produção e reprodução do espaço urbano de londrina à luz e à margem da legislação.pdf

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68 PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO DE LON DR I NA - à luz e à-margem da legislação ; * * * Yoshiva Nakagawara Ferre;ra (Prata, do Depf! de Geociências - CCE/UEL) Em abril p. passado, quando participamos da rneda-redonda sobre-' liA verticalização do espaço urbano e qualidade de vida em Londrina", fizemos colocações sobre as caracterfsticas físico-espaciais de Londrina, formas de evolução e agentes promotores da morfologia urbana da cida- de. Hoje, gostarramos de vincular o títlllo da meseHedonda "Paisagem Urbana de Londrina", a um processo mais amplo que a realidade urbana local. Apesar das peculiaridades expressas na paisagem urbana de Londrina, um processo maior, histórico, ligado à própria formação da sociedade brasileira, influ indo na configuração territorial e social das cidades. Por outro lado, tendo em vista a esperada Constituinte, é nosso objetivo trazer aqui, algumas questões denomidas de "Problemas Urba- nos", que estão caracterizando as cidades brasileiras, não só as áre'ôs metropolitanas, as cidades de porte médio, como as pequenas cidades. Atualmente, ternos mais de 2/3 da população brasileira residindo nas cidades, (em 80: 64%; em 70: 56%) onde, a maior parcela vive, tra- balha e mora precariamente. A intensidade do processo de urbanização acelerada, sobretudo a partir da década de 70 é uma das característi- cas da atual fase do processo sócio-econômico brasileiro, sendo cada vez mais premente, a produção do espaço urbanizado. Para' o ano 2.000, as previsões técnicas do CNDU estimam a população urbana brasileira em mais de 80 milhões de habitantes, devendo gerar uma necessidade de produção de área urbanízada nunca antes efetivada. Quanto à cidade de Londrina, hoje concentra cerca de 90% da ' sua população (de aproximadamente 4.00.000 h) na área urbana, cuja distribuição no espaço urbano se encontra de forma bem irregular e de- sordenada, com segregações espaciais e sociais imprimidas pelos vários agentes, tanto privados como público. A questão do SOLO URBANO, historicamente, não tem sido tra- tada de forma definida e clara, não pela legislação, como também pelos reais promotores, sobretudo no que se refere ao seu parcelamento e forma de us%cupação. * Síntese da Palestra realizada na SBPC/Seç. local de Londrina. * * Docente do Dept? de Geociências - CCE - UEL.

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Geografia (Londrina) v. 4 (1987)ISSN: 0102-38881987

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Page 1: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

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PRODUCcedilAtildeO E REPRODUCcedilAtildeO DO ESPACcedilO URBANO DE LON D R I NA - agrave luz e agrave-margem da legislaccedilatildeo

Yoshiva Nakagawara Ferrera (Prata do Depf de Geociecircncias - CCEUEL)

Em abril p passado quando participamos da rneda-redonda sobre- liA verticalizaccedilatildeo do espaccedilo urbano e qualidade de vida em Londrina fizemos colocaccedilotildees sobre as caracterfsticas fiacutesico-espaciais de Londrina formas de evoluccedilatildeo e agentes promotores da morfologia urbana da cidashyde

Hoje gostarramos de vincular o tiacutetlllo da meseHedonda Paisagem Urbana de Londrina a um processo mais amplo que a realidade urbana local Apesar das peculiaridades expressas na paisagem urbana de Londrina haacute um processo maior histoacuterico ligado agrave proacutepria formaccedilatildeo da sociedade brasileira influ indo na configuraccedilatildeo territorial e social das cidades Por outro lado tendo em vista a esperada Constituinte eacute nosso objetivo trazer aqui algumas questotildees denomidas de Problemas Urbashynos que estatildeo caracterizando as cidades brasileiras natildeo soacute as aacutereocircs metropolitanas as cidades de porte meacutedio como as pequenas cidades

Atualmente ternos mais de 23 da populaccedilatildeo brasileira residindo nas cidades (em 80 64 em 70 56) onde a maior parcela vive trashybalha e mora precariamente A intensidade do processo de urbanizaccedilatildeo acelerada sobretudo a partir da deacutecada de 70 eacute uma das caracteriacutestishycas da atual fase do processo soacutecio-econocircmico brasileiro sendo cada vez mais premente a produccedilatildeo do espaccedilo urbanizado Para o ano 2000 as previsotildees teacutecnicas do CNDU estimam a populaccedilatildeo urbana brasileira em mais de 80 milhotildees de habitantes devendo gerar uma necessidade de produccedilatildeo de aacuterea urbaniacutezada nunca antes efetivada

Quanto agrave cidade de Londrina hoje jaacute concentra cerca de 90 da sua populaccedilatildeo (de aproximadamente 400000 h) na aacuterea urbana cuja distribuiccedilatildeo no espaccedilo urbano se encontra de forma bem irregular e deshysordenada com segregaccedilotildees espaciais e sociais imprimidas pelos vaacuterios agentes tanto privados como puacuteblico

A questatildeo do SOLO URBANO historicamente natildeo tem sido trashytada de forma definida e clara natildeo soacute pela legislaccedilatildeo como tambeacutem pelos reais promotores sobretudo no que se refere ao seu parcelamento e forma de uscupaccedilatildeo

Siacutentese da Palestra realizada na SBPCSeccedil local de Londrina Docente do Dept de Geociecircncias - CCE - UEL

Foi na deacutecada de 20 que surgiram os primeiros projetos de parcelashymento ou fracionamento do solo urbano (Fernando Walcacer A nova lei de loteamentos in Direito do Urbanismo - uma visatildeo soacutecio-juriacuteshydica coordenado por Alvaro Pessoa p 149)

Nessa eacutepoca a populaccedilatildeo brasileira era de 30635605 habitantes com cerca de 7500000 habitantes na aacuterea urbana assim natildeo era preoshycupaccedilatildeo nem do Estado nem dos estudiosos a questatildeo do parcelamenshyto ou das formas de uso do solo urbano

O processo de crescimento das cidades se intensificou na deacutecada de 30 com a inccedilorporaccedilatildeo de terras agraves novas aacutereas perifeacutericas iniciando os adensamentos urbanos com a chegada do no esp1ccedilo urb2no atraveacutes da ocupaccedilatildeo dos loteamentos sem qualquer tipo de controle em termos de leccediljIacutesaccedilatildeo ou de utilizaccediluo Apenuacutes com um instrumento simshypies de promessa de compra e venda os terrenos eram ocupados paganshydo-se aos loteadores em forma de prestaccedilotildees ou ern forma de ocupaccedilatildeo simples

Em 1937 surge o Decreto- n9 58 visando a reguament2ccedil50 do loteamento e ocirc compra e a venda de terrenos em prestaccedilotildees Entretanto deixou de estabelecer Gueacutellquer tipo sanccediliiacuteo para o letc3dor que natildeo cumprisse suas determinaccedilotildees (INacaC91 F idem p 152)

Na praacutetica a rniJioria dos loteamentos cominuou a se processar inteiramente agrave mnrgem desse Deceto~Lei Segundo Walcacer a inforshymalidade continuou absoluta os lote3do(8s continuaram a retalhocircr a sua terra em lotes e a vendecirc-los a prazo a um mncado que natildeo deixava nunca de se expandir cumprindo quando fosse poss(vel as exigecircnsias legais ou deixando de fazecirc-lo quando isso melhor atendesse a seus inshyteresses

ssim muitas cidades braHeiras se desenvolveram sob as detershyminaccedilotildees do Decreto-Lei 5837 que cuidava excusivanente da proshyteccedilatildeo dos direitos dos compradores de lotes a prestaccedilotildec)s Entretanto muitos problemas de ordem legal surgiram como relata Walceacute2er

Como os loteadores n50 cumpriarn o Decreto-Lei os Carshytoacuterios de Registro de Imoacuteveis viam-se em diliculdades quanshydo do registro das escrituras de compra e uma vez pagas todas as Como fazecirc-lo se aqueles loteamenshytos eram teoricamente nuos se faltavam todos os requisitos que tornariam possvel a legalizaccedilatildeo Por outro lado como deixar de fazecirc-Io agrave vista daquela multidatildeo de compradores de lotes que urna vez satisfeito o pagamento do preccedilo combinrdo exigiam que fossem reconhecidos os seus legftimos direitos de proprietaacuterios A

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soluccedilatildeo encontrada pelos cartoacuterios - e mais tarde referendada pelos tribunais acabou sendo a mais justa decidiu-se fazer os registros aceiacutetar as escrituras definitiacutevas de compra e venda fechar os O70S a todas as iacuterregularidades

