produÇÃo e aplicaÇÃo de recursos didÁticos para o … · a voz é o som mais complexo e...

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PRODUÇÃO E APLICAÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE

FONAÇÃO COM ALUNOS DE ENSINO FUNDAMENTAL

Autor: Leandro Scarparo1

Orientador: Rafael Bruno Neto2

Resumo

O trabalho apresentado neste artigo teve como objetivo apontar recursos didáticos apropriados para o ensino da fonação, no ensino fundamental de Ciências. Ele foi desenvolvido levando para os alunos conceitos sobre som e produção da voz, por meio de experimentação mecânica e digital, sempre acompanhada de teorias modernas de especialistas do assunto e atividades práticas para aprofundamento. Os alunos conseguiram, além de assimilar os conceitos físicos e biológicos, compreender a importância do aperfeiçoamento da voz para exercerem melhor sua função na sociedade. Os recursos usados contribuíram muito na aquisição desses conhecimentos.

Palavras- chave: Recursos didáticos; ensino; fonação; voz.

1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais o ser humano interage e cria relações com o ambiente e os

seres que dele fazem parte, bem como com as novas tecnologias que, ultimamente,

surgem numa velocidade espantosa. Toda essa interação é causada por estímulos

externos que o organismo humano recebe por meio dos órgãos dos sentidos. A

anatomia e fisiologia desses órgãos são estudadas desde as séries primárias até o

Ensino Médio. No entanto, este mesmo organismo possui um mecanismo especial

1 Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. E-mail: [email protected]

2 Professor Doutor Adjunto do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Estadual de

Maringá/PR, e-mail: [email protected]

de comunicação com o mundo que raramente é objeto de estudo nesses níveis de

ensino, a fonação. Conhecer esses estímulos e mecanismos proporciona novas

perspectivas de interação e relacionamento, além de melhor aproveitamento da

tecnologia com uso responsável e saudável.

Um desses estímulos é o som. Ele é uma instigante forma de energia

presente no cotidiano dos seres humanos e, diga-se de passagem, principalmente

através da música, de maneira profunda na vida dos adolescentes que se encontram

nas escolas. Nelas, está sendo ensinado como o som é percebido e interiorizado no

organismo humano por meio do aparelho auditivo, mas pouco se ensina sobre como

ele é produzido e articulado por esse mesmo organismo que lhe confere uma forma

extraordinária de comunicação. O fato é que o estudo da anatomia e fisiologia do

aparelho fonador, responsável pela produção da voz, muitas vezes se depara com

barreiras que impedem que aconteça a aprendizagem do mesmo. Na maioria das

vezes, fica até mesmo excluído dos conteúdos nos planejamentos, ora porque

pedagogicamente é visto como desnecessário, ora porque exige alguns

conhecimentos que, na maioria dos casos, professores de Ciências não os têm e

não se interessam em adquiri-los. O argumento é de que esse objeto de estudo não

tem relevância no Ensino Médio e tão pouco no Ensino Fundamental. No entanto, se

mais atenção for prestada, há de se observar o quanto o som articulado pelo

aparelho fonador humano pode interferir em suas relações. Também não se pode

negar o quanto o conhecimento da anatomia e fisiologia do aparelho fonador e de

seu bom uso pode contribuir na vida social de cada um desses futuros cidadãos,

inclusive em suas vidas profissionais que poderão depender muito desse

conhecimento. Não se trata apenas de profissões que necessitam da fala ou do

canto, mas, muitas vezes, de uma simples entrevista para emprego que pode

desclassificar um candidato por não se entender bem o que ele diz. Além do mais, é

importante que se ressalte o número de professores universitários que possui vasto

conhecimento em suas áreas, mas tem uma fonação ruim que impede sua

transmissão eficiente. Há de se lembrar ainda que a falta desse conhecimento tem

levado muita gente, inclusive profissionais da educação, a terem problemas de

saúde vocal, o que afeta não só o aparelho fonador, como também a autoestima

gerando forte estresse e criando possibilidades para a depressão.

Por isso, a proposta de se efetuar, como pede a DCE-Ciências do Estado do

Paraná, um estudo contextualizado, social e historicamente, além de enriquecida

pela interdisciplinaridade, da relação do conteúdo citado com a saúde do aparelho

fonador, com a arte nas mais variadas formas, principalmente as formas musicais,

bem como, com a empregabilidade da voz no exercício das profissões, incluindo a

cultura da produção de novos aparatos tecnológicos que permitem a ampliação e

efeitos vocais, e com o estudo ambiental diante da poluição sonora em que estamos

vivendo.

Conhecimentos sobre esse conteúdo podem intervir na forma de pensar e

agir dos alunos porque possibilita a desenvoltura vocal dos mesmos, conservando

melhor a saúde do aparelho fonador que, aliás, está se tornando um problema de

saúde pública, fazendo com que entendam melhor o papel da voz nas artes, na vida

social e profissional, além da produção de instrumentos sonoros e suas novas

tecnologias que estão à disposição para o uso consciente da fala e do canto de

acordo com as exigências ambientais.

2. Fundamentação teórica

O som é um estímulo poderoso entre os seres vivos. Através dele, os seres

reagem, interagem e criam relações no meio em que vivem. Entre esses seres, está

o ser humano com sua fantástica capacidade de criação, transformação e utilização

de recursos e, que em sua evolução histórica, desenvolveu um poderosíssimo meio

de comunicação, a fonação. Conhecer melhor a anatomia e fisiologia do aparelho

fonador permite a seleção de recursos didáticos para o ensino desse conhecimento

em sala de aula possibilitando a compreensão da utilização da voz de uma maneira

saudável e eficaz.

Mas, o que é a voz afinal? Numa definição simples, Aurélio (2001), descreve

como sendo o som ou conjunto de sons emitidos pelo aparelho fonador. No entanto,

sabe-se que a voz possui um conceito muito mais amplo. Pedro Bloch (1986), por

exemplo, defende que a voz é a expressão sonora da personalidade humana e que

a cultivando se está expandindo a maneira de ser. Já, segundo Sira da Silva (1997),

a voz é uma função adquirida e... “adquirinda”. Um pouco mais adiante, ela ainda

afirma:

Voz é choque (encontro) de dois “ares”: o que sai do pulmão, sobe pela

traquéia – laringe, fecha a fenda sub-glótica por pressão, chega ao pavilhão

bucal e [...] em contato com o ar da atmosfera entra em vibração a nível dos

lábios. Percebemos, então que a voz é o produto de duas forças que se

antepõem: a força de expulsão do ar (arco respiratório) e a força de

retenção na adução das cordas vocais, permanecendo fechada a fenda

glótica enquanto dure o som. (SIRA DA SILVA, 1997, p. 13).

Para Daniel R. Boone (1996), a voz é exatamente como uma impressão digital, ou

seja, identifica cada ser humano. Mara Behlau e Maria Inês Rehder conceituam a

voz da seguinte forma:

A voz é o som mais complexo e sofisticado produzido pelo nosso corpo, de

tal modo voluntário que podemos modificá-lo e exercer sobre ele um

controle excepcional. (BEHLAU & REHDER, 1997, p. 2)

Juntamente com Paulo Fontes, Mara Behlau (2001) ainda descreve:

A voz humana já existe desde o nascimento e se manifesta através do

choro, riso e grito. Assim, desde o início da vida, a voz torna-se um dos

meios de interação mais poderosos do indivíduo e se constitui no modo

básico de comunicação entre as pessoas.

