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Faculdade de Economia da
Universidade de coimbra
Filipa Isabel De Oliveira Azevedo
Nº de estudante - 20070937
PROFISSÕES DE RISCO
Enfermagem, uma profissão exposta a diversos factores de risco
Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação
Sociológica, do 1º ano do curso de Sociologia, leccionada pelo
Doutor Paulo Peixoto, na Faculdade de Economia
da Universidade de Coimbra
Coimbra, Dezembro de 2007
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 1
2. ESTADO DAS ARTES 3 2.1 RISCOS FÍSICOS 3 2.2 RISCOS BIOLÓGICOS 4 2.2.1 O enfermeiro face ao risco biológico 7 2.2.2 Contacto acidental com produtos biológico 8 2.2.3 Acidentes de trabalho 9 2.3 RISCOS PSICOLÓGICOS 10 3. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA 12 4. FICHA DE LEITURA 14 5. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET 18 6. CONCLUSÃO 19 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21 ANEXOS ANEXO A
“Definição do campo ou a procura de um modelo”, capítulo do livro
Sociologia das Profissões. (Fotocopiado)
ANEXO B
Página da Internet Avaliada.
Profissões de Risco
Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 1
1. INTRODUÇÃO
O trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação
Sociológica, subordinada ao tema “Profissões de Risco” é complexo, uma
vez que todas as profissões comportam um risco potencial.
Dentro dos temas que me foram propostos, para a realização de um
trabalho em suporte escrito e magnético, no seguimento do regime de
avaliação contínua, optei por realizar uma abordagem sobre «Enfermagem,
uma Profissão exposta a vários factores de risco». A minha escolha incidiu
neste tema porque é uma área que me desperta muito interesse.
Não existem actividades isentas de risco, todas as ocupações ou
vivências quer lúdicas, quer profissionais comportam um certo risco. Todas
as actividades num processo produtivo têm um risco específico, risco
ocupacional que importa conhecer para melhor intervir.
A profissão de enfermagem, como qualquer outra profissão, não está
isenta de riscos, estando exposta a diversos riscos de natureza física,
biológica, química e psicossocial, factores estes, que contribuem de forma
categórica para a ocorrência de doenças de doenças de carácter etiológico
multifactorial, colocando a enfermagem no grupo das profissões de risco.
A enfermagem, enquanto profissão do cuidar, comporta actividades
de manutenção, elevação e transporte de cargas, que lhe são inerentes. A
enfermagem é a ciência do cuidar, daí que, que se pode definir como o
cuidar para a autonomia do ser humano, enquanto utente dos cuidados de
saúde (wikipedia, 2007). Assim sendo, o profissional de enfermagem
depara-se com indivíduos portadores de variados graus de dependência e
muitas vezes encontram-se no limiar da dependência total (Rodrigues e
Ferreira, 1999). Neste contexto, equacionam-se dificuldades relacionadas
com a necessidade de movimentar, posicionar, elevar e manusear fluidos,
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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 2
mas que podem ser controlados e modificados com a educação contínua,
controlos eficazes e uso de dispositivos de segurança.
Este trabalho baseia-se numa pesquisa de modo a compreender quais
os riscos a que estes profissionais estão sujeitos.
Assim sendo, o trabalho está dividido da seguinte forma: em primeiro
lugar apresento o subtema escolhido, “Enfermagem, uma profissão exposta
a diversos factores de risco, seguidamente os riscos inerentes a esta
profissão entre os quais salienta-se: riscos físicos, riscos biológicos, o
enfermeiro face ao risco biológico, contacto acidental com produtos
biológicos, acidentes de trabalho e riscos psicológicos.
Consequentemente, para desenvolver este trabalho, fiz uma descrição
detalhada da minha pesquisa, realizei ainda uma ficha de leitura do capítulo
1 “Definição do campo ou a procura de um modelo” do livro SOCIOLOGIA
DAS PROFISSÕES. Por fim, fiz a avaliação de uma página da internet.
Concluído o trabalho fiz a sua apreciação global.
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Enfermagem, uma profissão exposta a vários factores de risco 3
2. ESTADO DAS ARTES 2.1 RISCOS FÍSICOS
As novas tecnologias aumentam a necessidade de uma maior atenção
relacionada com a identificação, avaliação e controlo das condições de risco
existentes no local de trabalho.