Soacute trinta anos mais tarde isto eacute em 1967 surge o Decreto-Lei n9 271 de apenas 10 artigos apesar do ante-projeto antes de ser enxugashydo contar com mais de 40 artigos

Esse novo texto definiu loteamento urbano desmembrmenshyto e zona urbana admitiu que os Municiacutepios desempenhassem um papel mais ativo no exame de de loteamentos permitindo-lhes que os subordinassem agraves necessidades Jocais e que inclusive recusasshysem-lhes aprovaccedilatildeo ainda que unicmrente para evitar o excessivo frashycionamento do solo urbano municipal E segundo o Jurista Walcacer a sua mais original contribuiccedilatildeo foi que instituiu a concessatildeo de uso uma nova forma do direito de superfiacutecie entretanto ateacute hoje natildeo deshyvidamente utilizada estudada ou em vigor talvez por falta de regu lamentaccedilatildeo

Assim ateacute dezembro de 79 o que existia em termos de controshyle do parcelarTlento do solo urbano era soacute isso deixando-se a cada mushyniciacutepio as determinaccedilotildees ou urbaniacutesticas

A Lei n9 6766iacute79 eacute o instrumento legal que as Prefeituras disshypotildeem para disciplinar o parcelamento do solo urbano Apesar da exisshytecircncia dessa Lei surgem ainda muitos loteamentos irregulares natildeo soacute em Londrina como em outras cidades de porte meacutedio da regiatildeo motIshyvado por situaccedilotildees nem sempre O vendedor ou o corretor aparece com um simples mapa com a distribuiccedilatildeo dos lotes atraindo o comprador para que firme o contrato de cornpra e venda em forma de prestaccedilotildees com a assinatura de Notas Promissoacuterias O comprador nunshyca procura se informar se o loteamento eacute le~lal ou regular e nem sabe dos tracircmites a que o vendedor que se submeter junto agrave Prefeitura antes da iiacuteberaccedilatildeo do loteamento

Desta forma surgiram muitos loteamentos irregulares em Londrishyna sobretudo antes da Lei de 1979

A atual lei que regula o parcelamento do Solo Urbano - estabeleshyce normas e limitaccedilotildees urbaniacutesticas para os ioteamentos e desmembrashymentos e permite que os Estados e Municiacutepios estabeleccedilam penas crishyminais aos infratores

Com essa lei os loteadores tiveram cerceadas suas liberdades (pelo

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menos em teoria) devendo curvar-se diretrizes urbaniacutesticas estabeleshycidas pelo Poder PClblico

A lei reconhece que cabe ao Poder Pllblico o papel principal no parcelamento do solo urbano dando condiccedilotildees de exercer amplamenshyte essas atribuiccedilotildees em todas as fases dos projetos de loteamentos ateacute mesmo processar criminalmente os faltosos

Quanto agrave questatildeo da propriedade a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica no seu artigo 160 item 3~ determina a funccedilatildeo social da propriedade significando que o uso da propriedade estaacute condicionada ao bem estar social

Ainda no que se refere agrave egislaccedilatildeo vinculada ao Solo Urbano parshy I 1 J bullbull - D bull bi tlQU acirciacuteiTlOlltordm quumliJnto ~l huacutel1l1iacutellsectlfiacute-1CcedilJO fU iC8 Irlecircfiacuteitertl reacutelerenCleacutel oS

seguintes iacutetens bull O artigo 107 da Constituiccedil50 da Repuacuteblica Federativa do 8rashy

sil estabelece As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico respondeshyratildeo pelos danos que seus funcionaacuterios nessa qualidade causem a terceiros Paraacutegrafo uacutenico -- caberaacute accediliacuteiacuteo regressiva contra o funcionaacuterio responsaacutevel nos casos oe culpa ou dolo

o O Coacutedigo Civil Brasileiro no seu artigo 15 determina que As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico satildeo civilmente responsaacuteveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem dashynos a terceiros procedendo de modo contraacuterio ao direito regresshysivo contra os causadores do dano

e Essas regras podem ser utilizadas toda vez que as normas geradas pela administraccedilatildeo Pllblica causem danos a terceiros (sem a corshyrespondente indenizaccedilatildeo) e que em contrapartida natildeo obedeshyccedilam aos princiacutepios legais que as levam agrave condiccedilatildeo de promotoshyras do bem estar social estabelecida na lei Magna (Art 1 OcircO item 3~)

Em maio de 83 foi enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei resultado de estudos conduzidos pelo Ministeacuterio do Interior que visava a mais profunda reforma da legislaccedilatildeo sobre o Uso do Solo da histoacuteria do Brasil Seria urna verdadeira Revoluccedilso Juriacutedica nas cidades brasileiras com repercussotildees sociais e pol iacuteticas na medida em que ccnshyferia ao Poder Puacuteblico atribuiccedilotildees sigoificativas nas relaccedilotildees com os cishydadatildeos particularmente no combate agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria

Os principais pontos desse Ante-Projeto eram os seguintes 4) Criaccedilatildeo de um estatuto juriacutedico proacuteprio da cidade em lugar da

legislaccedilatildeo concebida quando a sociedade brasileira era predominanteshymente rurai

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G A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e urbanizaccedilatildeo especiacutefica de aacutereas urshybanas ocupadas por populaccedilotildees de baixa renda

6 A adequaccedilatildeo do direito de constituir as normas urban(sticas fi Criaccedilatildeo de novos instrumentos para habilitar administradores

urbanos a melhor orientar o crescimento das cidades e a corrigir distorshybull ccedilotildees o que implica a instituiccedilatildeo de novos instrumentos juriacutedicos

ti Direito agrave superfiacutecie que admite a existecircncia de uma superposishyccedilatildeo de dom fnios do mesmo terreno

amp O parcelamento edificaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo compulsoacuterios dos chamados vazios Urbanos

13 O direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribu iacutedo ao poshyder puacuteblico

il oualquer cidadatildeo ou associaccedilatildeo comunitaacuteria poderaacute impetrar accedilatildeo para impedir a ocupaccedilatildeo ou uso de imoacutevel urbano em desacordo com as normas urbaniacutesticas

Entre esses pontos baacutesicos vamos destacar alguns por ex o dishyreito de preempccedilatildeo ou seja preferecircncia do Poder Puacuteblico na aquisiccedilatildeo de Imoacuteveis O direito de superf(cie permitindo a separaccedilatildeo da proshypriedade da terra e da construccedilatildeo

Assim um proprietaacuterio sem recursos para construir pode abrir matildeo deste direito para outra pessoa mantendo a propriedade privada da terra Ou uma pessoa sem recursos para adquirir a terra que eacute multo cara e com condiccedilotildees de construir habilitar-5e-ia a esse direito de sushyperfiacutecie Hoje eacute impossiacutevel essa praacutetica porque na legislaccedilatildeo atual eacute indissoluacutevel a propriedade da construccedilatildeo e da terra Se fosse possiacutevel certamente haveria a ampliaccedilatildeo da possibilidade de acesso agrave moradia Esta praacutetica existe em vaacuterios paiacuteses como a Itaacutelia a Franccedila o Japatildeo os Estados Unidos etc

Entretanto transferir simplesmente a realidade de outros paiacuteses com outros costumes e outra praacutetica cultura e pai iacutetica aleacutem de ser uma questatildeo bastante delicada natildeo serviria para a realidade brasileira Essas questotildees contudo teriam que ser discutidas na comunidade posshysibilitando discussotildees e avanccedilo democraacutetico nas questotildees fundamentais referentes ao uso adequado do solo urbano 1leacutem disso o Brasil eacute um pa iacutes de dimensotildees continentais e o sentimento de propriedade estaacute enraizado na sua cultura Por outro lado assistir a uma multiplicaccedilatildeo de lotes sem ocupaccedilatildeo em aacutereas de valorizaccedilatildeo urbana aleacutem de ser antishysocial encarece muito o custo da urbanizaccedilatildeo igualmente injusto para a comunidade

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---------shy

A qucst50 dos chamados vazos urbanos eacute bstiliite delicada porque esbarra no direito da propriedade privada na questatildeo das forshymas de utilizaccedilatildeo e na falta de uma egislaccedilatildeo adequada para normatizar a sua ocupaccedilatildeo Nem todosmiddot os vazios devem ser ocupados ficando a pergunta onde e de que fmma poderiam ser ocupados Nem todos os vazios significam simplesmente especulaccedilatildeo imobiliaacuteria ou reserva de valor Num paiacutes onde a situaccedilatildeo soacutecio pol iacutetica eacute violenta alijando a maior parte da populaccedilatildeo a uma situaccedilatildeo agrave margem dos miacutenimos direishytos humanos como estudar comer morar e trabalhar e com um sistema previdenciaacuterio ineficaz quem pode adquirir algum bem de raiacutez estaraacute pensando t8mbeacutem na sua segtJiilnccedil8 e neacutel sua feacutelll1 E () i iacuteduo tentando suprir parte das funccedilotildees do Estado