Comunicamo-nos de múltiplas formas: pelo olhar, pelos gestos, pela

expressão corporal, pela expressão facial e pela fala. A voz, porém, é

responsável por uma porcentagem muito grande das informações contidas

em uma mensagem que estamos veiculando e revela muita coisa sobre nós

mesmos. (BEHLAU & PONTES, 2001, p. 1)

Mara Behlau e cols. (2004) fazem outra citação sobre a voz:

A voz é um componente importante na comunicação interpessoal. É ela que

transmite palavras, mensagens e sentimentos; e, por isso, é em grande

parte responsável pelo sucesso das interações humanas em âmbito privado

ou profissional. (BEHLAU; DRAGONE; NAGANO, 2004, p. 1)

Outros autores recentes como Silvia Pinho e Paulo Fontes (2008), referem-se

à voz de maneira mais fisiológica, dando o conceito de fonação:

A fonação é um “ato físico de produção do som por meio da interação das

pregas vocais com a corrente de ar exalada. Os puffs são liberados em

frequência audível (fonte glótica), ressoando nas cavidades supraglóticas do

trato vocal” (filtro). (PINHO & PONTES, 2008, p. 8)

Como se pode observar por meio desses conceitos, a voz tem uma

importância maior do que os seres humanos lhe atribui. Como relata Pedro Bloch

(1986), a voz revela a saúde, a cultura, a região, o grau de segurança, os fatores

subjacentes, alterações endócrinas, mil e uma coisa. Pode-se fazer uma verdadeira

psicanálise vocal.

O que há de muito interessante entre esses autores é que todos associam a

voz com a personalidade de cada ser humano e de sua capacidade de interação e

relação, o que está intrinsecamente ligado ao sucesso ou fracasso de sua função

social. Sendo assim, conhecer a base do processo fonador por meio de estudos

anátomo-fisiológicos, possibilita o indivíduo a fazer a escolha de melhorar sua voz e

assim, melhorar também seu relacionamento com outros, interagindo de maneira

mais eficaz na sociedade e, quem sabe, tirando melhor proveito para sua vida

profissional. A voz de cada indivíduo traz um impacto diferente para outros. Ela pode

servir para aproximar ou afastar pessoas, causar simpatia ou antipatia, promover

compreensão do que se está falando ou não, provocar interpretações acertadas ou

completamente equivocadas do que se está querendo dizer. Tudo isso, porque a voz

possui muitas variáveis, como timbre, intensidade, forma de projeção, entonação,

ritmo de fala, pausas de respiração e articulação. Esse impacto psicológico que a

voz provoca nos interlocutores é chamado de psicodinâmica vocal (BEHLAU &

PONTES, 1995). Daí pode-se afirmar que a voz bem estruturada e colocada, com

sua psicodinâmica, torna-se crucial para que haja empatia entre indivíduos

causando maior vínculo entre eles. Há de se considerar isso também na educação,

tanto a familiar, como a escolar. Quantas vezes pais não conseguiram esclarecer

seu ponto de vista para os filhos por não estar com a voz centrada causando

confusão no entendimento? Quantas vezes professores não conseguiram transmitir

o conteúdo desejado por estar com a voz alterada? Quantas vezes alunos se

estranharam simplesmente por falarem frases com entonação ruim causando má

interpretação?

Não há dúvidas. O comportamento vocal melhora quando se entende a

produção da voz. Este entendimento deve ser feito por meio de estudos da anatomia

e fisiologia do aparelho fonador. E por todos os motivos já citados, acredita-se que

ao sistema educacional cabe a responsabilidade de proporcionar este conhecimento

por meio do ensino nas escolas, começando pelo nível fundamental e aprofundando

no ensino médio. O estudo do aparelho fonador, ou da voz, não pode continuar

sendo irrelevante nos bancos escolares, pois, na perspectiva de uma educação que

prima pela aplicação de conteúdos significativos, isso é inadmissível.

Mas, o que diz a Matriz Curricular Estadual de Ciências? Vejamos alguns

pontos.

1°) Seria o aparelho fonador um objeto de estudos para o ensino de Ciências no

ensino fundamental? A DCE-Ciências cita que,

A disciplina de Ciências tem como objeto de estudo o conhecimento

científico que resulta da investigação da Natureza. Do ponto de vista

científico, entende-se por Natureza o conjunto de elementos integradores

que constitui o Universo em toda sua complexidade. Ao ser humano cabe

interpretar racionalmente os fenômenos observados na Natureza,

resultantes das relações entre elementos fundamentais como tempo,

espaço, matéria, movimento, força, campo, energia e vida. (DCE-Ciências –

2008).

Considerando-se, então, que o aparelho fonador é parte fisiológica do corpo

humano (vida) e produz a voz que é uma forma de 'energia' que se propaga,

portanto tem 'movimento', pode-se afirmar que o mesmo deve fazer parte do

currículo escolar.

2°) Alunos de ensino fundamental teriam formação cognitiva suficiente para

aprender tais conceitos científicos? Para Vygotsky,

[...] há uma distância entre o que o estudante já sabe e consegue

efetivamente fazer ou resolver por ele mesmo (nível de desenvolvimento

real) e o que o estudante ainda não sabe, mas pode vir a saber, com

mediação de outras pessoas (nível de desenvolvimento potencial). (DCE-

Ciências – 2008).

Fundamentado nessa concepção, pode-se afirmar que o trabalho de

mediação do professor, será determinante entre os variáveis níveis de

desenvolvimento potencial e real de cada aluno, sendo importante para isso, que o

mesmo considere suas capacidades e habilidades cognitivas.

3°) Como fazer com que esse conteúdo seja significativo para o aluno? Para

responder esta questão, a DCE-Ciências, traz duas citações importantes:

O estudante constrói significados cada vez que estabelece relações

'substantivas e não-arbitrárias' entre o que conhece de aprendizagens

anteriores (nível de desenvolvimento real – conhecimentos alternativos) e o

que aprende de novo. (AUSUBEL; NOVAK; ANESIAN, 1980).

As relações que se estabelecem entre o que o estudante já sabe e o

conhecimento específico a ser ensinado pela mediação do professor não

são arbitrárias, pois dependem da organização dos conteúdos; de

estratégias metodológicas adequadas; de material didático de apoio

potencialmente significativo; e da 'ancoragem' em conhecimentos

especificamente relevantes já existentes na estrutura cognitiva do

estudante. (MOREIRA, 1999).

Assim sendo, a partir da concepção da “substantividade” (MOREIRA, 1999),

pode-se deduzir que a mediação didática será a chave para tornar o conteúdo

significativo, ou seja, quanto mais condições forem criadas para que o estudante

estabeleça relações conceituais, contextuais e interdisciplinares, maior possibilidade

de internalização do conteúdo de maneira significativa com ampliação de sua

capacidade cognitiva.

A partir da análise dos pontos relacionados anteriormente, fica mais claro que

o ensino sobre a anatomia e fisiologia do aparelho fonador e a produção da voz para

estudantes do ensino fundamental, especificamente nas séries finais, necessita de

um excelente domínio conceitual, de capacidade para contextualizar e

interdisciplinarizar, bem como da habilidade de criar estratégias e recursos didáticos

potencialmente significativos.

Os conceitos definidos para este projeto de intervenção foram restritos, uma

vez que ir além deles pressupõe uma formação cognitiva maior, como para

estudantes de ensino médio que possuem maior conceituação no campo da

Biologia. Cita-se então, os conceitos, definição de voz; compreensão de como a voz

é produzida e emitida por meio do aparelho fonador; conhecimentos sobre as

qualidades fisiológicas das mesmas e de que maneira se pode classificá-las tendo

como base suas propriedades; o entendimento sobre higienização e

aperfeiçoamento da voz.

Para contextualizar e interdisciplinarizar o conteúdo aqui proposto,

desenvolveu-se estudos teóricos a respeito de como a voz é percebida pelo ser

humano, e como esse ser reage interagindo e se relacionando no meio ambiente.

Por fim, o trabalho mais desafiador e instigante aqui foi desenvolver as

estratégias e recursos didáticos, potencialmente significativos, necessários para a

aprendizagem e ampliação da capacidade cognitiva do estudante.

