produção de óleo-resina de copaíba em áreas de exploração...

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Programa de Pós Graduação em Ciências de Florestas Tropicais Produção de óleo-resina de copaíba em áreas de exploração de bauxita e sua importância para comunidades quilombolas da região do Rio Trombetas - PA Jonas Gebara Muraro Serrate Cordeiro Manaus / AM Junho de 2013

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Programa de Pós Graduação em Ciências de Florestas Tropicais

Produção de óleo-resina de copaíba em áreas de exploração de

bauxita e sua importância para comunidades quilombolas da

região do Rio Trombetas - PA

Jonas Gebara Muraro Serrate Cordeiro

Manaus / AM

Junho de 2013

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Jonas Gebara Muraro Serrate Cordeiro

Produção de óleo-resina de copaíba em áreas de exploração

de bauxita e sua importância para comunidades quilombolas

da região do Rio Trombetas - PA

Orientação: Dr. Antenor Pereira Barbosa

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-

Graduação em Ciências de Florestas Tropicais, como parte

dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências

de Florestas Tropicais.

Manaus / AM

Junho de 2013

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C794 Cordeiro, Jonas Gebara Muraro Serrate

Produção de óleo-resina de copaíba em áreas de exploração de

bauxita e sua importância para comunidades quilombolas da região

do Rio Trombetas – PA / Jonas Gebara Muraro Serrate Cordeiro. ---

Manaus : [s.n], 2013.

ix, 48 f. : il. color.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2013.

Orientador : Antenor Pereira Barbosa.

Área de concentração : Silvicultura.

1. Copaíba. 2. Produção de óleo-resina. 3. Quilombolas. I. Título.

CDD 583.323

Sinopse:

Estudo de populações naturais de copaíba (Copaifera sp.) para subsidiar o

manejo sustentado e a exploração de óleo-resina pelos remanescentes de

comunidades quilombolas no rio Trombetas – PA.

Palavras-chave: Biometria; Produção de óleo-resina de copaíba; Extrativismo.

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“Se por amor às florestas um homem caminha por elas metade do dia, corre o

risco de ser considerado um vagabundo. Mas se usa seu tempo para especular,

ceifando a mata e tornando a terra careca antes do que deveria, ele é visto

como um cidadão industrioso e empreendedor”.

Henry David Thoreau

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e a Mineração Rio do Norte

pelo suporte conferido na realização deste trabalho por intermédio do projeto “Manejo de

populações naturais de copaíba, plantios e extração de óleo-resina no platô Monte Branco,

Mineração Rio do Norte, Porto Trombetas (PA)”

Agradeço ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ao Serviço

Florestal Brasileiro e a organização não governamental Kirwane – Desenvolvimento Integral

pela parceria no projeto “Mapeamento participativo e organização socioeconômica para a

extração sustentável de óleo-resina de copaíba na Floresta Nacional de Saracá-Taquera” que

possibilitou um aprofundado conhecimento sobre as atividades produtivas realizadas pela

população tradicional local.

Agradeço aos remanescentes de quilombos que fizeram parte deste estudo e

colaboraram imensamente para que todos os nossos objetivos fossem cumpridos.

Agradeço ao meu orientador, Dr. Antenor Pereira Barbosa, por toda paciência,

confiança e ensinamento a mim conferido.

Agradeço também aos colegas que participaram de nossas atividades de campo e que,

desobrigadamente, contribuíram para as discussões provenientes dessa pesquisa.

E agradeço pela cumplicidade de minhas famílias: a de sangue, a de escolha, e a de

trabalho... Estamos juntos em qualquer lugar do mundo!

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RESUMO

Este trabalho se propôs estudar as populações naturais de copaíba (Copaifera sp.) em

Porto Trombetas-PA, para subsidiar o manejo sustentado e a exploração de óleo-resina pelos

remanescentes de comunidades quilombolas no rio Trombetas. Foi feito o inventário florestal

a 100% da área para descrever a estrutura populacional e a extração do óleo-resina a fim de

quantificar o potencial produtivo na área de estudo e sua importância para as comunidades

quilombolas da região. A área inventariada foi de 234,51 hectares (ha) com densidade de

38,15 indivíduos de copaíba por hectare, incluindo plântulas, regeneração natural e indivíduos

adultos, sendo que na encosta a área inventariada foi de 99,88 ha com densidade de 41,16

indivíduos ha-1

e no vale a área foi de 134,63 ha com densidade de 35,91 indivíduos ha-1

. O

percentual de eficiência de estabelecimento dos indivíduos das categorias regeneração natural

e indivíduos adultos possibilita a manutenção populacional na área de estudo. A densidade de

indivíduos adultos (DAP ≥ 10 cm) foi de 0,49 ha-1

com padrão de distribuição espacial

agregado, sendo que na encosta a densidade foi 0,55 ha-1

e no vale 0,45 ha-1

. A densidade de

indivíduos com potencial de produção de óleo-resina (DAP ≥ 30 cm) foi de 0,28 ha-1

com

média de produção de óleo-resina de 0,714±0,218 litros e não apresentando diferença

significativa para a produção de óleo-resina entre vale e encosta. A produção de óleo-resina

foi obtida de 58% dos indivíduos com DAP ≥ 30 cm com média de 1,190±0,355 litros. Os

resultados do “Diagnóstico Rural Participativo” mostraram que as atividades produtivas

geradoras de renda mais importantes para as comunidades quilombolas do Rio Trombetas

foram o extrativismo da copaíba seguido pela coleta de castanha (Bertholletia excelsa) e a

feitura da farinha de mandioca (Manihot utilissima), apontando que suas diferentes fontes de

renda e sustento são cumulativas e não excludentes.

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ABSTRACT

This work intended to study natural populations of copaíba (Copaifera sp.) in Porto

Trombetas-PA, to the support sustainable management and the exploitation of oil-resin by the

remnants of maroon communities from Trombetas river. The 100% forest inventory was made

to describe population structure and the extraction of oleoresin in order to quantify potential

production in the study area and its importance for the maroon communities. The inventoried

area was 234.51 hectares (ha) with a density of 38.15 copaiba units per hectare, counting from

seedlings to adults: in the slope a total area of 99.88 ha and a density of 41.16 ha-1

was

inventoried and in the valley an area of 134.63 ha and a density of 35.91 ha-1

was inventoried.

The efficiency percentage of establishment of individuals from natural regeneration categories

to adults allows the population maintenance in the study area. The density of adults (DBH ≥

10 cm) was 0.49 ha-1

with an aggregated spatial distribution pattern: in the slope the density

was 0.55 ha-1

and in the valley it was 0.45 ha-1

. The density of individuals with potential

production of oleoresin (DBH ≥ 30 cm) was 0.28 ha-1

with an average production of oleoresin

from 0.714 ± 0.218 liters and presenting no significant difference between valley and hillside

oilresin production. The production of oilresin was obtained in 58% of DBH ≥ 30 cm

individuals with an average of 1.190 ± 0.355 liters. Results of the "Participatory Rural

Diagnostic" showed that most important productive activities income-generating for maroon

communities from Trombetas river were the extraction of Copaiba followed by the collection

of nuts (Bertholletia excelsa) and the manufacture of cassava flour (Manihot utilíssima),

pointing to the cumulative and not exclusionary characteristic of their different incomes and

livelihood.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1

1.1- A Copaibeira .............................................................................................................................. 1

1.2- Óleo-resina de Copaíba ............................................................................................................. 3

1.3- O produto copaíba ..................................................................................................................... 4

1.4- Os extrativistas e seus territórios .............................................................................................. 6

OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 8

2.1- Objetivo Geral ............................................................................................................................ 8

2.2- Objetivos específicos .................................................................................................................. 8

MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................................. 9

3.1- Descrição da área de estudo ...................................................................................................... 9

3.2- Coleta de dados ........................................................................................................................ 11

3.2.1- Estrutura populacional ..................................................................................................... 11

3.2.2- Capacidade produtiva de óleo-resina .............................................................................. 14

3.2.3- O óleo-resina de copaíba e as comunidades extrativistas .............................................. 14

3.3- Análise dos dados ..................................................................................................................... 16

3.3.1- Estrutura populacional ..................................................................................................... 16

3.3.2- Capacidade produtiva de óleo-resina .............................................................................. 17

3.3.3- O óleo-resina de copaíba e as comunidades extrativistas .............................................. 18

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 19

4.1- Estrutura populacional ............................................................................................................ 19

4.2- Capacidade produtiva de óleo-resina ..................................................................................... 30

4.3- O óleo-resina de copaíba e as comunidades extrativistas ..................................................... 33

CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 41

PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 43

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LISTA DE TABELAS

Quadro 1 - Quantidade e valor dos produtos da extração vegetal, segundo os principais

produtos - Brasil – 2011 (PEVS – IBGE, 2011) ................................................................. 5

Tabela 1: Valores médios e erro padrão da regeneração natural de copaíba entre os ambientes

de ocorrência na área de estudo. ....................................................................................... 20

Tabela 2: Valores biométricos médios e erro padrão dos indivíduos adultos de copaíba. ....... 28

Tabela 3: Índice R (Razão variância/média) para copaíba em relação às categorias de

regeneração natural e indivíduos adultos no vale e encosta da área de estudo. ................ 29

Tabela 4: Índice I (Morisita) para copaíba em relação a categorias de regeneração natural e

indivíduos adultos nos vales e encostas da área de estudo. ............................................... 29

Tabela 5: Volume médio e erro padrão de óleo-resina produzido pelos indivíduos com

DAP≥30 cm entre as classes de diâmetro nos vales e encostas da área de estudo............ 30

Tabela 6: Volume médio de óleo-resina produzido pelos indivíduos produtivos entre as

classes de diâmetro nos ambientes de ocorrência na área de estudo. ................................ 32

Tabela 7: Tempos e distâncias médios necessários para a realização das atividades produtivas.

........................................................................................................................................... 36

Tabela 8: Produtividade média de uma semana de trabalho entre as atividades produtivas das

comunidades Jamari e Curuçá Mirim ............................................................................... 37

Tabela 9: Tempo e distância dos deslocamentos (ida e volta), frequência de incursões para

extração e produtividade média de óleo-resina de copaíba nos cinco pontos tradicionais.

........................................................................................................................................... 38

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Folhas, flores e frutos de Copaifera sp. ...................................................................... 2

Figura 2: Corte transversal do tronco de Copaifera sp. .............................................................. 3

Figura 3: Localização da área de estudo. .................................................................................... 9

Figura 4: Vales e encostas da face sul da serra Monte Branco................................................. 11

Figura 5: Caminhamento da equipe na execução da atividade de inventario florestal............. 12

Figura 6: Indivíduos de Copaifera sp. de três classes: 1 - plântula, 2 - vareta e 3 - adulto. ..... 13

Figura 7: Esquema de realização do caminhamento e medidas do inventário florestal. .......... 13

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Figura 8: Extração do óleo-resina de copaíba e quantificação do volume coletado. ................ 14

Figura 9: Esquema da coleta de dados apoiada na técnica de triangulação de informações.

(Vieira, 2005) .................................................................................................................... 15

Figura 10: Número de indivíduos adultos de copaíba (Copaifera sp.) por classe diamétrica no

vale e encosta da serra Monte Branco, lado sul. ............................................................... 21

Figura 11: Mapa com a localização dos indivíduos adultos nos vales e encostas da área de

estudo. ............................................................................................................................... 22

Figura 12: Altura total de copaíba (Copaifera spp.) nas diferentes classes diamétricas nos

vales e encostas da área de estudo. .................................................................................... 23

Figura 13: Diâmetro (DAP) médio de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes

diamétricas nos vales e encostas da área de estudo. .......................................................... 24

Figura 14: Altura média da copa de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes diamétricas

nos vales e encostas da área de estudo. ............................................................................. 25

Figura 15: Diâmetro médio da copa de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes

diamétricas nos vales e encostas da área de estudo. .......................................................... 26

Figura 16: Altura média do tronco de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes

diamétricas nos vales e encostas da área de estudo. .......................................................... 27

Figura 17: Número de indivíduos produtivos por classes de diâmetro e ambiente de ocorrência

na área de estudo. .............................................................................................................. 32

Figura 18: Atividades tradicionais na rotina dos remanescentes quilombolas do Jamari e

Curuçá Mirim. ................................................................................................................... 34

Figura 19: Transporte de canoa motorizada com rabeta e das sementes de Bertholletia excelsa.

