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0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Bacharelado em Química Bruno Tobler Diego de Paula Siqueira Marcio Wellington Ferreira da Silva PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEOS E GORDURAS RESIDUAIS LINS SP 2013

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Bacharelado em Química

Bruno Tobler

Diego de Paula Siqueira

Marcio Wellington Ferreira da Silva

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEOS E

GORDURAS RESIDUAIS

LINS – SP

2013

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Bruno Tobler

Diego de Paula Siqueira

Marcio Wellington Ferreira da Silva

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEOS E

GORDURAS RESIDUAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Bacharelado em Química, realizado sob orientação do Prof. Francisco de Assis Andrade.

LINS – SP

2013

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Tobler, Bruno; Siqueira, Diego de Paula; Silva, Marcio Wellington Ferreira da.

Produção de biodiesel a partir de óleos e gorduras residuais / Bruno Tobler; Diego de Paula Siqueira; Marcio Wellington Ferreira da Silva. – – Lins, 2013.

50p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Química Bacharelado, 2013.

Orientador: Francisco de Assis Andrade

1. Conscientização. 2. Biodiesel. 3. Programa de Coleta. 4. Gorduras residuais. I Título.

CDU 54

T558p

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BRUNO TOBLER

DIEGO DE PAULA SIQUEIRA

MARCIO WELLINGTON FERREIRA DA SILVA

PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEOS E GORDURAS

RESIDUAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Católico

Salesiano Auxilium, como requisito obrigatório para obtenção do título de

Bacharel em Química.

Aprovada em: _____/______/_____ Banca Examinadora:

Prof. Orientador: Francisco de Assis Andrade

Titulação: Mestre em Ciência dos Materiais.

Assinatura: _________________________________

1º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

2º Prof(a): _______________________________________________________

Titulação: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: _________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu bom Deus por me iluminar e dar sabedoria

pra chegar onde cheguei, sempre dando força e paciência.

Aos meus amigos que me incentivaram a começar o curso, Carlos

Roberto De Campos Junior ou mais conhecido como Junin, e ao André Luis De

Oliveira Candido ou mais conhecido como Robinho.

Há toda a minha família que me motivaram a nunca desistir mesmo nas

horas mais difíceis, agradeço em especial meus pais Peter Tobler e Rita Dos

Santos Tobler que sempre estiveram presentes quando mais precisei.

Bruno

Dedico esse trabalho a minha família, em especial a minha mãe Cleide

que sempre me incentivou para que eu pudesse chegar à conclusão do curso,

sem ela eu nunca chegaria até aqui, e jamais seria o homem que sou hoje.

Com um carinho especial a minha namorada Estefani, que sempre me

ajudou e me apoiou em todos os momentos, me dando forças nas horas mais

difíceis com muito carinho e dedicação.

Aos meus amigos da sala, pois sem eles o curso não teria a menor

graça, vários momentos de descontração e alegrias. Afinal não é a toa que

somos conhecidos como a sala mais animada de química.

Agradeço a todos vocês com muito carinho essa vitória em mais uma

etapa da minha vida.

Muito Obrigado!

Diego

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Dedico esse trabalho principalmente a meus familiares, à minha mãe

Jackeline em especial, pela paciência, dedicação, e amor, ao me orientar sobre

o caminho certo a percorrer, ao me incentivar sempre para realizar minhas

metas. Sem ela não estaria onde estou hoje, e nem seria a pessoa que sou.

Agradeço e amo de todo coração.

Ao meu pai, por sempre me aconselhar, me ajudando sempre a seguir

meus sonhos e me ensinando a me dedicar sempre a cada projeto de vida.

Aos amigos que me acompanharam em toda essa trajetória na

universidade, foram de notável importância, pessoas que levarei com imenso

sentimento ao resto de minha vida.

Marcio

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus;

Sem ele nada faz sentido, nossa própria existência, deixar de ter a

essência, do ser, do saber, e principalmente, a essência do viver.

Aos nossos pais;

Pela paciência, pela tolerância, e pela hombridade de ter uma incansável

vontade de querer nos tornar cada vez mais, pessoas melhores, cidadãos

melhores, ensinando e apontando o caminho certo a percorrer em nossas

vidas. Obrigado!

Aos professores e amigos;

Que sempre nos apoiaram direta e indiretamente nesse período

universitário da vida. Cada um tem seu valor inestimável, que levaremos ao

longo da vida.

Aos colaboradores do projeto;

Que concordaram em participar do nosso projeto, a interatividade deles,

foi de extrema importância para com nossos resultados. Juntos, mostramos

que podemos ser mais conscientes de nossas ações, e o quanto elas podem

nos impactar, negativa ou positivamente.

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"Trabalhar com sustentabilidade é plantar um presente que garanta a

subsistência das novas gerações num planeta que pede socorro e se aquece a

cada dia. Pois melhor que plantar árvores, despoluir rios, proteger animais, é

semear a consciência de que a garantia da vida é, respeitar as fronteiras da

natureza."

Nildo Lage

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RESUMO

O diesel é um combustível fóssil proveniente da destilação fracionada do petróleo, no qual o Brasil tem um histórico de dependência na importação deste produto. Porém o país deu uma reviravolta econômica nesta questão, quando em 2006 se tornou auto-suficiente na produção de petróleo. Em consequência da grande dependência pelos combustíveis fósseis, como por exemplo, gasolina e diesel, provenientes do petróleo, e a degradação ambiental que estes causavam e ainda causam hoje, o Brasil vive uma ilustre realidade que é o constante crescimento da produção de biocombustíveis. O país tem grande potencial neste quesito pela sua diversidade de fontes renováveis para essa produção. Com essa mentalidade ambiental, foi proposta a produção do biodiesel, que teve de fato um aumento de procura no final da década de 1990, exaltando a busca por novas fontes de energia renovável. Ainda com o foco na questão ambiental, esse estudo realizado na cidade de Lins/SP, que esta situada na região centro-oeste do estado de São Paulo, visa minimizar os danos ao meio ambiente causados pelo descarte incorreto de óleos e gorduras residuais, propondo uma alternativa a essa degradação que é a utilização dos óleos e gorduras residuais (OGR’s) obtidos no processo de fritura para produção do biodiesel. Pelo fato do descaso ou da simples falta de informação, muitos moradores da cidade, utilizam de práticas incorretas de descarte deste produto geralmente despejado na pia da cozinha ou em ralos, o que interfere prejudicialmente o equilíbrio ambiental de recursos hídricos, elevando o custo de seu tratamento para a utilização da população. Com esse conhecimento em mente o grupo propôs a utilização destes resíduos na obtenção de biodiesel, organizando um programa de coleta, eficiente, simples e de baixo custo. As amostras coletadas foram submetidas a análises físico-químicas e devidamente corrigidas de acordo com parâmetros e especificações de qualidade para a produção do biodiesel através do processo de transesterificação. Dessa forma pode-se contribuir na geração de lucros que podem ser obtidos através da venda dessa matéria prima para obtenção do biodiesel, contribuindo assim para o meio ambiente e os lucros gerados destinar as instituições filantrópicas localizadas no município. Palavras-chave: Conscientização. Biodiesel. Programa de coleta. Gorduras residuais.

