produyko e comercializa~o de hortali~as no municipio …
TRANSCRIPT
PRODUyKO E COMERCIALIZA~O DE HORTALI~AS NO MUNICIpIO DE ANTONIO
CARLOS - SC: ALGUNS RESULTADOS PRELIlUNARES
Arlene Ma r i a M. Prates*
Walquiria Krfiger Correa*
Apresenta~ao
A nossa contribui9ao, expressa neste trabalho tem somente
o sentido de t r a zer a discussao alguns dos aspectos relevantes
para a p rodu9aO e comercializa9ao de produtos horticulas no mu
nicipio de Antonio Carlos - SC e 0 abastecimento da Grande Flo
r~anopolis em r e l a 9 a O a esses produtos. Este trabalho nao tem
o sentido de um produto acabado uma vez que a pesquisa encon
tra-se em fase de execu9aO.
Introduc;ao
A produ9ao brasileira de produtos horticulas tern mostrado
exp a nsa o progressiva. Esta situa9ao e encontrada tambern em Santa
Catarina q ue e geradora de excedentes agricolas exportaveis pa
ra outros Estados da Uniao.
o abastecimento de hortali9as da reg~ao de Florianopolis e
feito nao apenas pela produ9ao local mas tambem pela produ9ao
*Professoras do Departamento de Geocien cias da UFSC.
65
proveniente de outras localidades do Parana, Rio Grande do SuI e
Sao Paulo. Na regiao de Florianopolis existe a concorrencia en
tre 0 produto local e 0 importado.
Estudar os mecanismos de abastecimento de hortali~as, a
concorrencia de produtos vindos de outras localidades e suas con
seqftencias a nlvel de produtor e consumidor, bem como as poten
cialidades da produ~ao dos municipios vizinhos da Grande Floria
nopolis e 0 objetivo geral e mais ample deste estudo.
Num primeiro estagio foi selecionado 0 municipio de Anto
nio Carlos por ser 0 mesmo urn dos mais expressivos quanto a pro
du~ao de hortali~as da Grande Florianopolis.
Metodologia
Do ponto de vista metodologicoa materia em estudo esta
recebendo quatro formas de analise: inicialmente, urna pesquisa
bibliografica e analise das cartas 1:50.000 (FIs. n9 SG-22-7
D-V~34)da FIBGE, possibilitou levantar 0 historico e as carac
teristicas fisicas da area. Nurna segunda etapa, buscou-se atra
ves de dados censitarios, conhecer a estrutura fundiaria e a
concentra~ao de propriedades. Numa terceira etapa foram efetua
dos levantamentos na CEASA-SC, para verificar 0 abastecimento dos
municlpios da Grande Florianopolis em horticultura e 0 papel de
sempenhado pelo munictpio de Antonio Carlos neste setor. Final
mente partiu-se para a elabora9ao de questionario, cuja aplica
9ao e resultados serao trabalhados dentro de uma met6dologia
quantitativa.
o questionario piloto foi aplicado na localidade de "Vila
12" pertencente ao Municipio de Antonio Carlos. Elegeu-se esta
localidade pelo fate de a mesma possuir uma area pequena, onde
praticamente todos os proprietarios seriam entrevistados e por
ser a mesma especiali,zada em produtos horticulas. Com base nos
resultados obtidos a~raves da aplica9ao deste questionario, pro
cedeu-se os ajustes necessarios e partiu-se para a elabora~ao do
questionario definitivo do qual fizeram parte questoes abertas e
fechadas.
