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FUNDO DE APOIO SOCIAL PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL COMPONENTE DE DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA LOCAL ESTUDO DE LINHA DE BASE Município do Namibe Província do Namibe Junho/2012

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FAS- Estudo de Linha de Base - Município do Namibe Componente de Desenvolvimento da Economia Local 2012

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FUNDO DE APOIO SOCIAL

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL

COMPONENTE DE DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA LOCAL

ESTUDO DE LINHA DE BASE

Município do Namibe – Província do Namibe

Junho/2012

FAS- Estudo de Linha de Base - Município do Namibe Componente de Desenvolvimento da Economia Local 2012

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Ficha Técnica

Titulo Estudo de Linha de Base Municipio do Namibe- Província do Namibe Organização Fundo de Apoio Social Coordenação Institucional Victor Hugo Guilherme, Director Executivo do FAS Helena Farinha, coordenadora da Componente de Desenvolvimento Económico Local Autor Ana Cristina Oliveira, Consultora Independente Gestão e Colaboração Provincial Manuel Esteves – Director Provincial do FAS Nayole Palhares – Especialista Economia Local/FAS Namibe

Alberto José Benedito - Assistente de Promoção Social/FAS Namibe

Junho 2012

FAS- Estudo de Linha de Base - Município do Namibe Componente de Desenvolvimento da Economia Local 2012

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Índice

Glossário -------------------------------------------------------------------------------- 4

APREENTAÇÃO ------------------------------------------------------------------------ 5

1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------ 6

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO ------------------- 8

2.1 Aspectos gerais da situação sócio-económica---------- 11

3. DESCRIÇÃO DOS SECTORES ECONÓMICOS/PRODUTIVOS------ 16

3.1 Sector Agro-Pecuário------------------------------------------ 16

3.1 .1 Formas Organizativas---------------------------------- 19

3.1.2 Principais problemas 21

3.2 Sector das Pescas------------------------------------------------- 21

3.2.1 Formas Organizativas---------------------------------- 24

3.2.2 Principais problemas da actividade da pesca---- 26

3.3 Sector do Comércio e da Indústria--------------------------- 26

3.3.1 Formas Organizativas----------------------------------- 29

3.3.2 Principais problemas ----------------------------------- 29

3.4 Infra-estruturas económicas--------------------------------- 29

3.5 Provedores de serviços---------------------------------------- 31

3.6 Créditos disponíveis no município-------------------------- 32

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS------------------------------------------------ 35

4.1 Gerais-------------------------------------------------------------- 35

4.2 Finais--------------------------------------------------------------- 36

Anexos:

Anexo 1 -Termos de Referência -------------------------------------------------

Anexo 2 -Lista dos entrevistados-------------------------------------------------

Anexo 3- Documentos Consultados----------------------------------------------

Anexo4- Fotos ilustrativas – Actividades económicas

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Glossário

BCI- Banco Comércio e Indústria

BPC- Banco de Poupança e Crédito

BUE- Balcão Único do Empreendedor

CACS- Conselho de Auscultação e Concertação Social

D.D.A- Doença Diarreica Aguada

D.D.R- Doença Respiratória Aguda

DEL- Desenvolvimento da Economia Loca

EDA- Estação de Desenvolvimento Agrário

FADEPA- Fundo de Apoio ao Desenvolvimento da Pesca

FAS – Fundo de Apoio Social

GEPE- Gabinete de Estudo, Planeamento e Estatística

IBEP- Inquérito Bem Estar da População

IDA - Instituto de Desenvolvimento Agrário

INEFOP- Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional

IPAA- Instituto para o Desenvolvimento da Pesca Artesanal e Aquicultura

MAPESS– Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social

PDIPN- Plano de Desenvolvimento Integrado da Província do Namibe

PDL- Projecto de Desenvolvimento Local

PMCPS- Programa Municipal de Cuidados Primários de Saúde

PMIDRCP- Programa Municipal Integrado de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza

UNACA- União Nacional das Associações e Camponeses Angolanos

TPA – Televisão Pública de Angola

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APRESENTAÇÃO O Fundo de Apoio Social (FAS) é uma agência do Governo de Angola, criada a 28 de Outubro de 1994, ao abrigo do Decreto Executivo Nº 44/94 do Conselho de Ministros, tem personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira para, em coordenação com outros programas de combate à pobreza, contribuir para a promoção do Desenvolvimento Sustentável e redução da pobreza.

Na base das suas experiências e lições aprendidas ao longo dos anos em Angola, o FAS, está a implementar no período de 2011 a 2015, o Projecto de Desenvolvimento Local (PDL) com o objectivo de melhorar o acesso das populações pobres a serviços sociais e económicos, a oportunidades económicas, bem como aumentar as capacidades de planeamento e de gestão do desenvolvimento local dos municípios alvo.

O PDL compreende três componentes de entre as quais, uma com carácter mais inovador, a componente 2 denominada “Desenvolvimento da Economia Local (DEL)” que visa melhorar as competências empresariais e o acesso ao mercado de grupos de produtores/artesãos e provedores de serviços. Os objectivos específicos desta componente são: (a) Gerar oportunidades de emprego e o aumento da renda familiar; (b) Melhorar a capacidade empreendedora dos pequenos produtores, artesãos e prestadores de serviços; (c) Incentivar e apoiar a criação de pequenas indústrias de transformação; (d) Revitalizar o mercado local; (e) Estimular a produção local e vocações regionais. A implementação da componente 2 tem como ponto de partida, a realização de estudos de linha de base. Com os estudos de linha de base, o Fundo de Apoio Social pretende contribuir para o aprofundamento dos conhecimentos sobre o sector económico-produtivo dos municípios, enquanto um complemento para a melhoria dos Perfis Municipais e para o provimento de potenciais ideias para a definição de uma eventual Estratégia de Desenvolvimento da Economia Local dos municípios em estudo. Os municípios eleitos para a realização de estudos de linha de base são os municípios de Benguela e Baía Farta na província de Benguela, Lubango e Chibia na província da Huíla, Namibe e Tômbwa na província do Namibe e Huambo e Caála na província do Huambo.

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1. INTRODUÇÃO No âmbito da implementação do Projecto de Desenvolvimento Local (PDL), o Fundo de Apoio Social (FAS) realizou um Estudo de Linha de Base do Sector Económico-Produtivo do Município do Namibe. O estudo teve como objectivo conhecer mais profundamente a realidade do sector económico e produtivo do município, alargando assim a base de conhecimentos para a tomada de decisões sobre as áreas económicas prioritárias, bem como para o desenvolvimento do município no geral. Os Termos de Referência do estudo (ver anexo 1) orientaram a realização do trabalho. A metodologia utilizada procurou integrar os diferentes conhecimentos sobre o processo de desenvolvimento do município, focalizando em aspectos relacionados com o sector económico ao nível local. Todo o processo foi conduzido por uma consultora independente, contratada para o efeito, tendo sido coadjuvada pela equipa técnica do FAS da Província do Namibe. O trabalho de recolha de dados realizou-se em Maio de 2012, tendo sido baseada numa amostra pré-definida que incidiu em duas Zonas do município com características diferentes: a Sede do município onde a actividade económica é diversificada e o acesso aos serviços está mais facilitado; a comuna da Lucira com características rurais e mais distante da Sede do Município. O trabalho de campo teve a duração de sete dias e incidiu na recolha das informações primárias qualitativas e quantitativas, com recurso à observação directa, realização de grupos focais e entrevistas, a três níveis: i. Entrevistas com responsáveis ao nível Provincial do Namibe nomeadamente: Vice-Governador para a esfera económica, GEPE, Direcções Provinciais da Agricultura, Pesca, Comércio e Indústria; UNACA; Instituições Bancárias; Associações, ii. Entrevistas com representantes dos sectores da Administração Municipal e Comunal: Administrador Municipal, Chefes da Repartição de Estudo e Planeamento, EDA, Administradora Comunal da Lucira, (ver lista anexo 2), iii. realização de grupos focais que envolveram um total de 152 pessoas, de entre agricultores familiares, pescadores, e membros do CACS. (ver Tabela 1).

Fonte: Levantamento directo

No decurso do estudo foram consultados alguns documentos julgados importantes, cuja listagem se encontra no Anexo 3- documentos consultados.

Tabela 1- GRUPOS FOCAIS REALIZADOS

Localidades

Tipos de Grupos focais

Sector Agro-pecuário Sector da Pesca Membros do CACS

Homens Mulheres Homens Mulheres

Sede do Municipio 51 23 42 9 -

Lucira 12 - 5 - 10

Total 63 23 47 9 10

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As principiais limitações ao trabalho estiveram relacionadas com os dados estatísticos desactualizados e contraditórios, assim como o facto de não se ter realizado das entrevistas com representantes de algumas instituições previstas na metodologia do estudo, nomeadamente a Directora Provincial do MAPESS, que não se encontrava na província na altura da recolha das informações; autoridades tradicionais; sector privado, incluindo os provedores de serviços ligados ao sector económico, por indisponibilidade dos mesmos.

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2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO

Enquadramento geográfico. O município do Namibe ocupa uma área 8.916 km², estando limitado a Norte pela província de Benguela e pelo município do Camucuio, a Sul pelo município do Tômbwa, a Nordeste pelo município da Bibala, a Este pelo município do Virei, e a Oeste pelo oceano Atlântico. Administrativamente o município está dividido em três comunas nomeadamente, Forte Santa Rita, Bentiaba e Lucira. Aspectos biofísicos.1 O clima se apresenta em três configurações: clima seco, desértico, quente na faixa litoral; clima seco, desértico, muito quente na faixa intermédia; clima seco, de estepe, muito quente no interior. A temperatura oscila entre 18 e 20º C. A província do Namibe caracteriza-se por ter ventos bastante regulares quer em direcção como em intensidade, ao longo de todo o ano. As quedas pluviométricas oscilam entre 0-50mm. Relativamente à hidrografia o município é banhado pelo oceano Atlântico e por 4 rios nomeadamente; Giraúl, Bero, Bentiaba e Carujamba. Os solos predominantes são Litossolos, existentes em cerca de 86% do território da província, são solos minerais pouco ricos , com uma capacidade de retenção de água “Muito Escassa”. Os solos com aptidão agrícola são escassos e estão limitados às baixas aluvionais dos principais rios. A vegetação é definida pelas condições climáticas, com predomínio das formações de feição estépica, constituídas, na maioria dos casos, por uma cobertura herbácea um tanto rala a que se associam arbustos cuja abundância vai aumentando no sentido do interior (de esparsa a densa). Encontra-se em menor expressão a vegetação dos cursos de água. No município existe a Reserva Parcial do Namibe, a cerca de 8 km a Sul da Sede do Namibe, cuja flora é composta maioritariamente por cinco famílias (Gramíneas, Leguminosas, Aezoaceas, Euphorbiaceas,Chenopodiaceas), mas devido à frágil gestão e conservação, muitas destas espécies se encontram ameaçadas ou mesmo em vias de extinção. O Município é muito rico em recursos minerais, com um potencial para exploração de calcário, granito e mármore.

Demografia – Os dados mais recentes da população do município são referentes ao ano de 2010, que estimam a existência de 539.273 habitantes, à razão de 60,5 hab/Km², dos quais cerca de 96% concentrados na Comuna Forte Santa Rita, como

1 As informações neste capítulo foram retiradas do PDIPN.

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mostra Tabela 2. Um factor importante a considerar, está relacionado com a fiabilidade dos dados, uma vez que no PDIPN indica que o Município tinha no ano de 2004 uma população estimada em 187.685 habitantes; logo, num período de seis ano ter um crescimento populacional de 187% é situação muito invulgar.