Apesar da inexistecircncia de dados concretos pode-se estimar o nuacuteshymero de lotes vazios da aacuterea urbana de Londrina em aproximadashymente 50000 unidades isto eacute cerca de metade da aacuterea urbana do mushyniacutecfpio ou os vazios comportariam no m iacuteniacutemo mais duas cidades de porte meacutedio (de cerca de 120000 habitantes cada) Ora eacute claro que natildeo eacute desejaacutevel que todos os lotes sejam simplesmente ocupados em forma de residecircncia mas esses dados servem para efeito comparativo Um outm aspecto ligado aos vazios eacute a questatildeo da aprovaccedilatildeo dos loshyteamentos peas Prefeituras sem a necessaacuteria destinaccedilatildeo de praccedilas aacutereas verdes aacutereas de lazer ou aacutereas destinadas agrave comunidade nos loteamenshytos

Assim os vazios devem ser bem definidos e planejados tanto para a sua constituiccedilatildeo como para o seu uso

Em Londrina a questatildeo eacute muito pois haacute chaacutecaras siacutetios e fazenda entre os conjuntos habitacionais e outros loteamentos com caracteriacutesticas niacutetidas de unidades rurais produtivas

Quanto ao direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribuiacute-shydo ao poder puacuteblico surgem algumas questotildees como

fA) intenccedilotildees do Prefeito (rna ou bem intencionado) (Q desestiacutemulo aos investimentos imobiliaacuterios A simples e total

marginalizaccedilatildeo do empreendedor natildeo eacute salutar o falta de uma adequada diretriz global com reviSOtildeeS constantes o onde e de que forma a populaccedilatildeo participa (Conselhos Comushy

nitaacuterios participaccedilatildeo democraacutetica etc) Uma outra questatildeo eacute a Reforma Tributaacuteria adequada quanto ao

estoque de terrenos natildeo eacute o caso da retenccedilatildeo pelas grandes construtoshyras que geralmente natildeo imobiiizam o seu Capital natildeo investindo granshy

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des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

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L-_________________________________________________________________________________________________-shy

Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

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Foi na deacutecada de 20 que surgiram os primeiros projetos de parcelashymento ou fracionamento do solo urbano (Fernando Walcacer A nova lei de loteamentos in Direito do Urbanismo - uma visatildeo soacutecio-juriacuteshydica coordenado por Alvaro Pessoa p 149)

Nessa eacutepoca a populaccedilatildeo brasileira era de 30635605 habitantes com cerca de 7500000 habitantes na aacuterea urbana assim natildeo era preoshycupaccedilatildeo nem do Estado nem dos estudiosos a questatildeo do parcelamenshyto ou das formas de uso do solo urbano

O processo de crescimento das cidades se intensificou na deacutecada de 30 com a inccedilorporaccedilatildeo de terras agraves novas aacutereas perifeacutericas iniciando os adensamentos urbanos com a chegada do no esp1ccedilo urb2no atraveacutes da ocupaccedilatildeo dos loteamentos sem qualquer tipo de controle em termos de leccediljIacutesaccedilatildeo ou de utilizaccediluo Apenuacutes com um instrumento simshypies de promessa de compra e venda os terrenos eram ocupados paganshydo-se aos loteadores em forma de prestaccedilotildees ou ern forma de ocupaccedilatildeo simples

Em 1937 surge o Decreto- n9 58 visando a reguament2ccedil50 do loteamento e ocirc compra e a venda de terrenos em prestaccedilotildees Entretanto deixou de estabelecer Gueacutellquer tipo sanccediliiacuteo para o letc3dor que natildeo cumprisse suas determinaccedilotildees (INacaC91 F idem p 152)

Na praacutetica a rniJioria dos loteamentos cominuou a se processar inteiramente agrave mnrgem desse Deceto~Lei Segundo Walcacer a inforshymalidade continuou absoluta os lote3do(8s continuaram a retalhocircr a sua terra em lotes e a vendecirc-los a prazo a um mncado que natildeo deixava nunca de se expandir cumprindo quando fosse poss(vel as exigecircnsias legais ou deixando de fazecirc-lo quando isso melhor atendesse a seus inshyteresses

ssim muitas cidades braHeiras se desenvolveram sob as detershyminaccedilotildees do Decreto-Lei 5837 que cuidava excusivanente da proshyteccedilatildeo dos direitos dos compradores de lotes a prestaccedilotildec)s Entretanto muitos problemas de ordem legal surgiram como relata Walceacute2er

Como os loteadores n50 cumpriarn o Decreto-Lei os Carshytoacuterios de Registro de Imoacuteveis viam-se em diliculdades quanshydo do registro das escrituras de compra e uma vez pagas todas as Como fazecirc-lo se aqueles loteamenshytos eram teoricamente nuos se faltavam todos os requisitos que tornariam possvel a legalizaccedilatildeo Por outro lado como deixar de fazecirc-Io agrave vista daquela multidatildeo de compradores de lotes que urna vez satisfeito o pagamento do preccedilo combinrdo exigiam que fossem reconhecidos os seus legftimos direitos de proprietaacuterios A

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soluccedilatildeo encontrada pelos cartoacuterios - e mais tarde referendada pelos tribunais acabou sendo a mais justa decidiu-se fazer os registros aceiacutetar as escrituras definitiacutevas de compra e venda fechar os O70S a todas as iacuterregularidades

Soacute trinta anos mais tarde isto eacute em 1967 surge o Decreto-Lei n9 271 de apenas 10 artigos apesar do ante-projeto antes de ser enxugashydo contar com mais de 40 artigos

Esse novo texto definiu loteamento urbano desmembrmenshyto e zona urbana admitiu que os Municiacutepios desempenhassem um papel mais ativo no exame de de loteamentos permitindo-lhes que os subordinassem agraves necessidades Jocais e que inclusive recusasshysem-lhes aprovaccedilatildeo ainda que unicmrente para evitar o excessivo frashycionamento do solo urbano municipal E segundo o Jurista Walcacer a sua mais original contribuiccedilatildeo foi que instituiu a concessatildeo de uso uma nova forma do direito de superfiacutecie entretanto ateacute hoje natildeo deshyvidamente utilizada estudada ou em vigor talvez por falta de regu lamentaccedilatildeo

Assim ateacute dezembro de 79 o que existia em termos de controshyle do parcelarTlento do solo urbano era soacute isso deixando-se a cada mushyniciacutepio as determinaccedilotildees ou urbaniacutesticas

A Lei n9 6766iacute79 eacute o instrumento legal que as Prefeituras disshypotildeem para disciplinar o parcelamento do solo urbano Apesar da exisshytecircncia dessa Lei surgem ainda muitos loteamentos irregulares natildeo soacute em Londrina como em outras cidades de porte meacutedio da regiatildeo motIshyvado por situaccedilotildees nem sempre O vendedor ou o corretor aparece com um simples mapa com a distribuiccedilatildeo dos lotes atraindo o comprador para que firme o contrato de cornpra e venda em forma de prestaccedilotildees com a assinatura de Notas Promissoacuterias O comprador nunshyca procura se informar se o loteamento eacute le~lal ou regular e nem sabe dos tracircmites a que o vendedor que se submeter junto agrave Prefeitura antes da iiacuteberaccedilatildeo do loteamento

Desta forma surgiram muitos loteamentos irregulares em Londrishyna sobretudo antes da Lei de 1979

A atual lei que regula o parcelamento do Solo Urbano - estabeleshyce normas e limitaccedilotildees urbaniacutesticas para os ioteamentos e desmembrashymentos e permite que os Estados e Municiacutepios estabeleccedilam penas crishyminais aos infratores

Com essa lei os loteadores tiveram cerceadas suas liberdades (pelo

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menos em teoria) devendo curvar-se diretrizes urbaniacutesticas estabeleshycidas pelo Poder PClblico

A lei reconhece que cabe ao Poder Pllblico o papel principal no parcelamento do solo urbano dando condiccedilotildees de exercer amplamenshyte essas atribuiccedilotildees em todas as fases dos projetos de loteamentos ateacute mesmo processar criminalmente os faltosos

Quanto agrave questatildeo da propriedade a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica no seu artigo 160 item 3~ determina a funccedilatildeo social da propriedade significando que o uso da propriedade estaacute condicionada ao bem estar social