66
Para a aplica~ao do questionario definitivo utilizou-se a
Amostragem Sistematica aplicando os questionarios em 76 proprie
dades agricolas do municipio de Antonio Carlos. Conhecendo 0 nu
mero total de propriedades (N) e 0 numero de elementos que se
deseja retirar na amostra (n) estabeleceu-se 0 intervalo (K) a
traves da seguinte formula:
KNn
822~
10,81
Isto e, aplicou-se urn questionario a cada onze
des, tomando-se 0 primeiro aleatoriamente atraves de
urn numero qualquer entre 1 ell.
proprieda
sorteio de
o questionario aplicado foi dividido ern 7 (sete) seguimen
tos corn questoes especificas sobre: a) caracter1za~ao do pro
prietario; bl estrutura fundiaria; c) uso da terra - produ~ao e
produtividade agricola; d) for~a de trabalho; e) tecnicas agri
colas e sistemas de cultivo, assistencia tecnica e social; f)
comercializa~ao; g) qualidade arnbiental.
Caracteriza~ao do proprietario - estas varlaveis permiti
rao definir 0 nivel de instru~ao do produtor, sua descendencia,
religiao e renda familiar.
Estrutura fundiaria - a finalidade do levantamento destas
variaveis e caracterizar 0 estabelecimento segundo 0 titulo de
posse da propriedade, como tambem detectar a forma de acesso do
agricultor a propriedade e 0 tempo de explora~ao da mesma.
Uso da terra - produ~ao e produtividade agricola - as
questoes referentes a este seguimento, tern por objetivo esclare
cer a respeito do uso da terra e a percentagem da mesma utiliza
da para produzir hortali~as. Pretende-se ainda, elucidar sobre
as areas improdutivas e os produtos horticulas de maior produti
vidade e rentabilidade por hectare.
For~a de trabalho - este item do questionario teve a fina
lidade de mostrar a for~a de trabalho utilizada no preparo do
solo, 0 numero de pessoas da familia que trabalham na proprieda
de bern como 0 numero de empregados permanentes e temporarios.
67
Tecnicas agricolas, Sistemas de cUltivo, Assistencia Tec-
nica e SOcial - objetiva;"'se com estas variaveis verificar as
condi90es em que esta sendo praticada a agricultura.
COmercializa~ao - foram levantados neste segmento 05 lo~
cais onde sao comerciali'zados 05 produtos horticulas da area em
estudo, fatores que influenciam na comercializa9ao, forma com
que 0 conhecimento de pre90 chega ao produtor.
Qualidade Ambiental - a finalidade deste item do questio-
nario, e verificar como 0 homem percebe 0 meio ambiente e as
medidas utilizadas no sentido de preserva-Io.
Descri~ao da Area
o Municipio de Antonio Carlos possui uma area de 205 km2 e
sua sede dista cerca de 30 km de Florianopolis. Ocupa toda a
area do Alto Vale do Bigua9u.
o universe em estudo caracteriza-se por apresentar urn re
levo acidentado, onde os formadores do rio Bigua9u (rio Racha
del, Farias, Bra90 do Norte, Louro, etc) construiram planicies
aluviais. Estas planicies e parte das encostas cristalinas sao
ocupadas por pequenas propriedades com explora9ao familiar. Nes
te municipio pequenos trechos situados nos interfliivios se es
pecializam em culturas agricolas variadas como: hortali9as, ca
na-de-a9ucar, laranja, .bananas , etc.
A vegeta9aonatural formada pela floresta tropical atlan
tica praticamente nao existe mais, ocorrendo apenas em por90es
esparsas no tope dos espigoes. Uma mata secundaria e capoeiras
ocupam mais de 50% do municipio, principalmente nos altos cursos
dos afluentes dos rios Farias, Rachadel, Bigua9u e Bra90 do Nor
te.
A meia encosta apresenta-se com alguns patamares que per
mitem melhor manuseio do solo e do plantio, entretanto, a maior
parte dos terrenos nesta area sao ocupados por mata secundaria
e campos. Apenas uma pequena POr9aO junto a varzea foi ocupada
com culturas temporarias.
68
As areas de cultivo poderiam ser ampliadas com urn born sis-
tema de terraceamento e culturas em curva de nivel, 0 que no
en tanto ocorre esporadicamente.
