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Page 1: Produção de cera
Page 2: Produção de cera

Piracicaba2012

ISSN 1414-4530Universidade de São PauloEscola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”Divisão de Biblioteca

Série Produtor Rural - nº 52

Produção de cera

Lorena Andrade Nunes1

Maria Emilene Correia-Oliveira1

Talita Antonia da Silveira2

Luis Carlos Marchini3

José Wilson Pereira da Silva4

1 Doutorandas do Programa de PG em Entomologia - ESALQ/USP2 Mestranda do Programa de PG em Entomologia - ESALQ/USP3 Prof. Titular do Depto. de Entomologia e Acarologia - ESALQ/USP4 Doutor do Depto. de Entomologia e Acarologia - ESALQ/USP

Page 3: Produção de cera

DIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBDAv. Pádua Dias, 11 - Caixa Postal 9

13.418-900 - Piracicaba - [email protected] • www.esalq.usp./biblioteca

Revisão e Edição

Foto Capa

Layout Capa

Editoração Eletrônica e

Digitalização de Imagens

Impressão e Acabamento

Tiragem

Eliana Maria Garcia

Maria Emilene Correia-Oliveira

José Adilson Milanêz

Maria Clarete Sarkis Hyppolito

Serviço de Produções Gráficas - ESALQ

300 exemplares

Page 4: Produção de cera

AGRADECIMENTO

Ao técnico Vitor Celso da Silva, pelo auxílio na composição das fotos.

Page 5: Produção de cera

1 INTRODUÇÃO..................................................................................

2 CERA E SUAS UTILIDADES..............................................................

3 CERA DE ABELHA AFRICANIZADA................................................

4 UTILIZAÇÃO DA CERA NA APICULTURA.......................................

5 REAPROVEITAMENTO DA CERA APÍCOLA.....................................

6 BENEFICIAMENTO DA CERA APÍCOLA...........................................

7 PROCESSOS PARA EXTRAÇÃO DA CERA.......................................7.1 Banho-Maria..................................................................................7.2 Processo do saco...........................................................................7.3 Derretedor solar...............................................................................

8 PURIFICAÇÃO..................................................................................8.1 Purificação a vapor...........................................................................8.2 Purificação da cera com ácido........................................................

9 PROCESSOS PARA A OBTENÇÃO DE LÂMINAS DE CERA.............9.1 Imersão............................................................................................9.2 Alveolagem......................................................................................

10 CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO DA CERA APÍCOLA10.1 Medidas preventivas para evitar traças no apiário.....................

11 MERCADO CONSUMIDOR............................................................

REFERÊNCIAS .................................................................................

SUMÁRIO

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A apicultura é a criação racional de abelhas Apis mellifera(daí a origem deste nome) para o lazer ou fins comerciais.São criadas especialmente para fins de produção de mel,pólen, geleia real, apitoxina, própolis e cera. Outra grandeimportância das abelhas para o homem é a polinização dasplantas que elas realizam ao buscar em suas matérias-primas:o néctar e o pólen. Ao pousar em uma flor, os grãos de pólenficam grudados no corpo do inseto, que ao pousar em outraflor para uma nova coleta, transfere o pólen podendo ocorrera polinização, garantindo a formação de frutos e sementes.As abelhas são essenciais para as plantas, pois, sem apolinização realizada por estes insetos, muitos frutos nãovingariam e a produção seria baixa em algumas culturas.

A apicultura é uma das atividades mais antigas eimportantes do mundo. A utilização dos produtos apícolaspara consumo acompanhou a evolução humana, quandoos primeiros homens coletavam mel para sua alimentação.As pinturas rupestres de mais de 10.000 anos relatam acoleta de mel em árvores e rochas. Entre 8.000 e 4.000anos A.C. o homem começou a desenvolver a atividadeapícola comercial.

A atividade apícola foi oficialmente reconhecida noEgito há cerca de 2.400 anos A.C. Os egípcios começaramas primeiras técnicas de manejo, passando a colocar asabelhas em potes de barro, visando o transporte dascolmeias. A palavra colmeia vem de colmo (recipientes comforma de sino feito de palha trançada) sendo de origem grega.