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ABSTRACT

The diesel is a fossil fuel from the fractional distillation of petroleum, in which Brazil has a history of dependence on imports of this product. But the country had an economic turnaround on this issue in 2006 when it became self -sufficient in petroleum production. In consequence of the great dependence from fossil fuels, such as gasoline and diesel from the petroleum, and environmental degradation they caused and continue to cause, today, Brazil is experiencing a renowned reality that is the steady growth of biofuel production. The country has great potential in this regard for the diversity of renewable sources for this production. Aiming at this environmental mindset was proposed the biodiesel production, which in fact had an increase in demand in the late 90s, extolling the search for new sources of renewable energy. Still keeping the focus on environmental issues, this study, done in the city of Lins, a city in central-western region from state of São Paulo aims to minimize the environmental damage caused by improper discard of oils and residual fats, proposing an alternative for this degradation is the use of waste oils and fats obtained from the OGR's frying process in biodiesel production. Because of the neglect or simple lack of information, many city dwellers practice incorrectly discard of this product, usually throwing in the kitchen sink or drains, which adversely affects the environmental balance of water resources, raising the cost of their treatment for use of the population. Keeping this in mind we propose the use of these residues in the production of biodiesel, organizing a program for collecting, efficient, simple and inexpensive. The collected samples were subjected to physicochemical analysis and duly corrected according to parameters and quality specifications for biodiesel production through transesterification process. By providing a way to contribute to the revenue of the city, generating profits on the sale of such raw material for obtaining biodiesel thus contributing to the environment and directing those profits to charities arranged in city. Keywords: Awareness. Biodiesel. Collection program. Waste fats

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução dos preços da soja em grão e de farelo de soja, praticados

no mercado internacional, 02/2001 a 11/2010.Erro! Indicador não

definido.

Figura 2: Evolução da produção de biodiesel no mundo.Erro! Indicador não

definido.

Figura 3: Mapa das regiões e das culturas para a produção do biocombustível

......................................................................................................... 21

Figura 4: Rede de esgoto é obstruída em conseqüência do material gorduroso

......................................................................................................... 23

Figura 5: Camada de gordura impregnada na parede da tubulação e

proliferação de insetos peçonhentos. ............................................... 24

Figura 6: Modos corretos e incorretos de descarte de óleos residuais ........... 25

Figura 7: Reação de transesterificação de óleo vegetal, onde R é uma cadeia

carbônica de qualquer ácido graxo .................................................. 27

Figura 8: Reação de saponificação ................................................................. 28

Figura 9: Reação de hidrólise ......................................................................... 28

Figura 10: Etapa de aquecimento e homogeneização ...................................... 32

Figura 11: Decantação do biodiesel laboratorial ............................................... 33

Figura 12: Percentual de colaboradores que consideram o meio ambiente um

fator importante em suas vidas. ....................................................... 35

Figura 13: Percentual de colaboradores que fazem pratica do reuso do óleo de

fritura ................................................................................................ 36

Figura 14: Percentual de formas de descartes de óleo residual feito pelos

colaboradores .................................................................................. 36

Figura 15: Percentual dos colaboradores que desconhecem os danos que

podem causar o mau descarte de óleos .......................................... 37

Figura 16: Percentual dos colaboradores dispostos a participar do programa . 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características de culturas oleaginosas no Brasil. .......................... 21

Tabela 2: Especificação do biodiesel ANP. .................................................... 29

Tabela 3: Relação em litros de OGR’s coletados ao longo de 3 meses. ........ 31

Tabela 4: Analises de especificação do biodiesel laboratorial ........................ 38

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OGR’s – Óleos e Gorduras Residuais

BPD - Barris de Petróleo Por Dia

PPM – Partes por Milhão

INT - Instituto Nacional de Tecnologia

UFCE - Universidade Federal do Ceará

OVEG - Programa de Óleos Vegetais

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

PH – Potencial Hidrogeniônico

ANP - Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis

EUA - Estados Unidos da América

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12

CAPITULO I .................................................................................................. 14

1 BIODIESEL – ENERGIA RENOVÁVEL .............................................. 14

1.1 Óleo diesel .............................................................................................. 14

1.1.1 Óleo diesel comum .............................................................................. 15

1.1.2 Óleo diesel Premium ........................................................................... 15

1.2 Histórias do biodiesel .............................................................................. 16

1.3 Recursos energéticos renováveis ........................................................... 19

1.4 Óleos e gorduras ..................................................................................... 20

1.4.1 Gorduras e óleos na alimentação humana .......................................... 22

1.4.2 Descarte incorreto dos óleos e gorduras pós-fritura ............................ 22

1.4.3 Óleos e gorduras residuais na produção de biocombustível ............... 26

1.5 Tecnologias para produção de biodiesel ................................................. 26

1.5.1 Processo de transesterificação ............................................................ 27

CAPITULO II ................................................................................................. 30

2 MÉTODOS E RESULTADOS ............................................................. 30

2.1 Programa de coleta de óleos e gorduras residuais para produção de biodiesel ........................................................................................................ 30

2.2 Apresentação e logística dos OGR’s ...................................................... 30

2.3 Purificações dos OGR's .......................................................................... 31

2.4 Transesterificação ................................................................................... 32

2.5 Purificação do biodiesel .......................................................................... 34

CAPITULO III ................................................................................................ 35

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................ 35

3.1 Análises do questionário ......................................................................... 35

3.2 Resultados do biodiesel produzido com OGR's ...................................... 37

CONCLUSÃO ............................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 41

APÊNDICES ................................................................................................. 45

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INTRODUÇÃO

O consumo de frituras vem aumentando muito nos últimos anos, pois a

população, em geral, dispõe de pouco tempo para preparar seus alimentos e o

processo de fritura é uma alternativa rápida e prática. Com esse aumento

gradativo dos alimentos fritos durante esses últimos anos, tem gerado grande

quantidade de óleos residuais de fritura.