3. Desenvolvimento

Antes de estudar fonação e voz, foram estudadas algumas noções físicas e

conceitos sobre o som, por meio de alguns experimentos mecânicos simples.

O primeiro experimento foi chamado de “Produtor simples de movimentos

ondulatórios”. Foi confeccionado com uma roda e um garfo de bicicleta (Figura 1). A

roda foi fixada no lado externo do garfo com parafuso e porca. Na roda prendeu-se

um parafuso de 12 cm com porcas e ruelas. Na extremidade do parafuso, foi

amarrado um barbante colorido com 5 m de cumprimento.

Ao girar a roda, são produzidas ondas que percorrem o barbante e que são

refletidas de volta pelo barbante quando atingem a outra extremidade que também

permanecia presa, amarrada em algum objeto, ou segura pela mão de algum aluno.

Por meio desse experimento, aproveitou-se para, em breves palavras, conceituar

onda, sua formação e sua composição.

Figura 1: (A, B, C, D) Produtor simples de movimentos ondulatórios.

O segundo experimento foi a utilização da “Máquina de Ondas”3, construída

com palitos de sorvete separados a uma distância de 2 cm e presos numa fita

adesiva com 1,4 m de cumprimento, presa pelas extremidades (Figura 2).

Com um toque no primeiro palito de uma das extremidades, os alunos

provocavam perturbações que davam origem a ondas. Os alunos também foram

incentivados a provocar outros tipos de perturbações, gerando outras formas de

ondas. Assim, explorou-se, de maneira bem objetiva, os conceitos sobre os tipos de

ondas.

No terceiro experimento, trabalhou-se com os “Tubos Sonoros”4, uma técnica

já bem usada que utiliza barras de cano cortadas em tamanhos diferentes para

produzirem sonoridades também diferentes (Figura 3).

Figura 1 - A: Tubos sonoros; B: Analisando as frequências de som

3 Instrumento usado em diversos cursos de Física para demonstrar ondas estacionárias. O modelo

usado neste artigo foi inspirado no vídeo encontrado no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=mr7SjQIELs4 4 Instrumento usado em diversos cursos de Física para demonstrar relações de freqüências sonoras.

Figura 2: A: Detalhes da máquina de ondas; B: Movimento das ondas

B A

Neste caso, usou-se um conjunto de canos de 40 mm, primeiramente

cortados em seis pedaços com tamanhos aleatórios. Num segundo momento,

alguns alunos aceitaram o desafio de produzir um conjunto de sete canos com o

tamanho correto, apoiados na tabela5 com as devidas equivalências entre o tamanho

do cano e sua frequência, produzindo assim, a escala musical simples (Dó – Ré – Mi

– Fá – Sol – Lá – Si). O primeiro conjunto serviu para explorar as características

(propriedades) do som, principalmente a frequência, sem se preocupar com escala

musical ou fórmulas físicas. O segundo conjunto, apresentado alguns dias depois,

serviu só para ilustrar e dinamizar a relação do conceito com estudos da Arte, por

meio da sonoridade produzida pela escala musical, mesmo com os alunos não

dominando as técnicas de execução musical.

Além dos experimentos mecânicos, os conceitos sobre som foram

enriquecidos pela utilização de tecnologia computadorizada, o Audacity6 (programa

livre de gravação e edição de áudio) (Figura 4).

Figura 2 - Tela do Programa Audacity com uma gravação

De maneira simples, fez-se alguns exercícios que serviram para estimular os

estudos e compreender melhor os conceitos ondulatórios do som e da voz, inclusive

5 escala está baseada na escala temperada de BACH, famoso músico e compositor da História

Musical. 6 Popular editor de áudio multi-plataforma em interface gráfica e código aberto com suporte aos

formatos de áudio mais utilizados

Figura 4-A – Scarparo, Leandro, (PrtSc SysRq) / 2011

com análise de gráficos, bem como contribuíram para adicionar conceitos sobre a

interação entre os sistemas auditivo e fonador. A experiência com o Audacity foi,

visivelmente, a que mais entusiasmou os alunos durante o processo todo (Figura 5).

Figura 3 - Alunos recebendo instruções para executar Audacity

O trabalho com o Programa Audacity foi desenvolvido no laboratório de

informática do colégio com os computadores do Proinfo que já tem o referido

programa instalado. Como não há computadores para todos os alunos, os mesmos

foram divididos em duplas para cada computador e, a cada experimento,

revezavam-se para desenvolvê-los. Também foram estimulados a baixar o programa

pela internet, uma vez que o mesmo é livre e não requer configurações tão

complexas. Como na “Produção Didático Pedagógica”, os alunos tinham todas as

instruções (passo-a-passo) necessárias para realizar cada experimento, as

instruções eram projetadas para a turma enquanto ia sendo orientada pelo

professor. Assim, todos os alunos conseguiram realizar os experimentos propostos.

Alguns deles (oito alunos) retomaram tais experimentos, ampliando o leque de

possibilidades em suas casas.

Depois de analisarem a capacidade da audição humana, entre 20 Hz e 20000

Hz, comparando-a individualmente e com os colegas, verificaram o gráfico formado

pelo som produzido. Na sequência, foram estimulados a responder algumas

questões. A primeira solicitava que os alunos conceituassem o som a partir de todos

os experimentos realizados até aquele momento; a segunda pedia que eles

definissem ondas e explicassem como eram formadas e qual a sua composição; a

terceira estimulava-os a pensarem o que a experiência com os tubos tinha em

comum com a realizada no Audacity.

Em relação à primeira questão descrita no parágrafo anterior, 16 dos 18

alunos participantes (88,8%) conseguiram conceituar o som descrevendo-o como

“uma forma de energia que se propaga por meio de moléculas da matéria”, um

conceito satisfatório para estudantes de 7º ano. Os outros dois alunos, 11,2%,

apenas relacionaram o som com a experiência da audição humana feita no

Programa Audacity.

Quanto à questão que solicitava aos alunos que definissem ondas explicando

como eram formadas e sua composição, os resultados de aprendizagem não foram

bons, pois, dos 18 alunos participantes, apenas três deles (16,6%) associaram-nas

com movimentos vibratórios causados por deformações provocadas pelas

diferenças de pressão em meios elásticos; nove desses alunos (50%) relacionaram

a definição com o deslocamento da energia pelas partículas; os outros seis (33,3%)

não conseguiram dar uma resposta coerente; 13 alunos (72,2%) apontaram a crista

e a depressão ou vale como componentes de uma onda.

Por fim, a questão referente à relação existente entre os experimentos com os

tubos e os experimentos com o Programa Audacity, mostrou que 16 dos 18 alunos

(88,8%) relacionaram os sons produzidos com a propriedade de frequência,

principalmente, graves e agudos, embora apenas dois deles conseguisse

transcrever a relação com observação nas ondas produzidas nos gráficos do

Programa Audacity – “Tem a ver com a frequência, quanto maior os tubos mais

graves são os sons, e quanto maiores as distâncias das cristas das ondas mais

graves também são os sons, assim como os agudos, quanto menor o tubo mais

agudo é o som e quanto menor a distância entre as cristas da onda mais agudo é o

som.” – outros dois alunos (11,2%) não conseguiram fazer uma relação entre os

experimentos.

Após as primeiras atividades produzidas e discutidas, retomou-se o uso do

Programa Audacity, só que dessa vez, para fazer a gravação da voz e, assim,

conseguir dar maior ênfase ao estudo da voz e do aparelho vocal com sua anatomia

e fisiologia. Novamente, com as orientações do professor somadas ao “passo-a-

passo” descrito na Produção Didático Pedagógica, os alunos foram realizando os

experimentos de gravar e ouvir a própria voz (Figura 6).

