procuradoria geral da repÚblica ministÉrio … · existência de um esquema criminoso que atuava...
TRANSCRIPT
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Nº 7.709/12 – ESBP.Superior Tribunal de Justiça. Corte Especial.Inquérito nº 720/AP (2011/0011824-7)Relator: Ministro João Otávio de Noronha.Requerente: Justiça Pública.Requeridos: José Júlio de Miranda Coelho, Margarete Salomão de Santana Ferreira, Luiz Fernando Pinto Garcia, Paulo Celso da Silva e Souza, Roberto José Chacon Tavares, Ruy Tavares da Costa neto, Damião Francisco da Silva, Regina Maura Tavares de Miranda Coelho e Raquel Capiberibe da Silva.
Excelentíssimo Senhor Ministro Relator do Inquérito nº 720/AP e demais
Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça:
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por seu
representante infra-assinado, no uso das atribuições delegadas pelo Procurador-Geral da
República, amparado nos preceitos da Constituição [art. 105 (I, a) e art. 129 (I)], da Lei
Complementar nº 75/93 [arts. 6º (V), 38, 48 (II), e 66] e do Código de Processo Penal
(arts. 24 e 41), vem, com apoio nas provas coletadas no Inquérito nº 720/AP,
denunciar as seguintes pessoas:
1) JOSÉ JULIO DE MIRANDA COELHO, brasileiro, casado,
Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Amapá, CPF n° 020.461.724-34,
residente na Rua Professor Lucimar Amoras Del Castilho, 23, Jardim Marco Zero,
Macapá/AP;
2) PAULO CELSO DA SILVA E SOUZA, brasileiro, casado,
servidor público, CPF nº 046.042.704-44, residente na Avenida Pedro Américo, 1184,
Pacoval, Macapá/AP;
3) WALDIR RODRIGUES RIBEIRO, brasileiro, casado,
servidor público, CPF nº 081.274.762-34, residente na Avenida Rio Tefe, nº 112,
Perpétuo Socorro, Macapá/AP;
4) NELCI COELHO VASQUES, brasileira, casada, servidora
1
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
pública, CPF nº 208.790.832-04, residente na Rua Odilardo Silva, 3459, Beirol,
Macapá/AP;
5) LUIZ FERNANDO PINTO GARCIA, brasileiro, casado,
Conselheiro aposentado do TCE-AP, CPF nº 290.206.977-49, residente na Rodovia
Duque de Caxias, nº 9000, Chácara Canto Verde, CEP 68906-720 CORACAO,
Macapá/AP;
6) RAQUEL CAPIBERIBE DA SILVA, brasileira, casada,
Conselheira aposentada do TCE-AP, CPF nº 093.484.172-15, residente na Rua
Raimundo Álvares da Costa, 583, Centro, Macapá/AP;
7) MARGARETE SALOMÃO DE SANTANA FERREIRA,
brasileira, casada, Conselheira do TCE-AP, CPF nº 106.257.982-87, residente na Av.
Padre Júlio Maria Lombard,3730, Santa Rita, Macapá/AP;
8) AMIRALDO DA SILVA FAVACHO, brasileiro, casado,
Conselheiro do TCE-AP, CPF nº 092.627.762-68, residente na Rua Maria Marola Gato,
620, Macapá/AP
9) MANOEL ANTÔNIO DIAS, brasileiro, casado, Conselheiro
do TCE-AP, CPF nº 004.440.732-72, residente na Rua Jovino Dinoá, 1568, Centro,
Macapá/AP;
10) REGILDO WANDERLEY SALOMÃO, brasileiro, casado,
Conselheiro do TCE-AP e atual Presidente do Tribunal, CPF nº 038.479.002-00,
residente na Rua Raimundo Álvares da Costa, 2671, Santa Rita, Macapá/AP.
Os denunciados, como se perceberá da narrativa de suas
condutas, perpetraram diversas infrações (formação de quadrilha, peculato e ordenação
de despesa não prevista em lei). Assim, para que a ação penal seja instaurada e, no final,
julgada procedente, o Parquet expõe doravante os fatos delituosos, com todas as suas
circunstâncias, classificando, em seguida, as infrações e indicando as provas já
produzidas e as que deseja produzir no curso da instrução.
2
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
1. A quadrilha e seu modus operandi
1.1. Durante as investigações realizadas na chamada “Operação
Mãos Limpas”, acerca de desvios de recursos públicos e fraudes em licitações em
diversos órgãos públicos do Estado do Amapá (Inquérito nº 681/AP), descobriu-se a
existência de um esquema criminoso que atuava no Tribunal de Contas daquela unidade
federativa.
1.2. Os delitos envolvem autoridades detentoras de foro por
prerrogativa de função perante o Superior Tribunal de Justiça (Conselheiros de Tribunal
de Contas Estadual). Por isso, o Parquet requereu e Vossa Excelência determinou o
desmembramento do feito (fls. 683/686), que passou a constituir o presente Inquérito nº
720/AP.
1.3. Ainda a requerimento do Ministério Público, o Ministro
Relator determinou a oitiva dos envolvidos, bem como a realização de busca e
apreensão em diversos locais, além da quebra do sigilo bancário e fiscal de diversas
pessoas. Ademais, também se decretou o sequestro dos bens dos investigados, em
especial do Conselheiro José Júlio de Miranda Coelho, pois os indícios revelam que ele
atua como líder de uma autêntica quadrilha especializada na apropriação e no desvio de
recursos do patrimônio do Amapá.
1.4. Júlio Miranda realmente organizou o esquema destinado a
surrupiar recursos do Tribunal de Contas, financiando, assim, o seu próprio
enriquecimento ilícito e, também, o de outras pessoas, em especial de alguns dos seus
colegas Conselheiros da Corte, como doravante se exporá.
1.5. Quando ocupou a Presidência da Corte de Contas, José Júlio
de Miranda Coelho montou o esquema criminoso, que contava com a participação de
outros Conselheiros e de altos servidores do órgão. O propósito era desviar os recursos
públicos, agindo do seguinte modo: o Tribunal destinava a uma rubrica genérica
(“Outras despesas variáveis”) valores elevados; estas quantias eram utilizadas para
efetuar pagamentos aos Conselheiros, acrescentando, de forma ilegal, valores adicionais
3
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
aos seus subsídios. Além disso, o peculato também se realizava por meio do
ressarcimento ilegal de despesas médicas (como ocorreu no caso da Conselheira
Margarete Salomão).
1.6. Havia, ainda, outra forma de apropriação do dinheiro
público: na qualidade de Presidente da Corte, Júlio Miranda realizava saques, em
espécie, na conta da instituição, sem qualquer destinação específica. Com tais verbas
adquiriu bens em nome de laranjas, para disfarçar a sua prodigiosa evolução
patrimonial. Júlio fez os saques em espécie, retirando dinheiro da conta do Tribunal,
numa criminosa subversão de todas as leis financeiras do País.
1.7. O esquema de corrupção atuou sem maiores dificuldades,
pois dele faziam parte o Diretor Financeiro da Instituição, Paulo Celso da Silva e Souza,
a Diretora Administrativa, Nelci Coelho Vasques, e os Conselheiros Margarete
Salomão, Amiraldo Favacho, Raquel Capiberibe, Regildo Salomão, Luiz Fernando
Pinto Garcia e Manoel Antonio Dias. Todos eles sacaram dinheiro e se beneficiaram das
quantias ilicitamente desviadas.
1.8. O Parquet narra, doravante, de forma detalhada, cada um
dos fatos criminosos, com as respectivas circunstâncias de tempo e de lugar.
2. Do desvio de recursos por meio dos saques em espécie na conta do TCE-AP
2.1. Durante o período em que Júlio Miranda foi Presidente do
TCE-AP, os saques em espécie na conta da instituição foram frequentes, sem que
houvesse qualquer justificativa para essa movimentação atípica.
2.2. Entre os dias 29 de setembro de 2005 e 19 de julho de 2010,
os saques em espécie na conta do TCE-AP superaram a quantia de R$
100.000.000,00 (cem milhões de reais), conforme o relatório de Análise nº 27/2011, da
Polícia Federal, e o relatório do COAF (fl. 14 do Apenso 2 do Expediente Avulso nº
07/2011, anexo à presente denúncia). Mais especificamente, os saques indevidos
somaram R$ 100.801.327,00 (cem milhões, oitocentos e um mil, trezentos e vinte e sete
4
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
reais).