........................................................................................................................................... 36

Figura 20: Locais das atividades produtivas. ........................................................................... 37

Figura 21: Localização dos pontos tradicionais de coleta de óleo-resina de copaíba. ............. 39

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INTRODUÇÃO

Este trabalho se propôs estudar as populações naturais de copaíba (Copaifera sp.) nas

encostas e vales da serra Monte Branco, em Porto Trombetas-PA, para subsidiar o manejo

sustentado e a exploração de óleo-resina da espécie pelos remanescentes quilombolas das

comunidades Jamari e Curuçá Mirim no rio Trombetas. Estas comunidades estão localizadas

na zona rural do município de Oriximiná e os moradores são considerados, tradicionalmente,

os maiores extrativistas de óleo-resina de copaíba naquela região.

Foi estudada a estrutura populacional da Copaíba nas encostas e vales da face sul da

serra Monte Branco, dentro da Floresta Nacional Saracá-Taquera onde será extraído o minério

bauxita no biênio de 2013-2014 pela Mineração Rio do Norte (MRN). Foi feito o inventário

florestal a 100% da espécie e a extração do óleo-resina para quantificar o potencial produtivo

na área.

Por outro lado, foi feita a descrição dos extrativistas e das atividades produtivas das

comunidades Jamari e Curuçá-Mirim, para a classificação em uma hierarquia de ganhos

verificar se o extrativismo do óleo-resina de copaíba é atraente economicamente e enraizado

culturalmente.

Dessa forma, será possível produzir e reunir as informações básicas para a elaboração

de plano de manejo dos copaibais das áreas de estudo e de estratégias de desenvolvimento

comunitário do extrativismo de óleo-resina de copaíba de maneira coerente, tanto pelo caráter

ambiental quanto pelo caráter social.

1.1- A Copaibeira

As árvores do gênero Copaifera, pertencente à família Leguminosae Subfamília

Caesalpinoideae são nativas da América Latina, e encontradas do México ao norte da

Argentina, e também na África Ocidental (Heck 2012). As copaibeiras, como vulgarmente são

chamadas, são árvores de crescimento lento, alcançam de 25 a 40 metros de altura, podendo

viver até 400 anos. O tronco é áspero, de coloração escura, medindo de 0,4 a 4 metros de

diâmetro (Veiga Jr. e Pinto, 2002).

As folhas são compostas, alternas, paripinadas com seis a oito pares de folíolos (3 a 7

cm de comprimento e 1,5 a 2 cm de largura), coriáceos com glândulas translúcidas, oblongos

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lanceolados de nervura pinada, bordo inteiro, peciólulo piloso e circular. Ráquis pilosa. Face

adaxial lisa, lustrosa de coloração verde escuro, face abaxial lisa, pilosa na nervura principal e

de cor verde claro. Presença de estípula. Pecíolo de 3 a 5 cm de comprimento. As flores são

sésseis, com o cálice vermelho ferrugento e glabro externamente e branco denso piloso

internamente. As pétalas medem de 4 a 5 mm de comprimento e apresentam um leve tom

vermelho-ferrugem. (Barbosa e Scudeller, 2009)

Os frutos contêm uma semente ovoide envolvida por arilo. A floração ocorre entre

outubro e julho e a frutificação entre junho e outubro, com variações dentro destes intervalos,

dependendo da região e clima, com ausência de florescimento anual, em algumas regiões

(Veiga Jr. e Pinto, 2002).

Figura 1: Folhas, flores e frutos de Copaifera sp.

Ainda segundo Veiga Jr. e Pinto (2002), na época da frutificação, as copaíbas são

visitadas no período diurno por aves e são as maiores responsáveis pela dispersão das

sementes. No período noturno, pequenos roedores apreciam os frutos e são atraídos pelo

cheiro de cumarina presente nas sementes maduras.

O gênero Copaifera possui 72 espécies, sendo dezesseis encontradas somente no

Brasil (Id.,Ibid.). No continente Africano, na região do Congo, Camarões, Guiné e Angola,

são descritas cerca de 19 espécies. Há também uma espécie descrita na ilha de Bornéu na

Malásia, a Copaífera palustris, que se assemelha muito às espécies africanas (Pieri et al.,

2009).

Barbosa e Scudeller (2009) relatam que ocorrem na Amazônia Legal sete espécies de

Copaifera L. revelando uma diversidade de habitats, ocorrendo em vários tipos de biomas, em

florestas de terra firme, terras alagadas, margens de lagos e igarapés na bacia amazônica e nas

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matas do cerrado do Brasil Central e Roraima. Relatam também que a espécie encontra–se

ainda em capoeiras fechadas, capoeiras jovens e pastagens, ocorrendo também no cerrado do

Brasil Central em solos arenosos e argilosos e ocupando o dossel da floresta.

1.2- Óleo-resina de Copaíba

De acordo com Veiga Jr. e Pinto (2002) a designação correta para o óleo da copaíba é

a de óleo-resina, por ser um exsudato constituído por ácidos resinosos e compostos voláteis. É

encontrado em canais secretores localizados em todas as partes da árvore. Estes canais são

formados pela dilatação de espaços intercelulares (meatos) que se intercomunicam no

meristema, chamados de canais esquizógenos. O caráter mais saliente do aparelho secretor

está no tronco, onde os canais longitudinais, distribuídos em faixas concêntricas, nas camadas

de crescimento demarcadas pelo parênquima terminal, reúnem-se com um traçado irregular,

em camadas lenhosas, muitas vezes sem se comunicarem (Medeiros, 2006).

Figura 2: Corte transversal do tronco de Copaifera sp.

O óleo-resina que se acumula internamente em cavidades formando bolsas no interior

do tronco da árvore é um líquido transparente, consistente, de cor variando do amarelo

translucido ao castanho escuro, de odor aromático, insolúvel em água e parcialmente solúvel

em álcool. Estudos fitoquímicos demonstram que o óleo-resina de copaíba são misturas de

sesquiterpenos e diterpenos, sendo o ácido copálico e os sesquiterpenos β-cariofileno e α-

copaeno, os principais componentes do óleo (Id.,Ibid.). De acordo com Alencar (1982), o

óleo-resina é o produto da desintoxicação do organismo vegetal e funciona como defesa da

planta contra animais e fungos.

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Apesar de haver vários estudos sobre o gênero ainda pouco se sabe sobre sua ecologia

e os fatores que influenciam na maior ou menor produção de óleo-resina. A produtividade

média de óleo-resina registrada é de 0,3 a 3 litros por arvore a cada coleta (Rigamonte-

Azevedo, 2004). Ainda segundo a autora, não há indicação segura de que a exaustão do óleo-

resina durante a coleta não cause danos fisiológicos ou comprometa a viabilidade da árvore e,

o tempo necessário para as árvores acumularem o óleo-resina para sucessivas extrações ainda

necessita de mais estudos para ser indicado. Para Leite et al. (2001), o tempo mínimo de

descanso para a árvore entre uma extração e outra deve ser de pelo menos três anos. Porém,

Plowden (2003), defende um intervalo de seis meses a dois anos para novas extrações,

variando de cada indivíduo.

O óleo-resina de copaíba é um recurso importante devido ao apelo medicinal e

econômico. De acordo com Leite et al. (2001), os óleos mais claros são preferidos para a

indústria de remédios. Os mais escuros para fabricação de sabão e tratamentos de feridas de

animais. Em Veiga Junior e Pinto (2002), quanto às indicações etnofarmacológicas e as

propriedades farmacológicas do óleo-resina de copaíba, podemos destacar: vias urinárias, vias

respiratórias e doenças de pele. E que o efeito de seu uso se estende também em propriedades

afrodisíacas, antitetânica, antisséptica e anti-inflamatória.

A utilização do óleo-resina de copaíba pelos indígenas no Brasil, que se estende às

comunidades tradicionais, sempre foi bem difundida, possivelmente vindo da observação do

comportamento de certos animais, que quando feridos, esfregavam-se nos troncos das

copaibeiras. O uso terapêutico do óleo de copaíba é conhecido desde o século XVII, sendo

que o óleo-resina de copaíba já constava na farmacopeia britânica em 1677 e na americana a

partir de 1820. (Heck, 2012).

1.3- O produto copaíba

A extração do óleo-resina de copaíba na região do rio Trombetas, e em especial pelas

comunidades Jamari e Curuçá Mirim, é feita tradicionalmente nos indivíduos com DAP maior

que 45 cm, e movimenta grande parte desses comunitários como sendo a atividade extrativista

mais praticada entre eles. O óleo-resina coletado costumeiramente é vendido a regatões

(atravessadores locais) e, desde o ano de 2011, a Cooperativa Extrativista dos Quilombos do

Município de Oriximiná (CEQMO), juntamente com organizações não governamentais,

efetua a compra deste produto e o revende para uma indústria de cosméticos européia, na

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tentativa de elevar os valores praticados na região. Atualmente, encontramos na região do

Trombetas valores praticados de R$15,00 a R$25,00 o litro, dependendo do comprador e da

quantidade entregue.

Segundo o relatório da Produção da Extração Vegetal e Silvicultura – PEVS 2011 –

(IBGE, 2011) a média de preço praticada para comercialização do óleo-resina de copaíba no

Brasil é de aproximadamente R$ 10,00 o que corresponde a 13,32% de todo valor arrecadado

entre os produtos oleaginosos brasileiros (ver Quadro 1). Mesmo assim o volume financeiro

movimentado pela copaíba não se aproxima do volume gerado por produtos de maior impacto

como a castanha-do-pará (que nesse estudo chamaremos apenas de castanha) e madeira para

diversos usos. No entanto, existem casos em que o litro do óleo-resina de copaíba chega a ser

comercializado por valores superiores a R$ 35,00, quando o extrativismo é executado de

forma sustentável e o produto rastreado em todas as etapas da cadeia produtiva,

proporcionando retorno positivo às empresas que se utilizam do marketing ecológico que isso

proporciona. A partir do óleo de copaíba são fabricados produtos como cremes, sabonetes,

xampus, fixador de perfumes, tintas e vernizes (MMA, 2008).

Quadro 1 - Quantidade e valor dos produtos da extração vegetal, segundo os principais produtos -

Brasil – 2011 (PEVS – IBGE, 2011)

Principais produtos Quantidade (t) Valor (1 000 R$)

Borrachas 3005 8202

Ceras 21274 108268

Fibras 65903 128199

Tanantes 178 138

Oleaginosos 115099 163545

Copaíba 214 (0,19%) 2178 (13,32%)

Alimentícios 514355 525175

Castanha-do-pará 42152 (8,20%) 69404 (13,22%)

Aromáticos e medicinais 729 2282

Madeiras 53042110 4030884

Devido à manutenção de práticas de extração inadequada do óleo e principalmente

pela derrubada ilegal da árvore, as espécies de copaíba podem sofrer uma redução drástica em

termos quantitativos. Mesmo após a Instrução Normativa do IBAMA n° 112 de 21/08/06, que

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cria a obrigatoriedade de obter o Documento de Origem Florestal – DOF, para transportar o

produto, a dificuldade encontrada pelo IBAMA na fiscalização tem proporcionado a

continuidade de práticas de exploração predatória. Tais práticas interferem nos preços de

mercado ao viabilizarem a comercialização dos óleos por preços muito baixos, uma vez que

se torna subproduto da exploração madeireira (MMA, 2008).

