produção de hortaliças garante autonomia e sustentabilidade para família do canto

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Uma mulher de muitas lutas. É assim que podemos definir Dona Maria Silvia de Jesus, moradora da Fazenda Lagoa de Fora, situada na Comunidade Canto em Serrinha. Silvia como é conhecida, luta com muita determinação para educar e dar o sustento dos filhos. O mais velho já adulto, não mora em casa, ela educa sozinha as três adolescentes que são estudantes. A atividade que gera renda para a família é o cultivo da horta na área da cisterna-calçadão. Ela conta um pouco da sua história de vida e como ela tem organizado a sua produção. “As meninas não plantam, mas molham os canteiros, sustento minha casa com esse trabalho e a Bolsa Escola. Por mês eu faço um cálculo de 700 a 800 reais de lucro. Estamos produzindo mais, e vendendo mais barato, por que tá chovendo. Eu aproveito o calçadão para secar feijão, palha de milho, secar semente, depois guardo para ração animal. Hoje eu tenho umas 20 cabeças de ovelha. Entre galinha, frango, pato e peru tem umas 80. Para a alimentação dos bichos gasto um saco de milho em 10 dias, o milho eu produzo aqui mesmo. No momento eu tou comprando, mas também planto”, explica Silvia sobre a alimentação dos animais. Comercialização e consumo “Eu vou uma vez por semana na feira vender, mas comercializo a semana toda. Tem seis famílias que eu entrego nas casas dia de sábado. E aqui na comunidade a semana toda tem gente atrás querendo comprar. Antes da cisterna eu produzia menos, bem pouco, era mais no período do inverno. Quando chegava, o verão, a estiagem dificultava muito. Não tinha tela, as galinhas bagunçavam, atrapalhou bastante. Agora aumentou a renda e além da geração de renda você tem uma alimentação para sua família, é a segurança alimentar, autoestima, tudo isso”, diz satisfeita Dona Silvia. “Quando tava na seca tinha pouca água na minha cisterna, ia buscar água para molhar as plantas. Pegava a dorna de 200 litros e enchia o barreiro duas ou três vezes. Agora tou torcendo para que ela fique cheia. Se for molhar os canteiros todos os dias é cerca de 600 litros de água. Se eu perceber que não tenho muita água eu prefiro plantar pouco e continuar produzindo, do que plantar muito e perder” explica Dona Silvia. Controle de pragas “Eu andei preparando o biofertilizante, com material da propriedade mesmo, uso urina de gado e resíduos de plantas. Depois de 60 dias que a mistura foi feita, começo a utilizar um copo dissolvido em água para pulverizar. Também uso o nim com o fumo e sabão de coco, aprendi nos cursos com os técnicos. Participei de cursos, intercâmbios do P1+2, em Teofilandia, lá aprendi a fazer esse biofertilizante, na propriedade de Seu Raimundo. Planto misturado para ter diversidade, aprendi que uma planta combate a praga da outra”, ensina Dona Silvia, que diz ainda ter muita coisa para realizar na sua propriedade. “Tá faltando muita coisa ainda, quero uma bomba pra molhar, um sombrio para proteger as hortaliças.Fica bem melhor, nos primeiros anos que transplantava a muda eu fazia uma cobertura com palha seca, mas eu quero mesmo é a tela”, diz a agricultora, que tem recebido também outros agricultores em intercâmbios de experiência, nos quais ela diz aprender muito e ensinar também. Dona Silvia diz que as pessoas já reconhecem que o produto dela é natural. “Eu só gosto de vender o que é meu, que eu sei a qualidade, não gosto de comprar de outras pessoas para revender. Eu sei o que tou vendendo, já tenho meus fregueses certos, alguns me perguntam se uso agrotóxico, e outros já sabem que é tudo natural e nem perguntam”, diz com segurança Dona Silvia. Produção de hortaliças garante autonomia e sustentabilidade para família do Canto Ano 7 - nº1246 Setembro | 2013 Serrinha Realização Patrocínio