Tabela 2- População do Município

Os dados existentes sobre a população não estão desagregados por faixa etária e género, o que impede qualquer tipo de análise ligada a esses aspectos. No entanto, segundo um inquérito por amostragem realizado a 442 indivíduos do município, no ano de 2007 no âmbito do PDIPN, revelou que a estrutura etária do município do Namibe é muito jovem, uma vez que 62% da população tinha menos de 20 anos, 20% com idade compreendida entre os 20 e 34 anos, 15% entre os 35 e 49 anos e apenas 3% com mais de 50 anos. Quanto à estrutura da população por género revelou igualmente que 54% eram do sexo feminino e 46% do sexo masculino. Aspectos institucionais – De acordo com o Decreto nº 9/08 de 25 de Abril2, o Namibe está classificado na categoria de município do tipo A. A gestão do município é assumida pela Administração Municipal que, ao abrigo da Lei nº 17/10 de 29 de Julho, tem como função “promover e orientar o desenvolvimento económico e social e assegurar a prestação de serviços públicos da respectiva área geográfica”. Esta Lei prevê, de entre outras competências gerais da Administração Municipal, a elaboração do Plano e Orçamento, a Coordenação Institucional, bem como a promoção e apoio às empresas e actividades que fomentam o desenvolvimento económico e social do município, conforme indicado a seguir. Competências da área de Desenvolvimento Económico a) Estimular o aumento da produção e da produtividade nas empresas de produção de bens e de prestação de serviços a nível Municipal; b) Promover e organizar feiras municipais; c) Desenvolver programas de integração comunitária de combate à pobreza; d) Licenciar, regulamentar e fiscalizar a actividade comercial retalhista e de vendedores ambulantes; e) Assegurar a manutenção, distribuição e gestão da água e electricidade na sua área de jurisdição, podendo criar-se, para o efeito, empresas locais. O Município é dirigido por um Administrador Municipal e dois Administradores comunais, com os seus respectivos Administradores Adjunto.

2 Este Decreto adopta uma tipologia de estruturação dos municípios em A, B, C, de acordo com o grau de

desenvolvimento, económico-social, a densidade populacional, a realidade orgânica funcional e potenciais

recursos.

Comuna Total Superfície Km²

Densidade Populacional

(Hab/Km²) Forte Santa Rita

515.685 3.566,39 144,5

Lucira 11.338 2.340,3 4.8

Bentiaba 12.250 3.009,3 4

Total 539.273 8.916 60,5

Fonte: Monografia do Município -2010

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Baseado na mesma Lei nº 17/10 de 29 de Julho, foi elaborado uma proposta de estatuto orgânico da Administração Municipal, que cria 12 repartições municipais, incluindo 3 ligadas à área económica, nomeadamente: as repartições para as actividades económicas; comércio e agricultura, desenvolvimento rural e pesca. Porém, até à altura da recolha de dados para o presente estudo, o estatuto não tinha sido aprovado e as referidas repartições não estavam ainda em funcionamento. O executivo local tem como principais instrumentos orientadores da sua governação o Programa Municipal Integrado de Desenvolvimento Rural e Combate a Pobreza (PMIDRCP) e o Programa Municipal dos Cuidados Primários de Saúde (PMCPS). Para o apoiar no seu mandato, a Administração tem como órgão de apoio consultivo o CACS -Conselho de Auscultação e Concertação Social, para além das autoridades tradicionais, actualmente compostas por 2 regedores municipais, 17 Sobas, e 6 Sekulos, distribuídas por todas as comunas do Município. Além disso, as entidades eclesiásticas e as associações juvenis têm um papel importante nas dinâmicas do município.. Em termos financeiros, o município do Namibe recebeu no ano de 2011, verbas provenientes do PMIDRCP, do PMCPS e do Orçamento Geral do Estado, cujo montante total foi de Kz 530.268.950 (Quinhentos e trinta milhões, duzentos e sessenta e oito mil novecentos e cinquenta Kwanzas), apresentando a Tabela 3, a desagregação dos valores, assim como o grau de execução dos mesmos. Quanto às despesas, os dados apresentados no relatório anual Administração municipal do mesmo período, indicam que durante o ano não houve nenhum investimento destinado ao sector económico e produtivo, tendo as verbas sido destinadas aos sectores da educação (construção e reabilitação de escolas, centros recreativos), da saúde (construção de centro de saúde, campanhas de vacinação, aquisição de meios de transportes, medicamentos, cadeias de frio, meios e equipamentos hospitalares, etc); e outras despesas com infra estruturas e o funcionamento dos blocos administrativos e na manutenção e conservação da cidade. Tabela 3- Orçamento Municipal

Proveniência Montantes

(Kzs) Despesas

Pagas (Kzs) Grau de

Execução Finalidade

PMIDRCP 288.587.208 280.469.833,95 95% Combate à Pobreza

PMCPS 191.520.000 167.968.604,33 88% Municipalização da Saúde

OGE 14.161.742 13.974.536,54 97% Despesas correntes

PMIDRCP 36.000.000 14.713.781,00 41% Estudos e Projectos

TOTAL 530.268.950 477.126.755.82 90%

Fonte: Relatório Anual Administração Municipal 2011.

Ainda no ano de 2011 foram arrecadadas no município, para os Cofres do Tesouro Nacional, a quantia de Kz 6.964.501,00 (Seis milhões, Novecentos e Sessenta e

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quatro mil, quinhentos e um kwanzas) provenientes de taxas, licenças e emolumentos diversos, a Tabela 4 apresenta os respectivos valores.

Tabela 4 – Receitas Arrecadas no Município /2011

NATUREZA DA RECEITA

VALOR (Kzs)

Ref.

1 Taxas de atestados de residência diversos 2.972.647,00 42,7% 2 Embarque de Passageiros 2.500,00 0,0% 3 Cartões de Vendedores ambulantes 75.991,00 1,1% 4 Parecer Urbanístico 47.981,00 0,7% 5 Licença de Transladação de cadáveres 9.000,00 0,1% 6 Licença de Obras 5.370,00 0,1% 7 Estufa Municipal 2.600,00 0,0% 8 Plantas Típicas 23.500,00 0,3% 9 Livretes iniciais de Motorizadas 228.224,00 3,3% 10 Licença de Condução de Motorizadas. 26.455,00 0,4% 11 Licença de Construção de Residências 86.355,00 1,2% 12 Licença de Construção de Muro de Vedação 101.300,00 1,5% 13 Letreiro 39.146,00 0,6% 14 Plantas Típicas 21.000,00 0,3% 15 Direito á Superfície 260.634,00 3,7% 16 Taxa de Circulação de Motorizadas 57.859,00 0,8% 17 Declaração de Contribuinte 1.555.287,00 22,3% 18 Rendas sob controle da Administração 38.700,00 0,6% 19 Licença para Pavimento 3.293,00 0,0% 20 Licença Publicitaria 28.499,00 0,4% 21 Licença de Demolição 5.000,00 0,1% 22 Vistoria 301.000,00 4,3% 23 Receitas Provenientes dos Cemitérios 36.000,00 0,5% 24 Multas diversas 1.036.160,00 14,9% 25 TOTAL 6.964.501,00 100,0%

Fonte: Relatório Anual Administração Municipal 2011.

2.1. Aspectos gerais da situação sócio económica No ano lectivo de 2011, o sector de educação do município matriculou 101.377, dos quais 71,5% (72.538) no ensino primário, 19,3% (19.518) no Ensino secundário Iº Ciclo e 9,2% (9.321) no Instituto Médio e Pré Universitário IIº Ciclo. Do total de alunos matriculados, 11% desistiram, 73% foram aprovados e 16% reprovados. Neste mesmo ano lectivo, devido à carência de sala de aulas, ficaram ainda muitas crianças fora do sistema escolar, estimando-se 5.000 na Sede do município e 4.000 na comuna do Lucira3. De notar, que os dados do IBEP referem que na província do

3 Os Dados foram fornecidos pelo Administrador Municipal e pela Administradora Comunal da Lucira. Quanto

à situação da comuna de Bentiaba, os dados não estavam disponível na Administração Municipal.

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Namibe, 30,1% das crianças entre 6 e17 anos de idade, nunca frequentaram a escola4. Quanto ao ensino superior existe no município um Pólo Universitário, que é uma unidade dependente da Universidade Agostinho Neto. O Pólo Universitário está em funcionamento desde Junho de 2005, e ministra cursos de Gestão e Contabilidade, Biologia Marinha, Engenharia do Ambiente, Mecânica e Electricidade. Os serviços públicos de saúde são prestados no hospital municipal com capacidade para 72 (setenta e duas) camas, 7 (sete) centros de saúde com um total de 420 (quatrocentas e vinte) camas e 30 (trinta) postos de saúde com um total de 90 camas. Apesar destes números, ainda se verifica uma carência de postos de saúde nas localidades mais distantes da Sede, como é o caso de algumas povoações da comuna da Lucira. A prestação de serviços de saúde é assegurada por 85 (oitenta e cinco) médicos, dos quais apenas 11 (onze) são angolanos, 695 (seiscentos e noventa e cinco) enfermeiros e 210 (duzentos e dez) técnicos de diagnóstico, mas também nos recursos humanos são necessários mais profissionais no município. Quanto aos serviços de saúde privados, o município dispõe 1 (uma) clínica, 3 (três) centros médicos, 4 (quatro) consultórios, 1 (um) posto de estomatologia, 4 (quatro) postos ervanários e 51 (cinquenta e uma) farmácias. As doenças mais frequentes registadas no ano de 2011 foram a malária com 26.848 casos, as D.R.A com 7.156 e as D.D.A com 7.648 casos. Sobre o HIV/Sida apenas foi possível obter dados das mulheres grávidas que realizaram o teste no primeiro trimestre do ano de 2011, onde foram registados 3,5% de casos seropositivos nos 199 testes realizados5. Neste ponto importa salientar que se tem verificado um aumento significativo das doenças relacionadas com HIV/Sida, como por exemplo a tuberculose. Os dados fornecidos pela Direcção Provincial da Saúde do Namibe referentes ao primeiro trimestre de 2012, indicam 2.899 casos de tuberculose, com 31 óbitos, comparando com o mesmo período do ano anterior, onde tinham sido registados 427 casos de tuberculose pulmonar e extra pulmonar, que resultaram em cinco mortes6. O saneamento do meio – Nas principais ruas da Sede do município, os serviços de manutenção da rede de esgoto e de recolha dos resíduos sólidos são assegurados por uma empresa operadora. Nas zonas periféricas o saneamento do meio é ainda deficiente, embora existam vários contentores públicos distribuídos pelos bairros para depósito do lixo. É assim possível encontrar focos de lixo em diferentes áreas, sendo esta situação agravada pelo facto de algumas residências não possuírem casas de banho.

4 IBEP (Inquérito Integrado sobre o Bem Estar da População / 2008-09. Versão Resumida, Ministério do

Planeamento/Instituto Nacional de Estatística). 5 Informações do centro de saúde “Valódia I” do Namibe, publicada pela Rede VIH- Sida Notícias.

6 Jornal de Angola, 25.4.12

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De notar, que um relatório do diagnóstico do Saneamento Básico do Município do Namibe, realizado pela Administração Municipal, reporta que a cidade do Namibe produziu aproximadamente 782.018.550 Kg de lixo no ano de 2008. Nas comunas não existem sistemas de esgotos e drenagem de águas, havendo insuficiência de meios e equipamentos para o saneamento básico. A maioria das residências não possui latrinas. O sistema abastecimento de água potável ao nível da Sede é assegurado por três captações subterrâneas (Benfica, Boa Vista e Kussi) todas provenientes do rio Bero, sendo a água bombeada por electrobombas para os reservatórios. Segundo informações do Administrador Municipal, actualmente o abastecimento de água na Sede do município tem uma cobertura total. No entanto, existe um grande constrangimento na gestão dos pontos de água e as brigadas que fazem a sua gestão têm uma grande carência de formação. Já nas comunas os serviços são insuficientes, estando o abastecimento limitado ao casco urbano das comunas. Na Lucira o abastecimento é assegurado por uma captação subterrânea, composta por três furos de bombeamento directo para 4 reservatórios, e em Bentiaba existe um furo de captação com motobomba, alimentado com um painel solar que eleva a água para um reservatório. Na periferia das comunas e povoações as populações têm acesso à água para consumo, directamente a partir do rio e/ou de açudes e furos de captação equipados com bombas manuais.

O fornecimento de energia eléctrica na Sede do município é garantido pela barragem hidroeléctrica da Matala e da central termoeléctrica do Xitoto. Nas Comunas da Bentiaba e Lucira existem geradores térmicos que fazem o abastecimento. Na comuna da Lucira, a rede de distribuição está em estado de degradação, tendo o gerador uma capacidade de 550 KVA, mas com uma actividade diária de apenas 6 horas. De salientar que os dados do IBEP indicam que na província do Namibe apenas 32,1% da população tem acesso à electricidade. Tal como acontece na distribuição da água, o sistema de energia do município enfrenta grandes problemas ao nível de recursos humanos, pois não existem suficientes técnicos especializados para fazer a sua gestão.