O profissional de enfermagem encontra-se exposto a uma grande
variedade de riscos de natureza física que contribuem de forma decisiva
para a ocorrência de diversas doenças, colocando a enfermagem no grupo
das profissões desgastantes e de risco (Rodrigues e Ferreira, 1999; Pereira
et al 2001).
A estrutura física das unidades, o equipamento utilizado e a adopção
de procedimentos incorrectos podem estar na origem de certos riscos
profissionais. As fontes de ruído, alarmes de monitores, manuseamento de
materiais, alterações térmicas constituem outros factores a ter em
consideração.
O processo de transferência e posicionamento de utentes são
susceptíveis de causar problemas músculo-esqueléticos, sendo importante a
adopção de posturas correctas, assim como, o respeito pelas normas de
utilização de todos os materiais e equipamentos. O risco de carga física é
difícil de suprimir em absoluto. Existem sempre utentes com os mais
variados graus de dependência, pelo que se impõe algumas medidas
preventivas para minimizar os riscos físicos.
Assim sendo, os enfermeiros devem adoptar algumas medidas de
prevenção, nomeadamente:
Reduzir ao máximo o tempo de exposição a radiações;
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Usar aventais, luvas e protectores da tiróide de chumbo quando
necessário;
Ensino e aquisição de conhecimentos adequados de técnicas e
posturas de trabalho;
Uso de equipamentos adequados facilitadores.
2.2 RISCOS BIOLÓGICOS A preocupação com os riscos biológicos surgiu a partir do agravamento
do estado de saúde dos profissionais que exerciam actividades em
laboratórios, onde ocorria a manipulação de microorganismos e material
clínico. Para os profissionais que actuam na área clínica, somente a partir da
epidemia da SIDA nos anos oitenta, foram estabelecidas as normas para as
questões de segurança no ambiente de trabalho.
A responsabilidade pela segurança biológica nas unidades de saúde
pertence às instituições e aos seus profissionais em conjunto. As instituições
devem assegurar protecção adequada e sem custos para os trabalhadores,
mas estes serão considerados negligentes se ignorarem as normas
estabelecidas e não seguirem os procedimentos indicados. Estes riscos
devem ser minimizados através de informação e acções de maneira a criar e
manter um ambiente de trabalho seguro, beneficiando deste modo a equipa
de saúde, o doente, o meio ambiente e a comunidade (Carvalho, 1998: 26).
A consciência de que determinados RH (sangue, secreções, material
ionizado, produtos químicos e tecidos humanos), enquanto focos de
contaminação constituem perigo para a saúde pública, tornou-se pertinente,
a partir do desenvolvimento de graves doenças transmissíveis, como a
síndrome da Imunodeficiência adquirida, (SIDA) e a Hepatite B.
O trabalho numa unidade de saúde poderá envolver riscos para o
enfermeiro e para o utente, para a comunidade e para o meio ambiente. Os
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enfermeiros podem desenvolver uma acção eficaz, no seu local de trabalho
com benefícios para todos.
Após o conhecimento de que se podia contrair a SIDA através da
exposição ao sangue ou aos fluidos corporais, a preocupação com a
segurança biológica dos profissionais de saúde e das populações aumentou
significativamente. Desta forma, surgem então, programas de segurança
biológica como meio de consciencializar os enfermeiros, para o perigo de
infecção e contaminação no manuseamento de sangue e derivados
(Carvalho, 1998: 26).
Os resíduos produzidos nas unidades de saúde passam também a
ser considerados como perigosos para a saúde dos profissionais, para a
saúde pública e para o meio ambiente, uma vez que causam riscos no
transporte e eliminação final dos detritos infecciosos e perigosos.
Aparecem sobretudo indicações, com o objectivo de minimizar
potenciais riscos de infecções para os profissionais, ao mesmo tempo que
são colocados meios à disposição, para manter o ambiente de trabalho mais
seguro. Estas recomendações abordam essencialmente: procedimentos
seguros, caracterização dos profissionais de risco, aplicação de programas
de educação e preparação às pessoas expostas e vigilância, registos,
investigação e aconselhamento dessas pessoas (Carvalho, 1998: 24).
