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Produção de Componentes em Materiais Compósitos por Infusão de Resina Rodrigo Augusto Veríssimo Sousa Franco Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Arquitectura Naval Júri Presidente: Prof. Carlos António Pancada Guedes Soares Orientador: Doutor Leigh Stuart Sutherland Co-Orientador: Prof. Carlos António Pancada Guedes Soares Vogal: Prof. Álvaro José Moita de Oliveira Dezembro de 2008

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Produção de Componentes em Materiais Compósitos por Infusão de Resina

Rodrigo Augusto Veríssimo Sousa Franco

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Arquitectura Naval

Júri Presidente: Prof. Carlos António Pancada Guedes Soares Orientador: Doutor Leigh Stuart Sutherland Co-Orientador: Prof. Carlos António Pancada Guedes Soares Vogal: Prof. Álvaro José Moita de Oliveira

Dezembro de 2008

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RESUMO

Aplicou-se a técnica de Infusão de Resina para o fabrico de painéis teste numa tentativa de

comprovar uma mudança de técnicas em ‘molde aberto’ para técnicas em ‘molde fechado’. Foi

feita uma pesquisa e descrição das técnicas utilizadas na Indústria e também uma revisão da

literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas,

com resina poliéster isoftálica reforçada com fibras de vidro, com diferentes números de

camadas de fabricados (5 e 10) e com diferentes tipos de fabricados (unidireccional, +/-45º e

0º/90º), pelos processos de Infusão de Resina e pelo processo Manual (“Hand Lay-up”), para

futuras comparações. Verificou-se uma superior qualidade dos laminados fabricados por Infusão

de Resina e uma melhoria no ambiente de trabalho, devido à eliminação dos vapores criados

pelo processo de cura dos materiais compósitos.

Realizaram-se testes de flexão, impacto e de queima nos laminados produzidos. Verificou-se

que os laminados fabricados por Infusão de Resina apresentam maior resistência à flexão,

menor resistência ao impacto e um superior conteúdo de fibra.

Palavras-Chave: Materiais compósitos, infusão de resina, processo manual, testes de flexão,

testes de impacto, testes de queima.

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ABSTRACT

This study applied the Resin Infusion process to fabricate laminated composite materials to prove

the change of techniques in ‘open mould’ to ‘closed mould’. Existing knowledge in new

techniques and studies about this development in composite materials, were researched and

described. Glass fibre/polyester composites were processed with different number of layers (5

and 10) and with different types of fabrics (unidirectional fabrics, +/-45º fabrics and 0º/90º

fabrics), by processes of Resin Infusion and Hand Lay-up, for further comparisons. A superior

quality of the plates laminated by Resin Infusion was verified and a better work environment, due

to the elimination of the gases deriving from the cure of the composite materials.

Flexural, impact and burn-off tests were made on the laminates that had been produced. The

laminates fabricated by Resin Infusion have higher flexural strength, lower resistance to impact

and a higher fibre volume fraction.

Keywords: Composite materials, resin infusion, Hand lay-up, flexural tests, impact tests, burn-off

tests.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar não posso deixar de mencionar a minha profunda e sincera gratidão a todos

aqueles que, de uma forma ou de outra, tornaram possível este trabalho.

Agradeço ao Orientador desta Dissertação, Dr. Leigh Sutherland, pela sua disponibilidade,

paciência, pelo incentivo prestado ao longo do decorrer do trabalho e também por disponibilizar

toda a informação possível. A sua experiência e sentido crítico contribuíram bastante para o

sucesso deste trabalho.

Ao Co-orientador, Professor Carlos António Pancada Guedes Soares, agradeço também a sua

disponibilidade e informações fornecidas ao longo da Dissertação de Mestrado.

Ao fornecedor dos materiais para infusão, Dr. Jorge Morais, agradeço a ajuda prestada e o

esclarecimento de dúvidas acerca do processo.

Agradeço à minha família, especialmente à minha mãe, à qual foi necessária um esforço

financeiro tremendo para que eu conseguisse obter o grau de Mestre em Engenharia e

Arquitectura Naval.

A todos os meus amigos agradeço a amizade e compreensão.

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ÍNDICE

RESUMO……………………………………………………………………………………………………………….1 ABSTRACT ........................................... .....................................................................................2 AGRADECIMENTOS..................................... .............................................................................3 LISTA DE FIGURAS................................... ................................................................................6 LISTA DE TABELAS ................................... ...............................................................................8 1 OBJECTIVOS......................................... ............................................................................9 2 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................9 3 CARACTERÍSTICAS DE UM MATERIAL COMPÓSITO ........... .......................................10

3.1 Processos de Fabrico............................... ..............................................................14

4 REVISÃO DE LITERATURA.. ............................ ..............................................................18 5 ESPECIFICAÇÃO DA ARTE DE INFUSÃO DE RESINA......... .........................................24

5.1 O Molde............................................ .......................................................................25

5.2 Colocação dos fabricados e do núcleo (Core) ........ ..............................................25

5.3 Resinas ............................................ .......................................................................27

5.4 Meios de fluxo ..................................... ...................................................................28

5.5 Vácuo .............................................. ........................................................................29

5.6 Escapes de Resina (“Resin traps”) .................. .....................................................30

5.7 Detalhes do processo de Infusão de Resina.......... ...............................................30

5.7.1 Saco de vácuo .................................................................................................30 5.7.2 Aplicação da pressão de vácuo ........................................................................31 5.7.3 Infusão do componente ....................................................................................31 5.7.4 Planeamento e Procedimento...........................................................................32 5.7.5 Monitorização do escoamento..........................................................................33

6 COMPONENTE EXPERIMENTAL............................ ........................................................34

6.1 Preparação da Infusão de Resina .................... ......................................................34

6.1.1 Aquisição de Materiais .....................................................................................34 6.1.2 Preparação do molde .......................................................................................35 6.1.3 Tempos de gel da resina ..................................................................................36 6.1.4 Corte dos materiais a colocar no molde............................................................36 6.1.5 Dispositivos de vácuo e resina .........................................................................38 6.1.6 Colocação do saco de vácuo............................................................................39 6.1.7 Arranjo do Escape de Resina ...........................................................................40 6.1.8 Alimentação de resina ......................................................................................41

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6.2 Experimentação da Infusão de Resina ................ ..................................................41

6.2.1 Verificação da Utilidade da Rede de Distribuição na Infusão de Resina ............41 6.2.2 1ª Tentativa com Unidireccional (5 Camadas) ..................................................43 6.2.3 Repetição da 1ª Tentativa (Verificação da Estabilidade do Processo) ...............44 6.2.4 1ª Tentativa com +/-45º (5 Camadas) ...............................................................45 6.2.5 1ª Tentativa com 0º/90º (5 Camadas) ...............................................................47 6.2.6 2ª Tentativa com 0º/90º (10 Camadas) .............................................................48 6.2.7 2ª Tentativa com +/-45º (10 Camadas e adição de catalisador a 3%)................49 6.2.8 3ª Tentativa com +/-45º (10 Camadas e com distribuição central de resina) .....51

6.3 Fabrico de Placas pelo Processo Manual ............. ................................................54

7 TESTES PARA DETERMINAR AS PROPRIEDADES DOS LAMINADO S .......................55

7.1 Testes de Flexão................................... ..................................................................55

7.1.1 Testes de Flexão dos provetes fabricados........................................................56

7.2 Testes de Impacto .................................. ................................................................65

7.2.1 Detalhes Experimentais....................................................................................65 7.2.2 Resultados dos Testes de Impacto...................................................................66 7.2.3 Discussão dos resultados de impacto...............................................................72

7.3 Verificação do conteúdo de fibra dos laminados ..... ............................................77

7.3.1 Detalhes Experimentais....................................................................................77 7.3.2 Resultados dos Testes de Queima ...................................................................78 7.3.3 Discussão dos Resultados ...............................................................................80

8 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS..................... ................................................81 9 REFERÊNCIAS ................................................................................................................83 10 ANEXOS ..........................................................................................................................87

10.1 Resultados dos Testes de Flexão.................... ......................................................87

10.2 Resultados dos Testes de Impacto ................... ....................................................94

10.3 Resultados dos Testes de Queima .................... ..................................................100

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Esquema do processo de “Spray Lay-up” ..............................................................14 Figura 3.2 – Esquema do Processo Manual ..............................................................................14 Figura 3.3 – Esquema do processo de Fabrico em Vácuo .........................................................15 Figura 3.4 – Esquema do processo de Enrolamento Filamentar ................................................15 Figura 3.5 – Esquema do processo de Pultrusão.......................................................................16 Figura 3.6 – Esquema do processo RTM...................................................................................16 Figura 3.7 – Esquema generalizado dos processos de Infusão..................................................17 Figura 5.1 – Configuração das camadas do processo de Infusão de Resina..............................33 Figura 6.1 – Colocação do Molde ..............................................................................................36 Figura 6.2 – Fabricados sobre o molde......................................................................................37 Figura 6.3 – Tecido removível sobre os fabricados ....................................................................37 Figura 6.4 – Plástico perfurado sobre o tecido removível ...........................................................37 Figura 6.5 – Rede de distribuição no topo dos materiais ............................................................37 Figura 6.6 – Colocação dos tubos em espiral e massa vedante .................................................38 Figura 6.7 – Tiras de travagem da resina e passagem de ar......................................................39 Figura 6.8 – Dobras no saco de vácuo ......................................................................................39 Figura 6.9 – “Resin Trap” ..........................................................................................................40 Figura 6.10 – Alimentação de Resina ........................................................................................41 Figura 6.11 – Progressão do escoamento da resina nas duas placas ........................................43 Figura 6.12 – Placa fabricada com rede de distribuição .............................................................43 Figura 6.13 – Placa fabricada sem rede de distribuição .............................................................43 Figura 6.14 – Placa obtida com 5 camadas de fabricados unidireccionais..................................44 Figura 6.15 – Excertos de fita-cola e marcação para monitorização do escoamento ..................45 Figura 6.16 – Placa obtida (5 camadas +/-45º) e detalhe de não impregnação ..........................46 Figura 6.17 – Placa obtida com 5 camadas de fabricados 0º/90º ...............................................47 Figura 6.18 – Laminado (10 camadas 0º/90º) com falha de impregnação ..................................49 Figura 6.19 – Visualização na parte inferior do molde da não-impregnação total .......................50 Figura 6.20 – Nova configuração...............................................................................................51 Figura 6.21 – Peça obtida (10 camadas +/-45º, com nova configuração) ...................................53 Figura 6.22 – Placa laminada manualmente (+/-45º com 10 camadas) ......................................55 Figura 7.1 – Pormenores dos Testes de Flexão.........................................................................59 Figura 7.2 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete B1) ......................................59 Figura 7.3 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete B1)..............................................60 Figura 7.4 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete BH1)....................................60 Figura 7.5 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete BH1) ...........................................60 Figura 7.6 – Resistências Máximas dos provetes B e BH ..........................................................61 Figura 7.7 – Rigidezes dos provetes B e BH..............................................................................62 Figura 7.8 – Extensões máximas dos provetes B e BH..............................................................62 Figura 7.9 – Resistências máximas dos provetes C...................................................................62 Figura 7.10 – Rigidezes dos provetes C ....................................................................................63 Figura 7.11 – Extensões máximas dos provetes C ....................................................................63 Figura 7.12 – Torre da máquina IFWIT ......................................................................................65 Figura 7.13 – Danos provocados por impacto nos provetes C ...................................................70 Figura 7.14 – Danos provocados por impacto nos provetes D ...................................................70 Figura 7.15 – Danos provocados por impacto nos provetes CH.................................................70 Figura 7.16 – Danos provocados por impacto nos provetes A....................................................71 Figura 7.17 – Danos provocados por impacto nos provetes AH .................................................71 Figura 7.18 – Danos provocados por impacto nos provetes B....................................................71 Figura 7.19 – Danos provocados por impacto nos provetes BH .................................................72 Figura 7.20 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete C3............................72 Figura 7.21 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete C2............................73 Figura 7.22 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete CH4 .........................73 Figura 7.23 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete A4 ............................74

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Figura 7.24 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete B4 ............................74 Figura 7.25 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete AH3 .........................75 Figura 7.26 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete AH4 .........................75 Figura 7.27 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete BH3 .........................75 Figura 7.28 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete BH4 .........................76 Figura 10.1 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete B2) ....................................88 Figura 10.2 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete B2) ............................................88 Figura 10.3 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete B3) ....................................89 Figura 10.4 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete B3) ............................................89 Figura 10.5 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete B4) ....................................89 Figura 10.6 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete B4) ............................................89 Figura 10.7 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete B5) ....................................89 Figura 10.8 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete B5) ............................................89 Figura 10.9 – Desenvolvimento da Força x Deslocamento (Provete B6) ....................................90 Figura 10.10 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete B6) ..........................................90 Figura 10.11 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete C1) ....................................90 Figura 10.12 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete C1)............................................90 Figura 10.13 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete C2) ....................................90 Figura 10.14 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete C2)............................................90 Figura 10.15 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete C3) ....................................91 Figura 10.16 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete C3)............................................91 Figura 10.17 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete C4) ....................................91 Figura 10.18 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete C4)............................................91 Figura 10.19 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete C5) ....................................91 Figura 10.20 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete C5)............................................91 Figura 10.21 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete C6) ....................................92 Figura 10.22 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete C6)............................................92 Figura 10.23 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete BH2)..................................92 Figura 10.24 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete BH2) .........................................92 Figura 10.25 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete BH3)..................................92 Figura 10.26 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete BH3) .........................................92 Figura 10.27 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete BH4)..................................93 Figura 10.28 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete BH4) .........................................93 Figura 10.29 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete BH5)..................................93 Figura 10.30 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete BH5) .........................................93 Figura 10.31 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocamento (Provete BH6)..................................93 Figura 10.32 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão (Provete BH6) .........................................93 Figura 10.33 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete C1..........................94 Figura 10.34 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete C4..........................94 Figura 10.35 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete C5..........................95 Figura 10.36 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete D1..........................95 Figura 10.37 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete D2..........................95 Figura 10.38 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete D3..........................96 Figura 10.39 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete D4..........................96 Figura 10.40 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete A2 ..........................96 Figura 10.41 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete A3 ..........................97 Figura 10.42 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete B2 ..........................97 Figura 10.43 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete B3 ..........................97 Figura 10.44 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete AH1 .......................98 Figura 10.45 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete AH2 .......................98 Figura 10.46 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete BH1 .......................98 Figura 10.47 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete BH2 .......................99 Figura 10.48 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete CH1 .......................99 Figura 10.49 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete CH2 .......................99 Figura 10.50 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o provete CH3 .....................100

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LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Especificação dos tubos de distribuição de resina.................................................29 Tabela 6.1 – Monitorização do escoamento superior (5 camadas +/-45º)...................................46 Tabela 6.2 – Monitorização do escoamento superior (5 camadas 0º/90º)...................................47 Tabela 6.3 – Monitorização do escoamento superior (10 camadas 0º/90º).................................48 Tabela 6.4 – Monitorização do escoamento superior (10 camadas +/-45º).................................49 Tabela 6.5 – Monitorização do escoamento superior (com nova configuração) ..........................51 Tabela 7.1 – Dimensões recomendadas para os provetes e características do teste .................56 Tabela 7.2 – Larguras e espessuras dos provetes para os testes de flexão ...............................57 Tabela 7.3 – Resistências, Extensões e Rigidezes dos provetes testados em flexão .................61 Tabela 7.4 – Espessuras médias dos provetes para os testes de impacto .................................67 Tabela 7.5 – Valores teste para os provetes testados em impacto.............................................68 Tabela 7.6 – Resultados dos testes de impacto.........................................................................69 Tabela 7.7 – “Ignition Loss” e Desvio Padrão das amostras queimadas.....................................79 Tabela 7.8 – Conteúdos de fibra das amostras..........................................................................79 Tabela 10.1 – Valores dos testes de queima ...........................................................................101

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1 OBJECTIVOS

Esta Dissertação de Mestrado tem como principal objectivo a compreensão do processo de

Infusão de Resina, para isso pretende-se fabricar laminados através do processo de Infusão de

Resina de modo a ganhar experiência no método. Na observação da evolução do método, irão

ser fabricados painéis teste, tentando mudar diversas variáveis do método de modo a conseguir

uma configuração que se considerará óptima. Irão ser fabricadas placas em camada única

(“single-skin”) pelo processo de Infusão de Resina e também pelo processo manual (método

tradicional), para comparar as características dos processos, em particular nas características do

material produzido, incluindo propriedades mecânicas.

2 INTRODUÇÃO

Antes de ser abordado o processo de Infusão de Resina, faz-se um estudo acerca dos materiais

compósitos e dos seus métodos de fabrico, para realmente perceber o porquê da evolução

destes materiais e da sua grande utilização na Indústria Naval.

A partir daí, é feita uma revisão da literatura. Para isso foi necessária uma pesquisa intensiva do

que realmente se passa na Indústria, procurando saber quais os métodos mais utilizados na

produção de laminados em materiais compósitos e em que pontos fulcrais se centram as

investigações realizadas acercas desses materiais produzidos por esses diferentes métodos.

Após essa revisão da literatura, entra-se então propriamente na especificação do processo de

Infusão de Resina. Nesse capítulo, procura-se descrever todos os pormenores importantes do

processo e todos os aspectos a ter em conta para realizar uma boa Infusão de Resina.

Entra-se assim no ponto fulcral da Dissertação de Mestrado que consiste na componente

experimental, onde se explica a montagem de todos os componentes do processo de Infusão de

Resina e se fabricam laminados por esse processo e também manualmente. Apenas serão

fabricados laminados em camada única, visto que, por contacto com a Indústria Naval, se

verificou que a Infusão de Resina já era praticada para obter laminados em ‘sanduíche’ com

alguma facilidade, no entanto, no que diz respeito à produção de laminados em camada única

haviam bastantes dificuldades para a praticar.

São feitos testes aos laminados para comparação dos materiais obtidos pelos dois métodos. Os

testes realizados para estudar as propriedades mecânicas dos materiais são os testes de flexão

e de impacto.

Apenas se farão comparações entre estes dois métodos devido a limitações de material e

maquinaria existente em laboratório e também pelo facto de o processo manual ser o mais

utilizado na Indústria Naval portuguesa. Estas comparações irão ser qualitativas e quantitativas.

Qualitativamente, pretende-se uma comparação das peças fabricadas pelos dois métodos em

termos de qualidade final da peça obtida, das condições e facilidade de trabalho, etc.. Em

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relação à comparação quantitativa pretendem-se comparações de tempos de fabrico, custos,

quantidades de materiais dispendidos, tempos de cura e conteúdos de fibra presentes nos

laminados.

Esta nova técnica é muito atractiva no meio Naval visto que se conseguem produzir peças de

maior qualidade com muita rapidez e eficácia. Através desta técnica conseguem-se produtos de

alta qualidade com uma diminuição da poluição do espaço de fabrico, menos desperdícios, ou

seja, no fundo acaba por ser um processo mais económico, facto que é o primeiro a ser

considerado na indústria.

3 CARACTERÍSTICAS DE UM MATERIAL COMPÓSITO

O termo “Fibra de Vidro”, que é normalmente usado para designar o material de construção de

uma embarcação, é mal empregue, visto que a fibra é apenas um dos componentes da

estrutura/matriz do material de construção. O outro componente é a resina que é colocada sobre

a fibra e posteriormente curada através de uma reacção química e calor, obtendo assim um

plástico duro. A combinação desses dois componentes forma um laminado com excelentes

propriedades mecânicas e físicas e que é normalmente insensível aos efeitos de degradação

pelo ambiente marinho. Um termo que se pode utilizar mais correctamente é FRP (Fibre

reinforced plastics), ou seja, plásticos reforçados com fibra de vidro.

Então, um material compósito é aquele que é constituído, pelo menos, por dois elementos

funcionando em conjunto para produzir um material que tem propriedades diferentes desses

mesmos elementos trabalhando individualmente. A maioria dos materiais compósitos consiste

num material de base (a matriz) e um reforço de determinado tipo, para aumentar a força e

rigidez da matriz. Este reforço aparece geralmente na forma de fibras.

Os materiais compósitos mais comuns são os compósitos de matriz polimérica. Estes materiais

são constituídos por um polímero (resina como matriz) reforçado com fibras, tais como vidro,

carbono ou aramida.

Quando os reforços de fibras são combinados com os sistemas de resina podem então ser

obtidas propriedades excepcionais. Alta resistência e rigidez, facilidade de moldar placas

complexas, alta resistência ao ambiente, combinada com baixas densidades o que torna o

compósito resultante superior aos metais para muitas aplicações.

As propriedades dos materiais compósitos são determinadas por:

• propriedades da fibra;

• propriedades da resina;

• razão de fibra para resina no material compósito;

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• geometria e orientação das fibras no material compósito;

Qualquer resina, para criar um material compósito requer boas propriedades mecânicas,

adesivas, de tenacidade e boa resistência à degradação ambiental.