De notar que, após as últimas cheias ocorridas no rio Bero, que afectaram o município, algumas famílias foram obrigadas a deslocar-se para áreas mais distantes, ficando desprovidas de algumas infra-estruturas básicas, até então asseguradas nas zonas onde viviam anteriormente. As vias de acesso na sua maioria são transitáveis. As vias que fazem ligação às sedes comunais e a outras províncias (Huíla, Huambo e Benguela) encontram-se em muito bom estado de conservação. As vias de acesso às comunas do Lucira e Bentiaba estão a sofrer obras de reabilitação e pavimentação, estando as mesmas concluídas em cerca de 90%. Quanto às vias terciárias, algumas estão em estado

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de degradação, como são os casos das que fazem ligação às localidades de Macala, Baba e Mucuio. Esta situação tende a melhorar, uma vez que segundo as informações prestadas pelo Vice Governador para a área económica, já se deu início aos trabalhos nas estradas terciárias do município do Namibe. Em termos de meios de transportes as alternativas são: i) rodoviário que é assegurado por táxis colectivos, mini-autocarros e autocarros, pertencentes a operadoras privadas, que fazem rotas intermunicipais e provinciais. Para circulação interna, o meio de transporte mais utilizado são os táxis, chamados “candongueiros” e as moto-táxis. ii) aéreo, existe um aeroporto com condições mínimas, para aterrarem aeronaves de média dimensão e receber vôos internacionais. Os vôos regulares para Luanda são efectuados pela TAAG três vezes por semana. iii) marítimo que é assegurado por uma empresa privada, que faz serviço de cabotagem com Luanda e Lobito; iv) ferroviário, com a reabilitação dos Caminhos de Ferro Moçamedes (CFM), a circulação de comboio está mais facilitada, pois foram inauguradas várias estações, o que permitirá a ligação com algumas regiões da província como, por exemplo, Saco Mar, Luso, Munhino, Bibala e com outras províncias como Huíla e Kuando Kubango. Há uma grande expectativa no funcionamento regular deste tipo de transporte, cujo início está previsto para o mês de Agosto de 2012. Do ponto de vista de comunicação os serviços disponíveis são: telefónicos com uma Agência da Angola Telecom e um sistema de telefonia fixo e as duas operadoras de telefonia móvel que são a MOVICEL e UNITEL; radiofónico com a existência de um emissor da Rádio Nacional; televisivo com um repetidor da TPA; correios com serviços de correio e telégrafo. A economia do município está baseada nos sectores do comércio, pesca e indústria transformadora. Infelizmente, nem a província nem o município dispõem de dados económicos actualizados que permitam determinar o peso específico de cada um dos sectores na economia local. Por outro lado, as informações recolhidas nas entrevistas realizadas para o presente estudo, foram contraditórias sobre a importância dos vários sectores. Essa ausência de informação é extensiva à força de trabalho utilizada pelos vários sectores. Ainda sobre o mercado de trabalho, a maioria dos dados disponibilizados não estão actualizados, e os poucos que estão, não se encontram desagregados por município. Assim, considerou-se como dados de referência para este estudo os constantes no PDIPN.

A principal fonte de emprego ainda continua fortemente associada ao sector tradicional, nas áreas rurais, e informal nos principais aglomerados urbanos. Apesar de não ser possível avaliar a sua importância, pode-se deduzir que, face ao pouco desenvolvimento do tecido empresarial, que nas áreas rurais a maior parte da ocupação depende do sector tradicional, composto por camponeses que exercem a sua actividade por conta própria e alguns se associam em cooperativas e associações de camponeses. Já nas áreas urbanas (cidades e sedes municipais), é

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o sector informal do comércio que assume um peso bastante relevante como fonte de subsistência e de rendimento das famílias. Segundo os dados PDIPN, no ano de 2003 o sector empresarial, empregou 9.432 trabalhadores, dos quais 13,7% (1.292) de mulheres. O comércio é o maior empregador, com 63,7% (6.010) dos trabalhadores, Em relação ao sector público, os últimos dados disponíveis datam de 2005 e referem que existiam 4.692 trabalhadores, que correspondiam a 73.9% do total dos funcionários públicos da província do Namibe. No âmbito da formação profissional, existem no município 4 (quatro) centros de formação profissional pertencente ao INAFOP, estando 3 (três) localizados na sede do município e 1 (um) na Comuna de Lucira. Os cursos lá ministrados são Informática; Electricidade; Serralharia; Mecânica; Alvenaria; Corte e costura. Ainda na sede existem vários cursos de formação profissional realizados por privados7. As poucas oportunidades de enquadramento no mercado de trabalho após a formação profissional, foi um dos aspectos mais referidos pelos entrevistados, tanto da sede do município como da comuna do Lucira. No município está igualmente instalado desde 1978 o Complexo Escolar Marítimo - Hélder Neto, que compreende o Instituto Médio das Pescas e o Centro Profissional das Pescas. O Instituto, por razões de degradação do seu edifício, no ano lectivo 2012/2013 apenas matriculou alunos para o ensino básico, ficando sem aulas os alunos do ensino médio. Das 28 salas de aulas existentes no instituto, 22 estão encerradas; o mesmo acontecendo com os laboratórios e as salas de oficinas. Há perspectiva de melhorar esta situação uma vez que se encontra em conclusão a primeira fase de construção da Academia de Pescas do Namibe.

7 O estudo não conseguiu obter informações sobre o número de instituições que ministram os cursos e a natureza

dos mesmos, nem o números de formados.

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3. Descrição dos sectores económicos/produtivos

Neste capítulo são descritos os principais sectores económicos e produtivos do município, tendo em consideração os propósitos deste estudo, com particular enfoque para a actividade agro-pecuária, pesca artesanal e pequenos agentes económicos.

3.1 Sector Agro-Pecuário A actividade agrícola é feita por camponeses, pequenos, médios e grandes agricultores. Não existem dados recentes sobre o peso que cada um destes grupos tem nessa actividade, uma vez que os últimos dados conhecidos são os constantes no PDIPN, onde se refere que no ano de 2005 estavam registadas no município 159 empresas que se dedicavam exclusivamente à actividade agrícola, 28 na actividade agro-pecuária e 2 na actividade pecuária. Quanto aos camponeses, é referido que na campanha agrícola de 2003/04, o IDA registou no município do Namibe 1.868 famílias camponesas que viviam da actividade agrícola. Segundo o Director Provincial da Agricultura, existem actualmente 27.221 hectares de terra para exploração agrícola no município, dos quais, somente 400 hectares estão a ser utilizados. As áreas com maior potencial agrícola são os vales dos rios Bero, Giraúl, Bentiaba e Inamangando, com uma extensão de 3.750 hectares8. Ainda segundo o Director Provincial, os produtores têm receio de aumentar a sua área produtiva, devido às constantes cheias. Porém, há expectativas de minimizar esta situação, pois está em curso um projecto de barramento das margens do rio e de regularização do seu leito.

Quanto à situação legal para a exploração de terras, os pequenos e médios agricultores que são membros das cooperativas, na sua maioria têm as terras legalizadas. Por exemplo, aquando da realização do grupo focal com agricultores (comuna da Lucira), dos 12 presentes apenas 1 (um) não tinha a situação da terra regularizada. Em relação à situação dos camponeses, não foi possível obter informações uma vez que nenhum estava presente no grupo focal. No entanto, segundo a Administradora comunal da Lucira, alguns camponeses possuem uma declaração passada pela Administração Municipal9 que os autoriza a usar a terra, mas não prestou informações sobre o número de camponeses que já possuem essa declaração. O tamanho da área de cultivo é diferente de uma região para outra, em função da força de trabalho dos produtores e das condições climáticas. Geralmente os camponeses cultivam até 5 hectares (ha), sendo 4 ha a área média explorada. Os

8 Fonte: relatório da Administração municipal do ano 2011.

9 Segundo a Lei nº 17/10, uma das competências da Administração Municipal é a autorização de terrenos atá mil

metros quadrados, bem como observar e fiscalizar o cumpriemento do disposto na Lei de Terras e seus

regulamentos.

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pequenos e médios agricultores cultivam entre 6 a 30 hectares, sendo a área média explorada de 20 ha. A EDA é o órgão do governo que, a nível municipal presta apoio às actividades agrícolas com fornecimento de inputs e acompanhamento técnico aos camponeses e agricultores. No entanto, a sua actuação é insuficiente devido à pouca capacidade de que dispõe, quer em recursos humanos, quer em meios de transporte, o que limita a sua intervenção à Sede do município e áreas do vale. Em termos de preparação da terra, de uma maneira geral, os camponeses usam o método manual e os pequenos e médios agricultores a mecanização agrícola. Em relação à mecanização, segundo o Director Provincial da Agricultura, a empresa Mecanagro, com grandes responsabilidades nesta área, não tem capacidade para responder às solicitações e exige um pagamento antecipado de 60% do valor. Estes dois factores, levam a que não se cumpra as metas planificadas para preparação de terra dos membros das cooperativas, até porque o pagamento é da responsabilidade da Direção Provincial da Agricultura que sempre paga com atraso por falta de verbas. Ver Tabela 5 que mostra a diferença entre o planificado e o realizado. No âmbito do combate à pobreza a Administração distribuiu, no início do ano de 2012, para cada comuna do município, um tractor e respectivas alfaias para apoiar os produtores agrícolas. O preço da mecanização agrícola depende do proprietário do tractor. Se o mesmo for de um privado, o valor é 10 mil Kwanzas/hectare. Se o tractor pertencer à Mecanagro, o valor cobrado aos sócios das cooperativas é 5 mil Kwanzas/hectare, e aos não sócios o mesmo que os privados, ou seja 10.000 Kz/ha. Já no caso dos tractores distribuídos no âmbito do PMIDRCP, o valor cobrado é 3 mil Kwanzas/hectare, para garantir o funcionamento e manutenção dos mesmos, segundo informação do Administrador Municipal.

Tabela 5 - Preparação de Terras ocorridas nos Últimos 5 anos ( 2007 a 2011)

2006/2007 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011

Plano Real Plano Real Plano Real Plano Real Plano Real

500 ha 280 ha 500 ha 460 há 6.500 ha 5.446 ha 6.500 ha 3.382 500 ha 207,5 ha

Fonte: Direcção Provincial da Agricultura do Namibe

A agricultura de regadio é a predominante no município. De uma maneira geral os pequenos e médios produtores utilizam o sistema de motobomba, utilizando no caso da sede do município, água proveniente dos vales, e/ou de captações de águas subterrâneas. Já na Comuna da Lucira a água é proveniente de furos artesianos. As culturas praticadas nessas áreas são as hortícolas (tomate, pimento, couve, repolho, cebola), e batata rena. Em pequena escala, cultiva-se milho, feijão e mandioca, culturas consideradas de subsistência. Igualmente são produzidas algumas frutas como melão, mamão e banana.

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De notar, que segundo o PDIPN, o vale do rio Bero constituiu no passado o maior pólo produtor de fruteiras mediterrâneas, podendo-se aí encontrar ainda pequenos pomares de pereiras, pessegueiros e macieiras, para além do pouco que resta das vinhas que produziam uvas de mesa e dos olivais. As culturas consideradas de rendimento são as hortícolas, com destaque para o tomate, que tem como principal mercado, o consumo interno e a província da Huíla. Para além disso as hortícolas também são escoadas para as províncias do Moxico, Cunene e Luanda. Não existem estatísticas actualizadas sobre a produção e comercialização agrícola do município. No entanto, durante as entrevistas para o presente estudo, foram fornecidas algumas informações aleatórias, sem suporte documental e que abaixo descrevemos. A produção de hortícolas, principalmente o tomate, tem conhecido um aumento considerável nos últimos anos. A título de exemplo foi citada a comuna da Lucira que consegue colher o suficiente para carregar 40 carrinhas por semana, sendo a capacidade das carrinhas de 200 caixas e pesando cada caixa 20kg, ou seja tem uma produção de 160 toneladas por semana. Uma das razões identificadas que contribuíram para o referido aumento tem a ver com o facto da Comuna do Lucira ter aumentado a sua população com a chegada de muita famílias da sede do município e da Comuna do Dombe Grande, município da Baía Farta, Província de Benguela, e que já se dedicavam à produção de hortícolas. Outro factor foi o acesso ao crédito, incluindo o crédito de investimento conseguido por alguns médios agricultores10. De salientar que, tanto os produtores agrícolas da comuna do Lucira como da da localidade do Giraúl, na sede do município, referiram que, embora o crédito agrícola não tenha sido extensivo à maioria dos produtores, não deixou de ser um factor que contribuiu muito para o aumento da área de produção, pois os que beneficiaram do crédito conseguiram adquirir alguns bens de produção até então inacessíveis devidos aos elevados custos. Foram dados como exemplos o caso da motobomba cujo valor é 50.000 Kzs (Cinquenta mil Kwanzas) e a ureia/amónio cujo saco de 50 kg custa 8.000 Kzs (Oito mil kwanzas).