2.3. Desse valor, R$ 9.540.000,00 (nove milhões, quinhentos e
quarenta mil reais) foram sacados, nos meses de junho de 2009, abril de 2010 e maio
de 2010, sem lastro contábil, isto é, não estavam relacionados a qualquer despesa
(fl. 15 do Apenso 2 do Expediente Avulso nº 07/2011), como atestam as provas
documentais colhidas pelo COAF e pela Polícia Federal1.
2.4. De todo esse montante desviado, existe a comprovação de
que José Júlio de Miranda Coelho realizou pessoalmente saques em espécie, na
conta da instituição, no montante de R$ 7.578.936,00 (sete milhões, quinhentos e
setenta e oito mil, novecentos e trinta e seis centavos) – fl. 338.
2.5. Nenhum desses saques possui qualquer justificativa. Não
se referem ao pagamento de pessoal, pois apurou-se que os servidores e Conselheiros
recebiam os vencimentos e subsídios por meio de depósito em conta corrente (fl. 1156).
Também não serviram para o custeio da instituição, porque todas as demais despesas
possuíam destinação específica e constituíam montante muito inferior aos valores ora
analisados. Na verdade, o maior gasto do TCE-AP, no período de 2005 a 2010, não
foi a folha de pessoal, nem a reforma da sede, mas sim o desvio e apropriação,
representados pelos estranhos saques em espécie destinados ao pagamento de
“outras despesas variáveis”.
2.6. No Relatório de Análise nº 27/2011 (Apenso 2 do
Expediente Avulso nº 07/2011), consta a comprovação de que os saques não se
destinavam ao pagamento de pessoal, embora essa falsa informação estivesse inserida
no verso das cártulas. Resta, portanto, corroborado o desvio. Aliás, esclarece o
mencionado documento que:“(...) no mês 05/2010 houve saque de R$ 3.500.000,00 que, segundo
informações contidas no verso dos cheques, seria destinado ao pagamento de pessoal. Acontece que a folha desse mês foi paga mediante o débito em conta e a liquidação de vários outros cheques que totalizaram R$ 968.149,17. Ou seja, diferentemente da justificativa apresentada, os R$ 3.500.000,00 não foram utilizados para o pagamento de pessoal.”.
1 Confira-se o item 4 da presente denúncia.
5
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
2.7. Todos os saques foram realizados “na boca do caixa” e,
geralmente, em agência diferente daquela em que o TCE-AP possui conta corrente2. O dinheiro era obtido em espécie, por meio do desconto de cheques emitidos pelo
Tribunal de Contas e nominais à própria Instituição. As cártulas eram assinadas por
José Júlio de Miranda Coelho e pelo Diretor Financeiro, Paulo Celso, como, por
exemplo, o cheque nº 255645 (conta corrente nº 30.921-4, agência nº 3575, Banco do
Brasil) no valor de R$ 45.965,38 (quarenta e cinco mil, novecentos e sessenta e cinco
reais e trinta e oito centavos), reproduzido no item 6.1 do Relatório de Análise nº
09/2011 (Apenso 2 do Expediente Avulso nº 07/2011).
2.8. Em outras oportunidades, os títulos creditícios destinados
aos expedientes ilícitos também eram assinados por Nelci Coelho Vasques, Diretora
Administrativa do TCE-AP (item 6.2 do citado Relatório de Análise nº 09/2011 e item
5.2.3 do Relatório de Análise nº 27/2011). Isso aconteceu, por exemplo, no caso do
cheque nº 258943, da Agência nº 3575 do Banco do Brasil, assinado pela Diretora
Administrativa e pelo Conselheiro Júlio Miranda. Ademais, Nelci concorreu para os
desvios de recursos públicos ao elaborar as propostas orçamentárias do Tribunal para os
exercícios de 2010 e 2011, fazendo inserir montantes vultosos na rubrica “outras
despesas variáveis”. Na verdade, a Diretora representava, juntamente com Paulo Celso,
o braço de Júlio Miranda no corpo de servidores da Administração do Tribunal; era peça
fundamental para o funcionamento do esquema criminoso.
2.9. Ressalte-se que a prática de saques em espécie na conta
de instituição pública não possui embasamento legal, uma vez que não é permitida
pela Lei nº 4.320/64 (art. 36). Ademais, inexiste qualquer registro de situação
emergencial justificando as esdrúxulas práticas.
2.10. Como não possuíam base legal, nem se destinavam ao
2 Conforme o Relatório de Análise nº 05/2011 (Apenso II do Expediente Avulso nº 07/2011), os saques eram realizados na agência nº 0261, do Banco do Brasil, localizada na Rua Independência, nº 250, Centro, Macapá-AP.
6
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
custeio de despesas do TCE-AP, é evidente que os referidos valores foram
desviados em favor dos sacadores – entre eles, o Presidente do Tribunal, José Júlio de
Miranda Coelho; Paulo Celso da Silva e Souza, Diretor Financeiro da Corte; Waldir
Rodrigues Ribeiro, ex-Diretor Financeiro do TCE; e a então Conselheira Raquel
Capiberibe. Essa suspeita se confirma pela espantosa evolução patrimonial do
Conselheiro José Júlio.
2.11. O Relatório da Polícia informa que Júlio recebia, em
agosto de 2010, subsídio no valor de R$ 18.185,11 (dezoito mil, cento e oitenta e cinco
reais e onze centavos). Com base nessa quantia, calcula-se que ele recebeu,
regularmente, desde dezembro de 1998 (quando passou a integrar o TCE), R$
3.200.000,00 (três milhões e duzentos mil reais), em valores atualizados.
2.12. Contudo, o valor do patrimônio registrado em nome de
Júlio Miranda e de seus laranjas é assustadoramente maior que a soma de valores
citada no item anterior. Somente em carros, embarcações e aeronaves, as posses
dele ultrapassam R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais). Isso sem contar as cinco
dezenas de apartamentos e demais imóveis registrados em nome do peculatário, de
sua esposa, de seus filhos e dos laranjas que utilizou (fls. 24/328).
2.13. Diversos outros elementos de prova confirmam a ilicitude
das práticas que dizimaram as finanças do órgão responsável justamente pelo controle
da legalidade e legitimidade dos gastos públicos. Na busca e apreensão realizada por
determinação do STJ na residência de Júlio Miranda, encontrou-se uma folha de
cheque do TCE-AP em branco (cheque nº 253160, conta corrente nº 0030.921-4,
agência nº 3575, Banco do Brasil), que estava assinada pelo então Presidente (item
47 do Relatório de Análise nº 50/2011 (Apenso 2 do Expediente Avulso nº 07/2011).
Como se não bastasse, há provas da existência de uma folha de pagamento de
pessoal paralela, que beneficiava Conselheiros e servidores do Tribunal com o
recebimento de valores indevidos e sem qualquer previsão legal, como se exporá em
tópico específico.
7
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
2.14. No Relatório do COAF, citado no Relatório de Análise nº
27/2011, consta que:“De acordo com informações do CONSELHO DE CONTROLE DE
ATIVIDADES FINANCEIRAS - COAF, os saques em espécie efetuados na conta do TCE/AP, entre 09/2005 e 07/2010, ultrapassaram R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais). Os responsáveis pelos saques identificados pelo COAF foram os conselheiros JÚLIO MIRANDA e RAQUEL CAPIBERIBE, além dos ex-diretores financeiros PAULO CELSO DA SILVA E SOUZA e WALDIR RODRIGUES RIBEIRO. A tabela abaixo traz o resumo da informação.
Tabela – saques em espécie na conta do TCE/AP – 09/2005 a 07/2010.” (fl. 17 do Apenso 2 do Expediente Avulso nº 07/2011).
2.15. Como se vê, Paulo Celso, sozinho, sacou mais de R$
84.0000.000,00 (oitenta e quatro milhões de reais) em espécie da conta do Tribunal.
Do mesmo modo, o COAF informa que Waldir Rodrigues Ribeiro, ex-Diretor de
Administração e Finanças do TCE, foi responsável por saques na conta do
Tribunal que, entre 21 de setembro de 2005 e 19 de julho de 2010, totalizaram R$
7.750.974,00 (sete milhões, setecentos e cinquenta mil, novecentos e setenta e quatro
reais).