Figura 4 - A, B, C, D: Alunos fazendo experimentos com o Audacity

Como já era esperado, a grande maioria contestava a audição dizendo não

ser sua própria voz. Aproveitou-se o momento para explicar as diferenças biológicas

e físicas entre a forma em que eles ouvem a própria voz quando falam, ressoando

pelas cavidades e ossos da cabeça até chegar ao ouvido, e a forma em que eles

ouvem o som de sua fala que se propaga pelo ar diretamente aos seus ouvidos,

forma esta que seus ouvintes os escutam.

Na sequência, fizeram análises gráficas das gravações, primeiramente por

meio do aumento do zoom (lupa +) e, depois, usando o espectro de frequência do

programa utilizado.

Finalmente, pode-se ainda “brincar” um pouco por meio de outro recurso

“Efeitos” que possibilitava uma enorme cascata com diversos recursos que servem

B A

D C

para manipular ou modificar a voz gravada. Tais efeitos são muito utilizados em

grandes mídias, principalmente rádios. Então, o convite aqui era pra se “brincar” um

pouco observando a enorme variedade de possibilidades de manipulação sonora da

voz. Os alunos encantaram-se com a enormidade de possibilidades, divertindo-se

muito. Todos eles conseguiram desenvolver as atividades experimentais no

Audacity.

Uma vez conhecendo a própria voz, os alunos estavam mais motivados a

conhecerem melhor esse veículo de comunicação. Dessa forma, os estudos

ganharam outra dinâmica, a de concentrar-se nas leituras textuais de estudiosos e

autores da atualidade para se conhecer os conceitos sobre a voz.

Assim, entraram em contato com textos de personalidades altamente

especializada no assunto como Sira da Silva (1997, p. 13), Daniel R. Boone (1996,

p. 7), Mara Behlau (1997, p. 2 – 2001, p. 1 – 2004, p. 1), Maria Ines Rehder (1997, p.

2), Paulo Pontes (2001, p. 1 – 2008, p. 8), Maria Lúcia S. Dragone (2004), p. 1),

Lúcia Nagano (2004, p. 1), Silvia Pinho (2008, p. 8) e Pedro Bloch (1986), podendo

fazer comparações entre os conceitos e definições atuais sobre voz.

Em seguida, foram motivados a desenvolverem uma nova atividade

pesquisando os significados dos tipos de vozes caracterizadas como: rouca –

áspera – soprosa – sussurrada – fluida – gutural – comprimida – tensa estrangulada

– bitonal – diplofônica – polifônica – monótona – trêmula – pastosa – branca ou

destimbrada – crepitante – infantilizada – feminilizada – virilizada – presbifônica –

hipernasal – hiponasal – nasal mista.

Para executar tal atividade, os alunos foram divididos em duplas e realizaram

a pesquisa em casa por meio da internet. O resultado, logicamente, foi quase uma

cópia fiel de significados. Porém, o intuito da atividade era de que eles percebessem

de quantas formas diferentes a voz pode ser caracterizada e compreendessem que

cada caracterização possui relações biológicas e físicas, o que foi constatado na

conversação sobre a atividade desenvolvida, mostrando um resultado bastante

positivo.

Uma vez estudados os conceitos, definições, caracterizações e significados,

propôs-se um breve histórico dos estudos da fonação. Assim, os alunos foram

confrontados com dois novos aspectos: o longo período de estudos da produção da

voz na história humana e a estrutura anátomo-fisiológica do aparelho fonador.

Feito essa pequena análise histórica, obteve-se ferramentas para as análises

biológicas e físicas que envolvem a fonação. Para auxiliar na compreensão e

servindo de objeto de análises, foi utilizada uma sequência de slides acompanhada

de comentários e atividades práticas.

O primeiro desses slides foi só uma chamada de atenção para lembrar que

autores defendem aparelho fonador como órgãos não específicos, mas adaptados

dos sistemas respiratório e digestório durante o processo evolutivo humano (Figura

7).

Propôs-se, então, a primeira atividade de maneira que, sentados, os alunos

colocaram os pés na cadeira abraçando as pernas com máximo de força, tentando

inspirar e, em seguida, falar. Houve um breve diálogo sobre a experiência. O relato

geral era de como fica difícil “respirar direito” e a voz fica sufocada. Nesse momento,

aproveito-se para reforçar a dependência dos sistemas, respiratório e digestório,

para a fonação ser executada e, explicar sobre a pressão nos pulmões e a

importância do músculo diafragma.

Figura 7- Ilustração: SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

Assim, foi exposto o segundo slide (Figura 8) para mostrar essa relação entre

os sistemas citados, bem como, a diafragmática, alertando sobre a descrição que se

fazia até pouco tempo, entendendo-se que para haver voz, um fluxo de ar era

empurrado, por meio da contração diafragmática, dos pulmões para as vias

respiratórias e, quando o ar passasse com pressão pelas pregas vocais localizadas

na laringe, essas vibrariam gerando o som vocal que seria articulado pela boca.

Hoje, sabe-se que a produção da voz é um pouco mais complexa e depende

de outros fatores. Sendo assim, outra atividade prática foi proposta. Na posição em

que cada um estava, foi pedido que enchessem os pulmões de ar e, em seguida,

pressionassem o diafragma empurrando o ar para as vias respiratórias mantendo a

boca levemente aberta ou articulando vogais. Os alunos logo perceberam que o que

se consegue ouvir é apenas um chiado ou no máximo um chiado articulado de

vogais e ou consoantes.

Foram, então, apresentados outros dois slides mostrando a estrutura básica

do aparelho fonador, principalmente a estrutura muscular (Figura 9 A e B).

Figura 8 - Ilustração: SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

Esses dois últimos slides possibilitaram a investigação mais detalhada e

atenciosa sobre as funções musculares e cartilaginosas dos músculos, membranas

e ligamentos que envolvem as pregas vocais. O professor aproveitou para explanar

que o som vocal ocorre quando esse último conjunto executa sua função, ou seja,

quando os músculos contrativos cobertos por membranas mucosas ligados às

pregas vocais, ou músculos que cobrem a cartilagem anexa a elas, se contraem ou

relaxam aumentando ou diminuindo as tensões das pregas vocais e,

consequentemente, as possíveis frequências. As ondas de som são criadas a partir

da troca de energia da vibração das pregas vocais com a corrente de ar provinda

dos pulmões.

Importante ressaltar que a relação e dinâmica entre a intensidade da pressão

exercida para formar a corrente de ar e o ar que se encontra no vestíbulo da laringe

vai dar início ao balanço das pregas vocais e ao processo de ressonância, além de

influenciar na intensidade e frequência do som vocal. Devido a essa descrição,

pode-se entender as pregas vocais como fonte sonora. Todo som vocal produzido

por essa fonte vai ser ampliado pelas “caixas de ressonância”, peito, cavidades oral,

orofaríngea, nasofaríngea e cabeça.

Para ajudar no entendimento e compreensão, foi apresentado um modelo de

laringe7 construída pelo professor para os alunos manusearem e perceberem a

dinâmica muscular nas e sobre as pregas vocais (Figura 10).

7 Modelo inspirado no modelo de laringe criado pela fonoaudióloga Lica Arakawa – 2002)

Figura 9 - A e B - Ilustração: SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

A B

Durante o manuseio, percebeu-se que o modelo ajudou a compreender o

funcionamento da epiglote, a mobilidade e um pouco da anatomia da laringe e a

influência muscular sobre as pregas vocais (inclusive porque não se deve gritar ou

cantar notas agudas levantando a laringe, pois dá pra ver no modelo que a laringe

estando alta a posição das pregas vocais obriga os músculos que estão

posicionados na extremidade contrária da base da epiglote se contraírem num

movimento inverso do que deveriam fazer para tensionar as pregas vocais e

produzir som).

O que não estava na programação era que alguns alunos pedissem

permissão para tentar também construir o modelo. O desafio foi posto para os

demais alunos que o aceitou. O professor solicitou, então, que construíssem os

modelos em grupos livres, mas como tarefa a ser feita em casa (Figura 11).

