94,21% 3,31% 0,83% 1,24%

F_06_RA_BF_01 0,00% 2,48% 0,41% 95,87% 0,83% 0,00% 0,41%

F_06_SU_BA_01 0,00% 1,24% 48,76% 0,00% 0,41% 47,93% 1,65%

F_06_TR_BF_01 0,83% 52,50% 0,42% 1,25% 15,00% 0,00% 30,00%

M_01_AL_BA_01 0,00% 0,41% 98,76% 0,83% 0,00% 0,00% 0,00%

M_01_AL_BF_01 0,41% 1,24% 96,28% 0,00% 0,00% 0,41% 1,65%

M_01_ME_BA_01 36,36% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 63,22% 0,41%

M_01_NE_BA_01 13,22% 2,48% 0,00% 0,41% 0,83% 11,57% 71,49%

M_01_NE_BF_01 0,81% 1,22% 1,22% 0,41% 1,63% 1,22% 93,50%

M_01_NO_BA_01 26,45% 11,16% 0,41% 2,07% 59,09% 0,83% 0,00%

M_01_NO_BF_01 21,85% 8,40% 0,00% 2,94% 65,13% 0,84% 0,84%

M_01_RA_BA_01 0,41% 0,41% 0,00% 98,35% 0,41% 0,41% 0,00%

M_01_RA_BF_01 1,24% 0,41% 0,41% 96,69% 1,24% 0,00% 0,00%

M_01_SU_BA_01 23,97% 0,00% 0,83% 0,00% 0,41% 73,97% 0,83%

M_01_TR_BF_01 8,68% 88,02% 0,41% 0,00% 0,00% 1,24% 1,65%

M_02_AL_BA_01 0,00% 1,24% 98,76% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%

M_02_AL_BF_01 0,41% 1,65% 91,32% 0,00% 0,00% 0,00% 6,61%

M_02_ME_BA_01 56,61% 0,41% 0,00% 0,41% 0,83% 40,91% 0,83%

M_02_NE_BA_01 3,31% 3,31% 0,00% 0,41% 0,00% 2,89% 90,08%

Page 72: COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE EXPRESSÕES FACIAIS … · expressões faciais, em seguida a fase de aplicação do teste de atribuição de emoções as expressões faciais, para o processo

70

Anexo D. Taxas de frequência de atribuição emocional por fotografias.