Uma grande adesão entre a resina e as fibras de reforço é necessária para um bom sistema de

resina. Este facto assegura que as forças são distribuídas de forma eficiente o que previne a

fractura ou o descolamento da fibra/resina quando o material é forçado.

As resinas mais usadas na indústria são de 3 tipos principais: poliéster, viniléster e epóxi. No

entanto, a resina escolhida para o processo foi a poliéster pois é a mais acessível em termos

económicos e também bastante fiável.

As resinas poliéster são as mais usadas e particularmente na Indústria Naval. A maior parte

destas resinas são viscosas, líquidos de cor pálida consistindo numa solução de um poliéster

num monómero, monómero esse que habitualmente é o estireno. A adição de estireno até por

volta de 50% faz com que a resina se torne mais fácil de moldar pois reduz a sua viscosidade. O

estireno também tem a importante função de permitir que a resina se ‘cure’ de líquida para

sólida.

As diferentes fibras (reforços) usadas nos compósitos possuem diferentes propriedades

afectando assim as propriedades do compósito final. Existem quatro factores que governam as

contribuições das fibras para um compósito, e são:

• As propriedades mecânicas da própria fibra;

• A superfície de interacção da fibra com a resina;

• A quantidade de fibra no compósito (Fracção do Volume de Fibra - FVF);

• A orientação das fibras no compósito;

Os fabricados com as fibras mais juntas fornecerão um maior FVF no laminado do que aqueles

que são feitos com fibras mais grosseiras ou que tenham grandes intervalos entre as fibras.

Visto que as fibras são projectadas para serem carregadas ao longo dos seus comprimentos, e

não na sua largura, a orientação das fibras cria uma elevada especificidade direccional nas

propriedades do compósito. Assim, as propriedades do compósito derivam da qualidade da fibra

e dos aspectos mencionados, mas também da forma com interagem com o sistema de resina

usado e as propriedades da resina. As fibras mais usadas na Indústria Naval são as fibras de

vidro.

Em termos de compósitos poliméricos, um fabricado é definido como um manufacturado de

fibras para produzir uma superfície com uma ou mais camadas de fibras. Essas camadas são

seguras umas às outras através de interligações mecânicas ou com um material secundário para

ligar essas fibras e mantê-las no local para que seja possível manuseá-las.

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As principais categorias de orientação das fibras são: unidireccional, 0/90º, multiaxial e outras

variadas configurações aleatórias. O tipo de fabricado que cada vez mais é utilizado na indústria

é o fabricado multiaxial. Estes fabricados consistem numa ou mais camadas de longas fibras

colocadas a partir de um processo de costura. Estes fabricados têm melhores propriedades

mecânicas e a velocidade de fabrico também é melhorada.

A rigidez à curvatura de qualquer painel é proporcional ao cubo da espessura. O propósito de um

núcleo (“core”) num laminado compósito é o de aumentar a rigidez desse laminado pelo

acréscimo de espessura com um material central com uma baixa densidade. Isto pode provocar

um aumento considerável de espessura com pouco peso adicional.

Para muitos construtores, a construção em camada única é leve, resistente e económica na sua

fabricação. Também conhecido por “construção de um laminado sólido”, essa construção é um

processo com boa reputação ao longo dos anos na Indústria Naval. Nas últimas décadas tem-se

produzido inúmeros cascos de navios em camada única.

A construção em sanduíche, comparada com a construção em camada única, fornece um mais

espesso mas mais leve laminado, em que o material central é coberto por duas finas e

resistentes camadas de laminado. Combinando esses elementos é criada uma estrutura forte,

leve e bastante resistente.

A escolha da espessura do material central depende do tamanho do navio em causa, do

tamanho dos painéis do casco e das cargas antecipadas a que estará sujeito. Quanto mais

espesso for o material central mais finas poderão ser as camadas de fibra/resina, sendo mais

leve o laminado. Porém, é um erro que as camadas de fibra resina sejam finas demais. As

resinas poliésteres são porosas, e assim a água pode infiltrar-se no laminado por osmose. Isto

leva a um sério problema de delaminação e um aumento considerável de peso. Também

camadas muito finas têm tendência a encurvar e causar sérios problemas em caso de impactos.

O PVC é o material mais utilizado como núcleo de laminados. A espuma de PVC é um híbrido

químico do PVC e do poliuretano. Este PVC oferece uma combinação de propriedades estáticas

e dinâmicas e boa resistência à absorção de água. São também materiais não inflamáveis

actuando como retardantes de fogo e por isso podem ser usados em muitas aplicações críticas.

Quando usados como material central para estruturas compósitas em sanduíche, a sua razoável

resistência ao estireno significa que podem ser usados de forma segura com resinas polyester.

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13

A utilização de compósitos (FRP) na Construção Naval possui vantagens e desvantagens (Gurit),

as quais se enunciam de seguida:

Vantagens:

• Construção sem “costuras” evidentes

• Resistência ao ambiente marinho

• Peso Leve

• Alta Resistência

• Inerte quimicamente

• Capacidade de orientação das fibras

• Capacidade de moldar placas complexas

• Flexibilidade

• Custo Competitivo

• Capacidade de moldar com cor

• Poucas reparações

• Baixa manutenção

• Durabilidade

Desvantagens:

• Dureza (desvantajoso em aplicações com deflexões críticas)

• Resistência do casco (baixa resistência à fadiga e à encurvatura)

• Deformações

• Vibrações

• Em aplicações sujeitas a Impacto e Abrasão críticos

• Vulnerabilidade ao fogo

O inquestionável sucesso dos FRP como o material dominante na construção de pequenas

embarcações indica que as vantagens superiorizam-se às desvantagens.

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14

3.1 Processos de Fabrico

As propriedades finais de um compósito não são apenas função das propriedades individuais

dos materiais, mas também função do modo como os materiais são produzidos e da forma como

são inseridos nesse compósito.

Neste tópico mostram-se os processos de fabrico mais comuns.

• “Spray Lay-up”

Figura 3.1 – Esquema do processo de “Spray Lay-up”

Neste processo a fibra é projectada através de uma pistola de mão saindo já impregnada de uma

resina catalisada directamente para o molde. Os materiais depositados são deixados a curar em

condições atmosféricas normais. Os laminados tendem a ser demasiados ricos em resina, e por

serem incorporadas apenas fibras pequenas, o produto resultante tende a ser fraco no que diz

respeito às suas propriedades mecânicas.

• Processo Manual

Figura 3.2 – Esquema do Processo Manual

Neste processo a resina é colocada e impregnada à mão nas fibras com a ajuda de um rolo ou

pincel. Aqui, o laminado também é deixado a curar nas condições atmosféricas normais.

Molde

Gelcoat Pistola

Fibra Alimentação de Resina Catalisador

Fabricado seco

Rolo

Molde

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Este processo é dos mais utilizados na indústria há muitos anos e é de muito fácil aprendizagem.

Tem a desvantagem de as mistura da resina, quantidade de resina no laminado e qualidade do

laminado estarem muito dependentes da habilidade dos laminadores. É um processo pouco

amigo do ambiente de trabalho, devido às concentrações de estireno.

• Fabrico em Vácuo (“Vacuum Bagging”)

Figura 3.3 – Esquema do processo de Fabrico em Vácu o

Basicamente este processo é uma extensão do processo manual onde é aplicada pressão no

laminado para melhorar a consolidação. O ar dentro do saco é extraído através de uma bomba

de vácuo. No seu interior cria-se uma atmosfera de pressão que provoca a consolidação da

estrutura. O saco de vácuo reduz a quantidade de produtos voláteis durante a cura.

• Enrolamento Filamentar

Figura 3.4 – Esquema do processo de Enrolamento Fil amentar

Este processo é principalmente usado para componentes circulares, com espaços vazios ou com

secções ovais, como tubulações e tanques. As fibras, com varias orientações controladas pelo

sistema de alimentação, são “rebocadas” por uma peça cilíndrica rotativa e passam por um

banho de resina. Este processo pode ser rápido e por isso um método económico.

Fita isoladora

Saco de vácuo

Molde

Camada removível (“peel ply”)

Feltro Direccionado à

bomba de vácuo

Direccionado ao calibrador da bomba

de vácuo

Urdideira

Cilindro rotativo Banho de

resina

Fibras

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• Pultrusão

Neste processo, as fibras são puxadas de uma urdideira (dispositivo onde estão colocados os

“rovings” de forma a serem puxados e de modo a serem colocados no laminado na configuração

desejada) passando por um banho de resina e posteriormente por um sistema aquecedor

(ferramenta de pultrusão). Esse sistema aquecedor completa a impregnação da resina, controla

a quantidade de resina e cura o material na sua forma final. A Figura 3.5 ilustra esse processo.

Figura 3.5 – Esquema do processo de Pultrusão

As propriedades estruturais dos laminados são de boa qualidade e a impregnação de resina

pode ser feita em processo fechado minimizando assim emissões voláteis. Os custos de

maquinaria, sistema de aquecimento, podem ser elevados.

• RTM (“Resin Transfer Moulding”)

Figura 3.6 – Esquema do processo RTM

Os fabricados são devidamente colocados em camadas. Esses fabricados são, por vezes,

pressionados previamente na forma do molde e ligados por um material ligante. Um segundo

molde é posto por cima do primeiro e a resina é injectada para a cavidade entre eles. Pode ser

aplicado vácuo para facilitar a progressão da resina ao longo dos fabricados. Com essa

aplicação do vácuo, o processo é conhecido por VARI. Estando as fibras embebidas de resina, a

Fibras Ferramenta de

pultrusão Tanque de

resina

Puxadores Produto final

Molde

Contra-Molde Injecção de resina

Fabricados

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injecção de resina é selada e o laminado é deixado a curar. Este processo possui as vantagens

de se obter um laminado com um elevado teor de fibra com poucas imperfeições.

• Pré-Impregnados (“Prepregs”)

Neste caso as fibras são pré-impregnadas, sob calor e pressão ou com solvente, com uma

resina pré-catalisada. O catalisador é altamente latente à temperatura ambiente, dando aos

materiais semanas ou por vezes meses de vida útil quando ‘degelados’. No entanto, para

prolongar a vida desses materiais, esses são congelados. Os “prepregs” são colocados numa

superfície molde com um saco de vácuo e aquecidos tipicamente de 120ºC a 180ºC. Isto permite

que a resina, inicialmente se escoe e eventualmente se cure. Uma pressão adicional é aplicada,

fornecida pelo “Autoclave” (forno pressurizado) que aplica até 5atm ao laminado.

• Processos de Infusão (SCRIMP, RIFT, VARTM)

Figura 3.7 – Esquema generalizado dos processos de Infusão

Os fabricados secos são amontoados tal como no processo RTM. Esse conjunto de fabricados é

coberto com uma camada removível e um tipo de tecido não estrutural. É então aplicado vácuo

de modo a recolher todo o ar presente nos fabricados e de seguida é injectada a resina para o

laminado. A distribuição de resina pode ser feita com o auxílio do fabricado não estrutural,

‘correndo’ facilmente por esse fabricado, e sendo drenada para os outros fabricados

‘encharcando’ o laminado.

Um processo, deste tipo, que começa a ser largamente utilizado na Indústria Naval, denomina-se

apenas de Infusão de Resina. É este o processo no qual se baseia o estudo desta Dissertação

de Mestrado e que se pretende definir com mais precisão até à sua realização em termos

práticos. Mais à frente irá ser explicado em detalhe, visto ser o tema específico desta

Dissertação de Mestrado.

Molde

Fita isoladora

Recipiente da resina

Saco de vácuo

Camada removível (com ou sem rede de

distribuição)

Fabricados

Direccionado à bomba de vácuo

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4 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo procura-se descrever algumas das mais importantes experiências efectuadas no

meio dos materiais compósitos, relacionadas com as novas técnicas de Infusão e com as

propriedades dos materiais obtidos a partir dessas técnicas.

A primeira consideração no desenvolvimento na construção dos compósitos é o custo. A

indústria marítima opta geralmente, por isso, por processos manuais ou por outras técnicas em

moldes abertos. No entanto, a Agência de Protecção Ambiental começa a proibir a construção

em moldes abertos e passa a exigir o fabrico de compósitos em moldes fechados, devido às

emissões de gases prejudiciais ao ambiente e aos trabalhadores envolvidos nesses processos.

Devido a esse facto, a investigação e o desenvolvimento de novas técnicas em moldes fechados

para reduzir os custos e as emissões VOC tem sido extremamente ampliada.

Tradicionalmente, tem sido escolhido o método RTM para o fabrico de compósitos. Esse método

oferecia bastantes vantagens, incluindo melhores tolerâncias de espessura, uma superfície de

laminado mais perfeita e uma redução das emissões de gases voláteis. No entanto, os custos de

material necessário para esse processo eram elevados para peças de dimensões maiores. Para

reduzir esses custos apareceram novas técnicas que consistiam numa variação do método RTM,

nos quais o molde fechado é substituído por um saco reduzindo bastante os custos de processo.

É aqui que começam a aparecer as técnicas de Infusão.

Lazarus (1994) refere a empresa Hincley Company que mudou a produção de navios de madeira

para navios em FRP. A partir daí, essa empresa adquiriu alta reputação e sucesso no mundo

dos compósitos avançados. No entanto, tinha uma alta percentagem de emissões tóxicas para o

ambiente. Um dos grandes problemas era a emissão de estireno, e assim a empresa decidiu

alterar o modo de fabrico dos navios, usando novas técnicas como processos assistidos por

vácuo e técnicas de moldes fechados. Verificou-se que, além de se reduzir a grande escala as

emissões VOC, os componentes fabricados possuíam propriedades muito superiores

comparando com os componentes fabricados anteriormente.

Também Williams, et al. (1996) refere num documento os problemas da exposição dos

trabalhadores às emissões de estireno aquando de trabalhos com resinas poliéster provocando

depressões e fadiga nos trabalhadores e também diversos sintomas psiquiátricos. Faz também

um pequeno histórico da passagem de processos em RTM para o processo RIFT (Resin Infusion

Under Flexible Tooling) e consecutivamente para o processo SCRIMP (Seemann Composites

Infusion Moulding Process). Enuncia Gotch (1978) que usou a impregnação de resina nas fibras

através do vácuo usando um molde fêmea sólido e um saco de borracha de silicone. A resina

era colocada nas fibras antes da colocação do saco de borracha. A pressão de vácuo era

apenas usada para escoar a resina pelos fabricados no molde. Esse saco de borracha era

mudado para moldes sólidos quando eram necessárias peças com formas complexas devido a

dificuldades com os conteúdos de fibras e com o controlo do escoamento de resina.

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Também Gotch (1980 e 1985) adaptou o processo com o escoamento de resina feito apenas

com a pressão de vácuo, numa tentativa de reduzir ainda mais as emissões de gases tóxicos.

Desenvolveu resinas menos viscosas, e comparando os resultados com os métodos até aí

desenvolvidos, verificou que os novos resultados eram muito consistentes.

Le Comte (1982) patenteou o seu método consistindo num processo em que os fabricados eram

colocados sob pressão entre um molde sólido e outro flexível. O método podia ser usado para a

produção de cascos em GRP com estruturas centrais (cores) e reforços estruturais incluídos.

Com esse método foi possível a produção de cascos de 50 m com um tempo médio de trabalho

de 10 horas antes da cura da resina e com temperaturas de 18 a 20 ºC.

Começaram também a serem feitas experiências com sacos de vácuo em nylon. Os sacos em

nylon e borracha de silicone têm baixos Módulos de Young com capacidade de alongamento

para a formação de vácuo, mas o nylon é extremamente sensível a misturas e a silicone tem

baixa resistência a solventes e um alto custo. Começaram então a aparecer novos materiais

para os sacos de vácuo com melhores características.

Hayward e Harris (1989 e 1990) estudaram o efeito da injecção usando vácuo em adição à

pressão para o método RTM e descobriram melhoramentos na aparência do laminado e nas

propriedades dos materiais obtidos. Os benefícios do vácuo residiam na redução de lacunas nos

laminados. Também recomendavam o desligar do vácuo quando o molde estava preenchido

para evitar que o estireno chegasse ao seu ponto de ebulição. No entanto, Lundström (1993),

afirma que o ponto de ebulição do estireno não é atingido com os níveis de vácuo utilizados no

processo.

Seemann (1991) aparece com uma variante dos processos anteriores designada por SCRIMP

(Seemann Composites Resin Infusion Moulding Process). O processo consiste numa outra

técnica de infusão em que os fabricados são colocados por baixo de um saco de nylon e a resina

é escoada por meio de vácuo, tendo como novo conceito a utilização de redes de distribuição.

Verificou-se que o custo desta técnica era muito elevado, pois os materiais, após cada infusão,

eram descartados, resultando em custos adicionais elevados.

Novamente Seemann (1994) apresenta novos estudos na tentativa de diminuir os custos desse

processo e refere a utilização de sacos de vácuo reutilizáveis. Esses sacos incluíam membranas

de distribuição de resina e tubos de alimentação de resina, no entanto seria necessária a

incorporação de uma camada removível para auxiliar na remoção do saco de vácuo.

Afendi, et al. (2004) consideram que o processo de infusão através do vácuo é um processo

bastante versátil para a construção de estruturas complexas de grandes dimensões. O estudo

efectuado por estes senhores baseia-se essencialmente no problema de formação de bolhas de

gás durante a impregnação da resina. Afirmam que se deve fazer uma desgaseificação da resina

antes do processo de infusão e isso permite que o produto final não tenha tantas imperfeições no

que diz respeito a bolhas e lacunas presentes nos laminados. Essas lacunas têm efeitos nas

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propriedades e no aspecto da superfície do produto final. Através das suas experiências,

verificaram que, com os métodos apresentados, os gases dissolvidos e “micro-bolhas” de ar

podem ser removidos até aos 40-50%.

Pfund (2004), num artigo da revista Professional Boatbuilder diz explicitamente que para se

mudar do processo tradicional para o processo de Infusão é necessário olhar de maneira

diferente para a construção de navios em materiais compósitos. A construção nos métodos

tradicionais era um processo instável sujeito a um grande número de variáveis problemáticas.

Nesse artigo, dá bastante importância à aprendizagem dos trabalhadores, sendo necessária a

formação de um grupo de trabalhadores especializados em Infusão para posteriormente

transferirem os seus conhecimentos aos outros trabalhadores, de modo a ter uma boa

organização nos processos.

Com o passar dos anos, cada fabricante de compósitos começa a adoptar a técnica de infusão

que considera mais viável, e a partir daí são feitos estudos mais pormenorizados acerca dos

pormenores dos vários tipos de processos de infusão.

Thagard, et al. (2003) basearam-se no processo RIDFT (Resin infusion between double flexible

tooling) fazendo comparações com os processos RTM e SCRIMP, indicando as suas vantagens

e os seus benefícios para a indústria. Basearam-se na construção de grandes componentes e

verificaram que para o processo RIDFT, em comparação com o processo SCRIMP, existe uma

redução de custos de cerca de 24%. Com o uso de uma ferramenta flexível como base, também

concluíram que o trabalho é reduzido em comparação com o processo RIFT e não ocorre o

contacto da resina com o molde, o que elimina a preparação do molde para cada ciclo.

Buntain e Bickerton (2007) fazem um estudo experimental acerca das forças exercidas no molde

em processos como RTM e I/CM (Injection/compression moulding) na tentativa de conseguir

prever as condições a que os moldes estarão sujeitos. Verificam que essas forças exercidas

variam consoante os fabricados a utilizar e a sua quantidade, pois têm influência no escoamento

da resina através dessas mesmas fibras.

Yenilmez, et al. (2008) baseiam-se num estudo acerca do problema da fabricação de peças por

infusão por vácuo com pequenas tolerâncias de espessura. Essas variações de espessura da

peça fabricada são devidas a variações de pressão entre o molde (com os fabricados) e o saco

de vácuo. Para estudarem esses problemas, monitorizaram as espessuras e pressões aquando

do fabrico das peças. Concluíram que a espessura final do laminado depende das durações da

aplicação inicial de vácuo e da cura, da pressão na resina num dado ponto e da contracção de

um dado sistema de resina.

Pomeroy, et al. (2007) investigam a permeabilidade dos reforços de fibra numa tentativa de

optimizar processos de infusão de resina e o RTM. Para esse efeito utilizam um escoamento de

ar radial para medir a permeabilidade dos fabricados, explicando os efeitos da variação da razão

de escoamento e descrevendo a instrumentação utilizada para medir as pressões e os

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escoamentos. Os resultados dessa experiência são comparados favoravelmente com os

resultados de experiências realizadas com escoamentos de líquidos. Além disso, o uso de ar faz

com que as experiências decorram num ambiente mais limpo.

Correia, et al. (2005) desenvolveram uma formulação analítica para as equações de escoamento

de fluidos incompressíveis ao longo de meios porosos com a aplicação de vácuo. A partir daí

fazem sugestões para as pressões das entradas e saídas do sistema, arquitecturas das fibras e

montagens do processo.

Kessels, et al. (2007) também apresentam um estudo prático acerca da optimização da

colocação e número de tubagens para o processo RIFT (Resin Infusion under Flexible Tooling).

Para esse efeito elaboram um algoritmo de optimização acoplado ao sistema estudado. Afirmam,

pelos resultados obtidos, que o algoritmo fornece um estável e efectivo método de optimização.