2.16. Essa orgia orçamentária, que grassava no seio do órgão de
controle técnico das contas públicas do Amapá, acarretou prejuízos tão profundos, que,
após a deflagração da “Operação Mãos Limpas”, em agosto de 2010, as despesas do
Tribunal caíram vertiginosamente. Suspensos os saques ilegais em dinheiro, bem como
a ordenação de despesas sem lastro contábil, a economia foi tão grande que permitiu
ao órgão quitar sua antiga dívida com o Instituto de Previdência de Estado do
Amapá (fl. 19 do Apenso 2 do Expediente Avulso nº 07/2011). Tal circunstância
demonstra a lesividade estupenda dos delitos perpetrados pelos denunciados.
8
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
2.17. Assim agindo, José Júlio de Miranda Coelho, Paulo
Celso da Silva e Souza, Waldir Rodrigues Ribeiro, Raquel Capiberibe da Silva e
Nelci Coelho Vasques cometeram, de forma continuada, o crime de peculato (CP:
art. 312, caput, 2ª parte), pois desviaram, em proveito deles e também de outras
pessoas, R$ 100.801.327,00 (cem milhões, oitocentos e um mil, trezentos e vinte e
sete reais) de que tinham guarda em virtude dos respectivos cargos públicos que
ocupavam.
3. Do recebimento de valores indevidos por Conselheiros e servidores do TCE-AP
3.1. Foram beneficiários de valores sacados indevidamente da
conta corrente do TCE-AP vários Conselheiros e servidores daquele órgão. A
apropriação dos recursos públicos aconteceu por meio do pagamento aos agentes
públicos de verbas não previstas em lei, a título de “ajuda de custo”.
3.2. Com base nos dados obtidos com a quebra do sigilo
bancário e com as buscas e apreensões realizadas, a autoridade policial identificou os
beneficiários dos valores indevidos. Por isso, o Ministério Público passa a identificá-los
nos subitens seguintes.
3.3. José Júlio de Miranda Coelho, além dos saques realizados
em espécie, no valor de mais de R$ 7 milhões, conforme já narrado no item anterior,
também recebeu, entre fevereiro e julho de 2001, “ajuda de custo” sem previsão
legal no montante de R$ 258.000,00 (duzentos e cinquenta e oito mil reais). É o que
ficou comprovado por meio da análise das movimentações bancárias do TCE e do
documento eletrônico apreendido, por determinação judicial, na sede da Corte de
Contas (Relatório de Análise nº 27/2011, item nº 5.1.1). Além disso, Júlio Miranda
ainda se utilizou da condição de Presidente do TCE para custear com recursos do
Tribunal uma passagem aérea para seu filho Thayron, como comprova o trecho do
Relatório de Análise nº 41/2010, adiante transcrito (fl. 411):“As investigações revelaram que JÚLIO MIRANDA utiliza sua
9
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
condição de PRESIDENTE DO TCE/AP para solicitar a emissão de passagens aéreas pagas pelo TRIBUNAL para fins particulares. A seguir serão abordadas as tratativas entre JÚLIO e MARTA, da FAB VIAGENS E TURISMO. No dia 25/06/2010 (12h:32) JÚLIO MIRANDA liga para o terminal 96-8113.4459, cadastrado em nome de FAB VIAGENS E TURISMO, e pede para a atendente de nome MÁRCIA emitir um bilhete de passagem. JÚLIO diz: “Você tira uma passagem pro TAYRON na segunda-feira, aquele voo das 9, Brasília-João Pessoa”. Trata-se de THAYRON JULIO TAVARES, filho de JÚLIO MIRANDA. (…) Conforme consulta à TAM, a passagem de THAYRON foi paga com verba governamental, conforme comprovantes a seguir:
Tela 1 – data da viagem e nome do passageiro
Tela 2 – número do bilhete
10
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Tela 3 – confirmação da forma de pagamento”.
3.4. Todavia, José Júlio não foi o único beneficiado por esses
pagamentos ilegais. Outros Conselheiros também se aproveitaram do mesmo expediente
para se apropriarem de recursos públicos.
3.5. Amiraldo da Silva Favacho recebeu, entre fevereiro e
julho de 2001, “ajuda de custo” sem base legal, no valor de R$ 178.000,00 (cento e
setenta e oito mil reais). Além disso, assinou, entre 20 de abril de 2006 e 24 de
outubro daquele mesmo ano, cheques que foram sacados em espécie na conta do
TCE, totalizando a quantia de R$ 1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais) –
(Relatório de Análise nº 27/2011, item nº 5.1.2).
3.6. Manoel Antônio Dias recebeu, assim como Amiraldo,
entre fevereiro e julho de 2001, “ajuda de custo” sem base legal, no valor de R$
178.000,00 (cento e setenta e oito mil reais). O Conselheiro, aliás, também assinou, em
20 de outubro de 2005 (Relatório de Análise nº 27/2011, item nº 5.1.3), cheques em
valores fracionados cuja soma é igual a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
reais). Os títulos, como era de praxe na estranha e criminosa contabilidade do TCE-AP,
foram sacados em espécie.
3.7. O Conselheiro aposentado Luiz Fernando Pinto Garcia
também se locupletou às custas do erário. Chegou a receber, em um só dia (19 de
11
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
setembro de 2007), “ajuda de custo”, sem qualquer base legal ou comprovação de
gastos, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). As despesas, embora constem nos
computadores do Tribunal como destinadas à “segurança pessoal” e à “estruturação do
gabinete”, foram incluídas na rubrica orçamentária denominada de “outras despesas
variáveis”, como atesta o Relatório de Análise nº 27/2011, item nº 5.1.4. Ademais, a
perícia apontou, ainda, que:“Conforme extrato bancário, os cheques 252445, 252446 e 252447,
destinados ao pagamento de verbas para LUIZ FERNANDO GARCIA, foram pagos em espécie e fizeram parte do grupo de 45 documentos de valores fracionados, lançados na ficha CONTROLE FINANCEIRO com a descrição genérica TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO AP, que totalizaram R$ 1.700.000,00” (fl. 17 do RA nº 27/2011).
3.8. Luiz Fernando também lesou os cofres públicos, ao utilizar
recursos do erário para custear não só seu transplante de rim, mas também a
passagem e hospedagem da doadora do órgão, e até mesmo honorários
advocatícios, como comprovado no Relatório de Análise nº 04/2011:“No rol dos documentos apresentados pelo conselheiro LUIZ
FERNANDO PINTO GARCIA solicitando o ressarcimento de R$ 73.412,30, consta o extrato de procedimentos efetuados por MARIA CLEONICE SANTIAGO COSTA, no valor de R$ 22.659,27, emitido pelo HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS. MARIA CLEONICE seria a suposta doadora do rim que beneficiaria LUIZ FERNANDO.
12
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Apesar da irregularidade o presidente do TCE/AP – JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO autorizou o pagamento das despesas, conforme espelho da nota de empenho.
3.2 – Do empenho 2008NE091 – R$ 7.670,81:3.2.1 – Pagamento de hospedagem:LUIZ FERNANDO anexou, entre os pedidos, extratos referentes ao
pagamento de diárias em dois apartamentos no hotel RIEMA SAINT CHARBEL, que totalizaram R$ 1.742,66. Nos valores estão incluídas despesas com restaurante e frigobar. Os extratos estão em nome de LUIZ FERNANDO e CLEONICE COSTA.
13
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Espelho – Extrato apartamento em nome de LUIZ FERNANDO
Espelho – Extrato apartamento em nome de CLEUNICE COSTA
3.2.2 – Pagamento de honorários advocatícios como sendo despesas médicas:
A solicitação de ressarcimento efetuada pelo então conselheiro incluiu ainda o suposto pagamento de honorários à advogada VIVIANE PEREIRA BILLIA ESTEFAN, CPF 038.897.728-03.
14
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Espelho – parte do contrato entre LUIZ FERNANDO e a advogada Viviane
3.2.3 – Pagamento de passagens aéreas para terceiros:LUIZ FERNANDO solicitou ainda o ressarcimento de passagens
aéreas, incluindo bilhetes de sua enteada ISABELA GARCELA e da possível doadora do rim, CLEONICE COSTA.