O mesmo autor considera, três níveis de risco biológico que podem
ser encontrados numa área de trabalho de saúde:
Nível 1 – trabalho com agentes sem problemas, ou com um número
mínimo de problemas numa área para o pessoal;
Nível 2 – trabalho com agentes potencialmente perigosos para o
pessoal e para o meio ambiente (muito do trabalho com sangue pertence a
este nível de risco);
Nível 3 – trabalho com agentes que podem causar doenças mortais
como resultado da sua exposição.
Carvalho (1998: 24) aponta ainda produtos e agentes infecciosos que
estão presentes na área de trabalho de saúde entre os quais salienta:
sangue e seus componentes, soros, fezes, exsudados, secreções, vómitos,
vírus da hepatite. Ainda de acordo com os agentes infecciosos, o risco de
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transmissão através do sangue está relacionado com a prevalência de
indivíduos infectados na população, com a frequência de exposição aos
instrumentos e equipamentos contaminados, com a infecciosidade relativa
dos vírus e com a concentração destes no sangue.
Os profissionais que integram equipas com risco de exposição devem
receber formação inicial e periódica de forma a:
Compreender os mecanismos de transmissão do HIV e do HVB;
Conhecer tipos de equipamento de protecção apropriados ao trabalho em
que existe risco de infecção, compreendendo os limites desse equipamento
(por exemplo: as simples luvas de látex não protegem contra as picadas de
agulhas);
Conhecer quais as atitudes correctas a adoptar;
Saber quais as pessoas a contactar em caso de exposição acidental ao
sangue ou a outros materiais infectantes;
Saber como se elabora correctamente um relatório de acidente e qual a
monitorização recomendada em caso de exposição parenteral (Carvalho.
1998: 26).
Carvalho (1998) refere a necessidade de cuidados com os detritos se
há produção de lixos vulgares sem qualquer problema na sua eliminação.
Há, porém, resíduos químicos, infecciosos e detritos cortantes cuja
eliminação aumenta problemas epidemiológicos relacionados com doenças
transmissíveis.
Resíduos perigosos são todos aqueles que se definem como sendo
lixo sólido ou combinação de lixos, os quais devido à sua concentração,
características físico-químicas e infecciosas, constituem um risco substancial
ou potencial para a saúde humana ou para o meio ambiente, quando
incorrectamente tratados, conservados ou tratados.
Considera-se portanto, lixo infectado: lixo dos isolamentos, culturas e
conjunto de agentes biológicos, sangue ou produtos sanguíneos, lixos
patológicos, lixos de cirurgias ou autópsias, lixos laboratoriais contaminados,
agulhas usadas, lixos de unidades de diálise, componentes corporais,
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amostras biológicas inutilizadas, alimentos, produtos e equipamento
contaminado.
2.2.1 O enfermeiro face ao risco biológico É indispensável que se tenha presente que os factores de risco
biológico a que se encontram expostos os enfermeiros não são
exclusivamente a SIDA e a Hepatite B, embora quando se aborda esta
problemática no essencial as pessoas esperam ouvir falar da prevenção
destas duas doenças (Sociedade Portuguesa de Pneumologia, 1999: 100).
A atitude de discriminação da sociedade perante minorias com
doenças infecto-contagiosas assenta muitas vezes numa convicção
presumida e nem sempre justa de que existe uma relação entre
determinadas doenças e o comportamento imoral dos portadores dessas
doenças, nomeadamente, nas doenças sexualmente transmissíveis, como é
o caso da SIDA e da Hepatite B. A atitude dos profissionais de saúde acaba
inevitavelmente por ser de algum modo influenciada pela postura da
sociedade em geral (Walsh, 1993: 14).
Os medos infundados acerca da SIDA vêm-se prolongando nos últimos
anos e têm contribuído para a descriminação destas minorias, por parte
destes profissionais. A investigação que tem sido feita ultimamente neste
campo tem demonstrado que os medos e atitudes negativas têm uma
representatividade suficientemente abrangente para despertar preocupação
(Van Servellen citado por Walsh, 1993: 16).