Govignon, et al. (2008) elaboram um documento onde descrevem pormenorizadamente os

processos de infusão de resina, demonstrando os processos e fazendo variar diversos

parâmetros que influenciam os processos. Além disso, também fazem estudos experimentais

acerca do volume de fibra a incorporar, permeabilidades, variações de espessuras,

monitorização e progressão de escoamentos.

Wang e Grove (2008) também estudam acerca da monitorização de escoamentos. Fazem um

estudo prático das velocidades de impregnação da resina nas fibras e a da sua saturação. Para

esse efeito, construíram um modelo físico de impregnação numa célula unitária e observaram o

desempenho dos sistemas, através de um algoritmo matemático, variando velocidades de

impregnação, arquitectura dos tecidos fabricados e camadas de fabricados.

Han, et al. (2000) já tinham desenvolvido modelos de escoamentos para simular os processos de

preenchimento das fibras com resina para os processos de RTM e SCRIMP, por forma a fazer

uma comparação com resultados experimentais. Os resultados simulados estão de acordo com

os resultados experimentais e o modelo conseguido pode ser usado para uma optimização dos

processos de Infusão.

Williams, et al. (1998) já tinham realizado medições da compressão dos fabricados e dos efeitos

da interacção dos fabricados com o escoamento da resina para a espessura final do laminado.

Também Modi, et al. (2007) propõem um sistema de controlo activo capaz de monitorizar

escoamentos, identificar perturbações nos escoamentos e também capaz de tomar acções

correctivas através de um computador ligado ao sistema.

Donadon, et al. (2007) fazem um estudo numérico e experimental da tenacidade intralaminar de

laminados fabricados pelo processo RIFT. Fazem uma comparação com os métodos

computacionais existentes conseguindo uma concordância entre os métodos numéricos e

experimentais utilizando uma metodologia proposta.

Dawood, Shenoi e Sahin (2007) apresentam uma técnica de colocar sensores de extensão FBG

internos nos laminados para ser possível a detecção dos defeitos internos. Mostram também

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uma adequação dos processos de infusão devido à colocação desses sensores e fazem estudos

de cargas estáticas e dinâmicas aplicadas nos produtos finais para verificação desses sensores.

Trochus, Ruiz e Soukane (2006) também contribuíram para a optimização e simulação dos

processos de infusão, elaborando uma simulação numérica focada nas fases de preenchimento

e cura da resina.

Doh, et al. (2005) fizeram um estudo na previsão de danos em estruturas compósitas para

verificar as suas tolerâncias quando sujeitas a determinadas condições de carregamento.

Utilizando o método VARTM, elaboraram um modelo de elementos finitos capaz de modelar a

progressão dos danos e a sua capacidade residual.

Sevostianov, et al. (1999) já tinham percebido que a infusão de resina poderia causar tensões

nas fibras. Assim, desenvolveram um modelo matemático que descreve a formação de tensões e

heterogeneidade durante os processos de infusão de resina.

Também Park e Kang (2003), utilizando o processo RFI, elaboraram modelos matemáticos

baseados na compressão das fibras e viscosidades das resinas, na tentativa de optimizar o

processo e obter melhorias nos laminados.

Srinivasagupta, et al. (2003) na tentativa de uma optimização do processo CIRTM (co-injection

resin transfer molding) para construção em sandwich, estudaram as condições do processo, os

parâmetros dos materiais (permeabilidade das fibras e cores), viscosidades das resinas,

temperaturas e pressões decorrentes do processo de infusão com o intuito de trazer uma

melhoria para a ligação entre o núcleo da estrutura e as camadas de fibra/resina.

Desenvolveram estudos paramétricos com modelos por forma a melhorar esse tipo de

construção.

O estudo de Hosur, et al. (2005) baseia-se no facto de muitas estruturas compósitas estarem

sujeitas a cargas dinâmicas e o consequente conhecimento das propriedades dinâmicas dos

materiais. Para atingir esse objectivo, fabricaram laminados pelo método VARTM e sujeitaram

esses laminados a forças de corte dinâmicas, a temperaturas ambiente e elevadas.

Hosur, Abdullah e Jeelani (2005) também realizaram testes de impacto em laminados fabricados

pelo mesmo método. Esses laminados eram constituídos por um núcleo central apenas ou com o

núcleo central e várias combinações de fabricados. Estudaram os modos de falha das estruturas

e retiraram diversas conclusões interessantes a partir dessas experiências.

Estes autores anteriores, conjuntamente com outros realizaram bastantes testes em laminados,

fazendo várias combinações de fabricados e ‘cores’ na tentativa de prever as propriedades

desses laminados. Esses documentos elaborados por esses senhores podem ser encontrados

no capítulo Referências.

Scarponi, et al. (2007) estudam o comportamento de compósitos, produzidos por RFI (de

diferentes tipos de fabricados), quando sujeitos ao impacto de cargas de baixa velocidade.

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Nesse documento apresentam os resultados experimentais para CBI (“Compression before

Impact”) e para CAI (“Compression after Impact”).

Belingardi, et al. (2007) comparam as técnicas de infusão por vácuo com Hand Lay-up no que

diz respeito às respostas a cargas de impacto repetidas, conseguindo assim definir as

propriedades dos materiais e consequentemente a melhor forma de os fabricar.

Heider, et al. (2007) realizaram uma experiência na tentativa de diminuir o tempo de fabrico de

peças de grandes dimensões pelo processo VARTM e também as suas espessuras. Então

propõem que se coloquem, entre as camadas de fabricados, outros fabricados de elevada

permeabilidade. Usam também uma rede de distribuição e fazem estudos acerca da

caracterização dos materiais e simulação de escoamentos. Concluem que o sistema adoptado

pode ser usado para optimizar condições de escoamentos em laminados espessos.

A RINA (2006) num documento realça o facto do não envolvimento directo dos operadores com

resina é um factor chave no que diz respeito à saúde, pois a resina pode causar graves irritações

na vista e na pele.

Nesse documento, muito bem conseguido, faz uma descrição da técnica de Infusão de Resina,

explicando os pormenores do método e os processos correctos a adoptar. O documento é muito

específico e perceptível, ajudando iniciantes no processo de Infusão de Resina. Detalha as

várias etapas a compreender, faz comparações com outros métodos, colocam várias hipóteses

de montagem do processo, indicam precauções a ter em conta e realçam a importância do

método em termos de protecção ambiental e dos trabalhadores.

Também a GURIT, num documento interno, elege este método de Infusão, realçando os

seguintes tópicos:

• A Infusão pode fornecer componentes de alta qualidade com excelentes

propriedades mecânicas;

• Uma vez implementado o processo, existe a vantagem de poder ser repetido

com diversos melhoramentos;

• Melhora saúde e segurança, trabalhando para o ambiente e com qualidade

controlada;

• Idealmente implementado em novos projectos onde o componente pode ser

optimizado para o processo;

Todas estas investigações baseiam-se essencialmente no estudo de técnicas de Infusão, as

quais permitam reduzir as emissões VOC e melhorar as condições dos trabalhadores. Além

desses aspectos, é notável a procura, através dessas técnicas, de propriedades mecânicas

óptimas para uma completa e definitiva afirmação das técnicas de Infusão no meio da

Engenharia Naval e não só.

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Por esses motivos, é também de interesse, nesta Dissertação de Mestrado, verificar se os

laminados obtidos por Infusão de Resina são de qualidade superior aos laminados fabricados

por processos de “Hand Lay-up”, através de testes de flexão e impacto e ainda por verificação

dos conteúdos de fibra presentes nesses laminados.

De seguida, entra-se no processo de Infusão de Resina, todos os seus pormenores e

componentes a inserir, para a realização correcta de uma Infusão.

5 ESPECIFICAÇÃO DA ARTE DE INFUSÃO DE RESINA

O rápido crescimento da indústria dos compósitos e o esforço contínuo para conseguir

componentes fortes, leves e de rápido fabrico tem levado a usar técnicas de pressão e vácuo

para consolidar e formar materiais com propriedades mecânicas óptimas.

A RINA (2006) elaborou um documento essencial para a compreensão detalhada do processo

de Infusão de Resina. A Infusão de Resina oferece as vantagens de se usarem fibras padrão e

sistemas de resinas levemente modificados para criar componentes com muito poucas

imperfeições, com um conteúdo de fibra perto do óptimo e com um custo inferior ao de sistemas

semelhantes. O processo é positivo em termos de custos e em poupança de tempo, permitindo

um rápido fabrico do produto. É conseguido com um baixo custo em utensílios, podendo ser

efectuado e curados os compósitos, à temperatura ambiente ou até a baixas temperaturas. Este

processo é também conhecido pela sua imprevisibilidade, principalmente no escoamento de

resina, pela sua complexidade no posicionamento das linhas de alimentação de resina e de

vácuo e também pela susceptibilidade de falha do sistema de vácuo.

O processo de Infusão de Resina é um método de produção de um laminado robusto, com alta

qualidade, com uma baixíssima quantidade de imperfeições e com uma boa quantidade de

resina, mas como em qualquer técnica de fabrico de compósitos de alta performance são

necessários cuidados aquando da manufactura e do planeamento.

A teoria básica da Infusão de Resina consiste em que, quando algo é colocado sob vácuo e

estão lacunas presentes, o fluido (resina) possa ser conduzido a preencher essas lacunas e

saturar o componente. No caso dos compósitos, as lacunas são aberturas nas fibras secas, e a

resina irá preenchê-las sendo ‘puxada’ pela fonte de vácuo. Quando a resina começa a ser

‘puxada’, em direcção ao molde, ela terá que impregnar todas as fibras num período de tempo

menor que o tempo para que se dê a catalisação dessa resina. Se a resina demorar muito tempo

a percorrer todas as fibras poderá acontecer que a resina se vá solidificando, impedindo assim

que a infusão opere em perfeitas condições.

O esquema da Infusão de Resina consiste no escoamento da resina, proveniente de um

recipiente, do início dos fabricados até ao seu fim onde se encontra a fonte de vácuo. A

dificuldade com o planeamento da Infusão de Resina é que consoante o tamanho, forma ou tipo

de laminado a fabricar requer um esquema diferente para permitir um escoamento completo sem

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quaisquer problemas. É incrivelmente difícil quantificar esses detalhes e montar um sistema que

garanta fiabilidade e que seja livre de risco.

Para se elaborar uma boa infusão é necessário ter em conta vários aspectos de montagem e

uma sequência lógica do processo. Assim, de seguida, faz-se uma descrição dos pormenores do

processo e como se deve proceder para que todos os elementos necessários à infusão estejam

em perfeita sintonia.

5.1 O Molde

O molde deve possuir determinadas características, como ser resistente para suportar a

depressão criada no processo para a transfega da resina, ser de dimensões superiores às da

peça que se pretende fabricar para que se seja possível fixar o saco de vácuo e as linhas de

vácuo e que não tenha defeitos nem aberturas senão não seria possível a criação da diferença

de pressão que permite o escoamento da resina.

Por vezes, para se testar se os moldes são estruturas resistentes, aplica-se o vácuo apenas ao

molde de modo a verificar se o molde sofre deformações. Se isso se verificar é sinal que o molde

não será o mais indicado.

Em relação ao molde em si, é necessário que esse esteja completamente limpo para que se

obtenha uma peça com boas características. Além disso, é essencial que a zona em redor do

molde onde vai ser fixo o saco de vácuo esteja em perfeitas condições para que haja uma

perfeita aderência do saco de vácuo ao molde através da fita isoladora.

5.2 Colocação dos fabricados e do núcleo (Core)

Os requisitos para os fabricados a utilizar no processo de infusão de resina são geralmente os

mesmos para os processos em que se utilizam os fabricados secos. No entanto, é necessário ter

algumas considerações em relação ao tipo de fabricado a utilizar pois alguns tecidos podem criar

problemas.

Em relação às espessuras dos fabricados, a infusão pode ter sucesso com qualquer espessura

do fabricado, ainda que como regra geral, quanto mais espesso o conjunto de fabricados maior é

o cuidado a ter para realizar uma boa infusão.

A permeabilidade das fibras usadas é a principal razão para a velocidade, saturação e

progressão da infusão. Referindo, por exemplo, a 10 camadas de fibras unidireccionais com a

mesma orientação sujeitas a pressão de vácuo, as fibras irão aglomerar-se formando feixes

sólidos. Nesse caso, haverá baixa permeabilidade e a resina terá de trabalhar bastante para

saturar esse conjunto de fibras muito denso. Por outro lado, um conjunto de fabricados pobres

(com uma tecelagem fraca, um tecido um pouco folgado) em fibra de vidro com a mesma

espessura continuará compacto. Um tecido multiaxial terá ainda maior permeabilidade. Na

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maioria dos casos, uma infusão com sucesso pode basear-se na permeabilidade a um nível que

a resina consiga percorrer um componente com pouca resistência.

Como explicado antes, a infusão confia na permeabilidade dos fabricados para um bom

escoamento da resina. Por essa razão, algumas configurações de tecidos podem restringir o

escoamento podendo resultar daí um laminado fraco. Isto é especialmente verdade quando

esses fabricados estão em contacto com superfícies polidas como o caso dos moldes. A

orientação das fibras tem efeitos dramáticos na velocidade e saturação da infusão de resina. É

consideravelmente mais rápida a infusão com fibras unidireccionais a 0º do que a 90º, pois a

resina é mais capaz de escoar ao longo do comprimento das fibras. Por esta razão, é

aconselhável usar fibras unidireccionais com costura.

Para a colocação dos fabricados, é possível utilizar spray’s de modo que esses fabricados

fiquem localizados no sítio correcto. No entanto, é necessário que esses spray’s não interfiram

com o processo, ou seja, que não reajam quimicamente com a resina a utilizar, o que pode

arruinar a infusão pois poderão modificar as propriedades mecânicas do laminado inibindo a cura

total de um sistema de resina.

O modo como são colocados os fabricados para a infusão de resina requer especial atenção

para reduzir os defeitos. Devido à natureza seca dos fabricados, quando são colocados no

molde, é preciso cuidados aquando da sua colocação nos cantos e em detalhes complexos. Isto

é especialmente verdade quando se pratica infusão para obter peças muito espessas. Tem que

se ter em atenção se não fica tecido em excesso nos cantos da peça, pois uma vez aplicado o

vácuo, é comum formarem-se ‘orelhas’ que se irão infundir. É também muito importante ter

especial atenção à formação de ‘pontes’ nos cantos interiores, novamente por material

excedente o que resulta numa falha da infusão.

É importante, quando se começa a colocar a primeira camada de fabricados, que o ambiente

envolvente esteja livre de sujidade em suspensão no ar que mais tarde se poderia depositar nos

fabricados, alterando assim as propriedades do produto final.

Estando a primeira camada de fabricados colocada correctamente sobre o molde pode então

proceder-se à colocação do material central ou núcleo da estrutura (no caso de construção em

sanduíche). Uma das grandes vantagens deste processo é que quando é requerido um laminado

em sanduíche, núcleo pode ser infundido juntamente com as camadas do laminado. Isto reduz

bastante o tempo de fabrico para muitos componentes.

Um laminado infundido em sanduíche pode ser mais leve que outros laminados fabricados por

outros processos, pois neste processo a ligação entre o núcleo e as camadas é feita na exacta

quantidade.

Para ajudar na infusão de resina, o material central pode ser modificado para permitir um melhor

escoamento da resina. A chave é permitir que a resina escoe, através do material central, entre

as duas camadas de laminado. Isto pode ser feito de várias formas, e já muitos desses materiais

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podem ser comprados desenhados com orifícios de escoamento e linhas de drenagem, entre

outras formas. Os vários tipos de materiais centrais permitem uma flexibilidade na velocidade e

escoamento da resina.

Ao contrário de noutros métodos, o material central não é colado às camadas de fabricados mas

sim simplesmente posicionado sobre a primeira camada e coberto pela segunda.

Quando o processo está concluído, a adesão do material central às camadas de fabricados é

garantida pelos “pinos de resina” formados através dos orifícios desse mesmo material central.

A aplicação da segunda camada, por cima do material central, é semelhante à colocação da

primeira, tendo novamente especial atenção no posicionamento dos fabricados e à sujidade do

ambiente.

5.3 Resinas

Em relação às resinas a utilizar numa infusão, essas têm de ser de viscosidade inferior às

usadas nos métodos tradicionais, isto para a resina escoar mais facilmente pelo conjunto de

fabricados. A viscosidade da resina é o ponto-chave da razão de escoamento e por isso

essencial para uma infusão com sucesso.

A temperatura pode ter efeitos importantes nos componentes infundidos. Qualquer resina é

susceptível de variações físicas na sua composição através de mudanças da sua temperatura.

Nos sistemas de resina usados em infusão, este é o factor mais notável nos tempos de cura e

viscosidade. Uma baixa temperatura implicará um tempo de cura muito elevado e uma maior

viscosidade e temperaturas mais elevadas produzirão o contrário.

Uma importante variável num componente obtido por infusão é o conteúdo de ar, que

proporciona o aparecimento de lacunas no componente fabricado. No processo de infusão é

possível a eliminação de todas as bolhas de ar visíveis antes mesmo de se injectar a resina,

podendo, no entanto, haver lacunas (bolhas de ar) devido a defeitos da resina ou até do molde.

Por esse motivo, é necessário perder algum tempo na preparação da resina.

Geralmente, essas inclusões de ar são introduzidas através da resina. Esse ar é adicionado,

normalmente, na fase de mistura. Para reduzir o conteúdo de ar no componente final, a resina

misturada deve ser deixada a descansar pelo menos 10 minutos antes de ser infundida para o

sistema. Esse tempo permite que as bolhas de ar formadas aquando da mistura se possam

escapar. Esta pequena medida pode fazer uma larga diferença na quantidade de lacunas

presentes no componente final. O ar pode também ser introduzido através de buracos no saco

de vácuo ou porosidades no molde, mas a entrada de ar por buracos no saco de vácuo é o mais

comum. A introdução de ar numa fase inicial da infusão é menos prejudicial, pois pode escapar-

se do laminado ser ‘aspirado’ pelo sistema de vácuo. Se o ar for introduzido numa fase mais

adiantada da infusão, é mais difícil de o remover. É possível, caso a entrada de ar seja por um

buraco na camada tampão, acrescentar outra linha de vácuo proveniente do sistema de vácuo e

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colocá-lo no local onde a entrada de ar acontece. Esta operação tem de ser feita com muito

cuidado, pois esse buraco tem de ficar bem vedado, e uma vez bem executada, o problema é

resolvido.

5.4 Meios de fluxo

Os meios de fluxo são usados na infusão para distribuir a resina para o laminado. As linhas de

alimentação transportam a resina para a peça colocada no molde, e ela depois distribui-se

através da rede, se usada, pelo laminado.

A rede de distribuição é o meio mais comum para facilitar a distribuição de resina pela peça. É

muito permeável e é colocada com o laminado permitindo que a resina se escoe por todo o

componente. Têm sido desenvolvidos vários tipos de redes que permitem variar razões de

escoamento e escoamentos direccionais, permitindo infusões mais rápidas e um melhor controlo

na direcção do escoamento. Essa rede é geralmente usada na superfície do laminado depois da

camada removível para permitir que seja retirada quando a peça está curada. Em alguns casos,

a rede pode estar incluída no laminado sem muita redução nas propriedades mecânicas do

laminado.

Começa-se agora por especificar a gama de componentes de alimentação e distribuição de

resina.

Existem vários de tipos de tubulações usados na infusão de resina. O tubo de alimentação de

resina (“Feed Pipe”) é proveniente do recipiente da resina ligado à parte onde a resina escoa

para a peça. A distribuição de resina pela peça é feita pelo tubo de distribuição de resina (“Feed

Distribution Pipe”) e é geralmente perfurado para permitir a distribuição da resina.

O tubo de alimentação de resina é uma parte crítica da montagem do sistema de infusão. Este

tubo estará sob vácuo por um tempo considerável e por isso é necessário que estes tubos sejam

reforçados, caso contrário, poderão danificar-se ou vergarem-se impedindo a circulação da

resina. Assim, sendo reforçados, permitirão um escoamento fácil da resina.

Os tubos de alimentação de resina (geralmente mais do que um para componentes maiores que

um painel teste) poderão voltar atrás a uma estação de controlo onde as linhas de resina e os

seus níveis podem ser monitorizados e controlados. Essas estações são importantes para se

conseguir precisão e sem erros, e é um bom planeamento para futuras infusões.

O tubo de distribuição de resina é usado para permitir um fornecimento de resina a toda a peça

em infusão. É barato, excelente para escoar e existem em variados tamanhos. A sua utilização

requer alguma preparação, e deve ser previamente esticado antes de ser colocado na peça a

fabricar. Consiste num tubo em espiral e perfurado para permitir a libertação da resina, sugada

através do vácuo.

Existem limites para o comprimento deste tubo, devido à fricção da resina no tubo e à

propagação de resina perto do local da sua entrada poderem provocar um impedimento do

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escoamento da resina. Existe, no entanto, a possibilidade de existirem mais do que uma entrada

de resina para peças de maiores dimensões, o que permite uma facilidade na infusão e em

tempos mais curtos.