Ainda segundo MMA (2008), no extrativismo é recomendável que os próprios

produtores façam o pré-beneficiamento e a distribuição do produto, elevando

consideravelmente o seu valor agregado. Para tal, o óleo é preparado para a comercialização

por meio da filtragem, separação por tipo e embalagem do produto. A mistura de óleos de

diversos tipos e a falta de filtragem tendem a baixar o preço.

A região do Trombetas (Município de Oriximiná-PA) aparece em posição expressiva

no ranking de municípios produtores de óleo-resina de copaíba do estado do Pará. Porém

ainda distante dos grandes produtores nacionais que se localizam no estado do Amazonas,

como o município de Apuí e Novo Aripuanã. Um dos fatores que diminui a expressividade da

região frente outras áreas produtoras é que parte do óleo-resina de copaíba extraído na região

do Trombetas é comercializado por regatões que revendem o produto na região de Óbidos,

município vizinho a Oriximiná.

1.4- Os extrativistas e seus territórios

O município de Oriximiná conta 361.825 hectares de terras quilombolas tituladas

distribuídas em cinco territórios, o que representa 37,2% do total de toda a área titulada no

Brasil. E outros quatro territórios ainda aguardam sua titulação, somando 332.654 hectares

que se encontram em processo de regularização. Estas comunidades remanescentes de

quilombos, incluindo as que participam de nosso estudo, possuem suas terras em processo de

titulação junto à Fundação Palmares e o Instituto de Terras do Pará (Andrade, 2011).

As comunidades do Jamari e do Curuçá Mirim se localizam na região do Alto

Trombetas, em território denominado Jamari / Último Quilombo. Estes territórios se

sobrepõem com a Floresta Nacional Saracá-Taquera, e também com uma pequena parte da

Reserva Biológica do rio Trombetas, o que inspira cuidados ainda maiores para a proposição

de trabalhos na região (IBAMA, 2001). Grande parte dos comunitários é subsistente e goza de

soberania alimentar, possui baixa renda derivada de atividades extrativistas e benefícios de

programas sociais do Governo Federal.

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Em Oriximiná, durante décadas o isolamento ajudou os quilombolas a manter suas

terras protegidas. Seus territórios apresentam grandes extensões de florestas com quase 100%

de suas áreas preservadas. Mas o avanço da ocupação dessa região torna os quilombolas e

suas florestas cada vez mais vulneráveis a uma série de ameaças, como a exploração

madeireira e mineral, os planos de exploração do potencial hidroelétrico dos rios que cortam

suas terras, ação de pescadores e suas geleiras1, traficantes de quelônios

2, garimpeiros, e ainda

pelos impactos das mudanças climáticas. Dados levantados junto ao Departamento Nacional

de Produção Mineral (DNPM) em julho de 2011 indicavam a existência de 94 processos

minerários incidentes nas terras quilombolas em Oriximiná, sendo que 10 deles são

concessões de lavra. Os processos envolvem bauxita, fosfato e ouro. (Andrade, 2011)

As operações da MRN, iniciadas na década de 1970, consistem na extração, no

beneficiamento e na venda de minério de bauxita. Em dezembro de 2010 a MRN obteve junto

ao IBAMA a Licença de Instalação de atividades no platô do Monte Branco, com 3.750

hectares. Essa Licença de Instalação estabelece uma série de condicionantes, entre elas, a

“2.13”. Apresentar cálculo específico e metodologia de valoração econômica para a

indenização ou compensação das comunidades de extratores de óleo de copaíba” (Id.,Ibid.).

1 Embarcações utilizadas na pesca predatória dos rios amazônicos.

2 Pescadores locais que realizam a comercialização ilegal de quelônios.

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OBJETIVOS

2.1- Objetivo Geral

Estudar as populações de copaíba (Copaifera sp.) nas encostas e vales da serra Monte

Branco, em Porto Trombetas-PA, para subsidiar o manejo sustentado e a exploração

do óleo-resina da espécie pelos remanescentes de comunidades quilombolas da região.

2.2- Objetivos específicos

2.2.1- Descrever a estrutura populacional de Copaifera sp. através da realização de

inventário florestal a 100% para espécie na área de estudo.

2.2.2- Avaliar a capacidade produtiva de óleo-resina de Copaifera sp. nos vales e

encostas da área de estudo.

2.2.3- Descrever a dinâmica social da atividade de extrativismo de óleo-resina de

Copaifera sp. praticada pelas comunidades remanescentes de quilombos da região

próxima da área de estudo.

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MATERIAL E MÉTODOS

3.1- Descrição da área de estudo

A FLONA Saracá-Taquera fica localizada no Estado do Pará à margem direita do rio

Trombetas nos municípios de Oriximiná, Faro e Terra Santa. Suas coordenadas geográficas

são 1°20’ e 1°55’ de latitude Sul e 56° 00’ e 57°15’ de longitude Oeste. Limita-se ao norte

com a Reserva Biológica do Rio Trombetas e na porção sul-sudoeste está limitada pelo rio

Nhamundá. (IBAMA, 2001)

A área de estudo desta pesquisa está localizada na referida Unidade de Conservação

(UC), cujo gerenciamento é realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a fiscalização pelo Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A FLONA é uma UC de uso direto, criada pelo

Decreto número 98.704 de 27 de dezembro de 1989 e possui uma área de 429.600 ha. O

gestor da FLONA mantém convênio de cooperação com a Mineração Rio do Norte (MRN), a

fim de haver compensação pelos danos ambientais causados pela extração de bauxita que essa

empresa explora em seu território.

Figura 3: Localização da área de estudo.

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O clima da região é considerado como Equatorial Quente Úmido classificado segundo

Köppen como Aw, verão úmido e inverno seco. Os meses mais secos são agosto, setembro e

outubro, coincidindo com o fim do inverno e início da primavera. A estação chuvosa começa

em dezembro e termina em maio, sendo fevereiro, março e abril os três meses mais chuvosos.

A estação seca começa em julho indo até outubro. Existem dois períodos de transição, um

considerado chuvoso-seco em junho e o outro seco-chuvoso em novembro. A precipitação

pluviométrica média anual fica em torno de 2.000 mm. A umidade relativa média do ar é

superior a 80%. As temperaturas médias anuais variam de 25 a 26 °C, sendo que as mínimas,

as médias e as máximas diárias podem oscilara entre 25 e 40ºC. (IBAMA,2001).

A compartimentação proposta no relatório de Estudo de Impacto Ambiental da

Floresta Nacional de Saracá-Taquera considerando características topográficas, morfológicas

e pedológicas, dividiu a região em: topo de platô, encosta de platô, terras baixas e planícies

aluviais platôs. (Brandt, 2000 apud Guapindaia, 2008).

O topo de platô é o compartimento mais elevado da paisagem local, sendo testemunho

residual do planalto dissecado. Os platôs possuem formas e extensões variáveis e superfícies

tabulares aplainadas que apresentam variações não superiores a 10 m. A declividade fica entre

0 a 20% com cotas variando na média de 175 a 180 metros. O solo predominante é Latossolo

Amarelo Álico profundo e argiloso apresentando uma crosta bauxítica. A drenagem de

superfície dos platôs é pouco desenvolvida, somente na época de chuvas mais intensas é que

alguns cursos d’água podem ser formados. A água das chuvas é, em grande parte, absorvida

pelo solo poroso e permeável superficial que, por sua vez, encontra-se protegido do impacto

direto e da erosão pela densa vegetação presente. A vegetação no local é classificada como

Floresta Ombrófila Densa (Id.,Ibid.).

A encosta de platô (encosta) representa a faixa de borda dos platôs e é constituída por

superfícies inclinadas em rampas, quase verticais ou ligeiramente côncavas, estabelecendo a

conexão dinâmica entre o topo dos platôs e as terras baixas. Na porção representada entre a

ruptura do platô e a encosta, as declividades podem atingir 70%, caracterizando um relevo

moderadamente íngreme apresentando cotas entre 140 a 175 metros. O solo predominante é o

Latossolo Vermelho Amarelo Álico com textura médio-argilosa/argilosa (Id.,Ibid.).

As terras baixas (vale) representam a faixa de transição entre as encostas dos platôs e

as áreas dos sistemas fluviais adjacentes. Possuem relevo rebaixado, morros convexos

suavemente ondulados, bem individualizados e fortemente recortados por cabeceiras de

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drenagem com cotas entre 100 a 140 metros; e apresenta solo arenoso. A vegetação tanto para

encosta como para as terras baixas é classificada também como Floresta Ombrófila Densa

(Id.,Ibid.).

As planícies aluviais são caracterizadas pelos terraços quaternários recentes, em

superfícies planas a suavemente onduladas, resultantes da acumulação de sedimentos fluviais

nas margens dos igarapés e lagos. Situam-se, em geral, em cotas inferiores a 100 m podendo,

porém, em determinados locais, ultrapassar a cota acima de 100 m dependendo do grau de

erosão provocada pela drenagem local. A vegetação desse compartimento é classificada como

mata de igapó sazonal. O solo predominante é a Areia Quartzosa Álica, sendo que nas

proximidades das drenagens pode ocorrer Areias Quartzosas Hidromórficas, solos Podzol

Hidromórfico e ainda Solos Orgânicos (Id.,Ibid.).

3.2- Coleta de dados

3.2.1- Estrutura populacional

Foi realizado o censo florestal em 100% das copaibeiras (Copaifera sp.) ao longo das

encostas e vales da face sul da serra Monte Branco, com o auxílio de mapa topográfico

fornecido pela MRN.

Figura 4: Vales e encostas da face sul da serra Monte Branco

Participaram também das atividades de campo, os remanescentes quilombolas das

comunidades Jamari e Curuçá Mirim. Estes comunitários receberam treinamento em técnicas

de inventário florestal durante a pesquisa e foram capacitados para as medições, colaborando

para a realização deste estudo.

Para as atividades de campo foi utilizado aparelho de GPS (Geographic Position

System), modelo Map 62s® para orientar a abertura e registro das trilhas e também para

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obtenção das coordenadas das copaibeiras. Os limites inicial e final de cada trilha, nas

encostas e nos vales, foram definidos de acordo com a topografia da área, uma vez que o local

de estudo se situava entre duas serras, a Monte Branco e a Saracá.

As trilhas de inventário em cada ambiente (encostas e vales) foram abertas de forma

paralela na distância de 50 metros entre si e as parcelas de levantamento das copaibeiras

foram demarcadas em 25 metros de comprimento por 50 metros de largura. Em cada parcela

foram realizados caminhamentos por uma equipe composta por cinco auxiliares e um

anotador, todos caminhando juntos dispostos em linha reta.

Figura 5: Caminhamento da equipe na execução da atividade de inventario florestal.

As copaibeiras da encosta e do vale foram divididas em classes de regeneração natural

e adulta. A classe de regeneração natural foi composta pelas categorias de plântula, muda,

vareta, vara e jovem, segundo Jardim (1985) e Lima-Filho et al (2002), com modificações.

Foram consideradas “plântulas” os indivíduos com altura até trinta centímetros (30 cm). A

classe correspondente a categoria de “regeneração natural” foi dividida em “mudas” os

indivíduos com altura maior que trinta centímetros (30 cm) e menor que um metro e meio

(150 cm); “varetas” com altura maior ou igual a um metro e meio (150 cm) e menor ou igual a

três metros (300 cm); “varas” com altura superior a três metros e diâmetro a altura do peito

(DAP) menor que cinco centímetros (5 cm); e “jovens” com DAP maior ou igual a cinco

centímetros (5 cm) e menor que dez centímetros (10 cm). A classe “adulta” foi composta por

copaibeiras com DAP maior ou igual a dez centímetros (10 cm) e foram divididas em classes

diamétricas com intervalos de dez centímetros (10 cm) cada.