15
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Espelho - Bilhetes em nome de CLEONICE COSTA e ISABELA
GARCIA
3.2.4 – JÚLIO MIRANDA autoriza o pagamento das despesas:Mesmo diante de todas as irregularidades apontadas, o
ressarcimento das despesas solicitado pelo conselheiro LUIZ FERNANDO PINTO GARCIA foi autorizado por PAULO CELSO DA DA SILVA E SOUSA, diretor financeiro e por JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA, presidente do TCE/AP na época dos fatos, conforme espelho na nota de empenho e da cópia de cheque emitido pelo tribunal.
16
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
3.9. Da mesma forma que Luiz Fernando, o atual Presidente do
TCE-AP, Conselheiro Regildo Wanderley Salomão recebeu, em setembro de 2007
(RA 27/2011, item 5.1.5), R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a título de “ajuda de
custo”, paga por meio de cheques que foram descontados em espécie, mesmo sem
destinação legal para a verba nem comprovação da realização de qualquer gasto.
17
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
3.10. A Conselheira (atualmente aposentada) Raquel
Capiberibe da Silva, além de ter realizado saques em espécie na conta do TCE-AP,
no montante de R$ 1.300.000,00 (como já narrado no item 2.13 da presente
petição), também se apropriou, quando na ativa se encontrava, de recursos do
Tribunal. Assim, entre fevereiro e julho de 2001, apropriou-se da quantia de R$
258.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), a título de “ajuda de custo” (RA 27/2011,
item 5.1.7). O dinheiro lhe foi pago por meio de cheques descontados em espécie. Não
havia destinação legal para a verba nem a comprovação da realização de qualquer
gasto regular.
3.11. A Conselheira do TCE Margarete Salomão de Santana
aproveitou-se igualmente do cargo público, para se apropriar de dinheiro público. Em
setembro de 2007, recebeu ilegalmente R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), a título de
“ajuda de custo”. O pagamento daquela quantia se deu por meio de cheques que
foram descontados em espécie, mesmo sem destinação legal para a verba nem
comprovação da realização de qualquer gasto. Porém, esse não foi o maior prejuízo
que a Conselheira causou ao erário.
3.12. Com efeito, Margarete custeou todo o seu tratamento de
saúde com valores do Tribunal de Contas, mesmo possuindo plano de assistência
médica particular. O mais grave, no caso, é que as despesas irregularmente
reembolsadas à acusada abrangem até mesmo tratamentos puramente estéticos e a
aquisição de medicamentos nesse contexto. Tudo, convém refletir, sem qualquer
autorização legal ou regulamentar. Aliás, a Conselheira desviou a verba pública
até mesmo para pagar o tratamento de combate à celulite. Por sinal, os autos
registram que:“MARGARETE apresentou também recibos de outra empresa do
grupo SANTE, a LE BAZAR SANTÉ, que, conforme consta no cadastro da RECEITA FEDERAL DO BRASIL, atua no comércio varejista de cosméticos e produtos de higiene. A discriminação dos serviços constante em alguns desses recibos confirma que a conselheira solicitou reembolso de despesas efetuadas com procedimentos estéticos. Em um deles, datado de 04/09/2009, consta que foram realizadas “03 sessões de Accent”. Conforme pesquisa, o Accent é utilizado no tratamento da celulite,
18
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
sendo que cada sessão custa em média R$ 500,00” (Relatório de Análise nº 04/2011 – Apenso 2 do Expediente Avulso nº 7/2011).
3.13. Como se não fosse suficientemente ilegal a prática
narrada, a Controladoria Geral da União ainda sublinha que:“foi apurado na documentação apreendida os pedidos de reembolso
de despesas médicas apresentados entre fevereiro/2006 e setembro/2010 pela Conselheira MARGARETE SALOMÃO DE SANTANA perfizeram o total de R$ 822.263,83, entretanto, os reembolsos das despesas identificados nos documentos examinados relativamente àquele período importaram em R$ 455.496,29” (Relatório da CGU, de 11.10.2010).
3.14. Todas essas restituições – inclusive para tratamento de
celulite – foram autorizadas pelo então Presidente do TCE/AP, José Júlio de
Miranda Coelho, e pelo Diretor da Área Orçamentária e Financeira, Paulo Celso
da Silva e Souza, ainda que sem qualquer ato que embasasse a medida, e mesmo
sem a devida comprovação da efetiva realização dos gastos. Tais condutas estão
documentalmente comprovadas no Relatório de Análise nº 04/2011 (Expediente
Avulso nº 7/2011, Apenso 2), que contém inclusive espelhos das autorizações de
despesas:
19
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
20
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
3.15. Além disso, houve o reembolso de algumas despesas em
duplicidade, como noticia o Relatório de Análise nº 04/2011 (Apenso 2 do Expediente
Avulso nº 07/2011):“Em correspondência datada de 01/09/2010, a Conselheira
MARGARETE SALOMÃO DE SANTANA FERREIRA solicita ao presidente do TCE/AP – JÚLIO MIRANDA, o reembolso de despesas médicas, num total de R$ 38.613,12 (trinta e oito mil, seiscentos e treze reais e doze centavos). Para tanto, MARGARETE anexa ao pedido a fatura de Nº 467059, emitida pela SOCIEDADE HOSPITAL SAMARITANO, CNPJ 60.544.244/0001-67. Acontece que a Conselheira MARGARETE havia feito, em 20/07/2010, pedido de ressarcimento junto à SULAMÉRICA SAÚDE, no valor de R$ 48.613,12, fazendo referência ao mesmo documento que serviu de suporte ao pedido feito para o TCE. Ou seja, em tese, MARGARETE teria pedido o reembolso em duplicidade. Merece destaque o fato da Conselheira ser titular de plano de saúde, o que não justificaria a solicitação de reembolso que, entre 2006 e 2010, ultrapassou R$ 800.000,00. A seguir o espelho dos documentos citados.
Pedido de ressarcimento ao TCE Relação de despesas anexadas ao pedido do TCE
21
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Recibo 467059 anexado ao pedido do TCE”.
3.16. Além dos Conselheiros citados, o esquema de desvio de
recursos montado no TCE-AP e comandado por José Júlio de Miranda Coelho também
beneficiou membro do Ministério Público.
3.17. Maria do Socorro Milhomem Monteiro,
Subprocuradora-Geral de Justiça do MP/AP, e então oficiando perante o Tribunal de
Contas, recebeu, em 20 de outubro de 2003, 24 de agosto de 2004 e 20 de maio de
2005, valores destinados a “reestruturação de gabinete”, no total de R$ 39.024,68
(trinta e nove mil e vinte e quatro reais e sessenta e oito centavos). Tais quantias
foram pagas por meio de cheques, que também – seguindo a criminosa “tradição” do
TCE-AP – eram descontados em espécie, na boca do caixa. Cumpre salientar que esses
pagamentos também não possuíam autorização legal ou regulamentar; não se
submetiam a comprovação de gastos; e eram classificados em termos contábeis na
já citada rubrica “outras despesas variáveis”.
3.18. Vale ressaltar um fato importantíssimo para comprovar a
ilicitude de todos os pagamentos ora narrados: pela simples consulta às contas do
TCE, não seria possível rastrear quem eram os reais beneficiários dos valores, uma
vez que todas as despesas constavam da contabilidade na rubrica “outras despesas
22
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
variáveis”, e o destinatário era sempre registrado como “Tribunal de Contas do
Estado do Amapá”. Somente por intermédio dos documentos apreendidos nos
computadores do próprio TCE e, também, através dos elementos coligidos com a quebra
do sigilo bancário dos envolvidos, é que se pôde descobrir que os recursos foram
desviados em proveito de Conselheiros e servidores, caracterizando o delito de peculato
(art. 312), pois os agentes públicos apropriaram-se de valores dos quais tinham a posse
em razão do cargo.
3.19. Todos os envolvidos tinham plena consciência da ilicitude
dos valores que recebiam, até mesmo por conta da forma estranha de pagamento. Os
valores não foram registrados em contracheques. Seria ingênuo crer que os Conselheiros
do Tribunal de Contas desconheciam que a referida prática desrespeita as mais
comezinhas regras de Direito Financeiro.