Atualmente o mundo busca novos tipos de energia e cada vez mais são

empregadas fontes limpas que geram pouca ou nenhuma agressão à natureza.

Fontes essas que também refletem no bolso do consumidor, contribuindo para

que o mesmo gaste menos na hora de abastecer o seu veículo. Entre um

desses tipos de energia limpa se encontra a utilização de biodiesel baseado na

transesterificação de óleos vegetais ou animais. Devido aos autos custo de

obtenção destes por se encontrar ligado diretamente à área alimentícia, faz

com que ocorra um acréscimo elevado em seu valor final. Devido a tais

circunstâncias, o emprego de óleos residuais (óleos de descarte ao fim do

processo de preparação alimentar) tem sido uma saída de portas largas, na

qual, este se encontra em vantagem em relação ao preço para sua obtenção,

já que não possui um destino definido de descarte, acabando por ser

descartado nas pias, ocasionando à poluição de efluentes, gerando autos custo

para o seu possível tratamento.

Óleos residuais possuem algumas desvantagens em se tratando de

pureza, podem conter excesso de acidez, que por sua vez, pode ocasionar

sabões no processo de transesterificação se este não seguir a risca alguns

passos de um tratamento de refino antes de ir para o processo de

transesterificação. O processo de transesterificação desses óleos deve seguir a

risca alguns princípios, afim de que não haja perda de matéria prima elevada,

com a idéia de que sempre deve ser trabalhado com um teor mínimo de perca,

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por fatores rotineiros como excesso de ácidos graxos, pH de caráter alcalino

entre outros fatores que se encontram na matéria.

Para que se obtenha este tipo específico de matéria prima, são

necessários alguns meios de coleta que proporcione baixo custo e vantagens

aos doadores da matéria prima, pois, apesar de ser resíduos em alguns

estabelecimentos, tanto comerciais como partículas, sem um porque para a

entrega deste óleo provavelmente haveria poucas arrecadações da matéria

prima. O simples fato de o colaborador entender a importância dessa coleta já

faz a diferença nesse tipo de arrecadação.

Este trabalho é apresentado da seguinte forma: o Capítulo I apresenta a

história do biodiesel, ressaltando os estudos sobre os recursos energéticos

renováveis e a importância do uso dos óleos e gorduras residuais na produção

de biodiesel.

O Capitulo II apresenta a metodologia aplicada no programa de coleta

dos óleos e gorduras residuais, o tratamento de purificação realizado nesse

óleo e a produção do biodiesel a partir desses resíduos.

O Capitulo III trata ainda dos resultados obtidos pelo programa e

análises do biodiesel obtido, de acordo com o órgão regulador.

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CAPITULO I

1 BIODIESEL – ENERGIA RENOVÁVEL

1.1 Óleo diesel

O óleo diesel é um combustível fóssil extraído do petróleo por processo

de destilação, o qual é gerado nas partes inferiores da coluna, por sua alta

densidade e ponto de ebulição relativamente alto. É constituído, basicamente,

por uma mistura de hidrocarbonetos (compostos orgânicos que contém átomos

de carbono e hidrogênio) (PETROBRAS, 2006).

Há alguns compostos presentes no diesel, além dos hidrocarbonetos,

como o enxofre e nitrogênio, que são selecionados de acordo com as

características de combustão e saída adequadas ao funcionamento dos

motores diesel. É um produto inflamável mais de alto ponto de fulgor,

necessitando de grande quantidade de energia para início da combustão, é

pouco volátil em comparação há outros subprodutos decorrentes da destilação

do petróleo, sem turbidez ou resíduos encontrados em suspensão, e com um

odor característico (PETROBRAS, 2006).

O Brasil já foi um país dependente de óleo diesel importado, porém em

2006 o país se tornou autossuficiente na produção de petróleo, em 2004 eram

produzidos 1,49 milhões de barris de petróleo por dia (BPD) , e consumidos 1,7

milhões de BPD de derivados de petróleo tornando a produção insuficiente

para atender as necessidades do país. De acordo com Plano Estratégico da

Petrobrás, a produção deve chegar em um ponto que ultrapasse do valor da

demanda, para o ano de 2010, um acréscimo de 270 mil BPD na quantidade

produzida na área existente e 300 mil BPD do óleo nacional processado. Esses

investimentos em adequação, a melhorias referentes à qualidade e expansão

do parque de refino nacional da Petrobrás, será de US$ 9 bilhões até 2010

(PETROBRAS, 2006).

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1.1.1 Óleo diesel comum

O óleo diesel comum é repassado em três tipos:

I) tipo B (interior do país), com teor de enxofre máximo de 3500 partes por

milhão (PPM) e coloração vermelha;

II) tipo D (metropolitano, capitais e pólos regionais desenvolvimento), com teor

de enxofre máximo de 2000 PPM e coloração castanha;

III) S500, com teor de enxofre máximo de 500 PPM e coloração amarelo claro

(PETROBRAS, 2006).

1.1.2 Óleo diesel Premium

O óleo diesel Premium possui coloração idêntica ao diesel comum,

porém, possui baixos teores de enxofre. Os principais benefícios obtidos com o

Diesel Premium é a eficácia da limpeza dos bicos injetores, gerando queima

excelente e a proteção anticorrosiva, além disso, contribui para a proteção do

meio ambiente reduzindo as emissões à base de enxofre produzidas pelo

veículo. A remoção do enxofre do diesel acaba que por alterando a viscosidade

e assim não se encaixando com as normas exigidas pela especificação do

produto. Para corrigir esta variável, é necessária uma nova incorporação de

outros aditivos que possam se assimilar as características de lubrificante. Com

a lei nacional número 11.097 de 13/01/2005 empregada para a redução dos

teores de emissão de compostos sulfurados a partir da combustão do diesel, a

adição de biodiesel corrigirá esta deficiência de viscosidade, conferindo a este,

novas propriedades lubrificantes vantajosas para o motor e reduzindo

drasticamente os teores de enxofre inseridos na mistura (FERRARI et al.,

2004).