Segundo informações dos entrevistados, o município do Namibe é um forte concorrente na produção e comercialização de tomate na região, uma vez o mesmo é produzido durante todo o ano11.

10

Informações prestadas pelos representantes das cooperativas da comuna da Lucira.

11

Esta informação também consta do PDIPN, que refere “..o tomate é de todos os produtos da agricultura

camponesa do Namibe aquele que gera maior volume de produção, cerca de 5 500 t na campanha de 2003/04, e

também aquele que em maior quantidade se transacciona no mercado. A produção de tomate é igualmente

expressiva na agricultura de tipo empresarial, destinando-se muitas vezes aos mercados da província da Huíla.

É, portanto, uma das culturas de maior importância estratégica para o sector agrícola do Namibe”.

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As carrinhas adquiridas pelas cooperativas agrícolas do Forte e da Kusseteka, adquiridas através do programa de crédito agrícola de campanha, têm facilitado o escoamento da produção para as outras províncias. Os preços praticados para o transporte de uma caixa de tomate para o mercado de Luanda é de 500,00 kz (Quinhentos Kwanzas) para os membros da cooperativa e de 1.000,00 kz (Mil Kwanzas) para os não membros. Já para o mercado de Benguela o transporte por caixa fica a 300,00 kz (Trezentos Kwanzas) para os membros da cooperativa e 500,00 kz (Quinhentos Kwanzas) para os não membros. Não foi possível obter informações sobre os rendimentos dos produtores agrícolas. Contudo, segundo as informações da direcção da UNACA, quando não há prejuízos causados pelas cheias, os micro e pequenos produtores conseguem um rendimento razoável, sendo uma evidência o facto de alguns já terem conseguido comprar

motorizadas e até carros, no caso dos médios produtores. Quanto à produção pecuária, os dados obtidos são muito limitados e desactualizados. As informações mais recentes constam da monografia do Município datada de 2010, que refere o seguinte “o potencial pecuário do Município, representa um enorme recurso não explorado, que elevaria substancialmente os padrões de vida e ter o benefício significativo nas transacções comerciais. Todavia, o controlo do efectivo pecuário existente no Município é de 5.500 (cinco mil e quinhentas) cabeças de gado”.

Tabela 6- Efectivo Pecuário em 2003/2004

Os dados acima não permitem identificar quais as espécies mais produzidas. Assim, para se ter uma ideia de qual a tendência do município, apresentamos na Tabela 6 ao lado, a estimativa de desagregação do efectivo pecuário por espécie referente a 2003/2004.

Ainda sobre a produção pecuária, o PDIPN faz referência à situação geral da província, apontando o que pode ser uma das razões para a diminuição do efectivo no Município do Namibe, referindo o seguinte “... não obstante os esforços empreendidos pelo Governo da Província, as consequências da seca na campanha agrícola 2003/04 foram dramáticas: perdas avultadas de produção na generalidade das culturas foram acompanhadas de mortes massivas de gado por falta de água e pasto (cerca de 17 000 cabeças, segundo estatísticas oficiais) e da transumância de cerca de 80 000 cabeças de gado para outras regiões limítrofes da província (Quilengues, Chongorói, Gambos e Curoca)”. 3.1.1 Formas Organizativas

No município existem 4 associações com um total de 276 sócios e 15 cooperativas com um total de 1.740 membros. O maior número de associações encontra-se na comuna do Lucira, enquanto que o maior número de cooperativas está concentrado

Espécies Quantidade

Bovinos 17.810

Caprinos 8.951

Ovinos 1.311

Suínos 925

Total 28.997

Fonte: PDIPN

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na comuna sede do município. A Tabela 7 apresenta os números dessas organizações por localidade e a situação dos respectivos sócios. Quanto à situação jurídica das organizações, 53% (8) das cooperativas não estão legalizadas, o mesmo acontecendo com as 4 associações. Segundo as informações da Presidente da UNACA as razões para esta situação prende-se com o elevado custo do processo de legalização. No entanto, a UNACA com base na nova Lei das Associações Privadas, nº 6/12 de 18 de Janeiro, iniciou uma campanha de sensibilização aos membros das direcções de Associações e Cooperativas para que estas procedam à legalização das suas organizações. Não foi possível obter informações oficiais sobre os custos de legalização das associações e cooperativas, mas segundo o dirigente de uma cooperativa, alguns dos custos mais significativos são: Certidão narrativa - Kz 7.000 (sete mil kwanzas); Escritura pública - Kz 100.000 (cem mil kwanzas); Certidão da cooperativa - Kz 20.000 (vinte mil kwanzas). Os membros das associações e cooperativas reconhecem que os benefícios mais importantes que estas organizações têm trazido são a facilitação do acesso ao crédito e defesa dos interesses dos agricultores junto do IDA para que este forneça apoio em inputs agrícolas. De igual modo, os membros de duas cooperativas possuidoras de meios rolantes reconhecem o apoio que as mesmas têm dado com o tractor para a preparação das terras e a carrinha no escoamento da produção. Apesar disso, alguns membros dessas organizações, durante a realização do grupo focal, manifestaram insatisfação com o funcionamento das mesmas, alegando existir pouca transparência, ausência de prestação de contas, e em alguns casos, conflitos entre membros e direcção. Esta situação foi referida por 8 (oito) produtores agrícolas na comuna do Lucira e pela maioria dos que participaram no grupo focal na localidade do Giraúl, na comuna sede.

Tabela 7- Associação e Cooperativas

Localização Nº de Associações Nº sócios

Nº de Cooperativas Nº de membros

H M H M

Namibe 1 64 36 9 873 675

Lucira 2 47 4 5 108 36

Bentiaba 1 51 74 1 25 23

Total 4 162 114 15 1006 734

Fonte: UNACA Provincial

No município existe ainda uma cooperativa agro-pecuária, de âmbito provincial, que foi criada por iniciativa do governo e que apesar de ter instalações, na prática a mesma já deixou de funcionar, devido à falta de pagamento das quotas por partes dos associados; a não realização assembleias e demissão do corpo directivo.

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3.1.2. Principais problemas do ramo da agricultura e pecuária

a) Apesar de existirem no município fornecedores de inputs agrícolas, os agricultores têm de se deslocar aos mercados dos municípios do Lubango e Benguela para fazer a aquisição de sementes, porque estes mercados oferecem preços mais acessíveis quando comparados com os praticados no Namibe. Outro problema é o facto dos fornecedores do Namibe estarem todos concentrados na sede do município, enquanto localidades com produção intensiva como na comuna do Lucira, não têm nenhum fornecedor local.

b) A impossibilidade de fazer análises de solos e a insuficiente assistência

técnica constituem constrangimentos sérios ao processo produtivo. Aspectos referidos relacionados com estas situações foram: algumas áreas muito arenosas, impróprias para a agricultura, mas alguns camponeses por falta de conhecimentos ainda lá cultivam; deficiente aplicação de fertilizantes; os agricultores não utilizam as técnicas apropriadas de plantio, desconhecendo técnicas com a de compasso, que ajuda a aumentar a produção; a comuna do Lucira começa a enfrentar o problema de escassez de água, porque os furos artesianos utilizados na irrigação, não têm profundidade suficiente para atingir o lençol freático de forma satisfatória.

c) O mercado do Namibe já está a ficar saturado para venda do tomate, pois há

mais oferta que procura. Esta situação tem trazido por vezes prejuízos aos produtores, já que estes são obrigados a vender o tomate a preços muito baixos, por falta de infra estruturas de transformação ou conservação do mesmo.

d) Os principais problemas identificados na produção pecuária prendem-se com

a transumância, pois o gado tem de ser deslocado para lugares cada vez mais distantes, chegando os produtores, em alguns casos, a ser obrigados a ir para a região de Benguela. Na comuna do Lucira, outro problema é a degradação de uma boa parte dos bebedouros para os animais.

e) As associações e cooperativas, para além daquelas que não estão

legalizadas, na sua maioria apresenta fragilidades na estrutura organizativa e funcional, pois não têm Sede, nem meios de trabalho para poder prestar serviços aos seus membros.

3.2. Sector das Pescas

O Namibe é considerado uma das maiores províncias do litoral com potencial pesqueiro, tanto em termos de quantidade como de variedade, apesar de nos últimos anos, este potencial ter sido pouco explorado.

O sector das pescas, que no passado tinha um peso significativo na economia local, tem vindo a enfraquecer cada ano que passa. Nos anos 90, a sua produção era de cerca de 200 mil toneladas/ano, actualmente está estimada em pouco mais de 2 mil

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toneladas/ano. Os factores que mais têm contribuído para esta situação são12: a degradação das infra estruturas de apoio à pesca; a falência de uma boa parte das empresas privadas, que antes eram estatais; a insuficiência de quadros especializados, apesar da existência na província de uma escola de pescas para formação de nível básico e médio; a fusão do Ministério da Pesca com o Ministério da Agricultura no ano de 2010, tendo ficado o sector da pesca com menos protagonismo e atenção; existência de muitas focas.

Ainda assim, o sector é considerado como sendo a principal actividade económica a nível do município e da província. Actualmente, em toda a extensão do município existem 31 comunidades piscatórias. Para além disso, segundo as pessoas entrevistadas na comuna do Lucira, a costa do Namibe tem sido explorada por pescadores provenientes de outras regiões, nomeadamente das províncias de Benguela, Luanda e Kuanza Sul. Dentro da costa de Namibe, uma das zonas mais procuradas é a área do Lucira, por ter muita variedade de pescado. Estão registadas actualmente no IPAA 178 embarcações, não se sabendo quais as que se destinam à pesca artesanal e à pesca industrial. De igual modo, não está desagregado o número de embarcações por localidade. Em relação ao número de pescadores, não existem dados actualizados. Os últimos que se conhecem são os constantes do PDIPN referentes ao ano de 2004 e que indicam que estavam registados no IPAA, 3.140 pescadores, dos quais 68% (2.120) na comuna Sede, 29% (916) na comuna do Lucira e 3% (104) na comuna do Bentiaba. A ausência de dados oficiais também se faz sentir em relação às espécies capturadas, pois se desconhece qual o volume de captura no município do Namibe de cada uma das espécies. Nos documentos pesquisados, segundo um relatório da Direcção Provincial da Pesca, referente ao ano de 2011, informa que o volume de captura na província foi de 2.341 toneladas, sendo as espécies mais capturadas em toneladas: 28% (658) de caranguejo; 22% (510) sardinha; 13% (313) carapau; 8,7% (205) cavala e 8,7% (204) de cachucho. As restantes 451 toneladas são de diversas espécies. De notar, que os entrevistados referiram que a corvina é uma das espécies mais capturadas. No entanto, o referido relatório indica que a captura é de apenas 60 toneladas

A pesca artesanal é desenvolvida principalmente por micro e pequenas empresas, não existindo no entanto dados detalhados e actualizados sobre esta actividade a nível do município. Contudo, os informantes13 referiram que a pesca para além de ser considerada a única alternativa segura de sobrevivência de muitas famílias, é para as populações de armadores e marinheiros que residem na faixa litoral do município a única fonte de rendimento. 12

Foram os aspectos mais focados nss entrevistas realizadas com o responsável do GEPE e Vice- Governador

para espera Econômica e Produtiva, e nos grupos focais. 13

Nas entrevistas e na realização dos grupos focais.