3.20. É indiscutível, destarte, que José Júlio de Miranda
Coelho, Amiraldo da Silva Favacho, Manoel Antônio Dias, Luiz Fernando Pinto
Garcia, Regildo Wanderley Salomão, Raquel Capiberibe da Silva, Margarete
Salomão de Santana e Maria do Socorro Milhomem Monteiro cometeram, de modo
continuado, o delito de peculato (CP: arts. 71 e 312, caput).
4. Do pagamento a servidores “fantasmas” e a pessoas sem vínculo com o TCE-AP
4.1. Paulo Celso e Júlio Miranda ainda cometeram o delito de
peculato em outras oportunidades. Entre fevereiro e junho de 2001, ambos
autorizaram diversos pagamentos a pessoas que não existem no Cadastro de
Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (“fantasmas”) e a servidores não
integrantes do quadro do TCE-AP, como consta do Relatório de Análise nº 12/2011
(Apenso 2 do Expediente Avulso nº 07/2011).
4.2. Não há registro de CPF das seguintes pessoas, que
constavam da folha de pagamento assinada por Júlio e Paulo: a) Cleiton Silveira Lima;
23
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
b) Deusa Simões Lima; c) Deuzarina Santos Coelho; d) Graciele Rabelo Pimentel; e)
José Carlos Amanajás Silva; f) Clodoaldo do Amaral Neto; g) Laisa Carvalho Barbosa.
Ora, se tais pessoas físicas não possuem CPF, como foram admitidas no quadro de
servidores do TCE-AP? Como seu pagamento é processado? Na realidade são
“fantasmas”. Os acusados utilizavam esses nomes para possibilitar um desvio ainda
maior de recursos públicos do Tribunal de Contas do Estado do Amapá.
4.3. Fizeram, por outro lado, pagamentos a pessoas que já não
eram mais servidoras do órgão, ou que nunca o foram, a saber: a) Maria Ivoneide
Chagas; b) Marcelo Pereira Martins; c) Caio Tácito Mendes Cardoso; d) Hermann
Felipe Paz Rodrigues; e) Fábio da Silva Fonseca; e f) Lucas Vidal Leão.
4.4. Cometeram, por conseguinte, nessas ocasiões, o delito de
peculato. Tanto o Conselheiro Presidente da Corte de Contas como o Diretor Financeiro
da instituição desviaram, em proveito próprio ou de outrem, recursos públicos de que
tinham a guarda em razão de suas funções. A conduta deles se amolda,
consequentemente, à moldura delituosa retratada no artigo 312 do Código Penal.
5. Da ordenação de despesas sem prévia autorização legal
5.1. Como já narrado e comprovado documentalmente no item 2
da presente exordial, José Júlio de Miranda Coelho e Paulo Celso da Silva e Souza
ordenaram o pagamento de despesas não previstas em lei.
5.2. Paulo Celso e Júlio Miranda ordenaram despesas – e,
mais que isso, efetivamente sacaram os recursos correspondentes na boca do caixa
(conforme descrito no item 2 da presente denúncia) – sem lastro contábil, isto é,
sem qualquer previsão legal ou registro na contabilidade, como ficou comprovado
documentalmente no Relatório de Análise nº 27/2011:“O COAF aponta que, em 16/06/2009, PAULO CELSO DA SILVA
E SOUZA fez a provisão para saque espécie na conta do TCE, no valor de R$ 2.500.000,00. Segundo o órgão fiscalizador, a retirada foi efetivada em 19/06/2009, pelo mesmo PAULO CELSO.
24
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Analisando-se o extrato do TCE do dia 19/06/2009, é possível verificar que o saque de fato foi efetivado, mediante o pagamento de 60 cheques de valores fracionados que, somados, totalizaram R$ 2.500.000,00, conforme abaixo:
O confronto dos extratos bancários com documentos apreendidos no Tribunal demonstra que o saque de R$ 2.500.000,00, realizado em 19/06/2009 por meio de diversos cheques, não possui lastro contábil, ou seja, não está relacionado a nenhuma despesa identificada. A seguir espelho de parte documento denominado CONTROLE FINANCEIRO.
25
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Espelho – parte da ficha CONTROLE FINANCEIRO – 06/2009
(…) Os únicos lançamentos que não possuem despesas correspondentes elencadas no CONTROLE FINANCEIRO são justamente os cheques que totalizam R$ 2.500.000,00 em 19/06/2009 e R$ 440.000,00 em 23/06/2009. Repete-se: todas as despesas elencadas no CONTROLE FINANCEIRO foram identificadas no extrato bancário, com exceção dos cheques de valores fracionados que totalizam quantias “redondas” e que são classificados com a descrição genérica “Tribunal de Contas do Estado AP”. A seguir espelho de parte do documento CONTROLE FINANCEIRO com o os lançamentos ocorridos em 23/06/2009.
Espelho – parte da ficha CONTROLE FINANCEIRO – 06/2009
26
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Abaixo extrato bancário da conta do TCE com toda a movimentação ocorrida em 23/06/2009. Foi acrescentada a coluna destinação onde está reproduzida a descrição contida no CONTROLE FINANCEIRO, documento apreendido no Tribunal. Os únicos valores que não possuem lastro são os cheques que totalizam R$ 440.000,00.
R$ 440.000,00
3.2 - Saques efetuados em 04/2010 – R$ 3.160.000,00:Segundo o COAF, em 12/04/2010 foi realizado saque de R$
220.000,00 na conta do TCE. Conforme extrato bancário reproduzido a seguir, a retirada foi efetivada mediante o pagamento de 05 cheques de valores fracionados.
Extrato TCE – saques realizados em 12/04/2010
Realizada a conciliação entre o extrato da conta e o CONTROLE FINANCEIRO, verificou-se que, com exceção dos cheques destinados ao saque em espécie de R$ 220.000,00 que aparecem com a descrição genérica “TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO AP”, as demais despesas estão
27
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
identificadas. R$ 220.000,00
Já em 20/04/2010 foram sacados em espécie R$ 2.940.000,00, mediante a autenticação de 66 cheques de valores “quebrados”, conforme tabela. As transações também constam do relatório do COAF.
Foi realizada a conciliação entre o documento denominado CONTROLE FINANCEIRO e todos os lançamentos bancários efetivados na conta do TCE em 20/04/2010. Novamente, os únicos lançamentos que não possuem despesas correspondentes elencadas no CONTROLE FINANCEIRO são justamente os cheques que totalizam os saques em espécie identificados pelo COAF.
Ressalta-se que, em apenas no mês 04/2010, os saques sem destinação identificada somaram nada menos do que R$ 3.160.000,00 (três milhões, cento e sessenta mil reais). Repete-se: todas as despesas elencadas no CONTROLE FINANCEIRO relativas ao mês de abril de 2010 foram identificadas no extrato bancário, com exceção dos cheques de valores fracionados que totalizam quantias “redondas” e que são classificados com a descrição genérica “Tribunal de Contas do Estado AP”.
28
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
5.3. Como se percebe, tais práticas contrariam toda a ordem
jurídico-financeira, configurando o delito previsto no artigo 359-D do Código
Penal: “Ordenar despesa não autorizada por lei”. Delito que, convém registrar, foi
cometido de forma continuada (CP: art. 71).
5.4. A Lei nº 4.320/64 estabelece ser “vedada a realização de
despesa sem prévio empenho” (art. 60, caput). O mesmo diploma legal também
determina que “para cada empenho será extraído um documento denominado 'nota de
empenho', que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa,
bem como a dedução desta do saldo de dotação própria” (art. 61). Nenhuma dessas
formalidades foi observada, de modo que a despesa não poderia ter sido ordenada,
muito menos paga – e, menos ainda, sacada pelos seus próprios ordenadores na
boca do caixa.
5.5. As condutas de Paulo Celso e Júlio Miranda também
violaram diversos dispositivos da Lei Complementar nº 101/00 (Lei de
Responsabilidade Fiscal), que dispõe:“Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e
lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
Art. 16. (…) § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de
dotação específica e suficiente (...)(…) § 4º As normas do caput constituem condição prévia para:I – empenho (...)”.
