professor e sindicato

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O conceito de profissão docente ou profissional da educação – professor - foi amplamente discutido a partir de diversas vertentes do campo do saber: pedagógico, humanista e sociológico, entre as décadas de 70 e 80 (OLIVEIRA, 2010). De tal maneira que ao definir como “profissão” o labor daquele que ensina, reconhecendo que este possui competência intelectual e que exerce, assim, uma função de trabalho na sociedade organizada, a concepção sobre o ser professor passou a pautar uma luta política, ou seja, reconhecer-se enquanto tal era, então, uma questão de luta. Nesse sentido, os docentes organizaram-se para tornar o magistério mais respeitado tanto pelas organizações políticas quanto pela comunidade escolar. Porém, o cenário político não favorecia a insurreição dos professores de maneira expansiva, porque o Regime Militar, no Brasil e em parte da América Latina, não possibilitava a manifestação livremente organizada, dos docentes, a partir dos sindicatos. De acordo com Dalila Andrade, no artigo Os trabalhadores da educação e a construção política da profissão docente no Brasil (OLIVEIRA, 2010), houve dois grandes momentos da luta sindical, entre as décadas de 70 e 80 e depois as reformas educacionais de 1990, aonde os docentes foram protagonistas de modo divergente. No primeiro momento – década 70 e 80 - a autora destaca que a organização do movimento sindical ganhou peso quando a discussão sobre os direitos e deveres do professor era pautada no mesmo bojo dos funcionários públicos, e sendo assim não podiam criar um sindicato, pois funcionário público era “governo”, logo “governo” não poderia ser subversivo. Então, o professorado, organizado, mesmo que divergente, travou batalhas e resistências, diante do Regime Militar, quanto ao respeito, autonomia e democratização da gestão escolar. Sim, o sindicato foi importante não somente para discussões salariais, mas, também para organização pedagógica e a gestão administrativa da escola. Já o segundo momento – a partir

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Trabalho sobre a relação entre a profissão dos professores com o sindicalismo

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Page 1: Professor e Sindicato

O conceito de profissão docente ou profissional da educação – professor - foi amplamente discutido a partir de diversas vertentes do campo do saber: pedagógico, humanista e sociológico, entre as décadas de 70 e 80 (OLIVEIRA, 2010). De tal maneira que ao definir como “profissão” o labor daquele que ensina, reconhecendo que este possui competência intelectual e que exerce, assim, uma função de trabalho na sociedade organizada, a concepção sobre o ser professor passou a pautar uma luta política, ou seja, reconhecer-se enquanto tal era, então, uma questão de luta. Nesse sentido, os docentes organizaram-se para tornar o magistério mais respeitado tanto pelas organizações políticas quanto pela comunidade escolar. Porém, o cenário político não favorecia a insurreição dos professores de maneira expansiva, porque o Regime Militar, no Brasil e em parte da América Latina, não possibilitava a manifestação livremente organizada, dos docentes, a partir dos sindicatos.

De acordo com Dalila Andrade, no artigo Os trabalhadores da educação e a construção política da profissão docente no Brasil (OLIVEIRA, 2010), houve dois grandes momentos da luta sindical, entre as décadas de 70 e 80 e depois as reformas educacionais de 1990, aonde os docentes foram protagonistas de modo divergente. No primeiro momento – década 70 e 80 - a autora destaca que a organização do movimento sindical ganhou peso quando a discussão sobre os direitos e deveres do professor era pautada no mesmo bojo dos funcionários públicos, e sendo assim não podiam criar um sindicato, pois funcionário público era “governo”, logo “governo” não poderia ser subversivo. Então, o professorado, organizado, mesmo que divergente, travou batalhas e resistências, diante do Regime Militar, quanto ao respeito, autonomia e democratização da gestão escolar. Sim, o sindicato foi importante não somente para discussões salariais, mas, também para organização pedagógica e a gestão administrativa da escola. Já o segundo momento – a partir 1990 – diante das reformas educacionais e seus efeitos o movimento sindical não possuía mais a energia dos anos de outrora, pois perceberam que o sindicato já não estava mais situado com o cotidiano escolar. Afinal, as reformas trouxeram a dimensão ambígua para o profissional docente: 1) possuía o fazer flexível e autonomia de organização de trabalho. 2) os demais sujeitos que participam da escola poderiam cobrar e exigir o fazer produzido na escola.

Mesmo assim, Oliveira ainda destaca que sindicato dos professores se tornou protagonista de lutas importantes para a classe, no Brasil. Exemplo disso foi a aprovação da Lei 12.014 de 06 de agosto de 2009, que alterou o art. 61 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Tal alteração tinha como finalidade discriminar as categorias de trabalhadores profissionais da educação.