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Os proprietários das embarcações na sua maioria são homens, mas também se encontram algumas mulheres armadoras. Por exemplo na comunidade piscatória de “Saco Mar”, num grupo focal de quatro mulheres, 1 (uma) tinha quatro chatas e empregava 8 marinheiros, e as demais, cada uma tinha duas chatas. Os custos de licenciamento para a actividade da pesca artesanal dependem do tipo de embarcação. A Tabela 8 apresenta os preços praticados no município. Tabela 8 - Custos do licenciamento da pesca artesanal

Entre os anos 2004 e 2008, a pesca artesanal na província do Namibe foi beneficiada pelo FADEPA, com 85 embarcações (chatas de fibras, embarcações tipo catronges e embarcações de 8 e 9 metros).Dessas embarcações, 65% estão hoje avariadas por falta de acessórios de reposição. Segundo os entrevistados as embarcações não eram muito adaptadas ao meio, pois as mesmas só serviam para a prática da pesca à linha. Do total de embarcações distribuídas, o município do Namibe foi beneficiado com 79 para a pesca artesanal, que foram distribuídas individualmente para os armadores, tendo sido a comunidade piscatória do Lucira a que recebeu o maior número de embarcações. Destas, 47% estão paralisadas por avaria. De notar que nos últimos quatro anos a pesca artesanal no município não recebeu quaisquer apoio. O peixe proveniente da pesca artesanal é para consumo directo. Na sua maioria é comercializado fresco, para o mercado interno e para as províncias da Huíla, Cunene, Kuando Kubango, Huambo e Bié. O processo de comercialização do peixe faz-se principalmente através de intermediários, mas também algum é vendido directamente ao consumidor. Os preços das duas principais espécies são: o carapau é vendido “uma bacia15” por 60.000,00 Kz (sessenta mil kwanzas) e revendido por 65.000,00 Kz (sessenta e cinco mil kwanzas); a corvina “uma bacia” vale 150.000,00 Kz (cento e cinquenta mil kwanzas) para ser revendida a 155.000,00 Kz (cento e cinquenta e cinco mil kwanzas). Algumas peixeiras quando não conseguem vender todo o peixe fresco, transformam-no em seco ou meia cura, o que segundo elas fica mais rentável.

14

O pagamento do direito de pesca é válido por 5 anos. 15

É o recepiente usado pela peixeira como unidade de medida e transporte do peixe, que normalmente levam 20

Kg.

Tipo de Embarcação

Itens

Licença da capitania / trimestral

Registo de Propriedade

Certificado de pesca

Direito de pesca

14

Chata ( 5-8 metros) 8.510,00 Kz 12.000,00 Kz 530,00 Kz 530,00 Kz

Baleiros ( 8- 10 metros) 12.760,00 Kz 12.000,00 Kz 530,00 Kz 530,00 Kz

Baleiros ( 10-14 metros) 17.015,00 kz 12.000,00 Kz 530,00 Kz 530,00 Kz

Fonte: IPAA

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Várias questões foram colocadas relativamente aos rendimentos auferidos, mas foi quase impossível obter informações. Por um lado, os documentos consultados de estudos já realizados na província não fazem qualquer referência específica aos rendimentos das pessoas envolvidas na pesca artesanal. Por outro lado, as pessoas não têm o hábito de declarar os seus rendimentos. Ainda assim, foi possível obter alguma informação do rendimento de três diferentes grupos envolvidos na pesca artesanal, como se apresenta na Tabela 9. Os rendimentos dos marinheiros são provenientes da venda do pescado que recebem dos armadores16 e geralmente vendem o pescado às peixeiras

Tabela 9- Rendimento de alguns grupos da Pesca Artesanal

As quatro mulheres que participaram do grupo focal, donas de embarcações, referiram que, se os rendimentos forem bem geridos, conseguem pagar as despesas de casa, manter os filhos na escola e até mesmo ter casa própria.

3.2.1 Formas Organizativas As únicas organizações existentes no município vinculadas às pessoas que trabalham na actividade da pesca são as cooperativas de pescadores e a Associação das Cooperativas da Pesca Artesanal, onde apenas participam os armadores, isto é, os donos das embarcações. Por incentivo do Governo através do IPAA, no ano 2004 foram criadas no município do Namibe 48 cooperativas com um total de 727 membros, tendo como objectivo apoiar com barcos os pescadores artesanais. Estas cooperativas na sua maioria foram legalizadas, ficando a faltar apenas a escritura pública. Segundo alguns dirigentes das cooperativas que foram entrevistados, a principal razão para não se

16

O pagamento pelos serviços é feito por produto. A captura realizada pelos marinheiros para o armador é

dividida ao meio, uma metade fica com o armador (dono da embarcação) e a outra é dividida entre os

marinheiros.

Fonte: Levantamento directo

Grupos Rendimento

Médio por mês Observação

Armadores 500 a 700 USD Na época alta (Junho a Novembro)

250 USD

Na época baixa (Dezembro a Julho)

Marinheiros 360 a 430 USD Na época alta (Junho a Novembro)

100 a 120 USD

Na época baixa (Dezembro a Julho)

Peixeiras retalhistas de peixe fresco

240 a 300 USD

Na época baixa conseguem ter um rendimento superior a 300 USD, devido à escassez de peixe.

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ter realizado a escritura pública, foi o elevado custo da mesma, uma vez que os custos estavam orçados em Kz 100.000,00 (cem mil kwanzas).

Por outro lado, uma vez que muitas cooperativas não foram contempladas com os referidos barcos, esse facto levou a que uma boa parte dos membros a abandonarem as cooperativas, já que muitos visavam apenas os benefícios materiais. A Tabela 10 apresenta exemplos do enfraquecimento das cooperativas, onde se pode verificar que em três cooperativas criadas, com um total 61 membros, 64% dos membros desistiram de fazer parte das mesmas.

Outro aspecto que contribuiu para o enfraquecimento das cooperativas que receberam barcos, foi a insatisfação dos seus membros com o tipo de barco recebido, uma vez que a maioria deles avariaram com pouco tempo de uso, e não se conseguiu fazer a reparação devido aos elevados custos das peças de reposição. Por exemplo, um membro da cooperativa Tuyula, tem o seu barco paralisado por não ter conseguido comprar a bomba injectora que custava $US 250,00 (duzentos e cinquenta dólares americanos).

Tabela 10 –Funcionamento Cooperativas dos Pescadores

A maioria das cooperativas de pescadores não têm sede para funcionar e as poucas que têm, as instalações estão degradadas e sem as mínimas condições de funcionamento. Fonte: Levantamento directo

A Associação das Cooperativas da Pesca Artesanal, criada em 2005 com o objectivo de apoiar as cooperativas com formação e informação, é uma organização que engloba todas as cooperativas de pesca a nível da Província, sendo composta por 85 cooperativas membros. A Associação tem jogado um papel muito importante na representação das cooperativas junto do Estado, através da sua participação no CACS ao nível da província. No entanto, a mesma tem encontrado algumas dificuldades no desenvolvimento das suas acções, nomeadamente: falta de uma sede para funcionamento da associação; a insuficiência de meios de trabalho (equipamentos informáticos, mobiliário de escritório, etc.) e pouca capacidade técnica e metodológica para realizar sessões de formação para as cooperativas de pescadores. Recentemente a Associação foi beneficiada com um projecto no valor de $US 112.000 (cento e doze mil dólares americanos), através da COSPE, uma ONG Italiana. O referido projecto visa desenvolver acções de formação na área de gestão organizacional e no manejo de embarcações, para além de apoiar em material de pesca.

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É uma cooperativa onde os seus membros na sua maioria são mulheres.

Nome da cooperativa

Membros fundadores

Membros que abandonaram

Membros activos

Mar e Paz 17 10 7

Lagosta 17 9 8

Tuyala17 27 20 7

Total 61 39 22

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3.2.2 Principais problemas na actividade de pesca

a) Os principais problemas no processo de captura do pescado prendem-se com: i. existência de focas, principalmente entre nos meses de Maio a Julho, o que tem dificultado muito a captura; ii. riscos de segurança no processo de captura, pois exercem a actividade sem meios de comunicação, sem GPS, e alguns marinheiros não utilizam coletes de salva-vida, botas, capas, etc.. Iii. falta de uma ponte de cais para as embarcações de pequeno porte; iv. muitas embarcações paradas por avaria, pois o único estaleiro naval existente no município encontra-se em estado de degradação, havendo muito pouca capacidade para atender às necessidades de manutenção das embarcações; v. muitas embarcações não têm motor; o que não permite pescar em zonas distantes; vi. insuficiência de fornecedores de material de pesca na sede do município, uma vez que a Jembas que é o principal fornecedor, pratica preços muito elevados e não tem capacidade de responder à demanda, pois o cliente por vezes fica até seis meses a aguardar pelo material; vii. na comuna do Lucira os pescadores têm dificuldades de manutenção dos motores e aquisição de materiais de pesca, pois localmente não existem fornecedores, nem prestadores de serviços; viii. dificuldades na obtenção de combustível para os motores, forçando os pescadores do porto pesqueiro a deslocarem-se até ao centro da cidade do Namibe para adquirir combustível, uma vez que não existem bombas de combustível na ponte de cais. b) No processamento e comercialização do pescado os principais problemas identificados são: i. a insuficiência de infra estruturas de conservação do pescado, implicando que em tempo de muita oferta e pouca procura, o pescado por vezes fique deteriorado; ii. a maioria das peixeiras faz a movimentação do pescado sem quaisquer condições de conservação, e realizam a sua venda em locais inapropriados; iii. o mercado do peixe que existe no porto pesqueiro encontra-se em péssimas condições de higiene e não tem instalações mínimas para conservação do peixe.

3.3. Sector do Comércio e da Indústria

O Sector do comércio no município tem conhecido um crescimento significativo nos últimos anos. De acordo com os dados da Direcção Provincial do Comércio, até ao mês de Abril 2012 estavam registados no município 894 estabelecimentos comerciais, subdivididos em comércio a grosso 10% (91), comércio misto 5,5% (49), 69% (619) comércio a retalho, 0,5% (4) comércio geral e 15% (131) prestação de serviços mercantis18. Se comparados com o ano de 2005, que existiam no geral, 152 estabelecimentos19, verifica-se que houve, desde então, um crescimento de cerca de 488% nos últimos sete anos. Devido à nova legislação que proíbe o funcionamento do comércio misto, há uma tendência para aumentar o número de estabelecimentos grossitas e retalhistas,

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Dados da Direcção Provincial do Comércio 19

Dados do PDIPN referente ao ano de 2005.

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com predominância para o pequeno comércio. Contudo, segundo a Directora Provincial do Comércio alguns destes estabelecimentos estão em situação de pré falência, devido à falta de capital de investimento.

Quanto aos agentes económicos, até ao mês de Abril 2012 estavam registados na Direcção Provincial do Comércio, um total de 1.547 agentes, dos quais 74% (1.142) no comércio precário, 25% (387) no comércio ambulante e 1% (18) são feirantes. Verificando-se um crescimento nos últimos oito anos de 138%, já que no ano de 2004 existiam, no geral, 651 agentes económicos20. De referir, que a maioria das “lojas” existentes nos bairros periféricos da Sede do Município e na Comuna do Lucira funciona dentro e/ou ao lado da habitação do comerciante. Outros agentes económicos desenvolvem os seus negócios em pequenas praças, na sua maioria são mulheres, que dependendo da localização e do tipo do negócio, conseguem ter uma clientela fixa, mas não muito rentável por falta de fundo de maneio. Um exemplo desta situação, é uma vendedora de pão na comunidade piscatória do Saco Mar, que nos informou vender diariamente cerca de 150 pães, tendo como principais clientes os marinheiros e compradores de peixe, mas só consegue um lucro diário de cerca de 250,00 Kz (cuzentos e cinquenta kuanzas). A razão para este baixo rendimento é a falta de capital porque doutra forma poderia vender o pão com condimentos (manteiga e/ou choriço) e assim seria mais rentável. Segundo a Direcção Provincial do Comércio, nos últimos anos tem havido muita adesão dos trabalhadores do mercado informal ao comércio formal. No mês de Abril 2012, no município do Namibe, 12 estabelecimentos comerciais foram licenciados e 8 empreendedores entraram com pedido de autorização. Em relação ao Programa Nacional de Comercialização Rural, segundo as informações da Direcção Provincial do Comércio, até à altura da realização do presente estudo, a Província do Namibe ainda não tinha sido incluída no referido programa. No obstante, já foi realizado no município um levantamento das necessidades, mas ainda não foram elaborados os projectos. Em relação à indústria, existe no município um parque industrial, mas que se encontra actualmente encerrado. Este parque concentrava fundamentalmente as moageiras e padarias, mas também existiam indústrias de produção de cal, fabrico de azeite e de sal 21. Actualmente existem 98 indústrias no município, das quais 18% (18) estão paralisadas. Nos últimos anos as indústrias do ramo da construção civil estão a aumentar consideravelmente. A Tabela 11 demonstra que 55% (44) das indústrias em funcionamento, são do ramo da construção civil, seguidas pelas do ramo alimentício com 31% (25).

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Dados do PDIPN referente ao ano de 2004. 21

Informações que fazem parte do PDIPN.