A dimensão destes tubos é variada, mas convém que não sejam de grandes dimensões para

que a resina se ajuste ao diâmetro do tubo, aumentando assim a velocidade de escoamento. É

comum encontrarem-se tubos deste tipo com as dimensões apresentadas na Tabela 5.1.

Dimensão da InfusãoDiâmetro interno do tubo de distribuição

[mm]

Peso de resina num metro de tubo [g]

Pequenos componentes (0.2m*0.2m) <5 <23

Componentes médios

(1m*1m)Componentes maiores

(5m*5m)Componentes muito

grandes

(10m*10m)

Componentes muito longos, com múltipla

alimentação>18 <305

>14 <185

>8 <60

>10 <94

Tabela 5.1 – Especificação dos tubos de distribuiçã o de resina

Os tubos de distribuição de resina podem ser montados de várias formas para proporcionar

diferentes resultados. Se esses tubos estiverem colocados directamente na superfície da rede,

eles permitem que a resina se espalhe pelos laminados abaixo, verificando-se a sua impressão

no laminado.

Se no componente infundido não for necessário um bom acabamento de superfície, então esta

acção não terá problemas, pois o tubo pode ser colocado directamente na superfície da rede e

poupar muito tempo. Se for requerido um acabamento não impresso, então colocam-se as linhas

de alimentação de resina em dobras no saco de vácuo.

5.5 Vácuo

Em relação ao vácuo, o suporte principal de todo o sistema, este requer um planeamento

cuidado para que este se mantenha operacional do início até ao final da infusão.

O sistema de vácuo requerido para uma infusão será provavelmente o mesmo que se utiliza para

um trabalho com um saco de vácuo. Mas em infusões grandes, o vácuo prefeito será o mais

baixo possível – as bombas são geralmente baseadas em dois critérios, a quantidade de ar

removido por hora e o nível de vácuo final. Para infusão, uma bomba capaz de atingir 950mbar é

mais que suficiente para componentes simples e acima de 980mbar pode ser usada para peças

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mais complexas. É aconselhável o uso de bombas de vácuo especialmente desenhadas para

este propósito.

As linhas de sucção são geralmente colocadas ao longo das extremidades do molde. Em casos

de fabrico de peças pequenas é também possível colocar apenas uma linha de vácuo na

extremidade oposta à linha de alimentação de resina.

5.6 Escapes de Resina (“Resin traps”)

Um componente muito importante a incluir neste sistema são os escapes de resina. É um

sistema vital de defesa na infusão que impede que o excesso de resina, que se escoa nos

materiais, entre no sistema de vácuo e especialmente na bomba de vácuo. Na maioria dos

casos, isto é evitado usando uma unidade de escape da resina que actua como um filtro –

permite a aplicação de vácuo mas impede a resina de se dirigir para o sistema de vácuo.

A maioria desses componentes são semelhantes a grandes baldes que têm a capacidade de

resistir ao vácuo sem o seu colapso. Geralmente, tem uma tampa que pode ser removida para

permitir retirar um balde descartável que é colocado dentro. A tampa não está fixa ao balde

através de alguns acessórios mecânicos; o vácuo, quando é aplicado, faz com que essa tampa

se fixe ao balde. Os tubos provenientes do componente a fabricar entram pela tampa do escape

de resina e dirigem-se ao balde interior que recolhe a resina que é puxada da peça.

5.7 Detalhes do processo de Infusão de Resina

5.7.1 Saco de vácuo

Uma vez os consumíveis aplicados à peça, o saco de vácuo pode ser colocado. O saco de

vácuo tem de ser colocado com bastante cuidado para não ser danificado. Pode estar sujeito a

pequenas perfurações que serão difíceis de ver mas que podem arruinar o processo. É

necessário que o saco de vácuo permita uma boa adesão aos componentes abaixo e por isso

tem que ser suficientemente grande para que, quando aplicado o vácuo, o saco não se rasgue.

No entanto, não convém que seja grande demais pois isso pode criar dobras grandes no saco

que provocarão zonas com excesso de resina.

Um saco de vácuo com qualidade é manufacturado em ambientes estéreis, portanto buracos e

perfurações não são introduzidos por contaminantes. No entanto, nenhum saco de vácuo é

imune a imperfeições ou buracos, por isso isto deve ser considerado quando se prepara uma

infusão. É importante que o saco de vácuo não seja deixado em condições ao acaso, pois pode

estar sujeito a determinadas condições ou objectos que o podem danificar. Por isso, é muito

importante saber, a partir das especificações dos fabricantes, as condições de armazenamento

dos sacos de vácuo. Condições como baixa humidade podem tornar o saco frágil ou quebradiço

e mais susceptível de se quebrarem.

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5.7.2 Aplicação da pressão de vácuo

Estando todos os componentes aplicados, pode-se aplicar o vácuo lentamente até ao ponto em

que o saco começa a fixar ao laminado, mas ficando um pouco folgado. O nível de vácuo deve

ser fixado nesse ponto para permitir que o saco fique ajustado o mais possível antes do nível de

vácuo ser aumentado progressivamente. É absolutamente vital que não fiquem nenhumas

‘pontes’ na peça – isso criará um rio virtual de escoamento de resina, possivelmente arruinando

a infusão. Esta operação deve ser realizada com os reguladores de escoamento de resina

desligados.

É recomendado que o sistema de vácuo seja repetido e testado algumas vezes aquando da

aplicação do saco de vácuo, e é importante que o vácuo não seja repetido vezes demais pois

cada ciclo irá aglomerar as fibras, facto que reduzirá a permeabilidade e a capacidade de infusão

e aumentará o tempo de infusão.

Um teste vital e comum para a infusão de resina é o teste de descida de vácuo. Uma bomba de

vácuo será capaz de remover uma quantidade considerável de ar da peça, e isso pode ignorar

os efeitos de algumas fendas. Isto evidenciará uma dimensão de vácuo total, o que será um

vácuo na peça aceitável, no entanto, não é isso que se passa na realidade. O método de

verificar a integridade de uma infusão é o teste de descida de vácuo (Vacuum Drop Test). Para

realizar este teste, o componente tem de estar sujeito a um vácuo completo e quaisquer fendas

ou bolhas de ar têm de ser fechados. Um medidor de monitorização de vácuo deve ser colocado

no sistema para permitir que o nível de vácuo possa ser lido. Em seguida desliga-se o vácuo,

através de uma válvula, para isolar o componente da bomba. Uma boa infusão requer que a

perda de vácuo não seja superior a 5mbar em 5 minutos, desde que se desligou o vácuo.

No caso da infusão de grandes componentes, é importante deixar o componente sujeito a vácuo,

pelo menos um tempo igual ao tempo que se prevê que durará a infusão da peça. No entanto, é

preciso ter atenção, durante esse período, ao saco de vácuo e à peça pois podem ocorrer

rupturas aquando de pressões de vácuo prolongadas.

É extremamente importante não começar a infusão sem ter a certeza que a pressão de vácuo

correcta tenha sido obtida, pois a infusão é um processo irreversível.

5.7.3 Infusão do componente

Tendo a certeza que estas operações anteriores foram completadas com sucesso, pode-se

então ligar os reguladores de escoamento de resina, permitido que a resina se dirija ao molde.

Uma vez infundido o componente, a resina continuará a fazer o seu ciclo. Se a alimentação de

resina estiver fechada nesta fase, o vácuo continuará a puxar resina da peça, essencialmente

drenando e reduzindo a quantidade de resina junto às áreas de saída de resina. Isto não é

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desejado, embora em alguns casos isto seja feito para aumentar o FVF (fibre volume fraction) e

reduzir o peso da peça.

Estando a infusão completa, a resina deve continuar a ‘correr’ os tubos ao longo da peça até aos

“resin traps”. As entradas de resina devem ser fechadas e o vácuo continua a ser aplicado

durante cerca de 10% do tempo de infusão. Este tempo permite que a resina em excesso se

retire sem que haja o risco da ocorrência de drenos. Após este período, os tubos de saída de

vácuo com destino aos “resin traps” devem possuir resina no seu interior.

5.7.4 Planeamento e Procedimento

A infusão é vista como uma “arte escura” devido à variedade do escoamento e à previsão dessa

circulação. Devido a esse facto, um considerável planeamento e trabalho de testes pode ser feito

para minimizar os riscos, e assegurar que certas margens possam ser incorporadas para

problemas.

É vital o fabrico de painéis teste para qualquer nova infusão, onde a experiência própria não foi

adquirida em projectos anteriores. O painel indica potenciais tempos de escoamento, uso de

resina, e o trajecto que a resina terá quando passar por algumas secções e detalhes.

Os painéis teste podem ser fabricados em placas de vidro para permitir que sejam vistos os dois

lados do laminado durante a infusão. Devem ser feitas medidas de tempo para verificar a

progressão do escoamento pelo laminado. Para componentes com alguma inclinação, esses

painéis devem ser fabricados tanto na horizontal como na vertical, com a entrada de resina no

fundo – isto deverá indicar a pior situação no escoamento de resina.

O painel teste deve ser marcado para verificar a frente do escoamento de resina. Isto permite

tirar medidas do escoamento até a infusão estar completa.

É essencial para que uma infusão corra da melhor forma haja uma preparação anterior de todos

os sistemas e componentes a utilizar. O processo de infusão deve ser simples e organizado

permitindo a quem a opera monitorizar o escoamento e verificar o preenchimento de resina da

melhor forma possível.

Um bom planeamento de uma infusão pode cingir-se aos seguintes pontos:

• O início do projecto: nesta fase é importante planear a chegadas dos materiais

encomendados, tanto para o projecto principal como para os testes a serem feitos antes.

Embora uma infusão bem planeada possa decorrer facilmente e sem quaisquer

problemas, devem-se ter provisões para o caso da infusão ter problemas;

• Antes do início da infusão: é necessário misturar resina suficiente para permitir o

escoamento inicial na peça para a circulação na tubulação e principais canais de resina.

Nesta fase, é também essencial, realizar um último teste de descida de vácuo na peça a

infundir. Podem surgir rupturas no saco de vácuo devido ao manuseamento deste na

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preparação da infusão. Aqui uma última verificação pode impedir que se misture a resina

quando a infusão ainda não está preparada;

• Depois da infusão e antes da resina curar: esta é uma altura crítica – a resina

preencheu toda a peça e fica a curar. É importante verificar o escoamento de resina nos

tubos especialmente observando se existe a formação de drenos devido à ainda

aplicação do vácuo;

• Depois da infusão e depois da resina curar: é sempre aconselhável retirar os

consumíveis de vácuo depois da cura e antes da cura total (postcure) do componente,

pois se isso não fosse feito nesta altura seria bastante difícil de os remover.

A Figura 5.1 ilustra um esquema comum da montagem do processo, evidenciando as diferentes

camadas a incorporar.

Figura 5.1 – Configuração das camadas do processo d e Infusão de Resina

5.7.5 Monitorização do escoamento

O escoamento de resina visível na superfície do laminado é referido como escoamento frontal.

Este escoamento frontal indica bem a progressão da resina e a quantidade da peça que já foi

preenchida pela resina, no entanto não fornece informação acerca da saturação do componente.

Num laminado infundido onde foi utilizada uma rede de drenagem para melhorar a transferência

da resina, existe um atraso entre o escoamento de resina pela rede (o ponto visível) e o ponto do

laminado por baixo da rede que está saturado com resina. Este ponto é normalmente invisível

(chamado ponto de saturação) e essa informação é vital para o sucesso da infusão. Uma das

principais razões da realização de painéis teste, reside no facto de se encontrar o atraso desse

ponto e assim determinar quantas linhas de infusão devem ser colocadas. É por essa razão que

Saco de vácuo

Rede de distribuição

Tecido removível

Conjunto de fabricados

Gelcoat (se necessário)

Linha de resina

Linha de vácuo

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se fazem os painéis teste em superfícies visíveis, para se poder monitorizar ambos os lados do

laminado.

O escoamento da resina pode ser monitorizado desenhando a zona do escoamento frontal no

saco de vácuo em vários intervalos de tempo, dependendo do tamanho da peça. Estas

distâncias podem ser guardadas para uso em planeamentos de outras peças ou outras infusões.

Monitorizar a infusão desta forma irá também realçar áreas em que a progressão não é tão boa

como noutras – que podem ser modificadas para futuros componentes.

Quando se finalmente se observa o laminado, esse pode ser inspeccionado visualmente e

testado usando equipamentos adequados para esse efeito. A inspecção visual serve,

essencialmente, para detectar se existem áreas não impregnadas de resina. Muito importantes

são os testes para verificar as propriedades físicas e mecânicas do laminado.

Para chegar a esse ponto, procede-se então à produção de laminados pelo processo de Infusão

de Resina e pelo processo manual.

6 COMPONENTE EXPERIMENTAL

Estando finalizada a busca de teoria acerca do processo de Infusão de Resina pode-se então

seguir com a componente experimental. Neste capítulo pretende-se uma iniciação prática no

processo de Infusão de Resina. Em primeiro lugar, é referida a aquisição dos materiais

necessários e explicada a montagem de todos os componentes adquiridos para o processo. De

seguida, dá-se início à produção de painéis teste por Infusão de Resina e explicam-se as

dificuldades e situações observadas no decorrer dessas experiências. São também produzidos

os painéis teste manualmente e são feitas comparações entre os dois processos.

Finalmente, realizam-se os testes para identificação das propriedades dos laminados fabricados

pelos dois métodos e são feitas comparações entre os diferentes tipos de laminados.

6.1 Preparação da Infusão de Resina

6.1.1 Aquisição de Materiais

Foi efectuada, previamente, uma primeira encomenda dos materiais necessários. Foi contactado

um fornecedor da empresa Decatlo. A empresa Decatlo é a representante portuguesa do grupo

SP da Gurit. O fornecedor trata-se do Dr. Jorge Morais. Nos primeiros contactos com o

fornecedor, foi combinada uma reunião com o próprio e com o Acompanhante da Dissertação de

Mestrado (Dr. Leigh Sutherland) de modo a haver uma explicação prática do processo e a saber

o que realmente se pretendia fazer. Nessa reunião ficou-se então com uma ideia dos materiais

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necessários e dos métodos para realizar uma boa Infusão. Os materiais encomendados foram os

seguintes:

- Lata de 25 Kg de resina isoftálica Crystic

701PA;

- 1L de catalisador peróxido de metiletilcetona;

- Desmoldante Z 5.0 (Slipcoat System);

- Bomba de vácuo de 9m3/h;

- Manómetro;

- Mangueira transparente reforçada Heliflex

com 16 mm de diâmetro;

- Tubo em espiral para distribuição da resina;

- Massa vedante;

- Fibras de vidro unidireccionais de 600 g/m2;

- Fibras de vidro +/-45º de 468 g/m2;

- Fibras de vidro 0º/90º de 710 g/m2;

- Saco de vácuo;

- Tecido removível;

- Plástico perfurado;

- Rede de distribuição;

- Feltro;

- Fita isolante;

- T’s para ligação das mangueiras;

Antes desses materiais, já se tinha adquirido o molde. Esse molde consiste num vidro

completamente transparente, com 8 mm de espessura e com a dimensão de 1m2. Decidiu-se por

este tipo de molde pois assim é possível visualizar o escoamento inferior e a absorção da resina

pelos tecidos inferiores. A espessura do vidro deve-se ao facto de tentar prevenir que o molde se

deforme ou se fracture aquando da aplicação de pressões elevadas.

6.1.2 Preparação do molde

O molde foi preparado com cinco aplicações de desmoldante espaçadas de 15 minutos. Essas

aplicações de desmoldante são feitas com papel embebido com desmoldante e em cruz, isto é,

cruzando sempre a aplicação anterior. Este desmoldante, além de limpar o vidro, serve também

para que seja fácil a remoção das peças fabricadas.

Esse vidro foi colocado em cima de dois cavaletes de modo a ser possível a visualização do

escoamento na parte inferior. A Figura 6.1 mostra essa montagem.

Posteriormente, foi colocada fita-cola forte nos cantos do molde de modo a não perfurar o saco

de vácuo aquando da sua colocação por cima do molde.

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Figura 6.1 – Colocação do Molde

6.1.3 Tempos de gel da resina

Antes de se iniciar a montagem da infusão é necessário fazer testes à resina, ou seja, testes

para determinar os tempos de gel da resina para uma determinada quantidade de catalisador.

Estes testes são feitos porque a reacção da resina com um catalisador específico depende muito

da temperatura da sala de trabalhos e do próprio catalisador a usar. Para esse efeito, realizaram-

se testes com a adição de 2%, 3% e 4% de catalisador com uma temperatura ambiente de cerca

de 23ºC. Para o teste com 2% de catalisador, utilizou-se 1L de resina e a adição de 20ml de

catalisador e verificou-se que a resina começou a gelificar aos 38 minutos após a mistura. No

entanto, passou-se a fazer testes com uma quantidade menor de resina para evitar o gasto

exagerado de resina e também porque com essas quantidades a mistura era muito concentrada.

Passou-se então a fazer os seguintes testes com 200ml de resina. Assim, no seguinte teste, com

a adição de 3% de catalisador, adicionaram-se 6ml de catalisador aos 200ml de resina e obteve-

se um tempo de gel de 47 minutos.

No terceiro teste foi adicionado catalisador a 4% (8ml de catalisador para 200ml de resina) e

verificou-se que o tempo de gel era de 25 minutos. Através destes testes feitos à resina decidiu-

se que esta última quantidade de catalisador seria a mais adequada para o tipo de peças que se

pretendia fabricar.

6.1.4 Corte dos materiais a colocar no molde

Estando o molde pronto para serem colocados os materiais e os testes da resina realizados, é

necessário cortar os materiais com as dimensões correctas para as peças que se pretende

fabricar.

Pretendendo-se inicialmente fabricar laminados com as dimensões de 50cm x 50cm, esses

tecidos cortados deveriam ter um excedente de 10cm nos extremos. Assim seria necessário

cortar tecidos com as dimensões de 70cm x 70cm. Como os rolos dos tecidos possuem uma

largura com cerca de 1m e 27cm, os tecidos foram cortados com metade dessa largura de modo

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a obter um aproveitamento máximo de tecido. Esse excedente de tecido é devido ao facto de

nos bordos da peça fabricada o laminado não ser das condições desejadas, pois nessas zonas

os tecidos podem estar desfiados e também a colocação das camadas umas em cima das outras

pode por vezes não ser a mais correcta pois com o manusear dos tecidos esses vão-se

deformando e alterando as suas dimensões.

De seguida cortam-se o tecido removível e o plástico perfurado. Estes terão de ser de

dimensões ligeiramente superiores às dos fabricados, pois tem que se garantir que cubram

completamente as camadas de fabricados. Em relação à rede de distribuição, esta terá que ser

um pouco maior para se conseguir cobrir os materiais anteriores e para ser parcialmente

enrolada na espiral de distribuição de resina. O saco de vácuo é cortado com 20cm além do

tamanho do molde para cada um dos lados. Neste caso, como o molde tinha 1m x 1m, foi

cortado o saco de vácuo com as dimensões de 1m e 40cm de cada lado. O saco de vácuo é

cortado com estas dimensões visto que é necessário fazer dobras no saco para quando esse

estiver sujeito ao vácuo não se rasgue.

Estando todos os materiais devidamente cortados, podem então ser colocados sobre o molde.

Figura 6.2 – Fabricados sobre o molde

Figura 6.3 – Tecido removível sobre os fabricados

Figura 6.4 – Plástico perfurado sobre o

tecido removível

Figura 6.5 – Rede de distribuição no topo

dos materiais

b

d c

a

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38

De seguida, pode ser colocada a massa vedante nos extremos do vidro, ficando as várias tiras

de massa vedante sobrepostas nos cantos do molde. Esta massa vedante permite a fixação ao

molde e posteriormente ao saco de vácuo.

6.1.5 Dispositivos de vácuo e resina

Começa-se então a colocar os dispositivos de vácuo e resina que irão ficar dentro do saco de

vácuo, que consistem nas espirais condutoras de vácuo e resina. Nessas espirais, são

adaptados os T’s (pequenos tubos de plástico em forma de T), que servirão de ligação às

mangueiras de vácuo e resina provenientes da zona exterior ao molde. A Figura 6.6 ilustra esse

pormenor da montagem.

Figura 6.6 – Colocação dos tubos em espiral e massa vedante

Esses tubos em espiral são fechados nas extremidades por meio de fita-cola, pois não se deseja

que a resina ou o vácuo se dirijam para as partes laterais do molde, mas sim apenas na zona

dos materiais a infundir. Também na zona de enrolamento dos T’s com a espiral coloca-se fita-

cola para que não haja uma fuga exagerada da resina por essa zona. Os T’s e as extremidades

da espiral são fixos com o auxílio da massa vedante. É importante fixar as extremidades das

espirais ligeiramente afastadas dos limites laterais dos fabricados para garantir que o vácuo

abrange toda a largura da peça e que a resina percorra esse caminho.