Os riscos para a saúde relacionados com o trabalho dependem com o
tipo de actividade profissional e das condições em que a mesma é
desempenhada. Os serviços de saúde e, de um modo particular, os hospitais
proporcionam aos enfermeiros condições de trabalho reconhecidamente
piores, das verificadas na grande maioria dos restantes sectores da
actividade. Para além dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais
propriamente ditas, a actividade de enfermagem contribui, de forma decisiva,
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para a ocorrência de doenças de matriz etiológica multifactorial (Gaspar,
1997: 24).
Os trabalhadores da área da saúde, nomeadamente os enfermeiros, que
trabalham com doentes portadores de SIDA, estão sujeitos a um enorme
stress. Nos dias que correm, nenhuma outra doença deu azo a tanta
frustração, ressentimento e ansiedade ou exigiu tanta compaixão,
inteligência, altruísmo e integridade dos profissionais de saúde (Fineberg
citado por Walsh, 1993: 14). Ainda segundo o mesmo autor, a SIDA tornou
patente um conceito novo: o medo de contágio. Uma resposta ansiosa à
ameaça sentida de contrair a doença conduz muitas vezes a um
comportamento irracional. A SIDA faz surgir todas as reacções emocionais
preconceituosas e por vezes desequilibradas. Esses preconceitos podem
influenciar também o desenvolvimento de relacções terapêuticas com
doentes e afectar a qualidade e condições das interacções
enfermeiro/doente. Meisenhelder e la Charite, citado por Walsh (1993),
refere que o medo da SIDA estimula um comportamento, que se caracteriza
por expressões de ansiedade, absentismo, precaução extrema e falta de
consideração pelo utente.
2.2.2 Contacto acidental com produtos biológicos O acidente com materiais biológicos tem sido um problema
frequentemente vivenciado pelos profissionais de saúde, sendo que os
acidentes com material perfuro-cortante são os mais comuns e atingem na
maioria dos casos a classe da enfermagem (Branson, 1995: 23).
A proliferação da SIDA e da Hepatite B tem gerado nos profissionais
da área da saúde preocupação com a ocorrência de acidentes com material
biológico, levando a reacções de medo, stress, preconceito e estigma
(Walsh, 1993: 16).
Segundo um estudo efectuado por Branson (1995), a incidência de
acidentes perfuro-cortantes é mais elevada nos enfermeiros.
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2.2.3 Acidentes de trabalho
Todo o acidente de trabalho é precedido de uma disfunção, seja ao nível
humano, técnico ou do próprio ambiente que envolve o trabalho (Alfonso et
al. 1992: 3). De acordo com Miguel (1991), acidente é um acontecimento
não controlado no qual a acção ou reacção de um objecto, substância,
indivíduo ou radiação, resulta num dano pessoal ou na probabilidade de tal
ocorrência.
Os serviços de saúde e, de modo particular, os hospitais constituem
instituições bastantes peculiares, concebidas quase exclusivamente em
função das necessidades dos utentes. Dotados de sistemas técnicos e
organizacionais muito próprios, instalações exíguas para as necessidades,
proporcionam na maioria das vezes aos seus trabalhadores condições de
trabalho precárias. Também o contacto sistemático com a tríade doença,
sofrimento e morte, associada à complexidade dos actos médicos e de
enfermagem, tais como o grau de responsabilidade inerente a um sem
número de decisões, ao trabalho por turnos e ainda deficiente qualidade dos
equipamentos, provoca cansaço e desgaste excessivo culminando muitas
vezes com acidentes de trabalho (Cardim e Counhago, 1992).
O acidente em serviço verifica-se no decurso da prestação de trabalho
pelos trabalhadores da função pública, no local e tempo de trabalho, que
produza directamente ou indirectamente lesão corporal, perturbação
funcional ou doença, de que resulte redução na capacidade de trabalho ou
de ganho ou morte. O acidente em serviço é todo o que ocorre nas
circunstâncias em que se verifica de trabalho, incluindo o ocorrido no trajecto
de ida e de regresso para, e do local de trabalho. Pode considerar-se ainda
como acidente em serviço, o incidente ou acontecimento perigosos de que
venha a resultar lesão corporal, perturbação funcional ou doença, em que se
comprove a existência do respectivo nexo de causalidade.
Incidente em Serviço é todo o evento que afecta determinado
trabalhador, no decurso do trabalho ou com ele relacionado de que não
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resultem lesões corporais diagnosticadas de imediato ou em que estas só
precisem de primeiros socorros.