Devido à importância dessa atividade, existe a neces-sidade de profissionalização e atualização das técnicasutilizadas nesse setor. Com o crescimento da apiculturasurgem novas oportunidades de diversificação de produtos,o que possibilita novos ganhos e a manutenção da produ-tividade.

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A cera tem sido utilizada pelos humanos desde antes deCristo. Os egípcios a utilizavam para conservar o corpo depessoas importantes após falecimento, ou seja, no processode mumificação. A palavra múmia possui origem persa ederiva da palavra “moum” que significa cera. Entre os romanosa cera servia para serem feitas esculturas do perfil humano,sendo ainda utilizada pelos povos na antigüidade emcerimônias religiosas. Na idade média os escribas utilizavampedaços de madeira recobertos com uma fina camada decera, escrevendo por cima da cera com estiletes.

A cera é utilizada pelas abelhas na construção dos favospara armazenamento de alimento (alvéolos e opérculos),postura e desenvolvimento das crias (alvéolos de cria)(Figura 1), participando ainda na composição da própolis.Atualmente, muitas empresas utilizam a cera como principalcomponente ou como parte de alguns produtos.

Figura 1 - Favo natural de abelhas Apis mellifera, com a presença de crias aberta,operculadas e alimento (indicados pelas setas)

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Figura 2 - Quadro de melgueira (A) e ninho (B), com lâmina alveolada de plástico

Foram feitas muitas tentativas para se produzir favosartificiais como de plástico (Figura 2), fibra de vidro, ferro ealumínio. No entanto, apesar da aceitação pelas abelhas e asvantagens de se obter favos resistentes para o transporte ecentrifugação, a dilatação, que ocorre nesses materiaistransforma os alvéolos de operárias em alvéolos de zangãoou propicia a formação de pontas e há maior dificuldade emsua utilização.

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A cera é uma substância sólida, maciça, de consistênciaescorregadia e graxa. Nas abelhas Apis mellifera é umasubstância secretada por meio de oito glândulas cerígenas,que estão localizadas na parte inferior do abdômen, entre oquarto e o sétimo segmento, sendo liberadas e na formalíquida que ao entrar em contato com o ar solidificam e ficamem forma de lâminas brancas que são perfeitamente visíveis(Figura 3). São produzidas por abelhas operárias com idadeentre 12 a 18 dias de vida adulta. Após este períodonormalmente as glândulas atrofiam-se e param de funcionarnas abelhas mais velhas. A cera pura, tal como se encontranas escamas secretadas pelas operárias, é branca, e acoloração final dependerá da presença de pólen e própolis.A cera de Apis mellifera contém mais de 300 componentes.

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Figura 3 - Abelha Apis mellifera e em detalhe as escamas de cera secretada pelasglândulas abdominais

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As abelhas recolhem essas lâminas de cera do abdômen,mistura com a saliva, (secreções mandibulares) modelam econstroem os favos (Figura 4). Os favos servem para odepósito de alimento e espaço para a postura da rainha.

A cera é impermeável a água, composta por diversassubstâncias, com o ponto de fusão entre 61 a 65oC, o ponto desolidificação de 61,5 a 63oC e evaporação a 250oC. Em baixastemperaturas pode se tornar dura e quebradiça. É insolúvel emágua e álcool frio, parcialmente solúvel em álcool quente e éter,solúvel em graxas quentes, azeite etéricos, benzeno quente,clorofórmio e terebentina. A coloração varia de branca a amareloescuro que pode ser pela contaminação com pólen encontradono mel, partículas de própolis e também torna-se escura com ouso, devido às impurezas que nela se acumulam. A cera maisescura ou quase preta pode ser proveniente do excesso defervura.

Figura 4 - Organização das abelhas para a construção do favo

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Para produzir um quilo de cera, as abelhas necessitamconsumir em torno de seis a sete quilos de mel, e a média deprodução de cera corresponde a 2% da produção normal demel.