Estímulos/Fotografias Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

M_02_NE_BF_01 0,83% 0,83% 0,00% 1,24% 0,00% 0,00% 97,11%

M_02_NO_BA_01 0,41% 0,41% 0,00% 0,41% 97,93% 0,41% 0,41%

M_02_NO_BF_01 1,24% 3,72% 0,00% 1,65% 91,74% 0,83% 0,83%

M_02_RA_BA_01 1,65% 2,89% 0,00% 34,71% 60,33% 0,41% 0,00%

M_02_RA_BF_01 2,07% 30,99% 0,00% 42,98% 22,73% 1,24% 0,00%

M_02_SU_BA_01 1,23% 0,00% 10,70% 0,00% 0,00% 86,83% 1,23%

M_02_TR_BF_01 1,24% 61,00% 0,41% 0,41% 31,12% 2,90% 2,90%

M_03_AL_BA_01 0,00% 1,24% 96,69% 0,41% 0,00% 0,41% 1,24%

M_03_AL_BF_01 0,00% 1,24% 81,40% 0,41% 0,00% 0,00% 16,94%

M_03_ME_BA_01 43,80% 0,41% 0,00% 0,00% 0,41% 55,37% 0,00%

M_03_NE_BA_01 5,79% 4,96% 0,00% 4,13% 1,65% 4,13% 79,34%

M_03_NE_BF_01 1,24% 0,83% 0,00% 2,07% 0,41% 0,00% 95,45%

M_03_NO_BA_01 0,00% 1,65% 0,00% 0,00% 97,93% 0,41% 0,00%

M_03_NO_BA_02 3,31% 2,48% 0,41% 38,43% 55,37% 0,00% 0,00%

M_03_NO_BF_01 12,40% 66,53% 0,00% 2,07% 19,01% 0,00% 0,00%

M_03_RA_BA_01 0,83% 0,00% 0,00% 76,35% 21,58% 1,24% 0,00%

M_03_RA_BF_01 0,00% 1,65% 0,00% 97,52% 0,83% 0,00% 0,00%

M_03_SU_BA_01 24,79% 0,00% 0,83% 0,00% 0,83% 72,73% 0,83%

M_03_TR_BF_01 4,13% 54,55% 0,41% 5,37% 0,41% 0,83% 34,30%

M_04_AL_BA_01 0,00% 2,07% 96,28% 0,41% 0,41% 0,00% 0,83%

M_04_AL_BF_01 0,00% 0,83% 89,26% 0,41% 0,00% 0,00% 9,50%

M_04_ME_BA_01 57,85% 0,00% 0,41% 0,41% 0,00% 40,91% 0,41%

M_04_NE_BA_01 17,84% 1,24% 0,00% 0,00% 0,00% 12,03% 68,88%

M_04_NE_BF_01 6,61% 0,41% 0,83% 0,83% 0,00% 3,31% 88,02%

M_04_NO_BA_01 31,40% 20,25% 0,00% 0,41% 46,69% 0,83% 0,41%

M_04_NO_BF_01 14,46% 50,00% 0,00% 0,41% 33,47% 0,41% 1,24%

M_04_RA_BA_01 0,41% 0,00% 0,00% 98,35% 0,83% 0,00% 0,41%

M_04_RA_BF_01 0,00% 2,07% 0,00% 97,52% 0,00% 0,00% 0,41%

M_04_SU_BA_01 1,65% 0,41% 8,26% 0,41% 0,41% 86,78% 2,07%

M_04_TR_BF_01 1,24% 95,87% 0,41% 0,00% 0,00% 0,41% 2,07%

M_05_AL_BA_01 0,00% 1,24% 97,52% 0,00% 0,41% 0,00% 0,83%

M_05_AL_BF_01 0,00% 1,24% 92,15% 0,00% 0,00% 1,24% 5,37%

M_05_ME_BA_01 45,87% 0,00% 0,41% 0,00% 0,41% 52,48% 0,83%

M_05_NE_BA_01 13,22% 5,79% 0,00% 0,00% 0,83% 30,99% 49,17%

M_05_NE_BF_01 0,41% 1,65% 0,41% 0,00% 0,00% 0,00% 97,52%

M_05_NO_BA_01 2,48% 0,41% 0,00% 1,65% 91,32% 3,31% 0,83%

M_05_NO_BF_01 21,99% 18,26% 0,83% 2,07% 55,19% 0,83% 0,83%

M_05_RA_BA_01 0,41% 0,00% 4,55% 92,98% 0,41% 1,24% 0,41%

M_05_RA_BF_01 17,77% 0,83% 0,00% 64,05% 3,72% 11,16% 2,48%

M_05_SU_BA_01 12,81% 0,00% 0,83% 0,00% 0,00% 85,54% 0,83%

M_05_TR_BF_01 0,83% 79,34% 0,83% 11,98% 1,65% 0,41% 4,96%

M_05_TR_BF_02 1,65% 90,08% 0,83% 0,00% 0,00% 0,00% 7,44%

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71

Anexo D. Taxas de frequência de atribuição emocional por fotografias.

Estímulos/Fotografias Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

M_06_AL_BA_01 0,00% 2,07% 97,52% 0,00% 0,00% 0,00% 0,41%

M_06_AL_BF_01 0,00% 0,83% 95,87% 0,00% 0,00% 0,41% 2,89%

M_06_ME_BA_01 17,77% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 82,23% 0,00%

M_06_NE_BA_01 0,83% 3,31% 0,00% 1,24% 1,24% 0,00% 93,39%

M_06_NE_BF_01 0,41% 2,07% 0,00% 0,83% 0,00% 0,00% 96,69%

M_06_NO_BA_01 2,07% 2,48% 0,00% 55,79% 38,84% 0,00% 0,83%

M_06_NO_BF_01 1,24% 16,53% 0,00% 30,58% 51,65% 0,00% 0,00%

M_06_RA_BA_01 0,41% 0,41% 0,00% 89,67% 7,85% 1,24% 0,41%

M_06_RA_BF_01 0,41% 0,00% 0,00% 97,93% 1,66% 0,00% 0,00%

M_06_SU_BA_01 1,65% 0,00% 3,31% 0,00% 0,00% 95,04% 0,00%

M_06_TR_BF_01 3,72% 69,42% 0,83% 6,20% 16,12% 0,83% 2,89%

M_07_AL_BA_01 0,41% 1,65% 95,45% 0,00% 0,00% 0,41% 2,07%

M_07_AL_BF_01 0,00% 0,83% 97,93% 0,00% 0,00% 0,00% 1,24%

M_07_ME_BA_01 29,75% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 69,83% 0,41%