As plântulas foram contadas e registrado o número de ocorrência em cada parcela do

inventário. Nas “mudas” e “varetas”, foram medidas a altura total e o diâmetro ao nível do

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solo. Nos indivíduos das classes “vara” e “jovem” foi medida a altura total com a utilização

de hipsômetro HAGA® e a circunferência na altura do peito (CAP) com fita métrica, e o DAP

calculado posteriormente.

Figura 6: Indivíduos de Copaifera sp. de três classes: 1 - plântula, 2 - vareta e 3 - adulto.

Nos indivíduos adultos (DAP maior ou igual a 10 cm) foram medidas a altura total e

do tronco na distância de 20 metros da árvore. A altura do tronco foi estabelecida como a

distância entre o solo e a primeira bifurcação dos galhos, e a altura total a distância entre o

solo e o ponto mais alto da copa (Figura 7). A altura da copa foi calculada pela diferença entre

a altura total e a altura do tronco. A CAP foi medida com fita métrica a um 1,3 m acima do

nível do solo e o DAP calculado posteriormente. O diâmetro médio da copa foi calculado a

partir dos valores do maior e menor diâmetros, medidos com trena sob a projeção da copa

(Figura 7).

Figura 7: Esquema de realização do caminhamento e medidas do inventário florestal.

1 2 3

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Todos os indivíduos encontrados foram georreferenciados e plotados em mapa com

auxílio do software ArcGis® 10, sendo que nos indivíduos adultos foram afixadas placas de

alumínio com o número da trilha e o número em ordem de ocorrência dentro de cada trilha.

3.2.2- Capacidade produtiva de óleo-resina

Foram perfuradas todas as copaibeiras com DAP maior ou igual a trinta centímetros

(30 cm), coletado o óleo-resina através do método tradicional local e o volume por árvore

quantificado através de uma proveta graduada (Figura 8). As copaibeiras foram agrupadas por

classe diamétrica em intervalos de 10 centímetros e por ambiente de ocorrência na área de

estudo (vale e encosta da face sul da área a ser minerada nos anos de 2013 e 2014 na serra

Monte Branco).

Figura 8: Extração do óleo-resina de copaíba e quantificação do volume coletado.

As copaibeiras foram perfuradas com trado de uma polegada (1”) na altura de um

metro (1 m) do nível do solo, e deixado o óleo-resina verter até que interrompesse o fluxo.

Após a coleta o furo era tampado com torno de madeira densa e cortado rente ao tronco.

3.2.3- O óleo-resina de copaíba e as comunidades extrativistas

A execução das atividades de campo se dividiu em duas etapas: a primeira de

questionários e mapeamento e a segunda de entrevistas e observação participante. Essas

etapas ocorreram em quatro momentos distintos, sendo primeiro realizadas duas etapas com a

comunidade Jamari, e depois realizadas duas etapas com a comunidade Curuçá Mirim.

Foram aplicados questionários semiestruturados e entrevistas livres com 17

(dezessete) comunitários, chefes de família, com as informações de número de filhos,

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escolaridade, ganhos mensais e atividades produtivas praticadas. As informações foram

avaliadas através das técnicas de Diagnóstico Rural Participativo (Verdejo, 2006) para

realizar mapas mentais e acompanhamento das rotinas das atividades produtivas elencadas

como as mais importantes.

Foi denominada atividade produtiva aquelas que geravam renda, alimentação e/ou

elementos para construção de estruturas físicas das moradias. Para as atividades produtivas

geradoras de renda, foi avaliado o tempo de trabalho gasto e os ganhos gerados para

compreender a dinâmica socioeconômica básica de cada uma delas.

Nesta avaliação foi levado em consideração o trabalho empregado pelo chefe da

família no decorrer de uma semana de atividade, independente da participação de outras

pessoas. Para compreender as necessidades de deslocamento e execução de cada uma das

atividades descritas foi realizada a observação participante dos trajetos empreendidos a fim de

quantificar os tempos gastos e as distancias percorridas.

Através da técnica de triangulação de informações (Vieira, P.F., 2005) (Figura 9)

foram levantadas as necessidades básicas (deslocamento e alimentação) de cada uma das

atividades e quais os ganhos monetários obtidos (quantidade coletada/produzida e preço

médio de venda). Também foram avaliadas as distâncias e os tempos gastos para o

deslocamento e execução dessas atividades.

Figura 9: Esquema da coleta de dados apoiada na técnica de triangulação de informações. (Vieira,

2005)

Sendo o foco a dinâmica em torno da copaíba, essa atividade extrativista foi mais

aprofundada, acompanhada em diferentes sítios para identificar a sua importância como um

todo. O acompanhamento da atividade de extração de óleo-resina de copaíba foi feito em

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cinco locais tradicionais de extração deste recurso para comparar também as informações

sobre produtividade e frequência de visitas em cada uma dessas áreas.

Além dos questionários e entrevistas foram utilizados gravador de áudio e máquina

fotográfica. Para as atividades de mapa mental foram utilizados folhas de papel pardo e lápis

de cor para detalhar os caminhos percorridos e a localização dos recursos utilizados. E para as

atividades de observação participante foram utilizados GPS, cronômetro, máquina fotográfica

e gravador de áudio. Nos trajetos percorridos as informações de distância e tempo foram

medidas pelo GPS de alta precisão e cronômetro digital.

3.3- Análise dos dados

3.3.1- Estrutura populacional

Os dados foram inseridos em planilha eletrônica (Microsoft Excel®

2010) e calculado

o número total de copaibeiras, por hectare e separados por categorias de regeneração natural e

classes diamétricas (aos indivíduos adultos) entre cada ambiente de ocorrência.

Foi calculada a taxa de eficiência de estabelecimento do número de indivíduos entre as

categorias da classe de regeneração natural e entre as classes diamétricas dos indivíduos

adultos. O cálculo foi feito pelo número de indivíduos da categoria ou classe diamétrica

subsequente dividido pelo número de indivíduos da categoria ou classe diamétrica em

questão, e o resultado apresentado em porcentagem. Essa taxa mostra a variação do número

de indivíduos da categoria ou classe avaliada e o numero de indivíduos da categoria ou classe

diamétrica subsequente.

Nos indivíduos adultos foram calculados também os valores médios de altura total e

de tronco, diâmetro a altura do peito, diâmetro da copa e altura da copa. Todas as variáveis

biométricas tiveram as médias comparadas entre os ambientes de ocorrência e entre as classes

de diâmetro em intervalos de 10 centímetros utilizando o programa Minitab® 16.

O padrão de distribuição espacial foi calculado pela razão Variância/Média (R)

(Nascimento et al.,2001).

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Onde S²= variância da frequência; x = média da frequência. Em (R), se R<1 o padrão

de distribuição é não agrupado, R≥1 e R≤1,5 existe uma tendência ao agrupamento e R>1,5 o

padrão de distribuição é agrupado.

Para toda a área inventariada, o padrão de distribuição espacial também foi calculado

pelo Índice de Morisita (I) segundo Tonini et al. (2008).

Onde n = número total de parcelas; Σx² = soma do quadrado do número de indivíduos

por parcela; N = número de indivíduos encontrados em todas as parcelas. Em (I), se I<1 o

padrão de distribuição é uniforme, se I=1 o padrão de distribuição é aleatório e se I>1 o

padrão de distribuição é agregado.

As distâncias médias entre os indivíduos adultos e classes de distância ocorridas foram

calculadas tomando como referência os ambientes de ocorrência. Foram calculadas todas as

distancias entre todos os indivíduos de cada ambiente (vale e encosta) utilizando o

ArcGis®10. A partir disso calculamos a distância média entre os indivíduos e analisamos as

frequências das distancias distribuídas em classes criadas pela fórmula de Sturges:

K = 1 + 3,322*log10(n)

Onde K é o número de classes que se quer descobrir, e n é a quantidade de dados da

amostra. A amplitude de cada uma dessas classes foi determinada pela fórmula (H=AT/K),

onde H é a amplitude que se quer descobrir, AT é o resultado da variação máxima subtraída

pela variação mínima da amostra, e K é o número de classes definido (Hoel, 1991).

3.3.2- Capacidade produtiva de óleo-resina

Os resultados de produção de óleo-resina de copaíba foram analisados através da

divisão em classes de diâmetro com amplitude de dez centímetros cada e também entre os

ambientes de ocorrência na área de estudo (vale e encosta).

Analises de variância utilizando o programa Minitab® 16 foram feitas para verificar

diferença na produção de óleo-resina entre o vale e a encosta, tanto para os indivíduos com

DAP≥ 30 cm quanto para os indivíduos produtivos.

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3.3.3- O óleo-resina de copaíba e as comunidades extrativistas

Os mapas mentais foram digitalizados em imagem JPEG e serviram de base para

interpretação das informações coletadas com GPS nas atividades de observação participante,

onde foi gerado um produto de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) no programa

ArcGis®10 e compiladas com os dados gerados pelo cronometro na marcação do tempo gasto

e transformados em tabela digital com o programa Microsoft Excel® 2010. Os arquivos de

vídeo, foto e áudio digitais, foram catalogados e serviram de base para a descrição e

classificação dos resultados juntamente com as respostas dos questionários e entrevistas.

A descrição dos extrativistas e a classificação das atividades produtivas realizadas

indicam a importância dessas atividades agroextrativistas e apontam se o extrativismo do

óleo-resina de copaíba é atraente economicamente e enraizado culturalmente.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1- Estrutura populacional

O total da área inventariada foi de 234,51 hectares com 1.876 parcelas, com densidade

de 38,15 indivíduos de copaíba por hectare. Na encosta área total foi de 99,88 hectares com

799 parcelas e densidade de 41,16 indivíduos por hectare. No vale a área foi de 134,63

hectares com 1077 parcelas e densidade de 35,91 indivíduos por hectare.

Foi encontrado um total de 8.390 “plântulas” de copaíba, sendo 3.842 na encosta e

4.548 plântulas no vale, com taxas de eficiência de estabelecimento de 4% para ambos

ambientes. A análise de variância mostrou que o número de plântulas entre os ambientes não

difere significativamente (P=0,454), com média de 70,2±26,3 para a encosta e 101,9±32,7

para o vale. A densidade foi de 38,5 indivíduos por hectare na encosta e 33,8 indivíduos por

hectare no vale. A densidade total de plântulas de copaíba foi de 35,8 indivíduos por hectare.

Segundo os comunitários que participaram deste trabalho, acontece uma grande

predação dessas plântulas por animais como o veado (Cervus elaphus), que faz pastoreio

nesses bancos de plântulas, e também roedores (Dasyprocta leporina e Cuniculus paca) que

desenterram as sementes em busca de alimentos. Outros animais como antas (Tapirus

terrestres) e porcos do mato (Tayassu tajacu e Tayassu pecari) visitam as árvores de copaíba

para untarem o corpo com o óleo-resina que escorre do tronco e podem também se alimentar

dos brotos como forma de tratamento complementar.

Na classe “regeneração natural”, ocorreu o total de 395 “ mudas” (30 cm< altura ≤150

cm), sendo 190 na encosta e 185 no vale. A densidade foi de 1,90 por hectare na encosta com

a taxa de eficiência de estabelecimento de 6%. No vale a densidade foi de 1,37 indivíduos por

hectare e taxa de eficiência de 12%. A densidade total foi de 1,6 indivíduos por hectare com

taxa de eficiência de 9%.

Na categoria “varetas” (150 cm< altura ≤300 cm) foram encontrados 34 indivíduos,

sendo 12 na encosta e 22 no vale. A densidade de indivíduos na encosta foi de 0,12 por

hectare e taxa de eficiência de estabelecimento de 67%. No vale, a densidade foi de 0,16

indivíduos por hectare com eficiência de 27%. A densidade total foi de 0,14 indivíduos por

hectare com a taxa de eficiência de 41%.