Figura 10- SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

Com os “diferentes modelos de laringe” feitos pelos grupos e, utilizando o quinto

slide, estudou-se um pouco sobre como as estruturas vocais se diferem, produzindo

sons característicos (Figura 12).

Dependendo da estrutura do aparelho fonador de cada pessoa (tamanho,

largura, espessura, entre outros), bem como do seu tipo físico, é que se dá o timbre

de voz, pois a frequência fundamental e seus harmônicos vão depender dessas

estruturas.

Figura 12-A - Ilustração: SCARPARO, Leandro – Arquivo pessoal / 2011

A B

Figura 11-A e B: Modelos de laringe produzidos pelos alunos

A partir do sexto slide apresentado, introduziu-se o estudo das características

e ou propriedades da voz, fundamentadas nas propriedades do som: timbre,

intensidade e altura (frequência) (Figura 13).

A primeira das propriedades da voz estudadas aqui foi o timbre, característica

que define a personalidade vocal distinguindo-as das demais pessoas, revelando

particularidades específicas da voz, ainda que na mesma frequência de outras. No

mundo artístico, principalmente na música, o timbre também é conhecido como “cor”

da voz (Figura 14).

Figura 13 - Ilustração: SCARPARO, Paulo Vitor - 2011

Figura 14 - Ilustração: SCARPARO, Paulo Vitor – 2011

Depois de apresentar o sétimo slide e fazer o comentário acima, o professor

motivou os alunos a fazerem outra atividade. Com um teclado musical eletrônico, foi

selecionado o recurso “voice” e escolheu-se um instrumento musical. Tomando uma

tecla foi executada a nota correspondente. Em seguida, selecione-se outros

instrumentos e, sem alterar o volume, foi executado a nota na mesma tecla

escolhida inicialmente. Os alunos foram identificando um instrumento musical. Isso é

chamado de timbre.

Para clarear ainda mais, foi sugerida outra atividade bem simples. Foi

combinado, anteriormente, com alguns alunos da sala para que os mesmos

falassem algumas palavras, numa certa sequência, enquanto os demais estariam

orientados para fecharem os olhos durante as falas. Em seguida, foi pedido aos

ouvintes que identificassem, pela ordem, aqueles que falaram. O número de acertos

foi quase que total, pois o timbre de voz é diferente para cada um, identificando-os

quase que instantaneamente.

Apresentando o oitavo slide, o professor apontou a segunda propriedade da

voz, a intensidade, característica relacionada à quantidade ou volume do som vocal

emitido.

Em Física, é definida como o fluxo de energia ou potência sonora recebida

pela unidade de área, sendo sua unidade de medida, bel, decibel ou decibéis (dB)

em homenagem ao cientista inglês Graham Bell. No ser humano, a intensidade da

voz falada num ambiente silencioso varia entre 40 e 50 dB e, sua intensidade mais

ampla pode chegar a 130 dB. Para o conceito ficar entendível pelo aluno, propôs-se

outra atividade. Com um teclado musical eletrônico, selecione-se o recurso “touch”

de maneira que as teclas ficassem dinâmicas. Foi, então, escolhida uma tecla que

foi tocada dinamizando a força da mão, ora com mais força, ora com menos força. O

som foi percebido pelos alunos de maneira fraca, média ou mais forte.

Finalmente, por meio do nono slide,foi apresentada a terceira propriedade da

voz, característica que distingue na voz, sons graves, médios ou agudos (Figura 15).

Como já discutido nos primeiros experimentos, na Física, a frequência é

definida como o número de oscilações ou ciclos de uma onda por um período de

tempo, e sua unidade de medida é dada em Hertz (Hz). Conforme visto sobre o

Figura 14-- Ilustração: SCARPARO, Paulo Vitor – 2011

timbre, a estrutura física e biológica da pessoa, bem como de seu aparelho fonador,

vai resultar numa determinada coloração vocal. Essa coloração ou timbre vai estar

dentro de uma região de frequências fundamentais e seus harmônicos. Assim, um

timbre grave vai ter frequências mais baixas, porque as pregas vocais são mais

curtas e espessas, produzindo movimentos vibratórios com menor velocidade. Um

timbre agudo terá frequências mais altas, pois as pregas vocais são mais longas e

menos espessas, produzindo movimentos vibratórios rápidos. Uma voz classificada

como “Baixo” emite frequências que variam entre 80 e 300 Hz, enquanto que uma

voz classificada como “Soprano”, emite frequências que variam entre 300 e 1100Hz.

Para facilitar a compreensão na prática, foi proposta uma nova atividade.

Novamente com o teclado musical eletrônico, selecionou-se um instrumento

qualquer (recurso “voice”). Sem alterar o volume, foi escolhida uma tecla musical

posicionada mais ao centro. Depois, foi-se passando sequencialmente de uma tecla

à outra para a direita da tecla que se iniciou. Quanto mais à direita, mais a nota vai

ficando aguda, portanto, maior a frequência. Em seguida, fez-se o mesmo para o

lado esquerdo. A nota musical vai ficando cada vez mais grave, o que significa,

menor frequência.

Foi pedido, então, para os alunos colocarem a mão na laringe,

preferencialmente sobre o “Pomo de Adão”, e tentar acompanhar as cinco ou seis

primeiras notas à direita e, depois, à esquerda. Na sequência, abriu-se uma rápida

discussão sobre o que eles sentiram. Alguns disseram que a laringe se mexia;

outros reclamavam que alguns não emitiam o som conforme a nota do teclado;

outros ainda, não sabiam se estavam fazendo certo, apenas que sentiam tremer a

laringe; finalmente, outro grupo mais reduzido, percebia que para emitir os sons

mais agudos a laringe se levantava e, para os sons mais “grossos” (entenda-se mais

graves) a laringe se abaixava.

Por meio do décimo slide apresentado, o professor aproveitou para fazer uma

pequena relação entre Ciências e Arte, fazendo uma explanação simples sobre a

classificação artística da voz.

Ao longo da história do estudo da voz, mais precisamente nas áreas artísticas

e, principalmente na musical, houve a necessidade de se classificar as vozes

conforme a função que a mesma iria exercer num determinado ato artístico (Figura

16). Claro que essas funções, no início, era apenas a capacidade da voz ser emitida

em tons graves, médios ou agudos, tanto para homens, como para as mulheres.

Mais tarde, associaram-se os conhecimentos Físicos e entendeu-se que essas

capacidades tinham origem na frequência do som vocal, ou seja, a velocidade de

vibrações das pregas vocais de cada um. No geral, varia entre 60 a 1300 hertz,

sendo o recorde pertencente à Georgia Brown8 que atingiu frequência acima de

12500 hertz (mais alto do que a nota máxima do piano), sua extensão vocal chegou

a 8 oitavas (G2 a G10).

Vejamos números mais específicos para cada classificação, mas sempre

lembrando que sua variação depende muito de qual escola musical está sendo

classificado (escola alemã, italiana, americana, etc), neste caso, usou-se a escola

alemã, como mostra a tabela (Figura 17) utilizada por ZEMLIN (2000, p. 184). A voz

feminina mais grave, classificada como contralto, tem uma frequência que varia de

98 a 698 Hz. Já, na voz média, classificada como mezzo-soprano, a frequência varia

de 124 a 878 Hz. Por fim, a soprano, voz mais aguda, a frequência se encontra entre

130 a 1145 Hz. No caso das vozes masculinas, a voz mais grave, classificada como

baixo, tem uma frequência que varia de 75 a 513 Hz. Já, na voz média, classificada

8 Em 2004, Georgia Brown entrou para o GUINNESS BOOK, com dois WORLD RECORDS: “MAIOR

EXTENSÃO VOCAL DO MUNDO G2/G10″ e “NOTA MAIS AGUDA DO MUNDO G10″. Seus records foram publicados na edição de 2006 na pág: 172. Georgia também entrou para o RANK BRASIL RECORDES, atingindo notas em 9 oitavas diferentes e 8 oitavas completas (Sol2/Sol10) que foram comprovadas através da medição de sua voz certificada por uma junta de professores de música que disseram:-”Georgia você é anormal, é uma aberração da natureza!”. http://georgiabrownonline.wordpress.com/2008/04/27/biografia/ (20/06/2012)

Figura 17

como barítono, a frequência varia de 74 a 524 Hz. Por fim, o tenor, voz mais aguda,

a frequência se encontra entre 85 a 709 Hz.