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1.2 Histórias do biodiesel

O biodiesel recebeu essa denominação devido ao seu emprego como

alternativa ao diesel que derivava dos combustíveis fósseis. Seu primeiro Uso

na história foi no marco dos motores a diesel de injeção do tipo direta, em

Paris-1900, onde o primeiro motor foi posto em funcionamento com

combustível a base de óleos vegetais, o óleo de amendoim e também utilizado

na época óleo de peixe, e petróleo filtrado. Os primeiros combustíveis fósseis

(diesel) surgiram na década de 1950, após a procura por combustíveis de

injeção direta sem pré-camara, com a forte motivação de rendimento muito

maior e com a diminuição no nível de consumo (KNOTHE, 2005).

No Brasil o uso de fontes alternativas de energia são testadas e

produzidas há muito tempo, desde a década de 1920 pelo Instituto Nacional de

Tecnologia (INT). Umas das empresas investidoras nesse setor no Brasil foram

as Indústrias Matarazzo nos anos de 1960, que buscavam produzir óleos

através de grãos de café, com objetivo de lavar os grãos e retirar resíduos

impróprios para o consumo humano. Nessa primeira reação se utilizaram álcool

etílico (álcool de cana de açúcar) que ao reagir com esse óleo produz glicerina

e éster etílico, que hoje é chamado de biodiesel (GAZZONI, 2007).

Na década de 70, a Universidade Federal do Ceará (UFCE) desenvolveu

pesquisas com o intuito de encontrar fontes alternativas de energia. As

experiências acabaram por revelar um novo combustível originário de óleos

vegetais e com propriedades semelhantes ao óleo diesel convencional, o

biodiesel. O uso de óleos vegetais foi proposto no Brasil para a geração de

energia, com principal objetivo de produzir excedentes de óleos vegetais,

capaz de tornar seus custos de produção competitivos com os derivados do

petróleo, o PRÓ-ÁLCOOL de mesmo uso, previa o uso mínimo de 30% de

biodiesel nos derivados de combustíveis fósseis, que ao longo prazo seria

integral (GAZZONI, 2007).

Com o envolvimento de outras instituições de pesquisas formaram a Pró

Diesel na década de 1980, que foi testado em automóveis movidos a diesel, e

também desenvolvidos a querosene vegetal de aviação, testados em aviões

jatos. Em 1983, motivado pela alta nos preços de petróleo, o Governo Federal,

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lançou o Programa de Óleos Vegetais (OVEG), no qual foi testada a utilização

de biodiesel e misturas combustíveis em veículos que percorreram mais de um

milhão de quilômetros. É importante ressaltar que esta iniciativa, coordenada

pela Secretaria de Tecnologia Industrial, contou com a participação de

institutos de pesquisa, indústrias automobilísticas e de óleos vegetais,

fabricantes de peças e de produtores de lubrificantes e combustíveis. Apesar

de haver realizados vários testes com os biodieseis, entre eles a adição de

biodiesel no petróleo, em diferentes proporções, dentre elas a de 70% (B70) a

de 30% (B30) e em menos escalas como de 5 a 3 %, devido ao seu elevado

custo de produção, houve uma perda de espaço para as energias derivadas de

fontes fósseis como carvão mineral e derivados do petróleo (PARENTE, 2004).

A crise do petróleo, juntamente com a crise do açúcar impulsionou o

Proálcool, comandados pelo professor José Walter Bautista Vidal, que era o

então secretário de Tecnologia Industrial, com o auxílio de uma equipe de

profundos conhecedores do setor, passou a adaptar motores para o uso de

combustíveis de origem vegetal, alternativos aos derivados do petróleo,

surgindo então o Proálcool, com tecnologia 100% nacional (GAZZONI, 2007).

O Proálcool visava em transformar energia armazenada por meio de

organismos vegetais (processo de fotossíntese) em energia mecânica - forma

renovável de se obter energia e, principalmente, um método que não agride o

meio ambiente (GERPEN; KNOTHE, 2005).

Mesmo com o lançamento do Proálcool em 1975, só houve uma grande

expansão após a segunda crise do petróleo, em 1979, com isso houve o

incentivo na produção de energias voltadas às biomassas no mundo. Enquanto

o Brasil arquivava documentos em relação à produção de outros

biocombustíveis, a Europa investia e progredia com sucesso na produção de

biodiesel a base de óleos de vegetais, exemplo desses foi à utilização do óleo

de canola como matéria prima na produção de biodiesel, na Malásia e nos

Estados Unidos, foram utilizados experimentos também bem sucedidos com a

palma e a soja respectivamente, como é ilustrado na figura 1 (BOCKEY, 2006).

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Figura 1: Evolução dos preços da soja em grão e de farelo de soja, praticados

no mercado internacional, 02/2001 a 11/2010.

Fonte: UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. The Oilseeds Group. World

markets and trade 2001-2011. Washington: USDA, 2011.

Com as guerras por disputa de minas de petróleo no Golfo, a qual tinha

como finalidade do Iraque anexar o Kuait, fez com que os Estados Unidos da

América (EUA) entrevissem, até então aliados do Iraque, cortando o comércio

de petróleo entre eles, ocasionando que o preço do barril disparasse, com a

rendição de Saddam Hussein, os preços do petróleo voltaram a cair. No final

da década de 1990 foram realizados testes em frotas de ônibus com biodiesel

doados pelo EUA, com a finalidade de reduzir à concorrência nas exportações

de óleos alimentares a base de soja, porém houve uma possibilidade

gigantesca na produção de biodiesel com outros tipos de óleo, variando a

espécie vegetal a ser abordada, como matéria prima na produção de biodiesel

sem que houvesse a perca de mercados no setor alimentício, classificando

como fortes competidores em questão de exportações de óleo vegetais de

varias espécies com isso aumentou sua demanda mundial, como é ilustrado na

figura 2 (GAZZONI, 2007).

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19

Figura 2: Evolução da produção de biodiesel no mundo.

Fonte: Portal BiodieselBR.

A produção de biocombustíveis é uma ilustre realidade no Brasil e que

cresce cada vez mais em todo território nacional em virtude da forte

dependência dos combustíveis fósseis, como o petróleo. E com toda essa

importância que a energia tem para o desenvolvimento econômico e

sustentável, torna-se importante a busca por outras fontes de energia,

sobretudo as renováveis, de forma a garantir a segurança e estabilidade

energética e, consequentemente, o desenvolvimento sustentável e econômico

do nosso país. Nesse sentido, os biocombustíveis adéquam como uma

principal alternativa (RAMOS; MEHER; MARCHETTI, 2005).

1.3 Recursos energéticos renováveis

Começaram a estudar e utilizar óleos vegetais depois da crise do

petróleo na década de 1970 para cobrir a demanda (PARENTE; GAZZONI,

2007).

