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Curso de Flauta doceTRANSCRIPT
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
CURSO DE EXTENSÃO EM FLAUTA DOCE
1. Fase Inicial (flauta doce soprano e tenor – flautas em dó): turma A, 2
horas/aula/semanal
Imagem: Prancha IX da Serigrafia de
M. Praetorius
A partir da sensibilização corporal, tomando
como base a Técnica Klauss Vianna de
percepção corporal (anexo), dá-se início ao
processo de “acolhimento” e “recepção” do
instrumento musical encaminhando o aluno
naturalmente em direção às bases técnicas
necessárias para o fazer musical.
A aproximação do aluno com o repertório do
instrumento dá-se conjuntamente com
trabalho de percepção auditiva-corpórea,
conduzindo o aluno iniciante à linguagem
musical escrita.
Nesta fase inicial serão postos para o aluno:
A partir da sensibilização corporal, tomando como base a Técnica Klauss Vianna de
percepção corporal (anexo), dá-se início ao processo de “acolhimento” e “recepção”
do instrumento musical encaminhando o aluno naturalmente em direção às bases
técnicas necessárias para o fazer musical.
A aproximação do aluno com o repertório do instrumento dá-se conjuntamente com
trabalho de percepção auditiva-corpórea, conduzindo o aluno iniciante à linguagem
musical escrita.
Nesta fase inicial serão postos para o aluno:
repertório de música tradicional brasileira, num movimento de pesquisa e
busca da memória musical pessoal, familiar e regional de cada aluno e dos
coletivos de alunos. Tal pesquisa passará por uma seleção realizada em
conjunto (docente e alunos do curso), havendo posteriormente a realização
coletiva de arranjos musicais para a flauta doce das músicas selecionadas.
Toda a pesquisa será registrada por escrito, como também os arranjos
realizados coletivamente. A performance destes arranjos será apresentada
publicamente no final de cada semestre.
Serão trabalhadas músicas pertencentes já ao repertório histórico da flauta
doce, como danças e canções do Renascimento e do período Barroco,
relacionando os alunos à história em um movimento de auto conscientização
histórica. O repertório histórico fará parte também do material de trabalho
registrado (danças do renascimento e do Barroco até 4 vozes).
Em diálogo com Didáticas e Metodologias musicais que têm o corpo, o movimento, e o
contato com o cancioneiro tradicional como suas bases (DALCROZE, ORFF
SCHULWERK, KODÁLY. d.o.), a colocação do repertório dará início sempre partindo da
percepção auditiva, para posteriormente introduzir-se o registro musical escrito. De
início será trabalhado o cantar, o dizer versos e rimas, bater palmas, o percutir objetos,
o corpo e instrumentos musicais, formando-se também agrupações musicais
heterogêneas: flauta e percussão, flauta e cravo, flauta violão e canto, flauta,
violoncelo, violino e cravo abrindo-se diálogo entre o curso de extensão e os alunos de
Graduação do Departamento de Música da UDESC e da disciplina de Prática de Música
Antiga do Departamento de Música da UDESC.
Ao longo das aulas em grupo serão realizados também arranjos musicais
coletivamente, como também jogos improvisatórios ampliando-se a experiência com a
escrita musical convencional para a escrita musical contemporânea (VETTER, Michael).
Serão expostos para os alunos os princípios acústicos da flauta doce e a história da
flauta doce na Europa e seus similares em outras partes do mundo (flautas indígenas
brasileiras).
2. Fase intermediária (introdução à flauta doce contralto e à flauta baixo – flautas em
fá): turma B, 2 horas/aula/semanal
Esta Fase Intermediária seguirá o mesmo processo exposto acima de uma educação
musical somática (que traz suas bases na percepção corporal) havendo o aprofundamento
tanto das questões técnicas pertinentes ao instrumento flauta doce, quanto ao
aprofundamento do repertório do instrumento, a saber:
a. fluxo respiratório: percepção corporal da ossatura e da musculatura envolvidas na
inspiração e na expiração. Regiões: cintura escapular, clavículas, pescoço, braços,
mãos, musculatura e ossatura da face, cavidade bucal, língua, crânio, coluna
vertebral, períneo, baixo abdome, tórax, cintura, bacia.
Eixo: pés, membros inferiores, membros superiores, tronco, cintura escapular,
crânio.
Investigação circular: anterior, lateral, posterior
b. articulação e não articulação da língua: consoantes surdas e sonoras empregadas
na flauta doce; articulação em tratados históricos do instrumento (p.ex.: J.M.
Hotteterre, J.J. Quantz). A articulação e a não articulação da língua no repertório
histórico, no repertório de tradição oral (adaptação ao instrumento) e no
repertório de música contemporânea para flauta doce (nível I).
c. digitação: percepção da recepção do instrumento pelo corpo; o tronco em seus
múltiplos vetores; o tronco em relação à base (pés, pernas, bacia, abdome, tórax);
peso do crânio; articulação: cervical, torácica e lombar; bacia; membros superiores
articulação: dedos, punhos, cotovelos, úmero/escapular.
d. Digitação básica para flauta doce. Reconhecimento de digitações em tratados
históricos (sécs.: XVI, XVII e XVIII) e métodos atuais.
Repertório específico para flauta doce para a Fase Intermediária:
Histórico:
- Idade Média (danças, ductias, estampies compiladas em diferentes manuscritos);
- Renascimento: danças e música instrumental, em geral, em duo e trio (flautas
soprano e contralto); p. ex.: Livro de Canções de Glogau; Vilancicos e Vilancetes
ibéricos, bicínias da escola franco-burgúndia, dentre outros.