O Acontecimento Perigoso é todo o evento, que sendo facilmente
reconhecido possa constituir risco de acidente ou de doença para o
trabalhador, no decurso do trabalho ou para a população em geral.
2.3 RISCOS PSICOLÓGICOS A profissão de enfermagem caracteriza-se pela diferenciação técnica,
interdisciplinaridade, pela agregação constante de tecnologia e consequente
necessidade de actualização contínua. Desta forma, os enfermeiros ao longo
da sua actividade profissional, encontram-se expostos aos variados riscos
como já foi referido, entre os quais, salientam-se os riscos psicológicos
(Sousa et al, 2004).
Os riscos psicológicos resultam num normal desgaste do organismo em
consequência directa ou indirecta da actividade desenvolvida e podem ser
consideradas doenças profissionais.
Os enfermeiros são um dos grupos profissionais na área da saúde mais
expostos ao stresse e às respectivas consequências. As situações de
pressão em contexto de urgência/emergência exigem eficiência e actuação
rápida, a escassez de tempo e a falta de recursos humanos, os conflitos
interpessoais inerentes em qualquer situação, contacto próximo como
sofrimento e a gravidade do estado de saúde do ser humano levam
frequentemente à exaustão física e psíquica com as respectivas implicações
ao nível da vida pessoal familiar e social, responsáveis por grande parte dos
conflitos dentro e fora do local de trabalho (Correia, 2000; Ferreira et al.,
1998).
Mais ainda, o trabalho por turnos pode provocar alterações orgânicas ao
nível do aparelho digestivo e circulatório, pode causar problemas de sono e
do foro psicológico manifestando-se através do humor, neurose, ansiedade e
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depressão que podem potenciar problemas sócio-familiares e ainda afectar a
qualidade de vida e de saúde dos enfermeiros, o que influencia de certa
forma a sua actividade profissional.
Assim sendo, segundo (Ferreira et al., 1998; Rodrigues e Ferreira, 1999)
é pertinente adoptar algumas medidas que podem ser úteis na prevenção de
riscos psicossociais, entre os quais se salienta: a identificação da origem do
stresse, adopção de medidas de auto-cuidado (repouso, alimentação
adequada, exercício físico regular e ingestão hídrica, descanso, diversão,
relaxamento, sono adequado, melhorar os aspectos da comunicação de
forma a minimizar os potenciais factores de riscos mencionados.
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3. DESCRIÇÃO DETALHADA DA PESQUISA Para a realização deste trabalho, em primeiro lugar escolhi o tema
“Profissões de Risco” e o subtema “Enfermagem, uma profissão exposta a
diversos factores de risco”, pois é, uma área que me desperta algum
interesse.
De seguida procurei relembrar alguns conhecimentos adquiridos
anteriormente, para poder estruturar o meu trabalho. Antes de prosseguir
com a minha pesquisa organizei o trabalho nos seguintes pontos:
Riscos físicos
Riscos biológicos
O enfermeiro face ao risco biológico
Riscos psicológicos
Estes pontos não são a estrutura final do meu trabalho, apenas linhas
orientadoras para efectuar a minha pesquisa sem me desviar do tema
principal.
A minha pesquisa teve início na Biblioteca do Centro Hospitalar de
Coimbra (Covões). Optei por este recurso, pois o tema que escolhi é de
natureza científica e encontraria informação com mais facilidade neste local.
Ao fazer a pesquisa nesta Biblioteca encontrei uma enorme diversidade
de material, essencialmente revistas científicas e livros.
Posteriormente utilizei palavras-chave tais como: profissões de risco,
factores de risco e riscos profissionais, para efectuar a pesquisa na internet.
Os motores de busca que utilizei foram o Google e o Altavista, recurso
utilizado apenas como um complemento de informação e não como fonte
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principal, devido ao grande ruído obtido e à dificuldade de verificar a
fiabilidade e actualidade do material contido nas páginas da internet.
No seguimento da minha pesquisa, fui a outras bibliotecas, como a
Biblioteca da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra,
Biblioteca Geral, de modo a encontrar mais informação em suporte escrito.
No final deste trabalho mencionarei todas as fontes utilizadas para a
elaboração do mesmo.