Recursos energéticos renováveis são os mais variados como o

biodiesel, tais recursos procuram melhorar o cotidiano visando buscar

sustentabilidade e preservação ambiental, para ser um recurso energético

renovável e sustentável, deve ser monitorado todo o processo de produção até

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20

os finais (resíduos), por ser um biodiesel a produção de matéria-prima deve ser

analisada de perto para que não prejudique o meio ambiente e seu recursos

naturais, a utilização dos recursos não pode ser maior que o reaproveitado

(OSTEROTH; FLAIG & MOHR; PIMENTEL, 1995).

O biodiesel é uma alternativa de combustível limpo e renovável de

energia, são constituídas de carbono neutro, as plantas capturam todo o gás

carbônico (CO2) emitido pela combustão do biodiesel separando o CO2 em

carbono e oxigênio, neutralizando suas emissões assim colaborando com a

diminuição da poluição do nosso planeta, ao contrário dos combustíveis fósseis

que emitem uma grande quantidade de CO2 na atmosfera colaborando com o

efeito estufa e o aquecimento global (KNOTHE, 2005).

1.4 Óleos e gorduras

Os óleos e gorduras são compostos insolúveis em água, de origem

animal, vegetal ou mesmo microbiana, formadas de produtos com uma mistura

entre glicerol e ácidos graxos denominados triglicerídeos. A diferença entre

óleo (líquido) e gordura (sólida), consiste na diferença de grupos saturados e

insaturados presentes nos triglicerídeos, as cadeias carbônicas são

insaturadas nos óleos, tornando-os líquidos à temperatura ambiente de 20º C,

e nas gorduras as cadeias carbônicas são saturadas, tornando-as sólidas à

mesma temperatura ambiente. Ou seja, óleos e gorduras são compostos

formados principalmente por triglicerídeos. Fruto também contém óleos, que

por sua vez são classificados com o termo azeite, exemplo deste, o azeite de

oliva. Nozes, amêndoas, entre outras, são frutas oleaginosas que contém

vários nutrientes, que são benéficos à saúde, como, vitaminas e minerais

(MORETTO e FETT, 1998).

Para a produção de biodiesel é demonstrado na tabela 1 o potencial de

alguns dos óleos citados, dando destaque, devido ao alto rendimento de óleo, o

dendê, o girassol e o coco (HOLANDA, 2004).

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21

Tabela 1: Características de culturas oleaginosas no Brasil.

Espécie Origem do óleo Teor de óleo (%) Rendimento (t

óleo/há)

Dendê/Palma Amêndoa 22,0 3,0 – 6,0

Coco Fruto 55,0 – 60,0 1,3 – 1,9

Babaçu Amêndoa 66,0 0,1 – 0,3

Girasol Grão 38,0 – 48,0 0,5 – 1,9

Colza/Canola Grão 40,0 – 48,0 0,5 – 0,9

Mamona Grão 45,0 – 50,0 0,5 – 0,9

Amendoim Grão 40,0 – 43,0 0,6 – 0,8

Soja Grão 18,0 0,2 – 0,4

Algodão Grão 15,0 0,1 – 0,2

Fonte: NOGUEIRA, L. A. H. et al., 2005

Entende-se que assim, cada região tem sua devida especificidade, na

qual deve ser respeitada para a produção de biodiesel, visando proporcionar-

lhes uma vantagem comparativa. Essa especificidade de cada região é

ilustrada na figura 3, onde cada qual tem seu potencial de produção de

biocombustíveis (HOLANDA, 2004).

Figura 3: Mapa das regiões e das culturas para a produção do biocombustível.

Fonte: associação brasileira das indústrias de óleos vegetais (ABIOVE) / adaptado pelo

departamento econômico da FAESP, 2005

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1.4.1 Gorduras e óleos na alimentação humana

São de extrema importância, a quantidade e, especialmente, a qualidade

do tipo de gorduras ingeridas na alimentação. Por conterem uma grande

porcentagem de ácidos graxos, os óleos, agem de maneira benéfica em

relação às alterações vasculares, reduzindo o nível de colesterol do sangue.

Isolante térmico contra o frio para animais, fonte de energia na alimentação, e

grande fonte de ácidos graxos, principalmente os das famílias ômega 3 e

ômega 6, são algumas de várias outras funções das gorduras (MORETTO e

FETT, 1998).

Nos últimos anos tem aumentado a procura por alimentos fritos gerados

em bares, restaurantes, cozinhas industriais, hotéis, condomínios e

residências. Pesquisas mostram que os brasileiros consomem

aproximadamente 3 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano

(INTERJORNAL, 2013).

Em relação à saúde humana, o Código de Defesa do Consumidor

Brasileiro - Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 estabelece no Capítulo IV,

Art. 18, § 6°, dos direitos do consumidor, diz que são impróprios ou

inadequados ao uso e consumo os produtos cujos prazos de validade estejam

vencidos; os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados,

falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou,

ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação,

distribuição ou apresentação; e os produtos que, por qualquer motivo, se

revelem inadequados ao fim a que se destinam (CONSUMIDOR BRASIL,

2013).

1.4.2 Descarte incorreto dos óleos e gorduras pós-fritura

Uma grande parte da população, hoje em dia ainda não sabe o que fazer

com o óleo residual proveniente da fritura nas cozinhas das casas e, acaba

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descartando-o de forma inadequada, jogando-o em pias, ralos, vasos

sanitários, provocando impactos ambientais sérios. Quando descartado no ralo

da pia da cozinha, acaba chegando, por meio das tubulações, em rios e até

mesmo aos mares. O óleo não se mistura à água, por ser imiscível, de

densidade menor que a água, ele flutua, formando uma camada que impede a

passagem dos raios solares impossibilitando a oxigenação da água, sem luz,

os organismos fotossintéticos morrem, afetando toda a cadeia em que estão

inseridos desequilibrando a vida aquática. O mesmo acontece com o oxigênio

que, sem ele, mata todos os organismos aeróbios, como plantas, peixes e

outros. O óleo ocasiona o mau cheiro, além de aumentar os transtornos

referentes ao tratamento de esgoto, impossibilitando o consumo humano

(PARAÍSO, 2013).

O descarte de óleo no solo impermeabiliza o escoamento das águas

pluviais, contamina o lençol freático e ao se decompor, contamina a atmosfera

com gases tóxicos, na figura 4 é ilustrado um descarte feito indevidamente de

óleo residual na pia da cozinha que é um ato comum feito pela população

desenformada sobre os danos que isso pode causar as redes de esgoto

(BIÓLEO, 2013).