Como é visível na Figura 6.6, a espiral do vácuo fica mais afastada dos tecidos enquanto que a

espiral da resina fica praticamente encostada a esses tecidos. Isto porque se pretende que a

resina chegue o mais tarde possível a essa espiral de vácuo. Para auxiliar nesse aspecto, são

colocadas duas tiras com cerca de 10cm de largura de tecido removível sobreposto com feltro,

funcionando como travamento da resina quando chega a essa zona, mas também como

passagem do ar quando o vácuo é aplicado. Essas tiras são colocadas aproximadamente a igual

distância do T central e enroladas na espiral do vácuo e fixas com fita-cola. A outra extremidade

dessas tiras sobrepõe cerca de 2 a 3cm os fabricados. A Figura 6.7 ilustra a colocação dessas

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tiras. A colocação do tecido removível por baixo do feltro deve-se ao facto de ser facilitada a

remoção do laminado.

Figura 6.7 – Tiras de travagem da resina e passagem de ar

A partir daqui pode proceder-se à ligação das mangueiras de vácuo e resina aos T’s e

posteriormente à colocação do saco de vácuo. Na ligação das mangueiras aos T’s, adapta-se a

mangueira no T e fixa-se a mangueira à massa vedante de modo a obter um ligação rígida.

6.1.6 Colocação do saco de vácuo

Na colocação do saco de vácuo, começa-se por um dos cantos do molde, ajustando o limite de

um canto do saco de vácuo à massa vedante. Em todas as arestas do molde são necessárias

dobras que darão ‘folga’ ao saco, para garantir que quando se aplicar o vácuo o saco não se

rasgue devido a esticamentos forçados. Por norma, colocam-se essas dobras essencialmente

nos cantos do molde, no topo da ligação das mangueiras com os T’s e a meio de cada aresta.

Essas dobras são feitas através de pequenos bocados de massa vedante que são colados à

massa vedante já colocada nas extremidades do molde e que depois são cobertas

pormenorizadamente com o saco de vácuo. A Figura 6.8 ajuda a perceber como isso é feito.

Figura 6.8 – Dobras no saco de vácuo

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40

As zonas mais críticas, onde poderão haver entradas de ar, são nas ligações das mangueiras

com as espirais. Aí é necessária a aplicação de massa vedante de modo a tapar todas essas

aberturas.

É muito importante que se tenha atenção quando se fazem as dobras, de modo a que o tamanho

do saco de vácuo se ajuste ao tamanho do molde e que não existam zonas onde possa faltar

saco para ajustar ao molde. É um processo muito meticuloso onde é necessária bastante

atenção.

Estando o saco de vácuo correctamente colocado, é necessária verificação de todos os

pormenores para garantir que realmente não existem aberturas. Estando a mangueira de

alimentação de resina fechada e ligando a bomba de vácuo, esse processo de verificação é

facilitado pelo som emitido da passagem de ar nessas zonas críticas. Mas antes disso é

necessário o arranjo do escape de resina e sua ligação à bomba de vácuo.

6.1.7 Arranjo do Escape de Resina

Construiu-se um escape de resina constituído por um frasco de vidro com uma tampa de

madeira resistente. Nessa tampa foram feitos dois furos onde são colocados dois adaptadores

de plástico (semelhantes aos T’s mencionados anteriormente, mas em forma de I) para ligar às

mangueiras, em que um liga à mangueira proveniente do molde e o outro liga à bomba. Isto

previne que a resina entre para a bomba de vácuo. Na ligação da mangueira que vem do molde,

por baixo da tampa de madeira, existe um pequeno tubo ligado ao adaptador que garante que a

mangueira direccionada à bomba não ‘sugue’ a resina em excesso. Para mais fácil compreensão

do escape de resina apresenta-se a Figura 6.9.

Figura 6.9 – “Resin Trap”

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6.1.8 Alimentação de resina

No outro extremo da montagem encontra-se a alimentação de resina. A mangueira de

alimentação de resina direcciona-se a um balde onde está a resina. A extremidade dessa

mangueira está devidamente fixa nesse balde e fechada por meio de um alicate de pressão,

como demonstra a Figura 6.10. O alicate de pressão serve para que, durante a aplicação do

vácuo, essa mangueira esteja fechada e para abrir a alimentação de resina quando o vácuo

óptimo esteja atingido. Outro pormenor importante a ter em conta na mangueira de alimentação

de resina é o de a sua extremidade ter de ser cortada na diagonal para que a mangueira se

encoste ao fundo do balde sem que se impeça a sucção da resina.

Figura 6.10 – Alimentação de Resina

A partir daqui, estando todos os pormenores da infusão devidamente montados, pode-se

determinar a quantidade de resina a colocar no balde. Decidiu-se colocar uma quantidade de

resina igual ao peso dos tecidos com um acréscimo de 25% devido a perdas.

Nesta altura, estava-se então em condições de experimentar o processo de infusão.

6.2 Experimentação da Infusão de Resina Nesta fase, pretendia-se a realização de várias infusões, utilizando diferentes fabricados e

diferentes números de camadas desses fabricados, de forma a verificar a evolução do

escoamento de resina em diferentes condições. Além disso, com o decorrer das experiências,

pretendia-se também melhorar o método consoante os entraves observados e experimentar

diversas configurações.

6.2.1 Verificação da Utilidade da Rede de Distribui ção na Infusão de Resina

A primeira infusão foi elaborada com tecidos +/-45º e a uma temperatura ambiente de 21.5ºC.

Colocaram-se duas faixas separadas, cada uma com três camadas de fabricados, e com as

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dimensões de 30cm x 70cm. Uma das tiras possuía, além dos tecidos, tecido removível, plástico

perfurado e a rede de distribuição e a outra tira não possuía esses componentes, ou seja,

apenas estavam os tecidos por baixo do saco de vácuo.

Com esta experiência pretendia-se verificar a diferença do comportamento da resina ao

percorrer os tecidos com os dispositivos auxiliares de distribuição ou sem eles.

Em primeiro lugar, ligou-se a bomba de vácuo, estando a mangueira de alimentação de resina

fechada, e verificou-se se existiam entradas de ar para o saco de vácuo até se atingir uma

pressão de 0.8 bar. Como foi mencionado anteriormente, efectuaram-se os cálculos para

determinar a quantidade de resina a colocar no balde, que foram os seguintes:

226.1370.060.0 mecidosÁreaTotalT =××=

KggmgmsPesoTecido 59.068.589/46826.1 22 ==×=

KgPerdasaPeso 75.0)25.059.0(59.0sinRe ≈×+=+

gKgsadorPesoCatali 3003.004.075.0%)4( ==×=

Colocaram-se então estas quantidades no balde de alimentação, misturou-se e abriu-se a

mangueira de alimentação de resina, estando a pressão de vácuo indicada no manómetro um

pouco acima dos 0.8bar.

É notável a diferença de velocidade da resina entre as duas configurações dos tecidos. No

componente a aplicação da rede de distribuição, a resina percorre com uma velocidade bastante

superior, chegando inclusive ao final dos fabricados com um tempo de infusão de 15 minutos,

enquanto que no outro caso a resina ainda se encontrava bastante atrasada. A progressão do

escoamento na parte inferior e superior dos fabricados é semelhante, isto talvez porque se trata

de poucas camadas de fabricados. Com a rede de distribuição, a resina chegou à espiral

condutora de vácuo e na outra peça apenas se encontrava a cerca de 10cm do início dos

fabricados. Ao fim de 40 minutos de infusão a resina no balde já apresentava sinais avançados

de gelificação e nos fabricados sem dispositivo de distribuição apenas tinha chegado aos 20cm.

Como a resina estava a gelificar, passou-se a pressão de vácuo para cerca de 0.55bar e fechou-

se a alimentação de resina. As peças são deixadas a curar com essa pressão de vácuo e foi

decidido que apenas se desliga a bomba de vácuo quando se considerarem as peças curadas.

A Figura 6.11 demonstra bem a diferença da progressão do escoamento na altura em que se

desligou a alimentação de resina.

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Figura 6.11 – Progressão do escoamento da resina na s duas placas

Mesmo depois do fecho da alimentação de resina verificava-se um pequeno escoamento de

resina na rede de distribuição, o que indica que o vácuo ainda continuava a puxar algum excesso

de resina. No entanto, a resina nunca chegou ao escape de resina.

Passado 1 hora e 30 minutos do início da infusão desligou-se a bomba de vácuo pensando-se

que as peças já estariam curadas. No entanto, depois da remoção dos materiais, verificou-se

que as peças ainda vergavam um pouco, assumindo-se ainda não estariam completamente

curadas.

Esta experiência foi muito importante para verificar que realmente os componentes adicionados

aos tecidos realmente são indispensáveis para a infusão em “single-skin”. As peças obtidas

mostram-se nas Figura 6.12 e Figura 6.13.

Figura 6.12 – Placa fabricada com rede de

distribuição

Figura 6.13 – Placa fabricada sem rede de

distribuição

6.2.2 1ª Tentativa com Unidireccional (5 Camadas)

Nesta infusão utilizaram-se 5 camadas de tecidos unidireccionais com 600g/m2 com as

dimensões de 63cm x 63cm e com uma temperatura ambiente de 22ºC. Tal como na experiência

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anterior, calculou-se a quantidade de resina a colocar no balde obtendo o valor de 1.5Kg e 60g

de catalisador a 4%.

Neste caso conseguiu-se atingir uma pressão de vácuo a rondar os 0.9bar. Iniciou-se então a

infusão e verificou-se que o escoamento da resina era bastante rápido pois aos 9 minutos de

infusão a resina já tinha completado a parte superior do laminado. No entanto, na parte inferior o

escoamento estava atrasado cerca de 10cm. O escoamento inferior demorou mais um pouco a

impregnar os tecidos e apenas aos 25 minutos tinha finalizado a sua impregnação. Nesse

momento cortou-se a alimentação de resina e passou-se a pressão de vácuo para os 0.55bar.

Depois de retirar todos os consumíveis, passadas 2 horas, verificou-se que a peça obtida tinha

uma óptima qualidade de superfície, a qual se mostra na Figura 6.14.

Figura 6.14 – Placa obtida com 5 camadas de fabrica dos unidireccionais

6.2.3 Repetição da 1ª Tentativa (Verificação da Est abilidade do Processo)

Esta infusão é em tudo semelhante à anterior (com os mesmos materiais e quantidades) e serviu

para realmente identificar se existiriam diferenças aquando da realização de duas infusões em

tudo semelhantes mas realizadas em momentos diferentes. A infusão decorreu de forma

semelhante, com um tempo de impregnação do escoamento superior de 9 minutos e do

escoamento inferior de 24 minutos. Um pormenor identificado nesta infusão foi o facto de na

zona de ligação do laminado com as tiras de feltro e tecido removível a resina tem mais

dificuldade em impregnar as fibras o que atrasa um pouco o escoamento inferior, talvez por isso

se deveria colocar essas tiras com um menor contacto para não haver esse atraso tão

acentuado.

Neste caso, desligou-se a bomba apenas passadas 2 horas e 30 minutos do início da infusão e

verificou-se que a peça fabricada já se apresentava bem mais forte do que no caso anterior,

facto que demonstra que o tempo de cura na experiência anterior talvez não tenha sido

suficiente.

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6.2.4 1ª Tentativa com +/-45º (5 Camadas)

Nesta infusão aplicaram-se 5 camadas de tecidos +/-45º de 468g/m2 com dimensões de

65cmx65cm a uma temperatura ambiente de 21.5ºC e efectuou-se monitorização visual do

escoamento. Efectuaram-se novamente os cálculos para a quantidade de resina a utilizar e

colocaram-se aproximadamente 1.235Kg de resina e 49g de catalisador a 4%.

Outro pormenor teste desta infusão reside no facto de se tentar aproximar a infusão o mais

possível do praticado na Indústria. Para isso, as camadas de tecido removível e plástico

perfurado foram divididas em duas metades, ligando-as através de fita-cola. Quando se diz que

se pretende aproximar do praticado na indústria, quer-se dizer que quando se fabricam placas de

maiores dimensões, com certeza que se terá de recorrer à junção de determinados componentes

para conseguir cobrir todos os fabricados. O principal objectivo deste pormenor residia no facto

de observar se o escoamento ou a impregnação da resina teria dificuldades nesses pontos.

Assim, foram aplicados dois excertos de fita-cola nas metades de tecido removível (um na zona

inicial da peça outro na zona final e também dois excertos de fita-cola nos plásticos perfurados

em locais diferentes. Na Figura 6.15 é possível identificar a colocação desses excertos de fita

cola.

Figura 6.15 – Excertos de fita-cola e marcação para monitorização do escoamento

Procedeu-se então à infusão propriamente dita e mediram-se os tempos da progressão do

escoamento frontal superior de 10 em 10 cm, obtendo-se a Tabela 6.1.

O último valor da Tabela 6.1 refere-se ao escoamento total, ou seja, a impregnação completa da

parte superior da peça.

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Espaço percorrido [cm]

Tempo

10 7seg20 24seg30 57seg40 1min 56seg50 3min 20seg60 5min 15seg65 7min 30seg

Tabela 6.1 – Monitorização do escoamento superior (5 camadas +/- 45º)

Em relação ao escoamento inferior, esse percorria os tecidos com cerca de 10cm de atraso e foi

evidente uma maior dificuldade da resina impregnar os tecidos na sua fase final. Decorridos 25

minutos de infusão ainda haviam partes incompletas, no entanto, devido ao tempo de gel da

resina, aos 30 minutos de infusão fechou-se a alimentação de resina e deixou-se o laminado

sujeito a uma pressão de vácuo de 0.8bar esperando a completa saturação dos tecidos. Aos 35

minutos, verificando que já não havia movimentação de fluido na zona da lacuna, passou-se a

pressão de vácuo para os 0.55bar. Verificou-se então que a lacuna existente no laminado era

precisamente no local onde tinha sido colocado um excerto de fita-cola na ligação das metades

de tecido removível na zona mais afastada da alimentação de resina. Portanto verifica-se que

esse obstáculo imposto tem influência na progressão do escoamento. É também de salientar o

facto de o obstáculo imposto de igual forma no início da peça não ter tido influência, talvez

devido a nessa zona o escoamento da resina se efectuar com mais facilidade.

Aos 56 minutos verificou-se escoamento de resina para o escape de resina, e daí se verifica que

a pressão de vácuo vai retirando o excedente de resina do laminado e que essa resina no

laminado ainda se conseguia escoar.

Desligou-se a bomba passadas 2 horas do início da infusão e a peça estava em boas condições

(devidamente curada) com a excepção do defeito devido ao obstáculo imposto, como é visível na

Figura 6.16.

Figura 6.16 – Placa obtida (5 camadas +/-4 5º) e detalhe de não impregnação

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6.2.5 1ª Tentativa com 0º/90º (5 Camadas)

Neste caso fabricou-se uma placa com 5 camadas de tecidos 0º/90º de 710g/m2 com as

dimensões de 63cm x 63cm e a uma temperatura ambiente de 23ºC. A quantidade de resina foi

de 1.8Kg com 72g de catalisador a 4%. Neste caso foi feita também uma monitorização do

escoamento frontal superior, a qual se apresenta na Tabela 6.2.

Novamente, o último valor da tabela refere-se à completa impregnação dos tecidos superiores.

Verificou-se novamente um atraso do escoamento inferior de 10cm em relação ao escoamento

superior. Esse escoamento inferior impregnou completamente os tecidos passados 20 minutos

do início da infusão. Nesse momento, fechou-se a alimentação de resina e passou-se a uma

pressão de vácuo de 0.55bar.

Espaço percorrido [cm]

Tempo

10 10seg20 25seg30 1min 7seg40 2min 32seg50 5min 25seg60 9min63 11min 50seg

Tabela 6.2 – Monitorização do escoamento superior (5 camadas 0º/ 90º)

Outra alternativa feita nesta infusão residiu no facto de se ter colocado as tiras de tecido

removível e feltro apenas encostadas aos tecidos e não sobrepostas. Talvez devido a esse facto

a progressão do escoamento inferior se dê de forma mais rápida, no final da peça.

Apesar de o escoamento superior ter demorado mais tempo a impregnar as fibras do que no

caso anterior, o escoamento inferior foi mais rápido, o que poderá também ser devido ao tipo de

tecido utilizado.

A peça obtida estava em perfeitas condições e com uma excelente qualidade de superfície

passadas 2 horas do início da infusão.

Figura 6.17 – Placa obtida com 5 camadas de fabrica dos 0º/90º

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6.2.6 2ª Tentativa com 0º/90º (10 Camadas)

Para esta nova infusão pretendia-se a fabricação de um laminado com 10 camadas de tecido

0º/90º com a mesma gramagem do anterior e com as mesmas dimensões, mas a uma

temperatura ambiente de 22ºC.

Calculou-se a quantidade de resina a incorporar e obteve-se o valor de 3.5Kg com uma

quantidade de catalisador a 4% de 142g. Efectuou-se novamente uma monitorização do

escoamento frontal superior, obtendo-se os valores apresentados na Tabela 6.3.

O último valor da tabela diz respeito à completa impregnação do escoamento na parte superior

da peça, pois o ponto do escoamento frontal onde atingiu os 63 cm deu-se aos 15 minutos.

Daqui é bem evidente que a resina tem bastante dificuldade em impregnar os tecidos nas zonas

mais afastadas da alimentação de resina. Neste caso o escoamento inferior andou sempre com

um atraso de 20 cm.

Espaço percorrido [cm]

Tempo

10 11seg20 34seg30 1min 45seg40 4min50 7min 15seg60 11min 30seg63 23min

Tabela 6.3 – Monitorização do escoamento superior ( 10 camadas 0º/90º)

Como se verificou que o escoamento superior apenas se finalizou aos 23 minutos, houve o

receio de a resina começar a gelificar não estando a parte inferior completa. No entanto esperou-

se até aos 35 minutos, fase em que a resina já estava a curar no balde para ver se o

escoamento inferior progredia até ao final da peça, mas tal não aconteceu. Portanto, nesse

momento fechou-se a alimentação de resina e passou-se a pressão de vácuo para os 0.55bar. O

escoamento inferior ficou-se, em média, pelos 60 cm e passadas 2 horas do início da infusão

retiraram-se todos os materiais de infusão, apresentando a peça na parte inferior do laminado o

aspecto na Figura 6.18.

A primeira conclusão a que se chegou foi que o tempo de gel da resina poderia ser limitado para

a peça que estava a fabricar. Como o tempo de gel da resina, com uma adição de 4% de

catalisador, seria de 25 minutos, este tempo podia implicar que a resina começasse a gelificar

sem que a peça estivesse totalmente impregnada.

Na infusão seguinte tenta-se colmatar esse erro, para verificar se é devido a esse facto o

problema encontrado.

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Figura 6.18 – Laminado (10 camadas 0º/90º) com falh a de impregnação

6.2.7 2ª Tentativa com +/-45º (10 Camadas e adição de catalisador a 3%)

Neste caso tenta-se também infundir uma placa com 10 camadas, tentando colmatar o problema

da infusão anterior aplicando catalisador a 3% pois aumenta o tempo de gel da resina dando

possibilidade ao fluido de se escoar por mais tempo. Foram utilizados tecidos +/-45º de

gramagem 468g/m2 com dimensões de 65cm x 65cm.

Outra variante desta infusão é o facto de apenas se utilizar um excedente de resina a rondar os

15%, pois nas infusões anteriores foi-se verificando que o desperdício de resina era bastante.

Assim, utilizaram-se 2.280Kg de resina com 68g de catalisador.

Efectuou-se a monitorização do escoamento, obtendo-se os tempos presentes na Tabela 6.4.

Espaço percorrido [cm]

Tempo

10 5seg20 21seg30 57seg40 1min 59seg50 4min 5seg60 6min 50seg65 11min 35seg

Tabela 6.4 – Monitorização do escoamento superior (10 camadas +/ -45º)

O escoamento inferior na fase inicial é muito irregular e quando o escoamento superior chegou

aos 40cm, o outro apresentava 30cm de atraso. Mas quando o escoamento superior finalizou os

tecidos superiores, o escoamento inferior já apresentava apenas 20cm de atraso.

Verifica-se que para estes tecidos, o escoamento superior é mais rápido que na experiência

anterior.

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Outro estudo incorporado nesta infusão consiste na aplicação de metades de tecido removível

juntas por excertos de fita-cola mas de muito menor dimensão do que os excertos utilizados no

outro caso, e verificou-se que não tiveram influência na infusão. Conclui-se então que a colagem

de materiais de infusão como tecido removível ou plástico perfurado, não terá influência se

efectuada correctamente.

Aos 40 minutos começou a entrar resina para a mangueira de vácuo direccionada ao escape de

resina, e os tecidos inferiores ainda não estavam completamente impregnados. A seguir, aos 45

minutos, a resina no balde começou a gelificar. Esperou-se mais um pouco, na tentativa de que

a resina impregnasse os tecidos, mas aos 54 minutos cortou-se a alimentação de resina pois no

balde já se notava uma cura acentuada da resina. Deixou-se a pressão de vácuo a 0.8bar como

última tentativa de preenchimento dos tecidos com resina. Passada 1 hora do início da infusão

passou-se a pressão de vácuo para os 0.55bar pois verificou-se que a resina já não conseguiria

preencher essa lacuna. Lacuna essa que era bem visível na parte inferior do molde, tal como se

mostra na Figura 6.19.