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4. FICHA DE LEITURA Título da publicação: Sociologia das Profissões
Autor: Maria de Lurdes Rodrigues
Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra
Data da publicação: 1997
Local de edição: Oeiras
Título do capítulo: “Definição do campo ou a procura de um modelo”
Cota: – C – 37908
Número de páginas: – 7 – 33
Assunto: – Profissões
Palavras-chave – profissões de risco, riscos profissionais
Data de leitura – 17 de Dezembro de 2007 Observações – nenhuma a registar
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NOTAS SOBRE O AUTOR Maria de Lurdes Rodrigues é a autora do livro Sociologia da Profissões.
Nascida a 19 de Março de 1956, em Lisboa.
Licenciou-se em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do
Trabalho e da Empresa (ISCTE) em 1984.
Fez o Doutoramento em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do
Trabalho e da Empresa (ISCTE) em 2003).
Maria de Lurdes Rodrigues é a actual ministra da Educação.
RESUMO No capítulo analisado “Definição do Campo ou a Procura de um Modelo”,
embora não tenha feito referência ao logo do trabalho, contribui
significativamente para a minha formação.
Inicialmente a autora coloca uma questão interessante, “O que é uma
profissão?”
Ao longo deste capítulo é analisado: do funcionalismo: as profissões
como modelo; do interaccionismo: as profissões como processo; o conceito
de profissionalização; profissões e organizações: os engenheiros; profissões
e desenvolvimento económico.
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ESTRUTURA A autora do capítulo, num primeiro momento coloca a interrogação: O
que é uma profissão?
Esta questão constitui uma preocupação para vários autores que têm por
objectivo identificar características, atributos ou traços e definir o ideal de
profissão.
Todas as profissões são classificadas tendo em conta as suas
características, organização e o modo de funcionamento.
Para Carr-Saunders e Wilson, a preocupação primordial foi identificar
características que permitiam fazer a distinção entre as diferentes
profissões. Assim sendo, a constituição das profissões decorreria de: “uma
especialização de serviços (...) ”, “criação de associações profissionais (...) ”;
“estabelecimento de uma formação específica (...) ”.
Parsons foi talvez o primeiro sociólogo a focar o fenómeno das
profissões em termos teóricos.
Google foi discípulo de Parsons e um dos importantes contributos foi a
distinção no conjunto de vários atributos das profissões e a interdependência
sociais e relacionais entre eles.
Assim, as profissões seriam determinadas por dois elementos, o
conhecimento profissional e o ideal de serviço.
Merton dá um forte impulso à teoria funcionalista das profissões e
explicará o funcionamento das mesmas.
Num segundo momento é abordado as profissões como processo. De
acordo com Hughes, a profissionalização é um processo de afirmação de
ocupações.
Num terceiro momento é focado o conceito de profissionalização.
Wilensky define profissão como uma “ocupação que exerce autoridade e
jurisdição exclusiva simultaneamente sobre uma área de actividade e de
formação ou conhecimento”.
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O conceito de profissionalização de Wilensky é na actualidade o mais
utilizado na literatura da Sociologia da Profissões.
Kerr e Ritzer diferenciam no modelo profissional, as dimensões das
atitudes das dimensões culturais.
Num quarto momento é abordado as profissões e organizações: os
engenheiros. Os profissionais e as organizações chocam em virtude da
pressão que as organizações exercem sobre o trabalho profissional.
Kornhauser expõe algumas medidas que podem ter sido tomadas nas
organizações. Barber argumenta a favor da existência de conflito entre
profissões e organizações, e assim cria medidas para reduzir os conflitos
existentes entre profissões e organizações.
Em suma, para os autores, a carreira técnica é um meio para impor o
profissionalismo com o modelo dentro de uma organização. Goldeberg,
Baker e Rubenstein desenvolveram uma pesquisa empírica. Os resultados
que obtiveram, os indivíduos não escolhem entre orientações
organizacionais e profissionais, mas diferem no modo como procuram a
gratificação pessoal.
Num último momento é focado as profissões e o desenvolvimento
económico. Para Evan, o desenvolvimento económico moderno origina o
progresso tecnológico.
No meu entender, este texto apresenta-se bem construído e penso que é
um texto que aborda um tema actual e interessante.