A cera é utilizada pelas abelhas para armazenamentode alimento e abrigo para a cria, formando os chamados“favos”. O apicultor facilita o trabalho das abelhas aooferecer a cera em formato de lâminas alveoladas, queorienta as abelhas na construção do favo, ajudando-asna confecção do tamanho da célula, assim a rainha saberáo tipo de ovo que deve ser colocado já que os alvéolos dezangão (indivíduo macho) são maiores que o de operária(fêmea responsável pelas atividades da colônia) (Figura 5).

O favo de cera ao longo do desenvolvimento do enxamevai escurecendo deixando o alvéolo cada vez menor. Isso

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Figura 5 - Favo de abelha Apis mellifera mostrando células de cria de operária (a),zangão (b) e rainha (c)

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ocorre porque durante a limpeza realizada pelas operáriasem cada nascimento das crias, elas esterilizam as célulascom própolis, e conseqüentemente estas vão ficando maisestreitas, chegando a um ponto em que a rainha deixa decolocar ovos nesse favo, que passa a ser utilizado apenaspara armazenamento de mel. A produção pode ser prejudi-cada, uma vez que esse quadro encontra-se no ninho, ondedeveria ter apenas uma pequena quantidade de alimento euma maior quantidade de crias. Além disso, uma colmeiacom favos velhos também pode contribuir para a divisãonatural do enxame (exameação) mesmo abandono da colônia,doenças ou ataque de traças.

É muito importante a intervenção do apicultor, paraobservar o momento em que é necessária a troca dessa ceravelha.

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A cera velha dos quadros (Figura 6), a cera dos opérculos(tampa que impede que o mel escorra nos favos), o materialde raspagem da colmeia e favos de captura de enxame podemser reutilizadas.

Figura 6 - Quadros de ninhos e cera de captura de enxames deApis mellifera para beneficiamento e reaproveitamentoda cera

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O beneficiamento da cera deve ser feito em favos velhos,escuros ou muito pesados, preferencialmente com quadrosque não possuem crias. É necessário renovar anualmenteem torno de 20% a 40% da cera existente no ninho, paraque a rainha tenha sempre espaço para postura. Outra fontede cera, muito abundante, são os opérculos, obtidos dadesoperculação dos favos de mel maduro. Este material éconsiderado de alta qualidade e deve sempre ser beneficiadoseparadamente, principalmente se o intuito da produção é omercado externo e não o próprio consumo.

Os opérculos, antes de serem encaminhados para obeneficiamento são oferecidos para as abelhas, para queestas o limpem, retirando e aproveitando todo o mel, grudadonos mesmos. Somente após as abelhas terem retirado todomel aderido, os opérculos devem ser levados ao purificador,com a finalidade de separar a cera de outros materiais queestejam agregados.

Para extrair e purificar a cera existem vários métodos,como: fervura, extrator solar, extrator a vapor e prensamanual.

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Figura 7 - Representação do método de extração de cera porbanho-maria

7.2 Processo do saco

Coloca-se toda a cera dentro de um saco de estopa(usado para café em grãos) ou uma rede de malha fina desdeque seja resistente (Figura 8). Amarra bem a boca e colocaem um recipiente com água aquecida, tomando cuidado para

É mais rudimentar, mas, eficiente. A cera é colocada emum tambor ou lata dentro de outra maior com água (Figura7). Enquanto ocorre o aquecimento da água a cera vaiderretendo. A cera derretida pelo aquecimento da água écoada em pano e colocada em outra vasilha. Os resíduos dacera podem ser utilizados como adubo orgânico. A perda érelativamente grande.

7.1 Banho-Maria

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Figura 8 - Recipiente de aço inox e saco de rede utilizados para extração de cera

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que não ocorra ebulição, pois a cera é altamente inflamável.Ao aquecer, a cera passará pelo tecido (Figura 9) e os resíduosficarão retidos (Figura 10).