Figura 6.19 – Visualização na parte inferior do mol de da não-impregnação total

Aqui, o problema não terá sido do tempo de gel da resina pois essa continuava a escoar para o

escape de resina e também não foi um problema na zona de junção dos tecidos tecido

removível.

Na tentativa de perceber o problema, foram postas várias hipóteses. O problema poderia ocorrer

devido à posição das tiras de travamento da resina, pois a não impregnação dos tecidos ocorria

sensivelmente na zona central do laminado, o que poderia indicar que nessa zona central a

resina não era ‘puxada’ com tanta intensidade (pois nessa zona o saco de vácuo está

completamente ‘colado’ ao molde) e percorria assim as zonas onde existia mais sucção. Outra

causa do problema pode ser devido à rede de distribuição que é um pouco maior que os tecidos

e a resina percorre os seus extremos direccionando-se às tiras de travamento, optando por um

caminho exterior e mais fácil.

Passadas 2 horas e 30 minutos foi retirada a peça, apresentando essa o problema já discutido.

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6.2.8 3ª Tentativa com +/-45º (10 Camadas e com dis tribuição central de resina)

Ainda na tentativa de obter um laminado completo com 10 camadas de fabricados, utilizaram-se

as mesmas quantidades e tipo de materiais da infusão anterior. No entanto, neste caso utilizou-

se uma configuração do sistema de infusão diferente. Utilizaram-se duas alimentações de resina,

em que a primeira se situa exactamente no mesmo sítio dos casos anteriores, mas existe uma

segunda espiral condutora de resina a meio da peça, paralela à anterior. Portanto, é ligada uma

segunda mangueira de alimentação de resina na parte lateral do molde que faz a alimentação

para essa segunda espiral. A Figura 6.20 ilustra essa montagem.

Figura 6.20 – Nova configuração

O objectivo consistia em impor que a resina quando chegasse à segunda espiral (escoamento

inferior) tivesse uma nova alimentação, fechando a primeira, tendo assim mais facilidade de se

escoar pelo resto dos fabricados. Funcionava como uma infusão em duas etapas.

Procedeu-se então à infusão, com monitorização do escoamento frontal superior obtendo-se os

tempos presentes na Tabela 6.5.

Espaço percorrido [cm]

Tempo

10 10seg20 25seg30 1min 5seg

32 (2ªespiral) 1min 40seg40 3min 27seg50 6min 15seg60 9min 15seg63 11min

Tabela 6.5 – Monitorização do escoamento superior ( com nova configuração)

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O escoamento inferior tinha um atraso de 30cm, e assim esse escoamento apenas chegou à 2ª

espiral quando o escoamento superior já tinha percorrido toda a parte superior dos tecidos.

Assim, aos 11minutos de infusão ligou-se a 2ª espiral condutora de resina e fechou-se a

primeira. Logo que se efectuou esta acção, verificou-se que teria aparecido alguma entrada de

ar, pois a primeira parte do laminado começou a perder pressão de vácuo. Isto verificou-se

porque o saco de vácuo começou a ganhar folgas nessa zona.

Apesar disso, verificou-se também que, quando se ligou a 2ª espiral condutora de resina, o

escoamento inferior aumentou consideravelmente a sua velocidade. Era de facto era o objectivo

principal desta experiência, pois o que se pretendia era que o fluido ganhasse uma nova ‘força’

para ter maior facilidade de chegar ao final da peça. No entanto, apesar de a velocidade do

escoamento ter aumentado bastante a partir da 2ª espiral condutora de resina, a resina teve

novamente bastantes dificuldades em impregnar a zona final dos fabricados, visto que apenas

preencheu totalmente os tecidos passados 45 minutos do início da infusão. Nesse momento,

fechou-se a alimentação de resina mas continuou-se com uma pressão de vácuo a 0.8bar pois

ainda havia falta de pressão de vácuo no início da peça.

A causa da perda de vácuo na primeira metade da peça poderá ter sido devida a alguma fissura

no saco de vácuo mas também à ligação da 2ª mangueira de alimentação de resina com a 2ª

espiral, pois nessa zona verificou-se que a resina destruiu a massa vedante que fixava a

mangueira ao molde e assim essa mangueira não tinha um suporte adequado, podendo gerar

entradas de ar.

Era bastante evidente a falta de vácuo na primeira metade da peça pois notava-se um excesso

de resina e maior espessura nessa zona. No entanto, na segunda metade da peça a pressão de

vácuo parecia normal.

Tentou-se colmatar esse problema, fixando a 2ª mangueira de alimentação de resina ao molde

com um grampo de fixação e com massa vedante, e conseguiu-se um aumento progressivo da

pressão de vácuo nessa zona. Com esses ajustes feitos, conseguiu-se uma melhor condição de

vácuo, e passada 1 hora e 30 minutos de infusão esse vácuo estava em bastantes melhores

condições.

Como foi referido, nesta peça também houve dificuldade no preenchimento final dos fabricados,

pensando-se novamente que poderá ser devido às posições das tiras de travagem que facilitam

a circulação do fluido nas zonas laterais da peça mas não o fazem correctamente na zona

central. Pensa-se que este problema pode ser resolvido com a aplicação de uma terceira tira de

feltro e tecido removível na zona central da espiral condutora de vácuo.

Outro facto verificado foi que a mangueira de alimentação de resina não está constantemente a

fornecer resina à peça. Isso pode ser devido ao vácuo puxar a resina que está em excesso na

peça e já não ter ‘força’ para se direccionar ao balde de resina, ou então poderá também ser

devido ao facto de o balde da resina estar numa posição inferior em relação ao molde. Estando o

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balde numa posição superior, a resina poderia ter mais facilidade em dirigir-se para a peça, mas

no início da infusão esse problema não acontece, pensando-se assim que esse não será

realmente o problema.

Um pormenor observado nas espirais condutoras de resina foi o aparecimento de bolhas de ar.

Isso pode ser devido a alguma entrada de ar no saco de vácuo (facto mais provável devido às

observações efectuadas) ou ao facto de não ter sido feita uma desgaseificação da resina. Essa

desgaseificação pode ser feita aplicando vácuo ao balde da resina que retira todo o ar presente

no interior do líquido. No entanto, no laminado final não são visíveis bolhas de ar à vista

desarmada.

Passadas apenas 2 horas do início da infusão, retiraram-se todos os materiais que sobrepunham

a peça fabricada. Não se justificava esperar mais tempo, pois já se previa que a peça não estaria

nas melhores condições. Verificou-se o que se previa, um excesso de resina na zona inicial da

peça, mas também se verificou outro facto importante – a impressão na zona central da peça da

2ª espiral condutora de resina, como se mostra na Figura 6.21.

Figura 6.21 – Peça obtida (10 camadas +/-45º, com n ova configuração)

Esta impressão no laminado pode não ser um problema se não se desejar uma superfície

perfeita como a do outro lado do laminado, o que poupa bastante tempo de trabalho. No entanto,

se desejar os dois lados do laminado com boa qualidade de superfície, a espiral condutora de

resina colocada a meio de uma peça pode ser colocada numa dobra feita no saco de vácuo que

impede o contacto da espiral com os fabricados mas permite a drenagem da resina. Nessa

dobra, a espiral pode ser enrolada com um pedaço de rede de distribuição que facilitará a

passagem da resina para a rede de distribuição principal, no entanto, nesta configuração o

escoamento da resina é reduzido de forma considerável.

Devido às condições finais da peça fabricada, esta não irá ser utilizada para a realização dos

testes que determinam as propriedades dos laminados.

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54

6.3 Fabrico de Placas pelo Processo Manual

Pretende-se então laminar placas à mão para realizar algumas comparações com as placas

fabricadas anteriormente por Infusão de Resina.

Para fazer uma comparação lógica, teria que ser utilizado o mesmo tipo de resina para o fabrico

destes novos laminados. No entanto, havia a dúvida, pelo facto de a resina ser especializada

para Infusão, se seria possível laminar à mão com este tipo de resina.

Foi necessária uma nova encomenda de resina, e a única resina disponível era do tipo Crystic

701 PAX. Devido à Resina Crystic 701 PAX ser mais rápida que a resina utilizada para as placas

feitas em Infusão de Resina (Crystic 701 PA), mas de resto em tudo semelhante, foram feitos

novamente testes de tempos de gel a essa resina. Foram feitos com a adição de 2% e 3% de

catalisador e os tempos de gel foram de 19 minutos e 16 minutos, respectivamente. Pelo que se

julga que a adição de catalisador a 2% seria adequada.

Pretendia-se fabricar, pelo método manual, placas semelhantes às placas fabricadas por Infusão

de Resina. No entanto, por limitação de material, não poderia ser fabricada uma placa com 10

camadas de fabricados 0º/90º, pois esse tipo de fabricados havia em pouca quantidade. Assim

as placas fabricadas, por esse método, foram as seguintes: Placa com 5 camadas de fabricados

unidireccionais; Placa com 5 camadas de fabricados +/-45º; Placa com 5 camadas de fabricados

0º/90º; Placa com 10 camadas de fabricados +/-45º;

No fabrico destas placas, é bem evidente a dificuldade de impregnação dos tecidos +/-45º e

0º/90º. Estes fabricados demoram algum tempo a absorver a resina, até ao ponto que se teve de

reduzir a adição de catalisador para ser possível o fabrico dos laminados. Para laminar a placa

com 5 camadas de fabricados 0º/90º teve que se adicionar catalisador a 1% e para o caso da

placa com 10 camadas de +/-45º adicionou-se catalisador apenas a 0.5%. No fabrico da placa

com 10 camadas de fabricados +/-45º, a resina começou a gelificar no balde, quando se finalizou

a peça, mesmo com a adição de catalisador a 0.5%. Conseguiu-se, no entanto, finalizar a peça,

mas passado muitas horas a peça apresentava-se ‘pegajosa’ e com muitas imperfeições (bolhas

de ar) na sua camada superior (Figura 6.22). Isto foi devido ao facto de a peça ter sido isolada

com um plástico, para a eliminação de vapores criados pela cura, pois quando se acabou de

fabricar a placa, essa estava em boas condições. Por esse motivo, devido à peça não estar em

condições, não se utilizou essa placa para comparações com a fabricada por Infusão de Resina.

Além disso, não foi possível o fabrico de uma nova placa, pois os vapores criados pelo processo

tornaram-se incomodativos para os outros trabalhadores do mesmo espaço.

As placas fabricadas manualmente, apresentam um maior número de imperfeições, inclusões de

ar e mais resina do que as placas fabricadas por Infusão de Resina.

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Figura 6.22 – Placa laminada manualmente (+/-45º co m 10 camadas)

Também se pretendia fazer melhoramentos no processo de Infusão de Resina, para conseguir

obter placas com 10 camadas em perfeitas condições, e tal não foi possível devido ao facto

mencionado anteriormente.

7 TESTES PARA DETERMINAR AS PROPRIEDADES DOS LAMINA DOS

7.1 Testes de Flexão

A elaboração destes testes foi baseada numa norma denominada por “Standard Test Methods

for Flexural Properties of Unreinforced and Reinforced Plastics and Electrical Insulating Materials

[Metric]” (ASTM, 1986).

Estes testes permitem determinar as propriedades de flexão de materiais plásticos em formas

rectangulares cortados a partir de placas fabricadas. São aplicados a materiais rígidos e semi-

rígidos, no entanto, a resistência à flexão não pode ser determinada para os materiais que não

partem ou que não falhem nas fibras externas.

Foi utilizado o método 1, descrito nessa norma, que consiste num provete simplesmente apoiado

em dois pontos e carregado no ponto central.

Esse carregamento é efectuado através de um actuador hidráulico de uma máquina mecânica

servo-hidráulica devidamente calibrada e equipada com um circuito de alimentação hidráulica e

outro de controlo, actuação e aquisição de dados. Nesse sistema de controlo inserem-se os

dados, como a velocidade linear, que consiste em que o ponto de carregamento desça uma

certa distância num determinado tempo. Depois de efectuado esse passo, no computador, são

adquiridos os resultados de força aplicada (a partir de uma célula de carga), deslocamento e

extensão do provete submetido ao teste. No decorrer dos ensaios o deslocamento e força são

lidos pelo sensor de posição e célula de carga respectivamente.

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Os provetes, para a realização deste método experimental, foram cortados a partir das placas

fabricadas por Infusão de Resina e manualmente. Na norma, é referido que devem ser testados,

no mínimo, 5 provetes do mesmo tipo de material, pelo que foram cortados 6 provetes de cada

tipo de laminado. As dimensões dos provetes são recomendadas, nessa mesma norma, numa

tabela para o método 1. Essa tabela apenas serve como referência, visto que na realidade

alguns valores não eram possíveis. A Tabela 7.1 apresenta esses valores.

Espessura Largura Comprimento Espaçamento dos Velocidade do actuador[mm] [mm] [mm] suportes [mm] [mm/min]

1 25 50 32 1.72 25 80 64 3.43 25 125 96 5.14 10 150 128 6.85 10 200 160 8.56 10 250 192 10.210 10 350 320 17.115 20 550 480 25.620 20 700 640 34.125 25 900 800 42.6

Tabela 7.1 – Dimensões recomendadas para os provete s e características do teste

7.1.1 Testes de Flexão dos provetes fabricados

Os laminados, fabricados por Infusão de Resina, escolhidos para serem sujeitos aos testes de

flexão foram os seguintes: 0º/90º com 10 camadas, 0º/90º com 5 camadas e +/-45º com 10

camadas. Os outros laminados (unidireccional com 5 camadas e +/-45º com 5 camadas), não

foram escolhidos pois apresentavam espessuras reduzidas. Em relação aos laminados

fabricados por processo manual, os únicos provetes a ser testados são do tipo de fabricados

0º/90º com 5 camadas. Isto é devido à falta de fabricados 0º/90º, como foi referido.

A designação dos provetes foi feita através de letras e números para facilitar a sua identificação,

em que, A corresponde aos provetes de +/-45º com 10 camadas, B aos provetes 0º/90º com 5

camadas e C corresponde aos provetes de 0º/90º com 10 camadas, fabricados por Infusão de

Resina e de BH – 5 camadas de fabricados 0º/90º, fabricados manualmente.

A Tabela 7.2 apresenta os valores das larguras médias b e das espessuras médias d dos

provetes mas também os valores dos coeficientes de variação das espessuras desses provetes.

Esse coeficiente de variação consiste na divisão do desvio padrão, desses valores de espessura,

pela média dos mesmos.

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57

Provete b [mm] d [mm]A1 19,9 3,86A2 19,82 3,89A3 20,06 3,77A4 20,14 3,99A5 19,78 3,97A6 20,07 3,78

Média - 3,88Coeficiente de Variação - 0,02

B1 19,55 3,62B2 20,11 3,55B3 19,98 3,42B4 19,79 3,39B5 19,29 3,53B6 19,66 3,54

Média - 3,51Coeficiente de Variação - 0,02

C1 20,12 6,57C2 19,96 6,82C3 19,88 7,12C4 19,65 6,78C5 20,04 6,63C6 19,79 6,84

Média - 6,79Coeficiente de Variação - 0,03

BH1 20,59 4,30BH2 20,13 4,15BH3 20,56 4,25BH4 20,46 4,26BH5 20,43 4,25BH6 20,41 4,37Média - 4,26

Coeficiente de Variação - 0,02

Tabela 7.2 – Larguras e espessuras dos provetes par a os testes de flexão

Verificando na Tabela 7.1, optam-se pelos valores de espessuras de 4mm, para os provetes A,

B e BH, e 6mm para os provetes C. Fazendo a correspondência dessas espessuras para os

outros valores da tabela, obter-se-ia uma largura para os provetes de 10mm, no entanto, optou-

se por uma largura de 20mm, pois seria uma largura mais abrangente no que diz respeito à

quantidade de “rovings” presentes em cada provete.

No que diz respeito aos comprimentos dos provetes, assumiram-se os valores da Tabela 7.1

correspondentes a essas espessuras. Já no caso da distância dos suportes, haviam limitações

nessas distâncias, pois apenas se possuía uma peça em que os espaçamentos possíveis eram

os seguintes: 220mm, 195mm, 170mm, 120mm, 70mm e 50mm. Para estudar quais seriam os

melhores espaçamentos a adoptar e para testar a máquina, foram cortados provetes de uma

placa de 800WR (“woven roving”) com 6 camadas fabricada anteriormente. Essa placa

apresentava uma espessura semelhante à placa obtida por Infusão de Resina de 0º/90º com 10

camadas, e assim poderia ser feita uma boa comparação para espaçamento dos suportes mais

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correcto a utilizar. Então foi realizado um primeiro teste com um desses provetes com um

espaçamento entre suportes de 195mm, que seria um valor muito aproximado do requerido na

tabela, e com uma ‘rampa’, realizada pelo actuador, de 30mm em 180 segundos (foi escolhida

esta velocidade, na tentativa de conseguir, à partida, uma fractura do provete). Quando se fez o

teste verificou-se que o provete sofria uma deflexão bastante elevada e só depois dessa grande

deflexão é que se partiu e apenas com uma carga de aproximadamente 60Kg. Então considerou-

se necessária uma aproximação dos suportes e adoptou-se uma distância de 120mm. Com esta

distância os provetes não deflectem em demasia e suportam cargas bastante superiores.

Se para esse caso se achou essa distância entre suportes como óptima, ela também o será para

os provetes C, tal como a velocidade linear aplicada. Assim, à partida, considera-se para os

provetes A, B e BH uma distância entre suportes de 70mm, por correspondência.

Realizaram-se então os testes de flexão com as configurações e dimensões referidas. No

entanto, para os provetes +/-45º com 10 camadas (A) os testes não correram da melhor forma.

Com uma distância entre suportes de 70mm e com uma velocidade linear de 28mm em 240

segundos, o primeiro provete testado dobrou bastante sem que fosse perceptível uma fractura

desse mesmo provete. Por esse motivo, passou-se então para uma distância entre suportes de

50mm na tentativa de conseguir melhores resultados. Ainda assim, o segundo provete testado

nessas novas condições não apresentava o melhor desempenho, visto que flectia também

bastante, mas nesse caso verifica-se por observação final do provete que esse se partiu em

compressão, sem que fosse perceptível. Mesmo assim, considera-se que a flexão é demasiada

para os testes em causa e por isso não se terão em conta esses provetes.

A Figura 7.1 demonstra alguns pormenores dos testes de flexão, para compreensão do que foi

feito e como foi feito, e também mostra o desempenho do provete A2.

O sistema faz um output dos valores de deslocamento (mm), força (Tons) e extensão (Volt), no

entanto esses valores têm de ser calibrados para ser possível trabalhar com valores reais. Os

valores de deslocamento e força são calibrados através das expressões demonstradas no

Capítulo 10, na secção 10.1, tal como os cálculos para as extensões obtidas, resistências e

rigidezes. Aqui, demonstram-se, a título de exemplo, os gráficos conseguidos com os resultados

do programa para os provetes B1 e BH1.

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Figura 7.1 – Pormenores dos Testes de Flexão

ForçaxDeslocamento

0

200

400

600

800

1000

0 2 4 6

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Provete B1

Figura 7.2 – Desenvolvimento da Força x Deslocament o (Provete B1)

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60

ForçaxExtensão

0

200

400

600

800

1000

0 1 2 3

Extensão [%]

For

ça [N

]Provete B1

Figura 7.3 – Desenvolvimento da Força x Extensão (P rovete B1)

ForçaxDeslocamento

0200

400600

8001000

12001400

0 1 2 3 4 5 6 7

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Provete BH1

Figura 7.4 – Desenvolvimento da Força x Deslocament o (Provete BH1)

ForçaxExtensão

0200

400600

8001000

12001400

0 1 2 3

Extensão [%]

For

ça [N

]

Provete BH1

Figura 7.5 – Desenvolvimento da Força x Extensão (Provete BH1)

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61

Gráficos semelhantes para os outros provetes, são também apresentados na secção 10.1. Aqui

apenas se apresentam os resultados para as resistências máximas, extensões correspondentes

e rigidezes dos provetes. Os valores da Tabela 7.3, são também apresentados na forma gráfica

para facilitar a compreensão da distribuição desses valores.