M_07_NE_BA_01 1,65% 1,23% 0,00% 0,00% 0,00% 3,70% 93,42%

M_07_NE_BF_01 1,66% 1,66% 0,00% 0,41% 0,00% 1,66% 94,61%

M_07_NO_BA_01 0,00% 1,04% 0,00% 0,52% 97,40% 1,04% 0,00%

M_07_NO_BF_01 5,53% 38,25% 0,00% 0,00% 55,30% 0,92% 0,00%

M_07_RA_BA_01 0,00% 0,00% 0,00% 99,17% 0,83% 0,00% 0,00%

M_07_RA_BF_01 0,00% 0,00% 0,00% 97,11% 1,65% 0,00% 1,24%

M_07_SU_BA_01 0,41% 0,41% 8,30% 0,00% 0,83% 89,21% 0,83%

M_07_TR_BF_01 3,72% 94,63% 0,41% 0,00% 0,41% 0,00% 0,83%

M_08_AL_BA_01 0,00% 0,83% 97,93% 0,41% 0,00% 0,00% 0,83%

M_08_AL_BF_01 0,41% 0,83% 97,52% 0,83% 0,00% 0,00% 0,41%

M_08_ME_BA_01 38,02% 0,00% 0,00% 0,41% 0,00% 61,16% 0,41%

M_08_NE_BA_01 0,83% 0,41% 0,41% 0,00% 0,00% 3,72% 94,63%

M_08_NE_BF_01 0,00% 0,00% 0,83% 0,41% 0,00% 0,41% 98,35%

M_08_NO_BA_01 2,48% 0,00% 10,33% 2,07% 80,58% 3,72% 0,83%

M_08_NO_BF_01 22,73% 35,95% 0,41% 7,02% 33,06% 0,41% 0,41%

M_08_RA_BA_01 1,24% 0,00% 0,41% 96,27% 0,83% 0,83% 0,41%

M_08_RA_BF_01 0,83% 3,72% 0,00% 93,39% 1,24% 0,41% 0,41%

M_08_SU_BA_01 1,24% 0,00% 0,83% 0,00% 0,00% 97,93% 0,00%

M_08_SU_BA_02 0,41% 0,41% 28,51% 0,00% 0,00% 70,66% 0,00%

M_08_TR_BF_01 4,96% 88,02% 0,41% 0,00% 2,89% 1,24% 2,48%

M_09_AL_BA_01 0,00% 0,83% 97,11% 0,41% 0,00% 1,24% 0,41%

M_09_AL_BF_01 0,41% 3,31% 86,78% 0,00% 0,00% 0,00% 9,50%

M_09_ME_BA_01 30,99% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 68,18% 0,83%

M_09_ME_BA_02 7,88% 0,00% 0,41% 0,00% 0,41% 91,29% 0,00%

M_09_NE_BA_01 1,65% 1,65% 0,00% 0,00% 0,00% 7,02% 89,67%

M_09_NE_BF_01 0,00% 0,41% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 99,59%

M_09_NO_BA_01 0,00% 0,00% 0,00% 1,65% 97,93% 0,00% 0,41%

M_09_NO_BA_02 0,00% 0,41% 0,41% 1,65% 96,69% 0,83% 0,00%

Page 74: COMPOSIÇÃO DE UM BANCO DE EXPRESSÕES FACIAIS … · expressões faciais, em seguida a fase de aplicação do teste de atribuição de emoções as expressões faciais, para o processo

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Anexo D. Taxas de frequência de atribuição emocional por fotografias.

Estímulos/Fotografias Medo Tristeza Alegria Raiva Nojo Surpresa Neutra

M_09_NO_BF_01 0,00% 2,07% 0,00% 4,96% 92,98% 0,00% 0,00%

M_09_RA_BA_01 0,41% 0,41% 0,41% 80,17% 17,77% 0,41% 0,41%

M_09_RA_BF_01 0,00% 0,41% 0,00% 97,11% 2,07% 0,41% 0,00%

M_09_SU_BA_01 1,65% 0,41% 13,64% 0,00% 0,00% 84,30% 0,00%

M_09_TR_BF_01 0,83% 87,97% 0,41% 0,83% 5,81% 1,66% 2,49%

M_09_TR_BF_02 0,83% 86,36% 0,00% 2,07% 8,68% 1,65% 0,41%

M_09_TR_BF_03 2,48% 87,19% 0,83% 0,00% 9,09% 0,41% 0,00%