Na categoria “varas” (altura >300 cm e DAP ≤5 cm), foram encontrados 14

indivíduos, sendo que oito na encosta e seis no vale. A densidade na encosta foi de 0,08 por

hectare e com eficiência de estabelecimento de 50%. No vale a densidade foi de 0,04

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indivíduos por hectare com taxa de eficiência de 233%. Nos dois ambientes a densidade foi de

0,06 por hectare com 129% de eficiência de estabelecimento.

Indivíduos “jovens” (5 cm< DAP <10 cm), totalizaram 18, sendo quatro na encosta e

14 no vale A densidade foi de 0,04 por hectare na encosta e de 0,1 no vale. As taxas de

eficiência foram de 225% na encosta e de 114% no vale. Em ambos os ambientes a densidade

foi de 0,08 indivíduos por hectare com taxa de eficiência de 139%. A tabela 1 mostra os

valores médios das medidas biométricas nas categorias de regeneração natural.

Tabela 1: Valores médios e erro padrão da regeneração natural de copaíba entre os ambientes de

ocorrência na área de estudo.

AMBIENTE MUDAS VARETAS

H (m) DAB (mm) H (m) DAB (mm)

ENCOSTA 0,53±0,03 5,64±0,3 2,13±0,16 13,79±1,21

VALE 0,53±0,03 6,41±0,4 1,87±0,06 15,83±0,69

GERAL 0,53±0,03 6,03±0,3 2,00±0,07 14,81±0,64

AMBIENTE VARAS JOVENS

H (m) DAP (cm) H (m) DAP (cm)

ENCOSTA 3,52±0,57 3,13±0,41 4,20±1,18 6,71±0,72

VALE 6,50±0,76 3,72±0,32 10,48±0,64 6,53±0,35

GERAL 5,01±0,64 3,43±0,25 8,90±0,78 6,62±0,32

Onde: H= Altura; DAB= Diâmetro a altura da base.

Uma maior taxa de eficiência de regeneração mostra que, mesmo com alta mortalidade

nas classes menores os indivíduos das categorias de vara e jovem tendem a se estabelecer.

Grande parte dos indivíduos encontrados nessas categorias estava distante das matrizes, além

disso, por terem porte mais avantajado apresentam maior resiliência a predação por

herbívoros. As altas taxas podem ser também um indicativo de que os indivíduos de copaíba

quanto mais maduros, mais lentamente crescem, e a amplitude de distribuição diamétrica das

maiores categorias de regeneração natural influenciam no acúmulo de indivíduos nessas

categorias.

Os indivíduos das categorias “plântulas”, “mudas” e “varetas”, sofrem maior

predação e tiveram as taxas de mortalidade aumentadas possivelmente por consequência de

maior competição por nutrientes e luz, quando localizados sob a influência da matriz. Lima-

Filho et al (2002) concluíram que apenas 5% dos indivíduos de regeneração natural, incluindo

a copaíba, conseguem alcançar o dossel. Os resultados de nosso estudo apontam que 1,3% das

plântulas (altura<30 cm), e 30% das “mudas” de copaíba (30 cm< altura ≤150 cm) se tornam

indivíduos adultos (DAP≥10 cm).

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Ocorreram 115 indivíduos “adultos” de copaíba (DAP≥10 cm), sendo que 55

ocorreram na encosta e 60 no vale. A densidade de indivíduos adultos na encosta foi de 0,55

por hectare e no vale foi de 0,45 por hectare. Nos dois ambientes a densidade foi de 0,49

indivíduos por hectare.

Figura 10: Número de indivíduos adultos de copaíba (Copaifera sp.) por classe diamétrica no vale e

encosta da serra Monte Branco, lado sul.

A figura 10 mostra que a primeira classe diamétrica teve taxa de eficiência de

estabelecimento de 96%, a segunda classe com taxa de 137%, a terceira classe com 51%, a

quarta classe com 76% e a quinta classe diamétrica com taxa de eficiência de estabelecimento

de 23%. Esses resultados indicam de que os indivíduos de copaíba quanto mais maduros, mais

lentamente crescem, influenciando no acúmulo de indivíduos nas classes diamétricas que já

atingiram o dossel, com necessidade de maior tempo para que estes atinjam as classes

subsequentes, justificando um menor número de indivíduos nas maiores classes diamétricas.

A figura 11 mostra a localização dos indivíduos adultos de copaíba nas encostas e

vales da área de estudo.

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Figura 11: Mapa com a localização dos indivíduos adultos nos vales e encostas da área de estudo.

Barbosa e Scudeller (2009), encontraram em 13 hectares densidade de 1,7 árvores de

copaíba (indivíduos com DAP≥10 cm) por hectare. Chambers et al (2009) também

considerando indivíduos com DAP≥10 cm, encontraram em cinco hectares a densidade de 0,8

árvores de copaíba por hectare. Plowden (2003) em seu estudo no Pará também considerando

indivíduos com DAP≥10 cm, em sete hectares encontrou densidade de 0,86 árvores de

copaíba por hectare.

A densidade de indivíduos de copaíba com DAP≥ 30 cm, na encosta foi de 0,33

indivíduos por hectare, no vale foi de 0,25 indivíduos por hectare, e nos dois ambientes a

densidade foi de 0,28 indivíduos por hectare. Alencar (1982) encontrou a densidade de 0,41

indivíduos por hectare em 200 hectares na Reserva Ducke. Rigamonte-Azevedo (2004)

encontrou a densidade de 0,74 indivíduos por hectare em 37 hectares no Acre.

A altura das copaibeira adultas no vale e encosta aumentou conforme o diâmetro

médio até a classe diamétrica de 40-49,9 cm. A partir dessa classe diamétrica, no vale a altura

estabilizou até a classe 60-69,9 cm e na encosta teve tendência de crescimento (Figura 12).

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Figura 12: Altura total de copaíba (Copaifera spp.) nas diferentes classes diamétricas nos vales e

encostas da área de estudo.

No vale a altura média na classe 10-19,9 cm foi de 17,06 m e na encosta de 19,63 m.

Na classe de 20-29,9 m foi de 24,36 m no vale e de 22,43 m na encosta. Na classe de 30-39,9

m no vale foi de 27,8 e na encosta de 28,0 m. Na classe de40-49,9 m foi de 29,8 no vale e de

32,0 na encosta. Na classe de 50-59,9 m foi de 29,4 no vale e de 28,6 na encosta. Na classe de

60-69,9 m foi de 29,5 no vale e de 34,0 m na encosta.

A altura média das copaibeiras com DAP≥10 cm na encosta foi de 26,4±0,8 m e no

vale de 24,9±0,8 m. A altura média das copaibeiras com DAP≥30 cm na encosta foi de

28,9±0,9 m e no vale de 28,8±0,7 m. A altura média das copaibeiras com DAP≥30 cm e

produtivas na encosta foi de 30,1±1,0 m e no vale de 27,8±0,9 m. Os maiores valores

encontrados para altura total das copaibeiras adultas foram de 42,5 metros na encosta e 40

metros no vale.

O diâmetro (DAP) médio em cada classe diamétrica no vale foi maior nas classes 30-

39,9 cm, na classe 50-59,9 cm e na classe 60-69,9 cm. Nas outras classes diamétricas as

diferença foram menores, na classe 10-19,9 cm com praticamente os mesmos valores e maior

na encosta nas classes de 20-29,9 cm e de 40-49,9 cm (Figura 13).

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Figura 13: Diâmetro (DAP) médio de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes diamétricas nos

vales e encostas da área de estudo.

A maior tendência de crescimento das copaibeiras do vale, nas três maiores classes

diamétricas evidencia que as árvores alcançaram o dossel da florestal, passando a crescer mais

em diâmetro do que proporcionalmente em altura. Na encosta a menor tendência do

crescimento nessas classes, mostra que as árvores ainda estão investindo mais em altura do

que em diâmetro (Figuras 12 e 13).

Os maiores diâmetros médios, na última classe diamétrica foram de 61,43 cm no vale

e de 68,12 cm na encosta. O diâmetro médio das copaibeiras com DAP≥10 cm na encosta foi

de 33,3±1,8 cm e no vale de 31,9±1,9 cm. O diâmetro médio das copaibeiras com DAP≥30

cm na encosta foi de 41,6±1,8 cm e no vale de 42,9±1,7 cm. O diâmetro médio das

copaibeiras com DAP≥30 cm e produtivas na encosta foi de 45,2±2,4 cm e no vale de

43,1±2,0 cm.

As copas das árvores de copaíba tiveram altura crescente até a classe diamétrica de 40-

49,9 cm, tanto no vale como na encosta. Nas três maiores classes teve a tendência de

estabilizar nas árvores da encosta e do vale com pouca redução (Figura 14).

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Figura 14: Altura média da copa de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes diamétricas nos

vales e encostas da área de estudo.

Nas copaibeiras da classe diamétrica de 10-19,9 cm no vale a altura da copa foi de

7,91 m e na encosta de 9,51 m. Na classe de 20-29,9 m foi de 10,18 m no vale e de 11,90 m

na encosta. Na classe de 30-39,9 m no vale foi de 13,14 e na encosta de 12,71 m. Na classe de

40-49,9 m foi de 15,25 no vale e de 16,0 na encosta. Na classe de 50-59,9 m foi de 14,4 no

vale e de 13,75 na encosta. Na classe de 60-69,9 m foi de 14,5 no vale e de 16,0 m na encosta

(Figura 13). Esses dados reforçam a evidencia de que as árvores alcançam o dossel da floresta

a partir da classe diamétrica de 40-49,9 cm. Nesse ponto as copas tendem a crescer em

diâmetro por alcançarem o ambiente com mais luz, inclusive nos lados da copa. Os maiores

valores da altura de copa foram 22 m na encosta e 23 m no vale.

A altura média das copas das copaibeiras com DAP≥10 cm na encosta foi de 12,4±0,7

m e no vale de 11,9±0,6 m. A altura média das copas das copaibeiras com DAP≥30 cm na

encosta foi de 13,6±0,9 m e no vale de 14,5±0,5 m. A altura média das copas das copaibeiras

com DAP≥30 cm e produtivas na encosta foi de 14,1±1,2 m e no vale de 13,4±0,6 m.

O diâmetro médio da copa das copaibeiras na encosta cresceu com o aumento do

diâmetro e alcançou o valor de 21,6 m na classe de 60-69,9 cm. No entanto, no vale o

crescimento do diâmetro da copa aumentou com o aumento do diâmetro até a classe

diamétrica de 50-59,9 cm e alcançou o valor de 21,56 m (Figura 15).

No vale o diâmetro da copa somente foi maior do que na encosta nas classes 30-39,9

cm e na classe 50-59,9 cm (Figura 15).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

10 - 19,99 20 - 29,99 30 - 39,99 40 - 49,99 50 - 59,99 60 - 69,99

Alt

ura

dia

da

cop

a (m

)

Classe diamétrica (cm) Vale Encosta

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Figura 15: Diâmetro médio da copa de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes diamétricas nos

vales e encostas da área de estudo.

Nas copaibeiras da classe diamétrica de 10-19,9 cm no vale o diâmetro da copa foi de

8,19 m e na encosta de 8,54 m. Na classe de 20-29,9 m foi de 9,38 m no vale e de 11,38 m na

encosta. Na classe de 30-39,9 m no vale foi de 13,61 e na encosta de 13,30 m. Na classe de

40-49,9 m foi de 15,16 no vale e de 18,43 na encosta. Na classe de 50-59,9 m foi de 21,56 no

vale e de 17,91 na encosta. Na classe de 60-69,9 m foi de 19,75 no vale e de 21,6 m na

encosta (Figura 15).

No vale o diâmetro da copa não acompanhou o crescimento das duas maiores classes

diamétricas, evidenciando que a copa está acima do dossel com capacidade para manter o

crescimento de outras partes da planta.