Provetes Resistência máxima [Mpa] Extensões máximas [ %] Rigidez [Gpa]B1 347.09 2.33 13.61B2 407.79 1.38 14.30B3 367.59 2.39 15.91B4 461.88 2.18 16.57B5 302.29 1.56 15.50B6 394.65 2.74 14.53

Coeficiente de Variação 0.14 0.25 0.07C1 487.36 2.79 17.82C2 467.46 0.99 16.49C3 505.13 2.00 16.80C4 516.47 1.97 18.23C5 477.60 2.18 18.38C6 497.84 2.89 17.00

Coeficiente de Variação 0.04 0.32 0.05BH1 352.74 2.14 11.91BH2 343.02 3.24 11.36BH3 325.64 3.00 9.75BH4 288.39 3.67 9.77BH5 316.80 2.50 10.74BH6 334.84 3.56 9.50

Coeficiente de Variação 0.07 0.20 0.09 Tabela 7.3 – Resistências, Extensões e Rigidezes do s provetes testados em flexão

Resistência Máxima à Flexão

0

100

200

300

400

500

600

0 1 2 3 4 5 6

Provete

Res

istê

ncia

[MP

a]

Provetes B

Provetes BH

Figura 7.6 – Resistências Máximas dos provetes B e BH

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Rigidez

02468

101214161820

0 1 2 3 4 5 6

Provete

Rig

idez

[GP

a]

Provetes B

Provetes BH

Figura 7.7 – Rigidezes dos provetes B e BH

Extensão Máxima

0,00,51,01,52,02,53,03,54,0

0 1 2 3 4 5 6

Provete

Ext

ensã

o [%

]

Provetes B

Falha do extensómetro nosprovetes B

Provetes BH

Falha do extensómetro nosprovetes BH

Figura 7.8 – Extensões máximas dos provetes B e BH

Resistência Máxima à Flexão

0

100

200

300

400

500

600

0 1 2 3 4 5 6

Provete

Res

istê

ncia

[MP

a]

Provetes C

Figura 7.9 – Resistências máximas dos provetes C

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63

Rigidez

02468

101214161820

0 1 2 3 4 5 6

Provete

Rig

idez

[GP

a]

Provetes C

Figura 7.10 – Rigidezes dos provetes C

Extensão Máxima

0,000,501,001,502,002,503,003,504,00

0 2 4 6

Provetes

Ext

ensã

o [%

]

Provetes C

Falha dosextensómetros

Figura 7.11 – Extensões máximas dos provetes C

Como se verifica, na Tabela 7.3, estão presentes os coeficientes de variação dos resultados

obtidos, o que permite verificar que apenas nas extensões essas variações são mais elevadas,

sendo devidas às falhas dos extensómetros prematuramente.

Seria de esperar que os laminados 0º/90º com 10 e 5 camadas, fabricados por Infusão de

Resina, apresentassem resistências semelhantes, no entanto, os provetes do laminado 0º/90º

com 10 camadas apresentam maiores resistências. Isto acontece porque, nesses provetes, na

camada onde é aplicado o actuador hidráulico (onde acontece a força de compressão máxima e

a consequente fractura do provete), a orientação das fibras é de 0º, enquanto que nos provetes

de 0º/90º com 5 camadas a orientação das fibras nessa camada é de 90º, pois foram cortados

do laminado de forma diferente. A orientação das fibras a 0º corresponde a uma maior

resistência do provete.

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As resistências máximas dos provetes BH são, na sua maioria, inferiores às dos provetes B

(0º/90 com 5 camadas, fabricados por Infusão de Resina). Além desse aspecto, é visível alguma

discrepância entre os valores de resistências, o que indica que o laminado, fabricado por “Hand

Lay-up”, apresenta alguma irregularidade ao longo desse mesmo laminado. Por exemplo, o valor

inferior da resistência para o provete BH4 pode ser devido a uma descontinuidade no laminado.

Essa descontinuidade pode ser causada essencialmente por zonas não impregnadas de resina

ou por espaços criados entre as fibras aquando da pressão realizada com o rolo para impregnar

a resina. Este é um aspecto muito importante, pois no caso da Infusão de Resina a única acção

que poderá deformar os fabricados é o manusear dos tecidos, (o que acontece também no

“Hand Lay-up”), enquanto que no processo de “Hand Lay-up” a aplicação do rolo sobre os

tecidos cria muitas deformações e por vezes até um ‘desfiar’ da costura de junção das fibras, o

que provoca zonas de maiores descontinuidades nos tecidos.

No caso das extensões máximas, correspondentes às resistências máximas, estão assinalados

e legendados, os provetes para os quais os extensómetros partem ou descolam antes da força

máxima ser aplicada. Por isso, consideram-se apenas, dos provetes B, os provetes B1 e B3, que

apresentam extensões máximas de 2.3% e 2.4%, respectivamente. Em relação aos provetes

fabricados por “Hand Lay-up”, com excepção do provete BH1, todos os outros provetes

apresentam deflexões superiores às dos provetes B, o que demonstra que estes não têm muita

resistência à flexão.

No caso das extensões máximas para os provetes de 0º/90º com 10 camadas (C), também estão

assinalados na Figura 7.11 os provetes onde os extensómetros falham prematuramente.

Portanto, as extensões máximas dos provetes C1 e C6 são 2.8% e 2.9%, respectivamente.

Verifica-se então que os provetes C apresentam maiores extensões, facto que se esperava, visto

que, devido à orientação das fibras na camada superior (camada onde se dá a fractura por

compressão do provete), os provetes aguentam mais tempo sem que se fracturem.

Em relação à rigidez dos provetes, pode-se verificar pela Figura 7.7 e Figura 7.10, que as

rigidezes são superiores para os provetes C. É lógico, visto que, se as resistências máximas

desses provetes também são maiores, as rigidezes também o serão. No que diz respeito à

rigidez dos provetes B e BH, os provetes BH apresentam valores inferiores de rigidez, facto

muito importante para este estudo.

A partir dos testes de flexão realizados pode-se afirmar que os provetes fabricados por Infusão

de Resina se comportam de melhor forma, o que mostra o quão é vantajoso o processo de

Infusão de Resina neste aspecto.

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65

7.2 Testes de Impacto

7.2.1 Detalhes Experimentais

Visto o impacto ser um dos problemas mais comuns para os materiais compósitos, achou-se

interessante realizar alguns testes de impacto para verificar quais as respostas dos laminados

fabricados por Infusão de Resina e manualmente.

Para a realização destes testes foi utilizada uma máquina de impacto IFWIT, que funciona

através da queda de um peso. O impacto controlado e repetido é conseguido com a queda de

um ponteiro acoplado a um peso sobre um provete, de um forma definida e a uma dada

velocidade de impacto. Durante o impacto, a força resistiva exercida pelo provete no ponteiro de

impacto é medida em função do tempo e armazenada para futura análise do resultado. A

máquina é constituída por 3 partes principais, que consistem numa torre onde é feita a queda do

peso até ao provete colocado abaixo, uma unidade de controlo e um programa de computador

que faz a aquisição dos resultados.

A massa do peso de queda pode variar pela adição de pesos de aço e entre o ponteiro de

impacto e o peso de queda existe uma célula de carga que mede a força exercida pelo provete

no ponteiro. A Figura 7.12 demonstra essa componente da máquina utilizada.

A amostra é colocada numa área abaixo suficientemente grande para acomodar provetes de

tamanhos variados. Todos os provetes (com dimensões de 150mmx100mm) foram colocados

como simplesmente apoiados sobre uma estrutura maciça perfurada centralmente. Aquando da

queda do peso, assim que o ponteiro bate no provete, um sistema pneumático ‘agarra’ o peso de

queda para que esse não realize um segundo impacto sobre o provete.

Figura 7.12 – Torre da máquina IFWIT

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66

A partir do computador o operador controla a máquina e esse computador apresenta os

resultados do teste de uma maneira compreensível. Esse software permite o controlo sob várias

variáveis, onde as mais relevantes são: tempo de aquisição de dados, altura de do peso de

queda, energia e velocidade, filtragem, calibração da força de impacto, etc.

Durante os testes efectuados, os parâmetros inseridos no computador foram a energia, a força, o

tempo de aquisição de dados e a filtragem. Ao inserir esses parâmetros, o programa faz uma

previsão de parâmetros, como altura do peso de queda, velocidade de impacto e energia e

depois do teste realizado fornece os valores reais desses parâmetros previstos.

7.2.2 Resultados dos Testes de Impacto

Foram cortados 7 provetes de cada tipo de laminado, para a elaboração destes testes e foram

medidas as espessuras em duas zonas equidistantes nos lados de maior comprimento para

achar uma espessura média de cada provete, sensivelmente na zona central desse mesmo

provete. Foram também cortados 5 provetes de uma placa de 800WR (“woven roving”) com 6

camadas já existente para se testar a máquina e também numa tentativa de prever as condições

dos testes e valores a inserir no sistema para os futuros provetes. Os testes iniciais (para os

provetes de 800WR) foram realizados com todos os pesos colocados, perfazendo um total de

10.853Kg, sendo que foram colocados oito pesos de 1Kg cada, tendo já o suporte para os pesos

um peso de 2.853Kg. Experimentaram-se então esses 5 provetes de 800WR, e conseguiu-se

uma aprendizagem do funcionamento da máquina. Estava-se agora em condições de testar os

provetes provenientes do processo de Infusão de Resina.

Os valores das espessuras médias desses provetes e os coeficientes de variação estão

representados na Tabela 7.4.

A nomenclatura dada aos provetes foi feita, novamente, através de letras e números, em que A

corresponde aos provetes com tecido unidireccional e com 5 camadas, B corresponde aos

provetes de +/-45º com 5 camadas, C diz respeito aos provetes de 0º/90º com 5 camadas, D aos

provetes de +/-45º com 10 camadas e E denomina os provetes de 0º/90º com 10 camadas,

todos estes fabricados por Infusão de Resina. AH, com 5 camadas de unidireccional, BH com 5

camadas de +/-45º e CH com 5 camadas 0º/90º, são os provetes fabricados pelo processo

manual.

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Provete d [mm] Provete d [mm]

A1 2,46 E1 6,84A2 2,38 E2 6,81A3 2,60 E3 6,93A4 2,72 E4 6,76A5 2,66 E5 6,80A6 2,73 E6 6,66A7 2,55 E7 6,69

Média 2,58 Média 6,78Coef. de variação 0,05 Coef. de variação 0,01

B1 2,17 AH1 3,43B2 2,08 AH2 3,27B3 2,13 AH3 3,36B4 2,24 AH4 3,29

B5 2,15 AH5 3,40B6 2,23 AH6 3,59B7 2,09 AH7 3,40

Média 2,16 Média 3,39Coef. de variação 0,03 Coef. de variação 0,03

C1 4,15 BH1 2,81C2 4,18 BH2 2,78C3 4,32 BH3 2,72C4 4,00 BH4 2,79C5 4,06 BH5 2,68C6 3,65 BH6 2,69C7 3,63 BH7 2,76

Média 4,00 Média 2,75Coef. de variação 0,07 Coef. de variação 0,02

D1 4,06 CH1 4,44D2 3,98 CH2 4,42D3 4,02 CH3 4,63D4 3,85 CH4 4,74D5 3,84 CH5 4,42D6 4,18 CH6 4,48D7 4,01 CH7 4,55

Média 3,99 Média 4,53Coef. de variação 0,03 Coef. de variação 0,03

Tabela 7.4 – Espessuras médias dos provetes para os testes de impacto

Deu-se então início à realização dos testes de impacto. Começou-se pelos provetes C (0º/90º

com 5 camadas) visto que a sua espessura era semelhante à dos provetes de 800WR testados

anteriormente, pelo que se poderiam prever aproximadamente as condições dos testes a

efectuar. Os valores inseridos no programa e os valores atingidos pela máquina para todos os

testes encontram-se na Tabela 7.5.

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Provete Massa Energia Nominal Energia Altura Velocidade Força/TempoAquisição- [Kg] [J] [J] [m] [m/s] [KN]/[ms]

C1 10.853 30 28.36 0.305 2.29 5/30C2 10.853 80 73.88 0.775 3.69 20/20C3 10.853 10 9.61 0.109 1.33 20/20C4 10.853 50 48.76 0.491 3.00 20/20C5 10.853 100 94.48 0.960 4.17 20/20D1 10.853 30 29.75 0.305 2.34 20/20D2 10.853 50 50.10 0.491 3.04 20/20D3 10.853 10 9.36 0.109 1.31 20/20D4 10.853 80 72.25 0.776 3.77 20/20A2 2.853 10 9.74 0.377 2.61 10/40A3 2.853 5 4.99 0.195 1.87 10/40A4 2.853 20 19.64 0.735 3.71 10/40B2 2.853 5 4.96 0.195 1.87 10/40B3 2.853 10 9.67 0.377 2.60 10/40B4 2.853 20 19.00 0.735 3.65 10/40

AH1 2.853 5 4.78 0.195 1.83 10/40AH2 2.853 10 9.17 0.377 2.53 10/40AH3 2.853 20 19.21 0.735 3.67 10/40AH4 2.853 30 29.01 1.094 4.51 10/40BH1 2.853 5 4.78 0.195 1.83 10/40BH2 2.853 10 9.67 0.377 2.60 10/40BH3 2.853 20 19.42 0.735 3.69 10/40BH4 2.853 30 29.01 1.094 4.51 10/40CH1 10.853 10 9.80 0.109 1.34 20/20CH2 10.853 30 30.59 0.305 2.37 20/20CH3 10.853 50 49.20 0.491 3.01 20/20CH4 10.853 80 79.02 0.776 3.82 20/20

Tabela 7.5 – Valores teste para os provetes testados em impacto

Os provetes, fabricados por Infusão de Resina e manualmente foram testados nas mesmas

condições de modo a poderem ser feitas comparações coerentes.

O valor mais relevante para a realização destes testes é a Energia. Pelo que, o que se tentou foi

o seguinte: tentar estabelecer um máximo de energia que corresponde à fractura do provete, e

depois aplicar vários valores de energia para verificar as diferenças de delaminação nas peças a

testar. Os resultados obtidos foram os demonstrados na Tabela 7.6.

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Provete ForçaMax Deflexão Energia Tempo Deflexão Energia Tempo DeflexãoMax Energia Tempo- [KN] [mm] [J] [ms] [mm] [J] [ms] [mm] [J] [ms]

C1 8.48 8.014 29.94 5 1.665 11.38 10.2 8.031 30.08 5.2C2 13.18 10.379 56.78 3.3 3.767 48.68 10.1 11.949 76.12 5.0C3 4.24 5.017 10.22 5 1.901 5.53 10.8 5.120 10.66 5.8C4 12.31 10.520 50.37 4.8 3.190 26.86 9.7 10.555 50.78 5.1C5 14.65 11.775 69.96 3.2 6.647 85.72 12.5 13.943 97.20 5.6D1 8.40 8.172 30.71 4.8 2.486 14.83 10.0 8.255 31.41 5.3D2 10.11 10.778 50.91 4.9 3.882 31.36 10.5 10.906 52.19 5.4D3 4.06 5.445 10.31 5.8 1.959 5.53 11.6 5.475 10.44 6.2D4 9.63 12.761 64.03 4.1 6.126 68.04 15.0 15.031 79.98 6.9A2 2.90 8.346 9.21 3.9 3.860 6.92 9.2 8.764 10.39 4.8A3 1.92 6.490 5.39 4.7 2.613 3.19 9.5 6.528 5.46 5.0A4 3.59 9.828 14.90 3 5.211 14.73 9.4 11.522 20.48 4.8B2 1.89 7.617 5.32 5.3 2.852 2.63 10.7 7.681 5.44 5.8B3 2.78 10.179 10.12 5.1 4.156 5.51 10.1 10.244 10.30 5.4B4 4.31 11.852 19.28 4.2 3.640 9.86 9.0 11.978 19.82 4.6

AH1 1.72 5.922 4.93 4.2 2.332 3.08 9.5 6.092 5.22 5.0AH2 2.59 8.425 9.59 4.5 3.423 5.95 9.3 8.499 9.78 5.0AH3 3.64 10.494 18.32 3.7 4.121 13.88 9.2 10.987 20.02 4.6AH4 3.79 11.201 19.23 2.8 7.444 27.24 14.1 15.014 30.07 6.2BH1 1.83 7.081 5.04 5 2.797 2.64 10.3 7.196 5.24 5.6BH2 2.89 9.089 9.92 4.5 3.453 5.04 9.3 9.212 10.27 5.0BH3 4.39 11.957 19.55 4.2 4.424 10.47 8.8 12.120 20.26 4.7BH4 5.46 13.343 27.83 3.7 4.983 16.36 8.3 13.738 29.98 4.4CH1 3.85 5.283 10.33 5.2 2.300 6.42 11.4 5.425 10.87 6.1CH2 8.01 9.378 31.59 5.3 3.827 17.52 10.8 9.471 32.33 5.8CH3 10.67 10.450 50.20 4.8 3.502 27.80 10.1 10.547 51.24 5.3CH4 13.21 12.949 80.15 4.7 4.722 51.28 10.1 13.056 81.55 5.2

Velocidade nulaPico da Força Final

Tabela 7.6 – Resultados dos testes de impacto

Estes resultados são obtidos através dos gráficos fornecidos pelo programa. No entanto, nesta

secção apenas se apresentam as fotografias dos provetes sujeitos ao impacto, por ordem

crescente de energia, de modo a ser possível uma comparação visual dos danos ocorridos nos

provetes. Nesta sequência de fotografias, os provetes estão dispostos de forma a ser fácil a

comparação destes, fabricados por Infusão de Resina e manualmente, mas também entre

provetes fabricados pelo mesmo método mas com tecidos diferentes e espessuras semelhantes.

Inicialmente, são comparados os provetes C e D, que são fabricados por Infusão de Resina mas

com tecidos e número de camadas diferentes, e comparam-se também esses provetes C com os

provetes CH, que são ambos com 5 camadas de 0º/90º mas fabricados por processos diferentes.

De seguida foi feita uma comparação entre os provetes constituídos por fabricados

unidireccionais com 5 camadas (A e AH) e +/-45º com 5 camadas (B e BH), fabricados por

Infusão de Resina e pelo processo manual, os quais possuíam espessuras semelhantes.

Começou-se por testar o provete A1 (unidireccional com 5 camadas) nas mesmas condições dos

anteriores (10.853Kg de peso de queda) com uma energia de 30J, mas com uma força de 10KN.

Verificou-se que não seria o mais adequado, pois nessa condição o provete fracturou-se, e

simplesmente reduzir a energia não seria viável pois a máquina de impacto para alturas muito

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70

pequenas apresenta pouca resolução para os resultados. Decidiu-se então retirar alguns dos

pesos de aço do peso de queda, ficando assim com um peso total de 4.853Kg. Testou-se o

provete B1, nessas novas condições, verificando fractura também nesse provete. Optou-se

então por retirar todos os pesos de aço, ficando com um peso de queda de 2.853Kg, sendo os

provetes testados nessa condição.

Figura 7.13 – Danos provocados por impacto nos prov etes C

Figura 7.14 – Danos provocados por impacto nos prov etes D

Figura 7.15 – Danos provocados por impacto nos prov etes CH

10J 30J 50J 80J

10J 30J 50J 80J 100J

10J 30J 50J 80J

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Figura 7.16 – Danos provocados por impacto nos prov etes A

Figura 7.17 – Danos provocados por impacto nos prov etes AH

Figura 7.18 – Danos provocados por impacto nos prov etes B

5J 10J 20J

10J 20J 5J

5J 10J 20J 30J

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72

Figura 7.19 – Danos provocados por impacto nos prov etes BH

7.2.3 Discussão dos resultados de impacto

De forma a serem feitas comparações, dos provetes sujeitos ao impacto, apresentam-se gráficos

de Força x Tempo e Força x Deflexão para perceber o que realmente aconteceu em cada tipo de

provete.

Abaixo encontram-se a Figura 7.20 e Figura 7.21 com os gráficos obtidos directamente do

programa para os provetes C3 e C2, que correspondem ao mínimo de energia aplicada e à

energia onde existe fractura do provete, respectivamente. Apenas se experimentou o provete C5

com uma energia de 100J para se tentar uma perfuração do provete, o que foi conseguido.

Para comparação, na Figura 7.22, apresenta-se a resposta ao impacto do provete CH4 (em tudo

semelhante aos provetes C, mas fabricado pelo processo manual), o qual foi submetido à

energia máxima de 80J, tal como o provete C2.

Figura 7.20 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete C3

5J 10J 20J 30J

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Figura 7.21 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete C2

Figura 7.22 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete CH4

Como se verifica, é evidente a fractura do provete C2 com uma energia aplicada de 80J. No

gráfico de Força x Tempo (Figura 7.21), a força atinge um valor máximo e depois é notável uma

quebra irregular, o que significa que o provete partiu, também demonstrado no gráfico de Força x

Deflexão. No provete C3 isso não acontece, pois existe apenas uma pequena delaminação na

zona onde se deu o impacto, visível na Figura 7.20.

Em relação aos provetes do tipo CH verifica-se que, na energia máxima aplicada (80J), o provete

CH4 apresenta uma evidente menor fractura que o provete C2, como se verifica pela Figura

7.22. Aliás, para qualquer energia aplicada, os provetes fabricados por Infusão de Resina

apresentam sempre maiores danos.

O provete D4 apresenta fractura para uma energia aplicada de 80J, no entanto, essa fractura é

mais acentuada do que no caso do provete C2.

Os valores de deflexão, nas várias zonas dos gráficos (Tabela 7.6) e para as diferentes energias,

são sempre maiores para o caso dos provetes do tipo D, o que demonstra que esse tipo de

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laminado será um pouco mais fraco, apesar de possuir o dobro das camadas do laminado de

0º/90º com 5 camadas. No entanto, há que ter também em conta que a gramagem dos

fabricados 0º/90º (710gr/m2) é superior à gramagem dos fabricados +/-45º (465gr/m2). Além

disso, pensa-se também que o laminado, fabricado por Infusão de Resina, de +/-45º com 10

camadas não terá muita qualidade (perceptível visualmente).