Repertório a ser trabalhado em Grupos de flautas doces em dó e em fá (soprano, contralto, tenor e baixo): - bicínias e tricínias (duos e trios): Rhau Buch der Bicinien; -Consort de flautas doce, danças renascentistas: Holborne, T. Susato, M. Praetorius, Th. Arbeau, Cancioneiro de Upsala, dentre outros. - Booke of Canzonets de Thomas Morley, - Libro primo dele Laudi Spirituali, de Fra Serafino Razzi.
- Barroco: série de duetos ingleses originais para flauta doce. Música de câmara
para flauta doce (flauta doce, cravo e violoncelo): B. Marcelo, Pepusch, Loeillet, G.
F. Händel, (d.o.) – estabelecimento de intercâmbio com alunos do curso de música
antiga do Departamento de Música da UDESC.
- solo: Fluyten Lust Hof (1649) de Jakob van Eyck; Solffeggi de Fredrico, o Grande;
- câmara (flauta doce, cravo e violoncelo): Divisions upon a Ground;
- câmara: Sonatas do período alto-barroco, autores: A. Corelli (opus V), G. F. Händel, B. Marcelo; Chédeville – trabalho conjunto a ser desenvolvido com estudantes de Graduação da UDESC de piano, cravo, violoncelo.
- Contemporâneo (nível I): Ernst Mahle, P. Hindemith; K. Setti; O. Lacerda; B. Britten, H. U. Staeps, dentre outros.
Introdução à improvisação em flautas doce indígenas brasileiras: Muitos dos povos indígenas brasileiros têm na flauta longitudinal de bloco (descrição organológica da mecânica das flautas doce, ou de bisel) o núcleo de seus mitos e rituais. Serão apresentados aos alunos instrumentos da coleção da Professora Valeria Bittar que serão disponibilizados aos alunos para experimentação sonora possibilitando um caminho para improvisação musical sobre estes instrumentos de mecânica similar à das flautas doce européias.
Reconhecimento de demais culturas que têm a flauta doce como instrumento emblemático (p. ex.: Romênia, Albânia, d.o.).
Aspectos técnicos do instrumento a serem aprofundados em ambas as fases:
- respiração – emissão – afinação - afinação para conjunto de flautas doce / Sistemas históricos de afinação - digitação convencional e introdução à digitação alternativa
- digitação alternativa e efeitos acústicos da flauta doce - sons multifônicos na flauta-doce: pesquisa, prática e notação
Sobre a Técnica “KLAUSS VIANNA” para Educação Somática em música
Imagem: Xilogravura de Johann Eberlin von Günzburg (ca. 1465 - 1533), "Der clocker thurn bin ich genannt"
Dirigido ao estudante e ao professor de música o “Curso de Extensão de Extensão em Flauta Doce para Professores de Educação Musical Escolar” traz uma abordagem somática do ensino do instrumento musical fazendo uso da “TÉCNICA KLAUSS VIANNA”, como veículo de percepção corporal com o objetivo de auxiliar a interpretação, a técnica e a expressão musicais.
Sendo o enfoque voltado para o corpo, através da “Técnica Klauss Vianna” o músico poderá adquirir elementos fundamentais para a performance musical, elementos esses faltantes na formação convencional em música, p. ex.: direcionamento da
atenção; presença físico-mental em performance; integração e comunicação fluida com o ouvinte; prevenção de lesões por esforços repetitivos; integração coletiva, dentre outros. As aulas de flauta doce serão antecedidas de 20 minutos de trabalho corporal da Técnica Klauss Vianna. Os tópicos da “Técnica Klauss Vianna” a serem trabalhados coletivamente com todos os alunos serão baseados na sistematização da Técnica Klauss Vianna, desenvolvida por Jussara Miller, em seu livro “A ESCUTA DO CORPO – sistematização da técnica Klauss Vianna. A saber: PROCESSO LÚDICO – ACORDAR O CORPO 1. Presença 2. Articulações 3. Peso 4. Apoios 5. Resistência 6. Oposições - Vetores ósseos - Corpo e movimento Todos os tópicos trabalhados servirão ao aluno como estímulo que proporciona o reconhecimento do próprio corpo, potencializando o músico para uma “transformação gradual de ausência corporal, ou seja, de ‘dormência’, para ‘o acordar’, e, consequentemente, “disponibilizar o corpo para lidar como instante do momento presente” (MILLER: 2007, p. 54), com a recepção física do instrumento e com o fazer musical saudável. Incluindo-se aí o momento da apresentação e da escuta musicais, fatores nucleares da performance, entretanto pouco abordados ao longo de todo o processo de aprendizado e de didática da performance musical convencionais. O aprendizado técnico mecanizado, que não parte da corporeidade do músico e da percepção e da sensibilização físicas do músico, gera um relacionamento com o instrumento musical e com a performance de desestruturação física e principalmente conceitual (emocional e mental), onde o espaço para a interpretação restringe-se, então, ao julgamento binário-mecânico entre bom e ruim, certo e errado, gerando pré-conceitos, exclusões diversas, medo, pânico, além de dor física e emocional. (BITTAR, 2012) Com a ênfase sobre o trabalho dos sentidos através do corpo, inicia-se um processo de “despertar corporal”, o reconhecimento do corpo de cada um e do ritmo de cada um, por intermédio da coletividade.
Conteúdo e Textos elaborados por Valeria Bittar