O diâmetro médio das copas das copaibeiras com DAP≥10 cm na encosta foi de

13,5±0,6 m e no vale de 12,6±0,7 m. O diâmetro médio das copas das copaibeiras com

DAP≥30 cm na encosta foi de 15,6±0,7 m e no vale de 15,95±0,8 m. O diâmetro médio das

copas das copaibeiras com DAP≥30 cm e produtivas na encosta foi de 16,8±0,5 m e no vale

de 16,35±1,2 m.

O diâmetro médio de copa é um dos parâmetros associados a produção de frutos e

sementes, o que consequentemente acarreta em um possível indicador de taxas de regeneração

natural. Durante o período de coleta de dados deste estudo não ocorreu floração e frutificação

em nenhum dos indivíduos encontrados, e este fato nos impossibilitou de fazer qualquer tipo

de relação a taxas reprodutivas.

0

5

10

15

20

25

10 - 19,99 20 - 29,99 30 - 39,99 40 - 49,99 50 - 59,99 60 - 69,99

Diâ

me

tro

dio

da

cop

a (m

)

Classe diamétrica (cm) Vale Encosta

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Porém ao observarmos o número de plântulas sob os indivíduos em idade reprodutiva

– que aqui identificamos como sendo os indivíduos com DAP≥10 cm se estendo até o

indivíduo de maior diâmetro encontrado – vimos que a mesma tendência observada para as

médias de diâmetro de copa médio entre as classes de diâmetro também se verificou para as

médias de plântulas observadas em baixo dos indivíduos adultos.

A altura média do tronco das copaibeiras nas classes diamétricas das copaibeiras no

vale aumentou com o aumento do diâmetro somente até a classe diamétrica 20-29,9 cm.

Depois estabilizou variando de 14,18 m até 15,0 m. Na encosta o crescimento do tronco

tendeu aumentar com o aumento do diâmetro até a última classe diamétrica. Na encosta a

altura média do tronco alcançou 18,0 m na última classe diamétrica (Figura 16).

Figura 16: Altura média do tronco de copaíba (Copaifera sp.) nas diferentes classes diamétricas nos

vales e encostas da área de estudo.

A altura do tronco das copaibeiras do vale somente foi maior que da encosta nas

classes diamétricas 20-29,9 cm e 50-59,9 cm (Figura 16). Esses dados mostram que a altura

total (Figura 12) foi influenciada pela altura do tronco em todas as classes diamétricas no vale

e encosta do lado sul, área de estudo. Os maiores valores da altura do fuste foram de 25,9 m

na encosta e de 25 m no vale.

A altura média do tronco das copaibeiras com DAP≥10 cm na encosta foi de 14,0±0,6

m e no vale de 12,9±0,6 m. A altura média do tronco das copaibeiras com DAP≥30 cm na

encosta foi de 15,4±0,8 m e no vale de 14,5±0,7 m. A altura média do tronco das copaibeiras

com DAP≥30 cm e produtivas na encosta foi de 16,0±1,2 m e no vale de 14,5±0,7 m.

0

2

4

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8

10

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16

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10 - 19,99 20 - 29,99 30 - 39,99 40 - 49,99 50 - 59,99 60 - 69,99

Alt

ura

dia

do

tro

nco

(m

)

Classe diamétrica (cm) Vale Encosta

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Tabela 2: Valores biométricos médios e erro padrão dos indivíduos adultos de copaíba.

AMBIENTE H (m) Ht (m) Hc (m) Dc (m) DAP(cm)

Encosta 26,4±0,8 14,0±0,6 12,4±0,7 13,5±0,7 33,3±1,8

Vale 24,9±0,8 12,9±0,6 11,9±0,6 12,6±0,7 31,9±1,9

Geral 25,6±0,6 13,5±0,4 12,2±0,5 13,1±0,5 32,6±1,3

Onde: H= Altura total; Ht= Altura de fuste; Hc= Altura de copa; Dc= diâmetro de copa; DAP= Diâmetro a altura

do peito.

Não ocorreram diferenças significativas entre as medidas biométricas nos indivíduos

adultos da encosta e vale. Os resultados não apresentaram diferenças no diâmetro a altura do

peito (P=0,597), altura total (P=0,432), altura de fuste (P=0,184), altura de copa (P=0,532) e

diâmetro de copa (P=0,484). Não foram encontradas diferenças de padrão de distribuição

entre as classes de diâmetro e os ambientes de ocorrência.

Estes resultados indicam que os indivíduos encontrados em ambos os ambientes

fazem parte de uma mesma população de copaibeiras, mesmo que não tenha sido possível

identificar as espécies devido a não ocorrência de floração no decorrer do período de coleta de

dados em campo. Alencar (1984) e Pedroni et al. (2002) relatam que a Copaíba pode

apresentar um padrão de floração supra anual.

A orientação dos ambientes de ocorrência (sentido norte – sul) caracteriza a passagem

do sol uniformemente sobre os indivíduos, e que pode minimizar a diferença de gradiente

angular entre esses ambientes, e colabora para que os indivíduos obtenham condições

semelhantes para o desenvolvimento.

Os índices que caracterizam o padrão de distribuição espacial das copaibeiras nas

categorias de regeneração natural e indivíduos adultos no vale e encostas estão na Tabela 3.

Os indivíduos da categoria “muda” da regeneração natural apresentaram padrão de

distribuição espacial do tipo agrupado na encosta e vale. As “varetas” na encosta

apresentaram padrão de distribuição agrupado, enquanto que no vale tiveram o padrão de

tendência ao agrupamento.

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Tabela 3: Índice R (Razão variância/média) para copaíba em relação às categorias de regeneração

natural e indivíduos adultos no vale e encosta da área de estudo.

AMBIENTE MUDAS VARETA VARA JOVEM ADULTO

Encosta Agrupado Agrupado Não agrupado Não agrupado Tendência

agrupamento

Vale Agrupado Tendência

agrupamento

Tendência

agrupamento

Tendência

agrupamento Agrupado

Um padrão muito semelhante foi encontrado quando analisamos a distribuição

espacial desta população utilizando o índice de Morisita. Decidimos utilizar os dois métodos

para conhecimento do padrão de distribuição espacial por termos realizado os cálculos

tomando como base toda a população encontrada. Isso elevou o número de parcelas (unidades

de amostra) contabilizadas, o que em alguns casos pode diminuir a eficácia de determinado

índice.

Tabela 4: Índice I (Morisita) da copaíba em relação a categorias da regeneração natural e indivíduos

adultos nos vales e encostas da área de estudo.

AMBIENTE MUDAS VARETA VARA JOVEM ADULTO

Encosta Agregado Agregado Uniforme Uniforme Agregado

Vale Agregado Agregado Agregado Agregado Agregado

Alencar (1984) encontrou um padrão de distribuição agregado para os indivíduos de

regeneração natural estudada por ele no Amazonas, e padrão de distribuição aleatório para os

indivíduos adultos. Barbosa (2009) também verificou padrão de distribuição aleatório para

indivíduos adultos no estado do Amazonas. Já Newton et al (2011) também no Amazonas,

encontraram um padrão agrupado para os indivíduos adultos de copaíba, resultado este que

corrobora o encontrado por nós.

Apesar da baixa densidade de indivíduos por hectare encontrada na área de estudo, o

padrão de distribuição dos indivíduos adultos foi agrupado. Isso corrobora com o

conhecimento tradicional dos extrativistas que costumam dizer que as copaibeiras dão em

“reboleiras”, ou seja, poucos lugares que concentram algumas poucas árvores da espécie

espalhados ao longo das beiras de igarapés e também em alguns “lombos de terra” e “setores

da terra firme”. Esse fato facilita o planejamento de exploração na área, pois torna possível

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estabelecer rotas de extração e unidades de produção de óleo-resina, levando em consideração

as distâncias que deverão ser percorridas, o tempo de trabalho necessário e a capacidade

produtiva da área em questão.

Na encosta a menor distância entre indivíduos adultos foi de 4,7 metros, e a maior foi

de 3.607 m com média de 1.327 metros. Até uma distancia de 584 metros ocorreram 29,5%

das distâncias entre indivíduos. Até 874 m de distância a frequência foi de 39,4%, e até 1.744

m de distância ocorreram 67% das distâncias entre indivíduos.

No vale a menor distância encontrada entre indivíduos adultos foi de 2,5 metros, e a

maior foi de 2.222 m, com uma média de 844 m. Dentre as maiores frequências das classes de

distância, 33% ocorreram em distancias de até 527 m, 56% em distâncias de até 877 m, e 91%

dos indivíduos em distâncias de até 1.752 metros.

4.2- Capacidade produtiva de óleo-resina

O volume total de óleo-resina de copaíba coletado no vale foi de 25,25 litros e o

volume coletado na encosta foi de 21,15 litros. Em ambos os ambientes encontramos o

mesmo número de indivíduos com DAP≥30 cm, o que totalizou 66 indivíduos distribuídos

entre a encosta e o vale e divididos em classes de diâmetro com amplitude de dez centímetros.

A média de produtividade para a encosta ficou em 0,661±0,334 litros, e para o vale

0,765±0,280 litros, não havendo diferença estatística significativa para produção de óleo-

resina entre os ambientes de ocorrência (P=0,370).

O valor médio entre encosta e vale foi de 0,714±0,218 litros, com máximo de

produção de 10,1 litros para um único indivíduo na encosta e 8 litros no vale.

Tabela 5: Volume médio e erro padrão de óleo-resina produzido pelos indivíduos com DAP≥30 cm

entre as classes de diâmetro nos vales e encostas da área de estudo.

VOLUME 30-39,99 40-49,99 50-59,99 60-69,99 AMBIENTE

Médio 0,049±0,027 0,400±0,292 1,015±0,573 10,100±0,0 Encosta

Médio 0,229±0,075 0,621±0,201 1,920±1,537 2,500±2,500 Vale

Médio 0,125±0,038 0,556±0,163 1,363±0,661 5,033±2,916 Geral

As maiores classes de diâmetro produziram maior quantidade de óleo-resina e com

menor número de indivíduos. Ocorreu grande diferença do número de indivíduos entre as

classes de diâmetro e também de valores iguais a zero.

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Em estudo de produtividade de óleo-resina de copaíba, Rigamonte-Azevedo (2006)

encontrou uma média de 0,94 litros por árvore numa população de 388 indivíduos. Alencar

(1982) encontrou na primeira coleta de seu estudo uma média produtiva de 0,235 litros por

árvore em solo argiloso, com a maior produção de um único indivíduo tendo sido de 3,5

litros. Barbosa e Scudeller (2009) encontraram média de produção de óleo-resina de 0,326

litros em estudo realizado durante o período chuvoso.

Alguns autores fazem diferenciações também nos valores de produtividade separando

os indivíduos produtivos de indivíduos que não produziram óleo-resina e também

quantificando o percentual desses indivíduos produtivos. No estado do Acre, em sua avaliação

da produção de óleo-resina, Rigamonte-Azevedo (2006) observou o percentual de árvores

produtivas de 29,4% em uma população de 273 indivíduos e 40% em uma população de 115

indivíduos, com média de produção de 2,92 litros por árvore para as duas populações.

Também no Acre, Ferreira & Braz (2001) encontrou uma proporção de 41% de indivíduos

produtivos, e Leite et al (2001) encontraram um percentual de 25% de indivíduos produtivos

Já no estado do Amazonas, Alencar (1982) encontrou uma proporção de 49% de

árvores produtivas na primeira extração de óleo-resina e Barbosa e Scudeller (2009)

encontraram 44% de indivíduos produtivos com média de 0,746 litros por árvore. Medeiros

(2006), também no Amazonas, com 43 indivíduos selecionados encontrou uma taxa de 62%

de indivíduos produtivos e um total de 28,2 litros coletados em indivíduos que também ainda

não haviam sido perfurados. Plowden (2003), em seu trabalho no estado do Pará encontrou

um percentual de 61% de indivíduos produtivos.