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De salientar que existe um grande potencial para a instalação de indústrias ligadas ao ramo dos recursos minerais, como por exemplo, a produção de mármores, granitos, brita, areia e cascalho e no ramo dos recursos marinhos. Segundo as informações do Director do Gabinete de Estudos e Planeamento da Província, foram atribuídas 40 concessões para instalação de indústrias na Província no ramo de extracção e processamento, mas somente 13% (5) estão a funcionar.

Tabela 11 - Indústrias existentes no Município

Tipo de indústria

Natureza Produto Operacio-

nal Parali-sada

Transformação Moageira Farinha de cereais 10 02 Fabricação Padaria Pão 10 3 Fabricação Pastelaria Bolos e similares 5 3 Fabricação Carpintaria e Marcenaria Artigo de madeira 11 4 Fabricação Serralharia Material Metálico 15 1 Fabricação Estaleiro naval Const .de barcos 1 0 Fabricação Fábrica Bloco 14 Fabricação Diversas Tinta, gelo, colchão, chapa, etc 9 1 Reprodução Gráfica Topografia 1 0 Extração Marmorearia Mármore 1 0 Extração Britadeiras Brita 3 0 Extração Exploração Cal e gesso 0 1 Extração Exploração Sal Iodizado 0 1 Reconstrução Oficina Pneus - 2

Total 80 18

Fonte: Direcção Provincial da Indústria

Quanto às indústrias ligadas aos recursos aquáticos, o relatório anual de 2011 da Direcção Provincial das Pescas refere que existem 12 empresas no município do Namibe, das quais 70% (8) de pequena dimensão e 30% (4) de dimensão média. Estas empresas operam na congelação do pescado, fabricação de farinha de peixe, transformação do pescado (salga e seca) e na produção de sal22, empregando um total de 850 trabalhadores, dos quais 40% (340) são mulheres. Relativamente às empresas de transformação de peixe (salga e seca), embora se saiba da existência de outras no município, durante a recolha de dados para o presente estudo, só foi possível obter informação, e ainda assim superficial, de apenas 3 empresas, que existem na comuna do Lucira e que empregam cerca de 130 trabalhadores, sendo 21% (27) mulheres. Existem ainda, as empresas artesanais de transformação de peixe, que funcionam de forma muito precária23. Segundo as mulheres da comunidade piscatória do Saco Mar, o processo de transformação do peixe, tem sido uma das principais actividade de geração de rendimento de muitas mulheres, que geralmente trabalham em

22

A lei n 30/11 de 13 de Setembro define como micro empresa aquela que emprega ate 10 trabalhadores;

pequena empresa com 10 a 100 trabalhadoras e media empresa entre 100 a 200 trabalhadores. 23

Não têm infraestrutura adequada, muito colocam o peixe para secar no chão.

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grupo. Para transformar 10 caixas (cerca de 80 Kg) de peixe fresco em seco, são envolvidas três mulheres que têm a tarefa de escalar, lavar e salgar o peixe. Cada mulher recebe 200,00Kz (duzentos kuanzas) por caixa para realizar cada uma destas tarefas. A produção de sal no município tem diminuído muito nos últimos anos, pois das 5 (cinco) salinas que existiam apenas 2 (duas) estão em funcionamento, tendo as mesmas produzido cerca de 9.350 toneladas de sal durante o ano de 201124. 3.3.1 Formas Organizativas No município não foi identificada nenhuma forma organizativa deste sector. 3.3.2 Principais problemas A inexistência de comércio grossita nas Comunas do interior tem contribuído para que os produtos sejam vendidos a preços elevados. Um exemplo disso é a comuna do Lucira onde os pequenos comerciantes para abastecerem os seus estabelecimentos têm de se deslocar à Sede do município, que fica a uma distância de 208 km. As indústrias no ramo alimentício têm encontrado dificuldades na aquisição de matéria prima. No caso das panificadoras, os fornecedores são sempre irregulares na entrega da farinha de trigo. Já as moageiras, pelo facto de não existir suficiente produção de milho no Namibe, ficam muito dependentes do milho produzido na província da Huíla. Está a ser lento o desenvolvimento do sector industrial na província, sendo um dos principais problemas o difícil acesso ao crédito bancário. Os bancos na província não facilitam o processo e muitas pessoas têm receio de ser fiadoras de empréstimos no ramo da indústria. Outro senão para o relançamento da indústria é a insuficiência de quadros especializados.

3.4 INFRA-ESTRUTURAS ECONÓMICAS

Neste ponto faz-se uma descrição das infra-estruturas com importância para os sectores alvo do estudo e que não foram descritas na caracterização geral, nem na descrição dos sectores. Porto Comercial - Situado na Torre do Tombo, entre a Ponta de Noronha e a Fortaleza de Sr. Fernando, detém três cais: o primeiro com 480 metros e uma profundidade de 10,50 metros, serve para navegação de longo curso; o segundo com 130 metros e uma profundidade de 6,00 metros, destina-se à cabotagem e o terceiro com 70 metros e uma profundidade de 3,00 metros destina-se a embarcações de pesca.

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Dados constantes no relatório anual de 201 da Direcção Provincial da Pesca.

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Este porto é considerado o terceiro maior porto comercial marítimo do Sul de Angola e destina-se à movimentação de mercadorias e de passageiros, desempenhando uma função importante de cabotagem para serviço directo às províncias do Namibe e Huíla. No ano de 2004 o porto registou 360.036 toneladas de entradas de mercadorias e 79,562 toneladas de saídas25. As elevadas tarifas alfandegárias comparativamente com outros portos nacionais foi um dos problemas mais referido nas entrevistas para o presente estudo. Os preços praticados não estabelecem condições concorrenciais equitativas relativamente aos restantes portos comerciais nacionais. Porto Mineraleiro – está localizado no Bairro Saco Mar, foi construído em 1978 para escoar o mineiro de ferro de Cassinga. Destina-se à movimentação de granéis – mineral de ferro e produtos petrolíferos. Tem instalações mecânicas para descarga de vagões de caminho de ferro e carregamento de navios. Possui 4 parques de armazenamento com o comprimento de 50m e uma área de 70.000m² que permite reter 1.500.000 toneladas em pilhas de 21 metros de altura, contando ainda com um terminal de combustível. Centro de Apoio à pesca artesanal localizado na comuna do Lucira. É de referir que na altura da visita ao centro, no âmbito deste estudo, o mesmo ainda não tinha sido inaugurado. O cento será gerido através de uma parceria público privada. A sua estrutura de funcionamento compreende: um escritório, salas de formação, oficina de manutenção de motor das embarcações, áreas para o processamento de transformação do peixe (salga e seco), ponte cais, máquina de fabrico de gelo e um gerador com capacidade para fazer funcionar toda a estrutura do centro. Câmara frigorifica para produtos horto-frutícolas – É uma instalação que é propriedade privada de uma sociedade por quotas de 4 (quatro) sócios. Funciona no município desde 2008, na prestação de serviços no ramo de conservação de produtos horto frutícolas. Tem uma capacidade de armazenamento para cerca de 55 toneladas de produtos diversos. Actualmente, a maior procura tem sido para a conservação da batata rena e em alguns casos para cebola e melão. O valor cobrado é de 100,00 USD (cem dólares americanos) por tonelada por mês. O maior constrangimento ao funcionamento da câmara é o difícil acesso ao crédito bancário, já que os proprietários não têm capital para mais investimentos de forma a atender a procura. Instituições bancárias - No município do Namibe existem actualmente 10 (dez) instituições bancárias, nomeadamente: Banco de Poupança e Crédito (BPC); Banco de Fomento Angola (BFA); Banco de Comércio e Indústria (BCI); Banco Totta & Açores; Banco Keve; Banco Internacional e Crédito (BIC); Banco Millenium; Banco Sol; Banco Africano de Investimentos (BAI); Banco Nacional de Investimento (BNI). Mercados – Na Sede do Namibe existe um mercado municipal, que funciona desde os anos 60. Recentemente foi reabilitado tem água e luz da rede e dispõe de um

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Fonte: DDIPN

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complexo de frio com sete câmaras frigoríficas. A sua capacidade é de 19 lojas, das quais 79% (15) para vendas de produtos diversos e 21% (4) talhos, para além de 43 bancas para venda de produtos hortícolas, frutícolas e peixe. A gestão do mercado encontra-se sob a responsabilidade da Administração Municipal e é feita na base de um regulamento específico, elaborado no ano de 2006. Existe igualmente na sede do município uma variedade de praças de média e pequena dimensão, mas não existem dados oficiais disponíveis sobre a capacidade e tipo de funcionamento das mesmas. Em cada um das comunas do interior, existe um mercado municipal, e pequenas praças. Existe igualmente na Sede do município um mercado para venda de peixe. 3.5 - PROVEDORES DE SERVIÇOS

O propósito desta secção é prestar informações sobre os provedores de serviços que têm ligações directas e/ou indirectas com os sectores alvo do estudo, e que foi possível contactar durante a pesquisa de campo. No entanto, como referido nas limitações do presente estudo, não foi possível contactar os alguns dos provedores de serviços, por não estarem disponíveis ou por não terem sido convidados com a antecedência devida. Assim, só será possível apresentar informações sobre dois serviços. Associação de Mulheres empresárias do Namibe – Esta organização foi criada há cerca de 15 anos, tem 115 associadas de vários estratos sociais, que desenvolvem projectos de empreendedorismo no ramo do comércio, da agricultura, pecuária, pesca artesanal e no ramo de hotelaria. A Associação foi criada com o objectivo de apoiar as mulheres empreendedoras no fortalecimento do seu negócio. O apoio mais significativo tem sido na intermediação de créditos junto dos bancos. Para além disso, também tem prestado algumas orientações na área de estruturação e montagem de lojas. No ano de 2011, a Associação intermediou o crédito, junto do BPC, para um grupo de 6 (seis) mulheres vendedoras do mercado municipal. A direcção da associação para responder à demanda dos seus membros, estabeleceu um acordo de parceria com as províncias de Malange e Uige, que consiste na permuta de produtos agrícolas de rendimento. O Namibe envia para o mercado de Malange e Uíge pescado e recebe em troca produtos agrícolas que são poucos produzidos nessas províncias (no Namibe??). Esta é uma iniciativa recente, pelo que ainda não se pode fazer uma avaliação do seu funcionamento. Serviços Integrados do Balcão Único do Empreendedor ( BUE) – Ao abrigo do Decreto Presidencial n° 40/12 de 13 de Março, foi criado em Julho de 2012, o BUE no município do Namibe. O BUE é um órgão público, cuja finalidade é “simplificar e desburocratizar os serviços de constituição e licenciamento de micro e pequenas empresas, de modo a transformar as actividades económicas informais em actos de comércio formais”. O BUE funciona na Administração Municipal, dispõem de um balcão do BPC e serviços integrados, nomeadamente; serviços de arquivo,

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informações, atendimento, registo civil, registo comercial, imprensa nacional, administrativos, unidade técnica municipal e de identificação civil e criminal.