£ 0 fundo do vale que e aproveitado mais intensamente. Nes
te segmento do relevo localizam-se as moradias, 0 galpao para
armazenagem, 0 galinheiro e 0 curral para cria~ao de suinos. Em
torno destas constru~oes todo 0 terreno e aproveitado intensiva
mente com hortali~as e jardinagem.
A estrada de uma maneira geral, acompanha 0 tra~ado dos
rios e as propriedades agricolas distribuem-se perpendicular
mente a ela. Desse modo cada propriedade possui uma por~ao junto
a planicie, outra a meia encosta e finalmente uma terceira pro
xima ao espigao.
produ~ao de Hortali~as e Processo de Comercia1izayao
Segundo depoimento dos proprios agricultores, a horticul
tura destaca-se no municipio por esta nao eXigir muitos cuida
dos. porem, na verdade, ela foi eleita em funyao de outros fa
tores, entre os quais convem destacar: produtividade; tamanho das
propriedades e a disponibilidade de terrenos ferteis na varzea
e agua disponivel para irriga~ao. Por outro lado, a proximidade
da capital do Estado e cidades vizinhas que funcionam como mer
cado tambem contribuiu para 0 desenvolvimento desse tipo de
cultura que nao exige aplica~ao maci~a de capitais.
Como os produtos horticulas sao consumidos por popula~ao
de maior poder aquisitivo, os produtores agricolas tern se bene
ficiado do estimulo proveniente dos melhores pre~os que esses
produtos alcan~am no mercado consumidor, permitindo uma capita
liza~ao minima da produ~ao. No entanto, os horticolas, por se
rem altamente pereciveis e mais vulneraveis as oscila~oes de
pre~o no mercado, criam uma situa~ao de inseguran~a, levando os
produtores, muitas vezes, a grandes perdas.
o cultivo de hortali~as em Antonio Carlos caracteriza-se
por apresentar urn nivel tecnologico nao muito elevado, e, estar,
69
tambem sujeito a a~ao de intermediarios, no processo de comer
cia1iza~ao de sua produ~ao. Predomina a mao-de-obra familiar,
sendo inexpressiveis os traba1hadores assa1ariados.
Quanto aos instrumentos utl1izados no preparo da terra sao:
pa, enxada, foice, machado, carro de boi e urn grande numero de
micro-tratores (tobata).
No que tange aos metodos e tecnicas uti1izadas na produ~ao
de horta1i~as destacam-se: queimadas, rota9ao de cu1turas e em
menor esca1a rota~ao deterras, terraceamento e 0 emprego de
curvas de nive1. 0 sistema de irriga~ao e manual com uso de man
gueiras, sendo inexpressiveis 0 nUmero de propriedades que uti
1izam agua per aspersao. Com base nestes metodos e tecnicas os
produtos horticu1as mais cu1tivados sao: espinafre, brocolis,
couve fo1ha, cebo1inha, chicoria, salsa, agriao, rabanete, a1fa
ce, beterraba, pepino, cenoura, couve-f1or, pimentao, repo1ho,
vagem, etc.
£ atraves da CEASA-SC que se comercia1iza a maior parte
dos produtos horticulas consurnidos em F10rianopo1is e munici-
pios vizlnhos. Em fun~ao disso, tornou-se necessario obter da
dos junto a esse orgao para conhecer a origem, bem como 0 mon
tante dos produtos horticu1as comercia1izados na Grande F10rla
nopo1is (Tabela 1).