Figura 9 - Cera em processo de solidificação após passar pela rede de contençãodos resíduos

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Figura 10 - Resíduo retido pela rede contenção, após derretimento da cera

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7.3 Derretedor solar

É um aparelho pequeno, barato, cômodo, de fácilconstrução, que capta o calor do sol. Em dias quentes podepurificar uma boa quantidade de cera em poucos minutos,utilizando a energia solar (Figura 11). A temperatura internapode chegar a 100oC quando a temperatura externa está a33oC. Pode ser construído utilizando uma caixa de madeiradividida por uma tela fina, em dois compartimentos, sendoum superior no qual é colocada a cera sobre a tela para serpurificada e outro inferior, no qual cai a cera derretida jácoada. A caixa é tampada com dois vidros de 4 a 5mm deespessura para reter o calor. Antes da cera ser colocada sobrea tela, esta deve ser amassada com as mãos formando bolascompactadas, para que sejam derretidas e passem pela tela,já livres de impurezas. É necessário observar a inclinação dachapa de alumínio ou galvanizada, que deve ser entre 10 e

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15%. O derretedor solar deve estar inclinado levemente paramelhor escorrimento da cera. O tamanho depende da quan-tidade que o produtor deseja beneficiar de uma só vez. Essemétodo produz uma cera de ótima qualidade, branca,excelente para confecção de velas e cosméticos. Adesvantagem dessa técnica é que favos muito velhos sãomais difíceis de serem derretidos, tornando o processodemorado, além de necessitar da presença de raios solares.

Figura 11 - Representação de extrator de cera à energia solar

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8.1 Purificação a vapor

O fundo de um recipiente de chapa galvanizada, alumínioou inox é soldado em outro com parede dupla. Nessa duplaparede irá circular água, que aquecida transforma-se emvapor. Um orifício interno libera o vapor dentro do recipiente,aquecendo e derretendo a cera, que então passa por umapeneira e na sua saída será recolhida numa bandeja comágua (Figura 12).

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Figura 12 - Representação do purificador de cera a vapor

Após a realização da limpeza da cera, estando esta semimpurezas e sem resíduo de mel, deve ser fervida com ácidooxálico. Filtra-se a cera enquanto estiver quente e em seguidadeixa-a esfriar em um recipiente. Formando uma placa nasuperfície da água, devido a diferença de densidade entreessas duas substâncias.

8.2 Purificação da cera com ácido

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em lâminas lisas, as quais podem, posteriormente, seralveoladas e usadas na colmeia.

Dos diversos métodos para laminar cera, o melhor deles,principalmente para pequenos e médios apicultores, é olaminador simples, que pode ser horizontal ou vertical. Ele éconstruído basicamente por dois recipientes retangularesou cilíndricos de tamanhos diferentes, sendo que no maiorcoloca-se água e no menor cera que estará liquefeita pormeio de aquecimento em banho-maria.

9.1 Imersão

Em um recipiente cilíndrico ou retangular contendo acera líquida, mergulhar uma tábua (com medidas de 42cmde comprimento, 19cm de largura e 2cm de espessura),que deverá estar previamente umedecida em água fria porno mínimo duas horas. Após retirar a tábua do recipienteque contem a cera líquida, mergulhá-la imediatamenteem água fria para que a cera nela aderida se solidifiquerapidamente, tornando-se fácil para descolar as lâminasque se formam em tábua lado a lado (Figura 13). Acada imersão em cera líquida, a tábua deve ser mergu-lhada em água fria para facilitar a retirada da cera.

A espessura da lâmina (Figura 14) dependerá datemperatura da cera (70 a 75oC), do tempo e número deimersões (1 a 3).

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9.2 Alveolagem

É o processo para estampar as bases dos alvéolos na lâminalisa de cera. Para essa operação pode-se utilizar cilindros ouprensa que produzem lâminas com as bases dos alvéolosestampadas em altos e baixos relevos. As lâminas alveoladasservem de guia para a construção de favos que ficam bemalinhados, resistentes e podem ser centrifugados com menosrisco de romperem; diminuem o número de nascimentos dezangões, pois as células estampadas nas lâminas de cera sãode operárias que são menores que as de zangões.