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Page 1: Produção de hortaliças garante autonomia e sustentabilidade para família do Canto

Uma mulher de muitas lutas. É assim que podemos definir Dona Maria Silvia de Jesus, moradora da Fazenda Lagoa de Fora, situada na Comunidade Canto em Serrinha. Silvia como é conhecida, luta com muita determinação para educar e dar o sustento dos filhos. O mais velho já adulto, não mora em casa, ela educa sozinha as três adolescentes que são estudantes. A atividade que gera renda para a família é o cultivo da horta na área da cisterna-calçadão. Ela conta um pouco da sua história de vida e como ela tem organizado a sua produção.

“As meninas não plantam, mas molham os canteiros, sustento minha casa com esse trabalho e a Bolsa Escola. Por mês eu faço um cálculo de 700 a 800 reais de lucro. Estamos produzindo mais, e vendendo mais barato, por que tá chovendo. Eu aproveito o calçadão para secar feijão, palha de milho, secar semente, depois guardo para ração animal. Hoje eu tenho umas 20 cabeças de ovelha. Entre galinha, frango, pato e peru tem umas 80. Para a alimentação dos bichos gasto um saco de milho em 10 dias, o milho eu produzo aqui mesmo. No momento eu tou comprando, mas também planto”, explica Silvia sobre a alimentação dos animais.

Comercialização e consumo

“Eu vou uma vez por semana na feira vender, mas comercializo a semana toda. Tem seis famílias que eu entrego nas casas dia de sábado. E aqui na comunidade a semana toda tem gente atrás querendo comprar. Antes da cisterna eu produzia menos, bem pouco, era mais no período do inverno. Quando chegava, o verão, a estiagem dificultava muito. Não tinha tela, as galinhas bagunçavam, atrapalhou bastante. Agora aumentou a renda e além da geração de renda você tem uma alimentação para sua família, é a segurança alimentar, autoestima, tudo isso”, diz satisfeita Dona Silvia.

“Quando tava na seca tinha pouca água na minha cisterna, ia buscar água para molhar as plantas. Pegava a dorna de 200 litros e enchia o barreiro duas ou três vezes. Agora tou torcendo para que ela fique cheia. Se for molhar os canteiros todos os dias é cerca de 600 litros de água. Se eu perceber que não tenho muita água eu prefiro plantar pouco e continuar produzindo, do que plantar muito e perder” explica Dona Silvia.

Controle de pragas

“Eu andei preparando o biofertilizante, com material da propriedade mesmo, uso urina de gado e resíduos de plantas. Depois de 60 dias que a mistura foi feita, começo a utilizar um copo dissolvido em água para pulverizar. Também uso o nim com o fumo e sabão de coco, aprendi nos cursos com os técnicos. Participei de cursos, intercâmbios do P1+2, em Teofilandia, lá aprendi a fazer esse biofertilizante, na propriedade de Seu Raimundo. Planto misturado para ter diversidade, aprendi que uma planta combate a praga da outra”, ensina Dona Silvia, que diz ainda ter muita coisa para realizar na sua propriedade.

“Tá faltando muita coisa ainda, quero uma bomba pra molhar, um sombrio para proteger as hortaliças.Fica bem melhor, nos primeiros anos que transplantava a muda eu fazia uma cobertura com palha seca, mas eu quero mesmo é a tela”, diz a agricultora, que tem recebido também outros agricultores em intercâmbios de experiência, nos quais ela diz aprender muito e ensinar também.

Dona Silvia diz que as pessoas já reconhecem que o produto dela é natural. “Eu só gosto de vender o que é meu, que eu sei a qualidade, não gosto de comprar de outras pessoas para revender. Eu sei o que tou vendendo, já tenho meus fregueses certos, alguns me perguntam se uso agrotóxico, e outros já sabem que é tudo natural e nem perguntam”, diz com segurança Dona Silvia.

Produção de hortaliças garante autonomia e sustentabilidade para

família do Canto

Ano 7 - nº1246

Setembro | 2013

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