Ainda no que se refere agrave egislaccedilatildeo vinculada ao Solo Urbano parshy I 1 J bullbull - D bull bi tlQU acirciacuteiTlOlltordm quumliJnto ~l huacutel1l1iacutellsectlfiacute-1CcedilJO fU iC8 Irlecircfiacuteitertl reacutelerenCleacutel oS

seguintes iacutetens bull O artigo 107 da Constituiccedil50 da Repuacuteblica Federativa do 8rashy

sil estabelece As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico respondeshyratildeo pelos danos que seus funcionaacuterios nessa qualidade causem a terceiros Paraacutegrafo uacutenico -- caberaacute accediliacuteiacuteo regressiva contra o funcionaacuterio responsaacutevel nos casos oe culpa ou dolo

o O Coacutedigo Civil Brasileiro no seu artigo 15 determina que As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico satildeo civilmente responsaacuteveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem dashynos a terceiros procedendo de modo contraacuterio ao direito regresshysivo contra os causadores do dano

e Essas regras podem ser utilizadas toda vez que as normas geradas pela administraccedilatildeo Pllblica causem danos a terceiros (sem a corshyrespondente indenizaccedilatildeo) e que em contrapartida natildeo obedeshyccedilam aos princiacutepios legais que as levam agrave condiccedilatildeo de promotoshyras do bem estar social estabelecida na lei Magna (Art 1 OcircO item 3~)

Em maio de 83 foi enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei resultado de estudos conduzidos pelo Ministeacuterio do Interior que visava a mais profunda reforma da legislaccedilatildeo sobre o Uso do Solo da histoacuteria do Brasil Seria urna verdadeira Revoluccedilso Juriacutedica nas cidades brasileiras com repercussotildees sociais e pol iacuteticas na medida em que ccnshyferia ao Poder Puacuteblico atribuiccedilotildees sigoificativas nas relaccedilotildees com os cishydadatildeos particularmente no combate agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria

Os principais pontos desse Ante-Projeto eram os seguintes 4) Criaccedilatildeo de um estatuto juriacutedico proacuteprio da cidade em lugar da

legislaccedilatildeo concebida quando a sociedade brasileira era predominanteshymente rurai

71

G A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e urbanizaccedilatildeo especiacutefica de aacutereas urshybanas ocupadas por populaccedilotildees de baixa renda

6 A adequaccedilatildeo do direito de constituir as normas urban(sticas fi Criaccedilatildeo de novos instrumentos para habilitar administradores

urbanos a melhor orientar o crescimento das cidades e a corrigir distorshybull ccedilotildees o que implica a instituiccedilatildeo de novos instrumentos juriacutedicos

ti Direito agrave superfiacutecie que admite a existecircncia de uma superposishyccedilatildeo de dom fnios do mesmo terreno

amp O parcelamento edificaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo compulsoacuterios dos chamados vazios Urbanos

13 O direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribu iacutedo ao poshyder puacuteblico

il oualquer cidadatildeo ou associaccedilatildeo comunitaacuteria poderaacute impetrar accedilatildeo para impedir a ocupaccedilatildeo ou uso de imoacutevel urbano em desacordo com as normas urbaniacutesticas

Entre esses pontos baacutesicos vamos destacar alguns por ex o dishyreito de preempccedilatildeo ou seja preferecircncia do Poder Puacuteblico na aquisiccedilatildeo de Imoacuteveis O direito de superf(cie permitindo a separaccedilatildeo da proshypriedade da terra e da construccedilatildeo

Assim um proprietaacuterio sem recursos para construir pode abrir matildeo deste direito para outra pessoa mantendo a propriedade privada da terra Ou uma pessoa sem recursos para adquirir a terra que eacute multo cara e com condiccedilotildees de construir habilitar-5e-ia a esse direito de sushyperfiacutecie Hoje eacute impossiacutevel essa praacutetica porque na legislaccedilatildeo atual eacute indissoluacutevel a propriedade da construccedilatildeo e da terra Se fosse possiacutevel certamente haveria a ampliaccedilatildeo da possibilidade de acesso agrave moradia Esta praacutetica existe em vaacuterios paiacuteses como a Itaacutelia a Franccedila o Japatildeo os Estados Unidos etc

Entretanto transferir simplesmente a realidade de outros paiacuteses com outros costumes e outra praacutetica cultura e pai iacutetica aleacutem de ser uma questatildeo bastante delicada natildeo serviria para a realidade brasileira Essas questotildees contudo teriam que ser discutidas na comunidade posshysibilitando discussotildees e avanccedilo democraacutetico nas questotildees fundamentais referentes ao uso adequado do solo urbano 1leacutem disso o Brasil eacute um pa iacutes de dimensotildees continentais e o sentimento de propriedade estaacute enraizado na sua cultura Por outro lado assistir a uma multiplicaccedilatildeo de lotes sem ocupaccedilatildeo em aacutereas de valorizaccedilatildeo urbana aleacutem de ser antishysocial encarece muito o custo da urbanizaccedilatildeo igualmente injusto para a comunidade

72

---------shy

A qucst50 dos chamados vazos urbanos eacute bstiliite delicada porque esbarra no direito da propriedade privada na questatildeo das forshymas de utilizaccedilatildeo e na falta de uma egislaccedilatildeo adequada para normatizar a sua ocupaccedilatildeo Nem todosmiddot os vazios devem ser ocupados ficando a pergunta onde e de que fmma poderiam ser ocupados Nem todos os vazios significam simplesmente especulaccedilatildeo imobiliaacuteria ou reserva de valor Num paiacutes onde a situaccedilatildeo soacutecio pol iacutetica eacute violenta alijando a maior parte da populaccedilatildeo a uma situaccedilatildeo agrave margem dos miacutenimos direishytos humanos como estudar comer morar e trabalhar e com um sistema previdenciaacuterio ineficaz quem pode adquirir algum bem de raiacutez estaraacute pensando t8mbeacutem na sua segtJiilnccedil8 e neacutel sua feacutelll1 E () i iacuteduo tentando suprir parte das funccedilotildees do Estado

Apesar da inexistecircncia de dados concretos pode-se estimar o nuacuteshymero de lotes vazios da aacuterea urbana de Londrina em aproximadashymente 50000 unidades isto eacute cerca de metade da aacuterea urbana do mushyniacutecfpio ou os vazios comportariam no m iacuteniacutemo mais duas cidades de porte meacutedio (de cerca de 120000 habitantes cada) Ora eacute claro que natildeo eacute desejaacutevel que todos os lotes sejam simplesmente ocupados em forma de residecircncia mas esses dados servem para efeito comparativo Um outm aspecto ligado aos vazios eacute a questatildeo da aprovaccedilatildeo dos loshyteamentos peas Prefeituras sem a necessaacuteria destinaccedilatildeo de praccedilas aacutereas verdes aacutereas de lazer ou aacutereas destinadas agrave comunidade nos loteamenshytos

Assim os vazios devem ser bem definidos e planejados tanto para a sua constituiccedilatildeo como para o seu uso

Em Londrina a questatildeo eacute muito pois haacute chaacutecaras siacutetios e fazenda entre os conjuntos habitacionais e outros loteamentos com caracteriacutesticas niacutetidas de unidades rurais produtivas

Quanto ao direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribuiacute-shydo ao poder puacuteblico surgem algumas questotildees como

fA) intenccedilotildees do Prefeito (rna ou bem intencionado) (Q desestiacutemulo aos investimentos imobiliaacuterios A simples e total

marginalizaccedilatildeo do empreendedor natildeo eacute salutar o falta de uma adequada diretriz global com reviSOtildeeS constantes o onde e de que forma a populaccedilatildeo participa (Conselhos Comushy

nitaacuterios participaccedilatildeo democraacutetica etc) Uma outra questatildeo eacute a Reforma Tributaacuteria adequada quanto ao

estoque de terrenos natildeo eacute o caso da retenccedilatildeo pelas grandes construtoshyras que geralmente natildeo imobiiizam o seu Capital natildeo investindo granshy

I

73

des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

74

L-_________________________________________________________________________________________________-shy

Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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76

do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 3: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

soluccedilatildeo encontrada pelos cartoacuterios - e mais tarde referendada pelos tribunais acabou sendo a mais justa decidiu-se fazer os registros aceiacutetar as escrituras definitiacutevas de compra e venda fechar os O70S a todas as iacuterregularidades

Soacute trinta anos mais tarde isto eacute em 1967 surge o Decreto-Lei n9 271 de apenas 10 artigos apesar do ante-projeto antes de ser enxugashydo contar com mais de 40 artigos