5.6. Percebe-se do exposto que, José Júlio de Miranda Coelho
e Paulo Celso da Silva e Souza praticaram, de modo continuado, o crime de
ordenação de despesa sem autorização legal (CP: art. 359-D), uma vez que
autorizaram saques, em espécie, no montante de R$ 9.540.000,00 (nove milhões,
quinhentos e quarenta mil reais), nos meses de junho de 2009, abril de 2010 e maio
de 2010, sem lastro contábil, isto é, sem a prévia e indispensável autorização
legislativa nem especificação contábil de previsão dos recursos.
29
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
6. Da existência da quadrilha liderada por Júlio Miranda
6.1. A reiteração das práticas ilícitas no Tribunal de Contas do
Amapá, bem como a extensão objetiva e subjetiva que a corrupção tomou naquela Corte
de Contas permitem concluir pela existência de uma verdadeira quadrilha montada para
lesar o erário.
6.2. A divisão de tarefas era bem definida: Júlio Miranda,
assessorado por Waldir e, posteriormente, por Paulo Celso e Nelci Coelho Vasques,
comandava o esquema criminoso, separando para si a maior parte dos recursos
desviados, mas contando com a colaboração e apoio dos demais Conselheiros, e até da
Subprocuradora-Geral de Justiça, que também se locupletaram. Os Conselheiros
omitiam-se de fiscalizar ou questionar as contas do próprio Tribunal, recebendo, em
troca, vultuosas somas em proveito próprio.
6.3. O liame subjetivo entre os agentes é nítido. A estabilidade
da corja, mais ainda, pois o esquema durou de 2001 até 2010. Somente cessou após ser
desbaratado pelas investigações feitas pela Polícia Federal, cumprindo as determinações
do Superior Tribunal de Justiça.
6.4. O propósito da súcia era a perpetração dos crimes contra a
Administração e as Finanças Públicas. Como faziam parte de um grupo criminoso, com
mais de três pessoas, configurada está a formação de quadrilha (CP: art. 288).
6.5. Desse modo, pode-se afirmar que José Júlio de Miranda
Coelho, Paulo Celso Silva e Souza, Waldir Rodrigues Ribeiro, Amiraldo da Silva
Favacho, Manoel Antônio Dias, Luiz Fernando Pinto Garcia, Regildo Wanderley
Salomão, Raquel Capiberibe da Silva, Margarete Salomão de Santana, Maria do
Socorro Milhomem Monteiro e Nelci Coelho Vasques cometeram o delito de formação
de quadrilha (CP: art. 288)
7. Das imputações criminosas
7.1. Convém ressaltar que há, no autos do inquérito, provas dos
30
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
fatos relatados, que caracterizam graves infrações penais de ação pública
incondicionada. Dessa forma, afirma-se que:
1) JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO cometeu, de forma
continuada (art. 71 do CP), diversas vezes o delito de peculato (art. 312 do CP), ao sacar
recursos em espécie da conta do TCE-AP. Também praticou, em concurso material (art.
69) mais três peculatos (recebimento de ajuda de custo indevida e emissão de passagem
em nome do filho, com recursos públicos, além de pagamento a servidores “fantasmas”)
e o delito de ordenação de ilegal de despesa. Por tudo isso, imputa-se-lhe o cometimento
dos delitos de peculato, por quatro vezes, em concurso material, sendo o primeiro
peculato praticado na forma continuada (CP, art. 312), de ordenação ilegal de despesa
(art. 359-D do CP), e formação de quadrilha (CP, art. 288, caput), todos em concurso
material (art. 69);
2) PAULO CELSO SILVA E SOUZA cometeu diversos
peculatos, de forma continuada (saques em espécie na conta do TCE), em concurso
material com outro delito de peculato (pagamento a servidores “fantasmas”), e com o
crime de ordenação ilegal de despesa (art. 359-D), e formação de quadrilha (CP, art.
288, caput), todos em concurso material;
3) RAQUEL CAPIBERIBE DA SILVA cometeu o delito de
peculato duas vezes: ao efetuar saques em espécie na conta do TCE-AP (conduta
praticada em continuidade delitiva) e ao receber valores ilegais a título de ajuda de
custo. Deve, portanto, responder por dois peculatos, em concurso material, sendo o
primeiro deles na forma do artigo 71, do CP, e também pelo crime de formação de
quadrilha (CP, art. 288, caput);
4) WALDIR RODRIGUES RIBEIRO cometeu o delito de
peculato, na forma continuada, pois sacou da conta do TCE-AP recursos em espécie,
sem qualquer destinação legal, devendo responder na forma do artigo 312 do Estatuto
Repressor, combinado com o artigo 71 do mesmo diploma, e na formação de quadrilha
(CP, art. 288, caput);
31
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
5) NELCI COELHO VASQUES cometeu o delito de peculato
(assinou cheques para serem descontados na boca do caixa) e participava da quadrilha,
devendo, portanto, responder nos termos dos artigos 312 e 288 do CP;
6) AMIRALDO DA SILVA FAVACHO, MANOEL
ANTÔNIO DIAS, LUIZ FERNANDO PINTO GARCIA, REGILDO WANDERLEY
SALOMÃO, MARGARETE SALOMÃO DE SANTANA e MARIA DO SOCORRO
MILHOMEM MONTEIRO cometeram o delito de peculato, de forma continuada, por
receberem a título de ajuda de custo, valores indevidos, e sem amparo legal, pagos “por
fora”. Devem, destarte, responder na forma do artigo 312, do CP, e por formação de
quadrilha (CP, art. 288, caput).
8. Da competência do Superior Tribunal de Justiça para processar e julgar a ação
penal, que o Ministério Público pretende ver instaurada com o recebimento da
presente denúncia
8.1. José Júlio de Miranda Coelho, Amiraldo da Silva Favacho,
Manoel Antônio Dias, Regildo Wanderley Salomão e Margarete Salomão de Santana
ocupam o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Amapá, devendo, portanto,
ser processados e julgados nessa Corte Nacional [CF: art. 105 (I, a)].
8.2. Luiz Fernando Pinto Garcia e Raquel Capiberibe da Silva
já estão aposentados. Já Paulo Celso Silva e Souza, Maria do Socorro Milhomem
Monteiro e Waldir Rodrigues Ribeiro não ocupam cargos que assegure a eles a
prerrogativa de serem julgados no foro especial. Porém, todos deverão ser processados
nesse Tribunal, em face dos motivos adiante expostos.
8.3. A Súmula nº 704 do STF garante que: “Não viola as
garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por
continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de
um dos denunciados”.
32
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
8.4. Na hipótese, além da conexão probatória, existe nítida
situação de continência3, nos termos do artigo 77, I, do CP4. Dessa forma, justifica-se o
processamento e julgamento conjunto de todos os réus por essa Corte Nacional de
Justiça.
8.5 Noutras palavras, pode-se dizer que os fatos delituosos são
continentes e havendo evidente conexão probatória, tudo o que justifica o
processamento conjunto de todos os imputados perante o Superior Tribunal de Justiça.
Requerimentos
Ante o exposto e para que se instaure, no Superior Tribunal de
Justiça, a ação penal contra todos os denunciados, o Ministério Público Federal
apresenta esta denúncia, requerendo que Vossa Excelência, após as providências de
estilo, mande notificar os acusados, com observância das formalidades legais (art. 4º, §
1º, da Lei nº 8.038/90, e art. 220 e §§, do RISTJ), para que possam, querendo, oferecer
resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Se os denunciados apresentarem novos documentos com suas
respostas, ordene Vossa Excelência a intimação do Parquet Federal, para se manifestar
em 5 (cinco) dias. Em seguida, peça o eminente Ministro Relator dia para que a Corte
Especial delibere sobre o recebimento, ou a rejeição da peça preambular, ou acerca da
procedência, ou não, da acusação (arts. 5º e 6º, da Lei nº 8.038/90, e arts. 221 e 222, do
RISTJ), de tudo se intimando as partes.
Recebida a denúncia, requer logo a citação dos acusados para
que possam acompanhar a ação penal em todos os seus termos.
Requer, ainda, que se prossiga na instrução, com estrita
observância do contraditório e do amplo direito de defesa dos acusados.
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT, 2009, p. 234.4 “A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas
pela mesma infração”.