A alveolagem obtida através da passagem de lâminaslisas de cera pela prensa e/ou cilindros (Figuras 15 e 16)com as matrizes dos hexágonos dos alvéolos, imprime umaestampa em relevo nas folhas lisas de cera recém-fabricadas.Após a alveolagem, as lâminas são cortadas nas medidasdos caixilhos de ninho ou melgueira.

Figura 13 - Laminador de cera com-posto por tábua, e reci-pientes para acondicio-namento da cera líquida

Figura 14 - Lamina de cera, em tá-bua preparada pelo pro-cesso manual

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Figura 15 - Cilindro alveolador de cera apícola

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A prensa de alveolar é construída por duas placasmetálicas de bronze ou estanho, cujas faces internaspossuem estampas de favos. A lâmina de cera deve sercolocada entre a prensa e apertada com força, para marcarbem e retirada posteriormente. É uma técnica pouco usadaporque as lâminas saem grossas, pouco flexíveis e muitoquebradiças. A cera deve ser posta totalmente líquida entreas 2 formas com a gravação das bases dos alvéolos (Figura17), sendo um processo que utiliza cera fundida, produ-zindo lâminas bem mais quebradiças do que as obtidaspelos cilindros.

Tanto a prensa como o cilindro devem ser molhadoscom água, sabão de coco neutro ou mel diluído em água,para que a lâmina de cera não fique aderida. As lâminas aoserem alveoladas devem ser previamente e levementeaquecidas ou mergulhadas em um recipiente com águamorna, pelo tempo necessário para ficarem macias.

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Figura 16 - Processo de alveolamento de cera apícola utilizando cilindro. A. lâminasde cera sendo molhadas para separar uma das outras; B. introduçãoda lâmina no alveolador para estampagem; C. lâmina de cera sendoretirada do alveolador; D. lâmina de cera com alvéolos de operáriaestampados

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Figura 17 - Esquema explicativo do processo de prensagem para estampagem dosalvéolos em lâmina de cera apícola

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A cera dos favos quebrados, favos muito velhos e outrospode ser extraída, purificada e guardada em blocos, com avantagem de serem menos atacado pela traça da cera e nãoressecarem tão depressa quanto a cera alveolada.

A cera alveolada, quando guardada por longo tempo,mesmo embrulhada ou no quadro, fica quebradiça, seca eperde seu odor característico. Existem fatores que podemdanificar a cera durante a sua extração e estocagem. Dentreeles devem-se evitar:

· Fermentação do mel no favo, que pode afetar o odor dacera;

· O calor, especialmente se tiver própolis. A cera quandoderretida com própolis, fica impregnada com odordesagradável que não é eliminado facilmente;

· A presença de ácidos que podem deixar resíduos. Anti-gamente, utilizava-se muito ácido sulfúrico;

· Extração de cera em recipientes metálicos tais comoferro, latão, zinco, cobre, que possam descolorí-las.Existem metais que não ocasionam descoloração, taiscomo alumínio, níquel, platina, estanho e aço inox;

· Desenvolvimento da traça da cera.

Figura 18 - Bloco e lâminas de ceraapícola para armazena-mento

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10.1 Medidas preventivas para evitar traçasno apiário

· Trocar periodicamente os favos velhos da colmeia;· Trabalhar somente com colmeias fortes;· Não deixar restos de cera espalhados no apiário;· Purificar rapidamente a cera de favos contaminados;· Reduzir o alvado das colmeias no período do frio ou

entre as floradas.

Os favos devem ser guardados adequadamente paraque possam ser conservados em perfeitas condições deuso até a próxima florada. Antes do armazenamento, devedeixar os favos em caixas empilhadas, a cerca de 100 a200 metros das colônias, para que as abelhas possamretirar os resíduos de mel, evitando a presença de grânulosque podem contaminar a próxima produção e acelerar acristalização.

O armazenamento deve ser feito em local protegido,evitando que sejam destruídos por roedores ou traças dacera, com bastante claridade, bem espaçado e com boaventi lação ou podem ser armazenados em caixasempilhadas e bem tampadas, sem frestas, para evitar quetraças, como a Galleria mellonella e Achroia grisella,penetrem na cera e a utilizem como alimento. Essas traçasconseguem digerir cera, causando danos a estas e aosenxames de abelhas.