Tabela 1 - Contribui~ao do MunicIpio de Antonio Carlos no Abas
tecime n t o Horticula da Grande Florianopolis - 1986
PRODUTOS
Espi naf r e
Brocolis
Couve - f o l ha
Cebolinha
Ch i c o r ia
Salsa
Agriao
Ra banete
A1fac e
Beterraba
Pe pino
Ceno ur a
Couve-flor
Pime ntao
Repolho
Va ge m
QUANTlDADE COMERCIALIZADA
TOTAL EM ANT()NIO CARLOSKG
ABSOLUTO (KG) RELATIVO (KG)
55.952 54.933 98,1'7
24 . 609 23 .9 69 97,39
140.902 1 37.13 0 97,32
150 .210 145 .043 96,56
20. 320 19 .574 9 6 ,32
74 .130 71. 331 96,22
2 4 . 751 2 3 .719 95,83
23.483 21.311 90,75
209.300 1 57 .844 75,41
1.150.348 625.145 54,34
470 .062 2 4 8 . 04 9 52,76
2.018 .389 849 .543 42,09
858.635 181. 612 21 ,15
458. 354 95 .644 20,86
2.527 .519 48 7 .795 1 9 , 2 9
452 .210 22 ;313 4,93
FONTE: Dados f o r ne c i do s pela CEASA- SC.
Antonio Carlos abastece a Grande Florianopolis, com mais
de 90 % dos s e gu intes produtos hor tlculas: espinafre, brocolis,
couve- folha, ceb01inha, chicoria, salsa, agriao e rabanete. Abas
tec e a inda a area com mais de 50% de alface, beterraba e pepino.
No c aso da cenoura , couve-flor , p imentao e vagem, 0 abastec imen
t o e l arga mente comp1ementado po r p rodutos nao so de mun iclpios
vizinhos, como t ambem por municlp i o s da regiao Serrana Catar i -
nense e dos Esta dos do Rio Gra nde do SuI , Parana e Sao Paulo.
Jato j usti f ica-se e m fun~ao do cl ima da regiao e da varia9ao
sazona l .
71
Produtos como a cenoura, couve-flor e repolho sao planta
dos quase exclusivamente no outono-inverno, enquanto que 0 pi
mentao e vagem sao cultivaveis nos meses de primavera-verao. Nes
ta esta¥ao 0 municipio de Urubici, localizado na microrregiao
Campos de Lages, abastece nao so todo 0 Estado, como tambem con
tribui para exporta¥ao com produtos horticulas de inverno (Ce
noura, beterraba, ccuve-rfLor , repolho). Ja 0 pimentao, pepino e
vagem, sao cultivados predominanternente no verao. No inverno,
estes produtos sao importados dos Estados do Parana e Sao Paulo.
Bib1ioqrafia
ABBOTT, J.C.
Mejorarla.
Los Problemas de 1a Comercia1iza¥ao y Medidas para
Barcelona; FAO, 1969.
GERARDI, Lucia H. de O. & SILVA, Barbara C.N. QUantifica¥ao de
Geoqrafia. Difel, 1981. 161p.
IBGE (1980). Funda¥ao Instituto Brasileiro de Geografia e Esta
tlstica. Censo Agropecuario, Santa Catarina, Rio de Janeiro,
IX Recenseamento Geral do Brasil. Vol. 2, Torno 3, nurnero 21,
l~ e 29 Parte.
PAIVA, R.M. A melhoria do mercado e a comercializa¥ao nos pai
ses em Desenvolvimento. In: Revista Brasi1eira de Economia.
Ano 22, pp. 44-52."
sA, Maria Elizabeth de Paiva Correa de. e outros. Regiao Geo
economica de Brasilia: a produ¥ao de bens alimentares basicos
e horticulas e 0 mercado da Capital Federal. In: Revista Bra
sileira de Geoqrafia, RJ, ano 46, n9 1, pp.79-196.
SANTOS, Silvio Coelho dos. Nova Historia de Santa Catarina.Edi
¥ao do Autor, 2.ed., 124p.
SCHMITT, Eliziario. A primeira comunidade alema em Santa Cata
rina. Florianopolis, IOESC, 1979.
SENRA, Nelson de Castro. Contribui¥ao para estudos de comercia
liza¥ao de produtos agricolas. Bol. Geo1. Teoretica., Vol. 7,
n9 14, 1977. pp.47-59
72