Do total dos indivíduos com DAP superior a 30 cm, 38 indivíduos (58%) produziram

alguma quantidade de óleo-resina. Esse percentual de indivíduos produtivos revela o potencial

de extração de óleo-resina na região, com médias de 1,113±0,562 litros para encosta,

1,329±0,448 litros para o vale, e 1,190±0,355 litros nos dois ambientes.

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Figura 17: Número de indivíduos produtivos por classes de diâmetro e ambiente de ocorrência na área

de estudo.

Nos indivíduos produtivos houve diferença significativa tendo o vale (P=0,041)

maiores valores médios de produção de óleo-resina.

Tabela 6: Volume médio de óleo-resina produzido pelos indivíduos produtivos entre as classes de

diâmetro nos ambientes de ocorrência na área de estudo.

VOLUME 30-39,99 40-49,99 50-59,99 60-69,99 AMBIENTE

Médio 0,103±0,051 1,000±0,500 1,160±0,640 10,100±0,0 Encosta

Médio 0,400±0,093 1,064±0,219 3,200±2,413 5,000±0,0 Vale

Médio 0,243±0,062 1,050±0,187 1,772±0,822 7,550±2,550 Geral

A produção de óleo-resina no vale foi maior que na encosta nas classes de diâmetro

entre 30 cm e 59,99, sendo que a classe diamétrica de 60-69,99 dos indivíduos da encosta

apresentou maior volume.

As maiores quantidades de óleo-resina coletado foram provenientes das maiores

classes de diâmetro. Porém, não é possível afirmar que a produção esteja relacionada com

essa variável. Embora o saber tradicional local pratique a extração do óleo-resina em

indivíduos com diâmetros superiores a 45 cm, o que corrobora o estudo de Medeiros (2006)

que aponta indivíduos com DAP≥40 cm como maiores produtores em uma primeira coleta. Já

Plowden (2003) afirma que as árvores com DAP≤55 cm são muito jovens para acumular o

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óleo-resina, e que as árvores com DAP≥65 cm se encontram em estágio mais avançados de

idade, com grande proporção de indivíduos ocados entre elas.

A produção entre as épocas de coleta (período seco e período chuvoso), não teve

diferença significativa (P=0,682). A produção média no período chuvoso foi de 0,508±0,229 e

no período seco foi de 0,807±0,310. O percentual de indivíduos produtivos foi de 57% no

período chuvoso e de 58% no período seco. Outros fatores podem influenciar na produção de

óleo-resina de copaíba quando as árvores são exploradas pela primeira vez, pois cada árvore

tem características físicas, ambientais e de interações próprias.

Diversos estudos (Alencar, 1982; Plowden, 2003; Medeiros, 2006) buscaram

reconhecer o tempo que a copaibeira torna a acumular óleo-resina que viabilize sucessivas

extrações, porém a grande dificuldade de acompanhar indivíduos que são explorados pela

primeira vez em todas as explorações subsequentes, além da necessidade de mais repetições e

maior tempo de acompanhamento, para que haja maior precisão ao recomendar um tempo

mínimo de reposição deste recurso.

4.3- O óleo-resina de copaíba e as comunidades extrativistas

Foram entrevistadas 17 pessoas, chefes de família, uma vez que a atividade de

extração da copaíba é praticada exclusivamente por pessoas do sexo masculino. A média de

idade foi de 34 anos e variação dos 18 aos 53. A média de estudo foi da 5ª série do ensino

fundamental, variando de três pessoas que nunca estudaram até duas pessoas que concluíram

o ensino fundamental. A média de filhos foi de três, com variação de quatro pessoas que não

possuem filhos até uma pessoa que possui nove filhos. Dos entrevistados, 71% recebem

auxilio do Governo Federal para compra de material escolar e alimentação, no entanto, 88%

possuem renda mensal menor que um salário mínimo, sendo que as duas pessoas que

possuem renda maior que um salário mínimo eram contratadas por empresas que prestavam

serviços para a Mineração Rio do Norte e lá permaneciam para trabalhar durante a semana.

Todos os entrevistados moravam em residência própria, e 88% possuem canoa de

madeira e motor rabeta3 para deslocamento fluvial. Geladeira, televisor e fogão a gás eram

eletrodomésticos de 71% dos entrevistados. Além disso, 65% possuíam malhadeira

3 Motor de 5,5cv amplamente utilizado para transporte na região

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(equipamento de pesca artesanal) e 59% possuíam arma de fogo, para caça ou segurança

quando nas caminhadas pelas matas.

Estas populações tradicionais são carentes de serviços básicos, de saúde e educação,

serviços que lhes impulsionem a autonomia através de capacitação e bem estar. Possuíam o

que julgavam necessário: o transporte motorizado, o fogão a gás para a época de chuva, e a

geladeira para conservar o excedente do dia. A luz era gerada por grupo-gerador, movido a

um motor 18CV a diesel. A televisão na hora do jornal e da novela servia de ponto de

encontro, entre famílias ou junto com os vizinhos.

Com relação às atividades produtivas, a caça e pesca, por estarem dentro de território

de uma unidade de conservação, foram classificadas como atividades geradoras de alimentos,

assim como o extrativismo do açaí e também o cultivo de melancia, jerimum, batata e cará,

que encontram limitações para comercialização devido a sazonalidade amazônica. O

extrativismo de madeira não era autorizado para venda, o que o coloca na mesma classe do

extrativismo de breu, de cipó e folhas de palmeiras que foram classificados como extrativismo

de elementos para construção já que não geram renda (Anexo 3).

Figura 18: Atividades tradicionais na rotina dos remanescentes quilombolas do Jamari e Curuçá

Mirim.

As atividades produtivas geradoras de renda mais importantes: o extrativismo da

copaíba, praticada por 100% dos entrevistados, seguido pelo extrativismo da castanha do

Brasil com 82% e a feitura da farinha de mandioca praticada por 71% dos comunitários.

A atividade de feitura da farinha ocorria em dois momentos distintos com um grande

intervalo de tempo entre eles, pois primeiro é necessário preparar a área do roçado e plantar as

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estacas de maniva4, para depois colher a raiz e dar início aos procedimentos para fazer a

farinha de mandioca. Entretanto, neste trabalho, não levamos em consideração o momento de

preparo da terra e plantio, pois este trabalho era realizado de forma comunitária em um

sistema de puxirum5 nas áreas das pessoas que o realizam. A necessidade de grandes áreas de

roçado para que haja uma grande quantidade de colheita parece um fator limitante à expansão

da produção.

A fase de colheita e feitura da farinha durava aproximadamente uma semana e eram

realizadas por cada núcleo familiar, e envolvia a colheita das raízes, a postura de molho,

descasque, sova, descanso para tirar a tapioca e o tucupi, e posterior torra da massa.

A feitura de farinha não englobava custos de transporte e custos de alimentação,

porque o chefe da família não precisa se ausentar da comunidade, já que todos os

comunitários possuíam roças próximas das residências e da casa de farinha comunitária, com

deslocamento em canoa a remo ou mesmo caminhando. Isso permite que além do trabalho

realizado para a produção da farinha as famílias também possam realizar atividades geradoras

de alimentos.

A coleta de castanha é realizada em áreas da ReBio do Trombetas distantes poucos

quilômetros das comunidades. Entretanto é necessário que os praticantes desta atividade,

assim como para a atividade de extração do óleo-resina de copaíba, se ausentem de suas

residências e passem alguns dias acampados próximos as áreas de coleta. No decorrer desta

atividade acontece a amontoa dos ouriços de castanha encontrados no chão próximos as

matrizes, sua quebra e separação das sementes, a lavagem destas, e o posterior transporte até a

área de escoamento da produção.

Os custos nas atividades de coleta de castanha e extrativismo do óleo-resina de

copaíba envolviam a gasolina para deslocamento em motor rabeta até o ponto de início da

trilha a pé pela floresta, a alimentação consumida pelo extrativista durante a campanha na

mata e a alimentação necessária para a família que ficava aguardando em casa, uma vez que o

chefe da família estaria ausente e não poderia realizar as atividades produtivas geradoras de

alimentação. Os custos de equipamentos para execução das atividades (terçado, corote, tacho,

bota) não são comentados aqui, pois entendemos que estes fazem parte do dia a dia da

4 Nome dado ao caule do pé de mandioca (Manihot utilíssima).

5 Mutirão comunitário realizado na base da troca de diárias de trabalhos entre os participantes.

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população amazônica e não são adquiridos única e exclusivamente para realização de uma

única atividade específica.

Figura 19: Transporte de canoa motorizada com rabeta e sementes de Bertholletia excelsa.

Os gastos com transporte fluvial e alimentação se equiparavam para as duas atividades

supracitadas, visto que a logística para chegar até as áreas de coleta são semelhantes. No

decorrer de uma semana de trabalho, dois dias eram para deslocamento, um de ida e outro de

volta ao ponto tradicional da atividade onde era montado um acampamento base; e cinco dias

para a execução da atividade. O tempo médio de trabalho diário no decorrer de uma semana

era em torno de oito horas (Tabela 7).

Tabela 7: Tempos e distâncias médios necessários para a realização das atividades produtivas.

Atividade Deslocamento Execução

Distancia média Tempo médio Distancia média Tempo médio

Copaíba 18 Km 7 horas 5 Km 8 horas

Castanha 10 Km 5 horas 5 Km 8 horas

Farinha 2 Km 1 hora 0,5 Km 8 horas

As maiores distâncias percorridas para o local tradicional de trabalho das atividades

produtivas era o da extração do óleo-resina de copaíba, pois além do deslocamento fluvial era

necessário ir caminhando até o “centro da mata”, onde estavam localizadas as “reboleiras” de

copaíba, uma vez que os igarapés de acesso não são navegáveis em toda sua extensão. Para a

coleta da castanha, a grande maioria dos castanhais se encontrava nas beiras de lagos e

igarapés, mais largos e com maior volume de água, onde era possível chegar com o transporte

fluvial apesar de cruzar por caminhos um bastante tortuosos.

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Figura 20: Locais das atividades produtivas.

Os ganhos de cada uma destas atividades baseados nas médias de produtividades de

uma semana de trabalho encontradas nas entrevistas, questionários e observação participante

estão relacionadas na Tabela 8. Reconhecemos que existem flutuações derivadas de períodos

climáticos e volume de safra sobre estes valores, porém nos baseamos em uma média dos

últimos dois anos para a definição dos mesmos.

Tabela 8: Produtividade média de uma semana de trabalho entre as atividades produtivas das

comunidades Jamari e Curuçá Mirim

Atividade Unidade Quantidade Valor unidade Valor total

Extrativismo de copaíba Litro 40 R$ 20,00 R$ 800,00

Extrativismo de castanha Caixa* 20 R$ 25,00 R$ 500,00

Feitura de Farinha Saca** 3 R$ 100,00 R$ 300,00

Onde *= 42 litros e **= 80 litros.

A atividade de extrativismo do óleo-resina de copaíba apresenta os maiores ganhos,

seguido pelo extrativismo da castanha e pela feitura de farinha. Porém entendemos que o

modo de vida amazônico necessita da conjugação de atividades para obter seu sustento e

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sobrevivência, seja pela limitação dos recursos naturais disponíveis como pela sazonalidade

inerente a região.

Atividade extrativista de óleo-resina de copaíba

A atividade de extração do óleo-resina de copaíba era realizada em diversos pontos da

área de uso dos territórios das comunidades ao longo dos igarapés Jamari e Moura, que

correm em direção ao rio Trombetas partindo dos arredores da serra Monte Branco, sendo a

atividade também praticada no platô desta serra.