Para ilustrar essas classificações, feminina e masculina, foram utilizados o 11º

e o 12º slides (Figura 18). E, para exemplificar, foi solicitado aos alunos que

assistissem, em suas casas, dois vídeos no youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=PSMCKNkKyFA e http://www.youtube.

com/watch?v=hgYOc03O7nk .

Após a sequência de slides para estudos sobre conceitos fisiológicos,

caracterização e classificação da voz, a aplicação do projeto foi finalizada com o

estudo da saúde vocal. Foi comentado que, conforme já visto neste trabalho, o mau

uso da voz pode acarretar problemas na personalidade, dificuldades de

comunicação e ainda atrapalhar a vida profissional. Mas, não é só isso. Ele também

pode trazer sérios danos à saúde do aparelho fonador.

Expuseram-se, então, com auxílio de figuras projetadas, algumas doenças

como a laringite crônica, doença que, geralmente, inicia-se como laringite aguda

causada por vírus ou bactérias e, juntamente com outros fatores predisponentes

como tabagismo, inalação de substâncias irritantes, descuidados na alimentação e

refluxo gastroesofágico, cria uma condição de persistente inflamação e constante

espessura na mucosa das pregas vocais; nódulos das pregas vocais, conhecidos

popularmente como calos, que podem causar disfonia parcial ou total e trata-se da

formação de tecidos edematosos nas zonas de maior fricção durante a fonação,

geralmente no bordo livre da prega vocal; pólipos das pregas vocais, formação de

Figura 18 – Ilustração para vozes femininas e masculinas: SCARPARO, Paulo Vitor – 2011

tumores benignos, quase sempre unilaterais, que causam disfonia persistente e

cansaço ao falar, sendo revestidos por epitélios escamosos finos e transparentes.

Também foram apresentadas imagens de edemas e pólipos cancerígenos

causados pelo cigarro. O conteúdo foi fechado com algumas dicas de cuidados e

higiene da voz, o que deve ser evitado e o que deve ser usado em relação a ela

para proteger a saúde do aparelho fonador, bem como, aperfeiçoar a voz tornando-a

compatível com a personalidade e, de quebra, melhorando muito a comunicação e a

vida profissional.

Dessa forma, foi solicitado aos alunos uma atividade em que eles deveriam

observar os dois quadros, sobre o que evitar e o que usar, e depois descreverem no

caderno 5 atitudes que praticam e que causam danos à voz, e 3 atitudes, que

também praticam, de conservação da mesma. Os quadros abaixo mostram os

resultados dessa atividade.

Danos à saúde vocal

Qt

Alunos

%

Falar alto ou gritar de forma inadequada 17 22,6

Pigarrear 14 18,6

Comer ou beber alimentos quentes e, depois, beber gelados 10 13,3

Falar com muita intensidade e sem aquecimento 06 8

Competir com outros barulhos enquanto fala 05 6,6

Beber café e bebidas gasosas 04 5,3

Não ter uma alimentação saudável 03 4,0

Ingerir chocolate, doces e leite antes de usar a voz 03 4

Beber bebidas alcoólicas 02 2,6

Cantar esticando o pescoço 02 2,6

Usar vestuário que atrapalhe a fonação 02 2,6

Beber água muito gelada 02 2,6

Fumar 01 1,3

Ficar na frente do ar condicionado 01 1,3

Forçar a voz quando está rouca 01 1,3

Imitar voz rouca 01 1,3

Cantar muito alto sem uso de técnicas 01 1,3

Total de respostas 75 100

Essa atividade ajudou os alunos a começarem a confrontar suas práticas

diárias em relação aos danos à saúde vocal. No entanto, percebe-se que as

respostas foram dadas quase que de maneira instintiva, sem muitas preocupações

com fundamentação e prioridades, o que acaba causando algumas contradições na

sequencia da atividade, como se pode ver na tabela a seguir.

Atitudes de conservação da voz

Qt

Alunos

%

Cuidados na alimentação (comer maçã) 15 35,7

Hidratação das pregas vocais 11 26,1

Exercitar a voz 05 11,9

Dormir bem 02 4,7

Não forçar a voz – falar baixo 02 4,7

Evitar falar quando está rouca 01 2,3

Evitar o grito 01 2,3

Cantar de forma adequada 01 2,3

Visitar profissionais da voz anualmente 01 2,3

Relaxamento do pescoço (durante o banho) 01 2,3

Não fazer uso de bebidas alcoólicas e cigarros 01 2,3

Usar roupas adequadas 01 2,3

Total de respostas 42 100

Os resultados na tabela mostram que mesmo de maneira baseada num saber

comum, os alunos têm em suas práticas, conhecimentos relacionados ao que

estudiosos e autores apontam como atitudes para conservar a voz. Com exceção

dos cuidados na alimentação, a hidratação das pregas vocais, os exercícios para os

músculos que fazem parte do aparelho fonador e o cuidado em dormir bem, são os

ítens mais apontados pelos estudiosos.

Quanto à última atividade proposta, entrevistar alguém que passou por

problemas de saúde vocal descrevendo a forma de tratamento, não foi bem

sucedida. Apenas três entrevistas foram feitas. Questionados sobre o que

acontecera, os alunos responderam que não conheciam pessoas com problemas ou

tinham vergonha de entrevistar. De qualquer forma, as entrevistas serviram para

ilustrar e, de certa forma fundamentar, algumas discussões sobre a saúde vocal

ligada ao tabagismo e ao mau uso da voz, desencadeando a formação de nódulos

nas pregas vocais, bem como, a importância da visita aos profissionais da voz e da

fonoterapia, além de destacar os sintomas extremamente parecidos no início dos

problemas.

4. Resultado final

O trabalho proposto e apresentado neste artigo teve como objetivo apontar

recursos didáticos apropriados para o ensino da fonação, no ensino fundamental de

Ciências. Tendo em vista o desenvolvimento do mesmo durante a implementação,

bem como as experiências trazidas pelos professores participantes do GTR, pode-se

afirmar que esse objetivo foi cumprido.

Diversos recursos de fácil acesso foram possibilitados abrindo caminho para a

proposta de outros. Conforme uma das professoras participantes do GTR9 – 2011,

todas as atividades propostas, na Produção Didático Pedagógica, são bastante

interessantes, os materiais são acessíveis e a gama de alternativas enorme. Outra

professora acrescentara que essa é uma das qualidades da proposta, ter várias

possibilidades.

Colaborou também para abrir espaço para contribuições para o ensino da

fonação na escola. A proposta de recursos ainda contribuiu para a

interdisciplinaridade, como descreve a Professora SONIA ALEXANDRINO (2011)10:

Acredito que não teria dificuldade para usar o material proposto, gostei

muito de poder estar analisando este programa Audacity disponível para

uso na escola, é algo novo para mim e um ponto positivo para trabalhar a

questão das propriedades dos sons na aula de Arte. E as demais atividades

vêm de encontro com as possibilidades de estar em sala de aula

trabalhando com os alunos. (SONIA ALEXANDRINO, 2011)

9 Grupo de Trabalho em Rede – Curso EAD coordenado pela SEED – Paraná.

10 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná participante do GTR – 2011.