Esse novo texto definiu loteamento urbano desmembrmenshyto e zona urbana admitiu que os Municiacutepios desempenhassem um papel mais ativo no exame de de loteamentos permitindo-lhes que os subordinassem agraves necessidades Jocais e que inclusive recusasshysem-lhes aprovaccedilatildeo ainda que unicmrente para evitar o excessivo frashycionamento do solo urbano municipal E segundo o Jurista Walcacer a sua mais original contribuiccedilatildeo foi que instituiu a concessatildeo de uso uma nova forma do direito de superfiacutecie entretanto ateacute hoje natildeo deshyvidamente utilizada estudada ou em vigor talvez por falta de regu lamentaccedilatildeo

Assim ateacute dezembro de 79 o que existia em termos de controshyle do parcelarTlento do solo urbano era soacute isso deixando-se a cada mushyniciacutepio as determinaccedilotildees ou urbaniacutesticas

A Lei n9 6766iacute79 eacute o instrumento legal que as Prefeituras disshypotildeem para disciplinar o parcelamento do solo urbano Apesar da exisshytecircncia dessa Lei surgem ainda muitos loteamentos irregulares natildeo soacute em Londrina como em outras cidades de porte meacutedio da regiatildeo motIshyvado por situaccedilotildees nem sempre O vendedor ou o corretor aparece com um simples mapa com a distribuiccedilatildeo dos lotes atraindo o comprador para que firme o contrato de cornpra e venda em forma de prestaccedilotildees com a assinatura de Notas Promissoacuterias O comprador nunshyca procura se informar se o loteamento eacute le~lal ou regular e nem sabe dos tracircmites a que o vendedor que se submeter junto agrave Prefeitura antes da iiacuteberaccedilatildeo do loteamento

Desta forma surgiram muitos loteamentos irregulares em Londrishyna sobretudo antes da Lei de 1979

A atual lei que regula o parcelamento do Solo Urbano - estabeleshyce normas e limitaccedilotildees urbaniacutesticas para os ioteamentos e desmembrashymentos e permite que os Estados e Municiacutepios estabeleccedilam penas crishyminais aos infratores

Com essa lei os loteadores tiveram cerceadas suas liberdades (pelo

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menos em teoria) devendo curvar-se diretrizes urbaniacutesticas estabeleshycidas pelo Poder PClblico

A lei reconhece que cabe ao Poder Pllblico o papel principal no parcelamento do solo urbano dando condiccedilotildees de exercer amplamenshyte essas atribuiccedilotildees em todas as fases dos projetos de loteamentos ateacute mesmo processar criminalmente os faltosos

Quanto agrave questatildeo da propriedade a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica no seu artigo 160 item 3~ determina a funccedilatildeo social da propriedade significando que o uso da propriedade estaacute condicionada ao bem estar social

Ainda no que se refere agrave egislaccedilatildeo vinculada ao Solo Urbano parshy I 1 J bullbull - D bull bi tlQU acirciacuteiTlOlltordm quumliJnto ~l huacutel1l1iacutellsectlfiacute-1CcedilJO fU iC8 Irlecircfiacuteitertl reacutelerenCleacutel oS

seguintes iacutetens bull O artigo 107 da Constituiccedil50 da Repuacuteblica Federativa do 8rashy

sil estabelece As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico respondeshyratildeo pelos danos que seus funcionaacuterios nessa qualidade causem a terceiros Paraacutegrafo uacutenico -- caberaacute accediliacuteiacuteo regressiva contra o funcionaacuterio responsaacutevel nos casos oe culpa ou dolo

o O Coacutedigo Civil Brasileiro no seu artigo 15 determina que As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico satildeo civilmente responsaacuteveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem dashynos a terceiros procedendo de modo contraacuterio ao direito regresshysivo contra os causadores do dano

e Essas regras podem ser utilizadas toda vez que as normas geradas pela administraccedilatildeo Pllblica causem danos a terceiros (sem a corshyrespondente indenizaccedilatildeo) e que em contrapartida natildeo obedeshyccedilam aos princiacutepios legais que as levam agrave condiccedilatildeo de promotoshyras do bem estar social estabelecida na lei Magna (Art 1 OcircO item 3~)

Em maio de 83 foi enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei resultado de estudos conduzidos pelo Ministeacuterio do Interior que visava a mais profunda reforma da legislaccedilatildeo sobre o Uso do Solo da histoacuteria do Brasil Seria urna verdadeira Revoluccedilso Juriacutedica nas cidades brasileiras com repercussotildees sociais e pol iacuteticas na medida em que ccnshyferia ao Poder Puacuteblico atribuiccedilotildees sigoificativas nas relaccedilotildees com os cishydadatildeos particularmente no combate agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria

Os principais pontos desse Ante-Projeto eram os seguintes 4) Criaccedilatildeo de um estatuto juriacutedico proacuteprio da cidade em lugar da

legislaccedilatildeo concebida quando a sociedade brasileira era predominanteshymente rurai

71

G A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e urbanizaccedilatildeo especiacutefica de aacutereas urshybanas ocupadas por populaccedilotildees de baixa renda

6 A adequaccedilatildeo do direito de constituir as normas urban(sticas fi Criaccedilatildeo de novos instrumentos para habilitar administradores

urbanos a melhor orientar o crescimento das cidades e a corrigir distorshybull ccedilotildees o que implica a instituiccedilatildeo de novos instrumentos juriacutedicos

ti Direito agrave superfiacutecie que admite a existecircncia de uma superposishyccedilatildeo de dom fnios do mesmo terreno

amp O parcelamento edificaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo compulsoacuterios dos chamados vazios Urbanos

13 O direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribu iacutedo ao poshyder puacuteblico

il oualquer cidadatildeo ou associaccedilatildeo comunitaacuteria poderaacute impetrar accedilatildeo para impedir a ocupaccedilatildeo ou uso de imoacutevel urbano em desacordo com as normas urbaniacutesticas

Entre esses pontos baacutesicos vamos destacar alguns por ex o dishyreito de preempccedilatildeo ou seja preferecircncia do Poder Puacuteblico na aquisiccedilatildeo de Imoacuteveis O direito de superf(cie permitindo a separaccedilatildeo da proshypriedade da terra e da construccedilatildeo

Assim um proprietaacuterio sem recursos para construir pode abrir matildeo deste direito para outra pessoa mantendo a propriedade privada da terra Ou uma pessoa sem recursos para adquirir a terra que eacute multo cara e com condiccedilotildees de construir habilitar-5e-ia a esse direito de sushyperfiacutecie Hoje eacute impossiacutevel essa praacutetica porque na legislaccedilatildeo atual eacute indissoluacutevel a propriedade da construccedilatildeo e da terra Se fosse possiacutevel certamente haveria a ampliaccedilatildeo da possibilidade de acesso agrave moradia Esta praacutetica existe em vaacuterios paiacuteses como a Itaacutelia a Franccedila o Japatildeo os Estados Unidos etc

Entretanto transferir simplesmente a realidade de outros paiacuteses com outros costumes e outra praacutetica cultura e pai iacutetica aleacutem de ser uma questatildeo bastante delicada natildeo serviria para a realidade brasileira Essas questotildees contudo teriam que ser discutidas na comunidade posshysibilitando discussotildees e avanccedilo democraacutetico nas questotildees fundamentais referentes ao uso adequado do solo urbano 1leacutem disso o Brasil eacute um pa iacutes de dimensotildees continentais e o sentimento de propriedade estaacute enraizado na sua cultura Por outro lado assistir a uma multiplicaccedilatildeo de lotes sem ocupaccedilatildeo em aacutereas de valorizaccedilatildeo urbana aleacutem de ser antishysocial encarece muito o custo da urbanizaccedilatildeo igualmente injusto para a comunidade

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A qucst50 dos chamados vazos urbanos eacute bstiliite delicada porque esbarra no direito da propriedade privada na questatildeo das forshymas de utilizaccedilatildeo e na falta de uma egislaccedilatildeo adequada para normatizar a sua ocupaccedilatildeo Nem todosmiddot os vazios devem ser ocupados ficando a pergunta onde e de que fmma poderiam ser ocupados Nem todos os vazios significam simplesmente especulaccedilatildeo imobiliaacuteria ou reserva de valor Num paiacutes onde a situaccedilatildeo soacutecio pol iacutetica eacute violenta alijando a maior parte da populaccedilatildeo a uma situaccedilatildeo agrave margem dos miacutenimos direishytos humanos como estudar comer morar e trabalhar e com um sistema previdenciaacuterio ineficaz quem pode adquirir algum bem de raiacutez estaraacute pensando t8mbeacutem na sua segtJiilnccedil8 e neacutel sua feacutelll1 E () i iacuteduo tentando suprir parte das funccedilotildees do Estado