33
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Requer, por outro lado, comprovar a acusação através dos
elementos já coligidos nos autos do Inquérito nº 720/AP, inclusive os Relatórios de
Análise da CGU e da Polícia Federal, e por todos os meios admitidos em Direito,
inclusive através de perícias, inquirição das testemunhas arroladas adiante, e dos
interrogatórios dos acusados.
Excetuados os interrogatórios dos Conselheiros do Tribunal de
Contas do Amapá, que devem ser feitos nessa Corte, requer que o eminente Relator
delegue a realização dos atos de instrução a um Juiz Federal da Seção Judiciária do
Amapá (art. 9º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.038/90 e 225, §§ 1º e 2º, do RISTJ),
recomendando pressa na instrução criminal.
Ademais, diante do escoamento do prazo de afastamento
preventivo de JOSÉ JÚLIO DE MIRANDA COELHO de suas funções judicantes,
determinado por Vossa Excelência, o Parquet requer a nova decretação da medida
cautelar, desta feita pelo prazo de 360 dias [CPP: art. 319 (VI)], afastando-se, também,
de suas respectivas funções todos os demais imputados, que são Conselheiros do
Tribunal de Contas do Amapá, ou ocupantes de funções (cargos) comissionados naquela
Corte.
Requer que o Superior Tribunal de Justiça, no final, julgue
procedente a ação penal, condenando todos os denunciados.
Nestes termos, junta esta aos autos com os documentos que a
instruem, e
Pede deferimento.
Brasília, 11 de abril de 2012.
Eitel Santiago de Brito PereiraSubprocurador-Geral da República
JTCF
34
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
ROL DE TESTEMUNHAS:
1) CLAUDIO ROBERTO TRAPP, delegado da Polícia Federal, lotado na
Superintendência de Polícia Federal no Amapá, onde pode ser encontrado;
2) CORACY CAMPOS DE SOUSA, servidor do TCE-AP, residente na na Av.
Procópio Rola, 1530, Centro, Macapá/AP;
3) JORVEL EDUARDO ALBRING VERONOSE, delegado da Polícia Federal, lotado
na Superintendência de Polícia Federal no Amapá, onde pode ser encontrado.
4) DAMIÃO FRANCISCO DA SILVA, servidor do TCE-AP, residente na Rua José
Luis Barata, nº 321, Marco Zero, Macapá/AP;
5) ROBERTO JOSÉ CHACON TAVARES, servidor do TCE-AP, residente na Rua
Euzely Fabricio de Sousa, 292, Manaíra, João Pessoa/PB.
35
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Anexo I:
Lista de cheques sacados em espécie na conta do TCE-AP5
Banco do BrasilAgência: 3575-0Conta: 30921-4Cliente: TRIBUNAL DE CONTA DO ESTADO DO AMAPÁ
5 A lista está contida no Relatório de Análise nº 05/2011. Constam os saques realizados a partir de 2006. Quanto aos demais cheques, já estão detalhados os saques na presente denúncia e nos Relatórios de Análise nº 05/2011 e 27/2011 (Apenso II do Expediente Avulso nº 07/2011).
36
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
29/06/2006 10.424,95R$ 250672 Cheque compensado29/06/2006 16.202,86R$ 250696 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 17.423,55R$ 250615 Cheque Pago Outra Agência23/06/2006 18.550,43R$ 250658 Cheque Pago Outra Agência05/06/2006 19.000,00R$ 250477 Cheque Pago Outra Agência29/06/2006 19.478,71R$ 250703 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 20.492,00R$ 250649 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 24.818,62R$ 250616 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 27.615,00R$ 250608 Cheque Pago Outra Agência19/06/2006 29.396,04R$ 6068 Emissão de DOC22/06/2006 32.115,00R$ 250669 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 32.725,30R$ 250617 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 34.698,80R$ 250648 Cheque Pago Outra Agência29/06/2006 35.500,50R$ 250712 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 36.206,50R$ 250636 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 36.280,50R$ 250627 Cheque Pago Outra Agência29/06/2006 36.366,89R$ 250661 Cheque compensado22/06/2006 36.605,00R$ 250670 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 37.535,20R$ 250643 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 37.718,00R$ 250645 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 38.087,60R$ 250629 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 38.500,50R$ 250622 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 38.600,50R$ 250631 Cheque Pago Outra Agência29/06/2006 38.889,20R$ 250711 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 38.930,00R$ 250641 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 39.200,00R$ 250626 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 39.815,20R$ 250635 Cheque Pago Outra Agência22/06/2006 41.280,00R$ 250688 Cheque Pago Outra Agência29/06/2006 41.750,30R$ 250710 Cheque Pago Outra Agência19/06/2006 42.859,61R$ 6069 Emissão de DOC29/06/2006 43.860,00R$ 250709 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 45.380,50R$ 250634 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 45.450,80R$ 250638 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 45.800,30R$ 250625 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 46.570,50R$ 250644 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 46.630,40R$ 250628 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 46.840,50R$ 250637 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 48.290,50R$ 250642 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 48.370,20R$ 250639 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 48.800,20R$ 250632 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 48.920,20R$ 250623 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 49.170,00R$ 250621 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 49.530,00R$ 250630 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 49.670,50R$ 250624 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 49.680,10R$ 250640 Cheque Pago Outra Agência23/06/2006 49.716,12R$ 250664 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 49.810,50R$ 250633 Cheque Pago Outra Agência23/06/2006 92.893,54R$ 250662 Cheque Pago Outra Agência28/06/2006 129.927,78R$ 250655 Cheque Pago Outra Agência20/06/2006 130.088,81R$ 250650 Cheque compensado20/06/2006 143.207,40R$ 250651 Cheque compensado23/06/2006 154.480,87R$ 250654 Cheque Pago Outra Agência23/06/2006 198.449,07R$ 250656 Cheque Pago Outra Agência
37
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Data Valor Nr cheque Descrição25/07/2006 200.608,76R$ 250791 Cheque pago outra agência25/07/2006 151.490,20R$ 250790 Cheque pago outra agência19/07/2006 137.485,85R$ 250778 Cheque compensado25/07/2006 132.039,68R$ 250801 Cheque pago outra agência25/07/2006 92.429,00R$ 250796 cheque compensado20/07/2006 49.805,20R$ 250753 Cheque pago outra agência20/07/2006 49.800,50R$ 250743 Cheque pago outra agência20/07/2006 49.380,20R$ 250737 Cheque pago outra agência24/07/2006 49.332,13R$ 250798 Cheque pago outra agência20/07/2006 49.180,00R$ 250758 Cheque pago outra agência20/07/2006 49.150,30R$ 250740 Cheque pago outra agência20/07/2006 49.120,50R$ 250746 Cheque pago outra agência20/07/2006 49.100,50R$ 250761 Cheque pago outra agência20/07/2006 48.700,50R$ 250752 Cheque pago outra agência20/07/2006 48.700,00R$ 250739 Cheque pago outra agência20/07/2006 48.430,50R$ 250786 Cheque pago outra agência20/07/2006 48.300,00R$ 250760 Cheque pago outra agência20/07/2006 48.250,20R$ 250745 Cheque pago outra agência20/07/2006 48.130,00R$ 250755 Cheque pago outra agência20/07/2006 46.930,50R$ 250750 Cheque pago outra agência20/07/2006 45.830,00R$ 250747 Cheque pago outra agência20/07/2006 45.630,50R$ 250741 Cheque pago outra agência20/07/2006 45.380,50R$ 250762 Cheque pago outra agência20/07/2006 45.120,00R$ 250785 Cheque pago outra agência20/07/2006 43.540,00R$ 250751 Cheque pago outra agência11/07/2006 42.180,50R$ 250720 Cheque pago outra agência19/07/2006 40.931,89R$ 5791 Cheque pago outra agência20/07/2006 39.510,30R$ 250748 Cheque pago outra agência20/07/2006 38.950,20R$ 250759 Cheque pago outra agência20/07/2006 38.900,50R$ 250754 Cheque pago outra agência20/07/2006 38.750,50R$ 250738 Cheque pago outra agência20/07/2006 38.300,50R$ 250784 Cheque pago outra agência20/07/2006 38.300,00R$ 250744 Cheque pago outra agência20/07/2006 36.600,20R$ 250749 Cheque pago outra agência25/07/2006 36.407,05R$ 250796 cheque compensado20/07/2006 33.671,10R$ 250757 Cheque pago outra agência20/07/2006 32.725,30R$ 250772 Cheque pago outra agência11/07/2006 32.300,30R$ 250719 Cheque pago outra agência11/07/2006 30.550,20R$ 250721 Cheque pago outra agência20/07/2006 30.530,50R$ 250756 Cheque pago outra agência04/07/2006 29.708,45R$ 250677 Cheque pago outra agência20/07/2006 28.458,62R$ 250771 Cheque pago outra agência11/07/2006 27.810,50R$ 250722 Cheque pago outra agência20/07/2006 27.615,00R$ 250763 Cheque pago outra agência20/07/2006 21.168,80R$ 250776 Cheque pago outra agência25/07/2006 20.536,46R$ 250793 Cheque pago outra agência20/07/2006 20.468,50R$ 250742 Cheque pago outra agência20/07/2006 18.149,00R$ 250787 Cheque pago outra agência20/07/2006 17.423,55R$ 250770 Cheque pago outra agência11/07/2006 17.258,50R$ 250718 Cheque pago outra agência 38