Mas, e os alunos? Conseguiram aprender os conceitos trabalhados? Afinal, espera-

se que todo o trabalho tenha um resultado positivo na aprendizagem dos mesmos.

Então, vejamos os relatos em geral.

4.1. Transcrição literal de exemplos de comentários dos alunos.

“Vou falar sobre o que eu aprendi em algumas aulas sobre a fonação e

sobre a voz. Bom começando com a fonação é a produção da voz que permite nos

comunicarmos, a voz é produzida na laringe e tem três estruturas epiglote (fecha a

glote quando engolimos os alimentos), o glote e as pregas vocais. Elas precisam de

alguns cuidados como comer maçã deves enquanto ela limpa a garganta, trazendo o

alívio; evitar pigarros ela não melhora a dor da garganta, o efeito é totalmente o

contrario; não fumar pois é prejudicial a laringe; evitar qualquer tipos de competição

sonora para não precisar aumentar a voz, etc. Na sala de informática, nossa turma

fez um experimento com canos longos e curtos, vimos que os mais longos tinham os

sons graves e o mais curto agudos, no audacity (programa que mexem com a voz)

fizemos experimentos mais alguns delas foram colocar um áudio de 20Hz a

20000Hz e a maioria escutou um tanto e depois só alguns escutaram até o final,

vimos também que as nossas vozes, principalmente as dos meninos mudaram muito

porque a nossa laringe aumentou o tamanho.” (THS)

“Na voz tem cordas vocais que se movimenta em forma de ondas que se

propaga em forma de energia que vai do agudo até o grave. E que nós devemos

evitar diversas coisas para não prejudicar a voz como por exemplo fumar. Nós

podemos excutar de 20 a 20000 Hz. Aprendi também que para ajudar a voz,

devemos beber muita água e comer bem, etc.” (RLMS)

“Aprendi que a voz são ondas que se propaga através do ar. Vi que a voz é

uma forma de energia e que temos que cuidar. As pregas vocais quando o ar passa

Por elas e junto com a musculatura produz a voz. Também aprendi que nos ouvimos

de 20 a 20000 Hz. As vozes femininas são: contralto, mezzo soprando e soprando.

As vozes masculinas são: baixo, barítono e tenor. Nós temos que fazer exercício

vocais.” (RJR)

“Não pode comer nada quente e tomar agua gelada. Som é uma forma de

energia que se propaga por meio de partículas da matéria. Não pode fumar, beber

bebidas alcoólicas e substancias tóxicas. Não pode comer chocolate, tomar café,

leite e doces antes do uso da voz.Não se deve falar ou cantar excessivamente e

com intensidade prolongada. Também não se deve falar ou cantar com a laringe

levantada. Nem tossir ou pigarrear de maneira excessiva. Deve-se fazer constante

hidratação e comer frutas adstringentes.” (MDS)

“A voz é uma das coisas mais importantes na nossa vida e sem ela a gente

não poderia se comunicar muito bem. Gostei também de gravar a voz no audacity

para conhecer melhor a nossa voz. Também brincamos com o som que sai de

canos. Aprendi que pigarrear faz mal a laringe e que se alimentar bem não só ajuda

a não ficar doente mas ajuda na voz.” (VBG)

“O som é forma de energia que se propaga através de ondas e partículas da

matéria. O ser humano tem a capacidade de escutar entre 20 a 20000 Hz. A voz é

um dos melhores instrumentos que existe, pois com ela podemos emitir vários sons.

Fizemos experimentos com canos cortados em tamanhos diferentes, e vimos que há

tons graves e agudos. A decomposição da onda da voz é composta pela crista e

depressão. Aprendi que durante falar ou cantar, manter a cabeça ereta e abrir a

boca para articular bem cada palavra. Deve-se sempre falar em tom moderado e

manter a boca fechada em locais frios e onde há poeira, procurando inspirar pelo

nariz. Também se deve permitir que o abdomem se mova livremente para um bom

uso da voz. Aprendi também sobre os cuidados com a voz por exemplo: ao invés de

beber copadas de água, quando der cede, é beber água aos poucos ao redor do

dia. E também as frutas cítricas são boas para a voz como: a maçã, laranja, acerola,

etc. Não fumar. O fumo é grande inimigo da laringe e das pregas vocais e do

sistema respiratório como um todo.” (LCD)

“Aprendi que a voz é muito importante para nós, e também exige cuidados,

muitos cuidados. A voz tem vários tipos de som desde o agudo até o grave. O som é

uma forma de energia que se propaga por meio de partículas da matéria.

Aprendemos também que tem gente que fala pelo nariz, assoprado, roco. Aprendi

ainda que a gente pode escultar de 20 a 20000 Hertz.” (GSB)

“Aprendi que a forma adequada de se cantar é olhando para a frente e para

baixo e não esticando o pescoço para cima porque prejudica a garganta. E também

aprendi que não é muito bom comer doces, tomar refrigerantes, comer algo quente e

tomar algo gelado. E é muito bom comer frutas principalmente maçã, ajuda a limpar

a garganta, etc...” (TBC )

“Hoje aprendi que comer maça com outras frutas a limpeza da laringe.

Quando você vai cantar daí não pode comer chocolate, leite. Nois não pode comer

alguma coisa quente e depois, beber água ou refrigerante gelado pode também

prejudicar a voz. Depois que noiscantar e usar a voz é bom nois beber alguma coisa

gelada que não vai prejudicar a laringe. Quando você levanta a cabeça e estica o

pescoço para voz ficar aguda não pode porque o músculo trabalha ao contrario e

prejudica a laringe.” (GSS )

“Aprendi várias coisas interesante e importante para todos nós aprendi sobre

as vozes. Eu vi no progetor uma laringe com duas bolhas diferentes (entenda-se

pólipos). Têm vários tipos de coisa que pode prejudicar as vozes exemplo: gritar,

falar alto, beber coisa quente e fria. E para não prejudicar exemplo: comer maça,

beber água várias vezes ao dia é muito bom. E tem várias pessoas que acham que

esticando o pescoço a voz fica mais aguda.” (JFB)

“Aprendemos que devemos cuidar da conservação da nossa voz. Cuidados

que causam danos: gritar muito, tocir, falar bastante, pigariar, comer algo quente e

depois beber algo gelado por cima. Cuidados que ajudam nossa voz: beber bastante

água para hidratar, comer frutas no café da manhã, cantar com a cabeça abaixada

para não emitir o som agudo e a cabeça erguida para ter o som grave, cantar com a

cabeça erguida os músculos trabalham ao contrário com o tempo pode danificar

nossa voz.” (AF)

“O som é um tipo de energia que se propaga através de ondas. A voz é

transmitida quando o ar passa pelas pregas vocais que se mechem emitindo som. O

ouvido humano consegue ouvir de 20 Hz à 20000 Hz. Erguer a garganta quando for

cantar notas agudas pode prejudicar a laringe e até causar doenças nas pregas

vocais. Beber leite ou comer doces antes de usar a voz pode causar danos à ela.

Pigarrear causa danos à garganta. Falar muito e competir com ruídos pode causar

danos à voz.” (PVS)

“Aprendi que não pode comer chocolate que fica preso no músculo e o som é

levado através de ondas pelo ar e para o bem de nossas pregas vocais temos que

comer maçã e que nós podemos escutar de 20 a 20000 desirertes. E também para

nossas pregas vocais ficarem bem não podemos esticar o pescosso para a voz ficar

mais aguda e as pregas vocais ficarem invertidas com o passar do tempo as pregas

vocais ficam ruins e tem que fazer tratamento ou sirurgia.”(PHS)

“A voz é muito importante, o que prejudica a voz é gritar, pigarriar, falar alto,

etc, e o que comserva a voz é não gritar, comer frutas saudáveis e não esforçar a

voz, etc. A voz é uma coisa tão importante que sem ela nós não falamos para outra

pessoa escultar, emtão, por isso que não devemos conservar a voz. O som é uma

energia que se propaga por meio de partículas da matéria.” (DSS)

“O som é uma forma de energia que se propaga por meio de partículas de

uma matéria. Se a pessoa fuma de mais pode causar calos em sua garganta, ou

quando vai cantar muito alto e ergue a cabeça olhando para o céu pode causar

problemas em sua voz é o caso do Zezé de Camargo, ele cantava alto com a

cabeça erguida para cima e veio a lhe causar problemas em sua voz. Aprendi

também que tem gente que pode ouvir até 20000 wertz, outros menos e até mais.