Apesar da inexistecircncia de dados concretos pode-se estimar o nuacuteshymero de lotes vazios da aacuterea urbana de Londrina em aproximadashymente 50000 unidades isto eacute cerca de metade da aacuterea urbana do mushyniacutecfpio ou os vazios comportariam no m iacuteniacutemo mais duas cidades de porte meacutedio (de cerca de 120000 habitantes cada) Ora eacute claro que natildeo eacute desejaacutevel que todos os lotes sejam simplesmente ocupados em forma de residecircncia mas esses dados servem para efeito comparativo Um outm aspecto ligado aos vazios eacute a questatildeo da aprovaccedilatildeo dos loshyteamentos peas Prefeituras sem a necessaacuteria destinaccedilatildeo de praccedilas aacutereas verdes aacutereas de lazer ou aacutereas destinadas agrave comunidade nos loteamenshytos

Assim os vazios devem ser bem definidos e planejados tanto para a sua constituiccedilatildeo como para o seu uso

Em Londrina a questatildeo eacute muito pois haacute chaacutecaras siacutetios e fazenda entre os conjuntos habitacionais e outros loteamentos com caracteriacutesticas niacutetidas de unidades rurais produtivas

Quanto ao direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribuiacute-shydo ao poder puacuteblico surgem algumas questotildees como

fA) intenccedilotildees do Prefeito (rna ou bem intencionado) (Q desestiacutemulo aos investimentos imobiliaacuterios A simples e total

marginalizaccedilatildeo do empreendedor natildeo eacute salutar o falta de uma adequada diretriz global com reviSOtildeeS constantes o onde e de que forma a populaccedilatildeo participa (Conselhos Comushy

nitaacuterios participaccedilatildeo democraacutetica etc) Uma outra questatildeo eacute a Reforma Tributaacuteria adequada quanto ao

estoque de terrenos natildeo eacute o caso da retenccedilatildeo pelas grandes construtoshyras que geralmente natildeo imobiiizam o seu Capital natildeo investindo granshy

I

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des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

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Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 4: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

menos em teoria) devendo curvar-se diretrizes urbaniacutesticas estabeleshycidas pelo Poder PClblico

A lei reconhece que cabe ao Poder Pllblico o papel principal no parcelamento do solo urbano dando condiccedilotildees de exercer amplamenshyte essas atribuiccedilotildees em todas as fases dos projetos de loteamentos ateacute mesmo processar criminalmente os faltosos

Quanto agrave questatildeo da propriedade a Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica no seu artigo 160 item 3~ determina a funccedilatildeo social da propriedade significando que o uso da propriedade estaacute condicionada ao bem estar social

Ainda no que se refere agrave egislaccedilatildeo vinculada ao Solo Urbano parshy I 1 J bullbull - D bull bi tlQU acirciacuteiTlOlltordm quumliJnto ~l huacutel1l1iacutellsectlfiacute-1CcedilJO fU iC8 Irlecircfiacuteitertl reacutelerenCleacutel oS

seguintes iacutetens bull O artigo 107 da Constituiccedil50 da Repuacuteblica Federativa do 8rashy

sil estabelece As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico respondeshyratildeo pelos danos que seus funcionaacuterios nessa qualidade causem a terceiros Paraacutegrafo uacutenico -- caberaacute accediliacuteiacuteo regressiva contra o funcionaacuterio responsaacutevel nos casos oe culpa ou dolo

o O Coacutedigo Civil Brasileiro no seu artigo 15 determina que As pessoas juriacutedicas de direito puacuteblico satildeo civilmente responsaacuteveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem dashynos a terceiros procedendo de modo contraacuterio ao direito regresshysivo contra os causadores do dano

e Essas regras podem ser utilizadas toda vez que as normas geradas pela administraccedilatildeo Pllblica causem danos a terceiros (sem a corshyrespondente indenizaccedilatildeo) e que em contrapartida natildeo obedeshyccedilam aos princiacutepios legais que as levam agrave condiccedilatildeo de promotoshyras do bem estar social estabelecida na lei Magna (Art 1 OcircO item 3~)

Em maio de 83 foi enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei resultado de estudos conduzidos pelo Ministeacuterio do Interior que visava a mais profunda reforma da legislaccedilatildeo sobre o Uso do Solo da histoacuteria do Brasil Seria urna verdadeira Revoluccedilso Juriacutedica nas cidades brasileiras com repercussotildees sociais e pol iacuteticas na medida em que ccnshyferia ao Poder Puacuteblico atribuiccedilotildees sigoificativas nas relaccedilotildees com os cishydadatildeos particularmente no combate agrave especulaccedilatildeo imobiliaacuteria

Os principais pontos desse Ante-Projeto eram os seguintes 4) Criaccedilatildeo de um estatuto juriacutedico proacuteprio da cidade em lugar da

legislaccedilatildeo concebida quando a sociedade brasileira era predominanteshymente rurai

71

G A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e urbanizaccedilatildeo especiacutefica de aacutereas urshybanas ocupadas por populaccedilotildees de baixa renda

6 A adequaccedilatildeo do direito de constituir as normas urban(sticas fi Criaccedilatildeo de novos instrumentos para habilitar administradores

urbanos a melhor orientar o crescimento das cidades e a corrigir distorshybull ccedilotildees o que implica a instituiccedilatildeo de novos instrumentos juriacutedicos

ti Direito agrave superfiacutecie que admite a existecircncia de uma superposishyccedilatildeo de dom fnios do mesmo terreno

amp O parcelamento edificaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo compulsoacuterios dos chamados vazios Urbanos

13 O direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribu iacutedo ao poshyder puacuteblico

il oualquer cidadatildeo ou associaccedilatildeo comunitaacuteria poderaacute impetrar accedilatildeo para impedir a ocupaccedilatildeo ou uso de imoacutevel urbano em desacordo com as normas urbaniacutesticas

Entre esses pontos baacutesicos vamos destacar alguns por ex o dishyreito de preempccedilatildeo ou seja preferecircncia do Poder Puacuteblico na aquisiccedilatildeo de Imoacuteveis O direito de superf(cie permitindo a separaccedilatildeo da proshypriedade da terra e da construccedilatildeo

Assim um proprietaacuterio sem recursos para construir pode abrir matildeo deste direito para outra pessoa mantendo a propriedade privada da terra Ou uma pessoa sem recursos para adquirir a terra que eacute multo cara e com condiccedilotildees de construir habilitar-5e-ia a esse direito de sushyperfiacutecie Hoje eacute impossiacutevel essa praacutetica porque na legislaccedilatildeo atual eacute indissoluacutevel a propriedade da construccedilatildeo e da terra Se fosse possiacutevel certamente haveria a ampliaccedilatildeo da possibilidade de acesso agrave moradia Esta praacutetica existe em vaacuterios paiacuteses como a Itaacutelia a Franccedila o Japatildeo os Estados Unidos etc

Entretanto transferir simplesmente a realidade de outros paiacuteses com outros costumes e outra praacutetica cultura e pai iacutetica aleacutem de ser uma questatildeo bastante delicada natildeo serviria para a realidade brasileira Essas questotildees contudo teriam que ser discutidas na comunidade posshysibilitando discussotildees e avanccedilo democraacutetico nas questotildees fundamentais referentes ao uso adequado do solo urbano 1leacutem disso o Brasil eacute um pa iacutes de dimensotildees continentais e o sentimento de propriedade estaacute enraizado na sua cultura Por outro lado assistir a uma multiplicaccedilatildeo de lotes sem ocupaccedilatildeo em aacutereas de valorizaccedilatildeo urbana aleacutem de ser antishysocial encarece muito o custo da urbanizaccedilatildeo igualmente injusto para a comunidade

72

---------shy

A qucst50 dos chamados vazos urbanos eacute bstiliite delicada porque esbarra no direito da propriedade privada na questatildeo das forshymas de utilizaccedilatildeo e na falta de uma egislaccedilatildeo adequada para normatizar a sua ocupaccedilatildeo Nem todosmiddot os vazios devem ser ocupados ficando a pergunta onde e de que fmma poderiam ser ocupados Nem todos os vazios significam simplesmente especulaccedilatildeo imobiliaacuteria ou reserva de valor Num paiacutes onde a situaccedilatildeo soacutecio pol iacutetica eacute violenta alijando a maior parte da populaccedilatildeo a uma situaccedilatildeo agrave margem dos miacutenimos direishytos humanos como estudar comer morar e trabalhar e com um sistema previdenciaacuterio ineficaz quem pode adquirir algum bem de raiacutez estaraacute pensando t8mbeacutem na sua segtJiilnccedil8 e neacutel sua feacutelll1 E () i iacuteduo tentando suprir parte das funccedilotildees do Estado