Figura 4: Rede de esgoto é obstruída em conseqüência do material gorduroso.

Fonte: Portal UGBSUSTENTÁVEL, (2013)

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A figura 5 ilustra a impregnação causada pelo mau descarte dos OGR’s

em tubulações e componentes de esgoto de residências. Segundo Alexandre

D'Avignon, professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e

Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a

decomposição do óleo de cozinha emite elevadas quantidades de gás metano

na atmosfera, um dos gases causadores do efeito estufa, que contribui para o

aquecimento da Terra (AMBIENTE EM FOCO, 2013).

Figura 1: Camada de gordura impregnada na parede da tubulação e proliferação de insetos peçonhentos.

Fonte: Portal UGBSUSTENTÁVEL, (2013)

O óleo descartado chega ao mar por meio das tubulações que leva a

rios e mares. Passando por reações químicas ao contato com á água do mar,

gerando a emissão do gás metano. Com isso, ocorre a decomposição e a

geração de metano, através da ação de bactérias anaeróbicas. São

demonstrados na figura 6, os modos, corretos e incorretos do descarte de

óleos residuais provenientes da fritura de alimentos em domicílios (AMBIENTE

EM FOCO, 2013).

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Figura 6: Modos corretos e incorretos de descarte de óleos residuais.

Fonte: Portal Bom Jesus RS (2013).

Com todo esse óleo descartado de forma incorreta pela população é

possivel produzir Pesquisas feitas na Alemanha, com óleos (resíduos) pelo

processo de transesterificação alcalina, produzem glicerina, ésteres metílicos

com propriedades iguais as do diesel (ANGGRAINI, 1999).

A princípio, substâncias com triglicerídeos podem ser utilizadas para

produção de ésteres. Porem alguns fatores pode prejudicar a utilização de

óleos resíduos como as características físicas e químicas, a competição com

outros produtos ou seus derivados, custo e disponibilidade (PUDEL &

LENGENFELD, 1993).

O combustível a partir de OGR’s tem algumas vantagens ao meio

ambiente, é menos poluente que o diesel do petróleo. O combustível com base

de OGR's não emite enxofre na atmosfera, e é rapidamente biodegradável no

meio ambiente (KRAUSE et. al., 1999).

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1.4.3 Óleos e gorduras residuais na produção de biocombustível

A utilização de óleos e gorduras residuais na produção de biodiesel vem

ganhando um espaço cada vez maior, não só porque esses resíduos

representam matérias primas de baixo custo, mas principalmente devido aos

efeitos benéficos ao meio ambiente quando esses resíduos são destinados a

fins de reprocesso e não descartados de forma incorreta ao meio ambiente, o

descarte correto desses resíduos evita como exemplo a degradação do solo e

principalmente das águas de rios onde são desaguados muitas vezes os

esgotos de várias cidades (KRAUSE et. al., 1999).

O combustível a partir de OGR´s tem algumas vantagens ao meio

ambiente, é menos poluente que o diesel do petróleo. O combustível com base

de OGR´s não emite enxofre na atmosfera, e é rapidamente biodegradável no

meio ambiente (KRAUSE et. al., 1999).

1.5 Tecnologias para produção de biodiesel

Para que se possa realizar a conversão dos óleos vegetais em

bicombustível é necessário que esses óleos passem por um processo

denominado transesterificação pela rota metílica ou etílica, onde o metanol é o

álcool mais utilizado na reação por razão de sua cadeia carbônica ser mais

curta facilitando a conversão. Esse álcool reage juntamente com um catalisador

básico, ácido ou enzimático, porém normalmente se utiliza um catalisador

básico como o metilato de sódio que em comparação a um catalisador ácido

tem uma vantagem de acelerar ainda mais a conversão dos óleos vegetais em

biodiesel (RAMOS et al., 2003).

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1.5.1 Processo de transesterificação

Na produção do biodiesel em pequena escala são seguidos alguns

critérios básicos nos quais são fundamentais para se analisar as vantagens em

grande escala, considerando as percas como fatos rotineiros e analisando a

porcentagem de ganho perante as percas é possível determinar se existem

vantagens no desenvolvimento da pesquisa. O biodiesel de óleo reciclado,

derivados de processos alimentícios como frituras, possuem dados variáveis

como porcentagem de umidade na amostra e pH variado de conjunto pra

conjunto, feito esse controle buscando pH neutro entre seis a oito, pois em sua

maior parte o pH de óleos residuais apresentam característica básicas entre 9

há 12 de pH . A transesterificação do óleo vegetais sem o seu devido refino, ou

seja, sem o tratamento prévio de degomagem resultara na perca de eficácia da

reação, podendo ocorrer reações paralelas como a saponificação de ácidos

graxos presentes no óleo vegetal e a hidrólise do éster subsequente

saponificação (GERPEN; KNOTHE, 2005).

A reação de transesterificação conforme é ilustrada na figura 7 ocorre

entre os triglicerídeos dos óleos vegetais em condições brandas de

temperatura. No final da reação o produto se divide em duas fases o biodiesel

que é a fase mais leve fica na fase superior e a glicerina bruta subproduto da

reação decantada presente na fase inferior (KNOTHE, 2005).

Figura 7: Reação de transesterificação de óleo vegetal, onde R é uma cadeia

carbônica de qualquer ácido graxo.

Fonte: Equação geral de um triglicerídeo, adaptada de KNOTHE et al, 2005

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Na reação de transesterificação podem ocorrer reações secundárias que

afetam o rendimento da produção, entre elas a saponificação dos ácidos

graxos presentes no sebo bovino apresentado na figura 8.

Figura 8: Reação de saponificação.

Fonte: MILINSK, 2007.

E a Hidrólise do biodiesel e posterior formação de ácido graxo ilustrada

na figura 9.

Figura 9: Reação de hidrólise.

Fonte: MILINSK, 2007.

Na tabela 2 há a especificação do biodiesel dada pela Agência Nacional

do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Metanol Graxo Ác. Água Metiléster

OH CH OH - CO - R

O H CH - O - CO - R

3 2 3

Metanol Sabão r Catalisado Graxo Ácido

OH CH ONa - CO - R ONa CH OH - CO - R 3 3

Fonte: MILINSK, 2007.