3.6 CRÉDITOS DISPONÍVEIS NO MUNICÍPIO

Crédito Agrícola de campanha – Com o Crédito Agrícola de Campanha, o executivo teve como objectivo facilitar o acesso ao crédito às cooperativas, associações e pequenos e médios produtores. O programa no valor de 150 milhões de Dólares Americanos concede crédito individual até 5.000 USD, a grupos (associações e cooperativas), desde que estas tenham pelo menos um membro que possua o Bilhete de Identidade (BI). O Programa prevê aplicar taxas de juro inferiores às que são normalmente praticadas no mercado e destina-se, por exemplo, à compra de bois para tracção animal, sementes, fertilizantes e outros factores de produção. Para o efeito, foram estabelecidos Comités Locais de Pilotagem chefiados pelo Administrador Municipal que analisam e aprovam as candidaturas ao crédito. O programa é implementado através dos bancos ”operadores” que assinam um acordo com o Comité de Coordenação do Crédito Agrícola. Os beneficiários dos créditos têm de apresentar aos bancos facturas pró-forma de fornecedores locais, relativas aos bens a financiar, sendo os fornecedores a receber o valor do crédito, directamente dos bancos. A província do Nabime foi contemplada no crédito agrícola de campanha de 2011 com um volume total de 219.226.116,00 Kzs (duzentos e dezanove milhões, duzentos e vinte e seis mil cento e dezaseis kwanzas). Foram beneficiados um total de 633 produtores agrícolas de alguns município da Província, incluindo a sede da província. Os bancos operadores na província foram o BPC e BCI, a taxa de juros praticada foi de 5%, tendo 10 meses para o reembolso, com uma período de carência de três meses. O desembolso do BPC, totalizou 178.882.333,00 Kzs (cento e setenta e oito milhões, oitocentos e oitenta e dois mil e trezentos e trinta e três kwanzas) que beneficiou 478 produtores agrícolas, dos quais 124 produtores agrícolas foram do Município do Namibe. O BCI desembolsou o valor total de 40.343.783,00 Kzs (quarenta milhões, trezentos e quarenta e três mil e setecentos e oitenta e três kuanzas), beneficiando 155 produtores, dos quais 128 foram do municipio do Namibe, com um valor total de 32.022.233,00 Kzs ( trinte e dois milhões, vinte e dois mil duzentos e trinta e três kuanzas). Segundo informações recolhidas junto do grupo focal de agricultores na Comuna do Lucira, metade dos participantes referiram que houve problemas no processo do crédito, tendo sido os de maior realce o atraso na disponibilização do crédito e a incoerência no sistema de reembolso, uma vez que algumas direcções das cooperativas estavam a exigir aos membros o pagamento imediato do crédito. Outro

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problema esteve relacionado com a qualidade dos equipamentos e insumos, onde os produtores referiram que as moto bombas avariam com pouco tempo de utilização. Contudo, alguns membros das direcções das cooperativas contestaram estas informações. Segundo três representantes das instituições bancárias, que foram entrevistados para o presente estudo, há cooperativas que não estão a honrar o reembolso, nem em termos dos valores, nem dos prazos determinados. As principais razões apontadas pelos bancos são a fraca capacidade de gestão das cooperativas e a insuficiente assistência técnica que recebem. Outro aspecto salientado está relacionado com as cheias que ocorreram no município, que provocaram o desabamento da ponte, tendo dificultado o escoamento da produção, e consequentemente os produtores ficam sem rendimento para efectuar o reembolso. Micro Crédito - Banco Sol que está a operar no município com três diferentes produtos de crédito, nomeadamente: i) “micro crédito empresa” que está em funcionamento há cerca de sete meses, é destinado a qualquer micro empreendedor que já tenha o seu empreendimento em funcionamento, e necessite de um financiamento que pode variar entre 100 USD e 20.000 USD, com um período de reembolso de 12 meses, a uma taxa de juros de12% ao ano, sem necessidade ter avalista; ii) “micro crédito OMA” - destinado a mulheres empreendedoras, para reforçar ou iniciar o negócio, em qualquer ramo de actividade, e foi iniciado há cerca de dez meses, com um valor de financiamento mínimo de 1.000 USD e máximo de 10.000 USD, com uma taxa de juros de 12% ao ano e um período de reembolso de 12 meses, sendo a OMA o avalista; iii) “micro crédito jovem” - destinado aos jovens pequenos comerciantes para melhorar o seu rendimento, visando transformar o trabalho do mercado informal para o formal. Os valores e prazo de reembolso são os mesmos usados no crédito da OMA, sendo que neste caso o avalista é o INAFOP. De notar que ainda não houve nenhum financiamento, uma vez que as solicitações recebidas não se enquadravam nos critérios do banco. Segundo o responsável do Banco, os maiores constrangimentos no financiamento dos créditos, tem sido a falta de documentação pessoal exigida pelo banco e a pouca cultura, por parte de alguns clientes, em trabalhar com bancos, pois uns até pensam que o banco em vez de crédito deve fazer uma doação. Crédito BPC – Este banco para além de operar o crédito agrícola de campanha (referido anteriormente), está igualmente a conceder créditos destinados ao funcionalismo público e empresas. Para os trabalhadores da função pública os financiamentos são destinado à compra de viatura e habitação, com o valor do crédito a depender do salário e o período de reembolso tem um máximo de três anos. Ainda para o funcionalismo publico existem os créditos sociais que são destinados ao custeio de despesas escolares, cuja taxa varia de acordo com o período de reembolso, que vai de três meses até dois anos. Existe igualmente o adiantamento de salário, podendo o cliente solicitar até dois salários a serem reembolsados ao banco durante quatro meses. Relativamente ao crédito empresa, este é destinado ao ramo do comercio, não havendo um limite para o crédito,

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dependendo este do tipo do negócio e do respectivo estudo viabilidade. A taxa de juro varia entre os 15% e os 17% ao ano. Micro Finanças BCI - Para além do Crédito agrícola de Campanha, o BCI está a conceder o “Crédito Amiguinho”, com o objectivo de promover o empreendedorismo juvenil, com o financiamento de pequenas iniciativas, no valor máximo de USD 500,00 (Quinhentos Dólares Americanos) a ser reembolsado em 12 meses com uma taxa de juros de 4% ao ano. O controlo e monitoria dos beneficiários está a cargo do MAPESS e INEFOP. Kixi crédito – É uma instituição que concede Créditos destinados aos pobres economicamente activos e que sejam detentores de um pequeno negócio no ramo do comércio. Funcionam na província desde Janeiro de 2011, a sua sede está instalada no município do Namibe e actua apenas neste município, tendo como bancos parceiros/intermediários o BFA e o Millennium. A concessão do crédito é feita principalmente através de grupos, o seu valor varia em função da natureza do grupo, pois para os grupos solidários (6 a 15 membros) o valor vai de 100 a 2.000 USD, com carência de seis meses. Já para os grupos solidários reforçados (3 a 6 membros) o valor vai de 1.000 a 5.000 USD com carência de um ano. Para ambos os grupos a taxa de juro é 3,75% ao mês, sem período de carência, sendo o prazo de reembolso para o grupo solidário de seis meses e para o grupo reforçado de um ano. O crédito pode ser utilizado para qualquer tipo de negócio, com excepção da venda de frescos (peixe e produtos agrícolas). A garantia exigida para o grupo solidário reforçado é a casa ou terreno e para o grupo solidário, os membros respondem conjuntamente pelo pagamento da dívida contraída, pelo que se houver incumprimento de algum membro do grupo, os outros responsabilizam-se. Os primeiros financiamentos foram concedidos no mês de Março de 2011, tendo até à presente data um total de 742 clientes, dos quais 537 são mulheres.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.1 Gerais O município do Namibe tem muito boas condições para ser no futuro um centro de desenvolvimento do país, com potencial para ter uma indústria extractiva e transformadora desenvolvida, uma agricultura moderna e diversificada, um sector pesqueiro forte, com peso económico e até memso ser um centro turístico de excelência. O facto do município estar servido por infra-estruturas portuárias consideradas como das melhores do país, ferroviárias recentemente reabilitadas, com ligação a províncias muito importantes como a Huíla, infra-estruturas aeroportuárias e rodoviárias com muito boas condições, são uma base potenciadora de outros sectores e uma base logística fundamental para todo o sul de Angola. No entanto, actualmente a economia do município é ainda muito débil e tem vindo a perder capacidades, estando muito dependente do sector informal. Os dados disponíveis são escassos, de credibilidade duvidosa, os recursos humanos são manifestamente insuficientes e pouco qualificados para poder concretizar as potencialidades económicas do município. As infra estruturas sociais, apesar de terem melhorado muito nos últimos anos, são ainda escassas e insuficientes, nomeadamente nas comunas mais distantes da sede do município, assim como os recursos humanos são insuficientes e pouco qualificados. A governação local, que tem vindo a aumentar a sua importância e até os seus recursos, tem vindo a utilizar e dirigir este novo capital político muito mais para as preocupações sociais e ainda muito pouco para as questões de desenvolvimento económico. O município tem uma carência enorme de provedores de serviços que possam ajudar no seu desenvolvimento económico. A insuficiência desses provedores força os outros agentes económicos a ter de procurar esses serviços fora do município e da própria província. O movimento associativo existente no município, apesar de ser relevante em termos quantitativos, tem uma qualidade de organização e intervenção pouco expressiva para poder influenciar as políticas de desenvolvimento económico. Apesar de se falar muito em políticas de comercialização rural e não só, ainda não se fazem sentir os efeitos dessas políticas e estratégias na vida e no dia a dia dos agentes económicos do município. Do ponto de vista climático, a região apresenta condições óptimas para a horticultura e fruticultura, desde que haja possibilidade de recurso à rega. Nesse

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sentido, o município tem um potencial para diversificação da agricultura, pois o seu clima é propicio para o cultivo da oliveira, da vinha, e outras fruteiras pouco cultivadas na região e no país com o caso do melão e melância. As cheias, enquanto desastre natural, com grande impacto negativo na vida das populações do município, nomeadamente dos camponeses e agricultores, podem ver os seus efeitos mitigados com a construção recente do barramento no rio Bero, criando assim condições para o relançamento da agricultura de regadio, diversificando o tipo de culturas e o aumento do investimento neste sector. O facto do município não dispor de infra estruturas suficientes para a conservação de produtos agrícolas, nem uma indústria agro alimentar para a transformação dos excedentes agrícolas, acarreta prejuízos para os camponeses e agricultores, para além de não incentivar o aumento da produção. O município dispõe de várias instituições bancárias e de vários produtos de crédito, contudo os vários agentes económicos continuam a considera como um dos seus problemas principais a falta de concessão de crédito e as exigências e burocracia para a obtenção do mesmo. Aspectos como as taxas de juro praticadas e os períodos de reembolso contribuem igualmente para agravar esta situação. Com excepção do centro apoio à pesca artesanal do Lucira, recentemente inaugurado, a pesca artesanal do município não possui nenhum tipo de infra estrutura que facilite o processamento e comercialização do pescado. 4.2 Finais Tendo em atenção as constatações que o presente estudo identificou, nomeadamente as suas considerações gerais, verifica-se a necessidade de aprofundar a análise de alguns sectores. Por outro lado, será necessário realizar estudos sobre a cadeia de valores de alguns produtos que o presente trabalho identifica como tendo potencial de crescimento, contributo para o desenvolvimento económico do município e podem determinar a melhoria das condições de vida dos grupos alvo do FAS. Assim, os sectores mais necessitados de estudos de maior pormenor e especialização são: i) sector agrícola, nomeadamente as vertentes de novas culturas, cujas condições climatéricas da região permitem, e que não estão muito desenvolvidas em Angola; ii) estudo da cadeia de valor do tomate, nas dimensões de venda do produto fresco, conservado e transformado; iii) sector da pesca artesanal, onde um estudo da cadeia de valor que focalize nas espécies de peixe que possam ser mais rentáveis.

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Anexo 1 TERMOS DE REFERÊNCIA CONSULTORES PARA O ESTUDO DE LINHA DE BASE

1. O Projecto de Desenvolvimento de Local/ Componente 2

O PDL surge de uma simbiose entre as lições aprendidas e experiência adquirida pelo FAS desde o seu estabelecimento em 1994, as mudanças favoráveis do actual quadro institucional em Angola e os desafios presentes de redução da pobreza no país.

O PDL tem como objectivo apoiar o Governo de Angola na implementação dos

princípios estabelecidos na sua estratégia de desenvolvimento de longo prazo, Angola 2025, bem como o Plano 2011-2012 em complementaridade com as iniciativas das províncias e municípios incluindo: (i) construção e/ou reabilitação da rede de infra-estruturas sociais e económicas dentro do quadro de descentralização definido no horizonte 2025; (ii) melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados; (iii) fortalecimento das capacidades institucionais locais com vista a garantir que os municípios possam gerir os seus recursos humanos e financeiros de forma transparente, eficaz e eficiente; (iv) fortalecimento da capacidade dos cidadãos de participarem na formulação de políticas públicas e no controle dos respectivos investimentos e despesas públicos; e (v) aumento das oportunidades de emprego e geração de rendas a nível local.

Neste sentido, o PDL envidará esforços no sentido de promover, com os seus

investimentos e actividades, o fortalecimento de processos participativos de tomada de decisão, de capacidade de planeamento, de alocação de recursos e de operação e manutenção de infra-estruturas sociais e económicas básicas, incrementando assim o capital físico, humano e social em Angola.

1.1. Objectivos de Desenvolvimento, Resultados e Indicadores de Impacto

Os objectivos de desenvolvimento do PDL são: (i) melhorar o acesso das

populações pobres a serviços sociais e económicos básicos e as oportunidades económicas, e (ii) aumentar as capacidades de planeamento e de gestão do desenvolvimento local dos municípios alvo.

O propósito da sua implementação é o de apoiar os esforços do Governo de

aumentar a equidade geográfica na provisão de bens públicos básicos e serviços em Angola.