Esses insetos pertencem à ordem Lepidoptera, onde osadultos depositam ovos em pequenas frestas dos quadrose caixas, principalmente em colmeias fracas. As larvasalimentam-se da cera, construindo galerias nos favos ondepodem deixar grande quantidade de fios de seda e fezes.Eventualmente podem afetar diretamente a cria.

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Se as lâminas estiverem com cera atacadas por traças ese as ceras forem adulteradas (com areia, farelos de cerâmica,cera de carnaúba, farinha de ervilha e especialmente comparafina), as abelhas podem recusar e puxar os favos nosespaços entre os quadros, causando problemas para acolheita e extração do mel.

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Os maiores consumidores de cera são as indústrias decosméticos (pomadas, loções, cremes faciais e labiais),indústria de velas e indústria apícola. Outros usam nafabricação de cremes para calçados, em materiais deimpermeabilização, indústria de armamento, polimento parapisos, móveis, couros e lentes telescópicas; na indústriafarma-cêutica, no revestimento de pílulas, confecção depomadas, cânforas, na fabricação de graxas, e encáustica(técnica de pintura que utiliza cera), na composição de fitaadesiva, gomas de mascar, tintas e vernizes, sendo umexcelente isolante elétrico.

A cera de abelhas tem uma série de aplicações, porqueainda não foi descoberto outro material que possua proprie-dades emoluentes, amaciantes, moldantes e impermeabi-lizantes como as apresentadas por ela.

O Regulamento Técnico do Ministério da Agriculturacaracteriza a identidade e qualidade da cera de abelhas comoum produto de consistência plástica, de cor amarelada, muitofusível, secretado pelas abelhas para formação dos favosnas colmeias.

Em 2003 e 2004, o Piauí foi o maior exportador de cerade abelha bruta no Brasil, comercializando, nesse período,10.200 e 5.000Kg, respectivamente. Embora o montanteexportado tenha sido reduzido em quase metade, devido àalta do preço, a arrecadação foi maior em 2004 (US$35.274,00) do que em 2003 (US$ 31.584,00). A Holanda é omaior importador da cera de abelha piauiense, seguido dosEstados Unidos e da Alemanha.

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ARAÚJO, N. de. Ganhe muito dinheiro criando abelhas: atécnica do apiário ao alcance de todos. São Paulo: Nobel,1983. 210 p.

COUTO, R.H.N.; COUTO, L.A. Apicultura: manejo eprodutos. 3. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2006. 293 p.

MAGALHÃES, E.O. Manual e apicultura: módulo I. Ilhéus:CEPLAC, 2004. 1 CD-ROM.

PEREIRA, F.M.; LOPES, M.T.R.; CAMARGO, R.C.R.; VILELA,S.L.O. Produção de mel: doenças e inimigos naturais dasabelhas. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2003. (Sistema deProdução, 3). Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/autores.htm>. Acesso em: 15 nov. 2010.

VIEIRA, M.I. Criar abelhas é lucro certo: manual prático.São Paulo: Nobel, 1983. 178 p.

WIESE, H. Novo manual de apicultura. Guaiba:Agropecuária, 1995. 292 p.

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WINSTON, M.L. A biologia da abelha. Tradução de C.A.Osowski. Porto Alegre: Magister, 2003. 276 p.

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A Série Produtor Rural é editada desde 1997 pela Divisão de Biblioteca daEscola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP e tem como objetivopublicar textos acessíveis aos produtores com temas diversificados einformações práticas, contribuindo para a Extensão Rural.