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Tabela 2: Especificação do biodiesel ANP Nº 14, DE 11.5.2012 - DOU 18.5.2012

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE

Aspecto

- LII (1)

Massa específica a 20º C kg/m³ 850 a 900

Viscosidade Cinemática a 40ºC mm²/s 3,0 a 6,0

Teor de água, máx. mg/kg 2

Contaminação Total, máx. mg/kg 24

Ponto de fulgor, mín. (3) ºC 100

Resíduo de carbono, máx. (4) % massa 0,05

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC, máx. - 1

Número Cetano (5) - Anotar

Ponto de entupimento de filtro a frio, máx. ºC 7

Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,5

Glicerol livre, máx. % massa 0,02

Glicerol total, máx. (9) % massa 0,25

Monoacilglicerol, máx. % massa 0,8

Diacilglicerol, max. % massa 0,2

Triacilglicerol, máx. % massa 0,2

Metanol e/ou Etanol, máx. % massa 0,2

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín. (10) h 6 Fonte: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP conclusão

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CAPITULO II

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Programa de coleta de óleos e gorduras residuais para produção de

biodiesel

O objetivo das coletas é demonstrar a viabilidade socioambiental e

econômica de óleos residuais, na cidade de Lins/SP, para a produção de

biodiesel. Ainda que se tenha conscientização sobre o descarte correto desses

resíduos, os óleos e gorduras são descartados de forma incorreta, contribuindo

para poluição ambiental. A conversão dos mesmos em biodiesel torna-se uma

alternativa ecologicamente correta. Assim foi implantado o programa de coleta

desses OGR’s. Além de ser um mecanismo a favor do meio ambiente, a cidade

pode lucrar com a venda dessas matérias prima é contribuir com as instituições

filantrópicas.

2.2 Apresentação e logística dos OGR’s

O recolhimento das amostras ocorreu mediante um levantamento

quantitativo dos produtos descartados pela população. Foram visitados 40

estabelecimentos, dentre estes, 30 residências e 10 estabelecimentos

comerciais. Todos apresentaram disponibilidade para doação dos resíduos. Os

colaboradores receberam do programa garrafas pet de 2 litros para

armazenagem das mesmas. Após serem esclarecidos sobre a importância da

reciclagem dos OGR’s, receberam também um questionário com cinco

indagações pertinentes ao assunto. Como apresentado no apêndice A.

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As visitas e recolhimentos se efetuaram ao longo de três meses em

intervalos de 15 dias. A tabela 3 indica a quantidade de óleo recolhido durante

os meses de julho, agosto e setembro. O material recolhido foi pré-filtrado com

o auxilio de uma peneira para retirada de sólidos suspensos. Em seguida,

depositado em tambores de 200L e submetido a tratamento de purificação,

conforme descrito em 2.3.

Tabela 3: Relação em litros de OGR’s coletados ao longo de 3 meses.

Mês Residências

(Litros)

Estabelecimentos

Comerciais

(Litros)

Total (L/Óleo)

Julho 45 102 147

Agosto 58 115 173

Setembro 77 143 220

Total 180 360 540

Fonte: Elaborada pelos autores

2.3 Purificações dos OGR's

A segunda purificação dos resíduos se deu mediante o uso de papeis de

filtro, nas dependências do Laboratório Químico da Instituição Centro

Universitário Católico Auxilium de Lins. O éster sofreu um aquecimento até

65oC, na chapa metálica, enquanto era agitado por uma barra magnética,

durante 15 minutos.

Fez-se necessário pelo fato de que partes dos ácidos graxos

encontravam-se no estado sólido, e necessitava-se que se liquefizessem, para

que não houvesse entupimento do papel filtro.

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Em seguida, o pH da solução foi neutralizado com ácido nítrico, o qual

se estabilizou em torno de 7.

Os materiais utilizados para o processo de purificação foram:

Becker

Suporte universal

Funil de haste curta

Papel de filtro (utilizado filtros de café, poros maiores)

Barra magnética

Ácido Nítrico

pHmetro

2.4 Transesterificação

O método utilizado para a conversão dos óleos e gorduras em biodiesel

foi o de transesterificação.

Foi acrescentado ao ácido graxo purificado o metóxido de potássio,

solução obtida a partir de hidróxido de potássio e metanol. A solução foi

aquecida em torno de 52ºC, com o uso de uma chapa metálica e barra

magnética para batelada, como representada na figura 10.

Figura 10: Etapa de aquecimento e homogeneização.

Fonte: Elaborada pelos autores.

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Neste processo utilizamos o KOH na proporção de 10% para o volume

de óleo a ser transesterificado, o metanol a proporção utilizada foi de 33,33 %

para o volume de óleo. Essa proporção foi tomada devido a testes efetuados

em laboratório para reduzir ou extinguir o porcentual não transesterificado

durante o processo. Depois de estabelecida a proporção foi introduzido o

metoxido no óleo e colocado em agitação por vinte minutos para que possa

ocorrer uma total interação do catalisador com o que pretende transformar.

A amostra foi deixada em repouso para que ocorra a total separação das

fases de biodiesel e glicerina no fim da transesterificação, esse processo levou

24 horas para ocorrer, separação essa demonstradas na figura 11. Para isso

foi utilizado o balão de decantação

Figura 11: Decantação do biodiesel laboratorial.

Fonte: Elaborada pelos autores

Os materiais e reagentes utilizados na etapa de transesterificação laboratorial

foram:

Erlenmeyer

Bastão de vidro

Álcool metílico

KOH (hidróxido de Potássio)

Balão de decantação

Becker

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2.5 Purificação do biodiesel

O objetivo da purificação foi à retirada dos catalisadores presentes no

biodiesel e outros resquícios de saponificação.

No processo foi utilizada a mesma proporção de água em relação ao

volume de biodiesel, que foi de 115 mL, que após ser misturar no biodiesel, foi

retirado e transferido ao erlenmeyer de 250 mL e acrescentado mais 115 mL de

água destilada e, foram submetidos à agitação constante promovendo a maior

interação possível da amostra para que ocorresse a maior extração das

impurezas no produto. Após essa fase, o biodiesel voltou ao balão de

decantação por mais 24 horas para finalizar o processo.

Os materiais e reagentes utilizados na etapa de purificação foram:

Agitador magnético

Erlenmeyer

Barra magnética

Balão de decantação

Água destilada

Biodiesel bruto

Suporte universal

Garra

Argola

Água destilada

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CAPITULO III

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Análises do questionário

É observado na figura 12 que a maioria dos colaboradores do projeto

(85%), demonstraram se importar e consideram que o meio ambiente é um

fator importante e significativo em suas vidas, além de sua necessidade de

preservação.