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Data Valor Nr cheque Descrição19/11/2009 135.358,46R$ 255692 Cheque pago outra agência19/11/2009 86.725,69R$ 255693 Cheque compensado18/11/2009 49.941,18R$ 255604 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.875,25R$ 255637 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.874,52R$ 255315 Cheque pago outra agência19/11/2009 49.857,35R$ 255605 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.857,18R$ 255313 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.856,32R$ 255332 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.846,31R$ 255638 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.823,36R$ 255632 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.821,35R$ 255308 Cheque pago outra agência19/11/2009 49.814,21R$ 255610 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.777,21R$ 255631 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.658,59R$ 255634 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.621,39R$ 255309 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.589,31R$ 255628 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.577,45R$ 255316 Cheque pago outra agência18/11/2009 49.558,38R$ 255314 Cheque pago outra agência19/11/2009 49.254,39R$ 255606 Cheque pago outra agência19/11/2009 49.225,37R$ 255609 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.975,45R$ 255601 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.698,89R$ 255640 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.698,14R$ 255322 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.666,45R$ 255310 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.475,50R$ 255627 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.321,48R$ 255321 Cheque pago outra agência19/11/2009 48.200,36R$ 255612 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.147,35R$ 255633 Cheque pago outra agência18/11/2009 48.116,49R$ 255318 Cheque pago outra agência18/11/2009 47.963,29R$ 255648 Cheque pago outra agência18/11/2009 47.852,20R$ 255306 Cheque pago outra agência18/11/2009 47.541,20R$ 255629 Cheque pago outra agência18/11/2009 47.448,51R$ 255311 Cheque pago outra agência18/11/2009 46.857,24R$ 255646 Cheque pago outra agência18/11/2009 46.753,34R$ 255647 Cheque pago outra agência19/11/2009 46.547,59R$ 255611 Cheque pago outra agência18/11/2009 46.453,16R$ 255317 Cheque pago outra agência18/11/2009 46.357,19R$ 255639 Cheque pago outra agência19/11/2009 46.004,78R$ 255608 Cheque pago outra agência18/11/2009 45.865,38R$ 255645 Cheque pago outra agência18/11/2009 45.857,31R$ 255307 Cheque pago outra agência18/11/2009 45.779,91R$ 255324 Cheque pago outra agência18/11/2009 45.748,43R$ 255644 Cheque pago outra agência18/11/2009 45.648,80R$ 255626 Cheque pago outra agência19/11/2009 45.257,48R$ 255607 Cheque pago outra agência18/11/2009 44.621,48R$ 255643 Cheque pago outra agência18/11/2009 44.566,67R$ 255323 Cheque pago outra agência18/11/2009 43.993,51R$ 255325 Cheque pago outra agência18/11/2009 43.297,48R$ 255312 Cheque pago outra agência18/11/2009 42.856,65R$ 255319 Cheque pago outra agência18/11/2009 42.585,46R$ 255630 Cheque pago outra agência18/11/2009 41.991,52R$ 255320 Cheque pago outra agência18/11/2009 41.785,34R$ 255642 Cheque pago outra agência18/11/2009 40.875,70R$ 255625 Cheque pago outra agência18/11/2009 40.247,49R$ 255641 Cheque pago outra agência18/11/2009 38.174,32R$ 255603 Cheque pago outra agência19/11/2009 35.666,58R$ 255613 Cheque pago outra agência18/11/2009 35.478,60R$ 255344 Cheque pago outra agência18/11/2009 34.741,50R$ 255343 Cheque pago outra agência18/11/2009 30.100,60R$ 255329 Cheque pago outra agência18/11/2009 30.010,60R$ 255636 Cheque pago outra agência18/11/2009 28.640,62R$ 255602 Cheque pago outra agência18/11/2009 28.100,00R$ 255331 Cheque pago outra agência18/11/2009 27.596,25R$ 255635 Cheque pago outra agência18/11/2009 25.333,39R$ 255330 Cheque pago outra agência18/11/2009 23.170,90R$ 255345 Cheque pago outra agência18/11/2009 22.609,90R$ 255342 Cheque pago outra agência19/11/2009 20.171,89R$ 255614 Cheque pago outra agência18/11/2009 18.856,30R$ 255347 Cheque pago outra agência18/11/2009 17.962,80R$ 255346 Cheque pago outra agência
39
PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICAMINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Data Valor Nr cheque Origem Lote DescriçãoTotal -R$ 09/06/2010 257.691,40R$ 0256479 0261 15585 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.941,18R$ 0256739 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.875,25R$ 0256752 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.874,52R$ 0256710 0261 10557 Cheque pago outra agência09/06/2010 49.874,12R$ 0256337 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.857,18R$ 0256708 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.856,32R$ 0256729 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.846,31R$ 0256753 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.823,36R$ 0256747 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.821,35R$ 0256703 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.777,21R$ 0256746 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.658,59R$ 0256749 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.621,39R$ 0256704 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.589,31R$ 0256743 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.577,45R$ 0256711 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 49.558,38R$ 0256709 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.975,45R$ 0256736 0261 10557 Cheque pago outra agência09/06/2010 48.759,32R$ 0256336 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.698,89R$ 0256755 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.698,14R$ 0256719 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.666,45R$ 0256705 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.475,50R$ 0256742 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.321,48R$ 0256716 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.147,35R$ 0256748 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 48.116,49R$ 0256713 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 47.852,20R$ 0256701 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 47.541,21R$ 0256744 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 47.448,51R$ 0256706 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 46.857,24R$ 0256761 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 46.753,34R$ 0256762 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 46.453,16R$ 0256712 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 46.357,19R$ 0256754 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 45.965,38R$ 0256760 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 45.857,31R$ 0256702 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 45.779,91R$ 0256720 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 45.748,43R$ 0256759 0261 10557 Cheque pago outra agência09/06/2010 45.701,32R$ 0256334 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 45.648,80R$ 0256741 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 44.621,48R$ 0256758 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 44.566,67R$ 0256718 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 43.993,51R$ 0256723 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 43.297,48R$ 0256707 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 42.856,65R$ 0256714 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 42.762,69R$ 0256764 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 42.585,46R$ 0256745 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 41.991,52R$ 0256715 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 41.785,34R$ 0256757 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 40.875,70R$ 0256740 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 40.247,49R$ 0256756 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 38.174,32R$ 0256738 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 35.478,60R$ 0256732 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 34.741,50R$ 0256731 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 30.100,60R$ 0256726 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 30.010,60R$ 0256751 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 28.640,62R$ 0256737 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 28.100,00R$ 0256728 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 27.596,25R$ 0256750 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 25.333,39R$ 0256727 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 23.170,90R$ 0256733 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 22.609,90R$ 0256730 0261 10557 Cheque pago outra agência09/06/2010 20.665,24R$ 0256333 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 18.856,30R$ 0256735 0261 10557 Cheque pago outra agência18/06/2010 17.962,80R$ 0256734 0261 10557 Cheque pago outra agência09/06/2010 13.871,75R$ 0256387 1907 13097 Cheque pago outra agência
40