Apesar da inexistecircncia de dados concretos pode-se estimar o nuacuteshymero de lotes vazios da aacuterea urbana de Londrina em aproximadashymente 50000 unidades isto eacute cerca de metade da aacuterea urbana do mushyniacutecfpio ou os vazios comportariam no m iacuteniacutemo mais duas cidades de porte meacutedio (de cerca de 120000 habitantes cada) Ora eacute claro que natildeo eacute desejaacutevel que todos os lotes sejam simplesmente ocupados em forma de residecircncia mas esses dados servem para efeito comparativo Um outm aspecto ligado aos vazios eacute a questatildeo da aprovaccedilatildeo dos loshyteamentos peas Prefeituras sem a necessaacuteria destinaccedilatildeo de praccedilas aacutereas verdes aacutereas de lazer ou aacutereas destinadas agrave comunidade nos loteamenshytos

Assim os vazios devem ser bem definidos e planejados tanto para a sua constituiccedilatildeo como para o seu uso

Em Londrina a questatildeo eacute muito pois haacute chaacutecaras siacutetios e fazenda entre os conjuntos habitacionais e outros loteamentos com caracteriacutesticas niacutetidas de unidades rurais produtivas

Quanto ao direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribuiacute-shydo ao poder puacuteblico surgem algumas questotildees como

fA) intenccedilotildees do Prefeito (rna ou bem intencionado) (Q desestiacutemulo aos investimentos imobiliaacuterios A simples e total

marginalizaccedilatildeo do empreendedor natildeo eacute salutar o falta de uma adequada diretriz global com reviSOtildeeS constantes o onde e de que forma a populaccedilatildeo participa (Conselhos Comushy

nitaacuterios participaccedilatildeo democraacutetica etc) Uma outra questatildeo eacute a Reforma Tributaacuteria adequada quanto ao

estoque de terrenos natildeo eacute o caso da retenccedilatildeo pelas grandes construtoshyras que geralmente natildeo imobiiizam o seu Capital natildeo investindo granshy

I

73

des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

74

L-_________________________________________________________________________________________________-shy

Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 5: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

G A regularizaccedilatildeo fundiaacuteria e urbanizaccedilatildeo especiacutefica de aacutereas urshybanas ocupadas por populaccedilotildees de baixa renda

6 A adequaccedilatildeo do direito de constituir as normas urban(sticas fi Criaccedilatildeo de novos instrumentos para habilitar administradores

urbanos a melhor orientar o crescimento das cidades e a corrigir distorshybull ccedilotildees o que implica a instituiccedilatildeo de novos instrumentos juriacutedicos

ti Direito agrave superfiacutecie que admite a existecircncia de uma superposishyccedilatildeo de dom fnios do mesmo terreno

amp O parcelamento edificaccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo compulsoacuterios dos chamados vazios Urbanos

13 O direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribu iacutedo ao poshyder puacuteblico

il oualquer cidadatildeo ou associaccedilatildeo comunitaacuteria poderaacute impetrar accedilatildeo para impedir a ocupaccedilatildeo ou uso de imoacutevel urbano em desacordo com as normas urbaniacutesticas

Entre esses pontos baacutesicos vamos destacar alguns por ex o dishyreito de preempccedilatildeo ou seja preferecircncia do Poder Puacuteblico na aquisiccedilatildeo de Imoacuteveis O direito de superf(cie permitindo a separaccedilatildeo da proshypriedade da terra e da construccedilatildeo

Assim um proprietaacuterio sem recursos para construir pode abrir matildeo deste direito para outra pessoa mantendo a propriedade privada da terra Ou uma pessoa sem recursos para adquirir a terra que eacute multo cara e com condiccedilotildees de construir habilitar-5e-ia a esse direito de sushyperfiacutecie Hoje eacute impossiacutevel essa praacutetica porque na legislaccedilatildeo atual eacute indissoluacutevel a propriedade da construccedilatildeo e da terra Se fosse possiacutevel certamente haveria a ampliaccedilatildeo da possibilidade de acesso agrave moradia Esta praacutetica existe em vaacuterios paiacuteses como a Itaacutelia a Franccedila o Japatildeo os Estados Unidos etc

Entretanto transferir simplesmente a realidade de outros paiacuteses com outros costumes e outra praacutetica cultura e pai iacutetica aleacutem de ser uma questatildeo bastante delicada natildeo serviria para a realidade brasileira Essas questotildees contudo teriam que ser discutidas na comunidade posshysibilitando discussotildees e avanccedilo democraacutetico nas questotildees fundamentais referentes ao uso adequado do solo urbano 1leacutem disso o Brasil eacute um pa iacutes de dimensotildees continentais e o sentimento de propriedade estaacute enraizado na sua cultura Por outro lado assistir a uma multiplicaccedilatildeo de lotes sem ocupaccedilatildeo em aacutereas de valorizaccedilatildeo urbana aleacutem de ser antishysocial encarece muito o custo da urbanizaccedilatildeo igualmente injusto para a comunidade

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A qucst50 dos chamados vazos urbanos eacute bstiliite delicada porque esbarra no direito da propriedade privada na questatildeo das forshymas de utilizaccedilatildeo e na falta de uma egislaccedilatildeo adequada para normatizar a sua ocupaccedilatildeo Nem todosmiddot os vazios devem ser ocupados ficando a pergunta onde e de que fmma poderiam ser ocupados Nem todos os vazios significam simplesmente especulaccedilatildeo imobiliaacuteria ou reserva de valor Num paiacutes onde a situaccedilatildeo soacutecio pol iacutetica eacute violenta alijando a maior parte da populaccedilatildeo a uma situaccedilatildeo agrave margem dos miacutenimos direishytos humanos como estudar comer morar e trabalhar e com um sistema previdenciaacuterio ineficaz quem pode adquirir algum bem de raiacutez estaraacute pensando t8mbeacutem na sua segtJiilnccedil8 e neacutel sua feacutelll1 E () i iacuteduo tentando suprir parte das funccedilotildees do Estado

Apesar da inexistecircncia de dados concretos pode-se estimar o nuacuteshymero de lotes vazios da aacuterea urbana de Londrina em aproximadashymente 50000 unidades isto eacute cerca de metade da aacuterea urbana do mushyniacutecfpio ou os vazios comportariam no m iacuteniacutemo mais duas cidades de porte meacutedio (de cerca de 120000 habitantes cada) Ora eacute claro que natildeo eacute desejaacutevel que todos os lotes sejam simplesmente ocupados em forma de residecircncia mas esses dados servem para efeito comparativo Um outm aspecto ligado aos vazios eacute a questatildeo da aprovaccedilatildeo dos loshyteamentos peas Prefeituras sem a necessaacuteria destinaccedilatildeo de praccedilas aacutereas verdes aacutereas de lazer ou aacutereas destinadas agrave comunidade nos loteamenshytos

Assim os vazios devem ser bem definidos e planejados tanto para a sua constituiccedilatildeo como para o seu uso

Em Londrina a questatildeo eacute muito pois haacute chaacutecaras siacutetios e fazenda entre os conjuntos habitacionais e outros loteamentos com caracteriacutesticas niacutetidas de unidades rurais produtivas

Quanto ao direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribuiacute-shydo ao poder puacuteblico surgem algumas questotildees como

fA) intenccedilotildees do Prefeito (rna ou bem intencionado) (Q desestiacutemulo aos investimentos imobiliaacuterios A simples e total

marginalizaccedilatildeo do empreendedor natildeo eacute salutar o falta de uma adequada diretriz global com reviSOtildeeS constantes o onde e de que forma a populaccedilatildeo participa (Conselhos Comushy

nitaacuterios participaccedilatildeo democraacutetica etc) Uma outra questatildeo eacute a Reforma Tributaacuteria adequada quanto ao

estoque de terrenos natildeo eacute o caso da retenccedilatildeo pelas grandes construtoshyras que geralmente natildeo imobiiizam o seu Capital natildeo investindo granshy

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des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

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Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 6: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

A qucst50 dos chamados vazos urbanos eacute bstiliite delicada porque esbarra no direito da propriedade privada na questatildeo das forshymas de utilizaccedilatildeo e na falta de uma egislaccedilatildeo adequada para normatizar a sua ocupaccedilatildeo Nem todosmiddot os vazios devem ser ocupados ficando a pergunta onde e de que fmma poderiam ser ocupados Nem todos os vazios significam simplesmente especulaccedilatildeo imobiliaacuteria ou reserva de valor Num paiacutes onde a situaccedilatildeo soacutecio pol iacutetica eacute violenta alijando a maior parte da populaccedilatildeo a uma situaccedilatildeo agrave margem dos miacutenimos direishytos humanos como estudar comer morar e trabalhar e com um sistema previdenciaacuterio ineficaz quem pode adquirir algum bem de raiacutez estaraacute pensando t8mbeacutem na sua segtJiilnccedil8 e neacutel sua feacutelll1 E () i iacuteduo tentando suprir parte das funccedilotildees do Estado