INFORMAÇÕES AOS AUTORES

Pode publicar

• Pesquisadores e docentes da ESALQ e CENA;• Alunos cujos textos serão revisados por orientadores ou

quem o Presidente da Comissão de Cultura e Extensãodesignar;

• Demais pesquisadores, porém, com a chancela da Comis-são de Cultura e Extensão que avaliará os textos previa-mente.

www.esalq.usp.br/biblioteca/publicacao.php

Requisitos para publicação

• Texto redigido em Word, com linguagem simples,acessível e didática a ser encaminhado para:[email protected]

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Page 38: Produção de cera

CONHEÇA TAMBÉM NOSSOSOUTROS TÍTULOS

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SP/07

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SP/10

SP/11

SP/12

SP/13

SP/14

SP/15

SP/16

Cultivo hidropônico de plantas

Como preparar a silagem de pescado

Série Produtor Rural ($ 5,00)

Cultura do quiabeiro: técnicas simples para hortaliça resistenteao calor

Rabanete: cultura rápida para temperaturas amenas e solosareno-argilosos

Da piscicultura à comercialização: técnicas de beneficiamentodo pescado de água doce

A cultura da rúcula

A cultura do maracujá azedo (Passiflora edulis) na região deVera Cruz, SP

Adobe: como produzir o tijolo sem queima reforçado comfibra de bananeira

Fundamentos da criação de peixes em tanques-rede

Turismo rural

Carambola: fruto com formato e sabor únicos

Cultivo de camu-camu (Myrciaria dubia)

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SP/29

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SP/31

SP/19 Maxixe: uma hortaliça de tripla forma de consumo

SP/18

A cultura do pessegueiro: recomendações para o cultivo emregiões subtropicais

A cultura do caquizeiro

SP/17 Cultivo ecológico da ameixeira (Prumus salicina Lind)

Cultura da batata

O cultivo da acerola

Mel

A cultura da lichia

Kiwi: cultura alternativa para pequenas propriedades rurais

Produção de Gypsophila

Adubação verde: do conceito à prática

SP/25 Manejo da fertirrigação utilizando extratores de solução dosolo

A cultura do marmeleiro

Mirtáceas com frutos comestíveis do Estado de São Paulo:conhecendo algumas plantas

SP/33 Manual de desidratação solar de frutas, ervas e hortaliças

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SP/36

SP/37

SP/38

SP/39

SP/40

SP/41

SP/42

SP/43

SP/44

SP/45

SP/46

SP/34 A Cultura do pimentão

A cultura do manjericão

Geléia Real: composição e produção

Aspectos técnicos do cultivo de nêsperas

Métodos empregados no pré-resfriamento de frutas e horta-liças

Processo tecnológico de industrialização do surimi

Utilização de fosfitos e potencial de aplicação dos aminoá-cidos na agricultura tropical

A cultura do pinhão manso

Rotação de culturas: princípios, fundamentos e perspectivas

Propriedades rurais e código florestal: esclarecimentos geraissobre áreas de preservação permanente

Mirtáceas com frutos comestíveis do Estado de São Paulo:conhecendo algumas plantas - Parte 2

Boas práticas para manipuladores de pescado: o pescado e ouso do frio

Colheita e climatização da banana

SP/47 Tomilho: uma importante planta aromática

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SP/49

SP/48 Cultura do Mirtileiro

Alecrim (Rosmarinus officinalis L.)

Fertirrigação em mudas de citros utilizando microtubos:concepções para projeto e manejo

SP/50

SP/51 Ecofisiologia dos adubos verdes

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CONHEÇA TAMBÉM NOSSOSOUTROS TÍTULOS

Série Produtor Rural Especial ($ 10,00)

Enxames: coleta, transferência e desenvolvimento

Plantas visitadas por abelhas e polinização

2000 Cultivo do cogumelo shiitake (Lentinula edodes) em torasde eucalipto: teoria e prática

2005 Suplementação de bovinos de corte em pastejo: aspectospráticos

2002 Cultivo hidropônico do meloeiro

2006 Soja: colheita e perdas

2007 Aplicação de fertilizantes via pivô central: um exemplodirecionado à produção de pastagens

2009 Agroquímicos de controle hormonal, fosfitos e potencial deaplicação dos aminoácidos na agricultura tropical

2010 Compostagem e reaproveitamento de resíduos orgânicosagroindustriais: teórico e prático

2003

2004

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