Os indicadores de impacto do PDL são: 101.000 crianças matriculadas no ensino primário; 720.000 pessoas nas áreas do programa com acesso a fontes de água de qualidade; 1.240.000 pessoas com acesso a um pacote básico de serviços de saúde; 50 por cento dos grupos de produtores/empresas em municípios participantes

apresentam uma melhoria em pelo menos um aspecto de sua gestão empresarial;

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50 por cento dos municípios participantes integraram seu respectivo Plano de Desenvolvimento Municipal26 nos planos anuais provinciais;

60 por cento de representantes da sociedade civil nos municípios participantes consideram que os seus pontos de vista foram tomados em consideração nos processo de desenvolvimento local;

60 por cento dos beneficiários satisfeitos com a qualidade dos serviços sociais e económicos financiados pelo PDL.

O alcance dos resultados acima descritos será garantido por três componentes

devidamente estruturadas, nomeadamente: ● A Componente 1 fornece elementos de intervenção às Componentes 2 e 3 pela

possibilidade de financiamento das carteiras-piloto, Planos de Desenvolvimento Municipais e Estratégias de Desenvolvimento da Economia Local.

● A Componente 2 fornece os elementos analíticos para a definição de parte das infra-estruturas económicas a serem financiadas pela Componente 1, e para a ampliação dos benefícios dos investimentos do PDL, no que se refere ao âmbito económico do desenvolvimento local.

● A Componente 3 é transversal às Componentes 1 e 2 ao focar no fortalecimento de capacidades em planeamento e gestão municipal para o bom desempenho dos municípios e das equipas do FAS, e ao construir as bases de um ambiente de transparência e de confiança mútua através da gestão participada dos recursos alocados.

1.2. Área de Abrangência

Até ao presente, o FAS abrangeu um total de 45 municípios e, na sua terceira fase

estendeu as suas acções das 9 províncias iniciais a todo o país, através da criação de 13 escritórios provinciais.

O PDL focará os seus investimentos e actividades em municípios pré-

seleccionados nas 18 províncias do país. Para tal, serão adoptadas duas estratégias de intervenção do FAS:

● Abertura de 5 escritórios e constituição de equipas nas províncias do Uíge, Lunda

Norte, Lunda Sul, Moxico e Kuando Kubango; ● A cobertura de forma escalonada dos 70 municípios pré-seleccionados durante o

período de implementação do PDL.

1.3. Grupo Alvo O PDL focará em 3 grupos alvos principais, de acordo com as suas respectivas

componentes:

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Designado no Project Agreement e Financial Agreement como “Sub-Projecto de Desenvolvimento Local”.

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● As populações das comunidades pobres ou desprovidas de serviços básicos públicos, localizadas em áreas rurais, peri-urbanas e urbanas dos municípios seleccionados no quadro da Componente 1 – Infra-estruturas Social e Económica. Especial atenção será dada à inclusão dos grupos mais vulneráveis, aquelas comunidades que, pelas suas características (localização geográfica, índice de pobreza, sem voz) não foram priorizadas no âmbito das carteiras-piloto ou Planos de Desenvolvimento Municipal usando a discriminação positiva nos processos de priorização das infra-estruturas bem como cedência de acções formativas;

● Associações produtivas, cooperativas, empresas locais, de pequeno e médio

portem, selecionadas no quadro da Componente 2 – Desenvolvimento da Economia Local;

● Associações produtivas, cooperativas, empresas locais Autoridades e funcionários das Administrações Municipais e comunais e os Conselhos Municipais de Auscultação e Concertação Social (CMACS), bem como os provedores de serviços nos municípios selecionados no quadro da Componente 3 – Fortalecimento das Capacidades das Instituições Locais.

1.4. Componente 2 – Desenvolvimento da Economia Local

O objectivo da Componente 2 é melhorar as competências empresariais e o acesso

ao mercado de grupos de produtores/artesãos e provedores de serviços seleccionados, numa combinação entre: (i) Assistência Técnica aos municípios seleccionados na preparação da sua estratégia de Desenvolvimento da Economia Local; (ii) Assistência Técnica às equipas provinciais para a condução de estudos sobre cadeias de valor; (iii)Assistência Técnica e treinamento das equipas provinciais na preparação e implementação das Subvenções; (iv) Selecção dos grupos de produtores e prestadores de serviços a beneficiarem das Subvenções; (v) Assistência técnica e treinamento dos grupos de produtores e provedores de serviços em gestão de negócios e mercado; e (vi) Organização de workshops sobre micro finanças. A componente tem como objectivos específicos os seguintes:

● Gerar oportunidades de emprego e o aumento da renda familiar;

● Melhorar a capacidade empreendedora dos pequenos produtores, artesãos e

prestadores de serviços;

● Incentivar e apoiar a criação de pequenas indústrias de transformação;

● Revitalizar o mercado local;

● Estimular a produção local e vocações regionais.

Tendo em consideração a natureza inovativa das actividades propostas, a

Componente 2 terá uma fase piloto a decorrer num período de dois anos, nas províncias da Huíla, Huambo, Benguela e Namibe. As províncias acima referidas foram seleccionadas pelas oportunidades económicas promissoras no âmbito da produção e

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processamento agrícola, artesanal e actividades de pesca marinha e fluvial em pequena escala. As actividades piloto serão testadas inicialmente em 12 municípios (urbanos, rurais e peri-urbanos), tendo em vista a adaptação dos instrumentos aplicados à diversidade de contextos de Angola. Os resultados e as lições aprendidas com a implementação das experiências piloto serão incorporados em manuais de orientação metodológica a serem disseminados a posterior.

Uma vez que Angola carece de informação sobre as oportunidades económicas de

relevância para grupos de produtores, micro e pequenas empresas, a componente 2 financiará também trabalhos analíticos que irão permitir que, mesmo as administrações municipais com pouca ou nenhuma experiência na preparação e implementação de estratégias e actividades de desenvolvimento económico local estejam em condições de as desenvolver. 3.4.2 Grupos Alvo

Os grupos alvos da Componente 2 são: (i) Administrações Municipais, mais

especificamente os sectores económico-produtivos; (ii) pequenos produtores e artesãos, cooperativas e associações de base existentes, e (iii) provedores de serviços, focando na sua postura empreendedora, acesso à tecnologia, mercado e inovação.

Unidades domiciliares individuais ou empresas não serão elegíveis aos serviços,

fundos e actividades cobertos por esta componente. 4. Objectivos, Área de Abrangência e período de realização do Estudo de Linha de Base No âmbito da impelmentação da fase piloto da Componente de Desenvolvimento da Ecónomia Local o FAS pretende contratar os serviços de consultores para a realização de oito estudos de Linha de Base nas províncias de: Benguela, nos municípios de Benguela e Baía Farta; Huambo, nos municípios do Huambo e Caála; Huíla, nos municípios do Lubango e Chibia; Namibe, nos municípios do Namibe e Bibala.

O referido estudo tem como objectivo elaborar uma linha de base que sirva de referência para as actividades a desenvolver no âmbito da Componente 2 do PDL - Desenvolvimento da Ecónomia Local.

O estudo de linha de base deve fornecer as seguintes informações:

1. Caracterização geral do município 2. Descrição dos sectores económicos/produtivos 3. % da população por sector económico 4. Formas de organização 5. Provedores de serviços 5.1. Acesso a recursos

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6. Infra-estruturas económicas

Os estudos de Linha de Base devem acontecer durante o mês de Julho nos municípios acima referidos. 4. REQUISITOS DOS CONSULTORES

a. Licenciatura em ciências sociais ou áreas de desenvolvimento económico de

preferência, preferencialmente; b. Experiência profissional de pelo menos 5 anos de trabalho em área de

desenvolvimento económico e/ou programas similares; c. Capacidade de análise e de elaboração de relatórios, preferencialmente; d. Capacidade de análise e avaliação institucional demonstrada; e. Conhecimento das instituições locais demonstrada; f. Sensível às questões de género; g. Experiência em trabalho com comunidades e administrações municipais; h. Qualidade de liderança e espírito de trabalho em equipa; i. Fluência em Português, escrito e falado e conhecimentos de uma língua local

como vantagem. 4. PRODUTOS PRINCIPAIS Realização de um Workshop de disseminação dos resultados dos estudos

dirigido aos parceiros locais e às equipas provinciais do FAS nas províncias em que se vai realizar o estudo.

Um relatório a informação solicitada por município contendo as seguintes informações:

1. Caracterização geral do município 2. Descrição dos sectores económicos/produtivos 3. % da população por sector económico 4. Formas de organização 5. Provedores de serviços 5.1. Acesso a recursos 6. Infra-estruturas económicas 7. Conclusões e recomendações

6. TERMOS CONTRATUAIS O contrato é celebrado por um período de 60 dias e terá a sua efectividade na data estipulada e confirmada por carta pelo Contratante. Os interessados deverão enviar para o FAS uma proposta técnica e financeira para desenvolvimento do trabalho proposto. O FAS notificará o Contratado por escrito da sua intenção de pôr termo ao Contrato, indicando em detalhe as razões específicas para o cancelamento.

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Anexo 2

Listas das pessoas entrevistadas

Nome Função Instituição

1 Alcides Gomes Cabral Vice Governador Área Económica da província do Namibe

2 Pascoal Simão Director Provincial Gabinete de Estudo Planeamento

3 Gabriel Faustino Felix Director Provincial Direcção Provincial da Agricultura

4 Isac Kativa Director Provincial Direcção Provincial da Pesca

5 Maria Pombal Directora Provincial Direcção Provincial do Comercio

6 Andrade Caialo Director em exercicio Direcção Provincial da Indústria

7 Luciano Kunjila Chefe de Secção Direcção Provincial do MAPESS

8 Perigrino Horácio Responsável Municipal Delegação Municipal da Capitania

9 Tereza Felícia Sungua Presidente UNACA

10 Pedro Mutanda Responsável Provincial Instituto da Pesca Artesanal

11 Luisa Alexandre Chefe da EDA Instituto de Desenvolvimento Agrário

12 Armando Valente Administrador Municipal Administração Municipal

13 Paulo Arante da Rocha Chefe de Repartição Repartição Estudo e Planeamento

14 Isaura Vale Domingo Administrador Comunal Administração Comuna Lucira

15 Isaac Tchihongo Representante Associação das Cooperativas da Pesca Artesanal

16 Angelina Fernandes Responsável da Área da Pesca Associação das Mulheres Empresárias

17 Maria Paula Responsável da área agrícola Associação das Mulheres Empresárias

18 Victoria Domingos Tesoureira Cooperativa Agro-Pecuária

19 Mateus Silva Gerente Banco Sol

20 Nelson Pina Supervisor Provincial Kixi-crédito

21 Angélica Lamberth Gestora de Cliente BPC

22 Adriana de Jesus Gerente de Balção BPC

23 Helder Freitas Coordenador do Micro Crédito BPC

24 Edmundo Lélis Gerente BCI

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Anexo 3

Documentos consultados

1. Plano de Desenvolvimento Integrado da Provincia do Namibe (2007).

2. Monografia do Município 2010 .

3. Relatório Anual da Administração Municipal referente ao ano de 2011.

4. Relatório anual da Direcção Provincial da Pesca referente ao ano de 2011.

5. Manual Administração Local – Colectânia de Legislação, Volume I, 2010 IFAL.

6. Decreto Executivo conjunto nº 91/11 de 24 de Junho referente ao crédito

Agrícola de Campanha.

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Fotos Anexo 4

Encontro com Dirigentes das Cooperativas da

Pesca Artesanal – Sede do Namibe

Grupo focal- Armadores do Saco Mar/ Namibe

Grupo focal- Pescadores do Porto Pesqueiro / Namibe

Encontro de representantes do conselho Comunal da Lucira

Administração Comunal da Lucira

Centro Urbano da Comuna de Lucira

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Chatas avariadas – Sede do Namibe

Porto Pesqueiro – Sede do Namibe

Peixe em processo de secagem na Sede Namibe

Actividades dos vendedores no mercado informal – Sede do Namibe

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Venda de Peixe ao ar livre – Sede do Namibe

Embarcações de pesca artesanal avariada por falta de assistência técnica- Sede do Namibe

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Venda de Peixe à volta do Mercado de Peixe do Namibe

Peixe no chão do mercado do Namibe após desembarque

Mercado de Peixe do Namibe

Instalações internas do mercado de peixe do Namibe

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Mercado Municipal - Comuna da Lucira

Ponte de Cais – Centro da Pesca Artesanal da Comuna de Lucira

Centro da Pesca Artesanal da Comuna de Lucira

Sede Cooperativa da Pesca Artesanal – Sede do

Namibe