Apesar da inexistecircncia de dados concretos pode-se estimar o nuacuteshymero de lotes vazios da aacuterea urbana de Londrina em aproximadashymente 50000 unidades isto eacute cerca de metade da aacuterea urbana do mushyniacutecfpio ou os vazios comportariam no m iacuteniacutemo mais duas cidades de porte meacutedio (de cerca de 120000 habitantes cada) Ora eacute claro que natildeo eacute desejaacutevel que todos os lotes sejam simplesmente ocupados em forma de residecircncia mas esses dados servem para efeito comparativo Um outm aspecto ligado aos vazios eacute a questatildeo da aprovaccedilatildeo dos loshyteamentos peas Prefeituras sem a necessaacuteria destinaccedilatildeo de praccedilas aacutereas verdes aacutereas de lazer ou aacutereas destinadas agrave comunidade nos loteamenshytos

Assim os vazios devem ser bem definidos e planejados tanto para a sua constituiccedilatildeo como para o seu uso

Em Londrina a questatildeo eacute muito pois haacute chaacutecaras siacutetios e fazenda entre os conjuntos habitacionais e outros loteamentos com caracteriacutesticas niacutetidas de unidades rurais produtivas

Quanto ao direito de preferecircncia na compra do imoacutevel atribuiacute-shydo ao poder puacuteblico surgem algumas questotildees como

fA) intenccedilotildees do Prefeito (rna ou bem intencionado) (Q desestiacutemulo aos investimentos imobiliaacuterios A simples e total

marginalizaccedilatildeo do empreendedor natildeo eacute salutar o falta de uma adequada diretriz global com reviSOtildeeS constantes o onde e de que forma a populaccedilatildeo participa (Conselhos Comushy

nitaacuterios participaccedilatildeo democraacutetica etc) Uma outra questatildeo eacute a Reforma Tributaacuteria adequada quanto ao

estoque de terrenos natildeo eacute o caso da retenccedilatildeo pelas grandes construtoshyras que geralmente natildeo imobiiizam o seu Capital natildeo investindo granshy

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des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

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Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 7: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

des somas em imoacuteveis mas sim pelos loteadores imobiliaacuterias ou ex-proshyprietaacuterios rurais que entregaram para os loteadores

A via de mecanismos tributaacuterios necessita de muito aperfeiccediloashymento no Brasil Com o processo de crescimento urbano desordenado com deslocamentos ou localizaccedilotildees de pessoas de baixa renda para 10shy

o cais de difiacutecil acesso ao trabalho e aos equipamentos sociais de uso coletivo gerando desigualdades e tensotildees sociais e descontentamentos de uma grande camada da populaccedilatildeo as mobilizaccedilotildees jaacute comeccedilam a surgir nos vaacuterios setores urbanos

A fixaccedilatildeo e limitaccedilatildeo das aliacutequotas do Imposto Predial e Terrishytorial Urbano eacute assunto de competecircncia do Munic(pio Assim uma gestatildeQ QordfmggnHiGa daacute gldeuroldG sectjgnifleaacute tambeacutem UfIacutela Hxaccedilaoacute Justa daacutes al(quotagraveS

O arquiteto Luis Cesar da Silva em entrevista concedida por ocashysiatildeo das discussotildees do Ante-Projeto de 83 afirmou o seguinte

~Eu defendo que noacutes precisamos de um pano duradouro de ocushypaccedilatildeo do nosso solo elaborado com participaccedilatildeo da populaccedilatildeo para natildeo ficar sujeito agrave injunccedilotildees poliacuteticas e alteraccedilotildees radicais a cada mudanccedila de Prefeito (Folha de Londrina 150583 pA) Outras questotildees que gostaria de abordar eacute quanto agrave proteccedilatildeo aos

bens culturais atraveacutes de tombamentos e a proteccedilatildeo juriacutedica do meio ambiente ambas amparadas pela legislaccedilatildeo brasileira

Foi na Constituiccedilatildeo do Brasil de 1934 que se introduziu pela prishymeira vez a prerrogativa do poder puacuteblico de proteccedilatildeo aos bens cu Itushyrais Em seu artigo 148 diz

cabe agrave Uniatildeo e aos estados favorecer e animar o desenvolvishymento das ciecircncias das artes e da cultura em geral proteger os objetos de interesse histoacuterico e o patrimocircnio artiacutestico do Paiacutes bem como prestar assistecircncia ao trabalhador intelectual

Texto de igual ordem incluindo a referecircncia tambeacutem aos munimiddot ciacutepios foi repetidona Constituiccedilatildeo de 1937 ao dispor em seu artigo 134 que

os monumentos histoacutericos artiacutesticos e naturais como as paimiddot sagens ou locais particularmente dotados pela natureza gozam de proteccedilatildeo e dos cuidados especiais da Naccedilatildeo dos estados e dos municiacutepios e li bullbullbull os atentados contra ele cometidos seratildeo equiparados aos coshymetidos contra o patrimocircnio nacional

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Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 8: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

Igualmente na Constituiccedilatildeo de 1946 continuou a manter o disposhysitivo que colocava sob a proteccedilatildeo do poder puacuteblico

li as obras monumentos e documentos de valor histoacuterico e artiacutesshytico bem corno os monumentos naturais as paisagens e locais de particular beleza (CASTRO SR Tombamento e Proteccedilatildeo aos Bens Culturais idem idem op clt) Haacute decretos que normatizaram a questatildeo como por ex o Decreshy

to-Lei n9 25 de 37 o Decreto-Legislativo n~ 74 de 1977 que aprovou a Convenccedilatildeo relativa agrave Proteccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial Cultural e Natural que se tornou lei interna no Paiacutes

No planejamento urbano essas questotildees devem merecPor at~nccedil50 especial particularmente no caso de Londrina o poder puacuteblico e a coshymunidade deveriam atuar conjuntamente para que riqu iacutessimos patrishymocircnios natildeo sejam sistematicamente demolidos destru (dos ou sem a devida atenccedilatildeo que merecem

Uma outra questatildeo eacute a da preservaccedilatildeo do Meio Ambiente que antes de tudo eacute uma questatildeo de consciecircncia coletiva e de educaccedilatildeo O livro Primavera Silenciosa da cientista americana Rachei Carson foi um grande exemplo para a humanidade

O Jurista Seacutergio Mazzillo no seu artigo Proteccedilatildeo Juriacutedica do Meio Ambiente (op cit) diz que li bullbullbull a definiccedilatildeo juriacutedica do meio amshybiente e as justificativas para sua defesa natildeo foram alvo de maiores atenccedilotildees dos doutrinadores e a consequecircnciacutea i nevitaacutevel desta ineacutercia doutrinaacuteria e legislativa eacute a quase completa ausecircncia de decisotildees judishyciais

Essas duas questotildees foram aqui inseridas pois dizem respeito dishyretamente agraves formas como vem sendo dilapidadas as nossas riquezas loshycais e regionais Natildeo temos mais resquiacutecios do Ambiente onde foram instalados os assentamentos urbanos e rurais no Norte do Paranaacute natildeo soacute em termos de fauna e flora mas tambeacutem as primeiras construccedilotildees urbanas satildeo sistematicamente destru (das cedendo lugar ao crescimento vertical intenso nos uacuteltimos 5 anos

Sintetizando colocaccedilotildees anteriores colocamos algumas questotildees para a nossa reflexatildeo hoje

bull necessidade de levantar a questatildeo da Reforma Urbana ainda em fase bem incipiente e embrionaacuteria no Brasil

bull aprofundamento das questotildees jurdiacuteco-institucionais para a reashylidade do uso e ocupaccedilatildeo do solo urbano

bull disciplinamento adequado agrave realidade de cada cidade brasileishyra coibindo abusos e orientando a racionalizaccedilatildeo e otimizaccedilatildeo

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate

Page 9: Produção e reprodução do espaço urbano de Londrina à luz e à margem da legislação.pdf

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do espaccedilo urbano para todos os segmentos da populaccedilatildeo prioshyrizando a populaccedilatildeo de baixa renda

bull necessidade de maior conhecimento pela populaccedilatildeo do processhyso de uso e ocupaccedilatildeo da sua cidade mantendo-se informados e participando da gestatildeo urbana

08S Apoacutes a palestra as vaacuterias cartas temaacuteticas sobremiddoto crescimento desordenado de Londrina foram explanadas ao plenaacuterio para facilitar o debate