Aprendi que a voz é produzida com vários movimentos de músculos da laringe,

aproximando ou afastando de diversas maneiras as pregas vocais, o ar que sai dos

pulmões percorre os brônquios e a traquéia e chega a laringe. Os músculos da

laringe se contraem, regulando a passagem do ar. Esses movimentos fazem as

pregas vocais vibrar e produzir sons, chegando a boca, o som é articulado graças à

ação da língua, dos lábios, dos dentes, do véu palatino e do assoalho da boca.

Aprendi que as pregas vocais são muito sensíveis, por isso para ter uma boa

fonação são necessárias algumas medidas.” (LAF)

“Temos que ter cuidados especiais com nossa voz. A voz é muito importante

para nós. O som é uma forma de energia. Nós seres humanos podemos ouvir de 20

a 20000 Hertz. Tem vários tipos de falar, como por exemplo: nasal, normal e mista,

etc.” (TSO)

“Sobre a voz eu aprendi: que não pode falar muito alto com a laringe esticada.

Que o ser humano pode escutar até 20000 HZ. Ingerir muita bebida alcoólica ou

gaseificada prejudica a laringe. Não deve-se tomar leite antes de utilizar a voz, isso

prejudica a voz. Devemos comer uma fruta antes de utilizar a voz. Não devemos

ficar pigarando. Devemos beber bastante líquido. A maçã é adstringente ajuda a

limpar a laringe. Não ingerir alimentos gelados, muito quentes ou condimentados,

pois prejudica a voz. O ser humano reconhece o som da voz antes mesmo de

nascer.” (LHFM)

“A voz se exige muito cuidado, pois precisamos muito dela.E que o som se

propaga por meio de ondas.Que o estudo da voz é muito antigo, e que antigamente

cortavam a parte da garganta e abriam.E que quando os meninos completam entre

13 e 15 anos a voz tende a ficar mais grave ou mais aguada.E que existe três tipos

de definição da voz tanto na masculina como na feminina.” (MBRP)

“A voz pode mostrar as emoções. O ar é expulso do pulmão pelo diafragma.

Nossa voz fica diferente quando gravamos por que nos escutamos pelas cavidades.

Eu aprendi todos metodos para melhorar a voz como comer frutas, fazer exercicios

vocais ,etc.” (GSB)

“Hoje aprendi bastante coisa sobre a voz, ela é feita atravez de ondas,a gente

tambem brincou com um programa chamado Audacity,que dava para mudar a sua

voz brincar com ela,o certo é de 20Hz a 20.000Hz mas isso é voce que

decidi,aprendi também sobre as doenças que pode causar sério problema a

voz,outra coisa que eu aprendi também que a gente não pode falar agudo com a

cabeça levantada,se não os músculo trabalha ao contrario causando sérios danos a

saúde da voz.” (WFS)

“Nos escutamos aproximadamente de 20 a 20000 hertz (hz); as pregas vocais

vibram rapidamente; a voz é produzida na laringe; o morcego em sua locomoção

usa o som; o sistema respiratório ajuda o sistema fonador; antigamente se estudava

mortos para saber melhor como a voz é produzida; fumar faz mal a respiração e ao

sistema fonatorio”(AJGG)

“Aprendi que a voz é uma coisa importantíssima para nós, sem a voZ não

poderíamos nos comunicarmos, tornando coisas simples, em difíceis. Ex: comprar

pão, o padeiro não saberia o que estamos pedindo, poderia ser um doce ou uma

bebida, etc´. Aprendi que devemos ter certos cuidados com a voz como, por

exemplo, ter higiene fazer exercícios vocais e etc. Aprendi que o som é um tipo de

energia que se propaga a partir de partículas do ar. Aprendi que o som navega em

ondas. Também que nós temos certo limite de 20, 000 herts e que não conseguimos

ouvir mais nada depois disso. Também aprendi que antes de cantar, fazer uma

leitura, é importante fazer exercícios vocais para preservarmos, nossas cordas ou

pregas vocais, e ter uma boa entonação.. Tipos de exercícios que podemos fazer o

som: bruuuuuummmmuumumum e o truuuurururuurruruur e naim noim muala muela

muila muola muula e podemos também fazer um alongamento do pescoço deixando

ele mais relaxado. Aprendi também a ter mais cuidado com a voz, que não podemos

gritar, isso machuca a nossa garganta, que não podemos comer chocolate antes de

cantar, que nós devemos tomar sucos como o de abacaxi no café e não leite,

quando vamos fazer uma coisa importantíssima com a voz.” (HSH)

Os alunos que participaram da implantação do projeto passaram por uma

avaliação de Ciências (8º Ano – 2012) sobre órgãos dos sentidos. Nela, havia uma

questão relacionada à produção da voz que solicitava a maneira mais correta de

explicar a fonação ou produção da voz: 51,6% dos alunos optou pela explicação que

dizia que o som vocal ocorre quando os músculos contrativos cobertos por

membranas mucosas ligados às pregas vocais, ou músculos que cobrem a

cartilagem anexa a elas, se contraem ou relaxam aumentando ou diminuindo as

tensões das pregas vocais e, consequentemente, as possíveis freqüências e, as

ondas de som, são criadas a partir da troca de energia da vibração das pregas

vocais com a corrente de ar provinda dos pulmões.

Os outros 48,3% associaram suas respostas à idéia de que, para haver voz,

um fluxo de ar é empurrado, por meio da contração diafragmática, dos pulmões para

as vias respiratórias e, quando o ar passa com pressão pelas pregas vocais

localizadas na laringe, essas vibram gerando o som vocal que é articulado pela

boca.

Sem dúvidas, um resultado bastante satisfatório para alunos de ensino

fundamental. Além do mais, é preciso enfatizar a grande participação dos

envolvidos, inclusive com contribuições preciosas, como a do aluno Paulo Vitor

Scarparo que elaborou os desenhos utilizados na apresentação deste trabalho11.

11

Paulo Vitor Scarparo (12 anos): aluno participante da implementação do projeto apresentado neste artigo, contribuiu com os desenhos das figuras 13, 14, 16 e 18.

4.2. Conclusão

Assim, o trabalho apresentado neste artigo foi desenvolvido levando, para os

alunos, conceitos sobre som e produção da voz, por meio de experimentação

mecânica e digital, sempre acompanhada de teorias modernas de especialistas do

assunto e atividades práticas para aprofundamento. Os alunos conseguiram, além

de assimilar os conceitos físicos e biológicos, compreender a importância do

aperfeiçoamento da voz para exercerem melhor sua função na sociedade, além dos

cuidados básicos e higiene para bem conservá-la. Os recursos usados contribuíram

muito na aquisição desses conhecimentos.

5. REFERÊNCIAS

AMARANTE, LUIZ FERNANDO. Cuidados com a voz / Luiz Fernando Amarante.

– Projeto Saúde Vocal: cuidando da voz do professor / Realização Governo do

Paraná. 21ª ed. Curitiba: L. F. Amarante, 2004. 40p. : il,; 21 cm.

AUSUBEL, D.; NOVAK, J.D.;HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de

Janeiro: Interamericana, 1980.

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