Em relação aos provetes com 5 camadas de 0º/90º e +/-45º, fabricados por Infusão de Resina (A

e B) e fabricados manualmente (AH e BH), faz-se uma comparação entre os provetes com a

energia máxima aplicada. Assim faz-se a comparação entre as respostas ao impacto dos

provetes A4 com B4, A4 com AH3, B4 com BH3 e AH4 com BH4 (energia de 30J). A Figura

7.23, Figura 7.24, Figura 7.25, Figura 7.26 e Figura 7.28 apresentam as respostas desses

provetes ao impacto.

Figura 7.23 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete A4

Figura 7.24 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete B4

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Figura 7.25 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete AH3

Figura 7.26 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete AH4

Figura 7.27 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete BH3

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Figura 7.28 – Gráficos Força x Tempo e Força x Defl exão para o provete BH4

Apesar de os valores das deflexões serem mais elevados para os provetes B, esses provetes

apresentam menor delaminação (Figura 7.16 e Figura 7.18). Aliás, o provete A4 apresenta

fractura enquanto que isso não acontece no provete B4, sendo os dois testados nas mesmas

condições. A Figura 7.23 e a Figura 7.24 demonstram esse facto.

Comparando com os provetes do mesmo tipo e com a mesma energia aplicada, mas fabricados

por Infusão de Resina (A4 e B4), verifica-se que o provete AH3 apresenta um pouco de fractura,

mas não tão acentuada como o provete A4 (aplicada a ambos uma energia de 20J), como se

verifica na Figura 7.25. O provete BH3 apresenta resultados semelhantes ao provete B4

(aplicada uma energia de 20J a ambos), no entanto julga-se que se fosse aplicada uma energia

de 30J a um provete fabricado por Infusão de Resina, esse apresentaria maior delaminação que

o provete BH4.

Os provetes BH apresentam maiores deflexões, no pico da força, que os provetes AH, no

entanto, são mais resistentes ao impacto, como já se tinha verificado para os provetes fabricados

por Infusão de Resina. Na aplicação da energia de 30J, o provete AH4 fractura de uma forma

bastante acentuada, enquanto que para provete BH4 isso não acontece, como demonstram a

Figura 7.26 e Figura 7.28. Verifica-se então que laminados fabricados com os tecidos +/-45º são

um pouco mais resistentes ao impacto que outros com tecidos unidireccionais. No entanto, como

se viu acima, esses fabricados (+/-45º) já não são tão resistentes como os fabricados 0º/90º.

Não se chegou a testar os provetes E (0º/90º com 10 camadas), pois não haveria comparação

possível com outros provetes. No entanto, é lógico que esses provetes fossem os mais

resistentes ao impacto, vistas as discussões efectuadas.

Destas discussões, pode-se concluir que os laminados fabricados manualmente são mais

resistentes ao impacto. Isto pode ser devido ao acréscimo de espessura mas também ao facto

de possuírem um conteúdo superior de resina (caso que será verificado na secção 7.3), o que

faz com que o impacto não atinja tão rapidamente as fibras.

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Todos os outros gráficos referentes às respostas ao impacto dos provetes encontram-se no

Capítulo 10, na secção 10.2.

7.3 Verificação do conteúdo de fibra dos laminados

7.3.1 Detalhes Experimentais

Como já foi referido, um laminado é mais forte quanto maior for o seu conteúdo de fibra. Uma

maneira prática de verificar o FVF de um laminado consiste em fazer uma queima de uma

porção desse laminado, ou seja, levar esse material a temperaturas elevadas de modo que a

resina se extinga e se fique apenas com as fibras presentes nessa porção. Foi isso que se fez,

utilizando uma norma conhecida por “Standard Test Method for Ignition Loss of Cured Reinforced

Resins – D2584-68” (ASTM, 1985). Nesta norma é explicado o método para conseguir esses

resultados. Este método teste consiste na determinação da perda de resina dos laminados

quando sujeitos a combustão. Essa perda pode ser considerada como o conteúdo de resina

nessa porção de laminado.

Esta experiência foi realizada no CEBQ (Centro de Engenharia Bio-Química) do Instituto

Superior Técnico. Nesse laboratório foram fornecidos os materiais necessários para a realização

da experiência, que são os seguintes:

• Cadinhos de porcelana;

• Mufla;

• Exsicador;

• Balança analítica com precisão de 1mg;

• Hotte;

A Mufla é um tipo de estufa para altas temperaturas usada em laboratórios. Consiste numa

câmara metálica com revestimento interno feito de material refratário e equipada com

resistências capazes de elevar a temperatura interior a valores acima dos 1000ºC. Essa Mufla

estava colocada numa Hotte, que consiste num equipamento de protecção, usado em laboratório

que faz a libertação de gases ou poeiras em grandes e perigosas concentrações. O Exsicador é

um recipiente fechado que contém no seu interior um agente de secagem que normalmente é a

sílica. A tampa fecha de forma hermética e é utilizado para guardar substâncias com um baixo

teor de humidade.

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78

Na Norma referida, o procedimento é descrito da seguinte forma:

1. Pesar as amostras com uma precisão de 1mg.

2. Aquecer os cadinhos de 500ºC a 600ºC durante 10 minutos ou mais na Mufla e de

seguida arrefecê-los no exsicador até à temperatura ambiente. Pesar os cadinhos com

uma precisão de 1mg.

3. Colocar as amostras nesses cadinhos e pesá-los com uma precisão de 1mg.

4. Colocar os cadinhos com as amostras na Mufla a uma temperatura de 565ºC até se

extinguir toda a resina das amostras. Aqui, passado algum tempo, abre-se um pouco a

Mufla para ver se a resina já desapareceu. (Neste caso abriu-se a Mufla passada 1

hora e verificou-se que já não havia resina nas amostras).

5. Arrefecer os cadinhos no exsicador até à temperatura ambiente e pesá-los com uma

precisão de 1mg.

São necessárias 3 amostras de cada tipo de laminado com as dimensões de 2.5cmx2.5cm.

Assim, foram cortadas 3 amostras dos seguintes laminados, com as respectivas denominações:

unidireccional com 5 camadas (A e AH), +/-45 com 5 camadas (B e BH), 0º/90º com 5 camadas

(C e CH), fabricados por Infusão de Resina e pelo processo manual respectivamente.

7.3.2 Resultados dos Testes de Queima

Obtendo os diversos valores das pesagens depois do teste de queima, é possível calcular os

conteúdos de resina perdidos pelas amostras e os desvios padrão entre cada três amostras. É

calculado um “Ignition Loss” que corresponde à quantidade de resina que se extinguiu da

amostra, no final da queima. As expressões que permitem esses cálculos são apresentadas no

Capítulo 10, na secção 10.3, tal como todas as pesagens efectuadas.

Os resultados apresentam-se na Tabela 7.7. Aqui, novamente, não foram utilizados os

laminados +/-45º com 10 camadas e 0º/90º com 10 camadas, fabricados por Infusão de Resina,

pois não haveria comparação com outras amostras fabricadas manualmente.

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79

Amostra Ignition Loss [%] Desvio Padrão [%]A1 31,67A2 31,03 0,336A3 31,53B1 39,31B2 38,08 1,144B3 36,99C1 33,19C2 32,84 0,088C3 33,98

AH1 44,75AH2 43,07 1,470AH3 41,82BH1 44,73BH2 47,37 1,485BH3 45,97CH1 38,72CH2 38,12 1,110CH3 39,93

Tabela 7.7 – “ Ignition Loss ” e Desvio Padrão das amostras queimadas

Representando os valores de “Ignition Loss”, os valores dos conteúdos de resina presentes nas

amostras, o resto da percentagem será sensivelmente correspondente ao conteúdo de fibra

presente nessas mesmas amostras, pelo que os conteúdos de fibra serão os presentes na

Tabela 7.8.

Amostras Conteúdo de fibra (FVF) [%]

A1 68,33A2 68,97A3 68,47B1 60,69B2 61,92B3 63,01C1 66,81C2 67,16C3 66,02

AH1 55,25AH2 56,93AH3 58,18BH1 55,27BH2 52,63BH3 54,03CH1 61,28CH2 61,88CH3 60,07

Tabela 7.8 – Conteúdos de fibra das amostras

Page 81: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

80

7.3.3 Discussão dos Resultados

Segundo a norma, os valores de desvio padrão são aceitáveis, e essas pequenas diferenças são

devidas ao facto de os laminados apresentarem pequenas variações de espessuras. Também se

verifica que as amostras AH e BH apresentam maiores desvios padrão, o que indica que esses

laminados, fabricados por processo manual apresentam maiores variações de espessura. Essas

variações de espessura dos laminados são maiores pois, aquando da laminagem, o rolo usado

para impregnar a resina causa algumas deformações nos tecidos, o que provoca zonas de

descontinuidade.

Como se verifica os conteúdos de fibra nas amostras fabricadas por Infusão de Resina são

elevados e superiores aos das fabricadas pelo processo manual. Em todas as amostras

provenientes do processo manual, os conteúdos de fibra são inferiores aos valores para o caso

das amostras de Infusão de Resina. Isto indica que os laminados fabricados à mão têm uma

maior quantidade de resina e consequentemente, menor conteúdo de fibra em percentagem.

Este facto é bastante relevante, visto que, como foi referido, quanto maior o FVF de um laminado

melhores serão as suas propriedades mecânicas. O acréscimo de conteúdo de fibra, para os

laminados fabricados por Infusão de Resina, ronda os 11% para os laminados com 5 camadas

de fabricados unidireccionais, 8% para os laminados com 5 camadas de fabricados +/-45º e 6%

para os laminados com 5 camadas de fabricados 0º/90.

Assim, no que diz respeito ao conteúdo de fibra de um laminado, o processo de Infusão de

Resina apresenta vantagens em relação aos processos tradicionais.

Page 82: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

81

8 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

Na elaboração de uma Infusão de Resina existem muitos detalhes. Inicialmente é um processo

moroso, precisamente devido a esses detalhes, mas quando se sabe realmente o que fazer e

como fazer, começa a ser um processo simples e eficaz.

Por comparação dos processos efectuados, uma Infusão de Resina (montagem e infusão

propriamente dita) demora mais tempo que um processo manual. Isto para comparação de

pequenos painéis, por que se pretender o fabrico de grandes componentes, a situação é

completamente diferente. No processo de Infusão de Resina, o escoamento da resina é bastante

rápido e se possuir um sistema de Infusão previamente montado, a produção do componente,

em tempos totais de fabrico, será muito mais rápida.

Em relação aos custos dos dois processos, o processo de Infusão de Resina é bem mais

dispendioso. Numa iniciação a este processo, existe um investimento inicial considerável. No

processo manual não existem custos adicionais de materiais consumíveis e bomba de vácuo o

que o torna mais apreciado na Indústria. No entanto, esse acréscimo de custos tem a sua razão

de ser, pois permite uma qualidade no trabalho bastante superior e também uma qualidade

superior das peças obtidas. No entanto, o processo manual tornar-se-á mais dispendioso devido

à necessária e elevada mão-de-obra (para grandes componentes), que pode ser eliminada em

grande parte no processo de Infusão de Resina.

Realizados os dois processos, é notável a diferença do ambiente da sala de trabalhos devido

aos cheiros criados pelo processo manual. Esses vapores criados pelo processo, causaram

desconforto nos trabalhadores do mesmo espaço, até ao ponto em que teve de se parar de

realizar o processo.

No que diz respeito aos testes realizados para determinar as propriedades mecânicas dos

laminados, os Testes de Flexão vieram comprovar o que se esperava. Os laminados fabricados

por Infusão de Resina têm uma melhor performance à flexão, como foi demonstrado. No entanto,

em relação aos Testes de Impacto, isso não acontece.

Como se esperava, foi comprovado, com os Testes de Queima de amostras de laminados

provenientes do processo manual e Infusão de Resina, que os laminados fabricados por Infusão

de Resina têm um superior conteúdo de fibra.

Pode-se assim concluir que o processo de Infusão de Resina, além de ser um processo ‘amigo’

do ambiente, é um processo bastante atractivo no que diz respeito à maioria das propriedades

dos laminados, obtidos por esse processo.

Um aspecto a referir que se considera importante, reside no facto de em Portugal haver

dificuldade em obter, dentro de tempos razoáveis, todos os materiais para realizar uma Infusão.

Isso passou-se neste caso, em que se esperou bastante tempo pelos materiais necessários para

elaborar o processo de Infusão de Resina.

Page 83: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

82

É verdade que não se conseguiu o fabrico de uma placa, com 10 camadas de tecidos, em

perfeitas condições, pelo processo de Infusão de Resina, no entanto pensa-se que, com tempo e

alterando diversos pormenores do sistema (como foi referido), se conseguiria atingir esses

resultados. A limitação de tempo e a inexistência de um local para continuar a fabricação, não

permitiram atingir esse objectivo.

Além desse aspecto, também seria interessante perceber e fazer estudos acerca do impacto em

provetes fabricados por Infusão de Resina.

Page 84: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

83

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87

10 ANEXOS

10.1 Resultados dos Testes de Flexão

Os valores de deslocamento e força são calibrados através das expressões (10.1) e (10.2).

0.945 3.221y x= + (10.1)

0.916 0.005y x= − (10.2)

A extensão é obtida através da expressão (10.3).

4.

.

V

BV GFε = (10.3)

ε - Extensão [%];

V – Extensão obtida pelo sistema [Volt];

BV – Voltagem de excitação da ponte [Volt];

GF – “Gauge factor”

A extensão obtida pelo sistema tem ainda de ser dividida por 10 pois esse sistema multiplica o

valor por 10 para se conseguirem valores maiores. A voltagem de excitação é de 3.3V e o

“Gauge factor” assume o valor de 2.13.

Para o cálculo da resistência máxima, utilizou-se a expressão (10.4) presente na norma

mencionada.

2

3

2

PLS

bd= (10.4)

S – Resistência das fibras externas no ponto central [MPa];

P – Força máxima aplicada no provete [N];

L – Distância entre os suportes [mm];

b – Largura média do provete [mm];

d – Espessura média do provete [mm];

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88

Para o cálculo da rigidez dos provetes, também se utilizou uma expressão (10.5) mencionada nessa norma.

3

34

L mE

bd= (10.5)

Onde:

E – Módulo de elasticidade em flexão (Rigidez) [MPa];

L – Distância entre suportes [mm];

m – Declive da tangente da curva de Força/Extensão [N/mm];

b – Largura do provete [mm];

d – Espessura do provete [mm];

Através dos testes efectuados, conseguiram-se distribuições gráficas dos desenvolvimentos de

Força x Deslocamento e Força x Extensão para os provetes sujeitos à flexão.

ForçaxDeslocamento(Provete B2)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5 6 7

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.1 – Desenvolvimento da Força x Deslocamen to

(Provete B2)

ForçaxExtensão(Provete B2)

0

100

200

300

400

500

600

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.2 – Desenvolvimento da Força x Extensão

(Provete B2)

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89

ForçaxDeslocamento(Provete B3)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 1 2 3 4 5 6

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.3 – Desenvolvimento da Força x Deslocamen to

(Provete B3)

ForçaxExtensão(Provete B3)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.4 – Desenvolvimento da Força x Extensão

(Provete B3)

ForçaxDeslocamento(Provete B4)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 1 2 3 4 5 6 7

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.5 – Desenvolvimento da Força x Deslocamen to

(Provete B4)

ForçaxExtensão(Provete B4)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.6 – Desenvolvimento da Força x Extensão

(Provete B4)

ForçaxDeslocamento(Provete B5)

0

100

200

300

400

500

600

700

0 1 2 3 4 5

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.7 – Desenvolvimento da Força x Deslocamen to

(Provete B5)

ForçaxExtensão(Provete B5)

0

100

200

300

400

500

600

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.8 – Desenvolvimento da Força x Extensão

(Provete B5)

Page 91: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

90

ForçaxDeslocamento(Provete B6)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 1 2 3 4 5 6 7

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.9 – Desenvolvimento da Força x Deslocamen to

(Provete B6)

ForçaxExtensão(Provete B6)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.10 – Desenvolvimento da Força x Extensão

(Provete B6)

ForçaxDeslocamento(Provete C1)

0

500

1000

1500

2000

2500

0 2 4 6 8 10 12

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.11 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete C1)

ForçaxExtensão (Provete C1)

0

500

1000

1500

2000

2500

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.12 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete C1)

ForçaxDeslocamento(Provete C2)

0

500

1000

1500

2000

2500

0 2 4 6 8 10 12

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.13 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete C2)

ForçaxExtensão (Provete C2)

0

200

400

600

800

1000

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.14 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete C2)

Page 92: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

91

ForçaxDeslocamento (Provete C3)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 2 4 6 8 10 12

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.15 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete C3)

ForçaxExtensão (Provete C3)

0

500

1000

1500

2000

2500

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.16 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete C3)

ForçaxDeslocamento (Provete C4)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 2 4 6 8 10 12

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.17 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete C4)

ForçaxExtensão (Provete C4)

0

500

1000

1500

2000

2500

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.18 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete C4)

ForçaxDeslocamento (Provete C5)

0

500

1000

1500

2000

2500

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.19 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete C5)

ForçaxExtensão (Provete C5)

0

500

1000

1500

2000

2500

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.20 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete C5)

Page 93: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

92

ForçaxDeslocamento (Provete C6)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0 2 4 6 8 10 12

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.21 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete C6)

ForçaxExtensão (Provete C6)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.22 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete C6)

ForçaxDeslocamento(Provete BH2)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.23 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete BH2)

ForçaxExtensão(Provete BH2)

0

200

400

600

800

1000

1200

0.00 1.00 2.00 3.00 4.00

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.24 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete BH2)

ForçaxDeslocamento(Provete BH3)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.25 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete BH3)

ForçaxExtensão(Provete BH3)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.26 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete BH3)

Page 94: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

93

ForçaxDeslocamento(Provete BH4)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.27 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete BH4)

ForçaxExtensão(Provete BH4)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.28 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete BH4)

ForçaxDeslocamento(Provete BH5)

0

200

400

600

800

1000

1200

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.29 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete BH5)

ForçaxExtensão(Provete BH5)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

0 1 2 3 4

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.30 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete BH5)

ForçaxDeslocamento(Provete BH6)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Deslocamento [mm]

For

ça [N

]

Figura 10.31 – Desenvolvimento da ForçaxDeslocament o

(Provete BH6)

ForçaxExtensão(Provete BH6)

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 1 2 3 4 5 6

Extensão [%]

For

ça [N

]

Figura 10.32 – Desenvolvimento da ForçaxExtensão

(Provete BH6)

Page 95: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

94

10.2 Resultados dos Testes de Impacto

Figura 10.33 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete C1

Figura 10.34 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete C4

Page 96: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

95

Figura 10.35 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete C5

Figura 10.36 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete D1

Figura 10.37 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete D2

Page 97: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

96

Figura 10.38 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete D3

Figura 10.39 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete D4

Figura 10.40 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete A2

Page 98: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

97

Figura 10.41 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete A3

Figura 10.42 – Gráficos Força x Tempo e Força x Deflexão para o pr ovete B2

Figura 10.43 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete B3

Page 99: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

98

Figura 10.44 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete AH1

Figura 10.45 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete AH2

Figura 10.46 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete BH1

Page 100: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

99

Figura 10.47 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete BH2

Figura 10.48 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete CH1

Figura 10.49 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete CH2

Page 101: Produção de Componentes em Materiais Compósitos por ... · literatura existente acerca dos conhecimentos disponíveis. Foram fabricadas placas compósitas, Foram fabricadas placas

100

Figura 10.50 – Gráficos Força x Tempo e Força x Def lexão para o provete CH3

10.3 Resultados dos Testes de Queima

A expressão (10.6) permite o cálculo dos conteúdos de resina.

1 2

1

, (%) 100W W

IgnitionLoss weightW

−= ×

( 10.6)

1W - Peso da amostra [g];

2W - Peso do resíduo [g];

Na norma é referida também a expressão (10.7) para o cálculo do desvio padrão.

2 2( )

1

X n XS

n

Σ −=−

(10.7)

X - Valor de uma observação;

n - Número de observações;

X - Média das observações;

Os resultados obtidos através das pesagens efectuadas foram as apresentadas na Tabela 10.1.

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101

Amostras Peso da amostra [g]

Peso do cadinho [g]

Peso do cadinho com amostra [g]

Peso do cadinho com resíduo [g]

A1 2,959 23,636 26,603 25,658A2 2,871 23,352 26,231 25,332A3 2,873 23,610 26,491 25,577B1 2,447 22,910 25,364 24,395B2 2,382 22,872 25,253 24,347B3 2,233 23,452 25,686 24,859C1 4,414 23,637 28,048 26,586C2 4,223 23,355 27,578 26,191C3 4,373 23,615 27,988 216,502

AH1 3,446 23,637 27,082 25,541AH2 3,353 23,352 26,709 25,261AH3 3,252 22,868 26,124 24,760BH1 2,446 23,613 26,064 24,965BH2 2,620 23,451 26,073 24,830BH3 2,480 22,912 25,392 24,252CH1 4,264 23,615 27,876 26,228CH2 4,129 23,452 27,579 26,007CH3 4,257 22,868 27,123 25,423

Tabela 10.1 – Valores dos testes de queima