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5. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET
A página da Internet que escolhi para fazer a minha análise foi: <http://www.riscobiologico.org/riscos/riscos.htm>.
No meu ponto de vista é uma página bem elaborada, pois permite
visualizar outros subtemas extremamente interessantes.
Ao aceder à página constatei que é um sítio acessível, de fácil
navegação, no qual encontramos informação bastante completa e com um
menu que contém vários ícones que nos permite aceder a diferentes
subtemas sem quaisquer tipos de problemas.
A página em questão é actual (2007) e o tema em estudo também é
muito actual.
A informação contida nesta página, de certo modo orientou-me na
escolha de pontos que iria abordar ao longo deste trabalho.
Há que realçar outro aspecto, o facto da página se encontrar escrita em
português, o que facilita imenso o acesso a qualquer pessoa.
Concluo fazendo uma avaliação positiva da página em questão, quer
pelo auxílio que me deu na orientação do trabalho, quer na realização do
mesmo, assim como pela sua acessibilidade.
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6. CONCLUSÃO
Ao concluir este trabalho alusivo a “Profissões de Risco” e mais
concretamente “Enfermagem, uma profissão exposta a diversos factores de
risco”, fiquei com a noção, que para além dos riscos inerentes, as atitudes e
os comportamentos que os enfermeiros adoptam são de importância fulcral,
par uma práctica adequada, assim como, para minimizar riscos e evitar
alguns acidentes.
A enfermagem é sem dúvida, uma profissão, cujo risco está associado a
múltiplos factores. O grau de risco está sempre presente, quer seja ao nível
da exposição, quer seja a contágio, quer a actos de violência por parte dos
utentes ou dos seus familiares.
Segundo Guadalupe Simões, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses:
«a natureza dos episódios de agressão para com os enfermeiros é
variada, sendo a mais comum a agressão verbal». Esclarece ainda
que: entre as maiores ameaças de que os enfermeiros são alvos
figuram as picadas, quedas, contusões, problemas osteomusculares
e os acidentes de viação, com os enfermeiros que fazem domicílio»
(Mateus e Antunes, 2006).
Segundo a mesma fonte, em Portugal, a questão dos riscos profissionais
associada à prática de enfermagem é pouco estudada e em consequência
existem poucas medidas de prevenção.
Não obstante esta ser uma temática um pouco difícil de abordar, pela
inexperiência na práctica de elaboração de trabalhos de pesquisa, este
estudo foi uma oportunidade de aprendizagem, não só pela pesquisa, mas
acima de tudo pelas informações obtidas e pela reflexão que me foi possível
fazer.
Espero que este trabalho suscite, a quem o leia, atenção e sensibilidade
acerca da enfermagem, como profissão exposta a diversos factores de risco.
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O presente trabalho, sustentado teoricamente nas suas diversas
componentes é uma mais valia, que permitirá obter ganhos acrescidos para
o desenvolvimento de conhecimentos, mais especificamente na área da
sociologia das profissões.
Acredito ter desenvolvido um trabalho válido, ao procurar que a
abordagem teórica realizada permitisse a compreensão e fundamentação
das opções adoptadas.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOTECAS
LIVROS
Alfonso, António Lopez e tal (1992), Manual de Seguridade en el Trabajo. Madrid. Editorial Mapfre.
Cardim, Luís Filipe; Counhago, Américo (1992), Higiene no local de trabalho: conceitos. Lisboa: IEFP:
Miguel, Alberto (1991), Manual de higiene e segurança no trabalho. Porto: Porto Editora.
Rodrigues; Maria de Lurdes (1997), “Definição do campo ou a procura de um modelo”. Sociologia das Profissões. Oeiras: Celta, 1-33.
Profissões de Risco
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REVISTAS CIENTÍFICAS
Araújo, A. Teles (1999), “Ambiente Urbano e Saúde (III) – Os Hospitais”. Sociedade
Portuguesa de Pneumologia, 18.
Branson, Marie (1995), “Acidentes Inerentes `eliminação de Objectos e/ou perfurantes”. Nursing, 95, 13-14.
Carvalho, Bernardo Monteiro (1998), “Risco Biológico em Unidades Hospitalares” Nursing, 124, 24-26.
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Ferreira, João; Santos, Ana; Silva, António (1998), “Enfermagem, riscos
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