A frequência de visitas em cada uma destas áreas com a produtividade obtida em cada

incursão mostrou que havia mais visitas nas áreas próximas às comunidades, onde a

quantidade de óleo-resina extraído era inferior a média total. Conforme as distâncias dessas

áreas aumentavam em relação as comunidades, a frequência de visitas diminuí, porém a

quantidade de óleo-resina extraído aumentava. A maior exploração deste recurso nas

proximidades da comunidade, e um menor tempo de descanso para as copaibeiras, tornou um

fato que nestas áreas a produtividade de óleo-resina é menor do que áreas menos exploradas.

Tabela 9: Tempo e distância dos deslocamentos (ida e volta), frequência de incursões para extração

(anual) e produtividade média de óleo-resina de copaíba (uma semana de trabalho) nos cinco pontos

tradicionais de coleta.

Acampamento Tempo Deslocamento Incursões Produtividade

Ildebrando (a) 4 horas 10 km 3 10 Litros

Os pirata (b) 6 horas 14 km 3 15 Litros

Carro grande (c) 7 horas 18 km 2 20 Litros

Cabeceirão (d) 8 horas 20 km 1 25 Litros

22 (e) 16 horas 44 km 1 40 Litros

Na figura a seguir vemos a localização desses pontos tradicionais de coleta cujo os

nomes e dados referentes a cada um se encontram descritos na Tabela 9.

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Figura 21: Localização dos pontos tradicionais de coleta de óleo-resina de copaíba.

Os pontos tradicionais de coleta mais distantes funcionavam como reserva de valor,

onde se fazia menos incursões, porem quando o extrativista necessita de maiores quantidades

de óleo-resina era a estes pontos que ele recorria. Não havia por parte dos extrativistas

interesse em coletar mais óleo-resina do que a necessidade de momentânea do recurso. Se

houvesse necessidade de R$ 200,00 na hora em que saísse para coletar o óleo-resina, bastava

coletar 10 litros de copaíba. E na maioria das vezes, quando o extrativista atingia a meta

momentânea, retornava para a comunidade para as tarefas rotineiras.

Com relação a esse fato citamos a frase de um extrativista da região: “Pra quem tira o

sustento da floresta só sobram as contas do carnê da loja. Uniforme e material tem... professor

tem, médico tem as vezes... Fora isso, é o do café, o do açúcar e do tabaco (pra quem fuma).

Daí o que a gente consegue dá pra pagar as prestações da televisão e da geladeira...” (Carlos

José “Cocó”, 39 anos)

As grandes distâncias percorridas, e a dificuldade encontrada para a negociação de

melhores preços para o produto, causam desânimo entre os extrativistas para que se

organizem em grupos capazes de planejar as coletas e o beneficiamento da produção.

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Segundo MMA (2008), são as associações e cooperativas que devem atuar na mobilização

junto a seus associados e cooperados com a finalidade de centralizar, organizar, pré-

beneficiar, transportar e comercializar a produção. Ao extrativismo há uma forte necessidade

de centralizar a distribuição do óleo para obter maior poder de negociação no mercado e

viabilizar a realização das análises laboratoriais e, desta forma, atender às exigências dos

compradores.

Nas comunidades Jamari e Curuçá Miriam, a articulação de beneficiamento da

produção e venda ainda é incipiente, e ganha contornos na medida em que compradores de

grandes volumes demonstram interesse pelo potencial da região.

Agregar valor ao óleo-resina de copaíba e comercializá-lo de forma fracionada pode

diminuir a pressão sobre este recurso in natura e permitir que fortaleça sua principal fonte de

renda. As certificações ambientais, rastreabilidade do produto, comercialização de sementes e

a inserção no mercado que valoriza o preço justo, concretizam as estratégias para otimizar os

esforços em torno desta atividade extrativista, considerada prioritária na cadeia dos produtos

da sociobiodiversidade.

O fato de alguma atividade produtiva ser estimulada comercialmente ao ponto de fazer

com que as populações amazônicas abandonem sua pluriatividade, coloca em risco não só o

equilíbrio econômico dos envolvidos como também a segurança alimentar. É preciso

estimular o trabalho do extrativista através de boas praticas e beneficiamento da produção,

enfatizando a importância de que as diferentes fontes de renda e sustento podem ser

cumulativas e não excludentes. Tanto pelo lado econômico quanto ecológico. Moran (1990)

cita que, “quanto maior for a variedade de estratégias de utilização dos recursos naturais

adotadas, maior é a resiliência do sistema para se recuperar de eventuais perturbações”.

A pluriatividade representa as estratégias familiares adaptativas que os grupos

elaboram para assegurar às flutuações ambientais e econômicas que historicamente ocorreram

na Amazônia (Moran, 1990; Castro, 2000). A diversificação é uma forma de minimizar os

riscos e aproveitar os períodos de entressafra (Diegues, 1993) permitindo a sobrevivência

econômica durante um período crítico em curto prazo e minimizando a alta dependência num

único produto em longo prazo (McGoodwin, 2002; Silva, 2003).”

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CONCLUSÃO

Os indivíduos de copaíba das classes regeneração natural e adulto tiveram taxas de

eficiência de estabelecimento que possibilitam a manutenção populacional na área de estudo.

O padrão de distribuição encontrado para os indivíduos adultos foi agregado, confirmando a

indicação tradicional de “reboleiras” de copaíba na área.

Não ocorreram diferenças significativas entre as medidas biométricas nos indivíduos

adultos da encosta e vale indicando que fazem parte da mesma população.

A média de produção de óleo-resina dos indivíduos com DAP≥30 cm foi 0,714±0,218

litros e sem diferença significativa entre vale e encosta.

Encontramos 58% dos indivíduos produtivos com média de produção de 1,190±0,355

litros, onde o vale apresentou a maior média de coleta.

A média produtiva de óleo-resina da área estudada combinada com a grande demanda

dos extrativistas impele a utilizar extensas áreas vizinhas às comunidades para satisfazer a

demanda pelo óleo-resina de copaíba.

A atividade extrativista de óleo-resina de copaíba é atraente economicamente e

enraizada culturalmente às comunidades de remanescentes quilombolas do Jamari e do

Curuçá-Mirim.

As áreas de exploração de óleo-resina de copaíba que são mais distantes das

comunidades quilombolas do rio Trombetas, como as da serra Monte Branco, funcionam

como reserva de valor baseada nos estoques produtivos, onde a frequência de visita é menor e

a produtividade maior.

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PERSPECTIVAS E RECOMENDAÇÕES

A crescente demanda por produtos florestais não madeireiros e o marketing ecológico

que ações junto a comunidades tradicionais trás para empresas do ramo de cosméticos e

fitofármacos, está impulsionando uma maior exploração destes recursos, porem sem a

valoração das atividades extrativistas. Este fato põe em risco a manutenção dos estoques

produtivos e a continuidade da execução destas atividades por parte de quem delas depende

para complementar sua renda.

É necessário estipular e aplicar metodologias de valoração destas atividades

extrativistas e dos recursos disponíveis a fim de garantir a manutenção de culturas tradicionais

amazônicas, seus territórios e sua biodiversidade. Ações de capacitação dos extrativistas para

que estes possam ter controle sobre sua produção e também possam desenvolver novos

produtos a partir do que a natureza lhes proporciona aparece como estratégia de autonomia

para estas populações amazônicas e também como forma de aumentar as divisas nacionais

relacionadas aos produtos da cadeia da sociobiodiversidade.

Para a copaíba, estudos de localização e mapeamento das áreas potencialmente

produtivas, e padronização das técnicas de extração não predatórias se configuram como

ações fundamentais para a exploração sustentável. O planejamento da extração do óleo-resina

de copaíba, respeitando o ciclo mínimo de reposição de óleo-resina, o estabelecimento de

unidades de produção anual e de rotas de extração pode conferir maior efetividade a esta

atividade extrativista.

Não é possível dizer que a atividade de extração de óleo é sustentável ecologicamente

e economicamente quando o preço do produto comercializado é insuficiente. Isso faz com que

mais óleo seja coletado e que o tempo de reposição da arvore não seja respeitado. E

necessário estimular a comercialização fracionada e o beneficiamento da produção. O

percentual de óleo nos produtos beneficiados é muito pequeno e possui valor agregado muito

alto, se configurando como alternativa para sustentabilidade dessa atividade extrativista. A

conjugação de atividades em torno da espécie aparece como outra possibilidade, onde a

comercialização de sementes rastreadas e mudas certificadas podem também auxiliar nessa

complementação de renda.

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ANEXOS

8.1 - Analises de variância: Estrutura Populacional

8.1.2- Análise de Variância: plântulas versus relevo

Source DF SS MS F P

relevo 1 16514 16514 0,57 0,454

Error 64 1860990 29078

Total 65 1877504

S = 170,5 R-Sq = 0,88% R-Sq(adj) = 0,00%

8.1.3- Análise de Variância: DAP versus relevo

Source DF SS MS F P

relevo 1 56 56 0,28 0,597

Error 113 22516 199

Total 114 22572

S = 14,12 R-Sq = 0,25% R-Sq(adj) = 0,00%

8.1.4- Análise de Variância: Altura total versus relevo

Source DF SS MS F P

relevo 1 29,0 29,0 0,62 0,432

Error 113 5280,9 46,7

Total 114 5309,9

S = 6,836 R-Sq = 0,55% R-Sq(adj) = 0,00%

8.1.5- Análise de Variância: Altura de fuste versus relevo

Source DF SS MS F P

relevo 1 34,5 34,5 1,79 0,184

Error 113 2179,7 19,3

Total 114 2214,2

S = 4,392 R-Sq = 1,56% R-Sq(adj) = 0,69%

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8.1.6- Análise de Variância: Altura de copa versus relevo

Source DF SS MS F P

relevo 1 9,1 9,1 0,39 0,532

Error 113 2631,1 23,3

Total 114 2640,2

S = 4,825 R-Sq = 0,35% R-Sq(adj) = 0,00%

8.1.7- Análise de Variância: Diâmetro de copa médio versus relevo

Source DF SS MS F P

relevo 1 10,4 10,4 0,49 0,484

Error 113 2387,1 21,1

Total 114 2397,5

S = 4,596 R-Sq = 0,43% R-Sq(adj) = 0,00%

8.2 - Analises de variância: Capacidade produtiva de óleo-resina

8.2.1- Analise de variância: Produção versus relevo (DAP≥30)

Source DF SS MS F P

Relevo 1 0,0446 0,0446 0,81 0,370

Error 64 3,5004 0,0547

Total 65 3,5450

S = 0,2339 R-Sq = 1,26% R-Sq(adj) = 0,00%

8.2.2- Analise de variância: Produtividade versus relevo (indivíduos produtivos)

Source DF SS MS F P

Relevo 1 2,592 2,592 4,50 0,041

Error 36 20,743 0,576

Total 37 23,335

S = 0,7591 R-Sq = 11,11% R-Sq(adj) = 8,64%

8.2.3- Analise de variância: Produção versus período climático

Source DF SS MS F P

Período 1 0,0094 0,0094 0,17 0,682

Error 64 3,5356 0,0552

Total 65 3,5450

S = 0,2350 R-Sq = 0,26% R-Sq(adj) = 0,00%

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8.3 - Descrição das atividades produtivas praticadas entre as comunidades remanescentes de

quilombo do Jamari e Curuçá Mirim.

Atividade produtiva Gênero Classificação Frequência Praticantes

Caça

Paca

Alimentação Sazonal 100%

Cotia

Anta

Veado

Mutum

Queixada

Catitu

Pesca

Tucunaré

Alimentação Diária 100%

Surubim

Pacu

Pescada

Apapá

Mapará

Aracu

Pirarara

Extrativismo

Açaí

Alimentação Sazonal

100%

Bacaba

Patauá

Buriti

Cipó

Construção Anual Breu

Palmeiras

Madeira

Copaíba Comercialização

Mensal

Castanha Sazonal 88%

Roçado

Mandioca Alimentação e

comercialização Mensal

71%

Jerimum

Alimentação Sazonal

Melancia

Banana

Batata

Cará