Figura 12: Percentual de colaboradores que consideram o meio ambiente um

fator importante em suas vidas.

Fonte: Elaborado pelos autores.

O interesse em preservar o meio ambiente, é apresentado na figura 13,

onde, cerca de 67,5% dos colaborados, se fazem da pratica do reuso do óleo

de cozinha proveniente de fritura.

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Figura 13: Percentual de colaboradores que fazem pratica do reuso do óleo de

fritura.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Conforme resultado da pesquisa ilustrada a figura 14, a prática de

descarte incorreto foi observada na maior parte das residências e

estabelecimentos comerciais, o descarte realizado na pia da cozinha teve um

percentual de 65%. A prática do armazenamento destes OGR’s foi

demonstrada por uma parte média de colaboradores 18%, e o restante dos

envolvidos que se equilibraram entre a prática de levar o óleo a um ponto de

coleta na cidade 10%, e descartar esses óleos no lixo, com cerca de 8%.

Figura 14: Percentual de formas de descartes de óleo residual feito pelos colaboradores.

Fonte: Elaborado pelos autores. Com o fato da maioria dos envolvidos com o projeto apresentarem fazer

de maneira incorreta o descarte destes OGR’s, os colaboradores

demonstraram não ter muito conhecimento sobre os danos que estes resíduos

podem causar quando descartados de maneira incorreta ao meio ambiente e

consequentemente a saúde, o que pode ser na figura 15.

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Figura 15: Percentual dos colaboradores que desconhecem os danos que

podem causar o mau descarte de óleos.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Com a satisfação dos envolvidos sobre a explicação dos danos e

malefícios que o descarte incorreto deste resíduo, os OGR’s, todos os

estabelecimentos comerciais e residências tomaram iniciativa em participar do

programa, fato demonstrado no gráfico da figura 16, evidenciando que 100%

dos estabelecimentos residenciais e comerciais visitados participaram do

programa, doando o óleo armazenado por eles, e coletado pelos acadêmicos.

Figura 16: Percentual dos colaboradores dispostos a participar do programa.

Fonte: Elaborado pelos autores.

3.2 Resultados do biodiesel produzido com OGR's

As análises de especificação do biodiesel foram realizadas em um

laboratório padrão, certificado pela ANP situado na cidade de Lins/SP, com

todas as certificações que garantam a qualidade do produto final.

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Para que se comprove a qualidade do biodiesel e se tenha a certeza da

total conversão dos óleos e gorduras residuais, o biodiesel foi submetido a

análises apresentadas na tabela 4, que confirmaram a qualidade do produto

quando comparadas com os limites estabelecidos pela ANP. Assim os

resultados obtidos das análises, cumprem com todos os padrões de

especificação necessários para sua aprovação para comercialização.

Tabela 4: Analises de especificação do biodiesel laboratorial.

ANALISES UNIDADE RESULTADOS LIMITE

(ANP)

Teor de água, máx. mg/kg 0,018 2

Ponto de entupimento de filtro a frio,

máx. ºC 7 7

Índice de acidez, máx. mg

KOH/g 0,001 0,5

Glicerol livre, máx. % massa 0,015 0,02

Glicerol total, máx. (9) % massa 0,14 0,25

Monoacilglicerol, máx. % massa 0,63 0,8

Diacilglicerol, max. % massa 0,17 0,2

Triacilglicerol, máx. % massa 0,06 0,2

Metanol e/ou Etanol, máx. % massa 0,01 0,2

Índice de Iodo g/100g 122 Anotar

Fonte: Laboratório industrial de análises de biodiesel da cidade de Lins.

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39

Já que o biodiesel possui tamanha vantagem sobre os combustíveis de

derivados fósseis porque não estão empregados em nosso modelo nacional?

O Brasil como muitos países que compõem um bloco econômico

baseado no petróleo, por assim possuirmos grandes áreas de obtenção desta

matéria prima não se criou leis ou projetos que possuam forças suficientes para

que possam encarar de frente este rival,

Já que o Brasil se considera alto suficiente na produção de combustíveis

fósseis, porque ainda hoje há importação do mesmo dos Estados Unidos?

isso ocorre baseado em um acordo de comercio estabelecidos entre os

membros do nafta e MERCOSUL, que visam uma relação de comércio no

intuito de beneficiar ambos os lados e estabelecer padrões e regras para que

aja beneficio mútuo, já que os estados unidos importam grande parte de

combustível limpo (Etanol) produzido no brasil.

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CONCLUSÃO

Na divulgação do projeto houve interesse em grande parte da

população, após serem informados dos objetivos que o grupo propôs, sentiram-

se na necessidade de colaborar. O projeto mostrou ser válido em quesitos de

despesas econômicas e lucros, em visão de baixo ou nenhum custo em

relação à obtenção da matéria-prima, os OGR´s.

A conscientização da população sobre as novas fontes de energia e os

impactos promovidos pelo descarte incorreto dos OGR’s ao meio ambiente,

foram primordiais para que houvesse a colaboração com o grupo na

disponibilização da matéria prima para fabricação do biodiesel.

Após a etapa de transesterificação foi obtido um porcentual significativo

de biodiesel, sendo este, produzido com materiais de baixo custo e que podem

ser reutilizados. O estudo realizado em decorrência de todas as pesquisas,

programa de coleta e produção laboratorial, demonstraram ser uma ótima

alternativa a minimização da degradação ao meio ambiente.

Houve resultados importantes na produção laboratorial, observou-se

variações de produto final na variância de porcentual de catalisador e

temperatura de viragem. Através dos resultados obtidos do produto concluiu-se

que, o biodiesel produzido em pequena escala laboratorial atendeu a todos os

requisitos e padrões necessários de especificação para ser comercializado,

mesmo que seu aspecto ficou um pouco mais escuro que o biodiesel feito com

óleos vegetais virgens.

Além dessa contribuição ao meio ambiente promovido pela retirada de

possíveis resíduos poluentes do solo e mananciais do município e destinando

essa matéria prima a produção de biodiesel um combustível ambientalmente

correto e renovável, com o programa, é possível que a cidade gere lucros,

referente à venda dessa matéria prima, e, direcionando esse lucro as

instituições filantrópicas do município que tanto necessitam de ajuda.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A: Questionário referente à pesquisa de campo do programa de

coleta dos OGR's.

Fonte: os autores.